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Receitas • Cultura • Saúde

Produtos da Gente

SABORES TRADICIONAIS DA AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

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Foto: Naldinho - fb.com/EntreCapivarasEJacarés Edição: Projeto Alimentos Saudáveis nos Mercados Locais - 2014

Texto: Juliana Dias e Mariana Moraes (Malagueta Comunicação)

Coordenação editorial: Adriana Galvão Freire e Bruno Azevedo Prado Projeto Gráfico: Roberta Rangé

Imagens: Carolina Amorim (Malagueta Comunicação) Impressão: Reproset


Esta cartilha apresenta o aipim, um alimento cultivado pela Agricultura Familiar da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Abordaremos esse sabor regional com olhar histórico, cultural, nutricional e gastronômico, respeitando sua sazonalidade. Este é o princípio de uma alimentação diversificada, saudável, prazerosa, com preço justo e que valoriza a comida local. Saber como preparar esse alimento faz parte do aprendizado sobre as tradições e identidade alimentar. A viagem pelos tesouros culinários da Região Metropolitana começará com o Aipim e seguirá com novos sabores nas próximas edições. A publicação faz parte da “Campanha pela valorização da Agricultura Familiar e dos Produtos Agroecológicos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro”,lançada pela ASPTA Agricultura Familiar e Agroecologia. Está inserida no projeto “Alimentos Saudáveis nos Mercados locais”,realizado em parceria com a Rede Ecológica, a Associação da Feira da Roça de Nova Iguaçu (AFERNI), a Associação dos Produtores Rurais, Artesãos e Amigos da Microbacia do Fojo (Afojo), a Cooperativa de Pequenos Produtores Rurais e Agricultores Familiares do Município de Magé (Coopagé), a Cooperativa de Agricultores Familiares de Produtos Orgânicos (Univerde), a Rede Carioca de Agricultura Urbana,oMinistériodaAgricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Secretaria Municipal de Agricultura de Guapimirim. O Projeto tem o patrocínio da Petrobras através do Programa Desenvolvimento & Cidadania. Boa viagem e bom apetite!


Como a cidade se alimenta? A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é formada por 19 municípios, com mais de 11 milhões de habitantes (Lei Complementar Federal nº 20). Alimentar a segunda maior área metropolitana do Brasil é um grande desafio. Fazer isso com alimentos locais e saudáveis, fortalecendo a Agricultura Familiar valoriza o agricultor e o seu trabalho, estreitando a relação entre o rural e o urbano nos municípios. A região possui cerca de cinco mil empreendimentos familiares com atividade agrícola, de acordo com o Censo Agropecuário de 2006, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A AS-PTA e seus parceiros na região vêm se empenhando em aproximar os cidadãos que plantam daqueles que consomem. As iniciativas em curso buscam criar espaços comuns de convivência, comercialização e aprendizado. As feiras agroecológicas têm se constituído como ambientes oportunos por proporcionar a relação direta entre agricultores e consumidores. Mas outras formas de promover essas


relações também são adotadas, tais como as compras coletivas, os mercados institucionais, e diversas formas de venda direta. Essas estratégias de aproximação entre produtores e consumidores surgem como soluções para engajar os moradores do campo e da cidade, com o propósito de preservar um bem comum: o alimento. A agroecologia cultiva relacionamento, vínculo, afeto, cultura, direitos e renda. Quanto maior o incentivo, mais íntimos os cidadãos da Região Metropolitana ficarão de sua terra, de sua gente, de sua identidade. E quanto mais conhecerem, maiorseráoapetiteparaescolhasconscienteseautônomas.Porsua vez, mais consistência ganhará a rede de pessoas que influenciam natomadadedecisõessobreodesafiodealimentarametrópole.

Como se aproximar: • Compras coletivas:

www.redeecologicario.org • Feira da Roça de Nova Iguaçu:

Pça. Rui Barbosa s/ n°, centro. Qua 8h - 17h • Feira da Agricultura Familiar de Magé :

R. São Fidélis, centro de Piabetá. Sáb 7h -15h • Feira Agroecológica da Freguesia: Pça. Professora

Camisão,Jacarepaguá. Sáb 7h - 13h

• Feira Orgânica de Campo Grande : Av. Marechal Dantas

Barreto, 95, atrás do West Shopping. Sáb 7h -13h

• Feira da Roça de Queimados

R.ElóiTeixeira,s/n°,Centro, passarelasobalinhaférrea. Qui 8h -14h

• Feira Agroecológica da UFRJ : Ilha do Fundão. Prédios:

CCS, CT/ bl A, Reitoria. Qui 8h -15h



Aipim, mandioca, macaxeira: Versátil até no nome

“(...) Trazem no estado mais feio / arrancado da terra morta a planta mandioca é viva / é simétrica, arquitetônica Mas o que interessa nela / são as raízes que provoca”. João Cabral de Melo Neto, poeta

O aipim é um alimento comumente cultivado pelos agricultores e agricultoras da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Está presente na mesa diária brasileira em forma de farinhas, caldos, sucos, pães, bolos de puba e de aipim, escondidinho, bolachas, biscoitos, paçocas, cuscuz, tortas, rocamboles, mingaus, sopas, cremes, pudins, sorvetes, pirões, purês, farofas, pizzas, maniçoba, tacacá, tucupi, chibé, caxiri, ximango, sagu, farinha de tapioca, pão de queijo, beijus, pratos quentes e frios, doces e salgados. Atende por mandioca em algumas partes das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país; e é chamado de aipim ou macaxeira em partes da região Nordeste e Norte. Existem diversas variedades da planta, que se divide em mansa ou brava, dependendo da quantidade de ácido cianídrico. As mansas possuem baixo teor de ácido


cianídrico, inferior a 100 ppm (partes por milhão), por isso são adequadas para o consumo. As bravas são utilizadas pela indústria, por apresentarem a concentração de ácido acima de 100 ppm. O aipim é fonte de amido e carboidrato, vitaminas B1, B2, B6, C e, principalmente, vitamina A, além de minerais, ferro e cálcio. E a parte aérea das folhas é rica em proteínas.

A menina Mani O folclorista potiguar Câmara Cascudo deu à mandioca o título de Rainha do Brasil em razão de seu valor histórico e nutricional, que liga o país de Norte a Sul. O nome mandioca vem da língua indígena tupi-guarani “mani-oca” e quer dizer casa de Mani. A lenda indígena explica o surgimento da raiz que alimentou os povos indígenas na Amazônia, há mais de 500 anos. Mani era uma linda menina de pele branca, filha de uma índia tupi. Era amada na tribo, pois transmitia felicidade por onde passava. A criança adoeceu e morreu, e o corpo foi enterrado na oca, conforme a tradição. Os pais regaram o local onde a menina foi enterrada com água e lágrimas. Passados alguns dias, nasceu na oca uma planta marrom por fora e branquinha por dentro. Em homenagem à filha, a mãe deu o nome de Maniva à planta.


Produção na Região Metropolitana do Rio de Janeiro A Região Metropolitana do Rio de Janeiro concentra 43% da produção de aipim do Estado, de acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal, de 2007, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Têm fama na região a farinha de Suruí, bairro do município de Magé; e o aipim da Terra Preta de Santa Cruz, bairro da Zona Oeste da cidade do Rio, onde o cultivo é feito tradicionalmente pela Colônia Agrícola Japonesa. A cidade do Rio é a principal produtora de aipim na Região Metropolitana, com 20 mil e 800 toneladas, segundo dados da Pesquisa Agrícola Municipal.

Raiz do Século Em 2013, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) publicou o documento “Save and Grow” (Salvaguardar e Cultivar, em tradução livre), um guia para agricultores, onde afirma que a mandioca pode se tornar a principal cultura do século XXI. A expectativa é promover Segurança Alimentar, melhorar as técnicas de cultivo e explorar sua versatilidade na culinária e na indústria. Desde 2000, a produção global da raiz aumentou em 60%, conforme dados da FAO, que ainda prevê maior crescimento nesta década, aliado ao incremento de políticas públicas.



receita

Bolo de Aipim

Por Juliana de Medeiros Diniz Agricultora familiar e doceira de Magé Rendimento: 15 porções

Ingredientes: • 3 ovos • 1 xícara (chá) de açúcar • 1 xícara (chá) de óleo de girassol • 1kg de aipim ralado fino • 200 ml de leite de coco • 1 xícara (chá) de coco fresco ralado Modo de preparo: 1. Ralar o aipim; 2. Colocar a massa em um pano de prato limpo, enrolar e espremer para retirar um pouco do caldo. Esse processo evita que o bolo fique com muita “liga”.Se preferir, pode usar uma peneira; 3. Em uma vasilha, bater os ovos, o açúcar e o óleo; 4. Acrescentar a massa de aipim, o leite de coco e coco ralado e misturar bem; 5. Transferir a massa para uma assadeira bem untada com manteiga e açúcar; 6. Levar ao forno pré-aquecido por, aproximadamente, 40 minutos ou até dourar.


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“O destino das nações depende da forma como elas se alimentam.” Brillat-Savarin. Autor de “A Fisiologia do Gosto”


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