HABITAR
AUGUSTO CÉSAR FERREIRA DOURADO
2014
EDIFÍCIO FLEXÍVEL
HABITAR: EDIFÍCIO FLEXÍVEL Augusto César Ferreira Dourado
Trabalho final de Curso apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda sob orientação do Prof. Me. Onésimo Carvalho de Lima, para obtenção de título de gradução em Arquitetura e Urbanismo
2014
Agradecimentos Primeiramente a Deus, pela saúde, força e perseverança para superar cada obstáculo. À minha família pelo fundamental apoio, carinho e incentivo durante toda minha vida. Ao meu orientador Onésimo pelo empenho, a paciência e dedicação durante o desenvolvimento deste trabalho.
Os indivíduos se relacionam com suas habitações construindo diferentes hábitos de morar que são reflexos de como vivem. Enquanto palco das diferentes manifestações da vida humana com toda a sua diversidade social, cultural e econômica, a arquitetura passa a produzir sensações e significados, assumindo também uma dimensão simbólica, como resultado de um sentimento de pertencimento do indivíduo com seu lugar de moradia. Neste sentido o espaço arquitetônico se faz presente como abrigo de experiências, e dos hábitos inerentes às diversas formas de morar. (ALMEIDA, 2012. Não paginado).
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.................................................................p.09 1-
FLEXIBILIDADE NA ARQUITETURA 1.1 - MODOS DE MORAR 1.2 - MOBILIDADE, EVOLUÇÃO E ELASTICIDADE.............p.13 1.3 - AS SEIS CAMADAS DO EDIFÍCIO...............................p.16 1.4 - FACHADA ATIVA E FRUIÇÃO PÚBLICA......................p.20
2-
EDIFÍCIOS FLEXÍVEIS 2.1 - EDIFÍCIO SIMPATIA.....................................................p.22 2.2 - EDIFÍCIO POP MADALENA.........................................p.28 2.3 - EDIFÍCIO ITACOLOMI..................................................p.32
3.
CONDICIONANTES DO PROJETO 3.1 - LOCAL.........................................................................p.34 3.2 - LEGISLAÇÃO...............................................................p.39 3.3 - PROGRAMA................................................................p.40
4. PROJETO 4.1 - PERSPECTIVAS............................................................p.41 4.2 - PRANCHAS TÉCNICAS................................................p.47
REFERÊNCIAS......................................................................p.59
APRESENTAÇÃO
A moradia é tradicionalmente um local de experiências culturais, familiares e afetivas, refletindo assim as particularidades de cada família, seja pelo modo de uso dos espaços, da distribuição da mobília ou cor das paredes. Desta maneira a casa passa a ter grande importância na vida de uma pessoa. Cada grupo familiar ou cada arranjo de co-habitantes têm necessidades e desejos específicos, contudo o cenário mercadológico atual exclui os grupos que se encontram fora do “padrão”, colocando-os em situações de desconforto e improvisação dentro do que lhes é oferecido. Este trabalho busca, através de pesquisa bibliográficas, reunir informações técnicas e conceitos que fundamentem o desenvolvimento do projeto de um edifício habitacional que atenda os diversos modos de morar, através da flexibilidade.
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1 - FLEXIBILIDADE NA ARQUITETURA 1.1 - MODOS DE MORAR A modernidade criou a idéia do homem-tipo e através de estudos biológicos e antropomórficos concebeu a habitação-tipo, em detrimento da individualidade e espontânedade humana no âmbito do lar, porém o período moderno está inserido em um contexto geral de padronização, e as habitações foram apenas absorvidas por essa ideologia como reflexo da revolução industrial. “O espaço da habitação, higiênico, cartesiano, representado por um ambiente voltado para o mínimo de qualidade de vida, acolheu uma uniformidade que transformou os moradores de habitação coletiva em cidadãos anônimos que habitavam originalmente vastos blocos residenciais, em bairros periféricos, de altas densidades, minuciosamente implantados em torno de áreas verdes e espaços coletivos compartilhados. (JORGE, 2012, p.47) A realidade atual na demanda por moradia pede por diversidade de tipologias, visto que a família nuclear (pai, mãe e filhos) apesar de ainda numerosamente expressiva, não é o único arranjo de co-habitantes existente, e as novas maneiras de habitar são crescentes e dinâmicas: filhos saem de casa ainda na adolescencia para estudar fora e se juntam em domicílios, casados se separam, amigos de trabalho dividem a mesma casa e outras inúmeras situações solicitam programas diferentes do padrão oferecido atualmente, além da pró10
pria família nuclear que é passiva de mobilidade social. Segundo Almeida (2012) na medida em que se modificam os perfis familiares, os momentos de vida, as condições socioeconômicas, o padrão cultural, os hábitos também sofrem modificações visando se ajustar aos modos de viver da família. Entretanto o mercado imobiliário se restringe a comercializar modelos “engessados” de casas e apartamentos, nos moldes da tradicional família nuclear. Desta maneira este trabalho busca criar um edifício residencial multifamiliar, em que seja possível atender às diversar necessidades de moradia da sociedade atual, através de soluções que viabilizem a flexibilidade de programa.
Área Social Área molhada Área Íntima fonte: www.mrv.com.br, com intervenção do autor.
O modelo acima é um tipo amplamente reproduzido na cidade de Ribeirão Preto, baseado na tripartição: social, íntimo e serviço. Este padrão já conta com divisões previamente estabelecidas para uma família padrão. O programa é “travado”, pois as aberturas são pré destinadas a um uso específico, as paredes são de alvenaria o que impede mudanças práticas, e exigem reformas demoradas e com a geração de entulhos. Em alguns casos, principalmente em construções mais econômicas, a alvenaria tem também função estrutural chegando-se ao máximo da rigidez do programa, uma vez que não 11
se pode remover paredes ou sequer fazer abertura nas mesmas. Desta forma cria-se um descompasso entre o modo de uso contemporâneo das habitações e os espaços físicos oferecidos pelo mercado, criando a necessidade de modificações trabalhosas e caras após a aquisição dos mesmos. Essa realidade deixa claro que o mercado está ultrapassado e há a necessidade de rever a produção das moradias, buscando a liberação dos espaços para o livre posicionamento dos elementos de divisão de acordo com o estilo de vida dos moradores.
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1.2 - MOBILIDADE, EVOLUÇÃO E ELASTICIDADE Ainda que a flexibilidade não seja uma novidade, no campo da arquitetura, a sua aplicabilidade se dá de forma mais ampla nas tipologias comerciais e corporativas. Se tratando de habitação contemporânea, restringe-se a exemplos pontuais ou inesperados, sendo pouco explorado pelas empresas construtoras atualmente. A flexibilidade na arquitetura prolonga a vida útil dos edifícios por se adequar às novas maneiras de uso, de forma que não se torna obsoleto e acompanha às novas tecnologias. O conceito de flexibilidade na arquitetura pode ser entendido de forma simplificada na predisposição a mudanças de uso e ocupação de uma construção. “A flexibilidade é entendida como toda configuração construtiva ou formal que permita uma diversidade de formas de uso e ocupação do espaço ao longo da vida do edifício.” (VILLÁ,2008, não paginado.) Segundo Jorge (2012) a arquitetura flexível pode ser aplicada e entendida em três níveis: A mobilidade, a evolução e a elasticidade, sendo que a mobilidade trata-se do uso da edificação ao longo do dia, e abrange as modificações temporais de acordo com o uso momentâneo – pode ser exemplificado nas paredes de correr que privatizam ou abrem ambientes de acordo com a necessidade. A evolução é a flexibilidade solicitada no decorrer dos anos, em virtude da modificação do arranjo familiar, que exige que se possa criar novos cômodos e eliminar outros sem que se comprometa a estrutura, circulação, iluminação etc. Os elementos que demonstram esta qualidade são as fachadas moduladas que permitem o rearranjo de fechamentos, bem como a estrutura de sustentação independente. 13
Parede móvel: http://www.castelhano-ferreira.pt/outros-produtos/paredes-moveis/
A elasticidade é a capacidade de ampliação da unidade, quando é possível anexar-se às unidades vizinhas, horizontalmente ou ver-
Estrutura independente: Casa dominó de Le Corbusier. Fonte: http://habitat.aq.upm.es/boletin/n3/fig/i1amvaz.jpg
Fachada do Toronto-Dominion Centre de Mies Van der Rohe. Fonte: http://www.theglobeandmail.com/life/home-and-garden/architecture/judging-modernism-on-its-merits/article18558110/
ticalmente aumentando a metragem quadrada – Esse nível de flexibilidade é atingido pela independência de paredes entre vizinhos de qualquer instalação fixa permitindo a ampliação horizontal por junção de unidades, e predisposição das lajes para a interligação vertical criando-se duplex. Estes são exemplos de elasticidade considerando edifícios verticais. A flexibilidade seria, portanto a ferramenta magistral para acompanhar as incertezas imprevisíveis do futuro, coibindo a falência arquitetônica e “mantendo os distintos estilos de vida dos seus ocupantes” (KRONENBURG, 2007, p.49). 15
1.3 - AS SEIS CAMADAS DO EDIFÍCIO Segundo Stewart Brand (1994), a adaptabilidade do edifício é indispensável para que este possa atravessar o tempo e manter-se atual. A partir da dissociação das seis camadas distintas, originalmente denominadas através de “six S’s- site, structure, skin, services, space plan e stuff”, o design do edifício constitui uma atitude prospectiva, permitindo a renovação independente de cada componente do edifício à medida em que essa se faz necessária.
Diagrama de constituição dos edifícios por camadas, conforme Stewart Brand. Fonte: JORGE, Liziane de Oliveira, Estratégias de Flexibilidade na Arquitetura Residencial Multifamiliar. São Paulo: Universidadede São Paulo, 2012.
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Há coisas que podem ser substituídas, e forçosamente serão substituídas, mas pergunto-me se os edifícios serão substituídos... Não, acho que deveríamos ser sensatos. Não é preciso construir para durar milénios, como as pirâmides, mas um edifício deveria viver tanto quanto seja possível. Não há nenhuma razão para fazê-lo simplesmente provisório. Nesse caso, dever-se-ia montar barracas! (MIES VAN DER ROHE apud PUENTE, 2006, p.34).
Diagrama de camadas independentes e vida útil correspondente, conforme Stewart Brand. Fonte: JORGE, Liziane de Oliveira, Estratégias de Flexibilidade na Arquitetura Residencial Multifamiliar. São Paulo: Universidadede São Paulo, 2012. 17
Mies Van der Rohe, via a flexibilidade como um dos conceitos mais importantes da arquitetura e difundiu o conceito da planta livre, permitida por uma estrutura independente das vedações. Com base nas tecnologias de aço e vidro, possibilitou a criação de um espaço universal, generalista, capaz de abrigar programas variados e a atender exigências diversificadas, conceito conhecido como flexibilidade funcional.
A simplificação de elementos estruturais, a parede como elemento independente e a organização interna através de painéis leves são estratégias combinadas que conferem peculiaridade à obra de Mies. Essa característica já podia ser vistas, no revolucionário edifício de apartamentos, na Weissenhofsiedlung, em Stuttgart, Alemanha, em 1927, na ocasião da exposição “A habitação” (JORGE, 2012, p.49)
Edifício de Apartamentos - Mies van der Rohe. Weissenhofsiedlung, Stuttgart, Alemanha, 1927. Plantas-baixas com variações na subdivisão das unidades. Fonte: SCHWARTZ-CLAUSS, Mathias. Living in motion. Design and architexture for flexible dwelling. Weil am Rhein: Vitra design museum,2002, p. 35.
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Divis贸rias leves e m贸veis - Mies van der Rohe. Weissenhofsiedlung, Stuttgart, Alemanha, 1927. Fonte: SCHWARTZ-CLAUSS, Mathias. Living in motion. Design and architexture for flexible dwelling. Weil am Rhein: Vitra design museum,2002, p. 35.
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1.4 FACHADA ATIVA E FRUIÇÃO PÚBLICA Fachada ativa corresponde à ocupação da fachada localizada no alinhamento de passeios públicos por uso não residencial com acesso aberto à população e abertura para o logradouro, tem o objetivo de promover usos mais dinâmicos dos passeios públicos em interação com atividades instaladas nos térreos das edificações a fim de fortalecer a vida urbana nos espaços públicos. Evitar a multiplicação de planos fechados na interface entre as construções e o passeio público. (fonte:http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/novo-pde-fachada-ativa/)
Este conceito será aplicado neste trabalho visto que o estímulo ao uso misto é benéfico para a cidade pois reduz deslocamentos, e evita o perigo noturno que acontece nas áreas estritamente comerciais de uso diurno que durante a noite ficam desertas. O uso misto favorece também os moradores, quando as atividades desenvolvidas na fachada servem de apoio à habitação e ainda à vizinhança. Contudo a proximidade com as unidades residenciais, exige análise do possível impacto destas ocupações.
Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/12/06_usomisto_3.png 20
A fruição pública consiste no uso público de área localizada no pavimento térreo que não pode ser fechada com edificações, instalações ou equipamentos e tem o objetivo de estimular e melhorar a oferta de áreas qualificadas para o uso público com que privilegiem o pedestre e promovam o desenvolvimento de atividades com valor social, cultural e econômico. (Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/novo-pde-fruicao-publica) A fruição pública permite a passagem de pedestres dentro do lote, e o uso dos serviços e oferecidos no seu interior, criando uma relação positiva de vizinhança. Por estes benefícios seus conceitos serão utilizados no desenvolvimento deste trabalho.
Fonte: http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2013/10/05_fruicao_1.png 21
2 - EDIFÍCIOS FLEXÍVEIS 2.1 - EDIFÍCIO SIMPATIA Localizado na Vila Madalena, o Simpatia
236 foi projetado
pelo Grupo SP. Tem apenas 8 andares e plantas totalmente customizáveis. São 11 apartamentos com duas metragens diferentes – 95,65 e 112,09m² – e mais duas coberturas. Além de um depósito para cada apartamento, o prédio ainda tem piscina e pomar. O projeto conta com uma pracinha aberta para a vizinhança na parte de trás do terreno. UNIDADES CIRCULAÇÃO
2 blocos de apartamentos, um bloco com unidades de 65,65m² e outro com unidades de 112,09 m²
CIRCULAÇÃO
ACESSO R. SIMPATIA
PRAÇA
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CORTE LONGITUDINAL
CIRCULAÇÃO ÁREA SOCIAL PISCINA
TÉRREO INFERIOR
Nos níveis aéreos encontram-se as unidades habitacionais, enquanto garagens e serviços estão enraizados no térreo e subsolo. ÁREA CONVÍVIO CIRCULAÇÃO
TÉRREO
1 - ACESSO PEDESTRE 2 - ACESSO CARRO
ELEVAÇÃO
CORTE TRANSVERSAL
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Os blocos tem vistas diferenciadas e estão elevados com relação ao térreo onde acontece o pátio de acesso. As unidades tem área variável entre 95m² e 113m² , e 275m² e 316m² para as coberturas. A incorporadora oferece algumas sugestões de ocupação, porém as plantas são livres e oferece uma diversidade de possibilidades de layouts adaptáveis às varias conformações familiares.
Fonte: API - Habitação Coletiva Verticalizada - Edifício Residencial Simpatia 236. 4 de setembro de 2011. Disponível em: <http://www.maisamarra.blogspot.com/2011/09edifício-residencial-simpatia-236.html>. Acesso em: julho de 2014.
Na página seguinte, podemos perceber a flexibilidade deste edifício através da ocupação feita em três unidades de 95,65m² e três unidades de 112,09m². 24
Configuração de planta aberta, com cozinha de bancada única e linear com controle de acesso apenas no banheiro, lavatório e área de serviços.
Configuração de planta aberta, com “cozinha em ilha” com controle de acesso apenas no banheiro, lavatório e área de serviços.
Configuração para duas suítes com cozinha linear e bancada única, lavatório, área de serviços e banheiro de funcionário.
Fonte: API - Habitação Coletiva Verticalizada - Edifício Residencial Simpatia 236. 4 de setembro de 2011. Disponível em: <http://www.maisamarra.blogspot.com/2011/09edifício-residencial-simpatia-236.html>. Acesso em: julho de 2014. 25
Configuração para uma suíte com parede móvel, cozinha, espaço de estar e jantar integrados, lavatório, área de serviços e varanda com jogo de mesa e espreguiçadeira.
Configuração para uma suíte com amplo banheiro, parede móvel, cozinha, espaço de estar e jantar integrados, lavatório, área de serviços, banheiro de funcionário e varanda com jogo de mesa para 8 pessoas. Configuração para duas suítes, cozinha, mesa de janta sala de tv integrados, lavatório, área de serviços, banheiro de funcionário e varanda com lounge.
Fonte: API - Habitação Coletiva Verticalizada - Edifício Residencial Simpatia 236. 4 de setembro de 2011. Disponível em: <http://www.maisamarra.blogspot.com/2011/09edifício-residencial-simpatia-236.html>. Acesso em: julho de 2014. 26
Apartamento duplex/ cobertura. Planta com lavatório, sala de estar, jantar, cozinha, área de serviço, dormitório e banheiro de funcionário no primeiro nível.
Suíte, dois dormitórios com banheiro compartilhado e sala de tv no segundo nível.
Piscina, área de churrasco e lazer na cobertura.
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2.2 - POP MADALENA Edifício de uso misto (com fachada ativa) formado por apartamentos e lojas, projetado pelo escritório Andrade Morettin. Os apartamentos têm metragens que variam de acordo com a necessidade do morador — com opções para solteiros, casados e separados.
Dispõe de 34 unidades residenciais e 3 comerciais Unidades de 55 m² a 133 m², duplex de 96 m² e 209 m², e coberturas de 176 m² a 260 m² 28
Perspectiva - brises móveis para controle de insolação.
Neste projeto o que promove a flexibilidade é a variedade de unidades, simples, duplex e coberturas com espaços abertos e multifuncionais.
Unidade com quarto aberto, TV servindo cama e sofá
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Apartamento duplex: Nota-se a concentração das áreas molhadas de banho e serviço junto ás paredes mais internas, liberando o espaço para atividades de lazer, descanso e convívio; permitindo também a livre organização do espaço aberto. Unidades compactas com um dormitório suíte, lavatório, lavanderia , cozinha e sala de jantar/ estar.
Unidades com suíte + dormitório e banheiro de uso comum.
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Duplex com duas suítes, terraços para sala no primeiro nível e para suíte maior no segundo nível.
Duplex com uma suíte, primeiro nível com convívio, cozinha e área de serviços. Superior privativo.
Cobertura com uma suíte e um dormitório no primeiro nível, junto ás salas e cozinha, superior com piscina, churrasqueira e lazer.
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2.3 - EDIFÍCIO ITACOLOMI CONSTRUÇÃO DA INTIMIDADE Os apartamentos são espaços abertos, como vazios com pé-direito duplo onde é possível imaginar arranjos múltiplos de acordo com o tamanho da família e seu modo de vida. A flexibilidade deste edifício é viabilizada a partir da infraestrutura oferecida para a livre ocupação pelo morador. Não existem divisórias dispostas no espaço a não ser o núcleo de circulação. O bloco de circulação vertical é uma volume central que organiza o espaço definindo um setor de conivência ligado a rua e outro mais íntimo vinculado ao lado interno do lote.
Primeiro pavimento
Mezanino
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Varandas generosas tanto na fachada anterior como posterior reforçam a relação entre o apartamento e a paisagem circundante, a copa das arvores as visuais mais alongadas.
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3 - CONDICIONANTES DO PROJETO 3.1 - LOCAL O consolidado bairro Jardim Paulista, situado na zona leste (subsetor L2) foi escolhido para a implantação do edifício por apresentar uma boa infraestrutura, comércio e serviços, localização relativamente centralizada quanto à mancha urbana e a fácil circulação, além de permitir grande aproveitamento dos lotes e o adensamento populacional. Todas essas qualidades, somadas ao aquecimento geral da construção civil no país fomentaram um recente crescimento na quantidade de empreendimentos imobiliários verticalizados para uso
Foto de Satélite. Fonte: Google
perímetro do bairro
corredor comercial
residencial. O bairro se encontra na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP) que possui um quadro favorável ao adensamento quando comparada aos bairros externos ao anel viário de Ribeirão Preto. O perímetro do bairro é demarcado pelas vias: Rua Carlos Chagas, Avenida Treze de Maio e Avenida Meira Júnior – sendo estas duas últimas vias de grande fluxo e importante conexão nos eixos: Norte-Sul (composto por avenidas: Presidente Vargas, Meira Júnior, Pascoal Innechi) e Leste-Oeste (composto por Avenidas: Capitão Salomão e Independência e Rodovia Castelo Branco)
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População residente - Sexo - Pirâmide etária
Domicílios particulares permanentes - Quantidadede moradores
Gráfico. Fonte: IBGE censo 2010
A população do bairro encontra-se na faixa economicamente ativa segundo estatísticas do Censo 2010 realizado pelo IBGE, sendo que a maior parcela está entre os 20 e 34 anos. O Jardim Paulista tem uma alta taxa de verticalização visto que 58,6% da população reside em apartamentos, apesar de não chamar a atenção para esta característica por ser composto em sua maioria por edifícios verticais baixos. O bairro é predominante residencial, mas bem servido de comércio 35
e serviços que se concentram em dois eixos paralelos de vias coletoras: Rua Henrique Dummont e rua Camilo de Matos e também nas avenidas Treze de Maio e Meira Júnior, além de pontos secundários espalhados pelo bairro - evidenciando a vocação para uso misto. Ribeirão Preto: Domicílios particulares permanentes - Tipo
Apenas 19,3% da população ribeirão pretana vive em apartamentos, enquanto no bairro jardim Paulista 58,6% dos moradores vivem em edifícios verticais
Jardim Paulista: Domicílios particulares permanentes - Tipo
Gráficos. Fonte: IBGE censo 2010
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Foto Panorâmica da área. Fonte: Arquivo pessoal
A declividade na área de intervenção é baixa, em torno de 3%. Devido a proximidade do espigão da Avenida Treze de Maio, a localização favorece a apreciação da paisagem, permitindo amplo campo de visão.
Mapa topográfico
Área de intervenção
Mapa topográfico (recorte ampliado) Fonte: www.ribeir
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Terreno
O lote escolhido para o desenvolvimento do projeto possui um tamanho favorável á verticalização. A cota altimétrica propicia vistas que se perdem no horizonte pois fica a duas quadra do espigão da avenida treze de maio.
Terreno. Fonte: Google Street View 38
3.2 - LEGISLAÇÃO
No mapa de uso do solo o bairro encontra-se na área de uso misto. Mapa de Zoneamento Urbano (recorte ampliado) Fonte: www.ribeiraopreto.sp.gov
O código de obras de Ribeirão Preto exige os seguintes afastamentos para esta área: Recuo frontal: 5 metros Recuos laterais para edifícios verticais: H/6 (1/6 da altura da edificação, sendo que o recuo mínimo é 2 metros) Coeficiente de aproveitamento: 5 área do lote Taxa de ocupação 75%
Mapa de Uso (recorte ampliado) Fonte: www.ribeiraopreto.sp.gov 39
3.2 - PROGRAMA O plano de setorização foi desenvolvido com o intuito de concentrar sistemas hidrossanitários junto ao núcleo de circulação do edifício de modo à liberar as extremidades para o convívio, lazer e descanso. Os shafts foram concentrados junto aos pilares e paredes mais internas. Quanto ao programa, o subsolo comporta estacionamento e armários para os apartamentos, depósitos de material de limpeza, reservatório inferior e vestiário de apoio à funcionários. No térreo ficam unidades comerciais, recepção, banheiros e estacionamento para os usuários. A cobertura dispões de área de lazer comum aos moradores com piscina, área de churrasco e cinema. Os demais pavimentos são formados por apartamentos e duplex de 55,50 a 109,05 m².
INSTALAÇÕES HIDROSANITÁRIAS APARTAMENTOS APARTAMENTOS
ÁREA DE LAZER
CIRCULAÇÃO
GARAGEM
Corte esquemático 40
SHAFTS VENTILAÇÃO E HIDRÁULICA
COMÉRCIO
Planta esquemática
4 - PROJETO 4.1 - PERSPECTIVAS
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4.2 - PRANCHAS TÉCNICAS
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4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Alice de. Hábitos no habitar – Hábitos de morar e a criação do espaço
arquitetônico.
Disponível
em
<http://vitruvius.com.br/revistas/read/
drops/12.057/4386> Acesso em: 15/11/2013
BRAND, Stewart. How buildings learn. What happened after they’re built. London: Penguin Books, 1994.
JORGE, Liziane de Oliveira. Estratégias de flexibilidade na arquitetura residencial multifamiliar. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012
KRONENBURG, Robert. Arquitetura flexible: Vivienda flexible. In: HERREROS, Juan et. Al. Vivienda y espacio doméstico en el sigilo XXI. Housing and domestic space in the XXI century. Madri: La Casa Encendida. Caja Madrid, Obra Social. 2008.
NORBERG-SCHULZ, Christian. Arquitetura occidental. Barcelona: Gustavo Gilli, 1999.
VILLÀ, M. J. Flexibilidade: exigência do habitat contemporâneo. 2008. Disponível em: <http://www.arquitetura.ufmg.br/mom/coloquiomom/comunicacoes/villa.pdf >. Acesso em: 15/09/2014.
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