Revistinha do Cine Club Edição 18

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO DA REVISTINHA DO Eduardo Kacic do Portal do Andreoli

Leonardo Barreto do Quarta Parede

Cine Club GRUPOS PARCEIROS - Cine Club - Cine Saudade - Cinema Clássico e Antigo - Falando de Cinema

M.V. Pacheco de Tudo sobre o seu filme

Luiz Santiago do Plano Crítico

- Tudo sobre o seu Filme, o Grupo - Voltando aos Clássicos - O Cinetoscópio - CineArte, o Grupo - Amantes da Sétima Arte - Beco dos Cinéfilos

Cecília Peixoto da Cinéfilos Eternos

Paulo Moura em Cine Club

- Voltando aos Clássicos - Cinema é o tema - Cine Aliança - Cinema é o Tema - Colecionadores A7 Arte - Cinema Francês

Adriano Zumba de Cineminha Zumbacana

Fábio Pereira de Frames da Imaginação

- Fatos Cinema - Mundo Western

Revistinha do Cine Club – Ano II – Edição 18 – 31 de maio de 2018 Edição: Ary Ximendes Fotos: divulgação da internet. Os artigos são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista. Revista digital de distribuição gratuita respeitando os direitos dos autores intelectuais das matérias.


DEADPOOL 2

Por Eduardo Kacic em Portal do Andreoli Já faz um bom tempo desde que escrevi uma crítica sobre um filme de super-heróis. Creio que o último filme que analisei tenha sido o excepcional Logan, quando este foi lançado. O motivo de eu não ter mais escrito sobre filmes de herói é surpreendente até para mim, que sempre fui um entusiasta do gênero; mas a verdade é que eu dei uma boa desanimada, e tais filmes já não me atraem tanto. A razão para este desânimo, vem do fato de que para mim, guardadas as devidas proporções de cada produção, os filmes de herói se tornaram todos iguais. Vejam bem, não estou dizendo que os filmes do MCU (o universo cinematográfico da Marvel), por exemplo, são ruins. Pelo contrário, os recentes Thor: Ragnarok, Pantera Negra (Black Panther), e o bruto Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War), por exemplo, funcionam muito bem cada um à sua maneira, e mostraram uma certa percepção da própria Marvel em trabalhar melhor seu conteúdo, ao menos de maneira mais original. Existem, entretanto, o que considero duas exceções à esta mesmice narrativa dentro dos filmes de heróis (e eu me refiro à todos os selos, Marvel, DC, sem distinção), e curiosamente, tais exceções pertencem ao que pode-se chamar de “time B” da Marvel nos quadrinhos; a primeira delas é a franquia Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy), adaptada com muito bom humor e inventividade visual pelo diretor James Gunn (a crítica do segundo exemplar da franquia está disponível aqui no Portal do Andreoli); e a segunda, é a versão cinematográfica do mercenário deformado e falastrão Wade Wilson, mais conhecido como Deadpool. Dirigido por Tim Miller em 2016, Deadpool extrapolava o bom humor e carregava na anarquia e na ação violenta, valorizadas por um Ryan Reynolds impecável. Vale lembrar que era um sonho antigo de Reynolds reprisar o papel do herói, depois de sua aparição na bomba X-Men Origens: Wolverine (X-Men Origins: Wolverine), onde o personagem foi adaptado de maneira

completamente equivocada pelo diretor Gavin Hood em 2009. E como já era de se esperar, depois do estrondoso sucesso de público e crítica que foi o primeiro filme, o mercenário boca-suja ganha sua merecida sequência com este Deadpool 2 (EUA, 2018), filme que desta vez traz mais dois personagens-chave dos quadrinhos para as telonas ao lado de seu herói protagonista. E o fato de ser uma sequência de um blockbuster, o que costuma sempre atrair um público ainda maior do que o do filme original, não quer dizer que a Fox pensou em mudar a censura da produção. Portanto, assim como acontece com o primeiro filme, podem esperar por muita violência, palavrões e uma pitadinha de safadeza para completar.

O que muda, entretanto – e esta é realmente uma mudança significativa – é o nome do diretor. Devido à diferenças criativas, Tim Miller deixou a produção em outubro de 2016, o que levou à contratação de David Leitch, co-diretor do ótimo De Volta ao Jogo, que deu o pontapé inicial na sensacional franquia de ação John Wick, protagonizada por Keanu Reeves; e também do recente Atômica (Atomic Blonde), protagonizado por Charlize Theron. As minhas críticas de ambos os filmes citados podem ser conferidas aqui mesmo no Portal do Andreoli. Enquanto que Miller trouxe sua expertise em efeitos-visuais para o primeiro


filme, Leitch faz valer seus dons para a ação, o que faz de Deadpool 2 uma sequência menos engraçada e vistosa do que seu predecessor, mas que apresenta sequências de ação superiores, mais complexas e ainda mais violentas. Enquanto que Deadpool funciona como um filme de origem para o herói, mostrando como o mercenário falastrão Wade Wilson se candidata para um tratamento experimental para cura do câncer e termina por se tornar um ser praticamente imortal e com sede de vingança, Deadpool 2 utiliza-se mais uma vez de um roteiro escrito pela dupla Rhett Reese e Paul Wernick, e mostra a entrada em cena de outro anti-herói, o poderoso mutante Cable (Josh Brolin, ninguém mais ninguém menos que o mega-vilão Thanos, do citado Vingadores: Guerra Infinita). Cable, além de super forte fisicamente, é também dotado de poderes telecinéticos e telepáticos, e ele acabou de chegar do futuro com a missão de eliminar o jovem Russell (Julian Dennison, da comédia A Incrível Aventura de Rick Baker, cuja crítica você também pode conferir aqui no Portal do Andreoli), um garoto mutante dono de inimagináveis poderes. Agora, cabe a Deadpool tentar parar Cable e impedir a morte do menino, e para isso, ele conta com a ajuda de seus velhos e novos amigos, como por exemplo, os membros da recém formada equipe X-Force.

parede (artifício narrativo usado para que o protagonista possa “conversar” com seu público), mas mesmo assim, a sequência soa sempre original, sem mergulhar na mesmice que permeia o gênero dos super-heróis, além de continuar a apresentar algumas gags hilárias (a cena em que Wade menciona os sombrios filmes da DC, por exemplo, é uma pérola). Falando em Wade, o show em Deadpool 2 é mais uma vez de Reynolds, completamente inspirado e à vontade no papel. Chega a ser impossível imaginar outro ator encarnando o cínico e letal personagem. Brolin, outro ator de que sou fã declarado, também emprega sua competência e confiabilidade de sempre, e não chega a ser surpresa o ator interpretar dois super vilões (bem, um super vilão e outro nem tanto) em duas superproduções da Marvel lançadas no mesmo semestre num intervalo de menos de um mês. Façanha para poucos. Resumindo, Deadpool 2 mantém o mercenário boca-suja longe dos clichês e da cansativa mesmice narrativa do MCU e outros selos do cinema de super-heróis, que já mostram sinais de exaustão. O filme poderia em alguns breves momentos ser um pouco mais “leve” e descontraído de uma maneira mais convencional (o excesso de ironia e sarcasmo do herói cansa um pouquinho), mas em um mundo onde o mimimi do politicamente correto se tornou insuportável, Deadpool acaba por ser o herói que precisamos hoje em dia. Ainda bem. Ah! Não saiam da sala de cinema antes dos créditos finais. A cena pós-créditos do filme é de arrasar!

Falar mais sobre a trama de Deadpool 2 pode entregar alguns spoilers, especialmente no que diz respeito à conexão do filme com os quadrinhos. O que dá para adiantar é que o filme também conta com a nova presença da mercenária mutante Domino (interpretada pela bela Zazie Beetz, do drama Wolves, cuja crítica também está disponível aqui no Portal). Assim como Domino, outros novos personagens oriundos dos quadrinhos também dão as caras, mas assim como acontece com a trama do filme, melhor não entrar em detalhes para não estragar algumas surpresas bem interessantes (se bem que os trailers do filme já entregaram boa parte delas). Das caras conhecidas do primeiro filme, destaque para a bela atriz carioca Morena Baccarin, no papel de Vanessa, a musa do protagonista; a herói adolescente de pavio curto Negasonic Teenage Warhead (Brianna Hildebrand), e é claro, o ingênuo taxista indiano Dopinder (Karan Soni, do thriller Creep 2, cuja crítica você também confere aqui no Portal), responsável por momentos bastante engraçados da produção. Apesar de um desenrolar menos fluente do que o do primeiro filme, que praticamente passa voando pelos olhos do espectador, Deadpool 2 também é entretenimento de primeira. Eu particularmente gosto do ritmo e da mão pesada dos filmes de Leitch, e sua pegada é sentida aqui. É claro que o “fator novidade” já se foi com o primeiro exemplar da franquia, como por exemplo a quebra da quarta

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A REDE

A rede de desconfiança é jogada sobre Chul-Woo, querem que ele confesse ser o que não é. E agora como voltar para a sua terra, mesmo que deixem? Porque também o outro lado talvez não acredite na sua lealdade. O filme mostra os dois lados da Coreia, sem tomar partido. Quando o pescador conhece uma prostituta sendo maltratada na rua , ele pergunta a Jin-Woo: "se aqui tem oportunidade para todos, porque ela está passando por isso? Eu a ouvi falando com a família dela, ela é uma pessoa boa". O protetor dele responde: "Quando a luz é boa, a sombra cresce mais. A liberdade não é garantia de felicidade." Chul-Woo não tinha muita coisa, mas não sentia falta de nada. A busca incessante por maiores remunerações, incentivando o competitivismo e o consumo desenfreado seria realmente a garantia de uma vida melhor? Por outro lado, o direito de migrar deveria ser respeitado, cada um deveria poder sair e morar onde quisesse. A paz não é alcançada por causa da ignorância e ganância de alguns. E um povo inteiro sofre.

Por Cecília Peixoto em Cinéfilos Eternos e Cinema Oriental

"Quando o peixe é pego na rede, a vida acaba para ele". Chul-Woo sabia disso, como pescador. E agora ele tinha caído na rede, será que ele conseguirá sair com vida?

O paralelo 38 é uma linha imaginária que marca a divisão entre os territórios comunistas e capitalistas da Coreia: Coreia do Norte e Coreia do Sul. Apesar de os dois países terem uma história e cultura comuns e da assinatura do Tratado de Panmunjom, eles são, hoje, inimigos em constante ameaça de conflito.

Reflexivo, tocante, doloroso, como a maioria dos filmes de Kim Ki-duk. O diretor coloca sempre em seus filmes assuntos da atualidade.

Chul-Woo é norte-coreano. Casado e com uma filha pequena, ele é pescador e leva uma vida simples, mas feliz. Levava, na verdade, até a manhã que sua rede se enroscou no motor do seu barco e ele não conseguiu voltar. Acaba passando a tal linha proibida, e pego por guardas da fronteira da Coreia do Sul. Tudo que ChulWoo, interpretado magistralmente por Seung-beom Ryu, deseja é consertar seu motor e poder voltar para sua família. Mas o serviço secreto o toma por um espião e tem início a visão do inferno na sua vida, com ameaças e torturas. Se ele não é um espião, o sistema pode salvá-lo do regime de onde ele vive, promessas de um emprego, de uma casa e de todas as regalias que o capitalismo pode lhe oferecer. Jin-Woo, um agente secreto encarregado de proteger a integridade física do suposto espião acredita nele, mas não tem o poder de mandá-lo de volta.

IMDB: 7,3/ 10

Após a separação, enquanto a Coreia do Sul modernizou sua indústria e virou um dos principais países exportadores da Ásia, a Coreia do Norte manteve o sistema comunista de governo, com rígido controle sobre os meios da produção.

Minha nota: 4,2/ 5

Ficha técnica: Nome original: Geumul Outros nomes: Ag, The Net. País: Coreia do Sul Ano: 2016 Direção: Kim Ki-duk Elenco: Lee Won Geum, Seung-beom Ryu.


A NOITE DO JOGO

Por Luiz Santiago em Plano Crítico Game Night (2018) é uma surpresa em muitos aspectos. Primeiro, porque o filme anterior dos dois diretores que o assinaram foi Férias Frustradas (2015), e não dava para imaginar que quem dirigiu aquela fita poderia entregar algo tão divertido e tão interessante como A Noite do Jogo. Segundo, porque existem elementos técnicos aqui que fogem completamente do que esperamos para obras do gênero, mexendo com a nossa percepção de julgamento e tendo a comédia permanentemente visitada pela ação — cabendo referências a Duro de Matar 2 (1990) e RoboCop – O Policial do Futuro (1987) — e até por flertes com o horror, vide as piscadelas visuais e os diálogos que referenciam A Noite dos Mortos-Vivos (1968) e mais a uma porção de clichês do gênero. Sem cair na armadilha de querer explicar a “origem das noites de jogos com os amigos“, o roteiro de Mark Perez nos apresenta da forma mais casual possível o encontro do casal Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams, que está excelente no filme!) e nos faz entrar imediatamente na história, destacando, a princípio, o vício em jogos e a personalidade competitiva dos dois pombinhos. A comédia, neste ponto, vem fácil, e não de uma maneira negativa. Aqui, temos mais uma prova de que mesmo argumentos já conhecidos podem gerar grandes histórias, especialmente se o texto sabe trabalhar bem os personagens ao longo dos atos, se a comédia passa por diferentes níveis de adequação e exposição (talvez Ryan, o personagem de Billy Magnussen, seja o único do elenco a carregar uma característica cômica que pode incomodar), e se os pontos de grande virada dos acontecimentos ocorrem no momento certo. Neste filme, para nossa alegria, temos tudo isso. Com a entrada do irmão bem-sucedido e intimidador de Max em cena (Kyle Chandler) e o início da “noite de jogos para ser lembrada eternamente“, o espectador é arrastado por um vendaval de boas ideias. Um plot se une ao outro sem precisar interromper uma ação corrente e sem descaracterizar os personagens, que dentro de cada sequência, precisam se comportar de modo levemente distinto, pois cada pedaço do filme corresponde a um jogo diferente, tanto na forma interna (via personagens) como na forma externa da obra (via roteiristas, dialogando com o público), dando a impressão de que existe um grande jogo capaz de abraçar todos os outros, sensação delineada pela exposição das cidades em takes-maquete e pela organização de algumas cenas com um estilo cinematográfico perfeitamente pensado para acompanhar um certo tipo de jogo. Aqui, vale destacar a homenagem aos recorrentes one shots de Quentin Tarantino, nos momentos de citação a Pulp Fiction e Django Livre, em tomadas muitíssimo bem dirigidas por John Francis Daley e Jonathan Goldstein, que ainda surpreendem pela aplaudível “sequência do ovo”, atravessando dois andares de uma mansão, dando atenção para diferentes duplas — como “times” disputando um jogo –, e ganhando espaço suficiente para que duas pontas dramáticas do roteiro avançassem consideravelmente, tudo isso sem perder a linha da ação principal. Palmas para a precisão no uso do tempo pela montagem!


O texto perde alguns pontos com as brigas que se arquitetam desde o final do primeiro ato, mas nada que o lado bom da obra não compense, seja através de uma trilha sonora atípica para uma comédia (composta por Cliff Martinez, de Demônio de Neon e O Estrangeiro), com peças sombrias e cheias de rompantes próximos aos de grandes suspenses ou terrores psicológicos; seja pela direção de fotografia igualmente atípica e igualmente sombria (com duas sequências muitíssimo bem pensadas em contraste a esse padrão, ambas em diferentes casas), projeto visual assinado por Barry Peterson, de O Espaço Entre Nós. O final da obra é parcialmente atrapalhado por uma reexposição de situações já vistas antes, mas a essa altura, temos uma obra sólida e muito bem feita em mãos, com uma última cena ao mesmo tempo tocante, hilária e que acena para uma continuação. Por mim, se o sensacional Policial Gary interpretado por um assustador Jesse Plemons estiver presente, que venha a próxima franquia de comédia do cinema! Mantendo essa qualidade e nível de divertimento, não teremos do que reclamar.

A MORTE PEDE CARONA

Por Fábio Pereira em Frames da Imaginação Um dos maiores inimigos de um motorista, que dirige por longas horas seguidas, é o sono. Ele, como um vilão silencioso, chega quase sem avisar e diminui drasticamente os reflexos de quem está ao volante. Mas, no universo cinematográfico dos Anos 1980, existe um vilão muito maior e letal, personificado na figura de um simples (porém assustador) desconhecido pedindo carona. Em A Morte Pede Carona (The Hitcher/1986), essa figura sombria batizada como John Ryder é encarnada pelo grande Rutger Hauer (do clássico Blade Runner), que com sua serenidade ameaçadora criou um dos grandes psicopatas do cinema mundial. É numa paisagem quase desértica que Ryder encontrará (e atormentará) sua vítima mais ilustre (personificada com uma inocência marcante pelo jovem C. Thomas Howell), além da vitima do acaso (Jennifer Jason Leigh, com um sotaque Texano carregado). Mas A Morte Pede Carona é mais que um thriller de ação (perseguições de carros, helicópteros e explosões estão presentes a toda hora). A trama - que mostra Jim Halsey (C. Thomas Howell, de Uma Família em Pé de Guerra - 1984) levando um carro de Chicago a San Diego (Califórnia) para um dono que nem conhece e se depara com um assustador psicopata - constrói a figura de um vilão sem poderes demoníacos, mas que consegue (numa única faceta de pura maldade) infernizar a vida do protagonista com uma implacável eficiência. Fracasso de bilheteria na época do lançamento, detonado pela crítica, e longe de ser o filme favorito de Rutger Hauer (que já atribuiu zero estrelas à película), A Morte Pede Carona ainda fascina pela tensão provocada pela perseguição de Ryder a Halsey, num tempo em que a comunicação era bem limitada (nada de celulares ou Internet) e tornava qualquer pedido por ajuda muito mais complicado.

(Game Night) EUA, 2018 Direção: John Francis Daley, Jonathan Goldstein Roteiro: Mark Perez Elenco: Jason Bateman, Rachel McAdams, Kyle Chandler, Sharon Horgan.

Dirigido pelo desconhecido Robert Harmon (que construiu sua carreira voltada para filmes televisivos), A Morte Pede Carona nos ensina que, da próxima vez que estivermos na mesma situação de Halsey, nada melhor que uma boa garrafa térmica de café a tiracolo e nada de parar para Caroneiros. Tudo isso, é claro, para evitar que uma simples viagem de carro se transforme num enorme pesadelo. CITAÇÕES: “Minha mãe me disse para nunca fazer isso.” – Jim Halsey. “Achei que ele me ajudaria a ficar acordado.” – Jim Halsey. +++++ A Morte Pede Carona (The Hitcher, EUA, 1986). Elenco: Rutger Hauer, C. Thomas Howell e Jennifer Jason Leigh. Direção: Robert Harmon.


CURIOSIDADES: Sim, caros leitores, a tensão era real!

-C. Thomas Howell admitiu ter ficado com medo de Rutger Hauer durante as filmagens e fora das locações, devido à intensidade com quem o ator incorporou o papel de John Ryder; Será que ele recebia seu pagamento em Latinum?

-Conhecido dos fãs de Star Trek – Deep Space Nine, onde interpretava o Ferengi Quark, Armin Shimerman faz uma participação especial interpretando um detetive que tenta interrogar o personagem de Hauer; O especial do dia era Filé ao Molho Replicante

Por Cecília Peixoto em Cinéfilos Eternos O filme é uma adaptação de um dos volumes da Trilogia Southern Reach, de Jeff VanderMeer: Annihilation, Authority e Acceptance. Uma aventura de exploração ao melhor estilo da literatura "new weird" contemporânea, misturando ficção científica, horror lovecraftiano, mistérios estilo Lost e bizarrices de explodir o cérebro! A adaptação às telas por Alex Garland, também diretor e roteirista de Ex-Machina e um apaixonado pelo gênero, surpreende.

-Numa cena, o personagem de Howell entra num local chamado “Roy’s Cafe”, uma clara referência ao personagem de Hauer no clássico Blade Runner (1982); Aceita batatas acompanhamento,

fritas

como senhor?

-O script original era tão extenso que o filme poderia ter a duração de 3h! Muitas cenas ficaram de fora, como a de Ryder trucidando uma família inteira; um olho humano aparecendo no meio de um hambúrguer (isso foi substituído pela cena do dedo em meio às batatas fritas); uma pessoa sendo decapitada. Após muitas revisões, as cenas foram descartadas.

Annihilation trata sobre uma bolha enigmática que toma conta da costa estadunidense – a chamada Área X. Lena (Natalie Portman), é bióloga e acadêmica e não recebe notícias de seu marido, o militar Kane (Oscar Isaac). Interessada em resolver o mistério que envolve seu marido, ela decide entrar na tal área junto com a Drª Ventress (Jennifer Jason Leigh), chefe da missão e mais outras três profissionais, mesmo sabendo das remotas possibilidades de retorno. O longa atravessou polêmicas antes mesmo de sua estreia. Alguns leitores da obra homônima em que se baseia a história reclamaram da troca de etnia das personagens interpretadas por Portman e Jennifer Jason Leigh. Além disso, a Paramount optou por vender os direitos de distribuição internacional da obra para a Netflix, escolha que irritou o diretor por impossibilitar a experiência de assistir nos cinemas um filme claramente feito para as telonas, vide algumas cenas com um nível de detalhes primoroso e com efeitos especiais ousados. O mundo de VanderMeer aos olhos de Garland é ao mesmo tempo assustador e deslumbrante, provoca nossa imaginação e, me arrisco a dizer, questões filosóficas sobre a vida, a morte e, principalmente, a transformação. Garland mostrou habilidade para deixar indagações e motivos para que torçamos para que a franquia continue. Minha nota: 3,8/5. ANIQUILAÇÃO ( Annihilation ) País: EUA Ano: 2018 Direção: Alex Garland. Elenco: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Oscar Isaac.


Por Leonardo Barreto em Quarta Parede A campanha de marketing de Vingadores: Guerra Infinita não deixava dúvidas quanto a uma coisa: tudo o que foi projetado nesses 10 anos nos conduziu até esse momento. Os 18 filmes apresentados até então, com os mais diversos heróis, possuem tantas conexões entre si que em momento algum parecia possível convergir tudo isso em um momento único. Mas eles conseguiram. Quando o Marvel Studios finalizou a sua primeira fase com Os Vingadores, em 2012, ficou provado que havia a possibilidade de reunir muitos personagens principais em tela, e dar a eles motivações e arcos interessantes. Com Vingadores: Era de Ultron, em 2015, a escala ficou ainda maior, ainda que o resultado não tenha sido tão satisfatório quanto o primeiro grande encontro dos heróis. Capitão América: Guerra Civil colocou novamente à prova a capacidade de promover esse complicado encontro de heróis em tela. No entanto, nada se compara a natureza grandiosa de Guerra Infinita. Ainda que seja a metade de uma história que será finalizada em 2019, o filme consegue entregar um desafio a altura da expectativa em torno de sua estreia. A aventura épica reúne um sem-número de elementos capazes de encantar e amedrontar o espectador. Talvez, pela primeira vez, um filme da Marvel cause no público uma verdadeira sensação de ameaça e perda. Os primeiros minutos no filme não são brincadeira. Tememos pelos heróis que amamos admirar ao longo desses anos (e aqueles mais novos também) como se estivéssemos assistindo a Game of Thrones nos tempos em que absolutamente ninguém estava a salvo. De quebra, tome ai mais uma referência do mundo das séries: o fim desse filme é muito The Leftovers! Contudo, Guerra Infinita não tem somente ares de tragédia e sabe mesclar humor e aventura, com bastante ação e um peso dramático surpreendente. Sangue, suor e lágrimas (e joias) definem esse filme. Ainda estamos falando de um longa da Marvel e todos os heróis das antigas estão lá. E os novos. Ainda temos um clima divertido e momentos de show off que fizeram o público do cinema vibrar como um gol, embalados pela trilha sonora de Alan Silvestri. Mas há também um clima soturno que pela primeira vez permeia um longa do estúdio. A perplexidade que os minutos finais causam na platéia comprovam que a estratégia de impactar, pelo menos no primeiro momento, funciona. É mais ou menos a mesma reação que as pessoas tiveram em 1980, após assistirem Star Wars: O Império Contra-Ataca. E para não deixar de lado outra referência, os times dos heróis lembram, e muito, a estrutura de uma outra aventura épica: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.


Contudo, Guerra Infinita não tem somente ares de tragédia e sabe mesclar humor e aventura, com bastante ação e um peso dramático surpreendente. Sangue, suor e lágrimas (e joias) definem esse filme. Ainda estamos falando de um longa da Marvel e todos os heróis das antigas estão lá. E os novos. Ainda temos um clima divertido e momentos de show off que fizeram o público do cinema vibrar como um gol, embalados pela trilha sonora de Alan Silvestri. Mas há também um clima soturno que pela primeira vez permeia um longa do estúdio. A perplexidade que os minutos finais causam na platéia comprovam que a estratégia de impactar, pelo menos no primeiro momento, funciona. É mais ou menos a mesma reação que as pessoas tiveram em 1980, após assistirem Star Wars: O Império Contra-Ataca. E para não deixar de lado outra referência, os times dos heróis lembram, e muito, a estrutura de uma outra aventura épica: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei. Além disso, Vingadores: Guerra Infinita não se resume apenas ao maniqueísmo. A luta do bem contra o mal puro e simples abre espaço para discutir motivações e pontos de vista. Pode um vilão ser o herói de sua história? Com um pouco de fundamentalismo em mente, é bem provável que o carismático (e odiado) vilão desse filme te convença. Além de reunir dezenas de heróis e vilões, dando a cada um deles tempo de tela adequado à narrativa, Vingadores: Guerra Infinita tinha como missão introduzir um antagonista grandioso, de dimensões inter-galácticas. A jornada de Thanos redefine o conceito de vilão no Marvel Studios. Em termos de poder, já nas cenas iniciais, ele coloca todos os antagonistas dos filmes anteriores vários degraus abaixo. Além disso, o Titã Louco não representa o mal pelo mal. Ele possui motivações e suas ações fazem sentido, mesmo sendo concebido em CGI pela empresa ILM. A partir das feições do excelente Josh Brolin, o antagonista é absolutamente crível. Se há uma jornada do vilão a ser lembrada daqui a alguns anos nesse universo cinematográfico, será essa. A direção de Joe e Anthony Russo é bem conduzida, nos levando a diversos núcleos e provocando momentos muito divertidos, sobretudo nas interações ainda não vistas entre os personagens. Esteticamente, nada muito artístico acontece, mas os diretores cumprem bem o propósito do filme. Há sequências de batalha e cenas que se desenvolvem em diversos cenários, desde Nova Iorque até outros planetas. Os Irmãos Russo sabem como situar os personagens em cada local, e também são eficientes ao dar um tratamento adequado a personagens que não perdem sua identidade aqui, em termos de estética e personalidade. Os Guardiões da Galáxia, por exemplo, são os mesmos personagens que James Gunn moldou nos dois primeiros filmes, assim como Thor e o Doutor Estranho por exemplo, que ainda não haviam passado pelas mãos dos Russo. Colaboradores em diversos filmes do MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), Christopher Markus e Stephen McFeely constroem um roteiro que impulsiona a história, sempre impondo o ponto de vista de Thanos. Eles também conseguem preencher lacunas, como por exemplo, ao posicionar em pequenas linhas de diálogo o fato de dois personagens importantes não estarem no filme. A história se move para a frente com muito dinamismo, mesmo nos momentos em que os heróis conversam para decidir alguma coisa ou arquitetam seus planos (típicos clichês do gênero). Há também um mérito muito grande na edição do filme..

São mais de duas horas e trinta minutos sem que a atenção do espectador se perca. Os primeiros dez minutos são cruciais para definir o tom e você já percebe que esse filme será diferente. Isto não quer dizer, porém, que Vingadores: Guerra Infinita construa todo esse cenário de forma perfeita. O filme é extremamente corajoso em dar ao vilão um status de protagonismo, acompanhando sua jornada em contraponto ao heróis, que correm constantemente contra o tempo. Mais corajosa ainda é a decisão de promover consequências nunca vistas em filmes de heróis, ainda mais se tratando da Marvel. Há momentos em que o drama é bem utilizado, por sinal. No entanto, é nesse ponto que Guerra Infinita perde um pouco do peso de suas decisões criativas. Analisando a série como um produto, dificilmente elas irão se sustentar até o próximo longa, ainda que esta seja apenas a metade da história. Também é preciso destacar que, mesmo com a necessidade de fazer com que o filme seja dinâmico, não da dá para ignorar o fato de que o deslocamento entre os locais não seguem o mesmo sentido lógico. Entre o momento da primeira chegada da Ordem Negra na Terra, até o ato final, não parece haver tempo suficiente para que alguns dos Vingadores chegue até o planeta Tita, onde sabe lá fica sua localização. Isto sem levar em consideração os outros deslocamentos no espaço.


Por outro lado, há dois momentos que envolvem dois Vingadores da primeira formação que gelam a espinha do público. Ali, uma decisão mais ousada teria causado um impacto sem precedentes, maior do que qualquer uma das outras coisas que acontecem no desfecho do longa, inclusive na cena pós-créditos. Porém, o impacto que o terceiro ato provoca, tanto em relação aos heróis, quanto ao vilão, é um momento único e deve ser alvo de muitas discussões até o vindouro Vingadores 4. E não deixa de ser corajoso, por sinal. Ver todos os heróis em ação não era necessário, apenas. Promover uma interação satisfatória entre eles e dar importância as ações dos personagens mais secundários é um dos grandes méritos que o filme possui. Em determinados momentos vemos Tony Stark e Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) em um duelo de egos, Thor e Rocket formando uma inusitada e ótima dupla, além de um trio feminino se unindo em um momento empolgante. Mas nada acontece por acaso e tudo é concatenado com coerência e serve ao roteiro. É interessante notar, também, como diversos eventos de filmes recentes reverberam nesse filme, mesmo com o senso de urgência do longa. O conflito entre Tony Stark e Steve Rogers (Chris Evans) em Guerra Civil, o gancho entre o fim de Thor Ragnarok e o início de Guerra Infinita e até mesmo eventos mais distantes de Capitão América: O Primeiro Vingador são importantes para a trama.

Os quatro núcleos, que ainda se subdividem em determinados momentos, cumprem um propósito bem definido. Até mesmo a subtrama envolvendo Visão (Paul Bettany) e Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) passa do desinteressante a um dos melhores momentos do longa. Além disso, em nenhum outro filme os recursos que os heróis possuem para lutar haviam sido explorados com tanta singularidade. A nova armadura do Homem de Ferro, o Homem-Aranha de Ferro, Doutor Estranho em sua plenitude e a jornada de Thor durante o filme são grandes exemplos disso. Outro fator também é muito bem explorado. A combinação de poderes entre os heróis, que precisam trabalhar em equipe para derrotar Thanos e a Ordem Negra, é fantástica, sobretudo no planeta Titã. São momentos extremamente quadrinescos e que merecem ser revisitados, inclusive no cinema.

Individualmente falando, Thor (Chris Hemsworth) possui grande destaque na trama. Talvez esse seja o filme em que o herói é retratado da forma que os fãs sempre quiseram. Outro herói que rouba a cena é o Doutor Estranho, alcançando níveis de poder ainda mais impactantes. O Homem de Ferro (Robert Downey Jr.) mais uma vez sofre e vemos mais Stark do que armadura. Por outro lado, esperava-se mais do Capitão América, que apesar de uma batalha empolgante em Wakanda, acaba lidando pouco com o conflito central, ao lado do Pantera Negra (Chadwick Boseman) e a Viúva Negra (Scarlett Johansson), entre outros. Nos momentos de virada que a trama dá, sobretudo nos mais dramáticos, a atuação dos atores também é um ponto positivo. Downey Jr. (Stark), Zoe Saldana (Gamora) e Tom Holland (Homem-Aranha) rendem ótimos momentos – este último também sendo alvo de momentos de alívio cômico. O filme também possui momentos de leveza e apesar de ser diferente em sua aura, não pesa a mão demais em seu tom, não esquecendo da essência de seu universo. Uma prova disso é a presença de Groot, que aparentemente se tornou uma espécie de Chewbacca da Marvel. Além de aparentemente ter a função de ser engraçado em sua versão adolescente, ele contribuiu de maneira importante para um determinado evento. No que diz respeito ao humor, algo que caracteriza e impulsiona o sucesso da Marvel, Guerra Infinita consegue atingir um bom equilíbrio. Bruce Banner (Mark Ruffalo), Drax (Dave Bautista), Peter Quill (Chris Pratt) são personagens que continuam esbanjando carisma, com atuações bem conduzidas pela direção, que não deixa o filme perder o impacto mesmo com os momentos mais engraçadinhos. Esse é um filme que não poderia ter o peso dramático de um Capitão América: O Soldado Invernal ou a seriedade de Pantera Negra o tempo todo, tampouco possuir a leveza que Thor: Ragnarok e Homem-Formiga tiveram, por exemplo.


Em linhas gerais, Vingadores: Guerra Infinita tem um aspecto grandioso, é um entretenimento de excelência e merece ser visto mais de uma vez. Se possível em uma sala de cinema. Isso não isenta o filme de críticas nem o coloca como o maior filme de superheróis já feito, tampouco no Universo Cinematográfico da Marvel. Porém, este é, com certeza, senão o maior, um das aventuras mais épicas realizadas dentro do gênero. Com muita coragem e ousadia, a Guerra Infinita representa um ponto de virada nos filmes do gênero e dentro deste universo. A pergunta que fica é a mesma que os presentes (boquiabertos e em silêncio) ao final da sessão de estreia do filme fizeram: falta muito para 2019?

Vingadores: Guerra Infinita | Filme é a maior estreia global de todos os tempos

Por Léo Barreto em Quarta Parede Conforme era previsto, Vingadores: Guerra Infinita (leia a crítica) tornou-se tornou a maior estreia global de todos os tempos. Confirmando as expectativas ex iniciais, o filme arrecadou US$ 250 milhões em seu fim de semana de abertura, nos Estados Unidos. O recorde anterior pertencia a Star Wars: O Despertar da Força, que arrecadou, em 2015, US$ 248 milhões. Porém, além de quebrar recordes domésticos, domésticos o filme parte para uma arrecadação monstruosa em todo o mundo. Globalmente, o filme dirigido pelos Irmãos Russo já atingiu a marca de US$ 630 milhões. Cabe ressaltar que o filme ainda não estreou na China, mercado internacional com maior potencial de arrecadação. recadação. Com um orçamento na casa dos US$ 300 milhões, o longa conseguiu lucrar o dobro de seu custo em menos de uma semana. Recentemente, Pantera Negra chegou ao top 10 das maiores bilheterias de todos os tempos. O filme arrecadou mais de US$ 1,3 bilhõess mundialmente. Com Vingadores: Guerra Infinita, os 19 filmes do Marvel Studios já arrecadaram US$ 52 bilhões.

Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, EUA, 2018) Direção: Anthony Russo, Joe Russeo Elenco: Robert Downey Jr., Chris Evans, Chris Hemsworth, Benedict Cumberbatch, Scarlett Johansson, Mark Ruffalo, Chadwick Boseman, Tom Holland, Benedict Wong, Don Cheadle, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Josh Brolin, Tom Hiddleston, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Letitia Wright, Danai Gurira, Winston Duke, Chris Pratt, Zoe Saldanaper, Vin Diesel, Carrie Coon.

Vingadores: Guerra Infinita é dirigido pelos irmãos Joe e Anthony Russo (Capitão América 2: O Soldado Invernal e Capitão América: Guerra Civil) e escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, roteiristas dos três filmes do Capitão América no MCU. Eles também estarão envolvidos em Vingadores 4, que estreia em 3 de Maio de 2019. No elenco estão Josh Brolin (Thanos), Robert Downey Jr.(Tony Stark/Homem Stark/H de Ferro), Chris Evans (Capitão América), Chris Hemsworth (Thor), Mark Ruffalo (Bruce Banner/Hulk), Tom Hiddleston (Loki), Elizabeth Olsen (Feiticeira Escarlate), Anthony Mackie (Falcão), Sebastian Stan (Soldado Invernal), Don Cheadle (Máquina de Combate), ate), Paul Bettany (Visão), Benedict Cumberbatch (Dr. Estranho), Scarlett Johansson (Viúva Negra), Tom Holland (Homem Aranha), Os Guardiões da Galáxia também marcam presença com Chris Pratt (Senhor das Estrelas), Zoe Saldaña (Gamora), Bradley Cooper (Rocket et Raccoon), Vin Diesel (Groot), Dave Bautista (Drax), Karen Gillan (Nebulosa), Pom Klementieff (Mantis), além de Chadwick Boseman (Pantera Negra), Dani Gurira como Okoye e Leticia Wright (Shuri).


Por Adriano Zumba em Cineminha Zumbacana Mesmo sem interagirem diretamente, em “O poderoso chefão 2“, Al Pacino e Robert DeNiro abrilhantaram esse que é considerado um dos melhores filmes da história do cinema. Para os nostálgicos admiradores dessa obra – e de toda a Trilogia do Poderoso Chefão -, que não são poucos, eis mais um filme no qual os componentes dessa dupla, com os costumeiros talentos, atuaram juntos e contribuíram decisivamente com suas interpretações para o sucesso da película. Duas estrelas deste quilate aliadas a um roteiro excepcional só poderiam resultar em um dos melhores filmes de ação já produzidos pela sétima arte. “Fogo contra fogo” é o estado da arte em se tratando de filmes policiais/investigativos, proporciona adrenalina e tensão na medida certa e obtém a atenção dos espectadores com facilidade e já nos primeiros minutos. É um must see movie! A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Em Los Angeles é cometido um assalto no qual são roubados US$ 1,6 milhão em títulos ao portador e três policiais são mortos no assalto. Assim, um detetive da Divisão de Roubos e Homicídios, chamado de Vincent Hanna (Al Pacino) assume o caso e, apesar de ter problemas em sua vida pessoal, de contar com poucas pistas, de estar lidando com ladrões profissionais – capitaneados por um bandido muito inteligente chamado de Neil McCauley (Robert DeNiro) -, ele tenta impedir, da sua maneira, que esta quadrilha continue operando e trazendo horror e prejuízos à população da cidade americana”. Os protagonistas denotam grande habilidade em relação a seus respectivos ofícios. O cometedor de crimes, como já comentado no segundo parágrafo, é muito inteligente, além de ser estrategista, perspicaz e contar com um raciocínio bastante rápido para sair das situações mais adversas. Neil é o cérebro da quadrilha, apesar de atuar também no lado operacional do bando. O investigador, Vincent, por sua vez, é mostrado simplesmente como uma lenda dentro da polícia: uma pessoa que vive para o seu trabalho e, por conta disso, tem bastantes problemas com sua terceira esposa, que suplica por atenção em várias passagens do filme. Nota-se, então, que é um embate entre gigantes, no qual pequenos detalhes definirão o vencedor. É necessário destacar uma cena na qual Vincent e Neil se encontram num bar para conversar. A admiração e o respeito mútuos pelo profissionalismo que cada um trabalha saltam aos olhos, apesar das ameaças explícitas de ambos os lados. Considero a cena mais importante do filme e suplanta até o “duelo final”, que tem um simbolismo bastante grande e se relaciona diretamente com os diálogos ocorridos no bar aludido na frase anterior, e o tiroteio espetacular no banco, que dura mais de 5 minutos desde o primeiro tiro até o último. “Fogo contra fogo” é um filme vistoso e brilhante em toda a sua narrativa, seja pelo encorpado roteiro ou pelas interpretações magistrais de seu elenco estrelado. Duas lendas da sétima arte interpretando personagens rivais, antagônicos e que preenchem a tela em boa parte do tempo, juntamente com um roteiro pensado, maturado e aperfeiçoado por anos para retirar todas as “pontas soltas”, por o filme ter sido adaptado a partir de outro produzido para a TV pelo próprio diretor Michael Mann, concedem a essa obra cinematográfica a pecha de espetacular. Agrada até a quem não é fã do gênero!


A despeito do foco total e absoluto nos 2 protagonistas, há que se destacar a presença das mulheres na narrativa. Na vida real, mulheres mexem com a cabeça do sexo masculino e na narrativa não é diferente. As duas mulheres que interagem com Vincent e Neil, entre outras menos relevantes na história, provocam reações diferentes em seus parceiros: angústia no primeiro e paixão no segundo, porém o efeito da presença delas no roteiro serve como focos de tensão alternativos, que adiciona uma pimenta a mais na trama. A verdade é que as vidas pessoais de Vincent e Neil são complicadas e solitárias, mesmo estando rodeados de mulheres e outras pessoas aos seus redores, e isso contribui para que eles desenvolvam uma relação de dependência bilateral – um não existe sem o outro. “Fogo contra fogo” é um filme vistoso e brilhante em toda a sua narrativa, seja pelo encorpado roteiro ou pelas interpretações magistrais de seu elenco estrelado. Duas lendas da sétima arte interpretando personagens rivais, antagônicos e que preenchem a tela em boa parte do tempo, juntamente com um roteiro pensado, maturado e aperfeiçoado por anos para retirar todas as “pontas soltas”, por o filme ter sido adaptado a partir de outro produzido para a TV pelo próprio diretor Micahael Mann, concedem a essa obra cinematográfica a pecha de espetacular. Agrada até a quem não é fã do gênero!

Por Ary Ximendes em Cine Club – Cinema Existe um “Universo Paralelo” aonde crianças recebem uma “Educação Paralela” e cujas únicas provas que prestam são as de sobrevivência. Aquilo que vemos nas ruas são apenas “flashes” do cotidiano dessas pequenas criaturas que no lugar de mochilas escolares empurram carrinhos com papelões e latinhas, que em vez de brinquedos seguram armas de verdade e dão tiros de verdade em pessoas de verdade, que em vez de carinho recebem socos e agressões, que de tão ignoradas e maltratadas recebem a alcunha de “invisíveis”. Não, não precisa você adotá-las ou levá-las para sua casa, mas seria muito legal se você compreendesse que elas estão aí por conta de uma sociedade que você ajudou ou ajuda a construir, e que qualquer gesto, por menor que seja, pode fazer diferença para as vidas desses pequenos que insistem em não esquecer do valor de um sorriso ou de um gesto de afeto. Em “Crianças Invisíveis” temos o trabalho de sete cineastas de diferentes partes do mundo que nos mostram que elas são invisíveis em todos os lugares que habitam. Seja no Brasil, onde Katia Lund nos mostra a vida de dois pequenos catadores de recicláveis; nos EUA onde Spike Lee nos apresenta à uma menina portadora de HIV por conta de seus pais serem usuários de drogas; na África do Sul, onde Mehdi Charef nos conta a história de um garoto recrutado para a guerra entre tribos de etnias diferentes; na China, onde John Woo nos mostra a vida nas ruas de uma menina abandonada pela mãe e criada por um mendigo; na Inglaterra, onde Ridley e Jordan Scott faz com que um fotógrafo de guerra retorne à sua própria infância para compreender o porquê de tanta desumanidade contra as crianças; na Itália, onde conhecemos um garoto que vive nas ruas através de pequenos furtos; e, por fim, na Sérvia-Montenegro, onde Emir Kusturica nos insere mais uma vez na vida dos ciganos e conhecemos pais que educam seus filhos para roubarem, já que a Lei não pode prendê-los, apenas colocá-los em institutos de correção. O pior é que a vida nesses institutos parece bem melhor para as crianças do que o convívio com seus pais... Claro que a opção será sempre sua, de mantê-las em sua invisibilidade para que elas não lhe incomodem nem tirem seu sono com suas misérias, ou de tentar mudar alguma coisa para que nosso mundo seja um lugar melhor também para elas, já que provavelmente irão conviver com seus filhos neste mesmo planeta em um futuro não muito distante. Afinal, não são insetos que possam ser dedetizados... Um filme imprescindível para compreendermos mais e, talvez, julgarmos menos....


FÚRIA SANGUINÁRIA Por Ary Ximendes em Filmes Assistidos Cody Jarrett (Cagney) é um homem de natureza violenta. Líder de uma quadrinha de gângsteres que vive causando terror ao praticar assaltos ousados e milionários, ele acaba sendo perseguido pelas autoridades federais. Para se manter no topo, ele é guiado por uma paixão edipiana pela sua progenitora Ma Jarrett (Margaret Wycherly) e atormentado por acessos de loucura constantes, provavelmente herdados geneticamente do seu pai. Mas, após o sucesso do assalto a um trem pagador, onde ele e sua quadrilha matam várias pessoas, Jarrett confessa outro assalto que não praticou ocorrido em um local diferente, para assim ter um álibi e cumprir apenas 2 anos de prisão, escapando da câmara de gás, a qual seria fatalmente condenado. Mas enquanto ele está preso, sua amante Verna (Virginia Mayo) se envolve com Big Ed (Steve Cochran), que era seu braço direito na quadrilha. Para agravar a situação, o casal mata a mãe do preso e agora tudo que ele quer fazer é sair da cadeia para se vingar dos traidores. Enquanto isso, o policial Fallon (Edmond O’Brien) se infiltra como presidiário na cela de Jarrett, tentando descobrir que destino o bandido deu ao dinheiro roubado no trem pagador. Agora Fallon deverá ajudar Jarrett em sua fuga e assim concretizar o plano de vingança do psicopata. “Fúria Sanguinária” é um dos grandes filmes de Raoul Walsh. Com uma trama que mistura o estilo “noir” ao já tradicional “filme de máfia norteamericano” (do qual James Cagney foi um dos grandes expoentes), a obra possui um roteiro ágil e cheio de reviravoltas, onde o grande destaque é o elenco afiadíssimo que desenvolve personagens complexos e por várias vezes rouba o protagonismo de Cagney. A escritora Virginia Kellog foi indicada ao Oscar de Melhor Roteiro por este filme na cerimônia de 1950, fato que se repetiria no ano seguinte com “À Margem da Vida” (Caged, 1950) de John Cromwell. Muito bom!

FÚRIA SANGUINÁRIA (White Heat, EUA, 1949) Direção: Raoul Walsh Elenco: James Cagney, Virginia Mayo, Edmond O’Brien, Steve Cochran, Margaret Whycherly, John Archer, Wally Cassell, Fred Clark.


ANATOMIA DO MEDO Por Luiz Santiago em Plano Crítico Anatomia do Medo (1955) é um dos meus filmes favoritos de Akira Kurosawa, e dentre os muitos motivos que me faz adorá-lo, posso citar, de início, os dois principais: a visão crua e contemporânea sobre o significado da guerra e a discussão sobre insanidade, medo e paranoia. Realizado após Os Sete Samurais e já na fase laureada do diretor, Anatomia do Medo trabalha uma questão político-social pelo viés humano, o do patriarca Kiichi Nakajima, que temendo um desastre causado por bombas A e H, inicia a construção de um abrigo subterrâneo para proteger à si a sua família. Quando o empreendimento falha, o sr. Nakajima propõe que toda a sua família migre para o Brasil. O local almejado é uma fazenda no interior de São Paulo, onde, aparentemente, todos estariam livres de qualquer efeito causado por qualquer guerra. Depois de dois filmes de caráter político, Não Lamento Minha Juventude e Um Domingo Maravilhoso, Kurosawa fala abertamente sobre bombas, guerra e destruição. O roteiro do filme, uma parceria com três outros grandes roteiristas japoneses, consegue colocar na tela algo que seria o equivalente ao quadro O Grito, de Edvard Munch, tamanho é o desespero do protagonista. A guerra e a possibilidade de um ataque nuclear alcança aqui o seu maior valor, o da destruição completa. Em nenhum momento do filme ouvimos a palavra “reconstrução” ou “sobrevivência”. Uma nova guerra, nesse momento, seria fatal para todos. Intricada a essa questão pessoal de um senhor de idade, a família se põe como o grande obstáculo para seus planos de salvação. Os filhos simplesmente se recusam a deixar o Japão e migrar para o Brasil, e como o velho persiste na ideia, eles abrem uma ação judicial contra o pai, tentando declará-lo incapaz de administrar suas finanças. O corpo da obra perpassa por toda essa relação familiar conturbada, ainda mais porque se trata de uma família numerosa e conta ainda com filhos fora do casamento e as antigas mulheres do patriarca, que são sustentados por ele e também inclusos no plano de migração. Kurosawa repousa a câmera mais vezes, evitando movê-la em todos os quadros e filmando cenas um pouco mais longas do que ele habitualmente filmava. A película ganha aos poucos um ar mais analítico e dramático. À medida que o desejo de proteção do patriarca se torna uma obsessão, seus dissabores começam a aparecer, e não são poucos. Os filhos se recusam lhe emprestar dinheiro e ainda armam uma situação que fará com que o pai pareça realmente incapacitado frente ao tribunal para o qual ele apelou após a primeira sentença. Em Cão Danado e Viver, o cineasta já havia mostrado a complicada relações entre pais e filhos, focando no abandono e no desprezo. Em Anatomia do Medo, a situação se repete, mas por um motivo de importância muito maiores. Numa posição quase quixotesca, o protagonista representa a visão antibelicista do diretor, como também o seu repúdio à guerra, questões que voltaríamos a ver em filmes futuros como Sonhos e Rapsódia em Agosto.

SPOILERS! Toshiro Mifune é a verdadeira estrela do filme, no papel do velho patriarca Nakajima. Quando eu assisti ao filme pela primeira vez, fiquei procurando o ator a projeção inteira, e cheguei até a acreditar que a citação do nome dele nos créditos iniciais tinha sido um erro grosseiro. Mas qual não foi a minha surpresa ao descobrir que Mifune era o protagonista! A equipe de maquiagem, a direção de Kurosawa e o talento do ator fizeram com que Kiichi Nakajima se tornasse uma personagem incrível e irretocável. Mifune tinha 35 anos na época, então, nem de longe se parecia com o senhor que interpretou, e mesmo assim, sua caracterização, voz e loucura ao final da fita são simplesmente admiráveis, sem dúvida uma das melhores interpretações da carreira do ator. Vencido na luta contra os parentes, Nakajima resolve partir para uma última tentativa, aquela que o levará para um outro plano de existência: o do refúgio completo em sua própria mente, em seu próprio planeta interior. As últimas sequências de Anatomia do Medo trazem ainda uma grande culpa e uma crise moral. Kurosawa também questiona o “lado de cá” e traz à tona a postura inegavelmente egoísta do velho em querer salvar a própria família e se esquecer dos outros, seja para abandoná-los à própria sorte, seja para deixá-los sem trabalho, em decorrência do incêndio provocado na fábrica. Quando a salvação não é possível e a ameaça ainda existe, o homem só tem uma escolha: refugiar-se em si mesmo ou se entregar à morte. No caso do sr. Nakajima, temos a ocorrência da primeira opção. No final das contas, ele conseguiu se proteger das bombas. O medo não existe mais. O planeta em que ele mora está a salvo de ameaças, ao contrário da Terra, que ele vê ardendo em fogo, na lancinante última cena do filme. Kurosawa passa então da loucura como refúgio para o silêncio como realidade. Quem vive melhor? O louco protegido em seu mundo ou os outros, sempre ameaçados? A resposta não poderia ser mais aterradora: o profundo silêncio. Numa cena bastante simbólica, uma personagem sobe e outra desce a rampa do hospício. Parece que a vida se resume a isso mesmo. E como se não bastasse a angústia, nada mais é dito. O filme acaba. Anatomia do Medo é uma obra para ser revisitada de tempos e tempos, especialmente hoje, quando os Senhores da Guerra teimam em fazer da destruição a “eterna novidade” dos nossos dias na Terra. Anatomia do Medo (Ikimono no kiroku, Japão, 1955) Direção: Akira Kurosawa Elenco: Toshirô Mifune, Takashi Shimura, Minoru Chiaki, Eiko Miyoshi, Kyôko Aoyama.


O BECO DAS ALMAS PERDIDAS

OS INCONQUISTÁVEIS

Por Ary Ximendes em Filmes Assistidos

Por Ary Ximendes em Filmes Assistidos

Em “O Beco das Almas Perdidas” o jovem Stan (Tyrone Power) é assistente em um número de adivinhações onde Zeena (Joan Blondell) trapaceia o público passando-se por vidente e descobrindo detalhes pessoais do público. Entretanto, Zeena e seu marido Pete (Ian Keith) possuem um código secreto, através do qual eles combinam como iludir os participantes do show.

Condenada por um crime não cometido na Inglaterra de 1763, a bela Abby (Paulette Godard) pode escolher entre a forca ou a escravidão nas colônias britânicas da América. A moça opta por viver e sendo transportada para o Novo Mundo, onde é comprada pelo Capitão Chris Holden (Gary Cooper) em um leilão acirrado entre ele e Garth (Howard Silva). Mas Chris não tem intenção de roubar a liberdade de Abby e restitui-lhe a liberdade logo após a compra. Entretanto, logo após a partida do Cap. Chris, Garth suborna o agente de leilões e acaba ficando com a posse da moça. Quando Chris desembarca descobre que sua noiva casou-se com seu irmão, e parte para o Oeste Selvagem onde os caminhos dele, Abby e Garth irão se cruzar novamente.

Ambicioso, Stan tenta arrancar o código de Zeena, mas acaba se envolvendo em um acidente que causa a morte de Pete, um alcóolatra incorrigível. Então Stan se envolve com Molly (Coleen Gray) e os dois enriquecem às custas de muitos golpes. Mas a ambição de Stan não cessa e ele acaba encontrando uma nova parceira, uma falsa psicólogo que poderá ajudá-lo a convencer alguns integrantes da elite de seus poderes mediúnicos, porém a volta de seu passado poderá destruir tudo que ele construiu sob essas falsas premissas. Um drama intenso com ótimas atuações que vale a pensa ser conhecido. Guillermo Del Toro anunciou seu remake para breve...

O BECO DAS ALMAS PERDIDAS (Nightmare Alley, EUA, 1947) Direção: Edmund Gouldinge Elenco: Tyrone Power, Joan Blondell, Coleen Gray, Helen Walker

Com 146 minutos de duração e o orçamento mais caro do ano (5 milhões de dólares), o filme de Cecil B. DeMille já demonstrava as intenções megalomaníacas do diretor que viriam a se destacar quase 10 anos depois com “Os Dez Mandamentos” (1956) que custou mais de 13 milhões de dólares. “Os Inconquistáveis” é um épico bem movimentado e com ótimo elenco, o que garante a diversão. OS INCONQUISTÁVEIS (Unconquered, EUA, 1947 Direção: Cecil B. DeMille Elenco: Gary Cooper, Paulette Goddard, Howard da Silva, Boris Karloff, Ward Bond.

Por Ary Ximendes em Cine Club Em “Terra Ensanguentada” (The Purple Rain, 1954) Gregory Peck interpreta um piloto de guerra que, após perder a amada em um bombardeio, adquire tendências suicidas e passa a fazer manobras arriscadas durante os combates. Às vezes é tido como herói e outras como rebelde, até se apaixonar por uma nativa da Birmânia que atua como enfermeira (a bela Win Min Than, em sua única atuação no cinema). Em um voo de rotina, faz um pouso forçado em pleno território dominado pelos inimigos japoneses na companhia de seu copiloto e de outro oficial, ficando os três isolados. Agora, que finalmente encontrou uma razão para viver, ele e seus amigos terão que lutar para sobreviverem. Boa atuação de Peck em um filme discreto, mas que possui boas doses de aventura.


O ESSENCIAL DE MILOS FORMAN Por M. V. Pacheco em Tudo sobre o seu Filme

CAMINHONEIROS NO CINEMA Por Paulo Moura em Cine Club A solidão na estrada, os amores que se acham e se perdem no asfalto, os perigos que espreitam a cada curva, a exploração de sua força de trabalho, os dramas existenciais de quem trocou a segurança do lar pela incerteza da boleia. A vida de caminhoneiro já foi tema de ótimos filmes. Esses são os meus preferidos. “Dentro da Noite”/”They Drive By Night”, de Raoul Walsh, com Humphrey Bogart e George Raft, mistura elementos do noir com situações clássicas de road movie. O roteiro de “Encurralado”/”Duel”, de Steven Spielberg, poderia ter sido escrito por Franz Kafka: motorista é perseguido por um gigantesco caminhão, sem motivo aparente. Em “Comboio”/”Convoy”, de Sam Peckinpah, um grupo de caminhoneiros se junta para reagir a uma arbitrariedade cometida contra um deles por um xerife. Jean Gabin vive um caminhoneiro já bem rodado que se apaixona por uma jovem garçonete e tenta mudar de vida em “Vidas sem Destino”/”Des Gens Sans Importance”, de Henri Verneuil. Em “O Sal da Terra”, de Eloi Pires, um caminhoneiro, um padre e um andarilho se conhecem na estrada e reavaliam suas escolhas de vida. Yves Montand e Charles Vanel são caminhoneiros explorados por seu contratador na América do Sul, que os faz transportar uma perigosa carga química sem a menor segurança em “O Salário do Medo”/”Le Salaire de la Peur”, de Henri-Georges Clouzot. “À Beira do Caminho”, de Breno Silveira, mostra a longa viagem pelas estradas brasileiras de um caminhoneiro e um menino órfão de mãe que está à procura do pai, que nunca viu. Uma dupla de caminhoneiros desiste de esperar pela ação da polícia e lidera um grupo de colegas para enfrentar uma quadrilha de assaltantes em “A Estrada do Medo”/”High-Ballin”, de Peter Carter. +++++

Um pouco de história... Jan Tomáš Forman, mais conhecido como Milos Forman, nasceu em 18 de fevereiro de 1932 em Caslav, na Boêmia. De família judeu-protestante, perdeu seus pais, mortos pela Gestapo, com apenas nove anos, passando a ser criado pelos tios e amigos. Sua paixão pelo cinema foi desenvolvida ao longo dos anos, quando assistia aos clássicos mundiais, no período em que vivia ainda num internato. Na fase adulta, ingressou no Instituto Cinematográfico de Praga, iniciando sua carreira como semi documentarista. Seu primeiro longa-metragem, Pedro, o Negro (1963), chamou a atenção nos principais festivais de cinema internacionais. Realizou posteriormente Os Amores de Uma Loira (1965) e o Baile dos Bombeiros (1967). Este período ficou conhecido como a fase áurea do cinema tcheco. Após a invasão soviética de Praga em 1968, Forman que já estava em negociações para realizar um filme nos Estados Unidos, acabou se estabelecendo em Nova Iorque. Mesmo enfrentando problemas com as autoridades americanas e com a adaptação a uma nova realidade, realizou o elogiado pela crítica, Procura Insaciável (1971). Nesta época não chamou a atenção do grande público e montou somente uma peça que não obteve sucesso. O final deste difícil período de dificuldades seria a realização de um de seus melhores filmes, Um Estranho no Ninho (1975), que acabou vencendo cinco Oscars nas principais categorias: Diretor, Filme, Ator, Atriz e Roteiro. Com o reconhecimento da Academia, o cineasta realizaria ainda outros grandes projetos: Hair (1979), Na Época do Ragtime (1981) e Amadeus (1984), que lhe deu o segundo Oscar de melhor diretor e recebeu mais 7 Oscars da Academia. Em 1996, Forman foi premiado novamente o Globo de Ouro de direção por O Povo Contra Larry Flynt, que contava a vida do editor da Hustler Magazine. Três anos depois, levou para as telas a vida de outra personalidade polêmica, a do comediante Andy Kaufman, em O Mundo de Andy (1999), com Jim Carrey. Milos faleceu em sua casa em Hartford (Connecticut) aos 86 anos, no dia 14 de Abril de 2018, após uma breve doença. “Morreu tranquilamente, cercado por sua família e amigos mais próximos”, disse sua viúva, Martina.


Narra a vida do excêntrico comediante Andy Kaufman, obcecado pela televisão desde sua infância em Long Island, até sua morte prematura em 1984. Andy Kaufman era um mestre em manipular plateias. Era uma figura polêmica e controversa, e que nem sempre agradava a todos. Conseguia de seu público, desde gargalhadas até lágrimas e gritos. Foi considerado um dos grandes comediantes norte-americanos, mas ficou mais conhecido pela série "Taxi", na qual interpretava o personagem Latka Graves. Kaufman cresceu sendo imitador de Elvis e tornou-se um artista que quebrou todas as regras. CURIOSIDADES: - Pouco antes de começar as filmagens, a vaga para interpretar Andy Kaufman ainda estava em aberto. O diretor Milos Forman não conseguia decidir entre Jim Carrey e Edward Norton, com quem já havia trabalhado em O Povo Contra Larry Flynt. Forman passou a decisão ao estúdio, que escolheu Carrey para o papel principal. - Na verdade, a produção de O Mundo de Andy teve início 3 anos antes das filmagens começarem. Durante este período os produtores do filme entrevistaram dezenas de amigos, familiares, colegas e até mesmo inimigos declarados de Andy Kaufman, a fim de montar um roteiro que contasse de forma o mais realista possível o decorrer da vida do comediante. - Para a reconstrução das cenas da série da TV americana "Taxi", a qual Andy Kaufman trabalhou, foi reunido o mesmo elenco que participou da série, 20 anos atrás. - O título original em inglês "Man On The Moon" faz referência a uma canção sobre Andy Kaufman, que a banda R.E.M lançou no disco "Automatic For The People".

Na segunda metade do século XVIII na França, uma intrigante aristocrata (Annette Benning) aposta com seu amante (Colin Firth), se ele consegue seduzir uma mulher, que se casou recentemente. O amante, Valmont, aposta que pode corrompêla, embora ela seja uma mulher honrada. Se ele vencer a aposta, ele poderá fazer com sua amante o que bem entender, mas no processo de sedução ele termina se apaixonando pela mulher casada. CURIOSIDADES - Wil Wheaton foi chamado para interpretar Danceny, mas o produtores da série Jornada nas Estrelas: A Nova Geração não liberaram o ator de seus compromissos e o papel foi dado para Henry Thomas. - Michelle Pfeiffer foi convidada a interpretar o papel de Marquesa de Merteuil ao mesmo tempo que lhe foi oferecido o papel de Madame de Tourvel em Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons).

Na Viena de 1781, o músico da corte austríaca Antonio Salieri (Abraham) admira e inveja o talento do jovem compositor e músico Wolfgang Amadeus Mozart (Tom Hulce), ao mesmo tempo que despreza sua vida libertina e obscena, seu comportamento grosseiro e pueril. Salieri se pergunta por quê Deus deu tamanho talento a alguém tão vulgar, enquanto ele, esforçado e devoto, está tão aquém de tal genialidade. A única maneira de ter paz é destruir o jovem Mozart, sejam quais forem os meios necessários. CURIOSIDADES: Cinebiografia do homem que tornou a pornografia explícita de sua revista, Hustler, na coqueluche dos EUA dos anos 70. Uma espécie de Hugh Hefner das classes operárias, Larry Flynt construiu um império, mas teve que lutar com unhas e dentes para vencer batalhas judiciais e um atentado que o deixou paraplégico. CURIOSIDADES: O próprio Larry Flynt aparece em uma ponta no filme, interpretando um dos juízes dos processos aos quais ele mesmo foi submetido no passado.

- O nome Amadeus, que é o nome do meio de Mozart, significa "Amado de Deus". A escolha desta palavra como sendo o título do filme se deve à uma correlação feita com a convicção de Salieri de que Mozart era abençoado por Deus ao compôr suas músicas. - O ator Mel Gibson chegou a fazer testes para interpretar Mozart em Amadeus. - Vários acontecimentos da vida real de Mozart foram incluídos no roteiro de Amadeus, como seu encontro quando criança com Maria Antonieta.


Várias histórias se cruzam e personagens interessantes interagem, mostrando um retrato fiel de como nasceu uma das maiores nações do mundo. Uma poderosa família aristocrata encontra um recém-nascido negro abandonado em seu quintal. A dúvida surge quando a esposa quer cuidar da criança e o marido, apesar de não gostar, aceita. Pouco tempo depois, a mãe do bebê aparece e também fica sob os cuidados da família. Uma jovem e bonita artista é casada com um influente empresário. Quando uma estátua de uma mulher nua é colocada na rua e as semelhanças com a moça são evidentes, o marido vai até as últimas consequências para manter sua moral intacta.

Randle McMurphy tem uma ficha policial marcada por episódios de agressão e violência. Quando é novamente detido e sentenciado, sua defesa alega insanidade, e ele é mandado para um hospital com pessoas mentalmente instáveis. Lá, ele conhece a enfermeira Ratched, com quem entra em conflito, pela maneira como ela trata os outros internos. McMurphy inicia uma mudança no lugar, incentivando os moradores do local a imporem suas vontades, o que mexe com a rotina e muda a vida de todos. CURIOSIDADES: - A história do livro "One Flew Over the Cuckoo's Nest", que deu origem ao filme Um Estranho no Ninho, foi escrita por Ken Kesey tendo como base suas próprias experiências quando trabalhou no centro psiquiátrico Agnew, localizado em San Jose, na Califórnia - O autor chegou a declarar que nunca assistiria o filme dirigido por Milos Forman. - Durante muitos anos, os direitos autorais para o cinema pertenceram ao ator Kirk Douglas, que os cedeu para seu filho Michael Douglas produzir o filme.

Claude (John Savage), um jovem do Oklahoma que foi recrutado para a guerra do Vietnã, é "adotado" em Nova York por um grupo de hippies comandados por Berger (Treat Williams), que como seus amigos tem conceitos nada convencionais sobre o comportamento social e tenta convencê-lo dos absurdos da atual sociedade. Lá Claude também se apaixona por Sheila (Beverly D'Angelo), uma jovem proveniente de uma rica família. CURIOSIDADES: - O filme Hair é baseado no músical de mesmo nome encenado na Broadway. Embora as duas versões partilhem algumas das canções e nomes de personagens, ambas são radicalmente diferentes em vários aspectos, incluindo enredo, quais músicas são cantadas, quais personagens interpretam cada canção e até a maneira como os personagens são retratados. - George Lucas teve a chance de dirigir Hair no início da década de 70, mas recusou porque já estava trabalhando em Loucuras de Verão. - Madonna e Bruce Springsteen fizeram audições para um papel no filme. - Alguns trechos da apresentação final, intitulada "The Flesh Failures" ("As Falhas da Carne"), contém linhas do romance Romeu e Julieta, de William Shakespeare. Foram usadas algumas das palavras que Romeu diz antes de tomar veneno. Frases como "'Eyes, Look your last, arms take your last embrace" ("Olhos, vejam pela ultima vez. Braços, ganhem seu último abraço") e "The lips, oh you the doors, of breath, sealed with a righteous kiss" ("Os lábios, oh lábios. Portas da respiração, seladas com um beijo justo") são todas do monólogo final de Romeu.

- Quando comprou os direitos, a vontade de Kirk Douglas era protagonizar o filme, mas a demora para o projeto sair do papel e a idade já avançada, o fizeram desistir da ideia. - Este é o primeiro de cinco filmes em que Jack Nicholson e Anjelica Huston atuaram juntos. Os demais foram O Último Magnata (1976), O Destino Bate à Sua Porta (1981), A Honra do Poderoso Prizzi (1985) e Acerto Final (1995) - Vários figurantes do filme são doentes mentais de verdade. - Estreia dos atores Brad Dourif, Christopher Lloyd, Will Sampson, Tim McCall e Dean R. Brooks no cinema. - Existem rumores de que Jack Nicholson sumiu dois meses antes do início das filmagens e só foi encontrado quando o elenco chegou ao hospital psiquiátrico onde o filme seria rodado. O ator se internou como se fosse um paciente com o intuito de se preparar para o personagem. - James Caan chegou a receber convite para fazer o protagonista, mas recusou e o papel acabou nas mãos de Jack Nicholson. - Um Estranho no Ninho foi o segundo filme na história a ganhar os cinco principais prêmios do Oscar. Aconteceu Naquela Noite fez o mesmo em 1935, e O Silêncio dos Inocentes, em 1992.


MEMÓRIA – CAROLE LOMBARD

Quando descobrem que sua filha adolescente desapareceu, provavelmente com um grupo de hippies, seus pais partem em sua busca. No caminho, eles vão conhecer uma nova juventude pelas ruas, muito diferente da que viveram.

Sátira política da então Tchecoslováquia nos tempos da Cortina de Ferro. Em uma pequena cidade, o Corpo de Bombeiros organiza uma grande festa para comemorar os 86 anos do ex-chefe do departamento. Um ladrão e as candidatas nada atraentes do “Miss Corpo de Bombeiros” mudam os rumos da celebração. CURIOSIDADES:

Por Paulo Moura em Cine Club

Último filme do diretor Milos Forman em sua terra natal, atual República Tcheca. Ele deixou o país quando os tanques da URSS invadiram Praga em 1968 e iniciou uma carreira de sucesso nos Estados Unidos.

Pedro é um jovem de 16 anos, estagiário em um supermercado que tem por função vigiar os clientes para evitar que roubem, quando preferia ficar deitado à beira da piscina olhando para as meninas. Pedro começa a ter problemas no trabalho quando não para um cliente suspeito. Em sua casa, o pai pedante vive lhe fazendo preleções. Para piorar, sua namorada começa a se interessar por um amigo seu. ++++++

Carole Lombard sempre me pareceu uma estrela com brilho diferente das outras de seu tempo. Não tinha o carisma de Garbo, o jeito vamp de Joan Crawford, a beleza perturbadora de Jean Harlow, o olhar matador de Gloria Swanson, nem a energia de Bette Davis. Dava a impressão de que poderia ser encontrada na vizinhança, na loja da esquina, na faculdade, no trabalho. Tinha uma leveza e uma jeito descontraído que não combinavam muito com o padrão de Hollywood na época. Na minha opinião isso lhe dava um toque de modernidade. Parecia uma viajante no tempo, alguém que veio do mundo pós-68 e aterrissou em Sunset Boulevard usando jeans e camiseta. Essas fotos na banheira, toda livre, leve e solta, só funcionariam com Lombard. Maldita hora em que insistiu em pegar aquele avião!!!

Obrigado pela leitura e até a próxima edição!


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