Um Europeu especial
Um Europeu especial
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Ficha técnica TÍTULO Um Europeu especial EDIÇÃO E PROPRIEDADE Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis FOTOGRAFIA Joaquim Ramalho | Manuel Azevedo | Nuno Seabra DESIGN Ingrey Studio, Unipessoal, Lda DATA DE EDIÇÃO Outubro 2017 Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização do editor.
Começo por agradecer o convite que amavelmente me foi endereçado para fazer parte deste livro, que visa homenagear a nossa Seleção Nacional de Hóquei em Patins pela conquista do título europeu. Um evento que marcou a agenda desportiva da cidade de Oliveira de Azeméis, que representa um legado de tradição no Hóquei em Patins nesta região e que permitiu uma das mais belas páginas do Hóquei em Patins português. São eventos com esta identidade e estes resultados que honram a cidade, a modalidade e, por consequência, o País. Um título europeu conquistado 18 anos depois, e no mesmo local onde em 2003, Portugal se sagrou Campeão do mundo. Oliveira de Azeméis marcará para sempre esta modalidade. Aproveito para realçar o inestimável contributo que as nossas autarquias prestam ao desenvolvimento do desporto na sua vertente de competição, mas sobretudo o reconhecimento que lhes é devido na melhoria dos índices de prática de atividade física e de desporto da população, dos mais jovens aos menos jovens. Expresso assim a minha gratidão a todos quantos se envolveram na organização deste Campeonato da Europa, com especial referência à Federação de Patinagem de Portugal, à Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e muito em particular à Seleção Nacional de Hóquei em Patins, jogadores, equipa técnica e demais elementos de apoio da Federação, pelos belos momentos que vivemos em julho passado.
Secretário de Estado da Juventude e do Desporto João Paulo Rebelo
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O sucesso do que foi o 52º Campeonato Europeu de Hóquei em Patins, ganho de forma categórica pela seleção portuguesa, está condensado neste livro que eu vejo como uma homenagem aos vencedores e à modalidade que tão carinhosamente os oliveirenses e os portugueses apoiam. Oliveira de Azeméis foi, mais uma vez, talismã para a seleção das quinas uma vez que esta cidade já “deu”, no passado, outros títulos a Portugal. Esse facto deixa-nos orgulhosos pela mesma razão de Oliveira de Azeméis ser hoje considerada “capital” do hóquei em patins. Em Oliveira de Azeméis pratica-se, vive-se e comemoram-se vitórias e foi isso que aconteceu ao longo da competição que sagrou Portugal campeão europeu da modalidade. Quero felicitar a Federação de Patinagem de Portugal e todo o seu corpo técnico pelo trabalho que vem realizando colocando de novo o país no topo do hóquei europeu e mundial. Aos jogadores um agradecimento muito especial por entrarem na galeria dos melhores, honrando a camisola de uma nação onde o hóquei em patins tem um profundo lugar na cultura e na tradição desportiva. António Isidro Figueiredo
Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis
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Índice Treze anos depois
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Uma cidade inteira a puxar por Portugal
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Odisseia iniciada no Luso e em Oliveira de Azeméis
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O 21º título europeu
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O percurso até à final
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Os campeões
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“Senti desde o início que seríamos campeões europeus”
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O título que faltava ao campeão mundial de 2003
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Toda uma nação orgulhosa
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Condecoração ao mais alto nível
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A festa
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Uma experiência inesquecível
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Um pavilhão renovado para viver novas glórias
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Azemad revoluciona o hóquei em patins
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O Europeu a promover o turismo do Porto e Norte de Portugal
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Momentos 99
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Treze anos depois
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Após seis dias de emoções e de hóquei em patins jogado ao mais alto nível a tradição cumpriu-se. Oliveira de Azeméis foi, uma vez mais, a cidade talismã do hóquei em patins com Portugal a ganhar, pela 21ª vez, o título de campeão europeu. Em campo, a formação portuguesa foi a melhor seleção do 52º Campeonato Europeu de Hóquei em Patins somando por vitórias todos os jogos disputados e vencendo na final a Itália, campeã em título. A festa foi merecida e pôs fim a um jejum de 18 anos. Entre 11 e 16 de julho de 2016, treze anos depois de Oliveira de Azeméis ter acolhido o 36º Campeonato Mundial de Hóquei em Patins onde Portugal conquistou o título da categoria, o pavilhão Dr. Salvador Machado voltou a encher-se de público para apoiar a seleção nacional. E fê-lo de forma exímia mostrando ao país e a todo o mundo porque é que o hóquei em patins é tão acarinhado em Portugal e, em especial, na cidade de Oliveira de Azeméis, conhecida como a capital do hóquei em patins. Ao longo de uma semana os oliveirenses viveram profundamente o ambiente de festa gerado à volta da prova. O comércio e a cidade engalanaram-se para receberem as melhores seleções da Europa. Tudo se conjugou – o ambiente, o espírito ganhador, o apoio generalizado e o fator talismã – para que a competição se tornasse num sucesso desportivo e organizativo. O pavilhão onde se realizou a prova é visto como uma “sina” para Portugal uma vez que das três vezes anteriores em que a seleção lá jogou venceu os torneios. Foi no pavilhão Dr. Salvador Machado que Portugal ganhou, em 1986, o título de campeão europeu de juvenis, prova que marcou a inauguração do recinto desportivo. Em 2003 o país sagrou-se campeão do mundo vencendo a Itália (1-0) na final. A última vitória alcançada, em julho de 2016, foi o título europeu. Cumpriu-se o desejo de Oliveira de Azeméis continuar a dar títulos ao país. A Federação de Patinagem de Portugal (FPP) olha para Oliveira de Azeméis como uma cidade talismã da modalidade, o que a coloca na rota nacional e internacional do hóquei em patins. A FPP confiou de novo na Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis para organizar mais uma grande prova
internacional. Foram meses de trabalho e cheios de confiança de que o 52º Campeonato Europeu poderia ser o ponto de viragem para Portugal voltar aos títulos seniores. E assim foi com a cidade de Oliveira de Azeméis a ser o palco desse caminho, deixando orgulhoso um país inteiro, num ano de ouro para o desporto português. Sem dúvida um título especial. O caminho glorioso da seleção nacional começaria, no entanto, algum tempo antes quando no Luso, onde decorreu o primeiro estágio, se respirava já otimismo entre jogadores, equipa técnica e dirigentes da Federação de Patinagem de Portugal. 11
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Uma cidade inteira a puxar por Portugal
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A cidade de Oliveira de Azeméis esteve à altura do 52º Campeonato Europeu de Hóquei em Patins demonstrando que sabe, como poucos, organizar grandes eventos desportivos. Sabe também receber e apoiar. O Europeu de 2016 ficará na história por estas razões mas, fundamentalmente, por ter conduzido Portugal de novo às vitórias seniores. A última tinha sido em 2003 quando a seleção das quinas ganhou o Mundial, também em Oliveira de Azeméis. A competição motivou os oliveirenses, que sempre acarinharam o hóquei em patins, e o comércio que se vestiu das cores da seleção nacional e despertou a atenção de visitantes e das delegações das oito seleções que disputaram a prova. A realização do Europeu suscitou uma onda de otimismo na cidade e uma alegria contagiante nos oliveirenses que não se cansaram de apoiar a seleção nacional. Nas bancadas do pavilhão Dr. Salvador Machado não faltou o apoio das crianças das escolas do concelho, incentivando as seleções. Quem assistiu ou acompanhou de perto o evento viu uma cidade inteira envolvida no maior evento desportivo do ano e a puxar por Portugal, querendo claramente saborear a vitória. A economia local teve no Europeu uma alavanca e é a Associação Comercial de Oliveira de Azeméis a defender mais competições desportivas para a cidade por estimularem o comércio nas áreas da restauração, hotelaria e comércio tradicional. As repercussões do evento na dinamização do comércio foram evidentes assim como na projeção internacional da imagem de Oliveira de Azeméis. No decurso da prova, com elevado retorno económico para o comércio, os proprietários dos estabelecimentos comerciais aprimoraram-se na apresentação das montras, na qualidade do produto, na promoção e na qualidade do atendimento. Outros efeitos colaterais, a médio e longo prazo, esperam-se deste tipo de competição como o aumento do número de praticantes da modalidade, o incremento do hóquei em patins e a criação de condições para os clubes crescerem ao nível da formação desportiva.
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A apetência e a aposta da autarquia de Oliveira de Azeméis no desporto e na realização de eventos desportivos colocam regularmente a cidade no mapa desportivo nacional e internacional. Oliveira de Azeméis beneficia dessa aposta sendo, junto das entidades máximas do desporto, uma referência na organização de competições. Hoje qualquer português associa Oliveira de Azeméis com o desporto, seja através do hóquei em patins, do basquetebol, do futsal ou do ciclismo.
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Odisseia iniciada no Luso e em Oliveira de AzemĂŠis
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A odisseia da seleção portuguesa no 52º Campeonato da Europa de Hóquei em Patins iniciou-se em junho de 2016 na vila do Luso, concelho da Mealhada. Os escolhidos do selecionador nacional Luís Sénica chegaram à Bairrada com as malas cheias de confiança, raça e muita vontade de vencer. Era esse o espírito do primeiro dia de estágio. Nas Termas do Luso, onde o calor elevado do verão apenas se combatia com a sombra da vegetação, os eleitos desfrutaram do local ideal para a sua concentração depois de terem sido recebidos na Câmara Municipal da Mealhada. Seguiram-se duas semanas de treino intenso da seleção portuguesa caraterizada por um misto de juventude e maturidade dos selecionados de Luís Sénica. No início de julho, uma semana antes do início do campeonato, foi a vez de Oliveira de Azeméis receber os atletas para o segundo estágio realizado no pavilhão Dr. Salvador Machado, no mesmo palco onde se sagrariam campeões da Europa. A cidade engalanou-se com bandeiras dos oito países participantes pelas ruas do centro histórico. O comércio, entusiasmado, superou-se decorando as montras com peças ligadas à história do hóquei patinado bem como com doçaria decorada com as cores dos países intervenientes. Entre os oliveirenses e todos os amantes do hóquei respirava-se espírito de vitória. Um bom prenúncio que acabaria por ter o final esperado no dia 16 de julho.
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O 21º título europeu
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Portugal continua a dominar o número de títulos europeus de hóquei em patins. Com a vitória em Oliveira de Azeméis, a seleção nacional passou a somar 21 campeonatos da Europa. Em relação à Espanha, o adversário mais próximo em matéria de títulos, Portugal possui mais cinco troféus do que o país vizinho (16), mais nove do que a Inglaterra (12) e mais 18 do que a Itália, que apenas venceu três edições até hoje. O primeiro título ganho pela seleção nacional aconteceu em 1947, em Lisboa, precisamente na primeira vez em que o campeonato se realizou em Portugal. Os portugueses iniciaram aí a senda vencedora ganhando, ininterruptamente, a prova até 1950, perdendo nesse ano o título para a Espanha que se estreou a ganhar a competição. Nos 52 campeonatos jogados até 2016 Portugal conseguiu, por uma vez, ganhar o título europeu cinco edições consecutivas, entre 1959 e 1967, duas das quais em casa, nas cidades do Porto e de Lisboa. Por outras duas vezes, de forma consecutiva, Portugal conseguiu vencer quatro vezes. A primeira vez aconteceu entre 1971 e 1977 e a segunda entre 1992 e 1998. Excetuando os anos de 1953, 1990 e 2014 em que a Itália se sagrou campeã europeia, o ranking tem sido dominado, alternadamente, por Portugal e Espanha embora na última década a prova tenha sido dominada pelo país vizinho. A verdade é que a última vez que Portugal ganhou o campeonato da Europa foi em 1998, em Paços de Ferreira, vencendo a Espanha nos penaltis. Só uma vez, em 2012, na cidade de Paredes, Portugal não venceu a competição a jogar em casa. Além dos 21 títulos conquistados, Portugal ficou em segundo lugar por 13 vezes e em terceiro lugar por nove vezes. Apenas duas vezes foi relegado para o quarto lugar, em 1932 e 1938, anos em que os campeonatos europeus foram ganhos pela Inglaterra.
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O percurso atĂŠ Ă final
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A seleção portuguesa festejou o título europeu depois de vencer todos os jogos realizados. Não foi uma tarefa fácil mas o profissionalismo, a qualidade e a garra dos jogadores lusos foram argumentos suficientes para vencer as seleções apontadas como favoritas. A vitória sobre a Espanha (6-1), naquele que foi para Portugal o primeiro grande teste do Europeu, foi um bom indicador de que Portugal poderia chegar longe e a verdade é que, ultrapassada a fase de grupos, a seleção das quinas não encontrou depois grandes dificuldades para chegar á final onde venceu por 6-2 a seleção de Itália, apesar do susto de, ao intervalo, estar a perder por 2-0. Para a história ficam aqui os registos dos jogos de Portugal pela mão do jornalista Humberto Ferreira.
Portugal entra a ganhar com segurança Portugal 8 – Suíça 0 Portugal foi autoritário, soberano e de luxo na primeira parte e gestor, consistente e perigoso. Venceu a Suíça com segurança por 8-0 na estreia da 52ª edição do Campeonato da Europa de Hóquei em Patins. Com um Pavilhão Dr. Salvador Machado quase cheio e pronto para mostrar o apoio total à seleção portuguesa o conjunto de Luís Sénica não fez por menos e logo no terceiro minuto de jogo abriu o marcador de grande penalidade. Ricardo Barreiros fez o 1-0, mas foi preciso fazê-lo na terceira tentativa. Pelo meio o guarda-redes Vizio mexeu-se em duas ocasiões e foi excluído. Com maior rotação e intensidade a seleção portuguesa chegou ao 2-0 numa excelente combinação entre Hélder Nunes e Ricardo Barreiros com o último a concluir eficazmente num remate cruzado. Portugal estava em alta e seguro, João Rodrigues viu o ferro lhe negar o 3-0. Foi Gonçalo Alves quem fez o terceiro golo português de grande penalidade. O fantasista não marcou à primeira, mas marcou na recarga. Sem grande pressão helvética Portugal chegou aos 4-0 com um remate rasteiro de Diogo Rafael. O lance de maior perigo que a Suíça conseguiu fazer veio de um desvio de stick de Pascal Kissling para o ferro da baliza de Ângelo Girão. Portugal chegou ao 5-0 num lance individual de Rafa dentro da área de grande nível. Depois de uma segunda parte de eficácia máxima, a segunda parte foi cerebral, ainda assim logo aos trinta segundos Diogo Rafael fez o 6-0 num lance em que tentou assistir João Rodrigues e o desvio de Wirth acabou por trair o guarda-redes Vizio.
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Com a partida controlada Portugal voltou a acertar de forma eficaz na baliza helvética já nos minutos finais. Gonçalo Alves fez o 7-0 com um remate colocado após passe de Ricardo Barreiros e aos Rafa fez o oitavo golo português a dois minutos do fim, numa excelente triangulação com Gonçalo Alves. Ao intervalo: 5-0 Final: 8-0 Árbitros: Xavier Jacquart (FRA) e Derek Bell (ING) Árbitro de mesa: Franco Ferrari (ITA) 30
Portugal: Ângelo Girão; Hélder Nunes, Reinaldo Ventura, Ricardo Barreiros (2) e João Rodrigues. Suplentes utilizados: Diogo Rafael (2), Gonçalo Alves (2), Rafa (2) Treinador: Luís Sénica Suíça: Jean-Pierre Vizio; Nino Wyss, Gäel Jimenez, Pascal Kissling e Federico Garcia Mendez. Suplentes utilizados: Roman Langenegger (GR); Gian Rettenmund, Camilo Boll e Dominic Wirth Treinador: Pascal Kissling Ação Disciplinar Azuis: Jean-Pierre Vizio
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Portugal aplica seis à Espanha Espanha 1 – Portugal 6 Portugal está em forma. Portugal está em grande forma. No primeiro grande teste do europeu a seleção nacional venceu a Espanha sem apelo nem agravo por 6-1. Apenas de bola parada os espanhóis bateram os portugueses. Portugal começou o desafio ‘ligado à ficha’ e logo aos 15 segundos Ricardo Barreiros quase batia Xavi Puigbi. Valei a sorte e o posicionamento ao espanhol que joga ‘em casa’, uma vez que durante o ano defende as cores da Oliveirense. Mas de pouco valeu isso a Puigbi quando teve ‘cara-a-cara’ com o colega de equipa Ricardo Barreiros aos 5 minutos. João Rodrigues tinha sido travado na área e na cobrança da grande penalidade Barreiros não deu hipóteses e colocou Portugal na frente do marcador. O jogo estava bom em todos os aspetos. Táticos e técnicos, os jogadores iam demonstrando as suas qualidades. Foi assim que aos 6 minutos a Espanha chegou ao empate a um golo. Pau Bargalló foi travado na área quando tentava ganhar posição e o irmão mais velho, Jordi, bateu Girão à segunda. Na primeira tentativa o guarda-redes português mexeu-se e o castigo máximo teve de ser repetido e aí Jordi Bargalló rematou colocado. A Espanha parecia estar mais perigosa e logo de seguida Jordi Bargalló aproveitou um pequeno espaço na defesa portuguesa para tentar novo golo, mas o remate saiu por cima.
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No melhor momento espanhol apareceu Girão. Aos 8 minutos, Hélder Nunes viu azul depois de fazer um ‘gancheta’ a Cristian Rodríguez, mas na conversão do livre direto Pau Bargalló fez bem a finta, mas Ângelo Girão travou novo golo espanhol. Portugal estava com menos um jogador, mas nem por isso deixou de olhar para a baliza de Puigbi e no fim desse período com menos um elemento voltou a marcar. Reinaldo Ventura concluiu um lance típico de 2X1 conduzido por Diogo Rafael e colocou em delírio os milhares de adeptos que encheram o Pavilhão Dr. Salvador Machado. Ainda na primeira parte Portugal voltou a estar próximo de festejar mais golos. Aos 18 minutos Hélder Nunes isolou-se, mas Xavi Puigbi adivinhou a finta e no último minuto da primeira parte, Reinaldo Ventura não conseguiu levar a melhor num livre direto. Se a primeira parte foi intensa e veloz para o conjunto lusitano, a segunda parte começa da mesma forma.
Logo aos 15 segundos João Rodrigues fez o 3-1 numa altura em que Portugal ainda tinha mais um jogador em virtude do ‘power-play’ vindo do primeiro tempo. Uma excelente triangulação entre Reinaldo Ventura e Hélder desmontou a defesa espanhola e o capitão português marcou já em plena área. Portugal estava bem melhor e mais confiante e ainda decorria o primeiro minuto e Hélder Nunes quase fazia o quarto golo, mas o ferro da baliza de Puigbi evitou o golo. A Espanha teve num remate de Ton Baliu aos 29 minutos o primeiro lance de grande registo no segundo tempo, mas o guarda-redes português evitou o golo. Com uma defesa subida e a evitar meias distâncias e jogo direto Portugal neutralizou a Espanha que começou a tentar lances individuais. A primeira vez que Jordi Bargalló tentou isso Rafa ‘roubou’ a bola e fez um golo à Rafa. Decorria o minuto 32 e o jogador do FC Porto pegou na bola ainda na meia pista defensiva e fez tudo sozinho. Finta curta, velocidade e precisão. Xavi Puigbi não teve hipótese. Moralizado e com tudo a correr bem a seleção portuguesa fez o quinto golo por Diogo Rafael. Um lance individual aos 35 minutos e onde a sorte e a vontade de marcar estiveram lado a lado. 5-1 era bom para Portugal, mas 6-1 é melhor e Gonçalo Alves tratou de fazer de livre direto a castigar a décima falta espanhola. Portugal esteve sempre autoritário e chamou a si a palavra ‘favorito’. Segue-se a Áustria esta quarta-feira. Ao intervalo: 1-2 Final: 1-6 Árbitros: Franco Ferrari e Matteo Galoppi (ITA) Árbitro de mesa: Thomas Ullrich (ALE) Espanha: Xavi Puigbi; Jordi Bargalló (1), Cristian Rodriguez, Romà Bancells e Pau Bargalló. Suplentes utilizados: Ton Baliu, Jepi Selva, Jordi Burgaya e Eloi Mitjans. Treinador: Quin Paüls Portugal: Ângelo Girão; Ricardo Barreiros (1), Hélder Nunes, Reinaldo Ventura (1) e João Rodrigues (1). Suplentes utilizados: Diogo Rafael (1), Gonçalo Alves (1), Rafa (1) e Henrique Magalhães Treinador: Luís Sénica Ação disciplinar Azuis: Hélder Nunes
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Portugal aplica goleada do Europeu à Áustria Portugal 14 – Áustria 1 Respeito e identidade. Luís Sénica tinha pedido isto aos jogadores depois de ter vencido a Espanha e a seleção portuguesa fez isso tudo. Goleou a Áustria por 14-1.
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A primeira parte de Portugal foi forte, dinâmica e com a baliza austríaca a ser uma espécie de polo positivo para a seleção lusa. Por isso mesmo e sem espanto Rafa fez o 1-0 ainda não estavam jogados dois minutos. A Áustria passou por um período de acerto defensivo e Portugal tinha dificuldades em surpreender o guarda-redes Roman Mohr, mas foi uma questão de tempo e o 2-0 da autoria de Diogo Rafael acabou ser o catalisador para Portugal embalar nos golos e no fim de uma primeira parte absolutamente ‘apaixonante’ com o público a entrar em simbiose com a equipa. Gonçalo Alves, numa grande penalidade à segunda, fez o 3-0 e com a rotação da equipa Portugal continuou a colocar a nu todas as fragilidades austríacas. Reinaldo Ventura fez o 4-0 aos 10’ num remate frontal onde teve tempo de escolher onde colocar a bola e no minuto seguinte João Rodrigues desviou sobre a baliza uma excelente jogada individual, fez o 5-0 e colocou a Áustria ainda mais perdida no jogo.
Nos últimos minutos da primeira parte e já depois de Nélson Filipe ter sido chamado a mostrar serviço num remate cruzado, o único da Áustria na primeira parte, por intermédio de Tobias Winder, Portugal marcou por mais três vezes por Ricardo Barreiros, Reinaldo Ventura e João Rodrigues e fez com que resultado chegasse aos 8-0 ao intervalo. Na segunda parte Portugal continuou com a mesma intensidade, mas a defesa austríaca conseguiu manter a concentração. Portugal marcou a primeira vez no segundo tempo apenas aos 25 minutos por Rafa. Depois entrou o duelo entre Henrique Magalhães e o guarda-redes da Áustria Klemens Schussling. Um livre direto e o internacional português viu o guarda-redes defender. Logo a seguir Barreiros fez o 10-0 com um remate rápido à entrada da área e Gonçalo Alves no minuto seguinte aumento para 11-0. Rafa fez o 12-0 ainda com nove minutos para jogar. A Áustria na única vez que foi à baliza na segunda parte marcou. Robin Wolf aproveitou uma bola perdida para bater Nelson Filipe. Apareceu mais um duelo entre Henrique Magalhães e Schussling e o português voltou a não conseguir marcar. E aconteceu o mesmo numa grande penalidade a menos de dois minutos do fim. Portugal chegou aos 14-1 final com dois golos de Gonçalo Alves. Ao intervalo: 8-0 Final: 14-1 Árbitros: Roland Eggimann (ING) e Thomas Ullrich (ALE) Árbitro de mesa: Xavier Jacquart (FRA) Portugal: Nélson Filipe; Rafa (3), Gonçalo Alves (4), Henrique Magalhães e Diogo Rafael (1). Suplentes utilizados: Ricardo Barreiros (2), Hélder Nunes, Reinaldo Ventura (2) e João Rodrigues (2) Treinador: Luís Sénica Áustria: Roman Mohr; Jakob Stockinger, David Huber, Manuel Pafant e Tobias Winder. Suplentes utilizados: Klemens Schussling (GR); Jean Carlos Theurer, Aurel Zehrer, Andreas Magister e Robin Wolf (1) Treinador: João Meireles Ação disciplinar Azuis: Nada a registar
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Nova goleada, novo passo. Venham as meias-finais Inglaterra 0 – Portugal 12 Sem surpresas e com o mesmo registo avassalador, Portugal goleou a Inglaterra e está nas meias-finais do 52º Campeonato da Europa de Hóquei em Patins que decorre em Oliveira de Azeméis, onde vai reencontrar a Suíça com quem jogou na ronda inaugural da competição. A equipa ‘de todos nós’ precisou apenas de cinco minutos para fazer o primeiro golo. João Rodrigues assinou o primeiro da partida numa fase de pressão asfixiante portuguesa com várias recuperações de bola. O golo foi o ‘abre-latas’ do jogo. Seguiu-se dois minutos de jogos e quatro golos, sempre pelos mesmos intervenientes. Ricardo Barreiros fez três golos e João Rodrigues marcou mais um. O capitão português fez o 6-0 com dez minutos de jogo. Portugal estava inspirado perante um desolado Eddy Revill, o jogador mais velho do torneio com 48 anos, segurou mais sete minutos sem sofrer golos, até que Rafa a três minutos do intervalo teve uma arrancada à Rafa e fez o 7-0 e logo depois Gonçalo Alves fez o 8-0. Mais golos só na segunda-parte e logo a abrir. 20 segundos e já João Rodrigues fazia o 9-0 lusitano. Tal como Luís Sénica tem pedido a seleção nacional nunca baixou a intensidade e foi mantendo sempre ritmos altos. Chegou aos 10-0 por Diogo Rafael e João Rodrigues chegou à mão cheia de golos a dez minutos do fim quando Portugal chegou aos 11-0. De grande penalidade Reinaldo Ventura fez o 12-0 com que terminou a partida. Ao intervalo: 0-8 Final: 0-12 Árbitros: Francisco Garcia e Oscar Valverde (ESP) Árbitro de mesa: Roland Eggimann (SUI) Inglaterra: Eddy Revill; William Smith, Alexander Jones, Scott Neville e Owen Stewart. Suplentes utilizados: Thomas Allander (GR.); Brendan Barker, Alexander Mount e Nicholas Johnson Treinador: José Carlos Amaral Portugal: Nélson Filipe; Ricardo Barreiros (3), Hélder Nunes, Reinaldo Ventura (1) e João Rodrigues (5). Suplentes utilizados: Ângelo Girão (GR); Gonçalo Alves (1), Diogo Rafael (1), Henrique Magalhães e Rafa (1) Treinador: Luís Sénica
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Portugal na final depois de novo resultado robusto Portugal 8 – Suíça 0 A cumprir o desígnio assumido desde início, Portugal está na final do 52º Campeonato da Europa de Hóquei em Patins frente à Itália, numa reedição da final do Mundial de 2003 que aconteceu no mesmo pavilhão. Para chegar à final Portugal bateu a Suíça por 8-0, repetindo o resultado que fez na fase de grupos. 38
Luís Sénica tinha pedido uma equipa que não deixasse a Suíça crescer no jogo e desde início que o conjunto português fez isso. Nos primeiros minutos João Rodrigues viu um desvio não entrar na baliza de Jean-Pierre Vizio por muito pouco e logo de seguida Reinaldo Ventura rematou com estrondo à barra. Mas no minuto seguinte o capitão português João Rodrigues, que voltou a ser figura do jogo com quatro golos, assinou o 1-0 para Portugal após uma excelente combinação com Reinaldo Ventura. Portugal tinha feito o mais difícil, mas só voltou a marcar aos dez minutos de jogo novamente por João Rodrigues e após boa combinação novamente por Reinaldo Ventura. Foi à ‘bomba’ que Gonçalo Alves fez o 3-0 e tranquilizou ainda mais a equipa Portugal. A seleção portuguesa voltou a entrar forte no segundo tempo e não deixou a Suíça acreditar no jogo. Ventura marcou de grande penalidade aos 5 minutos e essa entrada forte na segunda parte deu mais três golos. João Rodrigues voltou a marcar após passe de João Rodrigues e Barreiros fez o 6-0 com um remate dentro da área. João Rodrigues fez 7-0 desta vez foi Ricardo Barreiros a fazer o passe. Gonçalo Alves fez com um remate forte o resultado final de 8-0.
Ao intervalo: 0-3 Final: 0-8 Árbitros: Francisco Garcia e Oscar Valverde (ESP) Árbitro de mesa: Xavier Jacquart (FRA) Suíça: Jean-Pierre Vizio; Nino Wyss, Pascal Kissling e Dominic Wirth. Suplentes utilizados: Camillo Boll e Gian Rettenmund Treinador: Pascal Kissling Portugal: Ângelo Girão; Reinaldo Ventura (1), Ricardo Barreiros (1), Hélder Nunes e João Rodrigues (4). Suplentes utilizados: Nelson Filipe (GR) Diogo Rafael, Gonçalo Alves (2), Rafa e Henrique Magalhães Treinador: Luís Sénica Ação disciplinar Azuis: Pascal Kissling e Ricardo Barreiros
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Portugal é campeão da Europa Itália 2 – Portugal 6 Foi sofrido como tinha de ser, histórico como tinha de ser. Portugal venceu a Itália por 6-2 e volta a ser Campeão da Europa de Hóquei em Patins ao fim de 19 anos. Com um Pavilhão Dr. Salvador Machado absolutamente cheio e com um ambiente digno da final, Portugal partia como favorito mas a Itália era campeã da europa em título e sabia que a maior pressão estava do lado de Portugal. Com Portugal a mandar no jogo, a Itália aproveitou para inverter a tendência do jogo com Girão a frio. Aos três minutos Federico Ambrosio com um remate enrolado à entrada da área colocou o Dr. Salvador Machado gelado. Os adeptos responderam de imediato com um grito de apoio para empurrar Portugal para a vitória, mas foi a Itália quem marcou novamente, desta vez de grande penalidade. Ambrosio foi chamado a converter o castigo máximo e apesar de Girão ter saído da baliza o italo-argentino marcou e a Itália ganhava uma vantagem confortável. Tudo parecia correr bem aos italianos, até a sorte. Barozzi era, nesse capítulo, o mais afortunado. Defendia tudo. Veio a segunda parte e a pista parece que ficou inclinada. Só dava Portugal e a Itália passou a usar a estratégia do dia anterior. Fechada na defesa e com um contra-ataque rápido a Itália tentava surpreender Portugal, mas foram os ‘ursos’ a mostrar as garras. Diogo Rafael lançou o jogo com um remate rasteiro após uma jogada rápida. Havia muito tempo para jogar e Portugal estava imparável. Mas foi preciso sofrer. Barreiros teve um livre direto para fazer o empate mas Barozzi defendeu. A barra negou o 2-2 ao Hélder Nunes a oito minutos do fim, mas a insistência de Diogo Rafael deu em golo. Portugal estava empatado e bem encaminhado para o triunfo. Quis o destino e a competência que fosse Reinaldo Ventura a fazer o 3-2 de grande penalidade a seis minutos do fim e a colocar as mais de 2500 pessoas que vieram a Oliveira de Azeméis a sentir que a Taça de Campeão da Europa ia ficar em casa. Foi uma questão de tempo até Portugal fechar o jogo. A Itália estava perdida, sem saber o que fazer e quando definiu que queria o empate Portugal ‘matou’ o jogo com um lance individual de Rafa. O 4-2 para Portugal a três minutos do fim foi uma machadada nas aspirações da ‘Squadra Azzurra’ que viu Portugal continuar a ter o pé no acelerador e João Rodrigues e Hélder Nunes fizeram o 6-2 final.
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Ao intervalo: 2-0 Árbitros: Francisco Garcia e Oscar Valverde (ITA) Árbitro de mesa: Xavier Jacquart (FRA) Itália: Leonardo Barozzi, Federico Ambrosio (2), Domenico Illuzzi, Alessandro Verona e Marco Pagnini. Suplentes utilizados: Giulio Cocco, Samuel Amato, Francesco Compagno Treinador: Massimo Mariotti 42
Portugal: Ângelo Girão; Reinaldo Ventura (1), Hélder Nunes (1), Ricardo Barreiros e João Rodrigues (1). Suplentes utilizados: Gonçalo Alves, Diogo Rafael (2), Henrique Magalhães e Rafa (1) Treinador: Luís Sénica Ação disciplinar Azuis: nada a registar
Os campeĂľes
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A seleção nacional portuguesa campeã da Europa com o selecionador Luís Sénica, ao centro.
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Henrique MagalhĂŁes
Rafa
Diogo Rafael
Reinaldo Ventura
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Gonçalo Alves
Ricardo Barreiros
Hélder Nunes
João Rodrigues
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Ângelo Girão
Nélson Filipe
“Senti desde o início que seríamos campeões europeus” Selecionador nacional Luís Sénica
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Foi de muitos nervos para o público, e para o país, a primeira parte da final entre Portugal e a Itália. A perder logo nos primeiros minutos por 2-0, a seleção portuguesa fez, no primeiro tempo, 40 remates à baliza italiana mas sem eficácia. O selecionador nacional Luís Sénica diz que “alguém se lembrou de nos colocar à prova por tudo o que foi o decorrer do campeonato” obrigando Portugal a confirmar, na final e em absoluto, a sua maior valia na competição. E foi o que aconteceu. O 2-0 ao intervalo era apenas esse desafio. “Estávamos conscientes de que tínhamos condições para virar o resultado e ganhar o título europeu mas alguém se lembrou de nos valorizar ainda mais a vitória”, afirma Luís Sénica. A partida da final foi um jogo que teve momentos distintos, a primeira parte com pouca eficácia apesar dos 40 remates e um segundo tempo de luxo. “Na segunda parte fomos muito mais objetivos e acutilantes”, diz o selecionador que ao intervalo transmitiu aos jogadores uma atitude otimista. “Aquilo que falámos foi apenas o que se impunha que era sermos capazes de inverter o resultado e ganharmos”. O técnico revela ter dito aos jogadores, quase de forma espontânea, que nos primeiros cinco minutos da segunda parte Portugal marcaria um golo e que a seleção daria a volta por cima. Aos dois minutos e pouco o primeiro golo apareceu abanando estrondosamente o pavilhão Dr. Salvador Machado. A partir deste golo o jogo evoluiu positivamente resultando numa grande exibição de Portugal, mostrando a qualidade dos jogadores da seleção nacional. Sobre algum momento em que tenha sentido que o título europeu fugiria a Portugal, Luís Sénica é breve na resposta. “Não, nem antes nem ao longo do campeonato”. No entanto o técnico ressalva que para vencer o Europeu “teríamos que estar muito bem no primeiro jogo e ir consolidando a capacidade de jogo e de evolução” e depois “estarmos determinados e consistentes no que seriam os jogos decisivos, as meias-finais e a final”.
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O selecionador não esconde o sentimento de que Portugal poderia vencer a competição. Sentiu-o, diz, desde o início. “Cumprimos com aquilo que eram as nossas expectativas, foi uma vitória importante para o hóquei português e para todo o grupo que esteve empenhado no Europeu”. O percurso da seleção portuguesa ficou marcado só por vitórias. Luís Sénica explica este sucesso: “esta era uma seleção competente que mostrou estar muito forte e que soube superar as dificuldades que os adversários lhe colocaram”.
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“Fomos mais fortes”. Ponto final. O técnico fala de “uma seleção de qualidade que não está fechada” porque “existem outros valores”. É uma seleção com potencial que “pode competir em todas as frentes e em todos os títulos”. A seleção e a qualidade dos jogadores que foram campeões em Oliveira de Azeméis são o reflexo do trabalho do hóquei em patins português. Vistas as coisas assim Luís Sénica acredita que a seleção irá dar muitas alegrias aos portugueses. “Portugal tem, neste momento, um hóquei muito forte e determinado. Tem gente muito capaz a trabalhar no terreno e acredito que esta seleção, e as próximas, podem manter Portugal no topo da modalidade”. O técnico nacional diz haver “uma sequência e uma lógica de trabalho” da qual se reflete a vitória portuguesa em Oliveira de Azeméis e noutras competições. Terá sido a conquista do Europeu o ponto de viragem para um novo domínio do hóquei sénior a nível europeu e mundial já que nas camadas inferiores Portugal domina hoje a todos os níveis? Luís Sénica é sucinto na resposta: “acredito estarmos no bom caminho e que Portugal poderá estar muitas mais vezes presente nas grandes finais”. O país tem, efetivamente, “grandes condições para discutir todos os títulos” dominando já na formação. “Mas temos de continuar a trabalhar”. Sobre o futuro do hóquei em patins português Luís Sénica defende para a modalidade “mais e melhor” considerando que trabalhar numa vertente ainda mais profissional e estrutural “ajudará a fazer crescer a modalidade”. A evolução no crescimento do hóquei nacional faz-se caminhando, passo a passo. “Não podemos parar agora só porque fomos campeões da Europa e porque dominamos na formação”. O técnico acrescenta “termos de continuar o nosso trabalho na certeza de que o hóquei será sempre uma modalidade com espaço de afirmação em Portugal”. O título europeu foi conquistado numa cidade com forte tradição no hóquei em patins. Desde o primeiro dia Oliveira de Azeméis mobilizou-se à volta do Europeu mostrando quanto a modalidade lhe é querida. Luís Sénica reconhece esse apoio considerando que a autarquia, a cidade,o público e o pavilhão Dr. Salvador Machado estiveram à altura da prova. “Sentimo-nos sempre apoiados e acarinhados e foi importante sentirmos esse apoio”.
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Ganho o campeonato no rinque foi tempo, no dia 19 de julho, dos jogadores, selecionador e restante equipa técnica, acompanhados dos responsáveis da Federação de Patinagem de Portugal, serem recebidos no Palácio de Belém para serem condecorados pelo Presidente da República com o Grau de Comendador da Ordem do Mérito. Tal como o Chefe de Estado, Luís Sénica rejeita a ideia de que o hóquei em patins não seja uma modalidade de primeira. “Somos uma modalidade que tem a sua cultura, tem a sua afirmação e o Presidente da República não fez mais do que confirmar essa realidade”. O responsável máximo da nação esteve bem ao reconhecer o trabalho da seleção e o empenho dos jogadores no Europeu de Hóquei em Patins. Um reconhecimento nacional que o selecionador Luís Sénica diz refletir o apoio dos portugueses e de todas as pessoas que se empenharam para que Portugal vencesse o Campeonato da Europa.
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PERFIL Seria muito redutor caracterizar Luís Sénica como excelente profissional de provas dadas, ser humano de elevado gabarito e crente na espiritualidade, amigo do seu amigo, em suma, um “homem do bem” o que é diferente de ser um “homem de bem”. Em todo o processo que levou ao ano de 2016 e a subsequente dimensão de ideias e juízos de valor feita por méritos alcançados, está uma panóplia de situações (selecionador e coordenador de todos os escalões com vitórias europeias e mundiais), que acompanhámos de perto como seu colega e amigo, acima de tudo, mas também como a pessoa que na segunda metade da década de 90 do século passado acreditou que estaria ali um elemento para lapidar (diria anos mais tarde auto lapidar) com muito trabalho, respeito e honestidade profissional para dar à patinagem e sobretudo ao hóquei em patins. Seguindo esta linha de pensamento, façamos um pouco da sua história desde que, menino e moço de Sesimbra, onde começou e acabou como jogador, e após passagem por outros clubes – Turquel, Sporting e Tigres de Almeirim – se fixou na Federação de Patinagem de Portugal, onde integrou uma equipa que mais tarde comandou como Diretor Técnico Nacional até hoje, com uma saída de alguns anos para o Benfica onde venceu tudo o que havia para ganhar, nacional e internacional, e posterior regresso à FPP. O seu espirito aberto, a sua forma de comunicar e a tendência para criar um clima positivo no local de trabalho, clube ou seleção, valeu-lhe o respeito de todos os que sabem separar as águas (sério ou a brincar); surge assim o suporte de compreensão para passar as ideias, o modelo de jogo e os objetivos estratégico/táticos, mostrando o tipo de atitude de um leader que traça as decisões com vista a um desiderato final: o êxito! É isto o Luís Sénica. Quando bem disposto é óbvio que o clima fica mais leve mas quando está circunspecto (percebe-se logo) a sua vertente ou palavreado de guerreiro puro – filho de S. Jorge ou Ogum umbandista em dialeto yorubá – mesmo que exacerbada não reduz os efeitos do trabalho final, antes todos sentem que custou mais mas foi mais uma batalha vencida (leia-se problema resolvido!) Estes conceitos fazem parte da sua personalidade forte – indiscutível – que necessita de um leque de amigos que, conhecendo a sua essência, saibam elogiar ou criticar abertamente na cara, como ele aprecia, bem mais do que a palavra soez e ofensiva em qualquer faceboock ou twitter. Quer se goste ou não é assim que vejo o Luís Sénica que está no hóquei em patins para vencer…se o deixarem! Luís Gouveia Secretário técnico nacional da Federação de Patinagem de Portugal
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O tĂtulo que faltava ao campeĂŁo mundial de 2003
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O desejo cumpriu-se para Reinaldo Ventura. O jogador mais velho e com mais experiência da seleção portuguesa queria vencer a única prova que lhe faltava e conseguiu. Era, por essa razão, um dos rostos mais felizes entre os colegas que o ajudaram a concretizar esse sonho após a vitória na final contra a Itália. Numa entrevista ao site oficial do Europeu logo à chegada ao Luso onde a seleção cumpriu o primeiro estágio, o jogador, então com 38 anos, afirmava que “tudo se torna pequeno quando a vontade de vencer é maior”. Antes do primeiro treino, o selecionado afinava pela mesma voz dos companheiros e dos responsáveis federativos: “o intuito é sempre o mesmo, chegar ao fim e ganhar”. A expectativa cumpriu-se e Reinado Ventura fez a festa pela noite dentro do dia 16 de julho de 2016. Não era para menos pois há 13 anos, ali mesmo, no mesmo pavilhão, tinha sido campeão do mundo e contra a mesma seleção na final, a Itália. Tal como em 2003, quando Portugal se sagrou campeão mundial, Reinado Ventura foi de novo feliz em Oliveira de Azeméis. “Porque não viver outro momento feliz?”, questionou-se quando confrontado com a “surpresa” de ter sido convocado pelo selecionador nacional, Luís Sénica. A falta do título europeu levou-o a ponderar o regresso à seleção das quinas ao serviço da qual atingiu o momento mais alto da sua carreira em 2003 na “capital” do hóquei em patins. “Um título mundial por seleções é o momento mais alto da carreira de qualquer jogador”. Uma vitória muito difícil que não diminui o título europeu conquistado 13 anos depois. Quando abandonar a modalidade Reinaldo Ventura pode gabar-se de ter conquistado tudo o que havia para conquistar de importante em termos de seleções e de equipas. É um palmarés invejável, da pertença apenas dos melhores jogadores. E Reinaldo Ventura mostrou no Europeu de Oliveira de Azeméis continuar a ser um dos melhores jogadores portugueses. Independentemente da idade. “Com esta idade acabamos por ter a mesma vontade daqueles que estão a começar e de quem é mais novo”. No pavilhão Dr. Salvador Machado jogou, marcou golos e deu novas alegrias ao público que encheu as bancadas. No jogo decisivo que deu o título europeu a Portugal deve-se a Reinaldo Ventura a viragem no marcador
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da partida quando Portugal estava empatado a 2-2 com a Itália. O jogador marcou, de penalti, o terceiro golo português, abrindo o caminho para uma segunda parte alucinante de Portugal fazendo esquecer o resultado negativo de 2-0 ao intervalo. Reinaldo Ventura, nascido a 16 de maio de 1978 em Vila Nova de Gaia, detém um conjunto de títulos invejáveis. Grande parte da sua carreira desportiva foi feita no Futebol Clube do Porto, clube que representou durante duas décadas tendo ajudado o clube nortenho a ganhar o deca-campeonato português de hóquei em patins entre 2001 e 2011. 60
Além dos 10 títulos conquistados ao serviço do FC Porto, Reinaldo Ventura ganhou mais dois campeonatos nacionais nas épocas de 1998/1999 e 1999/2000. Além dos títulos nacionais, o jogador venceu uma Taça CERS e foi finalista por quatro vezes da Liga Europeia.
Palmarés desportivo 12 vezes campeão nacional, 10 deles ao serviço do Futebol Clube do Porto entre 2001 e 2011 Vencedor de nove supertaças António Livramento Vencedor de 8 taças de Portugal Vencedor da Taça CERS (1995/1996) Finalista da Taça CERS (2001/2002) Finalista da Liga Europeia (2003/2004, 2004/2005, 2005/2006 e 2012/2013) Campeão do Mundo pela seleção portuguesa em 2003, em Oliveira de Azeméis, Portugal Vice-campeão europeu em 2008, Oviedo, Espanha Campeão da Europa pela seleção portuguesa em 2016, em Oliveira de Azeméis, Portugal
Toda uma nação orgulhosa
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A vitória em Oliveira de Azeméis foi vivida efusivamente no país e teve a gratidão que a modalidade merecia tanto da parte do Governo como da Presidência da República e da Assembleia da República. Ainda antes de Portugal ser campeão europeu, o vice-presidente da Federação de Patinagem de Portugal para o hóquei em patins, Paulo Rodrigues, afirmava ser tempo de se dar o reconhecimento justo à modalidade pelo elevado número de títulos já conquistados pelas várias seleções. “Às vezes as pessoas esquecem-se dos títulos que o hóquei em patins já deu a Portugal”. “Vemos algumas equipas de futebol a ser recebidas pelo senhor Presidente da República ou pelo senhor Primeiro-Ministro e temos bastantes seleções que também já mereciam ter tido a honra de serem recebidas e reconhecidas”, referia-se assim Paulo Rodrigues à falta de reconhecimento pelas conquistas do hóquei em patins. Na verdade, um mês depois a modalidade saltou para as páginas dos jornais, das televisões e das plataformas digitais não só pela conquista do título europeu mas também pela receção feita à seleção pelo Presidente da República e pelo voto de saudação da Assembleia da República à seleção. A saudação, aprovada por unanimidade, destaca que “a seleção nacional de Hóquei em Patins deu mais uma alegria ao país” e que “depois do futebol e do atletismo, foi a vez do hóquei em patins, um velho conhecido das vitórias desportivas nacionais, não deixar os seus créditos por mãos alheias”. Na saudação, os deputados recordam que o vitorioso percurso de Portugal no campeonato europeu culminou com a vitória sobre a campeã europeia em título, a Itália, por 6-2, num jogo “marcado por uma extraordinária e memorável reviravolta”. Os parlamentares foram unânimes em afirmar que a seleção que ganhou o título em Oliveira de Azeméis “mostrou estar à altura de seleções de outros tempos onde pontificaram nomes como António Livramento, Ramalhete, José Leste, “Chana”, Vítor Hugo ou Carlos Realista, verdadeiras glórias do desporto nacional”. O voto da Assembleia da República quis homenagear os jogadores, a direção da Federação de Patinagem de Portugal, o selecionador nacional e a restante equipa técnica pela vitória no campeonato europeu que “dignifica e prestigia o país e o desporto nacional”.
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Condecoração ao mais alto nível
A 19 de julho de 2016, apenas três dias após terem vencido o Campeonato realizado na cidade de Oliveira de Azeméis, os campeões europeus foram condecorados pelo Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, com o Grau de Comendador da Ordem do Mérito. Na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, onde poucos dias antes a seleção portuguesa de futebol tinha sido já condecorada pela conquista do Campeonato da Europa, jogadores, técnicos e dirigentes da Federação de Patinagem de Portugal receberam das mãos do Chefe de Estado a distinção mais esperada. Depois de condecorado por Marcelo Rebelo de Sousa, o selecionador nacional, Luís Sénica, fez questão de dizer que “estes jogadores são dignos representantes de uma nação”. Pelo lado do Presidente da República foi realçado o orgulho português pela vitória conquistada. “Bem hajam pelo vosso contributo por tornarem Portugal e os portugueses mais felizes e orgulhosos de o serem”, disse o Chefe de Estado. São estas vitórias (o Europeu em Oliveira de Azeméis) que ajudam a aumentar o ego nacional. O hóquei em patins fez a sua parte mas também o futebol e o atletismo têm contribuído para aumentar a estima e o orgulho português. “Em termos de sucesso nacional e de orgulho não existe modalidades de primeira e modalidades de segunda, de terceira ou de quarta e vocês demostraram isso mesmo”. Foi patriótico, como se esperava, o discurso do Presidente da República. Emocionado, sorridente e orgulhoso. Assim estava o Chefe de Estado, assim estavam os jogadores da seleção nacional, os treinadores e os responsáveis da Federação de Patinagem de Portugal. E foi entre a solenidade do ato, a boa disposição e a euforia dos jogadores portugueses que Marcelo Rebelo de Sousa confidenciou ser um adepto do hóquei em patins. Uma modalidade que faz parte das memórias do Presidente da República quando era criança e jovem, no período pós-guerra, numa altura em que Portugal começou a dominar o hóquei em patins após a supremacia, durante muitos anos, da Inglaterra após a criação da modalidade. Era habitual, nessa época, Marcelo Rebelo de Sousa ir assistir a jogos de hóquei em patins, a Paço de Arcos, a Campo de Ourique ou a Oeiras, três importantes clubes da altura.
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Quando não podia assistir aos jogos ouvia então os relatos na rádio, comentados pelo jornalista Artur Agostinho. Depois da rádio veio a transmissão dos jogos pela televisão, marcada por uma desilusão inicial (as câmaras não conseguiam acompanhar a rapidez das jornadas) até surgir a “câmara lenta” que permitia rever os lances e confirmar os jogos. A geração do presidente da República cresceu nesta realidade que era o hóquei em patins, uma grande modalidade e, naquele tempo, uma forma significativa de afirmação nacional.
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Passadas várias décadas, o hóquei continua a ganhar títulos e a conquista do troféu europeu em Oliveira de Azeméis mostra a importância que o hóquei continua a ter e a projetar o nome de Portugal na europa e no mundo. A condecoração da seleção nacional de hóquei em patins com a Ordem do Mérito reconheceu o mérito dos campeões europeus. Um mérito merecido até porque, como disse o Chefe de Estado, “é difícil ser-se campeão europeu em qualquer modalidade desportiva” e também porque Portugal já não vencia esse troféu há 18 anos. Os portugueses acompanharam o evento, uns no pavilhão Dr. Salvador Machado num apoio constante, e outros através da televisão. Esse apoio foi determinante para o resultado final que foi conquistar o troféu. As pessoas mais antigas redescobriram o hóquei em patins e avivaram as suas memórias e as gerações mais novas descobriram a modalidade e a “qualidade excecional da seleção”. Isso, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, “fez bem ao ego nacional porque é bom sentirmo-nos os melhores da Europa em todos os domínios da nossa atividade, no desporto, na cultura, na ciência, no ensino ou na vida empresarial”. Num momento de boa disposição, o Presidente da República revelou ter sofrido imenso na primeira parte do jogo da final contra a Itália mas tinha a certeza de que a segunda parte seria igual ao que tinha sido o percurso vitorioso até ao derradeiro jogo. Em apenas uma semana Portugal viveu aquilo que o chefe de Estado chama “um conjunto de jornadas de ouro português”. Veja-se: Portugal venceu o Campeonato da Europa de Futebol, o Campeonato Europeu de Hóquei em Patins e conseguiu importantes vitórias no atletismo. Perante tantas vitórias o presidente da República decidiu o que tinha a fazer que era condecorar os elementos da seleção nacional de hóquei em patins com a Ordem do Mérito porque, como afirmou, “se trata de mérito reconhecido pela nação portuguesa”. Depois de um discurso de 12 minutos o presidente Marcelo Rebelo de Sousa entregou as condecorações aos jogadores e treinadores saudando fortemente cada elemento. O ministro da Educação e o secretário de Estado do Desporto associaram-se à cerimónia durante a qual Marcelo Rebelo de Sousa foi brindado com a oferta de um stick e uma camisola da seleção portuguesa. Na foto de grupo, a fechar o protocolo, não faltou a taça conquistada em Oliveira de Azeméis e, com as regras protocolares já quebradas, os atletas tiraram “selfies” com o chefe de Estado.
A festa
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Uma experiência inesquecível
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Seis dezenas de jovens trabalharam incansavelmente no apoio à organização. O programa de voluntariado lançado pela Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis teve boa adesão e foi uma experiência inesquecível para quem, pela primeira vez, esteve ao serviço de um grande evento como o 52º Campeonato Europeu de Hóquei em Patins. Os voluntários contribuíram para o sucesso da prova. E numa demonstração da sua importância e empenho, a autarquia brindou-os com um jantar de reconhecimento onde se reviveram recordações e se cimentaram amizades entre os jovens. O saldo foi positivo e ficou a vontade de voltar a colaborar. É o que dizem quatro jovens que abraçaram a causa de servir desinteressadamente o desporto. Na primeira vez que fez voluntariado, Francisca Loureiro considera a experiência muito positiva, salientando como fatores indiscutíveis “o contacto com outras pessoas e com outras línguas além da portuguesa”. “Aprendi muito”, diz, salientando que após o Europeu ficou “motivada para fazer de novo voluntariado noutros eventos que se venham a realizar”. O que mais a fascinou nos dias em que trabalhou no pavilhão foi “o contacto com as pessoas” não receando aconselhar outros jovens a fazer trabalho de voluntariado. “Vale a pena!”. Outra jovem sempre solícita, afeta ao apoio à imprensa, foi Raquel Pires. A jovem fala numa “experiência inesquecível” que possibilitou, em apenas poucos dias, “criar uma ligação entre toda a equipa e as diferentes áreas da organização do evento”. É com um sorriso no rosto que garante ter ficado com vontade para voltar a fazer voluntariado. É uma experiência que quer repetir pelo espírito que representa. “Façam voluntariado, sejam úteis com o vosso trabalho à sociedade”, apela Raquel Pires. Já Joana Valente, que deu também apoio aos jornalistas, afirma que a sua experiência como voluntária foi “enriquecedora em todos os aspetos”, em especial na “interação com as equipas, com o staff e com os responsáveis das delegações”. A jovem realça ainda as vantagens enriquecedoras dos contactos com novas pessoas e com a organização.
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“Certamente voltarei a fazer voluntariado”, diz, evidenciando da sua experiência “a ligação entre os vários setores da organização” e ter tido a “oportunidade de ver e sentir o evento numa outra perspetiva sem ser espetadora de bancada”. Sílvia Rosa foi outra voluntária satisfeita com o trabalho desenvolvido embora não seja a primeira vez que tenha feito voluntariado. Durante um ano trabalhou como voluntária numa associação de solidariedade social. Diz que a experiência no Europeu enriqueceu-a, considerando-a “um abrir de olhos para o mundo”, uma oportunidade de contactar com pessoas e de lidar com situações imprevistas “que nos põem à prova”. O voluntariado “é uma peça fundamental para o nosso desenvolvimento”, afirma. 84
Um pavilhĂŁo renovado para viver novas glĂłrias
O pavilhão Dr. Salvador Machado continua a viver e a somar noites de glória desde 1988, ano em que foi inaugurado. O recinto da União Desportiva Oliveirense (UDO) é um talismã para a cidade. Ali, o clube desportivo mais representativo do concelho festejou já as vitórias mais importantes da sua longa existência, à semelhança da seleção nacional de hóquei em patins que conta por vitórias todas as vezes que jogou no “Salvador Machado”. O complexo desportivo passou, no início do Europeu de Hóquei em Patins, a ostentar uma placa com o nome do seu patrono, Salvador Machado, a quem se deve a concretização do sonho oliveirense. Um objetivo que mobilizou toda a sociedade oliveirense ajudando a construir, na altura, um dos melhores pavilhões desportivos do país. As melhores noites vividas no “Salvador Machado” foram, sem dúvida, a vitória de Portugal no campeonato mundial de hóquei em patins, em 2003, e no Europeu da modalidade, em 2016, sob o comando técnico de Luís Sénica. Mas para a prova correr bem a Câmara de Oliveira de Azeméis assumiu, como sempre, os seus compromissos, e avançou com a requalificação do pavilhão da União Desportiva Oliveirense. A última intervenção tinha sido, exatamente, no Mundial de 2003. Após essa data não foram realizadas novas intervenções no edifício. A competição de julho de 2016, de glória para Portugal, marcou uma nova etapa na vida do pavilhão da Oliveirense. Com as obras realizadas o recinto desportivo ficou novamente apto e apetrechado para continuar a elevar o desporto de Oliveira de Azeméis e a ser palco de mais eventos desportivos internacionais. O pavilhão Dr. Salvador Machado integra a rede de instalações desportivas municipais, marcada pela qualidade e excelência, tantas vezes reconhecida pelas instâncias que tutelam as várias modalidades.
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Azemad revoluciona o hรณquei em patins
Desportivamente caraterizada pelo hóquei em patins, Oliveira de Azeméis ostenta também a inovação mundial no fabrico de sticks. É neste município que a empresa Azemad apostou na produção de um stick com sensor eletrónico que permite melhorar a performance dos jogadores. O Campeonato Europeu foi o local escolhido para a apresentação do novo stick que incorpora tecnologia de ponta e tem a colaboração do Laboratório de Ótica e Mecânica Experimental da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Com a nova tecnologia é possível ficar a saber-se qual a utilização que o jogador faz do stick e proceder ao envio de toda a informação para uma base de dados da empresa, possibilitando fazer evoluir o stick. O sensor do stick permitirá aos atletas saberem informações únicas de cada treino e jogo (velocidade dos remates e quantidade de passos para a direita e esquerda, por exemplo) e com isso melhorarem as performances. O novo stick suporta um sensor eletrónico, equipado com giroscópio e acelerómetro tridimensional que permite caracterizar o movimento do stick. Com este sensor é possível caracterizar, no espaço e no tempo, a posição do stick e registar remates, passes, lado direito e lado reverso. O sistema pode comunicar diretamente com dispositivos móveis, tal como um telemóvel, ou registar durante um treino todas as ocorrências. O stick é um passo na revolução da modalidade fazendo evoluir o hóquei em patins e, em consequência, dar maior atratividade e espetacularidade, à semelhança do que acontece com outras modalidades que há muito já tem a tecnologia ao seu serviço. O projeto permite o registo de cada atleta com a inclusão dos seus parâmetros desportivos, posição no ringue e categoria ficando estes e outros dados ligados à base de dados da Azemad. Na posse destes dados, a empresa cria um stick adaptado às exigências do jogador. O projeto iniciou-se há alguns anos e incluiu, na primeira fase, a caraterização rigorosa do stick e a visita a alguns clubes espanhóis de hóquei em patins, a que se seguiram soluções mecânicas ao nível do remate. A paixão pelo hóquei, a procura da excelência e a vontade de dar mais ambição ao hóquei em patins está na
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base do projeto da Azemad que tem liderado o mercado de equipamento da modalidade. A Azemad vende hoje para todos os países que praticam o hóquei em patins. O novo stick, com a sua entrada no mercado mundial, é mais um contributo para valorizar a modalidade, em Portugal e no mundo, seguindo o mesmo caminho de outras modalidades que recorrem às tecnologias de ponta.
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O administrador da Azemad, Paulo Martins, está consciente de que o hóquei precisa de evoluir como acontece noutros desportos e a empresa está presente nessa ambição de colocar a modalidade ao mesmo nível de outras que tiveram evolução. A revolução no hóquei em patins está aí com uma empresa oliveirense a liderar a inovação. A empresa foi a responsável pela produção do maior stick do mundo, instalado na zona escolar de Oliveira de Azeméis e construído para assinalar e perpetuar a realização do Campeonato do Mundo de 2003. Este foi o pontapé de saída para o início do fabrico e da comercialização de sticks para jogadores profissionais de todo o mundo uma vez que a empresa apenas se dedicava anteriormente ao fabrico de mobiliário. Há 13 anos, aquando da jornada gloriosa para a seleção portuguesa campeã do mundo, a Azemad, então liderada pelo fundador António Santos Martins, foi um importante parceiro do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins. E daí resultou a sua entrada no mundo de uma das modalidades mais admiradas em Oliveira de Azeméis, apostando fortemente no crescimento do hóquei em patins. Hoje a marca Azemad está presente nas maiores competições nacionais e mundiais sendo usada por jogadores de países com tradição no hóquei em patins. A paixão do fundador da empresa pelo hóquei em patins, bem como a tradição local relativamente a este desporto, conduziram a Azemad à fabricação de sticks, tornando-a líder de mercado e com presença em todo o mundo. A Azemad divide-se atualmente em três áreas de negócio: Azemad Furniture (mobiliário doméstico), Azemad Contract (mobiliário hoteleiro) e Azemad Sport (fabrico de sticks para hóquei em patins e fabrico de hélices para desportos aeronáuticos).
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O Europeu a promover o turismo do Porto e Norte de Portugal
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O Campeonato Europeu de Hóquei em Patins foi um excelente aliado turístico para a promoção da região Norte, a partir de Oliveira de Azeméis. A Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal foi parceira da competição desportiva, de inesquecível memória para a cidade e para o país. O presidente da entidade turística, Melchior Moreira, afirma que receber o evento na região foi “criar dinamismo económico e social permitindo aos operadores públicos e privados aumentar o número de dormidas e refeições servidas na restauração bem como a dinamização do consumo no comércio local, a par com a promoção dos produtos locais”. O evento permitiu “ter os olhos do mundo postos em nós de forma intensiva durante a semana dos jogos mas também nas experiências que os atletas, equipas técnicas, jornalistas, adeptos e visitantes retiveram e transportaram consigo para além desta janela temporal e que, claramente, os farão querer voltar a nós”. A Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal associou-se com orgulho a um evento desportivo importante como o que aconteceu em Oliveira de Azeméis e articulou sinergias para que o Europeu de Hóquei em Patins “ficasse na memória de quem nos visitou”, destaca Melchior Moreira. Terminada a jornada gloriosa, a convicção de Melchior Moreira é a de que o concelho e a autarquia de Oliveira de Oliveira de Azeméis “mostraram estar à altura do desafio e superaram as expectativas criadas quer pela qualidade e capacidade organizativa, quer pelo acolhimento proporcionado”. O responsável diz que o cenário não poderia ter sido melhor para organizar o evento e que a assistência não poderia ser mais entusiasta e participativa. Diz mais: o destino não poderia ser mais hospitaleiro e seguro. Com tudo isto estiveram reunidas para o responsável do Turismo do Porto e Norte de Portugal as condições fundamentais para que a competição europeia “terminasse sob a égide do sucesso e do cumprimento pleno das expectativas, eternamente perpetuadas com a conquista do título para Portugal, Campeão Europeu de Hóquei em Patins”. São muitas as vantagens que o desporto pode trazer ao turismo. Melchior Moreira diz que “associar a paixão de Oliveira de Azeméis pelo hóquei à arte de bem receber dos seus habitantes, à gastronomia e vinhos, bem
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como às paisagens e às modernas infraestruturas tornaram a realização deste Europeu um excelente exemplo da dimensão que um evento desportivo pode trazer á promoção turística de um destino como o Porto e Norte de Portugal”. O responsável do Turismo realça também que “a dinâmica económica e a repercussão mediática que a presença das várias seleções europeias trouxe ao concelho em particular e ao destino Porto e Norte no global são a prova confirmada que a aposta nos grandes eventos desportivos nacionais e internacionais são uma mais-valia inquestionável para chamar visitantes ao nosso destino e uma das melhores estratégias para combater a sazonalidade”. 98
O dirigente da Entidade de Turismo assinala que os números do ano em que se realizou o Europeu mostram que no destino Porto e Norte se atingiu “um valor já muito próximo dos valores que estavam previstos para 2020 na estratégia 2020”, ou seja, chegar aos sete milhões de dormidas. A região teve um crescimento de dormidas de 10,7% alcançando os 6,3 milhões de dormidas enquanto no mercado ibérico o crescimento foi de 7,89% em relação a 2015, valores que se traduziram em mais de 289 mil dormidas. Melchior Moreira diz que estes números permitem tirar “ilações óbvias”: “há um enorme potencial e uma grande atratividade no Porto e no Norte que não podem nem devem ser descurados”. Ao longo do Europeu foi visível a presença do TOPAS (Tourism Public Auto Service), a Loja Móvel de Turismo do Porto e Norte de Portugal que levou a Oliveira de Azeméis todo o destino Porto e Norte e disponibilizou em rede todas as opções que o território tem para oferecer, reforçando as sinergias entre as várias entidades e juntando parceiros públicos e privados. Tudo se conjugou para o sucesso. Diz Melchior Moreira que “fizemos deste Europeu de Hóquei em Patins um renovado caso de sucesso. Temos tudo para continuar a ultrapassar largamente todas as previsões e expectativas: um público apreciador de eventos desportivos de qualidade, numa região que recebe como nenhuma outra!”.
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