Ganapati Janeiro/Fevereiro/2013

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Ecologia - Vegetarianismo - Ética - Espiritualidade

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - 2.000 EXEMPLARES

JANEIRO/FEVEREIRO 2013

DIMENSÃO ESPIRITUAL Em memória dos mortos de Santa Maria Leonardo Boff - pag 02 Nossa Verdadeira Natureza Eckhart Tolle - pag 03 Cosciência Interior Paul Brunotn - pag 12 A Ameba e eu somos irmãos Swami Vivekananda - pag 12 As coisas vivas Krishnamurti - pag 13 A mãe do mundo Trigueirinho - pag 13


Editorial por Simone Nassar. Jesus, Buda, Krishna, Rama, Zoroastro, Lao Tsé, Confúcio, Mahavira, Paramahansa Yogananda, Santa Tereza de Ávila, São João da Cruz, Dalai Lama, Patanjali, Gandhi, Sai Baba, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, dentre outros, são mestres cujos ensinamentos nos despertam para a consciência do nosso papel nessa existência e sobre como podemos torná-la melhor. Em pleno século 21, não há como aceitar que se possa viver isolado, sem presenciar situações influenciadas pelo todo e sem exercer qualquer influência sobre ele. Nunca o princípio de que somos um único ser pulsante foi tão claro para nós. O que acontece em qualquer parte do planeta atinge a todos nós, em velocidade quase instantânea. As agressões à natureza são fatos evidentes que desequilibram a harmonia entre os seres, sejam elas levadas pelo vento, pelos mares, pela chuva ou pelo ar. Todos nós sentimos as mudanças, mesmo acontecendo a milhares de quilômetros. Pensamentos e sentimentos são vibrações energéticas: eles se entrelaçam infinitamente, atraindo-se ou repelindo-se sonforme sua sintonia. Vibrar pela vida e com a vida é uma forma de se trabalhar pelo bem. Acreditar que podemos contribuir pela sintonia positiva do planeta faz com que vivamos a paz, o amor e a compaixão. Despertemos! Não apenas por nós, mas por todos os seres companheiros de jornada, principalmente por aqueles que não conseguem lutar por si próprios e que estão sofrendo as mais atrozes crueldades: os animais.Tentemos não fazer parte dos que escravizam e se “alimentam” de outros seres sencientes, tornarmo-nos vegetarianos, transformarmo-nos em seres conscientes. Porque enquanto um só ser estiver passando por momentos de exploração e tortura pelas nossas mãos, não seremos completamente aquilo a que chamamos de “humano” e a paz será apenas um blefe.

Produzido e Publicado pelo Grupo Ganapati E-mail: grupo.ganapati@gmail.com | Blog: http://grupoganapati.blogspot.com Participam desta edição: Bárbara Bastos, Conceição Cavalcanti, Ioná Ponce, Marcelo Zenaide, Adriana Miranda, Romero Morais, Maria Lúcia Chiapetta, João Asfora Neto, Sérgio Pires e Simone Nassar. Para contato: (081)9697.6629

Minima Theologica: em memória dos mortos de Santa Maria

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s antigos já diziam:”vivere navigare est” quer dizer, “viver é fazer uma viagem”, curta para alguns, longa para outros. Toda viagem comporta riscos, temores e esperanças. Mas o barco é sempre atraído por um porto que o espera lá no outro lado. Parte o barco mar adentro. Os familiares e amigos da praia acenam e o acompanham. E ele vai lentamente se distanciando. No começo é bem visível. Mas na medida em que segue seu rumo parece aos olhos cada vez menor. No fim é apenas um ponto. Um pouco mais e mais um pouco desaparece no horizonte. Todos dizem: Pronto! Partiu! Não foi tragado pelo mar. Ele está lá, embora não seja mais visível. E segue seu rumo. O barco não foi feito para ficar ancorado e seguro na praia. Mas para navegar, enfrentar ondas, vencêlas e chegar ao destino. Os que ficaram na praia não rezam: Senhor, livra-os das ondas perigosas, mas dê-lhes, Senhor, coragem para enfrentá-las e serem mais fortes que elas. O importante é saber que do outro lado há um porto seguro. Ele está sendo esperado. O barco está se aproximando. No começo é apenas um ponto levemente acima do mar. Na medida em que se aproxima é visto cada vez maior. E

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Leonardo Boff quando chega, é admirado em toda a sua dimensão. Os do porto dizem: Pronto! Chegou! E vão ao encontro do passageiro, o abraçam e o beijam. E se alegram porque fez uma travessia feliz. Não perguntam pelos temores que teve nem pelos riscos que quase o afogaram. O importante é que chegou apesar de todas as aflições. Chegou ao porto feliz. Assim é com todos os que morrem. O decisivo não é sob que condições partiram e saíram deste mar da vida, mas como chegaram e o fato de que finalmente chegaram. E quando chegam, caem, bemaventurados, nos braços de Deus-Pai-e-Mãe de infinita bondade para o abraço infinito da paz. Ele os esperava com saudades, pois são seus filhos e filhas queridos navegando fora de casa. Tudo passou. Já não precisam mais navegar, enfrentar ondas e vencê-las. Alegram-se por estarem em casa, no Reino da vida sem fim. E assim viverão para sempre pelos séculos dos séculos. (Em memória dolorida e esperançosa dos jovens mortos em Santa Maria na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013).


NOSSA VERDADEIRA NATUREZA

Extraído do livro O PODER DO AGORA Eckhart Tolle do latim emovere, que significa “movimentar”. Amor, alegria e paz são estados profundos do Ser, ou melhor, três aspectos do estado de ligação com o Ser. Assim, não possuem opositores pela simples razão de que surgem por trás da mente. As emoções, por outro lado, sendo uma parte da mente dualística, estão sujeitas à lei dos opostos. Isso quer dizer, simplesmente, que não se pode ter o bom sem que haja o mau. Portanto, numa condição não iluminada de identificação com a mente, aquilo que algumas vezes é erroneamente chamado de alegria é o lado geralmente breve do prazer, dentro da alternância contínua do ciclo sofrimento/prazer. O prazer sempre se origina de alguma coisa externa a nós, ao passo que a alegria nasce do nosso interior. A mesma coisa que proporciona prazer hoje provocará sofrimento amanhã, ou nos abandonará, e essa ausência causará sofrimento. Do mesmo modo, o que se costuma chamar de amor pode ser prazeroso e excitante por um tempo, mas é um apego adicional, uma condição de necessidade extrema, que pode vir a se transformar no oposto, em um piscar de olhos. Muitas relações “amorosas”, passada a euforia inicial, oscilam entre o “amor” e o ódio, a atração e a agressão.

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empre que houver um espaço no fluxo dos pensamentos, podem ocorrer lampejos de amor e alegria, ou breves instantes de uma paz profunda. Para a maioria das pessoas, tais espaços raramente acontecem, e mesmo assim por acaso, nas ocasiões em que a mente fica “sem palavras”, instigada por uma beleza estonteante, uma exaustão física extrema, ou mesmo um grande perigo. De repente se instala uma serenidade interior. E dentro dessa serenidade existe uma alegria sutil, mas intensa, existe amor, existe paz. Normalmente, tais momentos têm vida curta, pois a mente logo reassume essa atividade barulhenta a que chamamos pensar. O amor, a alegria e a paz não conseguem florescer, a menos que tenhamos nos livrado do domínio da mente. Mas eu não os chamaria de emoções. Eles estão por baixo das emoções, em um nível mais profundo. Portanto, precisamos nos tornar plenamente conscientes de nossas emoções e sermos capazes de senti-las, antes de sermos capazes de sentir aquilo que está além delas. A palavra emoção significa, literalmente, “desordem”. A palavra vem

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quinta-feira, 12 de maio de 2011 19:58:08

O amor verdadeiro não permite que você sofra. Como poderia? Não se transforma em ódio de repente, assim como a verdadeira alegria não se transforma em sofrimento. Antes de atingirmos a iluminação, antes mesmo de nos libertarmos de nossas mentes, podemos ter lampejos de alegria autêntica, de um amor verdadeiro ou de uma profunda paz interior, tranquila, mas intensamente viva. Esses são aspectos da nossa verdadeira natureza, em geral obscurecida pela mente. Mesmo dentro de uma relação “normal” de dependência, é possível haver momentos nos quais podemos sentir a presença de algo genuíno, incorruptível. Mas serão somente lampejos, a serem logo encobertos pela interferência da mente. Você poderá ficar com a impressão de que teve alguma coisa muito valiosa, mas a perdeu, ou a sua mente pode lhe convencer de que tudo não passou de uma ilusão. A verdade é que não foi uma ilusão e você também não perdeu nada. Esse algo valioso é parte de seu estado natural – pode estar encoberto, mas nunca ser destruído pela mente. Mesmo quando o céu está totalmente coberto, o sol não desapareceu. Ainda está lá, por trás das nuvens. Eckhart Tolle - Escritor e conferencista alemão, residente no Canadá, conhecido como autor de best sellers sobre iluminação espiritual. Seu livro mais conhecido é O Poder do Agora.

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VEGANISMO FRUGAL - O valor nutritivo e o gosto dos alimentos

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busca pelo prazer é inerente ao homem. É fato que, anatômica e fisiologicamente, precisamos de açúcar, principal combustível do corpo humano. Pesquisas indicam imediatas mudanças na química cerebral após o seu consumo. Liberam-se certas substâncias similares às produzidas pelo uso do ópio, as quais geram enorme prazer. Eis uma das razões pelas quais, desde crianças, sem nenhum conhecimento de fisiologia, ficamos vidrados em alimentos doces e aprendemos que consumi-los (carboidratos simples) nos faz bem. O que não sabemos, no entanto, é que os alimentos naturais, agradáveis ao paladar humano, são também altamente nutritivos, à diferença dos alimentos industrializados encontrados nos centros urbanos. O primeiro gosto que sentimos, logo na ponta de nossa língua, é o doce e, mais acima desse ponto, o salgado. Podemos ver aí uma incrível coincidência: nossos alimentos naturais – frutas e vegetais – são os mais ricos em açúcares e sais minerais. Não é à toa que os barões da indústria de alimentos, assistidos de profissionais de fisiologia humana por eles assalariados, adicionam enormes quantidades de açúcar ou sal refinado, isoladas ou cumulativamente, em praticamente todos os alimentos industrializados. Mas não é só de açúcares e sais refinados que vive a indústria de alimentos. Acrescem-se a estes produtos químicos outros altamente ruinosos à saúde, como o glutamato monossódico – uma neurotoxina perniciosa que estimula o cérebro a querer mais de um determinado alimento. Daí o famoso slogan das batatinhas industrializadas: é impossível comer uma só. Sim, há mais exemplos: inúmeras pessoas consomem molho shoyu, sem sequer imaginarem que, em sua composição, existe sal, açúcar e glutamato monossódico concentrados, sendo esse o motivo de elas apreciarem tanto das comidas banhadas nesse molho. Na verdade, elas não gostam da comida em si, mas dos seus condimentos. Devido à nossa fisiologia gustativa, é quase impossível não gostarmos de algo com um sabor tão salgado e doce e uma neurotoxina tão estimulante. Infelizmente, a maioria dos alimentos industrializados são agradáveis ao paladar devido à concentração absurdamente elevada de tais substâncias. Por isso, elas entorpecem nosso cérebro e estimulam o nosso desejo e apreciação por tais alimentos. Não obstante,

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Eduardo Corassa na sua forma refinada e industrializada, o açúcar, o sal e o glutamato monossódico são extremamente tóxicos ao organismo. Esses alimentos destroem e corrompem a sua integridade, enquanto enganam os circuitos de recompensa de nosso cérebro, fazendo-o acreditar que, por ser prazeroso, é algo benéfico ao organismo. Por meio da industrialização, concentram-se aqueles sabores e substâncias buscados por nossa fisiologia. Assim, transformam-se inúmeros alimentos insípidos em saborosos. A natureza nunca produziu um sanduíche, diz o renomado higienista Dr. J.Tilden e, obviamente, por mais apetitosos que possamos tornar os alimentos, devemos nos questionar: será essa uma prática saudável? Quantas pessoas, na atualidade, pensam no valor nutricional de um alimento, antes de ingeri-lo ou buscam alimentos pelo seu valor nutritivo? Eles são comercializados, promovidos e consumidos por seu gosto, valor de excitação e estimulação, o que se obtém à custa da adição de açúcares, sais refinados e de outros compostos químicos, tóxicos e nocivos, que excitam e iludem o organismo, prejudicando-o. Na natureza, todos os animais se alimentam sem nenhum conhecimento nutricional, sendo guiados apenas por seus instintos. Obtêm os alimentos para os quais foram preparadas sua fisiologia, anatomia e biologia. Por exemplo: vacas comem grama e foram naturalmente construídas para comerem grama, sendo capazes de comer e digerir a mesma, pois possuem quatro estômagos. Obviamente, uma capacidade exclusiva dos animais herbívoros. Caso os seres humanos tentassem a mesma coisa, não conseguiriam nem ao menos calorias o suficiente para manterem-se, pois possuem uma capacidade digestiva finita. Ficariam empanturrados, muito antes de comerem o suficiente. Por outro lado, não precisamos de uma aula de fisiologia ou anatomia para compreendermos que vacas seriam incapazes de coletar uma refeição de frutas, como um primata ou caçar e devorar outro animal, como um carnívoro. Todos os animais selvagens confiam apenas em seus instintos e estão presos às suas capacidades e ferramentas de obtenção dos respectivos alimentos. Mesmo sem qualquer conhecimento científico, enquadram-se nas leis da natureza e, por isso, vivenciam saúde otimizada, não padecendo de nenhuma das doenças degenerativas a que se submete o homem civilizado. Os animais comem o que seus


instintos indicam ser o certo e o que lhes agrada ao paladar, em seu estado in natura, sem processamento algum do alimento. Não precisam enganar paladar e cérebro com temperos e condimentos. O valor nutritivo de um alimento está altamente ligado ao seu sabor e ao paladar específico da espécie que dele se alimenta. Podemos comprová-lo quando vemos um leão salivando diante da presa após a caça. A voracidade e deleite com que devora a carne crua, ossos, cartilagens, órgãos, pé, pernas, braços e outras partes do animal por ele abatido. Seres humanos não seriam capazes de degustar tal refeição pelo simples fato de o nosso organismo não haver sido criado para o consumo de carne nem mesmo termos a capacidade de sentir o gosto da gordura. Vacas, por outro lado, salivam em um campo de grama, comendo-a com prazer. Seres humanos, definitivamente, não apreciariam tal sabor. Como os primatas antropoides, adoramos o gosto doce e a suculência das frutas e somos, nós e eles, praticamente os únicos animais a sensibilizarmo-nos e a reconhecermos o doce. É na natureza que definimos a alimentação otimizada da raça humana, o que é nutritivo e, assim, apropriado para a propagação da vida dos seres humanos. Isso se dá, unicamente, por meio de nossos instintos, do gosto proporcionado pelo alimento silvestre. Logo, na natureza, basicamente os únicos alimentos dos quais conseguiríamos apropriar-nos com nossas faculdades físicas e consumir com prazer são, obviamente, frutas, vegetais, sementes e nozes. Mas, infelizmente, na atualidade, alterou-se por completo a matéria prima produzida pela natureza, de forma a enganarem-se nossos instintos. A industrialização em massa barateou de tal ordem o processamento de alimentos, tornando-o a norma ao invés da exceção. Chegou-se ao extremo de nominar esse ou aquele alimento de saudável, quando, na verdade, durante praticamente toda a vida na terra, prescindimos de tal designação. Não havia categorias alienígenas como o junk-food. Consumir frutas e vegetais como a base de nossas calorias não é um experimento, mas a norma através da história. Já a dieta hodierna é realmente uma experiência nova para a espécie humana, um teste para a resistência do corpo humano. Refinando, cozinhando, temperando, usando químicos, sal, açúcar etc., conseguese comer alimentos que seriam insípidos, repulsivos à ingestão. Sem esquecermos, é claro, que, com essas práticas, sobrevivem os homens, mas alienados do ideal e potencial de saúde que o corpo humano pode e deve vivenciar.

seus novos hábitos alimentares. É uma falácia acreditarmos que alimentação natural é desenxabida. Quem acredita em tal mito desconhece os verdadeiros alimentos saudáveis em sua forma fresca, madura e orgânica. Obviamente, um paladar pervertido por décadas de condimentos, temperos, alimentos cozidos e industrializados, consumo de álcool, tabaco, drogas farmacêuticas etc. não é, e a continuar assim jamais será, parâmetro aceitável de outras conclusões. Apesar de pervertida a natureza atual do homem, nossas preferências continuam vivas dentro de nós. Comprovamos a assertiva pelo fato de as pessoas procurarem reproduzir a suculência das frutas e dos vegetais em todas as receitas do dia a dia. Por exemplo, comer arroz puro é um tanto quanto seco, então adicionam o caldo do feijão ou molham o arroz com o caldo da carne ou o dos vegetais cozidos. Também mergulham biscoitos no leite, no café ou creme, tudo com bastante açúcar. Como sempre, utilizam maionese ou manteiga em um sanduíche, por ser o pão puro seco demais para nossa fisiologia. Não comem ou apreciam o gosto do macarrão cozido por si só, por causa da sua falta de suculência, daí espalham molhos de queijos derretidos ou à bolonhesa, na esperança ingênua de torná-lo sumarento, como o são os alimentos naturais. E, como não bastasse, adicionam a todos esses alimentos sal ou açúcar refinado, ou mesmo ambos. Para uma vida longa, saudável e próspera, o ideal é consumirmos o tipo certo de açúcar, ao revés de tentar reproduzi-lo mediante artifícios despiciendos. Consumindo, diariamente, grandes quantidades de frutas e vegetais, perpetuamos a simbiose e o papel para os quais os seres humanos foram criados. Assim, ajudamos a nós mesmos, aos animais e ao futuro da humanidade, contribuindo com a diminuição do aquecimento global e a criação de um mundo mais verde, autossustentável, SAUDÁVEL e FRUGAL! Eduardo Corassa - consultor crudívoro e higienista, pratica uma dieta frugívora crua, exclusiva de frutas, vegetais, sementes e nozes e promove os benefícios desta prática, através de palestras, consultorias e livros.

Por incrível que pareça, levar uma dieta frugal é a coisa mais fácil de praticarmos, por tratar-se de alimentos para os quais nosso organismo foi fisiologicamente adaptado a consumir. E todos aqueles que já tentaram uma dieta frugívora tornam-se seus entusiastas, afirmando amarem e preferirem

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MÃE CORUJA, ESPOSA E VEGANA Confira o papo com a médica pediatra Tati Balleroni - CRM(SP) 109241

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ãe coruja, esposa e vegana. O maior presente que uma mãe pode dar a seu filho é a saúde. Por isso, o ViSta-se entrevistou a mamãe de primeira viagem Tati Balleroni, que anda curtindo muito a vinda do Mateus, que tem apenas 6 meses de vida. Se a alimentação de uma pessoa vegana adulta já é constantemente questionada, alimentar um bebê sem nenhum ingrediente de origem animal pode ser ainda mais complicado, do ponto de vista social. Felizmente, a complicação fica por aí. Confira as dicas da Tati para uma gestação e infância perfeitas.

questionados algumas vezes em relação a isso. Porém, sempre deixamos clara a nossa postura de que ele seria criado dentro do veganismo. Para nós, não faz o menor sentido nosso filho ser criado fora do contexto da filosofia vegana. Vivemos aquilo que acreditamos e nunca cogitamos deixar de transmitir nossos valores ao nosso próprio filho! Mesmo sendo médica pediatra já fui questionada sim. Inúmeras vezes. Por exemplo, em relação à introdução da alimentação complementar, sobre como eu faria isso sem a carne.

ViSta-se: Há quanto tempo você é vegana?

Seu marido é vegano? Como lidam com isso?

Tati Balleroni: Sou vegana há 4 anos. Há quanto tempo você é médica e onde se formou? Onde você nasceu e onde atende hoje? Eu completo 10 anos de formada no próximo mês. Me formei na Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA). Eu nasci em São Paulo-SP, mas minha família mudouse para o interior quando eu tinha 8 anos. Atualmente, desacelerei bastante meu ritmo de trabalho devido ao meu filho Mateus estar com 6 meses ainda. Tenho me dedicado bastante à maternidade. Trabalho na UTI Neonatal do Hospital ABHU, em Marília-SP. Você indica alimentação livre de alimentos de origem animal a pacientes que não são veganos? Se sim, explica a eles por quê? Qual a reação deles? Sim, se percebo que as famílias são abertas a essa abordagem. Ainda existem muito preconceito e dúvidas das pessoas em relação ao veganismo, mas tenho percebido uma tendência à melhor aceitação nos últimos anos. Nas consultas do dia-a-dia, existem dúvidas das mães sobre o veganismo? Atualmente não estou atendendo no consultório, mas ainda oriento algumas famílias que são veganas e alguns pais que ficam preocupados porque os filhos decidiram parar de comer carne. Como é, para sua família, saber que você teve uma gravidez vegana e vai criar seu filho (cite o nome dele) dentro da filosofia vegana? Mesmo como médica, você tem alguma objeção familiar? A minha familia foi bem tranquila em relação à minha gestação ter sido vegana. Quanto à criação do Mateus na filosofia vegana, fomos 06

Fábio Chaves

O Marcelo, meu marido, é vegano. Oito meses antes do nosso casamento, após a morte do nosso cachorrinho, ele se questionou: como posso amar tanto os animais e comê-los? Ele já tinha tentado ser vegetariano por volta dos 7 anos e novamente na adolescência, porém, não tinha encontrado apoio. Eu era ovolactovegetariana há alguns anos. Porém, não conhecia nenhum vegetariano, não tinha nada de informação. Para mim foi tudo muito instintivo. Quando tomei conhecimento da crueldade ligada ao consumo de ovos e laticínios, decidi pelo veganismo no mesmo momento. Já éramos casados e então comuniquei ao Marcelo que estava me tornando vegana a partir daquele momento. Ele me perguntou o motivo, expliquei a ele sobre o que tinha lido. Ele me respondeu que se tornaria junto comigo. E assim optamos pelo veganismo juntos, no mesmo dia! O que você indica a mães que não têm a sorte de contar com um pediatra vegano? Existe algum texto, artigo ou manifesto que essa mãe pode levar ao seu pediatra para que ele tenha certeza que a alimentação vegana é saudável para a criança? Na verdade, eu diria a elas para que busquem o máximo de informação possível! Infelizmente, ainda há muitos profissionais despreparados para orientar uma dieta vegana e, muitas vezes, por falta de conhecimento, acabam dizendo que não é possível, que é prejudicial e coisas desse tipo. Existe, por exemplo, um documento da Associação Dietética Americana, dos EUA, com um posicionamento em relação às dietas vegetarianas o qual afirma que uma dieta vegetariana bem planejada, incluindo a vegana, são apropriadas para os indivíduos em todas as fases da vida como gestação, lactação, infância, adolescência e para atletas. Na gravidez, existe algum exame específico que a mamãe vegana não pode esquecer de pedir e que os médicos normalmente não atentam para ele? Uma gestante vegana necessita de um acompanhamento pré-natal adequado como qualquer outra gestante e não existe nenhum exame especial que deva ser realizado especialmente por gestantes veganas.


O que uma mãe vegana não pode deixar de saber para uma gravidez e uma infância saudáveis? Com um bebê em formação, as necessidades diárias de alguns nutrientes encontram-se elevadas. Estar atenta a essas necessidades e buscar atendêlas por meio da alimentação é um dos passos para uma gestação saudável. Procure manter uma alimentação equilibrada, que inclua uma variedade de cereais, leguminosas, verduras, legumes, frutas e oleaginosas. Evite alimentos industrializados, sal e açúcar em excesso. É importante incluir uma fonte de ômega-3, como, por exemplo, linhaça ou chia. No caso das veganas, é essencial a suplementação da vitamina B12 na gestação e enquanto se estiver amamentando; inclusive as necessidades diárias dessas vitaminas estão aumentadas durante esses períodos. Outras suplementações (como, por exemplo, ferro, cálcio, zinco, vitamina D, ácido fólico, etc.) devem ser individualizadas e só devem ser realizadas sob orientação de um médico ou nutricionista. Converse com seu médico sobre as atividades físicas que podem ser realizadas por você na gestação. As faixas de ganhos de peso são individualizadas, esteja atenta à indicada a você e procure não ganhar pouco peso e tampouco

ganhar de forma excessiva. Uma infância saudável se inicia com o aleitamento materno, que deve ser exclusivo durante os primeiros 6 meses de vida do bebê. Nessa fase, não se deve oferecer água, chás ou qualquer outro alimento. Aos 6 meses, inicia-se a introdução na alimentação complementar, de forma lenta e gradual, mantendo-se o aleitamento materno até 2 anos ou mais. O leite materno é o principal alimento no primeiro ano de vida. É importante que a criança receba uma alimentação variada. o consumo diário de verduras, legumes e frutas deve ser encorajado. Deve-se evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida e, mesmo conforme a criança cresce, o consumo desses alimentos deve ser realizado de forma esporádica e não habitual. Utilizar sal com moderação. Da mesma maneira que na gestação e lactação, bebês e crianças veganas devem receber suplementação de vitamina B12. Outras suplementações devem ser individualizadas e realizadas apenas por orientação de medico ou nutricionista. Fábio Chaves: Ativista vegano, criador do site ViSta-se.*

Sintetizaram a dor em laboratório.

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magine só; esses cientistas, viu? Disseram que foram anos de pesquisa, que misturaram isso com não sei o quê. Sei que disseram que deu certo e experiência com o tema nunca foi um problema – ela sempre esteve por lá, entre aquelas paredes alvas e desinfetadas. Algo que todo mundo sempre teve: quando não sente no pé, sente no outro. Fogem dela que é um horror; nunca entendi o motivo, pois ela sempre volta, mas enfim… Trabalhos publicados, platéias atentas e peitos estufados, coisa bonita de se ver. Foi, é verdade, sacrifícios aconteceram. Muitos. Mas vocês têm que entender, não é? É pelo bem da Ciência. C-i-ê-n-c-i-a. Aquela Grande Mãe que respeitamos e admiramos. Que nos acolhe quando é necessário e, é claro, só Ela sabe quando é necessário; Ela tem Suas Razões. Por que escolheram a dor? Porque perceberam que é um experimento facílimo de se reproduzir. Pode-se repetir tantas vezes forem necessárias, e sempre se obterá um resultado extraordinariamente perfeito, meticulosamente bem adequado às condições em questão. Além do mais, a dor possui uma infinidade de detalhes e características próprias das espécies diferentes de sujeitos que podem manifestá-la. Isso, nem preciso dizer, está muito bem documentado e catalogado, seguindo os mais restritos padrões de identificação para pesquisas futuras. Também não preciso lembrar que, apesar de tantos esforços para registrar tão ricas informações, os próximos pesquisadores que aproveitarão estas experiências prévias sobre o tema repetirão os testes para verificar se as dores

Marcelo Zenaide continuam sendo percebidas das mesmas formas que antes. Novos olhares, novas impressões, não é verdade? Bem, não posso deixar de mencionar o barulho que andam fazendo certos grupos que não entendem a beleza dos trabalhos que estes cientistas fazem. Aliás, sequer compreendem o grau de complexidade para reproduzir, em laboratório, algo que parece tão banal. Andam dizendo que precisam parar de perder tempo com esses estudos, de causar tanto sofrimento (olhe, eu nem deveria, mas abro parênteses para lembrar que devemos sempre enxergar esse “sofrimento” a partir do olhar bondoso da Grande Mãe Ciência – o que é sofrimento em um momento, pode se transformar em progresso em outro, mas não adianta dizer isso para estas mentes jovens e cheias de ideologias… A Grande Mãe tem suas razões!), e outras coisas mais que prefiro nem comentar. Veja você que um dia desse me disseram “mas, então, por que não sintetizam o amor?”. Ri-me alto, é claro, diante de uma pergunta tão leviana. Eles não entendem que os cientistas precisam partir dos elementos mais básicos, mais concretos, mais simples, mais próximos (sem criar maiores envolvimentos, é claro!) para depois de muitos questionamentos, de muitos retornos, de muitos testes partir, enfim, para estruturas mais complexas. E, afinal de tudo, que experiência nós temos com o amor? Marcelo Zenaide - Coordenador da campanha Segunda Sem Carne em Pernambuco 07


MUNDO INSÓLITO

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MAHATMA - José Patrocínio (O apóstolo negro) Ioná Ponce

cho que vivo num mundo muito insólito. Talvez seja pura impressão, coisa de minha cabeça. Mas pego minha mente vendo coisas que não se encaixam – daí eu achar insólito (talvez para não dizer incoerente...). Vejo declarações apaixonadas de proteção aos animais, organizações não governamentais ou pessoas físicas sérias que vão às ruas e às redes sociais batalhar pela consciência animal e pedir ajuda, que se doam para salvar cães e gatos em situações deploráveis de abandono, violência e perigo. Gente de grande mérito, mas que não dispensa seu bifinho, lombinho ou franguinho no prato. Aí me pergunto: qual é a diferença entre um gato, um cachorro e um porco, boi ou frango? E o peixe? Ele merece viver menos que os outros? Quer dizer que vale humilhar e trucidar até a morte os animais que dão prazer ao nosso paladar?? Também vejo todos aqueles que em suas palavras pedem pelos seres humanos e oram muito por isso, rogando misericórdia para com nossa raça, mas que não conseguem lançar um simples movimento de doçura para um irmão doente ou abandonado do reino animal ou se irritam de forma desproporcional apenas pela maneira de ser de um gato ou cachorro como se isso interferisse naquilo que de fato alimenta a chama da vida dessas pessoas. Quer dizer que um homem não pode adoecer e passar pelas angústias do corpo sem ajuda e compaixão, mas um animal de estimação pode ser expulso de um condomínio por latir ou arranhar para não incomodar os vizinhos ou um macaco pode ser dissecado vivo dolorosamente num laboratório brasileiro e um urso pode ter seu fígado dilacerado em vida e urrar desoladamente de dor na China enquanto isso for “útil para a humanidade” porque eles são menos importantes do que nós?? Nesse mundo que chamo de insólito, os reinos animal, vegetal e mineral estão aí só para servir à humanidade. No mundo que meu coração chama de real, os nossos irmãos dos outros reinos não são inferiores a nós nem possuem qualquer obrigação de entregar suas vidas para a vaidade, a voracidade, a gula e outros prazeres nefandos e egoístas do homem. Os animais, as plantas, os rios, a terra, os mares, as pedras, os lagos e todos os seres dos outros reinos estão aqui para seguirem seus rumos em irmandade conosco, nesta relação de interdependência no planeta Terra que nos faz ser UM, e talvez até colaborando conosco, mas em situação de harmonia, respeito e amor mútuos. Cada qual ao seu modo. Bom, talvez eu tenha nascido no mundo errado e esteja escrevendo besteira. Sendo assim, que me perdoem pela minha ignorância – ou pela loucura...

Ioná Ponce - Relações Públicas, defensora dos animais e colaboradora do Ganapati.

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m dos vultos mais importantes do século XIX, no Brasil, foi José do Patrocínio, que dedicou sua vida em prol da causa da libertação. Abolicionista, não se conformava em ver seus irmãos de pele sendo tratados como objetos de propriedade, vítimas de violência e humilhação. Daí o seu ardor político, como jornalista, como orador e depois como vereador, atividades estas que desempenhou em prol de seus ideais libertários. Importa dizer que, depois de proclamada a libertação dos escravos, Patrocínio ainda escreveu sobre uma cena deprimente que presenciara no Rio de Janeiro: o brutal espancamento de um animal utilizado em serviço de tração, demonstrando com isso que a causa abolicionista é uma questão ética e não deve ter fronteiras. José do Patrocínio nasceu em Campos dos Goitacazes, Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 1854. Naquele tempo, época da monarquia, o Brasil ainda vivia sob o sistema escravocrata. Ao chegar à capital para trabalhar como aprendiz de farmacêutico, o jovem Patrocínio passa a testemunhar, no dia a dia, a cruel realidade da escravidão. Anos depois, já formado em farmácia, ingressa na Gazeta de Notícias, onde escreve folhetins sob o pseudônimo “Prudhomme”. A partir daí, 1879, que se lança de corpo e alma à campanha pela libertação dos escravos. A causa abolicionista torna-se, paulatinamente, a razão de sua vida. Afora o ofício de jornalista, Patrocínio desenvolve a técnica da oratória e, demonstrando grande habilidade com a palavra, começa a propagar seus ideais pelo Rio de Janeiro. Passa a escrever também na Gazeta da Tarde e na Revista Ilustrada, de modo a difundir ainda mais as sementes da liberdade. Em 9 de julho de 1880 foi fundada a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, sendo que três anos depois instala-se no Rio de Janeiro a Confederação Abolicionista, cujo expoente máximo é José do Patrocínio. Foi assim que a atividade política fez com que ele se tornasse uma das vozes mais eloquentes pela abolição da escravatura, contando com o apoio e a amizade de personalidades como Rui Barbosa, Quintino Bocaiuva, Joaquim Nabuco, Prudente de Morais, Campos Sales, dentre outros republicanos célebres. Eleito para a Câmara Municipal em 1886, José do Patrocínio conquista o apoio popular para a causa da libertação, tanto que o denominaram “Apóstolo Negro” e “Tigre da Abolição”. Até que, finalmente, no dia 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assina o decreto n. 3.353, conhecido com a “Lei Áurea”, cujo texto proclama: Art. 1º – É declarada extinta a escravidão no Brasil. Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário. Depois, já nos primeiros anos da República, uma insidiosa doença – hemoptise – instala-se no corpo do nosso paladino da liberdade, minando-lhe as forças. Nessa época José do


Laerte Fernando Levai Patrocínio assinava uma coluna no jornal A Notícia, sob o pseudônimo de Justino Monteiro. Depois de presenciar uma cena deprimente em que um homem espancava seu animal de carga, Patrocínio decide escrever sobre isso. Foi o seu último artigo, incompleto, publicado no dia 30 de janeiro de 1905. Ele não concluiu o texto porque, vencido pela moléstia, passou a verter sangue e, no mesmo dia, faleceu. Vale lembrar as últimas linhas escritas pelo patrono da libertação, um texto favorável à causa dos animais escravizados: “Eu tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma. Ainda que rudimentar, e que eles sofrem conscientemente as revoltas contra a injustiça humana. Já vi um burro suspirar como um justo depois de brutalmente esbordoado por um carroceiro que atestara o carro com carga para uma quadriga e queria que o mísero animal o arrancasse do atoleiro.” Coube ao escritor Osvaldo Orico interpretar, com ímpar maestria, o significado daquela página inacabada, cuja mensagem final estava toda direcionada em prol dos animais escravizados: “Realmente, essas onze linhas, em que todos os seus contemporâneos assinalaram a sombra de uma imagem, que lhe deu a violência criadora de todos os surtos – a Piedade – essas onze linhas escritas em defesa dos animais representam, de fato, o último alento da vida intelectual – o traço de harmonia entre aquele que viveu falando em favor dos humildes e, escrevendo em favor dos humildes, veio a morrer. A Piedade foi o sinal de seu gênio.” O poeta Olavo Bilac, na Academia Brasileira de Letras, também proferiu palavras admiráveis em homenagem à memória de José do Patrocínio: “O espírito do Redentor, ao despedir-se da existência, desenvolvia e apurava a sua capacidade de amar. Já não era somente o amor de uma faculdade. Já não era somente o amor de uma raça infeliz, que lhe enchia o coração, nem o amor somente de todos os homens: era o amor da Vida, amor de tudo quanto vibra e sente, de tudo quanto rasteja e voa, de tudo quando nasce e morre: ‘Eu tenho pelos animais um respeito egípcio; creio que eles têm uma alma!…”

Não teria sido em vão, portanto, o seu apelo definitivo em favor da liberdade, porque esse apelo não se dirigia apenas a homens escravizados pelos homens, mas também em favor de animais explorados pelo homem. Dor é dor, independentemente de quem a sente. José do Patrocínio, como poucos, conseguiu enxergar essa verdade e abraçar uma causa universal. Que a sua lição de vida possa inspirar as novas gerações. “A raça negra viu aparecer o profeta esperado, dentro de um furacão de trovões e de flores, acendendo cóleras, cicatrizando feridas, despedaçando grilhões, fulminando orgulhos e ateando a fogueira em que o Brasil haveria de purificar-se. Ao chegar a hora da erupção daquela cólera vingadora, os brasileiros estremeceram, abalados e tomados de uma comoção entontecida. Nunca houvera, até então, no Brasil, uma voz que soasse tão alto e que ferisse tão fundo.” Olavo Bilac Filinto de Almeida, o grande amigo lusitano, consagrou Patrocínio em belos alexandrinos, como esta quintilha: Ó luz sonora, luz articulada e viva, Que pelos tempos vens clamando e iluminando. Luz espiritual que da alma se deriva. Verbo, libertador de uma raça cativa. Mesmo depois de morto, tu continuarás vibrando! Fonte ANDA-Agência de Notícia de Direito Animal Laerte Levai: Desde cedo enamorado das Letras, casou-se com o Direito. Na carreira jurídica tem lutado pelo reconhecimento dos direitos animais. Em meio a esse percurso flertou com a música e a literatura, por acreditar que a arte não só redime como alivia. Nos últimos tempos vem se esforçando em voltar às origens. Razões que o coração desconhece… laertelevai@usp.br 09


É Legítimo?

M

uitas coisas que acontecem nas fazendas, matadouros e frigoríficos não são expostos/ explicados à população e todos têm o direito de saber a origem daquilo que consideram como ‘alimento’. Você sabe o que significa esta imagem? A foto demonstra uma das etapas do abate de aves, chamada de “insensibilização por eletronarcose”... E do que se trata?? a

Antes do abate, após aves permanecerem em jejum (fome) por um tempo entre 8 a 12 horas, são encaminhadas para a insensibilização.

O atordoamento ou insensibilização é considerada a primeira operação do abate propriamente dito. Consiste em colocar o animal em “um estado de inconsciência, que perdure até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível.” Todo animal deve passar pela insensibilização, que é considerado um “método humanitário”. No caso, esse processo dura 7 segundos e é feito para que “não ocorra o sofrimento da ave”. Ocorre que na maioria das vezes a insensibilização das aves é realizada por meio da eletronarcose (choque elétrico), que nada mais é do que a imersão delas em água com corrente elétrica, causando um choque na mesma.

Adriana Miranda Não precisa ser expert para reconhecer que ser mergulhado em um tanque com água e corrente elétrica não deve ser agradável. A grande discussão que existe no meio (produtores) é em relação à voltagem utilizada, não por causa do sofrimento dos animais, mas sim para não influenciar na “maciez do peito ” (níveis maiores de corrente endurecem a carne). Para que a carne que será vendida não fique dura... Enfim, após esse procedimento medonho as aves passam pela “sangria”, ou seja, elas não apenas são sangradas vivas, mas na maioria das vezes conscientes ainda. Tudo isso para que você (será?) possa consumir uma carne de ave (frango, peru, chester) branquinha e molinha, considerada por muitos como uma carne saudável... Saudável para quem?? E antes que alguém pergunte como isso tudo pode acontecer, explico: no Brasil, o abate de qualquer animal deve ocorrer conforme o estabelecido no RIISPOA (Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal), legitimado pelo Decreto nº 30.691/1952, do MAPA, e o procedimento demonstrado neste texto está entre os procedimentos permitidos pela legislação. Você fica realmente em paz com sua consciência consumindo um produto sabendo de todo o sofrimento pelo qual esses seres inocentes passaram? Você gosta mesmo dos animais? De TODOS os animais? Então não os coma!! Não faça parte disso!! Adriana Miranda: Médica Veterinária e Colaboradora do Ganapati

“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e

o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver. Dalai Lama

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VOCÊ, O OBJETO DAS COISAS Conceição Cavalcanti

I

“A vida da maioria das pessoas é um amontoado desordenado de coisas: itens materiais, tarefas a fazer, questões sobre as quais pensar. Esse tipo de vida se assemelha à história da humanidade, definida por Winston Churchill como “uma maldita coisa depois da outra”. A mente dessas pessoas é ocupada por um emaranhado de pensamentos, um após o outro. Essa é a dimensão da consciência dos objetos, que é a realidade predominante de um grande número de indivíduos – e é por isso que a vida deles é tão confusa. Essa consciência precisa ser equilibrada pela consciência do espaço para que a sanidade retorne ao nosso planeta e a humanidade cumpra seu destino. O surgimento da consciência do espaço é o próximo estágio da evolução da nossa espécie.” Eckhart Tolle.

sso acontece com você? Sua vida, seus pensamentos, sentimentos, afazeres são tantos e tão misturados que a desordem se instala e se acende um alerta geral. Pronto, seu dia e suas desordens secretas estão de cabeça para baixo. São demandas e compromissos que vinte e quatro horas parecem pouco para dar conta de tudo e ainda encontrar um espaço para “ser”. Vamos girando no automático e dançando nos espaços permitidos entre o ser e o ter, este último, leva vantagem e pede seu sangue, seu suor, sua dignidade, o coloca na mesa e diz quanto você vale. Um belo dia você surta e dispara em você o alarme de que essa vida de saciedades “insaciáveis” em que quanto mais tenho, mais quero; mais desejo; mais falta; mais sofro; mais poço sem fundo me torno e surtado e pergunta: para que tantas coisas? Qual o propósito da minha vida? Já se fez essa pergunta? Existe tempo e espaço para ela? Claro que não! Nesta vida louca da coisificação” tempo e espaço só para os objetos, protagonistas responsáveis por contar nossas histórias: “você conhece Francisco, o morador do quinto andar que tem uma Mercedes preta”? E Cláudia, dona dos mais lindos pares de sapato da grife tal? Pois é, nesses cantos preenchidos por objetos, relações de status e faz de conta, falta o lugar do sagrado para saber quem somos depois de tirarmos tudo de cima: maquiagem, máscaras, roupas, identidades sociais, enfim, o que sobra depois da festa e dos encontros com hora marcada para amar?Muitas vezes, o estar constantemente rodeado de “coisas”, afazeres, sons por toda parte da casa – você chega e logo liga a TV, o rádio, o computador, o celular – é o medo secreto de algo que não conhecemos e, por isso, fugimos. O medo da solidão, do vazio, da morte, de quem nós nos tornamos, enfim, medo dessa outra face que sufocada pelas coisas traz a consciência escondida que sussurra: Quem sou? Esse encontro é inevitável e vai exigir coragem para enfrentar demônios, sombras e te fazer igual... Alcançar essa maturidade é dar um passo em direção à compreensão de nós mesmos e na evolução da espécie como afirma Eckhart Tolle. Você está disposto a se desfazer dos objetos que o asseguram ser “você” o centro de tudo e dentre todas as espécies, o mais importante, especial e diferente? Igualar-se para os padrões de consumo atuais é morrer e nesse conceito reside toda nossa crueldade. Conceição Cavalcanti - Jornalista e Colaboradora do Ganapati.

FALANDO AOS ESPÍRITAS

assistem a carnificina diária que se comete na superfície “Os animais são os irmãos inferiores dos homens. Eles do planeta para com os irmãos menores do homem – os também, como nós, vêm de longe, através de lutas animais.” Um Espírito amigo da Grécia antiga incessantes e redentoras, e são, como nós, candidatos a “O sangue derramado das espécies animais, em proporção uma posição brilhante na espiritualidade.” Emmanuel sempre crescente, está transformando o planeta num “Devemos acordar os companheiros encarnados mais gigantesco matadouro ambulante, que orbita no sistema esclarecidos para a nova era em que os homens utilizar-se- fazendo ecoar os gritos de dor dos milhões de seres ão dos animais com espírito de respeito. É de importância sacrificados diariamente à gula e à ganância humana.” essencial, porque sem amor para com nossos inferiores, Um Espírito amigo da Grécia antiga não podemos aguardar a proteção dos superiores.” “Espíritas: o conhecimento acentua a responsabilidade. André Luís Vós, exatamente, sois os que não podeis alegar o “Seríeis capazes de trucidar crianças pequeninas para desconhecimento da Lei Maior Evolutiva e de suas atender a um prazer de matar, somente porque não podem implicações. Não podeis vossa irmandade com as espécies defender-se? Pois o mesmo espanto e horror que essa ideia animais, claramente demonstrada desde as origens da vos causa tomam os espíritos superiores quando estes doutrina.” Um Espírito amigo da Grécia antiga 11


Conciência interior Extraído do livro O Caminho Secreto

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Paul Brunton

a natureza, a soberania pertence às forças silenciosas. A lua não faz o menor ruído e, não obstante, arrasta milhões de toneladas de água do mar no vaivém obediente ao seu comando. Não ouvimos o sol levantar-se nem as estrelas ocultaremse. Assim, a aurora da nova vida surge silenciosamente no homem, sem que nada a anuncie ao mundo. Só na quietude pode o conhecimento do Eu Superior manifestar-se. Somente em profundo silêncio interior podemos ouvir a voz da Alma. Os argumentos ocultam-na e o excesso de palavras ensurdece-a e abafa-a. A vida ensina-nos silenciosamente, enquanto que os homens instruem em voz alta. A preciosa descoberta do verdadeiro EU dentro de nós só pode ser feita quando a mente estiver em repouso; as palavras apenas confirmam a realidade, mas não a explicam e jamais a poderão explicar, pois a Verdade é um ESTADO DE SER e não uma torrente de verbosidade. O argumento, por mais inteligente que seja, não substitui a realização pessoal. Devemos experimentar se queremos viver a experiência. A palavra DEUS não terá sentido para mim antes de conseguir pôr-me em contato com o Absoluto dentro de mim mesmo e só então poderei incluí-la no meu vocabulário. Os grandes problemas da existência individual, os sublimes tormentos da Alma que assediam qualquer pessoa sensata, não podem ser resolvidos na região limitada do cérebro; ao passo que as respostas plenamente satisfatórias esperam-nos no âmago sem limite do nosso próprio ser, substância divina da nossa natureza oculta. O cérebro responde com palavras estéreis, enquanto a resposta do Espírito é a vivência maravilhosa da iluminação interior. O recinto da consciência está no âmago mais íntimo de nós mesmos; cada um possui uma porta secreta que se abre para a Luz, mas se não quiser fazer o esforço para abri-la, condena-se a si próprio a permanecer nas trevas. Aprendei a pôr-vos em contato com o Eu Superior e resolvereis o problema a sós, de forma definitiva e independente do que diga qualquer livro, seja sagrado ou secular. Paul Brunton: Jornalista Inglês, dedicou-se até o fim da vida à Filosofia e à difundir a busca espiritual através de sua obra literária.

A AMEBA E EU SOMOS IRMÃOS (Complete Works of Swami Vivekananda, II, págs. 297-298)

A

lgumas pessoas foram gentis o suficiente para iniciar uma sociedade anti-vivisecção. Eu perguntei a um de seus membros: “Por que você pensa, meu caro, que é certo matar animais para se alimentar, e não matar um ou dois para experimentos científicos?” Ele respondeu: “A vivisecção é mais violenta, mas os animais nos foram dados para nos alimentar.” Unidade inclui todos os animais. Se a vida do homem é mortal, a dos animais também o é. A diferença está apenas em grau e não tem tipo. A ameba e eu somos o mesmo, a diferença está apenas em grau; e do ponto de vista da vida mais elevada, todas essas diferenças se desvanecem. Um homem pode ver um grande grau de diferença entre a grama e uma pequena árvore, mas se você subir bem alto, a grama e a maior árvore parecerão semelhantes. Então, do ponto de vista do ideal mais elevado, o menor animal e o homem mais elevado são o mesmo. Se você acredita que há um Deus, os animais e as mais elevadas criaturas devem ser o mesmo. Um Deus que seja parcial para seus filhos chamados homens, e cruel para seus filhos chamados bestas, é pior que um demônio. Eu preferiria morrer cem

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Swami Vivekananda vezes a adorar tal Deus. Minha vida inteira seria uma luta contra tal Deus. Mas não há diferença, e aqueles que dizem que há, são irresponsáveis, gente sem coração que não sabe o que diz. Aqui está um caso da palavra “prático” usada num sentido errado. Eu mesmo posso não ser um vegetariano fiel todo o tempo, mas eu entendo o ideal. Eu não devo rebaixar meu ideal para o momento atual e pedir desculpas por minha conduta fraca dessa maneira. O ideal é não comer carne, não ferir nenhum ser, pois todos os animais são meus irmãos. Se você pode pensar neles como seus irmãos, você fez um pequeno progresso em direção à irmandade de todas as almas, para não se falar na irmandade dos homens! Isso é infantilmente simples. Normalmente você percebe que muitos não aceitam isto, porque é um ensinamento que lhes diz para desistirem do atual, e se elevarem até o ideal. Mas se você trouxer uma teoria que se reconcilie com a conduta atual, eles a consideram como completamente prática.


as coisas vivas

Krishnamurti

É

estranho que nós tenhamos tão pouca relação com a natureza, com os insetos e a rã saltadora e a coruja que pia nas colinas chamando seu par. Nós não parecemos ter um sentimento por todas as coisas vivas sobre a terra. Se pudéssemos estabelecer uma profunda relação abrangente com a natureza, nunca mataríamos um animal por nosso apetite, nunca feriríamos, vivisseccionaríamos um macaco, um cão, um porquinho-da-índia para nosso benefício. Descobriríamos outras formas de curar nossas feridas, curar nossos corpos. Mas a cura da mente é algo totalmente diferente. Essa cura gradualmente acontece se você está com a natureza, com aquela laranja na árvore, e a folha de grama que brota no meio do cimento, e as colinas cobertas, escondidas, pelas nuvens. Isso não é sentimento ou imaginação romântica, mas a realidade de uma relação com tudo que vive e se move sobre a terra. O homem matou milhões de baleias e ainda as está matando. Tudo que conseguimos com o extermínio delas podemos conseguir por outros meios. Mas aparentemente o homem adora matar coisas, o cervo ligeiro, a maravilhosa gazela e o grande elefante. Amamos matar uns aos outros. Esse matar de outros seres humanos nunca parou ao longo da história da vida do homem nesta terra. Se pudéssemos estabelecer uma profunda e abrangente relação com a natureza, com as árvores verdadeiras, os arbustos, as flores, a grama e as rápidas nuvens, então nunca mataríamos outro ser humano por qualquer razão que fosse. Krishnamurti: foi um filósofo, escritor, e educador indiano. Fonte: http://www.jkrishnamurti.org/

A MÃE DO MUNDO Trecho transcrito do volume 2 da Série de palestras sobre a Mãe do Mundo de Trigueirinho.

A

través da história deste planeta, a mãe do mundo vem se apresentando sobre vários nomes e falando de forma que todos possam compreender seja qual for o nível evolutivo de seus ouvintes. Ela chama todos de seus filhos.

Entre suas inúmeras manifestações, apareceu para o índio Juan Mãe Cósmica por Nicholas Roerich Diego, em 1531, no México. Em 1981 em Ruanda, na África, sempre para pessoas simples. E passando durante os séculos a aparecer por diferentes locais da Europa, Egito, Ásia Menor, Américas. Há 5 anos, apareceu no centro espiritual Aurora, no Uruguai, e mais recentemente em Figueira, no Brasil, onde ela se apresenta aos videntes como Maria – Mãe da Divina Concepção da Trindade. Esse é o nome que ela se dá aqui. Em todos esses lugares ela tem nos levado a refletir sobre o que vem chamando de fim dos tempos. Fim dos tempos não significa fim do mundo. O planeta pode prosseguir seu curso, mesmo que aja uma profunda transformação, inclusive o desaparecimento dessa civilização, que há centenas de anos, vem dando mostras de querer se destruir. Sem intenção alguma de nossa parte de querer amenizar o que se observa da ação do homem de superfície desta terra e sem querer justificar a destruição pelo homem de em todos os campos de vida, cabe-nos lembrar que um novo mundo pode surgir, embora antes disso, o período de aplicação do que se chama Justiça Divina, possa custar profundas transformações da humanidade da superfície do planeta.

Trigueirinho No campo das profecias, em todos os tempos, foi anunciado que são os pobres e humildes no Senhor que chegarão a perceber o que vem se apresentando como sinais dos tempos. Porque os orgulhosos não conseguem ver além do que o intelecto mostra. Temos que ir além do que o nosso intelecto nos diz para ficarmos diante de certas realidades que a maioria não está conseguindo perceber em toda sua gravidade. Um pouco por estar distraída com preocupações da vida diária e seus problemas materiais ou por não ter intenção de aprofundar a própria visão e a própria compreensão de fatos tão evidentes, a humanidade continua alheia ao que realmente se passa no planeta em todos os níveis de consciência. Em um mundo que os orientais chamavam de obscuro e ignorante, sempre houve quem ouvisse uma voz divina e sempre houve quem a encontrasse além da visão normal. É na pureza de coração e na mente liberta de conceitos que a maioria considera reais que, através dos tempos, se vem testemunhando a existência de outros níveis de realidade. Nesses outros níveis encontra-se essa presença que é chamada Mãe do Mundo, que se mostra ora como anunciadora ora como protetora, diante do que ela vem anunciando. Assim, às vezes apresenta-se convidando alguém para assumir tarefas que dizem respeito ao bem comum ou se apresenta alertando os seres humanos a mudarem o rumo de suas vidas.... Filósofo espiritualista, escritor e palestrante. www.comunidadefigueira.org.br / www.irdin.org.br /www.divinamadre.org

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Poesia

LÁGRIMAS Traços de vida — lágrimas do amanhã entre cores de luta. Regresso ao portão entreaberto em que camélias e nuvens compõem uma sinfonia.

Verdejar raízes e aguardar frutos mirrados restam-me nesta longa espera.

Maria Lúcia Chiapetta Escritora e Colaboradora do Ganapati.

SVB - Sociedade Vegetariana Brasileira Bárbara Bastos No dia 31/10/2012 aconteceu a estreia do Projeto Cultura Veg, idealizado pelo Grupo Recife da SVB e que tem como objetivo promover o vegetarianismo e incitar a reflexão e o debate sobre a Ética Animal, Nutrição e Saúde, Segurança Alimentar, Ética Ambiental, dentre outros, que consideram outra perspectiva ideológica e de consumo, levando principalmente em consideração o tratamento e a relação com os animais nãohumanos. Na edição de estreia, Marcelo Zenaide, membro do grupo SVB-Recife, realizou a palestra “Desconstruindo a cultura alimentar”, que abordou alguns dos problemas relacionados à alienação em relação aos processos de produção de alimentos de origem animal. Após a palestra ocorreu um debate com o público, de cerca de 80 pessoas, e depois uma degustação de lanches veganos.

A segunda edição, no dia 03 de dezembro, teve como tema o “Leite”, com o lançamento do livro “Bezerro Escritor”, de Igor Colares, designer e membro do grupo SVB-Recife. O evento lotou o auditório da Livraria Cultura, com cerca de 130 pessoas, ficando várias em pé ou sentadas no chão. Convidamos um dos maiores ativistas veganos do país, Fábio Chaves, fundador e editor do site ViSta-se (vista-se. com.br), que realizou a palestra “Quem precisa de leite”. Em seguida Igor Colares falou do projeto do livro, que é voltado para famílias e crianças, tratando das questões éticas e de saúde da produção e consumo de leite de vaca. No final houve uma degustação de leites e patês vegetais. Uma das bebidas mais apreciadas foi o leite de amêndoas com água de coco, cuja receita reproduzimos abaixo. A terceira edição do Cultura Veg foi no dia 30/01/2013, às 19h, na Livraria Cultura do Paço Alfândega, no Bairro do Recife. Neste mês teremos um cine-debate sobre o curta “A Engrenagem”, do Instituto Nina Rosa.

Receitas vegetarianas - SVB Leite de amêndoas com água de coco • 1 punhado de amêndoas (cerca de 20 und) • 300ml de água de coco

• Bater as amêndoas com água de coco no liquidificador e coar em coador de voil ou outro tecido (como um pano de prato).

• Desprezar a água em que as amêndoas ficaram de molho.

• O resíduo sólido das amêndoas pode ser aproveitado em receitas de patês. As demais receitas da degustação estão disponíveis no seguinte endereço:

• Retirar a pele das amêndoas. Para facilitar, pode-se dar um banho de água quente nas amêndoas.

http://svbrecife.blogspot.com.br/2012/12/receitas-deleites-vegetais-e-pates-de.html

• Hidratar as amêndoas de um dia para o outro em água potável.

Filie-se! Ajude a Sociedade Vegetariana Brasileira a trabalhar para que o vegetarianismo seja reconhecido como uma opção alimentar benéfica para a saúde humana, dos animais e do Planeta. www.svb.org.br/filiacao

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DICAS DO GANAPATI Adriana Miranda

Da Servidão Moderna A intenção da obra é trazer a “condição do escravo moderno dentro do sistema totalitário mercante e evidenciar as formas de mistificação que ocultam esta condição subserviente”. Traz profundas reflexões sobre a forma de viver do homem atual, passando pelos tópicos da globalização, alimentação (faz menção ao extermínio massivo dos animais), destruição do meio ambiente, consumismo desenfreado, mercantilização da medicina, violência, organização social, democracia, política, crise econômica, entre outros. Texto e vídeo estão disponíveis em 10 idiomas para download gratuitamente no site: http:// delaservitudemoderne.org/. Green (Verde) Comovente e premiado documentário do diretor francês Patrick Rouxel, lançado em 2009. É o primeiro filme de uma trilogia que observa a destruição das florestas tropicais em diferentes lugares do mundo. Tem como foco o desmatamento na Indonésia e não possui diálogos; acompanha o sofrimento de uma orangotango em especial, fazendo a conexão entre sua dor e nossa responsabilidade e inércia perante a devastação das florestas (cita empresas madeireiras e fabricantes de papel e celulose e óleo de palma) e morte de milhares de animais, mostrando que a destruição da natureza afeta a todos nós, não-humanos e humanos. O filme está disponível gratitutamente no site: http://www.greenthefilm.com/. Portal EcoDebate Site com conteúdo centrado em temas ligados às questões sócioambientais. Possui como objetivo a socialização das informações para militantes, movimentos sociais e ativistas ambientais. Atualizado diariamente com notícias, artigos técnicos e de opinião. Disponibiliza as informações via twitter, facebook, boletim diário via e-mail e oferece ainda a revista “Cidadania e Meio Ambiente” para download gratuito. http://www.ecodebate.com.br/.

braços cadáveres de animais. Ação impactante promovida pelo grupo Veddas-PE. 09/12/2012 - Veganismo em Foco. Evento promovido pelo Ativeg-Recife, em parceira com o CCJ-Recife. Oficinas de culinária vegana e horta vertical em garrafas pet. Cinedebate com a exibição dos vídeos Uma Vida Interligada, Paredes de Vidro e Terráqueos e discussão sobre a temática abolicionismo animal. 15/12/2012 – Comemorado o 5º Aniversário do Projeto de Extensão Adote um Vira-lata/UFPE e um ano de parceria do projeto com o CVA/Recife. O Adote promove todos os meses o evento de Adoção de Cães e Gatos do Parque do Cordeiro e arrecada rações e medicamentos para os animais carentes. Contato: projetoadoteumviralata@gmail.com. Site: http:// adoteumvira-lata.blogspot.com.br/. Próximos eventos

Somos Todos 269: O movimento 269life começou em Israel, quando três ativistas visitaram uma fazenda e viram um bezerrinho condenado à morte com brincos amarelos marcados com o número 269. Criou-se então um movimento pelo fim da escravidão animal e o número 269 virou um símbolo desta luta. Em março de 2013 manifestações do movimento 269life acontecerão em diversas cidades no mundo. Recife estará participando. Dia 23 de Março, das 14:00 às 18:00h, na Av. Beira-Mar de Piedade, próximo à Igrejinha e ao McDonald’s. Informações: 269life.pe@gmail.com. Romero Morais - Ativista e Colaboradora do Ganapati.

Adriana Miranda - Médica Veterinária e Colaboradora do Ganapati.

EVENTOS Romero Morais EVENTOS PASSADOS 08/12/2012 - DIDA / Dia Internacional dos Direitos Animais. Ação de conscientização sobre a exploração animal ocorrida na Praça do Diário. Voluntários panfletaram e sustentaram nos

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