Cartilha FOCA

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O trabalho Cartilha de Formação Colaborativa para Agentes Culturais - FOCA de Assédio Coletivo, desenvolvida por Amanda Brommonschenkel, Guilherme Rebêlo e Órion Flores Leal, está licenciado com uma Licença Creative Commons - AtribuiçãoNãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Disponível em: assediocoletivo.com.br


CARTILHA FOCA Cartilha de Formação Colaborativa para Agentes Culturais PRODUÇÃO Assédio Coletivo assediocoletivo.com.br APOIO Libre - Casa Coletiva Foi à Feira Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo - SECULT/ES Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo - FUNCULTURA EXPEDIENTE ELABORAÇÃO DO TEXTO Amanda Brommonschenkel Guilherme Rebêlo Órion Flores Leal REVISÃO Amanda Brommonschenkel Guilherme Rebêlo ILUSTRAÇÃO DE CAPA Isabela Bimbatto DIAGRAMAÇÃO Isabella Mariano MONTAGEM Foi à Feira Assédio Coletivo


SUMÁRIO O ASSÉDIO COLETIVO.........................................................................................................6 CARTILHA F.O.C.A.....................................................................................................................7 POLÍTICAS DE JUVENTUDE..............................................................................................8 > O JOVEM....................................................................................................8 > POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JUVENTUDE NO BRASIL..................11 > POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JUVENTUDE NO ESPÍRITO SANTO.........................................................................................................15 POLÍTICAS CULTURAIS........................................................................................................17 > CONCEITO GERAL E HISTÓRIA NACIONAL.......................................17 > POLÍTICAS CULTURAIS NO ESPÍRITO SANTO................................20 ORGANIZAÇÃO DE IDEIAS.............................................................................................23 > AS IDEIAS E AS INFORMAÇÕES.......................................................23 > O AMBIENTE AO NOSSO REDOR......................................................25 > NÓS, OS SUJEITOS..............................................................................26 > METODOLOGIA AUXILIAR PARA ORGANIZAR IDEIAS: PERGUNTAS E RESPOSTAS...........................................................................................27 EDITAIS E FINANCIAMENTO............................................................................................28 REDES E PRODUÇÃO COLABORATIVA..............................................................32 > REDES......................................................................................................32 > A COLABORAÇÃO.................................................................................33


ELABORAÇÃO DE PROJETOS: CONCEITOS BÁSICOS.......................35 > INTRODUÇÃO..........................................................................................35 > O QUE É UM PROJETO?......................................................................36 > ESTRUTURA BÁSICA DE UM PROJETO..........................................37 MÍDIA E COMUNICAÇÃO..................................................................................................44 > LEITURA CRÍTICA DA MÍDIA...............................................................44 > PLANEJAMENTO DE COMUNICAÇÃO...............................................45 > ASSESSORIA DE IMPRENSA: PARA QUE SERVE? COMO FAZER?.......................................................................................................46 INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES....................................................................49 > GERENCIAMENTO DE PROJETOS....................................................49 > CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO................................................49 REFERÊNCIAS ONLINE........................................................................................................50 BIBLIOGRAFIA................................................................................51 ANEXOS...........................................................................................................................................54


O ASSÉDIO COLETIVO O Assédio Coletivo é um grupo formado por cerca de 20 produtores e articuladores sócioculturais. Com sede em Vitória/ES, o coletivo iniciou suas atividades em janeiro de 2012 e desenvolve ações que objetivam fortalecer o cenário cultural do Espírito Santo, valorizar a arte autoral, o fazer colaborativo e amplificar a ação de outros coletivos e agentes culturais. Seus principais projetos são a Libre - Casa Coletiva, a Reviravolta Coletiva, o Festival Tarde no Bairro (FTNB), o Bonde - Núcleo Móvel de Comunicação e a Temporada de Oficinas. Para o Assédio, ser coletivo articulador e produtor significa evidenciar, por meio de suas ações e projetos, as possibilidades de transformação das realidades sociais. O Assédio acredita que as mudanças podem ocorrer por meio da coletividade, das vivências, do compartilhamento, da tolerância, da colaboração e do reconhecimento do outro. Enquanto grupo, o Assédio Coletivo busca contribuir para o desenvolvimento de agentes culturais e para o fortalecimento de novas organizações por meio do diálogo e compartilhamento de tecnologias e de informações.

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A CARTILHA F.O.C.A. Compreendemos que a correria cotidiana muitas vezes sufoca a nossa capacidade de envolvimento com as nossas comunidades e com as possibilidades que estão à nossa volta. Muito embora estejamos inseridos em um contexto que direciona as nossas práticas principalmente ao trabalho com foco no capital, continuamos a acreditar no ser humano e a acreditar que ele, como sujeito transformador, é capaz de intervir em sua realidade para modificar o rumo do que está posto ao seu redor. A F.O.C.A. é uma Cartilha de Formação Colaborativa para Agentes Culturais. O objetivo de criar este material e dividir estes conhecimentos com pessoas diversas, é colaborar com a multiplicação de saberes e troca de conhecimentos. Esta é uma ação que pretende facilitar outras ações e fortalecer agentes culturais. Você também pode colaborar compartilhando esta cartilha com seus amigos e conhecidos que necessitem de orientação para planejamento e para projetos - ela está disponível gratuitamente e on-line no site do Assédio Coletivo (www. assediocoletivo.com.br) sob licença Creative Commons Atribuição NãoComercial - CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Nesta cartilha, buscamos trabalhar temas introdutórios ao campo da cultura e juventude - falamos brevemente sobre políticas públicas, editais e financiamento. Falamos também sobre a realização de projetos artísticos, culturais, sociais, sobre redes e colaboratividade, sobre o ato de organizar, o ato de planejar e o ato de projetar. Estes conteúdos são compartilhados aqui por meio de textos elaborados por nossa equipe e referências - há também um modelo básico de projetos para ajudar você a organizar o que planeja executar. Acreditamos que esta é uma possibilidade de estudar estes processos e socializar conceitos pertinentes à produção e articulação cultural tendo em vista melhorias sociais a longo prazo. Acreditamos também que estes temas colaboram para a inserção de novos agentes culturais jovens nos debates - oxigenando e favorecendo a construção de novas políticas públicas para o setor da cultura e da juventude, baseadas em quem realmente vivencia e tem contato com determinadas realidades. Esperamos, por fim, contribuir com o desenvolvimento pessoal e social de nossos leitores, e sensibilizá-los para o estudo e para as práticas colaborativas em redes. Boa leitura! 7


POLÍTICAS DE JUVENTUDE > O JOVEM A juventude no Brasil é compreendida como um período específico da vida humana que vai dos 15 aos 29 anos. O país mantém hoje cerca de 58 milhões de pessoas jovens. Desde a constituição das nações, o jovem se apresentou de fundamental importância nos processos políticos decisórios. Sua trajetória no desenvolvimento social, político e econômico de um território, costuma estar ligada às adversidades vivenciadas por estes, somadas aos costumes locais, o espaço onde vivem, o tipo de educação acessada e suas relações familiares e sociais. Esse conjunto forma ao longo do tempo a consciência crítica do ser. Os jovens apresentam comportamentos distintos das demais faixas etárias. Sendo marcada por intensa absorção de conteúdos e informações que contribuem para delinear a forma de ser e agir de cada um, a juventude caracteriza-se por um tempo de tomada de decisões. Esta é diferente das demais faixas etárias, demarcadas por atitudes e reações muito bem definidas, particulares a tal época da vida humana (criança - adulto). Mas, o que é o ser jovem? A primeira abordagem de juventude conceituou-a como condição humana provisória e transitória, na qual o indivíduo manteria comportamento ambíguo, de natureza fugidia, rebelde, com atuação impregnada de simbolismos, potencialidades e fragilidades. Segundo Fraga e Lulianelli (2003), essas características seriam diferentes de categorias de gênero ou classe social, na visão deles, categorias mais permanentes. Os autores afirmam existir uma gama de expectativas e ansiedades geradas em torno das juventudes, ligadas ao intervalo de anos relativos a condição de jovem e, por parcela da sociedade vislumbrar nesses, características associadas à reprodução e à mudança social. Esse conceito porém, seria uma produção socio-histórica, já que cada época 8


e sociedade admitiria sua própria concepção de juventude, atribuindolhes características específicas em função do tempo e espaço (FRAGA; LULIANELLI, 2003). As palavras juventude e jovem fazem referência a um período singular da vida humana estendido da infância a idade adulta. Caracterizada psicologicamente por intensos processos conflituosos e persistentes esforços de autoafirmação, é socialmente compreendida como uma etapa de absorção de valores sociais, na elaboração de projetos para o agora e futuro, implicando plena integração do ser (AURÉLIO, 2010). O conceito de jovem e juventude, porém, não é um conceito fechado, visto todas as questões levantadas em sua relação. As nações fazem hoje grandes esforços para estabelecerem padrões que possam contribuir com o debate acerca das juventudes, considerando para tanto seus processos políticos e sociais. Todavia, há de se pensar em um ser jovem imerso a uma sociedade em importantes processos transitórios, a partir de uma nova conjuntura familiar, política, social e tecnológica. O Ministério da Saúde (MS), compreende a Juventude de modo diverso e declara que os termos adolescência ou juventude, como fase demarcada por mudanças hormonais, que afetam o jeito de ser e agir das pessoas, está sendo contestado através de estudos e pesquisas (BRASIL, 2011). Amorim (2011), conceitua juventude como a última etapa do processo de socialização da pessoa humana, relativo ao afrouxamento da relação parental-filial, na consolidação das responsabilidades e vínculos sociais. Logo, nessa época da vida, o indivíduo atuaria de modo a locomoverse de um espaço à outro, saindo de uma estrutura familiar, indo até o âmbito do espaço público (AMORIM, 2011). Em 1985, a Organização das Nações Unidas (ONU) tentou pela primeira vez definir o ser jovem, considerando esse o Ano Mundial da Juventude. Como corte etário definiu a idade entre 15 e 24 anos e todos os serviços vinculados a ela deveriam usar a mesma faixa etária para estudos e ações. Cada país, entretanto, pode definir seu próprio recorte etário para suas juventudes (CENTRO DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM PORTUGAL, 2010). Em 2009, representantes da ONU assinaram novo acordo de incentivo às nações através da Resolução 64/134, reconhecendo 2010 o Ano 9


Internacional da Juventude - resultado de amplo debate internacional a fim de apreender o tema em essência, destina-se a combater a violência e o extermínio de jovens, focando em nações subdesenvolvidas. Este marco busca também superar situações que acometem historicamente os povos - caso das diferenças sociais, por etnia ou religião, déficit intelectual-social, moradias precárias, etc. (CENTRO DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM PORTUGAL, 2010). Ao reconhecer o tema, a ONU contribuiu para a criação de novos programas e projetos focados nesse público nos países parceiros. Compreendendo o papel questionador e ativo do jovem, aposta na participação social visando o desenvolvimento mundial, buscando solucionar questões enraizadas na sociedade capitalista (CENTRO DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS EM PORTUGAL, 2010). Entretanto, apesar do esforço em solucionar tais questões demandadas pelas Juventudes, nem as Organizações, nem os Organismos Públicos, consideram certezas sobre este público. O próprio termo ‘Juventudes’ confere a existência de diversos jovens, com diferentes costumes, credos, gostos, práticas, etnias, classe econômica, etc. Assim, fica evidente a necessidade de nova abordagem conceitual acerca do tema, buscando relacionar as diferenças juvenis na conquista dos direitos sociais, em uma perspectiva de presente e futuro.

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> POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JUVENTUDE NO BRASIL A conquista do voto aos 16 anos no Brasil em 1988 delineou novo cenário político aos jovens. Isso incentivou a promoção de ações por movimentos sociais, estudiosos do tema, pesquisadores e acadêmicos, sociedade civil, Sistema ONU, gestores locais, organizações e movimentos juvenis em prol das juventudes. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF), o acesso aos direitos no Brasil foi fortalecido e muitos segmentos sociais foram reconhecidos. Todavia, a legislação brasileira considerava a juventude apenas uma fase de transição da adolescência à vida adulta. Esse conceito era fortalecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garantia políticas apenas aos brasileiros com até 18 anos. Depois, o cidadão passava a ser considerado adulto, com acesso às políticas universais básicas, sem quaisquer reconhecimento de suas especificidades. Vale lembrar que o termo jovem não foi redigido no texto da constituinte de 1988, comprovando a invisibilidade desses atores sociais em dado contexto social. Essa invisibilidade da juventude também se expressava nos programas e projetos desenvolvidos à época, na manutenção dessa visão limitada, não reconhecendo sua multiplicidade. Logo, ignorava-se a importância da criação de políticas articuladas voltadas a singularidade e pluralidade dos jovens. Só após seu reconhecimento como segmento específico, a juventude começou a ser pautada na criação de novos serviços estatais. Por não ser categoria uniforme, nem homogênea, são várias as diferenças e desigualdades que perpassam à juventude. É necessário então, na etapa de criação das políticas públicas, considerar todo o universo juvenil, percebendo quais desigualdades decorrem de suas vivências, criando serviços de acordo com sua renda familiar, gênero, raça, orientação sexual, território, se é pessoa com deficiência ou de comunidades tradicionais. É preciso também pensar a juventude fora de estereótipos, sem colocá-la num padrão, restrita apenas a fase que leva a idade adulta. É preciso considerar, portanto, sua trajetória impregnada de amplos e intensos processos naturais à constituição dos sujeitos. A CF possibilitou uma atuação mais marcante da sociedade civil e 11


do Governo. Ao destacar os direitos dos cidadãos, viabilizou ampla movimentação no debate sobre o tema. É durante a primeira gestão do Governo Lula que acontece, dentre tantas ações, o Seminário Juventude em Pauta no ano de 2002 e a Agenda Jovem 2002. Em 2003/2004 acontece também o Projeto Juventude. A partir destes marcos, diversos encontros, congressos e seminários são realizados entre os jovens, fortalecendo a participação social nas organizações e reinvindicando respostas do Estado às suas demandas. Na Câmara dos Deputados, cria-se a Comissão Especial de Políticas Públicas de Juventude (CEJUVENT) e amplo processo de audiências públicas culminam na Semana Nacional de Políticas Públicas para Juventude em 2003. Em 2004, acontece a Conferência Nacional da Juventude e no executivo, é criado o Comitê Interministerial da Política Nacional de Juventude (COIJUV) buscando fazer balanço das ações a nível federal e criar propostas de políticas integradas para jovens. Tais ações resultaram na criação de um arcabouço institucional que delineia a Política Nacional de Juventude (PNJ). Foram criados em 2005, a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) e o Projovem - política nacional da assistência social direcionada à inclusão de jovens. A PNJ foi instituída através da Lei nº. 11.129, sob coordenação da SNJ vinculada à Secretaria Geral da Presidência da República. A PNJ reflete o avanço das discussões acerca dos direitos do jovem no Brasil e legitima tal parcela da população. O grande desafio do governo federal então, é realizar uma mudança de paradigma acerca desse público, reconhecendo-o como segmento social estratégico na garantia de políticas específicas para atender as suas necessidades. O CONJUVE tipifica e considera jovens os cidadãos e cidadãs brasileiras com idade entre 15 e os 29 anos. Esses são classificados em adolescentes-jovens (entre 15 e 17 anos), jovens-jovens (entre 18 e 24 anos) e jovens-adultos (entre 25 e 29 anos). O governo federal, a partir dessa definição, dita os rumos dos recursos sob a forma de Políticas Públicas de Juventude (PPJ). A SNJ tem a função de articular programas e projetos em âmbito federal refletindo essa política. As PPJ são estruturadas e focadas nos jovens, buscando desenvolver sua formação, processar suas buscas, construir projetos e percursos de 12


inserção na vida social. Para tanto, deve-se considerar a multiplicidade da vivência juvenil, desenvolvendo ações nas diferentes áreas, focando no percurso de vida do jovem (saúde do adolescente, jovens mães, programas de combate ao uso abusivo de álcool e outras drogas, programas e projetos culturais, educacionais, de emprego e renda, etc.). O principal desafio da PNJ é garantir efetiva participação dos jovens no processo de desenvolvimento do país. Seu lançamento em 2005 acontece em meio a virtuoso crescimento econômico, ao passo que o país registrava à época a maior população jovem de todos os tempos cerca de 53 milhões de pessoas. A PNJ possibilitou o retorno e a inclusão de diversos jovens no ensino através de programas como o Educação de Jovens e Adultos (EJA) e Programa Universidade para Todos (PROUNI). Possibilitou também a inserção de jovens no mercado de trabalho, através de ações como o Programa Nacional de Ensino Tecnológico (PRONATEC) que possibilitou a redução dos altos índices de pobreza e desemprego nessa faixa etária. Fortaleceu a participação social, cultural e política dos jovens, criando espaços de auto representação como é o caso dos Conselhos de Políticas Públicas e Conferências Nacionais de Juventude. Foram realizadas mais 02 conferências de juventude, em 2008 e 2011. Em 2010 o termo Jovem é introduzido na Constituição Federal através da Emenda 65/2010, assegurando ao segmento jovem, pela primeira vez, os direitos sociais básicos descritos no Art. 227. Isso fortaleceu a institucionalização da PNJ ao propor a criação de órgãos e conselhos específicos nos estados e municípios. Na pauta do Congresso Nacional, fortaleceu a aprovação dos marcos legais da juventude, como o Estatuto da Juventude e o Plano Nacional de Juventude. A SNJ potencializa programas e ações voltadas aos jovens a nível nacional. A articulação interministerial e o diálogo com a sociedade civil são puxados pelo CONJUVE e a criação do COIJUV - Comitê Interministerial, contribuiu para o avanço no diálogo com os gestores, possibilitando o fortalecimento da agenda em expansão. Com o fortalecimento do debate acerca da criação das políticas públicas voltadas às juventudes, o Congresso Nacional aprova em 2013 a Lei nº. 12.852, que institui o Estatuto da Juventude. Esta é considerada hoje, a lei que rege os direitos das pessoas de 15 a 29 anos no Brasil. O 13


texto traz os principais direcionamentos acerca das populações jovens do território nacional e assegura acima de tudo, a vida desses cidadãos (BRASIL, 2013). Um dos destaques do Estatuto da Juventude é o fortalecimento da cidadania, compreendida pela qualidade ou estado de cidadão, no qual o indivíduo encontra-se em pleno gozo dos seus direitos civis e políticos, ou no desempenho de seus deveres. É percebido como aquele que habita na cidade, que usufrui dela, ocupando-a (AURELIO, 2010). Fruto desse entendimento, diversos segmentos foram potencializados e se fazem visíveis no cenário político e social da juventude na atualidade, formando coletivos, organizações e movimentos sociais. Estes, apresentam suas demandas e cobram participação e interferência na vida social, cultural e política do país. Atualmente a SNJ mantém um conjunto articulado de programas direcionados a valorização da juventude, em especial as mais atingidas pela pobreza e violências. Os programas atuais são o “Plano de Prevenção à Violência contra a Juventude Negra” (JUVENTUDE VIVA) que funciona através da oferta de políticas inclusivas voltadas aos jovens negros; o “Programa Estação Juventude” que trabalha na promoção, inclusão e emancipação de jovens através da ampliação e acesso às políticas públicas via equipamentos públicos; o “Participatório” que configurase em um espaço de produção e divulgação de conteúdos focados na temática “políticas de juventude”, desenvolvidos através do estudo e diálogo com e entre jovens. Por fim, a secretaria mantém o “Programa Juventude Rural”, voltado aos jovens das áreas rurais, comunidades tradicionais, ribeirinhos, indígenas e quilombolas, buscando o fortalecimento institucional dos órgãos gestores estaduais e municipais de juventude.

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> POLÍTICAS PÚBLICAS PARA JUVENTUDE NO ESPÍRITO SANTO Mesmo 26 anos após o lançamento do texto constitucional de 1988, ainda existem no Brasil milhões de jovens impedidos de usufruírem dos direitos básicos de cidadão brasileiro (educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, entre outros). Sem relacionar os direitos específicos das juventudes - aos quais boa parcela da população jovem não têm acesso, no cenário político, embora em menor número, as juventudes continuam firmes na luta pela integralidade dos direitos expressos na Constituição Federal Brasileira. Hoje, o Espírito Santo é o segundo estado no índice de homícidios entre os jovens de acordo com dados do Mapa da Violência de 2014 (desenvolvido por Julio Jacobo Waiselfiz através da FLACSO - Faculdade LatinoAmericana de Ciências Sociais com o apoio do Governo Federal). Em um contexto onde se discute nacionalmente a redução da maioridade penal, a juventude segue sendo criminalizada e as políticas públicas para este grupo etário estagnadas. Estes são resquícios históricos da negação do Estado, da colonização, da escravidão do povo negro e indígena e da manutenção das desigualdades sociais. Após a II Conferência Estadual de Juventude, realizada em 2012, houve neste mesmo ano a criação da Gerência Estadual de Juventude e do Conselho Estadual de Juventude do Espírito Santo (CEJUVE-ES). Todavia, no ano seguinte, o Governo do Estado eliminou um importante programa de incentivo à articulação autônoma das juventudes. Trata-se do Programa Rede Cultura Jovem (PRCJ) que funcionava através da Secretaria de Estado da Cultura (SECULT/ES) em parceria executiva com o Instituto Sincades. O PRCJ tinha como pilares de sua atuação o fomento & formação e comunicação & difusão. Foram 4 anos de existência e após a sua descontinuação, restaram diversos coletivos e agentes jovens articulados em rede, com expectativas de sequência de seus trabalhos e inserção de novos atores jovens em processos artísticos e culturais. Não há a nível estadual, portanto, um programa que dê conta desta demanda e oportunize o contato das juventudes com esses eixos norteadores. 15


A Gerência Estadual de Juventude permanece vinculada à SubSecretaria de Movimentos Sociais da Casa Civil e não possui verba específica. É importante observar que a estrutura organizacional das Políticas Públicas de Juventude no ES não segue um padrão único há também diversos órgãos estaduais que são responsáveis pela formulação e execução de programas e projetos para a juventude, não necessariamente utilizando a mesma faixa etária definida pelo governo federal. O Conselho Estadual de Juventude (CEJUVE-ES), criado em 2012 e instituído em 2013, atua como fomentador do debate a nível estadual e em contato direto com a Gerência Estadual de Juventude. O CEJUVE-ES é constituído por representantes de organizações e movimentos sociais que trabalham diretamente com as juventudes. Existem atualmente 02 Centros de Referência da Juventude municipais no estado. O primeiro, criado em 2005 na capital Vitória, surgiu através do Orçamento Participativo da Juventude, realizado pela prefeitura do município. Resultado de amplo debate entre sociedade civil e Prefeitura, sua criação expressa os avanços no entendimento acerca dos direitos das juventudes capixabas, ao se tornar um marco para as PPJs no ES. O segundo Centro de Referência da Juventude foi criado em 2012 na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, sendo um espaço para convivência, formação e expressão dos jovens da cidade. Vale ressaltar que o CRJVitória administra atualmente um convênio com a SNJ sendo uma unidade local do Programa Estação Juventude. O Governo do Estado, por meio da Gerência Estadual de Juventude, também possui convênio com a secretaria nacional, administrando a unidade móvel do Programa Estação Juventude no estado. Como proposta de PPJ no ES, encontra-se em construção pelo CEJUVE, uma proposta de Plano Estadual de Juventude. Este reúne as principais diretrizes retiradas das I e II Conferências Estaduais de Juventude. Acredita-se que a partir da aprovação dessa proposta, novos rumos serão tomados pelas iniciativas públicas acerca das juventudes capixabas, tendo em vista os altos índices de violência que acometem, principalmente, a juventude negra no Espírito Santo.

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POLÍTICAS CULTURAIS > CONCEITO GERAL E HISTÓRICO NACIONAL A esfera da cultura vêm ganhando centralidade nos debates de políticas públicas tendo em vista a proliferação dos estudos sobre o tema em várias áreas do conhecimento e sua articulação com outros temas como identidade, desenvolvimento e economia. Utilizaremos nesta apostila um conceito de Política Cultural descrito por Nestor Garcia Canclini da seguinte forma: “Um conjunto de intervenções realizadas pelo estado, por entidades privadas ou grupos comunitários organizados com o objetivo de satisfazer as necessidades culturais da população e promover o desenvolvimento de suas representações simbólicas. Mas esta maneira de caracterizar o âmbito das políticas culturais necessita ser ampliada tendo em conta o caráter transnacional dos processos simbólicos e materiais da atualidade.” (CANCLINI, 2005, apud RUBIN, 2007, p. 102) No Brasil, as políticas culturais são historicamente marcadas pela relação entre o setor cultural e governos autoritários. A década de 1930, durante o Governo Vargas, marca o início da intervenção estatal na construção destas políticas. Comum nos regimes ditatoriais, as primeiras medidas foram adotadas tendo em vista a cooptação e censura. Assim também ocorreu durante o período da Ditadura Militar quando, com a tutela do Estado sob os modos, as formas de produção e do financiamento à cultura, buscava-se o controle da produção artística e a construção de “uma identidade nacional”. O período de transição entre ditadura e construção da democracia (19851993) demarca mais fortemente o diálogo entre outros atores - que não o Estado, na construção das políticas culturais brasileiras. A Constituição de 1988 é um de nossos maiores marcos - a cultura é instituída a partir de então como direito dos cidadãos, sendo o Estado o responsável por garantir proteção e acesso às mais diversas manifestações culturais. A partir da Constituição o Estado se compromete também a apoiar e 17


incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. Embora criado neste mesmo período de transição democrática, o Ministério da Cultura só se firma enquanto tal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). O governo de FHC acaba por consolidar políticas culturais que favorecem a iniciativa privada - as leis de incentivo ampliaram a situação de utilização de dinheiro público subordinado à decisão privada, do mercado. A combinação entre a política de estado-mínimo de FHC, aliada às políticas de renúncia fiscal, acabou estimulando uma política privatizante disseminada no interior do aparelho estatal. Apenas a partir de 2002, durante o governo Lula e gestão do Ministro da Cultura Gilberto Gil (2003-2006) é que as políticas culturais tem avanços significativos e passam a fazer parte da agenda política nacional de forma mais amplamente democrática - com intervenção estatal para garantia de direitos e oxigenação das produções culturais. Há, neste período, a ampliação da política de editais com repasses diretos do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para artistas e produtores e a retomada do projeto de implementação do Plano Nacional de Cultura (PNC) - criado em 2000 a partir de iniciativa da Câmara dos Deputados. Muito embora os esforços para implementação do PNC fossem iniciados durante a gestão do Ministro Gil, sua aprovação ocorre em 2010, durante o governo Dilma. Este Plano tem por finalidade o planejamento e implementação de políticas públicas de longo prazo (até 2020) voltadas à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira. A partir daí, uma série de medidas e incentivos passam a ser aplicados tendo em vista a criação dos Planos Estaduais e Municipais de Cultura em todos os estados brasileiros. Mais recentemente, como política cultural, foi aprovado o Vale Cultura (2012) - instrumento que tem a finalidade de estimular o consumo cultural dos trabalhadores brasileiros que recebem até cinco salários mínimos mediante o repasse de benefício no valor de R$ 50 mensais benefício este concedidos pelas empresas. Outra política em desenvolvimento atualmente é o Sistema Nacional de Cultura: um sistema único planejado desde 2002, com objetivo de formular e implantar políticas públicas de cultura na perspectiva de longo prazo, pactuadas entre os entes da federação e a sociedade civil 18


inspirado no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS). Tendo em vista as desigualdades das estruturas administrativas do setor cultural nos níveis federal, estadual e municipal, a implantação do SNC é ainda um desafio conjunto à implementação dos Planos Estaduais e Municipais de Cultura.

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> POLÍTICAS CULTURAIS NO ESPÍRITO SANTO A Secretaria de Estado da Cultura (Secult), foi criada na década de 90, sendo este um órgão exclusivo de formulação, planejamento e execução de políticas públicas culturais. No Espírito Santo tais políticas começam a adquirir caráter mais democrático a partir de 2008, com a criação e implementação do Fundo Estadual de Cultura do Espírito Santo, o FUNCULTURA - após o Ministério da Cultura (MINC) adotar como política em 2008 que todos os Estados criassem seu Conselho Estadual de Cultura, seu Plano Estadual de Cultura e seu Fundo Estadual de Cultura. Embora o Conselho Estadual de Cultura (CEC) tenha sido criado na década de 60, sua reativação aconteceu neste mesmo ano. É importante ressaltar aqui a importância dos conselhos no diálogo direto com o poder público para a construção das políticas culturais. Os conselhos são formados por entidades da sociedade civil e membros do poder público, suas reuniões são abertas à participação pública e é nestas reuniões que ocorrem informes e decisões políticas adotadas pelas gestões. A partir de 2008, no ES, iniciam-se também as movimentações para a construção do Plano Estadual de Cultura do Espírito Santo e em 2009 realiza-se a 2ª Conferência Estadual de Cultura - a primeira havia sido realizada em 2005. Abaixo pode-se acompanhar mais especificamente as estruturas de gestão pública da cultura no Espírito Santo: > CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA (CEC) Fundado em 1967, o CEC é responsável por colaborar na formulação de políticas públicas culturais (junto à Secult), analisar e emitir opiniões sobre fatos relacionados à cultura, zelar pelo cumprimento de normas e atos, bem como defender o patrimônio cultural capixaba. O CEC é formado por 20 Conselheiros que representam os diferentes segmentos culturais, as seis regiões do Espírito Santo e alguns órgãos públicos estaduais. Possui reuniões mensais abertas à sociedade civil - toda 1ª quinta-feira do mês às 14h na Biblioteca Pública Estadual. > SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA DO ESPÍRITO SANTO 20


(SECULT) A Secult nasceu na década de 90 com a finalidade de formular, planejar e implementar políticas públicas para a área da cultura. O órgão sucedeu o Departamento Estadual de Cultura (DEC), que por sua vez veio substituir a antiga Fundação Cultural do Espírito Santo, criada no final da década de 60. Em 2004, a Secult elaborou o Plano Estratégico de Ação e Política Cultural do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da realização de encontros, fóruns e seminários em várias regiões do estado. Este documento representou o primeiro esforço de planejamento estratégico e participativo do setor cultural capixaba. No ano de 2008, a Secult passou por uma reestruturação, momento em que foi criada mais uma Subsecretaria, a de Patrimônio Cultural (atualmente se discute a criação do Instituto do Patrimônio Cultural do Espírito Santo). > CONFERÊNCIAS ESTADUAIS DE CULTURA Espaços de participação popular, as conferências de cultura são palcos para o debate e a apresentação de demandas culturais pela sociedade. No Espírito Santo foram realizadas duas conferências, nos anos 2005 e 2009. Em ambas, representantes de diferentes municípios capixabas e setores culturais debateram a realidade cultural do estado e apresentaram propostas na áreas de diversidade cultural, desenvolvimento, formação e gestão da cultura. > FUNDO ESTADUAL DE CULTURA Criado pela Lei Complementar nº458/2008, o Fundo de Cultura do Espírito Santo (FUNCULTURA) nasceu para democratizar e tornar transparente o processo de repasse de recursos financeiros. Por meio de Editais Públicos, qualquer cidadão capixaba pode realizar projetos culturais de interesse coletivo. O investimento na criatividade, na experimentação e na preservação do patrimônio cultural visa a promover o desenvolvimento, gerar ocupação e renda e fortalecer a nossa identidade. > PLANO ESTADUAL DE CULTURA Documento que reúne um conjunto de princípios, diretrizes e objetivos que serão traduzidos em metas para o setor cultural capixaba nos próximos 10 anos. Uma das funções mais importantes do PEC-ES é garantir a continuidade das ações culturais, eliminando práticas de ruptura na execução de políticas públicas que tem marcado as trocas de governo no Brasil. A sua aprovação é um passo importante na constituição do Sistema Estadual de Cultura, mas não o último. É preciso criar os mecanismos de controle e monitoramento das metas 21


estabelecidas, para que o PEC-ES tenha efeito. A sociedade tem papel fundamental - cabe a ela acompanhar a implementação do PEC-ES e cobrar dos gestores empenho no cumprimento das metas estipuladas. A Lei do PEC foi sancionada em novembro de 2014. > SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA Em abril de 2012 o Espírito Santo formalizou a sua adesão ao Sistema Nacional de Cultura (SNC), novo modelo de gestão proposto pelo Ministério da Cultura (MinC) para desenvolver o setor no Brasil. A adesão representou um importante marco para a cultura capixaba, pois ao aderir ao SNC, o ES se comprometeu com a criação do seu próprio sistema de cultura. Isso significa que o ES terá a obrigação de planejar suas políticas culturais; fazer uma gestão mais efetiva dos recursos; integrar as ações estaduais, federais e municipais; ampliar os espaços de participação da sociedade. Tudo com um único propósito: assegurar o direito à Cultura a todos os capixabas.

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ORGANIZAÇÃO DE IDEIAS > AS IDEIAS E AS INFORMAÇÕES Como as pessoas realizam um show ou uma apresentação de teatro? Como resolvem reconstruir a pracinha do bairro ou se reúnem para pintar ruas da cidade? Como surgem estas iniciativas? Qual a motivação destes realizadores? De onde, afinal, surgem as ideias e as vontades que temos? Acreditamos que todas as informações que recebemos influenciam diretamente nossos pensamentos e o que eles geram. Informações são palavras, textos, gestos, cores, sons e mais uma infinidade de mensagens que são recebidas por nós durante toda a vida. De acordo com nossas relações sociais, com os locais que frequentamos, com as instituições e grupos dos quais fazemos parte, e também de acordo com o que lemos, ouvimos e assistimos, acabamos por compartilhar maneiras de interpretar e comunicar. Trocamos informações o tempo todo com o ambiente e com outras pessoas - até sem perceber. Nossas ideias não surgem “do nada”. Elas até podem vir como relâmpagos, mas são uma consequência do receber, emitir, compartilhar e processar informações. E o que isso tem a ver com projetos, afinal? O termo “projeto”, nesta cartilha, refere-se ao ato de projetar - visualizar uma ação ou ideia que queremos desenvolver em um futuro próximo. No entanto, antes de desenvolver esta ação ou ideia precisamos entender o que é preciso para realizá-la, precisamos entender se existe a possibilidade de conseguirmos apoios e materiais para seu desenvolvimento, precisamos compreender quem podemos convidar para participar desta ideia, ou seja, precisamos: projetar. Organizar as ideias, nesse sentido, nada mais é do que entender o que constitui nosso pensamento para alguma ação que pretendemos realizar - quais são nossas motivações, quais são nossas vontades e o que precisamos para executá-las. 23


> COMO EU CHEGUEI A TER ESTA IDEIA? Para descobrir é preciso organizar referências: imagens, textos, outros projetos e ações que dialogam com sua ideia, com o tema que você quer trabalhar e com o que você quer realizar. > COMO POSSO EXECUTAR A MINHA IDEIA? De novo as referências: procure saber como se executa um projeto como o seu - quais profissionais são necessários, qual o espaço necessário, de quais materiais precisa, quais parceiros pode acionar e assim por diante.

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> O AMBIENTE AO NOSSO REDOR Nós, jovens, passamos por diversas angústias e somos questionados e desafiados a escolher caminhos o tempo todo: estudo, trabalho, relacionamentos, amizades etc. Somos enquadrados em diversos estereótipos que acabam por relacionar as nossas criações e práticas à irresponsabilidade e ao desinteresse. Mas como subverter essa lógica? Somos experimentadores - é a experimentação que ajuda a delinear nossas escolhas e contribuir com o nosso desenvolvimento. Podemos aprender PRATICANDO. Por meio de nossas vivências diárias estamos em contato com o comum e com o diverso. Estamos em movimento pela cidade, pelo bairro, por grupos. Trocamos informações o tempo todo. Somos conectados por meio de relações - sejam de origem familiar, escolar, de trabalho, comunitária. A constituição de quem somos é um reflexo de nossas vivências, das informações que compartilham conosco sobre a vida e sobre o mundo e da forma como estas informações são compartilhadas conosco. Nossa memória, nosso imaginário, enfim, nosso repertório é constituído de informações apreendidas ao longo da vida. Nossas relações perpassam necessariamente pela comunicação, por nossos gestos e por nosso fazer. A partir do momento que nos percebemos não apenas como receptores de mensagens, mas também como fazedores, como produtores de conteúdo e de ações, iniciamos o reconhecimento de nós mesmos como sujeitos, como seres capazes de intervir na realidade. Esta capacidade de intervenção pode ser apenas por reprodução, por repetição do que recebemos. Ou podemos processar estas informações e mensagens, ressignificá-las e transformá-las de acordo com o que desejamos para a comunidade e para nossas vidas. Somos produtores de conteúdo e a nossa atuação, as mensagens que emitimos possuem a capacidade de transformar a visão de outras pessoas - falaremos sobre isso um pouco mais a frente no conteúdo sobre mídia e comunicação.

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> NÓS, OS SUJEITOS O conhecimento alimenta nossos desejos e abre nossos olhos para novas possibilidades. Seja curioso. Há sempre possibilidades de melhorar as situações que vivenciamos, percebendo não somos os primeiros habitantes da terra: alguém já deve ter passado pela mesma dificuldade que você, proposto e registrado alguma solução. Possuímos ferramentas para registrar e compartilhar nossos conhecimentos e práticas, então por que não fazê-lo? Acessar conteúdos em livros, vídeos, filmes, peças de teatro, dança, música, pode ampliar nossos conhecimentos sobre estas linguagens e pode contribuir para a elaboração de nossos projetos. Esses materiais podem ser utilizados como referências, para que nos tornemos especialistas nos temas que queremos abordar. Acreditamos que ao circular por outros espaços, conhecer novos projetos e pessoas - ouvindo o que elas tem a dizer, você poderá compreender melhor as realidades. Na área da cultura, a sensibilidade e o respeito são muito importantes no desenvolvimento de qualquer projeto - a diversidade é uma característica fundamental das pessoas, dos grupos, das produções e da própria cultura. Utilize as ferramentas que estão ao seu alcance para ser sujeito, um fazedor, e contribuir com as mudanças que almeja para sua realidade. Reconheça seu bairro, as pessoas ao seu redor, seus vizinhos, as tecnologias, os livros e o saber como ferramentas de transformação. Todas estas ferramentes estão em nosso cotidiano e ao nosso pleno alcance - precisamos dialogar, reconhecer e trocar. E não se esqueça: o fazer, o agir, é tão importante quanto o reconhecer e o planejar.

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> METODOLOGIA AUXILIAR PARA ORGANIZAR IDEIAS: PERGUNTAS E RESPOSTAS Perguntas sobre sua ideia

Suas respostas

O QUÊ? O que quero fazer, qual o tema da minha ideia, quais atividades serão propostas? PARA QUÊ? Qual é o meu objetivo ao propor o projeto? QUEM? Quem fará parte da realização da minha ideia? De quantas pessoas eu preciso? Para quais funções? ONDE? Onde será realizado o projeto e suas respectivas atividades? QUANDO? Quando será realizado o projeto? Relacione aqui todas as atividades que precisam ser realizada e quanto tempo cada uma delas pode durar. POR QUÊ? Por que realizar o projeto? O que você observou na realidade que te fez propor ter esta ideia? COMO? Como você irá realizar este projeto? Do que você precisa? Recursos materiais e humanos, parceiros etc. Além disso, como se dará o processo de execução? Qual caminho irá utilizar para alcançar seus objetivos? De que forma irá realizar as ações? QUANTO? Quanto custará este projeto? Quais os recursos necessários, materiais e humanos. 27


EDITAIS E FINANCIAMENTO Quando falamos da criação de projetos, não significa que, caso você estruture um, precisará necessariamente comercializá-lo. A intensão ao criar um projeto é deixar os processos de execução das ações mais claros para você e para os seus parceiros, para que assim vocês possam praticar suas ideias. No entanto, para aqueles que pretendem obter financiamento pensando na sustentabilidade do projeto, planejar e ter um projeto escrito é de fundamental importância. No Brasil, há diversos mecanismos privados e públicos de captação de recursos. A seleção de projetos para concorrer a determinado recurso, apoio ou patrocínio geralmente é feita através do lançamento de um edital. O Edital se constitui em um conjunto de regras, com informações que regulam determinada seleção, seja ela feita por entidade pública ou privada. Quando o repasse de recursos é realizado de forma direta pelo Estado, são utilizados valores oriundos do Fundo Nacional de Cultura ou dos Fundos Estaduais e Municipais de Cultura. Tais repasses podem ser feitos por meio de premiações ou convênios. Geralmente são abertas inscrições por meio de um edital público no qual pessoas físicas e/ou jurídicas podem fazer a inscrição, concorrendo ao financiamento. Outra forma de repasse de recursos são as Leis de Incentivo. Neste caso o repasse não é feito pelo Governo de forma direta, mas sim por empresas privadas credenciadas. Os projetos aprovados nas leis de incentivo recebem os recursos direto das empresas privadas a partir da troca de bônus. Depois de aprovados, os responsáveis pelos projetos devem procurar as empresas cadastradas na lei e assim efetuarem a troca - caso a empresa tenha interesse em seu projeto, ela trocará seu bônus. Os ‘bônus’ são valores que as empresas pagariam diretamente ao Estado na forma de impostos e que, a partir da Lei de Incentivo, deixam de pagar diretamente, investindo o recurso em projetos culturais ou sociais de seu interesse. Criadas na década de 80 como forma de estabelecer política pública destinada ao financiamento cultural no Brasil, as leis de incentivo visavam 28


inicialmente o investimento privado em ações revertidas à população, ofertando assim possibilidades de práticas artísticas, ao mesmo tempo em que estimulava o desenvolvimento da cultura oferecendo ações para a população em geral. “O processo se dá por meio da renúncia fiscal, onde a empresa pode escolher um projeto previamente aprovado e destinar um valor (até o limite estipulado em lei) diretamente para o produtor/gestor do projeto escolhido. A empresa, munida do recibo que comprova o repasse do recurso, poderá abater o valor destinado do imposto a pagar.” (Apostila do Programa de Capacitação em Gestão de Projetos e Empreendimentos Criativos Elaboração e Gestão de Projetos Culturais - Etapa 2 – Curso 1 - Ensino à distância: SENAC e Ministério da Cultura 2013/2014. Pg 53) Portanto, as Leis de Incentivo trabalham com recursos oriundos de renúncia fiscal, deixando a cargo das empresas privadas, o repasse desses a partir da aprovação dos projetos. Há grandes divergências no setor de produção cultural brasileiro a respeito desse mecanismo de repasse de recursos - principalmente por conta das exigências feitas pelas empresas, entendidas como contrapartidas. Apesar desse recurso ser dinheiro revertido de impostos (caso a empresa não investisse em projetos), os produtores culturais são obrigados a inserirem em seus produtos e materiais criados nos projetos, as marcas das empresas financiadoras (logotipos). Além dos mecanismos de financiamento já citados, há ainda o tipo patrocínio e apoio direto, realizado diretamente junto às empresas privadas. Neste caso, os produtores culturais devem pensar, a partir de seus projetos, as contrapartidas (serviços ou mídias) que serão oferecidas às empresas, buscando receber investimentos para as suas ações. É importante observar a qual tipo de empresa você irá oferecer uma proposta, e observar também se seu projeto se alinha aos interesses da empresa escolhida. Existe também a forma de investimento direto de pessoas físicas. Este mecanismo entretanto ainda é pouco conhecido e limitado no Brasil. É necessário sempre estar atento à legislação federal, estadual ou municipal que regulam estas formas de investimento. 29


Fruto de uma vontade coletiva, começaram a surgir novas possibilidades de financiamento no mundo todo. Um dos mecanismos em destaque na atualidade é o tipo financiamento coletivo ou crowdfunding de diversos modos. Alinhado à redes virtuais, essa forma de financiamento está se popularizando cada vez mais ao permitir o acesso fácil e descomplicado na plataforma virtual - qualquer pessoa pode contribuir com uma proposta, já que esta fica livre na web. É realizada uma campanha online e qualquer pessoa física ou jurídica pode contribuir. Estas são convidadas por meio de mobilizações e doam ou emprestam recursos para determinado projeto que se interessarem, recebendo em troca alguma contrapartida delimitada previamente por quem oferece a atividade/ação. Mesmo com todas essas possibilidades, muitos artistas não acessam o espaço de produtor cultural - por falta de ferramentas alternativas de fomento e auxílio ao cidadão interessado. É recente o movimento de criação das políticas públicas para a cultura no Brasil. Apenas a partir da Constituição Federal de 1988 a cultura passa a ser vista como um direito fundamental. Dessa forma, quando falamos em recebimentos de verbas públicas, estamos falando de investimentos públicos em projetos socioculturais. Estes por por sua vez, devem beneficiar de alguma forma a sociedade, também pagadora de impostos. A partir deste prisma é importante compreendermos a atuação do produtor cultural no âmbito político, desenvolvendo formas de participação. Essas possibilidades são fundamentais para a construção de alternativas às condições de desenvolvimento atuais. Abaixo você encontra alguns possíveis financiadores que costumeiramente lançam Editais para projetos socioculturais e/ou esportivos ao longo do ano. Pesquise o nome/sigla na rede e aproveite!

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ABC Coperação

Instituto Rio

ABC Recurso

Itaú Cultural

Acesita

Itaú Social

Arcelor Mittal

Lei Chico Prego - Serra/ES

Banestes

Lei João Bananeira - Cariacica/ ES


BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento

Lei Rouanet

Brasil Foundation

Lei Rubem Braga - Vitória/ES

Combate a Pobreza Rural

Minc - Ministério da Cultura

Conab - Companhia Nacional de Natura Abastecimento Eletrobrás

Oi

Finep - Fundo de Financiamento Petrobrás de Estudos de Projetos e Programas Fundação Banco do Brasil

Prefeitura de Vitória – Leis e Fundo

Fundação Bradesco

Rede de Informações para o Terceiro Setor

FNC - Fundo Nacional da Cultura

Renner

Fundo Nacional do Meio Ambiente

Samarco

FURNAS - Ministério de Minas e Secult/ES Energia Garoto

Sisconv

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UNESCO

Instituto C&A

VALE

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REDES E PRODUÇÃO COLABORATIVA > REDES Rede é uma metáfora estrutural para analisarmos determinado fenômeno ou fluxo de informações. O que queremos dizer nesta cartilha é que quando pensamos em um indivíduo e em suas relações, pensamos em suas possibilidades de interação e seus fluxos de informações a partir de uma estrutura de redes. Os pontos que compõem a rede são as pessoas. Por sua vez, estas pessoas desenvolvem relações, fazem conexões. Estas conexões podem ser (mais) fortes ou (mais) fracas, dependendo da intensidade do fluxo de informação entre elas, da relação desenvolvida entre estas pessoas o que chamamos de laços sociais. Tratamos aqui estas redes como redes sociais, redes de interação. Um indivíduo ou grupo de pessoas faz conexões e pode, a qualquer momento, conectar-se a novas pessoas da rede. A partir da percepção de que todo indivíduo é um ponto, e de que este compreende o potencial de novas conexões, as redes não são “criadas”, são “ativadas”. As conexões estabelecidas tendem a refletirem em laços sociais com intensidades variáveis. É importante lembrar que as redes possuem as características dos pontos que as compõe e das interações que estes pontos são capazes de realizar entre si. Diante da atual disponibilidade de mecanismos tecnológicos e acesso à internet, estas redes sociais têm sua visibilidade ampliada e ganham novos formatos e possibilidades de interação. É possível que nossas conexões sejam traçadas para além das fronteiras territoriais - podemos nos alimentar, produzir e compartilhar conteúdos de maneiras diversas por meio destas novas tecnologias. As redes também aglutinam outras características como a horizontalidade, transversalidade, expansão territorial, capilaridade, compartilhamento, colaboratividade, atividade, diversidade, fluidez e conectividade. 32


> A COLABORAÇÃO É confuso para nós, que nascemos já inseridos no contexto da Comunicação Mediada por Computador (C.M.C), das Tecnologias de Informação e Comunicação e da Internet, percebermos que as redes não são fenômenos restritos a nossa vida em ambientes virtuais. As redes e as conexões são características da comunicação e das relação interpessoais, mediadas ou não, sendo naturais e inerentes à nossa vida “offline”. O que há de tão extraordinário então na Internet e no ambiente “online”? A Internet e o ambiente virtual amplificam a possibilidade de compartilharmos e produzirmos informações, de nos conectarmos a novas pessoas. Por meio das redes online temos possibilidades de mobilizar, colaborar, conhecer e nos integrar a novas iniciativas. Por vezes colaboramos apenas no ambiente online, mas utilizamos a rede para iniciar conexões que modificarão diretamente o nosso cotidiano e a vida de nossas comunidades. “(...) A internet reaviva a ideia de um mundo conectado(...)” (Beltrão, F. B., 2009, pg 121), no entanto, a possibilidade de comunicação e de conexão é facilitada por ela, não é feita por ela. Quem faz as conexões são os pontos, que, neste caso, somos nós - os agentes culturais, pessoas de carne e osso. A produção de conteúdos diversos sempre existiu ao longo da história, no entanto, perceba: temos a possibilidade de receber informações de fontes diversas, produzir novas informações com estas referências e compartilhá-las de forma livre para atingir nossos objetivos enquanto produtores culturais. Temos a possibilidade de compartilhar nossas vontades e de nos aglutinar em grupos para executar melhor ideias e projetos. Enxergamos que as redes são uma forma de colaborar e organizar nossos desejos, projetos e ideias de forma coletiva, para que sejam executados e compartilhados também por outras pessoas. É interessante notar que as pessoas irão colaborar se compreenderem sua proposta e seus objetivos, se souberem como e quando podem colaborar e porque devem colaborar. 33


A sua organização, e a de seu projeto também, são fundamentais para que outras pessoas entendam como podem colaborar. Entendemos que a clareza e a transparência nos processos mantém as pessoas engajadas e fortalecidas. E mais, as redes são uma possibilidade de compartilharmos informações para contribuir com a nossa sociedade e a nossa vida em comunidades. Dessa forma, pensamos que somos “seres coletivos”. Entendemos que juntos somos mais fortes, que a divisão de tarefas e as potencialidades individuais, quando juntas e quando colaborando entre si, nos tornam mais fortes e nos deixam cientes das dificuldades dos outros, esclarecendo como melhorar de forma coletiva e compartilhada. O compartilhamento nos deixa mais sensível à reflexão sobre críticas e nos faz compreender as necessidades dos outros. Apenas dialogando e exercitando nossa compreensão é que podemos gerar conhecimento e ampliar nossa criticidade em favor do bem coletivo.

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ELABORAÇÃO DE PROJETOS: CONCEITOS BÁSICOS > INTRODUÇÃO Antes de formular uma proposta de projeto é importante saber organizar suas ideias. Se você já sabe organizar suas ideias, a próxima tarefa é escrever todas elas. É apresentar seu projeto por meio das palavras escritas. Mas, o que é mesmo organizar? A organização faz parte da vida humana. É algo que qualquer um de nós pode ter e fazer. Se lembrarmos de nossas vivências e processos diários, rapidamente percebemos que a organização faz parte das relações sociais, econômicas e culturais que estabelecemos, de acordo com o tempo e espaço de cada um. Precisamos organizar quase tudo na vida, estudos, afazeres, finanças, os meses, o futuro. É preciso estipular data, horário e local para cada situação. Mal percebemos que realizamos uma sequência de afazeres diários. Para encaixar sua idéia em uma proposta de trabalho adequada aos benefícios que ela pode gerar, é necessário compreender que a organização é o carro chefe do projeto. A atual invisibilidade e desvalorização da organização e do planejamento se dá, principalmente, por conta de um fator muito importante: nosso corre-corre diário. Estamos tão envolvidos em nossos lares, junto à família e amigos, grupos diversos, trabalho e redes de contatos, que não dedicamos tempo a perceber a essência do planejamento, compreendido como o ato de projetar algo. No campo da produção cultural não é diferente. O ato de planejar deverá ser levado em conta se você quiser apresentar um bom projeto. Muitos de nós iniciam ações sem planejamento e somos surpreendidos por imprevistos ao longo da execução. Para projetos que pretendem ser sustentáveis é necessário que nos concentremos na parte do planejamento para alcançar os objetivos pretendidos, bem como articular 35


parceiros que contribuam com sua execução. Nesta parte da F.O.C.A., compartilhamos informações sobre o que é um projeto e quais são os elementos que o compõem, tendo em vista ampliar a capacidade de organização de ideias e esclarecimento de nossos leitores.

> O QUE É UM PROJETO? Escrever um projeto cultural é organizar de forma clara as ideias e os pensamentos. Um projeto é a escrita de uma proposta de intervenção da realidade, que resulta em um produto, serviço ou proposta exclusiva. Quando uma pessoa ou grupo se propõe a escrever um projeto, freqüentemente partem de uma vontade ou motivo. Esse seria o problema a ser resolvido, o foco de intervenção de sua ação. Para isso, definir qual o foco de sua ação é a primeira coisa a ser fazer. Não há mistério em escrever um projeto. É preciso apenas atenção, leitura e prática em sua escrita, para que outras pessoas compreendam quais são seus objetivos com sua execução e no que este projeto irá resultar. Fazer um projeto, porém, exige que tenhamos minimamente um conjunto de informações descritas a fim de explicar a idéia central. Caso contrário, o avaliador ou parceiro não entenderá a proposta que você está querendo realizar. Existem algumas definições básicas que norteiam a criação de um projeto: apresentação, objetivos, metodologia, justificativa, cronograma, planilha orçamentaria, equipe, etc. Estas definições são projetadas sempre a partir de dada visão da realidade, que definirá os objetivos a serem alcançados pela realização do projeto. Dessa forma, reunimos nesta Cartilha F.O.C.A. um roteiro base, que não precisa ser seguido à risca por você, mas é uma sugestão de organização. Utilize também sua criatividade para enriquecer suas propostas e se possível converse com colegas do grupo, divida suas experiências com pessoas que você confie, peça orientação. Mãos à obra!

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> ESTRUTURA BÁSICA DE UM PROJETO TEMA O tema é o assunto do seu projeto: música, dança, teatro, artes visuais, intervenções urbanas, educação, literatura, grafitte, esporte, cultura etc. É o assunto fundamental ao qual os objetivos do projeto vão estar ligados. TÍTULO OU NOME É a identificação do projeto. Como você quer que seu projeto seja reconhecido? Quais palavras ou frases resumem a sua proposta? Deixe para formular o título ao longo do desenvolvimento do projeto, o nome irá surgir com o tempo e as novas ideias. RESUMO Deve ser o último item a ser escrito apesar de estar vinculado ao inicio do projeto. Após finalizar todo o projeto, reúna as principais etapas de cada tópico e coloque no resumo de forma objetiva. O resumo deve conter as principais informações referentes ao projeto. Na formatação do projeto escrito, deve vir antes da apresentação. É um item que deve despertar o interesse do leitor para seu projeto de forma objetiva e clara. APRESENTAÇÃO (O QUÊ?) Escreva e apresente de forma clara e objetiva como a sua ideia surgiu? Quais foram as referências que utilizou e como você a estruturou? Descreva os caminhos que percorreu para que chegasse a ideia. Descreva também qual foi o problema que identificou, a partir de suas vivências e realidade na qual ela está inserida. Para qual público ela se destina? OBJETIVOS (PARA QUÊ?) Geralmente há um Objetivo Geral e alguns Objetivos Específicos. Os específicos ajudam a atingir o objetivo mais importante (geral). São apresentados comumente em tópicos claros e breves e sempre com verbos no infinitivo (identificar, promover, contribuir, melhorar, capacitar, dinamizar etc). É uma hipótese de solução sobre o impacto ou benefício que deseja obter ao final do projeto. > Objetivo Geral: Descreva o ponto aonde se quer chegar através da execução do projeto. Deve-se estabelecer apenas um. Pense 37


que cada projeto é a resposta a um problema detectado. Para que você precisa desenvolvê-lo? O Objetivo Geral de um projeto é uma descrição da solução de um problema que tenha sido diagnosticado por você. > Objetivos Específicos: São operacionais e correspondem ao que se pretende colocar em prática através do projeto; definem as ações que serão executadas para se chegar ao objetivo geral. Podemos traçar vários objetivos específicos. São construídos (assim como o objetivo geral) com frases que começam com verbos no infinitivo. JUSTIFICATIVA (POR QUÊ?) O que leva você a organizar e querer realizar este projeto? Por que colocar esta ideia em prática para neste território/ comunidade/ linguagem artística? Qual a importância do projeto para os beneficiários? Por que ele deve existir? Qual a situação atual, a realidade identificada e a importância deste projeto na resolução dos problemas levantados? Se possível apresente dados que referenciem a sua percepção. METODOLOGIA (COMO?) De acordo com sua análise prévia do ambiente e das oportunidades que enxergou para desenvolver seu projeto, este é o momento de traçar as estratégias, o caminho para alcançar seus objetivos. Os objetivos são seu ponto de chegada ou resultado. Mas como você chegar até eles? Como ponto de partida, defina as ações que você precisará desenvolver para alcançá-los e como você irá desenvolver estas ações de forma integrada para chegar ao seu resultado final. Defina suas estratégias de ação. Estas estratégias representam as etapas utilizadas para se alcançar os objetivos e fazer com que eles aconteçam. A metodologia se difere das atividades ou plano de ação pois envolvem a criação de estratégias que conectem uma ação a outra. Minhas estratégias dependem do que tenho à minha disposição para trabalhar e de como articulo o que está à minha volta para desenvolver o que eu desejo. Ambas cumprem o objetivo de atravessar o rio, mas de formas diferentes, com metodologias diferentes. A metodologia deve estar sempre de acordo com seus objetivos. DETALHAMENTO DAS ATIVIDADES OU PLANO DE AÇÃO 38


Quais as etapas que você deve cumprir para realizar seu projeto? As atividades são as tarefas, as ações que devem ser desenvolvidas para se alcançar os objetivos específicos. São as providências que precisam ser tomadas para que o projeto seja executado. São preferencialmente descritas em quadros, com duração da atividade e, por vezes, ao lado de cada objetivo específico. É importante descrever em tópicos tudo o que você irá articular para desenvolver a sua ação - assim você vai perceber onde terá que ir, quantas pessoas estão envolvidas, quais equipamentos irá utilizar, quais locais irá utilizar etc. Com base nas atividades é que definiremos o orçamento e o cronograma. Detalhamento das Atividade Descreva as principais atividades do projeto e informe o tempo previsto para sua execução. Utilize quantas linhas precisar Atividades

Duração

CRONOGRAMA (QUANDO?) O cronograma pretende demonstrar de forma cronológica e em linha temporal as atividades e as tarefas que devem ser cumpridas na produção do projeto. Ele deve deixar claro quanto tempo será necessário para que todas as etapas envolvidas sejam cumpridas e todas as ações previstas sejam executadas. É preciso determinar quanto tempo cada atividade requer para ser executada e definir quando essas atividades serão realizadas. Pode-se montar um quadro com as atividades de um lado e os meses (ou semanas) de outro, marcando com um “”X”” quando serão realizadas. 39


Cronograma Atividades

Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

PÚBLICO ALVO (PARA QUEM?) A quem, especificamente, o seu projeto se destina. Pense em seu público de acordo com as atividades propostas por você. Quem se beneficiará diretamente de seu projeto? Este é o seu público alvo! ESTIMATIVA DE PÚBLICO Quantas pessoas o projeto pretende atingir? Com base nas ações planejadas, descreva neste ponto a quantas pessoas você pretende atingir diretamente e indiretamente. Diretamente são as pessoas que participam de seu projeto de forma efetiva - vão ao espetáculo, assistem à apresentação, compram um produto etc. Indiretamente são as pessoas que podem receber informações sobre seu projeto a partir de amigos, conhecidos ou familiares que participaram dele, que podem ter lido publicações relacionadas em redes sociais, enfim, pessoas que de alguma forma sabem da existência de seu projeto, mas não participam diretamente. LOCAL DE EXECUÇÃO (ONDE?) É o território/ comunidade/ ambiente no qual será executado o projeto. Pode ser uma região, um território (bairro, cidade), um equipamento público etc. BENEFÍCIOS A SEREM PRODUZIDOS A PARTIR DA REALIZAÇÃO DO PROJETO No que o projeto irá resultar? Qual a contrapartida para as comunidades e para o público envolvido? É importante ressaltar que todo projeto prevê a geração de um produto ou de produtos. Esses produtos podem ser 40


entendidos como contrapartidas para o público, para as comunidades ou para as organizações beneficiadas pela realização do projeto. MATERIAL DE DIVULGAÇÃO Como divulgar o projeto e por meio de quais mídias? É necessário descrever os materiais que serão utilizados para uma boa divulgação do seu projeto. É necessário ter em mente que é a divulgação que mobiliza o público e informa acerca dos objetivos do projeto.

Material de Divulgação (informe a peça - cartaz, folder, panfleto, convite etc)

Meio de Divulgação (online, impresso, mídia externa etc)

Quantidade (informe a quantidade de peças a serem produzidas)

PLANILHA DE CUSTOS Esta planilha reúne todos os recursos que deverão ser investidos para a realização do projeto. Você deve listar recursos materiais, por compra ou aluguel (figurino, eletrônicos, som, luz, palco, local, transporte, alimentação etc), e ainda recursos humanos (pagamento de pessoal, cachês etc).

Item

Descriminação Unidade Quantidade Valor da despesa unitário

Valor total do projeto

Valor total

R$0,00

R$0,00

R$0,00

R$0,00

R$0,00

R$0,00 R$0,00 41


EQUIPE DO PROJETO Quais os profissionais que integraram a equipe do projeto? É importante definir os recursos humanos que serão necessários para desenvolver cada atividade e o projeto como um todo. Apresentar as funções e atribuições de cada um dentro de sua proposta. Equipe Técnica do Projeto Nome

Atribuições

CURRÍCULO O currículo é a sua carta de apresentação como proponente ou integrante do projeto. Manter seu currículo atualizado é importante para respaldar as ações que você pretende desenvolver com o projeto. É importante acrescentar experiências e saberes adquiridos de forma regular e formal (informar escolaridade, formação acadêmica ou extra-curricular ministrada por instituições, oficinas, mini-cursos etc), mas também de forma prática (experiências práticas com linguagens artísticas, habilidades autodidatas etc). O currículo é uma apresentação das suas capacidades técnicas, e da equipe, para possível execução do projeto. Os dados contidos nele servem para ajudar o avaliador a perceber as experiências e capacidades profissionais de quem propõe e compõe a equipe do projeto. O currículo deve ser apresentado na forma de texto escrito, ser direto e utilizar uma linguagem formal. Não deve ser muito extenso. As informações contidas no Currículo devem ser verdadeiras, breves e simples. PORTFÓLIO É a reunião de trabalhos já realizados por profissionais que atuam em uma determinada área. Ele pode ser um material que condense trabalhos desenvolvidos individualmente ou trabalhos desenvolvidos por um grupo ou coletivo, por uma instituição etc. É criado de forma visual e têm a missão de agregar informações que 42


vão além do currículo simples. Busca-se com esse documento agregar valor às produções do(s) indivíduo(s) realizador(es) do projeto. É uma possibilidade de incluir imagens e comprovar sua experiência - agora em formato mais visual. É possível agregar mais textos sobre determinado projeto já realizado por você ou pelo grupo proponente do projeto, ou até mesmo um histórico mais detalhado do projeto escrito - caso esta não seja uma primeira edição. O portfólio pode conter fotos, links, reportagens, matérias jornalísticas etc. Selecione os itens que entrarão no portfólio de acordo com o tema e objetivos de seu projeto. Preocupe-se em manter as informações legíveis e organizadas. CLIPPING É a reunião de matérias publicadas em sites, revistas (impressas ou eletrônicas), portais de informação etc, a respeito de seu projeto. O clipping é a reunião de materiais publicados por mídias que comprovem, por registros visuais publicados por outras pessoas e veículos, a execução do projeto, por edições anteriores, ou a atuação da equipe em determinada área - caso o projeto seja a proposta de uma primeira edição. Este material serve para reforçar e demonstrar envolvimento da equipe, ou realização de ações similares pelo grupo, anteriores à proposta do projeto escrito.

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MÍDIA E COMUNICAÇÃO > LEITURA CRÍTICA DE MÍDIA Somos o tempo todo bombardeados por informações de diversas fontes e de diversas visões. O que nos atinge de forma mais abrangente são os chamados meios de comunicação de massa, aqueles que buscam nos atingir através de um só emissor: a TV, o jornal impresso e o rádio. Estes meios são poderosos e influenciam o nosso dia-a-dia, como entendemos o mundo que nos cerca, que identidade temos, o que consumimos, no que acreditamos. Estes meios reforçam e reproduzem estereótipos de jovens, negros, mulheres, LGBTTs e movimentos sociais e, por serem as fontes de informação em que as pessoas mais confiam¹, criam um mundo de percepções acerca da realidade que nos cerca. É provável que você, assim como nós, não consuma informação apenas das fontes tradicionais e que utilize como fonte de informação meios de comunicação digitais (portais de notícias, veículos independentes, redes sociais) e/ou comunitários (jornais comunitários, jornais que circulam de forma alternativa). O confronto dessas mídias alternativas com a TV, o rádio e o jornal é essencial para tomarmos consciência dos sujeitos que estão nos informando, a quem estes meios servem e a quê servem. Nos assumindo enquanto produtores culturais alternativos - no sentido de alternativos à hegemônica mídia de massa, precisamos entender o local que ocupamos, para quem falamos e por onde falamos. Saber distinguir o que é informação e o que é desinformação é grande parte deste processo. É necessário compreender um pouco do funcionamento dos veículos de comunicação - eles representam instituições de poder. Estado, bancos, construtoras, igrejas, agropecuários - todos estes comandam de alguma forma estes meios, pautando como noticiam a população e o quê noticiam à população.

1. Pesquisa Brasileira de Mídia 2015: Hábitos de consumo de consumo de mídia pela população brasileira. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Disponível em: http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativasde-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf 44


Vamos pegar como um exemplo a notícia publicada no Gazeta Online² sobre o Festival Tarde no Bairro que o Assédio Coletivo realizou em São Benedito em Setembro de 2014. Em seu título já nos diz que “Festival leva música, dança e cinema a São Benedito, Vitória”. Com este discurso, o veículo assume que, no bairro onde será realizado o festival, manifestações artísticas destas linguagens não existem e que alguém ou alguéns precisa levá-las para lá. É como se o público do bairro precisasse ser educado com uma outra cultura que vem de fora. Essa informação poderia ser dada de outra forma e com outro sentido, levando em consideração as produções do bairro e os fazeres culturais do território. Ler duas vezes uma mesma notícia, buscar outras fontes de informação, desconfiar, conversar com outras pessoas são formas de estar melhor informado e mais consciente da realidade que te cerca. Além disso, precisamos compreender que somos capazes de criar outras mídias para combater os estereótipos da mídia de massa e falar, nós mesmos, sobre a nossa realidade. Podemos criar blogs, fanzines, jornais comunitários, informativos, panfletos e distribuí-los à nossa comunidade para informála e fortalecê-la. Sugerimos aqui não ignorar a existência da mídia de massa, mas tomar consciência de que podemos dialogar com estes veículos e informá-los sobre nossa realidade - tentar utilizá-los a nosso favor de alguma forma. Em paralelo a isso, é necessário construir nossos próprios veículos e canais diretos de diálogo com o público e com a sociedade - a nossa própria voz, a nossa própria mídia: livre e ativa.

> PLANEJAMENTO DE COMUNICAÇÃO Antes de abordarmos como comunicar seu projeto, queremos que reflita sobre o planejamento de projetos já executados ou que vai executar. É fundamental ter todas as informações do projeto organizadas - artistas, local, data, horários, fornecedores, parceiros. Este é o primeiro passo para simplificar a comunicação. Tenha claro as respostas para essas perguntas: o quê? quem? quando? onde? como? e para quê? 2. Festival leva música, dança e cinema a São Benedito, em Vitória, notícia do Gazeta Online de 24/09/2014. Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/musica/noticia/2014/09/festival-leva-musica-danca-ecinema-sao-benedito-em-vitoria.html 45


Tente transformar estas respostas em pequenos textos ou palavraschave. Converse com o seu grupo/coletivo sobre estas questões. Depois disso tente responder as mesmas perguntas só que pensando na comunicação: quem é o seu público? (onde ele está, o que ele faz), que mensagem você quer passar? (a resposta de “o que é o seu projeto” entra aqui), quanto tempo você tem para comunicar ou quanto tempo você vai utilizar para isso?, por quê? (o que você espera como resultado da comunicação), como comunicar? (por onde a sua mensagem vai chegar? por qual veículo?). Feito isso já é possível seguir para os próximos passos: assessoria de imprensa e redes sociais.

> ASSESSORIA DE IMPRENSA: PARA QUE SERVE? COMO FAZER? As mídias são bastante úteis para nos ajudar a chegar ao nosso público, basta saber como utilizá-las a favor do seu projeto e da sua comunidade. Aqui vamos apresentar uma forma simples de conseguir com que os jornais, as TVs, as rádios e os portais noticiem aquilo que estamos fazendo e da forma como queremos que seja noticiado. A primeira coisa a se fazer é: a partir das informações que colheu na etapa de planejamento sobre o seu projeto, elencar o que é de maior importância e primordial de ser dito. Faça uma ordem do mais importante até aquela informação que é importante mas pode ficar de fora - como em uma pirâmide inversa (a base é o que se tem de mais importante e o cume o menos importante). Perceba também qual é a característica que mais chama atenção do seu projeto, qual é o mote dele. Este é o começo da organização do release. O release é uma notícia pronta para ser publicada, transformada em matéria de tv ou para servir como base para uma entrevista. Tendo as informações (das perguntinhas o quê? quem? quando? onde? como? e para que?) - elencadas do mais para o menos importante, você deve ir escrevendo com linguagem simples e direta, utilizando sempre conectivos - palavras que conectem as informações. Um release é contar uma historinha pensando que todas as informações 46


das perguntas acima devem estar no início do texto (geralmente no primeiro parágrafo), sendo mais detalhadas em seguida - ao longo do texto. No final do release geralmente lista-se o “serviço” do que acontecerá - resumindo o nome, o que é, quando é, se possui entrada grátis ou paga, bem como outras informações como contato de artistas. Você pode sempre procurar uma matéria sobre um evento ou um projeto que seja parecido com o seu para usar de referência - em anexo, como possível referência, o release de um dos Festivais Tarde no Bairro (FTNB), produzido pelo Assédio Coletivo. Sugerimos buscar imagens que possam ilustrar o seu projeto - lembre-se de dar os créditos ao fotógrafo. Feito isso, releia e veja se é possível entender o que você quer dizer, baseado apenas nas informações que escreveu. Se for possível, mostre para outra pessoa do coletivo e/ou alguém que não sabe do que se trata o projeto/ação e confirme novamente se é possível entender o projeto. Com o seu kit para a imprensa em mãos (release + outros conteúdos se houver e fotos), envie e-mail para os veículos que acredita que o seu público acessa. De modo geral, os contatos dos jornais ficam disponíveis em locais visíveis nos sites deles ou nos jornais impressos também em locais visíveis. Enviou? Ligue em seguida para o jornal perguntando se receberam o e-mail. Recebeu? Maravilha, provavelmente te contactarão para outras informações ou para acertar a entrevista, marcar o local (caso seja necessário). Não te contactou? Insista. Ligue novamente, mande e-mail e converse com o responsável. Última dica, se tudo isso parecer muito difícil ou se não houver tempo, você pode ligar ou mandar e-mail para os jornalistas informando que é novo neste trabalho de assessoria de imprensa e que queria divulgar mesmo assim sua ação, pois a considera importante para a comunidade - tente explicar de alguma forma o que deseja noticiar e não hesite em pedir ajuda neste caso. Feito tudo isso, foi publicado, saiu a matéria na tv, no rádio, na internet? Guarde estas publicações como memória do coletivo, para consulta de vocês ou mesmo para comprovar ações em projetos posteriores. Guarde o registro virtualmente e impresso, se possível. 47


COMO COMUNICAR SEU PROJETO VISUALMENTE? A divulgação online e através de cartazes, panfletos, mosquitinhos, precisa de uma arte gráfica. Esta é a forma visual que você apresenta o seu projeto ou a sua ação. O importante é que a pessoa seja informada. Você pode fazer com programas de edição de imagem ou ilustração, pode fazer a mão com recortes de revistas, desenhado, com xerox - não existe um só jeito de fazer. O ideal é que o destaque seja a informação que você quer passar, do mesmo jeito do release, o quê? quem? onde? como? Evite elementos visuais (cores, desenhos, letras) que possam ser confusos ou chamem atenção demais e causem ruído na sua comunicação. Utilize-se das referências visuais que estão ligadas ao seu projeto e ao seu público. REDES SOCIAIS Utilizando facebook, e-mail, instagram e site você chega às pessoas de forma rápida e fortalece laços com o seu público. Seguindo a mesma orientação das outras mídias, aqui você também precisa responder às perguntinhas quando for falar com as pessoas. E continua sendo uma conversa - alguém que tem uma mensagem e vai passar para outra pessoa. Não vamos entrar nas especificidades de cada uma das mídias as fórmulas são muitas para este caso e nem sempre efetivas. Aqui a sua rede e as redes daqueles que te cercam precisam ser utilizadas: eventos, fotos, mensagens, compartilhamentos. Se apresentar de forma menos formal e mais humana é uma forma bacana de começar e seguir para engajar o seu público. Caso a sua articulação seja comunitária a aproximação com seu público presencialmente é fundamental - e provavelmente algo que você já faz. As redes online serão extensão e reforço ao seu trabalho efetivo em sua comunidade e é bacana utilizá-las pensando que você pode convidar outras iniciativas e aglutinar novos parceiros para seu movimento comunitário.

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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES > GERENCIAMENTO DE PROJETOS Gerenciar um projeto exige dos indivíduos envolvidos dedicação e comprometimento. É necessário que todos os envolvidos estejam de acordo com o que está sendo proposto e executado. É necessário que todos conheçam profundamente os objetivos traçados e os mecanismos adotados para a busca dos resultados idealizados por todos. É fundamental na tarefa do gerenciamento das atividades e no dia-adia, que a equipe esteja comprometida e engajada para o sucesso do projeto. É necessário criar estratégias de comunicação entre a equipe, destinando momentos para a troca de ideias, diálogos e atualização da equipe sobre o status de execução do projeto.

> CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO É importante que você observe o contexto político, sociocultural, econômico, e outros possíveis, no qual sua proposta será desenvolvida. A argumentação de seu projeto será escrita a partir de suas vivências, de seus estudos sobre os temas que quer abordar, das suas referências de pesquisa. Seja sempre um conhecedor da realidade na qual quer intervir por meio do projeto, converse com as pessoas e procure publicações, vídeos, imagens, textos que contribuam com sua proposta - e lembre-se de citar no projeto os materiais utilizados como referência - assim como fizemos aqui neste material.

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REFERÊNCIAS ONLINE > AGÊNCIA REDES PARA JUVENTUDE http://agenciarj.org/ http://agenciarj.org/copie-e-cole/ - Acesso à metodologia da Agência; > C.A.J.A. (CARTILHA DE APOIO AO JOVEM ARTISTA) - PROGRAMA REDE CULTURA JOVEM http://issuu.com/rcjovem/docs/caja > INFOESCOLA http://www.infoescola.com > MAPA DA VIOLÊNCIA 2014 http://www.mapadaviolencia.org.br/pdf2014/Mapa2014_JovensBrasil_ Preliminar.pdf h t t p : //w w w . m a p a d a v i o l e n c i a . o r g . b r/p d f 2 0 1 4 / M a p a 2 0 1 4 _ AtualizacaoHomicidios.pdf > PROGRAMA REDE CULTURA JOVEM http://portalyah.com > SITE VALBER LUCIO (DICAS PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS) http://valberlucio.com

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BIBLIOGRAFIA Alguns dados sobre a juventude. Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal. www.onuportugal.pt, Centro Regional de Informação das Nações Unidas (UNRIC). Disponível em: https://www.unric.org/html/ portuguese/ecosoc/youth/Jovens-3.pdf AMORIM.Ricardo Henriques Pereira, O jovem, o estatuto da juventude e a EC 65/2010. Site Âmbito jurídico.com.br. Disponível em: http://www. ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_ id=10545 Apostilas do Programa de Capacitação em Gestão de Projetos e Empreendimentos Criativos - Elaboração e Gestão de Projetos Culturais. Ensino à distância: SENAC e Ministério da Cultura 2013/2014. Beltrão, F. B. Produção colaborativa na rede: um olhar sociocultural. Revista Contemporânea, nº12, Edição 2009/1. Disponível em: http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_12/contemporanea_n12_11_ filipe.pdf Bettero, Maria Cecília Magalhães. Elaboração de Projetos para Capacitação de Recursos - Com Foco em Inovação. Vitória: SEBRAE, 2009. Bruce, Andy. Como gerenciar projetos: Seu guia de estratégia pessoal. Dorling Kindersley Limited. Londres: Publifolha, 2000. Cejuve demanda diálogo com o governo em sua primeira reunião de 2015. Notícia no site do CEJUVE de 17 DE JANEIRO DE 2015. Disponível em: https://cejuvees.wordpress.com/ Cachoeiro ganha Centro de Referência da Juventude, notícia do site Cachoeiro Viaes.com.br de 25/09/2012. Disponível em: http://www. viaes.com.br/site4/exibir/36642 CALIARI. Hingridy Fassarella, Observatório Capixaba de Juventude. 2012. Disponível em: https://www.google.com.br/ url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&cad=rja&uact= 51


8&ved=0CCsQFjAD&url=http%3A%2F%2Faves.org.br%2Fwpcontent%2Fuploads%2F2014%2F08%2F000557_20140806124120.ppt &ei=9IP9VOmDKoarNpLKg9gB&usg=AFQjCNES4noDE7SqzsUVH-Ped n6739g42Q&sig2=QR6gkBKdVgEhPrlfGsyjnA&bvm=bv.87611401,d.eXY Conselho Estadual de Juventude toma posse no Espírito Santo. Notícia no site Portal do Governo do Estado do Espírito Santo. 2013. Disponível em: http://www.es.gov.br/Noticias/159726/detalhes.htm Documento base da I Conferência Nacional de Juventude. “Levante a sua bandeira”. 2008. Disponível em: http://www.secretariageral.gov. br/.arquivos/imagens-publicacoes/DocumentoBase.pdf Enne, A. L. S. Conceito de rede e as sociedades contemporâneas. Revista Comunicação e Informação, V7, nº2: pág 264 - 273. jul./dez. 2004. Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/ci/article/ viewFile/24452/15165 FARIAS. Danilo,Histórias do Seminário Nacional da Juventude. Banco Palmas. Políticas públicas. Disponível em: http://www.bancopalmas. org.br/sispub/cgi-bin/myPage.fcgi?idWebSite=1268&idSecao=3121&idN ota=16380&infoAdicional=capa&pagOrigem=pagCapa&acao=mostrarMa teria&iframe=1 Festival leva música, dança e cinema a São Benedito, em Vitória, notícia do Gazeta Online de 24/09/2014. Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/musica/noticia/2014/09/festivalleva-musica-danca-e-cinema-sao-benedito-em-vitoria.html JARDIM, Renata; org. CONCEITO DE JUVENTUDE- O que é ser jovem hoje? COLÉGIO ESTADUAL PINHEIRO. CURITIBA. 2014. Disponível em: http://www.emdialogo.uff.br/content/conceito-de-juventude-o-que-eser-jovem-hoje LIMA. Christiane, Voto aos 16 anos: Direito e responsabilidade. Elo internet. Disponível em: http://elo.com.br/portal/colunistas/ver/230382/ voto-aos-16-anos--direito-e-responsabilidade--.html PEREIRA. Cláudia da Silva, Juventude como conceito estratégico para a publicidade. Comunicação, mídia e consumo. São Paulo. Vol. 7. nº. 18 2010. Disponível em: http://revistacmc.espm.br/index.php/revistacmc/ 52


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Juventude “Juventude, Desenvolvimento e Efetivação de Direitos”. “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil”, 2011. Disponível em: http:// formacaoredefale.pbworks.com/f/TEXTOBASEDA2ONFER%C3%8ANCI ADEJUVENTUDE%20_1_.pdf

ANEXOS > RELEASE DE EXEMPLO 20ª EDIÇÃO DO FESTIVAL TARDE NO BAIRRO: MÚSICA, DANÇA E POESIA NA PRAÇA DOS NAMORADOS Chega o verão e junto dele a vontade de ir para as praças, para as ruas, aproveitar o sol! De frente para a praia na Praça dos Namorados, acontece o festival de artes integradas Tarde no Bairro, neste domingo à partir das 14 horas. O Festival reúne bandas autorais, feira de produtos artesanais e intervenções artísticas. Diversidade de sons e linguagens artísticas é o mote desta edição. Indo do rap ao rock pesado, no palco se apresentam as bandas Camarilo (indie-rock), Blackslug (stoner rock), Mc Jack da Rua (rap) e Mango (rock). Todas as atrações musicais do Tarde no Bairro lançaram seus trabalhos autorais nos últimos meses e todos estes lançamentos já podem ser baixados gratuitamente ou escutados online. A promotape Promo(a)ção do Mc Jack da Rua, o EP Unsober da Blackslug e o EP Orange Damn Substance da Mango estão disponíveis na plataforma Soundcloud . O EP Souvenir da Camarilo está disponível no Bandcamp. Para completar a tarde as apresentações de dança ficam por conta do Duo Ronaldinho & Bárbara junto da Conexão Flow Bgirls, e também do Underground Funkers junto do Style2Crew. O festival ainda conta com as intervenções poéticas do grupo Confraria dos Bardos e com a participação dos cicloativistas do CUC - Movimento Ciclistas Urbanos Capixabas. Nas banquinhas ao redor do Festival: serigrafias, gravuras, camisetas infantis, livros, pelúcias, publicações independentes, HQs e 54


vinis. Esta é a 20ª edição do Festival Tarde no Bairro e encerra o ano de atividades do Assédio Coletivo. Neste ano Assédio Coletivo produziu seis edições e circulou pelas cidades de Vitória e Santa Teresa, no interior do Espírito Santo. Foram cerce de 60 apresentações de grupos artísticos autorais e mais de 300 artistas envolvidos em todas as edições. Serviço: Tarde no Bairro - Praça dos Namorados 15 de dezembro, 14h Ao lado da Feirinha da Praça dos Namorados, Praia do Canto - Vitória - ES Link para evento no Facebook: https://www.facebook.com/ events/229140807257145/?fref=ts Bandas: Mc Jack da Rua - http://bit.ly/18mg0DJ Camarilo - http://bit.ly/1cBkrtI Blackslug - http://bit.ly/18mgklR Mango - http://bit.ly/19mJIHt Intervenções: - Underground Funkers + Break (Chapola) + Style2Crew

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