Janeiro 2016
VULCANOLOGIA: RISCOS E BENEFÍCIOS Sara Silva e Ana Silva 1
Vulcano -logia A vulcanologia é a ciência da Terra que estuda a formação, a distribuição e a classificação dos fenómenos vulcânicos. Um dos principais objetivos aplicados da vulcanologia é a previsão das erupções e dos seus efeitos, para preparação de planos de emergência e, sempre que possível, aviso das populações da possibilidade de erupções. Alguns processos vulcânicos constituem um perigo natural enorme,
enquanto outros são altamente benéficos para a sociedade . Os vulcões e as suas erupções, contudo, são meramente a expressão à superfície de processos magmáticos que se iniciam em profundidade na Terra.
Vulcão Kilauea do tipo Havaiano, segundo Lacroix 2
Atividade Vulcânica – Riscos e Benefícios Os vulcões são aberturas no solo, através das quais emergem à superfície materiais quentes e gases. Grande parte da crosta terrestre e das montanhas existentes na Terra resultam dessas estruturas. Os vulcões são indicativos de calor e pressão existentes nas camadas mais profundas da Terra, isto é, das forças turbulentas que aí se agitam. Manifestam-se nos pontos onde a crosta se encontra mais fraca, especialmente onde duas placas litosféricas
(secções da crosta terrestre) se encontram ou se separam. Quando erupções vulcânicas acontecem, a lava (magma empobrecido de gases) pode ser ejetada para o ar em forma de fragmentos, que vão desde poeiras finas e quentes a grandes pedras denominadas bombas vulcânicas, ou poderá derramar-se sob a forma de correntes de lava. Os vulcões podem, assim, ser considerados benéficos ou prejudicais para a sociedade, e é nesse sentido que apresentamos de seguida os Riscos da Atividade Vulcânica, bem como os seu Benefícios.
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Perigos associados à atividade vulcânica
Riscos da atividade vulcânica – Danos causados
• Escoadas de lava • Projeção de piroclastos • Libertação de gases • Sismos vulcânicos • Tsunamis
• Destruição da biodiversidade e habitats • Destruição de construções humanas • Contaminação da atmosfera • Problemas para a saúde humana • Inundações das zonas litorais
Resultam em
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BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE VULCÂNICA • Estudo da estrutura interna da Terra (exploração científica) • Fertilização dos solos • Produção de energia geotérmica • Exploração mineira • Atração turística • Utilização de materiais vulcânicos na indústria e em construções
• Utilização de produtos vulcânicos para fins medicinais • Aproveitamento do calor interno para cozedura de alimentos
Nascente Termal na Islândia, usada como fim medicinal 5
AS 10 ERUPÇÕES VULCÂNICAS MAIS DESTRUTIVAS DA HISTÓRIA
Nem sempre as pessoas têm tempo para escapar antes de um vulcão entrar em erupção, acabando este por destruir tudo à sua volta. Vejamos então as mais destrutivas erupções vulcânicas registadas:
Um estudo elaborado pelo Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores revela as 10 erupções vulcânicas mais destrutivas da história da humanidade. A ciência melhorou muito com o passar dos anos mas, ainda assim, não dá para arriscar morar em áreas de atividade vulcânica.
Vulcão em erupção
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1. Planalto de Deccan, Índia Os Deccan Traps são campos de lava no Planalto de Deccan, que cobrem uma área de cerca de 1,5 milhões de quilómetros quadrados e tiveram uma série de erupções de vulcânicas colossais que ocorreram entre 63 e 67 milhões de anos atrás. O momento das erupções coincide mais ou menos com o desaparecimento dos dinossauros, no período Cretácico-Paleogénico, facto que sugere que estas erupções possam ter sido responsáveis pela sua extinção. 7
2. Monte Vesúvio, Itália, 79 d.c. Ondas piroclásticas da erupção do Vesúvio no ano 79 cobriram completamente as cidades romanas de Pompeia e Herculano com nuvens de cinzas e pedras-pomes. Os locais foram praticamente ignorados até ao século XIX, quando arqueólogos exploraram o local e descobriram um tesouro de informações sob os depósitos de material vulcânico. 8
3. Laki, Islândia, 1783 A maior erupção de lava dos tempos modernos ocorreu em junho de 1783, na Islândia. Uma série de fissuras abriram-se no chão, lançando enormes quantidades de gases e lava basáltica. Os gases mudaram as condições do tempo na Islândia e outros lugares da Europa. Um quinto da população morreu de fome devido às colheitas perdidas. 9
4. Krakatoa, Indonésia, 1883 Diz-se que o som da erupção do Krakatoa em 1883 chegou a ser ouvido a 4,7 mil quilómetros de distância, sendo por isso considerado o ruído mais alto da história. Esta erupção destruiu cerca de dois terços da ilha e causou um tsunami de 30 metros de altura, que devastou pelo menos 36 mil pessoas. 10
5. Monte Santa Helena, EUA, 1980 Em março de 1980, pequenos tremores indicaram a iminência de uma erupção no Santa Helena. Em abril, o magma começou a ascender à superfície e finalmente, em maio, depois de um deslizamento na face norte, uma erupção de tipo explosivo lançou uma nuvem de cinzas, bombas e gases. A erupção devastou uma área de 600 quilómetros quadrados. 11
6. Nevado del Ruiz, Colômbia, 1985 O vulcão Nevado del Ruiz causou um dos lahares mais destrutivos da história. O calor da erupção derreteu o gelo do topo do vulcão e a água, misturada com cinzas e outros detritos, formou um lahar que desceu a montanha em alta velocidade, caindo sobre a cidade de Armero, matando assim cerca de 25 mil pessoas.
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7. Parque Yellowstone, EUA A história do Parque Nacional de Yellowstone é marcada por erupções gigantescas, tendo a mais recente ocorrido há cerca de 640.000 anos. Quando este vulcão explodiu, enviou cerca de mil quilómetros cúbicos de material para o ar. As câmaras de magma de Yellowstone fornecem ao parque um dos seus símbolos mais importantes, os géiseres. Pesquisadores previram que o vulcão explodirá mais uma vez, uma catástrofe que cobriria metade dos EUA com cinzas de 1 metro de altura. 13
8. Monte Pelée, Martinica, 1902 A erupção do Monte Pelée em maio de 1902 foi um dos piores desastres do século XX. Uma nuvem ardente cobriu a cidade de Saint Pierre, queimando casas, árvores e pessoas. Milhares de barris de rum guardados no porto explodiram e a bebida escorreu como rios de fogo pelas ruas. Dos 29 mil habitantes da cidade, apenas 2 sobreviveram.
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9. Pinatubo, Filipinas, 1991 Quando o Pinatubo começou a dar sinais de uma forte erupção em abril de 1991, a população foi retirada da área, evitando a sua morte . Em junho, o vulcão explodiu lançando cinzas a 40 mil metros de altura. A nuvem de cinzas na atmosfera chegou a baixar a temperatura do globo. A cinza acumulada juntamente com água formou lahares que desabrigaram 400 mil pessoas.
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10. Kilauea , Havai Havai, a maior ilha do arquipélago do mesmo nome, é formada por cinco vulcões, dois deles entre os mais ativos do mundo, o Kilauea e o Mauna Loa. A última série de erupções do Kilauea começou em 1983 e não parou até agora. Periodicamente, o vulcão lança jatos de lava basáltica que desce a montanha e arrasta tudo até chegar ao mar.
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“Nas horas que se seguiram à erupção do Vesúvio, morreram 16 mil habitantes de Pompeia. Hoje, é possível reconstituir esta tragédia passo a passo, como se estivéssemos presentes. Pompeia, uma cidade de 20 mil habitantes, produtora de vinho e azeite, vive hoje, 24 de agosto de 79 d.C., um dia de festa. (…) De repente, ouve-se uma explosão. Espanto! Num instante, todos estão na rua. Espetáculo alucinante, o topo do Vesúvio havia-se partido em dois. Uma coluna de fogo escapa dali. É uma erupção! De início, todos se assustam e se interpelam. Havia pelo menos 900 anos que o vulcão não dava sinais de vida. Dizia-se que ele estava extinto. Logo depois é a agitação. Em volta começa a desabar uma chuva de projéteis: pedras-pomes, lapilli e, às vezes, pedaços de rochas - fragmentos arrancados do topo da montanha e da tampa de lava resfriada que obstruía a cratera. (…) Assim, duas horas se passam. O que fizeram os habitantes de Pompeia durante este período? Não se sabe muito. Em compensação, sabemos o que fez o Vesúvio. No interior da cratera, após a expulsão da tampa de lava, a pressão começou a cair vertiginosamente. O magma vulcânico, que dormia há séculos, começou lentamente a espumar e, às 13 horas, rasgando o ar, destruindo as casas, virando de ponta-cabeça as colunas dos pórticos, saiu bruscamente numa série de explosões. Do vulcão vê-se escapar uma nuvem monstruosa em forma de pinheiro - um cogumelo, como nós diríamos hoje. E, subitamente, fez-se noite em pleno dia. Uma noite marcada com alguns raios lívidos. As cinzas agora caem na forma de uma chuva tão densa que obscurece o sol. Infelizmente, a chuva não é somente densa: ela está carregada de vapores clorídricos. É pela intoxicação por gás, e não por soterramento, que morrerão as pessoas em Pompeia. A primeira guerra química contra o homem foi feita pelo Vesúvio. (…) Vinte séculos mais tarde, nós os encontramos, modelados pelas cinzas, na mesma posição, com as expressões dos seus últimos momentos, uns curvados sobre si mesmos, outros estendidos, seja de costas, seja com o rosto contra a terra.”
René Guerdan 18
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