BERRINI: UMA HERANÇA DE CARLOS BRATKE

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BERRINI:

UMA HERANÇA DE

CARLOS BRATKE



Agradecemos à Equipe Bratke Collet pela atenção com a qual nos recepcionou. Em especial ao engenheiro Flávio que abriu as

portas do Edifício Oswaldo Bratke, tornando nossa pesquisa possível; e à Bárbara Bratke que com alguns minutos de conversa, sanou dúvidas para as quais não encontrávamos respostas em nenhum livro.

Somos gratos aos Professores Felipe Contier e Maria Isabel Imbronito, pois através desta atividade pudemos evoluir nosso olhar crítico e vivenciar na prática a Arquitetura.

Dedicamos este livro à Carlos Bratke, como uma singela homenagem.


Ano 2017 MatĂŠria Arquitetura do Brasil II Professores Felipe Contier Maria Isabel Imbronito Turma F Textos Athos Vallim Dominic Lima Giovanna Coghetto Jessica Grenfell Michelle Harumi


Vista aĂŠrea da Avenida Engenheiro LuĂ­s Carlos Berrini.


EdifĂ­cio Oswaldo Bratke - Acervo do Grupo, 2017.


ÍNDICE

A Vida e a Arte de Carlos Bratke ............................................................7 Av. Eng. Luís Carlos Berrini: do nada ao lugar nenhum........................9 Edifícios de Escritórios na Berrini.........................................................13 1. Edifício Bandeirantes.................................................................15 2. Edifício Morumbi.......................................................................17 3. Edifício Panambi........................................................................19 4. Edifício Oswaldo Bratke.............................................................21 5. Edifício Plaza Centenário...........................................................25 6. Edifício Palace Berrini................................................................27 7. Edifício Jacarandá......................................................................29 O Olhar Individual.................................................................................31 A Lição de Carlos Bratke..............................................................32

Arquitetura de Carlos Bratke: Um parecer..................................33 Análise comparativa....................................................................35 O Espírito investigativo de Carlos Bratke.....................................37 Considerações finais....................................................................38 Bibliografia............................................................................................39


A VIDA E A ARTE DE CARLOS BRATKE Arquiteto e urbanista de importante atuação na adesão dos arquitetos ao Sindicato, Carlos Bratke, paulista, nascido em 20 de Outubro de 1942, seguiu a mesma carreira do pai, Oswaldo Bratke. Inicialmente, ser arquiteto não estava nos planos de Carlos Bratke: quando jovem pensava em ser pintor, atividade que praticou como hobby até o fim de sua vida. Acostumado com a profissão e convivendo com as atividades do pai, somado ao seu amor pelo desenho, criatividade e talento, nos anos de universidade trabalhou como desenhista no escritório de Oswaldo Bratke.

Formado em 1967 pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em Planejamento e Evolução Urbana em 1969 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, fez parte da primeira geração de arquitetos paulistas que contestou os dogmas da arquitetura moderna e com o conhecimento adquirido tanto na universidade quanto nos escritórios onde trabalhou, Carlos Bratke começa sua carreira de questionamentos e experimentações em meio à sua atuação na arquitetura paulista.

Carlos Bratke há 20 anos, na Berrini – Leonardo Colosso, 1997.

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Desenhos de Carlos Bratke – Edu Cesar, 2014.

Trabalhou como professor-adjunto de Representação Gráfica, e da Cadeira de Projeto na Faculdade de Arquitetura das Universidades, Mackenzie e Belas Artes. Foi nomeado vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil nos Biênios 88/89 e 90/91 e como presidente para o Biênio 90/93. Foi conselheiro da Fundação Bienal de São Paulo e presidente da Fundação Bienal de São Paulo em 1999/ 2002. Apesar de ser autor de diversos projetos fora do Brasil, suas produções mais conhecidas foram erguidas ao longo da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, em São Paulo, sendo, muitas de suas obras premiadas em razão do experimentalismo formal e técnico. Foi condecorado com diversos prêmios, dentre os quais, Prêmio Rino Levi em 1985, o Grande Prêmio da III Bienal Internacional de São Paulo em 1997, o Premio ASBEA – Edifícios Internacionais em 2006 e o Prêmio pelo conjunto de edifícios corporativos da XI Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires em 2007. Carlos Bratke faleceu em 09 de Janeiro de 2017, aos 74 anos de idade, vitima de um mal súbito, porem é certo que seu exemplo como um profissional questionador, criativo e empreendedor ainda vivera por muitas gerações que virão depois dele. 8


AVENIDA ENGENHEIRO LUÍS CARLOS BERRINI: do nada ao lugar nenhum Até o fim da década de 1960 o local de inserção da Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini era uma várzea pantanosa, conhecida como “dreno do Brooklin”, que captava a água dos córregos existentes naquele território. O que motivou a construção da avenida, “ligando o nada ao lugar nenhum” (BRATKE, 1992), não foi a solução de algum problema viário, mas a necessidade de cobrir o dreno. Foi justamente nesta avenida, sem um uso até o momento, a qual beneficiaria diretamente a cidade, que três arquitetos: Carlos Bratke; seu irmão, Roberto Bratke; e seu primo, Francisco Collet, escolheram para sediar uma área alternativa para edifícios de escritórios. A decisão se deu a partir de algumas características buscadas pelos arquitetos, tais como: uma área com terrenos baratos, possibilidade de expansão, fácil acesso, que possuísse um bom sistema viário e que apresentasse uma ausência de grandes construções em seu entorno. 9


Assim, a avenida que antes levava o nada ao lugar nenhum, torna-se como uma tela em branco, esperando que os arquitetos começassem a transformá-la em uma verdadeira obra de arte. “Sentíamo-nos diante de um panorama totalmente sem referencias construtivas que nos ativessem a estereótipos. Podíamos partir para quaisquer soluções arquitetônicas, que progressivamente iriam criando padrões de linguagem.” (CARLOS BRATKE, Cadernos Brasileiros de Arquitetura – Arquiteto Carlos Bratke, p.30). Utilizando de capital privado para o financiamento dos empreendimentos, sem nenhum apoio do poder público, Carlos Bratke e a construtora Bratke Collet já haviam implantado 20 prédios na região da Berrini, em apenas 10 anos. O fato de não terem criado um planejamento inicial para a construção de todos os prédios, e pela falta de disponibilidade dos terrenos, os quais à medida em que as construções eram finalizadas e os escritórios alugados, iam sendo adquiridos progressivamente para novos empreendimentos, explica o porquê do arquiteto ter produzido uma grande variedade de edifícios na região. Ainda assim, suas obras possuem uma uniformidade intencional buscada por Bratke em certos aspectos que serão explorados posteriormente. Foto Aérea do Dreno do Brooklyn em 1958 – O Estado de S. Paulo, 2010.

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Estudando modelos e configurações para prédios de escritórios, Carlos Bratke, conclui que a usual solução de núcleo central nem sempre é ideal para qualquer edifício. Fatores comerciais, econômicos, mudanças de uso ou dinâmica empresarial influenciam e muito a construção de tais edifícios. A utilização do núcleo central apresenta uma menor capacidade de alterações ou adaptações no uso do edifício depois que o mesmo já esta pronto. Dessa forma a solução adotada por Bratke para a execução de prédios que não possuem comprador ou uso especifico, é a da utilização de torres periféricas, pois ao mesmo tempo em que fazem o papel estrutural também contêm partes básicas e padrões do programa como: circulação vertical, copa, sanitários, depósitos e equipamentos de ar condicionado. Assim, além das torres de deixarem os pavimentos como se fossem grandes salões, livres de pilares e com uma maior possibilidade de adaptação ao uso, somadas à utilização de uma gama de materialidade explorada por Bratke em suas fachadas, compõem o bairro do Brooklin e principalmente a Av. Berrini de uma forma homogênea, como se fossem grandes “esculturas utilitárias”.

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Croqui Vista da Av. Eng. Luís Carlos Berrini – Carlos Bratke.

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EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS NA BERRINI Para entender melhor a relação de Carlos Bratke com a Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini e seu entorno, a compreensão do seu desenvolvimento e a relação entre seus edifícios de escritórios, é de vital importância explanar algumas de suas obras, implantadas na região ao longo de sua carreira, frutos de sua visão empreendedora, criativa e de um ideal fundamental para a gênese e a ascensão de uma das mais importantes centralidades da cidade de São Paulo.

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1976 1975

1979

1980

1982

1998 2012

Vista da Av. Eng. Luís Carlos Berrini por Satélite – Google Maps, Acesso em 2017.

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1. EDIFÍCIO BANDEIRANTES Ficha Técnica Ano do Projeto 1976 Ano de Construção 1977 Local Av. Eng. Luís Carlos Berrini R. Alcides Lourenço da Rocha , 828 Andares 12 Área Total 8.066,76m² Conjuntos por Andar 2

Dando inicio a esta linha do tempo, o projeto do Edifício Bandeirantes (1976), que foi executado em 1977, apresenta muito claramente o principal conceito utilizado por Carlos Bratke em seus edifícios de escritórios: o salão livre existente em doze pavimentos tipo, possibilitado pelas torres panorâmicas, possui 32m X 10m, porém, aqui as torres não possuem valor estrutural para as lajes do pavimento, função essa que é atribuída para os pilares nas laterais do prédio, os quais constituem uma malha de aproximadamente 5,33m X 10m, ainda possibilitando um amplo salão que pode ser utilizado para atividades diversas sem limitações espaciais.

Planta Pavimento Tipo – Bratke Collet.

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Edifício Bandeirantes, Fachada da R. Alcides Lourenço da Rocha – Bratke Collet.

As torres anexas são autoportantes e contêm as áreas e instalações técnicas, toda a circulação vertical, e no térreo uma delas abriga a recepção do edifício. A insolação é controlada em parte pelas próprias torres, mas também por brise-soleils préfabricados em elementos verticais que constituem uma aba horizontal. 16


2. EDIFÍCIO MORUMBI Ficha Técnica Ano do Projeto 1976 Ano de Construção 1978 Local Av. Eng. Luís Carlos Berrini, 801 Andares 12 Área Total 5.226,00m² Conjuntos por Andar 2

Nesse Edifício, ao invés de criar algumas torres para sediar as áreas técnicas e circulação vertical, Bratke concentra todas essas áreas em uma única torre; dessa forma o prédio é composto por duas torres octogonais interligadas, sendo a segunda a que possui em seu pavimento tipo o grande salão que possibilita a utilização do mesmo para até dois escritórios, e em seu térreo abriga o estacionamento entre seus pilotis. O sistema estrutural da torre de escritórios permanece distinto da torre em anexo e é composto por vigas chatas chanfradas que distribuem suas cargas para apoios verticais situados nas periferias desta parte do edifício.

Planta Pavimento Tipo – Bratke Collet.

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Edifício Morumbi, Fachada da Av. Eng. Luís Carlos Berrini – Livro Arquiteto Carlos Bratke, 1985.

Neste edifício Bratke não usa Brise-soleils para controle de insolação, nesta obra isso é feito pelo vidro reflexivo. Aqui a pintura em preto é o que marca a fachada do edifício: segundo ele, este elemento neutraliza efeitos mais rebuscados. É importante notar como em seu começo de historia com a Berrini, Carlos Bratke projetava seus edifícios com as suas inconfundíveis torres periféricas anexadas ao corpo de escritórios de uma forma distante e sinuosa, sem muita integração entre os dois elementos mas com uma grande preocupação em distinguir os mesmos entre si. 18


3. EDIFÍCIO PANAMBI Ficha Técnica Ano do Projeto 1980 Ano de Construção 1982 Local R. Geraldo Flausino, 61 Andares 14 Área Total 12.238,99m² Conjuntos por Andar 2

Observando a planta do Edifício Panambi é possível notar uma sutil mudança de alguns elementos de seus projetos anteriores: as torres anexas ao salão central estão cada vez mais integradas ao corpo principal do edifício, ainda sem o papel de caixa estrutural, mesmo que em alguns casos participem do sistema de sustentação das lajes de escritórios, característica que permeia os projetos de Carlos Bratke na Berrini desta época. Nota-se o surgimento de espaços reservados na planta tipo para a inserção de vegetação, outro elemento muito presente em seus projetos.

Planta Pavimento Tipo – Bratke Collet.

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Edifício Panambi, Fachada da R. Geraldo Flausino – Bratke Collet.

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4. EDIFÍCIO OSWALDO BRATKE Ficha Técnica Ano do Projeto 1982 Ano de Construção 1982 Local Av. Eng. Luís Carlos Berrini R. José Otaviano Soares, 1091 Andares 6 Área Total 2.745,10m² Conjuntos por Andar 1

A compreensão deste edifício é de vital importância para entendermos as obras projetadas por Carlos Bratke na Berrini, pois nele podemos observar uma síntese de tudo feito na Berrini por Bratke, tanto em termos de projeto quanto em modos de pensar e experimentar. Projetado originalmente para sediar uma série de escritórios para sua família, nele podemos notar um grande carinho por parte do arquiteto ao executá-lo, fato que pode ser confirmado pelo nome dado ao edifício: Oswaldo Bratke, nome do pai de Carlos Bratke.

Interior do Pavimento Tipo– Livro Arquiteto Carlos Bratke, 1985.

Edifício Oswaldo Bratke, Fachada da Av. Eng. Luís Carlos Berrini – Livro Carlos Bratke Arquiteto, 1999.

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Aqui o as torres periféricas passam a ser uma parte mais integrada do edifício, e além de abrigar Copas, sanitários e circulações verticais (uma delas dada através de um elevador panorâmico com vista para a avenida), também tem função estrutural do prédio. As quatro torres em prisma sustentam todos os pavimentos, dividem-se em dois blocos verticais com o objetivo de obter a planta livre para utilizar-se funções comuns como: terraço, cozinha e salas de exposição, que abrigava o escritório de Bratke, e hoje permanece aos cuidados de Barbara Bratke, sua filha. O tratamento de suas fachadas também demonstra um cuidado especial do arquiteto, onde Carlos Bratke explora tanto a materialidade como uma relação de cheio e vazios, criando uma espécie de “mosaico”, mesclando faixas de vidro reflexivo, vez ou outra sobressaem ou adentram a fachada, com a faixa de alvenaria aparente. Além disso, na fachada principal deixa exposto um sistema de tubulação em cor vermelha, o que torna o edifício característico, chamando atenção para algo inesperado.

Croqui Esquemático – Livro Arquiteto Carlos Bratke, 1985.

Fachada da R. José Otaviano Soares – Acervo do Grupo, 2017.

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Croqui Esquemático – Livro Arquiteto Carlos Bratke, 1985.

O bloco inferior possui dois pavimentos compostos por duas lajes defasadas cada, enquanto o bloco superior possui quatro pavimentos, dois formados por duas lajes defasadas e dois por lajes, em nível. Cada pavimento é ocupado por um escritório comercial enquanto os dois últimos pavimentos são ocupados pela construtora Bratke Collet. As Lajes são de estrutura protendida.

Vista do Edifício da Av. Eng. Luís Carlos Berrini – Acervo do Grupo, 2017.

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Corte A.A – Bratke Collet.


O estacionamento esta disposto em parte no térreo, próximo a recepção, e em parte no subsolo, que segue uma alternativa pouco convencional, criando taludes e paredes de contenção nas divisas ao invés de ser uma projeção do andar superior.

Subsolo visto da Calçada da Av. Eng. Luís Carlos Berrini – Acervo do Grupo, 2017.

Fachada Av. Eng. Luís Carlos Berrini– Bratke Collet.

Subsolo visto da Calçada da R. José Otaviano Soares – Acervo do Grupo, 2017.

Planta Pavimento Tipo – Bratke Collet.

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5. EDIFÍCIO PLAZA CENTENÁRIO Ficha Técnica Ano do Projeto 1982 Ano de Construção 1989 - 1995 Local Av. das Nações Unidas R. Joel Carlos Borges, 12995 Andares 32 Área Total 77.536,26m² Conjuntos por Andar 2

Conhecido como Robocop devido ao estilo futurista, o Edifício Plaza Centenário é um dos mais famosos arranha-céus da cidade de São Paulo. Bratke utiliza um tratamento de fachada diferente de suas outras obras da região da Berrini, nesta obra ao invés de concreto aparente associado ao vidro refletivo, utiliza cerca de 40 mil metros quadrados de painéis de alumínio resinado como revestimento. No entanto, a obra ainda carrega a assinatura do Arquiteto, bem como nas anteriores as torres sobressalentes nas fachadas ajudam a esculpi-la. As quatro torres periféricas em formato cilíndrico, abrigam espaços de manutenção e serviço, sanitários e o sistema de ar condicionado. Já as duas torres no centro da planta abrigam escadas de emergência, circulação vertical, sanitários e áreas técnicas. Neste projeto as torres voltam a fazer parte do sistema estrutural mas não funcionam sozinhas para a estruturação do edifício.

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Planta Pavimento Tipo – robocop-sp.com.br


Edifício Plaza Centenário – robocop-sp.com.br, 2012.

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6. EDIFÍCIO PALACE BERRINI Ficha Técnica Ano do Projeto 1997 Ano de Construção 1998 Local Av. das Nações Unidas, 716 Andares 10 Área Total 718.781,61m² Conjuntos por Andar 2

O Palace Berrini é um projeto em que Bratke utiliza de suas torres anexas para “emoldurar” as grandes fachadas de vidro, solução semelhante utilizada em seu edifício Concorde (não analisado nesta linha de tempo), porem menos usada pelo arquiteto em suas outras obras. As torres em seu vértice abrigam os sanitários, enquanto a função de abrigar as copas, circulação vertical e sistema de ar condicionado fica por conta da torre retangular posicionada no centro da fachada de trás do edifício. A planta dos dois escritórios existentes no pavimento tipo são praticamente livres, com exceção de dois grandes pilares internos localizados próximos à face de vidro voltada para a Av. Berrini, o restante do sistema de cargas verticais se da inserido nas torres periféricas, fazendo com que se tornem os grandes pilares do projeto.

Planta Pavimento Tipo – Bratke Collet.

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Edifício Palace Berrini– Bratke Collet.

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7. EDIFÍCIO JACARANDÁ Ficha Técnica Ano do Projeto 2012 Ano de Construção 2012 - 2015 Local R. Sansão Alves dos Santos Andares 7 Área Total 28.000m² Conjuntos por Andar -

Carlos Bratke encerra sua carreira e nossa linha do tempo de estudo com o que possivelmente seja o seu edifício mais inusitado de sua historia de atuação na Berrini. Nesse edifício não encontramos as usuais torres externas de seus projetos mas sim a solução de núcleo central que foi “abraçado” pelo corpo da obra. O que permanece de característico em mais um edifício de Bratke é a opção de manter o piso livre para uma melhor adaptação de layouts; mesmo se utilizando de um núcleo central ele ainda consegue cumprir esse desejo, fato que se dá por meio da utilização de uma malha estrutural periférica, que desce assim até os subsolos, criando também a possibilidade de um estacionamento mais livre e simples.

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Planta Pavimento Tipo –jacarandaberrini.com.br


Como de costume em seus projetos, Bratke deixa o térreo muito aberto, como nos outros edifícios, dando uma sensação de fácil transposição, além de nesse caso criar um amplo espelho d'água de onde sobem alguns pilares do edifício. Em sua fachada é possível notar mais uma inovação, faixas em tons de verde e cinza são criadas nas imponentes empenas de vidro, aqui elas parecem dar o mesmo efeito criado pelas faces em preto utilizada pelo arquiteto em seus projetos mais antigos. Edifício Jacarandá– Bratke Collet.

Uma das faces envidraçadas do edifício – jacarandaberrini.com.br

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OLHAR INDIVIDUAL

O Ponto de vista de cada integrante

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A LIÇÃO DE CARLOS BRATKE Por Athos Vallim

Ao estudar a história da vida profissional do Arquiteto Carlos Bratke e fazer uma análise de algumas de suas obras durante seu percurso de atuação na Berrini muitas coisas ficaram bastante claras a despeito de alguns aspectos de como fazer arquitetura no Brasil. Bratke nos mostra que a criatividade e a visão empreendedora, se somadas com a boa vontade podem nos levar a lugares inimagináveis. É interessante notar como cada uma de suas obras na Av. Eng. Luís Carlos Berrini reflete a praticidade e complexidade de Carlos Bratke; é claramente possível entender os seus métodos didáticos de experimentação ao longo de sua carreira, elementos de prédios que são reaproveitados em outros pelo simples fato de terem dado certo uma vez, novas soluções inexistentes até então em sua linha do tempo, e por aí em diante. Carlos Bratke era fiel aos seus ideais projetuais, no entanto não se utilizava de uma fidelidade cega, ele não produz uma arquitetura dominante, nem tenta ser a pessoa que diz saber o que é o certo ou o errado, pelo contrário, mostra a importância do saber experimentar soluções diversas para situações diversas com seriedade e criatividade. Com uma incrível coerência Bratke se adapta facilmente aos desafios existentes em cada projeto e mesmo assim ainda mantem sua linguagem em cada um deles, sua assinatura. Creio que essa seja a mais importante lição deixada por Bratke para os profissionais brasileiros que vieram e ainda virão depois dele.

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ARQUITETURA DE CARLOS BRATKE: Um parecer Por Dominic Lima

Carlos Bratke, como mostrado através deste e de outros livros para embasá-lo, foi de suma importância para a formação de uma linguagem arquitetônica de cunho investigativo, bem como da Av. Luís Carlos Berrini, hoje uma das mais importantes da capital, destacando não só sua arquitetura como também o aspecto do urbanismo. Algo onde os irmãos Carlos Batke, Roberto Bratke e seu primo, Francisco Collet se deparam como oportunidade de uma mudança de caráter da região através de um masterplan, como mostrado no croqui do próprio arquiteto abaixo.

Croqui da Região da Av. Berrini por Carlos Bratke – Livro Arquiteto Carlos Bratke, 1985.

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O lado empreendedor exaltou a liberdade criativa de Carlos Bratke, já que não havia um perfil de clientes para os quais era obrigado a construir, foi de extrema importância para definir sua maneira de projetar, deixando seu legado não só para São Paulo. A admiração por Oscar Niemeyer declarada em entrevista para o livro Caderno da Arquitetura Brasileira, revela o espírito do arquiteto, o qual consistia em “caminhar com seus próprios pés”, algo que Oscar o fez a partir da influência Corbusiana. A força da arquitetura de Bratke vem de sua maneira única de projetar, sem medos, não limitava-se em questão de materiais ou o resultado da volumetria, pelo contrário, sempre estava em busca de transcendê-los. Notando-se assim, a valorização do partido e referências arquitetônicas presentes em suas obras. O fato de extrudar os serviços para as fachadas, nos mostra a influência da arquitetura modernista, onde há a conformação de uma planta livre, e os espaços servidos não sofrem interferência dos espaços servidores, algo ideal para que com o passar do tempo, o edifício não torne-se obsoleto, visto que pode abrigar qualquer tipo de função. Além disso, dá uma característica volumétrica única, pois é resultado do estudo do sítio, bem como, insolação, iluminação e fluxos, dentre outros. É através de sua trajetória, estudando não somente suas obras, mas cursando arquitetura no mesmo local onde formou-se, é que vemos o quanto este arquiteto influenciou e encorajou a outros para trilhar um caminho empreendedor. E assim como Oscar Niemeyer, andou com seus pés, nunca deixando de lado sua verdadeira essência projetual, ou a busca deste, o que em minha opnião, é uma lição importantíssima em um mundo de reproduções no qual estamos inseridos.

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ANÁLISE COMPARATIVA

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Fachada posterior, Edifício Oswaldo Bratke - Acervo do Grupo, 2017.

Ao visitarmos o Edifício Oswaldo Bratke, algo me pareceu familiar. O projeto tem um caráter intimista e, ao mesmo tempo que conversa com os demais prédios do entorno, supõe uma outra leitura. Por ter sido projetado para sediar o escritório do Arquiteto Carlos Bratke, possui um gabarito mais baixo e fachadas com vidros menos espelhados que os demais edifícios da Av. Engenheiro Carlos Berrini. Estas e outras características me levaram a propor uma comparação, destacando alguns ambientes e materiais que remetem ao Edifício Cristiano Stockler das Neves, comumente chamado pelos alunos de Prédio 9, sede do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. O primeiro ponto que me chamou a atenção foi o uso de tijolos de barro, muito característico dos edifícios presentes no Campus e pouco utilizado nos demais projetos desenvolvidos por Carlos Bratke. Seria a sua intenção retratar o berço de sua formação? Além disso o ritmo marcado com as faixas de tijolos alaranjados dão ao Edifício Oswaldo Bratke uma lembrança da repetição de pilares que saltam do prédio 9.

Edifício Cristiano Stockler das Neves - Acervo do Grupo, 2017.

Por Jessica Grenfell


Subsolo e Bosque, Edifício Cristiano Stockler das Neves - Acervo do Grupo, 2017. Estacionamento e Pátio Elevado, Edifício Oswaldo Bratke - Acervo do Grupo, 2017.

Ao comparar o pátio elevado existente no projeto de Carlos Bratke com o bosque que se encontra atrás do Prédio 9, percebi que há uma similaridade quanto a função: um respiro, uma pausa na rotina corrida da arquitetura. No Edifício Oswaldo Bratke a integração ocorre entre os andares, propondo o encontro de todos os funcionários, um lugar de trocas de ideias e experiências. Já no bosque, há a relação entre alunos que aproveitam o espaço para rodas de conversas e discussões sobre arquitetura. Por último, o subsolo. Carlos Bratke, ao escavar o nível da rua e propor que este fique a céu aberto ao redor do prédio, remeteu, ao meu ver, ao subsolo das oficinas de Arquitetura, local que passamos a maior parte do tempo, o qual foi empregada a mesma técnica por conta da declividade do terreno existente possibilitando iluminação e ventilação natural. Com cunho apenas analítico, estas comparações ressaltam os pontos que tive maior apresso do Edifício estudado. Se são verdadeiras ou não? Apenas posso afirmar que serviram como exercício do principal assunto discutido: a Arquitetura. 36


O ESPÍRITO INVESTIGATIVO DE CARLOS BRATKE Por Giovanna Coghetto

Tendo como referência os projetos de Frank Gehry e Rino Levi, além dos trabalhos executados pelo seu próprio pai, Carlos Bratke iniciou sua carreira sob a influência do brutalismo dos grandes volumes e do concreto aparente. No entanto, ao seguir seu desejo pela liberdade de projetar com criatividade, passeou por diversos estilos, sempre tentando fazer algo diferente, utilitário e bem pensado em termos de uso. Seu espírito investigativo guiado pela busca da melhor forma nos projetos, a qual em muitos casos, era resolvida mantendo o núcleo de circulação e as áreas molhadas na periferia do edifício, estratégia que permite uma planta livre para distribuição de espaços internos, obtendo como efeito secundário amplas possibilidades para a composição volumétrica. Como é o caso do Edifício Oswaldo Bratke, no qual as lajes desconexas e torres de circulação vertical, as quais possuem função estrutural, compõem os volumes principais. Síntese de tudo que o arquiteto se preocupava em fazer, com circulação vertical externa e áreas molhadas nas extremidades tornando a planta livre, mezanino aberto com jardim e meias lajes, garantindo a comunicação e articulação dos espaços de maneira inovadora, desenvolvendo, assim, uma fachada que explora os cheios e vazios a partir da materialidade, combinando o vidro com o tijolo, e utilizando o concreto para ressaltar as torres principais. Aqui é possível perceber que o modernismo paulista contribuiu em sua carreira no sentido de promover a experimentação, conseguindo traduzir a ideia e produzir uma arquitetura contemporânea instigante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Por Michelle Harumi

Através do estudo abrangente sobre a formação da Berrini, o livro tem como objetivo apresentar as características presentes na obra Oswaldo Bratke do arquiteto Carlos Bratke, o qual, junto com seu irmão Roberto Bratke e seu primo Francisco Collet formaram a Berrini, local de importante obras do arquiteto Carlos Bratke. Primeiramente analisamos o prédio de estudo Oswaldo Bratke, estudando a ficha técnica, a história do arquiteto e construção da obra na Berrini, em seguida realizamos a maquete por meio de plantas, cortes e elevações disponibilizadas pela Construtora Bratke Collet. Essas etapas foram significativas para entender as características do autor e portanto do edifício, tais quais, torres periféricas, maior possibilidade de adaptação ao uso e principalmente a exploração de diversos materiais na fachada. Através desse estudo, investigamos outras obras de Carlos Bratke e relacionamos as com o nosso objeto de estudo. Realizar o estudo sobre a formação da Berrini, a história do arquiteto e as principais obras construídas, possibilitou a nós, alunos e futuros arquitetos, compreender a trajetória da formação de uma das vias que se destacam como grande polo comercial, portanto de suma importância na cidade de São Paulo; conhecer algumas das obras do arquiteto Carlos Bratke, os quais possuem em comum torres periféricas, solução para o problema de restrição de adaptação ou alteração que o núcleo central apresenta; explorar a obra Oswaldo Bratke através de desenhos técnicos, maquete, pesquisas, relações com os edifícios citados no livro e a história da construção da Berrini; e abranger o nosso conhecimento sobre a história da arquitetura brasileira.

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BIBLIOGRAFIA Livros e Websites

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LIVROS • BRATKE, Carlos. Carlos Bratke: arquiteto / architect. 2. ed. São Paulo: ProEditores Associados Ltda, 1999. 216 p. • CADERNOS BRASILEIROS DE ARQUITETURA: Arquiteto Carlos Bratke. São Paulo: ProEditores Associados Ltda, v. 16, out. 1985.

WEBSITES • Carlos Bratke - Arquiteto http://www.bratke.com.br/ • CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil http://www.caubr.gov.br/a-arquitetura-e-urbanismo-brasileira-perdecarlos-bratke/ • CAU/SP – Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo http://www.causp.gov.br/arquitetura-e-artes-brasileiras-perdemcarlos-bratke-o-arquiteto-da-berrini/ • Construtora Bratke Collet http://www.bratkecollet.com.br/portfolio_detalhe.php?id=29 • Galeria da Arquitetura http://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/carlos-bratkearquiteto_/edificio-jacaranda/2736/

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