AzulejoAlmanaque #06

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06 ALMANAQUE CULTURAL Out/Nov/Dez´10

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Editorial Caixa de música Sem Palco Polaroid Ilustração: Allen Rosa Frutas & Hortaliças Bloco de Notas Momento Verde Conto Poesia I ReportAgem: Xtaminé Contacto AMBID 2010 Poesia II Saiba direito Origami Receita

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Capa: Rua José Falcão

Ficha Técnica Direcção Luis Ribeiro Coordenação Luis Ribeiro, Pedro Lopes, Rui Pedro Lamy, Lígia Claro Direcção de Arte João Alçada, Lígia Claro Participação Especial Diana Pereira, Allen Rosa, Luis Ferreira Editor Azulejo Fotografia Lígia Claro, Pedro Lopes Redacção: Ana Isabel Silva, Lígia Claro Impressão: Tipoarte Lda Periodicidade: Trimestral Tiragem: 6000 exemplares Distribuição: Gratuita issuu.com/azulejo.almanaque almanaqueazulejo.blogspot.com azulejo.almanaque@gmail.com


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Amor, cria o


Preparas o teu cantinho para o aconchego e só motivos mais fortes do que o teu querer te arrancarão desse recanto que criaste com amor. Lá fora, a natureza estará em breve toda despida e o canto do vento glaciar anuncia a partilha do advento e da magia do natal. Procuras em cada gesto o código da simplicidade no amor, em cada olhar a ternura e o sorriso da época. Encontras uma forma simples e bonita de manifestar o teu agradecimento aos amigos e família, rebuscando em lojas e bazares antigos aquele presente…único. Nesta época o teu código é o Amor, espalhas pela cidade e pela região pequenos pedacinhos de papel quadrado, onde partilhas interactivamente a mensagem encriptada no código. Espalhas e cantas Amor por todo o lado e mais algum, acompanhado por brindes e versos declamados no frio da madrugada e aquecidos pela voz dos companheiros de jornada, rumo a um novo calendário cheio de coisas quentinhas como a amizade, a solidariedade, a paz e o Amor. Incondicional. Claro! Cria o teu código d’Amor

Texto: Luis Miguel

teu código

Cai a folha e o frio invade a tua intimidade, implacável.


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Dance! Com uma inesgotável energia rítmica, Olive Tree Dance é uma banda trivial, totalmente acústica, que junta ritmos africanos, brasileiros e sonoridades da World Music e Jazz. Uma máquina de dança verdadeiramente imparável.


Como definem a vossa música? Um dos fenómenos que retiramos com esta fusão de sons foi termo-nos apercebido das diferentes interpretações de várias pessoas da linha musical de OliveTreeDance. E é divertido saber pelos outros, os caminhos por onde andamos na nossa música... Por exemplo, em 2005 fomos a um concurso nacional de música acústica, o Termómetro Unplugged. Ficamos em 2º lugar, ok, até aqui parece óbvio. Depois fomos a um concurso nacional de Rock, o Rockastrus, a competir com bandas que tão a bombar no mercado de rock hoje em dia e foi um

prazer especial estar ali em formato acústico dance e conseguir o premio de melhor banda, banda mais original e melhor presença em palco. Por isso, sermos nós a colocar um selo no nosso som parece fecharmo-nos à essência do que conseguimos explorar com os nossos instrumentos. Resumindo em 5 palavras, o que extraímos da nossa experiência ao vivo durante estes 5 anos, é: MUSICA TRIBAL DE DANÇA LIVRE. Todas as vossas músicas têm uma história. Os vossos temas tanto podem ser urbanos, como ancestrais, naturistas e actuais, e até chegam a reciclar a própria música popular. Há um objectivo concreto nessa conduta? Sim, existe um propósito. Essencialmente passa por querer explorar as nossas raízes musicais de uma forma neo-ancestral. Usar instrumentos tão singulares como o didgeridoo para contar de um outro jeito a mesma história. Inspirar-nos no ritmo xula que é tipicamente português para fazer uma abordagem dance de um jeito energético é para nós uma “demência” (risos) Adoramos! São óptimos desafios. Neste último álbum a capa original é em formato 3D. Isso deve-se ao facto de integrarem aspectos futuristas no vosso trabalho? Essencialmente deve-se ao facto de conseguirmos ter uma capa que se equiparasse ao som que estamos a tocar. Uma capa onde se “navega” por um ambiente galáctico. No meio de todas as dificuldades por que passamos para conseguir este tipo de capa, o que nos motivou mais foi conseguir dar aos nossos fãs mais do que um simples CD: surpreende-los com um objecto de colecção que possam desfrutar como uma experiência totalmente nova. Como tem sido a aceitação do público? E no estrangeiro, são bem recebidos? Muito boa! Excelente mesmo. Estamos muito conten-

Texto: Ana Isabel Silva | Fotografia: Raquel Silva

As actuações dos OliveTreeDance são catalogadas como electrizantes, e muitas vezes a vossa música é denominada como música de dança, no entanto é totalmente acústico. Como é que isso acontece? A nossa inspiração advém de dois lados bem distintos. Por um lado, surge da música electrónica com o formato do trance, do drum n’bass a dar a forma do que “re’criamos”. Por outro lado, partimos do lado ancestral e natural da evolução de tudo o que acontece nesta vida. Por outras palavras, nós tocamos instrumentos que são desde a sua origem ancestral usados em cerimónias como acompanhamento para as danças tradicionais em vários lados do mundo. Por exemplo, o didgeridoo da autrália, o djembé e os dununs da África mandinga. A música que fazemos resulta numa fusão do conteúdo do que já há milhares de anos se pratica em rituais, com a forma musical moderna das pistas de dança das grandes festas de música electrónica. Por isso, soamos a dancemusic e fazemo-lo sem usar qualquer tipo de efeito ou overdub. Todos os sons são tocados ao vivo!


tes, a banda em quase todo o lugar que vai tem admiradores e os principais curiosamente são os promotores que nos contratam. Isso é tipo plim!- bola extra! Ganhamos um reconhecimento nacional muito bom durante estes dois últimos anos, fomos evoluindo o nosso espectáculo e conquistamos palcos importantes. O nível da aceitação do público nacional e internacional é basicamente o mesmo. Por exemplo, no Brasil, onde tivemos 3 meses em tour com 16 datas de concerto, umas pessoas gostaram tanto do nosso show da passagem d’ano no Universo Parallelo, na Baía, que chegaram a fazer em Belo Horizonte, Minas Gerais, um evento numa lagoa linda, com o nome de DreamTime (inspirados nas fábulas dos Aborígenes Australianos) a aproveitarem a nossa passagem pelo Brasil. Quem abriu para nós foi uma das maiores bandas de reggae do Brasil, Ponto de Equilíbrio. As pessoas adoramnos… (risos) agradecemos cada dia ao grande espírito, pela força e beleza com que nos recarrega as nossas vidas a fazer o que mais gostamos. Ser músico requer muito trabalho pessoal e são essas pessoas todas pelo mundo que nos têm recebido de braços bem abertos que nos ajudam a romper qualquer dificuldade nesse trabalho. Seguimos a todo vapor com o carinho que têm demonstrado por OTD. Um bem hajam a todos vocês. Apesar da vossa música ser totalmente instrumentada acusticamente, todas elas contam uma história. Dêem me um exemplo? Por exemplo, o tema Ketama Moutain é a banda sonora de uma viagem a Marrocos onde o primeiro ponto de passagem é a célebre Ketama Mountain. Aí existe um fenómeno divino da natureza que é preciso ser vivido para nos apercebermos do que é!...Outro exemplo importante, 13:20 é um tema que dura exactamente 13 minutos e 20 segundos mas é também uma inspiração

para sentir e tomar consciência da frequência natural do ser humano e de todo o universo. Acreditamos na lógica do conhecimento ancestral, em que o ano compreende 13 luas ou meses com exatos 28 dias cada, conforme o ciclo menstrual feminino que tem 28 dias também, sem as irregularidade que encontramos no calendário gregoriano, onde existem meses com 28, 29, 30 e 31 dias. Aqui na Terra, vivemos na frequência 12:60, ou seja 12 dos 12 meses e 60 dos 60 minutos de cada hora do dia. Segundo o que sabemos,esta frequência é uma falsa, antinatural, e gera no ser humano total desequilíbrio, sub-utilização de sua plena capacidade cognitiva e espiritual, materialismo, medo, doenças, alienação, sofrimento, escravização psicológica, subservivência mental e emocional. Há um sistema tecnocrata, que exige cada vez mais garantias, segurança, bancos, polícia, comércio, remédios, industrias, economia, guerras, irracionalidade, desrepeito com a natureza para gerar subprodutos muitas vezes inúteis e desnecessários, aos quais estamos apegados considerando-os como essenciais. Isso não é difícil de se comprovar, pois, muitos de nós vivem como verdadeiros autómatos, verdadeiros sonâmbulos que se encaixaram na irracionalidade sugerida por séculos de sujeição ao modelo mecanicista e falso de existência para sobreviver ao invés de viver. O videoclip da faixa “Airport Tunnel” circulou em festivais de animação internacionais, cujo argumento é inspirado numa história real passada convosco. É uma história verídica contada em animação. Esta curta-metragem em formato animação celebra a liberdade de quem vive pelo mundo. O videoclip dos OliveTreeDance que dá vida ao tema “Airport Tunnel”, passou por festivais de animação de renome como o Cinanima, Fantasporto, o ShortFilm Festival of Pyrinees ou ainda o Fest’Afilm. O argumento que


preside ao teledisco é justamente uma história passada com os OliveTreeDance em 2005. “É sobre uma viagem que fizemos a Amesterdão (Holanda), durante a qual somos forçados a cumprir escala em Londres, Stansted. Enquanto lá estamos, e porque temos tempo para ‘passar’, decidimos explorar Camden Town. Perdemo-nos nas horas e, consequentemente, perdemos o avião. Enquanto esperávamos pelo próximo voo, que iria partir na manhã do dia seguinte, decidimos ir para o túnel do aeroporto para tocar. Nesse dia, colocámos o chapéu no chão, acompanhado de um livro e uma folha que dizia: ‘Estamos em viagem, fazemos a actividade do Busking (animação de rua), obrigado’. Passada uma meia hora de estarmos a tocar, encontramos o motivo rítmico que nos levou à composição do tema Airport Tunnel. Surge um polícia que maliciosamente nos calca o livro onde

temos a nossa mensagem para os transeuntes. Ele olha para nós com uma interrogação no olhar, talvez um ‘o que é que estão aqui a fazer?... Não demorou nada para nos expulsar pela força, dali para fora. O tema vem defender a actividade do busking, do artista de rua que não pede dinheiro quando actua, mas que pode aceitar um reconhecimento dado de forma livre. “O tema é dedicado a todos os artistas de rua que ainda se manifestam e lutam para que o palco da rua seja também um palco da vida, dando mais qualidade de vida às pessoas que caminham nas cidades”


Festivais de cinema de actuação por onde passou “Airport Tunnel” Julho 2009: -Avanca 09, Portugal (festival) /Agosto 2009: -Bornshorts, Dinamarca (festival) /Outubro 2009: -Short Film Festival of Pyrinees, Espanha, França/ -Semana Mundial da Animação - Porto, Portugal (mostra)/-Leipzig Dok - Alemanha (festival) /Novembro 2009:-Cinanima - Espinho, Portugal (festival)/-Invídeo - Milão, Itália (mostra) /-Ovar Vídeo - Portugal (festival) /Dezembro 2009:-Zubroffka film festival, Polónia (festival)-Fest’Afilm - França (festival)-Multivision Festival, Rússia (festival)/MARÇO 2010 - Fantasporto – internacional - Porto 7 – internacional Como é conseguem obter esta configuração equilibrada e ao mesmo tempo tão definida com o instrumento ancestral, didgeridoo, e música de dança? Se bem entendi a pergunta, acho que por sabermos usar bem um kit de bateria e aliarmos isso à sonoridade típica de um didgeridoo que pode por sua vez ser modulado acusticamente de muitas formas. Com ele, somos capazes de reproduzir sons semelhantes ao das máquinas que produzem dance electrónico. No fundo acho que o equilíbrio passa por escutar muito bem as linhas musicais de cada Plug-in e interpretar de forma coesa o que ouvimos. Que diferenças podemos encontrar nos vossos dois álbuns “Urbano Roots”, e “Didj Dance All Beauty”? Urbano Roots é um EP e o Didj Dance All Beauty! é um LP. O primeiro tem um digi pack com cinco músicas incluindo uma que não vem no segundo. O segundo tem uma capa especial em 3D e tem 11 músicas que representam o histórico repertório que tornou reconhecido o nosso trabalho ao vivo.

Falem sobre o percurso trilhado pela banda. Algo mudou? Acham que de alguma forma houve uma evolução, ou que alguns aspectos tornaram-se definidos, quer na vossa performance, quer na forma como vocês fazem, e/ou vivem a música? Uii !! Isso é assunto para contar em várias páginas… risos! Para começar e ser resumida a ideia, posso dizer que o essencial da banda está inalterável e isso é fantástico. Muita coisa mudou neste percurso, mas isso é uma constante na vida para quase tudo.

Amadurece-se muito quando se anda na estrada muito tempo seguido, pois aquela ideia inocente de tocar por aí em qualquer lado requer muito equilíbrio pessoal para que tudo entre todos resulte em harmonia. A banda já viveu muitos cenários e claro que depois disto a energia de grupo tem outra força e outra visão. A atitude com que estamos no mercado é mais profissional e vai mais de encontro à satisfação de todos os colaboradores do projecto.


Também existem outras áreas como a visual, multimédia com que começamos a envolver-nos por consequência dessa atitude. Todas as áreas criativas estão-se a interligar com os OTD, neste campo fizemos a grande evolução. Qual a vossa opinião no que respeita ao enquandramento dos Olive Tree Dance no panorama musical nacional.

Não há praticamente bandas do nosso estilo musical ou a fazer o mesmo que fazemos aqui neste país. Apenas conheço australianas, Francesas e holandesas. Acho que naturalmente Portugal precisa de tempo para que esta onda surja com mais adeptos. São também cada vez mais as bandas que surgem com som de grande qualidade, e que se mantêm no mercado alternativo como Terrakota, Kumpania Algazarra , MU, Foge Foge Bandido, ZELIG mas que também ainda estão para encontrar o

enquadramento merecido das grandes massas. Por sermos poucos em termos demográficos, o mercado comercial português é um mercado muito fraco na sua generalidade e de baixo nível de qualidade musical, salvo as excepções que são várias. Por isto mesmo, também é um mercado de oportunidades fáceis, por exemplo facilmente se vai para o top 10 de vendas com 750 discos vendidos numa semana. Isto à escala com outros países significa que neste país é muito fácil ser-se promovido por esta via privilegiada. O panorama musical português está há muito tempo totalmente minado pelo lobby das “majors”, que por sua vez têm parcela na direcção da AFP e com isto conseguem ter poder para proteger os interesses dos seus artistas. Digo isto porque tivemos uma experiência com o nosso disco em que fomos para o Top 10 de vendas em Março de 2010 e acabamos por ser preteridos da tabela por vendermos discos da mesma forma que outras bandas do top o fazem (não interessa mencionar quem e como). Em suma, toda esta embrulhada executiva, torna difícil, projectos de qualidade subirem o escalão no mercado português. Felizmente a procura ao nosso disco está a ser um sucesso! E...projectos futuros? Projecto futuro vem com um novo disco e com uma nova estrutura de palco que já começou a ser elaborado. Estamos num bom ritmo e muito motivados na concretização deste novo trabalho. Mais informação só mais à frente noutra data..eheh! E... como está a vossa agenda para o final deste ano e para o próximo? A nossa agenda está só mesmo disponível para os grandes palcos em Portugal e o resto do tempo, vamos tocar no estrangeiro onde contamos fazer um tour na América, Escandinávia e Japão onde temos imensos fãs. Para consultarem este tipo de informação podem fazê-lo na Web em www.myspace.com/olivetreedance ou então na página oficial da banda: www.olivetreedance.com


Sem Palco


Texto: Liliana Rocha | Fotografia: Sem Palco

Conheceram-se no Porto e desde 2007 discutiam sobre a possibilidade de criarem um colectivo, em que pudessem dar continuidade ao espaço de experimentação teatral que vinham a desenvolver no âmbito dos projectos do Curso de Teatro/ Interpretação, na Escola Superior de Musica e Artes do Espectßculo. Desde bem cedo, estes projectos revelaram-se interdisciplinares sob um ponto de vista processual, de pesquisa, construção,mas também a nível da reflexção sobre os conteúdos abordados, como uma forma de pensar em arte, mais particularmente nos espectáculos de teatro, que cada vez mais se diluem e misturam com as mais diferentes formas de criação artística. Afinal essa amálgama sempre existira no seu trabalho, mas agora estavam mais conscientes de que os resultados das suas experiências se poderiam manifestar sob as mais variadas formas... Em 2009, surgiu a oportunidade de outras pessoas vindas da literatura, vídeo e artes plásticas cruzarem interesses em comum, e foi assim que criaram os Sem Palco. Os Sem Palco são uma associação cultural sem fins lucrativos cuja principal vocação é promover o cruzamento de diferentes formas de expressão artística. A valorização e inovação artísticas, bem como a aproximação entre arte e sociedade, sπo os objectivos centrais para ßreas de actuação como o teatro, a performance, o cinema e as artes plásticas, que pretendem que possam afirmarse tanto individualmente como em intersecção.


No sentido de uma procura contínua de novos conte·dos, processos de criação e modelos de trabalho os Sem palco funcionam enquanto laboratório de experimentação artística, aberto a propostas de criadores das mais diversas áreas, do qual resultam produções próprias para a apresentção/intervenção publica. Durante a sua curta existência produziram projectos com resultados diversos como “Um peixe fora d´agua” (espectáculo infantil construido a partir de jogos interactivos com funcionalidades imediatas entre causa e efeito); “Majhora FM”(colaboração em gravações de campo, conversas e spoken words,material de exploração sonora);”Comunicar-te”(Workshop de expressão dramática); “Noite Dos

Investigadores”(espectáculo em colaboração com a Universidade do Porto), “Transumância” (Festival Futurplaces 2009); “GRT”(apoio à produção); “Medidas entre Barras” (uma performance sobre aquilo que cabe dentro de uma cela, faculdade de Direito); “o Palácio e o Charco”, (espectáculo site-specific produzido para a exposição dos anfíbios no jardim Botânico do Porto); “Sobre o futuro... Não Sabemos!”, (Reitoria do Porto).Os Sem Palco têm vindo a colaborar com diferentes instituições e alguns destes projectos resultam de propostas que que surgiram das mesmas. No inicio de 2010 iniciaram um processo de divising “Embryo” do qual resultou “Peer to Peer”, uma performance interactiva sobre a relação Humana/


Tecnologia. A possibilidade de apresentar a performance surgiu pois achavam pertinente a ideia de “mostrar” partes do processo de trabalho, isto fez com que descobrissem que ôPeer to Peerö funciona autonomamente como resultado de uma etapa processual. A sua primeira fase de apresentações foi no NEC(núcleo de experimentação coreográfica); nos Maus Hábitos; no PERFORMAS (auditório/ estúdio em AVEIRO); na ESMAE (Festival SET) e mais recentemente no Festival Futurplaces (Maus Hábitos, Porto). “Peer to peer” decorre num ambiente controlado e monitorizado, todos os participantes seguem regras simples de interacção e o seu objectivo

fundamental é estabelecerem ligações “peer to peer”, ou seja, de ponto a ponto. Qualquer participante pode construir e manipular o espectáculo porque lhe cabe tanto o lugar de publico como o de performer. Onde deve traçar-se a linha entre a real e o simulado? Como reagimos e repartimos a atenção quando uma presença próxima compete com uma presença virtual? Cada um é uma peça da performance. Todos podem jogar “Peer to Peer”. Num espaço onde convergem diferentes linguagens, os participantes têm assim a oportunidade de reflectirem sobre a sua própria relação com a tecnologia e manter com os jogadores um contacto intimo, através das palavras e ligações estabelecidas.


Visitem-nos em www.sempalco.pt, www.peertopeer.tumblr.com, ou no facebook e se quiserem venham fazer Peer to peer!



Fotografia: CĂŠsar Hugo Monteiro

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a Folh d sa n a c s e da





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Foto: Ligia Claro Composição: Lígia Claro


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Crónica de uma velhice anunciada… Dez minutos para apanhares o comboio e tu ainda enjaulado no metro. As tuas pernas, irritadas!, embatem uma na outra, uma e outra vez. Enches as bochechas de ar. Expiras uma lufada ansiosa. Dos teus lábios mudos escapam-se resmungos desmaiados. Cinco minutos. Levantaste com a garra de um atleta. O abrir da porta lança-te na calçada que martelas, galopante. Suas, olhas para o relógio e o comboio quase a partir. Consegues, enfim!, alcançá-lo. Mal te sentas, ele parte. Embrenhas-te, enfim!, nos espinhos da tua vida. Quem te observa adivinha-te o sobrolho franzido e oferece-te um sorriso. Não fazes caso. Uma vez mais, emagreces o mundo obeso que te circunda. Esbates a sua importância, limita-la ao reflexo da tua sombra. Para teu aborrecimento ouves uma voz que te convoca ao diálogo.Maldizes a tua sorte! Experimentas cantar a música que só os teus ouvidos ouvem! Sentes, contudo, uma


outra batida. Esta, contudo!, viola-te não os ouvidos, mas o teu braço. “Quem ousou perturbar o meu sono?” Sim, parafraseias o génio da lâmpada e ensaias já o resto da melodia, mas quem te abordou continua a viagem em voz alta, crente de que tu o acompanhas… Decides parar de improvisar.Os teus olhos piscam duas e três vezes e observas pela primeira vez a voz que te fala. À tua frente desenha-se um mapa.As suas estradas, sinuosas, transportam-te para um outro destino. Cheiras a textura daquele cenário e não recusas a fatia de bolo que te oferece...Vais mastigando, conversando e daí a nada, bem à tua frente, tens uma xícara de chá silvestre e a promessa de um jantar… Voltas ao comboio, os mesmos dilemas, tão poucas as saídas...”Quanto tempo faltará para chegar ao sítio X?”Lutas com o teu pulso, ferve-te a curiosidade de olhares o relógio. Porém, acabas por te decidir e bebes o chá. Refeito de fome e sede, que te entonteciam os

Perguntas-te quantas foram as ruas que murmuraram aquelas pegadas, quem liderará, afinal, as dores daqueles pés? E descobres!

Texto: Ana Braga

sentidos, prestas atenção ao discurso de alguém que está neste obeso mundo há muito.


Descobres um ser que se acha na mais completa solidão: o seu companheiro não a acompanha mais, os seus filhos, quem saberá as viagens que estarão a fazer, os espinhos tão espinhosos que estarão a combater… Apercebeste da dor da solidão, da velhice, do esquecimento…Apercebeste de que um dia vais estar ali, exactamente naquele lugar. Apercebeste do quanto um jovem, como tu, se preocupa com coisas insignificantes. Apercebeste do quão ridícula é a tragédia da tua vida, limitada a tua cosmovisão! Apercebeste-te, acima de tudo, do neón que ilumina todos os trilhos que poderás ainda percorrer, visualizas as janelas que te observam há muito e compreendes, enfim, que caminhavas para um abismo, para uma velhice, para a “pior velhice”, como cantou uma flor que era bela. Entretanto, perdido nas ruelas destes pensamentos, achas o comboio parado no destino que anseavas e que já não anseias tanto assim. E assim (bis) termina uma história que igualmente principia, pois aquela que te acompanhava é agora a tua parceira no destino académico, entretanto, escolhido por ti. E com isto, caros leitores, me despeço...não sem antes relembrar as palavras célebres de um velho que afinal...afinal era novo: “E esta, hein?”.



Perfil : Luís Ferreira, fotógrafo Luís Ferreira, fotógrafo de ambiente encontra na natureza o cenário perfeito na sensibilização de questões pertinentes como por exemplo a biodiversidade. A paixão pela fotografia começou cedo, mas a natureza ganhou destaque e hoje trabalhar e faz expedições em prol desta causa.

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Texto: Ana Isabel Silva | Fotografia: Luis Ferreira | www.luis-ferreira.com

Qual o objectivo, além de fotografar, da expedição fotográfica às Ilhas Selvagens? O objectivo passava também pela criação de artigos de promoção destas ilhas tão esquecidas pelos continentais! Aquele território é Português, apesar dos 1000 quilómetros que separam Sagres da Ilha Selvagem Grande. Pretendi com esta viagem mostrar a riqueza selvagem ali existente. Só posso agradecer ao Parque Natural da Madeira pelo apoio prestado nesta expedição. Foram com certeza dias excelentes, ricos em experiências, queres contar o momento mais marcante da viagem? Foram bastantes os dias cheios de emoção e adrenalina, mas um vai ficar marcado para todo o sempre nas minhas memórias: o momento em que um Tubarão (que pensamos ser o Tubarão Martelo) nos fez uma visita na baía onde mergulhávamos todos os dias em apneia para observar a vida marinha. Era um animal enorme que fez questão de mostrar a sua barbatana dorsal. Escusado será dizer que ninguém mergulhou nesse dia. Fala-nos um pouco sobre o teu percurso como fotógrafo da natureza. A paixão pela fotografia começou bem cedo, por volta dos dezasseis anos, no seguimento de uma viagem à Eslováquia. Tirei imensas fotos e o bicho da fotografia ficou. Quando comprei a minha primeira câmara digital, por volta de 2005, comecei a interessar-me bastante pela macrofotografia.


Comecei a ter bastante contacto com o campo na descoberta de Insectos, anfíbios, cogumelos e flores. Mais tarde criei um blogue dedicado à fotografia de Natureza e as reacções iam sendo bastante positivas. Foi então que surgiu o primeiro pedido de Publicação para uma revista do tema. Os pedidos foram aumentando e os meus objectivos foram crescendo também. Para dar continuidade aos meus objectivos, precisei de adquirir equipamento fotográfico totalmente novo e o meu percurso neste Mundo foi evoluindo de uma forma muito natural.

Acreditamos que fotografia de natureza pode ser também um motivo de sensibilização para um melhor meio ambiente e protecção de ecossistemas. É esse também o teu objectivo? Sem dúvida, os fotógrafos de natureza têm um papel muito activo na sensibilização, tanto na divulgação de imagens chocantes como na exibição de imagens que revelam o lado mais belo da nossa Biodiversidade. Passamos muito tempo em busca da foto perfeita que pode trazer uma boa mensagem ou contar uma linda história. Felizmente, são cada vez mais as entidades, instituições e associações que trabalham em conjunto connosco. Resumindo este é também o meu objectivo! A natureza sempre foi o teu registo, ou surgiu por acaso? Porquê? Não comecei com natureza. Foi ao observar as imagens de insectos


com factores de ampliação enormes, que se instalou a curiosidade de entrar no mundo Microscópico. A cada disparo sobre os seres minúsculos redescobria formas e cores maravilhosas. Foi isto que me motivou a fotografar a Natureza e a seguir este percurso. Com o estudo mais aprofundado sobre a biodiversidade e um maior contacto com o campo, aventurei-me noutros percursos da fotografia Natural. Existem diferenças entre fotografar a natureza e fotografar outros motivos. Quais aqueles que mais te fascinam em ambos os casos? A Fotografia de Natureza destacase bastante de toda a fotografia em geral. Ao preparar uma sessão com um animal selvagem, não consigo definir os seus movimento e as suas vontades. É um estilo de fotografia que tem um trabalho de background muito grande, que implica conhecer profundamente a dinâmica do animal, as suas rotinas e hábitos. A camuflagem, o conhecimento da Ecologia do animal e uma mão cheia de sorte, são factores que influenciam este estilo. Só depois deste trabalho de bastidores poderemos conseguir uma boa imagem. Consideraste um aventureiro com uma causa? Penso que sim! Gosto dessa ideia de visitar e descobrir os locais mais inexplorados. Nos últimos anos, tenho fotografado animais raríssimos, em locais ainda mais especiais o que me leva a pensar que ao mostrá-los à população faz de mim um aventureiro com uma causa! Qual o melhor cenário para fotografar? É onde se observa o homem a viver em comunhão com a natureza e biodiversidade, o que está praticamente extinto… a nossa pegada ecológica está a pesar demasiado. Deparaste, suponho, com vários ecossistemas e faunas, já alguma vez sentiste o perigo? Tenho sentido cada vez mais, o perigo de se perderem os locais que exploro. Salvo raras excepções, somos sempre uma ameaça. Este é um dos factores que mais me impulsiona a investir neste trabalho, já que considero que cada vez mais importa dar a conhecer as imagens que dentro de pouco tempo podem estar perdidas. Ficam os registos para que a memória não deixe apagar aquilo que o Homem, aos poucos, vai destruindo…



àb

nin o

Horas depois,ele pintava no rosto um arco-íris ... inventava animais alados e monstros sem cabeça que mesmo assim sabiam sorrir e comiam pipocas ao lanche. Depois quando sentia os olhos cansados ele corria até ao pedaço menos alto do céu e trepava até chegar às nuvens que mais pareciam bolas gordas cheias de algodão e pulava..pulava como se tivesse molas nos sapatos...E quando ele olhava para baixo ,lá estavam os meninos aos pontapés na terra com a cabeça cheia de vento a ensaiar pontapés quadrados..como pareciam tontos assim suados a fazer pontaria a uma teia de aranha num ferro pendurada... Daniela Pereira in “Contos sem pés nem cabeça mas de coração cheio” Direitos de autor reservados

.. .

Quando os meninos da escola iam para o recreio jogar à bola,este menino ia jogar ao “agarra um sonho” e sentava-se num cantinho com um livro a cheirar a novo abraçado ao seu colo.E os outros meninos bem o chamavam..bem lhe diziam que era tão divertido correr num quadrado verde cheio de relva atrás de uma bola redonda todos suados,mas ele nem os ouvia ou então de vez em quando acenava com a cabeça um não e sorria apontando para o livro onde já viajava feliz.

Texto: Daniela Pereira in “Contos sem pés nem cabeça mas de coração cheio” | Ilustração: Raquel Moura

p.37 Conto

Era uma vez um menino que gostava do frio das manhãs na ponta do nariz e do sol das tardes na ponta dos pés descalços. Este menino gostava da natureza e das cores verdes que o mundo pinta nas sacolas que levava para a escola para aprender a ser um pouco maior... mas não de tamanho,porque ele até que nem era assim tão pequenino... mas aprender a ser maior como ser humano.Ele queria aprender a ler todas as histórias que habitavam dentro dos livros que dormiam com ele aos pés da cama. Conhecer os segredos guardados nas folhas...viajar por todas as montanhas..descansar em todos os vales que o homem das palavras inventou só para si.

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XtaminĂŠ


Texto: Ana Isabel Silva | Fotografia: Pedro Lopes

Até há bem pouco tempo, quando nos dedicávamos às compras procurávamos sempre vestuário ou calçado novo. Estava completamente fora de questão comprarmos roupa usada. No entanto começou a surgir, principalmente nos grandes centros urbanos, casas que num estilo vintage, nos ofereciam roupa em segunda mão. Esta opção pode ser encarada como uma forma de nos resignarmos aos estereótipos impostos pela sociedade, mas também é consequência do facto da vida económica dos portugueses estar cada vez mais difícil. Seja por este ou outro motivo, a verdade é que este tipo de casa é cada vez mais procurado, e o público é vasto e difícil de caracterizar. Em Ovar o conceito “usado” tem espaço na loja Estaminé. A proprietária, Angélica Vieira, é pioneira na cidade, no que respeita a esta iniciativa, e já lá vão uns anos desde que se dedica a este projecto. Esteve sempre ligada à área da confecção de têxteis: já foi proprietária de uma fábrica de confecção, depois trabalhou por conta própria na arte da costura, mas quando surgiu a ideia “de começar a vender roupa de amigos”, Angélica apercebeu-se que era isto que queria fazer. Veio a vontade de encontrar um espaço “onde pudesse vender roupa usada”. No início ficou no primeiro andar de um edifício, situado na Praça das Galinhas. O espaço era emprestado, e funcionava com um lugar onde recebia os amigos, não como um estabelecimento comercial. Depois decidiu que deveria de “procurar a sério uma loja” e encontrou um espaço “minúsculo” nos Combatentes.


Só mais tarde teve necessidade de se mudar para um lugar maior, onde também lhe seria possível conciliar algo que lhe dá muito gosto: “acrescentei o ateliê para arranjos”, conta Angélica Vieira. Agora com nova morada, no Pátio do Marquês, o Estaminé apresenta-se como um espaço alternativo onde encontramos “roupa usada, alguma roupa nova, que fica à consignação, carteiras, cintos, bijutaria, casacos de pele e peças de imobiliário”. Qualquer pessoa pode lá deixar roupa para venda, os preços que encontramos são uma pechincha como explica Angélica “o mais barato é tudo o que seja usado: 1, 2,3 euros. Sapatos a 3, t-shirts a 1 euro, tops a 0,50 cêntimos”, mas também segundo a mesma tem peças caras “os casacos de pele, por exemplo, a 20 euros”. No entanto encontra-se artefactos muito interessantes nesta loja, principalmente as de imobiliário, restauradas pela própria Angélica. Uma porta de guarda-vestidos transformou-se num grande espelho, e uma cadeira sem assento foi forrada por etiquetas de t-shirts. O efeito surgiu espectacular. “Gosto muito de fazer coisas diferentes e poder dizer que é único, a um preço baixo”, afirma. O lado criador de Angélica surpreende-nos, com outras peças saídas de tecidos velhos ou outros materiais. “Faço reutilização de materiais”que “depois “transformo em artigos novos a preços acessíveis”. Surgem “sacos, almofadas e pufs feitos com camisolas de lã, restos de saias ou calças”.


É no atelier conjunto à loja que são criadas estas peças, mas também é lá que são feitos os arranjos de roupa, bastante solicitados no Estaminé, e que acaba por ser “um suporte” para a loja. A par disto ainda descobrimos quadros de pintura pendurados nas paredes do Estamine. “Os quadros em exposição estão à venda”, diz Angélica ao apontar para as diferentes telas de amigos e desconhecidos que ocupam os espaços em branco. “Ovar está a aderir ao usado”, acredita a proprietária, “algumas pessoas ficam constrangidas ao entrar, mas porque não percebem o que é”. No entanto a própria Angélica não sabe bem como definir o Estaminé: “è uma loja diferente, não por ter usados mas por ter uma grande variedade de peças e géneros”. E continua, “é um espaço para todos, onde podem expor e colocar à venda o que quiserem. Eu agradeço”. A loja de usados acaba por “servir toda a gente”, principalmente as pessoas que tem maior dificuldade financeira. Como diz Angélica Vieira “toda a gente gosta de vestir, de mudar, de estar na moda”. E lembra que o importante é “as pessoas sentirem-se bem aqui”, diz sem se aperceber que tal é naturalíssimo. Estaminé é considerado “a barraquinha, a casinha, onde a pessoa está sempre”. O oportuno nome encaixa na perfeição na loja. É simples mas acolhedora, discreta mas também simpática. Um espaço a descobrir, sem medo de entrar!


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A arte dos afectos Formou-se em encenação, interpretação e escrita criativa e voltou à Contacto com uma visão diferente, “o teatro já não era um jogo, agora conhecia as regras”, conta o também director artístico da companhia. Deram-se mudanças que levaram a associação para um patamar mais alto. Apesar de só em Dezembro do ano passado ter adquirido o estatuto de colectividade de utilidade pública, a Contacto tem um histórico que permite manter “um plano de actividades completo, e uma itinerância teatral “dinâmica com outras companhias”. Ao longo dos anos esta associação sem fins lucrativos, tem vindo a fomentar uma relação com o público, e com outras companhias de teatro, de “afectividade”. “Somos muito acarinhados” e “temos fidelizado um público que gosta dos nossos espectáculos”, conta o encenador. Resultado deste intercâmbio é o Festovar que já vai na 17ª edição. Conta com a participação de doze a quinze grupos de teatro amador e inclui espectáculos para crianças e para adultos. Esta é uma iniciativa que conforme a Contacto contribui para “a agenda cultural e enriquece a cidade, criando hábitos culturais”.

Texto: Ana Isabel Silva | Fotografia: Contacto

Foi há 26 anos que se deu a formação da associação Contacto. Um grupo de jovens “com vontade de fazer algo no teatro” apostou e foram pioneiros em Ovar. “A Promessa” de Bernardo Santareno iniciou, assim, o ciclo que viria a tornar-se sério no futuro. A peça realizou-se em Válega e chamou a atenção de um animador da Inatel, que os convidou a levar o espectáculo a outras paragens com o apoio desta entidade. Na altura, o Grupo de Teatro Água Corrente de Ovar, a companhia começou então a promover o seu trabalho, e apesar dos apoios que lhes chegavam, depararam-se durante muitos anos com o mesmo problema: a falta de um lugar para ensaiar e projectar as peças. Hoje superaram esse obstáculo e estão fixos num edifício situado na r.x., que para além de albergar a associação, serve de palco a vários espectáculos. Ramos Costa é a voz e a cara da Contacto. Foi um dos fundadores, e foi lá que tomou as decisões mais importantes da sua vida. Apaixonado pelo palco, não estava nos seus planos ser encenador, mas numa altura em que as encenações da Companhia começaram a dar nas vistas foi necessário definir um responsável pelas mesmas. Ramos Costa foi apontado para o lugar e hoje assume esta profissão.


O Projecto

A acontecer aos fins-de-semana, durante o mês de Julho, nasceu para divulgar “pequenas histórias originais, preferencialmente monólogos de diferentes géneros”. Palcos de Verão trouxe novas experiências, “novas ideias de fazer teatro”. Ramos Costa fala em “teatro sério, teatro que visa originais. Esta acção acontece de dois em dois anos, e intercala com outro projecto da Contacto denominado Café Contacto. Este último, num registo diferente: teatro de revista. Este evento tem a duração de duas horas e acontece na eira da Casa Contacto onde é montada uma esplanada. O espectáculo é “mais alegre e ligeiro” que “diverte o público provocando uma interacção”. O mês da revolução dos cravos é lembrado na noite de 24 para 25 com Abril em Flor. O evento é composto por poesia, teatro e/ou música. As crianças são o foco da Festinfância. Este festival de teatro para a infância vai já na segunda edição e inicia-se no primeiro Domingo de Junho prolongando-se no resto do mês. Oficina de teatro É uma oficina porque segundo Ramos Costa “o teatro é uma construção, são materiais, são ideias e são emoções”. Aqui aprende-se o teatro no seu todo, desde a representação, passando pelos cenários e pela dramaturgia.

“A actual direcção estruturou um plano para uma oficina anual”. A formação decorre durante sete meses, e no final é apresentado um exercício final. Esta iniciativa, há muito ambicionada pelo, também, coordenador da oficina, “criou uma movimentação e um circuito de pessoas interessadas nos espectáculos da Contacto”. Há muito tempo que Manuel Ramos Costa tem “ vontade de formar pessoas”, e desde há quatro anos que esta oficina funciona, integrando já 60 pessoas, na sua maioria jovens. A ideia é “aperfeiçoar a oficina de teatro e chegar o dia em que esta oficina passe a escola efectiva”, criando uma academia de teatro. Os esforços têm sido feitos para que se concretize, visto que não existe nenhuma nesta área geográfica. No entanto esta oportunidade ainda não teve a atenção merecida pelas principais entidades da região. Paralelamente a estas iniciativas, a Contacto trabalha em projectos conjuntos com a Câmara Municipal de Ovar, exemplo disso foi o encontro com escritores do concelho.




A essência A direcção da Contacto é composta por nove jovens com idades inferiores a 25 anos e dois adultos. Por estar envolvida com tantas actividades, não cabe mais nada nos planos da Contacto. Para Manuel Ramos Costa é necessário “pensar muito bem no que fazemos” pois há “um nome e prestígio a defender”. Neste âmbito o encenador acredita que para conquistar e não afastar o público é essencial serem “diversificados mas também briosos”. Por outro lado, não esquecer que “o espectáculo tem a função de iludir um bocadinho os sentidos para que a mensagem passe”, mesmo que o assunto seja sério e polémico. “A Contacto é uma grande família”, é desta forma que o seu fundador caracteriza a colectividade, apontando a capacidade que esta tem de “cultivar a arte de palco mas também a arte dos afectos com tudo o que isso implica”. Aqui “somos versáteis”: “ uma actriz representa um grande papel como toma decisões à mesa ou pinta um cenário”. O director artístico alerta que quem entra para a Contacto vem “para uma associação experimentar e

aprender o espírito associativo, sociocultural”. Estar e comunicar com os outros sempre com o objectivo “de se dar à comunidade”, argumenta, sem esquecer os princípios de “disciplina, responsabilidade, dedicação e do cumprimento do plano de actividades”. Em relação ao lugar do teatro nos dias de hoje, o homenageado encenador acredita que nada mudou: “o teatro continua a ser o lugar onde as histórias acontecem porque há actores que as contam, há palavras e emoções porque há movimentos”. “Proporcionar às pessoas momentos felizes é a grande máxima de Manuel Ramos Costa. A paixão pelo teatro é evidente em Ramos Costa: “encenar e conduzir pessoas, é fantástico”, o que torna esta profissão “especial e muito humana”. E relativamente aos sonhos que alimenta encontra-se a exequível academia de teatro em Ovar e a construção de um teatro com um adequado auditório. A criação de um livro com várias peças escritas, resultado de Palcos de Verão, seria algo a apostar no futuro. Consoante o encenador “é importante que as companhias de TEATRO comecem a trazer aos palcos histórias portuguesas, do nosso quotidiano, do nosso ser português. Há uma necessidade muito grande de criarmos dramaturgia nacional e a Contacto com a sua modéstia com Palcos de Verão que contribui muito para isso.








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saiba DIREITO Sabia que: A venda à distância consiste numa uma técnica de venda em que os produtos são apresentados aos potenciais clientes por meio de imagens ou mensagens veiculadas por diversos meios de comunicação e às quais o consumidor responde, comunicando a sua decisão, pelos mesmos meios ou por outros similares. São consideradas vendas à distância, a venda por correspondência , a venda por Catálogo, a venda por telefone ou telemarketing, a venda por televisão ou teleshoping, a venda por videotexto e a venda por internet ou ecommerce. Esta é actualmente a forma de venda de bens e serviços à distância em maior expansão. … e se por um lado, são muitas as vantagens que se podem retirar desta modalidade de comércio, sabia que, as compras à distância em geral, e o comércio electrónico em particular, implicam alguns riscos e cuidados especiais a ter: · Deve certificar-se sempre da existência efectiva do vendedor. Não compre quando o único contacto se resumir a um apartado ou caixa de correio electrónico; Será importante conhecer a identidade completa do vendedor. Além do endereço electrónico, deve saber a morada, o número de telefone e/ou de fax e numero de pessoa colectiva ou NIF. Estes elementos são fundamentais para apresentar uma eventual reclamação ou para exercício do direito a desistir do contrato no prazo previsto na lei.

· Deve sempre analisar cuidadosamente o bem/ serviço e suas condições de venda, solicitando ao vendedor todos os esclarecimentos antes de encomendar. Uma vez que o consumidor não dispõe de contacto directo com o bem/serviço que adquire, é essencial que a sua descrição seja o mais completa e rigorosa possível. É importante a inclusão de fotografias dos produtos, a descrição detalhada, medidas, pesos, preço com impostos, despesas e prazos de entrega, modalidades de pagamento, direito de livre resolução, condições da oferta ou preço e duração mínima do contrato de fornecimento de bens ou da prestação de serviços, procedimento em caso de reclamação e etc. · Antes de fornecer os seus dados pessoais e bancários deve verificar se a informação é transmitida de forma segura (na internet, veja se é uma página segura. O URL https// significa que a empresa que está a contactar possui um certificado de segurança emitido por uma entidade certificadora); Mas não há nenhuma forma de garantir segurança absoluta. Por isso, tenha sempre uma atitude prudente. · Tem sempre direito a um período de reflexão após a compra/aquisição do bem ou serviço. Nesse prazo, poderá manifestar a intenção de resolver o contrato e devolver o produto, sendo reembolsado do preço, sem qualquer penalização ou necessidade de justificação. Deverá manifestar essa intenção por carta registada com aviso de recepção no prazo mínimo de 14 dias, se o vendedor for Português (este prazo poderá ser alargado nos termos legais). Caso o vendedor seja de outro país da U.E. o prazo é então de 7 dias úteis. O prazo conta-se a partir do dia da recepção do bem ou, no caso dos serviços, a partir do dia da celebração do contrato ou do inicio da prestação do serviço. Deverá então restituir os bens em devidas condições de utilização no prazo de 30 dias a contar do momento em que os recebeu.


· No caso anterior, o fornecedor tem a obrigação de devolver, no prazo de 30 dias, as quantias pagas pelo consumidor ou fica obrigado a restituir o dobro da quantia paga se não o fizer. O incumprimento deste prazo implicará ainda o pagamento de coima pelo fornecedor, a que acresce o direito do consumidor pedir uma indemnização por danos patrimoniais e não patrimoniais. · Sempre que a empresa vendedora não pertença à U.E., deve exigir informação concreta sobre a existência do período de reflexão, sobre a forma de efectivar a desistência bem como custos alfandegários e/ ou de portes de envio. Pode não ter os mesmos direitos que na U.E.. · Desde que coberto pela garantia, qualquer problema deve ser resolvido sem custos para o cliente, incluindo despesas com transporte, mão-de-obra e material. Assim, também as despesas com o envio de um produto avariado devem ser reembolsadas. · Deve imprimir sempre as condições do contrato e ler tudo, incluindo as letras pequenas; · Deve ter em atenção que os fornecedores apenas podem recolher os seus dados pessoais se forem estritamente necessários para efectuar a entrega da encomenda. · Caso efectue o pagamento por transferência bancária, deve pedir ao vendedor que lhe indique o IBAN (n.º de conta bancária internacional) e o BIC (código de identificação bancária) de forma a reduzir as taxas bancárias a seu cargo. · Caso utilize o cartão de crédito, ao fornecer o n.º do cartão e a data de validade durante uma compra em linha está a autorizar o débito na sua conta. O pagamento contra entrega será uma opção mais segura. · Deve guardar toda a informação referente à transacção e ficar atento ao extracto do cartão, verificando se não lhe são cobrados encargos adicionais.

· Se fez uma compra noutro Pais da U.E., não ficou satisfeito e não consegue resolver o problema com o vendedor, poderá apresentar uma reclamação na rede CEC, bastando preencher o formulário de reclamação e a sua queixa será encaminhada para o Centro Europeu do Consumidor. Em Portugal, já sabe onde reclamar. … Assim, saiba “à distância” os seus direitos e já agora, …se receber em sua casa um bem que não encomendou ou não solicitou por qualquer forma, não o pague porque não é obrigado a faze-lo. Diz a lei que o destinatário de bens ou serviços recebidos sem que por ele tenham sido encomendados ou solicitados não fica obrigado à sua devolução ou pagamento, podendo conservá-los a título gratuito. A ausência de resposta do destinatário não vale como consentimento. Para um conhecimento mais aprofundado sobre os seus direitos não deixe de consultar o diploma abaixo indicado. Bibliografia consultada: Decreto-Lei n.º 143/2001, de 26 de Abril com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 82/2008, D.R. n.º 97, Série I de 2008-05-20 http://direitoeconomia.com www.dolceta.eu euroconsumo@dg.consumidor.pt http://cec.consumidor.pt

Joana Santiago Advogada joanasantiago-10778p@adv.oa.pt Rua 19 n 465, 1º andar 4500-256 Espinho











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