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Oamor é doce

A saga gastronômica de uma família é premiada.

POR JOSÉ DIAS PASCHOAL NETO

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“Desde que eu me conheço por gente, a cozinha está envolvida na minha vida. Eu lembro da minha avó sempre fazendo muita comida, coisa de família libanesa”. Foi com esta frase, que Flávia Yazbeck Delalibera, neta de Dona Lahila (se pronuncia Laila), filha da Rita, e madrinha da Laura, de 6 anos, se apresentou no programa Que seja Doce, do canal GNT Com a mãe como assistente, ela venceu o episódio onze, da temporada oito, que foi ao ar no dia 12 de abril deste ano. O tema, a comida da Síria e do Líbano. O doce premiado: Burma (cabelinho de anjo) de recheio de damasco, raspinha de limão, amêndoas, pistache e calda de flor de laranjeira. (veja a receita e mais outra delícia)

Quem conhece a família e seus quitutes maravilhosos (Café Lafarrihe, que é mais conhecido como Café da Rita), que fica bem no centro de São João, torceu e vibrou bastante. “Muita gente veio nos dizer que sentiu a presença da minha mãe na premiação”, conta Rita, olhando, orgulhosa, para a filha: “a Flávia é muito melhor do que eu” Também emocionada, a filha complementa: “não existe Flávia sem Rita e nem Rita sem Flávia”. E nenhuma delas existiria sem Dona Lahila, que mais do que a herança genética, junto com o pai, “seo” Waldemar, deixou o legado da cozinha feita com muito esmero e grandes porções de amor e afeto. Fui privilegiado de viver, por muitos anos, na minha infância e como adolescente, quase que diariamente, este acolhimento. São doces lembranças dos maravilhosos sabores e da generosidade de Dona Lahila.

N O Faltou Emo O

Do primeiro contato da produção no final de agosto do ano passado, até a gravação do programa nos dias 31 de ou- tubro e 01 de novembro, foram muitas emoções. Desde o “achar que era trote”, gravação de vídeo, feito com a irmã Fabiana, que havia sido escolhida para ir junto, períodos de ansiedade sem respostas, falta de tempo para estudar e preparar a receita teste. “Quase desisti”, lembra Flávia que sabia “era a chance da minha vida”. A confirmação de que foi escolhida, foi “indescritível”. Foi uma festa, mas muito reservada. Poucos da família sabiam, incluindo a Laurinha, que também guardou segredo. O programa punia com a desclassificação quem “vazasse” a informação.

Mas muitos desafios vinham pela frente. Fabiana não apresentou os índices de imunização exigidos para as gravações em estúdios. Era preciso substi- tuir a parceira, que deveria estar no dia seguinte em São Paulo para o teste. Rita embarca num ônibus às três da madrugada, faz o teste e vai para o programa. Estava formada a dupla!

Pap Is Trocados

“Nós discutimos muito, o tempo todo”. Na entrevista com as duas, esta frase foi repetida várias vezes. Não era para menos, pela primeira vez na vida, chefe e assistente trocaram de papéis. “Pelo amor de Deus, ouça sua mãe, pelo menos uma vez”. “Não, mãe. Eu estudei a receita, fiz os testes e vai ser do meu jeito”. E foi assim que o Ataife de Nozes, mesmo com as críticas dos jurados sobre a textura da calda, levou a dupla para disputar a final. Mas o que marcou mesmo a calda, foi a Rita ter servido numa xícara. Rindo, elas lembram que virou até meme a conversa entre elas gravada nos bastidores e apresentada no programa.

Legado

A disputa final seria com Virgínia, que trazia também muita tradição em sua culinária. E Burna, doce típico, que lembra fios de ovos, é o doce a ser produzido em uma hora e meia de prova. Mas Flávia e Rita perdem quinze minutos porque na dinâmica surpresa de sugerir o peso de uma massa, a concorrente chega mais próximo. Mesmo com este revés, Flávia se mantém calma e confiante “Me perguntava onde estava minha filha”, comenta Rita, com o sorriso aberto que a caracteriza tanto.

Três minutos antes do final do tempo reduzido, o doce está pronto. O ritual de apresentação aos jurados segue o modelo midiático dos “shows de realidade”, que mistura suspense, emoção e comentários dos juízes que vão das críticas aos elogios. Quando o apresentador do programa, Felipe Bronze, anuncia: a confeiteira mais doce é você, Flávia, a surpresa da vitória se transforma numa explosão de alegria. Flávia entrega medalha para a mãe e recebe o troféu. As duas, emocionadas, se abraçam, “O dia mais feliz da minha vida”, diz Flávia com os olhos mareados. Mas toda esta alegria teria que esperar seis meses para ser contada e compartilhada com todos.

No dia da exibição, 12 de abril, Laura estava tão emocionada que não assistiu ao programa. Mas ela já sabia que o prêmio seria dela, como prometera a madrinha “Gigi”. Uma premiação que consagra o amor da família Yazbeck pela culinária e que a pequena Laura, com certeza, seguirá seu legado. Até porque ela cozinha desde pequena. E já aprendeu a mais importante de todas as lições; que o amor é doce! A

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