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PROCESSO CRIATIVO

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AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

A falta d’água manifesta um problema de ordem capital, mas também indica a secura da consciência humana retratada na indiferença e apatia dos nossos pares diante de ações que vão na contramão de um sistema mais sustentável.

Para tanto, o processo de montagem do espetáculo PLANETA SÓ TERRA nasce da curiosidade de discutir este assunto tão delicado sob o prisma da palhaçaria, com intenção de construir uma dramaturgia potente e singular a partir de descobertas criativas que orbitam a comicidade e sensibilidade clownesca.

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Desde o princípio a dramaturgia girou em torno da construção de um cenário em formato de caixa que desse a sensação de clausura e aridez, a fim de pressupor que o Planeta se transformou num lugar inóspito Este cenário seria a moradia da palhaça Piolinha, talvez a última representante da nossa espécie

Outra informação importante que já vislumbrávamos na composição do primeiro roteiro, era que em algum momento essa personagem viajaria no tempo através de um buraco de minhoca que, de forma ficcional, seria causado por ondas sonoras advindas de um rádio, o qual se destacaria tal como outro personagem

Logo, essas três conjecturas: o cenário, o rádio e o trânsito dessa personagem por espaçostempos diversos descobrindo o quanto a vida é adulterada com a carestia da água, foram os elementos balizadores do resultado final dessa obra artística

Partindo dos primeiros argumentos descritos anteriormente, a viagem no tempo se tornou a ideia central da dramaturgia, traduzida em apenas 1 dos muitos supostos espaços já visitados por Piolinha na busca por alguma amostra de água que tenha restado no Planeta.

Já o rádio, assumiu o papel de uma “encarregada superior” desta missão e, o cenário que antes compreendíamos como sendo uma caixa multifuncional em que o público teria uma perspectiva tradicional do espetáculo, se transformou numa ideia original e arrojada:

Tivemos o insight de produzir uma caixa totalmente vedada para extrair o máximo da sensação de enclausuramento do espaço Neste sentido, concebemos o que pode ser chamado de um teatro lambe-lambe em tamanho real, no qual as paredes do cenário possuem aberturas que permitem que o público encaixe a cabeça para assistir o que acontece lá dentro.

Na parte interior do espaço cênico, as cabeças dos/das expectadoras são emolduradas e, tal como quadros, acompanham a missão da palhaça Piolinha, exprimida num lapso temporal de exatos 20 minutos em contagem regressiva por um cronômetro. Estes rostos curiosos observam, dão vasão ao devaneio da palhaça e presenciam o trágico final dessa dramaturgia pautada na secura dos tempos.

Em suma, esta é uma concepção intimista que no mínimo desperta a atenção e interesse das pessoas que estão do lado de fora para saberem o que se passa nesta instalação que tomou forma pelas mãos do cenógrafo e multiartista Jair Correia

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