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AVDA MAGAZINE ine Revista on-line

N煤mero 4 路 Julho de 2010 路 www.avozdaaguia.com


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É com enorme prazer que apresentamos o número quatro da nossa Revista on-line. Prazer pois retratamos nesta edição momentos de glória de tempos gloriosos, que esperamos se repitam por muitos anos. Por outro lado, a revista continua a ser produzida. Aproveitamos, ainda, para agradecer, ao agora mero user, Nazgul por toda a contribuição ao longo dos anos para a manutenção deste espaço. Como não podia deixar de ser esperemos que quem entrou agora na Administração continue a manter o espaço de forma saudável. Nesta edição é de lamentar o facto de não ter sido possível ilustrar convenientemente os textos dos participantes. Por isso apelamos que não desistam de ler os excelentes textos, embora possam parecer maçudos. Obrigado a todos os que ajudam na elaboração da Revista.

ildemaro slbpm Hammett RED TIFFO Mr_Freeze Nuno Moreira Suazogol SLB1904


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• Olha quem ele é! ………………………. 4 • Sport Lisboa e Benfica, da Farmácia Franco ao título europeu …………… 5 • Os reis dos marcadores do campeonato – já lá iam 18 anos . 16 • Uefa Futsal Cup Finals – A Europa chama pelo Benfica ………………… 22 • Passado, presente e futuro…….… 24 • Resumo das actividades das principais modalidades da época 2009/2010 ……………………………….. 25


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Olha quem ele é 1 – Como conheceste o fórum? Pesquisando na Internet, já há uns anos, sobre vídeos do SLB... Boa parte dos que encontrava, faziam referência ao "A Voz Da Águia", e daí até ao fórum, foi um saltinho... 2 – Com que frequência visitas o fórum? Todos os dias! Não quero parecer viciado, mas este é um espaço onde podemos falar de vários temas, e em especial do nosso Benfica! 3 – Quais as áreas/tópicos que mais visitas? Principalmente a zona da tasca, das modalidades, do futebol do Benfica e futebol nacional... 4 – O que gostarias de mudar no fórum? Penso que o fórum está bem e recomenda-se! Têm-se feito iniciativas que muito me orgulham como membro (A magazine, o cachecol...) e este é o caminho a seguir... 5 – O que pensas do presente do Benfica? Penso que, finalmente, depois de uma longa travessia do deserto (Onde apenas passámos por um oásis em 04-05), o nosso clube chegou a bom porto, e na minha opinião, vem aí um ciclo muito favorável ao nosso clube, não só no futebol, mas também nas modalidades. 6 – O que mudavas no Clube se pudesses? Certas politicas de negociação... Não só em termos de compra e venda de jogadores, mas mesmo no geral... Como exemplo, dou o patrocínio dos nossos equipamentos, ou os direitos televisivos! O nosso presidente bem tem prometido, mas até agora, é o que se sabe... 7 – Qual o melhor momento da época? Para mim, há dois... O golo do Javi Garcia frente à Naval, em casa, e o golo do Kardec frente ao Marselha, em França... Segui ambos os jogos apenas via relato, e foram sem dúvida os golos que mais alegria me deram este ano, pelo forma como foram vividos... 8 – Sexo? Quatro a cinco vezes por semana... 9 – Idade? Vinte e sete, se a magazine sair até 27/Agosto/2010; vinte e oito, se sair depois desta data... 10 – Profissão? Militar da mui nobre Guarda Nacional Republicana! 11 – Naturalidade e residência actual? Nasci em Elvas, e actualmente moro em Vila Nova de Milfontes! Hammett


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Sport Lisboa e Benfica, da Farmácia Franco ao Título Europeu! Era um grupo de jovens senhores lisboetas que decidiram formar um clube de futebol em 1904 e para tal se reuniram na Farmácia Franco, em Belém. A primeira grande vitória deste grupo consistiu, evidentemente, na escolha da cor vermelha para as camisolas. Cosme Damião estava no centro desses idealistas do pontapé na bola em colectivo. Mas, sem campo, a vida do novo clube tornar-se-ia, rapidamente, precária. Queriam jogar futebol e

tinham os olhos postos nos ingleses e naqueles portugueses que os imitavam de maneira mais organizada. Mas Cosme via o futuro. Queria fazer um clube em cujas veias sangue fervoroso corresse, um clube de alma impetuosa, irrequieta, de resistência, de combate, um clube que se atirasse não só ``as competições nacionais para vencer mas olhasse os estrangeiros de igual para igual para derrotá-los – um clube, enfim, à sua maneira.

O facto é que o Sport Lisboa não possuía campo e, nessas condições, alguns dos melhores jogadores, que não sentiam o ideal de Cosme Damião, desertaram. Foram para o Sporting, em Maio de 1907. O Sporting era um clube de classe média e acima, que se distinguia do outro lado da cidade. Assim abandonado, o Sport Lisboa morreria, certamente. Mas Cosme reagiu. Com Félix Bermudes lançou-se numa campanha de salvação do seu clube. Juntou-selhes o Dr. Virgílio Paula, que tinha prestígio na zona de Pedrouços e

Belém e dava lições teóricas de futebol, todas as manhãs, nas farmácias daquelas áreas. E para se resolver a complicação do campo foi-se para a Feiteira. Em breve o SL ganhava o B da história. De Benfica.

Também o Grupo Sport Benfica, do outro lado de Lisboa, procurava singrar. Tinha campo, praticava ciclismo e corridas pedestres. Cosme, José da Cruz Viegas, Cândido Rosa Rodrigues, sob o espírito inspirador de um jovem chamado Marcolino, iniciaram a aproximação ao Grupo Sport Benfica. O Sport de Lisboa tinha 40 sócios de raiz.


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Não podia deixar-se cair prisioneiro do infortúnio e de circunstâncias adversas. Félix Bermudes organizou subscrição pública que deu 27 mil réis. Aos poucos a grande arrancada pela sobrevivência começava. E a equipa de futebol uniu-se para tirar partido do retorno de Henrique Costa (um dos que foram para o Sporting) e das qualidades genuínas de Artur José Pereira.

O Grupo Sport Benfica concordou em que o Sport de Lisboa utilizasse o campo da Feiteira para jogos oficiais e particulares. Assim, as actividades do clube de Cosme Damião começaram a transferir-se gradualmente, para Benfica e os laços entre os dois clubes apertaram-se. “E Pluribus Unum”, a célebre legenda latina, ficou a presidir a essa união.

Em 1908 o SLB registava a primeira vitória sobre o Sporting, numa data histórica, utilizando os seguintes jogadores: Artur José Pereira, Leopoldo José macho, Cosme Damião, João Persónio (Guarda-Redes), Luís Vieira, Henrique costa, Carlos França, António Meireles, David da Fonseca,

Eduardo Corga, António Costa. Eis a equipa

benfiquista que vingou a deserção quase fatal de 1907 e estabeleceu condições para o futuro. Os burgueses e aristocratas de Alvalade compreenderam, então, que o clube do povo lhes faria frente. Mais ainda: ultrapassá-losia.

Em 1912 o SLB realizou a primeira viagem ao estrangeiro. A equipa de futebol jogou na Corunha, venceu o primeiro desafio e perdeu os outros dois. Contrariando o habitual fairplay, Cosme Damião, que continuava a ser o cérebro técnico, queixou-se dos árbitros. Dessa jornada ficou episódio que marca o que, apesar de ventos e tempestades, o Benfica queria ser. Orgulhosamente. Um dos jogos com

o Real Club Coruña deflagrou em violência, Artur José Pereira, então considerado o melhor futebolista português, que algum tempo depois trocaria o Benfica pelo Sporting, com direito a subsídio mensal e primazia no banho quente, e acabaria por ser um dos fundadores do Belenenses, foi atingido por um espanhol que lhe pediu desculpa. Não aceitou e pior – insultou-o. Cosme, apercebendo-se de mais um


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ataque dos seus maus fígados, mandou-o sair imediatamente de campo com castigo. A punição estender-se-ia pela noite dentro – Cosme resolveu fechar Artur no quarto, proibindo-o de participar no banquete de confraternização. O castigo só não foi por diante porque

o capitão do Real Coruña intercedeu por ele, suplicou a Damião para que abrisse a cela e libertasse o prisioneiro. Cedeu. Mas só depois de um ralhete sobre as obrigações de um futebolista civilizado.

O futebol do Benfica estava já centralizado em sete Rios. O aluguer do campo era à razão de 125 escudos por ano. No ano

seguinte vitórias em todas as frentes no futebol – prova de que nascera, fulgurante, imparável, uma nova potência.

(José Rosa Rodrigues – 1904-05)

José Rosa Rodrigues foi o primeiro presidente do Sport Lisboa. A eminência parda era Manuel Goularde, escriturário da Farmácia Franco. Problema bicudo? Um campo. A sede depressa se descobriu, na Rua das Zebras, a última em Belém, a troco de 78 mil réis ao ano. Os treinos faziam-se então numa faixa de terreno junto

da linha para Cascais, mas em 1906 a CP exigiu a expulsão dos futebolistas através de uma ordem de despejo entregue ao clube pela guarda da passagem de nível. Assim, o Sport Lisboa teve de procurar guarida de novo entre as Salésias e as Terras do Desembargador.

Escolheu-se então um espaço no ministério da Guerra no qual para treinos e jogos montava-se as balizas. Havia um carpinteiro especial para isso que recebia 50 réis pelo trabalho. As redes tinham sido compradas aos pescadores da Nazaré. Não havia lugar para guardar roupas ou forma de se tomar banho. Recorria-se a um poço das redondezas, de onde um moço retirava a água com um balde e a despejava pela cabeça abaixo da rapaziada. Em 1911 já tudo era diferente. Havia um campo, na Feiteira. E jogadores famosos como Artur José Pereira, Cosme Damião, Virgílio Pereira, Alfredo Machado, Homem de Figueiredo, Germano de Vasconcelos e Henrique Costa. E o SLB até já ganhava aos ingleses do Carcavelos…


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(João José Pires – 1908-10) João José Pires foi o primeiro recibo passado pelas Companhias Reunidas Gás e Electricidade presidente do Sport Lisboa e Benfica, depois da junção do Sport garantindo que Cosme Damião Lisboa com o Sport de Benfica. A pagou 720 réis por “prejuízos filosofia mantinha-se. Caprichavacausados num candeeiro de se em receber os adversários à iluminação”. É que uma bola fora moda antiga, à moda de Belém. violentamente chutada, galgara a vedação do campo e… Pum! A Viviam-se as primícias da década de 10, e é desse tempo um receita de quotização andava pelos 240$200 réis, quase tanto como o curioso documento que existe Sport Lisboa e Benfica ofereceu ao historicamente guardado, uma nota de despesa de 15$190 réis passada Sanatório de Carcavelos e ao pela firma Jerónimo Martins & Filho Hospital do Rego – é que numa das suas acções de solidariedade o pela compra de produtos para clube conseguiu juntar 231$150 réis oferta de lanche a adversários. Como dessa vez, os adversários numa festa de beneficência e na eram os ingleses do Carcavelos, recolha de fundos durante um jogo de futebol com o Carcavelos. O tal havia, para além das sanduíches da da oferta do uísque… praxe, biscoitos, chás e… uísque! Também se pode encontrar um O SLB era de Benfica devido aos motivos que originaram a fusão entre o original Sport de Lisboa (o de Belém) e o Sport Clube de Benfica. O primeiro, como se sabe, não tinha campo. O segundo tinha-o. Mas, em 1921, um problema constante, o da necessidade de possuir um campo (não se ousava pronunciar a palavra estádio), preocupava os dirigentes. Foi Cosme Damião, esse homem de iniciativas e de resistência que ficou sem par, até hoje, na história do Benfica, quem sugeriu que o clube se mudasse para as Amoreiras.

Quando o campo foi finalmente inaugurado, a 6 de Dezembro de 1925, consideraram-no logo o maior da península. A todo o Portugal

chegavam notícias de grandes exibições e de estrondosas, impossíveis vitórias dos vermelhos de Lisboa. A capital ficava


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imobilizada. O Benfica, para além de ser um emblema de Lisboa,

tornava-se o primeiro clube verdadeiramente nacional.

O Fascismo e o Nazismo estavam na cena internacional. O governo, de repente, requisitou os terrenos do Campo das Amoreiras, alegando ter de fazê-lo para “fins de utilidade pública”. O SLB sofreu um profundíssimo golpe que lhe deixou a alma de luto e o coração a sangrar. Ter de mudar-se para o Campo Grande era ser arredado de um caminho glorioso, em cujas bermas só existiam flores, para ter de mortificar-se noutro onde a madeira imperava e a exiguidade com a pequenez a tudo presidiam. Conseguiria o SLB sobreviver? O Campo das Amoreiras fechou a 23 de Julho de 1940. A guerra já estrangulava os países europeus e a verdade é que, na visão dos Salazaristas, já seguros da sua estabilidade devido à vitória de Franco em Espanha, o SLB tinha a cor errada. E, assim, os vermelhos de Lisboa e de Portugal passaram a ser tratados, tepidamente, como encarnados. Nada de muito errado nisso…mas fazia a sua diferença. A história do SLB, antes e após as Amoreiras, centralizou-se em duas personalidades principais – Cosme

Damião e Ribeiro dos Reis. Mas um terceiro personagem começava a projectar-se no horizonte do futuro, alguém cuja missão seria a de confirmar no clube o velho ideal de grandeza internacional que muitos consideravam apenas um sonho – Joaquim Ferreira Bogalho.

Foi durante o período empolgante que se viveu nas Amoreiras que o futebol começou a ser discutido em termos que se designavam como mais modernos. Em 1926 o SLB entrou num tempo de lutas internas. Cosme Damião defendia princípios que seriam ultrapassados rapidamente. Centralizara na sua pessoa a direcção das obras das Amoreiras. Mas outros como António Ribeiro dos Reis, já conheciam o desenvolvimento dos desportos em países estrangeiros e sabiam que, inevitavelmente, os clubes portugueses teriam de abrir-se a novos métodos de funcionamento. As opiniões de Ribeiro dos Reis eram subscritas por dirigentes benfiquistas mais novos e entre estes destacava-se um que ocupava o lugar de tesoureiro na direcção – Joaquim Ferreira Bogalho. O SLB não aceitou as posições rígidas de Cosme Damião, que, afinal, fora o seu salvador em diversas ocasiões. Ao eleger a direcção presidida por Alfredo da Silveira Ávila de Melo, com Ribeiro dos Reis na vice-presidência, avançou para a modernização do

sistema de relações entre o clube e os jogadores de futebol. De longe o semi-profissionalismo espreitava já enquanto Cosme Damião exigia que a ninguém fossem pagas despesas de deslocação e todos liquidassem, prontamente, as quotas ao clube.


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Em 1944 o drama do Campo Grande agarrava-se à existência do Benfica. Com 12 mil sócios, fácil era dizer-se que o SLB era o maior. Mas as saudades das Amoreiras prevaleciam. “Vocês recordam quando perdemos no Porto por 6-1, para a Taça, e os batemos por 6-0 nas Amoreiras? Eles abandonaram o campo a 28 minutos do fim. Iam todos a chorar… Os nossos, o Espírito Santo, o Valadas, o Rogério de Sousa…”, era a nostalgia viva. Vítor Silva abandonara o futebol em 1936. Fora a alma do Benfica, o homem que, no campo, lutava com a genica de Cosme Damião e a visão de Ribeiro dos Reis. Um dos heróis de Amesterdão. Falava-se no José Maria Nicolau, aquele que levava essa mesma alma de fogo e de luta

através de Portugal inteiro. Mas quem tinha o futebol agora naquela tristeza do Campo Grande? Tinha um gigante, o Chico, o Chico Ferreira que viera de Guimarães e do Porto juntar ao sentir fervente dos benfiquistas o querer e o saber sofrer das gentes do Norte…

Mesmo a morar no Campo Grande, o SLB venceu os campeonatos de 1941/42, 1942/43 e 1944/45. Era o Benfica de Janos Biri. Grandes jogadores do estilo antigo: Martins, o inesquecível guarda-redes, Gaspar Pinto, Francisco Albino, Rodrigues (O Maloio que viera de Setúbal), César Ferreira, Manuel da Costa, Joaquim Teixeira (O Marreco), Alcobia, Galvão; e outros mais novos: Arsénio, Espírito Santo, Francisco Moreira, Cerqueira, Mário Rosa. Mas com eles, sempre, sempre, o inultrapassável Chico, o Francisco Ferreira, Capitão e Porta-Bandeira do maior clube de Portugal!

(Equipa que conquistou a Taça Latina)

A Taça Latina, primeira competição entre clubes organizada internacionalmente, disputou-se em Lisboa em Junho de 1950. Com o Benfica nela tomaram parte o Atlético de Madrid, a Lázio de Roma, os Girondinos de Bordéus. O Estádio Nacional foi o condigno palco onde se desenrolou a primeira grande vitória oficial de um clube português. A final da competição entre os campeões franceses e o Benfica terminou empatada a três bolas, após prolongamento, e teve de ser repetida. Então, a 18 de Junho, o Benfica reentrou no estádio do Jamor disposto a escrever a primeira grande página da sua

história internacional. A maratona de prolongamentos iniciou-se às cinco menos um quarto da tarde de Lisboa. Com o marcador em 1-1, a verdade é que o Benfica não tinha jogado bem e o golo do empate apenas surgira a 20 segundos do fim. Foi o tal pontapé fulminante e seco do Arsénio pelo qual se havia esperado toda a tarde. E muitos dos que haviam abandonado o Estádio, por já não acreditarem na equipa de Ted Smith, voltaram, em turbilhão, em extrema ansiedade. Era possível, afinal, uma retumbante vitória de repercussões europeias. E toda a gente gritou: “Ben-fi-ca! Ben-fi-ca! Ben-fi-ca!”. Francisco Ferreira lesionara-se. Não


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jogara contra a Lázio. Recuperou. Quando Ted Smith o escalou pediu dispensa: “E se tiver recaída?! Não,

é melhor meter outro, não quero prejudicar o Benfica!”

Prolongamento após prolongamento. Aquilo tinha de ser decidido no próprio dia. A final, já uma repetição, não voltaria a ser jogada. Num assalto em massa à baliza de Astresse, guarda-redes francês, a bola foi para a marca de pontapé de canto. O veloz Rosário apontou e todos viram o esférico viajar no ar, como se fosse um pássaro que se recusa a pousar. Mas caiu na cabeça de Moreira e seguiu para a baliza francesa. Atrás desta está Ribeiro dos Reis que grita: “Agora ou nunca!” Julinho estorva a acção de Astresse e a bola morre no fundo da baliza. Em todo o Portugal se ouviu o ansiado grito: “Golo do Benfica!!!” Quem foi à tribuna receber a Taça Latina foi o grande Rogério, enquanto nas cabinas se desmaiava, chorava, soluçava. Era a grandeza do Benfica que se mostrava ao mundo. Onde estavam Cosme Damião e os seus heróis de 1904 naquela tarde? Na eternidade, certamente. Mas numa eternidade

especial onde também se continua a sofrer para melhor saborear os triunfos. No verão, após uma digressão africana, o SLB trouxe consigo um rapazinho alto, esguio, fino, de boas maneiras. Chamava-se José Águas e seria o capitão das naus que descobririam um novo mundo.

(Joaquim Ferreira Bogalho)

Eleito presidente do SLB em 1951, sob influência directa de Ribeiro dos Reis que reconhecia ser essencial pôr fim ao ciclo Francisco Retorta – Costa e Sousa – Joaquim Ferreira Bogalho depressa reconheceu que o sistema em vigor no futebol do clube não correspondia às aspirações gerais. Isto apesar da Taça Latina e dos 5-4 ao Sporting na final da taça de Portugal de 1952. Começou a procurar medidas que transformassem uma situação em que os títulos nacionais acabavam todos em Alvalade. Entretanto mobilizou o Benfica para a maior campanha de toda a sua história – a da construção do Estádio da Luz. Era impossível revolucionar o futebol benfiquista nas precárias instalações do Campo Grande. O movimento de renovação preconizado por Bogalho fez estremecer um clube que de conservador nada tinha até às suas mais profundas bases. O programa

era só este: construir o Estádio, fazer uma nova equipa, alterar tudo na secção de futebol e depois, as portas douradas das novas glórias que todos queriam atingir abrir-seiam de par em par – era o que acreditava.


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Os terrenos de Carnide foram finalmente cedidos pela Câmara, a que presidia um homem firme do Salazarismo, Salvação Barreto. Eram campos de olival. Uma desolação. Para se lá chegar os transportes eram lentos e tortuosos pela Estrada da Luz ou pela de Benfica. O resto fazia-se a pé “por esses campos fora”. Ali, naquelas terras de arvoredo seco, estéril, batido por ventos incertos ou perdido em calores insustentáveis, o Estádio seria construído. Com a equipa de futebol a perder títulos sucessivamente. Entre 1946 e 1954 apenas uma vez o Benfica foi campeão. Em 1950. A campanha do Estádio iniciou-se. Na Secretaria da Rua Jardim do Regedor havia um mealheiro gigante em cuja imensa bocas entravam os donativos do povo. Bilhares e mesas de pingue-pongue, tudo retirado. O vasto salão

principal foi transformado em zona de leilões. Listas de contribuições para as obras do Estádio circulavam em todo o país. “Eu também quero ajudar o Benfica…” dizia-se de Norte a Sul de Portugal.

Em noites de Sábado, deslumbrantes, quase irreais, Eugénio Salvador, arrastava consigo dos teatros de Lisboa tudo o que havia de melhor nos campos das artes e da música. O então Pavilhão dos Desportos viveu momentos de intenso amor ao Benfica, de solidariedade profunda. Ninguém recebia um tostão, evidentemente. Era tudo pelo SLB. Foi numa dessas noites de magia que Luís Piçarra cantou pela primeira vez a imortal canção “Ser Benfiquista”, da autoria do Dr. Paulino Gomes Júnior, então director do jornal do clube. A terra dos olivais de Carnide foi devassada. Ia-se já semear a relva. A campanha do cimento foi um épico acontecimento. Tudo se tornava mais entusiasmante porque podia-se ver a obra que surgia, que surgia do nada e tomava forma concreta. Mas, um dia, o jornal O Benfica bradou: “Está a crescer a relva em Carnide!” Tanto bastou para que, espontaneamente, tomasse forma uma autêntica imobilização nacional para aparecer em Lisboa e ver a relva. Milhares de autocarros “assaltaram” a capital portuguesa. Nos terrenos adjacentes às obras instalaram-se verdadeiros

acampamentos. Milhares de pessoas saíam dos eléctricos para deslocarem-se através dos olivais em terrenos ora lamacentos ora varridos por um pó danado até poderem atingir o gigantesco oásis onde o Estádio ganhava forma. Vendiam-se rifas. Havia inúmeras barracas de comes e bebes. Vendedeiras gritavam: “Olhó tabaco!” Em certos recintos, simbolicamente, cavava-se. “É para o nosso Benfica!”, asseguravam os promotores da ideia. Cada cavadela custava cinco escudos. Três cavadelas: dez escudos. “É para o nosso estádio, rapazes!” E a relva, enfim, lá estava.


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(Maurício Vieira de Brito)

O engenheiro Maurício Vieira de Brito acabava de vencer um caso judicial importante que todo o país discutiu. A decisão favorável à sua causa deixou-o na posse de imensa fortuna, de que largas plantações de café em Angola eram, apenas, uma forte parcela. Mas, após o sofrimento e as dúvidas causados por desgastantes debates na Boa-Hora, Maurício Vieira de Brito necessitava de uma plataforma que o colocasse sob a mais favorável visão possível naquele Portugal que era o dos anos 50. Segredaram-lhe que a presidência do Benfica era o caminho exacto que importava percorrer para ganhar popularidade, estima, confiança e admiração. Ser presidente do Benfica era, agora, uma posição de relevo nacional. Para ganhar a simpatia e a confiança do clube o Engenheiro Vieira de Brito, acompanhado por Benfiquistas de quem se fez rodear, tornou público o seu programa: construir um terceiro anel de bancadas em pelo menos metade da área do Estádio da Luz, dar ao futebol benfiquista uma expressão

moderna e europeia que fizesse encher o Estádio regularmente, e reforçar a equipa de futebol, o futuro do Benfica estava na sua internacionalização. Demorou pouco o paraíso. Foi em Berna, a 31 de Maio de 1961. Barcelona vergado – Benfica campeão europeu!

A vencer por 3-1 a dez minutos do fim, após um golo explosivo de Coluna, tudo indicava que o triunfo benfiquista não seria muito difícil. Mas o Barcelona reagrupou-se e lançou ataque em massa. Czibor diminui para 2-3 e o sofrimento, um daqueles sofrimentos que matam porque parecem nunca se extinguirem, começou. Todo o Barcelona ao ataque. Todo o Benfica à defesa. A Germano chamaram o lobo, um homem que defendia, com jamais vista ferocidade, o centro da defesa benfiquista contra Kubala, Suarez, Evaristo. Costa Pereira foi um gigante e Ângelo, o grande Ângelo Martins que no Benfica representava o Norte, dando continuidade a uma longa tradição, olhava nas bancadas o sofrimento português e parecia gritar: “Não passarão!” Ele, o Cruz e o Neto deram lições sobre aquilo que é a alma portuguesa enquanto Santana, sempre no seu estilo estudado, insistia em tentar pôr ordem num terreno onde o Benfica e o Barcelona lutavam na fúria de uma total batalha.


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Ainda antes da recepção eufórica, em Lisboa, houve como que um conto de fadas em Berna. Onde o júbilo impediu o protocolo. E o hino. Os Benfiquistas invadiram o campo e estragaram a festa, rompendo os cordões de uma polícia nada habituada a ver levar os heróis em triunfo. A banda que se postara para tocar o hino foi engolida pela turba em berros histéricos. O presidente da UEFA.

Ebbe Schwartz, embasbacado, atirou precipitadamente a taça para as mãos de Águas e a organização, em vez do hino, colocou na aparelhagem do estádio um disco português. Assim, com Abril em Portugal se consagraram os heróis. Já no relvado continuouse o piquenique, para espanto dos Suíços, com garrafões de vinho, pastéis e pastelinhos, pernas de frango assado. À portuguesa… RED TIFFO


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Marcos / Curiosidades / Histórias

Os Reis dos Marcadores dos Campeonatos – já lá iam 18 anos A época de 2009/10 foi memorável. Para além de termos futebol espectáculo, jogadores de qualidade indiscutível e de termos ganho a 2ª Taça da Liga consecutiva também fomos Campeões Nacionais. Mas, não ficamos por aqui. Conseguimos mais um feito que nos fugia há 18 anos: a Bola de Prata. Desde o início do Campeonato Nacional – 1934/35 – o título de melhor marcador (denominado Bola de Prata a partir de época 1952/53) sempre teve como protagonistas jogadores do 3 grandes Clubes de Portugal. Também aqui o Benfica domina e ajuda a confirmar que mesmos com 2 décadas de futebol “inclinado” continuamos a ser os melhores, porque os maiores fomos, somos e seremos. De facto, a História dos Reis do Marcadores encarnados ao longo dos anos demonstra algumas particularidades curiosas que penso serem interessantes de recordar. Os nossos heróis são: Época

Jogador

1942/43

Julinho

Golos 24

1949/50

Julinho

28

1951/52

José Águas

28

1955/56

José Águas

28

1956/57

José Águas

30

1958/59

José Águas

26

1960/61

José Águas

27

1962/63

José Torres

26

1963/64

Eusébio

28

1964/65

Eusébio

28

1965/66

Eusébio

25

1966/67

Eusébio

31

1967/68

Eusébio

42

1969/70

Eusébio

20

1970/71

Artur Jorge

23

1971/72

Artur Jorge

27

1972/73

Eusébio

40

1975/76

Jordão

30

1980/81

Nené

20

1988/89

Vata

16

1989/90

Mats Magnusson

33

1990/91

Rui Águas

25

2009/10

Óscar Cardozo

26


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Marcos / Curiosidades / Histórias Curiosidades / Factos: •

Eusébio é o verdadeiro Rei de todos os marcadores. Foram 7 épocas a ser coroado como goleador mor num total de 214 golos. Atrás, com 6 épocas ficam Peyroteo (SCP) e Fernando Gomes (FCP). Não posso deixar de referir o excelente registo do também grande Peyroteo que nas 6 épocas conseguiu o registo de 212 golos.

Nas épocas 1967/68 e 1972/73 Eusébio logrou também ser Bota de Ouro, destinada ao melhor marcador na Europa. Neste capítulo há um dado curioso que está relacionado com o facto de em muitos registos estar o nº de 43 golos em vez dos 42 oficiais referente à época 67/68. A este propósito Eusébio diz que “ foram 43, sempre achei que me roubaram um”.

O Benfica, para além de ter o marcador com maior nº de épocas e maior nº de golos, também lidera em nº total de golos marcados com 631 contra 584 do FCP e 570 do SCP e em nº total de épocas com 23 conquistadas das 77 contra 21 do FCP.

Nené e Simão Sabrosa, embora com o mesmo número de golos de, respectivamente, Fernando Gomes (FCP) 1983/84 e Fary (Beira-Mar) 2002/03, não conquistaram o título de melhor marcador por força do regulamento que prevê estes casos. - Primeiro conta o número de jogos/minutos. O critério seguinte é a classificação da equipa, sendo valorizado o jogador cujo clube alcance classificação mais baixa. – De referir que em sentido inverso Ernesto Figueiredo (SCP) na época 1965/66 atingiu o mesmo número de golos de Eusébio mas pelos critérios acima perderia a Bola de Prata.

A época 1990/91 ficou marcada por mais uma das situações em que a “inclinação” do futebol português quase produzia efeitos. Entravamos para a última jornada com Rui Águas a liderar a lista de melhores marcadores com 3 golos de avanço sobre Domingos, jogador do FCP. O FCP recebia o Guimarães com Domingos a precisar dos ditos 3 golos uma vez que em caso de igualdade, pelo regulamento, a vitória pertenceria ao jogador azul e branco. Como é óbvio, o FCP venceu por 5-0 (resultado normal!?) e imaginem…. com 4 golos de Domingos.


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Marcos / Curiosidades / Histórias Rui Águas precisava de 2 golos frente ao Beira-Mar na Luz no jogo de consagração do Campeão. Com o apoio de toda a equipa e do público em delírio marcou o 1º golo aos 77 m. Colocando o marcador em 2-0 (1º golo de Magnusson). Faltava 1 minuto para o final do jogo quando Neno marcou um pontapé de baliza, Magnusson fez um desvio de cabeça à entrada da área que sobrou para Rui Águas que fez o 3-0, conseguindo o seu único título de melhor marcador do campeonato.

Permitam-me aproveitar para dar ênfase ao meu “ídolo” de infância não só pelos golos que marcou mas também pelos seus desvios de cabeça célebres e históricos tal como também sucedeu no canto que daria o golo de Vata frente ao Marselha e consequente passagem à final da então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus 1989/90.

Como não podia deixar de ser o FCP teria que arranjar algum dos seus habituais caminhos para reclamar para si o título de melhor marcador. Argumentam que Domingos terá marcado um golo frente ao Beira-Mar que foi atribuído a Semedo…. haja paciência. •

Esta época a história repetiu-se, Falcão (FCP) e Cardozo (SLB) foram para a última jornada na luta pelo título de melhor marcador. Pese embora os 2 golos de Falcão frente à União de Leiria, Cardozo respondeu na mesma moeda com 2 golos carimbando o título de Campeão Nacional e da Bola de Prata.


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Registo para o facto de na lista dos melhores marcadores surgir Pai e Filho. José Águas ganhou por 5 vezes o respectivo título num total de 139 golos, 29 anos depois surgiu o filho Rui Águas na época 1990/91 com 25 golos.

Curioso o facto de Nené o 3º melhor marcador na História do Benfica no Campeonato Nacional com 263 golos em 421 jogos e 18 épocas só figurar 1 vez na lista dos melhores marcadores. Foi na época 1980/81 com 20 golos. De registar aqui mais uma das enormes dificuldades que tenho tido no registo histórico dos jogos do Benfica; na minha base de dados Rui Águas tem 19 golos; através das fontes que utilizo, Internet e livros, pela análise individual dos jogos dá um total de 19 – Rui Águas / 11 – César / 3 – Shéu / 2 – Jorge Gomes, mas no resumo geral apontam sempre para 20 – Rui Águas / 12 – César / 2 – Shéu / 1 – Jorge Gomes; quem me poder ajudar a descobrir o “gato” agradecia….

Nas 23 épocas em que o Benfica teve o melhor marcador foi Campeão por 17 vezes ficando em 2º lugar nas restantes 6… bom prenúncio.

Figuram na lista de melhores marcadores jogadores que vestiram o Manto Sagrado com sortes bem diferentes: Arsénio – um histórico do Benfica com 12 épocas realizadas, 299 jogos e …. 220 golos no total das competições oficiais. Figura no 5º lugar dos goleadores do Clube. Após terminar a sua carreira do Benfica em 1954/55 ainda foi no CUF vencer a Bola de Prata em 1957/58 – 23 golos – com 33 anos. Ricky – um curioso registo: 1 época, 6 jogos e 6 golos no total das competições oficias; os 6 golos foram obtidos na goleada da Taça de Portugal ao Riachense 14-1. Com 30 golos em 1991/92 brilhou no Boavista. Cadete – 2 épocas no Benfica 1998 a 2000 já em final de carreira com o registo de 22 jogos e 3 golos no total das competições oficias; para a memória fica o jogo contra o SCP em Alvalade onde foi determinante nos lances que originaram 2 auto-golos de Beto (resultado 1-2) e onde os seus festejos foram exuberantes. Foi na época de 1992/93 no SCP com 18 golos que brilhou pese embora o seu verdadeiro brilho tenha acontecido na Escócia – Celtic – onde foi e é um verdadeiro ídolo.


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Hassan – após ter sido em 1994/95 o melhor marcador com 21 golos pelo Farense rumou no ano seguinte à Luz. Constitui para mim um dos casos mais curiosos do Benfica uma vez que na 1ª época entre o mês de Setembro e Novembro concretiza 8 golos em 7 jogos, eclipsando-se de uma forma surpreendente acabando por realizar apenas mais 7 jogos. No total de 2 épocas de águia ao peito fez 27 jogos e 9 golos. Falta de oportunidades….? •

Dos 11 jogadores que lograram o título de melhor marcador 8 são portugueses e 3 estrangeiros – Vata foi o 1º estrangeiro -; curiosamente ou não nos últimos 4 títulos estão os 3 estrangeiros, sinais dos tempos….

Fica aqui o lugar dos 11 Reis dos Marcadores na História do Benfica: Época

Jogador

Campeonato Posição

Golos

Total Competições Posição Golos

1963/64

Eusébio

316

472

1951/52

José Águas

291

379

1980/81

Nené

263

361

1942/43

Julinho

153

201

1962/63

José Torres

151

230

1990/91

Rui Águas

14º

77

17º

104

1970/71

Artur Jorge

15º

75

15º

105

1989/90

Mats Magnusson

19º

64

22º

84

1975/76

Jordão

20º

63

25º

79

2009/10

Óscar Cardozo

22º

56

26º

77

1988/89

Vata

41º

29

46º

37

EXTRA – Mats Ture Magnusson Como já aqui referi um dos meus ídolos de infância e sem dúvida aquele que terá sido o responsável máximo pelo nascimento do meu imensurável benfiquismo foi Mats Magnusson. Para quem não se recorda das épocas 1987 a 1992 descubra as diferenças:


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Está diferente? Sim, mas só fisicamente, pois continua a ser o Magnusson que me fez vibrar ao longo de 5 épocas com os golos, forma de jogar mas, acima de tudo, com uma enorme simpatia. Foi um Senhor no tempo em que vestiu o Manto Sagrado, na hora da despedida ao sair sem rancor e nos dias de hoje patenteado na célebre expressão quando lhe perguntaram se ainda é benfiquista: “Tá a brincar comigo? Continuo Benfiquista. Uma vez Benfiquista, sempre benfiquista." Tal respeito que todos os benfiquistas têm por Mats foi evidenciado no jogo das Vedetas com a calorosa recepção que lhe fizeram; merece respeito pois faz parte do Benfica: 5 épocas – 1987 a 1992, 164 jogos, 84 golos Palmarés: 2 Campeonatos Nacionais - 1988/89 e 1990/91 1 Supertaça Cândido de Oliveira - 1988/89 2 x Vice-Campeão Europeu - 1987/88 e 1989/90 Bola de Prata (Melhor Marcador do Campeonato Português) - 1989/90 A mim apenas me resta dizer: Obrigado Magnusson! slbpm


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UEFA Futsal Cup Finals A Europa chama pelo Benfica Depois de uma vitória vibrante nas Meias-Finais da UEFA Futsal Cup em Novembro do ano transacto, chegava agora a altura de saber se o Sport Lisboa e Benfica, Tri-Campeão Nacional teria estofo suficiente para os dois últimos e derradeiros jogos da prova. A equipa estava confiante na conquista da “Champions League” do Futsal, título que lhes escapara por 2 vezes e ambas com um dos adversários mais difíceis da competição, o Boomerang Interviù. Costuma-se dizer que à 3ª é de vez, portanto, espírito de sacrifício não

lhes faltava. Mas as equipas – Luparense Calcio a Cinque, Araz Naxçivan e Boomerang Interviù – que também tinham assegurado a passagem à Final, tinham uma última palavra a dizer e nada ainda estava ganho, de facto.

De 23 a 25 de Abril, Eurosport e BenficaTV abriam as hostes. O mundo estava de olhos postos nesta Final e não era para menos. Afinal de contas, as quatro melhores equipas da Europa de Futsal entravam em campo. O Benfica apostava forte na prova, uma vez que ganhou a oportunidade de poder organizar a mesma, em Lisboa. Para além disso, o clube contava com o apoio incondicional dos adeptos, amantes da

Modalidade e sobretudo, da grande instituição que é o Sport Lisboa e Benfica. Fundamentais nas vitórias do Futebol, a Direcção pretendia também esse enorme apoio no Futsal. E o mesmo não faltou.

Dentro e fora de campo, o nervoso miudinho e a ansiedade de chegar a “Hora H” era cada vez mais evidente. O público delirava com o perfume que a equipa de Futebol deixava em campo e as expectativas de casa cheia no Pavilhão Atlântico, eram uma realidade. O sorteio tinha oposto Benfica e Luparense e Interviù e Araz. Ambos os jogos não foram fáceis e tanto Benfica como Interviù – os mais prováveis

adversários no jogo Final – suaram bastante a camisola para ganharem os seus jogos.

Resultado Final: Benfica 8 – 4 Luparense (na 1ª Parte: 1-0; 1-1; 2-1; 3-1; 3-2; 4-2; na 2ª Parte: 5-2; 5-3; 6-3; 7-3; 8-3 e 8-4) e Araz 2 – 5 Interviù. Mais de 7000 pessoas apoiaram o Benfica. Um feito que muitas equipas gostariam de conseguir concretizar. Um jogo duro, mas que no final acabou sorrindo para a equipa encarnada. E como o destino só a Deus pertence e tem destas coisas, uma vez mais as Equipas Portuguesa e Espanhola iriam defrontar-se no jogo de atribuição do

1º e 2º Lugares. Já todos sabemos que o Glorioso SLB gosta de desafios difíceis, mas será que desta vez iríamos dar a volta por cima?

Chegara Domingo e os corações das cerca de 9500 pessoas que encheram o Pavilhão Atlântico, batiam em uníssono e com um ritmo bastante acelerado, como tambores em dia de festa. Todos estavam confiantes com o triunfo da Equipa Portuguesa. Incansáveis do princípio ao fim (o jogo foi a prolongamento). Um misto de sentimentos percorria equipa técnica e jogadores, adeptos e simpatizantes das 4 equipas. Araz e Luparense defrontaram-se, mas


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quem ganhou a guerra foi a Equipa do Azerbeijão, por 4-2. Ambas bateram-se bem, mas o Araz criou mais oportunidades de golo, levando assim a Medalha de Bronze. O jogo mais aguardado da tarde tinha início. Os adeptos, uma vez mais referenciados, pois foram de facto a chama imensa de toda uma festa que tinha tido início no primeiro segundo de um jogo

completamente electrizante, com muitas faltas, muito sangue quente e frio à mistura, muitas lágrimas mas muitos sorrisos também.

O Benfica esteve quase sempre na mó de cima e teve quase sempre o controlo do jogo criou bastantes oportunidades de golo, mas foi o Interviù o primeiro a marcar. O Benfica empata a partida minutos mais tarde e chega mesmo a passar para a frente do marcador, com um grande golo de Arnaldo, após cantinho de Ricardinho. 2-1 era o resultado a esta altura. Só que o jogo estava escaldante e a equipa espanhola volta a marcar mais um golo, empatando o resultado. Um pequeno erro na defensiva deitou quase tudo a perder e foi preciso o prolongamento para se decidir quem seria o Campeão da Competição. As emoções aumentavam a cada segundo que passava até ao final do jogo. Já ninguém se conseguia sentar nas bancadas. As lágrimas escorriam na cara de João Coutinho, Vice-Presidente das Modalidades do Sport Lisboa e Benfica. Tanto ele como as praticamente 9500 pessoas que assistiam àquele espectáculo, sentiam que a vitória não nos podia escapar e num momento crasso do jogo, um golo precioso de “São Davi” daria o tão desejado triunfo, que nos fugia há já alguns anos. Que enorme explosão de alegria. São momentos destes que certamente nunca iremos esquecer. O nosso querido Benfica, Tri-Campeão Nacional e agora... Campeão da Europa de Futsal. O nosso primeiro Título Europeu. A

noite foi de comemoração para todos. O novo troféu é símbolo da raça, do querer e da ambição. Nós só o queríamos campeão e o Benfica foi Campeão.

Para o ano estaremos novamente a lutar pelo título. Força Benfica. Mr_Freeze


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Passado, Presente e Futuro… Quando fui convidado a colaborar nesta edição da revista AVDA, fiquei bastante honrado por poder participar na promoção deste projecto que ainda está a dar os seus primeiros passos, mas que já é considerado, nem que seja só pelos elementos do fórum, como um importante meio de comunicação entre todos os benfiquistas. Por isso mesmo, podemos dizer que presente é então algo que já tem. Façamos votos de que um dia a publicação da revista possa ganhar o seu espaço, apoiada no seu passado, e vincar a sua posição nos meios de comunicação que vivem de e para o nosso clube, garantindo assim o seu futuro. Esta problemática do tempo verbal, tem sido uma questão muito discutida pela nação benfiquista, ao longo das gerações. É certo que passado nós já temos garantido, mas será que isso nos dará algo que se possa pôr dentro de campo, seja em que modalidade for, e que nos faça ganhar mais qualquer coisa com isso? Prefiro concentrar-me no presente, sempre com um olho, e bem atento, a tudo o que nos poderá beneficiar no futuro, e que nos fará acrescentar ainda mais páginas de sucessos á já vasta história do Glorioso. O presente é risonho. Um ano inteiro a entrar em campo com as quinas de campeão é sinónimo de alegria e de orgulho que todos devemos ter pelo trabalho desenvolvido na última temporada. Temporada essa que além da eficácia nos resultados, ainda foi brindada com nota artística. Contudo, o presente continuará a ser risonho se o futuro o permitir continuar a ser. E é aqui que todos nos devemos concentrar. Somos campeões, mas isso só fará com que os nossos adversários entrem em campo ainda com mais vontade de nos vencer, algo a que até já estamos habituados. Sempre foi assim. Sempre fomos o alvo a abater, pela nossa grandeza, pelo nosso passado. Por isso, meus caros jogadores, equipa técnica, direcção, sócios e adeptos do Sport Lisboa e Benfica, façam do vosso presente a ponte para um futuro cada vez mais vitorioso. Cada um no seu papel. Sempre com a consciência de que cada um tem um papel importante a desempenhar, seja ele dentro de campo, no banco de suplentes, nos escritórios da SAD ou na bancada. Assim escreveremos mais páginas de ouro na história do clube, e as páginas na nossa jovem revista encher-se-ão de glórias. E Pluribus Unum SLB1904


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Resumo das actividades das principais modalidades da época 2009/2010 No final de mais um ano desportivo, o balanço a fazer só pode ser positivo. Nas cinco principais modalidades ditas “amadoras”, o Sport Lisboa e Benfica alcançou vários títulos, que em muito prestigiam o clube. Apesar de muitos Benfiquistas cingirem o seu amor apenas ao futebol encarnado, a larga maioria dos sócios e adeptos Benfiquistas muito se orgulham destas conquistas, não só nacionais, mas mesmo Europeias. Triunfos destes não podem deixar ninguém indiferente, e é nosso papel e nossa obrigação continuar a apoiar as modalidades, pois elas têm-nos dado enormes alegrias nos últimos anos, e não podemos encher os pavilhões apenas nas meias-finais e nas finais. Embora longe do mediatismo dos seus companheiros do futebol, estes atletas representam o nosso clube com tanto ou mais amor que eles, e merecem todo o nosso respeito e admiração. No entanto, nem tudo foram rosas, e há vários aspectos a rever, numas modalidades mais que noutras. Mas é isso mesmo que vamos dissertar nas próximas linhas… Uma das modalidades que desiludiu foi, sem dúvida, o andebol. Depois de uma longa e controversa “novela” com a transferência do nosso treinador, Prof. José António Silva, que chegou já a época tinha arrancado, a equipa parece nunca ter ultrapassado essa polémica, e apesar de ter deixado uma boa

imagem no fim da primeira fase, tendo acabado em 2º lugar, acabou por desiludir na segunda fase, tendo terminado em 3º lugar no grupo “A”, atrás de Madeira SAD e FC Porto, de quem ficou a 12 pontos. Com uma equipa de alto valor, com vários jogadores na selecção nacional, o andebol benfiquista tem obrigação de fazer melhor. Na próxima época, que será preparada de raiz pelo treinador principal, veremos como nos vamos comportar. Ao fim de oito anos, o hóquei voltou às vitórias. Numa final disputada frente à Física, o Benfica não deu hipótese e venceu por claros 6-1, dando assim alguma esperança quanto ao futuro da modalidade. No entanto, a época terá ficado um pouco aquém do esperado. Com a contratação do ex-seleccionador nacional, Luís Sénica, os adeptos esperariam muito melhor do que o modesto quinto lugar no campeonato. Os sócios ainda sonharam com uma possível vitória na Taça CERS, onde o clube marcou presença na Final 4, jogada em Portugal, mas mais uma vez, a equipa desiludiu e não conseguiu alcançar a final da prova. Safou-se assim, a vitória na Taça de Portugal, mas que no fundo, sabe a muito pouco. Depois de confirmado o aumento de orçamento, e a contratação de um par de jogadores, todos esperamos que, no próximo ano, os troféus continuem a vir morar para a Luz. Uma modalidade que, apesar de não ter conquistado qualquer


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título, mas que não se pode dizer que tenha desiludido foi o voleibol. Os pupilos do Prof. José Jardim realizaram uma boa fase regular, tendo ficado em 2º lugar, apenas atrás do Sp. Espinho, clube que nos acabaria por vencer numa emocionante final, onde foram necessários cinco encontros para que se encontrasse o novo campeão. Depois de nos quatro primeiros jogos terem ocorrido duas vitórias para cada lado, a “negra” foi jogada em Espinho, e a equipa local acabaria por vencer o encontro por 3-2, num dos jogos mais emocionantes do voleibol português dos últimos anos. Quanto à Taça de Portugal, a nossa equipa também foi à final, mas acabou por perder com a formação do Castêlo da Maia. Para a próxima época, espera-se que o voleibol Benfiquista não volte a morrer na praia, e que tenha a pontinha de sorte que nos faltou esta época. Quanto ao basquetebol, há uma frase que diz tudo: Bicampeões Nacionais! Os “gigantes” Benfiquistas fizeram jus ao nome, e não deram qualquer hipótese aos seus rivais e revalidaram o título nacional sem qualquer contestação. Com uma mescla de juventude e experiência, com um equilíbrio perfeito entre jogadores estrangeiros e portugueses, esta

equipa deixa os sócios e adeptos com água na boca relativamente ao futuro. Além disso, a equipa venceu ainda a Taça Compal (AKA SuperTaça), disputada em Angola, que serviu também para aumentar o prestígio do basquetebol Benfiquista além fronteiras. Depois das palavras de João Coutinho, Vice-Presidente para as modalidades, fica a esperança de um Benfica ainda maior no basquetebol, não só em Portugal, mas também nas provas europeias. Por fim, os nossos campeões Europeus. Antes de mais, há que referir que os futsalistas do Benfica fizeram mais jogos que quaisquer outros. É que além do mais que preenchido calendário Benfiquista, boa parte deles fizeram ainda os jogos da selecção. Esta época, o Benfica disputou quatro troféus, vencendo dois deles: a Super-Taça, e a UEFA Futsal Cup. Quanto aos outros dois troféus, não os venceram por muito pouco, pois marcaram presença nas respectivas finais, tanto da Taça de Portugal, como do Campeonato. Assim, o nosso clube não conseguiu alcançar a proeza de ser o primeiro clube em Portugal a sagrar-se tetracampeão, feito que ficou adiado para daqui a… Quatro anos!

Hammett


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