05 ALMANAQUE CULTURAL Jul/Ago/Set´10
1
Editorial Caixa de música Bloco de Notas Boom Festival em 5 minutos Saber Direito Momento Verde Saber direito Frutas & Hortaliças Origami Oficina d´Artes Conto de Verão Pés de Sal Polaroid ReportAgem Zoorb ...dos Leitores Pisca Receita No Comment Viagem Kite Surf
03 04 10 14 14 18 20 22 24 28 34 38 42 44 48 52 53 58 60 62 64
Capa: Rua da Fonte
Ficha Técnica Direcção Luis Ribeiro Coordenação Luis Ribeiro, Pedro Lopes, Rui Pedro Lamy, Lígia Claro Design João Alçada, Lígia Claro Editor Positiva Media Fotografia Lígia Claro, Pedro Lopes Redacção: Ana Isabel Silva, Lígia Claro Impressão: Tipoarte Lda Periodicidade: Trimestral Tiragem: 6000 exemplares Distribuição: Gratuita issuu.com/azulejo.almanaque almanaqueazulejo.blogspot.com azulejo.almanaque@gmail.com
p.3
Liberdad e Total Chegas àb repousa eira-mar e sente s numa s s o cheir om o a mare mente d sia o bulício bra frondosa e refrescas , diário, d não há h ormes a a orários p sesta ara como se fossem u ninguém e fund porque es dia e m só. noite Aproveit as ao má ximo po e és o gu rque err ritmo do eiro em merecid o futuro é agora Verão e o descan , pe so, segu a lés, em es o balado p rcorres este rec tâ or sons e sabore ngulo de lés s estivais. Segues o c que te fa iclo do Sol e reti ras rá no limiar chegar a bom p da natureza a fo orto, viv rça do deses es p p lembras de que e ero quando fuga or vezes ste Verã zmente mente a te o chega o fim. rá inevita velNeste no ss odores e o querido mês d e Agosto sabores, lo recordas compan heiros, fa cais e recantos , e revês v zes novo quilame elhos s amigos nte pela edição d e e Outon esperas trano do Az Até lá viv ulejo. e e disfr uta… segue o teu sê totalm sonho… ente livre .
p.4
BI LA N
Tudo começou com esta minha vontade de fazer música, e desde de então mantenho-me nessa caminhada. Portugal para além das ligações com a história de Cabo Verde, minha terra natal, pareceu-me ser uma boa plataforma difusora para alcançar outros horizontes. És cabo-verdiano e a música já te está no sangue, pois tens contigo uma linhagem musical respeitável na família. Imagino que sejas influenciado por essas raízes. Em que aspecto, dentro da tua música, do teu trabalho, esta força se manifesta, por outras palavras, onde está mais visível? As raízes são a minha base, preservam a minha identidade, canto em crioulo para me sentir próximo das minhas tradições, contudo não acredito em nacionalismos, muitas das vezes o que me surge musicalmente é o reflexo do meu dia a dia.
Fotografia: Ligi Claro Texto: Ana isabel Silva
Chegaste a Portugal em 2000 e desde aí tens vindo a traçar um percurso musical. Como foi esse percurso?
Sabemos que o teu percurso musical passou por diferentes estilos e influências, como os blues, a bossa-nova e até o rock… fala-nos um pouco sobre esta miscigenação de estilos. Adoro esta “com-fusão” de estilos, tocar e fazer música de forma despreocupada. Procuro retirar bocados das estéticas musicais onde aprendo muito e selecciono as minhas influências. As vezes penso nisso como um puzzle e tento encaixar as peças umas nas outras. Por outro lado, também está o lado profissional, que me leva ao encontro de outras bandas, outros músicos, e diferentes estilos. Em relação à estética musical existe uma tendência natural, na composição da tua música, ao lado urbano. E é nos teus primeiros trabalhos que nos deparamos com uma influência notória do rock ou do experimentalismo. Como explicas isto? Tudo começou com a primeira banda que eu tive ainda em Cabo Verde aquela que o musico nunca se esquece, a nossa primeira vez (risos). Com um toque de irreverência pelo meio, tentamos contrariar o panorama musical tradicionalmente conhecido, por umas quantas canções dessa cultura global que é o rock, carregadinhas de distorção, orgulho-me de ter feito parte deste movimento alternativo. Muitos da minha geração adoravam essa diferença, daí criarmos o nosso próprio espírito Rock n` Rola. Yeahhhhhhh… Ainda tenho comigo uma pontinha desse veneno.
É esta fusão de estilos e influências que realmente define Bilan? Fazer o que me sai naturalmente, é que define as minhas ideias, mas também sigo as minhas linhas para criar a minha estética. Hoje em dia já trabalho um bocadinho mais a minha sonoridade dando-lhe a minha personalidade.
Fala-me sobre o teu novo trabalho! Em que difere do anterior? A ideia é gravar um Álbum “a la Bilan” (risos) e dar continuidade ao projecto. A nível musical a minha primeira abordagem em disco reflectiu-se de uma forma mais intimista, bem mais tranquilo que muitas destas novas canções, onde a vertente “Afro” vai aparecer em força.
Imagino que quando tens espectáculos ao vivo, deve-se sentir no espaço uma boa atmosfera. Sentes isso? E o público? Como achas que é a reacção do público ao ouvir Bilan? Cada concerto é um concerto cada espaço tem a sua energia própria, o mesmo funciona para o público… penso que cada pessoa deve sentir a minha musica de forma diferente. Já tocaram em salas conceituadas no norte, como a Tertúlia Castelense na Maia ou mesmo no restaurante da Casa da Música e este verão vão estar no Ecos da Terra em Celorico de Bastos. A vossa actuação difere consoante a variação de espaço? Onde preferem tocar, em locais abertos, ou espaços fechados? Onde houver espaço para a musica. Num futuro próximo, o que tem em agenda? E um próximo álbum? Falem-me dos vossos projectos. No futuro próximo é continuar a acreditar, é fazer e refazer, empreender forças para que as coisas andem para frente, sobretudo mostrar o trabalho e dar a conhecer às pessoas. www.myspace.com/bilansong
p.10
A besta que há em nós! Já ouviram falar das chamadas “discusões de merda” ? Aquelas que nascem por causa de um pormenor, um grão de areia, e crescem como ervas daninhas transformando-se num autêntico areal. Aquelas que se estendem, que se alongam desde as mais díspares futilidades até aos eventos do passado, desde as características insólitas e desprezíveis da personalidade dos interlocutores, às cobranças dos mais robustos afectos, respeitos, confianças... Já ouviram? Aquelas que nos violam os sentidos, inflamam-nos, fazem-nos descobrir em nós e nos outros a face de Adamastor, um rosto de terror! Já viram aqueles olhos inchados de veias, o cenho franzido de indignação, as bochechas escarlates de raiva, a tez púrpura do asco, o peito balofo de dor, os ombros corcundas de inveja..Já? Sabem do que falo? Já participaram? Pois. Não, com certeza! Assistiram, claro! Com
familiares, amigos, vizinhos, sim! Compreendo! Então percebem o que quero dizer!!! Caros cidadãos do mundo, restar-me-á, quanto a esta matéria, bradar aos céus uma chuva de palavras sábias, relâmpagos clarividentes, uivos!, uivos de luz, de paz e de serenidade. Esse tipo de argumentações fazem-me divagar...correr atrás das Filosofias, das Psicologias, das Sociologias e eu sei lá mais de quem! O que somos, afinal? Quem pretendemos ser? Melhor do que isso: como queremos que o outro seja? Por que raios e coriscos desejamos que o outro possua a nossa forma, seja ela circular, triangular, quadrangular?... Porquê? Se bem dentro da nossa igualdade somos todos tão diferentes... Amigos, confesso-vos que, por vezes, brindo com asco a raça humana! Sim, asco! Sinto o odor...as entranhas do nosso ego! E vocês? Não sentem essa massa nausea-
perior ao Animal? Não sentem a culpa queimar-vos por dentro? Creio que as vossas respostas, a estas questões naturalmente retóricas, não divergem das minhas! É, portanto, urgente a mudança!
Texto: Ana Braga Foto: Ligia Claro
bunda? Conseguem, nessas alturas, afirmar peremptoriamente que o Homem é su-
Se ambicionas ser alguém melhor (e se não o desejas, algo vai mal contigo!) devias pensar seriamente em fazer por sê-lo. Faz diferente, porque reflectiste. Faz melhor, porque lutaste contigo mesmo e venceste uma batalha. Sim, uma batalha, apenas, porque a guerra durará toda a tua vida. Aceitas uma sugestão deste projecto de escritora imatura? Mesmo que não a aceites eu sugiro-te, para já, uma única coisa. O quê? É simples: não cedas, nem permitas que alguém ao teu lado ceda a uma “discussão de merda”! Já ouviste falar? Aquelas que nascem por causa de um pormenor, um grão de areia...
p.14
boom festival 2010 em 5 minutos O que é o Boom Festival? O Boom é um festival bienal de cultura independente e expressão artística. Quando se realiza? A 8ª edição do Boom Festival realiza-se entre 18 e 26 de Agosto de 2010. Onde é? Realiza-se em Idanha-a-Nova, nas margens da barragem Marechal Carmona, que se insere no Geopark Naturtejo, integrante da rede mundial de parques naturais da Unesco. cinco características do Boom Festiva l 1. O Boom é um festival multidisciplinar. A sua programação inclui artes performativas, música, multimédia, pintura, bioconstrução, teatro, cinema, conferências, workshops ou instalações – cerca de 800 artistas de todos os continentes - a maior junta multidisciplinar dos festivais de Verão em Portugal. 2. O Boom é um evento intercultural. É o festival mais internacional em Portugal e um dos festivais mais interculturais do mundo. Às suas edições acorrem pessoas de todo o planeta – em 2008 estiveram presentes 25.000 pessoas de 85 países diferentes.
3. Festival Sustentável. O Boom é pioneiro mundial na sustentabilidade ambiental em festivais. Reconhecido pelas boas prácticas na ONU na área de sustentabilidade em eventos, o Boom Environmental Program desenvolve projectos em áreas como energia, saneamento, tratamento de águas, limpeza e educação. O Boom tem como parceiro o Ecocentro IPEC, do Brasil, instituto consultor da ONU, Fundação Banco do Brasil ou MIT. 4. Cultura Independente: O Boom não recorre ao sistema de “sponsoring”. É um festival sem logótipos comerciais. As receitas são advindas das vendas de bilhetes, bares e alugueres de espaços. Defende-se a importância de dar cultura de forma independente e não como uma ferramenta de marketing. 5. O Boom é transgeracional. Ao Boom acorrem pessoas de todas as idades, sendo que este não é um evento exclusivo das camadas etárias mais jovens.
sustentabilidade ambiental Boom Lab Projecto criado em 2010 tendo com objectivo o desenvolvimentos de soluções sustentáveis para eventos. No seu ano inaugural, o Boom Lab desenvolveu: 1. Cinco unidades móveis de energia solar 2. Duas unidade fixas de energia solar 3. Um módulo de hidrogénio para integração em geradores (movidos a óleo vegetal usado) 4. Um purificador de água de tecnologia orgone O Seu Óleo É Música Parte dos geradores do Boom 2010 são alimentados a óleo vegetal usado. Em 2008 foi criado o projecto “O Seu Óleo É Música”, em parceria com a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, para recolher o óleo em domicílios e organismos públicos nas 17 freguesias do Concelho. O resultado foi a utilização de 45 000 lt de óleo vegetal usado poupando a emissão de 117 000 kg de CO2 para a atmosfera. Em 2010 o óleo vegetal continua a ser um dos combustíveis mas com uma nova novidade: hidrogénio.
ÁGUA STAR Sistema Tratamento Águas Residuais O Boom introduz este ano um sistema de tratamento das águas residuais assente em plantas, inserção de minerais e evapotranspiração. Esta tecnologia serve de ponto de partida para novos modelos de reutilização de águas residuais para demonstrar ao público as diversas etapas do ciclo natural de purificação da água. BIODIVERSIDADE Estão a ser criadas novas áreas de jardins, numa tentativa de fomentar a consciencialização pela biodiversidade. GESTÃO RESÍDUOS A gestão de resíduos é fomentada pela responsabilidade individual. Começando pelo consumo consciente até centenas de pessoas a trabalharem na Ecoteam, para o festival ser um exemplo de limpeza. Todos os resíduos orgânicos são compostados e reutilizados no enriquecimento do solo agrícola.
GESTÃO RECURSOS O Boom desenvolve um programa de desmontagem de outros eventos para reciclagem de materiais. Pela segunda vez o Boom celebrou um acordo com o Rock in Rio Lisboa para reutilização de equipamentos. CONSUMO CONSCIENTE O Boom incentiva a consciência nas acções. Um espaço livre de logótipos corporativos encoraja uma cultura de mudança, consciência e responsabilidade. Os restaurantes que oferecem alimentação são seleccionados para garantir diversidade e qualidade. Grande parte da economia Boom está baseada na criatividade e bio-regionalismo, fortalecendo a economia local.
UN MUSIC & ENVIRONMENT STAkeHOLDER INITIATIVE O BOOM FESTIVAL foi convidado pela ONU para fazer parte da United Nations Music & Environmental Stakeholder Initiative (M&E). A iniciativa foi lançada no dia 22 de Março de 2010 na cidade de Arendal, Noruega, e contou com a presença dos festivais com melhores programas ambientais em todo o mundo. Apenas 10 festivais foram convidados pelas Nações Unidas, o BOOM FESTIVAL é o único evento português. O objectivo da United Nations Music & Environmental Stakeholder Initiative (M&E) – projecto criado pela United Nations Environment Programme (UNEP) - é de utilizar a popularidade da música para promover a consciência ambiental junto do público. Segundo as Nações Unidas o BOOM FESTIVAL é encarado como um dos líderes mundiais de soluções sustentáveis para eventos. “O Boom é um ‘case study’ junto da ONU”, refere a esse propósito Meegan Jones, autora do primeiro manual sobre sustentabilidade em eventos, “Sustainable Event Management”. O BOOM FESTIVAL, para além de ser o único evento português a ser convidado pelas Nações Unidas, é também o único festival de cultura independente, sem apoios comerciais, a fazer parte da United Nations Environmental and Music Stakeholder Initiative (M&E).
ARTE Como festival multidisciplinar, o Boom convida vários artistas de todo o mundo. Da “trash-art” à pintura digital, da arte em suporte video à mais criativa “land art” – explora-se o conceito de arte pública em cada edição. Artistas convidados Android Jones - androidjones.viewbook.com Amanda Sage - visionaryartgallery.weebly.com/amanda-sage.html Carey Thompson - www.galactivation.com Cosmic Walkers - cosmicwalkers.com Gamelatron - gamelatron.com Gerard Minakawa - bamboodna.com Harlan eMYL Gruber - transportals.org/home.html Jonathan Cory-Wright - canyaviva.com Le Moulin Aux Chimeres - phenomenephemere.site.voila.fr Michael Christian - michaelchristian.com Shrine - shrineon.com Broll Jholl - brolljholl.com LUGU - youtube.com/user/lugutestarea Ram - theramiro.com Xavi - myspace.com/artbyxavi Informações detalhadas: www.boomfestival.org/boom2010/ arts-culture/the-drop/ visionary-art-gallery
p.18
ra
-
te
o pr
s. o. tada s s ai u al zin ar e co so o vi p s u ns ? pe e d . go e io d ra ico dad e. pa stag i n e óm rie ad m pa cê ad in on rop ried lgué r as m c o r p p a m ct de e e a ro e a or ru ire ven ss -se ia p rqu elh a d e c r r in o a te ma p po m vo o. o n In uei pró -se para r ico açã p m l al. rre Q er a ima -se sa nó opu s. loc m te a g ue ima o so ec a p ga no u Q ue s es se gar pra alho o de p tro Q s r i u s e i r r b ã . o a te ob tru ra aç m am l ão a u In ara des ter t oriz d a r o a P ara ob val alg ss laç tas m P ara des pe m re a a o m P ara lev çã ja e as a e . f P e e u is v os u sq at u in nh m q ez. e s i o z o i bo gu u o iv ad v o t d t i s a o é ri o ei o ur tiv esp s. om que mb sm at ). c o r e e o m s bj es ri s c de e ão e i ário O or d rietá flito ção ais s er i s a di P rop on vic sso is nt cen e a c n e p p u r o m in Q Po ela c lsos es (ou tais. õ u P p aç os n Im rb íac s me u rt an o Pe irom nuíd s P imi ça D rian C ho
pa
Fotografia: Pedro Lopes
Pedro Nobre Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules /news/article.php?storyid=16436#ixzz0tTqqfw5Oa
O sol de verão Encoberto, parecendo que irá chover O diabo desceu a terra Homens de Deus acorrem ao que podem Fazendo frente contra o inimigo Mas é impossível Ele é mais forte que eles O meu e nosso país Que outros classificam de bonito Com bastante luz solar Se está a tornar negro e cinzento Todos os anos o mesmo inferno Qualquer dia não temos ar puro Alguém tem tomar medidas Os governantes estão de férias A água não abunda Seca extrema Será que estamos perto do fim do mundo? Por este andamento deve estar perto Mais uma vez a culpa é do Homem Ou pagos para o fazerem Ou por um descuido Ou por falta de limpeza Ou por sermos pouco civilizados Mente antiquada a nossa Quando vou a conduzir Por essas estradas fora Observo as matas Só lixo avisto Papéis, garrafas, latas, cadeiras… Objectos não identificados voam pela janela Por vezes sinto-me triste ser português Só impondo regras e coimas É que abram os olhos Não têm brio pessoal Depois vem chorar para a tv Que tudo está a arder. Que já não sabem o que fazer. A reestruturação tem começar por baixo E não por cima. Tal como uma casa… Assim deveria ser o nosso país…
p.20
saiba DIREITO Sabia que: Saldos, promoções e liquidações são modalidades distintas de práticas comerciais com redução de preços. «Os Saldos» - Como venda de produtos, praticada em fim de estação, a um preço inferior ao anteriormente praticado no mesmo estabelecimento comercial, com o objectivo de promover o escoamento acelerado das existências só pode realizar-se nos períodos compreendidos entre 28 de Dezembro e 28 de Fevereiro e entre 15 de Julho e 15 de Setembro. Já as «Promoções» -venda promovida a um preço inferior ou com condições mais vantajosas que as habituais, com vista a potenciar a venda de determinados produtos, o lançamento de produtos não comercializados anteriormente, bem como o desenvolvimento da actividade comercial, podem ocorrer em qualquer momento considerado oportuno pelo comerciante, desde que não se realizem em simultâneo com uma venda em saldos. No que concerne à venda de produtos em «Liquidação» - venda com carácter excepcional destinada ao escoamento acelerado a preço reduzido, da totalidade ou de parte das existências do estabelecimento, por motivos que determinem a interrupção da venda ou da actividade no estabelecimento, esta só pode ocorrer nos seguintes casos: Venda efectuada em cumprimento de uma decisão judicial;
Cessação total ou parcial da actividade comercial; Mudança de ramo; Trespasse ou cessão de exploração do estabelecimento comercial; Realização de obras que inviabilizem a prática comercial no estabelecimento durante o período de execução das mesmas; Danos provocados, no todo ou em parte, nas existências por motivo de força maior. Ao comprar em saldos, reduções ou liquidações, os consumidores não poderão ver os seus direitos diminuídos, como tantas vezes acontece. Por isso esteja atento aos pequenos alertas que o “Azulejo” aqui lhe deixa: -Sempre que exista uma redução de preços, esta deverá ser anunciada, de forma aos consumidores perceberem de forma clara e inequívoca se se trata de uma situação de saldos, promoções ou liquidações, bem como a data do seu início e o período de duração. - As reduções devem ser verdadeiras, por referência aos preços a praticar no futuro (quando se trate de um produto novo) e nos restantes casos por referência aos preços anteriormente praticados, no mesmo local de venda, nos 30 dias anteriores ao início do período de redução (cabe ao vendedor provar esse preço anterior através de documentos). - Os preços devem estar afixados de forma visível em letreiros, etiquetas ou listas, onde constem o novo preço e o anteriormente praticado e/ou a percentagem de redução. Só assim o consumidor poderá avaliar a verdadeira redução. - As regras a praticar no período de venda com redução de preços, como a recusa de trocas ou a não aceitação de pagamentos com cartões de crédito ou de débito e/ou cheques, deverão estar visivelmente afixadas para que o cliente esteja esclarecido no acto de opção de compra nas condições propostas.
- A troca de um produto com defeito em época de saldos, promoções e/ou liquidações, é um direito que assiste ao consumidor, tal como nas vendas praticadas fora desses períodos. A venda com redução de preços, não é sinónimo de venda de artigos com defeitos. O consumidor poderá optar por um dos direitos que lhe são conferidos por lei, a saber: “Reparação do bem;Redução do preço do bem; Substituição do mesmo ou; Resolução do contrato”, com as consequências legais inerentes, ou seja: devolução do bem e respectiva entrega do dinheiro pago pelo mesmo. -A venda de produtos com defeito deve realizarse fazendo constar esta circunstância, de forma inequívoca, em rótulos, letreiro ou cartazes (visivelmente assinalados). Dispondo o consumidor dessa informação prévia e sabendo em consciência o que está a adquirir e quais as qualidades dos produtos a adquirir, esses artigos não estarão sujeitos a troca. - Por outro lado, e fora das situações já analisadas (venda de bens com defeito), os comerciantes não são obrigados a efectuarem trocas durante determinado período após a aquisição do bem. Se é corrente essa prática, deve a mesma ser entendida como uma regalia que os comerciantes oferecem aos consumidores, não sendo, no entanto, obrigados a tal. Não obstante, legalmente, a substituição do produto independentemente do motivo, terá sempre que obedecer às seguintes condições: O estado de conservação do produto deverá corresponder ao do momento em que o mesmo foi adquirido no estabelecimento pelo consumidor; Apresentação do respectivo comprovativo da compra com indicação expressa da possibilidade de efectuar a substituição do produto; Ser efectuada pelo menos nos primeiros cinco dias úteis a contar da data da sua aquisição
e sem prejuízo da aplicação do regime jurídico das garantias dos bens de consumo, a que se refere o Decreto-Lei nº 67/2003, de 8 de Abril e das regalias oferecidas pelo comerciante nomeadamente prazo mais alargado. - Pode haver produtos em saldo misturados com outros. Contudo, para que o consumidor não seja induzido em erro o comerciante deverá assinalar os produtos que não estão em saldo. - Em caso do não cumprimento das regras, o consumidor pode reclamar junto da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), que tem delegações em todas as capitais de distrito. Por isso, esteja atento … saiba “direito” os seus direitos e reclame … apenas se a razão estiver com as suas compras!!! Bibliografia Consultada: Revista “Comércio de Lisboa”, nº 101, Maio/Junho “Gabinete Jurídico”, disponível no site www.uacs.pt . Decreto-Lei n.º 70/2007, DR 60 Série I de 26 de Março de 2007.
Joana Santiago Advogada joanasantiago-10778p@adv.oa.pt Rua 19 n 465, 1º andar 4500-256 Espinho
Foto: Ligia Claro
p.28
Partículas Elementares Não confundamos Partículas Elementares com a física de partículas. Falamos da companhia de teatro de marionetas que conta com sete anos de existência. São oriundos do norte mas tem sede em Ovar. Partículas Elementares projectam a magia das marionetas pelo país fora, sem fundos mas com mundos a desvendar.
Leonor Bandeira e Carlos Silva conheceram-se em Viana do Castelo, a primeira já tinha experiência em teatro, e estava envolvida num projecto da área; o segundo, com o curso de design paisagístico, que nunca exerceu, já dava cartas numa companhia de teatro de marionetas de Viana. Ela precisava de ajuda para levar uma peça às escolas de Valpaços, ele acompanhou-a. Desde aí não se desgrudam e levaram o acaso a dar cartas em objectivos comuns. O primeiro espectáculo em cena foi o Mosquito Z, cujo texto de autoria de Orlando Neves foi premiado pelo Inatel. “Era suposto fazer um espectáculo para apresentar no Natal em Trás-osMontes”, afirma Leonor Bandeira. No entanto não pararam mais desde aí. “Fizemos cada vez mais espectáculos”. Surge uma ponte entre Viana do Castelo e Valpaços, cidades onde vendiam os espectáculos. Esta circunstância deu-se com o facto
Texto: Ana Isabel Silva
de o par ter conhecimentos nas cidades, o que acabou por ser “um mote para nos mantermos em Viana do Castelo durante algum tempo”. Porém a companhia foi crescendo e a necessidade de um espaço maior era urgente. Rumaram ao centro do país. A intenção era procurar em Aveiro ou Ílhavo, mas a carrinha, que conduziam, avariou em Ovar. Literalmente. Encontraram em Maceda o apoio da Junta de Freguesia que lhes cedeu, generosamente, o primeiro andar do espaço M. Posteriormente investiram no lugar e equiparam-no. A Junta ofereceu as cadeiras que acabaram por compor a sala. Foi nessa altura, há cerca de quatro anos, que Partículas Elementares ficou mais consistente. Com oficina, escritório e local de ensaios, faltou acrescentar elementos à associação. Surge assim Nuno Clemente, na iluminação cénica e na sonoplastia; Rui Bandeira e Marco Freire, conhecido
por FECK, na música. A composição e realização está a cargo de Rui Bandeira, estudante de música no ESMAE, Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, integra também a Orquestra Europeia de Jazz. A música mostra-se indispensável quer no que preza à concepção, quer ao vínculo com a peça. O trombone e a tuba são os principais instrumentos que se ouve do palco. Desde que se iniciou neste projecto, a associação compreendeu que não dependeriam de apoios, para viver desta arte teriam que fazer um esforço maior e dar tudo de si. “Uma das nossas linhas fundamentais e de actuação é o facto de não dependermos de subsídios”, conta, brioso, Carlos Silva. Isto “faz com que as coisas andem devagar, mas também nos dá outra dinâmica que facilitou muito o nosso crescimento”. O reconhecimento é válido, o que proporcionou, em 2006, a atribuição pela organização SALPODIUM,
o Prémio de Melhor Associação do Ano. Galardão que serve para divulgar e reconhecer pessoas e associações que se tenham distinguido em diversas áreas na região do Alto Tâmega. Começaram a vender espectáculos em escolas, e hoje são essas mesmas instituições que os contactam. Para além deste público já cativam outros interessados: “depois das escolas vieram as bibliotecas, e depois os teatros e os festivais”, explica Carlos Silva, que também integra a UNIMA
(Union Internationale de la Marionnette). A trabalhar geograficamente em todo o país, e com quatro pessoas efectivas na associação, conseguem fazer uma média de 20 a 30 espectáculos num mês alto, como é o caso de Dezembro. Partículas Elementares não compram nada feito, são os próprios que constroem os cenários e criam as marionetas. “Como se costuma dizer a necessidade faz o engenho”, brinca Carlos Silva. É comum visitarem feiras de velharias onde encontram objectos que reinventam e transformam em marionetas com vida. Tudo serve para criar cenários, adaptar personagens, e conceber marionetas de manipulação directa, que estão sempre a serem substituídas conforme os espectáculos em cena.
Texto: Ana Isabel Silva Fotografia: Ligia Claro
Leonor é responsável pelas vestes dos títeres, e pelas cenografias, muito apreciadas pelo público e por outras companhias do género. No entanto recebe sempre uma mão dos colegas das Partículas, visto que o trabalho de equipa é levado a sério. Em relação aos textos, são adaptados à circunstância da peça “pegamos sempre em textos conhecidos e que façam parte do Plano Nacional de Leitura e depois transformamo-los”, explica a actriz. “A história está lá sempre mas damos o nosso cunho ao texto”, interpela Carlos. A par dedicam-se ao artesanato. Planeta Zorg é a designação do projecto. Produzem marionetas, com fim funcional ou decorativo, na oficina que montaram em casa, e depois percorrem as feiras de artesanato do país. O dinheiro que ganham, na venda dos espectáculos, já tem destino, como declara Leonor Bandeira: “ganhamos um dinheirito e compramos um
projector, um amplificador…”.”O que nos impulsiona não é o dinheiro, mas sim o gozo que nos dá, e o que nos diverte é gastar dinheiro em ferramentas” para concretizar o trabalho. Desde que surgiram têm construído um pequeno império de marionetas. Por detrás do palco existe muita dedicação e seriedade, e a ambição passa por terem um espaço, que pertença à associação, onde possam adequar a residência, o trabalho, a oficina e tudo o que envolve esta iniciativa. Mais! Aspiram à formação de um pequeno festival de marionetas em Ovar. Por enquanto é apenas um desejo, do qual não estão ainda reunidas as condições. O próximo espectáculo está já a ser preparado. “O Rei Vai Nú” estreia em Dezembro, mas Partículas Elementares já consideram dar continuidade a esta peça adaptando-a a um público adulto. “O Rei Vai Completamente Nú” será o nome do espectáculo que poderá estar em cena no Verão de 2011.
mundo, aquela linguagem, e vamo-nos rindo e mantendo os espectáculos”. É desta forma que a companhia de teatro de marionetas gosta de trabalhar, a criar cumplicidades com crianças e adultos, através de simples histórias envolvidas em poesia. Partículas Elementares pretende ser “um forte instrumento de enriquecimento do imaginário infantil”, actuando assim “na formação de cidadãos criativos”. Nesta ambiência é “tudo muito próximo e mágico”, despertando sorrisos nas crianças e nos adultos.
Esta será também uma estreia para a companhia, visto que até agora dedicaram-se a uma plateia mais jovem. Segundo Carlos Silva trata-se de “mudar a estratégia porque temos que ter trabalho para viver, e já andamos a adiar há dois anos”. Encaram isto como um desafio, e sugerem que “um espectáculo deste género demora cerca de quatro meses”. No entanto, lembram que até agora estiveram mais vocacionados para “fazer teatro de marione- www.particulasmarionetas.com tas para infância”: “conhecemos muito bem aquele www.elementomarioneta.blogspot.com
A gota de águ matar a sede a
p.34
Conto de Verão
Era uma vez uma gota de água...uma gota de água perfeitinha,orgulhosamente pura e bem tratada que vivia num reservatório cercada de milhares de outras gotas iguais. A nossa gota de água tinha um sonho...e não era um sonho pequenino,era um sonho gigantesco.Ela não se lembrava bem da luz do dia,mas sabia por ter ouvido algumas gotas a segredar que tinha nascido de uma nuvem que bailava à beira mar. Como ela gostava de dar a volta ao mundo numa nuvem assim...percorrer quilómetros e quilómetros abençoada por uma brisa qualquer. A gota de água sabia que no mundo inteiro existiam manchas de terra que mais pareciam desertos..que muitas crianças morriam antes de serem avós sem uma gota de água para beber.Mas esta gota de água sentia que tinha nascido para fazer a diferença em todas as tristezas do mundo e por isso decidiu que assim que pudesse ia dar a volta ao mundo e espalhar-se por aí em mil e uma gotas iguais a ela e riscaria a palavra sede do dicionário do mundo inteiro.
Então,passava os dias encavalitada em cima de outras gotas..empurrando..empurrando só para conseguir chegar bem lá na frente e pingar da torneira. E tanto se esforçou, que um dia a sua sorte lá chegou com rosto de menina traquina e a gotinha lá pingou da torneira...apesar de um pouco confusa com tantos solavancos , ela lá foi mergulhada num pequeno fio de água que desaguou num copo de vidro. A luz do dia era forte e cegava a gota de água mas mesmo assim ela conseguia ver o chão do mundo e as folhas do jornal abandonado na cadeira de baloiço. Ela fez uma tentativa para ler a folha da frente mas logo desistiu porque a folha só tinha desgraças e ela era uma gota cheia de esperança..ia mudar o mundo.Para quê perder tempo a ler notícias que em breve já seriam passado? Estava a gotinha de água distraída no meio dos seus pensamentos quando de repente sentiu a boca a encher-se de um gosto estranho...e logo ela percebeu que sabia a sabão. A menina pegou no copo de água e mexeu com
ua que queria ao mundo força todo a água que no copo se apertava correndo veloz para o jardim. Então, a menina sentou-se no banco de pedra ..mergulhou um objecto estranho que a gota de água não conhecia mas que fazia cóceguinhas no seu nariz e a menina soprou..soprou..soprou com tanta força que milhares de bolas de sabão se espalharam em todas as direcções . E foi com espanto que a nossa gotinha de água se viu envolvida numa enorme bola de sabão que reflectia todas as cores que o céu pintava nas sombras. Feliz, a gotinha de água pediu ao vento que a embalasse nas suas costas e a levasse para bem longe dali sem nunca a deixar cair porque ela tinha o mundo inteiro para descobrir. E a gotinha de água mascarada de bolinha de sabão,lá foi alegremente a cantarolar ao vento mundo fora...e tanta coisa a bolinha de sabão viu lá do alto. Passou rentinho aos ramos das árvores mas nunca lhes tocou,apenas acenava de longe e deitava sorrisos às folhas.Flutuou por entre pedras
aguçadas ...mãos de crianças..brincou com os bicos dos passarinhos mas ninguém a demoveu do seu sonho de apagar a sede ao mundo..por isso todas as criaturas a ajudavam a subir sempre mais alto soprando-a com carinho para não a magoar e a bolinha de sabão nunca sentiu dor. Mas um dia a bolinha de sabão olhou para o chão e chorou com o que viu... A Terra mãe gemia nas chamas e um fogo imenso todas as verdes árvores engolia...A gotinha bem tentou convencer todas as gotas de água enroscadas na bola de sabão a saltarem cá para fora para apagar o incêndio,mas todas lhe diziam que tinham medo de evaporar em nome de nada.Diziam que eram todas demasiado pequenas para afogar um fogo tão grande assim e o vento que atentamente as ouvia soprava a bola de sabão para longe das labaredas deixando a gotinha de água desolada. Então ela segredava ao vento que sabia que conseguia salvar o mundo,bastava desejá-lo com muita força e o vento lá lhe explicava que não era bem assim...
Depois a bola de sabão viaja a bom vapor e a paisagem depressa mudava … Foi então que a gotinha de água viu um pedaço de terra virado ao contrário com todas as casas de pernas para o ar e milhares de pessoas a caminhar sedentas no meio de um mundo que mais parecia um deserto. E mais uma vez a gotinha de água,empurrou as suas companheiras de viagem tentando convencê-las a juntarem-se a alguma nuvem de chuva que por elas passasse... E mais uma vez as gotinhas de água disseram à pequena gota que elas juntas de nada valiam..que não tinham força para erguer as casas da poeira nem para regar a sede de tanta gente.Era melhor fechar apenas os olhos e esquecer a tristeza que viam ali.Mas a gotinha de água não queria fechar os olhos..nem fingir que nada via e deixou-se ficar suspensa com os olhos rasos de água a ver o céu escurecer. Já nada no mundo era desconhecido para a pequena gotinha de água quando a noite chegou... mas nada no mundo mudou com a força do seus desejos e a gotinha de água chorou com o coração destroçado. Talvez ela não conseguisse mesmo fazer o milagre de matar a sede ao mundo,então se era assim que utilidade tinha ela assim tão pequenina encostada aquelas gotas preguiçosas?Como ela queria ser bem maior para conseguir encher o mundo de água doce. Foi então que a gotinha reparou que a bolinha de sabão sobrevoava um pequeno jardim com flores secas despejadas num canto.
Ela debruçou-se apenas mais um bocadinho e viu uma pequena margarida branca com um ar cansado e triste..já tinha pétalas a perder a cor. Então a gotinha de água gritou lá de cima se ela tinha sede e a margarida soprou com a voz ténue que à muito tempo ali já não chovia e todas as suas irmãs murchavam de sede. Então a gotinha encheu-se de coragem e deixou sair da sua boca o discurso mais profundo e convicto que o seu coraçãozinho de água conseguiu conceber e pediu a todas as gotas de água que perdessem o medo de sentir os pés no chão porque elas tinham nascido para matar a sede ao mundo e já era tempo de finalmente começar....porque não começar mesmo ali?Naquele pequeno jardim a suplicar por um pouco de água..se não podiam matar a sede a todos os desertos,nem apagar todos os fogos nas florestas..porque não molhar um pouco de terra e ver a vida de novo a florir? Então a gotinha de água deu um beijo ao vento e pediu-lhe com carinho para a deixar sair daquela bola de sabão e o vento obedeceu levando-a devagarinho até à pequena margarida...e todas as gotas fizeram o mesmo..beijaram o vento na despedida e mergulharam felizes nas raízes da terra que feliz as abraçou. Daniela Pereira http://bluecinderela.blogspot.com/2010/03/erauma-vez-uma-gota-de-agua.html http://devaneiosazuis.blogspot.com/
Ilustração: Emanuel de Castro Dias
Texto: M贸nica Grilo Fotografia: Emanuel de Castro Dias
p.38
Numa sessão poética, transformada num show de performances artísticas, em que várias vertentes se juntam e assim se densificam, como a poesia, a música, a imagem e a palavra dramatizada, o Sindicato do Credo traz-nos a poesia dura e crua, e alcançam o valor da palavra. A plateia usa os sentidos e deixa-se levar simples e arbitrariamente…
Sindicato do Credo “Alba Só - contributos para uma celebração” é o nome do espectáculo apresentado pelo colectivo Sindicato do Credo, que vem comemorar os 10 anos da morte do poeta Sebastião Alba. O mote é a poesia de Alba, ou, antes, a visão do próprio autor. Conforme explica Paulo Moreira, a questão Alba “já é antiga”. Este ano faz dez anos que se celebra a morte de Alba, mas há já 5 anos foi sugerido pelo colectivo “marcar esta data”.
tarde foi o vídeo. “Como implementamos novas disciplinas e como temos novas abordagens, a questão do vídeo era algo a trabalhar”, afirma Paulo. O vídeo é uma das projecções que desde que surgiu tem vindo a evoluir. “As próprias imagens são inseridas ao vivo, sendo uma composição on- line”, explica Nuno Colaça. Segundo Paulo Moreira, “o sistema de concepção do espectáculo assemelha-se um bocado ao sistema de construção de uma ópera, que tem uma linha musical, onde concebemos uma linha de tapete sonoro de 45 minutos”. “Existe um fio condutor”, interpela Piaf, lembrando que “o fio condutor é Sebastião Alba”. E tudo foi pensado. As ambiências sonoras surgiram à medida que se distinguiam os textos. Depois o facto de existir “elementos condutores” como o poeta ser um vadio, um sem abrigo, o que levava a uma procura cuidada do som, aquele que melhor se ajustasse. “A chuva, o trovão, sons que nos lembravam a rua, ou as constantes badaladas dos sinos, Alba vivia em Braga”, lembra Pedro Piaf. A par disso é-nos dadas palavras oriundas de escritos simbólicos do poeta que nos permite atingir a visão do Mundo de um individualista extremo que tem com a natureza uma forte harmonia. Sérgio Almeida é o elemento do colectivo que coordena a selecção de autores e textos. Segundo ele, em relação a Alba, foi feita uma recolha do que “foi publicado, e curiosamente não nos centramos nos poemas mas nos fragmentos que ele deixou. Ele tinha a particularidade de escrever em todo o lado, em todos os materiais, tal como areia”.
Texto: Ana Isabel Silva
No entanto “não tinha nada a ver com a questão performativa”. O que estaria em causa seria “ a edição de um álbum” com desenhos de Paulo Moreira e textos de Sérgio Almeida. Esta produção ficou só pelo plano de ideias, até ao momento em que o grupo recebeu um convite que os fez avançar. “O Tinoco lançou o repto”, diz Paulo, quando se refere ao proprietário do bar, portuense, Labirinto. “Alba só” não é um recital de poesia convencional. O tributo não nega uma vida à margem da sociedade, em que o próprio poeta recusasse a coabitar com as avenças da mesma. Durante o espectáculo são referidas as suas circunstâncias de vida, “nomeadamente a sua singular e destemida opção pela errância”. “Alba Só” traz-nos palavras e chavões, mas também o som, “componente estruturante da performance”. A música clássica, que o próprio poeta apreciava, junta-se a outras alusões de género. Aqui entra Sérgio Costa no contrabaixo e Nuno Colaça (DJ Nel Colaça) nas máquinas e misturas de som. Todo este processo não é feito ao acaso, mesmo a projecção de imagens, a cargo de Rúben Amorim (VJ Broken Tv), são ”inspiradas no imaginário do autor” e em “fragmentos desconexos dos seus livros”, o que nos leva a uma estimação pelo poeta. Outra das características do espectáculo deste colectivo e que foi integrado num momento mais
A obra de Alba é nas palavras de Pedro Piaf, diseur do colectivo, “actual”. “Nesses fragmentos identifica-se o estado actual do país”. O tributo a Sebastião Alba deveria supostamente ter sido apresentada em quatro sessões no Labirinto. No entanto, o colectivo viu a peça a ser solicitada por casas direccionadas para o espectáculo. Por consequência, esta apresentação terá prolongamento até 2011. Estiveram recentemente no Festival Paredes de Coura, e vão estar a 28 de Outubro no Teatro Municipal da Guarda, e na temporada de 2010/2011 é a vez das Quintas de Leitura do Teatro Campo Alegre no Porto.
Colectivo Sindicato do Credo
Já estiveram na pele do Colectivo Fumar Mata e depois como Sindicato do Crime. Este último “era também um colectivo de performances poéticas”, aclara Paulo Moreira. Aliás o espectáculo que apresentaram nesta fase era “uma colectânea de textos, prosa/poesia de vários autores”, tais como A. Da Silva O., Alberto Pimenta, Humberto Rocha, Alexandre O’Neill e Herberto Hélder. Segundo Sérgio Almeida, “a ideia existia e o conceito estava lá, embora o Sindicato do Credo, actualmente, está mais depurado”. O percurso transformou-se no sentido em que novos elementos entraram no colectivo, novas ideias surgiram e novas artes emergiram. Antes “a música era diferente: era uma caixa de ritmos e uma guitarra eléctrica”, diz Nuno Colaça. “Era muito mais minimalista, não tão elaborado”, acrescenta Piaf. Desde essa altura que vão apalpando o terreno e “conhecendo os limites”, como afirma Sérgio Almeida. Pelo meio ainda existiu o Fumar Mata que estava muito próximo do Sindicato do Credo apesar de se concretizar “em sítios mais pequenos, como galerias de arte, locais mais intimistas”, conta Paulo Moreira. Hoje como Sindicato do Credo, os seis elementos: Paulo Moreira e Pedro Piaf (Diseurs), Sérgio Costa (Contrabaixo), VJ Broken Tv (Vídeo/Projecção), Nuno Colaça (Máquinas/Misturas), e Sérgio Almeida (Pesquisa de Textos) pretendem contrariar as acostumadas sessões de poesia.
As performances deste colectivo acrescentam mais: “não só a palavra, mas acima de tudo, visualmente e esteticamente, não nos limitando a dizer as coisas”, aclara Pedro Piaf. Nesta sequência é importante referir que neste e noutros espectáculos do Credo, deparamo-nos com diseurs e não declamadores. Conforme conta Paulo Moreira “o declamador vem mais de uma tradição medieval”, enquanto que nos dias de hoje se fala em “Spoken Word”. É destes movimentos contemporâneos que o Sindicato do Credo vai buscar influência, onde reinam nomes como William Burroughs, Gil Scott Heron ou Laurie Anderson. Em suma, o Sindicato do Credo não deseja “fazer melhor ou pior” não quer é “fazer igual”. Segundo Sérgio Almeida “embora haja cada vez mais colectivos”, o que se pretende é “dessacralizar a poesia”. Com isto ambicionam que “as pessoas saem de lá mais identificadas com os textos do poeta”. A verdade é que se entra mais depressa na ambiência das palavras, do sentido da poesia do poeta. Isto aplica-se ao facto, de “não sermos monocórdicos e interagirmos com o público”, conclui Piaf. A escolha de autores é pensada. Interessa haver uma certa coerência, ir buscar a vertente “underground” da poesia e da literatura. Sérgio Almeida está convicto de que no que respeita à selecção impera “a ditadura do gosto”. E apesar de serem (os elementos que integram o colectivo) “oriundos de varias áreas de actuação/intervenção diferentes, há uma afinidade/similitude estética entre nós e isso facilita bastante”. De futuro vão procurar delicadamente os poetas mais obscuros, os malditos, “os que se questionam e não se conformam”. Nomes como Humberto Rocha ou A. da Silva O. poderão surgir. Entretanto é importante nunca ir atrás dos outros, dos que se dispersam, e continuar a jornada “em constante evolução e mutação”. sindicatodocredo.blogspot.com/
Lomografia: Ligia Claro
p.42
escad as
p.52
...dos Leitores
Aqui a tua vida não é um suspiro , é um vendaval de ar fresco. Aqui só vives os indicativos e não pretéritos . Aqui o tempo não é uma metáfora , ele existe, faz dele a tua dança e os teus trastes de guitarra. Não vivas no teu passado , nem no teu futuro. Tem apenas o presente como amigo intimo do teu coração , pois assim a vida será uma festa, um grande festival, porque ela é sempre e apenas o momento que estamos a viver. Faz do Verão, o suor da liberdade .
Texto: Diogo Lamy
O Mundo deu-te a oportunidade de conheceres e fazeres parte do verdadeiro ritmo da vida e de poderes atingir o seu expoente máximo de êxtase e loucura. Festivais onde encontras o real sabor da Vida, noites que acordam com a tua presença e animação, dias de praia onde o calor impera, convivências e vivências que só aproveitas porque o Mundo é feito para ti e por ti. Tudo isto é a essência desta estação do ano que mais parece um intervalo entre dois espaços de tempo, porque tudo parece ser fruto de uma realidade tão viva.
Zoorb Texto: Ana Isabel Silva Fotografia: Pedro Lamy
Quando três amigos decidiram lançar um espaço onde se qualifica a ideia de arte urbana, encontraram na Rua Miguel Bombarda a aspiração. Pedro Marques, Joana Queiroz e Telmo Cruz juntaramse no ano de 2005 e recuperaram um armazém de uma gráfica que se encontrava num estado degradado, transformando-o, em 2008, numa loja multifacetada. Na grande tela da Zoorb é o vestuário, o artesanato urbano e o design de acessórios que estão em primeiro plano. As peças são únicas, A diferença, a originalidade aliada ao minimalismo quer em relação às marcas quer em relação aos funda-se no “conceito de selva urbana”. Zoorb é a palavra que define esta máxima. Joana Queiroz designers que as produzem. em conversa com o Azulejo conta que o facto de estar “integrado numa cidade, numa selva urbana onde se misturam muitas artes e áreas” deu origem à denominação. Os três amigos que trabalham em áreas distintas, Pedro Marques na produção de eventos, Joana Queiroz na decoração, mais propriamente no design de equipamento e eco-design, e Telmo Cruz na música, tinham em mente criar um espaço que servisse de oficina de artes, para poderem desenvolver os seus trabalhos. No entanto, encontraram um lugar mais amplo, que lhes deu a liberdade de acrescentar mais a esse plano, e assim apostaram numa Concept Store. “Tem tudo a ver com a definição, com o espaço que dá a oportunidade para progredir, e o facto de estarmos direccionados com os nossos trabalhos…houve uma fusão”, explica Joana.
Já no que toca ao interesse do público, Joana Queiroz intervêm: “sentimos que temos cada vez mais pessoas a procurar-nos”. Uma loja com clientes fiéis e sempre à espreita de novos amigos, Joana garante que a porta está aberta a “todo o tipo de público”, muito embora quem frequenta mais a Zoorb é “uma geração dos vinte e muitos até aos 40 anos”, realçando que “o público é completaSentem que estão a crescer, e isso é visível quer mente distinto”. na expansão do espaço quer na adesão do público. Em relação à primeira, no primeiro andar a Zoorb oferece uma galeria de arte, onde decorre regularmente exposições, “variando, consoante as inaugurações de rua”, mas que também está disponível para outros tipos de eventos de pequena dimensão, tal como concertos, apresentações de livros ou sessões de projecção de vídeo. Na traseira do edifício encontra-se a oficina/ateliê que acolhe workshops de várias áreas, no entanto, será mais destinada ao eco – design, design de equipamento e às artes plásticas. Na decoração, as cores, os registos de luz, e as vitrinas singulares são o carimbo da Zoorb. No restauro, do edifício de dois andares, foi mantido a fachada, os granitos das paredes, a madeira do chão do primeiro piso e o monta-cargas. A concepção do design interior esteve a cargo dos proprietários da Zoorb, mas também ganhou a intervenção do arquitecto Sérgio Scheineder.
Talvez por ser um espaço que se enquadra perfeitamente nas grandes cidades europeias, muitos dos turistas estrangeiros mostram curiosidade na loja, como afirma Joana Queiroz “temos um feedback muito bom de estrangeiros que passam e dizem que a loja está muito bonita e interessante”. Digna de marcas sonantes e apreciadas por um público jovem e urbano, a Zoorb mantêm preferência por vestuário e calçado único. Na lista das etiquetas, surgem nomes como Tcheka, Zergatik ou ZenSpirit, ou designers como Sisters Project ou Toscalab.
Para além de oferecer as últimas tendências de moda alternativa, que inclui vestuário, acessórios como óculos, colares, alfinetes, brinda os visitantes com arte, e alicia à criação com o ateliê, onde já em Setembro decorrerá “um workshop, para crianças, de brinquedos tradicionais”, com hora do conto incluída. No entanto a oficina “está aberta a qualquer pessoa que goste de fazer coisas”, conclui Joana Queiroz. Polivalente, moderna e vanguardista, a Zoorb é em si a visão inovadora de moda e de movimento artístico, integrando na perfeição um espaço protegido pelos seus seguidores.
Fotografia: Ligia Claro
p.56
Tudo começa quando 5 amigos se reunem e decidem meter alguns pertences numa autocaravana e partir em busca de travessias repletas de aventura! Marrocos avizinhava-se a passos largos! Sempre sonhei percorrer o mundo de mãos dadas com o vento, aquele que sopra no meu ouvido elevando o pensamento. Lançámo-nos estrada e mergulhámos no fascinante universo azul de Chefchaouen ou, simplesmente, Chaouen. Uma pequena cidade tranquila coberta de variadas tonalidades de azul que decoravam portas e janelas das mais diversas formas!
A mãe natureza
havia-se esmerado numa produção a rigor! Fotografia: Ligia Claro e Eurico Amorim Texto: Ligia claro
Fotografia: Ivo Rocha
p.68