COLABORADORES DESTA EDIÇÃO DA REVISTINHA DO
Eduardo Kacic do Portal do Andreoli
Cine Club
Leonardo Barreto do Quarta Parede
GRUPOS PARCEIROS
- Cine Club - Cine Saudade - Cinema Clássico e Antigo - Falando de Cinema Luiz Santiago do Plano Crítico
Bruno Giacobbo do Blah Cultural
- Tudo sobre o seu Filme, o Grupo - O Cinetoscópio - CineArte, o Grupo - Amantes da Sétima Arte - Beco dos Cinéfilos
Cecília Peixoto da Cinéfilos Eternos
Ary Ximendes de Cine Club – Cinema
- Voltando aos Clássicos - Cinema é o tema - Cine Aliança - Cinema é o Tema - Colecionadores A7 Arte - Cinema Francês
Adriano Zumba de Cineminha Zumbacana
Fábio Pereira de Frames da Imaginação
- Fatos Cinema - Mundo Western
Revistinha do Cine Club – Ano II – Edição 17 – 30 de abril de 2018 Edição: Ary Ximendes Fotos: divulgação da internet. Os artigos são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista. Revista digital de distribuição gratuita respeitando os direitos dos autores intelectuais das matérias.
DARK CRIMES
Festival de Varsóvia, o filme recebesse um lançamento no circuito cinematográfico mundial. Dark Crimes é baseado em um fascinante artigo publicado no periódico New Yorker, batizado de True Crime: A Postmodern Murder Mystery, escrito em formato de crônica pelo jornalista americano David Grann, que discorre sobre a investigação de um homicídio pelo qual um carismático escritor eventualmente acaba sendo condenado. Eu consegui pela internet uma cópia em PDF do artigo escrito por Grann e que dá origem ao filme, e particularmente fiquei bem negativamente surpreso com as liberdades que o roteirista belga Jeremy Brock (do excelente O Último Rei da Escócia, 2006) tomou em seu roteiro, distanciando-se terrivelmente do cerne do artigo de Grann. O filme segue seu protagonista, um excêntrico policial polonês chamado Tadek (Jim Carrey, excelente mais uma vez, e o grande chamariz do filme), também conhecido como “o último policial honesto da Polônia”, de acordo com seu parceiro, Piotr (Vlad Ivanov, de Snowpiercer: O Expresso do Amanhã), que parece ser o único amigo de Tadek dentro da corporação. Tadek é meticuloso e impassível, e sua vida familiar ao lado da esposa (Agata Kulesza, do belo drama Ida, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014), e sua filha adolescente é notável por seus longos silêncios. Ou seja, Tadek é o tipo de homem que respira trabalho, o tipo de tira solitário que permeia tantas outras produções do gênero no cinema e TV.
Por Eduardo Kacic em Portal do Andreoli Em 2013, um pequeno e impetuoso exemplar do novo cinema grego chocou e cativou não só este que vos escreve, mas também plateias do mundo todo. O filme era Miss Violence (cuja crítica você confere aqui no Portal do Andreoli), produção que ao lado de filmes como Dente Canino (Dogtooth/Kynodontas, 2009) e Alpes (Alps/Alpeis, 2011), ambos dirigidos por Yorgos Lanthimos, definitivamente colocou o cinema pungente e sem concessões do país no mapa do cinema mundial. Miss Violence foi dirigido por Alexandros Avranas, jovem cineasta grego, assim como Lanthimos, e a dupla de jovens e energéticos cineastas logo foi convidada a trabalhar em terras americanas. Lanthimos se saiu melhor. Seus fortes e inusitados dramas O Lagosta (The Lobster, 2015) e o recente O Sacrifício do Cervo Sagrado (cuja crítica você também confere aqui no Portal do Andreoli), conquistaram a crítica internacional, deixando em suspense qual seria o primeiro passo de Avranas em Hollywood. Surpreendentemente, a estreia internacional de Avranas não foi exatamente em terras ianques. Filmado na Cracóvia, Polônia, em 2016, e exibido no Festival de Varsóvia do mesmo ano, este thriller Dark Crimes (EUA, UK, POL, 2016) é uma co-produção americana, inglesa e polonesa, que além do diretor grego, traz ainda um excelente elenco internacional, que infelizmente é desperdiçado em um produto final confuso e que reflete seus problemáticos bastidores e pós-produção, que acabou por impedir que até hoje, mais de dois anos depois de sua exibição no citado
O policial acaba obcecado por um caso envolvendo a morte de um homem ocorrida em uma boate com requintes de sadomasoquismo, cuja clientela inclui o escritor de sucesso Kozlow (Marton Csokas, do drama Loving, cuja crítica também está disponível no Portal do Andreoli). Acontece que, em um dos livros publicados por Kozlow, existe a descrição de um assassinato cujos detalhes coincidem totalmente com os do crime acontecido na boate, colocando o escritor-celebridade no topo da lista de suspeitos. Nem é preciso dizer que as complicações surgem aos montes dentro do caso, envolvendo Tadek em algo que pode estar muito além de sua alçada. Dark Crimes começa de maneira promissora, com uma sequência que lembra até a abertura cabulosa do drama porradeiro Irreversível, dirigido por Gaspar Noé, em 2002. A cena se passa nos confins da tal boate de S&M, e é repleta de nudez, violência, sexo e degradações de todos os tipos, tudo isso acompanhado de um score musical de arrebentar os tímpanos do espectador, à cargo de Richard Patrick e Tobias Enhus. A sequência é atordoante, e evidencia a mesma mão pesada de Avranas em seu Miss Violence. O diretor então conduz seu filme de maneira calculada e calibrada para obter o efeito desejado sobre o público. As ruas são opacas e sem vida, os cômodos sempre fotografados à meia-luz, e os corredores sempre estreitos e sufocantes. Algumas sequências, incluindo a que Kozlow enfrenta um detector de mentiras, são estranhamente risíveis, e fica a dúvida se este humor involuntário também era algo calculado por Avranas.
É curioso também observar o multi-cultural elenco do filme. Avranas e sua diretora de casting, Marta Kownacka, conseguiram reunir um notável conjunto de talentos oriundos de vários lugares do globo: O canadense Jim Carrey, a francesa Charlotte Gainsbourg (Ninfomaníaca, de Lars Von Trier), o russo Vlad Ivanov, o húngaro Marton Csokas (cuja encarnação de seu Kozlow é puro sarcasmo e desprezo), e a ótima veterana finlandesa Kati Outinen (O Homem Sem Passado, 2002), no papel da superiora linha-dura de Tadek. Todos no cast estão ótimos, e o trio de protagonistas, Carrey, Csokas e Gainsbourg (no papel da misteriosa namorada do escritor), faz valer a sessão, especialmente Gainsbourg, cuja performance é a mais rica em nuances. Carrey, como sempre, faz valer o show somente pela presença, e nunca deixa de ser curioso observar ator fora da sua zona de conforto que sempre foi a comédia. Felizmente, Dark Crimes também ganha vida em seus momentos derradeiros, onde um monólogo da personagem de Gainsbourg finalmente providencia uma solução relativamente satisfatória para o que vinha sendo um exageradamente confuso e atordoante quebra-cabeças, distante milhas e milhas do artigo no qual o filme é baseado. E apesar dos problemas que tiram bastante do brilho deste Dark Crimes, a direção sempre ousada de Avranas e seu elenco fenomenal e afiado, dão à este thriller a chance de ser apreciado pelos fãs do bom cinema. Afinal, como Avranas faz questão de deixar bem claro desde o primeiro frame de seu filme, em nenhum momento Dark Crimes deveria ser um filme bonito. Dark Crimes não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros, e deve chegar ao país diretamente através do mercado de streaming e VOD.o finalmente será distribuído nos cinemas americanos à partir do mês que vem (Maio/2018).
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PARAÍSO
Por Cecília Peixoto em Cinéfilos Eternos Do premiado diretor russo, Andrei Konchalovsky, "Paraíso" é uma dura história que transcorre na maior parte em um campo de concentração alemão. O filme rendeu ao diretor o segundo Leão de Prata no Festival de Veneza após ter vencido dois anos antes por "As noites brancas do carteiro". O drama foi escolhido para representar a Rússia na disputa por uma indicação ao Oscar 2017 de filme estrangeiro. O que foi uma surpresa. O caso é que Konchalovsky já se negou a representar a Rússia no Oscar em 2015 com "As noites brancas do carteiro". Por ter criticado duramente a 'hollywoodização' do mercado russo, as más influências do cinema comercial americano na formação dos gostos e das preferências, considerou que "lutar por receber um prêmio de Hollywood me parece simplesmente ridículo". Produzida em preto e branco, a obra conta a história de três pessoas cujas vidas se cruzaram durante a Segunda Guerra Mundial: a emigrante russa Olga, membro do movimento de Resistência Francesa, o colaborador francês Jules e o oficial de alta patente da SS, Helmut. Poderia ser mais um filme sobre o holocausto, mas o filme vai muito além disso. E fiquei me perguntando que se não fosse a guerra, como seriam as vidas dessas pessoas? Algumas características nossas só se revelam, até para nós mesmos, quando somos submetidos a uma situação limite. Essas características podem surpreender, para o bem e para o mal. O mesmo oficial alemão poderia ter sido um amante amoroso e sua história digna de um grande romance. O colaborador Jules poderia ter sido um ótimo pai e avô cercado de netos, com um olhar bonachão. Olga poderia nunca ter sentido a necessidade de ajudar outro ser humano, nunca ter percebido as injustiças do mundo, cercada pelos seus privilégios de princesa. Os três protagonistas falam diante da câmera e contam sua história. Será que para quem? O título é uma ironia com a ideia de “paraíso” da propaganda nazista de um novo homem em um novo mundo, mas tem duplo sentido. Entre lembranças e confissões dos personagens, veremos belíssimas cenas de um verão na Itália. Apesar da temática, o filme carrega uma certa poesia.
A atriz Yullya Vysotskaya impressiona aparecendo de cabeça raspada, mostrando mesmo assim uma beleza que vai além da estética, uma beleza que vem da força da personagem.
ATÉ NOS VERMOS LÁ EM CIMA
Inovador e instigante, mostrando as motivações por trás da guerra e certamente também trazendo uma forte reflexão sobre Deus e sua Criação. Como seria o mundo dos seus sonhos? Um mundo só de pessoas parecidas com você ou um mundo onde pessoas diferentes se respeitassem e se amassem? Um mundo onde os pecados seriam perdoados ou onde os pecadores seriam extirpados? Afinal, como deveria ser o Paraíso? Minha nota: 4,5/ 5
Por Ary Ximendes em Cine Club - Cinema Durante a Primeira Guerra Mundial dois integrantes do Exército Francês se tornam amigos nas trincheiras, enquanto combatem aos alemães. Péricourt é filho de um rico empresário e se alistou por não suportar ao próprio pai, um homem ambicioso e corrupto, capaz de qualquer coisa para manter-se no poder. O jovem é um desenhista talentoso e tem seu trabalho admirado pelo colega Maillard. Maillard por sua vez, é de origem humilde, e trabalhava como escriturário antes de ser convocado para a guerra. Os dois, e toda a sua tropa, temem o comandante Pradelle, um aficionado pelas batalhas que sente prazer na matança desenfreada.
PARAÍSO (Рай, Ray, Paradise) País: Rússia/ Alemanha. Ano: 2016 Direção: Andrey Konchalovskiy Roteiro: Andrey Konchalovskiy, Elena Kiseleva. Elenco: Yullya Vysotskaya, Philippe Duquesne, Christian Clauss, Jakob Diehl
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Quando o armistício é declarado, os alemães cessam fogo e cabe ao soldados franceses fazerem o mesmo, mas Pradelle, sedento de sangue, envia dois soldados em missão de reconhecimento. O próprio comandante assassina seus homens pelas costas, e quando os alemães ouvem esses tiros os canhões dos dois lados recomeçam a ressoar e a morte e a destruição voltam a se espalhar. É então que Maillard descobre a manobra do próprio comandante e Pradelle tenta matá-lo. O soldado acaba sendo soterrado juntamente com um cavalo morto, mas é salvo por seu fiel amigo Péricourt. Entretanto, Péricourt paga um preço muito alto pelo seu heroísmo e acaba atingido na boca por um tiro. O jovem sobrevive, mas fica com o rosto destruído. Dedicado ao homem que salvou sua vida, Maillard tenta resgatar o jovem e devolvê-lo à sua rica família, mas Péricourt não deseja mais voltar para seu pai, e prefere viver no anonimato com o rosto oculto por uma máscara. Esses dois sobreviventes da guerra precisarão sobreviver também em tempos de paz, e para isso também precisarão praticar atos escusos. O que eles ainda não sabem é que o cruel comandante Pradelle voltará a cruzar o destino dos dois ex-soldados, casando-se com a irmã do jovem Péricourt, e se tornando um dos herdeiros da fortuna da família do jovem dado como morto. Adaptado do livro “Au revor là-haut” do premiado escritor Pierre Lemaitre, “Até nos Vermos Lá em Cima” faz uma crítica sobre as guerras e aos que lucram com elas, tanto política como financeiramente, e que não se importam com as vítimas que esses conflitos trazem.
Embora traga um tema tão cruel e desumano, essa bela obra de Dupontel é pontuada por momentos cômicos que beiram a teatralidade, coisas tão comuns nos grandes clássicos do Cinema Francês do passado, mas que ainda nos encantam quando são bem realizados. Destaque para as atuações de Albert Dupontel (“Irreversível, 2002), que também dirigiu e roteirizou o filme; para o vilão protagonizado por Laurent Lafitte (“Elle”, 2016); para o veterano Niels Arestrup (Cavalo de Guerra, 2011) e para a pequena, mas sempre encantadora, participação de Mélanie Thierry (Por uma Mulher, 2013). Recomendadíssimo para os fãs de histórias envolventes.
Por Cecília Peixoto em Cinéfilos Eternos Fiquei pensando que se não houvesse os conflitos, talvez aqueles dois, um cristão libanês e um refugiado palestino, pudessem ter sido amigos. Afinal de contas eram até parecidos: dois homens bons, de família, de princípios, ... mas eles não eram só eles, traziam na alma todas as humilhações sofridas pelo seu povo, todo o sofrimento. O que pareceu começar com um insulto teve sua origem bem lá atrás. Alíás, qual foi o primeiro insulto? As palavras que o mestre de obras proferiu para Tony? Ou a maneira como Tony o tratou? Quem tinha razão? Quem não tinha? Será que havia um culpado nessa história? E assim, como que do nada, aqueles dois, o insultante e o insultado, se bem que não sei bem qual é um e qual é outro, mobilizaram a cidade, a imprensa a opinião pública, os advogados e os juízes. Um porque exigia um pedido de desculpas, outro porque não achava que devia se desculpar. Do nada? Ou de um sentimento reprimido, da revolta, da tristeza, da saudade, da impotência, de todos esses sentimentos que uma guerra traz?
ATÉ NOS VERMOS LÁ EM CIMA
Mas de onde vem a guerra também? Da intolerância, da ganância, da falta de empatia, que é se colocar no lugar do outro, da fé cega em suas razões. De se vitimizar, de se julgar mais sofrido que o outro, ou mais merecedor que o outro.
(Au revoir là-haut, França, 2017)
Mas de onde vem a guerra também?
Direção: Albert Dupontel Elenco: Nahuel Pérez Biscayart, Albert Dupontel, Laurent Lafitte, Niels Arestrup, Émilie Dequenne, Mélanie Thierry.
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Da intolerância, da ganância, da falta de empatia, que é se colocar no lugar do outro, da fé cega em suas razões. De se vitimizar, de se julgar mais sofrido que o outro, ou mais merecedor que o outro. O que nasceu primeiro? O ovo ou a galinha? A intolerância ou o perdão? Já pararam para pensar que o perdão não existiria se não houvesse o que ser perdoado? E como uma bola de neve o caso do insulto de Yasser foi crescendo, crescendo, causando mais acontecimentos lamentáveis, provocando desavenças, mostrando que pela simples falta do perdão, uma guerra pode começar. Ou recomeçar.
Nesse sentido, o filme foi muito bem construído, mostrando isso perfeitamente, mostrando com que rapidez uma fagulha pode provocar um incêndio.
’15:17 TREM PARA PARIS
Um tema que, infelizmente, é atual. Porque parece que tudo evolui, a tecnologia é cada vez mais moderna, descobre-se cura e vacinas para várias doenças, mas o ser humano ainda está no mesmo lugar. As feridas ainda são as mesmas, talvez até mais abertas com o tempo. O insulto maior é talvez esse: tantos exemplos, tantas lições, tantas rezas ou orações (até o nome pode causar confusão) e para que? Os diálogos são impactantes, os argumentos dos advogados dos dois também. O filme, escrito e dirigido por Ziad Doueiri, é também o primeiro do Líbano a ser indicado ao Oscar. Um retrato incômodo da situação do Oriente Médio, o retrato da intolerância com as diferenças étnicas. No entanto, o longa não toma partido de ninguém, é como se ele apontasse o dedo para você e indagasse: "- o que acha disso tudo?" E essa resposta você só pode dar se consegue se enxergar no outro e essa é a lição do filme. Já vi desse diretor também o ótimo O Atentado, também sobre questões palestinas. Em tempo, esse foi o último dos filmes que concorriam ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro que vi e, como não tinha visto, tinha colocado ele em quinto lugar de preferência. Gostei muito, mas continua na mesma classificação. Minha nota 3,7/ 5
O INSULTO ( L'Insult) (Líbano, 2017) Direção: Ziad Doueiri. Elenco: Adel Karam, Kamel El Basha, Camille Salameh, Rita Hayek. Diamand Bou Abboud, Christine Choueiri, Carlos Chahine. +++++
Por Bruno Giacobbo em Blah Cultural Em 21 de agosto de 2015, o marroquino Ayoub El Khazzani perpetrou um ataque terrorista contra um trem que ia de Amsterdã (Holanda) para Paris (França). O que poderia ter terminado em mais uma tragédia, repleta de sangue, teve um saldo altamente positivo graças à corajosa intervenção de sete homens. Ninguém morreu, apenas duas pessoas se feriram gravemente e o agressor foi preso. Entre os heróis, até então anônimos, estavam três jovens norte-americanos que mochilavam pela Europa: Spencer Stone, Alek Skarlatos e Anthony Sadler. Amigos desde a época do colégio, em Sacramento (Califórnia), eles agiram praticamente em conjunto, lutando, desarmando e subjugando El Khazzani. Juntos, também, escreveram um livro, relatando aqueles poucos minutos de absoluta tensão, que, posteriormente, foi transformado em filme por Clint Eastwood. 15h17: Trem para Paris (The 15:17 to Paris) é o 40º trabalho do veterano astro de filmes de ação como diretor e, provavelmente, o mais corajoso de todos. Última parte de uma trilogia informal sobre atos heroicos de homens comuns, as duas primeiras foram “Sniper Americano” (2014) e “Sully: O Herói do Rio Hudson” (2016), este novo longa-metragem se revela especialmente corajoso por utilizar não atores. Na pele de Stone, Skarlatos e Sadler, os próprios amigos. Não satisfeito em reproduzir fielmente o relato deles, Clint quis que eles revivessem cada minuto daquele dia. Sua intenção era conferir o máximo de veracidade possível a tomada do trem e, com isto, introjetar nos espectadores a sensação de estar vendo imagens reais. E no que diz respeito àquele momento específico em que o terrorista marroquino perpetra o ataque, o cineasta conseguiu. São instantes bastante tensos, capazes de prender a nossa atenção, mesmo já sabendo como tudo terminou. Acontece que esta opção cobra o seu preço em outras cenas onde atores experientes, como Bradley Cooper (Sniper), Tom Hanks ou Aaron Eckhart (Sully), teriam dado dramaticidade ao filme. Para contar esta história, Clint retrocedeu ao ano de 2005 para mostrar como o trio se conheceu em uma escola cristã, em Sacramento (seria a mesma de “Lady Bird?”). Longe de serem alunos exemplares, Stone, Skarlatos e Sadler são retratados como meninos problemáticos que vivem indo parar na sala da direção. Nas horas vagas, eles possuem uma paixão: armas e todo tipo de brincadeira que envolva a palavra guerra. E assim eles se conhecem, se aproximam, firmam uma grande amizade, mas, um dia, por contingências da vida, se afastam e passam a não se ver mais todos os dias. Esta primeira parte, toda filmada com atores de verdade, serve para conhecermos os protagonistas, contextualizá-los e tornar verossímeis algumas atitudes que serão mostradas posteriormente. Afinal, o que levaria alguém a correr feito um trem desgovernado contra um homem apontado um rifle AKM? Até aqui, tudo funciona bem.
O problema ocorre quando a trama chega a idade adulta e entram em cena os verdadeiros protagonistas. A paixão da infância por coisas bélicas é determinante nas escolhas profissionais de Stone e Skarlatos. Eles entram para a Força Aérea e para a Marinha, respectivamente. Trilham caminhos distintos. Um deles chega, inclusive, a servir no Afeganistão. Só que o tempo todo o roteiro bate na tecla de como eles são diferentes dos outros soldados. Há uma dificuldade visível em acatarem ordens, seguirem as regras e por aí vai. Um comportamento que também servirá para justificar futuras atitudes. Do quartel paras as ruas da Europa, os não atores ganham espaço em cena e mostram os problemas de se escalar gente comum. Falta embocadura na hora de falar, sobram olhares perdidos e abundam tomadas que parecem saídas de vídeos caseiros de famílias em viagem de férias. Ou seja: chatas e formadoras de uma barriga. A recuperação vem no último ato, quando, enfim, eles podem fazer o que sabem. A veracidade pretendida por Clint Eastwood em 15h17: Trem para Paris é alcançada quando, filmada a cena do ataque, Stone e Skarlatos, com o auxílio de Sadler, colocam em prática quase tudo o que aprenderam nas Forças Armadas. Neste exato momento, eles não precisam atuar e falam o mínimo possível. Suas atitudes são instintivas, reflexos de anos de árduo treinamento e o resultado na telona é excelente. Atores de verdade talvez não fizessem melhor. Só que para obter este instante de beleza cinematográfica, o diretor precisou passar por todas as etapas anteriores. E aí fica uma pergunta: no cômputo geral, valeu a pena? Eu queria escrever sim, mas me vejo digitando não. O filme poderia ser infinitamente melhor se Timothée Chalamet, Lucas Hedges e John Boyega (atores com idades próximas a dos personagens), por exemplo, tivessem sido escalados para os papéis. Não foram e esta decisão reflete a coragem de um cineasta que, aos 87 anos, pode se dar ao luxo de fazer o longa que bem entender. Desliguem diversão.
os
celulares
e
Por Leonardo Barreto em Quarta Parede Desde 2008, a Marvel Studios vem lançando uma série de filmes que tem com objetivo contar uma história que engloba um universo compartilhado, o MCU (Universo Cinematográfico Marvel, traduzindo). Dez anos depois, Pantera Negra, o 18º filme da lista, chega aos cinemas como um marco na história do subgênero de super-heróis e do próprio estúdio. Afinal de contas, este é o filme mais maduro e consciente de sua mensagem já feito em dez anos. Pantera Negra é uma continuação direta dos eventos mostrados em depois dos eventos de Capitão América: Guerra Civil. O filme mostra o retorno de T’Challa para a isolada e avançada nação africana de Wakanda, para tomar seu lugar como rei, após a morte de seu pai. Porém, quando um velho inimigo reaparece no radar, o talento de T’Challa como rei e como Pantera Negra é testado, quando ele entra em um conflito que coloca o destino de Wakanda e do mundo em risco. A sinopse descrita não representa nenhuma inovação em termos de estrutura e narrativa de filmes de heróis. No entanto, tanto a direção de Ryan Coogler, quanto o roteiro que ele co-escreve com Joe Robert Cole se encarregam de dar ao filme elementos que o diferenciam de uma aventura genérica e comum, algo corriqueiro nos filmes da Marvel. O longa é muito equilibrado em seus principais elementos, trazendo um humor dosado, boas sequências de ação e diálogos que em grande parte não decepcionam. Coogler dá ao filme, inclusive, um charme especial ao inserir cenas aonde sua câmera passeia pelos cenários futuristas. Além disso, ele sabe como captar o melhor de seus atores, que compõem um fantástico elenco, diga-se. É importante também destacar a direção de arte de Pantera Negra. A tecnologia de uma nação extremamente avançada não se sobrepõe às tradições africanas, conforme vemos nos rituais mostrados, além dos costumes e dos belos figurinos que o filme apresenta. No entanto, a enorme carga de CGI mostrada em alguns momentos dão um tom que beira a artificialidade, como nas cenas de luta na cachoeira, onde nota-se bastante o uso do fundo verde, e nas cenas que conhecemos o laboratório de Shuri, irmã de T’Challa. A civilização de Wakanda também era uma das grandes expectativas do filme. Porém, do país escondido e que possui o vibranium como matéria prima mais preciosa, não temos muito para ver, a não ser uma panorâmica no início do filme, além das belíssimas locações reais e alguns planos abertos (igualmente lindos) também no contexto real. Como o país acaba se tornando um personagem pela sua força e importância dentro do MCU, esta visão mais voltada para a população, bem como seus costumes e seu modo de interagir com a tecnologia, não aconteceu. O funcionamento político e a realeza, portanto, conhecemos o suficiente.
boa
Em tempo: Há uma cena pós crédito.
No entanto, Pantera Negra é notável pelo seu conteúdo. Em pouco mais de duas horas (que passam voando), o filme coloca na tela a discussão social de forma inteligente e madura, discutindo o papel continental de Wakanda, enquanto país africano, como tema relevante. Além disso, que outro filme mostrou uma quantidade tão grande de negros e
mulheres em posições tão importantes em um filme de heróis? E não é de forma gratuita. Isso já existia nas HQs do Pantera Negra, primeiro herói negro com grandes poderes e protagonismo, criado por Stan Lee (que novamente aparece) e Jack Kirby, nos anos 60. O filme é representativo e muito importante para uma geração de crianças negras (e marmanjos) que terão neste herói sua fonte de inspiração. O longa também acerta pela forma como constrói o antagonismo, que foge do convencional e apresenta motivações que podem ser perfeitamente inseridas em um contexto real. Erik Killmonger (Michael B. Jordan) é um vilão nascido da dor. Observe como ele carrega no olhar uma expressão que remete a sua infância, refletida no presente. Ele é vilão e vítima ao mesmo tempo, e podemos não concordar com suas atitudes, mas compreendemos o que ele faz e o porquê disso. Além disso, a maioria dos personagens possuem um bom desenvolvimento, com tempo de tela suficiente para mostrar o necessário. O ator Chadwick Boseman tem a missão de ser o protagonista e não decepciona. Ele possui carisma suficiente para atuar como rei e herói, sendo uma escalação que já havíamos comprovado ter sido um acerto desde Guerra Civil. Além disso, como herói, T´Challa mostrou que pode ser um dos grandes líderes deste universo cinematográfico da Marvel. No entanto, o grande elenco é muito bom e muitas vezes, o protagonismo é ofuscado pela limitada mas ótima aqui Danai Gurira, além de Lupita Nyong’o e Leticia Wright. General, espiã e chefe do departamento tecnológico do reino. Essas são as ocupações que possuem as fortes e fodonas (desculpe mas não tem outro termo) Okoye, Nakia e Shuri.
O elenco de apoio conta com nomes que dispensam apresentações. Angela Bassett, Daniel Kaluuya, Forest Whitaker, Martin Freeman, Andy Serkis e Sterling K. Brown possuem seus momentos para mostrar talento e dizerem ao que vieram. Direcioná-los de maneira competente, no entanto, não é o grande mérito de Ryan Coogler neste longa. A maturidade em mesclar o novo e o antigo no visual de Wakanda, a alternância entre músicas africanas e o hip-hop, além de contar uma história que funciona como ação e até mesmo um drama, sem se esquecer que é um filme baseado em super-heróis, fazem toda a diferença. A Marvel Studios, sem dúvida alguma, começa com o pé direito em 2018. Não que Pantera Negra seja perfeito, mas o longa pode ser considerado um dos melhores filmes já feitos neste universo cinematográfico integrado, pois é maduro, relevante, atual e acima de tudo, um bom filme de heróis que conversa com o nosso tempo e nos diverte. Wakanda forever! +++++
Por Luiz Santiago em Plano Crítico O início da produção de Pedro Coelho (2018) não foi muito bom para a Sony Pictures, uma das produtoras da obra. Em abril de 2015, durante o famoso hack dos e-mails da empresa, os planos de pré-produção de Peter Rabbit vieram a conhecimento do público. Mesmo assim, o Estúdio ainda demorou oito meses (sabe-se lá por quê, uma vez que o mal já estava feito) para confirmar oficialmente o longa. As filmagens começaram, enfim, exatamente um ano depois. Criada pela escritora e ilustradora britânica Beatrix Potter, a série infantil As Aventuras de Pedro Coelho apresenta um Universo rico, às vezes um pouco “pesado”, em termos de acontecimentos e moral da história, para as crianças. Ao longo de sua carreira, Potter, que adorava animais, escreveu e desenhou inúmeros contos, mas suas histórias com Pedro Coelho sempre foram as que mais venderam. A saga do personagem, no todo, pode ser resumida em quatro histórias icônicas, a primeira, A História de Pedro Coelho, onde ela apresenta oficialmente o personagem. A autora tentou imprimir o material em 1893, mas foi rejeitada por diversas editoras. Em 1901, fez uma impressão independente do conto e, no ano seguinte, conseguiu um contrato com a Frederick Warne & Co., que passaria a publicar seus livros. O segundo conto da saga, A História do Coelhinho Benjamin (1904), é uma sequência imediata à primeira e recebeu igualmente a atenção no roteiro desta adaptação cinematográfica. A terceira e a quarta histórias, A História dos Coelhinhos Felpudos (1909) e A História do Sr. Raposão (1912) completam a jornada de Pedro Coelho, mas são histórias do futuro, com Benjamin casado e pai de muitos filhotes (os Coelhinhos Felpudos), assim como as irmãs de Pedro, cada uma morando em um lugar da floresta. Esta segunda fase da obra de Potter, contudo, não aparece aqui no roteiro de Rob Lieber e Will Gluck (que também assina a direção), e é bom que seja assim. Nesta história, somos apresentados a uma leitura cômica e charmosa que mistura live-action e CGI (assim como em Hop: Rebeldes sem Páscoa) e faz uma homenagem direta à autora, com a personagem Bea (Rose Byrne), uma artista com dois estilos de representação plástica, sendo um deles exatamente igual às ilustrações de Beatrix Potter, algo que sabiamente o diretor Will Gluck colocou em alguns momentos no decorrer da trama, e também nas cenas finais. Em poucas palavras, Pedro Coelho é uma tremenda diversão. O roteiro não faz estripulias para manter o núcleo humano ativo (o que acaba sendo o erro dos filmes que têm bichos em CGI interagindo com humanos) mas não deixa de rechear a obra de gags impossíveis e comédia do tipo slapstick, arrancando risadas genuínas até do adulto mais Sr. Severino do mundo. Por um lado, o cinéfilo não vai se impressionar com o enredo, porque, pensando bem, estamos falando de uma mistura de Os Sem-Floresta (2006) com Bee Movie: A História de uma Abelha (2007) e, claro, o material original de Beatrix Potter que elenca a animosidade de bichos e pessoas de uma maneira nada fofa. Com Domhnall Gleeson vivendo o vilão da obra, temos a garantia de alguém que pode parecer assustador mas, ao mesmo tempo, mostrar nuances de compreensão e afetividade, mesmo sendo, em resumo, uma “pessoa meio louca”. Evidente que há exagero na performance do ator, mas não adianta cobrar algo diferente de um personagem desse tipo para um filme com essa proposta. Podemos dizer a mesma coisa da hilária dublagem de James Corden para Pedro, o irresistível protagonista, cheio de momentos memoráveis.
E o mais interessante é que, assim como toda boa história infantil, os valores apresentados são Universais e servem, com adaptações particulares, para qualquer idade. Com ótimas referências a Babe – O Porquinho Atrapalhado (1995), particularidades mostradas de maneira coerente para cada animal (todos muito bem construídos pelo roteiro) e uma ótima trilha sonora, Pedro Coelho é um filme familiar com pitadas de romance, intrigas, aprendizado e conceitos de fraternidade, companheirismo, lealdade, honestidade e perdão que fazem a gente se esquecer as bobagens e exageros do roteiro (todos no bloco humano, porque o bloco dos bichos é impecável) e curtir a obra pela sua essência, a pura fantasia fabular de infância que nunca nos abandona, não importa a idade que a gente tenha.
Por Fábio Pereira em Frames da Imaginação Um enredo que envolve um garoto esquizofrênico, um coelho gigante e a possibilidade de viagem no tempo, soa como para você? Quando li a sinopse sobre o tão comentado filme que virou cult, pensei que Donnie Darko fosse um daqueles filmes mal produzidos que, por não terem sido lançados nos cinemas brasileiros, foram caindo no gosto dos cinéfilos com o tempo, através do DVD. Ledo enganado! Produzido em 2001, mas com a trama ambientada na década que mais adoro na história da humanidade (os saudosos anos 80), Donnie Darko entra para minha galeria de “Filmes para Sempre”, em que figuram críticas sociais como “A Outra História Americana”, policiais satíricos como “Assassinos por Natureza” ou dramas tensos como “Réquiem para um Sonho”, só para citar alguns dentre as centenas de títulos que me fazem adorar a Sétima Arte.
Pedro Coelho (Peter Rabbit) — Reino Unido, Austrália, EUA, 2018 Direção: Will Gluck Roteiro: Rob Lieber, Will Gluck (baseado na obra de Beatrix Potter) Elenco: James Corden, Fayssal Bazzi, Domhnall Gleeson, Sia, Colin Moody, Sam Neill, Margot Robbie, Elizabeth Debicki, Daisy Ridley, Rose Byrne, Christian Gazal, Ewen Leslie, Natalie Dew, Terenia Edwards, Marianne JeanBaptiste
Donnie Darko (Jake Gyllenhaal, de Contra o Tempo) é um adolescente esquizofrênico e muito inteligente. Após receber uma profecia, de um coelho gigante e bizarro, que o avisa que o mundo acabará em menos de um mês, Donnie escapa da morte, num acidente estranho em que uma turbina de avião cai em seu quarto. Ele começa a questionar os fatos e procura uma explicação para o possível fim do mundo.Donnie Darko vai causar um nó na sua mente! Confesso que precisei assistir duas vezes ao filme para tentar entender a trama, que se desenrola embalada com sucessos de bandas dos anos 80, como Tears For Fears, Duran Duran, Oingo Boingo e INXS, mas com um ritmo cadenciado e eficaz, auxiliado nas interpretações afiadas de Drew Barrymore (As Panternas Detonando), Noah Wyle (O eterno Dr. Carter, da série Plantão Médico), Maggie Gyllenhaal (O Cavaleiro das Trevas) e o saudoso Patrick Swayze (Caçadores de Emoção). Preste atenção: Seth Rogen (Pagando Bem, Que Mal Tem?) faz sua estreia, num pequeno papel de um estudante da turma de Donnie; O filme que Donnie e sua namorada (Jena Malone, de Sucker Punch – Mundo Surreal) assistem no cinema é “A Morte do Demônio” (The Evil Dead, de Sam Raimi).
Donnie Darko (Idem, EUA, 2001). Elenco: Jake Gyllenhaal, Maggie Gyllenhaal e Drew Barrymore. Direção: Richard Kelly.
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Por Ary Ximendes em Cine Club – Cinema
Se você for um bom católico, certamente conhece ou já ouviu falar no Período Patrístico do Cristianismo. Foi nessa época que o famoso Santo Agostinho criou a doutrina do Pecado Original e também aderiu ao dogma da Santíssima Trindade. Certamente que você também está habituado à correntes tais como: o ebionismo (que dizia que Jesus não veio abolir o Torá - Livro Sagrado dos Judeus – e sim reafirmá-lo); o cesaropapismo (que dava ao imperador as prerrogativas eclesiásticas da Igreja); o macedonianismo (que negava a divindade do Espírito Santo); o adocionismo (que dizia que Jesus fora adotado por Deus, mas que não era seu filho legítimo); o nicolaismo (que defendia a poligamia nas famílias cristãs); ou mesmo do sabelianismo (que negava a Santa Trindade, afirmando que foi Deus que se fez carne e foi crucificado, e não seu filho). Bem, mas se você não sabe do que estou falando (assim como eu também não sei), provavelmente não estudou teologia (assim como também não estudei). E também nunca passou perto do livro "Dicionário das Heresias, escrito pelo filósofo e historiador francês Abbé Pluquet em 1764. Mas agora, como bom cinéfilo, imagine o que um cineasta como Luis Buñel faria ao por as mãos nesse livro e em todo esse rico material, com tantas heresias, personagens e conflitos? Um filme, sim, claro. Mas a resposta correta, tratando-se de Buñuel, seria: um grande filme! “Via Láctea” (ou Caminho de Leite) é outro nome pelo qual é conhecido o famigerado “Caminho de Santiago” que leva até a cidade de Compostela, na Espanha; e é percorrido por inúmeros peregrinos que buscam o despertar espiritual (lembra do Paulo Coelho? Pois é...); e é nessa estrada que surgem os dois primeiros personagens do filme de Buñuel e serão eles que cruzarão com muitos personagens presentes em todos esses séculos de disputas filosóficas dentro da história cristã. Pierre e Jean (Pedro e João em tradução livre) são dois viajantes que sobrevivem pedindo esmolas e caronas ao longo da Via Látea e querem chegar a Compostela, mas não em busca da visão espiritual e sim de melhores condições de vida para eles, já que sabem que o local é lotado de turistas. O que eles não esperavam, é que a trama os levasse a encontrar muitos personagens históricos, inclusive Jesus, a Virgem Maria, Deus e o Diabo defendendo e lutando por suas teorias, ou simplesmente preconizando seus ensinamentos. Esse exercício surreal de Buñuel (desculpe a redundância), obviamente não obedece a linhas temporais, e o diretor transforma toda a filosofia cristã em um balaio de gatos, onde o que mais aparece é o sarcasmo e a ironia às teorias e resoluções dos “representantes de Deus na Terra”. Mas nem por isso a obra de Buñuel poderá ser chamada de herege, pelo contrário, parece reafirmar a cada cena que a fé de cada um pode ser real e capaz de atingir milagres; e isto o diretor faz questão de comprovar. Ótimo filme e um grande exercício digamos assim, "hereticamente metafísico". Sim, a obra exige algum esforço para se situar, mas quase tudo que é bom exige não é mesmo? :/
VIA LÁTEA OU O ESTRANHO CAMINHO DE SÃO TIAGO (La voie lactée, França/Itália, 1969) Direção: Luis Buñuel Elenco: Paul Frankeur, Laurent Terzieff, Alain Cuny, Edith Scob, Michel Piccoli, Julien Bertheau, Pierre Clémenti, Georges Marchal. ++++++
Por Adriano Zumba em Cineminha Zumbacana Todo país passa por revoluções ao longo de sua história e muitas delas têm cunho político/ideológico/social. Com o Brasil não foi diferente! Antes de entrar nos comentários específicos sobre o filme, é necessário situar o leitor no contexto histórico em que ele está inserido. Resumidamente, a Intentona Comunista, também conhecida como Revolta Vermelha de 35, Revolta Comunista de 35, Levante Comunista ou Levantes Antifascistas, foi uma tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas realizada em 23 de novembro de 1935 por militares, em nome da Aliança Nacional Libertadora e com apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB), na época chamado de Partido Comunista do Brasil. Essa tentativa foi reprimida rapidamente pelo governo de Getúlio, e então várias pessoas foram presas por participarem da operação. Outras pessoas, que não participaram da referida tentativa de golpe, foram presas apenas por suas ideologias políticas – foi o caso do célebre escritor brasileiro Graciliano Ramos, um esquerdista ferrenho, que foi encarcerado sem nem saber o motivo. O filme é uma adaptação do livro “Memórias do Cárcere“, do próprio Graciliano Ramos, e possui um título autoexplicativo. A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Nos anos 1930, o escritor Graciliano Ramos, acusado de colaborar com subversivos, é tirado de Alagoas e levado ao presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiro, onde convive com os mais diversos personagens da marginalizada população brasileira – de ladrões de galinhas a homossexuais e assaltantes. Baseado em relato autobiográfico.” A sinopse cita o tempo de cárcere na Prisão de Ilha Grande, porém, na verdade, Graciliano ficou preso em 3 lugares. Interessante notar que o sofrimento e as condições degradantes aumentam exponencialmente à medida que ele muda de cadeia e alcançam o ápice no referido e aludido presídio – o terceiro lugar em que ele ficou preso. Esse “cárcere cigano” proporciona que mais e mais pessoas, dos mais diversos comportamentos e nacionalidades, interajam com ele. Podemos identificar nessas pessoas uma característica em comum: a intenção de “entrar” no livro que o velho Graça – apelido dado a Graciliano Ramos – estava escrevendo, ou seja, de serem imortalizadas entre as palavras. Por conta dessa heterogeneidade humana, temos um livro – e um filme – riquíssimo em vários aspectos. Apesar de o filme mostrar bem menos detalhes que o livro, como é de se esperar, ainda assim podemos ver um celeiro de dramas pessoais e “ideológicos” em toda a sua duração. Um detalhe me chamou bastante a atenção: em uma rápida passagem do filme, vê-se um prisioneiro ensinando russo a outros encarcerados – um pormenor que mostra rapidamente uma das origens do pensamento ideológico que motivou a revolução: a União Soviética. Fiz questão de salientar isso, pois é um detalhe que passa até despercebido pelo espectador. A propósito, Graciliano Ramos teve uma “formação soviética” em relação a suas convicções políticas e seu modo de enxergar o mundo – que influi diretamente em suas obras. Ademais, o filme tem um caráter bastante documental, é mostrado de forma bem lenta em vários momentos – assim como a passagem do tempo em uma prisão -, mostra a crueza da realidade de maneira muito forte e alude a alguns fatos históricos, como o translado de Olga Benário Prestes, alemã e esposa de Luis Carlos Prestes, o líder da Intentona Comunista, para a Alemanha, onde foi executada no campo nazista de extermínio de Bernburg. Mostra também bastante humanidade e companheirismo entre os prisioneiros políticos e fidelidade incondicional à causa comunista, que, para eles, trazia justiça em relação à distribuição de renda e terras entre a população. No fim das contas, acaba sendo um filme político, que trata de uma batalha ideológica desigual e coloca em rota de colisão ideais antagônicos e o poder estatal contra a classe proletária – e pensante. Um tema que até hoje repercute no Brasil, principalmente na política atual, apesar de vivermos outros tempos. Ideologias políticas ainda preenchem bastante as rodas de discussão e os meios de comunicação em nosso país. Temos que aplaudir tanto o livro, devido à dificuldade de escrevê-lo na prisão, como sua adaptação para o cinema, pela fidelidade ao “roteiro escrito”, e o realismo transmitido em cada cena e em cada passagem ao longo das 3 horas de narrativa – muito desse realismo pode ser atribuído à magistral interpretação de Carlos Vereza, como Graciliano Ramos. Considerando que se trata de uma história real e sentida na pele pelo próprio autor do livro, que sirva como reflexão para todos nós nestes tempos tão intolerantes em que vivemos. Que todos nós respeitemos as escolhas de nossos semelhantes, independentemente do tema, e cuidemos com o maior zelo possível de nossa democracia, que vem sendo tão ferida ultimamente. (Memórias do Cárcere, Brasil, 1984) Direção: Nelson Pereira dos Santos. Elenco: Carlos Vereza, Nildo Parente, Joffre Soares, Fábio Barreto.
UM LUGAR SILENCIOSO
Por Eduardo Kacic em Portal do Andreoli Apesar de seus 95 minutos de duração, este Um Lugar Silencioso (A Quiet Place, EUA, 2018), provavelmente tem um roteiro de no máximo sessenta páginas, acredito eu. Não que isto seja algum demérito para a produção, de jeito nenhum. Fiz esta analogia pelo motivo de que grande parte deste Um Lugar Silencioso habita exatamente no… silêncio. Quase que destituída de diálogos, este acerto na direção do ator John Krasinski (do thriller de guerra 13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi), se assemelha muito à uma outra produção recente, o thriller francês Les Affamés (cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), e cuja narrativa também é toda permeada pelo silêncio absoluto. A trama também é parecida: um casal de fazendeiros, John e Mia (o próprio Krasinski e a bela Emily Blunt, de Sicario: Terra de Ninguém e esposa de Krasinski na vida real), e seus dois filhos pequenos, precisam se comunicar sem nenhum tipo de conversação comum, para que assim possam evitar cair nas garras uma terrível e violenta criatura que caça suas presas humanas através do som. Aliás, se o filme de Krasinski não fosse tão bem executado e não tivesse alguns elementos bastante originais dentro de sua narrativa, eu poderia dizer que trata-se de um remake não declarado do filme francês. Mesmo abordando um tema de certa forma limitador para se conduzir um longa-metragem, o roteiro da dupla de novos roteiristas Scott Beck e Bryan Woods é certeiro em evitar o excesso de clichês, além de trazer uma quantidade impressio-
nante de tensão. Querem uma amostra? Mia está grávida, prestes a ter um bebê. E só de se imaginar a possibilidade de se trazer um bebê, um ser recém-nascido cujo choro é incapaz de ser controlado, à um mundo pós-apocalíptico onde qualquer emissão de som pode ser o seu fim, é de gelar a espinha. O mundo foi varrido por tais criaturas, cuja audição é tão afiada, que qualquer sussurro humano é o equivalente à um grito para seus ouvidos. É realmente interessante observar a maneira esperta com que Krasinski e o roteiro de Woods e Beck desenvolvem a ideia central e simples da produção: um mundo onde se você falar, você morre. Eu costumo dizer que a chave para se evitar o clichê é desenvolver um conceito único, o que, consequentemente, levará a narrativa à cenários únicos. E é exatamente o que acontece aqui. Cada cena soa diferente de tudo o que eu tenho visto dentro do gênero nos últimos anos. Uma destas cenas, mais precisamente a sequência-chave do filme, que traz um desempenho fenomenal de Blunt em um cenário insuportavelmente agoniante (não se preocupem, vocês vão sacar a cena de cara), é tão perfeitamente executada que fica difícil não situá-la já entre os grandes momentos da história do horror no cinema. É bem inteligente também a maneira com que a narrativa explora o lado emocional da periclitante situação. O roteiro extrapola o conceito do “não falar” e o transforma na falha da família como um todo, mesmo antes da chegada das criaturas.
Através de uma série de flashbacks, o público aprende que os membros da família já não falavam uns com os outros mesmo quando eles podiam fazer isso. Especialmente John, um homem fechado e que tem uma extrema dificuldade em se abrir e expressar seus sentimentos para seus familiares. À partir do momento em que as regras do filme passam a ser aplicadas (que resumem-se a: “grite, tropece ou derrube algo e você está ferrado”), cada cena passa a transpirar tensão. As breves aparições dos monstros à princípio dão a impressão de um orçamento de produção modesto, mas quando tais criaturas finalmente dão as caras em detalhes, elas não decepcionam, graças ao trabalho da Industrial Light and Magic, que mais uma vez entrega criaturas medonhas além da imaginação. Estas repulsivas criações insectoides remetem à um horripilante híbrido entre o Alien do cinema e um velociraptor de Jurassic Park, que consegue ser tão apavorante quanto grotesco. Para John Krasinski, tanto o diretor quanto o ator, este Um Lugar Silencioso marca um recomeço de sua carreira, depois de sua excessivamente verborrágica adaptação de Brief Interviews With Hideous Men (2009) e do mundano drama familiar Família Hollar (The Hollars, 2016), que falharam em indicar o surgimento de um cineasta sofisticado. Agora, Krasinski encontrou o material ideal para um completo reboot profissional, entregando uma produção perfeita para agradar a plateia, onde os sustos não chegam com um estrondo, mas sim com sussurros e silêncio. Nesta caótica era de informação que vivemos hoje, chega a ser um alívio encontrarse imerso em um filme onde o barulho pode matá-lo.
Por Luiz Santiago em Plano Crítico Até onde você iria para proteger seus filhos ou qualquer outra pessoa que você ama? Esta é a pergunta principal, levada às maiores e até exageradas consequências, que encontramos em Um Lugar Silencioso, filme dirigido, co-escrito e atuado por John Krasinski (The Office) em seu terceiro trabalho atrás das câmeras (considerando longas-metragens, porque ele também dirigiu três episódios de The Office). Na trama, que se passa em um futuro próximo, três criaturas alienígenas (?) estão na Terra e elas possuem uma particularidade: são atraídas pelo som. Qualquer barulho deve ser evitado, especialmente quando se está distante de lugares com ruídos constantes, como rios e cachoeiras. Com boa parte da população e animais do planeta dizimados, a obra rapidamente expõe o perigo que os humanos restantes correm. Em pouco tempo, o público está imerso em silêncio, temendo que cada barulho tenha sido alto demais para ser ouvido pelas criaturas e se assustando imensamente quando o som é ampliado ao máximo, sempre que necessário. Inicialmente escrito por Bryan Woods e Scott Beck, a obra recebeu um novo tratamento de Krasinski, que se baseou em obras como Alien, o Oitavo Passageiro (1979), Onde os Fracos Não Tem Vez (2007) e Entre Quatro Paredes (2001) parar destacar o elemento que o atraiu desde o início: a solidão, a ameaça constante e a urgência proteção dos pais aos filhos. Na época da pré-produção, ele e a esposa Emily Blunt tinham acabado de ter mais um bebê, e a paternidade e maternidade rugia forte nos dois, que discutiram muito sobre a obra. Eles devem um ao outro a existência do resultado final, começando da produção: Krasinski só aceitou a direção porque a esposa insistiu e Blunt só considerou atuar no filme a pedido do esposo. Essa relação parental é repetida e maximizada na película, já que os dois fazem um casal que tentam viver e ensinar aos filhos viverem neste mundo onde o silêncio é vida. Considerando os aspectos mais básicos da linguagem cinematográfica, é possível entender o por que Um Lugar Silencioso é um filme (de terror!) muito diferente. No primeiro ato, conhecemos os personagens, demoramos alguns poucos minutos para entender a real importância do título e compramos a ideia. O monstro não está à vista logo de cara. E como nos bons terrores que abordam ocasiões misteriosas e de implicações improváveis, há apenas o mínimo suficiente sobre o que aconteceu com o mundo. Ao contrário do que possa parecer, essa tomada de decisão é instigante, pois nos deixa esperando por mais detalhes e sempre na expectativa de descobrir coisas novas, algo que de fato acabamos descobrindo. Pouco a pouco, a linguagem de sinais vai se entrelaçando com sussurros e uma trilha sonora pontualíssima. Entendo perfeitamente a preocupação do diretor em adicionar trilha aqui, mas ainda acho que o filme ganharia bem mais se apenas o excelente trabalho de edição e mixagem de som estivessem em cena, marcando os pormenores do silêncio e criando em si mesmo um caminho perfeito para o medo. Diante dessa escrupulosa engenharia de som, não é surpresa que o roteiro tenha muitas cartas escondidas na manga, algumas delas gerando um elemento constante de angústia no
espectador (o maldito prego, por exemplo), linguagem de sinais, começando dos gestos rápidos do pai (Krasinski), indo para os gestos mais longos e amplos da mãe (Blunt) e passando pelo meio termo entre Marcus (Noah Jupe) e Regan (Millicent Simmonds, atriz surda que estreou na safra anterior a este filme, em Sem Fôlego, de Todd Haynes). SPOILERS! Depois de um primeiro ato bastante sólido, o segundo ato chega com algumas coisas incômodas, como a cena do “afogamento no milho” (a única coisa que se possa chamar de “ruim” do filme) e a perseguição insistente demais da criatura na casa da família Abbott, agora com um novo membro, que faz barulho por excelência, porque precisa chorar. As cenas continuam tensas, o momento com o monstro no lugar parcialmente inundado é incrível (aliás, a aparência do monstro é incrível), mas esse cerco cobra do filme algo que ele não dá, ou seja, mais detalhes sobre os aliens, o que vira um problema — pequeno, mas não ignorável — para a fluidez do enredo, porque o segundo ato tem o maior número de cenas de medo, os personagens são colocados em situações de grande estresse e então passamos para o amarrar dos nós. As coisas são aceleradas. A montagem e edição são tão bem feitas que os 90 minutos parecem bem menos do que são, e devemos considerar aí que falamos de uma obra com cada metade dotada de uma atmosfera distinta, ou seja, são emoções e níveis de entrega diferentes em cada parte da obra, tendo um clímax continuado e perfeitamente administrado, começando com o sacrifício de Lee por amor aos filhos e terminando na descoberta de Regan para qual era, de fato, a fraqueza dos monstros. Também essa parte parece rápida demais ou carente de algumas pequenas cenas que ajudassem a contextualizar a descoberta, mas dada a tensão e intenção daquele momento, foi melhor que o texto realmente focasse em se livrar do bicho. Se o contexto não conseguiu ser feito antes, àquela altura, dificilmente conseguiria ser bem encaixado. Notadamente diferente dos filmes do gênero, bem dirigido, maravilhosamente bem atuado (Emily Blunt cria uma postura de grandes emoções guardadas pela impossibilidade de emitir sons altos que é algo impressionante) e com um final capaz de arrancar aplausos pela disposição da família e superação medonha das adversidades, Um Lugar Silencioso está entre os longas de grande surpresa e que sabe usar os clichês de maneira muito inteligente a seu favor. Uma obra capaz de nos deixar sem palavras, ao mesmo tempo que nos faz querer gritar. Um Lugar Silencioso (A Quiet Place) — EUA, 2018 Direção: John Krasinski Roteiro: Bryan Woods, Scott Beck, John Krasinski Elenco: Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward, Leon Russom, Doris McCarthy Duração: 90 min.
KALINKA Por Cecília Peixoto em Dans Le Cinèma Français Essa é a história impressionante de um pai que jurou fazer justiça à filha Kalinka, que foi encontrada morta na cama, na casa em que morava com a mãe e o marido desta em Lindau, no sul da Alemanha. Kalinka tinha apenas 14 anos de idade na ocasião. A necropsia não conseguiu esclarecer o motivo da morte, já que a adolescente estava em perfeito estado de saúde. Mas André Bamberski, o pai de Kalinka, não poupou esforços para descobrir as causas e o culpado. Análises no corpo da vítima revelaram uma série de elementos que colocaram em dúvida as explicações de Krombach, o padrasto, e médico, sobre as horas prévias à morte da adolescente. Mesmo assim, a justiça alemã considerou as provas insuficientes e arquivou o caso em 1987. Bamberski não se conformou e conseguiu um novo julgamento, dessa vez na França, em 1995 e Krombach foi condenado à revelia a 15 anos de prisão - pena máxima para o caso - por "violência voluntária que provocou homicídio culposo".
(Au Nom de ma Fille) País: França/ Alemanha. Ano: 2016 Direção: Vincent Garenq Roteiro: Vincent Garenq, Julien Rappaneau. Elenco: Daniel Auteuil, MaryJosée Croze, Sebastian Coch, Christelle Cornil, Lila-Rose Gilberti e Emma Besson como Kalink
Dieter Krombach foi condenado mas não era preso. Com Bamberski sempre recorrendo, a França pediu a extradição em 2004, mas a Alemanha afirmou que já havia julgado o caso. Krombach alegava que Bamberski o perseguia por ter lhe tomado a esposa. Os depoimentos da esposa favoreciam o padrasto de Kalinka, já que ela não acreditava ou não queria acreditar nas evidências. Não restou outro recurso para André Bamberski que o de sequestrar o médico em 17 de outubro de 2009 em sua casa de Scheidegg. Como disse ele, teve que fazer o trabalho das autoridades e não se arrependia. Por conta disso, ele foi julgado. Em 2011, quase 30 anos depois dos acontecimentos (10 de julho de 1982), teve início em Paris um novo julgamento do médico alemão Dieter Krombach, de 75 anos, acusado pelo assassinato da filha de sua mulher, Kalinka, dessa vez com a presença do acusado e do pai da vítima, André Bamberski, de 73 anos. O crime e a saga desse pai parecem retirados de uma cena de filme, mas é o contrário: com Vincent Garenq (L'Enquête, indicado ao Cesar de Melhor Adaptação) na direção, a história verídica chegou às telas de cinemas. ++++++
BATE PAPO no
Cine Club
COLECIONISMO – MILOS FORMAN Ary Ximendes: Quem mais curte? Neilton Oliveira - Tenho Um Estranho no Ninho, Amadeus e Na época do Ragtime. Zita Salviano - Um estranho no ninho é excelente. Andre Albuquerque - Hair ,outro sucesso. Ary Ximendes - Meu favorito. hehehe Jésse Vieira - https://www.youtube.com/watch?v=uMFd_wX3RRw - Vídeo Hair - Let The Sunshine In (Legendado) Christina Boni - Só não tenho 3 dos que estão na foto. Meus favoritos são Um Estranho no ninho... claro! E Sombras de Goya, Hair, Amadeus, O povo contra Larry Flynt! Ary Ximendes - Só esclarecendo que Pedro, o Negro; Os Amores de uma Loira e O Baile dos Bombeiros pertencem a fase em que Forman fazia parte da Nouvelle Vague Tcheca, sendo que os dois últimos foram indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Adriano Lustro - Que maravilha! Milos Forman. Gosto da cena final de Amadeus, com Salieri "absolvendo" os loucos, fracassados. Que cena! Que filme! Adriano Lustro - Hair é fantástico. Age of Aquarius. Uma bela reflexão musical da época Hippie. Adriano Lustro - Eu gosto muito do Take Off. Como se chama em português? O primeiro do Milos nos EUA. É maravilhoso. A cena que os pais aprendem a fumar maconha para poder se aproximar e entender os filmes. Essa cena me faz lembrar aqueles conselhos de psicólogos para que pais entrem nas redes sociais e se tornem amigos dos amigos dos filhos. Paulo Moura - Procura Insaciável. Adriano Lustro - Isso! Adoro esse filme. Adriano Lustro - Corrigindo, entender os filhos. Os filhos, não os filmes. Paulo Moura - Gosto dos filmes de Milos Forman, principalmente O Estranho no Ninho, Os Amores de Uma Loura e Amadeus. Mas não é um diretor que revejo com frequencia. Bia Luz - Tenho o DVD do Amadeus também... assisti muitas vezes. Ary Ximendes - UP: em homenagem a Milos Forman, hoje falecido. :’( Ricardo Rocha - Meu Favorito é o Hair. Cecilia Peixoto - Tenho alguns. Cecilia Peixoto Belo legado ele deixou. João Cláudio Pereira - Destaco Estranho no ninho e mundo de Andy. Jose Luis Ilha - Um Estranho No Ninho. Grande Filme . Fábio Pereira - Um Estranho no Ninho é maravilhoso! Fabio Viana Barbosa- gênio muito bom os filmes já assisti vários Edivaldo Martins - Rest In Peace! Maria Dos Anjos Fernandes – Ragtime, Valmont, As Sombras de Goya ...