Espaços flexíveis como partido arquitetônico para as demandas do Home Office

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PÓS-GRADUAÇÃO EM DESIGN DE INTERIORES, DECORAÇÃO E AMBIENTAÇÃO

Espaços flexíveis como partido arquitetônico para as demandas do Home Office

ALUNO: Andressa Zerbinatti Oliveira e Silva

ORIENTADOR: Leila Nesralla Mattar

Trabalho de
de
Conclusão
Curso
1. APRESENTAÇÃO.................................................................................................. 2 2. DELIMITAÇÃO DO TEMA 3 3. JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 5 4. ESCOLHA DO CASO 6 5. QUESTÃO DE PESQUISA 7 6. OBJETIVO DO ESTUDO ....................................................................................... 8 7. REFERENCIAL TEÓRICO 9 8. METODOLOGIA................................................................................................... 13 9. DESCRIÇÃO 14 10. ANÁLISE 18 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 29 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30 Sumario ´

ESTUDO DE CASO 1.

Com a expansão dos modelos de trabalho remoto e híbrido, muitas residências passaram por adaptações para incorporar locais de trabalho. O espaço do Home Office se tornou um cenário comum no ambiente doméstico. Essa mudança, em muitos casos, decorreu de forma rápida e improvisada, para que a demanda emergente pudesse ser atendida. Mas de que forma podemos planejar melhor para essa nova necessidade arquitetônica e seus desafios?

Principalmente nos casos de habitações com área reduzida, o local dedicado ao trabalho deve ser otimizado. A flexibilidade dos ambientes e mobiliário permitem mudanças momentâneas de acordo com o uso e evitam os espaços ociosos. O presente trabalho aborda as questões apresentadas e demonstra a partir de estudos de caso como o ambiente de trabalho tem sido inserido nos nossos lares. A análise será feita em diferentes contextos, demonstrando desde mobiliários pensados para o propósito da temática até projetos de interiores, que integrem ou delimitem o escritório do restante da casa.

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A pesquisa irá se desenvolver em torno das relações de trabalho e suas novas dinâmicas, abordando o modelo híbrido e home office, como os ambientes de trabalho e mobiliários podem se adaptar para esse novo contexto e otimizar as residências.

As alterações no modelo de trabalho decorridas dos avanços tecnológicos e aceleradas pelo distanciamento social durante a pandemia tornaram a integração do espaço de trabalho ao espaço habitado uma necessidade. Essa nova demanda causou mudanças nas configurações espaciais das residências, de forma que adaptações foram surgindo, fossem elas planejadas ou improvisadas. Quando levamos em consideração o tamanho reduzido das habitações no contexto atual, a inserção das áreas para trabalho se torna ainda mais complexa e deve permitir uma flexibilidade do ambiente ou mobiliário. Apesar da problemática ser bastante atual, a desmaterialização do espaço de trabalho tradicional já vinha ocorrendo desde o fenômeno do telemarketing, onde as atividades podiam ser realizadas de forma remota, sem obstáculos. Outro exemplo são os estúdios de artistas, onde parte da área era dedicada à criação de seus projetos e o restante à moradia. Essa união também traz consigo alguns benefícios do ponto de vista da sustentabilidade, uma vez que causa a redução dos deslocamentos realizados pelos moradores e influencia diretamente no planejamento urbano.

A relação de morada e trabalho no mesmo ambiente pode ser considerada como uma tipologia arquitetônica, identificada desde a arquitetura vernacular, que foi sofrendo mudanças ao longo dos anos e eventualmente caiu em desuso (HOLLIS, 2015) Podemos encontrar exemplos dessa tipologia na época do modernismo, em edificações industriais reabilitadas durante o movimento “Live/Work” , ou mesmo projetos realizados com o intuito de unir as duas esferas. O princípio da incorporação do espaço de trabalho na residência

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tem sido retomado, devendo no entanto, ser adaptados às formas de morar existentes atualmente, suas necessidades, dimensões e demais características do espaço.

Segundo Hollis (2015), os padrões de uso do espaço são definidos de acordo com seus usuários, rotina e mesmo características do trabalho que desenvolvem. Podem ir desde o uso exclusivo para atividades domésticas ou de trabalho até o aproveitamento de qualquer área para quaisquer atividades. O mais comum seria o meio-termo entre as duas formas, onde existem áreas dedicadas apenas ao trabalho, espaços mistos para atividades variadas e áreas exclusivas para atividades domésticas. Embora essas dinâmicas possam mudar com o tempo, sua definição tende a influenciar a distribuição dos espaços, de forma que ambientes flexíveis permanecem adequados por mais tempo. A flexibilidade é a característica de adaptação de um espaço às mudanças, sejam estas na vida dos usuários ou no uso que será feito do ambiente (CANEPA, 2017).

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A relevância do tema no contexto atual se dá pelo crescimento dos modelos de trabalho híbrido e remoto, tendência que é prevista para permanecer nos anos seguintes (CNBC, 2023). Essa mudança na rotina da população ocasionou mais tempo dentro de casa e uma maior preocupação com sua funcionalidade e aparência. Em muitos casos, foram necessárias adaptações para que a residência pudesse ser também local de trabalho. Em habitações de dimensões reduzidas, as características espaciais são um ponto chave para definição das áreas de atividades doméstica e de trabalho, devendo haver sempre certa flexibilidade. Dessa forma, a análise da inserção do home office no espaço residencial e qual flexibilidade esses cenários permitem se torna de extrema importância para compreensão do contexto atual e aprendizado de boas estratégias adotadas ou possíveis problemáticas.

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Todos os projetos escolhidos como estudo de caso foram desenvolvidos entre 2020 e 2023, apresentando propostas recentes que abordam a inserção do espaço de trabalho no ambiente residencial, além de contar com o aspecto da flexibilidade dos espaços, em diferentes níveis. Para a análise, foram escolhidos três casos. O primeiro é um apartamento flexível, que conta com uma mesa de trabalho que pode ser aberta e fechada, de acordo com o momento em que o ambiente está sendo usado. O segundo caso é também um apartamento, mas neste, o foco do projeto é transformar o espaço em um estúdio, levando ao mezanino implementado os ambientes residenciais. Por último, foi escolhido um caso considerado relevante pela forma como trabalha a flexibilidade e alteração dos ambientes de acordo com as necessidades dos moradores, ao longo do dia

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A pesquisa tem como foco principal a compreensão da forma como as residências têm se adaptado ao trabalho remoto e a inserção do home office no ambiente doméstico. Principalmente com a crescente redução na área das unidades habitacionais, a abordagem dessa questão durante o projeto de interiores se torna fundamental. Outra reflexão levantada durante o trabalho, foi o papel da flexibilidade nesses casos e de que forma projetos que propõe ambientes mais flexíveis podem trazer benefícios à funcionalidade do espaço.

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Tendo em vista os questionamentos propostos, o presente trabalho tem como objetivo analisar projetos de interiores a partir do ano 2020, que incluam espaços de trabalho. Essas análises de estudos de caso tem como intuito exemplificar de que forma esses espaços de trabalho têm sido inseridos no contexto residencial e as vantagens da aplicação do conceito de flexibilidade para essas adaptações, nos casos em que este esteja sendo usado.

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A partir do estudo do referencial teórico, é possível usar as definições sobre os espaços e suas características como forma de análise para os estudos de caso apresentados posteriormente.

De acordo com Ching (2012), o espaço é o principal elemento no design de interiores. Por não ser uma substância material, é difuso e se forma através da nossa percepção, a partir dos elementos posicionados e das relações visuais criadas por eles. Estruturas, paredes, piso e coberturas delimitam o espaço interior, sua forma básica, escala e dimensões. A dimensão e escala dos ambientes, devem ser adequadas às dimensões do próprio corpo humano e como nos movemos, pois influenciam na percepção do espaço. A altura é tão relevante quanto a largura e comprimento, de forma que suas variações podem passar a sensação de grandeza ou de conforto. As cores também alteram essa percepção do espaço de acordo com seu matiz e saturação. Cores quentes e saturadas são mais estimulantes e quando aplicadas aos interiores, produzem uma sensação de proximidade e passam a ilusão de diminuir o espaço. Em oposição, as cores frias são mais relaxantes e dão a sensação de se afastar, sendo usadas para uma percepção de ampliar os espaços. No entanto, o espaço é definido majoritariamente pelo seu uso e natureza das atividades ali realizadas, que direcionam o planejamento, arranjo e organização. O propósito do design de interiores é a melhoria funcional, assim como o enriquecimento estético e da qualidade de vida nos espaços. A função é o nível mais fundamental do design e o desenho deve garantir que as atividades estejam setorizadas de forma conveniente e confortável.

A divisão dos espaços em diferentes áreas de atividades pode ser planejada independentemente da existência de barreiras físicas. Ao posicionar um objeto no espaço, uma relação é criada entre ele e o entorno. Não apenas a forma do objeto se destaca, mas a forma do espaço que o circula e a forma

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como o vazio é preenchido. A articulação dos grupos de objetos define e forma o espaço, delimitando os lugares para o movimento, atividade e repouso. Todavia, quando são feitas separações físicas, estas têm se tornado mais permeáveis, não sendo as paredes tradicionais as únicas opções. O uso de divisórias em variados materiais ou mesmo mobiliários verticais como estantes e armários permite a criação de delimitações. Dessa forma, o mobiliário intermedia a relação entre a arquitetura e as pessoas, oferecendo uma transição entre a escala do espaço e a do utilizador, tornando o espaço habitável (BOOTH e PLUNKETT, 2015; CHING, 2012).

A organização do mobiliário no espaço pode ser feita dentro de duas categorias, segundo Ching (2012), tight-fit –“encaixe perfeito” – e loose-fit –“ajuste com folga” O primeiro é um arranjo direcionado a um uso específico do espaço, dificultando a adaptação. Faz uso de módulos ou componentes que podem ser combinados de variadas maneiras para a criação de conjuntos integrados e que podem atender a mais de uma função pré-definida. Esses conjuntos ocupam o espaço com configurações eficientes e que liberam o máximo possível em área no piso, podendo se tornar parte da arquitetura do ambiente quando consideramos os móveis embutidos, que além da eficiência propõe uma unidade e deixam o espaço menos carregado visualmente. Um arranjo personalizado com mobiliário modular permite também a criação de recantos mais privados e intimistas. Já no arranjo loose-fit, a disposição do mobiliário é menos rígida, seja em relação a função ou ao espaço e por isso, permitem maior flexibilidade e diversidade dos usos. Especialmente quando o mobiliário pode ser facilmente movido e rearranjado, o espaço se torna mais flexível e se adapta às mudanças tanto do uso quanto das circunstâncias. Essa categoria torna mais oportuna a variedade de tipos, tamanhos e estilos dos objetos, criando mais possibilidades de design. Assim como o posicionamento do mobiliário, a locação das aberturas para circulação interfere nos padrões de movimento, ao conectar diferentes ambientes e criar trajetos, devendo ser também adequados a execução das atividades no espaço.

Como mencionado em Canepa (2017), a transformação da família tradicional, as imigrações e refugiados, junto com o crescimento do trabalho

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remoto, tornam necessário uma nova forma de planejar as moradias. As repartições tradicionais das áreas da casa se tornaram obsoletas e o conceito de flexibilidade na unidade habitacional vem sendo estudado desde o início do século XX. Soluções organizacionais baseadas no mobiliário e flexibilidade das divisórias proporcionam uma integração entre mobiliário e arquitetura para otimizar os espaços. Um exemplo desse tipo de abordagem, seria o sistema Total Furnishing desenvolvido por Joe Colombo ainda em 1972. Os elementos são equipamentos independentes da casa e que encapsulam diferentes objetos do uso cotidiano, que podem ser retirados e depois “guardados” dentro do módulo. O sistema foi elaborado no contexto de pesquisa sobre a unidade mínima habitacional, ou Existenzminimum, conceito introduzido durante o II Congresso Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM) Além desses equipamentos, a flexibilidade dos usos poderia ser obtida através da divisão de espaços com o uso de painéis, possibilitando alterações na forma e função

Ao abordar os espaços de trabalho dentro do contexto dos ambientes residenciais, Hollis (2015) propõe duas abordagens: a criação de espaços desenhados especificamente para essa dupla função ou o uso da flexibilidade dos espaços para acomodar qualquer função necessária. Uma questão levantada pela autora é a identificação da função dominante, já que por vezes os programas de uma residência e um espaço de trabalho podem ser conflitantes. Foram identificadas três possíveis classificações, sendo homedominated a predominância da função residencial e work-dominated o oposto, ou seja, no primeiro caso os habitantes trabalham em suas casas, e no segundo, moram em seus trabalhos. A terceira seria um equilíbrio entre as duas, denominada equal-status, onde os espaços de trabalho e atividades domésticas são distribuídos de forma mais equilibrada, sem nenhuma predominância. Além da função predominante, também são determinados os graus de separação espacial. O mais comum seria o live-with, onde os espaços de trabalho e residência estão contidos dentro de um mesmo compartimento, que conta com um único acesso, independentemente de estarem dentro de um quarto separado, pavimentos diferentes ou realmente dividindo espaço com outras atividades domésticas. Nos outros graus, contam com “alguma separação espacial” ou “total separação” entre o espaço de trabalho e a

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habitação, de forma que não se encontram dentro do mesmo compartimento e contam com acesso próprio para o exterior.

Em resumo, no contexto de habitações com dimensões reduzidas, a mistura das duas categorias de organização pode gerar uma vantagem no planejamento dos ambientes. Visto que os móveis modulares e embutidos permitem uma maior eficiência e aproveitamento do espaço, podem ser usados como uma base para a setorização e combinados com objetos soltos e mais flexíveis, que tornam possível as mudanças no espaço e adaptações aos usos. A delimitação de ambientes feita por elementos móveis, sejam eles painéis ou estantes, pode proporcionar uma maior flexibilidade, uma vez que estes permitem a integração ou separação provisória e seu posicionamento possibilita uma maior área de circulação. Em relação aos espaços de trabalho dentro das moradias, variam da mesma forma que os demais espaços, de acordo com as atividades a serem realizadas. As características do trabalho desenvolvido podem tornar necessário uma área monofuncional ou permitir que o local de trabalho também seja utilizado para as demais atividades cotidianas. Na maioria dos casos, o utilizador depende apenas do computador e dessa forma, a área de trabalho pode atender outros usos, ser estabelecida em uma superfície móvel ou dobrável, estar embutida junto com outros mobiliários como estantes ou mesmo ser realizada em espaços em que o trabalho é a função secundária.

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Como metodologia para o desenvolvimento do trabalho, foi feita inicialmente uma abordagem bibliográfica com pesquisa em livros, teses e artigos sobre o projeto de interiores, o espaço do home office e o conceito de flexibilidade. Após o estudo do referencial teórico, foram buscados estudos de caso que se adequassem ao objetivo da pesquisa, ou seja, projetos residenciais desenvolvidos a partir de 2020 e que contassem com a inserção dos espaços de trabalho e permitissem certa flexibilidade dos espaços. Os casos foram selecionados através da busca das palavras chaves em plataformas de projetos de arquitetura e posteriormente, serão analisados a partir dos questionamentos propostos durante a pesquisa.

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Os estudos de caso selecionados se encontram organizados nesse capítulo por ordem cronológica, acompanhados de imagens para identificação e uma breve ficha técnica, assim como a descrição do projeto

Arquitetos: Ruetemple

Local: Moscou, Rússia

Ano: 2020

Área: 75m²

O estúdio desenvolvido para um artista foi pensado com o objetivo de promover um espaço de trabalho e morada, que não interferisse com a concentração durante a criação das obras. O espaço possui 75m² e um pé-

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CASO 01 Figura 01: Vista do estúdio para os demais ambientes. Fonte: Alexander Kudimov. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

direito de 5m, que possibilitou a criação do mezanino. Nessa área superior, foi alocada a função primariamente residencial, de descanso. Já na área inferior, além do espaço deixado livre para o trabalho artístico, onde o pé-direito se mantém em seus 5 metros, foram posicionados a cozinha, banheiro e área de armazenamento. O conceito minimalista, com poucos móveis e utilização apenas do branco e preto foi uma solicitação do cliente, de forma que houvesse mais liberdade para expressar sua criatividade.

CASO 02

Arquitetos: P+S Estudio de Arquitectura

Local: Madrid, Espanha

Ano: 2021

Área: 45m²

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Figura 02: Área de Home Office no Projeto. Fonte: Imagen Subliminal. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

A Multiple House é um projeto de renovação no centro histórico de Madrid, em um prédio datado por volta de 1850 O desafio apresentado era a necessidade de gerar novos espaços e preservar a iluminação natural proveniente da orientação sul, de forma que os espaços não poderiam ser demasiadamente subdivididos. Dessa forma, a indefinição dos usos, assim como a adaptabilidade e flexibilidade do espaço foram determinantes no projeto. Apenas a estrutura e áreas molhadas são mantidas como limitantes, enquanto as outras áreas são criadas pela locação de painéis translúcidos, que podem ser abertos e fechados. Foi determinado uma quantidade reduzida de materiais, para que se criasse uma unidade e continuação visual, além de optar por cores claras para melhor aproveitamento da luz natural.

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Figura 03: Área de Home Office no Projeto. Fonte: Imagen Subliminal. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

CASO 03

Arquitetos: Project Consortium / Enorme Studio

Local: Madrid, Espanha

Ano: 2022

Área: 45m²

O destaque do projeto é o desenvolvimento de um sistema modular e flexível denominado BEYOME que pretende transformar a forma tradicional do habitar. Os arquitetos propõem aumentar a área do apartamento através da criação de espaços efêmeros, que podem ser alterados ao longo do dia. O sistema conta com dois quartos com áreas de trabalho, sala de estar, banheiro e cozinha. A movimentação das colunas torna possível rotacionar e desdobrar o espaço desejado, além de conterem mobiliários dobráveis como camas, mesa de jantar, mesa de trabalho, assentos e espaço de armazenamento. Com o uso desse sistema, a configuração da residência pode ser completamente alterada do dia para a noite, proporcionando novos espaços e possibilidades.

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Figura 04: Mesma área em momentos diferentes do dia. Fonte: Javier de Paz García. Disponível em: < https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

Para o presente capítulo, os estudos de caso apresentados anteriormente serão analisados individualmente, em relação aos conceitos abordados por Ching (2012) e Booth e Plunkett (2015), como a disposição das atividades e fluxos, cores e dimensões dos ambientes. Serão também categorizados o tipo de mobiliário e organização (tight-fit / loose-fit), mencionados em Ching (2012), a predominância funcional (home-dominant / work-dominant / equal-status) e nível de separação espacial (live-with / alguma separação espacial / total separação) citados por Hollis (2015).

CASO 01

Arquitetos: Ruetemple

Local: Moscou, Rússia

Ano: 2020

Área: 75m²

Fonte: Alexander Kudimov. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

Ao analisar a planta baixa do estúdio, podemos perceber de forma clara

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Figura 05: Planta baixa.

a divisão dos espaços. No piso inferior, se encontra a área de circulação, armazenamento, banheiro e cozinha, que se abrem para o espaço livre do ateliê, com o pé-direito completo e onde a ausência de mobiliário possibilita uma maior flexibilidade do ambiente para o desenvolvimento dos trabalhos artísticos. Subindo as escadas, todo o nível superior é planejado para o descanso, desde a área reservada ao quarto até a pequena sala.

A circulação do estúdio é fluída, tanto pela disposição dos ambientes quanto pelo minimalismo na presença do mobiliário e objetos. O posicionamento da área molhada logo a entrada permitiu que o restante do espaço se tornasse mais amplo e permeável. Como o pé-direito possuía uma altura de 5 metros, a divisão em dois pisos permitiu um aumento da área utilizável e trouxe uma escala mais humana para as dimensões do local, ao mesmo tempo que manteve a amplitude e proporcionou mais iluminação para o ateliê. A ausência de cores tornou o espaço sóbrio e impessoal, mas neste caso atende a necessidade do cliente e possibilita um ambiente em constante mudança, de acordo com a produção artística do morador. Todo o projeto se estrutura em torno da função de trabalho, de forma que o ateliê é o foco principal

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Figura 06: Diagrama. Fonte: Alexander Kudimov. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

e as demais funções de habitação se tornam secundárias. No entanto, como o estúdio possui poucas divisões e a área liberada para o ateliê é ampla, além da escassez de mobiliário e por contar majoritariamente com peças móveis, o espaço permitiria mudanças futuras no uso. Com base no referencial teórico, o projeto conta com mobiliário loose-fit e é classificado como work-dominated / live-with.

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Figura 07: Fotos nos diferentes níveis do estúdio. Fonte: Alexander Kudimov. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

CASO 02

Arquitetos: P+S Estudio de Arquitectura

Local: Madrid, Espanha

Ano: 2021

Área: 45m²

Fonte

A reforma apresentada para o projeto conta com a reconfiguração dos espaços preexistentes. Ao entrar acessamos a zona em que se encontram a bancada da cozinha e a sala, seguidos pelo quarto que se transforma em home office e banheiro. As áreas molhadas foram posicionadas em um mesmo alinhamento, liberando o restante do espaço – com exceção das estruturas –para a disposição dos demais ambientes. O uso dos painéis translúcidos permite uma maior amplitude, tanto pela passagem constante de luz como pela possibilidade de integrar os ambientes, percepção reforçada pelos tons dos materiais claros e quentes, que trazem também uma sensação de conforto. A cama retrátil permite um melhor uso do espaço, visto que libera a área do piso para demais atividades.

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Figura 08: Planta baixa. : Imagen Subliminal. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

Fonte: Imagen Subliminal. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

Nesse exemplo, o foco principal do estúdio é a habitação e a área de trabalho é desenvolvida como um apoio secundário. Apesar das qualidades do projeto, o fluxo de deslocamento só permite o acesso ao banheiro através do quarto, o que pode ser inconveniente ao receber visitas. Além disso, a solução da bancada de trabalho requer o fechamento da cama, o que só seria viável caso o apartamento fosse destinado a uma única pessoa. A limitação causada pelo espaço reduzido e pelas estruturas existe, mas foi relativamente contornada. O mobiliário solto permite alterações de acordo com a necessidade, assim como a cama retrátil do quarto traz a possibilidade de usos diurnos temporários, seja para trabalho, atividades físicas ou demais atividades. O projeto pode ser considerado uma mistura de loose-fit e tight-fit (módulo com a cama e bancada de trabalho, estantes embutidas), sendo home-dominated e live-with, de acordo com o referencial teórico.

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Figura 09: Diagrama.
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Figura 10: Fotos do espaço interno Fonte: Imagen Subliminal. Disponível em: <https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

CASO 03

Arquitetos: Project Consortium / Enorme Studio

Local: Madrid, Espanha

Ano: 2022

Área: 45m²

https://www.archdaily.com>.

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Figura 11: Planta baixa. Fonte: Javier de Paz García. Disponível em: < Acessado em 22 de mar de 2023.
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Figura 12: Planta baixa em diferentes momentos do dia.
https://www.archdaily.com>.
Fonte: Javier de Paz García. Disponível em: < Acessado em 22 de mar de 2023.

O destaque do projeto é o desenvolvimento de um sistema modular e flexível denominado BEYOME que pretende transformar a forma tradicional do habitar. Os arquitetos propõem aumentar a área do apartamento através da criação de espaços efêmeros, que podem ser alterados ao longo do dia. O sistema conta com dois quartos com áreas de trabalho, sala de estar, banheiro e cozinha. A movimentação das colunas torna possível rotacionar e desdobrar o espaço desejado, além de conterem mobiliários dobráveis como camas, mesa de jantar, mesa de trabalho, assentos e espaço de armazenamento. Com o uso desse sistema, a configuração da residência pode ser completamente alterada do dia para a noite, proporcionando novos espaços e possibilidades.

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Figura 13: Ampliação da sala. Fonte: Javier de Paz García. Disponível em: < https://www.archdaily.com>. Acessado em 22 de mar de 2023.

https://www.archdaily.com>.

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Figura 14: Diagrama das possíveis configurações do espaço ao longo do dia. Fonte: Javier de Paz García. Disponível em: < Acessado em 22 de mar de 2023.

No projeto do apartamento, o uso dos sistemas modulares gera um ambiente que incentiva as constantes mudanças, através de espaços efêmeros que surgem com as atividades executadas ao longo de um dia. Esses sistemas podem ter sido inspirados nos equipamentos desenvolvidos por Joe Colombo, apresentados em Canepa (2017), visto que partem do mesmo conceito, de alocar diferentes objetos cotidianos dentro do mesmo módulo. A planta é demonstrada em diferentes contextos, sendo as áreas molhadas os únicos pontos imutáveis. A disposição base conta com a sala ao lado da cozinha, seguida por dois quartos, que são criados a partir dos módulos móveis. Com o deslocamento dos módulos, os dois quartos podem ser “fechados”, transformando todo o espaço em um salão multifuncional, integrado à cozinha. Se apenas o quarto menor for “fechado”, surge a possibilidade da extensão de uma mesa de jantar. Caso ambos os quartos estejam “abertos”, também é possível apenas retrair as camas e abrir as mesas para trabalho.

O foco principal nesse caso foi a flexibilidade do espaço, e a constante mudança entre as diferentes configurações garante um maior aproveitamento da área. Tanto as funções habitacionais quanto as áreas de trabalho se sujeitam a essa característica, que é também o partido do projeto. Apesar das vantagens desse funcionamento, a movimentação dos módulos faz com que os espaços precisem de uma unidade visual para que seu deslocamento não cause inconsistência nos ambientes e por isso não permite uma maior expressão dos diferentes indivíduos na família. Além disso, a alteração constante dos espaços pode se tornar cansativa e inconveniente. Mas o desenvolvimento do sistema pelos arquitetos traz uma nova perspectiva para a forma de projetar o espaço, com diversos elementos embutidos, dobráveis/retráteis e móveis. Dessa forma, o projeto possui um mobiliário tightfit, considerado de acordo com o referencial teórico, além de se enquadrar como home-dominated e live-with

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11. FINAIS

Cada cliente possui necessidades únicas que devem ser consideradas no projeto e atendidas da melhor forma possível, priorizando sempre a funcionalidade dos espaços. No presente trabalho, com o estudo do referencial teórico e análise dos estudos de caso, foi possível perceber as diferentes dinâmicas entre o ambiente residencial e os espaços de trabalho e de que forma estes foram integrados nas habitações. O projeto do estúdio preza por uma área livre de quaisquer obstáculos para realização das atividades criativas, enquanto que os outros apartamentos fazem uso de mobiliários adaptáveis para o momento do dia, optando por bancadas retráteis, que permitem um maior aproveitamento dos ambientes quando não se está trabalhando. Vale destacar que no último caso, o uso do sistema desenvolvido para o projeto, permite essa flexibilidade não apenas em relação ao local de trabalho, mas praticamente em toda a planta, com a movimentação dos elementos que abrigam algumas das diversas funções residenciais.

Com base nas análises, foi possível perceber que a integração do espaço de trabalho nas residências depende primeiramente do tipo de trabalho a ser realizado e da função predominante, habitacional ou voltada ao trabalho. Em casos em que uma bancada é suficiente para o trabalho, seu posicionamento no ambiente se torna mais simples, mas ainda pode contar com artifícios para que se torne mais adequada ao espaço. Dessa forma, a flexibilidade dos espaços e dos mobiliários pode ser aplicada, possibilitando uma maior variedade de usos e melhor aproveitamento dos ambientes, questão pertinente principalmente quando se refere a unidades habitacionais com área reduzida. A criação de espaços multifuncionais permite mais liberdade para os moradores, tornando o ambiente adaptável às suas necessidades. Além disso, a compreensão do contexto e acompanhamento de inovações em tecnologias e produtos para o mercado de interiores é de suma importância para o projetista.

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BOOTH, Sam; PLUNKETT, Drew. Mobiliário para o design de interiores. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.

CANEPA, Simona. Living in a Flexible Space. IOP Conference Series: Materials Science and Engineering, Bristol, v. 245, 2017.

CHING, Francis. Interior Design Illustrated. 3 ed. Hoboken: John Wiley & Sons, Inc., 2012.

CNBN. Stanford University economics professor says hybrid work is here to stay. Nova Jersey, 26 de out. 2022.

Disponível em: https://www.cnbc.com/2022/10/26/stanford-universitys-nick-bloom-sayshybrid-work-is-here-to-stay.html

Acesso em: 03 de mar. 2023

HOLLIS, Frances. Beyond Live/work: the architecture of home-based work New York: Routledge, 2015.

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