Jogo de Conspiração – Christine Feehan
Caminhantes Fantasmas 04
Jogo de Conspiração Christine Feehan
Disponibilização/Tradução: Denise Ferreira Revisão: Julianna Lira Revisão Final: YGMR Formatação: Gisa PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares, e incidentes são o produto da imaginação do autor ou são usados ficticiamente, e qualquer semelhança a pessoas reais, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios, eventos, ou lugares é completamente coincidente. A editora não tem qualquer controle acima de e não assume qualquer responsabilidade ao autor ou sites da web de terceiros ou seu conteúdo. Copyright © 2006 por Christine Feehan. 1
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Caminhantes Fantasmas 04
Para Cindy Hwang e Steve Axelrod, Para os que acreditaram em mim o suficiente para ter uma chance nos livros de Jogo de Conspiração Obrigada.
Para Meus Leitores Não deixe de escrever para Christine em christine@christinefeehan.com e conseguir um descanso de tela exclusiva grátis e juntar-se a lista de e-mail PRIVADO para receber um anúncio quando os livros de Christine forem lançados. Reconhecimentos Eu quero agradecer a Domini Stottsberry por sua ajuda na tremenda quantia de pesquisa necessária para fazer este livro possível. Brian Feehan e Morey Faísca merecem muita gratidão por ficarem noites discutindo tática militares, e eu seria torpe em não mencionar meu marido, Richard, que deve se sentar com paciência infinita como eu descrevo cenas de ação e insisto em sua entrada! Como sempre, Cheryl, você é incrível!
Argumento: Jack Norton é um Caminhante Fantasma, um franco-atirador geneticamente desenvolvido com um sentindo impiedoso de justiça, um fantasma agraciado pelo anonimato da noite. Mas uma missão de resgate ao seu irmão na selva o deixou vulnerável às forças rebeldes. A sua única salvação é seu poder de telepatia. Então se encontra com Briony, uma inigualável beleza numa missão particular. Mas compartilham algo mais que o calor abafado...
Briony compartilha os poderes dos Caçadores Fantasmas. Ainda que seja diferente. Não sabe o que é, ou do que é capaz. Mas seus inimigos sim. E o vôo de Jack e Briony os levarão a uma espantosa conspiração de mente e corpo, através do mundo e dentro do coração da escuridão, onde a surpreendente verdade é algo que nenhum deles poderia haver previsto ou da que podiam escapar…
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Nós somos os Caminhantes Fantasmas, nós moramos nas sombras O mar, a terra, e o ar são nossos domínios Nenhum companheiro caído será deixado para trás Nós somos leais e temos laços de honra Somos invisíveis para nossos inimigos E nós os destruímos onde nós os achamos Nós acreditamos em justiça e nós protegemos nosso país e aqueles incapazes de proteger a si mesmos O que vai não visto, desconhecido, e desconhecido Somos Caminhantes Fantasmas Existe honra nas sombras e somos nós Nós nos movemos em silêncio completo na selva ou deserto Caminhamos entre nosso inimigo não visto e desconhecido Notável sem som e difunde para os ventos Antes de eles terem conhecimento de nossa existência Nós juntamos informações e esperamos com paciência infinita Para aquele momento perfeito entregar a justiça rápida Nós somos ambos misericordiosos e impiedosos Nós somos inexoráveis e implacáveis em nossas soluções Nós somos os Caminhantes Fantasmas e a noite é nossa
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Capítulo 1
A noite caiu rápido na selva. Sentando no meio do acampamento do inimigo, cercado por rebeldes, Jack Norton manteve a sua cabeça baixa, olhos fechados, escutando os sons vindos da floresta tropical enquanto ele examinava a sua situação. Com seus sentidos realçados ele podia cheirar o inimigo perto dele, e até mais distante, escondidos na vegetação densa e luxuriante. Ele estava bastante seguro de que este era um acampamento satélite, um de muitos profundos nas selvas da República Democrática do Congo, em algum lugar ao oeste de Kinshasa. Ele abriu uma pequena fresta dos olhos para olhar ao seu redor, planejando detalhadamente cada passo da sua fuga, mas até esse movimento minúsculo enviou uma dor pulsante através do seu crânio. A agonia da última surra esteve quase perto de destruí-lo, mas ele não ousou perder a consciência. Eles o matariam da próxima vez, e a próxima vez estava se aproximando mais rápido que ele tinha antecipado. Se não achasse uma saída logo, nem todos os realces físicos e psíquicos do mundo o salvariam. Os rebeldes tinham todo o direito de estarem furiosos com ele. O irmão gêmeo de Jack, Ken, e sua equipe paramilitar de Caçadores Fantasmas tinham tido sucesso em tirar deles os primeiros prisioneiros políticos americanos verdadeiramente valiosos. Um senador dos Estados Unidos tinha sido capturado enquanto viajava com um cientista e seus dois ajudantes. Os Caçadores Fantasmas tinham entrado com uma precisão mortal, resgatando ao senador, ao cientista e a seus dois ajudantes junto com o piloto, deixando um caos no acampamento. Ken foi capturado e os rebeldes o tinham mantido preso por um dia no acampamento, torturando-o. Jack não tinha mais escolha que ir atrás do seu irmão. Os rebeldes não estavam muito felizes com Jack por privar-lhes de seu prisioneiro, até aquele momento tinham tido a Ken. Jack tinha estado organizado o fogo de cobertura¹, no momento em que os Caçadores Fantasmas tiraram a Ken e tinham dado o golpe. A ferida não era crítica, tinha estado testando a sua perna e não estava quebrada, mas a bala tinha atingido a sua perna e ele caiu. Despediu-se da sua equipe e se resignou à mesma tortura que seu irmão tinha agüentado. Mais uma coisa que compartilhavam como faziam nos seus dias de juventude. ¹Fogo de cobertura: soldados que cuidam da retaguarda. (Nota Revisor) A primeira surra não tinha sido tão ruim, antes que o Major Biyoya aparecera. Chutaram-lhe e deram socos, pisando forte sobre a sua perna ferida um par de vezes, mas principalmente, evitaram torturá-lo, esperando saber o que o General Ekabela tinha em mente. O General tinha mandado a Biyoya. A maioria dos rebeldes eram militares treinados, e muitos em certa época tinham tido altos cargos no governo ou no exército, até em um dos muitos golpes, e agora estavam cultivando maconha e causando estragos, assaltando cidades pequenas e matando a quem se atrevesse a se opor ou tinham granjas ou terra que os rebeldes queriam. Ninguém se atrevia a passar por seu território sem permissão. Eram experientes com as armas e na guerra de guerrilhas e gostavam de torturar e matar. Agora tinham prazer nisso e o poder os levava a seguir. Até mesmo a ONU 4
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evitava a área, já que, quando traziam os medicamentos e provisões aos povoados, os rebeldes roubavam. Jack abriu os olhos o suficiente para olhar o seu peito nu onde o Major Keon Biyoya tinha talhado o seu nome. O sangue gotejava e as moscas e outros insetos mordedores reuniam para o festim. Não era a pior das torturas, mas significava muito ou era do mais humilhante. Tinha agüentado estoicamente, se distanciando da dor como fez durante toda a sua vida, mas o fogo da vingança queimava em seu ventre. A raiva correu fria e profundamente, como um rio tumultuoso embaixo da superfície calma de seu rosto inexpressivo. Uma perigosa emoção correu através do seu corpo e inundou suas veias, desenvolvendo a adrenalina e a força. A alimentou deliberadamente, relembrando cada detalhe de seu último interrogatório com Biyoya. As queimaduras de cigarro, pequenos círculos que estragavam o peito e os ombros. As marcas do chicote que tinha descascado a sua costa, Biyoya tinha passado seu tempo marcando seu nome profundamente e quando Jack não tinha feito nenhum som conectou cabos de bateria para lhe dar descargas elétricas e isso só tinha sido o início de varias horas nas mãos de um louco retorcido. Os cortes precisos de cinco centímetros, quase cirúrgicos que cobriam quase cada centímetro do seu corpo eram idênticos aos que este homem tinha feito a seu irmão e com cada corte Jack sentia a dor de seu irmão quando podia afastar a sua dor. Jack saboreou a ira na boca. Com uma lentidão infinita moveu com cuidado suas mãos à costura da sua calça de camuflagem, as pontas dos dedos buscando o final pequenino do magro cabo costurado ali. Começou a tirar com um movimento suave e treinado, seu cérebro trabalhando a todo o momento com fria precisão, calculando as distancias até as armas, planejando cada passo para chegar até a folhagem da selva. Uma vez ali, estava seguro de suas próprias habilidades para iludir os seus captores, mas primeiro tinha que cobrir o chão sem vegetação e passar por uma dúzia de soldados treinados. A primeira e única coisa que sabia sem nenhuma sombra de dúvida era que o Major Keon Biyoya era um morto andante. Dois soldados marcharam pesadamente através do acampamento em sua direção. Jack sentiu um espiral em seu interior enrolando mais e mais forte. Era agora ou nunca. Suas mãos estavam amarradas a sua frente, mas seus captores tinham sido descuidados, deixando seus pés livres depois da ultima sessão de tortura, crendo que ele estava incapacitado. Biyoya tinha golpeado violentamente o cabo do rifle na ferida da sua perna, várias vezes, zangado porque Jack não tinha dado nenhuma resposta. Jack tinha aprendido com pouca idade a ser silencioso, ir a algum lugar longe em sua cabeça e separar a cabeça e o corpo, mas homens como Biyoya não podiam conceber essa possibilidade. Alguns homens não faziam, não podiam quebrar-se, inclusive com drogas em seu interior e a dor sacudindo seus corpos. Uma mão agarrou o cabelo de Jack e deu um puxão forte para levantar sua cabeça. Água gelada salpicou sua cara, correu pelo seu peito sobre as feridas. O segundo soldado esfregou uma pasta de sal e folhas abrasivas nas feridas ao mesmo tempo em que ambos riam. - O Major quer que seu nome apareça agradável e bonito. – disse um graciosamente na sua língua materna. Inclinou-se para olhar detidamente os olhos de Jack. Ele deve ter visto a morte ali, a fria ira e a determinação glacial. Ofegou, mas foi um pouquinho lento demais ao se afastar. Jack se moveu rápido, uma mancha veloz de mãos enquanto passava o fino cabo arredor do pescoço do rebelde, usando-o como escudo quando o outro soldado pegou a sua arma e disparou. A bala golpeou o primeiro rebelde e lançou a Jack para trás.
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O caos estourou no acampamento, os homens se dispersaram para cobrir e disparar em direção a selva, confusos com a origem do tiroteio. Jack só teve dois segundos para abrir caminho e se cobrir. Tirando a faca do cinto do rebelde, apunhalou ao agonizado soldado no pulmão e dirigiu a faca as cordas que o atavam, ao mesmo tempo em que ainda segurava ao soldado como escudo. Jack lançou a faca com precisão mortal, perfurando a garganta do soldado que tinha a arma. Soltando o corpo morto, Jack correu. Zigzagueou seu caminho através do campo aberto, chutou os troncos para fora da lareira, os enviando dispersos em todas as direções, correndo deliberadamente entre os soldados, de forma que se alguém disparava poderia ferir a um dos seus. Correu em direção de um soldado, fechando seu pulso sobre a garganta do homem com uma mão e com a outra pegando sua arma. Pulou sobre o corpo e seguiu correndo, esquivando de um grupo de cinco homens lutando com seus pés. Jack chutou a um no joelho, o deixando cair com força, arrancando o facão de sua mão e desferindo-lhe um golpe mortal antes de girar e atacar aos outros quatro, cortando com uma maestria nascida de uma larga experiência e um total desespero. Os gritos e as balas corriam através da selva por isso os pássaros se elevaram das copas das árvores, gritando no ar. Os gritos dos feridos misturavam-se com os sons desesperados que os líderes zangados gritavam para estabelecer a ordem. Um soldado surgiu na frente de Jack, varrendo a área com um rifle de assalto. Jack golpeou o chão e deu uma pirueta, dando golpes com seu pé, o jogando no chão, arrancando de suas mãos, e usando a sua realçada força, dando um golpe mortal com a culatra do rifle. Pendurou as armas ao redor do pescoço para deixar suas mãos livres, e pegou um facão e outro rifle ao mesmo tempo em que corria em direção a cobertura da selva. O soldado de cobertura tinha disparado sem querer, disparando em vários de seus colegas rebeldes. Jack mergulhou na folhagem mais espessa que tinha perto, dando piruetas nas samambaias frondosas, e correu agachado ao longo da estreita trilha feita por algum animal pequeno. As balas choviam próximas, uma ou duas estiveram muito perto para a sua tranqüilidade. Manteve-se movendo depressa na profunda selva onde a luz apenas penetrava à grossa copa da vegetação. Era um Caminhante Fantasma e as trevas lhe deram as boas-vindas. A floresta tropical era composta de várias camadas. No nível emergente, as árvores cresciam tão altas como uns 82 metros. A copa das árvores estava a uns 21 metros sobre ele, onde muitos dos pássaros e a vida selvagem moravam. Os musgos, o líquen e as orquídeas cobriam os troncos e as ramas. Videiras parecidas com serpentes desciam como tentáculos. Palmeiras, filodendros² e samambaias se propagavam com folhas grandes para prover inclusive maior cobertura. O cerrado via muita pouca luz solar e estava muito escuro e úmido, perfeito para o que ele necessitava. ²planta arácea de folhas grandes e formosas Uma vez nas áreas mais escuras se misturou entre a folhagem, os riscos e moldes da selva cobririam a sua pele, desde o seu rosto para o pescoço, seu peito e braços. A calça de camuflagem especialmente desenhada recolheu as cores ao redor e as refletiram, por isso praticamente desapareceu na vegetação, como se a selva o tivesse tragado. Jack pulou nas árvores, usando as ramas mais baixas, subindo rapidamente até a bifurcação de uma grande árvore de folha perene que era extremadamente pesado na folhagem. Da sua posição, podia ver facilmente o chão do bosque. Parecia descoberto, mas sabia que estava coberto de insetos, como um tapete sobre o chão pobre. Esperou, sabendo que os rebeldes viriam a tropel pela selva. O Major Biyoya estaria furioso porque Jack escapara. Biyoya teria que responder ao general, e o General Ekabela não era conhecido por tratar amavelmente a quem falhava com ele.
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As maldições e as ordens gritadas, raiva e medo em suas vozes, foram à deriva junto com a fumaça através das árvores. Jack desejou que um dos troncos flamejantes que tinha chutado para fora da lareira, tivesse tocado fogo na pequena cabana coberta com folhas que o Major gostava de usar. Jack examinou suas armas. Tinha dois rifles com munição limitada, um facão, e duas facas, e costurados as suas calças tinha vários garrotes. Mais que armas e facas, Jack tinha seu físico e psíquico realçado, produto da experimentação permitida por ele para se converter em um membro encoberto dos Caminhantes Fantasmas. Ao redor dele, a pesada folhagem lhe manteve escondido, e as parreiras lhe permitiam mover se para cima e para baixo nas árvores que ele necessitasse. O som da chuva era um companheiro seguro, Mas as pesadas gotas apenas transpassavam a grossa vegetação por cima dele. A umidade que lhe tocava lhe ajudou a diminuir o calor opressivo. Os soldados entraram na selva em um modelo padrão de busca, os homens não estavam separados por não mais que quatro pés, mas se dispersaram para cobrir uma área mais ampla. Isto lhe indicou que o Major se encontrava em cena e dirigindo aos seus homens no meio do caos. Jack se agachou, com o rifle nos seus braços, e viu aos rebeldes saírem das amplas plantas frondosas e as samambaias gigantes. Pensavam que eram silenciosos, mas escutava o ofegar estável do ar se movendo por seus pulmões. Inclusive sem isto, os teria localizado facilmente. Com sua visão apurada de Caminhante Fantasma, as ondas de calor vermelho e amarelo de seus corpos brilhavam como neon contra a folhagem fria da selva. Cheirou a excitação exalando de seus poros. Deveria ser medo. Sabiam que entrava, na selva atrás de um predador ferido e que ele os caçaria, não tinha maneira de conhecer o tipo de homem que ele era. Jack tinha se movido depressa através da terra descoberta do acampamento, mas uma vez debaixo da proteção das sombras, estava seguro porque tinha escondido seus rastros. Tinha sido muito cuidadoso para não quebrar as plantas nas árvores enquanto subia, pulando a maior parte do caminho, aterrissando levemente nos calcanhares para não estragar o musgo ou o líquen e delatar a sua presença. Eles esperavam que fosse para Kinshasa, escapando tão rápido como fosse possível. Ninguém olhou para cima, seguramente não para o alto da copa, e sentou-se silenciosamente enquanto a primeira leva de aproximadamente 30 soldados o deixava para trás. Examinou as armas a fundo, familiarizando com a sensação de cada uma. Tomou seu tempo fazendo uma bainha para o facão, usando uma videira para pendurá-lo. Tudo isso ao mesmo tempo em que olhava e escutava, buscando em sua mente, escolhendo suas trilhas de sua posição vantajosa, escutando os sussurros dos homens enquanto passavam embaixo da sua árvore. O lugar onde estava era um problema, e logo que o último dos atrasados passou, guardou um dos rifles na bifurcação dos galhos da árvore, voltou ao limite do acampamento. Usando as videiras para passar através das copas das árvores, cortou umas suculentas uvas recheadas de liquido e as manteve em sua boca, evitando derramar uma gota. Um chimpanzé gritou uma advertência há uns cem metros do seu lado esquerdo, e se congelou, gradualmente permitiu que a parreira voltasse ao emaranhamento com o resto. Inverteu seu corpo com lenta precisão, se moveu como um fantasma, de cabeça para baixo, pela parreira para o chão da floresta. Pendurado a alguns centímetros do chão, deu uma virada graciosa para colocar seus pés cuidadosamente sobre a superfície úmida. Aterrissando em uma posição agachada, as armas em alto e prontas. Congelou-se quando os dois guardas do perímetro olharam-no diretamente, mas não o viram. Seu corpo misturando com as árvores e as folhagens ao seu redor. Os dois soldados solitários olhavam ao redor com cautela, e intercambiavam comentários acalorados que terminavam dando um razão ao outro. 7
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A fumaça ondulava em uma das cabanas, e Jack espiou pequenas chamas que ainda luziam nos destroços. Dois soldados trabalhavam empilhando os corpos dos mortos enquanto um terceiro e um quarto ajudavam aos feridos. Jack margeou ao redor do clarão, mantendo-se na pesada folhagem enquanto se aproximava do arsenal. Ele sabia que o arsenal era enorme. O material tinha pertencido ao governo anterior e tinha vindo dos Estados Unidos. Quando o general e seus soldados tinham abandonado seus trabalhos no exército e se dispersaram, tinham assaltado inúmeros arsenais governamentais. Como um exército estava bem armazenado, bem treinado e completamente móvel, umas cinco mil tropas. O general governava a região com uma mão impiedosa e sangrenta, mantendo as pessoas na linha com uma violência rápida considerando as lições necessárias. O acampamento principal estava a menos de 185 quilômetros no interior e os pequenos campos satélites se estendiam como uma teia de aranha. Perto do arsenal, Jack se deixou cair sobre seus joelhos e cotovelos, para avançar lentamente sobre as camadas da vegetação apodrecida. Encima dele e ao seu redor, formigas, escaravelhos, e cupins corriam através das folhas e galhos. Ignorou-os enquanto avançava para frente ao passo de uma tartaruga, permanecendo nas sombras todo o possível. Um dos guardas caminhou em direção ao outro e gesticulou para o homem ferido falando animadamente. Jack moveu-se para frente centímetro a centímetro, até que esteve totalmente fora de visão, sua pele e roupa refletiam as cores profundas da terra. A noite tinha caído e os sons que vinham do interior do bosque tinham mudado sutilmente. Um guepardo rosnou ao longe. Os pássaros chamavam uns aos outros enquanto se instalavam na copa mais alta. Os chimpanzés se acalmaram enquanto os grandes predadores apareceram. Os insetos ficaram mais barulhentos, um som contínuo que nunca parava. A névoa chegou sobre as montanhas e vagou pelo bosque e ao longo do chão. Jack se manteve a um ritmo constante através do chão. Se dirigindo para onde os guardas eram mais potentes, sua meta era o círculo de veículos com a carga dentro. O arsenal principal estaria em um esconderijo no centro do acampamento, mas todos os acampamentos periféricos teriam provisões com eles, e manteriam essas provisões com uma forte segurança e tão em movimento como fosse possível. Ou seja, nos veículos. Os jipes e os caminhões estavam estacionados a uma pequena distancia longe do acampamento por segurança. Os guardas estavam aproximadamente a uns dois metros à parte. A maioria fumava ou falava, ou olhava ao redor da selva. Os dois que estavam mais próximos estavam fazendo apostas sobre o que o Major faria ao prisioneiro quando o trouxessem. Jack se deslizou pela grama até o primeiro jipe estacionado em um apertado círculo. Rodou embaixo dele, e examinou a área levantando cautelosamente a cabeça. As armas estavam em caixas dentro do caminhão que estava dentro do círculo, justamente onde ele pensava que estaria. Aproximou-se à parte de trás do caminhão encoberto e de novo esperou na grama enquanto os besouros avançavam lentamente pelo seu corpo. Quando o guarda mais próximo olhou ao longe, Jack subiu no pára-choque e pulou como uma aranha humana. Eles estavam bem abastecidos com armas de fogo. Apropriou-se de vários cartuchos de M16, assim como pegou uma pistola de nove milímetros. As caixas continham rifles, cinturões e caixas de munição. As caixas de granadas estavam na frente, e as bombas com os detonadores com os cabos estavam no fundo. Jack deslocou-se para a porta traseira, necessitando se apropriar de provisões, quando um cano de fuzil coberto de sangue captou sua atenção. O coração pulou em seu peito quando se agachou para limpar a sujeira da arma. O rifle de franco-atirador tinha sido lançado de qualquer jeito em uma caixa de Ak47. Era um Remingtom, coberto com o sangue do seu irmão, ainda 8
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levando algumas impressões manchadas. O reconheceu de imediato, nunca tinha sido tratado a não ser com sumo respeito. O levantou e embalou-o, recorrendo com suas mãos o barril como se pudesse limpar o que havia sido feito. Os dedos de Jack apertaram sobre o rifle quando as lembranças verteram sobre ele. O suor estalou em seu corpo e sacudiu a cabeça, afastando os sons dos gritos de crianças e o sentimento de dor e humilhação, a visão de seu irmão lhe olhando, as lágrimas correndo por sua face. O rosto mudou para o rosto de outro homem, e Ken lhe estava olhando com a mesma desesperação, essa mesma dor e humilhação. Quando Jack o levantou, estava horrorizado ao ver que a pele tinha sido arrancada do traseiro de Ken, deixando uma massa crua de músculos e tecido cobertos de moscas e insetos. Escutou o grito em sua própria cabeça e olhou as suas mãos e viu sangue. Não as tinha lavado e nunca o faria. Respirou profundamente, forçando a sua mente longe de seus constantes, e muito reais pesadelos. O Major Biyoya teria muito ao que responder, e torturar a Ken era o primeiro da lista. Jack não fugia silenciosamente. Nunca antes tinha ido embora em sua vida. Não estava nele e nunca o faria. Biyoya seria levado perante a justiça, sua justiça, de uma forma ou de outra, porque isso era o que Jack iria fazer. Pendurou o rifle ao longo do pescoço, colocando a mira e as balas em um cinturão para munição. Tão rápido e eficiente como foi possível, recolheu suas armas, usando uma mochila da parte de trás do caminhão. A pistola nove milímetros era um dever. Pegou tantas granadas, blocos de C-4, e bombas quanto podia levar. Baixou carregado, arrastou-se até a parte traseira do caminhão e olhou para fora. Os guardas estavam olhando a limpeza da confusão que tinha causado no acampamento. Jack saiu do caminhão de cabeça, descendo ao chão e se deslizando embaixo do caminhão para uma maior cobertura. Foi um desafio muito maior mover suas provisões desde o círculo de veículos até a selva. Moveu-se pouco a pouco, sentindo as numerosas mordidas dos insetos, o calor opressivo, a terra e a grama que arranhava seu corpo, e a fadiga que adormecia sua mente. Não poderia bloquear a dor de suas feridas por muito mais tempo. Apesar da escuridão, lhe levou muito mais tempo do que havia previsto atravessar o círculo aberto e passar através dos soldados. Estava quase longe dos veículos quando um dos guardas virou bruscamente e caminhou em sua direção. Jack se congelou, deslizando seu contrabando de armas para baixo da planta de folhas amplas que estava perto de suas mãos. Não tinha escolha só podia deitar de barriga para baixo na escuridão, confiando na camuflagem de seu corpo. O guarda chamou a um segundo e o homem perambulou, mudando seu rifle pelo seu corpo. Eles falavam no idioma de Congo, um idioma que Jack já estava familiarizado, mas estavam falando muito rápido, tornando difícil a interpretação de tudo o que estavam dizendo. O Festival de Música de Fespam em Kinshasa era considerado como o mais longo e ainda melhor com a interpretação que havia sido trazida desde Europa desta vez, e o guarda queria ir desesperadamente porque o Vôo 5 estava funcionando. O general tinha prometido que eles poderiam ir, mas a menos que encontrassem o prisioneiro, ninguém iria a lugar nenhum. O outro guarda esteve de acordo e jogou um cigarro quase na cabeça de Jack, pisando-o com a bota antes de incluir suas queixas. Jack respirou silenciosamente. O Vôo 5. Que classe de coincidência seria essa? Ou era pura sorte. Jebediah Jenkins era um membro do Vôo 5 e tinha servido com Jack nos SEALS. Se Jack pudesse chegar a Kinshasa e encontrar Jebediah, poderia sair disparado desse inferno, ou estaria caindo em outra armadilha?
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No momento que os guardas se moveram, começou a se mover pouco a pouco em direção ao bosque outra vez. Uma vez em meio a pesada folhagem, subiu às árvores, conferindo suas provisões e tomando um tempo para respirar fundo. Repetiu a viagem ao círculo de veículos, voltando através dos guardas até o caminhão de provisões. Esta vez foi para pegar mais bombas, cabos e detonadores. A paciência e a disciplina iam juntas com sua profissão, e tinha ambos em abundancia. Tomou o seu tempo, conscientizado em sua missão, nem uma vez permitiu a sua mente congelar sob pressão, nem inclusive quando os soldados quase o pisaram. Colocou os cabos no caminho conhecido que conduzia a selva, nas tendas, no retrete e em cada veículo restante. Os minutos se converteram em horas. Era muito tempo para estar no acampamento inimigo, e sentia cansaço. O suor gotejou em seus olhos e ardeu. Seu peito e especialmente suas costas estavam ardendo, e sua perna palpitava pela dor. As infecções na selva eram perigosas, e havia sido despojado de sua roupa e todos os seus medicamentos. Em algum lugar na distancia Jack captou o grito dos chimpanzés e imediatamente classificou os sons na selva até que captou o que estava esperando, o som de movimentos através do mato. Biyoya estava levando seus soldados de volta para o acampamento, querendo esperar até que pudessem examinar as pistas na terra úmida. Jack sabia que Biyoya tinha segurança de recuperar seu prisioneiro. Os Acampamentos rebeldes estavam estendidos por todas as partes na região e pouco aldeões se arriscariam a morrer e ao castigo por esconder a um estrangeiro. O major Biyoya acreditava nas torturas assim como na limpeza étnica. Sua reputação de selvagem era amplamente conhecida e poucos estavam dispostos a se opor a ele. Jack terminou com sua última tarefa sem pressa, antes de começar a arrastar-se de volta até a selva. Calculou sua entrada fora do caminho mais usado e na folhagem mais grossa. O cheiro dos soldados que regressavam lhe golpeou fortemente. Suavam pelo calor sufocante do interior. Forçou-se a manter o passo lento, estando seguro de não centrar os olhos das sentinelas nele ao mesmo tempo em que se deslizava embaixo das parreiras trepadoras e das plantas de folhas grandes que rodeavam ao acampamento. Deitou-se por um momento, sua cara no barro e tomou alento antes de empurrar-se sobre seus pés e correr agachado de volta às árvores mais altas. Podia escutar como a respiração dos soldados saía dos pulmões ao mesmo tempo em que se apressavam até o seu acampamento, seu líder zangado repreendendo a cada passo do caminho. Jack se manteve por um momento embaixo da árvore escolhida, respirando através da dor, reunindo sua força antes de agachar-se e saltar ao galho mais próximo. Saltou de galho em galho até que esteve no mais grosso, sentando-se comodamente, o rifle do seu irmão embalado em seus braços enquanto esperava. A noite era reconfortante, uma familiar casa de sombras. O primeiro grupo de rebeldes apareceu em sua visão, em uma formação fraca, os olhos cautelosos enquanto tratavam de aprofundar o véu de escuridão para qualquer inimigo. Dois jipes haviam saído com o grupo, tomando a barrenta estrada estragada que voltava para o bosque e então viraram umas milhas no interior. Os jipes vinham para o acampamento, os motores chiavam e respingavam barro ao seu redor. O corpo principal de soldados vinha através das árvores, ainda disperso, as armas prontas, nervosos como o diabo. Jack instalou a alça de mira no rifle do seu irmão e com calma carregou as balas. A explosão foi barulhenta no silêncio da noite, enviando uma bola de fogo para o céu. Choveu metal e estilhaços, mandando entulhos que caiam de repente no acampamento e incrustando o metal nas árvores. Os gritos dos homens morrendo se misturavam com os gritos dos pássaros e dos chimpanzés enquanto o mundo ao redor explodia em chamas vermelhas alaranjadas. O jipe10
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guia tinha golpeado o cabo justo na entrada do acampamento, tropeçando com uma minaterrestre e fazendo tudo ao redor voar em pedaços. Os soldados se jogaram contra o chão, cobrindo suas cabeças enquanto os fragmentos choviam do céu. Jack manteve um olho na mira. Biyoya estava no segundo jipe, e o motorista virou longe da bola de fogo, perto de jogar aos passageiros enquanto o veículo passava freneticamente entre as árvores. Biyoya pulou fora, mergulhando na folhagem, gritando aos soldados que se espalhassem e buscassem a Jack. Usando o caos das explosões e os gritos dos homens enquanto se escondiam, Jack apertou o gatilho, matando a um dos soldados no limite do bosque. Mudando os objetivos, rapidamente disparou três vezes mais. Quatro tiros, quatro mortos. Não querendo que os soldados notassem desde onde estava disparando, Jack agarrou uma parreira e se virou de cabeça para baixo, pelo lado oposto da árvore e dos soldados, subindo mão sobre mão, até que pode virar-se até o chão. Aterrissou suavemente sobre os calcanhares, que se desbotaram nas samambaias muito grandes e se deixou cair sobre a barriga. Através dos arbustos poderia deslizar-se detrás do rastro animal quase invisível que lhe levou atrás do guarda pessoal de Biyoya. Jack levantou-se, um fantasma silencioso, o facão na mão, entrou rápido e firme, cuidadoso assegurando-se de que o guarda não pudesse delatar sua presença com um só som, Jack deslizouse de novo na folhagem, sua pele e sua roupa misturando com o ambiente. Biyoya virou-se para falar algo ao guarda e gritou sobressaltado, pulou longe do homem morto e se agachou atrás do jipe. Gritou a seus soldados e encheram a selva de balas, acendendo a noite como bocas de fogo. As folhas e as ramas caíram como granizo, chovendo desde cima, e vários soldados caíram, atingidos pelo fogo cruzado. Biyoya teve que gritar várias vezes para estabelecer o controle de novo. Ordenou outra varredura pelo bosque circundante. Os soldados se olharam uns aos outros, obviamente não muito felizes com o comandante, mas obedeceram com resistência, outra vez ombro com ombro, caminharam através das árvores. Jack já estava de volta em sua árvore, inclinando seu corpo cansado contra o grosso tronco. Desabou-se, mas manteve um olho na mira em espera de ter um disparo claro de Biyoya. Tratou de manter qualquer pensamento do seu lar e de irmão fora da sua mente, mas foi impossível. O corpo de Ken, tão sangrento, tão cru. Não tinha um lugar onde não estivesse sangrando. Teria chegado Jack muito tarde? De jeito nenhum. Saberia se seu irmão estivesse morto, e se fosse possível, Ken viria atrás dele. Inclusive agora, poderia estar perto. Racionalmente Jack o sabia bem, sabia que as feridas de Ken eram muito sérias e estava a salvo em um hospital a milhas e milhas de distância, mas não pode deter-se. Jack se esticou através de seu caminho telepático, a forma que não havia usado desde que eram soldados, e chamou a seu irmão. Ken, estou em uma fodida confusão. Você está aí, irmão? O silencio saudou a sua chamada. Por um terrível momento, sua resolução vacilou. Seu estômago se embrulhou e o medo o inundou. Medo por sua própria situação e algo muito perto ao terror por seu irmão. Estendeu a mão, a viu tremer e sacudiu a cabeça, forçando sua mente longe dos pensamentos destrutivos. Esse caminho seria sua própria destruição. Este trabalho era para escapar, para sobreviver, para chegar até Kinshasa. Os soldados andavam pelo bosque, usando as baionetas para empurrar os arbustos espessos e as samambaias. Apunhalaram a vegetação que estava no chão e caminharam ao longo dos bancos das correntes que alimentavam o rio. As folhas golpearam os diques úmidos. O jipe lentamente começou a se mover, somente o motorista e os soldados ao redor eram vulneráveis enquanto caminhavam na frente dos restos do primeiro veículo no acampamento. 11
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Jack baixou o rifle. Ia ser uma noite longa para os soldados. Enquanto isso tinha que planejar seu caminho para a liberdade. Estava a oeste de Kinshasa. Uma vez na cidade, poderia encontrar a Jebediah e se esconder até que encontrasse a forma de chamá-los para o resgatarem. Soava o suficientemente simples, mas tinha que trabalhar seu caminho através dos acampamentos rebeldes entre Kinshasa e sua situação presente. Não ia se enganar estava em má forma. Com ou sem as feridas abertas, a infecção era mais uma certeza que uma possibilidade. O cansaço caiu sobre ele. A solidão. Havia escolhido esta vida desde há muito tempo, a única opção que tinha na época. A maior parte do tempo não o lamentava. Mas às vezes, quando se sentava a 9 metros do chão em uma árvore com um rifle em suas mãos e a morte ao redor, se perguntava o que seria ter uma casa e uma família. Uma mulher. Risos. Não podia lembrar-se do riso, nem inclusive com Ken, e Ken podia ser divertido nas ocasiões mais inoportunas. Era muito tarde para ele. Era áspero, frio e qualquer suavidade com a que poderia ter nascido, tinha sido apagada há muito tempo antes que fosse um adolescente. Olhava às pessoas e ao mundo ao redor despojado de beleza, vendo somente a feiúra. Era matar ou morrer no seu mundo, e era um sobrevivente. Sentou-se e fechou os olhos, necessitando dormir por uns minutos. O som de gritos o despertou. O som normalmente lhe atormentava em seus pesadelos, gritos e disparos, a visão de sangue correndo em escuras piscinas. Suas mãos se apertaram ao redor do rifle, o dedo acariciando o gatilho inclusive antes que seus olhos se abrissem de repente. Jack respirou lenta e profundamente. Fogos intermitentes vinham da direção do acampamento. Várias de suas armadilhas tinham sido detonadas e outra vez o caos reinava no acampamento rebelde. As balas crepitaram na selva, passando através das folhas e rasgando o tronco das árvores. O fantasma na selva tinha golpeado uma e outra vez, e os rebeldes estavam com medo até as suas gargantas. De vez em quando, durante as seguintes horas, algum desgraçado soldado ativava uma armadilha, provavelmente tratando de desfazer-se dela, e o acampamento estourava no alvoroço, a confusão, e o pânico quase dirigindo à rebelião. Os soldados queriam ir-se ao acampamento base, mas Biyoya negava-se, firme em que eles recuperariam ao preso. Era um tributo a sua liderança, ou crueldade, que fosse capaz de reuni-los depois de cada ataque. Ninguém dormiu, e a névoa se arrastou pelo bosque, cobrindo as árvores e misturando se com a fumaça dos contínuos fogos. Através da névoa, Jack viu o acampamento em movimento, abandonando sua posição. Biyoya gritava a seus homens e sacudiu seu punho no acampamento, a primeira indicação real de que a longa noite tinha tomado seu preço. Tinha perdido mais da metade de seus soldados, e foram forçados a agrupar-se em um nó apertado ao seu redor para proteger-lhe. Não pareciam muito felizes, mas marcharam estoicamente através da selva pela estrada em mal estado e lamacenta. A chuva começou outra vez, uma garoa estável que agitou a vida na selva. Os chimpanzés retomaram a sua comida e os pássaros voaram de árvore em árvore. Jack captou um javali se movendo através dos arbustos. Passou uma hora, empapando suas roupas e sua pele. Nunca se moveu, esperando com a paciência nascida de uma vida de sobrevivência. Biyoya teria seus melhores rastreadores e os melhores atiradores ocultos, esperando que fizesse um movimento. O major Biyoya não queria voltar ao general Ekabela e admitir que tinha perdido soldados especiais para seu prisioneiro. Seu prisioneiro fugido. Este tipo de coisas lhe faria perder sua reputação, aos olhos do comandante, duramente ganhada como interrogador impiedoso. Os olhos de Jack eram diferentes, sempre tinham sido diferentes, e depois que Whitney lhe tinha mudado geneticamente, sua visão se tinha feito espantosa. Não entendeu o funcionamento, mas tinha a visão de uma águia. Não lhe preocupou de como foi feito, mas podia ver distâncias 12
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que outros não poderiam ver. Pelo canto do olho, um movimento a esquerda de sua posição captou sua atenção, a cor de faixas em amarelo e vermelho. O franco-atirador movia-se cautelosamente, mantendo-se na folhagem espessa, pelo que Jack somente captava vislumbres dele. Seu observador se mantinha à esquerda, cobrindo cada passo que o atirador dava ao mesmo tempo em que examinava o chão e às árvores circundantes. Jack começou a mover-se lentamente para uma posição melhor, mas parou quando escutou um grito feminino na distância seguido de perto pelo grito assustado de uma criança. Jack moveu bruscamente a cabeça, seu corpo ficou tenso, o suor estourou em sua frente e gotejou a seus olhos. Conhecia Biyoya seu ponto fraco? Sua única debilidade? Isso era impossível. Sua boca estava seca e o coração lhe golpeava no peito, que sabia Biyoya dele? Ken tinha sido brutalmente torturado. Não tinha um centímetro quadrado do corpo de seu irmão gêmeo que não tinha sido cortado em finas rodelas ou esfolado. Poderia o interrogatório ter derrubado a Ken? Jack sacudiu a cabeça, negando o pensamento, e limpou-se o suor da cara, um movimento lento e cuidadoso. Ken nunca o trairia torturado ou não. O conhecimento era seguro, tão parte dele como sua respiração. Entretanto, tinha obtido a informação, Biyoya tinha posto a armadilha perfeita. Jack tinha que responder. Seu passado, enterrado profundamente onde nunca olhava, não deixaria distanciar-se. Armadilha ou não, tinha que reagir, tomar medidas. Seu estômago deu um nó e seus pulmões ardiam pelo ar. Praguejou e colocou um olho na mira de novo, determinado a eliminar a escolta de Biyoya. A mulher gritou de novo, esta vez um som dolorido no amanhecer prematuro. Seu estômago se endureceu em algo horroroso. Sim. Biyoya sabia, tinha informação dele. Estava classificado, e a informação que Biyoya possuía estava em um arquivo classificado com um milhão de bandeiras vermelhas. Então, quem demônios me vendeu? Jack esfregou os olhos para limpar o suor. Alguém próximo tinha colocado uma armadilha aos irmãos. Não tinha outra explicação. Os gritos aumentaram em força e duração. O menino soluçava, suplicando clemência. Jack amaldiçoou furioso de si mesmo, com sua incapacidade de ignorar, sacudiu a cabeça bruscamente. - Você vai morrer aqui, Jack – sussurrou em voz alta. - Porque você é um maldito imbecil – não se importou. Não podia ir. O passado era a bílis em sua garganta, a porta da sua mente estalou aberta, os gritos crescendo mais forte em sua cabeça. Pulou da segurança da sua árvore para outra árvore, usando a copa das árvores para viajar, confiando na sua pele e na roupa para lhe camuflar. Moveu-se depressa, seguindo a pista de Biyoya no interior escuro. Os frangalhos da estrada fluíam debaixo dele, cortando a espessa vegetação, picada, minada e pisoteada. Parecia mais a uma picada de barro do que uma estrada atual. A seguiu, usando as árvores e as trepadeiras, movendo-se rápido para pegar ao grupo principal de soldados. Deslizou-se em uma árvore alta sobre as cabeças dos soldados, se instalando na folhagem, deitando-se ao longo do galho. Atrás dele em algum lugar, o atirador estava vindo, mas Jack não tinha deixado um rastro sobre a terra e lhe seria muito difícil vê-lo misturando-se como fazia com as folhas e os galhos. Uma mulher jazia no chão, a roupa rasgada, um soldado se inclinou sobre ela, chutando-a enquanto ela chorava desvalidamente. Um menino pequeno de uns dez anos lutava contra os homens que o empurravam uma e outra vez entre eles. Existia terror nos olhos do garoto. Não havia nenhuma dúvida em sua mente que Biyoya tinha preparado uma armadilha, Mas a mulher e o menino eram vitimas inocentes. Ninguém poderia falsificar essa classe de terror. Praguejou uma e outra vez em sua mente, tratando de se forçar a se distanciar. Sua primeira 13
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obrigação era escapar, mas não podia abandonar a mulher e ao menino nas mãos de um mestre torturador. Forçou sua mente a ir devagar para bloquear os gritos e as súplicas. Biyoya era o objetivo e Jack tinha que encontrar um lugar para esconder-se. Jack respirou profundamente, confiando em seu sentindo melhorado do olfato. Se seu nariz tivesse razão e quase sempre o tinha, o major estava agachado atrás do jipe à esquerda da mulher e do menino, atrás de uma parede de soldados. Jack os rodeou e levantou o rifle, mirou sobre Biyoya, sabendo que os soldados seriam capazes de sinalar sua trajetória. A bala pegou Biyoya atrás do pescoço. Inclusive enquanto caía, Jack mudou seu objetivo ao homem que chutava a mulher e disparou uma segunda vez. Com calma, deixou o rifle de francoatirador e levantou a metralhadora, estabelecendo um fogo de cobertura que deu a mulher e ao menino a oportunidade de escapar. Os soldados dispararam em resposta, as balas golpeavam as árvores ao seu redor. Jack sabia que não podiam vê-lo, mas o brilho da boca e da fumaça eram delatores. A mulher pegou ao menino e entrou na selva tropical. Jack lhes deu uma vantagem tão longa como se atreveu antes de se mover deslizando-se de volta à espessa folhagem e saltando de galho em galho para usar a copa das árvores como uma estrada. Ekabela não ia deixar passar isto, Jack teria a cada rebelde do Congo o perseguindo todo o caminho até Kinshasa.
Capítulo 2
Briony Jenkins se encolheu no canto mais escuro do quarto, as mãos sobre os ouvidos, os olhos fechados com força, desesperada para deixar longe o assalto de milhares de pessoas e seu sofrimento. Tinha sido um erro pegar o trabalho. Tinha tentado dizer a Jebediah que não podia fazê-lo, mas significava muito dinheiro tanto para a família como para o circo que necessitava pagar suas dívidas. Como ia, alguma vez, chegar ao fim? Apenas podia ver com a dor lhe fazendo pedaços a cabeça e com manchas dançando na frente dos olhos. Não tinha nenhum medicamento que pudesse tomar, nenhum alívio para o sofrimento e a violência neste lugar. - Briony?- se agachou Jebediah a seu lado. Ela negou com a cabeça, pressionando mais suas mãos sobre os ouvidos, como se isto pudesse impedir que pensamentos e emoções inundassem sua mente. - Eu te disse que não podia vir a um lugar como este. Vou adoecer de novo – Não podia olhar para ele, não se atrevia a abrir os olhos e ver a luz. Seu corpo se sacudia de um modo incontrolável e pequenas gotas de suor se deslizavam por seu rosto. Tenho outra hemorragia nasal. Jebediah molhou um pano em água fria e entregou a sua irmã mais jovem. -Não tinha idéia de que seria tão ruim. Pensava que fazias todos aqueles exercícios para ajudar-te a proteger do que provocava isto.
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Briony engoliu uma resposta, segurando fortemente com seus braços seu temperamento. Tinha uma sobrecarga psíquica e não a ajudaria zangar-se com Jebediah. Claro, seus irmãos e os outros membros do circo a tinham pressionado para que viesse, mas podia ter recusado. Deveria ter recusado. E lhes tinham dito que seria ruim. Jebediah e os demais simplesmente tinham decidido não escutar, porque isso não enquadrava com seus interesses. Apertou os lábios juntando-os e tentou respirar para afastar a dor. Jebediah também podia ter estado golpeando com picaretas na sua cabeça, mas isto não era culpa sua. Não tinha nem idéia do que na realidade era a sobrecarga psíquica ou como se sentia. Lembrou que muitas vezes seus pais tinham tentado em vão consolá-la quando se encolhia como uma bola no canto de um quarto escuro e se balançava para frente e para trás, tentando aliviar a dor de cabeça. De vez em quando podia ouvi-los discutir se realmente tinha alguma forma de autismo. Ela tinha que estar sozinha. Não gostava do contato físico. Estavam muito magoados por sua conduta. Transtornados. Ainda se despertava com os soluços de sua mãe ressonando em seus ouvidos e sua voz lhe perguntando por que Briony não os amava? Briony os adorava, somente não podia aproximar-se muito sem terríveis repercussões e não tinha maneira de fazer-lhes entender que a dor era de verdade, não psicológica. Sabia exatamente como acabaria essa cena. Havia passado por ela milhões de vezes. -Isto é África, Jeb – lhe lembrou – um país onde prolifera o sofrimento. Tem AIDS, morte, violação e perdas e isto me afunda. Apertou a boca. Não gostava de chegar até a insinuação da sobrecarga psíquica. Ele não acreditava nisso e como seus pais, pensava que isto era uma forma de autismo. Ele queria que lutasse contra isso e tivesse êxito sendo “normal”. - Podes parar a hemorragia nasal? – ele deu uma olhada no relógio. – Necessito que sejas capaz de conseguir isto, Briony. Ela quis jogar-lhe alguma coisa. - Você diz isso antes de cada representação e eu sempre consigo fazê-lo. Vai embora Jebediah. Necessito ficar sozinha. Seus outros irmãos se aproximaram mais. Tyrel, como sempre, a olhava com compaixão, Seth zangado e Rubem indignado. Rubem sempre a intimidava, pensando que de alguma forma a faria reagir. Seth lhe gritava e Tyrel eventualmente se molestaria com ambos e os enviariam longe. O ritual sucedia desde que podia se lembrar e nem uma vez, nenhum deles pensou que não poderiam ajudar com o que passava e que sua presença, com suas emoções intensas, somente piorava tudo. -Existe o rumor de que as tropas do líder rebelde estão andado pelas proximidades, pela cidade buscando a alguém -disse Tyrel-. Não é um bom sinal, Jeb. Você sabe que eles vão olhar para todos os estrangeiros. Jebediah praguejou. -Se as tropas rebeldes entram na cidade, os soldados estarão muito nervosos e com o dedo no gatilho. Por que iam entrar na cidade, armados e prontos para confusão? -Inferno, não entendo nada da política daqui - respondeu Seth-. Cada um odeia ao outro e querem ao resto morto.
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Ninguém tinha que dizer a Briony. A tensão aumentava nas ruas aumentando sua incapacidade para funcionar. Havia pobreza, doença e tantas tragédias que queria avançar lentamente por um buraco e amortecer toda emoção, som e pensamento. -Tua pele muda de cor outra vez, Briony- disse Rubem com impaciência-. Eu te disse que ela gostava de ter gente ao redor olhando. -Não somos gente: somos sua família – indicou Tyrel-. Deixa-a sozinha. Rubem insistiu. -Bom, como pode fazer isto? Parece um lagarto ou algo assim. Briony suspirou, pressionando a palpitação da cabeça com a mão. Parecia que estavam martelando pregos no crânio, mas não havia nenhuma indicação de que ninguém fosse embora. O show tinha que continuar e Briony sempre, sempre, chegava. Era um assunto de orgulho para ela. Era uma Jenkins e tudo o que faziam, ela podia fazer também e o faria. -Alguém podia entrar aqui – defendeu-se Rubem. -Fechei a porta - disse Seth-. Bloqueie isso, Bri. Não estou de brincadeira com você. Você é muito grande para ataques de pânico. Briony tinha tido o suficiente. Tinham dez minutos até que tivessem que estar na função e se seus irmãos não iam embora, não seria capaz de se mover. -Vão embora- chiou entre os dentes, olhando-os com ira. Os quatros irmãos a olharam assustados. Era a primeira ocasião que havia interrompido o ritual. Eram homens grandes, musculosos e bem constituídos, com o cabelo preto e penetrantes olhos azuis. Ela tinha o cabelo dourado platino, escuro, olhos marrons como o chocolate e media aproximadamente 1,67m. Não se parecia a eles e com segurança não tinha seus temperamentos aventureiros, ainda que sentisse como se os tivesse. Nunca realmente lhes tinha respondido. Ainda que considerasse que eles há pressionassem um pouco. Imediatamente todos os queixos caíram. Rubem se agachou a seu lado. -Não pensava em te transtornar, Briony. Podemos trabalhar sem você, se não podes fazer desta vez. Não será fácil, e sabes que as pessoas não vão gostar disso, mas se não podes recobrar a postura essa vez... Seth respirou. -Sim, talvez pudesse tomar o seu lugar, docinho. Porque não tenta deitar um pouco? Talvez te sinta melhor pela manhã. -Podemos chamar a um médico- ofereceu Tyrel-. Teu médico sempre chega em seu vôo uma hora depois de o chamar. Briony teria rido se sua cabeça não se dividisse em partes. -Nunca perdi uma apresentação. Somente me dêem um pouco de tempo e estarei bem. Jebediah colocou aos demais fora do quarto e desabou ao seu lado, estendendo a mão para tirar a grossa mata de cabelo loiro. 16
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-Te necessitamos, docinho. Não mentirei, mas chamarei ao médico se pensas que vai precisar. Temos várias funções que deves fazer e se realmente os rebeldes se movem pela cidade, as emoções só piorariam. Era uma grande concessão para Jebediah admitir que alguma coisa pioraria sua situação. -Não gosto do médico- Briony esfregou sua mão sobre o rosto-. Olha-me fixamente como se fosse um inseto embaixo do microscópio. Tem algo que não é bom nele. Jebediah suspirou e se afundou de volta sobre os calcanhares. -Esta paranóica outra vez. -Estou? Porque o resto pode ir a qualquer médico que escolham, mas eu tenho que ir a um específico, que voa atravessando meio mundo para tratar-me? -Porque você é especial e o prometi a mamãe e a papai. Mantenho minhas promessas e você também. -Cresci- quando ele não respondeu, ela soltou a respiração devagar-. Sério Jeb, somente me dê um espaço. Posso vencer isto - não se sentia segura nessa ocasião. Este era um dos piores ataques que tinha tido, o outro foi quando era uma menina, incapaz de enfrentar-se ou entender o que lhe passava. Sentindo-se desesperada, Briony fechou os olhos e começou a respirar devagar e uniformemente, buscando a calma e a tranqüilidade em seu interior. Apenas foi consciente da saída de seu irmão mais velho, concentrando-se em afastar as emoções da gente da cidade, dos soldados, suas armas e os atos escuros, do ódio e o medo que lhe golpeavam a mente. Uma vez que esteve o bastante relaxada, tratou seu medo onipresente às alturas. Se existia uma pessoa no mundo que não poderia estar atuando no trapézio ou sobre a corda bamba, esta era a Briony. -Vamos começar - a chamou Seth do outro lado da porta. Briony levantou-se, se olhando no espelho para estar segura de que não tinha sangue no rosto e podia usar um sorriso de alta voltagem e logo sair correndo para se unir a seus irmãos. A audiência tinha aumentado em imensas proporções. Não os olhou, concentrando-se na batida da música. Usaram uma mistura de música africana e cubana para fazer a apresentação, um perigoso ato de trapézio. Briony completou um salto mortal quádruplo; Jebediah pegou-a e a enviou voando para o cabo tenso alto, onde foi agarrada por Tyrel e balanceada sobre o cabo. Seth e Rubem seguiram voando enquanto ela cruzava o cabo sem poste, e enquanto Rubem voava de volta a Seth, ela o cruzou sobre o ar, mergulhando em direção a Jebediah através de um anel de fogo que sustentava Tyrel. Era selvagem, um ato espantoso, feito com uma precisão exata e cronometrada e ao menos dois deles voavam sobre o ar todo o tempo. Ninguém sabia por que Briony tinha tão incrível equilíbrio ou força, mas para a atuação, isto era uma benção enorme, atraindo milhares a suas atuações. Ajudava que seus irmãos fossem bonitos e incríveis atletas. Ninguém tinha uma função como a sua, tão atrevida, complicada e chamativa. Briony pensava que as batidas de hip-hop e dos tambores somente acrescentavam o entusiasmo dos espectadores. A adrenalina lhe atravessava o corpo enquanto voava pelo céu, concentrada no sinal, escutando a ordem do seu irmão. Ele a pegou e a devolveu virando sobre o ar. Dobrou-se e curvou, mudando de direção enquanto saía disso, para levantar as mãos e unir-se a Tyrel. 17
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Os aplausos foram acompanhados com um urro de aprovação. A audiência pisoteou fortemente com os pés e pediu mais. Briony fez gesto com as mãos e sorriu quando Tyrel apertou seu braço, e ela mergulhou no cabo, os braços estendidos como se realmente voasse, fazendo um movimento lento, um salto mortal cheio de graça, chegando até Rubem. Ele fazia a mesma seqüência exatamente encima dela enquanto mudavam de lugar. Briony e Rubem animaram outra vez o rugido da multidão e pegaram a corda para deslizar para baixo, chegando juntos, dando a mão, para inclinar-se. Esperaram que seus irmãos se unissem a eles, todos fazendo um arco final juntos. A música selvagem e a rápida adrenalina haviam ajudado a manter sob controle suas esmagadoras emoções, mas como estava de pé sob as luzes, sentia o impacto como um golpe físico. Ela tropeçou, obrigando seu sorriso a permanecer em seu lugar enquanto a dor esmagava sua cabeça como um prego e o estômago se retorcia com duros nós. Milhares de pessoas estavam ao seu redor, todos emitindo ondas de emoções. Tudo, desde a alegria ao desespero mais profundo. Ela podia sentir a tensão, ver os homens moverem-se entre a multidão com armas, de vez em quando empurrando a algum indivíduo desgraçado, caras fechadas, sem preocupação nos olhos. Sua visão sempre tinha sido sensacional. Tinha a capacidade de ver a um rato se mexendo pelo chão de um bosque e facilmente podia ver e sentir o medo das mulheres quando se aproximavam, tentando não serem notadas pelos soldados. Logo que abandonou a pista central, Briony correu ao banheiro e vomitou o pouco que tinha conseguido reter antes. Mudou rapidamente a escassa e brilhante fantasia, por um par de jeans escuros e um top. Podia ouvir a seus irmãos, risos, excitação, se dirigindo para os clubes para experimentar a vida noturna da cidade. Kinshasa tinha reputação de ter numerosos clubes noturnos e muita gente, apesar dos turbulentos problemas nas zonas periféricas, decidiam viajar ali pelos clubes. - Estás bem, Bri? – lhe gritou Tyrel-. Você quer que eu fique com você? -Não, claro que não, estou bem - ela gritou-. Desfrutem, mas tenham cuidado. - Feche as portas quando sairmos - instruiu Jebediah. - Farei isto -não ia ficar no quarto e se asfixiar. Sabia que o rio Congo estava perto. A selva tropical estaria tranqüila, ao menos se distanciaria das pessoas. Poderia respirar outra vez, mas tinha melhor critério que deixar que seus irmãos soubessem a onde se dirigia. Ficariam loucos. Briony tinha completa fé em sua capacidade de misturar-se com a noite. Podia fazer coisas extraordinárias, coisas que seus irmãos não sabiam. Tinha tido um rigoroso treinamento, somente seus pais, e talvez Jebediah estivessem sabendo. Somente tinha que passar pela cidade sem ser descoberta e entrar no santuário da selva tropical. Amarrou um lenço ao redor do pescoço e acrescentou um chapéu para cobrir sua mata de cabelo loiro. Podia mudar a cor da pele, algo que seus irmãos encontravam repulsivo. Tinha começado um dia perto do seu décimo sexto aniversario, imediatamente depois de que fosse hospitalizada por algum estranho mal que os médicos disseram que tinha. Tinha lhe custado um tempo aprender a controlá-lo. A mudança de tonalidade algumas vezes acontecia quando estava alterada ou zangada, mas podia fazer quando quisesse combinando com o entorno, então parecia que desaparecia. Vacilou justo na porta. Tinha medo de enfrentar-se ao ataque das cruas emoções. Passear pelas ruas, sabendo que estaria submetida às intensas emoções das pessoas era um pesadelo, mas se não fosse e encontrasse um refugio, nada poderia fazer nos próximos dias e seus irmãos a necessitavam para a apresentação. 18
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Briony enquadrou os ombros e deu um passo para fora. Havia estudado o mapa das ruas e sabia exatamente aonde ia. Estava também segura de que poderia rejeitar ou deixar para trás a qualquer atacante, assim que caminhou a passo largo com um objetivo, todos os sentidos em alerta para os problemas, mas caminhando vigorosamente pelas ruas até ao rio Congo e a selva tropical. Porque era diferente? Porque era capaz de ler os pensamentos e as emoções se tocasse a alguém e os sentisse perto? Seus pais tinham insistido em uma rigorosa educação, quase militar, muito física, já que desde que podia se lembrar, ainda quando sua mãe a pegava, ela sentia o medo misturado com o amor. Tinha sua mãe suas estranhas capacidades? E se era assim, porque havia insistido para que Briony as desenvolvesse, ainda quando os mantinha em segredo? Os segredos a mantiveram longe de seus irmãos e outros artistas ao redor. Segredos e extraordinárias diferenças. Odiava aquelas diferenças. As ruas estavam abarrotadas, gente por todas as partes, muitos caçavam aos habitantes noturnos, presas fáceis com demasiadas bebidas e drogas. O cheiro da maconha a golpeava profundamente. Era muito sensível aos cheiros, sempre era capaz de identificar as pessoas e os animais que havia nas proximidades antes que qualquer pessoa e agora a mistura da sujeira com o excesso de perfume fazia que se enjoasse. Passou pelas ruas sem incidentes e seguiu o rio até a selva tropical, onde pegou seu ritmo, fazendo footing facilmente ao longo de um tortuoso caminho que conduzia a uma corrente profunda que alimentava ao Rio. Seguiu ao longo da corrente, buscando um refugio um lugar onde pudesse se enrolar e somente conseguir a paz. Fazia calor e tinha umidade no bosque. Deixou de andar a beira d’água e parou para escutar os sons dos insetos, o bater das asas e o movimento das criaturas pelas árvores. Pela primeira vez em dias, sentiu que a tensão diminuía. Briony molhou o lenço na água fria e o pressionou sobre a nuca. Desesperada pelo alívio, andou para uma parte mais profundamente da pequena corrente. Seus irmãos iam matá-la por desaparecer, mas não ia sobreviver aos próximos dias se não encontrasse algum lugar para se afastar do sofrimento. Tudo o que tinha aprendido sobre escudos não funcionava na África. Tinha muitas pessoas perto e muito sofrimento. Quantas apresentações tinham agendado? E que sentido tinham? Por que o festival lhes pagaria tanto dinheiro por fazer uma função acrobática com música africana? A apresentação era espetacular, mas a oferta chegou antes que tivesse chegado à idéia. Porque isto não molestava a ninguém do circo? Onde conseguiria o festival aquela classe de dinheiro? E se eles tinham tanto dinheiro, quando o festival era todo sobre música, porque queriam uma atuação de um circo? Briony deu uma olhada ao redor, outra vez sentindo olhos invisíveis nela. Era a única que se perguntava por que sua família estava em Kinshasa? E porque sempre se sentia como se alguém a observasse? O festival de música era um tributo a artistas africanos e as suas expressões musicais. Não tinha sentido convidar o circo. Jebediah, Tyrel, Rubem e Seth somente encolheram os ombros e decidiram não olharem os dentes ao cavalo dado. Mas Briony sentia que algo não funcionava. Sentia que tudo tinha algo de loucura. Sua estranha educação, o fato de ter um médico especial, voando pelo mundo no momento em que engolia uma meleca e até era esquisito o fato que raramente adoecia pelo bombardeio constante de emoções que a golpeavam diariamente. Seus irmãos diziam que estava paranóica, mas, como agora, estava muito inquieta, segura de que 19
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alguém a observava. Olhou ao seu redor, observando com sua visão aumentada, buscando imagens de calor, alguma coisa que lhe contasse que estava em perigo, mas não tinha nada, nem uma mudança no constante zumbido dos insetos. Briony esfregou as palpitantes têmporas e andou rio abaixo, distanciando do empurrão e o alvoroço da cidade. Soldados em cada esquina com armas, a barriga formigando com a violência oculta, a vida noturna parecia uma capa deslumbrante para os desesperados e criminosos que realizavam atos abomináveis. Queria ir para casa. Por um momento foi mais longe. Casa. Que significa isso? Gostava da família. Gostava do circo, mas ficar com eles a matava. Não conhecia outro modo de vida e não tinha nenhum lugar para onde ir. Ao menos seus irmãos sabiam que era diferente e ainda que não a entendessem, faziam todo o possível para ocultar suas diferenças dos outros. Briony sentiu o cheiro de homens sujos, escutou vozes e imediatamente se encolheu mais perto da margem do rio, mudando a cor da pele, confiando que a roupa escura a ajudaria a misturar-se. Quando três soldados armados se aproximaram, olhou ao redor para se assegurar que estava sozinha, se encolheu e saltou sem esforço aos galhos da árvore, aproximadamente 9 metros. Ficou muito quieta quando passaram por baixo dela, buscando pistas ao longo do chão do bosque. Definitivamente caçavam a alguém e compreendeu nesse momento que era estúpido estar separada da proteção de seus irmãos. Deviam ser os rebeldes aos que todos tinham medo. Os olhou enquanto faziam seu caminho muito furtivamente pelas árvores até a cidade. Briony esperou até que não pode ouvi-los, antes de pular para voltar ao chão. Com um pequeno suspiro de arrependimento, andou pela água outra vez. Inclusive aqui, no limite da margem virgem, não estava realmente sozinha. Uma vez mais inclinou para empapar o lenço na fria corrente. Não queria voltar, tinha a boca seca somente de pensar nisso. Quando começou a virar, a água ao seu redor se moveu em uma única advertência. Um braço, como um cinto de ferro, ao redor da sua garganta, e a ponta de uma faca pressionando contra suas costelas. -Não grite -a voz era baixa, mas tinha tal ameaça que se colocou tensa. O corpo de seu captor parecia um carvalho e o modo que a sustenta não lhe dava nenhuma possibilidade real para fugir sem sofrer uma ferida maior. Ela contou as batidas do coração para reduzir o ritmo da sua respiração. - Não planejava fazer isso. Ele falou em inglês com sotaque americano. -Você é um Caminhante Fantasma. Que demônio você faz aqui? A voz foi mais um sussurro em sua mente que em seu ouvido. Sabia que era uma forte telepática, mas isto era alguma coisa a mais. E não sentia as emoções dele. Compreender isto a deixou boba. Em toda a sua vida, até com sua própria família, tinha arcado com os sentimentos esmagadores dos outros. Por um momento, se sobressaltou tanto que seu cérebro negou-se a tratar a informação. Ficou quieta, tentando resolver, sem fazer caso ao persistente sussurro no seu ouvido. A ponta da faca tocou a sua pele e Briony pulou. - Faça isso de novo e não serei tão agradável – assobiou ela. Poderia atacar a ele? Era mais forte que qualquer homem com o qual alguma vez tivesse treinado. Sentiu rapidamente o poder que o acompanhava, sentindo a diferença nele, a mesma diferença que sempre tinha sabido que 20
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havia nela. Outra vez obrigou-se a relaxar. Ninguém se parecia com ela, nem sua família. Como sabia que ele era diferente? - Quem é você? – ela perguntou, sabendo que ele não iria responder. Militar certamente. Talvez um mercenário. - Que diabo faz um Caminhante Fantasma aqui? Se você não me responder em cinco segundos, vou começar a cortar partes do teu corpo. - Não sei o que é um Caminhante Fantasma. Trabalho no Festival de música. Faço acrobacias aéreas com meus irmãos, os Flying Five. Sou uma dos cincos. Houve um pequeno silencio. - Porque demônio uma artista de circo estaria em um festival de música? -Me diga você – Disse Briony. - Eu não o entendi ainda, mas eles pagaram a meus irmãos e a mim muitos dólares para vir aqui - ele não relaxou a guarda nem um momento. Seu captor praguejou palavras brutalmente feias. - Eu vi você subindo naquela árvore e mudar de cor para se misturar com o entorno. Não minta pra mim de novo. Ninguém pode fazer isso, nem um Caminhante Fantasma. Ninguém. Briony queria saber tudo o que ele sabia sobre os Caminhantes Fantasmas. Se podiam fazer as coisas que ela podia fazer, podiam estar relacionados de alguma forma? Sentiu como ele ficou rígido, apertando os braços. Seus lábios pressionando contra seu ouvido. - Não faça nenhum som. Ela respirou e imediatamente soube que os soldados voltavam sobre seus passos. O medo cresceu nela. Sabia o que passava às mulheres que pilhavam fazendo um só delito. - Podes segurar a respiração? Esta treinada? Ela sabia o que ele queria dizer e respondeu com a cabeça. - Quanto tempo? -Ele exigiu concisamente. - Vinte minutos se sou muito cuidadosa. – não lhe mentia e quis ver se ele tinha se escandalizado. Quando era criança a tinham obrigado a ficar períodos mais longos de tempo. Ela pensava que todos faziam, até que uma vez, na mesa, quando se jactava na frente de seus irmãos e eles riam-se porque mentia, viu a boca da sua mãe se apertar com desaprovação e nunca mais voltou a mencionar a ninguém. - Mergulhe comigo. Não era uma pergunta, ele já exercia pressão sobre ela, levando-a para a água, não fazendo nenhum som enquanto se submergiam devagar, como se estive com certeza que alguém podia ficar muito tempo embaixo da água sem respirar sem o equipamento de mergulho. A faca não cedeu e nem o braço que estava ao redor do pescoço. Deu-lhe muito tempo para respirar e ela o fez, fazendo entrar o ar nos pulmões enquanto se agachavam em uma pequena parte da corrente coberta de capim alto. Briony cravou seus dedos no braço dele, se agarrando, tentando afastar o medo. Às vezes sentia que havia passado a maior parte da sua vida tentando ocultar que estava assustada. Sempre tinha medo e no final do tempo, isto foi simplesmente uma forma de viver. Tinha medo de tudo e 21
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às vezes lhe repugnava a incapacidade de vencer o suficiente àquelas sombras que moravam tão profundamente dentro dela. Obrigou-se a ficar quieta, não querendo que seu captor fosse consciente de como estava assusta realmente. Uma parte dela estava excitada, perguntando-se, apesar do perigo, se ele poderia fazer as coisas que ela podia fazer. E se ele podia, o que isso significava? Jack podia sentir o pequeno tremor que atravessava rapidamente e continuamente o corpo da jovem que sustentava tão apertado contra o seu. Era pequena, apenas uma garota, mas se sentia como uma mulher cheirava como uma mulher, toda cheia de suaves curvas e perfume fresco. Estava amedrontada, mas o escondia bem e isso não tinha sentido se era uma Caminhante Fantasma. Seria sumamente experta em artes marciais, no combate corpo a corpo, em todo o tipo de armas. Deveria ter a confiança completa em suas capacidades. Estava, sem dúvida, fisicamente melhorada e suspeitava que psiquicamente também. Respirava embaixo da água da forma em que todos tinham sido treinados, uma pequena liberação de ar cada vez. Jack encontrou-se excessivamente consciente da mulher em seus braços. Havia sido no exato momento em que a tocou. Cada detalhe parecia impresso em sua mente. Sobre seu corpo. A forma e a textura dela. A carícia de seu sedoso cabelo contra o rosto quando primeiro fechou o braço e depois quando se submergiram juntos na água. Nunca tinha se importado se era homem ou mulher, este era seu trabalho. Fazia qualquer coisa para completar o trabalho. Ela não era nenhum objeto, era uma mulher. Não podia obter a percepção ou o cheiro em sua mente, até agora, baixo a água, como se de alguma forma seu corpo tivesse derretido embaixo da pele e impresso sobre os ossos. Os soldados passaram o tempo embaixo da árvore, falando em sussurros. Jack sabia que o estavam caçando. Um minuto. Dois. Três ficaram cinco. Cinco ficou dez. Os soldados permaneceram, agachados perto da corrente, desenhando um mapa sobre a terra úmida. Já eram quinze minutos. Jack diminuiu o ritmo do seu alento ainda mais. Os dedos da mulher apertaram mais profundamente o seu braço. A tensão aumentou perceptivelmente, sentiu seu crescente terror em afogar-se. Os minutos continuaram e esperou o pânico, estava preparado para isso, mas ela manteve a razão, obrigando-se a liberar lentamente o ar que lhe permitia ficar embaixo da água. Tinha sido bem treinada, claro, mas perdia ar e o necessitaria para emergir. O terror estava em sua mente rondando-o, amargando a boca. Jack tentou ignorar seus medos, mas a empatia entre eles era muito forte e não lhe deu nenhuma opção. Pegou sua cabeça com a mão e virou seu rosto, apoiando para frente até que seus lábios acariciaram os seus. Foi um erro. Sentiu que a ligeira carícia acendia todo o seu corpo, o golpe selvagem de seu coração, a tensão na virilha, algo mais profundo mudando, e movendo em seu interior. Respirou em sua boca, para que ele fosse literalmente o ar que ela respirava, para que o tomasse profundamente em seu corpo onde ele pertencia. De onde, inferno, tinha vindo esse pensamento? Juraria que não somente tinha sentindo uma corrente elétrica que crepitava pelas veias, se sentia possessivo e ele era um homem que nunca tinha reações sexuais fortes ou emocionais em relação a uma mulher. Nunca o tinha permitido. Evitava a intimidade, mas cada célula de seu corpo em seu cérebro o impulsionava a aproximá-la mais, tomar posse dela. A olhou fixamente aos olhos, grandes pelo medo, mas determinado a não dar sinal disso. Como alguém podia ter tanto medo e permanecer tão quieta tão consciente do perigo que os rodeava? Isto era coragem e disciplina, poder respirar debaixo d’água quando o instinto de conservação te impulsionava para cima. 22
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Ele rodou o braço ao redor de sua cintura, aferrando-a, tentando dar segurança de que não se afogariam ou seriam atacados. Está tudo bem, boneca. Sussurrou as palavras em sua mente, tentando pensar em alguma coisa que ele fizesse que lhe indicasse que não a obrigaria a ficar debaixo se ficassem sem ar. Poderia lutar se tivesse que fazer, ainda que estivesse em péssima forma e não quisesse se arriscar com armas de fogo. O som seria levado pela noite. Não queria colocar o exército rival encima deles. Não vou deixar que morras aqui. Que falavam os homens para aliviar os medos das mulheres? Infernos, ele não sabia. Estava muito longe do campo em que era habilidoso. Jack se deu conta de sua completa calma. Os olhos tinham se alargado e o mirava fixamente como se tivesse crescido duas cabeças nele. Não tinha nenhuma falsidade no choque em sua cara. O que seja que essa mulher fosse não era um membro das equipes psíquicas com os quais ele tinha treinado. Ela o tinha escutado. Era tão forte telepática como ele era. Você me escuta. Ele declarou. Um dos soldados atravessou a corrente, voltando a atenção de Jack de volta ao perigo. A situação era crítica. Respirando pelos dois, ele ficava sem ar e o soldado estava quase encima da mulher. Não te mexas. Ele colocou tanta força em sua voz como pode uma ordem absoluta. Esta vez rodeou suas mãos em seu rosto e inclinou-se para baixo para pegar sua boca, empurrando ar em seus pulmões. Você me entende? Maldição. Não podia controlar a batida acelerada de seu coração ou a estranha agitação na sua barriga, mas isto não tinha nada a ver com o medo aos soldados e tudo com a peculiar mulher. Ela assentiu ligeiramente. Fique com os olhos fechados até que eu volte para você Seu medo quase a levou ao pânico, ele podia ver em seus olhos, mas sua boca ficou dura e assentiu outra vez, as longas pestanas baixas, os olhos fechados com força. Jack não esperou, não podia esperar. O segundo soldado estava na água e o primeiro estava a ponto de cair sobre a perna dela. Pegou aos dois tornozelos e deu um puxão com força, arrastando ao homem para baixo, lhe enterrando o facão na garganta e levantando-se quase aos pés do segundo soldado, cortando-lhe as coxas, a barriga, a jugular e a garganta para que finalmente se rendesse, deixando que Jack se enfrentasse ao terceiro homem. Inverteu o facão e o lançou com força, enterrando a lâmina até a empunhadura na garganta do rebelde. Somente demorou uns segundos para recuperar o facão e deixar a lâmina limpa. Deixou as armas dos soldados exatamente onde tinham caído e voltou para a mulher. Não podia deixar nada que o rastreador do general pudesse encontrar. Sobe, mas mantenha os olhos fechados. Te tirarei daqui. Como é o teu nome? Eu sou Jack. Houve uma breve vacilo, mas ela estava desesperada por respirar. Elevou-se, visivelmente abalada. Jack a pegou ao redor da cintura, uma mão cobrindo aos olhos. -Vamos, mas com passo rápido, não queremos evidencias tuas aqui. - Meu lenço - ela disse - eu o deixei cair. E meu nome é Briony Jenkins. Conhecia esse nome. E conhecia aos Flying-Five e isto era mais que uma coincidência para que pudesse engolir. Olhou rapidamente ao redor. O lenço flutuava a pouca distância deles. Tinha levado com eles debaixo da água, mas tinha soltado quando ele a tinha chamado. O fato de que o lembrasse em condições traumáticas aumentava seu respeito por ela. Mantenha os olhos fechados. Ele a deixou e se virou para recuperar o lenço.
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Briony saiu correndo. Tudo o que tinha que fazer era entrar na zona mais espessa e poderia desaparecer. Os soldados definitivamente buscavam o seu captor e ela não ia conduzir a eles até seus irmãos. Escutou como seu coração golpeava desesperadamente e o som de sua respiração precipitando através de seus pulmões. Os olhos permaneceram sobre seu objetivo; ela não se atrevia a virar-se para ver se ele estava atrás dela. Cada passo contava. Ele a golpeou por trás, um duro golpe que a jogou no chão, de barriga para baixo, agarrando-a com os braços antes que tivesse a possibilidade de sair debaixo. O ar saiu dela e o joelho se moveu com força sobre o pequeno traseiro dela, o punho com força sobre seu cabelo e a outra apertando a ponta do facão contra a jugular. - Não faças um puto movimento- silvou ele-. Você quer morrer? - Faça-o - cuspiu ela, a boca cheia de sujeira e folhas. - Não te levarei a minha família, assim acaba com isso. - Pensas que isto é uma espécie de jogo? - Não me preocupa se é - não se molestou em tentar controlar o violento tremor. Que diabos lhe importava que ele soubesse que ela tinha medo? Permitiria matá-la. Não ia conseguir o que queria. E porque sua presença a molestava tanto? - Levanta – ele a levantou puxando pelo cabelo, o facão sem mover do pescoço. Ela não podia lutar, compreendeu abatida. Tinha quatro irmãos fortes e apesar de seu tamanho pequeno, era mais forte e rápida que qualquer um dos quatro. Estava treinada para a luta corpo a corpo e várias formas de artes marciais, mas ele não lhe deu nenhuma abertura. Nem uma. - Me machucas. - Então deixe de lutar. Ela não tinha percebido que o tinha feito. Forçou seu corpo a recuperar o controle. - O que você quer? - Eu estive no SEAL com Jebediah Jenkins. A última coisa que ouvi, era que treinava para atuar com sua família no circo. Ele tinha uma irmã, Briony e três irmãos. - Me deixe ir -não sentia nada. Isto não tinha sentido. Tinha matado aos três soldados, estava segura disso. A violência em particular a machucava, de fato, a maior parte do tempo, tinha hemorragias nasais, enxaquecas, vômitos e uma vez, quando encontrou a seus pais mortos, teve uma convulsão. Já não tinha sua dor de cabeça, nem ainda estando assustada e ele puxando seu cabelo. - Você vai correr? - Particularmente não quero ser jogada de golpe no chão outra vez, obrigada- respondeu Briony. De acordo. Não era verdade que não estivesse sentindo nada. Todo o seu corpo estava em uma espécie de esquisita fusão que nunca tinha passado antes. Primeiro o notou na água, sentada tão perto dele, olhando em seus olhos. Quando seus lábios tocaram os seus. Sacudiu com força seus pensamentos distanciando do forte que era seu corpo, do forte que ele era. Tinha que estar doente para ter uma reação quando ele brutalmente lhe puxou a cabeça para trás. 24
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- E solte meu cabelo, está me machucando. Jack no mesmo instante afrouxou a sujeição sobre as mechas molhadas e logo franziu o cenho, impressionado pelo que tinha feito. Inferno, o que estava acontecendo com ele? Ela era um inimigo em potencial. Na sua mente não tinha dúvidas de que alguém o tinha traído e isto tinha que ser uma conspiração entre várias pessoas para colocá-lo num ninho de vespas e isso significava que eles tinham usado seus sentimentos por seu irmão contra ele mesmo. Ken tinha sido atraído, capturado e torturado com um objetivo e esse era o de trazer Jack a África. Alguém conhecia os pontos fracos de Jack e os usava sem piedade contra ele. Briony Jenkins era definitivamente uma Caminhante Fantasma, não importava o que ela dissera. E que grande coincidência que um amigo dos SEAL estivesse em Kinshasa ao mesmo tempo? - Maldita seja, não creio em coincidências. Briony virou a cabeça para olhá-lo, assustada de que ele pensara exatamente o mesmo que ela. Alguém tinha manobrado para que seu irmão estivesse em Kinshasa para algum outro objetivo que atuar no festival de música? - Eu também não – estudou seu devastado corpo, terror e compaixão progressivos apesar da resolução de não ser influenciada por ele. Jack tinha sido torturado. Profundos cortes e queimaduras estragavam seu peito, ombros e barriga. Seus olhos eram lisos, frios e duros como uma pedra, ninguém podia ter sofrido tais abusos e não padecer terríveis dores. E ela não o sentia. Sempre sentia aos humanos e até o sofrimento dos animais se estava perto o bastante. Era quase um alívio estar perto dele. Parecia proporcionar-lhe os filtros necessários que ela não tinha para que pudesse funcionar com gente ao redor. - Meu Deus. Como consegues caminhar? Os rebeldes te fizeram isto? – sua voz saiu como um rouco sussurro. Antes de poder parar, deu um passo para frente e estendeu a mão para tocar o músculo justo por cima de onde a pele estava em fatias-. Necessitas um médico. Está infeccionado. Um pequeno tremor lhe atravessou o corpo quando o tocou. Tão leve. O mero toque da ponta dos dedos, mas ele o sentiu por todo seu corpo. - Temos que seguir nos movendo. Zanguei muito ao general – a olhou para ver se ela tinha alguma reação, mas ela olhava fixamente com horror suas feridas. - Não posso sentir tua dor - seu escuro olhar se elevou para encontrar com o dele -. Por quê? Você sabe, verdade? Você sabe por que eu sou diferente, porque não posso agir como todos os outros. Ninguém mais sabia que podia ficar embaixo da água assim, nem meus irmãos. Por quê? O que sou? O que é você?
Capítulo 3
O olhar penetrante de Jack movia-se rapidamente pelo bosque. - Temos que seguir andando. Os rebeldes estão me buscando e não vão parar.
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- Me responda – insistiu Briony. Estava oscilando sobre seus pés e nem tinha se dado conta. O homem ia cair e não tinha nenhuma forma de que o abandonasse para morrer. - Os Caminhantes Fantasmas estão desenvolvidos tanto físicos como psiquicamente. Seu coração começou a palpitar. - Como o conseguiram? Jack deu um passo e suas pernas cederam. Briony o pegou antes que caísse na terra. Ele tratou de afastá-la. - Vá. Siga andando. Dê uma volta através do bosque até que estejas no perímetro da cidade. Eles estarão vigiando, então usa as árvores se puder, mas vai embora daqui. - Oh, cala a boca! O gozo apareceu em seus olhos. - Creio que ninguém me mandou calar a boca alguma vez – deslizou o braço ao redor de seus ombros, um dedo colocando os fios de cabelo molhado atrás da orelha. - Tenho um montão de irmãos, assim que não o esqueça. Porque os homens são tão idiotas, de todas as formas? – como poderia abandonar-lhe agora. Seus irmãos teriam dito a mesma coisa. Tirou o cabelo dos olhos e olhou ao redor. Jack era um homem pesado. Tinha perdido muito sangue e sua pele estava quente, indicando febre -. Bem, sujeito duro, você se apóia em mim e vamos a empreender a viagem de volta para a cidade. E não gaste energia discutindo. Somente faça isso. Sua mente estava trabalhando as possibilidades. Poderia ter sido melhorada física e psiquicamente? Tinha mais sentido do que nascesse tão diferente. Podia correr mais rápido, pular mais alto, estar debaixo d’água mais tempo, ela tinha descoberto que podia fazer coisas que ninguém mais podia. Como? Quando? Todas as visitas ao seu doutor especial, o único que detestava, o qual seus pais lhe insistiram que fosse, estava começando a fazer sentido. Deslizou um braço ao redor da cintura de Jack e tomou a maior parte de seu peso. Se não estava desenvolvida, como podia praticamente levar um homem maior que seu tamanho? Pesava o dobro que ela. - Como fomos melhorados? - O doutor Whitney. Sua boca se secou. Conhecia esse nome. Sabia que era ele quem a tinha apresentado para a adoção, que tinha determinado sua educação e tinha proporcionado assistência médica para ela e sua família durante toda a sua vida. Seu pai biológico? Havia sido seu pai? Que era ela? Uma espécie de experimento anormal? Sua mente começou a embaralhar as possibilidades. Porque estavam os dois ali em Kinshasa? Era uma coincidência que Jack e seu irmão Jebediah estivessem juntos no serviço militar? Quais eram as possibilidades de que acabassem todos juntos na África, ainda mais já que alguém tinha pagado uma quantidade de dinheiro exorbitante para levá-los ali? Briony deu uma breve olhada na cara de Jack. Inclusive devastado pela dor e o sofrimento, era masculinamente bonito, cinzelado em certa maneira. Seus traços pareciam talhados em pedra, 26
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irreais, mas duros e desgastados ainda que bem feito de corpo. Ele manteve seu olhar fixo concentrado para frente, andando regularmente, mas cada vez seu peso se apoiava mais sobre ela. A lenta perda de sangue, acrescentada ao esgotamento e a suas terríveis feridas, cobrava sua parte. - Siga andando. Um pé na frente do outro – quanto mais perto o tivesse da cidade, menos distancia teria que carregá-lo e se tivesse que carregá-lo a coisa ia se complicar. Lutaram por aproximadamente um quilometro, seguindo o riacho. Briony tinha parado para agarrar-lhe melhor quando ele a empurrou ao chão repentinamente cobrindo seu corpo. A pele dele mudou de cor para corresponder a vegetação mais escura sobre o chão do bosque e fez sua melhor combinação com listras imediatamente. Jack tinha estado quase inconsciente, mas repentinamente estava alerta, tirando uma pistola e fazendo um sinal de silêncio. Que está acontecendo? Franco-atirador. Esteve me seguindo desde que escapei do acampamento rebelde. É muito perigoso. Deverias ter ido quando te disse. O coração de Briony palpitou loucamente e experimentou a secura familiar do medo. Deu um funda inspiração para combater a adrenalina e expulsou sua mente para fora do pânico enquanto estava estendida escutando. Está atrás de nós, a nossa direita. Deveria ser ele. Afortunadamente não nos descobriu enquanto fui tão descuidado. Briony fechou os olhos fortemente e tratou de não respirar. Também o esperava. Não podia deixar este homem sofrer mais. Não importa quem era ou que tinha feito, ninguém merecia ser torturado como ele tinha sido. Fez uma funda respiração. Você é um bom atirador? Jack a olhou. Você não vai fazer nenhuma idiotice. Você vai desmaiar, sujeito duro. Conheço os sinais. Não temos tanto tempo e não podemos permitir-lhes ir atrás da gente. Sou uma boa atiradora, mas... Vacilou. A mão de Jack a apertou na nuca. O que seja que você esteja pensando, não. Briony sabia que não podia burlar ao franco-atirador. Jack ia desmaiar. Como tinha se recuperado o suficiente para saber o que estava acontecendo era mais do que ela entendia. Creio que estou assustada. Não esteja. Te tirarei desta. Você vê as árvores a tua direita? Vou te cobrir. Engatinhe lentamente na direção das árvores e suba nos galhos. Use-os para chegar ao rio. Mantenha a pele camuflada e não atraias atenção. Jack lhe deslizou a pistola. Sabes como usar isto? Briony vacilou ao colocar a mão sobre a pistola. Não tinha nenhuma maneira de explicar-lhe o que as seqüelas da violência podia fazer. Sentir as emoções de alguém, sentir morrerem lhe provocaria uma perda total do controle. Por outro lado, estava bem treinada, era uma atiradora exímia e acreditava na defesa própria. Sei como usar. Voltou-se para a zona do bosque onde estava seguro de que o franco-atirador os seguia. Sobre seu estômago, o olhou na mira, agitou sua mão para frente. Vai. Fora daqui. Não deixas de mover-te até que estejas segura no teu quarto. Briony avançou lentamente através das samambaias e das folhas podres, a batida de seu coração excessivamente forte. Detestava ser uma covarde, perguntando-se por que, com todas suas destrezas especiais, estava sempre assustada. Chegou às arvores, e se agachou nas sombras mais profundas, buscando entre os galhos e as trepadeiras o melhor refúgio, a melhor posição. 27
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Com sua extraordinária visão noturna, podia ver a uns sete metros e meio para cima e sobre as árvores, um tronco especialmente grande com uma copa de ramas estendendo em todas as direções, perfeito para suas necessidades. Briony pulou à rama mais baixa da árvore mais perto e começou a subir rapidamente. Era leve, seu corpo feito para os atos aéreos que tinha praticado desde que era bebê. Era fácil usar as enredadeiras para se arrastar através das árvores até que alcançou a árvore ao lado da única maior. A do tronco grosso. Tinha tido cuidado de permanecer escondida dentro da folhagem enquanto subia, mas agora estendeu a mão deliberadamente e agitou a rama, não muito forte, o justo para dar a conhecer sua posição. Diabos, que estás fazendo? Atraindo seu fogo para te dar um alvo. Faça isso de novo e juro que te golpearei sem importar-me. Pode escutar a ameaça rondando através da sua declaração, mas sentia que era uma ameaça vazia. Jack era um homem atemorizante, mas não era um homem que golpearia uma mulher alguma vez – de fato tudo ao contrário - a menos que fosse o inimigo. Tinha tido essa informação da mente dele. Tudo bem, não te estou deixando para trás. Prepara-te para disparar em alguma coisa porque vou deixar que me veja. Maldita seja. Somente maldita seja. A impotente raiva masculina enchia sua mente, mas não ia esperar, não podia esperar. Sua coragem ia falhar se não atuasse logo. Briony permitiu que a rama da árvore se balançasse somente um pouco mais, como se algo pesado tivesse caminhado sobre ela. Não tinha vento no bosque, e o movimento atrairia o olhar do franco-atirador imediatamente. Briony se lançou na árvore próxima. Refugiando atrás do amplo tronco, justo quando a bala enviou fragmentos madeira chovendo sobre ela. Alguns pedaços se cravaram em seu braço e um em seu queixo. Atrás um primeiro disparo chegou um segundo. Diga-me que você está bem. Briony se agarrou a árvore, forçando seus joelhos a estarem rígidos quando suas pernas tinham se convertido em borracha. A bala tinha cravado somente alguns centímetros de sua cabeça. O franco atirador tinha disparado muito mais rápido do que tinha previsto. Pendurou-se contra o tronco e esperou que seu corpo deixasse de tremer. O sangue gotejava das doloridas feridas, mas os fragmentos eram simples arranhões quando poderia ter sido pior. Você o pegou? Fica quieta. Tinha dois deles. Eliminei o franco-atirador, mas seu vigilante é também capaz. Não te alcançou. Jack falou enquanto mantinha seu olho na mira, esperando para disparar no vigilante. Detestava o fato de estar distraído pela preocupação. Estava preocupado por ela. Responda-me ou vou atrás de você. O faria. Arriscar-se-ia a ser disparado somente por assegurar-se de que não tinha nem um arranhão sobre seu corpo, pelo menos um que não tivesse sido colocado por ele. Seus dedos morriam por sacudi-la para ter tal oportunidade. Estou bem. Esses disparos vão ser escutados por alguém. Tem amigos. Maldição saia daqui. Volte pro teu quarto. Vai tomar um banho e mudar essa roupa. Deixa a arma no bosque. Se alguém fizer alguma busca, estiveste dormindo todo o tempo. Jack apoiou sua cabeça no rifle durante um momento e logo olhou pela mira. A lente ficou embaçada. Estava débil e se acabava o tempo. Em uns poucos minutos não poderia protegê-la e isso o fazia sentir-se no limite do desespero. 28
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Briony permaneceu na árvore um longo tempo, muito irritada para se mover. Tinha uma incrível visão noturna e agora, olhando fixamente na área onde o franco-atirador tinha estado, descobriu folhas largas de uma planta de filodendro se movendo ligeiramente. O vigilante estava indo na direção de Jack. Vê ele? Não teve resposta, nem consciência. A respiração de Briony abandonou seus pulmões com pressa. Jack estava inconsciente, ou perto, e o inimigo estava deslizando em sua direção. Antes que tivesse tempo de pensar, pulou para baixo a um galho que roçava o chão. O chão do bosque estava coberto de densa vegetação e amortizou suas pisadas enquanto furtivamente se dirigiu de volta pelo mato na direção de Jack. Não tinha nenhuma boa idéia do que ia fazer, mas não podia deixá-lo morrer. Não analisou muito fielmente a necessidade de manter a Jack vivo. Não tinha tempo para pensar, somente sabia que não podia abandoná-lo. Avançou através da confusão de trepadeiras e arbustos, caindo horizontalmente para engatinhar lentamente ao longo de uma estreita senda para animais. Avançou através de um montão grosso de samambaias em terra úmida. Um ruído à esquerda a fez-se jogar no chão. Permaneceu imóvel por um momento, seu coração batendo com força. Briony respirou. Tinha um sentido extraordinário do olfato e podia dizer exatamente onde estava Jack, e como perto estava o vigilante. Jack estava estendido sobre seu estômago, o rifle embalado em seu braço, mas sua cabeça estava caída. Animou-lhe a se mover. Jack! Acorda. Está quase encima de você. Você tem que se defender. Jack escutou a ordem urgente, o medo e a preocupação na voz de Briony. O que o animou para encontrar a força para se concentrar e cheirar ao vigilante. O homem já estava encima dele. Girou para se encontrar cara a cara com ele, sabendo nessa fração de segundo, durante essa batida de coração, que era muito tarde, que era um homem morto. Vai embora. Foi à única advertência que pode dar a Briony. Não tinha forças para levantar o rifle, sem falar do tempo. O vigilante caminhou fora do mato e levantou sua arma. Quatro disparos ressoaram em rápida sucessão. Jack esperou que as balas golpeassem seu corpo, mas o vigilante se sacudiu e meio que se virou para enfrentar-lhe. Seus joelhos se dobraram e caiu duramente, de frente ao chão. Jack elevou sua cabeça. Briony permanecia de pé a uns metros de distancia com a pistola em mãos, lágrimas correndo por sua cara. Estava tremendo, o braço ainda estendido, olhando fixamente ao homem morto. Jack deu um impulso para um último estalido de força, lutou com seus pés e se cambaleou até ela, as mãos sobre as suas. - Briony, me dê a pistola. Não a soltou, não o olhou. Tremia tanto que teve medo de que casualmente apertasse o gatilho de novo. Segurou seus dedos com os seus e com a outra mão, segurou seu rosto, e a forçou a que virasse a cabeça do corpo enquanto buscou um tom calmo. - Somente solte, boneca. Tenho-te agora. Olha-me. Somente a mim. Seu olhar fixo encontrou o seu, os olhos nadando em lágrimas. - Eu o matei - afastou-se dele, e vomitou, uma e outra vez.
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Jack deu um passo mais perto e viu que seus olhos ficavam em branco. Briony! Deliberadamente encheu sua mente com uma calma fortaleza. Sabia o que a violência podia fazer a um médium, e não estava disposto a permitir que caísse. Segurou o rosto dela em suas mãos. - Olhe pra mim. Fique comigo. Briony escutou sua voz como se chegasse de uma longa distância. Não queria voltar, tinha muita dor ali, mas a voz se negou a deixá-la ir. Com um esforço tremendo, olhou fixamente a seus fundos olhos cinza. - Está tudo bem. Tudo vai estar bem – lhe assegurou - Sou uma âncora. Somente deixa me fazer meu trabalho. – tinha estado muito perto de que se desmaiasse e não tinha lhe proporcionado barreiras, mas se concentrou em lançar longe a energia dela. Nunca tinha esperado estar tão afetado pela visão das lágrimas de uma mulher, ou pelo fato de que matar a um homem a tinha colocado doente. Pior, podia ver os fragmentos no seu queixo e ao longo do braço. Não tinha um equipamento médico nem para ajudar. - Temos que sair daqui. Os rebeldes vão se aglomerar por todo este lugar - endureceu a voz, esperando tirá-la fora de si mesma - Vamos. Agora, Briony. Limpou a boca com o dorso da mão, assentindo com a cabeça. -Sinto muito, é somente que... - se calmou e olhou para trás, para o corpo no chão. Balançando de modo instável, Jack estendeu a mão e a pegou. - Deixe de olhar. Teria nos matado a ambos. Agora vamos - seu polegar se moveu sobre seu queixo, secando o fio de sangue. Briony pestanejou para cima e logo endureceu a boca. O braço resvalou ao redor da sua cintura. - Estou bem agora – começou a caminhar com ele para a cidade, tomando um pouco de seu peso outra vez. Tinha jogado fora a dor pulsante, mas não poria jogar fora o horror que oprimia seu coração. - Deveria ter ido quando te disse. Poderias ter morrido. -Somente caminha. - Não vou fazer você sabe. Estou queimando, perdi muito sangue, pra dizer a verdade, não consigo ver direito. Os rebeldes que me buscavam devem ter escutado os disparos... Briony suspirou. - Economize forças. Somente continua andando. Te levarei para a cidade e meu irmão pode encontrar uma maneira de te tirar de Kinshasa. Jack continuou colocando um pé na frente do outro, decidido a não desmaiar. Estaria condenado se uma mulher tivesse que levar seu traseiro, e maldição se ela não o faria se ele não pudesse caminhar. Tinha algo sobre ela que simplesmente conseguiu se meter embaixo de sua pele. Fazia muito que tinha escolhido seu caminho, e este não incluía uma mulher própria ou uma família. Briony Jenkins era uma mulher feita para pertencer a um homem, de coração e alma. Era dessa classe de mulher com a qual um homem se casava e sabia com certeza que agüentaria até ao
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final no bem e no mal, diretamente ao lado do par. Pior, era dessa classe de mulher pelo qual um homem mataria, e ele era muito bom nisso sem dúvida. Resultava uma má combinação. Briony deu uma olhada no homem cujo peso estava cada vez mais e mais sobre ela. Praguejava dizendo palavrões uma e outra vez em voz baixa. A vontade absurda o manteve em pé. - Necessitas descansar? Não respondeu, mas deixou de caminhar. Voltaram ao riacho, e Briony o deteve lhe sentando sobre um tronco caído. Era uma pista de quão longe tinham chegado o fato que ele não protestou quando ela o ajudou a se sentar. O treinamento de sua estranha infância era de repente de um grande valor. Em algum lugar do seu interior intuía a alguns homens. Esperou tanto tempo como pode, dando uma oportunidade a Jack para descansar antes de arrastá-lo outra vez e em direção a Kinshasa. Teve que evitar aos grupos de soldados caçando no bosque. Cada certo tempo, o cheiro os advertia antes que se dirigissem perto deles. Uma vez dentro da cidade, esperou que parecesse que estivessem bebendo. Era difícil ocultar o rifle do franco-atirador e ele não o deixaria abandonado atrás, assim que o escondeu entre eles, esperando que seus corpos o ocultassem de qualquer pessoa que pudesse descobri-los. Escolheu ruas desertas e ruelas quando traçou o trajeto com ele para seu quarto. - Uns passos mais, Jack – disse de um modo alentador. O homem devia ter uma força de vontade de ferro para continuar andando. Nunca se desequilibrou, caminhando estoicamente apesar da violenta febre. Seu corpo estava quente e seco, desesperado para beber alguma coisa. Manteve-se nas sombras, beirando os grupos de pessoas com as que se encontravam. Evitou todo contato com os soldados das esquinas, cuidando de não chamar atenção. Quando estiveram na rua embaixo da janela do seu quarto, colocou a Jack contra a parede. - Vou subir para abrir a janela. Você acha que pode dar um salto? Jack se deslizou pela parede para se sentar no chão. Assentiu com a cabeça, mas não a olhou. Briony não estava segura. Agachou-se e saltou, agarrando no parapeito com os dedos. Agarrou-se na estreita beira e empurrou para abrir a janela. -Jack – estava assustada de gritar a ele, muito consciente de todos os soldados e a possibilidade de que os rebeldes os tivessem seguido até a cidade – Podes fazer? Não respondeu. Briony colocou uma mão sobre o parapeito e pulou ao chão aterrissando ligeiramente em seus pés ao seu lado. Colocou uma mão sobre seu ombro. - Pegarei o rifle – estendeu a mão. Jack reagiu, retrocedendo, com um movimento garboso e suave, experiente, distanciando dela, colocando-se em pé, aproximando o rifle. Agitou a cabeça. - Sinto muito. Ficarei com ele. Pertence ao meu irmão – caiu para trás contra a parede -. Onde diabos estamos? - Meu quarto está justo aí encima Jack. Podes saltar? Não quero te levar pelo hall onde alguém pode te ver. Isto é mais seguro para nós dois – Mais seguro para seus irmãos também. Ainda tinha um medo persistente de que Jack pudesse estar em Kinshasa por razões relacionadas com seu irmão mais velho. Jack limpou o suor do seu rosto. 31
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- Creio que sim – mas não se moveu. Fechou os olhos, permitindo que o rifle ficasse pendurado na tipóia ao redor do pescoço, as mãos caindo do lado como se seus braços fossem muito pesados. Briony escutou um leve ruído e se deu a volta para ver um soldado entrando na rua. Apertou os dentes. Esta tinha que ser uma noite de merda. Nunca iam entrar na segurança do quarto a esta velocidade e como podia impedir ao soldado ver o corpo torturado de Jack ou a arma pendurada no pescoço? Desesperada, Briony empurrou a Jack contra a parede, os braços deslizando ao redor do pescoço dele. Inclinou o corpo no dele e levantou a boca. A escuridão os rodeava, os envolvia, assim que se converteram em uma vaga silhueta a qual o soldado apenas podia distinguir. Escutou seus passos aproximando. Se visse o rifle escondido agora entre eles, ou a condição na qual Jack estava, estariam em um terrível problema. -Jack – sussurrou o nome intimamente, necessitando lhe excitar, fazê-lo mais consciente do perigo em que estavam. Seu nome chegou suavemente a sua mente. Uma dor. Os lábios leves como penas sobre os dele, dando pequenos beijos ao longo do lábio inferior. O coração de Jack pareceu ir devagar. Sentiu o crescente medo dela, mas agüentou até o final, esteve de pé com ele, na sua frente, protegendo-o, tal como tinha feito no bosque. Em algum lugar do profundo do seu ser, essa pequena centelha de humanidade que tinha reprimido acordou mais ampla, expandindo-se, E a ânsia na que ele mesmo raramente se permitiu agora tinha um nome. Briony. A respirou em sua mente, a inalou em seus pulmões. Um braço a cercou, trazendo a mais perto inclusive, sua mão se deslizou por sua coluna, ainda que nunca abrisse os olhos. A outra mão foi entre eles ao facão do seu cinturão. Não tinha nada sexual na maneira em que a tocou, somente quis consolá-la, mas de algum modo a forma e a textura de seu corpo ainda lograva encontrar o caminhos pelas polpas dos dedos e imprimisse na memória de seu cérebro. Sua mão se instalou nos fios molhados de seu cabelo e empurrou o rosto dela contra seu ombro, fazendo uma careta de dor quando entrou em contato com suas feridas. Não olhes. Somente fique quieta. Devagar retirou a faca do cinto. Espera. Os dedos dela rodearam seu pescoço. Por favor, somente outro momento. Poderia distanciar-se. Desejou que o soldado fosse para longe. Um guarda solitário intrometido no meio da noite, ignorando que a morte estava somente a um sopro de distancia. Não tinha dúvida, em sua opinião, de que Jack tão doente como estava, mataria ao homem. Fraco, seu corpo devastado pela febre atuava em base ao instinto, pelo seu extenso treinamento. Era uma máquina de matar, e qualquer um que se cruzasse em seu caminho morreria. Tinha que ser um modo terrível de viver. Fechou os olhos fortemente, rogando para que o soldado mudasse de direção. Por favor, Por favor, por favor, não deixes que Jack tenha que matá-lo. Pela primeira vez na sua vida, tratou de implantar uma sugestão no cérebro de outro deliberadamente. “Empurrou” ao soldado a voltar à rua. Esqueceu que Jack podia ler seus pensamentos até que seus dedos se agarraram em seu cabelo. O olhou. Sinto muito. Não quero que tenhas que te sentir deste modo, tomando uma vida. Ele abriu os olhos para encontrar seu olhar fixo. Tinha os olhos maiores e mais suaves e compassivos com os que alguma vez tinha se tropeçado. Sua expressão endureceu. Nunca sentiu nada. Esse era o problema. Não até agora. Este momento. Olhando para baixo a seu rosto muito inocente. 32
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Era um homem descortês e difícil, capaz de uma grande crueldade e implacável vingança rápida. Podia disparar a um homem a um quilometro ou mais. Podia emergir de um rio e reduzir a qualquer um sem que soubessem o que estava próximo. Era um fantasma no bosque ou no deserto. Alguns o chamavam morte e a maioria o evitava. Aqui estava ela, olhando-o com compaixão e inclusive preocupação sobre seu rosto transparente. Queria esmagar sua boca pecaminosamente doce debaixo da sua, e contudo, todo o tempo, uma parte de seu cérebro sabia exatamente donde estava o soldado, planejando cada movimento, a forma de lhe distanciar de Briony e o suave disparo que terminaria com sua vida. Bruscamente o soldado deu a volta e retrocedeu pela apertada rua, deixando-os sozinhos nas sombras. Por um momento caiu contra ele, o alívio fazendo suas pernas ficarem bambas. -Ele esteve muito perto. Graças a Deus. Não lhe disse que Deus o tinha abandonado fazia muito tempo; em vez disso enterrou o rosto na suavidade de seu pescoço e cheirou sua fragrância, desejando poder retê-la. Encaixava entre seus braços e em sua mente, mas nunca caberia em sua vida. Se agarraria muito apertado, a manteria muito perto, tão perto que ela não seria capaz de respirar. Não teria a possibilidade de compreender a um homem como ele, seus pecados tão negros como os que não tinham rendição, suas próprias regras e seu código além da civilização. -Jack? Sua voz o tirou do semi-estupor, ou talvez fosse um sonho; francamente não podia dizer nada mais. A distanciou dele e olhou para a janela. -Posso fazer, eu te cobrirei. Briony não protestou. Seria afortunado se pudesse pular, sem falar de tentar protegê-la, mas a indicação de que sua condição rapidamente ia deteriorando não o levaria ao quarto mais rápido. Ela simplesmente cabeceou e enviou uma oração silenciosa de que o fizesse no primeiro intento. Não estava totalmente segura de que fosse o bastante forte para pular essa distância com ele sobre seu ombro. Briony retrocedeu para lhe dar espaço, todo o momento vigiando a entrada da rua. -Vai agora - o animou temerosa de que o soldado pudesse voltar. Jack pulou se agarrando no parapeito e se jogando dentro do quarto. Briony soltou a respiração que estava segurando e lhe seguiu, deslizando pela janela e agachando no chão, querendo gritar de alívio. Agora tinha um homem no seu quarto, não estava segura do que ia fazer com ele, mas com calma fechou a janela e se apressou para conseguir uma garrafa de água fria antes de ascender à luz. - Beba. Estás desidratado e ardendo em febre. Vou limpar tuas feridas e te dar uma injeção de antibióticos. Levamos uns medicamentos com a gente e não sou má com os pontos quando tenho que fazer. - Dê-me as provisões e poderei fazer – lhe assegurou, se sentando na beira da cama. O quarto era pequeno e a cama parecia tentadora -. Nunca saboreei algo tão bom como a água – o líquido caiu por sua garganta, resistindo o impulso de tragá-lo de uma vez. - Obrigado. - De nada – Briony molhou um pano em água fresca e o colocou na nuca-. Tem uma infecção realmente má, Jack. Sei que poderias costurar as feridas você mesmo, mas porque não descansas e somente me deixa cuidar de você por agora.
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Jack tomou outro, mais longo, seu sedento corpo ávido pelo líquido fresco. Pegou o pano e molhou sua cara enquanto a observava misturar uma solução em um pote. - Me traga pinças. - Que?- Parecia assustada. - Tenho que cuidar do teu braço e do teu rosto! Terás uma infecção se o deixarmos. Não estarei em condições de fazer nada depois, somente me consiga as pinças agora. - Você deve estar brincando! - Eu não brinco – sua voz era severa e se desequilibrou, alcançando a parede para equilibrar-se - Falo sério. Não vai tocar-me até que eu a cuide. E se desmaio e alguém vem, conseguirás um inferno aqui. Se algo acontecer atravessa a janela, até os telhados, não desça para a rua, te pegarão na rua. Usa os telhados enquanto possas e te dirige ao bosque. Podes ficar lá. - Você manda em todo mundo? – tirou as pinças do seu estojo médico e as deu. - Me sinto como uma idiota tendo você cuidando das minhas fagulhas enquanto você está todo cortado em pedaços. Pegou-a pelo queixo e começou a tirar as fagulhas maiores da sua pele. - Salvaste minha vida. Obrigado. Não devo isso a muitas pessoas, mas teria morrido se não fosse você - limpou o queixo com o anti-séptico e estendeu a mão para o ungüento do antibiótico. - Não quero falar disso – seu estômago se mexeu incomodamente. Fechou os olhos contra as lembranças do homem morto no bosque. - Me teria matado. - Eu sei. Terminou? - Não gosto do estado do teu braço. È bastante profundo. Segue colocando o creme sobre ele lhe deu as pinças-. Sim, mando em todo mundo. Funciona melhor para mim deste modo. - Já vejo. E todos fazem o que você diz? - Os inteligentes – não podia evitar olhar seu corpo devastado, cortado em pedaços. Sua musculatura da barriga, o peito marcado e amplos ombros e braços tinham recebido os golpes da tortura. Tinha duas estranhas tatuagens. Compreendeu que não os via com a visão normal, mas bem com a visão melhorada, como os vendo debaixo de uma luz ultravioleta. Tocou uma -. Estas não são normais. A tinta é diferente. - As pessoas não os podem ver, somente quem é um de nós. - queria saber mais, mas em vez de perguntar, se ajoelhou no chão em sua frente. A limpeza de suas feridas era imprescindível se quisesse sobreviver. - Isto vai doer. - Somente faça isso. - Você quer largar o rifle? -. Jack pestanejou ao olhar a ela, surpreendido de ter ainda o rifle ao redor do pescoço. O colocou ao lado da sua mão sobre o colchão e acrescentou a pistola e duas facas antes de tomar outro gole. Inclinou-se para trás até que sua cabeça descansou contra a parede. 34
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- Continue. Briony se afirmou. Não gostava de machucar a ninguém, e lavar as feridas com o anti-séptico ia torturar a Jack uma vez mais, mas não podia ajudá-lo. - Poderia chamar a um dos meus irmãos se você for estar mais cômodo. - Briony - pronunciou seu nome com uma leve nota de exasperação. Ela somente escutou o cansaço. Seus olhos estavam vidrados pela febre e necessitava deitar-se desesperadamente. Apertando os lábios, começou a árdua tarefa de limpá-lo. As feridas da faca em seu peito eram horríveis, estavam negras e incrustadas com bichos e infectadas. Seu corpo estremeceu e explodiu em suor, enquanto lavava e aplicava os antibióticos, mas ele estoicamente suportou, bebendo de vez em quando da garrafa de água. - Ken. Meu irmão. Assustada, levantou os olhos. O corpo dele tremia continuamente, mas sua expressão não mudou, não importa quantas vezes teve que lavar vários cortes. - Que tem o teu irmão? – Alguém tinha esfregado uma mistura de sal, folhas e um creme nas feridas abertas, e tirar isso não era fácil. - Eu mando nele, mas nem sempre me escuta. Dirigiu-lhe um sorriso pequeno. - Bom pra ele. Engoliu várias vezes quando esfregou nos cortes mais profundos, estes estavam tão infeccionados que não estava segura inclusive de que os potentes antibióticos que tinha servissem. - Jack – Briony pegou a garrafa vazia de água e com cuidado lhe apertou o ombro-. Deita um pouco. Estas a salvo por agora. Dorme se você conseguir enquanto eu faço isso. Vai demorar um pouco. Apesar do desejo de ficar acordado, Jack viu seu corpo deitar sem sua permissão. - Somente vou descansar um minuto. Briony viu que seus dedos tocaram a pistola, como se necessitasse do consolo de que estava ali, mas com os olhos fechados, não parecia mais doce ou infantil descansando. Ainda parecia tão duro e perigoso como quando a olhava com seu olhar fixo agitado. Continuou lavando seu peito, dando seu tempo, querendo fazer um trabalho cuidadoso da primeira vez. As feridas eram profundas e feias, um nome esculpido no peito. Tinha queimaduras e cortes pequenos como se alguém tivesse pegado uma lâmina afiada de navalha e tivesse feito cortes cada centímetro em uma simetria perfeita encima e embaixo de seu corpo, em longas filas de feias feridas. Não tinha idéia de que estava chorando quando começou o trabalho de costurar para suturar as feridas. Sobre algumas podia usar band-aid de aproximação ³, mas a maioria eram o bastante profundas para precisar de pontos. Deu uma injeção de antibióticos antes de convencê-lo a virar. As costas estavam terríveis, com grandes partes de carnes desaparecidas. Não era nada assombroso que o homem estivesse ardendo de febre. Os insetos tinham feito uma festa. O suor caia sobre seu corpo e continuou agitando-se, mas nunca pronunciou nenhum som.
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³ ponto feito com esparadrapo aproximando os dois lados do corte mais conhecido como ponto borboleta (N.T/R) Deu-se seu tempo para limpá-lo pela noite, finalmente conseguindo poder ajudá-lo a tirar as botas e as nojentas calças que levava. Tinha mais sinais de torturas, cortes pequenos em listras em suas pernas e traseiro, incluso ao redor da virilha, como tivessem brincando com a idéia do que viria mais tarde. Em outras circunstâncias, poderia ter sido muito tímida para limpar a um homem em tais lugares íntimos, mas os machucados eram tão sérios e, ainda que soubesse que ele estava consciente, ele não abriu os olhos. Briony tratou de ser impessoal, mas se sentiu doente com a idéia de que um humano podia fazer tais coisas em outro. Quando terminou, sentiu-se protetora e talvez um pouco possessiva dele. Colocou um leve lençol sobre seu corpo e pegou mais água com comprimidos antibióticos, pressionando o suficiente para mantê-lo acordado para que os tomassem também. Briony deslizou o braço ao redor de sua cabeça para manter o pescoço enquanto bebia. Vacilou antes de tomar os comprimidos, com seu suspicaz olhar no olhar cansado dela. - Nada para deixar-me inconsciente. Eu me curo rápido e posso suportar a dor. - Não, claro que não, ainda mais agora que falas, não ia ser uma má idéia - penteou o cabelo raspado dele com seus dedos, tirando as folhas e raminhos dele-. Somente antibióticos. Temos que lutar contra a infecção com força. Necessitas de um médico. - Fizeste um bom trabalho - falou bruscamente, tomando os comprimidos com a metade da garrafa de água-. Obrigado. - De nada. Durma agora – os braços de Briony doíam e ainda que não estivesse experimentando a sobrecarga psíquica de muitas emoções bombardeando, tinha uma terrível dor de cabeça por ter usado a telepatia e estava tremendo pelos acontecimentos na noite. O pensamento de que tinha matado a um homem, a visão e som daquilo, a colocou doente. Tomou uma longa ducha, enxaguando o cabelo e seu corpo uma e outra vez como se isso pudesse eliminar as lembranças da tarde. Nada parecia ajudar e a dor de cabeça persistiu. Escovou os dentes e outra vez esfregou as mãos antes de entrar para ver Jack. Sua pele estava quente ao tato, parecia estar dormindo. Apagando a luz, desabou no chão embaixo da janela e encolheu os joelhos, abraçando-se fortemente. Seus irmãos a iam deixar louca quando soubessem o que havia feito. Jebediah somente poderia matá-la e terminar com o sofrimento. Não esperava com impaciência o amanhã e o inevitável sermão sobre sua segurança e a segurança da família. A noite inteira tinha sido muito desgastante. O homem que estava à só uns centímetros dela tinha sido impiedosamente torturado, e agora, ainda no sono, seu corpo se estremecia como se ainda sentisse cada abuso. A vida não tinha sentido para ela a maior parte do tempo. E nunca se sentiu a salvo, ou como se tivesse um lugar ao qual pertencer. Todos ao seu redor tentaram; não eram sua família ou amigos, era ela. Balançou-se levemente, tratando de conseguir alguma comodidade quando as imagens de sangue e morte se elevaram até inundar sua mente. Jack se mexeu e a dor atravessou de um extremo a outro em seu rosto. Levantou a vista, alerta para ver se necessitava de alguma coisa, mas aparentemente somente sonhava. Quando ele se rendeu em um sono mais profundo, colocou sua cabeça sobre os joelhos, sentindo o calor das lágrimas que não podia evitar. O sangue e a morte o rodearam. Jack se afogava nelas, desvalido para salvar a mulher que flutuava rio abaixo. Estendeu a mão, mas a perdeu e soube que a tinha perdido para sempre. Não 36
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a chamou, mas gritou suavemente, lágrimas caindo de seu rosto. Escutou o som, ensurdecedor, pungente do coração e seus olhos se abriram de repente, rastreando com a arma o quarto. Briony encolhida no chão, os joelhos levantados até o peito, a cabeça inclinada. Seu cabelo de prata-ouro caindo sobre o rosto, e a visão fez seu coração começou a palpitar no peito. Praguejou silenciosamente com os dentes apertados, o corpo muito cansado e muito golpeado para se mover, tocá-la. Devagar baixou a arma, deixando-a sobre a cama. - Briony. Levantou a cabeça, uma mão limpando os olhos, um movimento rápido que tentou ocultar. - Tá doendo? Provavelmente. Seguramente temos alguma coisa para a dor no kit – tinha um pequeno tremor na voz, mas se recuperou, ocultando sua angústia. - Vem cá. Ela se calou, os olhos muito grandes e cheios de lágrimas, de longas pestanas pontiagudas e molhadas. Doía-lhe vê-la assim. Deveria estar em outro lugar onde estivesse a salvo e protegida, não em Kinshasa onde qualquer coisa podia acontecer. - Eu disse para vir aqui. O duro tom da ordem deteve seu choro. - Te escutei - parecia tão decidido, como se pudesse levantar e vir a ela apesar das suas feridas. Briony se colocou de cócoras e se colocou ao seu lado, colocando a mão na sua testa para comprovar se tinha febre. - Você quer mais água? Ele assentiu, o olhar fixo nunca abandonou seu rosto, os olhos ainda com uma mirada ausente pela febre. Tirou outra garrafa e tirou a tampinha antes de dar para ele. - Você lavou o cabelo - Jack deixou o líquido deslizar-se por sua garganta, saboreando o gosto. Independente do que usas cheira bem – A pegou pelo pulso quando se deu a volta. Puxando-a, sinalizou a cama-. Não te sentes no chão. Não estou em forma para fazer algo e é bem mais cômodo – sobretudo queria consolá-la. Não era algo que alguma vez tinha pensado que faria, mas o tentaria somente para que não chorasse mais. Quando não respondeu tampouco desta forma, a jogou no colchão. - Poderia te bater. - Eu duvido – permitiu seus dedos deslizar sobre o rosto molhado pelas lagrimas -. Não faça isso. - O que? Chorar? Cada vez que fecho os olhos vejo esse homem morto. Ou vejo alguém te cortando em pedaços – pressionou os dedos na sua têmpora-. Tenho medo de dormir. - Tens dor de cabeça. Tomaste alguma coisa para a dor? -Minha dor de cabeça é bastante insignificante ao lado do que os rebeldes te fizeram. Não posso acreditar que estivesses correndo pelo bosque. Deverias estar morto. - Não ia morrer e dar a eles a satisfação –tomou outro gole de água, seus dedos se enroscando no cabelo dela. Era mais suave do que tinha imaginado no princípio-. O teriam feito melhor somente colocando uma bala na minha cabeça. - E por que não o fizeram? 37
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Jack colocou a garrafa de água sobre a pequena mesa de noite do lado da cama e usou ambas as mãos para massagear as têmporas dela. Seu corpo se sentia pequeno e suave ao lado do seu e em realidade tinha uma reação por ela, desconcertante quando estava tratando de consolá-la. Ela era muito inocente para um homem como ele ter sexo com ela. Profanaria o sagrado que tinha nela, era muito brusco, muito exigente, muito tudo. Seu corpo se endureceu mais e fechou a porta sobre aquela linha de pensamentos. Não tinha nenhuma forma de que fosse permitir que isto acontecesse. Como podia seu corpo reagir quando tinham lhe dado uma surra dos demônios? Nada sobre essa situação tinha sentido e isto lhe fez temer. Sempre era desconfiado, mas suas reações por Briony estavam completamente fora de controle. - O general quer que as pessoas lhe tenham medo. Quando mais cruel ele é, mas todos lhe temem e consegue o que quer. A tortura, o genocídio e a violação são boas formas de intimidar as pessoas. Briony esteve em silêncio durante muito tempo. Suspirou. - Meus irmãos não me escutarão. Pensam que estou paranóica, mas o festival de música nos ofereceu uma enorme quantidade de dinheiro para atuar aqui. Não tinha sentido antes e muito menos agora que estou aqui. O festival não tem esse tipo de dinheiro e nós não somos os melhores da atuação. Serviste com meu irmão e ambos estamos melhorados psíquica e fisicamente. Nunca antes encontrei alguém como eu. De fato, esta é a primeira vez na minha vida que alguma vez fui capaz de estar perto de outro ser humano sem sentir suas emoções e ficar doente. Não pensas que tudo isso é muita coincidência? - Se você está paranóica, Briony, eu também. - Tyrel me disse que existe um rumor de que os soldados rebeldes estão se movendo na cidade. Se não estão aqui pelo festival de música, minha conclusão é que te procuram. - Tenho que dizer que quando encontrem os corpos nos limites da cidade, definitivamente virão me buscar. - Jebediah vai ficar realmente, realmente zangado comigo. - Não te preocupes por teu irmão. Ele me conhece – Jebediah o conhecia muito bem, e seguro como o inferno de que não queria Jack Norton deitado na mesma cama que sua irmã. Jack se colocou a olhar o teto rachado, com uma mão no cabelo dela e a outra sobre a arma, escutando-a no silêncio, respirando e se perguntando por que se sentia como se ela lhe pertencesse.
Capítulo 4
O golpe na porta tirou a Jack e a Briony de seu sono. A arma estava pronta na mão de Jack e fez sinal para a segurança do banheiro. - Abre a porta, Bri! – gritou Jebediah -. Estou aqui com o café e ainda estás dormindo. Temos que continuar. - É o meu irmão – disse Briony desnecessariamente, mas queria que Jack guardasse a arma. Deliberadamente se moveu na frente dele, bloqueando sua visão da porta, pressionando a mão 38
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sobre sua testa para ver se tinha febre. Levantou a voz -. Só um minuto, Jebediah. Tenha um pouco de paciência. Jack a afastou do caminho com o braço. - Fique ao lado da porta quando o deixes entrar. Alguém poderia estar atrás dele com uma pistola em sua cabeça. - Me teria advertido – objetou Briony -. Não dispares ao meu irmão. - Fique ao lado da porta – quando deixou de olhá-lo com o cenho franzido, apertou os dentes-. Maldita seja, faz o que te falo. Briony ressoprou somente para mostrar que estava molesta, ainda que não parecesse desconcertar-lhe. Disse a si mesma que o obedeceria para impedir que Jack se zangasse enquanto tirava a chave e abria a porta, não porque fosse completamente aterrador às vezes. - Toma – Jeb deu uma xícara de café enquanto se inclinava para lhe dar um beijo na bochecha. Quando o fez, seu olhar pulou para trás dela onde Jack jazia de costas embaixo do lençol, a pistola na mão, apontando diretamente ao coração de Jebediah -. Que demônios estás fazendo aqui, Norton? - Jeb pulou para colocar seu corpo entre a arma e Briony. - Estou tão feliz de que te lembres do Jack, Jeb – Disse Briony, tentando se mostrar alegre. –Ele necessita sair do país e pensei que poderias ajudar. - Fecha a porta – Jack lentamente baixou a pistola e colocou a cabeça no travesseiro, cobrindo os olhos com um braço. Briony virou a fechadura e se apoiou contra a porta, soprando o café para impedir de olhar a seu irmão. - Como você encontrou com Jack Norton, Briony? – exigiu Jebediah. - Fui ao bosque ao redor da cidade. – admitiu. - Maldita seja, Briony – Jebediah avançou sobre ela de modo ameaçador, assustando sua figura mais baixa -. No que você estava pensando para correr um perigo como esse? Saindo ao bosque quando te disse para que ficasses aqui. - Jebediah – a voz de Jack era cortante, seu tom mais baixo, quase um suspiro. – Falas com ela assim de novo ao meu redor e te tiro o coração. Fui claro? O coração de Briony não deixou passar a ameaça. Vindo de alguém mais, teria sido melodramático, mas Jack soou como se realmente quisesse ter dito. Seu tom foi suave, não tinha levantado a voz; o fato é que nem sequer tinha se sentado, um braço ainda cobria seus olhos, mas algo na sua postura ultra-relaxada parecia enganoso, como se dentro dele, estivesse enrolado como uma serpente, pronto para golpear em qualquer momento. Nunca em sua vida tinha se encontrado a alguém tão despreocupado sobre a violência. Jeb voltou-se. - É minha irmã e minha responsabilidade, Jack. Poderia ter sido assassinada – inclusive soava conciliador. - Já lhe dei um sermão. Uma vez é suficiente para qualquer um. – o tom que Jack falou foi baixo. 39
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Briony sentou-se na borda da cama e olhou ao seu irmão. - Sinto muito. Necessitava respirar. Não posso ficar aqui rodeada de toda essa gente... O braço de Jack se moveu rapidamente, os dedos se fecharam ao redor do seu pulso. - Não te desculpes. Não és uma âncora. Não podes estar ao redor de tanta gente e não sentir sua miséria. Teu irmão já deveria saber isto sobre ti. - De que demônios está falando Jack? – demandou Jeb -. Minha irmã não é assunto teu. Jack sentou-se lentamente, o lençol caiu para revelar a multidão de feridas, queimaduras e cortes em seu peito e ombros. - Deus, Jack – Jeb tragou com força, seu olhar pulou para Briony -. Quem te pegou? Precisas de um médico. - Briony cuidou de mim. A expressão de Jebediah se endureceu. - Briony? O que está acontecendo entre vocês dois? - Sexo selvagem, Jebediah – disse bruscamente Briony, o sarcasmo gotejava da sua voz. - Não tenho 16 anos, você sabe, e me estás envergonhando totalmente – lhe passou o café a Jack. -Ele parece em forma para funcionar? Jack a olhou por cima da borda da xícara, seus olhos se encontraram com os dela, uma crua intensidade repentina os mudou para um cinza profundo a prata líquida. - Teria te dado prazer se me tivesses pedido. A sombra de um sorriso curvou sua boca, mas seu estômago deu um pulinho curioso. Não parecia estar brincando. Seu útero se apertou inesperadamente e teve que afastar seu olhar. - Isto não é divertido, Jack – disse Jeb bruscamente. -Não penses em minha irmã dessa forma. - Vou ao banheiro e não levo muita coisa encima - sinalizou Jack. - Assim que se você for tímido, poderias não querer olhar. Ela já o tinha visto. Briony se virou para a janela, não querendo que nenhuns dos dois vissem o rubor subindo pelo seu pescoço até seu rosto. - Lavei a tua roupa – disse – e a pendurei encima da ducha, mas duvido que estejam secas. Jebediah conseguirias uns jeans e uma camisa para ele? Seu irmão esperou até que Jack desaparecesse no banheiro antes de se agachar na frente dela. - Esta louca? – sussurrou -. Tens idéia de quem é esse homem? Ou do que é capaz de fazer? Inclusive com Jack fora do quarto, sua estreita proximidade impedia que a cólera, a surpresa e o alarme que seu irmão estava extravasando a golpeasse com tanta força como normalmente fazia. - Pelo o que posso ver Jeb, foi torturado e precisa de ajuda. Podes tirá-lo daqui? - Os soldados na cidade estão agitados. Isso é pelo que te trouxe o café antes que tivesses que sair esta manhã. Encontraram uns cadáveres esta manhã cedo, segundo o disseram os rebeldes. O
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temor é que estejam infiltrados na cidade, e por isso o exército está em alerta. Estiveram buscando nos bares ontem a noite. - Os rebeldes estão buscando a Jack. Ele escapou do acampamento deles. - E querem ele o suficiente para entrar em Kinshasa com soldados em cada esquina? – Jebediah se coçou a cabeça -. Tens razão, teremos que tirá-lo daqui. Nos vigiarão estreitamente porque somos estrangeiros. Conseguirei roupa para ele e você o mantenha fora da vista. Ele está o suficientemente forte para viajar? - Sim, mas não tenho a mínima idéia de como? Precisa de um médico, creio. Se você tem remédios em tua frasqueira de viagem ou qualquer dos outros, me dá. Jebediah assentiu. - Você está segura de que estás bem? Não te machucou? Sacudiu a cabeça. - Me protegeu Jeb – queria compartilhar com seu irmão as coisas que Jack lhe tinha revelado sobre os Caminhantes Fantasmas, mas o fato de que não sentira dor ao redor de Jack e o fizera com seus irmãos magoaria a Jebediah. Magoaria-lhe com a revelação, e tinha muito tempo que magoava a sua família. Nunca iam saber quanto sofria realmente com sua presença. Jebediah deu uma olhada na porta do quarto de banho. - Também deve ter contatos. Falou algo sobre o que está fazendo aqui? Será que ele tem que alcançar algum ponto de resgate? -Não falou muita coisa. - Esse é Jack. É bastante fechado. Vou conseguir roupas, mantenha a porta fechada.
Briony lhe seguiu e fechou a porta, deixando o café a um lado para Jack quando saísse do banheiro. Ia dar a ele outra leva de remédios no momento em que saísse, alimentar-lhe e dar-lhe mais líquidos. Tinha que ficar forte rápido e isso queria dizer que necessitava superar a infecção. A água se fechou, e uns poucos minutos depois Jack surgiu, a toalha estava enrolada em suas estreitas cadeiras. Seu cabelo negro ainda estava molhado e as cruas feridas de faca espalhadas pelo seu corpo estavam vermelhas e com um mau aspecto. Com pontos em todas as partes, se parecia um pouco com Frankestein. Tinha ombros largos e braços poderosos, e estava bem construído com um duro e forte torso e músculos definidos. O rosto era todo masculino, duro e curtido com varias cicatrizes. Outras cicatrizes mais antigas, tanto de faca como de bala, estragavam sua pele em vários lugares sobre seu corpo. - Aparentas um pouco mal para te vestires – Briony o olhou enquanto lhe dava outra garrafa de água -. Beba isto, toma outro comprimido e podes tomar toda a xícara de café. Nem sequer lhe pedirei um gole. Para Jack ela estava linda. Luz do sol e flores em um prado. Tratou de não olhá-la fixamente, tomando a água e engolindo o comprimido que lhe deu sem perguntar. Doía só olhar pra ela, e seu perfume simplesmente o estava enlouquecendo. Lhe deu as costas e caminhou até a janela para comprovar a ruela embaixo deles. A escutou inspirar bruscamente e soube que estava
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olhando a confusão das suas costas. A parte da frente parecia pior, mas estava vivo pelo o que não se queixava. - Não me importa compartilhar o café com você – sua voz foi brusca, ou talvez enferrujada. Realmente não a tinha usado há um tempo. Quando falar era necessário, Ken tinha feito a maior parte. Jack não tinha querido que sua declaração saísse tão íntima, mas soou dessa forma, um convite. Somente estar perto dela agitava seu corpo, e o sangue golpeava suas veias. - Jack, estás circulando pelo quarto como um tigre enjaulado. Senta-te e deixa-me ver tuas feridas. A olhou, e seu coração deu um pulo peculiar, seu pulso se acelerou. Pressionou uma mão contra o peito, surpreendido pela maneira em que não podia controlar a resposta a ela. Sentou-se porque era mais fácil que tratar de caminhar quando se estava transformando em dor. Deu-se conta de que tinha sido um grande erro. Ela se inclinou sobre ele, seu corpo tão perto que podia senti-la através da sua pele. Seu perfume o envolveu até que não pode fazer nada mais que respirá-la. Foi profundamente consciente de cada detalhe de seu corpo, a curva de suas bochechas, o tamanho de suas pestanas, a batida regular de seu coração. Cada toque de seus dedos, enquanto aplicava os antibióticos tópicos, sentia-se como uma carícia desenhada para aumentar sua necessidade dela. Sua ereção cresceu grossa e dura, o sangue se juntou, centrando-se em seu pênis. Seus peitos lhe roçaram o braço quando se inclinou através dele para alcançar uma ferida no peito que estava particularmente inflamada. Se o corpo lhe tinha doido antes, não podia recordar, com a dor palpitante entre suas pernas. Não podia pensar com o rugido na sua cabeça e o gosto e o tato dela impressos nele. Jack apertou os dentes e tratou de usar o cérebro. Era um solitário, uma pessoa que não necessitava de ninguém e se manteria assim. Cada mulher tinha sido alguém que podia tomar e deixar, e gostava dessa forma. Esta mulher não era das que podia abandonar e sabia que não devia desejá-la. Tinha disciplina. Controle. Escutou um ruído escapando-lhe, um grunhido de necessidade que não pode evitar. O som foi tão primitivo como o modo em que estava fazendo sentir seu corpo. Pior, de alguma maneira tinha se metido embaixo de sua pele. Seus dedos se fecharam ao redor de seu pulso, e a puxou até que Briony virou a cabeça e o olhou. Seus olhos se encontraram e uma descarga elétrica que recorreu suas costas de cima a baixo lhe fez consciente disso. - Te machuquei? – a voz acariciou sua pele, seu hálito era quente e convidativo, as pontas dos dedos colocou para trás seu cabelo molhado. - Estou tratando de ser gentil, mas tens cortes muito profundos. - Senta no final da cama -soou rude, inclusive a seus próprios ouvidos, mas não importou. Tinha que ficar longe dele ou ia fazer que ela rodasse debaixo de seu corpo e fazer todas as coisas que tinha em mente que a dariam um susto de morte. Briony sorriu. - Mandas em todos ao teu redor? O sorriso iluminou o seu rosto. Isto fez algo especial aos seus olhos, tornando-os de um marrom profundo a um chocolate derretido. Outro grunhido escapou, e tratou de olhar longe, mas pareceu hipnotizar-lhe.
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- Sim – cuspiu entre os dentes apertados. - Somente faz o que te diga quando te fale e nos daremos bem, Briony. Riu-se. O som enviou um estremecimento de prazer, uma onda através do seu corpo. De repente ficou assustado pelos dois, por sua honra e por sua inocência. - Alguma vez ouviste falar da auto-conservação? Porque creio que não tens muito nesse departamento. Briony se sentou na borda da cama. - Tenho em abundância, obrigada. É só que realmente esperas que todos façam o que dizes quando o ordenas. Não podes controlar a outra pessoa, se não o permitem. Seu olhar foi a deriva por seu rosto possessivamente. -Não és uma dessas pessoas. Estou tratando de fazer o correto aqui e manter as mãos longe de você. O coração de Briony pulou. Seu pulso latejou. Seu cheiro tinha começado a enlouquecê-la, como algum afrodisíaco que não podia resistir. Tratou de que ele não percebesse, mas necessitava tocar-lhe, necessitava estar mais perto dele. Tratou de dizer-lhe que era devido a que pela primeira vez em sua vida podia estar nos limites fechados de um quarto com outro ser humano e não sentir a dor de seus pensamentos e emoções. Molhou seus lábios repentinamente secos e foi consciente no mesmo instante do seu olhar quente seguindo o mover da sua língua através do lábio inferior, convertendo o gesto em algo sensual. - Ao menos tens o sentido comum de estar nervosa. O som de um punho contra a porta a fez pular. Jack estendeu o braço para protegê-la com seu próprio corpo, a arma subiu tão suavemente que soube que era um gesto automático. - Briony! – berrou Jebediah -. Abre. Jack não sabia se estava aliviado ou maldizia. - Este homem nunca se cala – disse -. Lembra de ficar a um lado da porta. - Não, não o faça - esteve de acordo Briony enquanto abria a porta, fazendo da forma que Jack insistia. Jebediah lhe deu uns jeans e uma camisa a Jack e uma seringa a Briony. - Seth também tem antibióticos em seu nécessaire – Tirou a mão ao corredor e arrastou uma bandeja dentro-. Trouxe comida também, imaginei que não tinhas comido faz tempo. Jack disse que sim a ele e pegou a bandeja. - Estás feito uma merda, Jack – observou Jebediah. -Os rebeldes não brincavam com você. Se te cortam um pouco mais, estaria em pedaços. - Esfolaram a Ken – Tinha um tom duro a voz de Jack, uma com um objetivo mortal. Cortaram-lhe dos pés a cabeça. Somente tinham acabado de começar comigo. Fui afortunado. Jebediah praguejou baixo, olhou a Briony e captou o pestanejar das lágrimas.
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- Você é muito mole, Bri – Falou bruscamente -. Sempre foi. No mundo real, a merda acontece e você tem que ser resistente. Jack levantou a cabeça, os olhos cinzas brilhando com mais do que uma ameaça, com uma promessa de vingança. - Deixe ela em paz. Está bem da maneira que é. Jebediah engoliu uma resposta enquanto se encolhia os ombros. - Posso chamar a umas pessoas, Jack, veremos o que podemos fazer para te tirar daqui; por outra parte pensarei em um modo de tirar-te de contrabando. -Posso chamar uma equipe de resgate, mas necessito chamar as pessoas em que confio. A mandíbula de Jebediah se apertou. - Pensas que alguém te fez uma armadilha? - Eu sei que me fizeram uma armadilha – os frios olhos cinzas nunca abandonaram o rosto de Jebediah, olhando-o com aquela intenção mortal -. É bom que está aqui – o comentário foi bastante casual, mas nada do que Jack Norton dizia era casual. - Olha, Jack, já não estou com os militares. Trabalho no negócio familiar e não tenho nada a ver com essa gente. Não tenho nenhum laço com a CIA ou qualquer outra organização. Independentemente do que aconteça aqui, não tenho nada a ver. Deverias me conhecer melhor. Não tenho nenhuma razão para trair ao meu País ou a meus amigos – deliberadamente lhe lembrou a Jack, seu passado juntos. - O dinheiro é um motivo poderoso. —Não acuses meu irmão de algo tão terrível. Estamos arriscando nossas vidas para te ajudar — Briony falou bruscamente. Golpeou seu braço com o anti-séptico e empurrou a seringa para ele. Jack segurou seu pulso. —Você vai me apunhalar com essa coisa? —por um momento a diversão brilhou em seus olhos, e então se desvaneceu rapidamente. —Absolutamente. Não seja tão infantil. Aposto que se fez de durão enquanto te cortavam em pedaços. Eles não tinham grandes olhos marrons nem pareciam que iam chorar por mim. Havia uma intimidade em falar telepaticamente que não podia negar, e sua voz continha tal carícia que enviou um arrepio através de seu corpo. Briony sacudiu a cabeça e lhe deu a injeção. Seguramente você tem sucesso com as mulheres. Ele não contestou, simplesmente dirigiu um dedo por seu braço, um toque suave e ligeiro. O calor atravessou seu corpo, a dor em seus seios, o pulsar entre suas pernas aumentou com uma necessidade urgente. Sua resposta foi tão intensa que não pode mover-se por um momento. Permaneceu ali como um cervo deslumbrado pelos faróis, olhando-o fixamente, assustada de que desejo desnudo estivesse transparente em seu rosto. Seus dedos se entrelaçaram nos dela, enquanto ele tirava a agulha de suas mãos, mas não a deixou sair. —Preciso de uma forma de falar com minha gente, Jebediah. E enquanto isso, este lugar não é a melhor posição de defesa. Não tenho muito espaço para reagir se vierem atrás de mim e saberão que Briony me ajudou. Não quero nenhum rastro que os conduza a você ou a sua família.
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—Bri, leve-o para a arena de prática. Fica a um quarteirão daqui, Jack. Vestido com minhas roupas e caminhando com Bri, você deve ficar bem. Eu acharei um jeito de fazer o contato. —Obrigado, Jeb. Eu aprecio qualquer coisa que você puder fazer, — Jack reconheceu. —Nós te levaremos para casa em segurança, —Jebediah prometeu, levantando uma mão à medida que ele partia. —Coma, —Briony instruiu. O dedo polegar de Jack deslizou de um lado para outro distraidamente pelas costas de sua mão. Ela não estava certa se ele era ciente disso, mas ela era. Cada carícia ligeira enviou um calafrio por seu corpo. Ela puxou sua mão longe e deu alguns passos atrás para tentar ter um pouco de espaço para respirar. Mas cada fôlego que tomava em seus pulmões fazia com que seu odor masculino rodasse por suas veias. —Como pode você estar tão ferido e não dar um único sinal de dor? Ele varreu seu rosto com o olhar, desceu para sua boca, e foi a deriva pelo seu corpo. Ele deu uma mordida na torrada e pensativamente mastigou. —Você se apresenta na frente de milhares de pessoas. Você está aqui, em Kinshasa onde as pessoas são assassinadas e violadas e até torturadas. Você sente tudo que elas sentem. E você ainda me pergunta: Como você faz isto? —É diferente. —Briony estava surpreendida, que ele pudesse ver sua vida, seus sacrifícios por sua família, tão claramente. —Como é diferente? —Eu escolhi fazer isto por minha família. Para integrar-me. Para ser parte de algo. —Então eles amarão você? Sua cabeça moveu rapidamente ao redor, seus olhos escurecidos pelo temperamento. —Por que você faz isto? Você soa totalmente tranqüilo e aprazível e tratas deliberadamente de me provocar. — Eu estou só fazendo uma pergunta. —Você pensa que minha família não me amaria se eu não me apresentasse com eles? —Eu penso que eles te adorariam não importa o que você faça, mas eu não penso que você acredite nisso. Briony virou a cabeça e afastou o olhar dele. —Você não sabe nada sobre mim ou minha vida. —Eu estou dentro de sua cabeça. Você acredita que eu não posso sentir suas emoções? Ela deu a volta novamente, ela o olhava surpreendida. —Você pode? Eu não posso sentir as suas. Você disse que era uma âncora. O que isso significa exatamente? —Eu afasto a emoção e energia para longe de você, atuo como o filtro que você não tem. E sim, você pode sentir minhas emoções se eu permitir isto, e não, eu não posso realmente sentir as
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suas, a menos que sua guarda esteja baixa. Às vezes você me deixa entrar e outras vezes não. Como agora. A porta está fechada. Você não quer que eu saiba qualquer coisa sobre sua família. —Eu não conheço você. Ele terminou de comer em silêncio e bebeu o resto da garrafa da água. Empurrando de lado a bandeja, ele levantou-se. Quase toda polegada de seu corpo estava coberta com ferimentos e ainda assim ele não deu nem um sinal de dor. Briony estremeceu por ele. —Eu tenho um analgésico. Não é muito forte, mas talvez tire o mal-estar. —Eu não preciso disto. Tente conseguir secar minhas calças. Eu precisarei delas quando partir. —Ele cruzou para o banheiro, mas não fechou a porta, saiu de vista enquanto lançava a toalha para um lado. —Se eu fosse prejudicar sua família, Briony, eles já estariam mortos. —Ele abriu a porta mais larga enquanto abotoava a calça jeans. Seu rosto estava pálido. — Aquele era seu primeiro cadáver? Briony aperto seu punho. Ele soou tão casual que ela quis lançar algo nele. Não existia nada casual sobre tomar uma vida. —Não. Eu achei meus pais... assassinados. —Ela podia apenas dizer a palavra. Ele retraiu sua respiração. Ele estava sentindo suas emoções agora. Dor crua. Uma inundação de dor misturada com culpa e medo. —Isso nunca vai embora, e estou dizendo a você por experiência. Eu achei minha mãe morta. Eu tinha nove anos de idade. Eu ainda posso ver cada detalhe. Todo o sangue. O modo como seu rosto estava partido. Tinha tanto sangue. —Ele sacudiu a cabeça. —Uma maldita coisa para carregar para o resto de nossas vidas, não é? Sua voz não mudou em absoluto, ainda estava suave. Baixa. Mas ela ouviu uma vibração de ameaça examinando sua cabeça. Ele não mostrou sua emoção, mas sentiu, e a intensidade era como um vulcão esperando estourar. —Eu acho que alguém os matou por minha causa. —Ela disse a ele porque ele pareceu acreditar nela quando ninguém mais a levou a sério. Ele parou no ato de puxar a camiseta acima de sua cabeça. —Por quê? —Eu não sei. Eu os ouvi discutindo com alguém, lá fora nos estábulos dos cavalos. Eu ouvi meu pai dizer bem claro que eles não permitiriam que Briony tentasse tal coisa, era muito perigoso. Eu ouvi tiros. Só dois tiros. Eu corri tão rápido quanto eu podia, e eu sou rápida, mas quando eu cheguei lá, eles estavam ambos mortos e quem fez já tinha ido. Cada um tinha uma bala na cabeça, aqui mesmo. —Ela apertou seu dedo entre seus olhos. —Eu nunca vi quem fez isto, e o assassino tinha que ser íntimo, mas não puderam achá-lo. —Ela olhou para ele. —Eu não podia nem sentir seu cheiro. —O que eles queriam que você fizesse? —Eu não tenho nenhuma idéia. Eu disse aos meus irmãos, e eles revisaram as mensagens e a papelada no trailer, mas não puderam achar qualquer coisa. A polícia não achou o assassino. — Ela olhou para ele. —Como sua mãe morreu? 46
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Jack meteu a camisa pela cabeça. Ele nunca disse a ninguém. Nunca abriu aquele ferimento particular. Ele não tinha intenção de dizer qualquer coisa. Maldição. Não existia nenhum ponto que fechasse essa ferida, e ele iria dizer a ela, mas ele não teve nenhuma idéia do por que. —Ela foi espancada até a morte. Ele usou seus punhos e depois um taco de beisebol. —Jack. —Ela quis pôr seus braços ao redor dele. Ela sentiu suas emoções agora a ira escura, gelada. —Eu sinto tanto. Que coisa terrível. Quem faria tal coisa? —Seu marido. —Ele olhou em torno do quarto. —Você tem um chapéu aqui? Talvez uma mochila? Por que ela pensou que ele não tinha emoções? O quarto estava agitado, as paredes ondulando. —Jack. —Ela o tocou. Jack afastou sua mão, claramente uma ação de reflexo. Ele era forte, e ela sentiu o impacto direto por seu corpo. Seus olhos se encontraram. Susteve. Um músculo saltou em sua mandíbula. —Eu sinto muito. Machuquei você? —Ele andou perto dela, quase protetoramente. —Eu não sei por que fiz isto. —Eu estou bem. —Ela puxou uma mochila fora do armário minúsculo para evitar olhar para ele. Ela teve que segurar as lágrimas, não porque a tivesse ferido, mas porque sua dor era tão crua e sua ira tão funda, ela precisou lamentar por ele, porque ele não faria. —Maldição. Eu normalmente não falo sobre isso. Ela lhe deu a mochila e procurou pelas gavetas por um chapéu. —Você realmente põe suas roupas no armário? Ela o olhou, sabendo que ele precisava mudar de assunto. Ele nunca estaria confortável com revelações pessoais. —Claro. O que você faz com suas roupas? Ele olhou ao redor da pequena habitação. —Eu realmente não fico muito em hotéis. Eu geralmente fico ao ar livre. Mas uso uma bolsa de lona. Briony empurrou um chapéu em suas mãos. —Isso deverá servir. Vamos. —As paredes fechadas do quarto a oprimiam. Jack parecia estar em todos os lugares. Ela nunca havia sido tão consciente de um homem. Jack a deteve antes que ela pudesse abrir a porta. —Espere. Sempre verifique. Sempre. —Ele a deixou de um lado e permaneceu no outro, sua arma de fogo na mão, sustendo-a em frente a seu corpo. —Abra lentamente, só uma fresta. —Ele agachou, observando o corredor em frente antes de sinalizar para ela. —Você tem que pensar em sua segurança o tempo todo, Briony. Você é um caminhante fantasma quer você goste ou não, e você tem o treinamento. —Eu não vou caçar pessoas na selva, —ela objetou. —Eu apresento em um circo. Eu vôo. 47
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—Caminhe a minha esquerda. Fique perto de mim. Se aparecer algum problema, vá para trás de mim e fuja, usando meu corpo como escudo enquanto eu cubro você. Fique longe da minha mão direita e ande devagar. Ela suspirou. —Você tem mais regras? Novamente um sorriso lânguido de diversão tocou sua boca e tão rápido quanto apareceu, sumiu. —Você não tem nenhuma idéia. —Eu posso imaginar. —Soldado às sete horas. Não olhe para ele, olhe em mim. Fique debaixo de meu ombro e ponha uma mão em minha cintura. E deixe-a aí. Mantenha a caminhada e conversa comigo, sorrindo e rindo como se fosse com um de seus irmãos. —Eu estaria chutando meu irmão se me desse ordens, —Briony disse dando-lhe um sorriso rápido. —Você sabe em que século você está vivendo, não é? —Não importa. Eu sei como permanecer vivo, e enquanto você estiver comigo, eu vou me certificar que você também permaneça assim. —Isto é tão reconfortante. Obrigada, Jack. —Ela diminuiu a velocidade e movimentou a cabeça em direção a um armazém. —Eles nos deixam usar este edifício porque é o mais alto. Quente como inferno, mas definitivamente espaçoso. Jack segurou a porta aberta e olhou para trás para ver o soldado que dava a volta na esquina. Ele seguiu Briony para dentro do edifício e parou, olhando para o trapézio e a corda bamba. —Você se apresenta lá em cima? —Ele estudou seu rosto. —Você gosta disto? Ela piscou e então chutou o aparelho como se o estivesse testando. —Minha família tem estado no circo por gerações. Jack continuou a olhar para o rosto que o evitava. —Está é uma informação interessante, mas não o foi o que eu perguntei. Você não gosta disto, não é? Ela encolheu os ombros. —Eu tenho dificuldade quando estou em um espaço com tantas pessoas. Pode ser difícil, mas eu estou acostumada a isto.—Ela deu a ele um pequeno sorriso. —É realmente assombroso estar com você. Eu não tenho náuseas ou nem mesmo dor. —Por que você continua fazendo isto? Ela se esticou e pegou uma corda oscilante. —Porque é a minha vida. É o que nós fazemos. —Ela subiu a corda, seu corpo fluído e gracioso, impulsionando-se com as mãos, nem mesmo usava seus pés. Jack pegou a corda ao lado da que ela subiu e começou a sua subida, viajando mais rápido para alcançá-la. Ela aumentou sua velocidade, forçando-o a aumentar a sua. Ele ouviu seu riso 48
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suave, um desafio para ele, e ele a passou, alcançando sua corda com uma mão a pegou, detendo seu progresso. Ela enrolou seu pé na corda e sorriu para ele. —Você tem um ego monumental. Sua boca estava só umas polegadas da sua, e seu sedutor cheiro feminino pareceu encher seus pulmões atormentando-o, até que ele a inalou por todo seu corpo. Ele amava o formato de sua boca e o modo que o seu sorriso iluminava seus olhos. —Você não sabe quanto. —Ele se inclinou sobre ela, arrastando sua corda muito mais perto. Se ele fosse outro tipo de um homem, deveria ter dito. “Você não deveria estar a sós comigo.” Ele não a soltou. Ela podia descer para longe dele, mas ela não podia subir mais. Eles se olharam fixamente pelo que pareceu uma eternidade. —Feche seus olhos. Seus olhos se arregalaram. Ela piscou duas vezes, quase como se estivesse hipnotizada, entretanto suas pestanas tremularam e então agitando a cabeça ela os abriu de novo. —Você não pode me beijar. —Eu vou beijar você. —Eu não beijo ninguém. Sua sobrancelha elevou-se rapidamente. —Nunca? —Eu não posso tocar as pessoas. Eu quero dizer, eu toco minha família, mas tem conseqüências. —Você me beijou. —Aquilo não foi um beijo. Jack permitiu que a corda escapasse de sua mão, mas a seguiu quando ela subiu para a plataforma mais alta. Ele a viu balançar pra cima e pra baixo, efetuar um lento salto mortal no ar, e pousar seus pés sobre a plataforma. —Você não sofre as conseqüências quando me toca. —Ele fez a mesma manobra controlada de forma que ele pousou ao lado dela. Ele a pegou pelos ombros e a puxou para ele, seu aperto irrompível. Sem outra palavra ele abaixou a cabeça para a dela. Não havia razão para discutir, ele tinha que beijá-la. Ele não podia pensar sobre qualquer coisa exceto o formato de sua boca, a textura suave de seus lábios e ele a quis saborear. Quase da primeira vez que ele sentiu seu odor feminino, ela encheu sua mente, até que ele já quase não podia pensar em outra coisa. No momento que sua boca tocou a dela, o tempo pareceu parar, não passava. Existia só Briony em seu mundo. Nem seu corpo quebrado, sacudido pela dor, nem sua firma resolução de manter uma distância sentimental, todas as resoluções passadas se foram, até que só existia esta mulher. Ela tinha sabor de especiarias e mel quente, um vício que corria por suas veias com a velocidade
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de uma bola de fogo e cravou bem no fundo dele. Nunca conseguiria esquecê-la. Podia passar o resto de sua vida beijando-a e nunca seria suficiente. Ele pegou seu rosto nas mãos, mantendo-a quieta enquanto sua boca movia sobre a dela e sua língua sondava a fundo, querendo mais, reivindicando mais. Ele começou com as melhores das intenções, um beijo leve e suave, sua língua traçou seus lábios macios, provocou até que ela os abriu para ele, mas no momento que se fundiu na magia de sua boca, suave e morna e tão convidativa, ele não pode evitar o gemido de fome, a necessidade voraz que quebrou livre, de forma que ele tomou controle completo do beijo, usando toda e qualquer experiência e perícia que ele tinha. Ele não quis dar tempo para ela pensar, só para sentir, para que ela o quisesse da mesma forma que ele a queria. Algo atingiu a armação de metal do edifício, e Briony saltou longe, balançando sua cabeça para os lados, sua respiração ofegante. —Soldados? —Talvez, —ele severamente respondeu. —Eles estão na porta, —ela advertiu. —Rápido. Deite-se exatamente no centro. Você está nas sombras aqui em cima. Jack obedeceu, esperando que ela deitasse ao lado dele. Ao invés disso, ela se apressou pela plataforma, fazendo uma pausa com uma mão na corda. —Fique abaixado. Você está muito alto, eles não poderão ver você, —Briony silvou. Ela evitou sua mão estendida enquanto pegava a corda mais firmemente e deslizou até a metade do caminho para o chão. Ela estava ainda oscilando a uns bons 5 m com os pés no ar quando começou a praticar uma série de movimentos lentos, mudando posições com precisão fluida, cada movimento exigindo força e habilidade tremenda. Que diabo você pensa que está fazendo? Você está me pondo doido, mulher. Nós não queremos que eles revistem o lugar, e meus irmãos e eu estamos praticando o tempo todo. Só fique quieto. Se eles encontrarem você, eles me matarão e a meus irmãos. Ela se interrompeu abruptamente, rezando que ele não ficasse louco com ela. Jack engoliu qualquer réplica. Não existia nenhuma utilidade em discutir com ela; ela já estava descoberta. Ele podia matar os rebeldes, estava completamente preparado, mas traria o inferno sobre eles. Maldita. Ela não tinha nenhum direito de por sua vida em risco. Não para proteger a ele ou a seus irmãos. Três homens entraram no edifício. Seus movimentos eram furtivos, como se eles tivessem medo de serem vistos. Eles não estavam uniformizados, mas se comportavam como os soldados que ela vira em todas as esquinas. Eles a olharam fixamente um longo tempo, e algo na forma que eles a olharam lhe deu um calafrio. Ela parou em meia-cambalhota e sentou enrolando seu pé pela corda, para olhá-los abaixo. Rebeldes, ele advertiu. Você acha? —Sua boca era seca, coração batendo. —Eu sinto muito, vocês não deveriam estar aqui enquanto praticamos. —Desça agora. —Um deles chamou e apontou para o chão. Ele mostrou a arma de fogo dentro de sua jaqueta. 50
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Briony permitiu que o medo aparecesse em seu rosto. Não era muito difícil ela estava assustada. —Eu estou dizendo a vocês, a segurança estará aqui a qualquer minuto, seria melhor vocês partirem. Ele sacou a arma de fogo e a apontou para ela. —Desça aqui. Até com o acento pesado, Briony compreendeu. Ela lentamente desceu corda abaixo. —Eu estou com o circo que se apresenta no festival de música. Meus irmãos estarão aqui a qualquer minuto. Eu não tenho nenhum dinheiro… O coração de Jack palpitou com medo por ela. Ele deslizou a arma de fogo para fora da mochila e a colocou sobre a plataforma, seu dedo no gatilho. O suor enfeitando sua sobrancelha como contas. Os rebeldes faziam a arte de estuprar mulheres tão brutal como fosse possível. Quando os matasse, não atrairia só os rebeldes, mas os soldados também. —Cale a boca. —o rebelde gritou, andando em direção a Briony. Ele deliberadamente levantou-se sobre ela para a intimidar. Estão acostumados que todos tenha medo deles. Briony engoliu com força, parando de assentir, em reconhecimento às informações, quando ela viu o menor dos três fechar a porta. —Nós estamos procurando por um prisioneiro fugitivo. Briony pôs a mão no quadril. —Vocês não são soldados ou segurança, olhem ao redor, parece que eu passo meu tempo com prisioneiros? O líder bateu nela com força, empurrando-a para trás. Briony cambaleou, mas continuou em pé. Para um momento seus ouvidos zumbiram, e então ela sentiu a explosão de ira, tão funda, tão intensa que quebrou sua concentração. Não ouse enlouquecer e atirar. Ela respirou profundamente para tratar de tranqüilizar Jack, sabendo que ele estava a segundos de matar o homem. Briony pôs a mão no rosto que ardia. O grande homem avançou para ela, deliberadamente agressivo, entregando sua arma à um de seus companheiros. Ele disse algo em seu idioma que ela não devia ter entendido, mas estava tudo muito claro. Pensava que ela precisava de um homem para mostrar quem mandava. Sabendo que Jack estava perto era estranhamente reconfortante. O homem pegou Briony pelas lapelas da camisa e ela pegou seu pulso, segurando-o, colocando pressão, olhando diretamente em seus olhos. Ao mesmo tempo, empurrou forte em seu cérebro, forçando sua mente na dele. Se você me tocar, morrerá. Saia agora. Pegue estes homens e vá antes que seja muito tarde. Ele a soltou como se ela o queimasse, murmurando a palavra local para bruxa. Ele agarrou sua arma de seu companheiro e voltou pra longe dela, apressando-se para fora, lançando uma ordem para os outros. Eles o seguiram para fora, batendo a porta com força.
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Briony caiu com o alívio, cobrindo seu rosto com as mãos trêmulas. Jack deslizou corda abaixo e andou a passos largos em direção a ela, seu semblante duro e fixo, os olhos brilhando perigosamente.
Capítulo 5
Jack travou o ferrolho da porta com uma pancada ressonante e seguiu aproximando-se, caminhou direto para ela, suas mãos agarraram os braços dela com força. Ele deu uma pequena sacudida. —Que diabo você estava tentando fazer? Ele iria estuprar você. Sim eu senti, você tinha que inundá-lo com suas intenções. O que está errado com você? —Todo mundo me menospreza por eu ser pequena. Sei que sou mais forte que ele. Eu não teria deixado ele me tocar. —Ele tocou em você. Aquele bastardo bateu em você, enquanto eu me escondia feito um cachorro em cima daquela plataforma. Ele quis machucar você. Ele emitiu um cheiro forte disto. Você deve tê-lo cheirado. Ele estava excitado pela idéia de machucar uma mulher como você. — Sua palma cobria sua bochecha vermelha. —E eu lidei com isto, —disse Briony bruscamente, seu próprio temperamento começando a subir e se misturar com o medo que paralisava sua mente. Ela empurrou sua cabeça para longe da dele porque seu toque a afetava demais. —Eu lidei com isto. Eu sou capaz de cuidar de mim mesma. Eu não deixaria um homem me violar. —Exatamente, daí vem a palavra estupro. —Seus olhos estreitaram. —Você não estava segura, Briony. Não estava então e nem agora tampouco. Você devia estar gritando e suplicando para ir embora. —Eu não vou trazer os soldados aqui para dentro. Eles são de gatilho fácil. E eu não tenho medo de você. Você quer que eu tenha, mas eu não tenho. —Mas deveria ter! Você tem alguma idéia do que eu quero fazer agora mesmo? Sua mão deslizou de volta até seu rosto, segurando sua bochecha e pressionando a palma na pele em chamas como se pudesse tirar o ardor. —Sim. Você não está me deixando entrar. A intensidade de suas emoções o inundou e roubou sua raiva e medo. Ele precisava tocá-la, senti-la perto dele. Ele não podia pensar com o desejo que sentia por ela. Briony nunca havia tido ninguém que a olhasse da maneira que ele fazia nem que fosse tão feroz em protegê-la. —Eu quero que você me veja como eu sou, Briony. Eu sou duro e posso ser cruel e eu não tenho todos esses sentimentos agradáveis que você merece em um homem. —Enquanto falava, suas mãos desmentiam cada palavra. Seus polegares passavam por suas bochechas inchadas com carícias calmantes
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—Eu não posso tocar em você. Você tem muitos cortes, Jack. Nós possivelmente não podemos… Ela parou bruscamente quando ele pegou suas mãos, os dedos entrelaçados com os seus, empurrou-a contra a parede e prendeu seus braços ali enquanto se debruçava para continuar beijando-a. Beijos quentes, necessitados. Urgentes e famintos. Cada beijo se fez mais profundo, mais áspero, se tornou mais exigente que o último. Em algum nível ele soube que era muito experiente e áspero para uma inocente, mas não podia parar. Todo traço de disciplina e controle fugiu, fora de alcance, não importava o quão duro ele tentasse. O rugir em sua cabeça afogou toda sensação de honra e se tornou um desejo palpitante tão intenso que ele não podia pensar em nada além de enterrar seu corpo no dela. Era seu cheiro, a pele suave, o calor de sua boca, seu gosto. Ela se ofereceu a ele e ele não era forte o suficiente para resistir. A oferta tinha estado lá no chocolate escuro de seus olhos. Tímidos talvez, hesitantes até, mas ele reconheceu a fome crescente nela. No momento que ele deslizou suas mãos debaixo de sua camisa e sentiu a maciez de cetim e seda de sua pele, soube que seu aliciante cheiro estava em cada polegada quadrada de seu corpo, tinha que ter mais. —Jack. Briony sussurrou seu nome, o medo crescendo na mesma proporção que sua necessidade por ele. Ela nunca se sentira tão nervosa tão desesperada por alívio. Ela quis suas mãos nela, queria seu corpo no seu, mas sabia pouco do que se passava entre um homem e uma mulher. Ele era muito grande, muito forte e em seu estado presente duvidou que ela pudesse controlar a situação. Ela quis que a pressa reduzisse, para ter tempo para pensar. Jack sentiu o medo traspassar a Briony, e ele inclinou seu rosto forçando-a a olhar para ele. —Eu serei cuidadoso com você, coração. Confie em mim. Ele esperava que estivesse dizendo a verdade. Ele nunca sentira um desejo tão opressivo para estar com uma mulher. O tempo todo, suas mãos se moveram por sua pele, traçando suas costelas, a pequena e delgada cintura, deslizando para cima até sentir em suas mãos o peso de seus seios, os dedos polegares arreliando seus mamilos transformando-os em cumes duros por seu sutiã de renda. Um som suave escapou de sua garganta, um suspiro, uma súplica urgente que o levou quase a loucura com o desejo de arrancar as roupas de seu corpo. Não seria suficiente tomá-la assim, rápido e duro e sem pensar. Ele sentiu. Era inesperado e até inquietante, mas ele precisava saborear a maciez de sua pele, o som de seu suave gemido, a escura riqueza do desejo por ele crescendo em seus olhos. Seu corpo encaixando no seu, cada curva, o calor de seus quadris e a suave inchação de seus seios. Jack nunca havia esperado desejá-la dessa maneira, ou senti-la dentro de si como a sentia nesse momento, mas ele não iria desperdiçar sua oportunidade. Pouco lhe importava a confusão que era seu corpo. Ele nunca soube o que era pertencer a alguém. Ela lhe pertencia, e ele a ela. Ela não olhou para ele da mesma forma que o resto do mundo. Ela não viu os seus pecados. Ela não sabia que seu coração estava morto há muito tempo. Ela olhou para ele e viu um homem, não um monstro. Ele não podia nem olhar no espelho e fazer isso, mas ele podia através de seus olhos. Ele se inclinou para beijá-la novamente, as mãos profundamente enterradas em seu sedoso e abundante cabelo. Sua boca aberta para ele, respondia com quente paixão. Ele tomou seu tempo esta vez, negando-se a ser duro, saboreando seu gosto, a sensação dela. Ele diminuiu a velocidade 53
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de suas mãos errantes, demorando-se em suas curvas e vales suaves, fazendo um mapa de seu corpo em sua mente, armazenando as imagens ali. Teria que lhe durar toda uma vida e não ia apressar-se. Briony não podia acreditar o quão doce ele era, o terno. Sua mente era uma neblina de necessidade, de fome, o desejo tão intenso que só podia pensar ou respirar, mas em vez de lhe arrancar a roupa do corpo, desembrulhou-a como se não tivesse preço e fosse frágil, com um cuidado tão terno que era pura reverência. Seu fôlego ficou preso na garganta quando ele tirou a própria roupa, atirando descuidadamente, revelando os cortes terríveis e as queimaduras em seu corpo. —Jack —sussurrou seu nome em uma agonia de necessidade. —Não podemos. Deveríamos esperar até que esteja curado. —Não sinto nada exceto a ti — respondeu, sabendo que era verdade. Levantou-a para sentá-la na borda do balcão e ficou entre suas pernas para ter melhor acesso ao seu corpo sem fazer mais dano a si mesmo. Não podia permitir que os pontos se soltassem e arriscar ter mais infecção, mas maldito fosse tudo, não ia perder esta oportunidade. Beijou-a de novo, beijos longos, lentos e atordoantes até que seus olhos estiveram frágeis e seu corpo tremeu sob seu toque. Arrastou beijos por seu pescoço, sobre a curva de seus seios até seus mamilos. Sentiu-se devastado por sua fome por ela, sua boce lambeu demasiadamente selvagem, os dentes provocando, atirando e arrastando-a em jogos preliminares muito experientes que seus inocentes olhos lhe disseram que deveria ter, mas não poderia deixar de tomar o presente que lhe estava dando. —Nunca senti nada como isto Briony. Não poderia esperar, não poderia lhe fazer amor como queria, e era frustrante. Necessitava uma cama e pelo menos 24 horas, em vez de um salão de treinamento onde alguém poderia tentar entrar a qualquer momento. Pressionou um dedo contra seu estreito canal. Ela fez um som suave de necessidade, seu fluído escorregadio tornou fácil abri-la com dois dedos. Não podia esperar. Seu aroma o estava provocando, seu corpo se encheu até proporções dolorosas. Ela estava quente, molhada e tão tentadora, parecendo em parte tentadoramente sexy e em parte inocente. Agarrou seus quadris e a segurou contra ele, pressionando-se na entrada acolhedora e escorregadia. Estava tão apertada, tão quente, tão tudo, o desejo tão intenso que seu corpo se sacudiu com a necessidade de entrar de repente e enterrar-se até o punho. Seus olhos escuros se aumentaram e ela sacudiu a cabeça. Antes que ela pudesse protestar, empurrou mais profundo. —Relaxe, me deixe entrar, querida. A primeira vez é dolorosa, mas uma vez que passemos por isso, farei com que seja bom para você. Briony não podia abraçá-lo. Precisava agarrar-se a ele, mas não havia um lugar em seu corpo que não tivesse cortes. A urgente necessidade de tê-lo dentro de si esvaia-se, para ser substituída pelo medo. Era muito grande. Era simplesmente assim. Seu corpo possivelmente não era desenhado para um homem de seu tamanho. Briony umedeceu os lábios e se afastou para longe da sensação de estiramento e ardência. Jack apertou seu abraço. —Tem que relaxar Briony. Você está tensa sobre mim. Inclinou-se para frente, um pouco afoito, incapaz de impedir-se de beijá-la, uma e outra vez, conseguindo sua paixão envolvendo com a mão um de seus seios e provocando seu mamilo até que a inundou com sua necessidade e ofegou. Deslizou-se mais longe, empurrando através de suas apertadas dobras até que sentiu sua resistência. —Me olhe, querida. Só me olhe. Não era um homem para estar com uma virgem. Era áspero, dominante e não conhecia a primeira vez das inocentes. Demônios! Não podia recordar a época de sua vida quando tinha sido 54
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um inocente. Jack procurou profundamente para encontrar a suavidade, ser paciente. Queria que sua primeira vez fosse algo mais que um homem suando e empurrando, tomando-a rápido e sem cuidado. Queria manter seu objetivo e fazê-la sentir a mulher bela e extraordinária que era. —Me diga o que você quer Briony. Diga que me deseja. Tinha que desejá-lo. Não estava seguro de que fosse homem suficiente para voltar atrás se estivesse muito assustada, mas o tentaria, por ela, o tentaria. O suor gotejou por sua testa. Seu aroma o estava deixando louco. Seu corpo, tão quente e apertado, um porto perfeito para ele, provou os limites de seu controle. —Filho da puta, querida. Não vou ser capaz de me conter muito mais. Diga-me. Diga-me, assim saberei que não sou um bastardo completo e você quer isto também. Seus dedos se deslizaram com cuidado sobre seu rosto. —Desejo-te mais que qualquer coisa, Jack. Estou absolutamente segura. Apesar de haver medo em seus olhos, e em sua mente, ele agarrou suas mãos, inclinando suas costas, enquanto se inclinava sobre ela, os dedos apertados ao redor dos dela para lhe dar uma âncora, pressionando seus braços na madeira ao lado de sua cabeça. Um forte empurrão e passou a barreira, sepultando sua carne dura como uma rocha profundamente nela. Ela deu um grito estrangulado, e ele fez o esforço supremo para deixar de se mover, para permitir que ela se ajustasse a seu tamanho. Era difícil quando seu corpo fugia do controle. Apertou os dentes, sentindo seu coração pulsar e seu pênis sacudir-se com o esforço de esperar. Briony tomou fôlego. Ainda se sentia muito grande, estirando-a até um ponto ardente, mas de alguma forma a sensação se desvaneceu e a urgente necessidade de o sentir movendo-se profundamente em seu interior tomou lugar. Cuidadosa com seu corpo ferido, não podia participar mais do que levantando seus quadris para encontrar seu impulso, mas quis tocar sua pele, tomá-lo através de seus poros, segurá-lo perto dela. Ele empurrou mais profundo e um relâmpago ziguezagueou através de seu corpo, chispando, crepitando e estendendo o calor em cada célula. Um só som escapou de sua garganta. Ele a dominou, suas mãos em seus pulsos como grilhões, sujeitando-a no lugar enquanto começava um ritmo pulsante. Contente. Contente. Contente. O cântico era um coro desesperado em sua cabeça. Era tão apertada que era quase doloroso, e seu aroma era amadurecido, chamando o macho nele, trovejando em sua cabeça e coração, martelando em sua virilha até que só podia pensar no desejo de sepultar-se mais e mais profundo, mais e mais duro. Respirou profundamente para manter o controle, quando se sentia como um homem que desejava muito a esta mulher, seu corpo era perfeito, encaixavam perfeitamente. O sabor dela, a suavidade da pele dela, era quase mais do que poderia suportar. Em suas fantasias eróticas mais selvagens, nunca tinha tido uma companheira que desejasse da maneira em que desejava a Briony, e tinha que ser uma virgem. Não havia uma polegada quadrada de sua pele que não estivesse cortada em pedaços; não podia apertá-la contra ele, não podia fazer contato da forma que queria. Precisava segurá-la mais perto, esmagar seu corpo sob o seu; então respirou. Contente. Contente. Contente. Não ia assustála exigindo muito, por tomar muito. Também, havia algo profundo, primitivo e satisfatório em saber que era o único homem que alguma vez a havia tocado desta forma. Era um egoísta bastardo, um grunhido escapou, sua mente se nublou. Não podia pensar em nada mais, o prazer apagou cada pensamento coerente. Um prazer penetrante alagava Briony, precipitando-se através de seu corpo com muito mais força do que tinha imaginado. Cada golpe enviava raios correndo por sua pele, correndo através de sua pele, e contraindo seu útero. Seus músculos se apertaram e se apertaram, uma pressão implacável que continuou subindo superando qualquer expectativa que jamais tivera. Era atemorizante deixar-se levar, elevar a vista ao seu rosto, ver as selvagens linhas esculpidas profundamente, a intensidade em seus turbulentos olhos, mas ao mesmo tempo aumentando seu 55
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prazer sexual, além de qualquer limite que ela poderia ter ido. Entrou nela uma e outra vez, esticando-a extremamente, enchendo-a tanto que queria gritar pelo prazer, inclusive era quase demais. Seu aroma a estava deixando louca, um inferno criado que não podia parar. Precisava respirar, fazer uma pausa, só por um segundo. Seus músculos estremecidos, a seguraram em baixo quando ele penetrou profundamente dentro dela, empurrando uma e outra vez como um homem possuído. Havia prazer e dor, medo e alegria. O medo estalou sobre seu corpo, vários dos pontos através de suas nádegas e quadris arrebentaram enquanto entrava mais profundo e duro, a fricção de sua apertada vagina aveludada quase o levou em um espiral fora de controle. Ela começou a lutar contra a liberação no momento que se deu conta que vários cortes estavam abertos em seu corpo, mas ele não podia parar. “Não, querida, não o faça. Não lute comigo. Estamos quase lá. Necessito isto. Você necessita isto. Deixe-se ir. Vem comigo”. As palavras roçaram intimamente contra sua mente. Possivelmente se tivesse falado em voz alta ela teria encontrado a força para detê-lo por seu próprio bem, mas sua súplica era muito carinhosa, muito necessitada. Levantou os quadris para encontrar sua invasão, elevando-se com cada golpe, apertando seus músculos ao redor dele para aumentar seu prazer, sentindo-o explodir contra ela, através dela, crescendo com tal intensidade que só podia evitar gritar. Seus músculos internos se convulsionaram e o corpo do Jack se sacudiu enquanto se paralisava. Sua voz, um sussurro rouco, soava sexy, inclusive erótica, enquanto se esvaziava profundamente dentro dela. Sentiu o espesso jorro quente enchendo-a, mesclando-se com sua própria nata, seu aroma de almíscar combinado provocou outro espasmo selvagem. As mãos de Jack lentamente se deslizaram fora de seus pulsos, descendo por seus braços para colocá-las em seu cabelo. Ele fechou os olhos, só sentindo-a, saboreando seu corpo quente e apertado ao redor dele, sua pele incrivelmente suave, seu abundante e formoso cabelo através das pontas dos dedos. Voltou a beijá-la, necessitando seu sabor na boca. A dor começou arrastar-se pelas sensibilizadas terminações nervosas, mas o manteve a raia somente uns momentos mais, lhe dando tempo suficiente para arrastar beijos por sua garganta até seu peito. Abriu os olhos e a olhou estirada como em um sacrifício, um presente. —É a coisa mais linda que já vi em minha vida. Briony se elevou para tocar sua cara, seu toque tão tenro que quase foi sua perdição. Saiu dela, sentindo o calor das lágrimas. Demônios. Não tinha chorado desde que era pequeno. A mulher estava matando-o. —Temos que nos vestir. —Disse bruscamente, procurando sua roupa ao redor. Vestiu-se em silêncio, uma pequena parte sua envergonhava-se por ter tomado o que lhe oferecia, mas a maior parte a queria uma e outra vez. —Jack tenho que ir. —Disse Briony. —Não temos muito tempo. Se meus irmãos vierem e a porta está fechada… —Jeb sabe que estou contigo; assumirá que estas tratando de me proteger. —Desejava como o demônio não ter usado essa palavra em particular. Deveria ter estado protegendo-a. A segurou perto, acariciando seu cabelo. —Deveria ter esperado até que estivéssemos em seu quarto. Esta noite, depois de que faça suas coisas, prometo-te que farei melhor. —Era minha primeira vez, Jack. Para uma primeira vez, comigo não sabendo o que fazia, os foguetes explodiram. —Levantou o rosto assim poderia beijá-la. —Tenho que ir ao camarim. Terei a meus irmãos me procurando se me esperarem muito mais, e precisa sair de vista. —Algumas vezes fora da vista é a plena vista. Estarei te vendo esta noite. Ela voltou a beijá-lo de repente faminta por ele. —Mantenha-se a salvo. Afastou-se rapidamente, girando-se duas vezes para lhe dizer adeus, seu sorriso derretendo os nós apertados em seu ventre.
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Em sua posição nas sombras perto da entrada dos atores, Jack se encontrou com o coração na garganta, vendo seu corpo voando através do ar, seu traje de lantejoulas brilhava como uma estrela que se apressa através do céu. As acrobacias evoluíam num ritmo rápido e perigoso, uma mescla de fogo, corda, e a oscilação, com cada um em constante movimento. Jack olhava a Briony, notando apenas os seus irmãos. Sobretudo a sentiu. As acrobacias requeriam sua completa atenção e não havia forma de esconder a dor que sacudia seu corpo. Ele era um soldado treinado, tinha uma extensa experiência de combate, e conhecia a tortura em bases muito mais profundas do que gostaria. Sabia como separar seu corpo de sua mente e bloquear a dor. Ela não o bloqueava exatamente. Sentia-o, mas se negava a reconhecê-lo. Suportava-o. Sentiu cada martelada como se alguém estivesse cravando uma estaca afiada através de seu crânio. Sentiu os golpes com uma força rítmica enquanto o nível de ansiedade das pessoas crescia com cada acrobacia que faziam. Pressionou uma mão contra seu estômago, tinha cãibras. A bílis subiu, mas lutou para baixá-la. Quis não ter uma hemorragia nasal, sentiu um fio de sangue na esquina de sua boca, e estreitou os olhos quando viu a mão dela mover-se com velocidade imprecisa para limpar seu rosto. Detestou olhar a atuação, seus dedos se converteram em punhos com o conhecimento certeiro de que estava sofrendo, e ela fazia isso várias vezes ao dia, quase todos os dias. Voltou-se para longe, xingando baixo. Por que sua família permitia tal coisa? Que demônios! O que acontecia com eles? E o que estava errado com ela que deliberadamente torturava seu corpo a cada dia? Quis agarrá-la e correr, levá-la a algum lugar onde pudesse protegê-la e mantê-la a salvo do constante bombardeio de emoções de cada dia. Se permanecesse por mais momento, ia subir pela corda e empurrá-la fora dali justo diante de todos os soldados sem se importar com quantos rebeldes estavam dispersos na audiência. Briony completou um giro completo e sentiu a satisfação golpeá-la enquanto Jeb agarrava seus pulsos e a mandava voando para trás até Tyrel. O arame alto estava sob seus pés, correu através, contando os compassos da música para fazer sua entrada. Enquanto isso viu Jack sair. Imediatamente a dor inundou seu corpo, com tanta força, tão rápido que quase falhou quando saltou através do anel de fogo. O alarme de Jeb por seu ritmo perdido se sentiu como um golpe em seu cérebro. Respirou e forçou seu corpo sob controle pelo resto do espetáculo. Jeb esperou até que estiveram a sós no camarim de maquiagem, silenciosamente lhe deu um pano para limpar o sangue de seu nariz e sua boca. —Quase falhou Briony. Não há uma rede de segurança. Ruben, Tyrel e Seth se calaram, suas risadas se desvaneceram enquanto se voltavam. Sua preocupação só aumentou a dor que a atravessava como uma apunhalada. —Eu sei. Foi pior desta vez. Não voltará a acontecer. Estarei preparada. Jebediah franziu o cenho quando a viu limpar o sangue. —Dorme esta noite. Está quase terminado, só restam dois dias. Jebediah dispensou seus irmãos e esperou até que fecharam a porta. —Dê isto a Jack. Fui capaz de dar uma mensagem a seu irmão no hospital e Ken arrumará o transporte. Há um navio que o estará esperando na costa. Um helicóptero o pegará. —lhe deslizou um telefone por satélite na mão. —Não deve deixar o quarto até que seja necessário. Vamos atuar como fazemos sempre cada noite e passar pelos bares. Fique em seu quarto com a porta fechada, e o digo a sério esta vez, Bri. Isto é perigoso. Se alguém trair a Jack e o entregar aos rebeldes, poderiam interceptar o que estamos fazendo e estaríamos em sérios problemas. —Ficarei ali, Jeb. Prometeu Briony. Partiria. Sabia que ele tinha que ir e ao menos teria um médico, seria cuidado, mas o pensamento de estar separada dele era entristecedor. Voltou as costas para seu irmão, cobrindo seu rosto de novo com o pano assim não poderia ver sua expressão. Jebediah caminhou com ela em silêncio para o hotel e a deixou quando subiu as escadas para 57
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o vestíbulo. —Só sou eu. — disse antes de usar sua chave. Jack cruzou o quarto e a puxou para seus braços, segurando-a perto, quase a esmagando com sua força. —Assustou-me como o demônio, Briony. Rodeou com os braços o seu pescoço, cuidadosamente tratando de manter seu peso longe de seu peito, embora a estivesse puxando fortemente contra ele. —Isso é gracioso vindo de um homem que corre sozinho ao redor da selva com um exército enlouquecido atrás dele. Beijou seu lábio inferior, provocando-o no canto da boca. —Jeb mandou um telefone por satélite. Não tenho nem idéia de onde o conseguiu, mas deve ligar para Ken. Virão atrás de você esta noite. Irei tomar uma ducha enquanto liga. Briony empurrou o telefone em suas mãos e se afastou, querendo que não visse ou sentisse quanto a ia ferir quando partisse. Sua relação tinha florescido tão intensa como rápida, pela primeira vez em sua vida sentia como se pertencesse a alguém. Deixou que a água quente fluísse por seu rosto, lavando as lágrimas. É obvio tinha que ir. Não tinha outra opção, era muito perigoso se ficasse. Demorou lavando o cabelo, necessitava os minutos extras para recompor-se. Jack estava já na cama quando Briony saiu do banho envolta em uma toalha. Segurava uma ponta do lençol e acariciava o colchão de maneira insinuante. —Não se incomode com a roupa. Só terei que tirar isso. Briony riu. —Você fala como um grosseirão. Acendeu uma só vela antes de apagar a luz e deslizar-se na cama a seu lado. —Sou um grosso. É a única que não percebe. Emoldurou seu rosto e se inclinou para beijá-la, beijos profundos e demorados que ajudaram a acalmar a palpitação de seu coração por ver sua atuação sob tal coação. Os lábios de Briony eram suaves e lhe davam as boas-vindas, sua boca inocente e apaixonada, quente e picante, uma mescla que o intoxicava. Respirou profundamente, pondo sua testa contra a dela. Desejava beijá-la para sempre, segurá-la perto. Guardá-la. Mas era um Frankenstein com mais cortes que pele, não tinha sido capaz de lhe tocar, e queria sentir suas mãos em seu corpo. Precisava sentir suas mãos sobre ele. Como iria alguma vez deixá-la? Jack se apoiou sobre um cotovelo, descansando de lado, uma das poucas posições nas que poderia estar sem sentir-se extremamente incômodo. Afastou as sedosas mechas de cabelo de seu rosto, seus dedos persistentes em sua pele. —Me conte sobre sua vida. —Minha vida? —elevou uma sobrancelha. —Meus pais eram pessoas maravilhosas. Gente de circo. Amavam a vida. Por isso fizeram meus irmãos. Minha mãe nasceu na Itália e meu pai nos Estados Unidos. Tenho quatro irmãos e todos pensam que precisam me dar ordens. Suas mãos se meteram em seu cabelo, esfregando as mechas uma e outra vez entre os dedos. —Provavelmente o fazem. Ela riu. —Deveria saber que você ficaria do lado deles. Deve ser algum tipo de vinculação masculina o de pensar que as mulheres não são capazes de controlar suas próprias vidas. Ele roçou a parte superior de sua cabeça com o queixo. —É o ego e o puro desespero. Temos que mantê-las pensando que somos a espécie superior. —Notícias frescas, Jack, nenhuma mulher sobre a face da terra ainda acredita nisso. Arrastou beijos por sua bochecha. —Mas os homens não sabem que as mulheres sabem disso. Ainda vivemos em nosso pequeno mundo de fantasia, por isso não destrua nosso sonho. —Tratarei de ser boa sobre isso. —Estava me contando sobre sua vida. Encolheu-se de ombros. 58
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—Realmente não há muito que contar. Sou adotada. Meu pai de nascimento insistiu em responsabilizar-se por minha educação assim como por qualquer problema médico, sobre tudo, acredito, porque sou diferente. Era consciente de minhas diferenças e tinha um doutor especial voando sempre que tinha tão só um dedo machucado. Também insistiu em desenvolver meu treinamento psíquico. Corrida, ginástica, artes marciais, sob a água, esse tipo de coisas. Eu gostava na maior parte do tempo. Podia usar as habilidades para nossos espetáculos, e me sentia bem em usar a velocidade e a resistência que na realidade tenho, em vez de ocultá-la todo o tempo. Mamãe não queria que nossos amigos soubessem que era diferente. —Por que ficaram todos com o circo? Fez pequeno encolhimento. —Amam a vida no circo, a camaradagem, as viagens, especialmente as viagens e, é obvio atuar em frente de milhares de pessoas. Acredito que isto é uma emoção tão grande como a atuação aérea real. Jeb o ama tanto que não permaneceu nos SEALs e você sabe que ele gostava. O dinheiro que Whitney deu a meus pais quando me adotaram e estiveram de acordo com seus términos, permitiu-lhes comprar o circo com todos os seus companheiros. A atuação e o circo estão em seu sangue. Ofereceram muito dinheiro para atuarmos em Las Vegas, mas não é o estilo de vida que eles querem. O circo está em seus corações. —Mas não no teu. Briony se virou para olhar o teto, um pequeno sorriso curvava sua boca. —Eles estão em meu coração, é obvio que atuarei com eles. Somos uma família e isto é o que queremos fazer. —E sabe que a atuação deles não seria bastante bem-sucedida sem ti. São seus truques que os diferenciam de outros trapezistas. —Contribuo, mas os meninos são trapezistas imponentes. Inventam truques que a maioria dos outros artistas copiam. Sempre fui a mais forte e a mais rápida, e obviamente isto me dá vantagem. Faço um salto mortal quádruplo, mas sinceramente, poderia girar cinco ou seis vezes antes que Jeb me agarre. Mas não faria isso. —Por que não? —Seria muito perigoso para os outros imitarem e isso me diferenciaria. Não quero um foco brilhando muito intenso sobre mim. — se esticou e tocou seu rosto. Adorava tocá-lo, mas havia lugares em seu corpo que não podia tocar sem machucar. —O que há sobre você? Agarrou sua mão e a levou a boca, mordiscando seus dedos. —O que há sobre mim? —O que faz quando não é enviado à selva para resgatar pessoas? —Meu irmão e eu temos uma propriedade nas montanhas. É selvagem e me cai bem. Se ele algum dia terminar com seus planos, poderíamos ser capazes de nos sentar no pórtico e desfrutálo. Briony escutou o carinho em sua brusca resposta. —Seus planos? —Ken sempre tem planos. Desenhou a casa, e cada vez que acredito que terminamos e já posso me sentar e desfrutar das montanhas, ele vem com uma nova idéia para me fazer trabalhar. Briony riu brandamente. —Faz você trabalhar, é? De algum modo tenho problemas para acreditar nisso. A vergonha piscou em seus olhos e partiu. Encolheu-se de ombros. —O homem choraminga. Não sei. Quer fazê-lo e só tem a mim, por isso é mais fácil lhe dar o que quer para que se cale. O sorriso de Briony se ampliou. —Te subestimam. Quem o teria imaginado? Encontrou-se fascinado pelo formato de sua boca e o riso em seus olhos quando sorria. —Sim, bem, não o diga a ninguém. Ken adora desenhar, mas não necessariamente gosta de trabalhar com a carpintaria. 59
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—E você gosta? —Eu gosto de trabalhar com as mãos.—se encolheu.—É obvio, possivelmente seja à força. Ken me traz todo tipo de idéias e alguém tem que mantê-lo tranqüilo. —Idéias? —inclinou a cabeça, uma sobrancelha se elevou. —Que tipo de idéias? —Móveis. Novas habitações. Edifícios. Todo tipo de coisas. Suspirou como se aproveitassem muito dele, mas havia muita admiração e afeto em sua voz para acreditar que estivesse zangado com seu irmão. —Faz móveis? —Fiz todo nosso mobiliário. E os armários. —Encolheu os ombros. —Quase tudo na casa. Eu te falei, gosto de trabalhar com minhas mãos. Há algo satisfatório em pegar a madeira e fabricar algo duradouro com ela. Ela tocou suas mãos, percorrendo com as pontas dos dedos a pele calosa. —Adoro suas mãos. —Briony lhe sorriu. —Se você fez todo o edifício, o que ele fez? —As idéias são dele. Dirige as pessoas, dedica-se a organizar. Encarrega-se de todos os detalhes. Não sou bom nessas coisas. Ken acredita que se alguém não cumprir uma ordem poderia lhe disparar. — se inclinou para roçar um beijo ao longo de suas têmporas. —Poderia haver um pouco de verdade nisso. Não tolero a incompetência. Ela se pôs a rir de novo, o som de sua risada percorria seu corpo como um instrumento musical. Podia sentir a vibração de cada nota correndo através de suas veias, esquentando seu sangue. —Sempre quis fazer vitrais coloridos. —lhe confiou.—Faço esboços. Não sou tão boa, mas todos são desenhos originais. Jack captou a nota desejosa em sua voz. —Você que fazer vitrais coloridos? —Tive algumas aulas e fiz peças pequenas. Tenho um montão de livros. Não é prático quando viajamos muito, mas algum dia vou ter meu próprio estúdio. Vejo diferente. Mais pássaro que humano, acredito, e às vezes, especialmente no entardecer, sinto as pessoas pelo calor e não tenho nem idéia por que. Realmente vejo imagens em cor. Quando olho as coisas na natureza, vejo tudo diferente e quero usar as cores no cristal. —Traçou suas tatuagens, seus dedos acariciando seu braço. Esteve em silêncio um momento, saboreando seu toque. —Vejo da mesma maneira. Imagens coloridas. E tenho o sentido do olfato altamente desenvolvido. — Se inclinou para enterrar o rosto em seu pescoço, inalando sua fragrância. — Sempre cheira tão bem. —Provavelmente não quando termino de atuar. Estou acalorada e suada. —És linda, Briony —beijou sua garganta, atrasando-se em uma larga incursão sobre seu pescoço, enviando arrepios através de seu corpo. —Eu gosto de você quente e suada—empurrou o lençol para baixo por seus quadris, expondo seus seios nus e seu ventre plano. —De verdade. Briony se relaxou sob sua boca errante. Podia sentir a urgência em sua mente, mas nunca mandava em suas mãos. Podia beijá-la com fome feroz e posse voraz, mas dava carícias tenras sobre seu corpo, lentas e cômodas, como se memorizasse cada detalhe. Sua mente podia ser um caos, uivando por ela, lhe pedindo que a tomasse como se não fosse nada mais que o corpo feminino que ansiava, mas suas mãos eram gentis e reverentes, suas mãos falavam de uma emoção profunda. Briony passou ligeiramente os dedos sobre seus traços curtidos, detendo-se na mandíbula angulosa. Ele tremeu ante seu toque, girando a cabeça para tomar seu dedo na boca. Olhou-a com os olhos cheios de puro desejo. O fôlego parou na garganta. Sentia que poderia olhá-lo eternamente e nunca seria suficiente. —Recoste-se querida. Estamos um pouco limitados por meus pontos para juntar nossos corpos, mas posso fazer uma coisa que pode fazer você se sentir bem. —Pode? Só te olhar já me faz sentir bem. 60
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Empurrou-a cuidadosamente para trás sobre a cama até que esteve recostada. Jack jogou para trás o lençol que os cobria, ajoelhando-se entre suas pernas. Suas mãos massagearam suas panturrilhas, subindo para suas coxas. Inclinou-se para beijar o interior de suas coxas, fazendo círculos pequenos com seus polegares aumentando sua consciência dele. Inclinou-se para frente para pressionar beijos sobre suas costelas, desenhando cada fenda com a língua e mordendo a parte inferior de seus seios. Fechou os olhos para saborear melhor o desejo e a textura dela, para memorizar cada polegada quadrada dela. Não queria que as lembranças dela perdessem a intensidade, e esta noite era tudo o que tinha para lhe dar, para tomar para si mesmo. Relaxou-se da maneira que tinha feito antes; uma vez que decidiu entregar-se, o fez sem reservas. Elevou as mãos para agarrar as barras da cabeceira, para evitar esquecer acidentalmente, e o agarrar e segurar-se a ele no calor do momento. Seu corpo nu estava diante dele como um festim, e Jack a tomou durante bastante tempo, provando cada polegada dela, lambendo seus seios, saboreando e mordendo, aumentando deliberadamente seu prazer. Esperou e memorizou cada ofego, cada arquear de seu corpo, o movimento dos inquietos quadris que lhe diziam exatamente do que gostava o que a voltava louca, que a empurrava até a borda. Ela se agarrou fortemente na cabeceira enquanto ele descia por seu corpo. Podia sentir a tensão crescendo nela em uma espiral fora de controle. Seus dedos acariciaram o calor escorregadio entre suas pernas, submergiu profundamente para empurrá-la mais e mais alto até que gritou. Queria mais. Queria escutar seu nome em seus lábios, ouvir seus gritos de prazer. Inclinou sua cabeça e a beijou suavemente passeando pelo interior de sua coxa, sentindo seu corpo sacudir-se em resposta. Sua língua provocou e acariciou, respirando com ofegos de prazer, submerso profundamente para dançar, acariciar, para tirar o mel fora dela. Seu útero se contraiu, o estômago se apertou, e seus quadris se elevaram da cama quando deu um pequeno soluço, em algum lugar entre o êxtase completo e o medo de perder sua mente. Jack tomou os seus quadris com um forte apertão, atraindo-a inclusive mais forte para ele, precisando escutar seus gritos, sabendo que era ele o homem que lhe dava tanto prazer. Suas mãos começaram uma lenta exploração de seu corpo, deliberadamente sedutor enquanto seus dentes e sua língua a enviavam em um espiral fora de controle. Lambidas quentes e dentadas provocadoras a conduziam mais e mais alto. Seus quadris se retorciam e corcoveavam sob seu assalto, o calor abrasador desencadeou uma série de pequenas explosões. Em vez de aliviar a dor terrível, só aumentou o maremoto de calor pulsante. Briony pulsava com necessidade feroz, um despertar tão forte que pensou que não poderia sobreviver. Sua mente era uma neblina de necessidade, de modo que começou a lhe suplicar, assustada da intensidade quase selvagem do prazer. Jack se ajoelhou entre suas pernas e a atraiu para ele, seus olhos brilhando com posse crua, com ânsia dura. Empurrou com força, enterrandose profundamente, entrando por suas dobras apertadas, tomando-a até a borda. Ela explodiu, fortes correntes de eletricidade a deslumbraram enquanto seu corpo simplesmente se fragmentava e onda pós onda de prazer pulsavam através dela. E então Jack começou a mover-se. Cada movimento de seus quadris enviava um arrepio de dor através de seu corpo, mas se misturou com o calor crescente, o prazer crescente. Rodeava-o com uma fricção quente, suas escorregadias dobras apertadas, seus músculos fortes, agarrando-o enquanto se afundava mais e mais profundo, e tudo enquanto o olhava com os olhos de chocolate escurecido, aturdidos com calor e paixão. Moveu-a ligeiramente para ter a posição que pressionaria quente e duro sobre seu broto mais sensível, e escolheu um ritmo mais rápido e duro que a fez gritar seu nome. “Jack”. Não em voz alta. Sussurrado em sua mente. De dor. O prazer assombrado consumindo sua mente. Quis empurrar com uma necessidade frenética, mas a inocência em seus olhos, a emoção em sua cara, forçaram-no a manter alguma aparência de controle. Queria que recordasse este momento para sempre, porque estaria gravado em sua mente para sempre. Olhou seu rosto, viu a intensidade aumentar, sentiu seu corpo lhe agarrando. Deu um suave grito, o som se mesclou com seu grito 61
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áspero, e se esvaziou nela, vertendo tudo o que era nela, corpo e alma. —Outra vez. — grunhiu.
Jack se sentou na beirada da cama olhando seu rosto. Parecia tão jovem, nenhuma linha em sua face. Seus olhos, quando o olhava, guardavam tanta inocência. Via-o como ao homem que poderia ter sido, não como o homem que era. Matou-o sem remorso. Os demônios se sentavam em seus ombros cada minuto do dia e o conduziam com força. Queria-a, mas se a tivesse, existia a possibilidade de que se convertesse no homem que seu pai tinha sido. Seu pai tinha olhado a seus filhos com olhos frios e vazios, olhos cheios de ódio por estarem perto de sua mãe. Era um tempo que roubavam dele e não o permitiria, nem a eles, nem a ninguém. Ninguém podia tocá-la, falar com ela, ela era sua posse. Jack e Ken haviam feito um pacto juntos, um juramento sagrado: que nunca se arriscariam a destruir uma mulher da forma que seu pai fizera com sua mãe. Seu pai os tinha aborrecido, dois meninos que ocupavam o tempo de sua mãe e seu amor. Havia surras que se converteram em mais e mais viciosas quando sua obsessão cresceu. Deus lhe ajudasse, Jack se sentia dessa forma com Briony, essa necessidade terrível de guardála para ele, de segurá-la apertadamente. Não podia enganar-se com o pensamento de que realmente não era um pouco obcecado. Era capaz de matar, tinha-o feito antes de chegar à adolescência, e agora, enfrentado ao monstro em que se converteu, tinha que deixá-la. Ela merecia um homem normal, um capaz de amá-la sem posse, ciúmes e medo. Era o único presente que podia lhe dar. Sabia que quando partisse, jamais poderia existir outra mulher, mas não podia tomá-la e assistir como sua inocência e luz lentamente se desbotavam, para serem substituídas pelo medo da forma que tinha acontecido com sua mãe. Briony se mexeu, murmurou seu nome em sonhos e se esticou para ele. Seu coração se comprimiu apertadamente. Inclinou-se perto dela. —Uma vez que eu vá, Briony, não venha para perto de mim de novo. —sussurrou. — Nunca. Porque não serei capaz de te deixar duas vezes. Seus olhos se abriram e lhe sorriram. —Estava sonhando com você. Seu estômago se revolveu e se inclinou para beijá-la. Não deveria. Sabia o que era melhor, mas era malditamente duro ter que ir embora. —Tenho que sair daqui. Minha viagem está me esperando. Ela se sentou, empurrando o cabelo sedoso, uma pequena ruga em seu rosto. —É seguro? Está certo de que é seguro, Jack? —É suficientemente seguro. —se levantou e colocou o rifle ao redor do pescoço. — Obrigado por tudo. Briony engoliu com força, resistindo à necessidade de agarrar-se a ele. É obvio tinha que ir embora, mas não havia dito uma palavra de verem-se de novo. Nenhuma. Agarrou sua mão. —Jack . — disse seu nome brandamente. —Como vamos encontrar um ao outro? Ele retirou a mão, esfregando a palma contra a coxa como se o gesto pudesse simplesmente apagá-la. —Não o faremos. Não pensou que isso iria em frente, não é? Não sou esse tipo de homem que se instala com uma mulher e filhos em uma casa com uma cerca branca. Sabia disso quando entrou. Seria uma chateação para mim. Briony não desviou os olhos de seu rosto. Seus traços eram marcados e duros, gravados em pedra, os olhos tão frios como o gelo. Jack não demonstrou nenhuma emoção. Podia estar olhando a um total estranho. Seu coração se rompeu em pequenos pedaços. Escutou seu próprio gemido, um comprido e prolongado grito de angústia, mas só foi em sua própria mente, e tinha suficiente orgulho para manter seus escudos vigorosamente para que não pudesse ouvir o pranto em sua cabeça. Não podia saber quanto tinha posto nele, quão estúpida tinha sido realmente. 62
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—Entendo. —foi tudo o que pôde dizer. Deveria ter esperado por isso, saber que seria capaz de afastar-se sem um olhar para trás. Manteve os olhos em sua face, dando um pequeno sinal de que tinha querido dizer as mesmas coisas que ele dissera a ela. —Então, boa sorte, Jack. Girou-se para longe dela, um movimento abrupto, e saiu pela porta. Nem uma vez olhou para trás. Briony sabia por que o viu pela janela, todo o caminho, até que esteve fora de vista. Sentou-se na cama até a alvorada, imóvel, sem uma só lágrima, sentindo uma sensação de inchaço e congelamento como se lhe tivesse arrancado o coração e o tivesse levado com ele. Sentia-se estúpida por inclusive pensar que tinham algo especial. Jack tomou seu presente de amor e confiança e atirou em sua cara. Ficou muito quieta, muito pequena, desejando que pudesse desaparecer. Ficou ali na beira da cama até que Jebediah golpeou a porta para lhe dizer que era tempo de enfrentar um novo dia e outra atuação.
Capítulo 6 Doze horas antes… A equipe das Forças Especiais dos Caminhantes Fantasmas se reuniu na casa da Califórnia de Lily Whitney-Milhar, filha do doutor Peter Whitney. Agruparam-se juntos na sala de guerra, onde se encontravam regularmente, sabendo que a habitação era impossível de rastrear. —Sabemos se ainda está vivo? —perguntou Kadan Montegue enquanto estendia os mapas aéreos da República do Congo na mesa. —Se existe uma pessoa com uma oportunidade para escapar do acampamento rebelde e sair vivo da selva, é Jack Norton. — respondeu Nicolas Trevane. —O general Ekabela é o mais sedento de sangue de todos os rebeldes na região. —acrescentou o Capitão Ryland Milhar com um pequeno suspiro. —As tropas do general são em sua maioria veteranos em combate. Muitos de seus homens estiveram no exército antes que tudo se tornasse um inferno ali. —Parece-me que desde que posso recordar, sempre houve um inferno no Congo. — disse Nicolas. —Ekabela fez muito dano nesta região, destroçando povos inteiros e cidades, cometendo genocídio, mas é tão enganoso como o inferno e bem financiado. —Controla o tráfico de maconha e tem um importante patrocínio de alguém aqui nos Estados Unidos. Nenhum de seus prisioneiros durou mais que dois dias. É particularmente desumano quando se trata de torturar. Ken Norton estava em péssima forma e só o tiveram por 10 horas. Ken ainda está no hospital. —assinalou Ryland. —Quase o esfolam vivo, sem mencionar que cortaram seu corpo em pedaços diminutos. Se Ekabela tiver Jack, tem só umas horas para escapar antes que lhe façam o pior. Kadan golpeou com um dedo o mapa. —Ekabela está em movimento. Não vai arriscar-se com Jack. Em que demônios estava pensando o senador, voando ao Congo por uma zona restringida? E que estava fazendo um cientista peixes gordos dos militares em uma região tão quente como o Congo? —É justamente esse o motivo. —disse a doutora Lily Whitney-Milhar. Saiu do canto onde tinha estado observando à equipe de Caminhantes Fantasmas enquanto se encontravam juntos para a reunião informativa. —O pequeno jato que foi derrubado no Congo era o mesmo avião que estava no aeroporto fora de Nova Orleans quando a casa de Dália foi atacada. —O que é ainda mais interessante, — disse Ryland — é que Ekabela não matou o piloto ou a equipe científica. E quando a equipe de Ken Norton entrou no Congo para resgatar o senador, Ekabela os estava esperando. Kadan levantou a mão. 63
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—Pensa que Ekabela estava avisado que a equipe de Caminhantes Fantasmas conduziria o resgate? Como seria possível? Rylan assentiu. —Estou seguro. Ken foi capaz de tirar o senador, à equipe de investigação e ao piloto. Por que Ekabela manteria o piloto vivo? Não tinha valor depois de tudo. —Mais importante até. —acrescentou Lily. —O avião pousou com um suposto problema no motor, ainda que ninguém estivesse ferido, e Ekabela não tinha torturado nem matado ao piloto e à equipe de investigação como normalmente faz com alguém que não tem um uso monetário ou político. Os rebeldes estavam esperando para emboscar a equipe de resgate. Inclusive com isso, os Caminhantes Fantasmas foram capazes de tirar o senador, e a outros, embora no processo, Ken Norton foi capturado. Ekabela não perdeu tempo torturando Ken. —Inclusive de maior importância é o fato de que os rebeldes foram atrás de Ken, escolheramno. Esse é o motivo por que foi isolado. — acrescentou Logan Maxwell. Era o único membro do esquadrão dos SEALs dos Caminhantes Fantasmas. Ken e Jack Norton eram ambos membros de sua equipe. —Estavam esperando-o. Estava ali. Poderiam ter lutado para mantê-los seus prisioneiros, mas estavam mais interessados em agarrar o Ken. —Especialmente a Ken? Nenhum dos Caminhantes Fantasmas? —perguntou Lily. —Especialmente a Ken. —reiterou Logan. Houve um repentino silêncio na sala de reunião. Os membros da equipe dos Caminhantes Fantasmas se afundaram nas cadeiras ao redor da mesa. — Quem poderia ter avisado a Ekabela? —Não sei quanto sabe sobre o experimento original do doutor Whitney, quando começou a usar humanos para o realce físico e psíquico. — disse Lily a Logan. —Jesse nos informou, madame. — admitiu Logan Maxwell. — Sabemos que pegou órfãs do outro lado do mar, eram todas garotas, e as realçou primeiro. Depois aperfeiçoou sua técnica e realçou a primeira equipe. —gesticulou ao redor para abranger aos homens e mulheres. —E então a nós. —Todos, inclusive eu, acreditávamos que meu pai, o doutor Whitney, foi assassinado. Já não estamos seguros de que isto seja verdade. Suspeitamos que não só está vivo, mas também realçou seu próprio exército pessoal e conduz experimentos com a permissão de algum dos militares e alguém muito alto no governo. Acreditam que há uma conspiração para criar as armam humanas perfeitas e esta conspiração implica a meu pai, possivelmente o senador que resgataram e definitivamente aos membros do exército e/ou outras agências governamentais secretas. Logan olhou ao redor. —Este lugar é um forte. Como poderia Whitney, ou alguém mais, inteirar-se de seus planos? Ou nossos planos, na realidade. Era minha equipe quem primeiro preparou o plano de resgate do senador e, então outra vez, Ken Norton. Estavam-nos esperando quando entramos atrás de Ken. Jack proporcionou o fogo de amparo, recebeu um golpe e caiu. Assinalou-nos que saíssemos dali, e francamente, se não o tivéssemos feito, todos estaríamos mortos. Ekabela não estava jogando por brincadeira; nos queria mortos. E queriam Jack. Tratamos duas vezes de resgatá-lo ou recuperar seu corpo, mas estão movendo os acampamentos tão rápido que nossa informação está sempre horas atrasada. O General Ekabela definitivamente tratou de nos matar, e tem armadilhas em cada acampamento que golpeamos. Por sorte conseguimos evitá-los. —O que reforça a idéia de que Ekabela deveria ter matado a todos exceto ao senador. Então por que não o fez? —perguntou Ryland. —Sabíamos tudo através de todos os computadores que usamos aqui na casa e na Corporação Donovans que pertenceu a meu pai. A maior parte dos programas de software foram programados ou modificados por ele. Os arquivos usam um software patenteado, um formato codificado. Não há maneira de acessar os dados exceto usando o programa que fez, embora os dados pudessem ser transferidos manualmente dos seus programas a outro, levando-os de um terminal e transcrevendo-os em outro… mas não o conseguiria mesmo que as fórmulas de avaliação estivessem escritas nos códigos do software. Obviamente se estivesse vivo, e tivesse 64
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planejado desaparecer, mas quisesse ver o que estávamos fazendo, teria deixado uma porta de saída para controlar os computadores. Há 55 computadores aqui na casa, contando o meu, alguns no laboratório e alguns em seu escritório, assim como o pessoal em sua sala. Há cerca de cem na Corporação Donovans, onde ambos trabalham. Papai era o acionista majoritário e agora é a Fundação Whitney. —E necessita esses dados de modo que não pode apagar tudo, não é? —perguntou Logan. —Exatamente. —Lily deu um toque com a ponta de seu lápis sobre a mesa. —Se alguém pudesse acessar aos nossos computadores, conheceriam cada movimento que fazemos. E poderiam fazer conjecturas exatas baseadas nos dados recolhidos ou qualquer movimento que fazemos. —olhou à mulher sentada silenciosamente na parte de trás da sala. —Flame chamou nossa atenção sobre isso e lhe devemos muito. Estivemos trabalhando sobre a hipótese natural de que meu pai pôs portas traseiras nos programas de software. Assumimos que usou a conexão principal da Internet. Ian McGillicuddy, um irlandês alto, elevou sua mão. —Não sou muito bom com os computadores, Lily. Sorriu-lhe. —Em realidade, Ian, não se sinta só. Uso-os em uma base diária, e foi Arly, nosso perito em segurança, e eventualmente Flame quem detectou isto. Flame? Quer explicar a todos o que segue? Foi a única que imaginou isto depois de tudo. Flame fez uma careta e tocou a boina em sua cabeça para estar segura de que estava em seu lugar. Raoul Fontenot se inclinou para morder sua orelha e sussurrou algo que a fez ruborizar-se. Golpeou-o forte. —É tão pervertido, Raoul. —Não me chame Raoul, senhora Fontenot. —lhe sussurrou muito alto. —Já falei isso, Gator. Têm que me chamar Gator. —Não me chame senhora Fontenot —vaiou entre dentes, a cor subindo por seu pescoço. —Casou-te com ele. —assinalou Ian com um amplo sorriso. —Fui enganada. Flame empurrou a Gator para afastá-lo dela, mas não pareceu notá-lo, não se moveu nem um centímetro. —Os computadores —lhes recordou Ryland. —Desculpe. —resmungou Flame. —Há uma só linha de Internet que entra na casa, um modem de alta velocidade. A linha se conecta com o modem. O modem por sua vez, engancha com um roteador, que distribui o sinal do cabo a todos os computadores. Neste caso, o doutor Whitney usou um roteador elegante de alta qualidade e de alta resistência porque tem muitos computadores. Supomos que Whitney —olhou para Lily— ou alguém que conhecia seu trabalho tratava de acessar aos computadores através da conexão de Internet, através do roteador. O roteador tem um Firewall, como cada um dos computadores individuais. Usamos o software do Firewall para fiscalizar qualquer tentativa de invasão. Há tentativas aleatórias aqui e ali que pode esperar encontrar em qualquer computador nestes dias. As tentativas foram facilmente rejeitadas pelo Firewall e não tinham o tipo de modelo sistemático que teria esperado ver se alguém realmente quisesse entrar. —Arly e Flame controlaram os computadores durante vários dias sem a sorte de reconhecer evidência alguma de que meu pai tratasse de entrar ilegalmente. —explicou Lily. Flame assentiu. —Mantivemos registros diários com cada computador. —tomou a caderneta de notas, Lily a deslizou para frente dela e a abriu uma página ao azar. —Aqui está o registro de acontecimentos da semana passada. Há vários ataques ao azar desde diferentes IPs sobre o portal UDP 25601, como este da terça-feira às 10:39:17 da manhã da direção IP 152.105.92.65. Ou esta na sexta-feira às 5:23:58 da manhã da direção IP 59.68.234.64. Todas foram captadas e detidas pelo Firewall e todos eram provavelmente jogadores de seriousSam procurando companheiros de jogo, pode-se dizer o 65
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jogo pelo portal pelo qual tratavam de entrar. Ian coçou a cabeça. —Nossa, Flame, e pensei que Lily não podia falar em inglês. Sorriu-lhe com satisfação. —E pensou que eu só era uma cara bonita. —Pensei que fosse uma pedra no cú. —disse. —Agora sei que é. Vai manter isto sobre minha cabeça, não é? —Pode ter certeza. —Flame atirou a caderneta na mesa. —Em certo ponto compreendemos que alguém lia os arquivos gravados nos computadores de Lily. Averiguamos que a última data em que tiveram acesso era muito recente. —Espera. —Ian levantou a mão. —Realmente estou tratando de seguir isto. Como pode saber quando alguém teve acesso a um arquivo? —Cada arquivo do Windows tem três sinais de tempo associados. A data de criação, a última data de modificação e a última data de acesso. Pode acessar ou ler o arquivo sem modificá-lo, daí a distinção entre último acesso e última modificação. —OK, isso tem sentido. —disse Ian. —Pegou ele? —Quero pegá-lo. Incrementamos nossa monitoração dos firewalls, mas não pudemos reagir a nenhuma das tentativas ao azar com a leitura dos arquivos. Olhamos em todos os lugares habituais onde alguém poderia inserir uma porta de saída no sistema operacional do Windows, mas não pudemos encontrar nenhuma prova de tal porta. Estávamos completamente perplexos. Lily riu brandamente. —Arly e eu estávamos perplexos. Flame de repente se levantou de um salto e gritou: —A porta de trás do Hardware! Não tinha nem idéia do que isso queria dizer, Ian, se por acaso isto te serve de consolo. Flame se encolheu de ombros. —Era tão óbvio. Esquecemos a vantagem que o doutor Whitney tinha sobre outros Hackers. Estes são seus computadores. Podia fazer o que quisesse com eles. A diferença do Hacker habitual, não tem que passar às escondidas um vírus, um verme, ou um trojan pelo Firewall. Diferentemente dos fabricantes do software, não tem que vender a alguém o software com uma porta de saída nele. Não, ele tinha o controle completo sobre seus computadores. Literalmente poderia fazer um buraco em um lado de seu computador e passar um cabo criando uma senha privada. Desperdiçamos muito tempo procurando uma porta de saída do software quando tinha que ser uma porta de saída do hardware. —Então se tornou um pouco louca. —explicou Lily. —Muito louca. Sabia que tinha razão, e desta vez íamos ter a oportunidade de virar a mesa com Whitney. — admitiu Flame. —Avançou lentamente ao redor dos computadores do laboratório, levantando cabos e seguindo a rede de cabos de um computador a outro. Então segurou o roteador e começou a gritar: —Olhe isto, olhe isto! Não tinha nem idéia do que eu tinha que olhar. Flame lhe sorriu. —Tinha um de muitos cabos saindo da caixa. Sabia que o tínhamos pelo... —interrompeu-se. —Sabia que o tínhamos. O sistema de amparo de arquivos desses computadores está instalado na rede da área local, para ser capaz de acessar aos arquivos através de qualquer outro computador, e por que não? Todos são computadores do doutor, só seria o doutor trabalhando com um computador e acessando a outro. Estávamos procurando um intruso de fora via Internet. Todos os Firewall nos protegiam de invasões externas. O doutor Whitney entra fazendo-se passar por um do interior, como outro computador de sua própria rede. Uma das linhas era falsa, e sabia que nos levaria ao doutor. Segui a linha direto para a parede. —Aqui é onde nos pomos um pouco técnicas — disse Lily. —Nem tanto. — assegurou Flame ao Ian. —Descobrimos que o cabo desta rede conectado através de uma caixa CSU/DSU pelo que compreendemos que é uma linha T3 arrendada. E antes 66
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que pergunte, uma caixa CSU/DSU é uma unidade de Serviço de Canais/Unidade de Serviço de Dados ou terminal de serviço digital, e isto é o que identifica de fato que é uma linha arrendada. É uma conexão muito rápida dedicada através das linhas telefônicas. A DSU se conecta com a rede dentro da casa e a CSU conecta com a linha arrendada. Ian franziu o cenho e jogou uma olhada ao redor da sala. —Não peguei isso. A linha passa através da parede e vai até uma linha arrendada? Aluga uma linha? —Uma linha arrendada em realidade esta composta por três partes. — explicou Flame, — dois cabos locais e um cabo longo. O primeiro cabo local vai de casa a um POP próximo, que basicamente é o ponto de presença de um portador ou portadores de longa distância. Tem que ter um cabo local similar que funcione em qualquer parte onde o doutor esteja atualmente até o POP mais próximo a ele. Os usuários de longa distância, um ou mais, usam as linhas de telefone normais que conectam os dois cabos locais. O fato é que os dois cabos locais são completamente seguros, além disso, existe um equipamento especial na conexão de cabos que garante que toda a conexão seja segura. —Então tem que estar no país. — disse Ian. —Não necessariamente. —respondeu Flame. —Têm que haver registros de quem arrendou a linha. — indicou Kadan. —É obvio. Daliah entrou pela força e nos procurou. Não é muito surpreendente descobrir que uma importante companhia de Oregón, uma com posse de um jato particular por certo, um jato capaz de aterrissar em espaço militar restrito em todo mundo, arrendou essa linha. —disse Lily— Surpreendentemente, o homem que assinou o recibo de compra do jato privado também assinou o recibo de compra do que explodiu no Congo. Esse homem não tem um número da segurança social ou uma certidão de nascimento que possamos encontrar. Houve um pequeno silêncio. —É o doutor Whitney, não é? — perguntou Ian — Está vivo então. —Não sabemos. Certamente se não for ele, é alguém com quem trabalhou estreitamente e que tinha conhecimento de todos seus experimentos —disse Ryland. Lily clareou a garganta. —Não importa com ou para quem estava trabalhando meu pai, nunca teria compartilhado toda a informação. Tem que estar vivo. Em minha opinião, está vivo e continua com seus experimentos. —pressionou as mãos protetoramente contra o ventre.— Está aí fora e está nos vigiando. Ryland a abraçou, inclinando-se para apoiar o queixo na parte superior de sua cabeça. —Mas não pode nos ver agora? Flame assentiu. —Não vai ser capaz de chegar até você, Lily. Não até você e certamente não até o bebê. Houve um murmúrio de acordo na sala e Lily relaxou visivelmente. —Como vai vigiá-lo? —perguntou Ian. —Espero poder acessar seu computador tão facilmente como ele acessou aos nossos. Em realidade identifiquei todos os nossos computadores e isolei o dele, sei que tenho o correto, mas evitou o acesso —sorriu Flame— Por isso mudei de tática. Sabia que estava acessando a certos arquivos com regularidade. Seguiu todas as averiguações de Lily e quis ver os relatórios diários de cada um de nós. —sorriu com satisfação.— Esteve particularmente interessado em meu arquivo. —Que surpresa, cher —murmurou Gator. —Também estou interessado. Sua mão acariciou seu braço, seus dedos enlaçando-se com os dela. Flame relaxou, apoiando-se contra Gator. —Criei uma pequena surpresa no meu para o doutor Whitney. Criei um “vírus” trojan e o integrei em um dos arquivos vistos com regularidade. Primeiro pedi que Lily atualizasse meu arquivo para atraí-lo para que desse uma longa olhada. —Como funciona isso? Como o fez? —perguntou Ian. 67
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Flame se encolheu de ombros. —Assumi que estava usando Windows XP porque todos os computadores aqui são XP. Por isso programei o trojan para entrar nos controles do arquivo remoto de seu computador e fazer os ajustes para que os usuários permitidos se conectassem remotamente com este computador através de uma LAN. É obvio, temos que esperar que o doutor leia o arquivo infectado com o trojan, então sem ser consciente poderia ativar o programa para nós, mas com a atualização de Lily, morderá o anzol. —Isso é assombroso Flame. Pode em realidade ler os arquivos de seu computador? — perguntou Ian. Flame assentiu. —É tão perfeito. Se não estivesse se fazendo passar por outro computador de nossa LAN, não poderíamos enganá-lo e devolver o favor usando o controle do arquivo remoto, que é a única possibilidade para outros computadores de nossa LAN. Mas agora que ativamos o ajuste do arquivo remoto no computador do doutor, temos acesso a seu computador como se fosse nosso. —Então em que anda metido? Flame assentiu para Lily. —Ela pode explicar melhor que eu Kadan levantou a mão. —Antes de mais nada, lendo os arquivos, há alguma maneira de identificar positivamente quem está nos espiando? Lily sacudiu a cabeça. —Não podemos ver quem está criando os arquivos, mas asseguro que reconheci o tipo de notas de meu pai. Gosta de pôr tudo em números, um tipo de código, e definitivamente há muitos arquivos cheios de números. Para ler os dados, tenho que decifrar o código. É estranho que seja o mesmo em cada arquivo. Kadan olhou para Ryland. —Alguém muito importante no governo tem que estar ajudando-o. Como Whitney pode estar sendo aceito? Houve um pequeno silêncio, ninguém queria mencionar a suspeita inevitável. Estavam sob o comando direto de um homem, o general Ranier. Lily sacudiu a cabeça. —Sei o que todos estão pensando. O general Ranier foi um amigo próximo da família por anos, mas não pode estar envolvido. —Por que não? —perguntou Logan. Lily abaixou a cabeça. —Porque não acredito que possa sobreviver se mais uma pessoa que amo está vivendo uma mentira e nos traindo. Ryland a abraçou e a atraiu contra seu corpo. —Temos Dália de volta e agora a Flame. Encontraremos as outras garotas e teremos nossa própria família, Lily. Não importa o que acontecer, você nos tem. —Estou assustada, Rye. —admitiu. —Estou realmente assustada desta vez. —Não vamos tirar conclusões sobre o general Ranier, Lily. —lhe assegurou Kadan. —E, Logan, você tem suas próprias preocupações com o almirante que dirige sua unidade. Se tivermos uma entrada no computador de Peter Whitney, poderíamos ter sorte e encontrar por acaso uma indicação qualquer, se o general ou o almirante, estão de algum jeito associados com o doutor. Enquanto isso, melhor sermos muito cuidadosos quando nossas ordens chegarem. —Para me chamar aqui, deve ter encontrado algo sobre Jack ou um de meus outros membros de equipe. — disse Logan. Lily respirou profundamente e assentiu. —Com o propósito de simplificar, vamos referir-nos a quem quer que seja que está por trás como doutor Whitney. Muitos de nós acreditamos que está vivo e mexendo os pauzinhos. O 68
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doutor Whitney parece estar tratando de unir às mulheres com as quais fez as primeiras experiências com os homens nos quais trabalhou mais tarde. Acreditam que está fazendo isto como parte de um plano muito mais amplo. Cada uma das mulheres até agora foi tão psíquica como sexualmente compatível e atraída por um dos homens. Os casais trabalham bem juntos como uma só arma. Como uma equipe, são completamente funcionais em uma situação de combate assim como são capazes de viver e funcionar no mundo, o que nem sempre podem fazer sozinhos. Dália, se recordarem, não podia estar fora do sanitário por uma longa temporada, mas com Nico, é capaz de viver uma vida semi-normal. —Até agora, essa parte não me soa mal. — disse Logan com um débil sorriso. —Há alguns benefícios no trabalho. —disse Gator, meneando as sobrancelhas a Flame. Ela fez rodar seus olhos. —Não tenho nem idéia de como me meti nisto. —dirigiu um pequeno sorriso a Logan. — Raoul tem razão, há benefícios definitivos. —Por isso o doutor quer que os homens se casem com as mulheres. —disse Logan.— Qual é o trato? Lily franziu o cenho. —Fez a todos nós, armas. Juntos, como um casal, parece que somos capazes de sermos mais poderosos, complementam-se ou inclusive amplificam os realces. Onde antes, uma equipe podia ser enviada e as probabilidades se multiplicavam por dez, imagina quanto melhor se só duas pessoas pudessem ser enviadas para limpar uma confusão, especialmente se esse casal for tão poderoso como, ou mais, que uma equipe inteira. Logan desviou seu olhar a Gator e Flame Fontenot e a Nicolas e Dália Trevane. —Pensam que isso é verdade? Dois de vocês poderiam dirigir uma missão sem a equipe inteira e fazê-lo bem? Os casais se olharam um ao outro, então assentiram. —Não há duvida Logan, dependendo de que se precise fazer. —respondeu Gator.—Flame e eu podemos manipular o som, e sem usar a Kadan, ou a alguém mais, como escudo para parar o inimigo, seria difícil, mas poderíamos definitivamente conseguir fazer o trabalho. Nossas habilidades se amplificam quando estamos juntos. Tanto Flame como eu estamos realçados tão física como psiquicamente. —Nós também. —disse Dália, agarrando a mão de Nico. —E como Gator e Flame, trabalhamos muito bem juntos. Logan suspirou. —Esse realce psíquico que todos mencionaram… —E sabe perfeitamente que toda sua equipe está realçada. —o cortou Lily. Logan passou os dedos pelo colarinho de sua camisa. —É só doping genético. Inserindo nosso próprio DNA em nossas células para inflá-las, não é? —É o que a maioria dos doutores está fazendo nestes dias, mas o doutor Whitney deu um passo a mais. —disse Ryland— Desenvolveu um cromossomo para inserir o DNA e realçar o corpo inteiro tão física como psiquicamente. —Agora não estou entendendo. —admitiu Logan, franzindo o cenho. Lily bateu de novo na mesa com o lápis, o único sinal de que seu nervosismo permanecia. —Em realidade, os cromossomos vêm por pares. Tecnicamente, desenvolveu um par de cromossomos extra. E isso lhe deu 80.000 genes extras para jogar, que podiam codificar muitas habilidades. Independentemente dos atributos psíquicos, os experimentos as aumentaram, mas mais foram acrescentados quando inseriu o cromossomo extra para o realce psíquico. Por exemplo: há uma enorme distância evolutiva entre o homem e o mosquito, mas apesar disso, a nível molecular, ambos estão equipados com o mesmo sistema de sentidos químicos. Logan assobiou brandamente. —Tá legal. Isto é foda, um pulo dos computadores aos cromossomos e aos mosquitos. Adivinho que há uma razão para isto. 69
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—Encontrei um arquivo no computador do doutor Whitney que relaciona Jack Norton e uma das mulheres com a qual fez as primeiras experiências. Aparentemente Jack e Ken Norton tinham, antes do experimento do realce físico e psíquico, um talento tremendo em ambas as áreas. Ambos têm um treinamento militar extenso e são extremamente experientes. —São franco-atiradores legendários —ofereceu Nicolas. —Aparentemente o doutor acredita nisso também. Esteve tentando há algum tempo manipular Jack Norton para uni-lo com uma mulher chamada Briony Jenkins. Quero que note que Briony é o tipo de planta como são Lily, Dália e Íris. —Enviou um débil sorriso de desculpa a Flame por usar o nome que o doutor Whitney lhe tinha dado. —Sabe como gostava de nos desumanizar. Nem nomes reais nem datas de nascimento. —Briony é uma de nossas irmãs perdidas. —disse Flame brandamente, seus dedos se apertaram ao redor dos de Gator. —Não me lembro dela. Inclusive quando tento. Esfregou as têmporas, franzindo o cenho, tratando de aliviar a dor de cabeça que sempre acompanhava a tentativa de recordar as garotas com as quais o doutor Whitney tinha feito experiências. —Neste caso, Flame. —explicou Lily.— Não penso que a tenhamos esquecido porque tratou de apagar nossa memória, é porque era muito pequena quando a expulsou. Em realidade foi adotada. Flame se inclinou para frente. —O que? Não é uma de suas histórias elaboradas para cobrir o que em realidade fez com ela? Fingiu que Dália foi adotada e a trancou em um sanatório. Certamente escreveu um conto fantástico sobre minha adoção quando todo o tempo estava trancada em um laboratório me dando câncer. Está absolutamente segura de que Briony de verdade foi adotada por alguém? —houve uma pequena falha na voz de Flame. Sob a mesa, Gator rodeou com o braço sua cintura para consolá-la. Lily examinou suas mãos antes de falar. —Meu pai era um homem que acreditava em ter tanto controle como fosse possível. Não fui realçada fisicamente, então tenho o controle do experimento. Briony foi realçada tanto física e como psiquicamente, e escolheu os pais que queria para ela, uma família de circo que vive na Europa. O pai era cidadão dos Estados Unidos e a mãe italiana. Já tinham quatro meninos e queriam uma filha desesperadamente. Também tinham a necessidade de um montão de dinheiro para comprar o circo junto com seus companheiros. Lily olhou ao redor da sala. —Flame e Dália foram criadas em um ambiente fechado. Briony foi criada com uma família, embora seu treinamento fosse diretamente fiscalizado por meu pai. Informações detalhadas foram enviadas semanalmente, do treinamento físico e psíquico de Briony. Era rigoroso, embora certamente não sofresse no treinamento, mas houve grandes problemas. Sua família acreditou que era autista porque não podia interagir com as pessoas ao redor. Não é uma âncora, e seu preço é não ser capaz de filtrar o som e as emoções daqueles ao seu redor, o que deve ter feito de sua vida um inferno. É óbvio por suas notas, que Whitney queria ver, depois de ter sido criada em um ambiente carinhoso, Briony teria as mesmas habilidades que Flame e Dália. Sente que um menino criado por pais carinhosos pode carecer de determinação. Deliberadamente enviou a uma menina, que não era capaz de viver próxima a outros sem sofrer uma dor severa, a um ambiente muito lotado e público para ver se era suficientemente dura. Whitney tem numerosas notas dizendo que lhe surpreendeu com sua habilidade para enfrentar-se à dor contínua. Pelo que tenho lido, apesar dos numerosos problemas físicos, atua com sua família, é extremamente inteligente, e quase tão bem treinada como qualquer Caminhante Fantasma. E lhe proporcionou um médico particular para cuidar dela e planejou sua educação, que seus pais concordaram em seguir ao pé da letra. Os olhos de Lily brilharam com lágrimas por um momento. —Acredito que matou seus pais quando se opuseram a enviá-la a Colômbia. Jack Norton estava na Colômbia então. Os pais começaram a opor-se à contínua interferência de Whitney em 70
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suas vidas agora que tinha crescido, e escreveu que estavam envolvidos. Mais tarde escreveu: problema resolvido. Flame pressionou os dedos contra sua boca, sua mão tremia visivelmente. —Temos que encontrá-la, Lily. O que quer Whitney dela? —Quer um bebê. Quer um menino produto de Jack Norton e Briony Jenkins. Gastou milhões manipulando as apresentações para juntá-los. Justo neste momento está em Kinshasa. Pagaram a ela e a seus irmãos uns honorários exagerados para que atuassem em um festival de música ali. Houve um pequeno silêncio. Logan o rompeu. —Estas dizendo que Whitney está por trás do acidente do avião do senador no Congo? Quem avisou ao General Ekabela que Ken estava dirigindo a missão de resgate? —Se supunha que Jack dirigiria o resgate, recordam? —corrigiu Lily.— Ken interveio quando Jack não pôde voltar a tempo da Colômbia. Só tem a ver com Jack. Era digno de doar o esperma? Jack é um dos Caminhantes Fantasmas mais poderosos. Todos nós sabemos disso. Tem talentos extremos, e estou disposta a apostar que Briony combina em tudo com ele. Jack é o que tinha que ser capturado. Era o único que poderia escapar e chegar até Kinshasa. Ken foi usado para atraí-lo até o Congo, este é o motivo pelo qual Ekabela não matou Ken imediatamente. —Kinshasa não é um lugar pequeno. — apontou Kadan. —O irmão de Briony é um antigo SEAL da marinha e serviu com Jack. Têm uma história. Jack salvou sua vida. Diria que a montagem é mais que perfeita. Jack vai direto a ele se tiver escapado. Kadan sacudiu a cabeça. —Não posso ver Ekabela deixando-o escapar por mais dinheiro que Whitney lhe pagasse. Ekabela quis Jack por muito tempo. Sabe que Jack é capaz de sair e o quereria se a ordem caísse. O general vai matá-lo. Certamente Whitney esperava que o tentasse. Whitney criou as armas afinal. Qual é o uso se não os pode ver agir? —perguntou Ryland. Logan xingou baixo. —Podemos tirar Jack? —Tentamos. Golpeamos dois campos diferentes onde se considerava que tinha estado retido. Mas já tinham saído há muito tempo. No último, parece ter havido uma guerra. Havia corpos e muito sangue, mas nem Ekabela nem Jack. —O que acontece com Briony Jenkins? Podemos tirá-la? —Necessitamos uma via para extrair Jack. Se a advertirmos… —Então você a está usando como isca? —Flame levantou a cabeça bruscamente, seus olhos atormentados. —É isso o que somos para ti, Kadan? É isso que ela é? Algo que pode usar para atrair seus Caminhantes Fantasmas? Gator pôs uma mão em seu braço para detê-la, mas não se deu conta, olhando ao outro homem através da mesa. Kadan deu de ombros com uma calma usual. —Todos somos Caminhantes Fantasmas, Flame. Nem Norton nem Briony são dispensáveis no que a mim se refere. Se Whitney tiver tomado como objetivo a Briony, cedo ou tarde tratará de readquiri-la. Jack Norton é sua melhor aposta para protegê-la. Não estou disposto a deixar nenhum deles. Inclusive se conseguimos mandar uma mensagem a Kinshasa, e a possibilidade que ela receba essa mensagem antes que isso aconteça é mínima, por que ela nos acreditaria? —Mas ela não é uma âncora? —perguntou Ian. Lily sacudiu a cabeça. —Não, e é surpreendente que tenha conseguido viver no ambiente em que está. Meu pai tem escrito numerosas notas sobre sua habilidade para resistir a dor e concluir sua missão. Neste caso, atuar com sua família em frente a platéia. É uma telepata tão forte quanto Jack e Ken Norton. Tem as mesmas habilidades que têm ambos. —Quais são? —incitou Kadan. —O que nos devolve aos mosquitos. —disse Lily. —Os mosquitos podem sentir o dióxido de carbono e o ácido láctico até a 30 m de distância. Quando respiramos, os humanos, assim como 71
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outros mamíferos e inclusive os pássaros, emitem estes gases. Os agentes químicos no suor também atraem aos mosquitos. —Estas dizendo que Jack e essa mulher Briony, podem fazer isso também? Podem sentir as pessoas pelo cheiro da respiração e do suor? —perguntou Ian. —Sim. Claro que podem. Ambos têm o mesmo sistema olfativo em seus narizes, como todos nós temos. Os mosquitos têm receptores que lhes permitem usar o sistema eficientemente. Briony e Jack ambos têm receptores. —lhe escapou um pequeno sorriso.—Embora seus receptores não sejam antenas. Os mosquitos também têm sensores de calor, como Briony e Jack. E finalmente, mas não menos importante, os mosquitos têm sensores visuais. —Vejo uma pauta aqui. —Ian dirigiu um sorriso ao redor da sala. —Não é surpreendente que este homem esteja a vontade na selva. Ele pode se sentir em casa em suas missões. —Na realidade você tem razão, pode. Também tem a habilidade de mudar a cor de sua pele para harmonizar com o que está a sua volta. —Como um camaleão? —perguntou Ian. —Contrariamente à crença popular, os camaleões não podem mostrar cores ilimitadas e não mudam as cores em uma resposta de camuflagem a seu redor. Sua pele muda em resposta à temperatura, a luz e o humor. —explicou Lily.— Os hormônios que controlam a melanina contêm células que podem mudar a concentração sobre o corpo do camaleão, produzindo um padrão de cor elaborada. Alguns padrões são boas camuflagens, enquanto outros padrões são as raias ou pontos mais chamativos em cores contrastantes que mostram o humor do camaleão. —Mas os camaleões não têm a mesma pele que nós —lhe assinalou Kadan.— Até o momento, Whitney não introduziu nenhum DNA alheio a nós, não é? —Um camaleão tem quatro camadas de pele. A camada exterior tem tanto células vermelhas como amarelas. Dentro desta capa há mais duas capas, ambas refletem a luz, uma azul e outra branca. A camada interior é emaranhada e contêm grânulos de pigmentos chamados células melanóforas. Os melanóforos têm pigmentos marrom escuro chamado melanina. —O mesmo produto que colore a pele humana de marrom ou negra? —perguntou Ian. —Exatamente o mesmo produto. —reconheceu Lily.— Os humanos, por certo, também têm células de cor vermelha e amarela. Por isso se pode controlar separada e precisamente os níveis hormonais para cada célula que contém melanina, poderia criar uma ampla variedade de padrões de cor dentro das classes permitidas pelas múltiplas camadas de células de cor. —Em um humano? Como pode fazer isso? —perguntou Kadan. —Através da distribuição de uma rede de nano-computadores associados com as células que contêm melanina: um tal nano-computador. Ian passou uma mão através do cabelo vermelho. —Odeio quando começa a falar assim. Faz-me sentir estúpido. —Cada nano-computador tem um tamanho de umas cem moléculas, e seu propósito primário é regular o nível hormonal da célula que contém melanina com a qual está associado. Tem uma função mais, algo como a célula de esperma, se injetar na corrente sangüínea, encontrará seu caminho até a célula que contém melanina que não tenha um nano-computador e se pega a ela. Flame franziu o cenho. —Então está dizendo que a idéia é injetar um milhão destes no sistema sangüíneo, e se separam distribuindo-se em uma rede informática, um nano-computador por célula? O que os controla? —Os nano-computadores mudam o sistema hormonal que lhes está permitido, e daí as cores que estas células manifestam, quando são expostos a um campo magnético ou a certa força. Logan estalou com: —Maldita seja, Lily, está segura? Ela assentiu. —Jack e Ken Norton têm arquivos extensos. São telepatas muito fortes, mas também têm muitos outros talentos a um nível menor. Ambos podem usar a telecinésia. A psicocinésia, mais 72
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usualmente referida como telecinésia, é a capacidade de mover coisas ou por outra parte afetar à propriedade das coisas com o poder da mente. De todas as habilidades psíquicas, a verdadeira telecinésia é a mais estranha, e a mais difícil de controlar. Sei por que tenho um pequeno talento, nada como eles. E acredito que Briony tem este talento também. Não só fez a ambos os homens prova fortes nesta área, como foram realçados muito mais inclusive. Aparentemente tinham a habilidade de comunicar-se telepaticamente desde que eram pequenos. —Voltemos para a habilidade de mudar a cor da pele em camuflagem —disse Logan.— Se necessitarem um ímã para controlar aos nano-computadores, levam-no com eles? E se os níveis hormonais provocam a capacidade, como podem impedir de revelar suas mudanças bruscas de humor como faz o camaleão? —Boa pergunta. Estão treinados com bioretroalimentacão ou biofeedback que é uma forma de controle mental sobre o corpo que permite a uma pessoa reduzir a sensação de dor, é uma técnica que inclui o treinamento da mente, e ambos os homens têm um controle assombroso. O doutor Whitney implantou um dispositivo como o aparelho do MRI dentro de ambos os Norton. Isto irradia um modelo magnético para a superfície do corpo. O dispositivo responde a um sinal mental que os irmãos primeiro aprenderam muito bem no treinamento de bioretroalimentacão, mas devido a seu extenso talento, converteu-se em uma segunda natureza para eles. —Se Briony foi adotada, como pôde fazer a mesma coisa com ela? Certamente não tinha esta tecnologia quando a deu em adoção. —disse Kadan. —Os pais que tomaram o dinheiro de Whitney acreditavam que era um marido pesaroso que tinha perdido a sua esposa. Consentiram em educar Briony da forma que ele queria e pagou tudo e o médico não era só para ela como para toda a família. Cada vez que ficava doente, seu doutor a tratava. Whitney teve acesso a ela todo este tempo. E acredito que ainda o faz. Usam seu doutor quando ela está doente. Tem um montão de problemas devido ao fato de que não tem uma pausa para o contínuo assalto a seus sentidos. Francamente estou surpreendida de que tenha sobrevivido tanto tempo sem um grande problema. Houve um pequeno silêncio enquanto a enormidade de implicações era compreendida. Ryland puxou Lily em seus braços e enterrou o rosto contra seu ombro. —Que impacto terá isto em qualquer criança? —Não sei. Não sei o que tem feito ao resto de vocês. E asseguro, não tenho nenhuma pista do que aconteceria se Jack Norton e Briony Jenkins tivessem uma criança juntos. A única coisa que posso dizer com segurança é que afetará o bebê. Lily colocou ambas as mãos protetoramente sobre a pequena evidência de sua gravidez. —Se Ken Norton levar o mesmo código genético. —disse Kadan— por que é tão importante que Jack, não Ken, relacione-se com Briony? —Adivinho que a reação dos feromônios é específica entre um homem e uma mulher. Inclusive não encontrei uma menção disto nos arquivos, mas não há outra explicação. O doutor Whitney —deliberadamente Lily se distanciou do homem que tinha conhecido por toda sua vida como seu pai, —está procurando uma segunda geração de soldados e quer que Jack Norton e Briony Jenkins lhe proporcionem um. Com seus sistemas olfativos realçados, a química entre eles se superará. —Bem —disse Logan— olhou para o homem errado. Ninguém controla Jack Norton. É um homem perigoso e Whitney cometeu um engano fazendo-o inclusive mais perigoso. —Talvez então, Logan, mas se o que suspeito é verdade, não o controlaria, estaria à mercê das demandas de seu corpo, e também Briony —explicou Lily. —Como os Norton mudam de cor quando estão vestidos? —perguntou Flame pragmaticamente. Lily enviou um pequeno sorriso descolorido. —Esqueci de contar a respeito das camisas inteligentes que Georgia Tech está desenvolvendo para controlar aos soldados e aos pacientes com problemas médicos. O Centro de Sistemas de soldados Natick em cooperação com a Crye Precision desenvolveu o MultiCam, o sistema de 73
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camuflagem para múltiplos ambientes. As companhias têm uma linha de roupa pessoal assim como roupa de combate. A coisa mais quente são os espelhos microscópicos costurados no tecido para refletir o ambiente ao redor deles. Nunca adivinhará quem prova esta roupa. —Jack e Ken Norton —disse Flame. —É obvio. E Whitney mexeu alguns pauzinhos para fazer acontecer. —Whitney parece muito perito em mexer pauzinhos. —esteve de acordo Kadan. —Tem razão. Não está sozinho nisto.
Capítulo 7
—Está grávida. Briony surpreendida olhou ao doutor. —Isso é impossível. Estou tomando a pílula. Você mesmo prescreveu-me isso. — detestava o homem; a maneira em que a olhava tão arrastadamente, freqüentemente pensava que as escamas lhe sairiam a qualquer momento. Tinha um sorriso frio, quase satisfeito quando a olhou. Não confiava nele, nunca tinha confiado. Inclusive quando era uma menina, tinha querido fugir gritando da sala quando entrou. Quando deixasse o escritório, ia ao carro e retorceria o pescoço de Jebediah por chamá-lo. Só tinha estado de acordo em vir porque queria algumas respostas. Esta era definitivamente a última visita que faria ao doutor Spark. —Está grávida, Briony, de umas oito semanas. Possivelmente esqueceu de tomar a pílula quando tinha que fazê-lo. —dedicou um sorriso de tubarão, que nunca alcançou seus olhos. —O pai estará cheio de alegria. Uma sombra cruzou sua mente. Seu corpo ficou em alerta, sentiu o alarme movendo-se rapidamente através dela, mas manteve seu olhar surpreendido e balançou sua perna para frente e para trás com agitação. —Tony? Estou segura de que o estará. Sempre quis se casar comigo e esta será sua grande oportunidade. Meus irmãos pegarão as espingardas e ficarão do seu lado. Pela primeira vez seu sorriso satisfeito decaiu. Seus olhos se voltaram ainda mais frios. —Tony? Encolheu-se de ombros, tratando de parecer casual. —Um dos treinadores de tigres. Tivemos uma relação estável durante um tempo. — olhou diretamente nos olhos, determinada a seguir com a mentira só para ver sua reação, porque algo não estava certo e tinha um mau pressentimento de que estava em mais problemas que estar grávida. Grávida? Era realmente possível? Estava mentindo para ela? Estava doente todo o tempo, incapaz de comer qualquer coisa. Não sentia que estivesse enganando-a, mas nunca poderia dizer com o doutor, inclusive se sua mente não estivesse fechada para ela. Spark clareou a garganta. —Pensei que me disse que não podia ser tocada e duvidava que alguma vez tivesse uma relação. Isto melhorou? Ela esfregou as têmporas. Engraçado, com o doutor não sentia dor, mas um zumbido estranho em sua mente sempre persistia quando estava perto dele. —Os exercícios ajudaram muito e estive trabalhando com a bioretroalimentacão e a meditação —essa parte era verdade, mas nenhuma quantidade de meditação a liberaria da dor o suficiente para permitir a uma relação próxima com ninguém que não fosse Jack, e não podia pensar em confiar novamente seu coração a ele. Tentou um pequeno sorriso, seguindo a mentira—. Por alguma razão, quando estou com Tony, não é tão ruim, embora não sei se me casarei com ele. —Quer ficar com o bebê então? —perguntou o doutor Sparks, olhando-a de perto. 74
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Reprimiu a primeira resposta. É obvio que ia ficar com o bebê — amava ao bebê, inclusive se seu pai era um completo bastardo. Era bastante capaz de cuidar sozinha de uma criança. Encolheu-se de novo. —Pensarei sobre isso. Não tinha pensado em ter um bebê justo agora, ou sempre na realidade. Meus irmãos vão ficar loucos comigo, por isso não vou dizer nada a ninguém até que eu decida. O doutor Sparks se afastou dela e abriu um armário. —Me avise, Briony, e certamente posso te ajudar com o que decidir. Enquanto isso, necessitará de atenção pré-natal, só em caso de que decidas que quer ficar com o menino — lhe dando as costas, olhou-a sobre o ombro, ocupando-se com uma seringa de injeção. —Veio algum de seus irmãos com você? Possivelmente se falasse com eles entenderiam que será difícil para você manter uma relação por algum tempo. —Não, vim sozinha. —não tinha nem idéia de por que mentia. Jebediah a havia trazido, assustado de que estivesse tão doente que caísse na estrada, ou mais provavelmente, com medo de que em realidade não visse o doutor. Seus olhos estavam na cara de Spark quando se voltou, e seu coração saltou com medo. Seus traços arrastados pareciam os de um alien, distorcidos com uma espécie de regozijo fanático enquanto se aproximava com a agulha. Briony retrocedeu. —Para que é isso? —Vitaminas, para você e o bebê. Parece um pouco pálida. Se decidir que vai ter o bebê não quer que ele tenha defeitos, não é? Inalou e soube que não havia vitaminas na seringa de injeção. —Para trás, doutor Sparks, não quero receber injeção de qualquer coisa. —estava em perigo, todos os sentidos em alerta. A adrenalina fluiu por seu corpo, correndo através de suas veias com um conhecimento certeiro. —Não seja tola, querida; isto é necessário e é só uma pequena espetada. Teve pontos de sutura muito piores que isto. —Talvez, mas eu vou partir agora sem nenhuma espetada. Se necessitar de vitaminas, tomarei pelo método antigo, sem receita médica em forma de comprimidos. O doutor Sparks elevou a voz. —Luther, pode vir aqui, por favor? A porta se abriu de repente e Luther bloqueou a única saída. Era grande, e Briony soube imediatamente que estava realçado. Talvez fosse seu aroma, mas mais provavelmente sentia o realce da mesma maneira que o sentiu em Jack. Briony inalou bruscamente e se encontrou franzindo o cenho. Havia algo a respeito de Luther que a repelia. —Fique quieta, Briony; não temos que fazer isto mais difícil que o necessário. —disse brandamente o doutor Sparks, ainda sorrindo. Luther sorriu abertamente. O macaco e o réptil, pensou um pouco histérica. Briony manteve sua mão em alto como se repelisse o doutor, seu olhar em Luther, sua mente trabalhando para encontrar uma forma de sair da sala. —O que é exatamente isto? E não me diga que são vitaminas. O que está acontecendo? —Não posso deixar que saia correndo e aborte. Acredito que lhe acalmaremos até que seja mais razoável. Sparks caminhou aproximando-se. —Sou mais que razoável. —disse Briony— Não o entendo. —baixou a mão como se se rendesse, mas manteve seu olhar no homem grande no caminho à porta. —Isso, boa garota. —Incubadora quererá dizer. — disse Luther com um pequeno sorriso satisfeito. — Inclusive me ofereci para ser o doador. O doutor Sparks olhou para Luther. Briony chutou forte enquanto Sparks voltava sua atenção para longe dela. Puxou a seringa de injeção da mão do doutor quando ele se agachou, gritando e segurando a virilha. 75
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O sorriso satisfeito desapareceu de sua cara, Luther se apressou para ela, saltando sobre o doutor, com os braços estendidos para agarrá-la. Estava agradecida por seu tamanho pequeno, o que lhe permitia realizar todo tipo de truques aéreos, e deslizar-se por pequenos espaços. Usou a maca para começar, subindo e passando sobre o braço que se estirava para ela, e apunhalando Luther com a seringa de injeção. Não pôde empurrar o êmbolo para liberar o líquido, líquido que estava segura que era uma droga que deixava inconsciente, mas conseguiu completar um salto mortal completo no ar e deu um chute, atravessando a janela com os pés para frente. Protegeu o bebê com uma mão e sua cara com a outra, enquanto seus pés empurravam a maioria dos vidros para a rua. Aterrissou com um agachamento, levantou-se e correu para o estacionamento. Luther era muito grande para passar através da janela, mas o suficientemente forte para romper o marco. Escutou-o xingar quando chegou ao chão. —Ligue o carro, Jebediah. —gritou, pondo tanta urgência e comando em sua voz como pôde. Felizmente Jebediah, sentando no assento do condutor, lançou o jornal, ligou o carro e abriu a porta do passageiro. —Vamos! Vamos! —ordenou, gesticulando com as mãos, correndo a toda velocidade para o carro. Lançou-se no assento enquanto ele soltava o freio. Fechando de repente a porta, olhou para trás para ver Luther correndo para um veículo com dois homens nele. Tinha uma arma no punho e fúria na cara. —Depressa, Jeb! Vem atrás de nós. Ele tem uma arma. Jebediah não perguntou, mas reagiu da maneira que sabia que o faria, enfrentando sombrio, dirigindo como um profissional, saindo da rua principal no momento que pôde e tomando uma rota de volta para as terras do circo através de ruas estreitas. —O que demônios está acontecendo, Bri? —questionou Jebediah enquanto corriam estrada abaixo. —Spark tratou de me drogar. —disse— não sei o que queria, mas tem algo a ver com o bebê. — pressionou as mãos sobre o estômago. Olhou-a duramente, a surpresa escrita em sua cara. —O bebê? Que bebê? —Estou grávida. —Não pode estar grávida. Nunca estiveste com ninguém. Onde demônios esteve? E por que Sparks te drogaria por causa bebê? Olhe no pequeno compartimento sob meu assento e saque a pistola e a munição. Depressa, Bri. —Não sei, Jeb, mas me perguntou se estava comigo e tive o pressentimento de que poderia estar em perigo também. —Briony encontrou a arma e colocou depressa o carregador. A deu a seu irmão. Havia um certo consolo em ser invadida por suas emoções. Não havia dúvida de que Jeb a amava e queria protegê-la. —Algo não está certo com minha adoção e a história que contaram a Mamãe e Papai. Acredito que quem quer que seja essa gente, assassinaram a Mamãe e Papai também. —manteve o olhar na janela traseira. —Por minha causa. A mandíbula de Jebediah se apertou. —Quem quer que seja que matou a Mamãe e Papai é o responsável, Bri, com toda certeza você não é culpada, e não quero te ouvir insinuar isso de novo. Eles lhe amaram cada instante tanto quanto a nós. Não se arrependeram por te adotar. Nenhum arrependimento absolutamente, nem eles nem nós. Maldita seja, Briony —golpeou o volante com a palma. —Deveria ter me dado conta. Sabia que algo estava errado. Sempre soube. Não quis ver. — xingou de novo. —Quantas armas eles têm? —Só vejo o homem que Sparks chamou de Luther com uma arma, mas Sparks provavelmente tem uma também. Sempre detestei a essa serpente. Deu-me as pílulas anticoncepcionais. Toda minha medicação vinha através dele, não de uma farmácia. Como posso estar grávida com pílulas anticoncepcionais? Isso não incomoda a ninguém exceto a mim? Por que um doutor voaria para ver-me cada vez que conseguia pegar um resfriado? —Não pegava resfriados, Briony. Não teve um em toda sua vida; por isso fiquei tão 76
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preocupado porque estava doente agora. Não teve resfriado nem as enfermidades infantis. Mamãe e Papai consentiram em permitir que o doutor Whitney cuidasse de sua saúde. Era parte do contrato de adoção e sempre insisti porque você é tão diferente que acreditei que outro doutor podia não ser capaz de te tratar adequadamente. Sparks conhecia sua história, sabia como tratar suas circunstâncias especiais. —o tempo todo conversou para manter a calma, Jebediah conduziu pelas ruas com a precisão de um piloto de corrida, com a pistola em seu quadril. —E isso é outra coisa. Por que sou tão diferente? Conhecia minha história muito bem, muito mais do que nos contava. —Ambos, Whitney e Sparks, disseram que tinha um tipo de autismo, que é pelo qual não podia se ligar com a gente. —Ligava, Jebediah. Amo você, a mamãe e papai e os outros meninos. Sabe que sim. Sinto dor quando estou muito perto. Posso dizer o que você está pensando, não exatamente, mas suas emoções. Justo agora está assustado, sente-se culpado e está zangado porque Sparks tenta me seqüestrar. Acredita que tinha que ter visto o perigo faz tempo. —Deveria mesmo. —girou o volante e tomou uma estrada suja longe da cidade. —Tenho algumas conexões, Briony. Verei o que posso desenterrar sobre Sparks e Whitney. Mamãe e papai guardaram todos os papéis originais pertencentes a sua adoção na caixa forte do trailer. Darei uma olhada e verei se algo nos papéis pode nos ajudar a solucioná-lo. E quem demônios te deixou grávida? Não sabia que saía com alguém. Encolheu os ombros, tomando cuidado de evitar seus olhos. —Tinha curiosidade, pensei que não podia ficar grávida, e dormi com um cara sexy só para ver como era. —Não parece você. A quem está protegendo? Tony? Randall? Qual? Ele tem que assumir alguma responsabilidade. Briony se pôs-se a rir. —Sabe o ridículo que é quando temos a alguém tratando de me drogar e talvez me seqüestrar? O homem grande me chamou de incubadora. —fechou os olhos brevemente.—Disse que se apresentou como voluntário para ser o doador. Jebediah golpeou o volante com a palma. —Isso não tem sentido, Briony. O que querem de você? —Minhas diferenças talvez. Jack Norton me disse que se supunha que Whitney estava morto, que foi assassinado o ano passado, mas ainda lhe enviamos atualizações e o doutor Sparks ainda vinha também. Recorda o ano passado quando me disse que era tão importante trabalhar mais duro sobre minhas habilidades na água? E justo depois de que mamãe e papai foram assassinados, ordenaram-me ir a Colômbia para algo estúpido. Neguei-me. Era a primeira vez que lhes negava algo, mas não podia fazer qualquer coisa depois de encontrar os corpos. Jebediah a olhou. —Tinha medo por ti. Estava letárgica. É obvio que disse a eles que não. E mais tarde, quando fizeram o treinamento na água, quase se afogou por permanecer debaixo da água tanto tempo. Eu estava perdido. Por que não questionei nada disto? O que estava errado comigo? —Mamãe e papai permitiram o treinamento; nunca questionaria seu julgamento. Uma pergunta melhor seria por que o treinamento era tão importante para eles? Querem-me para algo, Jebediah. —sua mão massageou o estômago. —Ou a meu bebê. Seu irmão lhe lançou um olhar afiado. —E o que sabe Jack Norton a respeito de Whitney? Não está mantendo correspondência ou se encontrando com ele, verdade? —Não tenho uma pista de onde ele está e não o vi desde que deixou Kinshasa. Nós conversamos muito, isso é tudo. —Ele não é um homem que você quer por perto, Briony —lhe advertiu Jebediah. —Pensei que ele era seu amigo. —Os homens como Jack Norton não têm amigos. Conhecemos um ao outro. Tenho respeito 77
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por ele, mas é perigoso e não o quero em nenhum lugar perto de você. —Nunca entendi por que usa essa palavra sempre que seu nome é dito. Significa que de repente explode em ataques de raiva e sai atirando nas pessoas? Estou grávida; não creio que ele queira ter sexo alucinante comigo. Jebediah se estremeceu. —A última coisa que um irmão quer escutar é que sua irmã está tendo sexo alucinante. Jesus, Bri. —entrou pela portas da "cidade" do circo e conduziu direto para seu trailer. Ordenou que ficasse no carro e saiu, deixando o carro em marcha enquanto sondava a área ao redor. —Deslize para o assento do motorista e se não sair de casa em um minuto, saia. Vá embora daqui, e ligue a este número. —rabiscou um número de telefone dos Estados Unidos em um guardanapo rasgado. —Não confie em mais ninguém. Briony assentiu e se sentou atrás do volante, a ansiedade precipitando-se por ela. Por uma vez Jebediah acreditou, em vez de insistir que ela estava paranóica e só isso era claramente espantoso. Tranqüilizou-se quando ele pôs a cabeça pela porta do trailer e gesticulou para que entrasse. No momento em que esteve na casa, Jebediah fechou de repente a porta e ordenou Tyrel que vigiasse pela janela. —Virão atrás dela —Jebediah disse aos irmãos. —Parem de trabalhar agora. Vamos ter que sair rápido. Peguem tudo o que for importante e abandonem o resto. Seth pegue as armas; vamos precisar delas. Não falem nada sobre isto. Briony mexa-se, querida; não temos muito tempo. —A chuva está começando a cair de verdade. —disse Ruben. —Isto nos ajudará se estivermos na estrada. —O que diremos aos outros? —perguntou Seth. —Absolutamente nada. Não queremos pôr ninguém mais em perigo. —respondeu Jebediah. —O grande bastardo tem uma arma. Nossa gente não poderá dizer nada se não souberem nada. —Seu nome é Luther. —a mão de Briony revoou até sua garganta. —Acredita que ia atirar em mim? —Não, querida, ia atirar em mim. Os olhos de Briony se abriram com surpresa. —Jeb, não pode ficar comigo, nenhum de vocês. Alguém poderia sair ferido, ou pior, assassinados como mamãe e papai. —Não seja tonta. —disse Ruben. —Quem quer que seja essa gente, vamos resolver. — lançou os arquivos em uma pasta e o estendeu. —Coloque algumas roupas aqui e vamos. —Não pode levar nada pesado —objetou Jebediah— Está grávida. —Como? —exigiu Seth. —Quem? —rugiu Ruben. —Oh, por Deus. —Briony girou os olhos— Vou pegar minhas roupas. —Depressa. —urgiu Jebediah. Apressou-se ao quarto, ignorando Ruben gritando perguntas atrás dela. Enquanto enchia de roupa uma bolsa pequena, escutou seus irmãos discutindo sobre onde ir. A chuva caía a um ritmo estável, acrescentando-se à cor cinza escura de seu mundo. Custasse o que custasse, seus irmãos a protegeriam, e tinha o terrível pressentimento de que se Whitney a queria de volta, não poderia detê-lo até que a tivesse, mesmo que tivesse que matar cada membro de sua família. Os gritos rasgaram a noite, e os tigres rugiram um desafio. Briony ficou rígida, a adrenalina invadiu seu corpo. A chuva caía com muita força e os tigres continuaram, em um mal-estar constante, suas vozes ameaçadoras, ressoando através da cidade do circo. Os gritos agudos aumentaram, impulsionaram-na à ação. Correu para a porta. Jebediah a deteve. —Fique aqui. Vamos averiguar que está passando. Tyrel está procurando ao redor dos traylers. Seus irmãos correram para as jaulas dos animais para ajudar com qualquer emergência que 78
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houvesse. Logo que estiveram fora da vista, a porta de atrás se rompeu aberta. Briony não esperou para ver o que acontecia ou quem estava ali. Saiu correndo pela porta da frente atrás deles. Briony se negou a gritar, esperando não pôr a Tyrel em um possível perigo. Era muito rápida e tinha uma boa oportunidade de alcançar a Jebediah. A chuva caiu sobre ela, molhando seu cabelo e sua roupa enquanto se precipitava para o som do desastre. Quando passou a toda velocidade pela frente dos arbustos açoitados por vento, um enorme homem surgiu dos arbustos, dirigindo-se para ela. Luther. E não estava sozinho. Briony quase correu por volta do segundo homem, mudando de direção para evitá-lo, e se encontrou apanhada entre o homem e o seguinte trailer. Deteve-se e girou para enfrentá-los, com a resolução em seu rosto. Manteve os pés em linha com os ombros, mantendo-se de lado para apresentar um alvo menor, uma mão se mantinha frouxamente sobre sua cintura e a outra gesticulava enquanto falava. —O que quer Luther? —olhou para suas mãos. Estavam começando a tremer e sentia sua cabeça esmagada, como em um cilindro. O medo era muito grande para serem só as emoções dos dois homens, e podia sentir a reação violenta da multidão perto das jaulas dos tigres. —Você. Só venha conosco agora e ninguém mais sairá ferido. Havia algo vagamente familiar nele, algo fora de seu alcance. —O que fez? —seu estômago se apertou e pressionou a mão protetoramente sobre o bebê. —Seu namorado não se sentia muito bem quando lhe demos um lugar onde dormir. — disse Luther. Esfregou-se o ombro onde ela tinha espetado a agulha. —Não vai ajudar você com o bebê, assim melhor se preparar mentalmente para vir conosco ou tampouco terá a seus supostos irmãos vivos. Respirou profundamente e olhou para as jaulas dos animais onde a multidão se reuniu. —Feriu Tony? —tinham que havê-lo feito, ou não estaria tão violentamente doente. O sangue começou a gotejar por seu ouvido direito. —Lixo sem valor. Poderia ter escolhido a uma dúzia de homens para o pai de seu filho. Homens que mereciam algo. Por que demônios escolheu a esse gigolô está além de mim. — gritou como uma garota. A boca de Briony secou. —Por que o feriu? —Não tinha direito de te tocar. —Ele... —calou-se bruscamente. Não se atreveu a lhes dizer que Jack Norton era o pai de seu filho. Poderiam decidir matá-lo. —Isto é uma loucura. Não entendo nada disto —limpou o pequeno fio de sangue de seu ouvido. —Venha. Não quer a seus irmãos feridos. —disse o outro homem, um vestígio de simpatia em sua voz. —Só venha conosco e ninguém mais morrerá. Explicaremos tudo a você. Não pode suportar muito mais isto. E se tiver um ataque? Isso feriria o bebê. —Não seja amável com ela, Ron, é uma gata do inferno. — lhe advertiu Luther. —Está morto? Mataram-no? —Tony era um homem generoso com um sorriso fácil que lançava sem queixa onde fosse necessário. —Por que fez isso? —esfregou a cabeça que latejava. É obvio que o tinham feito, porque o tinha renomado como o pai de seu bebê. Tinha apontado à cabeça de Tony com uma arma por sua declaração irrefletida. —Por que Whitney quer a meu bebê? —ia adoecer em outro minuto se a pressão de sua cabeça não afrouxasse. Sua visão estava começando a turvar-se. Ron estendeu uma mão. —Vamos. Sabe que não vão deixar você brincar de correr solta quando é tão valiosa para eles. Briony empurrou para trás seu cabelo alisado pela chuva e esfregou os olhos para tratar de clarear sua visão. —Está bem. Sou valiosa. O bebê é valioso. Suponho que isso significa que não pode usar a pistola comigo. —Posso te disparar na perna. —advertiu Luther— e depois daquele truque no qual me atirou 79
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a seringa, vou me divertir. Traga seu traseiro aqui agora mesmo. Briony sacudiu a cabeça. —Não acredito. Venha e me pegue. —Ninguém quer te ferir. —disse Ron— Acabe logo com isso. Entre no carro e resolveremos tudo. Luther empunhou a arma e apontou além de Briony. —Seu irmão está vindo por esse caminho, e certo como o demônio que não me importa em lhe disparar. Entra no carro agora. Briony girou a cabeça para ver Tyrel apressando-se através do aguaceiro para ela. Não havia tempo para nada exceto a ação, e o assumiu, fazendo uma pirueta através do chão, agachou-se para varrer as pernas de Ron debaixo dele. Enquanto ele caía, voltou a levantar-se e pisou com força em seu pulso, virando para chutar seu joelho, esperando incapacitá-lo. A arma saiu voando e saltou para dar um segundo salto mortal. Foi capaz de pegá-la e jogar para frente ao seu irmão. —Agarra-a! —atirou a arma. Com os tremendos reflexos com que estavam dotados os Cinco Voadores, Tyrel agarrou a arma no ar, empurrando a sua irmã para trás dele enquanto retrocediam para seu próprio trailer. —Não podemos ser apanhados, Tyrel —lhe advertiu. Luther arrastou a Ron para trás dos arbustos e enviou um tiro de advertência que orvalhou folhas sobre eles. —Só a entregue e ninguém sairá ferido. —disse. —Realmente mataram Tony? —os tremores sacudiram o corpo de Briony pela violência que se precipitava nos espaços a seu redor. As emoções obstruíram sua respiração e latejaram em sua cabeça. Inclinou-se e vomitou incapaz de deter as cãibras de seu estômago. Tyrel seguiu empurrando-a para trás dele com um braço enquanto se retiravam. —Alguém o golpeou na cabeça e o lançou a um dos tigres. —respondeu sombrio seu irmão. —Malditos. Disse a eles que Tony era o pai do meu bebê. Não deveria ter feito isso, Tyrel. Não deveria ter dito nada. —Por dentro ela estava desmoronando, fazendo-se pedaços, inclusive gritando. Era diretamente responsável pela morte de Tony, e em grande parte estava segura que também estava ligada com a morte de seus pais. —Talvez devesse ir com eles. Se ficar contigo, tentarão te matar, e a Seth, Ruben e Jebediah. —Acalme-se. —Tyrel disse bruscamente.— Acredita por um minuto que deixaremos que ele afaste você de nós? Mantenha-se tão longe disso como possa. Está realmente doente. Mais um minuto e você vai cair, Bri, e não posso cuidar de você e mantê-los afastados. Briony retrocedeu até que alcançou a lateral do trailer. Não permitiria que sua incapacidade comprometesse a segurança de Tyrel. Respirou profundamente, deixou-o sair e ignorou os fragmentos de vidro perfurando seu crânio. Amava Tyler, e Luther podia ir pro inferno se contasse que ela cairia sob pressão. Olhou para o teto enquanto Tyrel trocava outro disparo com Luther. Alguém ouviria os disparos e viria correndo justo em meio de uma zona de guerra. —Vou subir ao teto, Tyrel, e ficarei atrás dele. Ele olhou para ela, sua expressão furiosa, protetora. Podia ver o suor em seu corpo, o custo que a violência estava cobrando dela. A dor atravessou Briony, mas ao mesmo tempo se sentia humilhada por pensar que apesar de seus dons especiais e suas capacidades, seus irmãos tinham que protegê-la porque era incapaz de usar sua rapidez ou sua agilidade ou sua pontaria. —Não, não o fará. Essa gente não está brincando. Seth, Ruben e Jebediah estarão aqui a qualquer momento e tiraremos você daqui. Só fique aqui. Luther estava se movendo, tratando de encontrar um melhor ângulo para atingir Tyrel. Briony não podia parar para pensar, as emoções de todos os homens a estavam sufocando. Raiva. Determinação. Luther tinha ânsia por destruir, por matar. Estava realmente zangado com ela, não pela seringa de injeção, mas sim porque o pensamento de que Tony fosse o pai do bebê era de algum modo um golpe para seu ego. Não tinha sentido para ela, mas ele transmitia alto e claro. 80
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Briony se agachou e saltou diretamente para o teto, escondendo-se para permanecer fora de vista, correu ligeiramente e saltou ao seguinte telhado e logo o seguinte. Desde seu ponto avantajado pôde ver a multidão reunida ao redor da jaula e Randall, o outro treinador dentro. Jebediah permanecia fora com uma arma com tranqüilizador e o tigre estendido de lado pesadamente, a cabeça pendurada pelo disparo tranqüilizador. Randall se inclinou para separar o corpo de Tony do enorme gato. Debaixo dela e a sua direita estava Luther. Estava deitado no chão, sujeitava a arma com ambas as mãos, os braços estendidos, determinado a alinhar um disparo sobre Tyrel. Ao seu lado, Ron amaldiçoou e gemeu, segurando o joelho. —Acredito que minha perna está quebrada. Quebrou-me a perna, Luther. —Idiota. Por que acha que a escolheram como a mãe do menino? Adverti-lhe isso, mas teve que se apaixonar por seus grandes olhos negros. —cuspiu Luther com desprezo. —Vai pro carro e mantenha-o ligado. Precisaremos sair daqui rápido. Não poderá agüentar muito mais, e quando disparar a seu irmão, vai cair dura. Estive estudando-a por algum tempo. Luther tinha estado estudando-a? Pensou que conhecia suas capacidades e suas debilidades? Briony limpou uma mancha de sangue de sua boca com o dorso da mão. Não conhecia a primeira coisa sobre sua determinação. O homem não ia matar a seus irmãos, e seguramente não conseguiria a seu bebê. Estava deitada no teto, segurando-se enquanto o vento e a chuva a esfaqueavam, tornando o teto escorregadio. Briony se concentrou na arma nas mãos de Luther. Ron começou a voltar pouco a pouco através do arbusto, para o carro andando uns poucos metros. Arrastava sua perna, amaldiçoando a cada poucos passos. Recusou permitir que sua mente vagasse, mantendo um só pensamento, uma ação, todo seu ser concentrado no objeto de metal que Luther agarrava tão fortemente. O metal parecia escuro na chuva e nas sombras, mas enquanto continuava olhando, brilhou levemente. Luther de repente xingou e a lançou à erva. A arma brilhou com indícios de amarelo e laranja através do cinza da chuva. Luther olhou ao redor, um pequeno sorriso apareceu de repente. —É boa. Melhor do que pensei ou esperei. Venha para casa onde pertence. A voz foi lançada baixa, e a vibração percorreu seu corpo atando seu estômago. O alarme se estendeu por ela. O que estava fazendo? Era um ataque, mas não sobre ela, mas ao menino não nascido. —Pare. —sentindo desespero, Briony pressionou uma mão cobrindo o bebê e se agarrou ao teto com a outra para não escorregar. —O bebê tinha que ser meu. Venha comigo ou não pararei e o menino inútil que leva vai morrer. Briony não se incomodou em discutir. Podia sentir a resolução de Luther. Não pararia até que tivesse a Briony. Afastou seu medo pelo bebê e por ela mesma e se concentrou de novo na arma. —É melhor me escutar. Sei que pode me ouvir. Estava prometida a mim, quero dizer para mim. Entre no carro ou vou matar seu irmão. Sabe que posso fazê-lo também. A arma começou a mover-se na erva, começou a elevar-se, e caiu à terra. Briony respirou profundamente e forçou a calma em sua mente. Não importava o que ele estava pensando, sentindo ou dizendo. Só a arma importava. Era a única coisa em seu mundo. Levantou-se lentamente, deu-se a volta até que a fenda esteve apontando diretamente a Luther. O mais difícil era manter a arma levitando enquanto se concentrava no gatilho. Em realidade nunca tinha disparado desta forma, mas tudo era possível. Luther girou a cabeça, seu olho captou o movimento. Rodou fora da linha de fogo, sua mão movimentou sinuosamente tão rápido que foi um borrão, golpeando a arma de volta ao chão. —Deveria ter me escutado. Briony viu a determinação em sua cara enquanto se deslizava nos arbustos. Ia atrás de Tyrel. Sem vacilação. Rodou para trás, direto na beira do teto, girando no ar da forma que faria durante uma atuação, para cair sobre seus pés. Apressou-se pela esquina do trailer e correu para seu irmão. 81
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Luther saiu das sombras, golpeando a arma longe da mão de Tyrel, a faca brilhava quando cortou brutalmente sua jugular. A faca falhou por meia polegada quando Tyrel desviou para trás. Fez um par de cambalhotas para pôr vários metros de distância entre eles, mas Luther foi tão rápido quanto Tyrel, cobrindo a distância de um só salto, a faca apunhalava depressa, uma e outra vez, cortando os braços de Tyrel enquanto este tratava de defender-se contra um ataque incrivelmente rápido. O sangue salpicou em todas as direções, as gotas atingiram Briony quando saiu do jardim para golpear Luther com o canto da mão no peito, pondo seu peso para trás e usando cada onda de adrenalina e força realçada que tinha. Apunhalou-a com a faca enquanto caía. Briony sentiu a mordida da lâmina ao passar por seu antebraço, mas continuou indo em direção a ele, chutando suas mãos para tratar de se desfazer da faca. Errou seu braço, mas o cravou em suas costelas. Enquanto atacava de novo, captou um movimento pelo canto do olho. Ron emergiu, coxeando, a arma na mão. Briony saltou para Tyrel, jogando-o para trás enquanto Ron disparava várias vezes em rápida sucessão. Briony e Tyrel caíram ao chão, rodando longe para protegeremse. Luther se levantou e olhou para as jaulas dos animais, onde as pessoas estavam começando a girar a cabeça. —Isto não acabou. —grunhiu Luther— e quando eu conseguir pôr minhas mãos em você, vai desejar estar morta. Briony manteve a cabeça baixa, tratando de não ficar doente, a dor espremia sua cabeça quase tão forte quanto no dia em que encontrara seus pais mortos. Era possível que Luther pudesse amplificar o que estava sentindo? Tyrel acariciou seu cabelo. —Você está muito machucada, querida? Ele cortou você? Esperou até que escutou o carro partir antes de sentar-se, balançando-se para frente e para trás. —Vou desmaiar, Tyrel. Não posso ter um ataque, não sei o que aconteceria ao bebê. — levantou a mão para pressionar a palma contra a cabeça. O sangue escorreu. Tyrel praguejou. —Seu ferimento é profundo. Você precisa de pontos. —Talvez devêssemos chamar o doutor Sparks —sugeriu Briony um pouco histérica, se inclinou e vomitou outra vez. O som de passos anunciou a chegada de seus outros irmãos. Seth se agachou e a levantou da grama molhada, enquanto Ruben lhe envolvia o braço com sua camisa. —Você está bem, Tyrel? —perguntou Jebediah— Você está todo fatiado, que inferno! —São pouco profundos. —confirmou Tyrel— mas Briony precisa de pontos. Jebediah xingou. —Leve-a para casa. Cuidarei dos dois e logo partiremos. —Aonde vamos? —perguntou Ruben. —Por que de repente estão atrás de Briony? —Ela acredita que mataram Mamãe e Papai —disse Jebediah. —E estou começando a pensar que ela tem razão. Pegue tudo o que estiver no cofre e vamos já. —Jebediah! —A voz de Seth os deteve. Estava em pé na entrada do quarto de Jebediah. Eles viraram devagar para olhar. Deu um passo atrás para que vissem o caos no trailer. O lugar tinha sido vasculhado e o cofre forte aberto, o conteúdo desaparecido. —Havia três deles! — sussurrou Briony. —Não pude farejá-los. — olhou para seus irmãos com o medo na face. —Quem é essa gente?
Capítulo 8 82
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Briony olhou fixamente pela janela a chuva torrencial. A pequena vila onde Jebediah os tinha levado pertencia a um velho amigo de seus pais, um ator de um circo agora aposentado. Tinham viajado a maior parte da noite para chegar ali e chegaram cansados, zangados e irritados. Estar nos limites fechados do carro tinha sido um inferno para Briony. Seus irmãos estavam zangados, assustados e preocupados. Tyrel tinha dor e tratava de escondê-lo. Ninguém disse nenhuma palavra sobre a morte de Tony, mas estava na mente de todos. Ela vomitou tantas vezes que Seth começou a amaldiçoar, frustrado por todas as paradas que tiveram que fazer. —Briony? —Tyrel estava na entrada. —Está pronta para falar ou precisa estar a sós por um momento? Desviou seus olhos da chuva para olhar a seu irmão, o amor por ele a afligiu por um momento. Sempre perguntava e isso significava muito para ela. —O que está fazendo levantado? Acreditei que estaria profundamente adormecido por agora. —deliberadamente se enroscou sobre o sofá para indicar que não lhe importava ter companhia. —Estava dormindo, mas meus braços doíam assim subi para procurar alguma aspirina. Trouxe algumas para você por via das dúvidas —levantou os tabletes e um copo de água. —Obrigada, Tyrel, aprecio como você sempre é tão atento. Não estou realmente segura de que deveria tomar uma aspirina. Não perguntei a Sparks como cuidar do bebê —lhe dirigiu um sorriso pesaroso. —Nunca me ocorreu que fosse ter um bebê, por isso nunca investiguei o que fazer se ficasse grávida. Não quero tomar nada que possa fazer mal. Tyrel se deixou cair na cadeira oposta a ela. —Ainda não posso acreditar que você vai ter um bebê. Não tinha nem idéia de que estivesse vendo alguém. —Não estou, não exatamente. Normalmente não posso estar perto de alguém tempo suficiente para ser íntima. —Está dizendo que Tony não é o pai? Abaixou a cabeça, olhando para suas mãos. —Disse a Sparks que era ele. Queria ver sua reação. Estava agindo tão estranho e não quis nomear ao verdadeiro pai, por isso usei o nome de Tony. —olhou para seu irmão, viu horror em seu olhar. —Juro, que não imaginei que o matariam. —Briony! —Tyrel pôs sua mão sobre ela em um esforço por reconfortá-la. —É obvio que não o fez. Se fosse outra pessoa, Briony teria se afastado, mas Tyrel era sempre genuíno. Podia facilmente ler seus pensamentos cheios de amor e preocupação. Deixou que sua mão permanecesse sobre ela embora fosse incômodo. —O que esses homens fizeram, não é sua culpa. Ninguém podia saber que matariam a Tony. Tínhamos que haver imaginado o que queriam. Briony franziu o cenho. —Primeiro acreditei que queriam o bebê, mas então o homem grande, Luther, pareceu zangado de que Tony fosse o pai. Inclusive disse que me prometeram a ele, que se tinha apresentado voluntariamente para ser o doador de esperma —esfregou as têmporas. —Tenho o estranho pressentimento, que se supunha que eu ia ter um super-menino. Em vez de rir dela, Tyrel assentiu com a cabeça. —Tem sentido pensar nisso, Bri. Pode correr mais rápido que qualquer um que conheço e inclusive é mais forte que Jebediah. Briony respirou profundamente e umedeceu os lábios. —Acredito que fui um experimento, geneticamente realçada. Depois de tudo não acredito que sou filha de Whitney, Tyrel. Tyrel se sentou na cadeira, com um olhar sério. Antes que Sparks tivesse querido seqüestrá-la, qualquer um de seus outros irmãos teria rido e a acusado de ver muita ficção científica, mas Tyrel 83
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sempre levava a sério tudo o que dizia. —Nunca teve sentido para mamãe que Whitney insistisse em ceder seu próprio médico. Isso a incomodava, especialmente quando você cresceu. Viajávamos muito, e era um inconveniente esperar que Spark voasse para ver você quando tínhamos um doutor viajando conosco. —Odiava ir com Spark. —Briony estremeceu e olhou seu braço envolto por uma gaze, — acredito que isto foi um acidente. Honestamente acredito que Luther teria matado você, mas não acredito que me queiram morta depois de tudo. Acredito que sou a portadora do bebê. —Você vai me dizer quem é o pai? Briony suspirou. —Jebediah me matará. —inclusive enquanto falava soube que seu irmão mais velho estava perto, captou seu aroma e levantou a vista. Perambulava na entrada, os fortes braços cruzados através de seu peito. Encolheu-se ligeiramente. —Mais provavelmente atirarei o sujeito ao chão. Quem? —Jack Norton —só dizer seu nome ainda doía. Inclinou a cabeça, esperando a tormenta de fogo explodir a seu redor. Houve um silêncio assombroso. Jebediah parecia como se alguém lhe tivesse golpeado. —Tocou em você? Esse filho da puta pôs suas mãos sobre você? Depois de arriscar nossas vidas por ele? —Jebediah! —advertiu Tyrel.— Foi um longo dia. Já é suficiente. —Jack Norton? —repetiu Jebediah, obviamente aturdido. Afundou-se em outra cadeira e pôs a cabeça entre as mãos. —Briony, não tem nem idéia do que fez. —Estou grávida, Jebediah —disse Briony, permitindo que o desespero se arrastasse em sua voz. —Não sou uma adolescente. Cresci faz muito tempo, e estar grávida não é o fim do mundo. Se não me quiser por perto, só me diga isso. A cabeça de Jebediah se levantou, mostrando surpresa em sua face. —Não estou zangado de que tenha um bebê. Surpreso talvez. Traumatizado de que minha irmã pequena tenha sexo realmente, mas sobrinhas ou sobrinhos estão bem para mim. Mas Jack Norton… — se cortou bruscamente. Briony suspirou. —É realmente importante quem é o pai, Jeb? Nunca vai estar na foto. Está nos Estados Unidos, muito longe, e nós estamos na Itália. O que importa isso? —Ah, meu doce! —lhe assegurou Jebediah. —Isto importa. Jack Norton sempre importa. É totalmente imprevisível e vive por um conjunto de regras completamente diferente do resto de nós. Recorda quando o vi na primeira vez em seu quarto e te gritava por sair à selva sozinha? —Certamente. —Recorda a ameaça que fez? —Disse que ia arrancar seu coração se continuasse me falando assim. —disse Briony. —Está certo. Não era uma ameaça, Bri. Jack teria feito isso. —se inclinou para trás. —Falo sério, doce Bri. Jack Norton é um assassino profissional. Tem um código e tudo mais, mas se a pressão apertar, Jack seria o único que ficaria em pé. Há algo diferente a respeito dele. A dor retorceu seu coração. —Ele é como eu. —Não é nada como você. —se opôs Jebediah. —De onde tirou uma idéia como essa? —Pensei que você gostava dele. —Você não gosta de Jack Norton. Respeita-o. Poderia o temer, mas não gostar. Jack é alguém que quereria de seu lado em um apuro, mas nunca o convidaria a sua casa para jantar. —É estranho, Jeb, porque pela primeira vez em minha vida estava confortável. Não sentia dor quando estava com ele, nem uma simples dor de cabeça. Relaxei. Eu ri. Eu apreciei estar com Jack. Jebediah trocou um longo olhar com Tyrel. Sua voz tinha tremido, alertando a ambos os irmãos que estava perto das lágrimas. 84
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—Nunca vi Jack falar muito e estou seguro que nunca o vi sorrir. Deve ter tirado o melhor dele, Briony. Eu já disse para você que ele salvou minha vida uma vez? —Ele fez? —isso não tinha sentido pela maneira em que Jebediah sentia respeito por Jack, ainda agora, quando ela mais o necessitava, seu irmão lhe tinha dado um presente e estava agradecida. —Você nunca mencionou isso, e nem ele. —Jack nunca diria uma palavra. Estávamos em uma missão de resgate, indo atrás de dois Rangers presos em território inimigo. Supunha-se que os Rangers iriam a ponto de retirada, mas terminaram em meio de um ninho de vespas. —Onde você estava? —perguntou Tyrel. Jebediah lhe lançou um olhar repressivo. —Onde se supunha que estaríamos e nunca admitiríamos estar, então era imperativo sair dali sem que ninguém fosse pego. Entramos pelo lado norte, esperando ser capazes de cobri-los. Jack estava escondido em alguma árvore esperando e eu fiquei em minha posição no chão. Só precisávamos dar tempo suficiente para entrarem na ravina, onde os membros da equipe tinham posto uma emboscada. Os rangers entrariam, arrastando o inimigo atrás deles, e o lugar ia voar pelos ares. Isso nos daria tempo para voltar para nosso veículo. —Algo deu errado? —perguntou Tyrel quando Jebediah ficou em silêncio. Jebediah sorriu, mas a diversão nem sequer alcançou seus olhos. —Pode dizê-lo assim. Um sujeito saiu do chão, aparentemente na minha cara. Juro que sua faca era do tamanho do Texas. Não escutei o disparo, meu coração pulsava tão alto, mas vi o buraco exatamente no meio de sua testa. Jack acabou com ele antes que pudesse terminar sua primeira navalhada. Mais tarde, agradeci-lhe por salvar meu traseiro e só encolheu os ombros. Nunca disse uma palavra a ninguém a respeito disso. Provavelmente salvou a muitos de nós esse dia. —Ele disse que eu era uma obrigação. A cabeça de Tyrel se moveu bruscamente. —Ele não te merece, Briony. —Ainda machuca. —É obvio que sim, doce. —disse Jebediah. —Mas é o melhor, a vida com Jack seria muito difícil. Não é fácil estar perto daquele homem. Não sei por que foi tão bom contigo, não é assim normalmente. Tem dias que não diz uma só palavra. Seu irmão, Ken, brinca com todos, mas não Jack. Não parece dormir. Alguns dos caras gostavam de fazer brincadeiras, mas os mais espertos sabiam que meter-se na área de Jack não era prudente. Mais de um se encontrou no chão com uma faca em sua garganta, e não era suave com isso. Inclusive pode olhar em seus olhos e ver a morte ali. —Jebediah estendeu as mãos. —Não ia querer criar seu filho com ele, doce. Quer um lugar onde haja riso e diversão. Ajudaremos você. Sabe que amamos você e que a queremos conosco. —Sou muito afortunada por ter todos vocês. Obrigada, Jeb. É muito doce que me conte sobre Jack. É algo para o bebê, sabe. Não sei muito sobre ele. —Conheço um pouco. —admitiu Jebediah. —Contarei ao bebê a história de Jack. —A chuva é tão ruidosa! —se queixou Tyrel. Esfregou a cabeça, suas bandagens muito brancas no quarto fracamente iluminado. —Estou muito cansado esta noite. A chuva era muito, muito alta. Um pequeno sinal de alarme tocou na mente de Briony. Em algum lugar, a janela ou a porta estavam abertas, permitindo que a força da tormenta penetrasse na casa. Seu olhar saltou a seus dois irmãos. Ambos estavam muito quietos, a consciência golpeando-os ao mesmo tempo. Despertem! Seth! Ruben! Perigo! Mandou a advertência com um impulso tão forte quanto foi possível, esperando que penetrasse em seus sonhos. Jebediah tocou a Tyrel, gesticulando para a parte traseira da casa, onde Seth e Ruben estavam dormindo nos quartos de hóspedes. Assinalou a Briony, que se levantou em silêncio seguindo-o até o corredor. Enquanto passava pela pequeno quarto onde se supunha que dormiria, agarrou sua mochila e a pendurou, estremecendo-se quando a correia roçou suas ataduras. 85
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Jebediah a empurrou na frente, assinalando com três dedos para o corredor esquerdo que conduzia ao pátio. Briony se aproximou sigilosamente até as amplas portas cobertas e desejou que não rangessem enquanto empurrava para abri-las. Imediatamente a chuva entrou conduzida pelo vento feroz. A um toque no ombro e se deu a volta para olhar para seu irmão. Jebediah se inclinou perto, pondo sua boca em seu ouvido. —Pegue o carro. Sabia que ele ia voltar até seus irmãos. Tyrel estava despertando-os, mas deviam ter estado justo atrás deles. Tyrel os teria colocado em movimento imediatamente, mas ainda não havia sinal de nenhum deles. Vacilou, mas Jebediah a empurrou para a noite, para as sombras. Em seu impulso, Briony deslizou pelo pátio entre os arbustos crescidos e as árvores inclinadas pelo vento. Ela adotou as cores da noite, os riscos das sombras, negro e verde e uma multidão de sombras de cinza. Moveu-se com o vento, fazendo jogo com o fluxo de energia enquanto as folhas e os ramos formavam redemoinhos ao redor dela em meio da tormenta. Os ladrilhos de mosaico estavam escorregadios, por isso abandonou o caminho e tomou a erva e os arbustos, tratando de evitar os ramos espinhosos quando se balançavam para agarrar sua roupa. Só estava a uns passos do pequeno ponto onde Jebediah tinha escondido o carro quando o vento mudou sutilmente. Captou um aroma familiar e se deteve, olhando ao redor, tratando de encontrar a seu inimigo. Estava perto. Podia sentir seu cheiro, conhecia-o pela mescla de suor e colônia que usava no escritório de Sparks. Não estava disfarçando-o, e olhou para cima quando Luther saltou do telhado. Era extremamente rápido, lhe dando pouco tempo para reagir. O melhor que podia fazer era dar um passo para um lado e golpeá-lo tão forte como pudesse, esperando golpear suas pernas e que caísse. Luther agarrou seu cabelo em seu punho enquanto caía, levando-a para trás com ele de modo que aterrissou pesadamente sobre ele. —Estou ficando sem paciência com você. —grunhiu ele— se comporte antes que eu faça algo que nós dois lamentaremos. Ela golpeou suas costelas com os cotovelos, em seguida com a parte traseira de sua cabeça golpeou sua cara. Ele desviou a cabeça bem a tempo, mas ela já estava rodando longe dele, engatinhando para ficar em pé. —Fique longe de mim. Ele se insinuou a sua esquerda e saltou a seus pés, aterrissando em uma posição agachada, seu punho golpeou muito depressa para bloqueá-lo. Tratou de se esquivar do murro, movendo a cabeça para um lado, mas a acertou o suficientemente forte para mandar estrelas dançando por um momento em frente de seus olhos. Briony cambaleou para trás, escorregando nos ladrilhos, e caiu. Luther estava sobre ela em segundos, segurando-a, a mão sobre sua boca. —Maldita seja, não me deu opção. Páre de brigar comigo. Fui cuidadoso para não te ferir, mas continua assim e vai passar. Briony ficou quieta. Era incrivelmente forte, e quanto mais lutava, mais forte a segurava. Tratou de converter-se em uma bola, em uma tentativa de proteger ao bebê. —Não quero machucar você. —disse Luther— E certamente não quero chatear você matando a seus irmãos, mas não me está dando outra opção. Tem que vir ao laboratório comigo. —afastou o cabelo de seu rosto e sondou o inchaço de seu queixo com os dedos. —Não deveria ter me provocado tanto. Briony o olhou e se afastou bruscamente. Sua mente bulindo com idéias para escapar. Tinha só alguns segundos. Ele estaria vulnerável assim que se pusesse de pé. Podia ser sua única chance. Afastou a cabeça longe dele, e as cores dançaram por um momento, sensores de cor amarela e vermelha, só um breve borrão alertando-a da presença de seus irmãos. Briony rapidamente olhou para Luther, agarrando sua camisa com os dedos. —Pararei de lutar com você se me disser a verdade. Vão fazer mal ao bebê? —Não, Não! Sparks deveria ter dito isso a você. Querem o bebê vivo. A ambos, você e o bebê 86
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são valiosos para eles. Não querem machucar a nenhum de vocês. Não podem brincar com a vida de nenhum de vocês. Há outros que querem você morta porque estão assustados do poder que temos. Briony sentiu o cheiro de seu irmão justo quando Luther se virou, um sussurro de som o advertiu. Jebediah golpeou duramente sua cabeça, deixando-o inconsciente sobre o corpo de Briony. Seth e Ruben rapidamente envolveram metros de fita adesiva impermeável ao redor de suas pernas, braços e boca enquanto Jebediah se agachava para ajudar sua irmã a levantar-se. —Você está bem, doce? —pegou seu queixo na palma para inspecionar o inchaço. — Realmente a acertou, não é? —virou-se e chutou as costelas de Luther, usando toda a raiva acumulada pela situação. —Não está consciente. —disse Briony. —Pouco me importa. —Você ouviu o que ele disse? Jebediah assentiu. —Escutei-o. Mataram a Tony porque pensavam que era o pai do bebê. O resto é uma estupidez. Pode caminhar? Ela assentiu. —Onde estão os outros? Não podia ter estado só. Tyrel lhe piscou um olho. —Seth e Ruben despertaram. Ambos disseram que escutaram uma voz advertindo-os. Conseguiram pegar os intrusos e os amarraram sobre a cama. Luther abriu os olhos e a olhou. Quanto mais olhava a seus irmãos, mais assustada ficava. Inclusive amarrado, Luther tinha poderes e habilidades que seus irmãos não podiam compreender. —Vamos sair daqui. —sugeriu. Jebediah a abraçou e olhou para Luther. —Estou de acordo. Temos que ir agora. Pensou que era o pai do bebê? Escutou a voz, alta e clara em sua cabeça. Dando a volta, olhou para Luther. Jebediah tinha sido descuidado, e Luther não era nenhum idiota, podia ver a compreensão aparecendo em sua cara. Briony arrastou Jebediah do carro. —Depressa. Não pode nos seguir por algum tempo. Jebediah se deslizou atrás do volante do carro. —Verificou se não há um dispositivo de rastreamento, Ruben, como eu disse a você? —Não encontrei nada. —disse Ruben. —Talvez não tenha visto direito. —Vamos nos desfazer do carro. —decidiu Jebediah. —Não temos outra escolha. —Ele sabe. —sussurrou Briony. —Luther sabe sobre Jack. Sabe que Jack é o pai. Jebediah a olhou, pôs sua mão sobre as dela. —Encontrarei a maneira de dizer a ele, de adverti-lo, Bri. —Obrigada, Jeb. Não tem nem idéia de onde poderíamos ir, não é? —Esta noite vamos colocar tantos quilômetros quanto for possível entre Luther e nós, e então vamos nos esconder por um tempo e logo tudo isso vai acabar. Se não nos movermos, não deixaremos rastros para que nos sigam. Vamos pegar outro carro e nos desfazer deste o mais cedo possível. Era mais fácil dizer do que fazer. Na noite, com a tormenta ainda desabando, não era tão fácil encontrar outro carro. Jebediah queria algo rápido que fosse fácil de manobrar em caso de ter que escapar de alguém. Ruben roubou um Mercedes e trocou as placas com um segundo que encontraram a vários quilômetros na estrada. Briony cobriu o rosto com as mãos, horrorizada porque se reduziram a ladrões de carros. Dormiu a intervalos, e seus irmãos dirigiram por turnos através da noite e da manhã. Desfizeramse do carro depois de lavá-lo por dentro e por fora, deixando-o estacionado em uma rua estreita e 87
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deserta enquanto caminhavam para uma pequena loja. Ruben se apressou rua abaixo para comprar outro carro em uma loja de carros usados que tinham passado em frente. Enquanto o esperavam, seus outros irmãos entraram na loja para abastecer-se de mantimentos e coisas necessárias. Briony optou por ficar do lado de fora, necessitando uma pequena pausa da constante companhia nos pequenos limites do carro. Havia pouca gente na rua, e respirou profundamente para acalmar seu estômago enjoado. —Vamos bebê, não me ponha doente esta manhã. —cantarolou. —Meus irmãos estão um pouco histéricos com isso. —enquanto falava com o bebê, notou um homem sentado em seu carro estacionado justo abaixo da rua da loja. Seu coração saltou, começando a palpitar. Imediatamente se levantou e começou a caminhar para a loja. Tinham sido seguidos. O homem saiu do carro, tirou os óculos escuros e caminhou para ela com largas passadas, seguras e em ângulo para interceptá-la antes que pudesse estar a salvo. —Madame, meu nome é Kadan Montague. Preciso falar com você e seus irmãos sobre algo que lhes concerne a ti e a Jack Norton. Briony afastou-se dele, cautelosa da calma que via em seus olhos, a expressão tranqüila, mas mais que tudo, o conhecimento instintivo de que estava realçado. Levantou seu braço e empurrou a manga da camisa, revelando as mesmas tatuagens que Jack levava. Olhou-as fixamente, conhecendo a tintura estranha só visível à visão realçada. —Deve ter se enganado de pessoa. Não conheço ninguém chamado Jack Norton. Tyrel saiu da loja, o conhecimento flamejando em seus olhos e deu uma ordem a seus irmãos por cima do ombro antes de apressar-se para ela. Segurou Briony pelo braço e a puxou protetoramente para perto dele. —É importante, Madame. Só me escute. Podemos nos sentar fora, talvez naquela mesa ali. — Kadan indicou uma sombrinha colorida sobre uma mesa redonda na calçada onde tinha estado. — Estive viajando sem parar para encontrar você e preciso tomar uma xícara de café agora mesmo. Seus irmãos saíram da loja, apressando-se a rodear ao homem. Calmamente estendeu para Jebediah sua identificação. Era sua calma, seu controle completo, o que preocupava Briony. Este homem a fazia lembrar muito de Jack. Não confiava em ninguém, e sem dúvida, Kadan Montague estava realçado tanto física como psiquicamente. Mais que isso, compreendeu-o em seguida, era uma âncora. Em público, seu corpo tremia continuamente e tinha que afastar a dor que apertava sua cabeça como um parafuso. No momento em que se aproximou, os sintomas tinham retrocedido. Pressionou ambas as mãos sobre o estômago. Nunca ia sentir-se a salvo de novo. Pior, seus irmãos estavam fugindo com ela. Não tinham uma direção clara. Inclusive não sabiam em realidade por que estavam fugindo. Sabia que Jebediah podia ler o desespero em seus olhos, porque pôs seu braço ao redor dela e a puxou mais perto. —Por favor, só te peço uns minutos de seu tempo. —Está armado? —perguntou Jebediah. —Sim. E você deveria estar também. Cheguei muito tarde para ajudar no circo, rastreei você até a vila, e o segui até aqui. Não sou o único atrás de seu rastro. Seth amaldiçoou baixo. —Vigiei o tempo todo, não vi ninguém nos perseguindo. Jebediah gesticulou para que Kadan os seguisse à mesa. —Parece que meio mundo está atrás de nosso rastro. O que você quer? Kadan esperou até que a família Jenkins se sentasse ao redor dele, os irmãos formaram um anel protetor ao redor de sua irmã. —Encontrou-se com Jack Norton em Kinshasa? —perguntou sem rodeios. —Não vou responder a isso. —disse Jebediah. —Talvez isso possa ajudá-los a entender o que está acontecendo—disse Kadan, abrindo sua maleta. Antes que pudesse pegar algo, Jebediah segurou seu braço. Kadan simplesmente o olhou, uma 88
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sobrancelha levantada. Jebediah lentamente tirou a mão. Kadan tirou um arquivo. —Era uma vez, faz muitos anos, um investigador brilhante, com mais dinheiro que bom senso e moralidade, veio para a Europa e foi através dos orfanatos procurando algumas crianças específicas. Queria crianças, todas fêmeas, que mostrassem promessas de uma inteligência superior, mas mais importante, um poder psíquico. Tyrel se inclinou para trás. —Como o investigador seria capaz de dizer se as crianças eram brilhantes e com poderes psíquicos? Que idade tinham essas garotas? —Muitas delas eram bebês. Comprou às garotas e as levou a seu laboratório, onde começou a realizar experimentos com elas. Mais tarde, quando temeu que pudessem agarrá-lo, concebeu um plano para o mundo ver que tinha dado as meninas para adoção. Enquanto isso seguiu com seus experimentos em voluntários, militares treinados nas Forças Especiais. Jebediah deixou escapar o fôlego em um lento assobio de compreensão. —Estava desenvolvendo um soldado superior, uma arma, usando o realce físico e psíquico. —Exatamente. Briony, você é uma dessas garotas. —O doutor Whitney. —disse Jebediah— um homem chamado Peter Whitney se aproximou de meus pais. Era um milionário. Completamente comprovado, tinha todos os tipos de laços com vários governos aqui na Europa assim como nos Estados Unidos. Conhecia presidentes e a qualquer um que fosse importante. Disse que sua mulher morrera e não podia criar a sua filha só. Queria-a em um ambiente amoroso, mas em algum lugar onde pudesse desenvolver suas habilidades incomuns. Kadan assentiu. —Não sabemos tudo. Supostamente Whitney estava morto, mas nenhum de nós acreditava. Recuperamos três das garotas, agora mulheres crescidas, é obvio. Lily, Dália e Íris e agora você Briony. Estivemos procurando em todas as partes. Sei que não é uma âncora. Como você conseguiu sobreviver todos estes anos sem uma, em tal proximidade com outros? —havia uma aberta admiração em sua voz. Briony apertou forte a mão de Jebediah. —Conhece um homem chamado Luther? Realçado psíquica e fisicamente como você? — deliberadamente o golpeou com um certo conhecimento. Kadan sacudiu a cabeça. —Sinto muito, não. Há duas equipes de homens dos quais sou consciente. Se houver outros, Whitney os realçou em segredo. —O que lhes fez? —perguntou Tyrel. Todos tinham perguntas. Ela tinha centenas de perguntas, mas não conheciam este homem. Se Luther e Sparks estavam atrás dela, era possível que Kadan Montague representasse às outras pessoas que a queria a ela e a seu bebê mortos. —É um processo complicado. —disse Kadan. —Se voltar comigo para os Estados Unidos, Lily pode explicar isso. É uma das garotas que comprou no orfanato. Está trabalhando não só para encontrar às outras garotas, mas também para encontrar a forma de ajudar aos que não são âncoras a serem capazes de viver no mundo sem uma dor constante. —Quer dizer que é real? —perguntou Seth. —Ah, sim, é real. —disse Kadan. Inclinou-se através da mesa. —Foste capaz de fazer isto, Briony, quando inclusive a maioria dos homens têm problemas, e são adultos e fortes. Sua contribuição seria inestimável para o resto de nós. A cara de Jebediah se escureceu com ira enquanto lia rapidamente o arquivo de sua irmã. A maior parte estava em termos médicos que não podia entender, mas a idéia essencial estava ali e era horrendo. —Jack sabe disso? —Ainda não. Cremos que Briony estava em perigo mais imediato. Está grávida? 89
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Houve um longo silêncio. Kadan olhou ao redor do conjunto de caras. Deu um pequeno golpe no arquivo. —Acabamos de receber a informação de que estava grávida ou teríamos nos movido antes para alertar você. Invadimos o computador de Whitney e indicava que estava grávida. Se o filho for de Jack e ambos estão realçados, sabe o que isso poderia significar? Whitney faria qualquer coisa para pôr as mãos sobre o bebê. E pelo que me hão dito, Briony, fará tudo o que está a seu alcance, inclusive matar a todos que você ama, para levá-la de volta. Ele quer usá-la em seu programa de procriação. —Isto assusta como o demônio, Jeb. —olhou a seu irmão mais velho. —Não poderia agüentar se qualquer um de vocês for ferido por minha causa. Kadan golpeou sua maleta. —Eles não pararão, Briony e mais cedo ou mais tarde matarão a seus irmãos e lhe devolverão ao laboratório. Você precisa de proteção. Volte comigo, e nos asseguraremos que Whitney nunca ponha suas mãos nem em você nem em seu bebê. Jebediah continuou franzindo o cenho com o arquivo nas mãos. —Por que estaria disposto a te pôr em perigo dessa forma por minha irmã? —Porque é um dos nossos. —disse Kadan. —Luther se apresentou voluntariamente para me proteger também. Assassinou a Tony. — disse Briony, olhando o rosto de Kadan cuidadosamente. Não serviu muito, o homem nunca mudava a expressão. —Quem é Tony? —perguntou. —O pai de meu bebê —mentiu. Kadan piscou, sua única reação. —Não Jack? Briony sacudiu a cabeça. —Não Jack. Infelizmente quando fui ao doutor, pensava que a gravidez era impossível porque estava tomando a pílula… —Estavam lhe dando placebos. —disse bruscamente—. Malditos. Onde conseguiu este arquivo? —Invadimos o computador do doutor e o roubamos. Esteve tentando juntar Jack Norton e a sua irmã desde o ano passado. Não contava com sua capacidade para estar com outro homem. Não ser uma âncora era seu salva-vidas contra que Briony encontrasse uma relação. —a voz de Kadan estava desprovida de expressão quando transmitiu a informação. Seus olhos olharam diretamente aos de Briony. —Como Whitney, não posso imaginar como poderia ser possível que tivesse uma relação sexual com um homem que não é uma âncora. Briony se encolheu de ombros. —Não pensou que pudesse permanecer viva com minha família tampouco, mas o fiz todos estes anos. Inclusive atuo em frente de milhares de pessoas. Alguém pensou que poderia fazer isso? —Briony. —Jebediah simplesmente disse seu nome brandamente, a emoção movendo-se na profundidade de seus olhos. —Deveríamos saber disso. Teríamos sido… —se cortou, olhando em vão a seus irmãos. —Melhores contigo, mais compreensivos —terminou Tyrel. —Estou bem. Mamãe sempre disse que era suficientemente forte e o sou. —tocou o braço de Jebediah porque ele parecia muito aflito. Felizmente, com Kadan tão perto não podia sentir sua angústia. —Espera um momento. —interrompeu Ruben. —Nada disto tem sentido para mim. Por que quereria este doutor Whitney juntar a este tipo Jack Norton com a Bri? —O doutor Whitney era, ou é, um gênio, um homem com conexões em todo mundo, bem respeitado, tem as autorizações de segurança mais altas e uma campanha para ter êxito em tudo o que faz. Sabemos com certeza que conduziu experiências com órfãos, as garotas jovens que 90
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basicamente comprou na Europa e levou ao laboratório, escondendo-as enquanto aperfeiçoava seu método de realçá-las psíquica e talvez fisicamente. Todos pensaram que as garotas foram dadas em adoção, mas até onde sabemos Briony foi a única. Então Whitney conduziu provas para as habilidades psíquicas entre as Forças Especiais e realizou suas operações experimentais entre vários de nós. Ninguém naquele tempo sabia das garotas. Só o averiguamos depois de que Whitney foi supostamente assassinado. Acreditamos que ainda está vivo e agora continua e intensifica seus experimentos, com a permissão de uma organização encoberta dentro do governo. —Filho da puta! —grunhiu Ruben. —Isto é real? —Infelizmente, sim. Estou lhes dando informações que poderia nos matar a todos. Ao menos, se averiguar que as temos, que sabemos que está vivo, Whitney passará à clandestinidade, cortará o vazamento e nunca o encontraremos. Arrisquei minha própria vida vindo aqui para os advertir, para lhes oferecer amparo. O mínimo que podiam fazer é dizer-me a verdade. —O que o faz pensar que não estou dizendo a verdade? —perguntou Briony. —Também sou psíquico. As coisas que fez a você, fez a mim. Posso te ajudar. Minha equipe pode ajudar. Você sabe assim como eu, Briony, que quando sua gravidez avançar, não será tão rápida. Não será capaz de escapar e cairão sobre seus irmãos. Venceriam a um ou dois dos homens que mande atrás de você, mas não aos soldados realçados. Esses soldados apagarão a sua família inteira e não olharão para trás. —Chega. —falou bruscamente Jebediah. —Temos que pensar sobre isto, não vamos nos submeter sem pensar duas vezes. Tenho amigos que o verificaram por mim. Não deixarei a minha irmã com qualquer um até que saiba quem são e o que querem. —Pode ser que não tenha o luxo de esperar por uma resposta. —disse Kadan e chamou o garçom. —Não acredito que essa gente vá esperar até que chame a seus amigos. Se posso te encontrar, eles também podem. —olhou as bandagens de Tyrel e Briony, seu olhar passou ao machucado, negro e azulado de seu rosto. —Outra vez. Briony sorriu ao garçom e tomou entre suas palmas a xícara de café que pôs em frente dela, sua mente bulindo com as coisas que Kadan havia dito. Não havia forma que pudesse confiar seu bebê a um estranho, mas tinha uma possibilidade. Olhou o líquido negro, seu estômago revoando com medo. Poderia fazê-lo? Era suficientemente forte? —Onde está hospedado, senhor Montangue? Conversaremos e lhe faremos saber o que decidimos fazer. Tenho que pensar nisto. Kadan suspirou. —Leia o arquivo. Whitney é um monstro, e se puser as mãos sobre você, ou o bebê, sua vida não vai valer muito. Neste momento não temos nem idéia de onde está, assim não haverá uma equipe para resgatar você. Volte para os Estados Unidos comigo. Se está preocupada, seus irmãos são bem-vindos. Ao menos fique até que seu bebê nasça. Está realçada, teve uma excelente educação. Podemos te ensinar técnicas de sobrevivência, talvez o suficiente para proteger você e o bebê. Habilidades de sobrevivência. Não abra a porta. Mantenha-se a um lado. Caminhe pelo lado esquerdo. Suba ao telhado, não no beco. As palavras se repetiam uma e outra vez em sua cabeça. De quem aprender melhor que do professor? —Por que não foi ao senhor Norton e lhe disse tudo isso? —perguntou Briony. —Deve haver mais de um de vocês. Enviou alguém para o avisar? Kadan a olhou com seu inquietante olhar fixo. —Norton desapareceu, e quando não quer ser encontrado, ninguém o encontra. Briony pôs leite em seu café e o mexeu. —Está desaparecido? Então tratou de lhe encontrar. —Um dos membros de sua equipe estava conosco quando descobrimos esta informação. O deixamos decidir se nos púnhamos ou não em contato com Jack e o contávamos. Seth tomou o leite de Briony, vertendo-o em seu café enquanto olhava a Kadan, um desafio em seus olhos. 91
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—Se mataram a Tony pensando que era o pai, não iriam atrás deste personagem Norton no caso de ser ele? Briony levantou a vista quando Jebediah grunhiu. Cobriu os olhos com uma mão e sussurrou em seu ouvido. —O pensamento de ti tendo dois companheiros é mais do que posso tomar. —Poderiam perseguir a Jack. Têm muita inteligência. Whitney tem uma autorização de alta segurança. Tem acesso aos arquivos de Jack que pouca gente tem. Em minha opinião, não quereria estar perto de Jack a menos que não tivesse opção. Removeria um ninho de vespas. —O que significa isso, exatamente? —demandou Seth—. Por que mataria a Tony e não a Jack? Kadan se sentou em sua cadeira. —Tony era um alvo fácil. Jack não. Whitney não tem muitos homens. Tivemos uma briga com ele recentemente e perdeu uns quantos. Se enviasse uma equipe atrás de Jack, poucos deles, possivelmente nenhum, voltaria vivo. Jack não está só ali. Tem a Ken com ele, e seu gêmeo é igualmente letal. Eles são uma equipe incontrolável. Trabalharam juntos por anos e cada um sabe exatamente o que vai fazer o outro em qualquer momento. Whitney tem que estar louco ou desesperado para ir atrás de Jack Norton, especialmente na grama de sua casa. Briony olhou a seu irmão, o desespero em seu olhar. Resolução. Piscou as lágrimas longe, Jebediah tragou com força, alcançando sua mão. —Briony tem razão, senhor Montague. Apreciamos a advertência e a informação, mas precisamos consultá-lo em família. Nos dê uns minutos. Kaddan assentiu. Pedirei-a enquanto falam. Posso pedir algo para vocês? —recolheu o arquivo e o pôs na maleta. Jebediah queria tomar o café da manhã e os outros lhe seguiram convencidos. Esperavam que Kadan entrasse no café. —Não é tolo —disse Briony—. Sabia que íamos partir. Isso é pelo que agarrou o arquivo. —O faremos? —perguntou Seth. —Ruben voltou com o carro —disse Jebediah com gravidade—. Vamos.
Capítulo 9
Briony olhou pela janela o selvagem cenário enquanto subiam mais e mais alto pela montanha em um páramo em Montana. Às vezes a montanha parecia mais um atalho débil, cheio de buracos, com erva e arbustos muito crescidos. Quanto mais aprendia de Jack Norton, mais podia vê-lo em um ambiente selvagem. Uma volta a tempos passados, um homem que fazia suas próprias regras e era tão perigoso como os animais selvagens que o rodeavam. Podia desaparecer em qualquer momento e sobreviver bastante bem na terra. Duvidava que alguém pudesse lhe encontrar, e isso era pelo qual o necessitava. Podia lhe ensinar essas mesmas habilidades e protegê-la enquanto as estava aprendendo. Não importava que não a quisesse. Responsabilidade. A palavra se repetia através de sua mente. Pressionou as mãos sobre o estômago, sua boca se esticou com determinação. Muito mal por Jack. Não era a única coisa que chegava a sua soleira, estava levando uma criança. Concebida, ainda não tinha nascido, mas ia ter que viver com isso. Não podia lhe ver lhes dando as costas uma vez que lhe dissesse que seu filho estava em perigo. Seus dedos se apertaram ao redor da janela enquanto aparecia para olhar ao chão do vale. Estava no caminho correto. O sentia, da mesma maneira que havia sentido muito antes que alguma vez tivesse posto os olhos sobre ele. Estava mais perto do que antecipava, e saboreou o medo em sua boca. Seu pulso se acelerou, e lentamente e involuntariamente, seus dedos se 92
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apertaram ao redor da ombreira na janela até que seus nódulos se voltaram brancos. Sentiu o perigo aumentar com cada milha que viajava. —Está segura, Bri? —perguntou Jebediah, sua voz forte pela tensão enquanto caía a noite—. Se faz mais difícil ver, inclusive com a luz da lua, e não quero usar as luzes a menos que tenhamos que fazê-lo absolutamente. Nos temos conseguido isso tão longe sem que nos sigam, e se informarmos a Norton de que vamos, poderia escapar e nunca lhe encontraremos —a olhou—. Uma vez que façamos isto, não haverá volta. —Sente a ameaça também, verdade? —poucas coisas preocupavam a Jebediah, mas definitivamente tinha um sexto sentido quando havia perigo. —Estamos em perigo, Bri. Jack poderia facilmente decidir nos disparar por entrar sem autorização como nos escutar. Quantos sinais de advertência vimos? —Uns dez —Briony lhes ofereceu um sorriso débil—. Se molesta em pôr sinais, não quer matar a ninguém. —Pode apostar cada centavo que tem que foi seu irmão Ken quem pôs esses sinais. —Espero que possa confiar no SEAL com o que te contatou pela direção de Jack. —Jess Calhoun é a coisa mais próxima a um amigo que Jack e Ken tinham —se encolheu de ombros. —Quem sabe se o que estou fazendo está certo? Não confio em ninguém que não conheça. Nenhum de nós pode agora, mas Jack Norton é o pai do bebê. Não vou lhe pedir responsabilidades. Não estou procurando um compromisso de vida, mas se for o machão que segue dizendo que é, então, a ciência certa, é minha melhor oportunidade para proteger nosso bebê. Inclusive Kadan Montague disse que se quisesse desaparecer, ninguém poderia lhe encontrar. Isso quer dizer que me pode ensinar. Jebediah sacudiu a cabeça. —Assusta-me como o demônio, Bri, e o pensamento de você com ele… —parou o SUV bem no meio do estreito caminho e se virou para ela—. Alguns homens vivem por suas próprias regras, e Jack é um deles. Nunca será um homem fácil, nunca caberá na sociedade, e é perigoso como o demônio se cruzas seu sentido de justiça. O governo usa a homens como ele, treina-os, afia seus instintos naturais, e os chamam quando os necessitam, mas não os reconhecem, porque são assassinos. Jack é extremamente inteligente, e tem mais mortes registradas que qualquer outro franco-atirador que conheça, a não ser que seja seu irmão —golpeou os dedos com agitação sobre o volante—. Não sei se nasceu desta forma ou se os realces do doutor Whitney lhe fizeram assim. Não fala muito, mas não sente o perigo quando está a seu redor? Não o vê em seus olhos? Briony olhou longe dele. Tinha vislumbrado muita emoção naqueles olhos dos quais falava. Essa intensidade ainda atormentava seu sono de noite. Jack não a tinha mirado com os olhos de um assassino. Tinha sido todo um homem e tinha sido dominante, carinhoso e espantoso tudo envolvido em um. Tão inexperiente como era, ainda reconhecia que Jack podia ter levado as coisas mais longe do que o fez. Podia havê-la atado sexualmente, deixando-a ansiando só a ele, esperando só a ele, mas não o fez, não deliberadamente. Não esteve quase tão frio ou insensível como aqueles ao seu redor acreditavam que era, e isso era com o que contava. —Há uma possibilidade de que queira proteger a criança. Protege a seu irmão. É parte de uma unidade militar e você mesmo disse que não abandona a sua gente atrás. Tem que ter um sentido da responsabilidade. —Isto é um infernal salto de fé. —Que opção tenho, Jeb? —perguntou Briony—. Se o que disse Montague é verdade, e teve suficiente prova de que um louco está atrás de mim, onde posso ir? Especialmente se Whitney for parte de algum projeto secreto do governo. Não conhecemos um caminho ou outro, mas me diga que encontrou suficientes provas nos papéis de mamãe e papai para saber que fui adotada e Whitney, o mesmo nome que Kadan Montague usou, insistiu que tinha que ser educada com um programa de treinamento estranho. Sparks tratou de me drogar e Luther tratou de me raptar. Não acredito que haja dúvida de que estou com problemas aqui. 93
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—Não pareça amargurada, Bri. Mamãe e papai lhe queriam e adoravam completamente —lhe jogou uma olhada rápida—. O dinheiro tinha sentido. Queriam comprar o circo como seus companheiros. Esperavam um bebê, uma menina, e queriam te dar a melhor educação possível. Falas vários idiomas, é um gênio, e pode chutar a sério quando o necessita, não é como se não te amassem genuinamente e queriam o melhor para ti. Te amavam, nunca o esqueça em tudo isto. —Não o farei, Jeb —pôs sua mão ao redor de sua barriga já arredondada—. Mas isso não muda o fato de que não seremos capazes de proteger o bebê indefinidamente. Não estou disposta a deixar que Whitney, ou qualquer outro, use o meu bebê para um experimento. Onde mais posso ir? Diga-me isso e o farei. —Ofereceram-lhe amparo, Briony —lhe recordou Jebediah. —E o que sabemos deles? Esse homem, Kadan, estava realçado tão psíquica como fisicamente. Não só senti a diferença, mas também o admitiu. E tive o pressentimento de que era mais poderoso que Luther. Ao menos conhece Jack Norton. Salvou sua vida. Disse-me que tinha integridade e que nunca se detinha se agarrava um trabalho. Vou pedir-lhe que tome este trabalho, para me manter a salvo até que o bebê nasça. Pode me ensinar como me esconder, e uma vez que tenha o bebê, posso desaparecer. Seremos capazes de pensar uma maneira para fazer isso acontecer. A gente desaparece todo o tempo. —E se disser que não? —Deve-nos muito, mas se for esse grande bastardo —deu de ombros—, então adivinho que investigaremos a esta gente e trataremos de imaginar quem são os meninos bons. —Me olhe aos olhos, Briony —a desafiou Jebediah—. Me olhe e me diga que não alberga nenhuma fantasia infantil de que Jack Norton se apaixone por ti. Isto não é um conto de fadas e não é um príncipe encantado. A última coisa que quer é tratar de viver com um homem como este. Estou aterrorizado de te deixar sozinha com ele. Tocou o braço de seu irmão. —Não tenho noções tolas, Jebediah. Conhece-me. Tenho uma inteligência acima da média, estou realçada e certamente tenho minha parte de orgulho. Li o arquivo a fundo, especialmente a parte onde reagiria a certo aroma. Jack disse que seria uma responsabilidade e que não era o tipo de homem que tem uma mulher ao redor. Essas foram quase suas palavras exatas. Independentemente o que há entre nós foi simplesmente fabricado pelo doutor por isso tivemos uma criança. Não tem nada a ver com a emoção e tudo com o aroma. Era inexperiente e me agarrou pensando que Jack poderia apaixonar-se por mim. Deixou muito claro que não podia. Não cometerei esse engano duas vezes. —Assusta-me mais que se possa apaixonar por ti, Briony. Apoderaria-se de cada aspecto de sua vida —deu uma olhada, um diminuto—. Não é um homem fácil. Tem demônios em seu passado, e não vão desaparecer magicamente. Odeio te dizer este tipo de coisas, mas Jack é diferente. Quando estávamos aí fora com armas no território inimigo, rezávamos para não nos aproximar de ninguém, e se o fazíamos, que não nos localizassem, porque não queríamos apertar o gatilho, mas Jack… —Jebediah sacudiu a cabeça—, aconteça o que acontecer, não lhe importa nada. —Me acredite, respeito sua opinião, Jeb. Se disser que é perigoso, não sou estúpida, acreditote. Mas também vejo quanto lhe respeita e a suas habilidades —seu corpo se sacudiu com um repentino jorro de adrenalina—. Ninguém vai levar meu bebê. Posso ser absolutamente desumana se tiver que sê-lo. E Jack Norton me subestimará, igual a todos. Terei vantagem. Jebediah golpeou a parte traseira da cabeça contra o assento várias vezes com frustração e golpeou suas mãos contra o volante. —Isto fede. Serei capaz de te ajudar por mim mesmo. Como pôde acontecer algo como isto, e por que demônios papai e mamãe não suspeitassem que algo estava errado quando Whitney exigiu todo esse treinamento especial para uma criança? Ninguém faz estar a uma criança sob a água por longos períodos de tempo e fazer toda a merda que teve que fazer. —Divertia-me —lhe assinalou Briony—. Se não me tivesse divertido, provavelmente se 94
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houvessem oposto, tal e como fizeram quando Whitney exigiu que fosse a um campo de treinamento na Colômbia —lhe dirigiu um pálido sorriso—. Ao menos estou equipada para manejar o que me lancem. Olhou pela janela de novo, ao entorno selvagem. Amava o ar livre. Adorava a noite. Mas, Briony suspirou. Justo agora, a escuridão a fazia sentir-se vulnerável em vez de envolvê-la com a segurança como normalmente fazia. As árvores e os arbustos tomaram uma qualidade sinistra, crescendo altos e escuros, como se o que estivesse à espreita entre as sombras fossem monstros preparados para saltar e devorá-la. —Passei minha vida inteira me sentindo uma covarde, sempre assustada, mas esta situação é realmente aterrorizante —engoliu as lágrimas repentinas que queimavam em seus olhos—. Não estive nunca sem vocês e o circo. Sei que é diferente, mamãe estava acostumada a me dizer que me escondesse todo o tempo, e talvez esse fosse o atrativo de Jack Norton. Finalmente encontrei a alguém como eu. No momento em que posei meus olhos nele, soube que era como eu. Quis pertencer. Só por uma vez. —Maldita seja Briony, sempre pertenceu a nós. Sempre. Quisemos ter uma irmã tanto como papai e mamãe quiseram ter uma filha. —Eu sei. Não tem nada que ver com a adoção. É minha família e sempre o será —não se sentia não amada, só diferente—. Luto por fazê-los entender. Não tive que esconder quem era realmente com o Jack. Me viu e o vi. Não tive que esconder o fato de que sou mais forte e mais rápida e posso ver às pessoas da formas que outros não podem. Mais que isso, não me doeu —fechou os olhos—. Pode imaginar o que foi para mim? Pela primeira vez pude estar ao redor de alguém e não saber que estava pensando ou sentindo. As emoções não me afundavam ou me faziam sentir doente. Era um alívio. —Desejaria como o demônio poder te dar isto, Bri —disse. —Eu sei, Jeb. E sei que todos me querem. —A mesma atração estará ali quando o vir de novo —lhe advertiu. Girou a cabeça para olhá-lo. —Eu sei. Mas não sou tão inexperiente esta vez. Foi honesto comigo, e você e eu sabemos como resistente sou. Pareço frágil ao mundo, mas tenho o bebê, a ti e aos meninos e não vou outra vez subestimá-lo. Não vou cair na mesma armadilha duas vezes —olhou ao seu redor às árvores que se balançavam com o crescente vento—. Está muito escuro, Jeb, e estou determinada a passar por isso, assim vamos até ali, averiguar de que vai, e terminemos com tudo. —Te ocorreu que poderia decidir que quer o bebê? —É obvio que considerei isso. O que faria com um bebê? —girou o olhar para seu irmão, e esta vez o fogo em seus olhos lhe fez estremecer-se—. Farei tudo o que tenha que fazer para proteger minha criança, Jebediah. Nem Jack Norton nem nenhum outro vai tirar de mim este bebê. Jebediah jurou por baixo enquanto acendia o SUV. —Sabia que era obstinada, Bri, mas não tinha nem idéia de que fosse impossível. Briony descansou a cabeça contra o assento e manteve os olhos no cenário pelo qual passavam. Rezou por estar fazendo o correto. Jack Norton a aterrorizava a muitos níveis. Tinha esperado até depois de três tentativas de seqüestro, três, antes de tomar a decisão de contatar a ele. E não foi porque poderia querer matá-la ou levar o bebê. Era porque Jack Norton era a única pessoa no mundo que temia que poderia absorvê-la. Era muito forte, dominante, definitivamente anos luz dela sexualmente. Havia dito em voz alta a seu irmão as coisas dolorosas que Jack lhe havia dito, para mantê-los em frente de si assim não poderia enganá-la outra vez. Era muito óbvio que seria tragada pela personalidade dominante se não fosse cuidadosa. Não venha perto de mim de novo. Nunca, porque não serei capaz de te deixar duas vezes. Tinha-lhe escutado sussurrar enquanto despertava, ou tinha sido a última esperança de uma garota inexperiente? Talvez tinha sido seu próprio sistema de alarme, gritando, chiando que se mantivesse afastada. O instinto de conservação que obedecia, embora estivesse colocando a cabeça justo na boca do leão. 95
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O Bosque Nacional do Lolo estava pelos quatro lados, rodeando completamente a propriedade que tratavam de encontrar. A montanha estava exuberante de árvores, e às vezes captava olhadas de animais selvagens. —Acredito que é isso, Briony —disse Jebediah, reduzindo a marcha do SUV e olhando fixamente o estreito caminho que conduzia a sua direita—. Tem que estar absolutamente segura de que isto é o que quer fazer. Acredito que se seguirmos este riacho por outras quatro milhas estaremos lá. Uma vez que cheguemos, vai ser muito tarde para mudar de idéia. Por um momento não pôde respirar. Levantou a mão e seu irmão deteve o veículo. Briony saltou fora e vomitou, uma e outra vez, apoiando-se contra a porta, enquanto seu estômago protestava pela necessidade de pedir ajuda a Norton. O orgulho só lhe dizia que se afastasse, mas tinha que lhe pedir proteção, Briony sacudiu a cabeça enquanto tomava o pano que Jebediah lhe estendia. A idéia de abandonar a segurança de sua família quando os necessitava mais, para ir com um homem que não a queria, deixava-a fria por dentro. —Está bem? —Jebediah esfregou suas costas com simpatia. —Não lhe diga do bebê. Vamos contar-lhe sobre Whitney. Podemos ver como reage. —Se conseguimos chegar tão longe —disse Jebediah—. Tome cuidado, Briony. Podemos ser assassinados. —Eu sei —assentiu com a cabeça, seu estômago se retorceu de novo—. O sinto, estou te pondo em perigo. Talvez deveríamos caminhar daqui. —Não é uma opção. Se entrar, eu o faço também.
Um som despertou, algo fora de tom com os familiares ruídos noturnos. Jack permaneceu um momento completamente alerta, os sentidos cintilando, procurando o distúrbio que rompia o ritmo da noite. Raramente dormia por muito tempo, e sempre muito ligeiramente. Um ulular como uma coruja, sem a ressonância correta de algum lugar próximo, não no pátio, mais no bosque justo antes da casa. Jack deixou cair os pés ao chão em completo silêncio. Agarrou seu jeans e uma camisa, os pôs, e se atou uma capa larga de couro que continha uma faca afiada como uma gilete. Um Smith e Wesson em sua mão, aproximou-se silenciosamente à porta. Baixou ao hall infalivelmente na escuridão e se moveu com cuidado através da porta do quarto de seu irmão. Tocou o ombro de seu irmão ligeiramente. Ken já estava acordado, metendo-se nos jeans, consciente da necessidade de silêncio. Usaram sinais de mãos, como faziam quando eram meninos, preferindo usar a telepatia quando a distância os separava. Ken agarrou seu rifle, uma mira noturna e uma caixa de balas. Jack decidiu sair pela porta lateral, movendo-se na noite silenciosamente, furtivamente. Assinalou a Ken um terreno alto e então caminhou através do pátio, uma sombra entre sombras, primeiro uma rocha, logo uma árvore, uma parte da noite. Uma vez na cobertura do bosque, Jack escolheu seu campo de batalha cuidadosamente, boa cobertura, boas rotas de escape, um claro disparo para Ken. Jack sussurrou brandamente, chamando o intruso. Ken usaria a mira para ter o número exato de intrusos. —Jack —a voz era um suave sussurrar de som—. É Jebediah, Jack —continuou a voz—. Jebediah Jenkins. —Vamos entrar —disse brandamente Jack a noite, um desafio mais que uma bem-vinda. Fechou os olhos brevemente, reprimindo a lembrança de Briony, a suavidade de sua pele e o êxtase puro, um porto e refúgio de prazer que o levou fora dele e do inferno no qual vivia constantemente. Nunca ia estar livre dela. Não está sozinho, a voz de Ken encheu sua mente. Jack suspirou brandamente. Certamente Jebediah não seria o suficientemente idiota para vir atrás dele porque tinha averiguado que Jack dormiu com Briony. A idéia era muito infantil para pôr em palavras, e não era o estilo de Jebediah. 96
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Deixe-os que venham, Ken. O vento mudou só um pouco, o suficiente para que captasse seu aroma. A necessidade golpeou seu corpo, os feromônios giraram fora de controle, envolvendo-o em seu encanto feminino. Briony estava com Jebediah, e seu aroma o chamava, embriagador e intoxicante, ameaçando seu forte controle. Jack deixou sair seu fôlego lentamente. Como poderia deixá-la uma segunda vez? Não era um homem que vivesse com regras. Queria a Briony, e a tentação de tomála, de guardá-la, de atá-la a ele irrevogavelmente era esmagante. Não tinha dúvida de que podia fazê-lo. Advertiu-a. Por que demônios não lhe tinha escutado? E o que estava de errado com seu irmão que Jebediah não a manteve a salvo, longe de Jack, um continente longe? Jack esperou ali na escuridão, olhando o calor de seus corpos antes que atravessassem a folhagem para aproximar-se dele. Tinha que ver Jebediah, mas não podia afastar os olhos do Briony. Fique com ele, Ken. Tenho à garota. Era tudo o que recordava e mais. Tinha enchido suas noites e dias com a lembrança do tato de sua pele, seu corpo ao redor dele, a ferocidade, a necessidade primitiva de possuí-la. Totalmente, a emoção crua surgiu e fluiu por suas veias até seu sangue pulsando com calor. Sobretudo, recordava a forma em que lhe olhava, como um homem, de modo que ele pudesse ver em seus olhos, o homem que ele deveria ter sido, se a tivesse encontrado anos antes. Parecia-lhe a mulher mais bela do mundo, e aqui estava ele, nas montanhas onde ninguém seria capaz de afastá-la dele. Seu cabelo era curto e grosso, platina e trigo, fresco e convidativo, de forma que desejava enterrar a cara nos suaves fios. Seus olhos eram tão grandes e tão bonitos como recordava, tão escuros que eram quase negros. Quando ela e seu irmão se aproximaram, estirou-se para Jebediah, tomando sua mão, como se estivesse assustada. Jack pôde ver a tensão ao redor de sua boca, as sombras em seus olhos. Enquanto se aproximava, captou a pequena diferença em seu aroma. Inclusive mais feminino, como se tivessem ocorrido mudanças químicas em seu corpo da última vez que a viu. Recordava seu próprio aroma misturado com o dela, poderoso e atrativo. A crua sexualidade de sua união, a luxúria e uma emoção esmagadoras se mesclaram até que ambos estiveram tão envoltos um no outro que estavam encerrados em outro mundo. Maldição. Queria-a com cada célula de seu corpo. Cada parte de seu cérebro. Seguiu andando pelo bosque parecendo muito jovem. Muito inocente. Muito suave e doce para um homem como ele. Era o epítome de cada coisa que ele não era, que nunca seria. Casa. Família. Crianças. Era boa e ele tinha perdido isso fazia muito tempo. Tudo o que tinha deixado era sua honra, e se não tivesse chegado a sua maldita montanha, não lhe privaria disso. Ela lutaria contra sua natureza possessiva e finalmente ele romperia seu espírito. Nesse momento, enquanto se aproximava, verdadeiramente odiava ao monstro em que se converteu. —Que demônios quer? —cuspiu, permanecendo nas sombras, sabendo que Jebediah não poderia localizá-lo. Estava menos seguro de Briony. Sabia que estava tão realçada como ele. Jebediah e Briony trocaram um olhar. Jack pôde cheirar seu medo. Filtrou-se por seus poros e impregnou o ar a seu redor. A tensão cresceu com força. Jebediah caminhou protetoramente diante de Briony e isto zangou como o inferno a Jack. Queria seu medo, mas ao mesmo tempo, se alguém tinha que protegê-la, devia ter sido ele. Pertencia-lhe. —Se veio me desafiar a um duelo porque transei com sua irmã, Jebediah, é malditamente mais estúpido do que te dava o crédito de ser —as palavras saíram antes que pudesse detê-las. A raiva, usualmente escondida profundamente, saíram com Briony estando em tão grande proximidade, sua ânsia lhe estava conduzindo como um estúpido. Odiava estar ali vendo Jebediah pôr suas mãos sobre ela. Para um homem com uma necessidade de forte controle, era perigosa, rompendo cada escudo protetor de Jack. Tinha que afugentá-la. Inclusive enquanto o pensamento veio, seu coração se afundou. Era muito tarde para ele, para ela. Uma cólera feroz nublou sua cara, e ela saltou a distância até ele, sua mão movendo-se tão depressa que realmente foi um borrão. A bofetada foi forte, reverberando através da noite clara. O medo o galvanizou em uma ação imediata. —Abaixo, Jeb, mantém-te abaixado! —gritou a ordem enquanto atirava seu corpo duro contra 97
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Briony, atirando-a de costas ao chão, cobrindo sua forma menor com a sua maior. Te retire! Te retire! A bala cravou na árvore direita onde a cabeça de Briony tinha estado, estilhaçando a madeira e enviando a casca que choveu sobre eles. Jack manteve Briony imobilizada, sustentando-a sob seu corpo. Sabia que podia sentir a ereção desumana pressionando muito forte contra seu estômago, e isto lhe deu suma satisfação por ver a beira do medo misturado com sua fúria. Seus dedos se cravaram em seus ombros e lhe deu uma sacudida pequena. —Maldita seja sua estupidez. Acha que não haveria alguém nas sombras com uma mira sobre ti? Poderia ter morrido. Seu corpo cobriu o seu. Imprimindo-se no dela. Desejando-a. O susto de quase perdê-la mandou um tremor profundo através de seu corpo, sacudindo-o. Nunca se tinha sacudido, só sua proximidade lhe tinha desequilibrado. Maldita seja, Ken, não lhe dispare de novo. Matarei-te eu mesmo. A risada divertida de seu irmão ressonou em sua cabeça. Era um disparo de advertência. Minha bunda que isso era um disparo de advertência. —Saia de cima —os olhos de Briony, tão negros pela ira, quase jogavam faíscas—. Esqueci que é um completo bastardo. Saia já —havia uma ameaça evidente em seu tom. Em algum lugar em sua tripa, a admiração cresceu, tal como quando disparou a um homem para lhe defender. Briony poderia ser doce e inocente e muito boa para seus gostos, mas era uma lutadora de tom e lombo. —O que? Atrás dele, Jebediah se sentou cautelosamente, olhando a seu redor pelo atirador. —Vou te golpear até que fique como uma polpa sangrenta. Saia de cima. As sombras mudavam com as árvores, a lua se derramava através de sua cara. Jack viu o inchaço, o machucado se estendia através de sua mandíbula, o queixo, e a bochecha. Tinha notado a gaze envolta em seu braço, mas quem a tinha golpeado? A fúria crua correu através de seu corpo, raiva gelada e assassina. —Quem te golpeou? Maldita seja, não me minta tampouco. Se seu irmão se atreveu a te pôr uma mão em cima… —Meu irmão não me golpearia, idiota. Me deixe levantar agora. —Saia de em cima de minha irmã ou vou te tirar eu —ameaçou Jebediah, despreocupado do atirador. —Quem a golpeou? Diga-me isso agora, Jebediah, ou Ken vai voar seu cérebro por todo o lugar. —Um homem chamado Luther me golpeou. Saia antes de que te machuque —disse bruscamente Briony. —No que estava pensando para trazê-la aqui? —exigiu Jack, ignorando sua ameaça. —Estava pensando em te salvar a vida, burro —Briony empurrou a parede de seu peito, desta vez o suficientemente forte para movê-lo. Tocar seu peito lhe trouxe para a memória as navalhadas frescas, ou baixar beijando as feridas dentadas, mais e mais abaixo até… fechou sua mente aos pensamentos caprichosos. Jack tinha esquecido quão forte era. —Quem é Luther e quem quer me matar? —Quem não quer —disse bruscamente Briony—. Me está machucando. Saia. Jack deslocou imediatamente o peso, levantando-a com ele, retendo a posse de seu braço quando tratou de chegar até seu irmão. —Quem está tratando de me matar? Jebediah, fica bem onde estas. Não quererá que meu irmão de gatilho fácil te dispare. Jebediah se congelou no ato. O suor gotejou por suas axilas. —Tivemos um visitante recente, Jack —lhe explicou—. Um homem que se chamava Kadan Montague. Contou-nos dos experimentos do doutor Whitney que tinha conseguido nas garotas órfãs e depois sobre os homens do exército. 98
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—Continua falando. —Aparentemente Whitney ainda está vivo e procurando recuperar a alguns dos quais se escapuliram. Jack estudou a cara de Jebediah. Havia uma fúria honrada ali. E verdade. Mas não toda a verdade. Trocou seu olhar par Briony. Ainda estava, lutando contra sua sujeição, mas não encontrou seu olhar. Tão perto dela, podia cheirar seu perfume embriagador, lhe recordando os lençóis de cetim e luz de velas. De coisas mais finas. Coisas que não podia ter. Seus dedos se apertaram em seu braço e a atraiu mais perto, até que estiveram quase pele com pele. Seu olhar se estreitou em Jebediah. —Não teria trazido a sua irmã para me dizer isso. Teria vindo só —se inclinou mais perto de Briony, inalando o aroma de seu cabelo, de seu corpo. Algo estava diferente. Muito sutilmente, mas diferente. —Insisti em vir com ele. Sua voz foi baixa. Um débil tremor percorreu seu corpo surpreendendo-o quão suficiente teve a urgência de estreitá-la entre seus braços e consolá-la. Estudou sua cara por muito tempo. Jebediah lhe tinha medo. Briony poderia temer sua posse, mas não lhe tinha medo. De onde vinha todo esse medo? Deixou sair o fôlego lentamente. —É uma das órfãs com as quais experimentou. Isso é o que Kadan te disse. É tudo informação classificada. Suspeitou fazia muito que Whitney tinha experimentado com ela e a tinha dado em adoção, mas não o tinha perseguido —estar tão perto dela tinha feito pensar em outras coisas. Como o sabor dela em sua boca. O som de sua risada. Briony vacilou tão brevemente que quase se perdeu na olhada que jogou a seu irmão. —Sim. Kadan veio a me advertir. Então é legítimo? As coisas que disse são verdade? Kadan. Não queria Kadan Montague em nenhum lugar perto dela. Kadan era uma âncora e muitíssimo melhor homem do que ele era. O polegar de Jack se deslizou pela pele nua de Briony em uma pequena carícia. O tato de sua suave pele pôs a palpitar seu coração. O que era diferente? Seu aroma. A química de seu corpo. O tato de sua pele. O ar se precipitou por seus pulmões. Onde antes seu estômago tinha sido como uma rocha dura e plana, agora era suave e arredondado. O conhecimento inundou seu cérebro. A adrenalina inundou seu corpo. Suas mãos subiram por seus braços até seus ombros. Tinha deixado a outro homem tocá-la da maneira que ele o fez. Estar dentro de seu corpo. Beijá-la. Deitar e rir com ela. Como pôde? Seu coração se acelerou até que pensou que ia explodir em seu peito. Como pôde estar com outro homem depois de estar comigo, de me pertencer? Sabia que não haveria outra mulher para ele. —Filho de puta, está grávida. Briony permaneceu perfeitamente quieta sob suas mãos. Os dedos de Jack estavam ao redor de seu pescoço como se pudesse estrangulá-la. Olhou-a, seus olhos negros e frios, os ângulos e planos duros de sua cara sem expressão. Sua pele tinha mudado de cor, um matiz mais escuro, mais violento, refletindo a emoção turbulenta que se negava a permitir elevar-se à superfície. Sentiu a primeira verdadeira quebra de onda de medo para ele, mas então seus dedos começaram a dar pequenas carícias sobre seu pulso que pulsava freneticamente. Deliberadamente respirou e o deixou sair lentamente para acalmar-se e manter o controle. Não estava preparada para sua reação física a ele. Inclusive agora, sabendo que estava plantado, os feromônios desenhados especialmente para atraí-la para esse homem, não podia ajudar a corrente de calor que fluía entre eles. —Posso ver que está encantado com a notícia. Havia cólera em sua voz, mas algo mais, um pouco mais profundo, pena talvez. Pena? Era possível que o bebê fosse dele? A esperança se agitou quando não se atreveu a permiti-la. Tratou de pensar. —Por que demônios não me disse isso em seguida? —Obviamente não sabia onde demônios estava. Acha que poderia parar de me dizer 99
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palavrões? Dou-me conta de que não somos bem-vindos aqui, mas parecia a única coisa a fazer sob as circunstâncias. —E quais são as circunstâncias? —conteve o fôlego. —O doutor Whitney quer nosso bebê. Já tem feito três intentos de me seqüestrar —pôs sua mão sobre a bochecha—. Não posso permanecer com o circo porque poria em perigo a meus amigos e minha família. Quando estiver mais avançada, vai ser difícil me defender. Pensei que se viesse contigo, poderia ser capaz de nos proteger até o nascimento do bebê e me ensinar habilidades de sobrevivência ao mesmo tempo para depois. Não te estou pedindo ajuda financeira ou algo mais, e compreendo que é perigoso. Whitney está mandando soldados realçados atrás de mim. O homem que enviaram, Luther, fez isto. E por alguma razão está muito zangado porque não estou levando e bebê dele, por isso estou assustada por nosso filho —lhe olhou, seus olhos negros encontraram seu olhar diretamente—. Não me tirarão este bebê. Jack voltou para nosso bebê. Sua voz ressonou através de sua mente, repetindo as palavras em um tom suave, inclusive amoroso. Deixou sair seu fôlego brandamente, os braços se levantaram para rodear sua pequena forma, atraindo suas costas contra ele enquanto suas mãos cobriam o arredondado estômago pequeno e suave. Seu filho jazia sob suas mãos, aconchegado profundamente dentro de seu corpo, protegido por ela. Querido por ela. Dentro profundamente onde era duro, frio e esculpido em pedra, sentiu uma mudança curiosa, um enternecimento, uma suavidade que não podia explicar, e isto o assustou como o demônio. Por um momento ficou rígida, tratando de soltar-se, mas ele apertou seu afeto em advertência. Briony permaneceu muito quieta em suas mãos, parecia muito íntimo ter suas mãos sobre seu estômago, cobrindo a seu filho, protegendo-o, ainda não havia dito nada, não lhe deu indicação do que estava pensando ou sentindo. Mas era óbvio que não ia deixá-la partir. —Kadan Montague nos ofereceu proteção, mas não sei nada dele. O corpo de Jack se sacudiu e seus braços se apertaram a seu redor. —Ninguém vai tirar de nós este bebê —corrigiu. Briony se manteve rigidamente longe dele. —Vais pedir um teste de paternidade? —Disse que o bebê é meu, então é meu. Briony caiu contra ele com alívio. Podia sentir as lágrimas queimando atrás de seus olhos. Não se tinha dado conta como tinha estado mantendo a compostura sob um controle tão rígido. Respirou profundamente e tratou de deter um tremor repentino. —Pensei que, se estivesse disposto, poderíamos resolvê-lo. Jack ignorou sua declaração, fixando seu olhar em Jebediah. —Voaram ao aeroporto principal? É como chegaram? —Não, tivemos medo de fazê-lo. Whitney arrumou para encontrar Briony em qualquer lugar onde a escondemos. Todos meus irmãos voaram aos Estados Unidos, alugaram carros, e foram em diferentes direções com a esperança de despistá-los. Tivemos muito cuidado para evitar que alguém nos seguisse, mas são bons. Tyrel esteve perto de ser esfaqueado e é bom. Briony salvou nossos traseiros essa vez, mas está preocupada em receber um golpe no estômago e perder o bebê. Encontraram-nos de novo na vila e esteve perto de agarrar a Briony, assim é como conseguiu o hematoma da cara. Deu-lhe um murro. As mãos de Jack foram a seus ombros. —Lutou com alguém com uma faca enquanto levava a nosso bebê? —mordeu-se a língua enquanto agüentava a reprimenda, as palavras todo o momento ressonando em sua cabeça. Deulhe um murro. Esperava que Luther encontrasse a Briony outra vez porque Jack ia estar justo ali, e se o homem quisesse golpear à mulher, ia dar uma lição de forma que nunca o esqueceria. Briony se moveu longe de Jack, forçando-o a deixar cair as mãos. —Que esperas que faça? Ir docilmente até eles? Deixar matar a meu irmão? —Seus irmãos são meninos grandes. A única coisa da qual precisa preocupar-se é de manter a salvo o bebê. 100
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Deu dois passos para trás. —Estive mantendo ao bebê a salvo, menino esperto. Você saiu correndo, depois de transar comigo, recorda? Ser o pai biológico não te dá direito de me dar ordens. De fato não tem direitos que tenham a ver comigo. Pedi-te ajuda para proteger o bebê, sem alguém que me mande. Jack se estremeceu por dentro enquanto lhe devolveu as palavras à cara. Tinha cometido um grande engano usando essa palavra, implicava que fazer amor com ela não significava nada depois de tudo para ele. Tratou de parecer segura, mas tinha vacilado, só um pouco, lhe dizendo que não estava acostumada a usar esse tipo de linguagem, nem ainda perto de seus irmãos. Estava muito mais protegida que seu primeiro pensamento, e só fez o espaço entre eles muito mais amplo. Ignorou seu arrebatamento enquanto se voltava para Jebediah. —Rastreiam especialmente a Briony, ou a todos vocês? —Acredito que a Briony —disse Jebediah. —Não posso imaginar como me rastreiam —interrompeu Briony—. Examinei minha roupa e inclusive minha joalheria. Fui cuidadosa. —Seguro como o inferno que não nos seguiram até aqui —disse Jebediah. Era fácil ver o rastro traseiro na estrada serpenteante. Olhou ao redor inquietamente—. Só tenho um mau pressentimento sobre essa gente, Jack. Não quero que ponham suas mãos sobre minha irmã. —Não será capaz de te comunicar com ela por um tempo —disse Jack. —Podemos nos instalar algo seguro —Briony disse contradizendo-o. Jack sacudiu a cabeça. —Vamos fazê-lo a minha maneira. Nenhuma comunicação entre você e seus irmãos. Jebediah sai daqui e volta para a Europa imediatamente. Quando soubermos que está a salvo, Briony, contataremos com eles. —Isto não vai funcionar —disse Briony calmamente—. Não me preocupa o mal que fique, quero saber que minha família está a salvo todo o tempo e eles precisam saber como estou. Olá! Estou um pouco cansado de me sentar aqui com meu dedo no gatilho. Quê-los mortos ou vais convidá-los à casa? Não está em forma, Ken. Entra. É suficientemente seguro. Não deixarei à mulher ir. Ficará conosco. E um demônio. Até que não esteja a coberto, fico fora. —Ouviste-me? —desafiou-lhe Briony—. Te peço ajuda, não um discurso. —Escuto-te —Jack se encolheu—. Não acredito em discutir, assim não vai ser um problema. Onde estão suas coisas? —pôde respirar de novo. Não tinha que encontrar a força para deixá-la partir uma segunda vez. Não tinha que comprometer sua honra para forçar sua conformidade. Tinha tomado a decisão por si mesma. Os nós em seu estômago começaram a relaxar-se. E o que quiseste dizer, com que fica conosco? Havia surpresa na voz do Ken quando assumiu a mensagem do Jack. Leva a seu sobrinho ou sobrinha. Havia uma imensa satisfação em revelar as notícias a seu irmão. Dizer-lhe a seu irmão, fez as notícias verdade. Sagrada merda, Jack. Me podia haver dito isso. Que demônios tem feito? —Só trouxe uma pequena bolsa e está ainda no SUV. Se alguém estivesse olhando, não queria que pensasse que tinha intenção de ficar por muito tempo. Além disso, vou me tornar muito maior e necessitarei novas roupas, assim não tinha muito caso me trazer um montão de coisas — Briony esfregou as têmporas—. Com quem está falando? A cabeça de Jack se levantou. Ninguém tinha sido capaz de dizer quando estava falando com seu irmão. Tinham-no estado fazendo desde que podia recordar. Em vez de respondê-la, agarrou seu pulso, seu toque gentil esta vez. —Tem dor de cabeça? —seus dedos roçaram suas têmporas exatamente os mesmos pontos que ela tinha estado esfregando. —Foi uma viagem longa e estou cansada —disse Briony. 101
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—Esteve bastante doente no caminho até aqui —disse Jebediah. Jack tirou a camisa e a estendeu a Briony. —Quero que te dispa. Tire tudo incluindo a roupa interior, joalheria e o relógio. Ponha minha camisa e dê a seu irmão o resto das coisas. Minha camisa será suficientemente larga para te tampar. —Ah, pelo amor do céu, não vou tirar a roupa e desfilar por aí com sua camisa. Comprovamos por microfones e não encontramos nada. Suas tatuagens brilharam para ela na escuridão. Não podia menos que olhar seu peito, às cicatrizes terríveis esculpidas tão profundamente em seus fortes músculos. Seu olhar viajou para baixo, seguindo uma série de navalhadas até o cinto dos jeans antes que pudesse deter-se. Seus olhos se obscureceram, olhando fixamente sua cara. —Estarei mais que feliz de te ajudar se não podes por ti mesma. Houve uma nota sedutora na ordem, e o corpo de Briony respondeu. Seu olhar saltou a dele. Sentiu uma rajada de calor. Seus peitos doeram. Havia uma umidade de bem-vinda entre suas pernas. Justo como isto. Uma nota em sua voz. Lhe tirando a camisa. Inclusive quando estava sendo um bastardo, seu corpo lhe desejava. Retirou-se, dando vários passos longe de Jack, para seu irmão. —Não vai funcionar. Pensei que era razoável —olhou a Jebediah—. Foi um engano vir aqui. —Talvez —concedeu Jack—. Mas veio aqui. Vá às árvores e tire a roupa —adoçou a voz—. Se me fizer te forçar, Jebediah vai ficar todo protetor e então vamos ter problemas. Não pode me tocar, e há um rifle de alta precisão lhe apontando. Ken tem um dedo que pica no gatilho. Briony ficou muito doente, seu estômago se revolveu, seu coração golpeou muito rápido. Jack parecia tão normal. Nunca elevou a voz. Inclusive quando lhe deu as ordens, sua voz foi sempre suave, esperando ser obedecido. O conhecimento estava dentro dela, a compreensão surgindo de que verdadeiramente não vivia com as regras da sociedade. Estava rodeada pelo bosque, profundamente nas montanhas com um homem que fazia suas próprias regras, e tinha escolhido esse caminho ela mesma. Pior, tinha posto a vida de seu irmão em perigo. Jebediah esperava uma resposta. Estava disposto a tratar de tirá-la da situação. Via-o em sua cara. Jack caminhou para ela, rompendo a tensão, sua camisa na mão. —Temos umas quantas voltas que solucionar, mas te posso prometer a você e a seu irmão, que nem seu bebê nem você sofrerão nenhum dano enquanto estejam a meu cuidado. Ponha a camisa, Briony e deixe que Jebediah saia daqui. Quanto mais rápido se vá, mais fácil te será.
Capítulo 10
Briony caminhou com relutância atrás de várias árvores grandes. Havia lhe parecido uma boa idéia vir pedir ajuda a Jack, mas a realidade era muito diferente do que pensava. Podia lhe cortar o fôlego com um olhar provocador, mas quando falava, queria lhe estrangular. E por alguma razão não parecia ter problemas por tocá-la muito intimamente. Teria que lhe recordar que aporrinhação era. Nunca tinha estado sem seus irmãos cuidando suas costas. Estava separando-se deliberadamente deles porque temia que fossem assassinados por protegê-la. Inclinou o queixo. Não podia perder sua resolução agora. O perigo para sua família e amigos era muito real. Tinha 102
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que ser forte. Briony pôs ambas as mãos sobre seu estômago, desejando estar o suficientemente avançada para poder sentir mover o bebê. Uma vez que passasse, não se sentiria tão só e vulnerável. —Briony? —chamo-a Jebediah—. Estas bem? Tirou a roupa e envolveu seu corpo com a camisa de Jack. Seu aroma a envolveu, golpeando seus sentidos pelo quais não pôde evitar inalar bruscamente. —Estou bem, Jeb —mentiu, cuidando para manter sua voz sem tremer enquanto recolhia sua roupa. Como pode somente seu aroma me fazer desejá-lo? O que quer seja que Whitney lhe tivesse feito era terrível por sua intensidade. Não olhou a Jack enquanto caminhava de volta por volta dos dois homens e dava suas coisas a seu irmão. —Não se preocupe por mim. Encontrarei a maneira de estar em contato com vocês. Jebediah a olhou. Por um horrível momento pensou que havia lágrimas em seus olhos. —Está segura de que isto é o que quer, doçura? Juro que podemos encontrar uma maneira melhor de te proteger. Briony sacudiu a cabeça. Se seu irmão se vinha abaixo, choraria um rio. Manteve-se rigidamente. —Não com vocês estando em perigo. —Lhe dê seus pendentes —a ordem veio de atrás dela. Muito perto. Jack a aturdiu até que sentiu o calor de seu corpo. Sentiu seu fôlego quente na nuca. Briony ficou rígida, mas não se voltou, suas palmas cobriram os brincos, sujeitando-os contra ela. —Pertenceram a minha mãe. Significam muito para mim. —Dê a ele. Pode tê-los de volta mais tarde. Ia chorar. Piscou furiosamente enquanto tirava os pequenos diamantes. Jebediah fechou seu punho fortemente ao redor deles enquanto se inclinava para beijá-la. —Cuidarei deles, Bri. Ela assentiu, assustada de falar, mordendo o lábio para reter as lágrimas. Queria aferrar-se a Jebediah, ao amor e ao conforto de seu mundo familiar. Agora, quando necessitava mais de sua família e amigos, empurravam-na a um mundo de incerteza, de medo. Não queria ter medo de Jack ou da sua reação a ele, mas o tinha. Jebediah abraçou a sua irmã, aproximando-a para sussurrar na orelha dela. —Não tem que fazer isto, doçura. Somos sua família. Cuidaremos de você nós mesmos. Jack ouviu o suave rogo, ouviu o pequeno soluço que tratou de suprimir, e seu estômago se revolveu duramente. Não havia sentido a emoção. Treinou-se a si mesmo para não sentir nada, e agora estava aí de novo, e tal como antes, tinha o mesmo vínculo com ela, a mesma avalanche de emoção crua que esteve perto de arruiná-lo por volta de meses. Pôs uma restritiva mão ou talvez estava consolando-a, honestamente não sabia, mas se ela chorasse, temia romper-se por dentro. —Não ajuda prolongar o adeus, Jebediah. Saia daqui e faça-o mais fácil para ela —sua voz foi brusca, muito brusca. Sentiu-a esticar-se sob seus dedos, e deu uma olhada rápida e sufocada sobre seu ombro. Definitivamente havia lágrimas em seus olhos. Seu coração deu um tombo. A violência era seu mundo. Sua primeira reação foi romper algo, a seguinte era empurrá-la ao refúgio de seu corpo. Briony a princípio se manteve afastada dele, mas enquanto seu irmão deixava cair os braços com resignação, cravou os dedos no braço de Jack que rodeava sua cintura, quase como se por sujeitá-lo pudesse impedir de seguir com Jebediah. —Te amo, Bri —disse Jebediah. —Eu também —se afogou e pressionou uma mão contra sua boca para evitar lhe dizer que tinha cometido um terrível engano. Jebediah olhou a Jack por muito tempo, como se memorizasse cada detalhe de sua cara. 103
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—Sabe que nunca teria a trazido aqui a menos que pensasse que estivesse em verdadeiro perigo. Jack assentiu. —Eu sei. —Se algo lhe passar, seu você lhe fizer mal de algum jeito, Jack, e isso inclui lhe romper o coração, importa-me uma merda se for o pior cú em volta, te caçarei. —Eu sei. Jebediah continuou olhando a Jack por um momento mais e então tocou o braço de Briony antes de virar-se. Briony mordeu nervosamente o lábio enquanto via seu irmão desaparecer entre as espessas árvores que lhes rodeavam. Jack a sentiu tremer. Sentiu a dor. Golpeou-o como poucas coisas poderiam. Tinha o louco desejo de agarrá-la nos braços e levá-la até a casa. —Vamos para casa onde se está mais quente. —Ainda não —não podia mover-se. Enquanto ficasse onde estava, separar-se de sua família não era uma realidade. Não podia respirar, o pânico se estendeu, sua garganta se fechou, detendo a entrada de ar até que se afogou, lutando por permanecer viva. Estava sozinha. —Respire —a mão de Jack subiu, os dedos se curvaram sobre sua nuca, massageando-a meigamente. —Não posso —deu um passo para seu irmão. —Estou certo que pode; estás só tendo um pequeno ataque de pânico. Deixa sair o ar e entrar de novo em seus pulmões —deliberadamente a virou para lhe enfrentar, para evitar que olhasse o ponto por onde seu irmão tinha desaparecido. Colocando sua mão em seu peito, pausa profundamente, dispondo-a a seguir sua direção, capturando seu olhar com o próprio—. Isso sim. Está bem. Não poderão nos tirar nosso bebê, Briony. Não posso ser o melhor homem do mundo, ou o mais fácil para conviver, mas cuido do que é meu. Briony o olhou, parecendo mais vulnerável e desolada do que possivelmente podia saber. Jack a abraçou e a manteve, lhe oferecendo o único consolo que sabia como dar. Não era um homem de palavras; nunca o tinha sido. Cada coisa que dizia saía errado. Apoiou sua testa contra seu peito. —Tenho medo. Não acredito que estivesse tão assustada antes, nem sequer no Congo. —Por mim ou por Whitney? —seus dedos acariciaram seu cabelo porque não pôde evitá-lo. Seu aroma era impossivelmente feminino, uma mescla de flores, chuva e ar livre. Estava feita para jantares com candelabros e lençóis de cetim, não para o final do mundo em meio da selvagem montanha. —Não sei —disse Briony honestamente. —Te tirarei disto —disse—, dou-te minha palavra. Ela não sabia que nunca partiria uma vez que desse sua palavra, ou que morreria para proteger a seu menino nonato e a sua mãe. Não queria examinar sua reação com Briony tão minuciosamente. Não se sentia bem ao pensar que ela era parte de um experimento e que ambos não eram mais que marionetes em um cenário, mas não podia deter a grande atração física por ela, ou a maneira que respondia emocionalmente. O tremor em seu corpo se enraizou e levantou a cabeça, com a determinação em sua cara. —Vacilei ao vir aqui, não só pelo que passou entre nós, mas sim porque sabia que te poria em perigo. Somente posso me desculpar por isso, mas sabia que quando o bebê crescesse, não seria capaz de me defender. Se não quizer fazer isto, agora é o momento de dizê-lo. Ainda posso alcançar a meu irmão e estará fora disto, livre e tranqüilo. Um débil sorriso tocou seus lábios, mas não alcançou seus olhos. —Adverti-te que não ia deixar te duas vezes. Está aqui. Resolveremos as coisas. —Estou aqui assim pode nos proteger. Posso aprender habilidades de sobrevivência, não há 104
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outra razão. Deixou-me claro que não é um homem que queria uma mulher e um filho ao redor, que isso era um aporrinho. Agora que ambos sabemos que a atração foi forçada para produzir objetivos… —O que? —Não te hei dito essa parte? Aparentemente Whitney queria um super soldado, nosso bebê. Esteve tratando de nos manipular para que estivéssemos no mesmo lugar ao mesmo tempo. Supunha-se que iria a Colômbia quando esteve lá, mas não o fiz, por isso pagou ao festival de música uma grande soma de dinheiro para nos induzir a estar ali. Uma vez que nos encontramos, o que fez para nos atrair fisicamente faria o resto. —Filho de puta. —Luther disse que queriam ao bebê e me queriam para a continuação de seu programa de criação. Ofereceu-se para ser o doador, por isso você poderia ser facilmente dispensável. —Acreditei que estava tomando a pílula. —E o fazia. Whitney forneceu todo meu cuidado médico, e foi o doutor Sparks quem me deu as pílulas. Eram-me enviados como um relógio. O arquivo dizia que eram placebos. Sinto muito, mas não sabia, e agora estamos nesta situação, ambos vamos ter que lutar com isso. Agora que sabemos que só é sexo, ambos podemos nos proteger contra qualquer envolvimento. Por um breve momento, a diversão flamejou em seus olhos. —Podemos? —Sim —Briony se afastou dele consciente de estar nua sob a camisa e do qual ele também era consciente. Podia vê-lo em seus olhos. Tremeu—. Não tenho roupa. —Tenho algumas coisas que pode te pôr, e amanhã irei à cidade e te conseguirei algumas coisas para sair do apuro até que me possa fazer uma lista. —Te fazer uma lista? —repetiu—. Sou capaz de comprar por mim mesma. Tenho dinheiro. —Não quero que te vejam pela cidade a menos que tenhamos que ir pelo bebê. E estamos falando de dinheiro vivo ou de cartões de crédito? —Trago bastante dinheiro vivo. Está em meu moedeiro —girou dando dois passos para o bosque antes de que a agarrasse pelo braço para detê-la—. Chama Jeb de volta. O dê a ele. —Não necessitamos de seu dinheiro. —Não há um microfone em meu moedeiro —protestou—. O comprovei. Não sou estúpida, só estou grávida —por outro lado, sentia-se estúpida por ficar grávida. Jack era aparentemente um estranho, e com controle de natalidade ou não, deveria ter sido mais cuidadosa. Não se atrevia a permitir que seu corpo invalidasse seu cérebro de novo. Era parte de um experimento. Nada entre Jack Norton e Briony Jenkins era real ou alguma vez o seria—. Necessito desse dinheiro. —Não, não o precisa —havia um tom definitivo em sua voz. —Olhe, não vou ficar jogada aqui sem roupa, sem dinheiro e sem veículo. Não sou uma prisioneira. Tenho que ter uma forma de sair se isto não funcionar. Jack suspirou, com expressão sombria. —Não sou um homem que discute. Esta é a segunda vez que te digo isso e vou seguir te recordando isso. Em um momento estava diante dele, no seguinte se voltou para correr, abrindo a boca para chamar seu irmão. Jack a agarrou em seus braços, uma mão cobrindo sua boca fortemente, seu braço mordendo duramente seu corpo justo debaixo de seus peitos. Tudo foi rápido, o calor flamejante, envolvendo a ambos, a necessidade era forte, tão primitiva que foi tudo o que podia fazer para permanecer sobre seus pés; seu corpo, por própria iniciativa se derreteu contra o dele. Tratou de lhe morder a mão, o instinto de conservação foi mais forte que seu medo à vingança. —Pare —vaiou, sua boca tão perto de seu ouvido que sentiu seus lábios mover-se contra o lóbulo de sua orelha—. Vais conseguir matar a alguém. Deixou de lutar e ele tirou a mão de sua boca, mas não a deixou ir, pressionando seu corpo mais perto do dela. Estava duro como uma rocha, seu corpo sem nada que lhe dar, nenhum ponto suave, e sua ereção parecia desumana, um vulto grosso e grande pressionado fortemente contra 105
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sua carne. —Não é real. É somente química —disse Briony desesperadamente. Seu próprio corpo doía, umedecido, os peitos muito cheios e os mamilos muito duros. A luxúria se enroscou sem piedade, espessa e necessitada, fazendo que seu corpo palpitasse e seu útero se apertasse—. Não é real. —É fodidamente real, céu, quero te levantar, envolver suas pernas em minha cintura, e me enterrar profundamente dentro de ti bem aqui. Agora mesmo —sua voz ficou áspera—. Posso te saborear em minha boca, teu aroma com cada aspiração que faço. Não me diga que não é o mesmo para ti. É real e ambos sabemos. Ela lutou outra vez, não havia controle na feroz atração física que se arqueava entre eles. Era elétrica, consumindo tudo, rangendo no ar ao redor deles, a intensidade era tão forte, que a virou em suas mãos, sua boca baixou feroz sobre a sua. Estava perdida, a onda de necessidade era tão poderosa que pensou que poderia morrer se não lhe tinha. Sua língua varreu sua boca, e não havia nada gentil em seu beijo. Era puramente dominante, tomando o controle até que Briony foi varrida em um mundo de sexualidade quando suas mãos vagavam possessivamente sob seu corpo e logo agarrou seus peitos debaixo de sua camisa, encontrando sua suave pele nua. Jack bruscamente separou sua cabeça, jurando eloqüentemente. —Pare. Páre de chorar. Maldita seja, Briony. Não te tenho feito mal. Por que demônios está chorando? —suas mãos emolduraram sua cara e olhou os olhos úmidos e pestanas agrupadas antes de agachar-se para provar suas lágrimas. Inclusive esse pequeno gesto era incrivelmente íntimo, sexual, sua boca riscou o caminho de suas lágrimas. Sentiu o toque ligeiro de seus lábios em sua cara percorrendo através de todo seu corpo. —Pare —suplicou outra vez, mais amavelmente—. Vamos céu, estas cansada. Talvez fui um pouco duro, mas não poderia te fazer mal. Briony não tinha sido consciente de que estava chorando. Só era consciente de seu corpo, tão insatisfeito, tão necessitado. A ânsia por Jack era como uma garra terrível que a rasgava por dentro, inclusive enquanto seu cérebro lhe gritava uma advertência, gritava-lhe que não importava a ele ou ele a ela. Um homem louco tinha finalizado um experimento e eles eram o resultado. Dois personagens em cio como os animais. Estava desgostosa consigo mesma. Não podia culpar a Jack Norton, inclusive se quisesse que ele assumisse a responsabilidade, coisa que ela não queria. Não podia evitar sua reação por ela mais do que ela podia reprimir a sua por ele. —Não vê o que nos tem feito? Nos tirou isso tudo. Não teremos nunca uma oportunidade de ter família. O amor e o matrimônio nem todas as coisas que importam na vida. Uma vez que estejamos longe um do outro, acha que isto vai parar? Esta ânsia terrível? É um vício. Manipulounos para que sejamos viciados um no outro. Não pode me dizer que não pensaste nisso dia e noite desde que te partiu. Tirou-nos a vida e nos tornou animais estúpidos. Jack a empurrou em seus braços e a apertou energicamente contra si, envolvendo suas mãos ao redor da cabeça enquanto soluçava contra seu peito. O som rasgou seu coração e causou estragos em suas emoções normalmente inexistentes. Demônios. A mulher iria convertê-lo em um ser débil. Apoiou a cabeça na dela, sujeitando-a forte. —Pare, céu. Vais te pôr doente. Nada disso importa agora. Estamos aqui e podemos fazer de nossas vistas o que quisermos. Não vai ter a nosso bebê —pôs a boca contra seu ouvido e sussurro—. Me ouve? Nunca vai tirar a nosso bebê e experimentar com ele. Levantou a cabeça para lhe olhar. —Sinto muito. Devem ser os hormônios. Não estou acostumada a chorar como uma menina. Seus dedos se enredaram em seu espesso cabelo. Parecia tão desesperada, seus olhos muito grandes em sua cara, ainda nadando em lágrimas. Por anos pensou que toda a gentileza tinha sido expulsa para sempre dele, mas estava ali, escondida profundamente dentro, rebelando-se tão rápido como cada instinto protetor. O que quer que Whitney lhes tenha feito tinha a ver com sexo 106
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e também com desejo, mas para Jack, a relação com Briony se estava desenvolvendo como algo totalmente diferente. Seus sentimentos por ela eram cada vez mais fortes e reais que a necessidade de sexo. Briony tinha arrumado um jeito de passar suas defesas e encontrar a faísca de pequena humanidade, de ternura que nunca tinha sabido que existisse. Jack não queria pensar com atenção em como suas emoções tinham começado a mesclar-se com a química violenta que chispava entre eles, mas sabia que era perigoso para um homem como ele afeiçoar-se com alguém. Não era normal e nunca seria normal, não importava quanto desejava ser diferente. Tinha deixado de querer ser diferente até que se afastou de Briony. —Só estás cansada —murmurou. —Eu gostaria de te dizer que sinto por estar grávida. Deveria ter sido cuidadosa. Nunca me ocorreu que poderia deitar com alguém, sem falar de que perco a habilidade para pensar em algo tão importante como a proteção. Não tinha nem idéia de que as pílulas não fossem reais. Jack sentiu o alívio varrendo seu corpo. Ela se deitando, inclusive pensar em que pudesse deitar com outro homem poderia ter feito que o outro homem morrera. Tomou ar e o deixou sair lentamente para impedir que seus pensamentos fossem nessa direção. Percorreu para baixo com os dedos sua cara só porque tinha que tocá-la. —A idéia de que deite com outro homem é algo que não estou disposto a considerar. Briony vacilou, franzindo o cenho. —Não posso estar ao redor de muita gente sem que me afete psiquicamente. Não pareço poder desenvolver as barreiras que outra pessoa tem para manter longe os sons e as emoções, e o tentei —inclinou a cabeça para trás, lhe olhando, engoliu as últimas lágrimas, determinada a recuperar o controle—. Quando estou contigo, é mais fácil. Minha mente pode descansar. Estou tratando de entender o que Whitney me fez, e espero que possa me explicar isso melhor do que fez o arquivo. Não entendi nem a metade. —Definitivamente ajuda que seja uma âncora e possa te filtrar tudo —igual a seu irmão. A idéia de que Ken pudesse filtrar para ela igualmente bem veio de alguma parte, e se envergonhou da rajada de adrenalina que surgiu em seu corpo tão depressa. O que queira que Whitney lhes tivesse feito para juntá-los era potente e perigoso—. Atraio as emoções e os sons de ti para mim. —Mas como? Fiz todo tipo de exercícios porque tive que atuar com minha família em público, mas era muito doloroso. Terminava com dores de cabeça terríveis. Se posso saber como o faz, talvez possa me ensinar a me sobrepor à dor antes que o bebê chegue —sua breve descrição não começava a descrever a agonia pela qual passava a cada atuação, e estava assustada por pensar que se tivesse o bebê, não seria imune à angústia da criança. Jack retirou fios perdidos de cabelo de sua cara. —Parece cansada agora e tem dor de cabeça, verdade? Ela deu de ombros. —Chorar como uma criança não ajuda. Estive confinada em um lugar pequeno com Jeb por horas. Está realmente assustado por mim e saía dele feito ondas. Jack compreendeu que tinha passado horas em um avião também. E era incrivelmente honesta com ele. Não tinha esperado que fosse tão comunicativa. Não confiava nele ou em si mesma. As sombras em seus olhos lhe diziam isso. Cada vez que a tocava, ficava rígida por um breve momento, embora estava tratando de esconder quão incômoda estava. —Me deixe te levar até a casa —a insistiu. Briony pressionou as duas mãos contra o estômago protetoramente. O bebê era a única pessoa que tinha, seu único aliado, a única família. Já podia encontrar comodidade na presença da criança. A mão de Jack se esticou ao redor de seu pulso. —Eu gosto que seja telepática —adorava a intimidade de sua comunicação com ela. Era familiar para ele. Jack e Ken tinham usado a telepatia desde que podia recordar e era familiar para ele. Ela retorceu o pulso numa tentativa sutil para que a deixasse ir. Não pareceu notá-lo. 107
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—Sou um montão de coisas —disse—. Agora mesmo, cansada é a coisa número um que sou. Preciso descansar —necessitava desesperadamente estar sozinha. Ele se virou para a casa, puxando seu pulso para que lhe seguisse. —Mantenha-se neste caminho. —Tem armadilhas em sua propriedade? Ele deu-se de ombros. —Eu não gosto das visitas. —Isso é ridículo. Algum campista poderia acidentalmente tropeçar com sua terra sem dar-se conta de que não é parte do bosque nacional. —Por que não notariam os duzentos sinais que Ken pôs por toda parte? Havia um rastro de humor em sua voz, mas seus feições permaneceram sem expressão. Lhe dirigiu um pequeno sorriso. —Um menino perdido? —Se um pai perder seu filho no caminho até aqui, o menino está melhor sem eles. —Mortos melhor? —ficou absolutamente quieta, estudando seu rosto, seu coração golpeando muito rápido—. Se realmente acha isso… A diversão se arrastou em seus olhos brevemente, mas foi tão rápido que não esteve segura de havê-la visto. —Nada letal. Só um pouco divertido para fazer soar o alarme e que atrasariam a qualquer vizinho que quisesse tomar emprestadas as ferramentas. O alívio se abateu sobre ela. —Estou segura que acontece freqüentemente. Não tire sarro com isso. Além de Ken, não tinha brincado com ninguém que pudesse recordar, mas se sentia bem. Só tendo-a ali se sentia bem. —Jebediah me disse que Ken era seu gêmeo idêntico. Parece-se muito a ti? —Não —a voz de Jack se tornou brusca. Era quase como se pudesse ler sua mente inclusive com as barreiras levantadas—. É mais encantador. Você gostará dele —seu estômago se retorceu de novo. Disse a verdade. Ken era duro, mas sempre tinha sido o gêmeo social, que era mais sensato e agradável. As pessoas gravitavam naturalmente para Ken, e era mais sensível que Jack. Jack respeitava e admirava a muito pouca gente; Ken estava no alto da lista. Não tinha considerado que Briony pudesse pôr a Ken no alto de sua lista. Realmente vacilou, parando-se abruptamente no caminho que se dirigia para a casa. Não podia sentir ciúmes de seu próprio irmão. Não podia conceber tal coisa. Briony estava confundindo seu pensamento se estava chegando tão longe. O que é? Ken o alcançou do modo em que o tinha feito desde que usavam fraldas. Quando um estava com problemas o outro sabia imediatamente. Não sei. Tenho que resolver algumas coisas. Está zangado por causa do bebê? Está absolutamente seguro de que é teu? Jack olhou a cara de Briony. Parecia tão jovem. Tão inocente. Não tinha estado com outro homem mais do que ele tinha estado com outra mulher, e agora isso não ia passar a ela, porque não podia permiti-lo, inclusive se era o correto deixá-la e ao menino irem embora. É meu bebê. Havia uma satisfação total em sua voz. Ressonou em sua mente tão forte que seu gêmeo não poderia falhar em entendê-lo. —Pode sentir o que sinto? —perguntou Briony em voz alta. —Se o tentasse. —Não o tente —ele odiou a forma entrecortada que tinha de falar. Tão brusca que era descortês. Divertida, nunca o tinha considerado antes. A maior parte do tempo, deixava a fineza para Ken. As pessoas evitavam a Jack como ele os evitava. —E, Briony, se a química for a mesma entre Ken e você, mantenha-se afastada dele. —Não o será. 108
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—Como sabe? —Estava no arquivo. Usaram-lhe de isca para te atrair ao Congo. A ordem era te capturar a toda custa. —Isso estava no arquivo? —Sua voz foi dura—. Dizia algo sobre esfolá-lo vivo? Cortá-lo em pequenos pedaços? Ela lhe olhou. Não havia expressão em seus duros rasgos, mas tremeu apesar de tudo. —Isso é o que lhe fizeram? Soou pormenorizada. Compassiva. —Como te disse, não se interesses por ele. Não está no mercado para uma mulher. —Como você? Não precisa me advertir. Não tem que se preocupar que não vou tornar tola nem romântica —lhe assegurou Briony enquanto cortava todo contato, endireitando seus ombros—. Deixou perfeitamente claro que não tínhamos nada exceto sexo. Nada emocional. Sou uma garota crescida. Posso dirigir as coisas por mim mesma. É minha eleição ter o bebê, e me sinto realmente mal de ter que te pedir proteção. Não sou o suficientemente estúpida para me apaixonar por seu irmão e complicar o erro. Seus olhos estavam escuros e insondáveis. Não podia ler sua expressão, mas havia algo quase predador nela, algo frio, escuro e muito perigoso. Podia senti-lo emanando ondas. Olhou-a sem piscar, e soube que não perdia nada absolutamente. Seu coração estava pulsando quase fora de controle. Cada respiração que dava. As gotas de suor se formaram em sua testa gotejando até seus peitos. A maneira em que seus lábios estavam secos e suas palmas suadas. Não havia nada oculto a seus sentidos crescidos, e ela não o tentou. Não se desculparia por seu medo. —Mantenha-se atrás de mim. No momento em que lhe deu as costas, puxou as abas da camisa, assegurando-se de que a cobriam adequadamente. Com alguém mais, poderia ter pensado que a estava forçando a vestir sua camisa para fazê-la se sentir mais vulnerável, mas Jack já era muito consciente de sua sexualidade. Não a necessitava nua sob sua camisa para ser consciente dela como mulher. Era realista com isso, inclusive muito. Briony clareou a garganta. —Preferiria não me encontrar com seu irmão até que estivesse vestida. Estou muito incômoda. —Preferiria assim também —disse, sem um olhar sobre seu ombro—. Te conseguirei roupa agora mesmo. Mantenha-se fora da vista, Ken até que lhe consiga a roupa. Tem o novo exército de Whitney atrás dela e não quero me arriscar com os microfones. Whitney? Acreditei que estivesse morto. Também eu. Ken. Jack vacilou. Estou aqui. Não seja muito encantador. Não quero que se apaixone por ti. Houve um silêncio mortal. Jack xingou baixo. Ken era o tipo de homem do qual todas as mulheres se apaixonavam. Poucas mulheres jogavam uma segunda olhada a Jack, e se o faziam, afastavam-se rapidamente. Nem uma vez, em todos os anos juntos, tinha-lhe advertido de uma mulher. Está bem dela estar aqui? Não a quero em nenhum outro lugar. Isso não é o que perguntei. Sabe como é. É seguro que esteja aqui? Persistiu Ken. Maldita seja, como demônios vou saber. Está aqui. Não vai embora, assim teremos que encontrar a maneira de viver com isso. Ela não quer ir ou não quer deixá-la ir embora? Esse era Ken, indo ao coração do problema. Ken lhe conhecia, conhecia cada marca escura de sua alma. Jack não respondeu, levando a Briony através das árvores até o jardim dianteiro. Parouse repentinamente quando viu a casa. —É linda. Nunca me ocorreu que haveria uma casa real neste lugar. É perfeita. 109
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Secretamente satisfeito pelo sobressalto apreciativo em sua voz, deu-se de ombros casualmente. —Ken e eu a construímos juntos. Somos proprietários de uns dois mil e quatrocentos acres, e a propriedade é completamente auto-suficiente. Temos acres de tamarack3 e abetos, e se alguma vez precisamos fazer um pouco de dinheiro, podemos cortar alguns deles. Também temos uma mina de ouro. O abastecimento de água da propriedade é alimentado pela gravidade. Não precisamos subir a energia para a casa. O sistema hidrelétrico proporciona a energia às baterias, e só usamos uma pequena quantidade de energia disponível para nós. —Parece uma cabana de troncos, mas é enorme. 3
Tamarack: também conhecido como larício ocidental. Árvore de madeira mole de aspecto abetado. Cresce na Colombia e no Noroeste dos Estados Unidos.
—Sobre uns três mil pés quadrados. Ken tem uma ala da casa e eu tenho a outra. Compartilhamos a cozinha, a sala de jantar e as salas. A garagem quase dobra o espaço, assim temos o cômodo para expandi-lo em escritório se quisermos fazê-lo. —Por que escritórios? —Ken pensa que vamos conduzir um acampamento para homens de negócio aborrecidos para praticar habilidades de sobrevivência. —Essa não é má idéia. —Realmente requer falar com eles. Briony riu. Era a primeira vez que escutava sua risada desde que a deixou uns meses atrás, e o som percorreu sua espinha dorsal como dedos acariciadores. —Já vejo. De que fizeste a casa? Adoro a forma como parece uma cabana de troncos. —Os troncos são de pinheiro branco do oeste. Os encaixamos com a técnica suíça e usamos óleo para o acabamento. A mina original está ainda na propriedade, também a primeira cabana construída. —De verdade tem uma mina de ouro? Colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha, seus dedos se atrasaram contra sua pele. —Há ouro aqui acima, embora Ken e eu nunca o procuramos. Temos toda a vida selvagem e as trutas das correntes que necessitamos e somos completamente independentes quando estamos aqui. Não há telefone, assim que ninguém pode nos chamar. —Jebediah disse que ainda está de serviço. Como entram em contato contigo se te necessitarem? —Por rádio. Temos um helicóptero se o necessitarmos e um pequeno avião no aeroporto. —Bem, sua casa é absolutamente bonita e inesperada. Acredito que é um artesão secreto. Ele se moveu para o alpendre, inexplicavelmente satisfeito porque ela gostasse da casa. Era um santuário, sereno e simples, um lugar que poucos encontrariam alguma vez e menos se atreveriam a entrar. —A estrada está fora de serviço no inverno, mas temos motos de neve. —O que usam para se esquentar? —Madeira. Há muita. —Adoro o alpendre. Especialmente eu gosto da galeria. Sempre me gostaram os terraços cobertos, e o teu é perfeito —Briony tocou o corrimão e caminhou no alpendre. Adorava a casa, mas agora que estava a ponto de entrar, seu coração pulsava grosseiramente. Lhe tomou toda sua coragem esboçar um sorriso forçado e agir como se entrasse em casas masculinas com nada mais que uma camisa todos os dia da semana—. É gracioso, com todas as advertências sobre ti, Jack, tem mais uma casa que a maioria da gente. E isso me surpreende. É linda. —Está muito isolada. À maioria das mulheres não gostaria de estar aqui acima. Briony deu de ombros. —A maioria das mulheres pode estar ao redor das pessoas sem problemas. A mim gosto da 110
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solidão. E nunca tive a oportunidade de estar em montanhas como estas. É especialmente bonito de noite. —Amanhã, mostrar-te-ei alguns alarmes ou armadilhas explosivas na propriedade se por acaso sair para caminhar, não te meta em problemas. Girou os olhos. —Podemos só dizer paranóia? —Prefiro usar o termo preparado. Conduziu-a pela cozinha. Viu um aquecedor e uma geladeira, mas pouco mais enquanto a apressava através da casa, baixando a um grande hall para empurrar uma porta aberta e caminhar para trás para que entrasse. Seu aroma estava em todas partes. Lhe olhou, vacilando, seu útero se apertou, e pôde sentir o calor lento movendo-se através de seu corpo. —Teu quarto? Jack tomou ar. Isto ia ser um inferno muito difícil para ambos mais do que tinha pensado a princípio. —Onde mais? Conseguirei-te algo para dormir e algo para que vista amanhã pela manhã — cruzou para o aparador e tirou um par de calças com cordões. Nunca as tinha posto. Ken tinha tentado lhe vestir por anos, mas até agora resistiu, preferindo seu jeans e suas roupas de camuflagem—. Tem fome? Posso te conseguir algo. —Estou verdadeiramente cansada, Jack. Eu gostaria de tomar uma ducha se não te opuser e ir para cama. Porque não poderia enfrentá-lo mais. Olhá-lo doía. E seu corpo estava fora de controle. Estava envergonhada por sua perda de controle. Mais que algo, queria estar sozinha onde pudesse meter as mantas sobre a cabeça e chorar onde ninguém pudesse ouvi-la. Jack abriu a porta do quarto de banho privado. Seu aroma já se mesclava com o seu. Uma vez que esteve no banheiro, não lhe deu pausa e não lhe importou. Ela tinha seu plano de lhe manter a distância. Não ia deixar que isso acontecesse. Briony Jenkins ia ter que aprender a viver com ele. Não seria fácil, mas não havia alternativa, não ia permitir que escapasse do que obviamente havia entre eles.
Capítulo 11
Briony se enroscou como uma pequena bola na grande cama de Jack. Podia sentir o masculino aroma por toda parte. A ducha quente tinha aliviado um pouco a rigidez de seu corpo, mas o temor interior cresceu até que seu coração pareceu lhe chegar à garganta, afogando-a. Não podia escapar dele. Atraía-o para seu corpo a cada fôlego que tomava. Poderia aceitá-lo se somente tivesse sido seu corpo traindo-a, mas suas emoções se sentiam em carne viva e não podia parar de pensar em suas suaves mãos quando a tocavam. Não cairia nessa armadilha outra vez. Não era real, jamais o seria. Jack tinha esclarecido seus sentimentos e tinha que respeitá-lo. Era um homem que, apesar de sua brutalidade, tratava às mulheres brandamente, e ela era simplesmente mais suscetível porque seus hormônios corriam selvagens. Emocional e sexualmente ao mesmo tempo. Era uma combinação difícil de enfrentar. Se vier a me desafiar a um duelo porque transei com sua irmã, Jebediah, é muito mais estúpido do que 111
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acreditava. Briony sentiu suas bochechas avivarem ao recordar a acusação de Jack. Maldita seja. Ela já tinha caído em sua sedutora armadilha. Somente a olhou, tocou-a, e ela quase se lançou em seus braços. O que estava de errado com ela? Não tinha orgulho? Como ia alguma vez ser capaz de ficar em seu dormitório com seu aroma conduzindo-a em uma espécie de calor sem sentido? Suspirou, tirou rapidamente as mantas, e caminhou descalça até a janela para abri-la e aspirar o ar noturno, tratando clarear sua cabeça. O ar estava mais frio do que estava acostumada, mas se sentiu bem em sua quente pele. Sentou-se no batente e olhou as árvores dançando com o vento, ignorou as lágrimas que corriam por sua cara. Ultimamente ela estava tão mal na parte emocional que alguém deveria tirá-la de sua miséria. Piscou até poder enfocar sua visão na paisagem. Os ramos se balançaram e dobraram, folhas brilhantes como a prata à luz da lua. Sentando-se silenciosamente, viu vários cervos vagarem no jardim, e algo maior, quase do tamanho de um cavalo, muito mais longe. Curiosa, Briony subiu a janela e caminhou descalça através do pórtico ao corrimão, aparecendo para conseguir uma melhor vista. Não se atreveu a vagar ao redor da propriedade até saber onde estavam escondidos os alarmes e as armadilhas, mas estava intrigada com o grande animal do bosque tão perto da casa. Nunca tinha visto antes um alce vagar livre, e estava bastante segura que havia uma manada. Pela primeira vez no que lhe pareceu semanas, podia respirar outra vez, sem ter girando em sua mente um caos de emoções. Lá fora, no ar da noite, não havia nenhum aroma de Jack e nenhum aviso de que ela era tão suscetível a ele. Com a mão na garganta, caminhou brandamente ao longo do pórtico, avançando ao mesmo passo que a manada, seguindo-os ao redor da grande casa, determinada em pensar em algo que não fosse Jack e sua situação, seguiu o ritmo da manada, ao redor da casa grande. O pórtico coberto era amplo e o corrimão bastante alto assim, agarrando-se a uma das colunas de apoio, estava segura de poder partir, balançando-se até o teto, e conseguir uma vista ainda melhor, sem incomodar a ninguém. Subiu ao corrimão, mantendo um olho nos enormes animais, temerosa de que avançassem mais longe no bosque antes que pudesse vê-los bem. Agarrou seu braço ao redor do poste e estimou a distância ao terraço. Não era muito longínquo para alguém tão alta como ela, mas teria que se balançar até estar em cima do beiral. Saltou e agarrou a borda do terraço. Duas mãos a agarraram pela cintura devorando-a para baixo, apertando-a contra um duro corpo. Os olhos de Jack brilhavam como diamantes idênticos, que a esfaqueavam furiosamente. —Que demônios pensa que está fazendo? O homem era feito de ferro, seu corpo não se rendia, e onde ela estava fria, ele estava quente, calor irradia de sua pele. Seu coração começou a funcionar a toda marcha imediatamente. Pior, seu corpo reagiu, peitos cheios e dolorosos, seu útero apertado. Ela o provou em sua boca, sentiu-o em seu corpo. A memória estava vívida imediatamente e acordada. Somente com isto… tão fácil para ele, a reduzia a simples necessidade. Desesperada para escapar de sua própria reação a seu aroma, Briony lutou para romper seu aperto, inclusive com sua aumentada força, não se moveu. —Quis ver a manada de alces… ou ao menos pensei que o eram. Graças a ti, não pude vê-los bem. Sai, Jack —ele era a última pessoa que queria ver. Precisava estar sozinha e não dormiria em seu quarto, onde seu aroma estava por toda parte. Quis chorar de frustração. Desejou arremeter contra alguém. Esta era uma situação totalmente impossível. Não era bastante forte para estar perto dele e não desejá-lo. E por que ele sempre a tocava? —Qualquer um que ande rondando em minha casa é provável que morra. —Não sou uma prisioneira, verdade? Se quero observar alguns animais no bosque, não acredito que seja uma ofensa de morte. Retorna à cama. Estou bem aqui fora só —porque não podia jazer nessa cama e não desejá-lo com cada célula de seu corpo. Se vier a me desafiar a um duelo porque transei com sua irmã… Deliberadamente repetiu as palavras em sua mente, necessitando algo para impedir de ser uma idiota ainda maior do que já era. —Faz frio, Briony, entra na casa. 112
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Ela pressionou dois dedos bem em cima de seus olhos, sentindo a humilhação de não poder controlar suas próprias necessidades físicas. Tinha que afastar-se dela, tinha que deixar de tocar seu corpo. —Vai ao diabo. Tenho todo o direito de estar aqui fora se o preferir. Ele inclinou sua cabeça a um lado para estudar sua expressão furiosa. —Por que tratas de iniciar uma briga comigo? —Eu não gosto que me digam que fazer —porque ele era tudo no que podia pensar, e lhe tinha deixado claro que não a desejava. Porque ele havia dito… transei com sua irmã. Ela não deveria querer a um homem que tinha sido programado para dormir com ela. Era completamente humilhante. Um homem que somente necessitava algo fácil, uma simples trepada. —Que tudo se vá ao diabo. Não é verdade. Nunca foi verdade —Jack se aproximou, e Briony retrocedeu diante dele, levantando uma mão para rejeitá-lo. —Basta! —disse-o bruscamente, aterrorizada se pôs a chorar. Seus olhos lhe queimavam e sentiu um nó elevando-se pela garganta—. Só não diga nada mais sobre isto. Jack a alcançou de todos os modos, sem lhe dar espaço, mas tocando seu corpo para que o calor de sua pele se filtrasse na gelada pele dela. —Treme como uma folha —percorrendo-a com as mãos de acima para baixo dos seus braços em um esforço de esquentá-la. Forçou a suavidade em sua voz. Por que diabos havia dito alguma vez ele uma coisa tão estúpida a seu irmão?—. Seu corpo está congelado e não te deste conta disso. O que ias fazer? Subir ao terraço? —De fato, sim. —E te ocorreu que poderia escorregar e cair fazendo mal ao bebê? —Sou acrobata, faço isso para viver. Acredito que posso subir a um terraço. —Bem, não o faça, pensei que estava cansada —Jack quis consolá-la, mas estava muito longe emocionalmente, tratando de afastar-se, e ele não era bom nesse tipo de coisas. Ela alcançou o lóbulo de sua orelha, necessitando o consolo de tocar o brinco de sua mãe, encontrado a pele nua deixou cair sua mão. —Estou, somente necessito de espaço. Não posso fazer isto. —Sim, você pode. —Bem, talvez não quero fazer isto —retrocedeu até estar contra o corrimão. Não podia tocá-la outra vez. Cada toque de seus dedos trazia a consciência aguda de seu corpo e as necessidades desesperadas para o próprio. Tinha saído para evitá-lo, ainda ali parecia não haver escapamento. —Deveria havê-lo pensado antes de vir para mim. Briony apertou seus punhos. —Nesse momento, senti que não tinha outra opção —elevou o queixo—. Olhe. Obviamente isto não vai funcionar. Posso partir. Há outros modos de desaparecer, e sempre fica Kadan Montague. Ele me ofereceu sua proteção. A mandíbula de Jack se esticou, seus olhos cinzas de repente mudaram para uma gélida e espantosa cor prata. —Kadan Montague não vai proteger a meu filho ou sua mãe. Este é meu trabalho, não o seu. Não trate de trazer a outro homem a esta confusão, Briony. Temos bastante para nos preocupar sem isto. —Oh, realmente? —furiosa, sem saber o porquê, deu-se a volta e num só movimento saltou sobre o corrimão para baixo—. Esta confusão? Que esteja grávida é uma confusão, verdade? Não necessito de sua ajuda e, francamente, não a quero. Jack soltou um juramento e saltou atrás dela. Ao demônio com o tato, não o teria nunca. Agarrou-lhe pelo pulso como grilhão, ela se virou, lhe lançando um golpe à cara. Ele agarrou o punho no ar. —Me levante a mão outra vez e vou pôr você sobre meus joelhos. Que demônios esta de errado contigo? Deveria saber que se lutas comigo não pode ganhar —se via selvagem, zangada, e envergonhada. Vulnerável, jovem, e muito frágil. 113
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Sentiu-se sozinha e assustada. O medo movendo-se em sua mente —não dele, da situação—. Dele cruelmente dizendo que a havia transado. De esperar um bebê e não ter a ninguém a quem recorrer. Estava aterrorizada, Whitney a encontraria e o arrebataria. Jack vislumbrou a montanha russa de emoções mescladas em sua mente. Suavizou sua voz apesar da exasperação. —Não disse que a confusão fosse que esteja grávida. Deixe de pôr palavras em minha boca. E, neném, sabe condenadamente bem que não transei contigo. Não assim. Não como o fiz soar na frente de seu irmão. Ela sacudiu sua cabeça. —Não posso respirar aqui. Não posso. Só vou sair. A expressão de Jack se endureceu. Sua mandíbula tensa e os olhos cinzas brilharam a prata. —Vais te acalmar, entrar na casa e dormir um pouco —fez outro esforço para suavizar sua voz—. Estiveste sob uma tremenda tensão. Uma vez que consiga uma boa noite de descanso, verá as coisas diferentes. —Deixa de me falar nesse tom de superioridade. Pensa que foi fácil vir aqui e te pedir ajuda depois das coisas que me disse? —golpeou-o no peito, nem mesmo movendo-o ainda quando pôs toda sua força nisso—. Abandone a todos meus entes queridos. Meu filho está em perigo. Estou doente. Não tenho roupa ou dinheiro, e estou a mercê de um homem que não me quer por perto —empurrou outra vez—. Te afaste de mim. Ia me sentar no terraço, não a vagar ao redor como uma idiota quando tem a propriedade cheia de armadilhas. —O que pensa fazer agora? É meia-noite, e sabe que tenho armadilhas. —Tenho muito bom sentido do olfato. Posso rastrear meu caminho de volta do mesmo modo que entrei. Provavelmente também poderia, mas o deixava louco, e sua calma ia desintegrar-se muito em breve. —Deixe de chorar. Quero dizer, Briony, tem que te deter. —Ou o que? —estava zangada por chorar. Uma vez que tinha começado, parecia que não podia parar. Talvez estivesse histérica, mas se queria sentar-se em meio da noite e chorar a lágrima viva, era seu assunto—. Vais me bater? Alguém mais já o fez. Não me intimida. Jack a aproximou, sustentando-a fortemente contra seu corpo apesar da luta, cavou com uma mão sua nuca para pressionar sua cara contra seu peito. Dobrou a cabeça para encontrar sua machucada bochecha, pulverizando beijos sobre o lado inchado de sua cara. —Shh —disse para acalmá-la, fechando seus olhos contra a dor em sua mente. Ela irradiava pena e ele não pôde agüentá-lo—. Não sou o inimigo. —Eu sei, sei, desculpe —mas não podia deter-se. Seu mundo se foi e seus hormônios corriam selvagens e não havia aonde ir para evitar. —Tudo estará bem. Todos estaremos bem. Está muito cansada e tem que dormir —seus dedos começaram uma lenta massagem em seu pescoço, arrastando-se lentamente até seu cabelo para massagear seu couro cabeludo, construindo um profundo túnel, com firmes movimentos circulares. —Não quero entrar na casa, Jack. Não posso entrar naquele quarto —Como poderia fazê-lo entender? Ao menos fora, o vento e o bosque ajudavam a dissipar seu aroma, dando uma pausa a sua necessidade. Jack nunca antes tinha tido a uma mulher chorando em seus braços. Esteve em pé silenciosamente, só sustentando-a enquanto seu corpo tremia pela força dos soluços. Acariciando com o queixo a parte alta de sua cabeça. Suaves fios de seu cabelo agarrados na incipiente barba ao longo de seu queixo. Não tratou de deter a inundação de lágrimas —tinha muitos motivos para chorar—simplesmente se agachou, colocando o braço sob seus joelhos, levantando-a, embalando-a perto dele. —Bem. Ficaremos aqui fora. Shh, Briony. Vais a adoecer —era leve, bastante fácil de levantar, e Jack simplesmente saltou com ela, aterrissando atrás no pórtico, Briony embalada em seus 114
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braços. Decidiu-se pela cadeira de balanço do alpendre dianteiro que tinha construído com suas próprias mãos. Couberam comodamente, ele se balançou brandamente, esfregando seu cabelo com o queixo, massageando seu pescoço brandamente. Deveria haver-se sentido como um maldito parvo, mas não o fez. Sentia-se bem em seus braços. Sentou-se na noite, balançando-se no terraço, olhando o balanço das árvores e escutando os sons do bosque na noite. Ela chorou silenciosamente, suas lágrimas empapavam sua camisa quando devagar lutou para recuperar o controle. —É estranho contigo —disse ele em voz alta—. Quando estou contigo, sinto-me um homem comum. Todo o resto desaparece, e posso ver quão bonitas são realmente as coisas ao meu redor. Sentei-me neste terraço centenas de vezes, e nunca tinha visto a noite assim. Observei fixamente o bosque, e vi um milhão de lugares para me esconder, estabelecer uma emboscada, encontrar alimento. Não vi como as folhas parecem prateadas à luz da lua, ou o modo que as árvores parecem dançar e levantar seus ramos às estrelas. Por que supõe que é assim? Briony engoliu com força e levantou a cara molhada pelas lágrimas, o olhar escuro e líquido lhe examinando a cara. Jack secou as lágrimas com as gemas de seus dedos, mãos suaves, quase reverentes. —Esta é a verdade, Briony. Vejo o mundo diferentemente quando estás ao meu redor. —Te detenha, Jack. Sou muito suscetível a ti, e estou grávida assim provavelmente é pior. Não me diga coisas assim —Briony tratou de afastar o olhar, mas ele sustentou seu queixo. —Quero-te aqui —confessou ele bruscamente. —Mas você disse… —Sei o que disse. Isso não importa agora. Teremos muito tempo para classificar tudo isto. Posso sentir sua dor de cabeça, e não o faz melhor chorando. Só escuta a noite e te relaxe, vá dormir. Um dos motivos pelos quais decidimos construir aqui é a tranqüilidade, a paz. Briony fechou os olhos e acomodou seu corpo mais confortavelmente contra o seu. Geralmente ela não chorava na frente de ninguém, e estava envergonhada de que ainda sorvia. Sustentava-a como se fosse importante para ele e não soube se isso o fez melhor ou pior. —Justo aí, por aquelas árvores até abaixo há uma pequena costa, é minha oficina. Estava pensando em aumentá-la e te ceder um lugar para fazer suas vidraças. —Não trouxe meu caderno de desenhos. —Te conseguirei um novo. Terá muito tempo para desenhar. As pestanas do Briony se elevaram. Ele olhou para baixo, e havia algo em seus olhos, admiração, quando não se sentia de todo admirável. Seu coração respondeu apesar de sua determinação de permanecer a uma distância emocional. Ela levantou sua mão a sua cara, riscando as duras linhas com as gemas de seus dedos. —Tive saudades de seu rosto, Jack. Girou a cabeça o suficiente para depositar beijos sobre sua mão. —Sinto as coisas que disse essa noite. Sei que te machuquei. —Realmente me feriu. Sabia que devia ir, mas não tinha porque fazê-lo daquele modo. Por que o fez? —as gemas de seus dedos brandamente sobre seus lábios. —Tenho algumas coisas a resolver, Briony, mas não a respeito de ti ou do bebê. É sobre mim e meu caráter, quem e o que sou. Nunca de ti —ele agarrou sua mão e a sustentou contra sua garganta. —Juro que estava tomando pílulas anticoncepcionais, Jack. Não engravidei de propósito. Não faria isso a um homem. E sou capaz de criar a uma criança sozinha. Não terá que preocupar-se por mim te pedindo dinheiro ou algo. Necessito habilidades de sobrevivência… —Briony, pare —ordenou Jack. Sua mão se curvou ao redor do pescoço, dedos que trabalham para massagear a tensão dela—. É meu filho também. Quero-te aqui. Quero o bebê aqui. Ensinarei-te as coisas que necessita, e depois que o bebê nasça, ambos o protegeremos juntos. Seu coração saltou, mas não estava pronta para ter esperança outra vez. —Por que pensa que é um menino? 115
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—Porque meu coração não poderia suportar ter uma menina. Pode imaginar algum moço tentando ligar a minha filha? Afiaria minhas facas quando viesse de visita. A suave risada de Briony foi amortecida contra seu peito, mas o som atravessou por seu corpo com a força de uma onda gigante. Ele tinha esperado a rebelião crescente, necessidade urgente, mas não a satisfação, a alegria. Não conhecia a alegria, não a entendeu, até tomou cuidado com a emoção. Isto se arrastou sobre ele, entrando em seu coração quisesse ou não trazido por uma mulher, pelo som de sua risada. —É tão tolo, Jack. —Nunca me chamaram assim antes. Sei que foi difícil para ti vir aqui —sabia que era um modo suave de expressá-lo, mas Briony sempre fazia o que ela pensava que fosse correto sem lhe importar o preço e ir até Jack tinha acarretado um custo elevado. O sorriso murchou de sua cara. —Quero este bebê. Sei que não procuramos que acontecesse, mas no instante que o doutor me disse que estava grávida, fui feliz. Falo a sério sobre ser capaz de fazê-lo sozinha. —Sei que o é. Falo a sério a respeito de ser parte de suas vidas. Um sorriso iluminou seus olhos. —Menino ou menina, um filho é um milagre, não acha? Ela era o milagre. —Sim, é —respondeu tranqüilamente—. Vá dormir, neném. Posso sentir quão cansada está — acariciou seu cabelo. Estava cansada até os ossos, não tinha se sentido segura em muito tempo. Ele quis que se sentisse segura em sua casa, em seus braços. Balançou-a brandamente, deixando a noite tecer sua magia. Tantas vezes Ken e ele tinham vindo a casa, cansados e feridos sentando-se no terraço escutando a noite. Os insetos cantarolaram, as corujas revoaram suas asas, os morcegos baixaram e giraram, cervos movendo-se com graça pelo bosque circundante, consolando-os. O calor se filtrou no frio de seu corpo, esquentando-a quando suas pestanas se entrecerraram e seu corpo se relaxava completamente contra ele. Sua respiração se fez suave e uniforme, aconchegando-se como uma criança em seus braços, abrigando-se perto de seu coração. Menino ou menina, um filho é um milagre, não acha? Jack pensou em sua inocente declaração durante um longo tempo. Sentou-se na escuridão com a luz da lua derramando-se nas árvores, escutando o som da água que correndo pelas rochas e os insetos da noite chamando uns aos outros enquanto a balançava para dormir. Menino ou menina, um filho é um milagre, não acha? Briony o reduziu tudo com tal simplicidade. Um filho era um milagre para ele ou não? Queria a filho? Ou só a Briony? Havia espaço em sua vida para um bebê? Como se sentia ele? Não havia nenhum som, mas era consciente de que não estava sozinho muito antes que uma sombra caísse através dele. Elevou a vista para ver seu irmão em pé, com as mãos nos quadris, descalço, vestido só com calças de flanela. As cicatrizes cobriam sua cara, percorriam seus ombros e braços, sobre seu peito, desaparecendo sob o cinturão. Inclusive agora, a pele estava aberta e vermelha, brilhante e levantada, uma horrível lembrança de sua queda nas mãos de um louco. Durante um momento Jack sentiu comovedora angústia. Ele não tinha estado ali, não tinha estado protegendo as costas a seu irmão. Tinham enviado Ken em seu lugar. Jack deveria ter estado ali, e levaria aquele pecado a sua tumba. Levantou a vista. —Não pode dormir? —Não —Ken se sentou na borda do corrimão, balançando um pé. Parecia tranqüilo e depravado, mas Jack o conhecia muito bem—. Ela está bem? —Ken indicou a Briony com o queixo. Seus olhos brilharam como a prata à luz da lua, advertência da iminente batalha. —Chorou até dormir. Teve momentos difíceis —disse Jack. —Temos que falar disto, Jack. Jack fechou os olhos, descansou sua cabeça contra Briony, e inalou seu aroma. Isto o envolveu 116
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como um sonho embriagador. —Eu sei, sei que temos que falar. Lhe deveria haver isso dito quando voltei da Kinshasa, mas não parecia ser o momento. Afastei-me dela. Fiz o correto; abandonei-a e a deixei ter uma vida com um homem decente. Maldita seja, Ken —fulminando com o olhar a seu gêmeo—. A abandonei. Isto foi o mais difícil que fiz alguma vez em minha vida. Ken assentiu. —Hei-o sentido, desde que retornou. Nossa união é muito forte para mim como para não sentir quão difícil foi. Mas isto é perigoso —passou uma mão sobre sua cara—. Vim aqui fora para te dizer que deve deixá-la, não pode te arriscar, mas te vendo com ela, sentindo o que sente… — sacudiu sua cabeça—. Não sei como poderia. —Pela primeira vez em muito tempo, tenho medo, Ken. Sempre imaginei como um psicótico, que finalmente eles enviariam alguém melhor e que seria golpeado. Sabia que nunca me voltaria contra ti, mas agora… —acariciou o cabelo de Briony com a mão—. Não poderia suportar se ela me olhasse do modo que Mamãe o fez —sacudiu sua cabeça devagar—. Já comecei a tomar algo de suas maneiras. Sou muito obsessivo com ela. Não posso pensar em nada ou ninguém mais. Não quero ninguém perto dela. —Isso me inclui? —Tive medo que pudesse ser assim, mas agora que está perto dela e não quero te pegar um tiro, assim possivelmente não. Um débil sorriso se arrastou nos olhos de Ken. —Isso é um alívio. —Não posso deixá-la ir. Só não posso, Ken. É como se visse tudo com outros olhos quando estou com ela. Sinto esperança outra vez —sacudiu a cabeça outra vez, se sentindo um idiota—. Quando voltei esta vez, quis que tudo isto terminasse. Depois de tê-la e me afastar. Queria que tudo isto terminasse Ken franziu o cenho. —Sabia que se sentia assim. O que vamos fazer? —Vai me dar sua palavra de honra… Ken se levantou, sacudindo sua cabeça, levantando a mão para deter seu irmão. —Não o faça. Não me peça isto. Não é uma opção. —É a única opção que temos. Digo-te que não posso deixá-la. Juro-o, Ken, não sei o que faria se tratasse de me abandonar. —A machucarias? —a voz de Ken era tranqüila, seus olhos cinzas outra vez apanhando a luz chapeada da lua. —Não! Nunca! Nunca o faria. Destruiria-me antes de fazer algo para machucá-la —Jack agarrou a Briony mais perto, sustentou-a protetoramente—. Estou totalmente fodido, Ken. Tem que me dar sua palavra nisto. —O bebê? —Ken persistiu—. Como se sente sobre o bebê? Jack suspirou. —Como saberia como me sinto? Já não reconheço os sentimentos. Começa a soar como esses psiquiatras que sempre querem nos controlar —ele tinha estado sentado na escuridão considerando essa mesma pergunta e ainda não tinha nenhuma resposta real. Queria ao bebê porque era um laço com Briony ou porque era seu filho? —Quando me disse isso, senti o mesmo brilho de alegria em ti. —Estou feliz porque esteja grávida. Está aqui. Não sei que demônios farei com um bebê, mas o solucionarei…. Estava aqui sentado pensando que podia começar a fazer um berço, definitivamente o bebê vai gostar mais de um berço ou uma dessas pequenas coisas nas quais dormem dentro e se balançam. Um risinho escapou de Ken. —Um berço, é um cretino. E só para acrescentar mais lenha ao fogo também poderia considerar que nosso querido e velho pai nos deixou mais de uma herança além de seus genes de 117
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monstro. —E seria? —Gêmeos. Ele era gêmeo. Seu pai era gêmeo. Seu pai antes dele era gêmeo. Vê algum patrão aqui? Jack gemeu. —Briony estará especialmente satisfeita comigo por isso —olhou fixamente ao bosque, às árvores com seus troncos escuros e folhas deslumbrantes, uma mão deslizando-se por baixo para cobrir sua barriga arredondada—. Ele bebia, você sabe. Recorda isso? Ele sempre bebia. Tratei de recordar como era ele sem álcool —olhou a seu irmão—. Promete-o, Ken. —É uma coisa desmedida para me pedir. —Tenho que fazê-lo. Ken jurou e se afastou dele. —Que o inferno amaldiçoe a esse homem pelo que nos fez. Tenho que pensar nisto. Não sei se poderia fazê-lo. Não dou minha palavra a menos que saiba que poderei mantê-la. —Vivi minha vida inteira tratando de fazer as coisas certas, Ken. Não termino machucando as pessoas pelas quais me preocupo —um débil sorriso, sem senso de humor tocou sua boca brevemente—. Há tanto ti... de ti e Briony. —E os homens. Nunca abandonaste a um homem, Jack. Não te dá bastante crédito porque sempre te mira tão de perto, assim está tão seguro que vais ser como ele. Era vicioso quando bebia. Era como veneno nele. Jack levantou sua cabeça, obrigando a seu gêmeo a examinar seus olhos. —Sabe que somos diferentes. Sempre fomos diferentes. Recuso pretender outra coisa. Se souber o que sou, o que sou capaz de fazer, tenho a possibilidade de me deter eu mesmo. Mas se não puder, então não tem nenhuma opção. —Não farei isto contigo. Ambos estivemos de acordo em que não haveria nenhuma mulher, nenhuma a que cuidássemos, nenhuma que importasse. —Ela salvou minha vida. É uma Caminhante Fantasma, igual a nós. Whitney virá atrás dela e do bebê. Ken caminhou ao redor. —Que demônios está dizendo? Peter Whitney está morto. Foi assassinado. Como poderia ele ter algo a ver com isto? —Aparentemente tem muito a ver com isto. Além de nos realçar, programou-nos para responder sexualmente a uma das fêmeas realçadas, pelo menos isso é o que me disseram. E se for certo, é potente. Caminho duro ao redor dela. —Grandioso. Como se não tivéssemos muitos problemas —Ken suspirou— Está seguro a respeito de tudo isto, Jack? —Tão seguro quanto que alguém nos enviou ao Congo. Alguém que deve ser Whitney. Ele tem o dinheiro, os recursos, e a autorização e alguém muito importante lhe ajuda. Depois virão atrás de Briony e do bebê. —Não a terão, Jack, mas deveríamos estar preparados. Como é ela em uma luta? —Necessita uma âncora, mas é resistente como um prego se deve sê-lo. Agüentará. —Assim lá fora há uma mulher que vai converter-me num furioso touro de testosterona. —Sim, assim é —disse Jack. Ken assobiou brandamente. —Bem, sempre há compensações na vida. —Sim? Bem, não esteja muito seguro disso. Do modo que o entendo, Whitney não teve muita sorte em conseguir ratos de laboratório assim tratou de encurralar as mulheres realçadas e estabelecer uma espécie de fábrica de bebês com alguns de seus soldados realçados que se oferecem voluntariamente como doadores. —OK, isso é doentio —Ken franziu o cenho—. Então esta mulher a qual eu reagiria poderia estar encerrada no porão de Whitney como se fosse uma égua dedicada à reprodução? 118
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—Faz-te querer te encontrar ao filho da mãe durante uma noite escura sem ninguém ao redor, verdade? Ken cruzou ao lado de seu irmão e se agachou perto do pescoço de Briony, inalando profundamente. Era intensamente consciente da tensão crescente e a calma repentina de Jack. Levantou-se devagar, piscou os olhos a seu irmão, e retornou a seu lugar. —Não me provoca nada. —Bem, a próxima vez que faça algo tão pessoal poderia me advertir. —Se acostume a isso. Se a conservas, então será minha irmã e essa criança meu sobrinho ou sobrinha. Sou um homem prático. —Só quer me encher o saco —disse Jack. —Bem, isso. Por outra parte, saberemos rapidamente quanto pode agüentar vivendo com uma... com sua mulher por aqui. Saia da linha, e terei que te jogar atrás do celeiro. —Não temos um celeiro. —Disse-te que necessitaríamos um celeiro, maldição —disse Ken—. Tinha que ter uma oficina. O refrão não é o mesmo se te jogo atrás de uma oficina —Ken deixou cair sua mão sobre o ombro de seu irmão, em um silencioso gesto de companheirismo, de solidariedade—. Isto se está pondo um pouco frio para mim. Vou para a cama. Jack olhou a seu irmão entrar na casa. Os ombros de Ken estavam erguidos, seu passo ainda era fluido, mas seu coração era pesado, sofrendo com o peso do terror, do pesadelo que ambos sempre temiam. As selvagens feridas no corpo de Ken se curaram, mas as cicatrizes estavam por toda parte, dentro e fora. Ao Jack não gostou de contribuir à carga a seu irmão, mas não havia nenhuma solução para isso. Briony se moveu em seus braços, tremendo, e se aconchegou mais perto, retorcendo seu corpo contra sua virilha. O sentimento era diferente a qualquer que tinha experimentado. Dor, uma dolorosa tensão estava aí, uma resposta rápida a que começava a se acostumar, mas havia mais, uma rápida rajada de emoção que ameaçava estrangulá-o. Deveria haver sentido a relutância, sentiu-a realmente, mas as despertadas sensações, o afeto, indícios do amor misturado com a paixão e seus sentidos aumentados eram totalmente inesperados. Ele se levantou, sustentando seu leve peso contra o peito. Ela levantou a cabeça, piscou, e olhou ao redor. —Estava sonhando. —O que estava sonhando? —Que havia dois de ti. Levou-a para dentro da casa, cruzando um limiar para baixo pelo corredor para seu quarto. —Deve ter sido espantoso. Dois homens te dando ordens. —Não realmente —posou sua cabeça em seu ombro—. Estou acostumada com quatro irmãos, todos com fortes opiniões. Pareceu divertida e sonolenta de repente. Isto não era só seu aroma, decidiu quando a pôs na cama e se estirou a seu lado. Ela confiava em algum nível instintivo. Ninguém confiava nele — nem sequer seu irmão gêmeo, nem sequer Ken. Deu a volta pressionando seu corpo perto o seu, abrigando-a com seus braços. —Não tente nada —lhe advertiu ela—. Ou terei que te esbofetear. —Ia te dizer justamente o mesmo —lhe respondeu Jack. —Realmente? —ela girou sua cabeça para olhá-lo, a diversão arrastando-se em seus olhos escuros—. O que faz aqui? —Impedindo seu sonambulismo. Este é o único modo que vou conseguir algo de sono. —Não caminho adormecida. —É mais seguro, confia em mim, neném. Não o era, mas não ia indagar as razões do porquê. Deu-se a volta completamente para estudar sua cara. —E se eles nos encontram? Poderiam fazer mal a seu irmão, Jack. Não pensei nisto. Estava tão 119
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preocupada protegendo a meus irmãos que não pensei no teu, deveria havê-lo feito. Sinto muito. —Não tinha nenhum modo de saber que Ken e eu compartilhamos a casa. —Sim —seu olhar fixo se deslizou até o teto—. Estava preocupado por ele quando estava em Kinshasa. Os rebeldes o tinham torturado, pior do que fizeram a ti, e estava transtornado porque não chegou o bastante rápido. Vislumbrei sua casa e sabia que ele vivia perto ou contigo. Acabo de pensar como se sentiria se acontecesse algo a ele. —Pensou no bebê. Você não queria vir aqui —indicou Jack. Se ia ser honesta a respeito das coisas que tinha advertido, ele também podia. Deviam chegar a um entendimento em algum momento. Mas não estava pronta ainda e não a culpou, mas não ia fingir. Ela tinha vindo. Tinha que saber com que tipo de homem tratava—. Tenho a intenção de fazer desta casa, seu lar. —Me vou tomar isso dia a dia. Estou muito cômoda com seu toque, e não confio em mim perto de ti outra vez. —Não se preocupe, neném, se tratas de saltar sobre mim, defenderei-me. Ela sorriu, como sabia o que faria. —Não pense que não poderia acontecer. Seu sorriso se desvaneceu devagar e pareceu assustada, ao ponto que Jack envolveu seu braço ao redor de sua cintura. —O que é? —Isto não te incomoda? O que ele nos fez? Não lhe importamos como pessoas, Jack. Tudo o que importava era que tivéssemos sexo. Ele alcançou sua mão, sustentou-a perto de seu peito, esfregando sua pele com o polegar. —Tenho notícias para ti, Briony. A maior parte dos homens estão satisfeitos com isto. Ela atirou sua mão longe. —Então te pilhei —encurvando o ombro, ela se voltou sobre si mesma— Não há outro lugar onde possa dormir? —Não. Pode dormir aqui. Tenho que ser capaz de te vigiar. Aquela nota baixa de ordem esteve volta em sua voz, a qual raspou em seus nervos implicando que ele estava totalmente controlado, enquanto ela era uma vítima de seus desbocadas hormônios. —Perguntas alguma vez? Jack não soube porquê seu sarcasmo o fez querer sorrir. —Não. Do que serviria? Está muito cansada, Briony, não sabe o que faz ou diz. Não deixarei que nada te aconteça. Se seu quiser fico sentado toda a noite, farei-o, mas isto não mudará como ambos nos sentimos. —Não sabe nada a respeito de meus sentimentos. Exasperado, agarrou sua mão e a forçou entre suas pernas, sobre o grosso vulto que palpitava com calor e urgente necessidade. —A isto te importa uma maldição se me sinto a seis pés de ti, no outro quarto, ou tombo a seu lado. Isto não vai desaparecer até que esteja profundamente sepultado dentro de ti, onde pertenço —soltou sua mão, quase empurrando-a longe dele—. Agora vá dormir antes que esqueça todas minhas boas intenções e consiga um pequeno alívio. Outra vez Briony o surpreendeu. Esperava lágrimas, cólera ou uma áspera resposta, mas riu brandamente. —Há um pouco de consolo em saber que não sou a única que sofre. —Não tem por que. Me diga as palavras e ambos dormiremos como bebês —se ela dissesse que não, poderia não ter nenhum outro recurso, só dirigir-se para a ducha quanto antes e aliviar a terrível dor. Seria rápido, barato e insatisfatório, mas inferno, ia explorar. E tinha o mau pressentimento que a solução não duraria mais que o seguinte fôlego. —Penso que um pouco de sofrimento é bom para sua alma —disse Briony. Sua voz foi amortecida pelo travesseiro, mas estava absolutamente seguro que ria dele. Jack se contentou esbofeteando seu lindo e arredondado traseiro, e esteve mais que satisfeito quando ela 120
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gritou e o fulminou com o olhar. Ele fechou seus olhos e tratou de não pensar em seu corpo nu, estirado sob o seu enquanto conciliava o sonho. Não se envergonhava desde que tinha doze anos, mas esta noite poderia começar uma nova fase em sua vida. Inclusive com seu desconforto físico, havia algo bom a respeito de tombar-se ao lado dela, estando bastante perto para ouvir sua respiração e tocar sua suave pele, só para saber que ela estava ali. Ouviu até que sua respiração se fez lenta e rítmica, e soube que finalmente adormeceu. Ficando de lado, cobrindo protetoramente seu corpo ao redor do dele, empurrou sua virilha palpitante contra a curva de suas nádegas, um braço ao redor dela, sua mão estendida sobre seu estômago para sustentar a seu filho quando se permitiu deslizar-se para um ligeiro sono.
Capítulo 12
Briony perambulou pela grande casa, surpreendida por quão espaçosa era. Os tetos eram altos e os quartos espaçosos, de fato uma pessoa podia entrar correndo ao seguinte. A casa estava construída em forma de U, a cozinha, a sala de jantar e um grande salão separando as duas alas. Deu uma olhada nos quartos na ala de Jack e viu que só havia um quarto e um banheiro terminados. O segundo quarto estava ainda sob construção, com as paredes de gesso nuas. No grande salão, o mobiliário era escasso, mas bem feito, ela o examinou atentamente percorrendo com sua mão ao longo e largo do sofá, recordando quando Jack admitiu que ele tinha feito todos os móveis. Era igualmente bonito como as outras peças todas feitas de madeira dura, ela não sábia se estas foram fabricadas de suas próprias árvores, mas suspeitava que assim fosse. As almofadas grossas e feitas de couro, obviamente encomendadas para encaixar em cada móvel. Jack continuamente a surpreendia. Seguiu o rico aroma do café fresco até a espaçosa cozinha e se deteve abruptamente quando viu um estranho sentar-se na mesa. Inclusive de costas, parecia-se com Jack, mas com uma sutil diferença em seu aroma. Ficou parada na porta, receosa a entrar. Ele voltou sua cabeça e lhe sorriu. —Tu deves ser Briony. Entra e te sirva algo para tomar café da manhã. Parecia-se com Jack, não era tão forte, mas estava muito mais acabado. As cicatrizes que marcavam sua pele pareciam dolorosas e profundas, mas de algum jeito as reparou para parecer não só confiável e sim bonito à maneira de um rude pirata. —Café ou suco de laranja com seu café da manhã? Eu em seu lugar escolheria o café. Jack já deu ordens sobre o que pode ou não pode ter. Talvez esta seja a ultima vez que esteja perto inclusive de cheirar uma taça de café em um tempo —ele parou e cruzou até a pia. —Então ambos —riu ela. Era difícil não olhá-lo fixamente, e não sabia se era por sua semelhança com Jack ou pelas cicatrizes. Embora Ken estivesse muito mais mutilado, reconheceu que as formas e simetria de suas cicatrizes, pareciam-se muito às do corpo de Jack—Onde está ele? —Foi à cidade antes da saída do sol. Acredito que foi comprar roupa, comestíveis e a te marcar uma consulta com o doutor —lhe sorriu enquanto lhe sustentava a cadeira—. Eu adoraria ser uma pequena mosca na parede quando lhe tratarem de dizer que tem que esperar uma semana ou duas para que lhe atendam. —Quer apostar se irei ou não hoje? —Diabos não. Jack não tem nenhuma habilidade social. Se eles lhe fazem passar um mau momento, é provável que saque uma faca assim de grande —mediu um pé com suas mãos— e começasse a limpar suas unhas com ela. Se ele quiser que veja um doutor hoje, fará. —Não me disse nada sobre nenhum doutor —Briony se afundou na cadeira. —Acostumar-te-á. Não fala muito, é mais um homem de ação. Murmurou algo sobre cuidados 121
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pré-natais quando se tomava seu café. Não sabia que ele soubesse o que significa pré-natal —Ken pôs um prato de comida em frente a ela—. Não sou o melhor cozinheiro, mas é comida. —Ele definitivamente está no controle —riu Briony— e a comida parece fantástica. Ken levantou sua taça de café, a risada desvanecendo-se de seus olhos. —Jack sempre está a cargo, e isso não muda. É um homem forte, e sabe que pode ou não pode ter para que sua vida esteja equilibrada. —Só diga o que tenha que dizer —o animou Briony. —Não o pressione muito e não o machuque. —Isso é tudo? —Sua sobrancelha se levantou— É o melhor que pode fazer? Eu esperava um pouco de sabedoria, algo que desse sentido a tudo isto, mas isto não me ajuda —passou seus dedos através de seu rebelde cabelo—. Dê-me algo mais. Ken deu uma olhada para a direita e para a esquerda, logo se inclinou sobre a mesa. —É mandão —acrescentou com um sussurro conspirador. —É um ditador —corrigiu Briony—. Não trate de me vender isso. Você sabe que o homem dá ordens a direita e esquerda. —Ao menos agora manda em ti, em lugar de mim. Tenho uma dívida contigo por isso —Ken sorriu com presunção. —Não conte com isso. Aposto que tem suficiente para ambos. —Não tem nem idéia. Houve um curto silêncio, um pouco incômodo a pesar do fato de que ambos tentavam rompêlo. —Em que trabalhasse hoje? Posso te ajudar? —Briony respirou profundamente e forçou um sorriso. —Estou ladrilhando um dos banheiros. Como te terá dado conta, só uns poucos quartos estão realmente terminados. Tomamos nosso tempo tratando de que cada quarto seja exatamente como o queremos. Jack quer começar o segundo quarto em sua ala para que quando tiver o bebê, esteja preparado para ele. —Não tome muitas moléstias e não gaste muito. Serei capaz de proteger o bebê depois que nasça. É agora quando eles vêm atrás de mim, quando me preocupa que machuquem ao bebê, e quando engordar mais, provavelmente eu fique mais lenta. Não peço a Jack que tome a responsabilidade sempre. —Jack é o pai do bebê ou não? —perguntou Ken, seus olhos cinzas se obscureceram, lhe recordando a Briony às nuvens em uma tormenta. —Jack definitivamente é o pai, mas posso entender porque o pergunta. Não estou tratando de segurá-lo, Ken —Briony sentia como uma cor escura subia lentamente por sua pele. —Pergunto-o por que parece que não entende a meu irmão. Nunca deixará que o bebê ou você se afastem dele. Está em sua vida agora. Não sempre é prazenteiro ou fácil, mas os protegerá a ambos com sua vida. Sem dúvida nenhuma te dará tudo o que queiras ou necessites; porque essa é o tipo de homem que é. —Sei que é honrado —concedeu, mas simplesmente não podia soltar que queria mais que sexo de Jack. Queria que a amasse, queria que amasse a seu filho, não que o fizesse por sentir-se responsável. Claro que Jack os cuidaria. Seu código de honra lhe ditava que lhes desse o melhor, mas seu código não era seu coração. Ken começou a golpear brandamente a mesa com seu dedo, um pequeno ritmo que lhe disse tudo. Ela estudou sua cara, a amabilidade estava lá, a preocupação e uma pitada de inquietação. —Jack é… diferente, extraordinário, mas diferente. Necessita-se a uma mulher muito especial para viver com essas diferenças —disse Ken. —Admira-o. —Conheço-o —se apoiou para trás em sua cadeira, as pernas estendidas pra frente dele—. A maioria das pessoas não. Viverá muito tempo aqui Briony. Meu conselho é que o conheça. 122
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Rompia-lhe o coração olhar fixamente a cara devastada do homem quando se parecia tanto com Jack. Acabado não, duro não, só aceitação. Como se tivesse tomado o que lhe mandou o destino pelo caminho e fez o melhor que pôde. Assim era Jack e aparentemente seu irmão também. Briony abaixou seu olhar para evitar que seus penetrantes olhos pudessem ler sua expressão. Sentiu-se em casa. Não tinha sentido, mas estes homens, esta casa. Tudo se sentia tão correto. Inquieta parou e caminho até a janela. —O pátio é na verdade uma armadilha? Eu adoraria dar uma volta ao redor. É muito bonito. Ouviu o chiado da cadeira. Nenhum passo. Para ser homens tão robustos, os gêmeos Norton caminhavam silenciosamente, mas captou seu aroma quando ele se aproximou dela, quase o mesmo que Jack, com essa estranha diferença, sutil. Sua mão se apoiou sobre seu ombro com um pedaço de papel nela. —Minhas ordens —disse ele. Ela tomou o papel e leu as palavras rabiscadas por uma mão masculina através da folha. Girou para lhe confrontar. —Fez-te te desfazer de tudo isto? —por alguma razão a pressão em seu coração começou a liberar-se. —A última vez, a qual, posso assinalar, ele insistia. Arrastou meu traseiro da cama às quatro e trinta da manhã para continuar —lhe sorriu abertamente—. Por geral pareço muito melhor, mas me privou do meu sono de beleza. —Eu dormi quase até o meio-dia —Briony pôs-se a rir. —Pequena frouxa. Tu só não queria que te pusesse a trabalhar —lhe deu uma piscada—. Agora que penso nisso, sabe cozinhar? Porque meu irmão deixa algo a desejar nesse departamento. Briony instintivamente girou sua cabeça. Ken sabia desde o começo, mas não sentiu até que seu aroma a alcançou. Jack. Respirou seu nome em sua mente. Suave. Íntimo. Antes que pudesse pensar, antes de que pudesse evitá-lo. Jack. O suave suspiro de seu nome foi muito para ele. Caminhou, escutando as risadas, as brincadeiras fáceis entre Ken e Briony quase tinham parado seu coração. Jack. O som de seu nome roçou ao longo das paredes de sua mente, quase como se ela o entesourasse, deu-lhe a paz, o fez parte daquelas risadas, levou-o a um mundo secreto de intimidade verdadeira entre um homem e uma mulher, um que ele nunca tinha experimentado. Ela elevou a vista para encontrar seu olhar fixo e sua cara iluminada, um sorriso de bem-vinda curvou sua boca, acendendo seus olhos. —Ei você —lhe escapou antes que pudesse evitá-lo, e lhe revelar imediatamente seus crescentes sentimentos por ele. Ele caminhou através do quarto, os braços cheios de pacotes, diretamente para ela, inclinandose perto para roçar um beijo ao longo do canto de sua boca. —Ken esteve cuidando bem de ti? —Sim. Foi maravilhoso. Que raios é tudo isto? Pensei que só compraria um pouco de roupa — tratou de cobrir os ataques de entusiasmo pelo prazer de vê-lo; sentiu vergonha por seu comportamento na noite anterior. —Deveria ter enviado a Ken —Jack franziu o cenho—. As vendedoras seguiram acrescentando coisas à lista. Não sei que é a metade disto. Tem uma consulta com o doutor esta tarde, e tenho umas vitaminas que se supõe que tem que tomar —deixou os pacotes na mesa de cozinha, franzindo o cenho quando ela resgatou sua xícara de café—. Ken. Não te disse que não deveria tomar cafeína? —estendeu sua mão para tomar a xícara. —Te afaste de meu café se quer seguir vivendo —Briony lhe mostrou os dentes. —Escutei que não era bom para ti. —Escutou mal —pôs ambas as mãos ao redor da xícara e lhe deu seu olhar mais feroz—. Não me faça te fazer mal Jack. Se tocas nesta xícara de café, vais perder alguns dedos. 123
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—Opa —Ken lhe sorriu abertamente a seu irmão—. A mulher não vai agüentar sua merda nem um minuto. —Ken —lhe advertiu Jack—. Vamos ter um bebê na casa, melhore sua linguagem —não podia deixar de olhá-la. Estava vestida com sua camisa e as calças atadas à cintura, com os pés descalços, o cabelo despenteado, parecia tão condenadamente atrativa que ele queria comer-lhe por completo. —Estou tão deslocado —grunhiu Ken—. Cristo, tenha um pouco de piedade Jack. —Sinto muito, não me dava conta que estava pensando sem a barreira. —Vou ficar quente e mal-humorado com este tipo de merda. Vou trabalhar. Pode me encontrar ladrilhando o quarto de banho, se alguma vez cheiras longe daqui —Ken se afastou com passo majestoso, fulminando com o olhar a seu irmão sobre seu ombro. —Bom ao menos agora sei como te fazer trabalhar um pouco —lhe gritou Jack. —Que pensas? —perguntou-lhe Briony. Ela tomou um sorvo de seu café. —Que luzes tão condenadamente sexy que poderia te comer completa. Briony quase cuspiu o café por todo o piso. —Céu Santo, Jack. Pareço terrível. Tem que me ajudar. Me olhe, não tenho nem uma escova. —Pareces linda —abriu as bolsas e começou a tirar coisas—. Escova, escova de dente, pasta de dentes, e todas as coisas que necessita para lavar seu rosto. Seus olhos se alargaram pela surpresa. Obviamente tinha pedido ajuda, e as vendedoras tinham estado mais que felizes para guiá-lo aos produtos mais caros nas lojas. Tirou suéteres suaves e bonitos, jeans de grife assim como uma cara roupa de baixo muito sexy. Até tinha recordado de comprar sapatos e meias três-quartos, e um vestido tão elegante que ela nunca teria nem um só lugar para levá-lo posto. Briony se afundou na cadeira, olhando fixamente com temor o guarda-roupa que lhe tinha mostrado. Cada artigo tinha sido escolhido com grande cuidado. Ele não só tinha agarrado coisas de uma prateleira, levou seu tempo e se assegurou que tudo fosse suave e cômodo, e à última moda. As lágrimas rodaram. Estava tão sentimental ultimamente. —Jack. Não sei que dizer. Isto é assombroso. Tudo o que necessito. —Não realmente, mas é um princípio —tirou uma pequena caixa de seu bolso—. Não são os de sua mãe, como tem o hábito de tocar os brincos para te tranqüilizar. Pensei que funcionariam até que recuperemos os de sua mãe —deslizou a caixa sobre a mesa e deu volta para caminhar agitadamente através da cozinha. Ele preferia confrontar um pelotão de fuzilamento a olhar sua cara enquanto ela abria a caixa. Não tinha estado seguro se lhe dar os brincos a envergonharia, e já as lágrimas reluziam em seus olhos. Começou a suar. Como outros homens encontravam tão fácil estar ao redor da mulher que amavam? Ela abriu a caixa lentamente e olhou fixamente os brincos. —São lindos, Jack. Realmente lindos —não tinha conseguido diamantes como os de sua mãe, mas eram uns rubis divinos, que se abrasavam como o fogo. Pareciam foguetes que explodiam no céu. Ela engoliu o nó em sua garganta—. Jack. São tão incríveis, mas como posso aceitá-los? — queria os brincos eram tão lindos, mas mais que isso, vinham dele. Um sorriso lento iluminou sua cara, e lhe ocorreu que esta era a primeira vez que ela tinha visto seus olhos realmente iluminar-se. —Chama-o uma celebração pelo bebê. Toma-os. Ninguém mais por aqui pode levá-los postos, bom talvez Ken poderia, mas se vêem melhor em ti. Briony os tirou da caixa e os grampeou em seus ouvidos, segurando seu cabelo para trás para que ele os aprovasse. —O que acha? —Penso que foram feitos para ti —se inclinou outra vez e roçou com um beijo o cocuruto de sua cabeça. —Sentia-se mal esta manhã? 124
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—Sinto-me mal cada manhã. E freqüentemente durante o dia. Isto vem e vai. Penso que é parte da experiência —ela tocou um dos suéteres, esfregando seus dedos sobre o suave material—. Sei que é estúpido – não é como se Whitney pudesse estar em todas partes – mas tenho medo de ir ao doutor. Quer-nos juntos, não há alguma possibilidade de trazer para um doutor aqui? —Já pensei nisso —disse Jack— Perguntei por aí para encontrar o doutor mais perto em lugar do mais longínquo. —Bem. Obrigada, isso soa bem —assentiu. A sobrancelha de Jack se elevou. Ela não guardava seus pensamentos cuidadosamente, e poderia lhe haver parecido bom, mas não se sentia bem em sua mente. Ainda estava preocupada de que Whitney pudesse esperar que ela fosse até Jack. E de que subornasse o doutor. Jack agarrou o queixo de Briony e inclinou sua cara. —Primeiro, me deixe te explicar isto. Irei contigo às visitas com o doutor, e Ken estará bem de fora da janela com um rifle com mira telescópica, não vai falhar. Segundo, Whitney nunca pensaria que eu te acolhi. Não me conhece; só pensa que o faz. E em terceiro lugar, se não apagar esse pequeno cenho franzido de preocupação de sua cara, verei-me obrigado a beijá-lo até que desapareça e logo ambos estaremos com problemas. Durante um momento seu coração pareceu deixar de pulsar. Só podia olhá-lo fixamente, perdida na intensidade de seu olhar. Não havia nada absolutamente singelo em Jack, mesmo quando ele fazia as coisas mais doces. Havia muita posse obscura, muita crueldade conduzindo sua necessidade, e Deus a ajudasse, algo nela respondia como um viciado. Ele jurou baixo e a alcançou para devorá-la em seus braços. Sua boca baixou até a sua, seu beijo foi mais brusco do que ele tinha querido quando seu aroma fluiu ao redor dele e seu sabor o levou diretamente a beira de seu controle. Ele a moveu em seus braços, aproximando-a mais, acomodando seu pequeno corpo a sua larga figura, sua boca movendo-se com urgente demanda. Ela vacilou brevemente, uma leve resistência, e logo seus braços se deslizaram ao redor de seu pescoço, apoiou seu corpo contra o dele, sua língua suave como o veludo, deslizou-se sobre a sua em um tango abrasador. Ele capturou seu pequeno e suave suspiro, e provou as especiarias e o mel, sua boca um mistério escuro de calor e paixão. Ele podia sentir o suave peso da pressão de seus seios sobre seu peito. A familiar urgência de calor correu por suas veias, lhe dando uma dor terrível no centro de sua virilha, de modo que estava completo e confortável, mas atado à necessidade física, sentiu como se tivesse chegado em casa, como se pertencesse aqui. Tomando seu tempo, Jack suavizou seu beijo, saboreando o momento e cada sensação separadamente. A dor encheu seu corpo, a batida de seu coração, sua pele suave e seu aroma embriagador, a combinação potente de sexo e algo mais, muito mais profundo. Briony deslizou suas mãos ao seu peito e sobre a magra barreira de sua camisa e riscou as letras esculpidas em seu corpo. —Sonhei contigo ontem à noite —mas não tinha sido um sonho. Ela tinha sido consciente dele quando estando na deriva, seu corpo se abrigou estreitamente ao redor do seu, tão protetor. Ele a havia segurando estreitamente, com uma mão sobre seu filho como se pudesse manter todos os monstros longe enquanto eles dormitavam. Briony raramente dormia, e nunca com alguém perto, ainda assim ela tinha ido diretamente a ele, o aroma de Jack a rodeava, seu corpo ao lado do dele, e se havia sentido tão segura, como se, pela primeira vez em sua vida, ela pertencesse a alguém. —Eu também sonhei contigo, mas não acredito que nossos sonhos fossem completamente o mesmo —disse ele com voz pesarosa. Ela alcançou a ver algo de desesperado alívio na ducha, uma mente cheia de luxúria e necessidade, e emoções nascentes, todas misturadas juntas. Briony saiu de suas memórias, sentindo-se como uma abelhuda. —Não me preocupa se sabes, Briony —disse Jack brandamente—. Não vou esconder o fato que é difícil estar com você ao redor e não te querer. Estamos nisto juntos. Não quero que esteja sob a influência do que sinto. Posso levá-lo enquanto você o possa —ele não sabia se era verdade, mas ia fazer todo o possível para respeitar seus desejos e cortejá-la à moda antiga, 125
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independentemente do que isso implicasse. Seu polegar se deslizou sobre seu cheio lábio inferior em uma pequena carícia—. Posso esperar muito tempo se tiver que fazê-lo. Seu coração saltou outra vez. Talvez ela não quisesse que ele esperasse. Talvez o necessitasse para tomar a decisão por eles. Envergonhada de seus covardes pensamentos, Briony se ocupou olhando a roupa estendida na mesa. —Como vamos superá-lo, Jack? —jogou-lhe uma olhada e foi apanhada pelo estranho olhar em sua cara quando ele a olhou dobrando um par de calças negras de suave algodão—. O que passa? —Você. Ver-te fazer as coisas mais pequenas, mais ordinárias me faz feliz —caminhou até a pia e se serviu de uma taça de café—. Não tem nem idéia do quão estranho é isso. —O que? Te sentir feliz? —Sentir algo absolutamente. Você me faz sentir, Briony, e esse é um fodido milagre. Seu coração quase deixou de pulsar, logo saltou em seu peito, acelerando até que seu pulso palpitou. —Jack —disse seu nome brandamente, querendo que fosse verdade, temendo acreditar que eles tivessem uma oportunidade. Este homem poderia lhe fazer dano onde nenhum outro lhe tinha feito mal. Ele arrancaria seu coração e ela nunca se recuperaria. —É a simples verdade, Briony. As lágrimas encheram seus olhos. Ela não sabia que dizer, como reagir, com medo de continuar com o seguinte passo e confiar nele completamente. Para cobrir sua reação, sustentou um par de jeans de grife. —Toda esta roupa é tão bonita, mas não posso trabalhar com ela. —Trabalho? Do que está falando? —Jack não a pressionou, decidindo lhe dar algum tempo. —Vou ajudar a Ken a ladrilhar o quarto de banho. —Não, você não o fará —ele apoiou preguiçosamente um quadril contra a pia—. Não precisa andar sobre seus joelhos e aspirar produtos químicos. —Não soa mal e leve e alegre quando com cuidado pôs as compras nas sacolas. Não ia discutir com ele, embora usasse sua perfurante voz de sargento. Ela passaria por cima dele e permaneceria de bom humor. —Entretanto, não vais ladrilhar o quarto de banho. Se quiser aprender, ensinarei-te depois de que o bebê tenha nascido. As mãos de Briony ficaram imóveis e se voltou para confrontá-lo, mantendo seu sorriso. —Jack. Isto não é uma ditadura. Sou completamente capaz de decidir o que posso ou não posso fazer. Aprecio sua preocupação, mas não é necessário que tome decisões por mim. Ele assentiu com a cabeça, seus rasgos como sempre inexpressivos. Encolheu seus amplos ombros. —Bom, neném, me faça um favor e decida não ladrilhar o quarto de banho agora mesmo. Dessa maneira não será um problema, pode? Quer me ajudar a levar estas coisas ao nosso quarto? Briony conteve o fôlego bruscamente, cheirava sangue, e girou ao redor para contemplar a Ken quando parou na entrada embalando seu braço sangrento. —Deixa-o, Bri —a aconselhou Ken, caminhando casualmente a pia sem olhar a seu irmão. O sangue gotejando por seu braço—. Jack é uma mula, obstinado como o inferno, e tu não vais ladrilhar o quarto de banho. Jack se moveu rapidamente ao lado de Ken, tomando seu braço e virando-o para inspecionar o corte. A ferida estava sobre uma cicatriz particularmente rígida. —Não o sentiu até que foi muito tarde, verdade? —perguntou a seu irmão. Ken se encolheu e deu a Briony um pequeno sorriso, sem senso de humor. —Provavelmente deveria esperar até que vá ao doutor. Poderá lhe perguntar o que pode e não pode fazer, e o que pode beber ou comer, assim se cabeça oca começa com as ordens terá algumas munições —seus olhos pediam que ela não notasse o sangue que gotejava por seu braço, que seguisse a conversação como se Jack não estivesse lavando a ferida e tratando-o com anti-séptico. 126
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Briony inclinou sua cabeça para trás para encontrar o insondável olhar fixo de Jack. Sua expressão era ilegível. Piscou os olhos para Ken quando Jack secou o corte e o enfaixou. —E se decido que vou fazê-lo de todos os modos, que tipo de raiva lançará? Um pequeno sorriso repentino abrandou a dura mandíbula de Jack e relaxou sua boca durante um breve momento. A aprovação em seus olhos a esquentou e enviou pequenas ondas de excitação a seu estômago. —Lanço uma raiva de troglodita —respondeu Jack e se equilibrou sobre ela, levantando-a em seus braços, apanhando-a contra ele—. Força bruta, coração. É o que funciona quando todo o resto falha. Ken juntou os pacotes e os amontoou no regaço de Briony. —Nunca vi uma raiva como esta —confessou ele—. Só faz o que ele diga; é muito mais fácil. —Vamos ir à cidade —recordou Jack a seu irmão—. Necessito de ti para ir conosco. Outra hora e sairemos. Terá que estar preparado para o combate, Ken. —Sempre estou preparado —Ken se deu de ombros. Jack levou a Briony pela casa para o dormitório. —Obrigado —disse ele bruscamente— isso passa às vezes. Fazer uma cicatriz é difícil para ele por que não sente nada até que seja muito tarde. As cicatrizes estão nele por toda parte. Briony sentiu sua dor como uma punhalada de faca em seu coração. Tomou um momento para compreender o que estava em sua mente. —Ele não quer compaixão. —Diabos não, não a quer. Primeiro me pegaria um tiro. Entretanto, insiste em fazer o ladrilhado. —Ele precisa fazê-lo, Jack —disse Briony, recordando o desespero nos olhos de Ken. —Eu sei. Não digo nada, mas é condenadamente difícil alguns dias —Jack a deixou na cama, encerrando o tema porque se continuavam falando sobre isso, poderia gritar como um bebê—. Antes que eu partisse esta manhã limpei um par das gavetas superioras e há muito espaço no armário. Te assegure de lhe dar um bom olhar ao quarto livre, para que me diga como quer arrumá-lo para o bebê. —Farei-o. —E permaneça fora do maldito quarto de banho. Não quero ver-te perto do ladrilhado. —Jack —Briony riscou o desenho na tampa, olhando ao seu redor todos os brilhantes pacotes. Seus dedos subiram lentamente até o lóbulo da orelha, acariciaram os acesos rubis, e se deslizaram a sua garganta. —Não pode andar a meu redor me dando ordens, não importa quão encantador seja. A dor formou redemoinhos nas profundidades de seus olhos só durante um momento. Ela captou a quebra de onda de pena em sua mente. Deu-se a volta longe dela para abrir a porta do armário. —Disse-te que não sou um homem fácil de viver. —O que significa isso? —perguntou Briony, franziu o cenho, tratando de entender o que não lhe dizia. Ela se afundou na borda da cama—. Sou uma mulher crescida, Jack. Lhe jogou uma olhada sobre seu ombro, esfregou sua sobrancelha com a gema de seu polegar, e suspirou. —Sou um maníaco do controle, Bri. Esse é um dos grandes motivos pelo qual vivemos aqui, longe de todos. É pelo qual principalmente trabalho sozinho. Saio sozinho e controlo a situação. Se trabalho em equipe, eu dirijo a equipe. Assim sou eu. —Essas não são novas notícias, Jack —indicou Briony. Ela tirou a roupa dos pacotes e começou a tirar as etiquetas—. Essa não é uma desculpa para me tirar meus direitos como adulto para tomar minhas próprias decisões. O controle é uma ilusão de todos os modos. Ninguém pode controlar a outra pessoa. —Controlo o que posso, e isto ajuda a manter a todos seguros. —Não confia em ti mesmo. 127
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—Não. Faz tempo compreendi que não penso ou reajo como as demais pessoas. Nas circunstâncias corretas, as coisas podem sair errado. Briony se entreteve acomodando a roupa nas gavetas, todo o momento tratando de entender o que dizia. Jebediah, Ken, e agora inclusive Jack a advertiam tudo sobre algo em Jack que até ele temia. Ela deu volta para olhar sua cara. Independentemente do que fosse, ele tinha mais medo disso, que de uma bala de um franco-atirador. —Não acredito que alguma vez me possa fazer mal Jack. Nem uma vez. Não está em ti. Então do que tem medo? Ele a olhou, algo se movendo em seus olhos. Dor? Pena? Um medo atormentador? Ela não podia ler sua emoção. —Não sei —respondeu ele francamente envergonhado. —Eu sim —foi a ele e emoldurou sua cara com suas mãos—. Recorda de Luther? Ele me golpeou sem problemas. O zanguei e me golpeou. Não me deu palmadas. Não tratou de me conter, bateu-me com seu punho. Talvez se eu fosse seu inimigo… Ele agarrou seus punhos e puxou-as para baixo, as sustentando com força contra seu peito. —Isso é tudo, neném. Isso é tudo —deixou cair suas mãos e saiu do quarto. Ela escutou o golpe de porta quando ele deixou a casa. Briony soltou seu fôlego e se afundou na cama, mais confusa que nunca. O suave golpe na porta não a assustou; ela já sabia que a figura fornida de Ken enchia a entrada. —Estas bem? Ela assentiu com a cabeça. —Aonde foi? —Provavelmente se dirigiu à loja. Pendura uma bolsa ali e trabalha fora quando fica dos mil diabos —se encolheu deu de ombros— Isso o acalmará com a carpintaria. —Por que pensaria que eu poderia me converter alguma vez em seu inimigo, Ken? Disse-lhe que eu sabia que ele nunca me faria mal, talvez se eu fosse seu inimigo, mas nunca de outra maneira. Ele tem medo de me machucar, verdade? Um músculo saltou na mandíbula de Ken. Ele esfregou seu polegar ao longo de uma cicatriz abaixo do lado esquerdo de sua cara. —Tem medo de machucar a todos. Tem que lhe dizer isso ele mesmo, Briony. Tem que vir dele, e logo tem que decidir se é o bastante forte para viver com ele. —Isto é temporário. —Engana-te e sabe —ele sacudiu a cabeça. —Ele se foi. Disse que eu era um aporrinho. Disse-me que não era do tipo de homem que alguma vez teria uma mulher ou uma criança. —Estou seguro que disse isso. Acredita que ele não deve ter uma família. Isso não significa que não queira uma família. Não vai afastar-se de ti nunca mais. —Não o quero assim. Preso porque fomos forçados a estar juntos por uma causa exterior e agora ele está estagnado porque necessito de ajuda. Ken apoiou o quadril contra a dobradiça da porta, um gesto muito semelhante a Jack. —O que pensa que teria feito se tivesse sido seqüestrada, cumpriria sua promessa? Inclusive se pensasse que o filho não fosse dele, o que pensa que teria feito? Briony tirou o edredom. —Não tenho nem idéia. Apenas conheço Jack, e quando penso que realmente o conheço, todos me advertem que me afaste, todos, inclusive o Jack. —Ele teria ido atrás de ti e nunca, nunca teria parado até te encontrar e te tirar a menos que eles o matassem. Jack nunca abandonaria a alguém que fez o que você fez por ele. —Meu irmão lhe ajudou a sair de Kinshasa. Eu somente dormi com ele. Os olhos de Ken se obscureceram a um cinza turbulento. —Não faça isso, Briony. Não menospreze o que fez e não te rebaixe. Você salvou sua vida. Ele 128
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me contou o que aconteceu. —Não me deve nada. Se ele fizer isto é por… —Estas aqui porque leva a seu filho e em primeiro lugar ele nunca quis afastar-se de ti. O fez por ti. Foi embora de sua vida então para que pudesse ter uma vida normal. E desta vez, se quiser, será você a que terá que se afastar, porque ele não vai fazê-lo. Briony se pôs a rir, mas soou muito perto à histeria, então ela depressa cruzou até as gavetas e começou a olhá-las buscando algo para colocar para ir ao consultório do doutor. —Não tenho uma vida normal, Ken. Não posso ter uma vida normal porque algum megalomaníaco me arrastou de um orfanato e experimentou comigo —sua voz se fazia mais forte, balançando-se fora de controle, mas ela não podia retirar-se—. E quando me adotou, o fez para assegurar-se que ainda poderia experimentar comigo. E como adulto… bom —lançou um suéter na gaveta e girou ao redor, estendendo seus braços amplos para assinalar o quarto—. Aqui estou. Não como qualquer outra futura mamãe. Não, tenho a um homem que não se opõe a ter sexo comigo devido aos experimentos, mas por mais que queira não posso me aproximar dele, então não, Ken; minhas possibilidades de uma vida normal francamente fedem. —Estas alterando a minha mulher, Ken? —a voz grave foi muito suave, que por um momento Briony não esteve segura de haver realmente escutado bem, porque aquelas palavras doces soaram como uma ameaça, mas seu corpo e seu coração se aceleraram a grande velocidade. Jack entrou no quarto. Sua camisa estava desabotoada, e um fino brilho de suor cobria seu corpo como se tivesse estado trabalhando duro. Os músculos se ondularam sob a pele com cicatrizes. Cruzou ao seu lado, tomou uma camiseta do topo da cômoda e limpou sua cara com ela. Olhou para seu irmão sobre a camisa, seus olhos de um peculiar prateado. —Pensei que você já o tinha feito —disse simplesmente Ken. Briony franziu o cenho. Ken parecia bastante tranqüilo, mas seu corpo tinha mudado ligeiramente a uma posição de defesa. Olhou de um irmão ao outro. —Olá! São ambos os idiotas? Estou grávida. Isso significa emocional. Não se supõe que eu seja a única com a cabeça fria aqui. Supõe-se que eu me desfaça pela queda de um chapéu; é meu direito. Supõe-se que você dois sorriam e assentam com a cabeça e estejam de acordo com tudo que digo. A sobrancelha de Ken se elevou, e a sombra de um sorriso jogou durante um momento em sua boca, e logo desapareceu. —Alterava-te, Briony? —Estou em um estado perpétuo de alteração —reiterou ela—. Nunca estive grávida antes. Nunca pensei em ter filhos —se afundou na cama outra vez, elevando a vista para Jack—. Nunca. O passo tão mal estando ao redor das pessoas, nunca tive a oportunidade de fazê-lo. Jack parou diante dela, fazendo subir seu queixo com seu polegar então ela teve que encontrar seu olhar fixo. —Você quer este bebê. Ela assentiu com a cabeça, tragando com força. —Só estou assustada. Tudo é tão aterrador agora. Queria não ser tão covarde. A gema do polegar de Jack roçou sobre seu lábio inferior. —Está bem ter medo, Briony; o medo não te faz covarde. Por que não deveria ter medo? — ficou em cócoras diante dela, emoldurando sua cara— Te quero mais do que quis algo alguma vez em minha vida. E tenho todas as intenções de te reter. Veio aqui porque confiou em seus próprios instintos. Estou seguro que seus irmãos se opuseram. —Opuseram-se energicamente —um débil sorriso gracejou sua boca. —Mas você sabia que devia vir para ver-me de todos os modos. Posso ser muitas coisas, Briony, e pode ser um inferno viver comigo, mas veio por proteção e isso está garantido. Só segue confiando em mim. Ken chegou ao outro lado dela, parecendo tão angustiado como Jack. Pôs uma mão no ombro de seu gêmeo e outro no seu ombro. 129
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—Estamos nisto juntos, em tudo, Briony. Aqui, onde vivemos, temos uma política que é “que deve estar bem ser quem realmente somos”. Jack às vezes é um pouco imprevisível e eu tenho meus próprios demônios. Se tiver medo ou esteja doente, ou queira sair fora e gritar, está bem. Briony assentiu com a cabeça, tratando de não chorar. Não sabia o que era a aceitação. Nunca a tinha tido. Sempre tinha tido que se acomodar ao mundo do circo porque sua família a necessitava – não porque fosse sua eleição. Tinha lutado todos os dias de sua vida por parecer normal. Aqui, com Jack e Ken, não sentia nenhuma dor por estar perto deles. Ambos a protegiam, não só de seus pensamentos, Jack tinha sido capaz de lhe impedir de sentir os efeitos da violência próxima. Era realmente tão simples? Ela tocou suas mentes e encontrou sinceridade. Ambos tinham preocupações e estavam um pouco receosos pela nova situação, uma mulher, quase uma estranha; em seu cômodo e seguro mundo, mas ambos estavam mais que dispostos a aceitá-la e aprender a viver com ela. Como viver com ela. Queriam adaptar-se ela. Estava ela disposta a adaptar-se a eles? Elevou a vista para Jack, a seus olhos coloridos peculiarmente, que pareciam ir do cinza carvão à prata brilhante, segundo seu humor. Ela podia ficar totalmente em suas mãos? Já lhe agradava e respeitava a Ken. Poderia aspirar a amar a Jack, mas poderia dar seu coração a Jack, quando sabia que a atração era devido à manipulação genética? Tinha que ir devagar, levando um dia de uma vez e ver aonde a conduzia isto. Respirou fundo e o soltou. —Obrigada a ambos. Jack sentiu o alívio estender-se por ele. Briony tinha medo, mas aceitava sua oferta. Ele não sabia o que teria feito se ela tivesse tratado de fugir. —Deveria te preparar para sair, neném —disse ele— É um longo caminho até baixar a montanha e não queremos perder a consulta com o doutor. —Podemos comer na cidade —acrescentou Ken, dando a seu irmão um rápido olhar de advertência —Eu cozinharei esta noite —ofereceu Jack quando parou, alvoroçando o cabelo de Briony. —Podemos comer na cidade. Despertei às quatro da manhã, tirei as armadilhas e pus alarmes. E ainda não acabei o ladrilhado. Não me faça adoecer. —Vê como choraminga —apelou Jack a Briony. —Sou razoável, Bri —protestou Ken—. Você nunca provou sua comida —acrescentou ele, seguindo o exemplo de Jack alvoroçou seu cabelo. Sentou-se muito silenciosa, só absorvendo os efeitos desse simples movimento. Deveria havêla feito parecer uma criança, mas até as persistentes ordens de Jack não tinham nada a ver com o pensamento de que ela era uma menina. —Eu gostaria de comer fora —se arriscou ela. Jack gemeu. —Não o ajude, Briony. Não será só uma comida. Quererá ir escutar música. Todas as vezes. Todas as vezes que sou o bastante tolo para estar de acordo comendo fora, terminamos no Last Saloon escutando sua música country. Flerta toda a noite e me sento ali cuidando suas costas. —Faço com que trabalhe em suas habilidades sociais —explicou Ken—. E a música é fantástica. Você gosta da música country, não, Briony? —Sim. —E está de acordo em que Jack precisa trabalhar em suas habilidades sociais —apontou Ken. —Flerta bem —disse Briony. —Jack? Flerta? —Ken parecia impressionado—. Se o faz, só flerta contigo. As damas se pavoneiam até ele, ele lhes dá um olhar inexpressivo, e elas se apressam a irem longe. É embaraçoso. —De verdade? —jogou uma olhada a Jack. —Tu não vais tomar no bar, Briony —decretou Jack—. Algum idiota vaqueiro bêbado vai lhe dar um olhar e decidir que vai dançar com ela, e terei que sepultar seu corpo no bosque. 130
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—Ou só poderia dançar comigo e não ter que matar a ninguém —sugeriu Briony—. Poderia ser mais fácil. —Dançar? —Sabe dançar, certo? —Tu me distrairias —disse Jack. —Do que? —Cuido as costas de Ken. Agora tenho dois para cuidar. —Que tal isto —sugeriu Briony— Ken pode dançar e ambos cuidaremos dele. E não se preocupe Ken, se uma das senhoras começa a te colocar a mão na pista de baile, estarei sobre ele em um batimento do coração. E então, Ken pode nos proteger enquanto nós dançamos. Poderia fazê-lo, verdade Ken? —É um trato, enquanto deixe às damas me colocar a mão. Jack lançou suas mãos no ar. —Então assim é como vai ser. Vão se aliar contra mim, verdade? Ken e Briony trocaram um sorriso e assentiram com a cabeça, impenitentes.
Capítulo 13
—Briony, olhe o monitor —instruiu o Dr. Casey—. Jack, vê o que estou olhando? —Dois corações —disse Jack. Briony ficou imóvel, a cor abandonando sua cara. Alcançou a mão de Jack para dar-se força. Não era possível. Nunca tinha considerado ter um filho, menos ainda dois. Tinha começado a pensar que estava em meio de um pesadelo e só precisava beliscar-se muito forte para despertar. Jack se inclinou mais perto dela, o bastante para que os lábios lhe acariciassem a orelha, mas as palavras estavam dentro em sua cabeça, não ditas em voz alta. Não te assuste, neném. Passaremos por isso. Seus dedos se apertaram ao redor dos seus. Briony moveu a cabeça ao redor lentamente e olhou à pequena tela. Havia um cone negro e um montão de agitações e não muito de algo que pudesse ver. —De maneira nenhuma. Nem sequer brinquem com algo assim, vocês dois. Quase tive um ataque do coração. O doutor assinalou e rodeou com um pequeno círculo uma pequena mancha e logo outra. —Leva definitivamente gêmeos. O que está errado, Jack? Posso sentir a Briony daqui. Está desgostada. Não atire no doutor. Acaba de nos contar que vamos ter gêmeos, e ela não está preparada para as notícias. Está muito angustiada. Eu sei Ken. Lutarei com isso. Jack lhe afastou o cabelo da cara. Pequenas gotas de suor o adornavam a testa, e sua pele estava úmida, tão pálida que era quase translúcida. Uma mão revoou para a garganta. —Jack. Não —sacudiu a cabeça, seu olhar aderindo-se desesperadamente ao seu—. Nunca hei segurado um bebê em minha vida, muito menos troquei fraldas. Não sei nada sobre bebês. O que acontece se começarem a chorar e me volto louca e os atiro por toda parte? Não posso estar com ninguém quando estão molestos. Um bebê não pode controlar isso. Acreditava que com um, poderia, sabe, tomar uma pausa de vez em quando, mas não com dois. Jack, não posso fazê-lo com dois. O doutor manteve seu sorriso, parecendo alegre. —Sei que é um pouco chocante, mas muitas mulheres têm gêmeos e o fazem bem. Tudo parece bem. Deveria ser capaz de levá-lo sem nenhum problema. Manteremos um olho sobre ti. 131
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Briony quase esmagou os dedos de Jack. —Está você absolutamente seguro? Dois bebês? —Sim. Ouvi os dois pulsados, e pode vê-los claramente no ultra-som. Se quiser mais claridade, o hospital tem o modelo mais novo e poderia tê-lo confirmado em seu aparelho. Posso marcar uma consulta. Jack pressionou sua mão livre no ombro de Briony em advertência. —Não será necessário —Não necessitamos mais provas documentais que as necessárias. Vamos ficar nos com o Dr. Casey tanto como seja possível—. É um choque, isso é tudo, mas bem-vindo, verdade, neném? Ela engoliu com o temor esmagando-a e se aferrou ao seu tenro tom. Se somente ele a amasse tanto, quisesse-a tão de verdade. Uma mulher poderia suportar muito tendo a um homem amando-a muito. Como podia fingir ele esse olhar? Esse tom acariciador? Soava realmente feliz com os bebês. Desejava ter a força de Jack. O doutor enxaguou as manchas de gel de seu estômago. Jack lhe baixou a camisa. —Obrigado, doutor. iremos celebrá-lo. Tem algum perito em nutrição que nos possa aconselhar sobre o que deveria ou não comer? —Pergunte a recepcionista por nossa extensa folha de recomendações e não esqueça de marcar seus pré-natais —aconselhou o Dr. Casey—. Alguma pergunta mais? Briony sacudiu a cabeça. O homem já havia dito muito. —Há alguma razão pela qual não possamos fazer amor? —perguntou Jack. Briony reprimiu um chiado de choque. Seu olhar saltou a sua cara, mas ele estava olhando ao doutor. —Eu gostaria de saber o que podemos fazer e o que não —acrescentou Jack. Briony fechou os olhos. Só o pensamento de Jack tocando-a era bastante para fazê-la molharse, fazer que seu corpo se enchesse de uma sobrecarga de hormônios. Em que estava pensando, expondo isso quando já tinham tantos problemas. Deveria ter influenciado o doutor para que dissesse que não podiam ter sexo, mas não, ele estava entrando em grandes detalhes e Jack estava justo absorvendo-os. Levantou as mãos sem forças enquanto o médico saía. —No que estava pensando? —sussurrou ela. —Estou tomando precauções. Se estiver comigo, Briony, vai acontecer. Ambos sabemos e necessitamos de respostas. Não quero me arriscar a te ferir ou aos bebês. Deixou que Jack a ajudasse a sentar-se. Não ia embora dali. Não agora, não quando havia outros problemas muito maiores. Bebês. —O que vamos fazer? Poderia ser capaz de cuidar de um bebê, mas dois deles? Tem alguma idéia do que isso significa? —ela não podia desaparecer com dois bebês. Seria quase impossível proteger a dois meninos do Dr. Whitney—. Pode me ver correndo com um pacote na frente e outro atrás, lutando contra soldados realçados? Isto se está pondo cada vez pior. A mandíbula de Jack se apertou. —O que quer fazer? O doutor há dito que está de onze semanas. Qual é a data limite? O fôlego ficou na garganta, e ambas as mãos cobriram seu estômago protetoramente. —Para que? Não vou abortar, Jack. Talvez não seja capaz de cuidar de meus filhos, mas maldita seja se for abortar. Já se sentem parte de mim. Não —sacudiu a cabeça—. De maneira nenhuma. —Cuidaremos deles juntos à antiga maneira, por nós mesmos. —Jack, nunca me viu ao redor das pessoas sem ti ali para me amortecer de todas as emoções. —Vi sua atuação. Não te protegi então porque queria ver e sentir como era sua vida. Ela sacudiu a cabeça. —Protegeu-me. Não de todas as maneiras, mas não foi tão ruim como é usualmente. Nem sequer soube. Estou tão assustada de que os bebês adoeçam ou se zangam… —elevou o olhar para ele—. O que acontece se não posso cuidar deles? —Atua noite atrás noite porque amas a sua família muito, Briony, por que pensaria que faria 132
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menos por nossos filhos? Ela não podia afastar o olhar do seu. Estava tão seguro, nem sequer um pouco esquivo pelas notícias. Ela estava impactando em sua vida de um modo que não tinha esperado, e ele era o único que se fazia cargo, não ela. —OK. Tem razão. Faremos justo o que tem que ser feito, um dia de uma vez. Os dedos de Jack lhe rodearam a nuca. —Podemos fazê-lo —lhe deu um pequeno sorriso. Desvaneceu-se rapidamente, mas fascinava a Briony de todas as formas. Não havia suavidade em seus rasgos duros e gastos; foi mais, seus olhos foram da escuridão à luz. O estômago lhe deu um tombo em resposta, provando que ainda era muito suscetível a ele—. E sempre teremos a Ken para os deveres de fraldas. —Não está preocupado de que os homens de Whitney nos encontrem? —Virão atrás de ti ou não, neném. Não podemos deter nossas vidas porque Whitney possa averiguar onde estás. Jack não saiu da sala enquanto colocava os jeans; de fato nem sequer afastou os olhos. —É incrivelmente bonita, sabe? —Não, não o sou, mas é agradável de sua parte dizer isso —tratava de não ruborizar-se enquanto grampeava os jeans. Parecia natural ter Jack no quarto com ela, e isso acrescentava outra capa de intimidade entre eles. —És, e tenho bom gosto com mulheres e roupa interior —se inclinou para acariciar com um beijo a comissura de sua boca—. Ken está no teto do edifício do lado. Possivelmente deveríamos sair às escondidas e fugir. Ela riu e tomou sua mão estendida. —Ainda não posso acreditar que vamos ter gêmeos. Tem alguma idéia de como grande vou ficar? Não poderá me empurrar pela porta. Tomou uns minutos para sair do escritório do doutor. Jack se certificou de que tivessem outra consulta e recolheu a folha de recomendações de nutrição. Briony estava bastante segura de que ia se arrepender de deixar tudo em suas mãos. Ken se uniu a eles no jipe. —Felicitações, a vocês dois. Quando decidem fazer algo, vão até o final, certo? —guardou sua caixa de aspecto inofensivo contendo o rifle de franco-atirador sob o assento antes de fechar o veículo. —Segue assim e vou chutar tuas canelas—advertiu Briony. —Permanece entre nós, Briony —lhe advertiu Jack enquanto baixavam pela rua ao restaurante onde Ken insistia que tinham a melhor comida. Os gêmeos andavam com fáceis e fluídas pernadas, os olhos inquietos, olhando constantemente aos edifícios, examinando os matagais, olhando às pessoas. Briony deveria ter estado nervosa, mas estava muito excitada. Ela não andava pelas ruas no meio da cidade, nem jantava em um restaurante, ou ia ouvir música em um bar de noite. Isto era um luxo, um presente de Jack. Não sentia nenhuma dor, apenas uma maravilhosa sensação de liberdade. Sorriu a um casal que andava para eles, e a alegria floresceu quando lhe sorriram por sua vez. Não tinha lido nada terrível, tal como o homem tendo um caso, ou a esposa querendo acabar com seu matrimônio, ou que acabavam de perder um filho. Podia-os tomar por caras sem valor, um feliz casal andando pela mesma calçada. Jack jogou uma olhada a sua cara. Briony brilhava, e podia sentir a mudança nela com cada passo que davam. O ar estava fresco e revigorante, uma ligeira brisa com a noite começando a cair. Ela quase dançava, o regozijo emanava dela em ondas. —Não ama isto? —elevou a vista para ele, sorrindo a ele—. Adoro isto. —O que? —tratava de não se distrair com seu entusiasmo, mas algo de seu júbilo lhe apanhava. Estava feliz só andando pela maldita rua com ela. Ela encaixava sob seu ombro, a cabeça 133
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roçando contra seu braço enquanto passeava com ela e se sentia… inteiro. Olhou a Ken. Por que infernos uma mulher completa a uma família? Ken deu de ombros e trocou um pequeno sorriso com ele. Não sei, mas vamos mantê-la. Serenoute, e não acreditava que fosse possível. Sempre estive sereno. Ken bufou em voz alta, atraindo a atenção de Briony. Aproximou-se por trás de sua cabeça e abriu a porta do restaurante. —Meu irmão está vivendo uma vida de total ilusão. Pensa que é sereno. —O faz? —a sobrancelha do Briony se disparou para cima enquanto inclinava a cabeça para olhar a Jack—. O faz? —Queremos essa mesa —Ken indicou uma mesa perto da saída, contra a parede em frente da parte dianteira. —Temos uma mesa mais agradável por aqui —disse a garçonete—, na seção que está aberta —olhou fixamente as cicatrizes da cara e o pescoço de Ken e olhou brevemente a Jack, então rapidamente afastou os olhos. Briony deu um passo para ficar entre Ken e a garçonete, arrepiando-se com indignação porque a mulher olhava fixamente com tal denudo horror as feridas de Ken. Os dedos de Jack se assentaram ao redor de seu braço, suave, mas firmemente, evitando que se separasse deles. —Essa mesa —disse Ken com outro sorriso simpático, dando um passo em frente de Jack, quem não se movia, não falava, mas de repente pareceu ameaçador. A garçonete agarrou o dinheiro que Ken lhe deslizou e lhes guiou à mesa sem mais queixa. Ken esperou até que se sentaram e houve água e pão assado fresco antes de imobilizar a seu irmão com um olhar de aço. —Não há necessidade de intimidar a ninguém, Jack. Seja agradável. —Tem que suborná-los para consegui-lo a sua maneira —indicou Jack—. Eu nunca tiro dinheiro. Ken sacudiu a cabeça. —Cretino. Briony pôs os olhos em branco. —São assim todo o tempo? —Sim —confirmou Ken—. Estou tratando de integrá-lo na sociedade, mas é resistente. Sem mim, Jack seria algum velho homem da montanha com uma má atitude, caçando pessoas com sua faca bowie. —Não me importa a sociedade e usaria uma arma. —Sempre estivestes no exército, quero dizer, antes de Whitney? —perguntou Briony. —Entramos assim que fomos o bastante maiores —replicou Ken—. Nos tirou das ruas e tínhamos facilidade para isso. A dor não significava muito para qualquer um de nós, e ambos estávamos bem em casa atrás de uma arma. —Como lhes encontrou Whitney? Ken estendeu as pernas debaixo da mesa, forçando a Jack a virar de lado. Ambos olharam às portas, janelas e às pessoas, antes de olhar diretamente a Briony. —Sempre fomos telepáticos; o usávamos para nos comunicar quando éramos meninos. De fato, fomos fortemente amaldiçoados e nunca tínhamos conhecido a ninguém mais como nós. Treinamo-nos no programa dos SEAL e servimos uns poucos anos, então nos pediram fazer um teste de habilidades psíquicas —lhe dirigiu uma breve careta—. Nossa pontuação foi muito alta e Whitney babava por nós. —Ambos conseguiram pontuação alta? —dirigiu um pequeno sorriso brincalhão a Jack. —Estou seguro de que minha pontuação foi mais alta —disse Ken, despedaçando um pedaço de pão e lubrificando-o com manteiga. —Ambos têm as mesmas habilidades? —Sim, diretos a ser âncoras. E parecemos estar realçados do mesmo também —acrescentou 134
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Ken. —Assim se ele estava tão interessado em conseguir um filho de Jack, por que não está empurrando a uma mulher para ti, Ken? —É uma boa pergunta —disse Jack—. Por que não lhe perguntamos isso, Ken? Por que será que Whitney passou por tantos problemas e gastos para manobrar a Briony e a mim ao mesmo lugar para ver o que poderia acontecer, mas contigo e quem quer que seja com quem te tenha emparelhado. —Possivelmente não há emparelhamento —disse Ken. E não estou seguro de como me sinto sobre isso. Deveria estar eufórico que ele não me tenha encalacrado tanto, mas infernos, não me importaria uma mulher própria, não depois de ver-te com Briony. A tristeza na voz de seu irmão fez que o olhar de Jack saltasse a sua cara. Ken não podia parar o breve fluxo de informação, o medo de que sua aparência detivera qualquer mulher de querer estar perto dele. Ken afastou o olhar rapidamente e levou outro pedaço de pão à boca. —Ou possivelmente já a tem —se aventurou Briony—. Aposto que Luther era meu emparelhamento secundário e por isso estava tão zangado de que estivesse grávida. O pensamento de que algum outro soldado realçado tivesse tomado seu lugar foi muito para ele. Estava realmente zangado. Acredito que Whitney quase se rendeu de conseguir nos juntar. —E ele contava com o fato de que funcionaria se o controlasse—adicionou Jack. —Eu não gosto dessa idéia, de que algumas mulheres possam estar ainda prisioneiras de Whitney —disse Ken—. Jack, vamos nos comunicar com Lily e sua equipe para averiguar quanto sabem. Se tiverem alguma idéia de onde está, podemos fazer um pequeno reconhecimento. —O problema ao que fazemos frente, Ken, é que não sabemos em quem podemos confiar. Whitney sempre tem contatos. Infernos, conhece ao presidente. Se estiver vivo e pulsando todas as cordas no experimento, não está sozinho. Não sabemos quem está atrás disto. Whitney poderia ter o conhecimento e o dinheiro, mas está com alguém dirigindo tudo isto. Briony clareou a garganta. —Se Whitney realmente tiver contatos no exército, e há alguma imensa conspiração em marcha, se eles pensassem que estou contigo, não lhe enviariam fora em uma missão para que eu não tivesse nenhum lugar aonde ir? Os gêmeos intercambiaram um largo olhar. —Oh, Deus —a mão foi a sua garganta—. Não vai gostar-me isto, verdade? Jack lhe atraiu a mão a seu coração. —Fomos contatados na semana passada, mas estamos de licença. Estamos feridos e nenhum de nós tem o aval do médico para voltar ao serviço, isso nunca nos deteve antes, mas dissemos que não —Disse que não porque Ken necessita mais tempo para recuperar-se. Jack se certificou de que suas barreiras contra seu gêmeo estivessem levantadas para evitar esse contato privado—. Ambos tentamos estender nosso tempo com permissões pessoais também. —Não te podem fazer voltar? —Acredito que contavam com que nós nunca os rejeitamos. Nunca o temos feito. E se figuravam que o objetivo seria muito pessoal para nós para resisti-lo. Querem o General Ekabela fora —disse Jack—. Adivinho que o homem sabe muito e o necessitam morto. —Em outras palavras —acrescentou Ken—, já não é útil para Whitney. —Por que não me disse isso? Jack levantou seus nódulos aos lábios. —Estava um pouco desgostada, Briony, e precisava dormir na noite passada, e em qualquer caso, não pensávamos no porque nos enviariam ao campo, vamos todo o tempo —se encolheu de ombros—. Pensei que nos ofereceram isso por causa do que Ekabela nos tinha feito. —Mas isso significa que sabem que estou contigo. Quanto sabem? —quase saltou fora de sua pele enquanto o garçom se aproximava. Jack colocou a mão em seu braço. Brandamente. Apenas tocando-a. O calor fluiu a sua mente, e quase imediatamente se sentiu mais calma, mais capaz de respirar sem temor. 135
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—Não necessariamente. Podem ter querido certificar-se de que estávamos fora do país em caso de que tentasse se contatar comigo. —Tem sentido —acrescentou Ken. Enquanto o garçom esperava, Jack elevou o olhar, os olhos indo de repente de um quente cinza ao gelado aço. Briony afundou a cara no menu para ocultar sua expressão. O garçom clareou a garganta. —Está pronta para pedir, madame? Jack estendeu o papel sobre nutrição e começou a estudar o menu, comparando os pratos com o papel. —A massa com frango parece boa, Briony —se aventurou—. E a salada de vegetais. Ken lhe deu um chute sob a mesa e lhe dirigiu um rápido sorriso detrás de seu menu, lhe piscando um olho. —Sim, Jack. Penso que pedirei isso —Briony deu ao garçom seu menu e sorriu para Jack. —E ela tomará um copo de leite também —acrescentou ele. Ken quase cuspiu água sobre seu menu. —Leite? Tomará isso também, Jack? —Claro. Por que não? E pedirei a massa com frango também —disse Jack, estendendo seu menu ao garçom. —Eu conduzo, assim tomarei uma xícara de café muito quente —disse Ken—. E um filé, mal passado, com uma batata assada e de tudo. —Ken? —Briony abriu os olhos com inocência impotente—. Isso me fará adoecer só de olhálo. Estive me sentindo tão nauseabunda recentemente. Ken elevou a cabeça bruscamente, um cenho suspeito em sua cara. —Não brincaria com algo assim, verdade? Briony cobriu a boca com uma mão delicada. —Só dizer filé e pouco feito fazem que meu estômago se revolva. —Bem. Me traga a pasta com frango também. Mas guarde o maldito leite —Ken a olhou enfurecido—. Somente durante quanto tempo planeja estar doente? Deu-lhe um amplo sorriso. —Durante muito, muito tempo, agora temos uma boa notícia sobre o bebê e tudo. —Bebês —corrigiu Jack. —Vem bem, verdade? Não tinha a menor idéia de que tivesse uma veia mesquinha, mas deveria havê-lo adivinhado, com Jack te adorando. Briony tomou um gole de água, afastando o olhar para que não pudesse lhe ver a expressão. Não parecia muito boa escondendo seus pensamentos de outros. Jack não a adorava. A química estava ali, explodindo por toda parte, mas ele não a adorava, isso nunca ia acontecer. Não conte com isso. A calidez da voz de Jack acariciou sua mente, tocando-a intimamente, e estendendo-se por seu corpo. Por um momento não pôde logo que respirar sem desejá-lo. Não pode me olhar assim, neném. Não aqui. Não onde tenho que manter minha mente te protegendo. Ela tinha que recordar de defender sua mente dele. Não estava acostumada a ter ninguém ao redor que pudesse captar seus pensamentos, e pior, sua cara parecia ser um livro aberto. —Não olhe pra ele, Bri —sugeriu Ken—. Ponha sua atenção em mim. Logo que golpeemos a barreira, irá ficar todo mandão e possessivo e atuará como um idiota e te incomodará como o inferno em qualquer lugar, assim nem sequer pense pensamentos agradáveis sobre ele. —O fará, Jack? —perguntou—. Vais ficar viril e possessivo e atuar como um idiota? Encolheu os amplos ombros. —Provavelmente. —Por que? Estou grávida e fugindo, Jack. Acha que é provável que me lance a outro homem e lhe suplique por sexo selvagem? Jack grunhiu. 136
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—Não pode dizer sexo selvagem. Não pode pensar nisso. Tenho uma ereção como o inferno agora, muito obrigado. Briony se ruborizou, um calor úmido empapando suas calcinhas e seus peitos de repente doloridos e cheios. Levantou o queixo. Se ele podia admiti-lo, então ela também, só que não em voz alta. Não pode dizer ereção como o inferno porque então quero te tocar, e te saborear, e te ter enterrado profundamente dentro de mi. Ela teve muito cuidado de manter suas barreiras contra Ken e esperava que Jack estivesse fazendo o mesmo. —Filho de puta, Briony, vais matar-me falando assim —Jack lhe agarrou a mão e a atraiu por debaixo da mesa, pressionando sua palma fortemente contra ele. Sua reação foi definitivamente gratificante. Podia ouvir a necessidade pulsando sob sua voz, rouca e áspera e na borda, sentindo uma grosa protuberância pulsando sob o fino material de seu jeans. É agradável saber que não estou sozinho. —Vocês gostariam que fosse reservar um quarto de hotel? —perguntou Ken, olhando-os enfurecido—. Porque estou me envergonhando sentado com vocês dois. Infernos, irmão, estivemos mente com mente tanto tempo que não necessitamos nem sequer pensá-lo e certamente nunca nos preocupamos o quão quente estávamos qualquer um de nós por uma mulher, mas se sente diferente com Briony. Sinto-me como um maldito abelhudo. Sinto muito. Tratarei de ser mais cuidadoso te protegendo. Apreciaria-o. —Fará muito de babá, Ken —disse Jack, liberando a mão de Briony enquanto o garçom chegava com seu jantar. Briony se concentrou em sua massa, não querendo pensar muito em sua confissão e nas repercussões que viriam. Ela estava se acostumando à tremenda atração entre eles. Não diminuía em força, se acaso, crescia só por estar em tanta proximidade e conseguindo conhecer-se melhor, mas estava aprendendo a controlá-los. Mesmo assim, sentou-se comendo seu jantar, escutando o som das vozes dos dois irmãos, e tudo enquanto estava agudamente concentrada em cada movimento, cada gesto, não importava que pequeno, que Jack fazia. Ele olhava as portas e às pessoas que passava. A mesa estava situada onde pudessem olhar para fora, mas ninguém os veria. Deu-se conta de que estavam atuando como sempre o tinham feito, estando ela ali não significa acrescentar segurança. Estavam sempre vigiando, sempre alerta. O que dizia isso sobre suas vidas? Estudou-os de perto. As mesmas sombras estavam nos olhos de Ken. Essa mesma cautela. Parecia mais relaxado, possivelmente inclusive mais despreocupado, mas se deu conta de que era uma fachada. E eles se conheciam tão bem, tinham trabalhado um com o outro, podiam comunicar-se silenciosamente, eram definitivamente uma equipe, e uma letal. Lhe ocorreu que era algo assim como um milagre que ambos a tivessem permitido entrar em suas vidas. Foi Ken quem pagou a conta, e tudo enquanto estava ocupado falando com o garçom. Jack estava a suas costas, o olhar sem vida, frio e atento. Durante quanto tempo tinham tido medo de que alguém os quisesse mortos? Muito. Tinha tido que ser muito. Briony permaneceu entre eles enquanto avançavam na escuridão da noite. A música soava muito forte abaixo pela calçada, saindo de um edifício apenas acima na rua. Nenhum dos dois disse nada, mas se giraram em direção ao som. —Eu realmente nunca entrei em um bar —confiou Briony, deslizando-se mais perto de Jack enquanto entravam no interior escurecido—. Não podia entrar em tal espaço limitado e cheio. Havia muitas emoções insuportáveis, desespero e solidão pareciam as mais proeminentes quando passava por uma porta aberta. Não ia arriscar-me. —Estou forçado a vir aqui —disse Jack, franzindo o cenho a seu gêmeo. Ken sorriu impenitentemente. —Deveria te pedir leite, Briony? —girou-se para ir ao bar. —Faça-o e vou provar-te que estou realçada —Briony ouviu sua risada enquanto Jack a acomodava em uma mesa perto da parte de trás de onde tinha uma clara vista do local. A 137
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multidão se afastava como o mar vermelho enquanto passavam. —Realmente você não gosta disto, verdade? —perguntou ela. Tinha que se sentar perto dele para ser ouvida por cima da música e do ruído da multidão. —Muitas variáveis. Tudo o que se precisa é um vaqueiro realmente bêbado e as coisas irão rapidamente ao inferno. Lhe tocou a coxa. —Não se preocupe. Cuidarei de ti. Olhou-a tão assustado que ela não pôde evitar sorrir burlonamente. Imediatamente o relaxou, tomando sua mão. —Desfruto vendo Ken divertir-se. Adora a música country. Toca violão e canta de uma forma que não acreditaria. Não o diga, mas tem uma boa voz, realmente boa. Antes que Ekabela o torturasse, todas as mulheres se congregavam ao redor dele como abelhas ao mel. —E agora? —olhou a Ken. Não olhava às mulheres. Sentou-se em um tamborete e falava com o barman, e depois de lhes trazer as bebidas, a ela uma Coca Cola, falou com vários homens quem era obviamente amigos. Não parecia que tivesse nenhuma preocupação no mundo, mas ela sabia de outra maneira quando Jack tomou sua mão e quase lhe rompeu os ossos apertando-a. Pode senti-lo? Trata de me excluir, mas isto é um inferno. Ele ainda se obriga a vir aqui. Não há fuga nele. Vê por que o admiro? Havia um montão de razões para admirar a Ken. Lhe vendo fazer as rondas ela estava sentada tranqüilamente gozando da música, sustentando a mão de Jack, todo o tempo sentindo a calidez de seu corpo tão perto do dele. Ken esteve cerca de uma hora e então se deslizou na mesa e os arrastou à pista de baile. —Está segura, neném? —pergunto Jack—. Não tem que fazê-lo se está cansada. —Amo dançar contigo —não estava segura de porque ele parecia tão receoso até que se deslizou entre seus braços. Seu aroma a envolveu, seus braços a rodearam, e seu peito se sentiu real e sólido sob sua bochecha. Seu corpo respondeu à proximidade dela com uma rígida plenitude pressionada perto de seu estômago. Era uma canção lenta, sonhadora e ela se permitiu levar-se em uma neblina de necessidade e luxúria, de um urgente desejo, emparelhando-se com o vaivém do corpo dele, encontrando um perfeito ritmo com seu corpo. Foi um momento no tempo que ninguém poderia arrancar dela jamais. As mãos dele sujeitavam as suas enquanto a guiava através da multidão oscilante. Ele inclinou a cabeça para acariciar com sua boca a têmpora dela. Nunca tinha dançado com um par, não podia tocar ninguém tão intimamente, mas Jack era seguro e forte e a dirigia como se tivessem estado dançando sempre. Ela fechou os olhos durante o caminho para casa, não permitindo que a conversação entre os irmãos lhe tirasse a experiência. Estava cansada, mas feliz, apesar do fato de que levava gêmeos. Devia ter caído adormecida porque despertou com Jack levando-a para casa. Briony tomou um comprido banho e quando saiu, Jack já estava deitado na cama, seu cabelo ainda úmido da ducha. Ela levantou uma sobrancelha, mas seu corpo reagiu imediatamente, os seios lhe doendo. Sob o fino top sentia os mamilos em ponta. —Vais dormir aqui outra vez esta noite? Ele jogou para trás as cobertas. —É a única maneira em que vou conseguir dormir algo. Se não me quiser na cama, pegarei uma cadeira. —Não, nos ajeitaremos esta noite —se deslizou entre os lençóis, seu coração pulsando um pouco virou e empurrou as mantas longe dela para expô-la antes de lhe levantar o top de seu estômago. Suas mãos se posaram em cima da barriguinha arredondada, então a rodeou e se inclinou para pressionar seus lábios contra sua pele. —Olá aí dentro. Prestem atenção. Sou seu pai falando. Sua mamãe está um pouco assustada por esta coisa de gêmeos. Vamos ter que tranqüilizá-la, assim que nada de chutar muito forte no 138
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início. Lhe dêem um pouco de tempo para acostumar-se. —O livro de bebês diz que um bebê pode ouvir e reconhecer finalmente nossas vozes, mas não tão cedo. —Mas não estão falando de nossos bebês, Briony. Eles me ouvem. Eles sabem. E não vão ser pequenos soldados para Whitney e seus fodidos planos. Briony sorriu. —Se realmente estiver tão seguro de que podem te ouvir, pare de xingar. Sairão dizendo a palavra F e direi ao doutor que você as ensinou. —Sinto muito. Foi um tropeço, meninos. Não digam essa palavra. —Meninos? —agarrou-lhe a cabeça com as mãos, forçando-o a olhá-la—. Meninos não. Os meninos são difíceis. Fazem todo tipo de coisas de meninos. —Garotas não, Briony. Pode ver-me tratando de criar duas meninas pequenas? E o que ocorrerá quando crescerem e alguns meninos queiram um encontro com elas? —Gemeu e se estirou uma vez mais, ficando de lado para sustentar-se sobre um cotovelo—. Encerraria às garotas em armários ou passaria minha vida eliminando a otimistas adolescentes brincalhões. —Otimistas adolescentes brincalhões? —disse ela como um eco. —Teríamos que ensinar às garotas em casa e colocar uma cerca elétrica de arame de espinheiro de doze pés de altura completada com um sistema de segurança. —Me deixe pôr isto em claro. Se tivermos meninos, podem correr selvagens e ser livres, mas nossas filhas estarão encerradas em armários e atrás de grades todo o tempo. —Correto —esteve de acordo Jack—. Ken e eu podemos controlar meninos, Briony, mas não garotas, assim isso mantenha na mente quando tiver a estes bebês. Lhe tocou a mão. —Odeio ser a única em te dar as más notícias, mas você determina o sexo do bebê, assim se tivermos garotas, é sua culpa. O toque de sua mão, leve e suave sobre a sua, expulsou o ar de seus pulmões. Olhou fixamente ao teto e se perguntou tinha conseguido tanta fortuna, tê-la em sua casa, em sua cama, deitada na escuridão provocando-o. Não parecia possível. Sua vida era o que tinha eleito e não tinha queixa. Estava acostumado ao silêncio. A estar sozinho. Eram dias quando não falava com outro ser humano, e semanas quando passava sem conversar com ninguém mais exceto com Ken. Sempre se tinha considerado um solitário, era mais seguro para todos, mas agora, com Briony deitada a seu lado, seu corpo quente e suave e seu aroma provocando seus sentidos, sentia uma estranha sensação de paz. —Uma coisa estranha —fez sua confissão em voz alta, sem saber por que, mas querendo que ela soubesse—. Nunca me relaxei com ninguém ao redor, não o bastante para dormir. Inclusive fora no campo, tenho que partir longe de todos ou não fecho os olhos, mas você me relaxa. Antes, quando estávamos juntos, pensei primeiro que era o esgotamento, e depois o sexo, mas é você — pressionou a mão sobre o coração—. É você. Ela ia destroçá-lo quando tratasse de deixá-lo, e o faria, possivelmente não agora, ou em um mês a partir de agora, mas cedo ou tarde suas maneiras ditatoriais lhe fariam precisar rebelar-se. Não podia entender os demônios que o guiavam. Infernos, ele não podia, por que deveria esperar ele que ela o fizesse? —Pensei que podia relaxar contigo porque me defendia das emoções, mas essa não é a razão —ela se virou para ele, seus dedos lhe acariciando a cara, como se pudesse ler sua expressão—. Não acha que Whitney pudesse fazer isso também, verdade? —Não —sua voz se voltou cruel—. Whitney não quer fazer fácil a ninguém, Briony. Ele poderia te haver mantido com uma âncora, mas deliberadamente te colocou em uma família onde estaria frente ao público diariamente. Tinha que interagir. Esse era seu propósito, para seus pequenos experimentos. Do que parecia? Podia encontrar uma maneira de vencer a dor? Vencia suas diferenças vivendo em uma família normal? Bastardo. Ele sabia que ias sofrer cada maldito dia de sua vida e existia a possibilidade de que sua família te rejeitasse finalmente. 139
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—Pensaram que era autista no início. Mamãe me sustentava e sentia tudo o que estava sentindo, sabia o que estava pensando, e doía tanto. Estava acostumado a me curvar em uma bola sob minha cama e me ocultar. Ela chorava e chorava e eu sabia que estava lhe falhando. Sua mão encontrou a dela. —Isso são sandices, neném. Não falhaste nunca com ninguém em sua vida. Fez o que devia para viver em uma família e encaixar. Whitney necessita que alguém o mate. Briony se aconchegou mais perto dele, tão perto que ele pôde sentir sua respiração contra seu peito. —Bem, não o faça esta noite. Estou pensando que vou ter pesadelos sobre pequenos meninos correndo selvagens no bosque e eu caçando-os. Se me acordado gritando, será sua culpa. Ele amava a nota suave e sonolenta de sua voz; era tão sexy como podia ser. Como seria se fosse normal? Não sabia. Ken não sabia. E duvidava se Briony saberia jamais. Mas ela estava com ele agora, e podia envolvê-la em seus braços, e de algum jeito as lembranças do sangue e a morte pareciam estar longe.
Capítulo 14
—Oh é um anjo —Ken se inclinou através da mesa e plantou um beijo em Briony—. Quem diria que esta mulher gostava de cozinhar? Se case comigo agora mesmo. Escaparemos juntos. —Se afaste dela —disse Jack brandamente. Ele tomou um pedaço do suave omelete em sua boca—. Tive a sensatez para engravidá-la, assim simplesmente se retire. —Boa comida e uma mulher bonita não melhoraram muito seu caráter —se queixou Ken—. E ter um bebê não melhorou sua linguagem tampouco. —Não um bebê —corrigiu Jack—. Dois. Briony riu brandamente, sacudindo a cabeça para ele. Havia uma nota de orgulho em sua voz que não se incomodou em ocultar. Uma totalmente estranha com suas resistentes feições com cicatrizes. —É tão presunçoso. O som de sua risada se deslizou sobre sua pele como dedos percorrendo suas terminações nervosas até revolvendo seu corpo em outra ereção. Ele poderia sentar-se em frente dela cada manhã, bebendo do seu cabelo enredado e seus olhos brilhantes, sua risada ensolarada. Inclusive se Ken deliberadamente o provocava fazendo olhinhos para ela —Bem, se for insistir em gêmeos cada vez que me engravide, isto é uma armadilha —disse ela e se estirou para derramar café na xícara de Ken. —Ainda assim seu café é grandioso —disse Ken. As sobrancelhas de Briony se elevaram juntas em um enrugamento. —Como poderia sabê-lo? Cada vez que trato de tomar uma xícara, seu irmão o joga na pia. Jack levantou o livro que tinha aberto na mesa. —Isto diz, justo aqui, que a cafeína não é boa para ti ou para o bebê. E precisamos de fruta fresca, não suco. Tem alguma idéia da quantidade de cálcio que necessita? Ela arrancou o livro da mão dele e o jogou através do quarto com suficiente força para golpear a parede. —Tem que deixar de ler desse Livro de Satã. Está claramente começando a te obcecar. —Rebelião! —Ken lhe sorriu abertamente—. Eu sabia que ocorreria. Não pode te meter com o café de uma mulher, Jack. Olhe, coração, se te casares comigo e cozinhas três refeições por dia com um pedaço ou dois diariamente, deixar-te-ei ter todo o café que deseje. —Quão bom é que me permita isso… —Briony chutou sua canela sob a mesa—, só aparenta 140
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ser o irmão doce e afável, não me casarei contigo, assim terá que cozinhar. —Isso não é certo —Ken protestou esfregando a canela e tratando de parecer patético —. Ainda estou crescendo e tudo o que me põem por aqui são listas de trabalho —tirou uma pequena caderneta e a lançou a seu irmão. Não há combustível para me mover. —Ela não vai cozinhar tuas refeições, Ken assim deixe de choramingar —Jack lançou um olhar a Briony—. Disse que choraria. —Enrolaria —Ken corrigiu—. Enrolar soa muito melhor que choramingar. Rindo-se Briony sacudiu a cabeça. —Os dois estão loucos, assim posso caminhar pelo pátio agora? —Só temos um jogo de alarmes —disse Ken—. Pequenos estroboscópios que se acenderão para nos alertar se alguém tenta quebrar os parâmetros. É bastante seguro. Jack a olhou com alarme. —Planeja dar um passeio hoje? Ela assentiu com a cabeça. —Se tiver tempo, eu gostaria de fazer um pouco de limpeza e procurar algumas coisas para o jantar. Ele sacudiu a cabeça. —Não tem que fazê-lo. —Idiota —Ken assobiou, tomando um guardanapo e arrojando-o para seu irmão—. Está louco? Não o escute, Briony se quer cozinhar, faça-o de verdade. —Eu gosto de cozinhar, Jack, é algo que sempre me interessou fazer, nunca tive a oportunidade de fazê-lo muito, mas agora tenho vários meses para tentá-lo. —Comprei-te algumas cadernetas de esboços no outro dia —disse Jack—, deixei-os no quarto grande sobre a mesa de café junto com outros utensílios de desenho. —De verdade? —os olhos de Briony se acenderam—. Obrigada por recordá-lo. —Ele esteve olhando toda a manhã um livro de móveis —lhe confiou Ken—. Pensa que pode fazer um berço melhor que o que possa encontrar em outra parte, e provavelmente pode fazê-lo. Acredite isso ou não, meu irmão tem um dom para isso —havia uma nota singular de orgulho da voz de Ken. Jack lhe jogou um olhar reprovador e então apanhou a expressão no transparente rosto de Briony. Olhava-o como se o sol se levantasse e ficasse com ele. Sua expressão moveu algo em seu interior e o incomodou. Ela tinha uma idéia equivocada sobre ele. Uma parte dele o amava e a outra parte —a parte sã— o odiava e o condenavam a um inferno. Havia princípios de amor em seus olhos. Entre Ken e Briony se sentia como uma fraude, matavam-no com sua fé nele. Levantou-se abruptamente, esteve perto de derrubar a cadeira para tirá-la do caminho e lhe tomou o queixo com a mão, não tinha tido intenções de tocá-la ou inclusive procurá-la, mas não pôde deter-se. —Permaneça perto da casa —lhe advertiu bruscamente e se inclinou para lhe acariciar a boca com a sua. O calor flamejou imediatamente, no momento em que seus lábios flutuaram placidamente contra a suave curva dos dela. Sua mão se deslizou até a nuca, inclinando a cabeça para ter um melhor ângulo, assim sua língua pôde afundar profundamente, provando, acariciando, explorando sua incrível boca. Afastou-se abruptamente —seu instinto de conservação o deteve— pressionou sua testa com a dela respirando profundamente. —Recorda uma coisa, se decidir que quer te casar terá que ser comigo. Briony o observou sair batendo as portas da cozinha atrás dele. Suas sobrancelhas se elevaram quando ela se voltou para Ken. —Feche a boca, coração, esse é Jack tratando de ser romântico e falhando miseravelmente. Não deixe que escape com essa merda tampouco. Se for te pedir isso faça com que ele percorra todo o caminho. Já sabe, fincando em um joelho, parecendo estúpido. Briony quase se engasga. 141
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—Isso é cruel Ken. Ele se inclinou para aproximar-se dela. —Se o fizer Briony, me avise primeiro para que o grave em vídeo. Poderia chantageá-lo pelo resto de sua vida. —Nunca se pôs que joelhos por ninguém —apontou ela tomando os pratos e levando-os para a pia—. Isso nunca acontecerá. —Poderia te equivocar, Senhorita Jankins —Ken empurrou a cadeira e segurou seu chapéu—. Acredito que por ti ele o faria que por ninguém mais. Briony o olhou sair pela porta de trás e caminhar pelo atalho para a loja, tomando a mesma direção que Jack. Ela suspirou e virou, fiscalizando a grande cozinha com seu piso de madeira e grandes janelas. Parecia-lhe bonito, os espaços totalmente abertos, luzia —e se sentia— como seu lar. Olhou para trás da janela, sua vista procurava Jack. —Por que me sinto tão perto de ti? Por que sinto como se te conhecesse melhor do que te conhece você? Pôs os pratos na pia e vagou pela casa, explorando vários quartos. Era óbvio para ela que os dois homens tinham planejado cada parte da casa com cuidado. O estilo de Ken era claramente diferente ao de Jack —ainda havia toques aqui e ali que recordavam a seu gêmeo. Gostava dos adornos e a música do oeste, e também tinha um gabinete de armas ao lado de sua cama e o outro em seu escritório —tal como o tinha Jack. Jack tinha montões de livros por toda parte. Briony recuperou o livro de gestação e o levou a seu escritório. Deteve-se na entrada com o cenho franzido. O escritório estava terminado, paredes em seu lugar, um bonito e único em seu tipo de escritório que suspeitava que Jack tinha construído, os montões de papéis, e uma caixa que continha um computador novo. Ao lado da caixa estava outro cartão que continha papel, mas este estava aberto e havia uma coluna tão larga como seu braço de papel estendido através do escritório e sobre o piso. Aproximou-se para examinar os apontamentos escritos à mão. Dois separados garranchos masculinos, um expressando em términos muito crus que Ken poderia colocar o computador em algum lugar impossível de empurrar e que Jack não iniciasse a coisa. Ken respondeu com uma larga dissertação sobre computadores sendo uma necessidade para sua nova aventura empresarial e Jack poderia simplesmente sair de sua cova e deixar de lhe causar dor de estomago. O resto das notas era um argumento diário em curso sobre quem ligaria o computador e o gozaria. Ken era firme em que isto era trabalho de Jack já que ele ia ter que tratar com toda as pessoas reais, e Jack declarava que absolutamente não tocaria na máquina sob nenhuma circunstância. Briony tirou o computador da caixa e viu que este era um modelo muito decente, um que certamente poderia ser usado para o tipo de negócio que Ken queria tentar. Passou a seguinte hora montando-o e conectando vários cabos e terminais com pilhas de reserva e protetores de linha e finalmente com a impressora. Duvidava se Jack em realidade o usaria, mas carregou programas de software que Ken tinha comprado para isso de todos os modos. Afundando-se na cadeira, abriu o livro de gestação, e observou cada capítulo com cuidado antes de alcançar um marcador indelével negro de uma gaveta do escritório. Com muito cuidado e precisão apagou cada referência à cafeína que se poderia ter encontrado no livro. —Nunca te interponha entre uma mulher e seu café, Jack —murmurou em voz alta. Briony se jogou para trás com um sorriso satisfeito antes de examinar o livro outra vez, esta vez lendo com muito mais diligencia, escurecendo tudo o que não aprovava e fazendo suas próprias notas nas margens, antes de fechar o livro e deixá-lo no dormitório de Jack. Deixou-o sobre seu aparador, exatamente onde ele estaria seguro de encontrá-lo. Rindo, voltou para a cozinha para fazer o almoço dos homens. Encontrou aos irmãos na ala de Ken da casa, em seu quarto de banho, terminando de colocar os últimos azulejos, discutindo um com o outro, de maneira parecida com as notas sobre o computador. Ambos os homens devoravam os sanduíches e a limonada enquanto ela 142
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inspecionava o grande quarto. —Isto é belo, Ken... a ambos gosta de ter espaço. Ken cabeceou. —Pensamos muito sobre o que necessitávamos antes de desenhar a casa —lhe sorriu—. É obvio não tínhamos considerado crianças. —Bem, a segunda recâmara facilmente pode ser convertida em quarto para o bebê —assinalou ela—. O quarto ainda não está preparado na ala de Jack, mas não parece como se levasse muito para deixá-lo preparado antes que chegue o bebê. —Bebês —corrigiu Jack—. Vamos ter dois. —Não penso nisso —deu de presente um enrugar de testa—, um é tudo o que posso assimilar por agora, assim pare de me dizer isso, o doutor podia equivocar-se. Jack elevou uma sobrancelha. —Vimos dois corações e escutamos dois pulsos, não acredito que exista muita dúvida neném. Briony o olhou furiosamente e se afastou. —Volte para o trabalho. O sentimento de estar em casa permaneceu com ela com o passar do dia enquanto fazia a lavagem e examinou a fundo a despensa para ter idéia de com que podia fazer as comidas. Quando pôde fez umas listas de tudo o que pensou que poderiam usar, para que na próxima vez que um dos gêmeos fossem à cidade pudessem recolher mais provisões. Não importava quanto se dissesse que não se acomodava a neste lugar –e com este homem– parecia encaixar. O pôr-do-sol era espetacular e Briony saiu ao terraço para vê-lo. Ambos os homens estavam na oficina nesse momento, trabalhando em algo que ela incluso não podia ver. Tinha bastante certeza de que Jack estava começando o berço e fazia planos para outro quarto em sua ala para terminar. Briony desceu do pórtico e inalou o leve vento, tomando o rangente ar da montanha em seus pulmões. A casa estava imaculada e o jantar cozia a fogo lento. Inclusive tinha engenhado para fazer um bolo para a sobremesa. Sentiu-se a salvo e segura. Jack e Ken a deixaram sozinha para fazer o que desejasse enquanto eles se dedicavam a seus assuntos. De vez em quando, Jack tocava sua essência roçando sua mente com alguma anedota sobre o Ken, e isto a fez sentir ainda mais uma parte dele –o laço que os gêmeos compartilhavam– como se ela realmente pertencesse aí. Encontrou-se a si mesma rindo outra vez do dia e a parte mais estranha foi que embora realmente perdeu a sua família, não havia nenhuma dor, não havia nenhuma enxaqueca, não se forçava a fazer coisas que doíam como o inferno. Poderia ser feliz aqui neste lugar. Era feliz. Briony explorou o pátio dianteiro primeiro, observando onde teria posto flores se a propriedade fosse sua. Havia dois lugares realmente bons, e a um lado da casa havia um jardim já plantado em largas e cuidadas filas. Cercando a área, para manter longe os cervos e outros animais, e podia ver que tinha um sistema de irrigação, alimentado por um arroio. Nunca tinha pensado que Jack e Ken tivessem um jardim, mas ela teria que tê-lo. Provavelmente eles poderiam viver nas montanhas por meses –possivelmente anos– sem necessitar nada de fora. Começou a correr, desfrutando da sensação de seus músculos enquanto se estiravam. Duas vezes saltou sobre os ramos baixas das árvores, só porque podia. Não era de se estranhar por que os homens amavam estar aqui em cima.
—É momento de deixar isso —disse Ken—. Não pode trabalhar toda noite, de todas as maneiras Jack, tem uma mulher e ela não está ainda em seu bolso. —O que significa isso? —Significa que terá que lhe fazer um pouco de cortejo irmão, você sabe, de fato ser agradável. —Realmente está desfrutando disso, não é? —demandou Jack dando uma última passada à madeira assentada sobre a mesa. Levantou a cabeça e subitamente correu sujeitando o rifle atrás 143
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da porta. —Que diabos? —Ken empreendeu a correr para alcançar a seu irmão. —Alguém disparou o alarme justo dentro do grupo de árvores à esquerda da casa —disse Jack lançando o rifle a seu irmão enquanto ele apertava o passo. O indicador começou a piscar—. Te assegure de que Briony esteja a salvo, vê ao túnel e me espere. Ken apanhou a arma no ar enquanto corria dirigindo-se rapidamente para a casa. Atravessou as portas gritando o nome de Briony enquanto escutava o anel de ecos através das habitações vazias e seu coração se afundou quando se voltou para seguir a seu gêmeo. Não está aqui Jack, foi embora. Durante um momento Jack pensou que em torno lhe oprimia o coração. A dor se pulverizou através de seu peito —real, físico—. Seu ventre se retorceu em um duro e contraído nó. Maldição! Briony! Me responda agora! Seguiu correndo, permanecendo nas sombras das árvores, usando o cheiro, respirando profundamente medo por ela, a cólera de que não tinha estado vigiando-a mais de perto. O que ocorre Jack? O som de sua voz tocando sua mente como uma carícia foi quase mais do que podia compreender. Por um momento quase não pôde acreditá-lo e continuar correndo. Usava uma grande velocidade tal que era uma figura imprecisa cintilando através do arvoredo. As armas eram sólidas em suas mãos, tão familiares que pareciam parte dele e todo o tempo sua mente trabalhava, planejando sua estratégia para descobrir ao intruso e desterrar a ameaça. Então compreendeu —soube que estava viva, soube que não a tinham apanhado. De fato suas pernas se debilitaram em reflexo —algo que nunca lhe tinha passado na vida. Ponha-se coberta; vá às árvores e te mescle com seu entorno. Permaneça muito quieta. Ken irá atrás de ti. Sua voz era dura, como os impulsos de seu coração. Ela tinha muito que responder e isto não ia ser agradável. Condenada por lhe fazer sentir o terror, por lhe fazer perder o equilíbrio por um instante. Briony não fez perguntas. O frio gelado de sua voz a precaveu —Jack estava mais que zangado com ela. Olhou para a direita e a esquerda para assegurar-se de que estava sozinha. E subiu aos ramos baixos de uma árvore. Escalando rapidamente ao pavilhão mais espesso, mudando as cores para mesclar-se com a folhagem. Levava uma calça bege e uma camiseta cinza suave e bege. Esperava que as cores neutras ajudassem a camuflá-la entre as densas folhas. Não era que esquecesse que estava em perigo —era só que se sentiu segura— estúpido, estúpido engano. Tinha acudido a Jack Norton por lições de sobrevivência. E tinha a impressão de que ia receber uma que nunca esqueceria. Não havia nada politicamente correto em Jack, era muito capaz de violência extrema, mas jamais, nem por um instante pensou que pudesse machucá-la e... de onde vinha essa confiança? Briony se esmagou contra a árvore, tratando de figurar-se como e por que estava com Jack. Por que se encaixavam tão bem? Porque ela sabia o que eles eram —mesmo que ele não— e ela se aferraria a isso quando ele viesse a ela ferozmente zangado por sua estupidez. O vento era mais forte no pavilhão, e ela inalou, esperando pegar o aroma de qualquer intruso e calcular onde estavam Jack e Ken. A Jack, descobriu-o em seguida, movendo-se rapidamente para ela. Havia algum outro, alguém que não se banhava freqüentemente e cheirava como a animais, suor acre e sujeira. Há um homem justo ao sul de ti Jack. Sua advertência não foi necessária. Jack sabia a localização precisa do homem vagando por sua propriedade. E sabia pelo aroma quem era, assobiou e assinalou a Ken que girasse ao redor e ficasse atrás do intruso. Fique onde estas, não quero que te veja. Ken se moveu até a posição, adaptando-se aos altos ramos da árvore, rifle em mão, o olho na mira. É o velho Brady. Jack xingou por baixo. Poderia ser uma armadilha, poderia ser que esse bastardo usasse a um ancião necessitado, vigie suas costas Ken e mantenha um olho em Briony. 144
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Estou cuidando suas costas, seja cuidadoso. Agarrarei-o se tiver que fazê-lo. Jack apertou os dentes para evitar insultar a seu irmão. Tomou uma profunda inalação e a deixou sair, deixando que o gelo substituir a descarga de adrenalina através de suas veias. Faremos isto de acordo ao livro Ken. Não temos opção, ela é primeiro, você vai depois eu tirarei o inimigo e você protegerá a Briony. Você será pai Jack, sua vida… Não me fodas argumentando isto comigo, vê o objetivo primário e provê a proteção. Pela primeira vez em sua relação de trabalho Ken duvidou. Jack meio retrocedeu outra ordem e continuou correndo, até que esteve a um par de jardas do intruso. Usava a cor do bosque em sua pele e suas roupas refletiam seu entorno assim era quase impossível vê-lo. Congelou-se em seu lugar, sem fazer nenhum ruído, esperando que o velho montanhês fosse a ele. Ken não tinha outra opção que proteger a Briony e deixar o alvo para Jack. Brady O'connor tinha vivido no bosque mais de trinta anos, tinha vivido principalmente em uma cova várias milhas ao leste dos limites da propriedade Norton. Vivia de apanhar animais e comer raízes. Algumas vezes acudia a Jack e a Ken quando tinha fome, principalmente durante o inverno ou quando estava ferido e necessitava de ajuda médica, não falava muito e até onde Jack sabia, ele tinha pouco contato com qualquer um fora da montanha. Se ele não estiver sozinho, eles são bons, não posso ver ninguém. O bosque está quieto; animais e aves em seus assuntos, eu digo que está sozinho, reportou Ken. Jack não pôde detectar a essência de outro ser humano através do dilacerador aroma que Brady emanava. Esperou até que o homem estivesse quase em frente a ele antes de dar um passo fora das sombras. —Brady que te traz por aqui. O velho se deteve, retrocedeu com um susto. —Não te tinha visto aí Jack —os apagados olhos foram da direita à esquerda—. Está Ken por aí? Ele disse que tinha algo extra do jardim este ano. O disse faz três semanas, confirmou Ken quando Jack lhe passou a informação. —Poderíamos arrumar uma sacola de comida para ti Brady —disse Jack—. Viu a alguém nas últimas semanas? Esteve tranqüilo aqui. O velho sacudiu a cabeça. —Viajantes e excursionistas não sobem muito. Coisa boa. Muita condenada gente se me perguntar. O radar interno de Jack cintilou à carga. Muita condenada gente Ken, compartilhou a resposta com seu irmão. Eu não gostei da maneira como o disse. Nem a mim, fique com ele, Jack, eu lhe trarei as provisões. A lâmina jazia contra o pulso de Jack onde não podia ser vista. Estou em posição, faça-o rápido e tiremos o daqui. Indicou-lhe o chão. —Você gostaria de te sentar e esperar Ken? —Não tenho café. —Ele lhe trará isso —de novo Jack enviou a informação ao Ken. —Agora que o menciona, vi a alguém bisbilhotando pelas cascatas faz um par de dias, acredito que eles tomaram minhas provisões, escondi-me no porão de raízes —o velho riu de sua própria piada, seu porão de raízes era de fato uma rede de raízes em uma pequena caverna junto às cascatas. —A quem viu bisbilhotando por aí Brady? O que pareciam procurar? —Grande tipo, falava realmente baixo como você o faz. —Procuravam algo? Brady se encolheu. —Só queria saber a respeito de alces. Disse que era caçador, mas não estava caçando alces. —Como sabe? 145
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—Há pistas em todas partes, mas ele não as olhou, acho que tomou minhas provisões, vi uma pista parcial na cova e era sua e esta era realmente sua, maldito ladrão. As provisões são a gota usual. —Jogar-lhe-ei uma olhada, Brady. Enquanto isso tome o que Ken lhe dará e vá a seu lugar de inverno. Ken deixará a sacola para você no lugar habitual. Se o tipo grande queria dizer aos Guardas-florestais onde está, eles não serão capazes de encontrá-lo. Brady cabeceou e resmungou para si. Trocaram algumas brincadeiras mais e Brady se retirou, Jack o seguiu cuidando de manter-se fora de sua vista, enquanto Ken recuperava a Briony. Ela saltou dos ramos de uma árvore, aterrissando encolhida, com o olhar tocando os duros ângulos e planos da cara de Ken enquanto confirmava. —Está zangado comigo. Tomou o pulso dela e começou a caminhar levando-a com ele. —Estou condenadamente zangado, mas mais zangado com o imbecil, assim pode respirar tranqüila, não te descabeçarei como merece. —Está zangado com Jack? Mas eu fiz isto, nos pus nesta situação, não ele. —Não, ele sozinho se assegurou que me afastasse de onde ninguém vai me disparar enquanto ele corre todos os riscos, é hora que deixe dessa merda. O fôlego lhe obstruiu na garganta. —Devia ter mais cuidado, desculpe Ken, nem sequer você devia estar em perigo por que queria dar um passeio. Antes que Ken pudesse responder, Jack veio a grandes passos pelo pátio, movia-se rápido, fluidamente como uma musculosa máquina de briga, o rosto escuro pela ira. Para horror de Briony, os homens se lançaram, caras duras, mandíbulas, olhos cinzas tão turbulentos como uma tormenta de relâmpagos. Nesse momento pareciam exatamente como poderosos guerreiros antigos igualmente parecidos. Ken lançou seu punho a Jack, uma dura ferroada na cara, Jack apenas reparou nisso e fechou ambas as mãos com força no peito de seu irmão. O golpe balançou a Ken, mas deu um passo aproximando-se, não afastando-se, olhando fixamente os olhos de Jack. —Vai ao inferno —Jack rompeu—. Não mude os procedimentos em meio de uma missão, fazemos o de sempre, é como permanecemos vivos, sabe disso, ponha sua cabeça no lugar. —Não me esconderei atrás de ti nunca mais, Jack se algo vai errado… —Que tipo de bobagens está dizendo? Estiveste cuidando das minhas costas minha vida inteira não te escondendo atrás. Toda minha vida se irá ao inferno? E você!…—a cara de Jack girou para Briony, com fúria em todas as linhas de seu corpo. Avançou para ela, seus dedos lhe sujeitaram os braços como um torno—. Alguma vez esqueçeu que está em uma situação de combate, nem por um minuto me entende? Poderia ter morrido ou ter causado a morte de alguém —particularizou cada palavra com uma dura sacudida—. Isto não é um jogo Briony, alguém te quer em um laboratório, onde poderiam experimentar, não só contigo e sim com nossos filhos. Ondas de medo, não de irritação, saíam dele. Não compreendia que usava sua fúria se açoitando em raiva para livrar do sentimento de terror que seu desaparecimento lhe causou, ela sentiu um estremecimento percorrer por seu corpo e viu que ele estava pálido sob seu bronzeado, a maior parte dele, pôde ver o terror por ela trás do frio glacial em seus olhos defumados. —Eu sei, desculpe —disse encontrando seu olhar fixamente, esperando que ele soubesse que ela entendia—. Sinto te haver assustado, serei mais cuidadosa Jack. Baixou os braços como se o queimasse afastando-se dela, e sacudiu a cabeça. —Condenada, não faça isso, não me olhe dessa maneira —se afastou dois passos mais dela. Olhava-o com algo muito próximo ao amor em seus olhos, desarmando-o, fazendo-o sentir nu e vulnerável, sem uma saída para o terrível medo que se alojou nele. Medo. Sentia a bílis em sua boca, retorcendo-se em suas tripas até que seu único recurso foi a ação de tirá-lo. Deu a volta e a deixou dirigindo-se à oficina e a seu saco de treinamento, algo que poderia golpear até que suas mãos estivessem ensangüentadas e estivesse muito condenadamente 146
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cansado para pensar mais. —Por que o bateu Ken? —perguntou Briony. —Porque ele valoriza minha vida mais que a dele. —E você não sente o mesmo por ele? —Eu não tenho a ti e aos bebês, deveria considerar isso agora entes de ficar na linha de fogo. —Não acredito que isso vá mudar, e não entendo, era só um velho —disse Briony a Ken—. Não deveria estar tão zangado. —Pense Briony, sempre tem que pensar, o velho vem aqui freqüentemente por comida ou se necessita de atenção médica, o conhecemos e o deixamos entrar em nossa propriedade. Não é exatamente correto, esteve sozinho muito tempo, mas é um homem decente. Se Whitney quer averiguar onde está, que melhor forma senão usar a Brady? Ele nunca saberia que eles o usam. Lhe coloque uma videocâmara e lhe dê a idéia de que tem que nos ver, e eles têm um espião no campo inimigo. Levou-se a mão à garganta. —Acha que fariam algo como isso não é assim? —Whitney viu nossos arquivos, Briony, não é estúpido, porquê arriscar-se enviando homens sem assegurar-se de que está aqui e observar a disposição. Também notou que não o trouxemos até a casa? Nunca o levamos até a casa. Damos a ele mantimentos e provisões, mas não na casa. Isso eles não sabiam. —Que terrível é viver assim, não acha que é ser um pouco paranóico? —Obtivemos objetivos em quase cada país no mundo, Briony, e não importa que tão secreto seja nosso status, nossos nomes se filtraram um par de vezes no passado. Alguém vem atrás de nós de tanto em tanto. Isto é nosso modo de viver, e se for ficar —tem que fazer-se seu modo de viver também. —E o bebê? —Bebês —corrigiu—, aprenderão, ensinaremos a eles. —Isto é o que ele quis dizer quando disse que eu seria uma responsabilidade —ela elevou a vista para Ken—, ele sabia que alguém poderia nos usar para persegui-lo, verdade? Se eles nos capturassem e torturassem, ele faria algo para nos recuperar, verdade? —Protegeríamos a ti a e as crianças. Não poderia estar mais segura com ninguém mais. Jack e eu, ambos estaríamos entre você e a qualquer um que trate de te machucar. —Mas quem vigiaria vocês? Trouxe mais perigo sobre vocês de mais formas das quais imaginei. —Jack e eu somos parentes, sempre seremos parentes, sempre velaremos um pelo outro, se você e os pequenos vivem aqui, é parte dessa família, assim simples. —Está de acordo em me ter aqui, revolvendo sua vida, Ken? —Diabos sim, você o faz feliz, não posso recordá-lo feliz —um suave sorriso curvou sua boca, mas não acendeu seus olhos—. E pode cozinhar, fez o jantar ou não? —havia uma nota de esperança em sua voz. O fantasma de um sorriso, que fazia jogo com o dele se estendeu por sua cara. Não podia culpar a Jack por estar zangado com ela. Não tinha pensado que vagava pelos bosques sozinha, mas devia havê-lo feito, e certamente não tinha considerado que Whitney poderia usar a um velho montanhês meio louco para enganar. Mas o recordaria e nunca sairia de sua mente de novo. Ela aprenderia seus modos, era esperta, rápida e forte e desejava pertencer a Jack. —Porei uns biscoitos no forno, e enquanto limpamos já estarão preparados —ela duvidou —. Vais chamar a Jack? —Não, você. Quando o jantar estiver pronto, só chame-o, não lhe deixe pensar nisto, já passou, terminou. —Realmente o sinto Ken. —Eu sei coração, não é um modo fácil de viver e Jack deveria te dar uma pequena pausa, mas não toma bem o medo e você o assustou. 147
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—Eu sei. Ken colocou seu braço ao redor dela e caminhou à cozinha. —Não teme que ele se zangue mais? —Por que te passei o braço? Terá que aprender a viver com isso, sinto afeto por ti, e vou demonstrá-lo, Jack é parte de mim, ele te ama e você o faz feliz, me acredite, sinto afeto por ti, só por isso, mas não é sexual, e ele deveria averiguar com que pode viver e com que não —lhe deixou cair um beijo na testa—. É bom para ele ver que não é tão mau como pensa que é. Briony lavou as mãos e pôs os biscoitos no forno. —Se preocupava que vinhesse viver com vocês no princípio, posso senti-lo. Ken se encolheu. —Jack é, Jack. Não se sabe nunca como vai reagir a algo. Esta é uma situação completamente nova para nós, e francamente não sabia como ia reagir. Ele sente as coisas muito mais profundamente que a maioria das pessoas, ou não sente absolutamente. É um rasgo difícil para ele ter que viver com isso. Briony tomou um banho rápido e se vestiu com suaves calças e uma blusa com a qual gostava de dormir, depois retornou apressadamente à cozinha para tirar os biscoitos antes que se queimassem. Deu muito trabalho juntar valor: o jantar está pronto Jack, venha comer, tratou que não lhe tremesse a voz, tratou que soasse normal, mas sabia que Jack se daria conta que estava alterada. Não podia lhe falar telepaticamente e ele não sabê-lo. Ken aspirou o ar com apreciação. —Estou me apaixonando loucamente por tí Briony. Ela forçou um sorriso ao colocar o pote de guisado no meio da mesa. —Espero que a mulher que ao fim consiga saiba cozinhar. Por um instante seu sorriso se apagou, mas se recuperou rápido. —Como vamos viver juntos poderia lhe ensinar. —Que sorte a minha —escutou a porta abrir-se atrás dela e soube imediatamente que Jack tinha entrado no quarto. Tinha estado golpeando a pesada bolsa, cheirou suor, sangue e o forte aroma masculino que lançou a seus hormônios costa acima. Sentiu vertigem, seu olhar saltou o dele, seu coração golpeando na garganta. —Cheira bem —comentou Jack, seus olhos cinzas observando-a de perto, cruzou diretamente até seu lado sem deixar de olhá-la. Jack manteve seu olhar cativo, Briony se sentiu hipnotizada por ele, estava hipnotizada. Seu coração pulsava tão forte que teve medo de ter um ataque, mas não se atreveu a levantar a mão para pressionar seu peito, tremia também tão fortemente para ocultá-lo, ele inclinou a cabeça para ela e acariciou seus lábios imóveis uma, duas vezes. —Sinto-o neném, estava mais zangado comigo que contigo, devi te dar instruções mais específicas de aonde pode ou não pode ir, sinto te haver assustado —a beijou de novo tão brandamente que seu coração deu um gracioso pequeno salto mortal e asas suaves roçaram o interior de seu estômago. —O que tem feito a suas mãos? —tomou seus pulsos e girou suas mãos para inspecionar seus nódulos —Estou bem, me deixe limpá-las para o jantar. —Farei isso —disse Briony decididamente conduzindo-o a sua ala da casa—. A próxima vez que decididas me desafiar te envolva as mãos. —Te desafiar? —as sobrancelhas dele se elevaram, não ia admitir que havia certa satisfação o golpear até que sangrasse, ela já tinha suficiente para condená-lo. Deixou que o lavasse e o aplicasse pomada antibiótica em suas feridas, desfrutando da maneira em que o tocava, suas mãos suaves e seus olhos tímidos, nos estreitos limites do banheiro, com sua limpa essência envolvendo-o, seu corpo saltava fora de controle, constrangendo-o e pulsando o sangue engrossando sua virilha. —Vou tomar um rápido banho antes do jantar, e esta noite, Ken lavará os pratos. Precisa 148
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descansar —teria optado por uma ducha fria, mas duvidava que servisse para algo. Briony notou quando se dirigia do dormitório à cozinha que o livro do bebê estava sobre a cama e marcado. Em algum momento durante o dia ele deve havê-lo recuperado do aparador e tinha estado lendo com avidez de novo. Ela riu para si mesma secretamente agradecida. Esperava que ele encontrasse seus comentários adicionais. Todo o tempo que tinha estado atendendo os nódulos de Jack pensava em lhe passar as mãos sobre seu peito e ventre, descendendo para sentir o duro vulto de sua muito evidente ereção. Amava o que poderia lhe fazer e a maior parte do tempo ela conseguia bloquear o pensamento de que o Doutor Whitney tinha orquestrado a intensidade da química entre eles. Evitou os olhos de Ken quando ela se sentou. —Vá sorriso. —Nunca o tinha escutado desculpar-se, desejei gravá-lo só para voltar a vê-lo mais tarde e saber que não me tornei louco, ele poderia ficar de joelhos e propor lhe isso —disse Ken—. E por certo os biscoitos estavam grandiosos, se Jack não vier logo, comerei-os todos até o último —para provar seu ponto encharcou um no molho. Briony sacudiu a cabeça. —Como sobreviviam antes que viesse aqui? —Não sei, não é só um anjo, é uma deusa, uma mulher deveria saber cozinhar só para ser qualificada como mulher. Briony se engasgou com o leite. —E você acha que seu irmão é machista, realmente Ken vou jogar toda a comida ao lixo por esse comentário. Por que não aprendes a cozinhar? —Posso cozinhar, tenho-o feito, somente que não posso fazê-lo assim —disse Ken—. E é obvio sou machista, mas não é minha culpa. —Sim? —Não, Jack nasceu primeiro e compartilha meus genes, não posso remediá-lo se me infectou dentro do útero. Briony rompeu a rir. —Devia saber que essa seria sua desculpa. Jack se deteve na entrada, apoiando o quadril contra a ombreira, secando o cabelo enquanto escutava a Briony e Ken lançando-se brincadeiras, ela soava feliz, cômoda em sua relação com Ken, de fato, Ken podia fazer isso, lhe gostava genuinamente das pessoas e às pessoas gostavam dele. Briony tinha esquecido de suas cicatrizes e parecia ver o homem que Jack via, um que era respeitado e amado, Jack podia ver que Ken estava relaxado e inclusive feliz na companhia de Briony. Jack examinou seus sentimentos de perto, possivelmente havia uma pontada de ciúmes, mas não pela risada compartilhada e a maneira em que pareciam tornar-se próximos, e sim por que Ken era melhor e ela merecia o melhor. Briony estava procurando a cafeteira quando ele se deteve a caminho do quarto. —Claramente estipula que nada de cafeína. O olhar dela saltou a sua cara. —Não, não o faz, li o livro inteiro e não está em nenhum lugar, terá que lê-lo de novo. —Você o fará —tirou um marcador vermelho do bolso e o levantou—. Este livro é a última edição, com um novo e importante texto. Lançou-lhe um pequeno sorriso tímido pela intimidade compartilhada Ken alcançou outro biscoito e uma faca se deslizou pelo ar para cravar-se na mesa a meia polegada de uma de suas mãos. —Retrocede ladrão de torradas. Briony elevou os olhos. —Grandioso Jack, será melhor que não faça isso diante do bebê. —Bebês —a corrigiram ambos os homens. 149
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—Maravilhoso som envolvente —se queixou Briony. Jack tirou a lâmina da mesa e a deslizou na capa de seu cinturão. —Ela disse que perdi a cabeça irmão, alguma vez me viu perder a cabeça? Ken tossiu em seu guardanapo, quase engasgando-se e Jack teve que lhe dar pequenos golpes nas costas, a mão de Jack se deteve no ombro de seu irmão e o apertou brevemente antes de sentar-se.
Capítulo 15
Briony olhou a Jack enquanto caminhava brandamente com os pés descalços ao redor do escuro quarto. Ficou-se até tarde lendo, em sua maior parte estava segura, com a esperança de que estaria adormecida quando ele chegasse à cama. Sua proximidade tinha que ser tão difícil para ele como para ela, estar continuamente rodeada por seu aroma. Era difícil estar em sua cama e não fantasiar sobre ele. —Deveria estar dormindo —lhe disse ele bruscamente, estando em pé a seu lado. Seus ombros se viam amplos, os braços esculpidos com músculos definidos e na escuridão ela não podia ver o horrível nome esculpido no peito. Era impressionante. Seu pulso riscou um entalhe. —Também deveria. Ele se apoiou por um momento, só olhando-a abaixo, quase indeciso. —Tomou as vitaminas hoje, verdade? Ele se deslizou na cama ao lado dela, não sob as colchas e sim em cima, lhe dando uma medida de privacidade, mas nenhum alívio temporário verdadeiro da necessidade sexual que a atanazava tão bruscamente. A luz da lua o apanhou durante só um momento e seus olhos brilharam como a prata, frios como o gelo e desprovidos de emoção, como se tivesse se afastado dela. —Esteve lendo esse livro outra vez, verdade? —acusou-o ela. —É um bom livro, muito informativo, sobretudo com todas as novas adições. Penso que deveríamos encontrar as específicas para tomar com os gêmeos. —És mau. Sabe que não quero pensar em gêmeos. Sempre o menciona e tem a seu irmão fazendo o mesmo, tenho dor de estômago. Seus olhos lhe sorriram. Riram. O fôlego ficou apanhado na garganta de Briony. Como podiam uns olhos ser tão planos, frios e desprovidos de emoção e no momento seguinte serem quentes, brilhantes e mover-se sobre ela com uma paixão tão crua? —Jack —disse seu nome e escutou a dor. Ele o escutou também. Ela observou as mudanças na cara, a dureza, a palidez, o ligeiro desvanecimento. Ele se retirou, mas ela sentiu como lhe tremia o corpo. —Briony —a voz de Jack era tensa, talvez um pouco muito rouca, mas não podia parecer indiferente ou ocasional quando era a última tentativa para fazer as coisas corretamente—. Quero que me escute até o final e de verdade me escute por uma vez. Sua mão encontrou a sua na escuridão. Comodidade? Uma oferta? Medo? Não sabia, porque não lhe abria a mente, não quando sabia que o que lhe ia dizer faria que pusesse ela a correr. Ele não seria capaz de suportar seu terror para com ele, sua repugnância, a repugnância ao monstro que sabia que era. Seus dedos se enredaram com os seus, fechando-os como se fossem de sua propriedade. Fechou os olhos e procurou a força interior. Por que era mais fácil falar depois de que se fechasse a noite? Briony não disse nada, mas sua mão, sustentada tão forte, deu-lhe força adicional para tentar 150
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fazê-la entender. Ele soltou o fôlego e tomou o risco maior de sua vida. —Não sou um bom homem, Briony. Segue pensando que o sou. Não quero que me venha com que não sabia onde se estava colocando. Quando saio para uma missão e tenho um objetivo, é simples para mim. Nada mais. —Foste treinado assim, Jack —disse ela com cuidado. —Não, neném. Essa é minha natureza. É o que sou. Escapei do campo rebelde, e em vez de desaparecer dali como qualquer outro faria, retornei e lhes tirei tudo o que pude. Isso não se treina, Briony, é minha natureza. Você não gosta dos conflitos e não luta comigo só para não discutir, mas cedo ou tarde vais se opor ao meu ponto de vista o suficiente para lutar comigo e não ganhará. Não o fará. Tentarei vê-lo a sua maneira, mas ao final, se pensar que sua segurança ou sua saúde ou algo mais importante para nós está comprometido, o faremos a minha maneira e então poderia querer me desprezar. —Briga de casais, Jack. Ninguém se entende bem todo o tempo, mas isso não significa que se abandonem um ao outro. Olhe para ti e para Ken. Ele é um homem muito forte e definitivamente pensa por si mesmo. Deve ter argumentos. —Ele conhece minhas motivações e me apóia quando brigamos. Aceita-me como sou. Me acredite, Briony, se pudesse, seria diferente. —O que passou hoje foi um engano estúpido de minha parte, Jack. Pus a nosso bebê em perigo. Não o pensei, mas deveria havê-lo pensado. Pedi-te que me ensinasse. Quero entendê-lo. Tinha direito de estar furioso comigo. —Bebês —a corrigiu automaticamente—. É condenadamente afortunada de que não a pusesse sobre meus joelhos. Não o fiz por que é uma mulher crescida e provavelmente agarraria uma arma e me daria um tiro depois, mas te juro, Briony, que se me voltar a assustar assim outra vez, arriscarei-me —pressionou a palma contra a palpitação de sua cabeça—. Maldita seja, sei que o faria. Seus dedos lhe acariciaram a cara. —Teve muito medo por mim… por nós. Pensou que te culparia por estar tão zangado? Ele podia sentir como lutava para entender o que tentava lhe dizer. Ele suspirou. —Meu pai era um homem muito possessivo. Não queria só amar a minha mãe, queria possuíla. Ela lhe pertencia. Era sua posse e cada vez se fez mais ciumento de tudo ou todos incluindo seus filhos. As lembranças se transbordaram e tentou afastá-los, tentou impedir o cheiro de sangue, o sangue de Ken, seu sangue, tentou impedir de sentir as surras, tantas que todas elas se juntavam até que não podia recordar o de não ser golpeado. Fraturas, contusões, caras inchadas e a fuga diante da evidência para que ninguém soubesse. O movimento constante para que ninguém nunca suspeitasse, nenhum deles pôde fazer amigos, para que nunca compartilhassem a sua mãe, preocupavam-se com sua mãe. Seus dedos apertados ao redor dos seus, seu polegar deslizando-se sobre a palma da mão. —Sinto-me possessivo contigo. Eu não gosto que ninguém mais te toque ou que se aproxime muito. Briony respirou profundamente, franziu o cenho, pensando em Ken lhe fazendo brincadeiras, rindo com ela e Jack sentado ali parecendo tão relaxado. —Me diga que aconteceu, Jack —lhe animou Briony, por que ele tinha que desabafá-lo, precisava desabafá-lo. —Ele foi cada vez pior, até o ponto que ela nos ocultava quando tinha bebido. Queria-nos mortos porque lhe tirávamos seu amor por ele, porque lhe tirávamos seu tempo. Ela pensava em nós e Deus a ajudasse, amava-nos. Estava ciumento até de seus próprios filhos. Finalmente tentou abandoná-lo por nós e a matou. —Oh, Deus, Jack. Que terrível. —Saí caminhado da pequena cabana que ela tinha encontrado para nós e o vi em pé sobre ela com seu sangue cobrindo-o e o taco de beisebol em suas mãos. Ken tinha passado por ele primeiro 151
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e estava coberto de sangue. Ainda balançava o taco de beisebol sobre Ken. O sangue estava em todas partes, por todo o chão, lubrificando os passos, salpicando sobre as paredes e os braços de Ken estavam quebrados, ambos os… —Jack sustentou suas mãos—. Não sei como o fiz, provavelmente quando saltei sobre ele para afastá-lo de Ken, mas lembro de seu sangue sobre mim, o sangue de Ken —moveu a cabeça para clarear a visão—. Estava por toda parte. Ela queria consolá-lo, acalmá-lo, sustentá-lo entre seus braços, mas não havia nenhum modo de reconfortar ao menino quando ele tinha encontrado a sua querida mãe morta e de acordo com esse momento, Jack era um jovem garoto que voltava a reviver o assassinato de sua mãe. —Juro-te, que senti algo em mim como um estalo, Briony. Disse a Ken que corresse, mas não o fez — pressionou as gemas dos dedos sobre suas têmporas—. Nunca pude apagar as lembranças, não importa o que faça. Nunca pude esquecer o aroma do sangue ou o ódio nos olhos de alguém. Ele queria nos matar e se não tivesse estado tão ávido de nos fazer pagar, devido ao fato de que era culpa nossa que tivesse tido que matá-la, teria tido êxito. Briony bateu com força nos lábios para impedir que o pequeno som de horror lhe escapasse da garganta. Jack via cada vivo detalhe, tanto que também se transbordou em sua mente. —Veio sobre mim rapidamente, sempre era muito rápido e grande —Jack a olhou— Tal como eu. O inferno o condene, tal como eu. Grandes ombros fortes e braços musculosos naturais, não trabalhados em uma academia. Era forte. Quando me golpeou eu sabia que pensava em me matar. Ela não estava ali para detê-lo e ia bater-me até me matar com as mãos nuas. Tentei agüentar e em vez de correr, Ken saltou sobre suas costas para afastá-lo de mim. Inclusive com os dois braços quebrados, Ken tentou me defender. Quando eu caí, meu pai seguiu me batendo e me dando chutes, até que já não pude respirar. Acredito que pensou, que com tanto sangue e o som de minha respiração vibrando em meus pulmões e minha garganta, estava morrendo. Deixou-me ali, sobre o sangue de minha mãe, e se virou para Ken. Ken podia haver escapado, mas não ia abandonar-me. —Não mais que você o teria abandonado —lhe recordou Briony. —Não sei como me levantei ou onde encontrei as forças para me mover, mas meu corpo de algum modo se separou de minha mente. Não sentia dor. Não sei se realmente respirava. Mais tarde, disseram-me que tinha as costelas cravadas e que isto fazia impossível que estivesse em pé, mas o fiz. Podia ver a cara de Ken, as lágrimas correndo junto com o sangue. E vi o monstro que governava nossas vidas. Meu mundo se centrou nele. Recolhi o taco de beisebol e o peguei justo como pego qualquer outro objetivo, com frieza, com precisão e bastante a fundo. —Deus, Jack. —Não senti nada absolutamente. Deveria havê-lo sentido, ele era meu pai, mas não o fiz, Briony. Não o fiz… e não senti remorso ou horror ou inclusive alegria ou satisfação de que estivesse morto. Não senti nada então e não sinto nada agora. Quando aponto para um objetivo, é sempre da mesma maneira. Minha mente se separa e não é mais que um trabalho. Ela retornou a seu lado, apoiando seu corpo contra o seu, deslizando seu braço ao seu redor. —Sente remorsos quando faz algo por Ken ou por mim. Vi-o. Cuida de nós dois. É disto do que tem medo, Jack? De não amar ao bebê e que me fosse nos seguiria e nos assassinaria? É realmente o que pensa que faria? Tentaria nos deter? —Bebês —a corrigiu automaticamente—. E eu não o tentaria, Briony, te pararia —suspirou, um som mais doloroso que esperançoso—. Quereria que tivesse um homem decente. —Não nos assassinaria, Jack. É incrível que possa conceber isso. Não poderia. Não está em ti. Certamente que tentaria nos deter se nos amasse. Qualquer homem o faria. É um homem decente, idiota. Solo é um homem difícil. Há uma diferença. E te ocorreu que tem tanto medo de te parecer com seu pai que examina seus motivos demasiado? As pessoas ficam ciumenta, possessivas e tentam aferrar-se muito forte as coisas. Conhece suas debilidades e forças. Talvez te transbordaria um pouco para manter à mulher que você gosta contigo, mas não lhe faria mal. Nunca, Jack. Não só acho, sei com absoluta certeza. —Às vezes te assusto. 152
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—Todos me assustam às vezes. Envergonha-me admitir que sou a molenga maior sobre a face da terra. É um homem que intimida um pouco pelo lado desumano e nunca sei o que vais fazer. —Ou do que sou capaz de fazer. —Não posso saber do que é capaz, Jack, mas sei do que não é capaz. Sou uma boa juíza sobre os caracteres e estive em sua cabeça. Não é capaz de assassinar a uma mulher sobre tudo se você gostar. Quanto aos bebês, Jack, nunca machucaria a seus próprios filhos. Morreria para protegêlos. É muito diferente de seu pai, mas ainda não sabe. —Te amo só pelo que é, mas eu quereria te dominar, insistiria em que fizesse a meu modo. —Como não vou ser consciente disso? Cresci com quatro irmãos, Jack. Enquanto não me considere submissa, tampouco discutirei por isso. Se for realmente importante para mim, avisarte-ei e se não te voltas atrás, provavelmente o farei de todos os modos e poderá gritar tudo o que queira. Seus olhos se encontraram com os seus, e havia algo ali na escura e perigosa piscada; mas olhando mais à frente, havia algo mais. Algo profundo e duradouro, uma emoção em que queria envolver-se. —Dou-te uma última oportunidade, Briony. Conseguirei outra equipe que cuide de ti. Pode ficar com o Lily na fortaleza. Ela é uma âncora. Não sentirá nenhuma dor ao redor dos outros. —Não estou contigo porque é uma âncora. —Maldita seja, Briony, escutaste alguma coisa do que te hei dito? Se ficar comigo, nunca te deixarei partir. Deixarei-te louca… —É uma agradável tipo de loucura, mas se não me queres aqui… Ele em realidade grunhiu, como um lobo. Ela escutou o grunhido de cólera e sua mão agarrou a sua e a colocou entre suas pernas a roçar-se sobre a dolorosa e cheia ereção. —Sente isto como que não te quero? Não posso pensar claramente com o desejo por ti, e maldita seja, tudo isto não é sobre sexo tampouco. Whitney pode pensar que nos sobre-medicou diretamente com feromônios, mas este é um inferno muito mais complicado. Minha necessidade por ti, esta monstruosa ereção, vem do coração, não só da luxúria. Houve um momento, um batimento do coração, quando ela não pensou que teria a coragem para seduzi-lo, tomar o que queria, mas então o conseguiu, conquistando o temor como sempre fazia. Não deixaria a Jack Norton escapar dela porque tivesse medo do desconhecido. Ela o queria com cada respiração que tomava, não devido à ânsia que lhe atendia o corpo e o fato de que sentisse que seus peitos aumentavam e doíam, senão pelo que via dentro dele e amava e necessitava o que e quem era. —Jack —disse brandamente—. Sempre vem à cama com muita roupa em cima. Pensa que poderia fazer algo sobre isto por mim? Ele não vestia camisa, mas usava umas suaves calças de corda de flanela em concessão a sua modéstia. Ele soltou o fôlego retido e seu corpo suspenso, os olhos cinzas movendo-se sobre sua cara com algo próximo à esperança, algo próximo ao desespero e uma intensidade tão escura de cru desejo que lhe tirou o fôlego. —Tem que estar segura que isto é o que quer, neném —lhe disse enquanto tirava o ofensivo material de seu corpo. Não era o bastante forte para mantê-la a salvo. Queria-a tão forte que queria senti-la nos ossos, diretamente sobre sua pele. Tinha-a querido do momento em que a viu pela primeira vez e mais depois de que estiveram juntos, é mais, sabia que ela era a perfeita para ele. Parte dele, a parte sã, quase a afastou, sabendo o resultado, mas seu instinto de conservação o chutou e o jogou para trás, deixando que suas mãos lhe acariciassem o corpo, com suavidade, varrendo os golpes que lhe enviavam os estremecimentos de prazer para sua espinha. Me salve, então, Briony, mas Deus te ajude, espero que saiba o que está fazendo. O fôlego se deslizou sobre ele, provocando seus sentidos, aumentando suas necessidades sexuais. Lhe beijou o queixo, mordiscando-o por um momento e logo deixou um rastro de beijos por seu peito, sobre as cicatrizes, descendo para o ventre, até que ele não pôde encontrar o modo 153
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de respirar adequadamente. A língua saiu revoando, umedecendo seus lábios como um sedoso tobogã. Ele não podia pensar claramente, só pôde ofegar quando sua língua se frisou ao redor da grosa longitude de sua ereção e começou com compridas e lentas lambidas, como se saboreasse um sorvete. Realmente nunca tenho feito isto, se o fizer errado, diga-me isso. Não há nada de mal feito. Se não desfrutar com isso… Ela o estava matando com aquela boca quente, agora molhada, tão apertada, o movimento da língua e os pequenos golpes brincalhões que quase o levaram a perder a cabeça. Ela beijou o caminho de seu eixo e através de suas apertadas bolas, a língua continuou a pequena incursão, teve que manter apertados os dentes e mesmo assim lhe escapou um gemido. Para alguém que não sabe o que está fazendo, está fazendo um maldito bom trabalho. Só sigo a pequena fantasia de sua cabeça. Infernos. Não sabia que podia fantasiar sobre isso tão bem. Sua imaginação nunca podia havêlo tomado do modo que sua boca o fazia. Ela fez um pequeno desenho em forma de oito sobre seu rígido eixo e de repente se afundou nele, amamentando-se, desenhando o fôlego desigual sobre seu corpo. Sua boca se apertou outra vez, aspirando e atormentando-o, esta vez deslizando-o devagar quase até a garganta. A eletricidade chispou ao longo de seu endurecido pênis. Estava tão duro que pensou que explodiria, mas não fez nada para pará-la. Isto era algo mais que as sensações que criava sua boca, era seu prazer, o óbvio prazer que ela tinha amando-o. Ele o sentia nela, aquilo não era falso e definitivamente Briony desfrutava disso. Mais que gozar ela mesma, estava quente e molhada, seus quadris movendo-se ao automático ritmo do deslizamento de sua boca. A língua o açoitou com calor, rodeando-o e explorando-o e logo o chupando outra vez e ele não podia deter os raios de relâmpagos que lhe atravessavam o corpo ou a necessidade de tomar o controle. Sua mão tirou o cabelo em um punho, puxando a cabeça para trás só para ter o ângulo perfeito para poder ver como empurrava mais profundamente em sua boca, então poderia assumir a direção e o ritmo. Ela vacilou e ele saboreou o medo em sua mente diante da perda do controle da situação. Isto é muito bom, neném, muito bom. Se relaxe para mim, você pode fazê-lo. Ele se retirou, gemendo quando as sensações eróticas lhe subiam vertiginosamente através do corpo. Ele empurrou mais profundamente, mantendo-a no lugar, a vista de seu pênis desaparecendo no calor aveludado de sua boca quase o conduziu a borda. Mais forte. Isso, neném. Mais forte. Ela o matava e ele não podia parar, não podia ser aprazível com ela com as bolas em tensão e os trovões rugindo nos ouvidos. Lhe ia explodir a garganta. Ele queria saborear este momento, mantê-lo na memória para sempre, mas era muito tarde, acariciava-lhe o saco, agarrando a base de seu eixo enquanto ele empurrava profundamente, sentiu a carreira de fogo através de sua coluna estendendo-se e estendendo-se quente e penetrante, até que explodiu, gritando com voz rouca, quando seu eixo fez erupção em quente, a jorro. Inclusive então não podia deixá-la ir, mantendo-a, até que francamente não soubesse se o deixava seco ou a obrigava a aceitá-lo. Briony se engasgou e depois engoliu, mantendo o olhar nada mais que com o desejo, uma tímida sensualidade e uma persistente dúvida de que não o tinha agradado. Aceitando quem era ele. Sua particular necessidade de dominar e controlar cada situação. Não havia nenhuma aversão, ou repugnância, tampouco a sombra espreitando-a na mente só o desejo de lhe dar prazer. Zangado consigo mesmo, disparou-se. Sou um fodido bastardo. És uma inocente, dá-me algo incrível e especial e eu o agarro em vez de te me permitir dar a isso. Inclusive agora, mantinha-a com os punhos no cabelo enquanto os raios corriam velozmente através de seu corpo com sua boca úmida picante rodeando-o. A deixou ir, os dedos deslizando-se com relutância de seu cabelo. Jack colocou um braço sobre os olhos, envergonhado de sua natureza e da própria carência de capacidade de controle. Tinha muitos demônios sempre o atormentando e não podia deixar ir-se assim, não podia ceder diante de sua natureza de base. Ela não o merecia. Briony se moveu, deslizando-se fora da cama, distanciando-se dele. Ele a ouviu no quarto de 154
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banho, à água correndo, a almofadinha dos pés nus quando ela voltou e se apoiou na janela, bebendo devagar. —É tão tolo, Jack. Não suporá que tem o controle quando pratica o sexo; esse é o ponto? Queria te conduzir para o selvagem, te sentir louco por mim, pelas sensações que posso te trazer. Essa era a idéia. Não sou frágil. Tenho a mesma tremenda condução que tem você, os mesmos feromônios, a mesma fome terrível por ti. Para mim, foi maravilhoso, apaixonante e muito, muito sexy. Sentir suas mãos sobre mim, sabendo que te tinha levado ao limite, era perfeito. Deixou cair o braço para baixo e a olhou, os olhos eram prata brilhante à luz da lua. —Tem idéia das coisas que quero te fazer? —a voz áspera, já espessa pela luxúria—. A potente poção de Whitney, meus sentimentos por ti e minha necessidade pelo constante controle são uma má combinação. —Talvez sejam uma grande combinação, alguma vez pensou nisso? —ela se sentou no suporte da janela e bebeu a goles a água do copo—. Talvez só tem medo porque o puxão é tão poderoso. Talvez tem que controlar a todos e a tudo em seu ambiente porque tem medo de perdê-los, assustado porque lhe firam. A hipótese é, sujeito duro, que todos perdemos as pessoas, todos somos feridos, é parte da vida. —Assustado? —ele se sentou, os olhos estreitos e perigosos. A ereção tinha retornado, estava duro e dolorido como antes, como se a combinação de seu aroma fosse uma droga que o enchesse de matéria prima, dolorosa fome que não podia ser aliviada—. Olhe-me. Pensa que isto é normal em mim? Estou tremendo pelo que te quero assim me condene muito. —E é algo errado? Jack —sua voz o acariciou, sussurrando sobre sua pele até que ele juraria que sentia sua boca sobre ele outra vez, seu fôlego—. Pensa que não me sinto da mesma maneira? Vazia e incompleta? Tão molhada que posso sentir o fluido gotejando ao longo de minha coxa. Jack passou ambas as mãos pelo cabelo, um gemido lhe escapou com essas palavras. —Maldita seja, não diga essas coisas. Quero enterrar as bolas profundamente em ti e se me tentar… —Tenho que supor que nunca terei nada ou a ninguém comigo devido a um pouco de medo? Vivi com medo toda minha vida. Você só lida com isso, Jack, você não permite que te conquiste. —Te protejo. —Da maneira que faz com Ken? Alguma vez te ocorreu que não queres que goste de alguém porque então teria que aceitar um pouco de proteção? Ken poderia morrer por ti, de fato quase morreu por ti e isso não é aceitável, verdade? Só você quer escolher, mas a vida e as relações não funcionam dessa maneira. Ken é parte de quem é, mas inclusive então, você não gosta de deixar o controle, verdade? —Vais colocar-te em problemas, Briony. —Por que? Por que não pode aceitar a verdade? Quer-me sob suas condições. Quer que fique e te aceite como é, mas maldito seja se aceitar quem sou. Sou uma mulher com minhas próprias necessidades. Não vou permitir que um pouco de medo fique em meu caminho, especialmente se a experiência é tão prazenteira. —Não tem nem idéia de quais são minhas necessidades, Briony, o que está pedindo. —Peço-te que me ame, Jack. Se pode me amar e me aceitar, posso fazer o mesmo por ti. Posso te dar algo que necessita. Não quero estar aqui, te obrigando a que deixe sua vida por mim porque fizemos um bebê juntos. E não sou nenhuma mártir para deixar minha vida por ti por nada em troca exceto proteção. Jack estendeu as mãos, as palmas para cima. —Isto é, Briony. Isto sou eu te amando. Nunca hei sentido por ninguém mais ou quis em minha vida da maneira que faço por ti. Não sei como ter um romance com uma mulher, ou como ser gentil ou tenro… Ela negou com a cabeça. —És tão triste, Jack. É muito romântico, gentil e tenro. Não o vê por ti mesmo absolutamente. —Você não me vê. Aumentaste-me em sua mente por que te protejo da dor —ele não podia 155
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retirar o olhar do seu, não importava quanto queria afastar-se, caminhar para a noite. Os demônios rondavam esta noite, lhe exigindo coisas, melhor era que partisse sozinho, embora ela estivesse em pé ali, com a suave pele e o bonito rosto e seus olhos muito inocentes lhe perguntando se a amava. Como infernos saberia que é o amor? Obsessão, sim. Dominação, sim. Mas amor? Vendo como a feria. Isso contava? Querer manter seguro seu sorriso, ver a luz em seus olhos quando o olhava. Que diabos era o amor? —Assustei-te quando tomei o controle. Não podia parar e você soube. Vi o medo em seus olhos, senti-o mover-se em minha mente e não podia parar, não podia te deixar partir e te devolver o controle. —Certamente que tinha medo. Estava fazendo algo que nunca antes tinha feito, mas isso faz parte do entusiasmo. Confio em ti, Jack, mais do que confia em ti mesmo. Estava em minha mente, senti-te ali, dirigindo minhas ações e sabia que amava cada minuto do que estava fazendo. O medo não importava, nunca importou, sentia-me mais poderosa do que nunca me tinha sentido em minha vida. Mais bonita, sexy e quente. Queria-te tanto que queria que se sentisse exatamente da mesma maneira que te sentia. Olhou o movimento de sua garganta, olhou como engolia. Inclusive aquela pequena ação ordinária era atrativa para ele. A pele muito tensa para seu corpo e o sangue lhe golpeando na virilha. Infernos sim, tinha medo. Se lhe permitia tudo a sua maneira, e de algum modo, de algum jeito, a feia sombra do homem que era seu pai que ocultava profundamente em seu interior onde nunca queria olhar era a escapatória, destruiria à mulher que lhe importava. Ele era muito fraco para afugentá-la. Tinha-a tido agora e pensar nos intermináveis dias e as noites sem ela era suportar muito. —Tire o top, Briony —sua voz soava rouca, mas havia uma ordem onipresente nisso. Não poderia mudá-lo embora quisesse. —Meu top? Ela pôs o copo no suporte da janela e agarrou a prega da camisa, os braços cruzados, atirando para cima em um lento movimento para que polegada a polegada a lisa extensão de sua pele pêssego e creme fosse revelada. As costelas, os firmes globos, arredondados e os mamilos rosados escuros. Briony tirou a camisa pela cabeça, tentando não gemer quando o material lhe acariciou os sensíveis mamilos. Deixou a camisa em volta, a luz da lua transbordando-a, lançando uma auréola de prata ao redor dela. As sombras acariciaram seu corpo com amor. Cada fôlego que tomava levantava seus peitos, até que os mamilos se moviam à escura sombra da luz de prata. Embora não fosse possível, o corpo lhe endureceu e esticou mais. Não a merecia, mas ia possuí-la e a mantê-la. Talvez não era a maneira de lhe brindar o amor, mas lhe daria tudo o que tinha, tudo o que era. Jack umedeceu os lábios e esperou até que pôde respirar. Seu pênis estava tão duro como uma rocha enquanto saltava em seu ávido corpo e sua mão a rodeou, acariciando-a, da mesma maneira casual que levava sua nudez. —Se desfaça das calças, doce, não as necessitaremos esta noite ou nenhuma outra noite. Durante um momento, Briony vacilou, a relutância cruzou sua cara. —Não ganhei muito peso, mas meu estômago é um pouco maior. A impaciência endureceu seus rasgos. —Sei exatamente como te vê, Briony, é tão malditamente bonita para mim e também o é seu ventre. Só se desfaça delas. A voz soava como o papel de lixa, dura e urgente, os olhos obscurecidos pelo calor. Briony enganchou os dedos nas suaves calças e se despojou delas, deslizando-as sobre os arredondados quadris e pelas pernas, onde foram se reunir ao redor dos pés nus. Deu um passo para fora e ficou em pé nua, vulnerável a suave luz da lua. Não podia olhar o caminho, hipnotizada pela maneira em que sua mão devagar acariciava o centro. —Parece muito bonita com meus filhos crescendo em seu interior —sua voz se fez mais 156
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profunda, quase perto de um grunhido—. Venha aqui —lhe indicou um ponto em frente dele. Tudo o que queria fazer nesse momento era amor com ela a sua maneira inundando-se de cada coisa que tinha ou alguma vez teria com ela. Briony cruzou o quarto, seus peitos balançando-se a cada passo, o coração acelerado e o quente fluido espessando-se com antecipação quando seu útero se contraiu. A boca lhe secou só em ver a escura intensidade em seu olhar quando se movia tão possessivamente sobre ela. Ele podia ter medo desse rasgo dele, mas ela se deleitava com isso. Sim, certamente ela sentia medo do desconhecido, ele era muito mais experiente sexualmente que ela, mas estava disposta a ir aonde a levasse, querendo a quente paixão que flamejava entre eles. Isto se estendeu por seu ventre e pela coluna, pequenos movimentos rápidos de eletricidade que faiscavam pelas terminações nervosas. Sua mão se deslizou sobre seu peito, o mais leve dos toques, mas estava ultra-sensível e tremeu sob as gemas de seus dedos. Ele dobrou a cabeça para beijá-la, pensando em ser desumano e lhe mostrar como era, mas sua boca se tornou gentil no momento que sentiu a curva de seus lábios de seda. A língua correu ao longo de sua dobra, saboreando sua suavidade, os dentes puxando de seu pleno lábio inferior, uma demanda para que se abrisse para ele. Ele se afundou no atrativo calor de sua boca quando deslizou as mãos sobre seu corpo. Sobre as costas, baixando a coluna, massageando seu redondo traseiro, até as sensações de sua boca e a sedosa pele enviando trovões que se estrelavam em sua mente. Os braços se aproximaram ao redor de seu pescoço quando se apoiou contra seu corpo, os mamilos duros que se apertavam contra o forte peito enquanto seu toque e o beijo a provocava mais. Ele levou seu tempo explorando seu corpo, lhe permitindo que explorasse o seu. Seu toque, suave e vacilante, quase o levaram fora de sua mente. —Não conseguia lhe tocar —lhe confiou ela—. Estava tão ferido, cortes por toda parte. Ainda não sei como foi capaz de ter sexo. Te olhei nos olhos e a dor estava ali, mas não em sua mente. Havia dor em sua voz o qual o golpeou no centro mesmo de seu ser. Sabia que era um homem difícil, mas ela ia até ele, e não sabia se eram os feromônios de Whitney, sua coragem, ou só o fato de que sua necessidade por ele ser tão grande como a própria por ela. —Queria que me tocasse. Passei mais noites das quais posso contar imaginando suas mãos sobre meu corpo. Os dentes a beliscaram com ao longo do pescoço e os ombros, pequenos pontos de dor, seguido de sensíveis cuidados de seus lábios. A língua provou sua pele, formando redemoinhos como o veludo sobre as pequenas dentadas, enviando açoites de prazer explodindo através dela. Suas mãos riscaram cada ferida de faca, feridas que tinha cuidado, feridas que tinha costurado. Estavam por toda parte, por todo seu corpo, frente e costas, pequenos cortes e horríveis queimaduras. Sobre seu peito, ela podia distinguir as letras com a gema do dedo, o nome do homem que lhe tinha feito isso, para sempre esculpido sobre o peito de Jack. Ele deu um golpezinho ao mamilo com a língua e ela tremeu de prazer. Suas costas arqueadas quando sua boca cobriu seu peito, quente e tensa, a carícia da língua e o jogo, enviando labaredas de excitação através de seu corpo. Ele levantou a cabeça para beijá-la outra vez e foi adicionada, a dura pressão de sua boca, a escura excitação como lava em ondas por seu corpo. Ele pressionou a coxa sobre a umidade entre as pernas, enviando um rápido dardo zumbindo através dela. Briony gritou, retirando a cabeça quando ela empurrou contra ele, montando sua coxa, para que os brilhos de calor ardessem através dela. Ela lhe acariciou o pescoço, desceu para seu peito, e se inclinou para frente outra vez para mover rapidamente sua língua sobre as mais profunda das cicatrizes, como se ela pudesse curá-lo com a úmida carícia. Seu toque se fez mais exigente, perdendo o gentil deslizamento enquanto explorava seu corpo. A fome era tão aguda, tão terrível, sua necessidade dela tão grande que se parecia com um animal, um predador, escuro e perigoso em um frenesi alimentício. Deixou cair os joelhos, as mãos arrastando-se pelos mulos afastando-os. Briony ofegou quando seu dedo empurrou profundamente em seu centro. Os músculos 157
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sujeitos fortemente, raivosos pela liberação enquanto outro jorro de fluidos traíram sua própria necessidade. Ele jurou severamente, as mãos lhe mordendo os quadris, arrastando-a para que avançasse enquanto substituía o dedo pela boca. Briony quase caiu, as pernas tornando-se gelatina, estremecimentos que lhe sacudiram todo o corpo enquanto jogava os braços tentando apoiar-se. —Jack —seu nome saiu como um soluço, mas ele não mostrou nenhuma piedade, a língua varrendo as escorregadias lisas dobras, apunhalando com força, para que lhe saísse um grito de êxtase. Ele grunhiu outra vez, a vibração enviando um espasmo através de seu útero e uma tormenta de fogo e chamas por seu sangue. —Não posso suportá-lo —gemeu ela—. Isto é muito. Ele a lambeu avidamente, desesperado pelo gosto dela, desesperado por atá-la de um modo de que poderia estar seguro. Briony agarrou seu cabelo em seu punho, tentando puxar a ele para trás enquanto suas pernas se voltavam de borracha e explorava o prazer através dela, os espasmos dos doloridos músculos quando seus dentes e a língua se alimentavam em seu canal de seda. Ele adicionou os dedos e ela realmente gritou, sua mente fragmentando-se enquanto ele a empurrava mais e mais alto. Ela não podia controlar-se mais, seu corpo atordoado empurrando contra sua boca, cavalgando seus dedos enquanto seu corpo se apertava e apertava, arrastando-a em um redemoinho de tal prazer que a fez explodir, explorando em fragmentos, os músculos contraindo-se violentamente, o calor lhe queimando o corpo e estendendo mais sua necessidade, mais faminto, até que só esteve Jack. Até que ela foi mais tanto por ele como por ela mesma. Escutou seu próprio grito de libertação, o som gemente comovido enquanto se empurrava desamparadamente contra ele. Está a salvo, neném. Segura comigo. Tenho-te. Ele baixou seu corpo sacudindo a cama, os quadris mantendo as coxas separadas enquanto ficava em pé entre as pernas e a levantou, arrastando-a até que a parte inferior dela ficasse fora da cama e só ele a sustentava. Seus olhos se alargaram e outro tiro de libertação a atravessou quando ele pressionou o amplo eixo de sua ereção nela. As chamas ameaçaram consumi-la, correndo sobre seu corpo, em seu interior e fora, entre suas pernas, sobre seu ventre, até seus peitos e mamilos. Estava esmagando-a com o prazer, lhe dando a volta e ela nunca seria a mesma. Sua cara se elevou sobre a dela, escura pela paixão, os olhos como o aço, as mãos lhe agarraram os quadris quando seu duro eixo começou a empurrar polegada a polegada através dos tensos e espasmódicos músculos, enquanto devagar invadia seu canal. Um gemido estrangulado escapou da garganta enquanto ele olhava para baixo seu estirado corpo tão tenso ao seu redor. —Está comigo, doce. Não lute comigo. Ela não compreendia que estava retorcendo-se debaixo dele, cada movimento de seu corpo, cada tensão de seus músculos enviava choques de prazer, prazer tão intenso que bordeaba a dor. —Isto é muito, Jack. Perco-me —sua voz era rouca e com pânico enquanto se afoga com as palavras. Ele se retirou e quase lhe parou o coração: então, sem preâmbulo, ele se conduziu através das lisas e as tensas dobras para enterrar-se profundamente. Briony gritou seu nome, as mãos cravando-se nos lençóis para apoiar-se enquanto seu corpo pulsava ao seu redor, arrastando-se para ele, esticando-se e queimando-se com um fogo que nunca poderia tirar. Ele era desumano, mantendo seus quadris para que aceitasse os duros impulsos. O fogo flamejou mais quente, a tensão a deixou sem fôlego até que esteve segura de que se romperia em um milhão de pedaços. Sua cabeça golpeava de um lado a outro e retorcia os dedos nos lençóis, tentando agarrar-se, mas ele era implacável, empurrando-a mais longe, até que ela quase soluçou pela libertação. —Jack. Jack —ela cantava seu nome—. Por favor. —Pode tomá-lo, neném, tudo. Todo isso, tudo de mim —a pressionou com força, estimulando 158
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sua área mais sensível deliberadamente, sentindo a reação imediata de seu corpo, a repentina tensão de seus músculos ao seu redor, contraindo-se mais e mais duramente, até que a fúria do orgasmo os balançou a ambos. Impulsionou-se por seu corpo, seu estômago e seus peitos, as ondas de choque enviadas por suas coxas e uma série de tremores principais por sua virilha, até que espremeu seus músculos como uma prensa, obrigando a sua quente libertação a enchê-la com quentes saídas a jato. Jack lutou para tomar fôlego, os quadris em suas mãos, o corpo enterrando profundamente até as bolas, exatamente como ele o necessitava, a verdadeira paz adaptando-se a seu coração e sua mente pela primeira vez desde que podia recordar. Seu pulso corria, e por um momento pensou que podia ter morrido, podia lhe haver dado um enfarte, com o prazer disparado por seu corpo, dos dedos dos pés até a cabeça. —Filho de puta, Briony. Ela respirou. —Sim, eu também —ela fechou os olhos e foi à deriva na tormenta sensual de seus pequenos tremores. Ela o sentiu mover-se, saindo-se dela, arrastando-se através de seus sensíveis nervos, para que ela se estremecesse outra vez com ondas de prazer e logo lhe passava um pano molhado entre suas pernas. Jack a recolheu como se não pesasse absolutamente, mudando-a de posição de volta à parte superior da cama e pondo o lençol e a coberta sobre ela. Desta vez ele se deslizou debaixo das cobertas com ela, colocando seu corpo ao redor do dele. —Penso que vamos ter que procurar o vigoroso sexo. O livro dizia que estava bem, mas nosso sexo não pode ser do que eles falam. Ela se aconchegou mais perto de seu calor, seu coração ainda corria descontroladamente, o corpo ainda tão sensível que até sentir os lençóis contra sua acalorada carne causava que seus músculos se apertassem com prazer. —Não sobreviveremos a outra turno assim, Jack; ao menos eu não. Ele tomou sua boca, suaves beijos aprazíveis de tranqüilidade. —Este fui eu te amando, neném e ainda não comecei.
Capítulo 16
A janela junto à cabeça do Briony estalou, pulverizando cristais a seu redor. Algo a atirou ao chão no mesmo instante em que a segunda e a terceira janela estalaram. Jack enviou rodando a Briony fora da cama até o chão, cobrindo-a com seu corpo quando a fumaça proveniente de uma lata que ricocheteava e saltava pelo chão, invadiu o quarto. Ken! Estou nisso. Não respire, Briony, conserve os olhos fechados. Não respire. Se tiver problemas, faça-me saber, ajudarte-ei. Como puderam me encontrar? Não o entendo. Não deveriam ter podido me encontrar. Não te assuste, neném. Sabíamos que viriam em algum momento. Não é grande coisa. Jack estava tão tranqüilo. Ela apertou seus olhos fechados e conteve o fôlego, desejando ter conseguido tomar ar quando caiu ao chão. Quis alcançá-lo, aferrar-se, mas lhe ouviu mover-se com algum propósito ao redor do quarto. O que está fazendo? Necessitaremos de suas roupas, o livro infantil e algumas coisas. Colocou uns jeans e uma camisa à força em suas mãos e empurrou seus sapatos perto antes de colocar suas próprias roupas. 159
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O livro infantil? Estamos sendo atacados e recolhe tranqüilamente o livro infantil? Jack, está louco! Necessitamos de armas. Tenho armas escondidas em reserva; estaremos bem. Jack soou tão tranqüilo como se estivesse atuando. Simplesmente fique quieta e mantenha os olhos fechados. Ken? Onde diabos está? Entram pela força pela sala de estar. Envia a Briony pelo túnel. Jack reuniu os últimos objetos na mochila e afastou o tapete para levantar uma armadilha com um movimento fluido, ensaiado. Não havia nada apressado em seus movimentos deliberados. Golpeou ligeiramente a Briony no ombro. Três passos até a armadilha e depois salte. Sei que não pode ver onde aterrissará, mas confia em mim, é seguro. Pode abrir os olhos uma vez que esteja no túnel. Não há gás ali ainda. Quando chegar ao chão, segue o túnel. Ken te encontrará. Sustentou-a a beira do buraco, deixando-a medir o espaço vazio com o pé. Sentiu a boca dele em seu pescoço, uma carícia de seus lábios que parecia uma despedida. Um momento! Não vais vir comigo? Jack, venha comigo. Ele ignorou o medo e o desespero em sua voz. Estarei logo ali. Vá, carinho. Faz o que te digo. Atraiu-a para ele e beijou sua boca, mantendo-a perto. Saia daqui antes que nos acabe o tempo. Briony vacilou e Jack a deixou cair na escuridão. Jack! Seu alarmado protesto foi mais brusco que outra coisa quando aterrissou feito um novelo, à espera de que seus olhos se ajustassem à escuridão. Saia daqui, carinho. Tenho trabalho que fazer. Mantenha-se com vida, Jack. Por mim. Mantenha-se com vida. O coração de Jack se retorceu em seu peito pela preocupação em sua voz, o amor que o envolvia. Não podia se permitir ao luxo de pensar em outra coisa exceto no inimigo, e o voltava do reverso. Apanhou os óculos de visão noturna e serenamente pendurou um rifle ao redor de seu pescoço, colocando duas pistolas em seu cinturão e acrescentando os carregadores de munições nas presilhas. Cobriu a armadilha e voltou a colocar o tapete antes de colocar-se a um lado da janela quebrada. As sombras se moveram rapidamente através das árvores, rodeando a casa. As luzes intermitentes de seu quarto e provavelmente do de Ken começaram a brilhar quando os alarmes dispararam. Alguém tinha usado os ramos da árvore para aproximar-se o suficiente para atirar as latas de gás através das janelas, e isso disse a Jack que ao menos alguns dos soldados tinham sido realçados. Lançou duas bombas de fumaça ao pátio, uma atrás da outra, e saiu atrás, saltando por cima do corrimão e agarrando a borda do teto para dar um salto mortal para cima. O momento em que pisou, soube que não estava sozinho. Cheirava o suor, ouvia o ar sair ansiosamente de uns pulmões e se girou para o som, disparando rapidamente, às cegas, confiando somente em seus sentidos realçados. Quando puxou o gatilho, moveu-se rápido, um borrão de velocidade através do telhado, abrindo-se caminho até a ampla chaminé, a única cobertura possível. O inimigo devolveu os disparos, cintas de cor movendo-se a grande velocidade na escuridão. Jack se deslizou para a chaminé, arrastando-se e aplanando seu corpo o melhor que pôde enquanto ficava imóvel, permitindo que as sombras o absorvessem. Esperou, escutando, inspirando para rastrear a seu inimigo pelo suor e pelo cheiro, o calor do corpo, o que fosse. A fumaça cobriu a casa e as copas das árvores. Igualando terra a fumaça formava formas estranhas, de modo que os troncos das árvores pareciam emergir de nuvens escuras, turbulentas. Ouvia um roce, o som de botas examinando rapidamente sua casa, vozes informando por rádio, mas não os sons que precisava ouvir. Cheirava suor e medo e excitação junto com os produtos químicos do gás e a fumaça, mas não podia encontrar os aromas que necessitava para dizer onde estavam seus adversários. O resto não tinha importância ainda. Tinha que se livrar dos soldados realçados em primeiro lugar, e estavam o bastante adestrados para guardar a calma e tratar de lhe esperar fora. Ken retornaria logo que Briony estivesse a salvo, e se meteria em um vespeiro se Jack não conseguisse terminar o trabalho. Ao diabo com tudo, os soldados sabiam exatamente onde estava 160
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ele. Deixaria-os vir atrás dele. Ficou imóvel, acomodando o rifle com cautela, a mira em seu olho e divisando um soldado abrindo passo pelo bosque, movendo-se de arbusto em arbusto, de árvore em árvore. Jack apertou o gatilho e apontou ao seguinte alvo. Uma rajada de balas caiu ao seu redor e manteve a cabeça agachada. O sussurro de movimento no teto lhe alertou, e empunhou sua pistola e disparou três vezes para o som. Fale comigo, Jack. Pediu Ken. Uma maldição lhe disse que se anotado um tanto que embora pequeno, era um tanto. Whitney deve querer mortos a estes babacas, informou a seu gêmeo enquanto voltava serenamente para seu alvo original. E são fodidamente idiotas para vir atrás de nós. Sabem quem somos e seus egos vão conseguir que os matem. Posso cheirar o sangue de um deles. É homem morto se for o bastante estúpido para mover-se. Apertou de novo o gatilho, observando como seu objetivo caía ao chão. E por que enviaria Whitney estes infantes atrás de nós? É como apontar aos patos em um lago. Simplesmente não deixe que seu ego lhe mate, advertiu-lhe Ken. Dois soldados em terra abriram fogo sobre Jack, mas Ken tinha desenhado o teto para dificultá-lo a obter um alvo claro desde terra. Jack abateu a ambos os atiradores, logo colocou o rifle sobre o chão, puxou a pistola e começou a rodar para sua esquerda, para o aroma de sangue, e disparou de novo três tiros em rápida sucessão, antes de rodar de retorno a cobertura. Ken e ele tinham praticado os movimentos no teto centenas de vezes. Conhecia cada polegada quadrada, cada depressão, cada lugar em que um inimigo poderia pensar que estava a salvo. Um realçado há caído, Ken, disse Jack. Não podia falhar. Disparei-lhe entre os olhos se por acaso levava colete antibalas. Podem tirar o inferno de nossa propriedade ou podem morrer aqui. É sua eleição. Não me importa muito. É um filho de puta, irmão, informou-lhe Ken. Reconheceu o soldado realçado? Poderíamos saber quem é nosso inimigo. Não lhe vi, disparei pelo aroma. Está morto, entretanto, ouvi a queda, e era um morto golpeando nosso telhado. O telhado não. Maldita seja, Jack. Não baixarei sua bunda morta; terá que limpar sua própria desordem. Que diabos queria que fizesse? Jack colocou a mira em seu olho outra vez. Espera até que fique em pé perto do beiral e lhe dispare para que caia. É muito pedir? Jack afastou o olho da mira, lhe escapou um pequeno sorriso, sem humor. Sempre tinham falado um com o outro, anos atrás, quando eram meninos, muito antes da morte de sua mãe, utilizando as brincadeiras para atravessar os momentos de medo, quando seu pai estava em casa e os buscava pela casa. Mais tarde, ocorreu o mesmo nas numerosas casas de acolhida, e depois na rua. Não abandonaram esse costume, o reconfortante toque de mente a mente, saber que o outro ainda vivia, ainda respirava, que nenhum monstro tinha conseguido lhe engolir. És um maldito adoentado, sempre procurando a saída fácil. Pode arrastar sua bunda fora do teto. É um bom treinamento para ti. E deixe de perder o tempo e retorne aqui. Estou um pouco arrasado.
—Me dê uma arma, Ken —pediu Briony enquanto corria para ele—. Jack não entrou no túnel. —te tranqüilize, doce. Não tinha intenção de entrar no túnel. Encontrará-se conosco perto da mina. Manterá-os afastados, dar-nos-á uma oportunidade para sair se por acaso decidem incendiar a casa. Briony derrapou ao parar-se, retendo o fôlego. —Planejou isto? Sem me dizer nada? Por que lhe deixou jogar a vida desse modo, Ken? —Jack é Jack, Briony. Não terá que discutir com ele em certas situações, e esta é uma delas. Se tivesse que fazê-lo, te poria fora de combate e me faria carregar seu traseiro até um lugar seguro. Leve muito a sério o que se refere a sua vida, e à minha. —Poderiam o matar. Se lhe ajudarmos… —Distrairíamos ele. Não vai deixar que se aproxime desses homens, assim é que te esqueça de tratar de lhe ajudar e se mova. 161
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—Ken, sei que é um atirador, como eu. Não posso deixá-lo lutando com todos os soldados realçados que Whitney enviou —nem poderia respirar pela imagem de Jack em perigo. Começou a afastar-se pouco a pouco de Ken, de volta para a escada de mão. —Venha aqui agora mesmo, Briony —sua voz se endureceu inesperadamente, sua agradável fachada desvanecendo-se, ao ser substituída pelo mesmo tom autoritário que usava Jack—. Me confiou sua vida e me levo muito a sério. Leva a seus filhos. Traga seu traseiro aqui e deixe de pensar com o coração. —Isto não está certo —protestou Briony, indo a seu lado a contra gosto. Parecia muito capaz de atirá-la sobre seu ombro como o típico cavernícola. Lhe ocorreu que Ken era tão autoritário como seu gêmeo, só que o dissimulava melhor. —Bem ou mal, te mova —sua voz se suavizou ao tempo que lhe dava um pequeno empurrão—. Agora mesmo, todos com os que Jack se encontra são inimigos. Não tem que se preocupar com não nos disparar a nós. Encarregará-se de todos os que possa e desaparecerá. —Estão realçados. —E ele também, e aposto que tem mais experiência de combate que todos eles juntos. Vá todo reto. A passo ligeiro. Briony pressionou uma mão sobre seu estômago revolto. Tinha vindo atrás de Jack para que a protegesse, protegesse a seu bebê, os bebês, mas não tinha contado com apaixonar-se. Debatia-se entre querer preservar os filhos nonatos e retornar correndo para guardar as costas de Jack. —Deveria estar com ele, Ken. Sempre está com ele. Lutam juntos. —Esconder-te-ei em um lugar seguro e logo me unirei a ele. Mas tenho que saber que vais ficar quieta, Briony. Nada de heroísmos. —Não sou estúpida, Ken. E posso cuidar de mim mesma se tiver que fazê-lo. —Por isso tem machucados e um corte no braço. Se alguém te fizesse isso agora, Jack lhe arrancaria o coração, ou o faria eu. Ninguém te tocará, Briony. Lutará só como último recurso. —Prometo-lhe isso, Ken. Não quero perder os bebês, ou me deixar apanhar por esses maníacos. O túnel começava a curvar-se para cima, e Briony corria a toda velocidade, queria que Ken voltasse com Jack o antes possível. —Me dê uma arma e alguns carregadores, se tiver de sobra —lhe disse, por cima do ombro—. Sou boa atiradora, Ken. —Temos um contrabando de armas na mina, aqui no túnel, fora na loja, e também na casa. Se ocorrer algo, procura um homem chamado Logan Maxwell ou a Kadan Montague. Pode confiar em qualquer um deles. Não te aproxime de sua família; estarão vigiando-os. Ela rodeou uma esquina e derrapou ao deter-se. Não havia saída. —Como saímos? Ken assinalou para cima. —A armadilha. A abriremos. Alguém que entre e não saiba como sair está preso. Não nos vão apanhar em nossa própria terra, doce —lhe deu o rifle e deu um salto para apanhar uma argola grafite de negro para camuflá-la na escuridão. Deu-se a volta, pondo seus pés aos lados da armadilha e, usando as ponteiras para apoiar-se, empurrou para cima. Briony se precaveu de que só uma pessoa realçada poderia mover a porta, outra medida de segurança para os irmãos. —Se nos seguirem pelo túnel, não poderiam encontrar a porta —disse em voz alta. —Morreriam se vierem pelo túnel. Cada seção tem um detonador muito sofisticado. Não retorne ali dentro por nenhuma razão até que desativemos a segurança. —Este lugar é uma armadilha mortal. —Para alguém que nos persiga ou aos nossos —ele esteve de acordo—. Pode sair, ou necessita que te dê uma mão? —Isso é um insulto —ela deu um salto, agarrou-se aos lados da porta, e se girou facilmente, adiantando os pés e lançando-se fora. Deu uma cambalhota e aterrissou sobre seus pés. 162
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—Presumida. Eu levo a bolsa. Briony olhou ao seu redor. Estavam no bosque, a alguma distância da casa, mas podia ouvir os disparos. —Tenho medo de distraí-lo, ainda para me assegurar de que está a salvo. —Está a salvo. Preocupa-se pelo outro tipo. Se esta for alguma tipo de prova para seus soldados, Whitney deve ter mais dos que pensamos, porque estes devem ser dispensáveis. —Pensa que suspeitava que eu estava aqui? Ken franziu o cenho enquanto negava com a cabeça. —Whitney tem acesso a nossos arquivos. Tem aceitação de alta segurança. Nunca enviaria seus homens para morrer contra nós a menos que estivesse seguro. Mesmo se instalassem uma câmara em Brady, ele foi tratado sempre da mesma maneira e enviado de volta. Nunca se aproximou da casa, ou a ti. Não puderiam havê-lo sabido desse modo. —Mas souberam? Algo em sua voz lhe alertou, e se deteve no ato de dissimular a armadilha para olhá-la. —O que seja que esteja pensando, não o faça. Não nos ponha em mais perigo de que estamos normalmente. —Sim, porque têm soldados realçados lhes perseguindo todo o tempo. Estes são militares. Não podemos distinguir aos bons dos maus. Pelo que sabemos, Ken, alguns pensam que fazem o trabalho para o qual sua comandante lhes enviou. Não temos nem idéia do que lhes contaram. —Whitney não vai arriscar a deixar que alguém mais te apanhe. Estes são seus homens. Pôde ter tido uma equipe militar que o autorize, e sem dúvida alguém, um almirante, um general, possivelmente o senador que tirei do Congo, ajude-lhe, mas estes são definitivamente seus homens. Não faça nada estúpido, Briony, como tentar sair. Não seria heróico, seria a coisa mais tola que poderia fazer. Jack viria atrás de ti. Conhece-lhe agora. Não vai deixar-te ir embora. —Vou fazer que lhes matem a ambos. —Tenha um pouco de fé, mulher. E pensa em meus sobrinhos. Que me condenem se se criem em um laboratório. Briony lhe voltou as costas, entrando no bosque, apressando-se por um tênue caminho para animais na direção que Ken indicava, mas sua mente trabalhava furiosamente. Tinha vindo a eles sem nada. Jack incluso tinha insistido em que se desfizera de suas roupas. Tocou os lóbulos de suas orelhas e apalpou os rubis, não os diamantes de sua mãe. Tudo tinha ficado para trás. Então, como a estavam rastreando tão facilmente? —Gire a sua direita. Quero que ande pelas rochas. O acampamento mineiro original está ainda aqui com a cabana original. Em realidade nunca exploramos a mina, mas a exploramos para nos assegurar que era segura e é um bom lugar para que nos espere. Pode proteger a entrada, ninguém pode aproximar-se às escondidas por atrás, e se alguém trata de entrar vai ser um alvo claro. Desfarei-me dos rastros que conduzem à mina e farei algumas bifurcações no rastro para que se alguém nos seguir se dirija na direção equivocada. O rio serpenteia através da propriedade daqui umas boas quatro milhas. Briony o olhou com dureza. Ken lhe enviou um sorriso reconfortante. —Eu gosto de cobrir todas as bases. Se por algum milagre os soldados de Whitney têm sorte, necessita de uma rota de escapamento. —Se não retornar para me buscar, buscarei-te —disse Briony—. O digo a sério, Ken. Poderia ajudar. —Pode ajudar ficando para que não tenhamos que nos preocupar contigo. Onde diabos está? Achas que isto é uma reunião para tomar o chá. De fato, Briony e eu acabamos de nos servir uma xícara. Pode te encarregar disso Jack. Ainda tenho um pouco de sono. —Tudo reto está o abrigo. Vê os arbustos a sua direita, Briony? Atrás deles está a entrada da mina. Comprovarei-a só para estar seguro —lhe deu uma arma e vários carregadores—. Não me 163
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dispare —Ken deslizou a bolsa ao chão e lhe indicou que a retirasse. Briony lhe observou desaparecer entre os arbustos. A seu redor as folhas se voltavam vermelho e dourado. Uma profunda cor verde vibrante atapetava a terra e adornava as árvores por cima dela. Uma suave brisa trazia as primeiras luzes de dia cruzando velozmente o céu. Era um bonito dia para morrer. Tanto Ken como Jack exsudavam confiança e a derramavam sobre ela. Tinha medo, mas não era o medo que acelera o coração e retorce os intestinos, que normalmente experimentava. Os dois Norton eram homens que se conheciam e a suas capacidades, e dispostos a fazer o que faltasse, mas sobretudo conservavam a calma em uma crise. Mais ainda, não experimentava nenhuma só conseqüência por presenciar a violência. Não tinha ferroadas de dor em sua cabeça, adoecendo-a tanto que logo que pudesse respirar. Com o Jack e Ken perto, poderia dirigir inclusive um assalto a grande escala. Ken retornou para conduzi-la até um clarão, atravessando um abrigo até a mina mesma. Era velha, mas sólida. Briony permaneceu na entrada. —Se tiver que voltar a me esconder, como encontro a saída? —Não é um labirinto como muitas minas. Tem dois túneis. Ambos têm uma saída. O túnel esquerdo é a melhor opção; termina em um frondoso bosque, mais coberto. Estará bem, doce. Um de nós virá atrás de ti. Se não lhe avisarmos antes, dispare a tudo o que se aproxime —lhe entregou a bolsa com sua roupa—. Vou apagar o rastro e ajudar ao idiota do meu irmão. Nos poderia tornar um psicopata e seria um inferno limpar a desordem. Briony inclinou a cabeça, esboçando um pequeno sorriso. —Tome cuidado, Ken. Ken se inclinou para abraçá-la, em um torpe intento de reconfortá-la, e logo pendurou o rifle ao ombro e correu de volta para a casa.
Jack estava rodeado, tentando disparar aos soldados um a um, mas estava preso pelo segundo soldado realçado. Ken se apressou a apagar os rastros que iram da entrada da mina de volta ao túnel. Estou em caminho. Não me dispare. Venha, Ken. Te encarregue do filho de puta a minhas costas. Whitney não pode permitir o luxo de perder muitos soldados realçados. Poderia poder realçar alguns fisicamente, mas tem que partir de alguma habilidade psíquica prévia que possa fortalecer. Tenho a alguns soldados entre nós. Ao tempo que enviava o pensamento a Jack, um soldado apareceu diante dele, coberto de folhas e ramos, disparando uma pistola. Ken abateu seu corpo em um giro, golpeando com o pé, para evitar os disparos, mas a faca na outra mão do soldado enviou um raio ardente por sua coxa. Apanhou ao soldado pelos quadris e lhe enviou cambaleando-se para trás. A arma se disparou uma segunda vez, a bala atravessou as árvores, arrancando algumas folhas dos ramos. Ken saltou no ar, dando uma cambalhota sobre a cabeça do soldado para evitar o seguinte disparo. Aterrissou sobre uma árvore e chutou ao soldado na cabeça, colocando a ponteira de sua bota na nuca do homem. Caiu como um tijolo, e Ken esteve sobre ele, lhe quebrando rapidamente o pescoço e deixando o corpo cair ao chão. Tirou-lhe as armas, munição, e um rádio pequeno, e de novo começou a seguir o rio para a casa, com muito mais cautela. Obviamente os soldados camuflados se dispersaram e rodeavam a casa. Aproximo-me pelo este. Já era maldita hora. Jack avançou pouco a pouco e com dificuldade para conseguir um melhor ângulo de um dos soldados movendo-se através do pátio para o este. Tinha que cobrir a aproximação de Ken, mas o soldado realçado não lhe dava nada com o que trabalhar. O ar a seu redor brilhou tenuamente, tornou-se opaco. Notou o impacto no peito e a cabeça, como se algo tirasse o ar de seu corpo. O soldado realçado estava fazendo seu movimento, formando um escudo ao redor de Jack. 164
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Jack começou a rodar, elevando o rifle, mas não tinha alvo. Não estava seguro de que uma bala pudesse penetrar no escudo psíquico. Só dois homens que conhecia poderiam fazer tal coisa. Kadan Montague e Jesse Calhoun. Jesse trabalhava com os SEAL e Kadan pertencia a outra corporação, uma mescla de várias forças especiais às ordens do General Rainer. O Almirante ou o General os tinha enviado? Alguém estava trabalhando com Whitney e eles tinham que encontrar a quem, ou cedo ou tarde ambas as equipes iam a ser assassinadas. Agora que Whitney tinha conseguido seu próprio exército, todos eles deviam ser dispensáveis. —Assim é que você é Jack Norton. Ouço falar de ti todo o tempo. A elite. O melhor. Você e seu irmão são incomparáveis. Ninguém pode disparar contra ti por terra. Vejamos quão bom é em realidade. Se me quiser, baixe o rifle e lutemos. Jack guardou silêncio, tentando obter a posição exata pelo som da voz. —Andas procurando uma reputação. —Tenho uma reputação. Você é um modelo antigo, defeituoso. —Quer dizer que posso pensar por mim mesmo —Jack tratou de avançar pouco a pouco e com dificuldade até o beiral do teto, mas uma bala se estrelou contra as telhas junto a sua bota, lhe advertindo de que ficasse quieto. —Vou te matar—disse o outro homem, a confiança se refletia em sua voz. —Quem diabos é? —Meu nome é Will Gunthrie. Recorda-me. Pôs-me uma arma na cabeça quando estivemos na selva na Colômbia. Você não gostou de minha atitude. Jack lhe recordava, a lembrança lhe trazia a bílis à garganta. O moço era um autêntico assassino, desfrutava infligindo dor. Era mais que um trabalho; queria fazer mal. Não tinha matado diretamente, embora tinha deixado a dois guardas com navalhadas no ventre, tratando de repor seus intestinos dentro. Os homens como Gunthrie punham doente a Jack. —Estiveste praticando com a faca, não, Willie? —perguntou Jack brandamente—. Te tirei isso e te pus uma arma na boca e você mijou nas calças. Desperta pelas noites banhado em um suor frio, verdade, pensando em mim chutando seu penoso traseiro. O escudo se expandiu e se contraiu como se o temperamento de Will tivesse dado uma labareda, mas quando falou, sua voz era tão calma como sempre. —Quero minha oportunidade, Jackie. É tão machão, o homem do saco dos franco-atiradores, você e esse teu irmão. É estranho como ninguém o vê ou o ouve até que seja muito tarde. Mas você é o único de quem falam. O Grande Jack o Mau. —Sim, está ali fora, em alguma parte nas sombras, Will, há uma gota a sua direita. Está suando outra vez? Começas a senti-lo, certo? Até tem o tic no olho esquerdo? Eu aposto pelo sobrecenho, mas Ken gosta do olho esquerdo. —Se quer me matar, Jack, me ataque com uma faca. Suas armas não vão servir desta vez. Jack suspirou. —Não tenho tempo para estas tolices, Willie, mas se seu ego necessita um empurrão, o façamos e te supere. Sabe que é uma armadilha, Jack! Ainda não posso ver o telhado. Há algum tipo de luz que me deslumbra. Estou em posição. Deveria poder ver a ambos, mas a neblina cobre o teto. Pode sair daí? Acredito que não, Ken. Vou ter que fazer isto a sua maneira. Estive esperando muito tempo. Deveria lhe haver pego um tiro na bunda na Colômbia quando lhe encontrei torturando aos guardas. Devia tê-lo feito, mas tivemos que lutar para sair dali e necessitávamos de cada homem. Sabia que formava parte dos experimentos psíquicos, Jack? Viu-lhe fazendo as provas? Não. Pensei que o tinham matado um par de meses depois que fizemos as provas. Estive-lhe controlando e se fala que recebeu um tiro no Afeganistão. Poderia ser uma armadilha, Jack. Há dois helicópteros, e um está sobrevoando o telhado. Tenho uma rádio, e estão ordenando a seu menino que se sossegue e tire o escudo. Logo que te deixe ver, poderia fazê-lo e deixar que os caras do helicóptero se permitam uma caçada de perus. Jack tirou a correia do rifle por sua cabeça e deixou a um lado a arma. Deu um tapinha a Glock 165
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em seu pistoleira e jogou o rifle fora da chaminé, onde Will o pudesse ver. Talvez, Ken, mas acredito que me está tocando as bolas. Esteve planejando isto durante muito tempo. Esta é sua única oportunidade e sabe disso. E poderia ser também a única para mim. Se tirar o escudo, terei que lutar com ambos os helicópteros e com ele. Ken jurou. Faça-o então. Verei o que posso fazer com os helicópteros. —De verdade quer fazer isto, Will? —perguntou Jack—. Ponha seu rifle onde possa vê-lo. Sei que tem uma pistola, mas eu também. Baixa esse escudo e te matarei antes que me apanhem. Se não acredita em qualquer outra coisa, acredita nisso. Will Gunthrie colocou seu rifle à vista sobre o teto e deu um passo fora. Jack estava tentado de lhe disparar ali mesmo e terminar com ele. —Pode me disparar —disse Will—, mas sob meu ponto de vista é homem morto igualmente. Mantenha sua mão a distância da arma. —Isto é pessoal para mim, Jack, e vais morrer por isso. Para ti tudo é um negócio. —Tenta me matar falando? —perguntou Jack brandamente. Gunthrie sacudiu sua mão, com um golpe de boneca, lançando uma faca velozmente pelo ar. Jack se agachou, rodando, levantando-se bem em frente ao homem mais jovem, lhe dando uma navalhada na coxa e indo até as partes brandas. Will saltou para trás, empunhando uma segunda faca, dando voltas com receio. —Devo admitir que é rápido. Não esperava isso. Jack o observava, seus olhos absorviam cada detalhe, registrando o movimento mais leve, a tensão dos músculos, o tic na mandíbula. Jack sorriu, deixando ao descoberto seus dentes. —Está suando, Gunthrie, e não começamos ainda. Will fez uma finta para provocar a Jack. Jack simplesmente lhe observava sem reagir, olhandoo sem piscar, os olhos fixos, frios, sem abandonar seu alvo. O sangue gotejava da perna de Gunthrie da ferida de sua coxa, mas tinha afastado de um salto antes que o corte pudesse tornarse bastante profundo para fazer verdadeiro dano. —Vamos! O que está esperando? —chamou-o por gestos com os dedos, mas Jack só o olhava sem reagir. Will se moveu com imprecisa velocidade, atacando com a faca, para o estômago e o abdômen de Jack, falhando por pouco em abrir de um corte a camisa de Jack. O ombro de Jack se moveu, alcançou-lhe com um golpe de pulso e retrocedeu de um salto. Havia um corte pouco profundo ao longo dos antebraços de Gunthrie e um cruzando seu peito, sobre o coração. A expressão de Jack não tinha mudado. Seu olhar permaneceu fixo e frio, seus olhos brilhavam chapeados enquanto esperava o seguinte movimento de Will. Rapidamente, Gunthrie deu um salto no ar, apontando com um chute traseir o estômago de Jack e golpeando com a faca enquanto se virava. O chute não acertou, Jack apanhou seu tornozelo, mas ao girar seu oponente, a faca alcançou com uma abrasadora navalhada o bíceps de Jack. Jack cravou profundamente a lâmina na coxa de Gunthrie, retorcendo-a ao tirá-la, afastando ao homem dele e saltando para trás, só para precipitar-se para frente de novo, lançando várias navalhadas, fazendo cortes pouco profundos a fim de que quando ele desse outro passo, o sangue fluíra de meia dúzia de pequenos cortes. Will Gunthrie xingou grosseiramente e se aproximou, dirigindo sua faca para cima em um ataque clássico, querendo acabar com ele. Jack afastou seu pulso de um golpe e repetiu o ataque em oito cortes pouco profundos nos braços e ventre, acrescentando um no rosto de Gunthrie. Will retrocedeu cambaleando-se e ficou olhando o sangue que manava dos numerosos cortes. —Brigas como uma garota. Jack não respondeu, só lhe observava, recusando-se a ter uma conversação com um homem que já considerava morto. A certo nível, percebia o helicóptero sobrevoando no alto, tratando de encontrar um caminho ao redor do escudo que Gunthrie tinha construído, e era muito consciente de que quando esse escudo caísse, teria que mover-se mais rápido que nunca em sua vida. Sua 166
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mente planejou cada passo, inclusive recuperar seu rifle, e tudo enquanto vigiava a Gunthrie, na espera do engano que sabia que viria. O soldado levantou sua mão para enxugar o sangue da cara, e Jack atacou rapidamente, lançando a fundo a faca, lhe rasgando o peito e enterrando-a no coração de Gunthrie. Permaneceram frente a frente, olhando-se fixamente. —Esta vez é muito pessoal para mim, Gunthrie, e deveria ter tido isso em conta. A luz se desvaneceu dos olhos do outro homem, voltaram-se opacos, e tão mortos como o corpo ao cair do telhado. Ao morrer Gunthrie, o escudo brilhou suavemente, dissolvendo-se para deixar Jack em pé sobre o telhado com meia dúzia de armas apontando-lhe e um helicóptero dando voltas. O soldado que dirigia a metralhadora lançou uma rajada. Jack se lançou para o beiral, apanhou seu rifle com uma mão e deslizou a correia por sua cabeça em um movimento ensaiado enquanto dava uma cambalhota sobre o beiral e se girava bruscamente para lançar seus pés através da janela, à relativa segurança de seu dormitório. Abaixo, abaixo. Já chego. Tudo a seu redor estalou, lançando-o contra a parede e lhe queimando a perna, torrando suas calças e chamuscando sua carne enquanto engatinhava para alcançar a proteção do quarto de banho. Sacudiu seus ardentes jeans, derrubando-se para apagar as chamas. Jurou enquanto as bolhas se levantavam pela panturrilha e a coxa e a pele avermelhava. Me tire de cima a esse filho de puta. Estou nele, enquanto Ken falava, Jack apertou o gatilho, apontando primeiro ao atirador da metralhadora e em segundo lugar ao soldado que lançava as amadurecidas. Vou atrás do helicóptero. Espera até que a maldita coisa se afaste da casa. Não o quero caindo sobre minha cabeça. Ken disparou três rajadas em rápida sucessão, e o helicóptero começou a dar voltas sem controle. Jack levantou sua cabeça o suficiente para tomar pontaria e acrescentar outras duas rajadas. O helicóptero oscilou e girou de novo, soltando fumaça negra. Maldita seja, Ken. Vai bater contra a garagem. Meu Jipe está estacionado aí. Seu Rover deveria estar no abrigo. Como há acontecido? Cago-me na puta. Sal daí. Alguém saltou do helicóptero, e pela maneira em que aterrissou, é um supersoldado. O helicóptero se deslizou até o chão, desmoronando-se, quase em câmara lenta, com um forte chiado metálico e fumegando. Nuvens de fumaça estalavam ao redor deles. Está cobrindo a zona, Jack, pode chegar até ti. Te há percebido? Não exatamente, mas estou realmente de saco cheio porque acabasse com meu carro. Não acabei com seu carro, burro. Salvei-te a vida. Disse-te que o estacionasse no abrigo. Se tivesse limpado a garagem e não teria que movê-lo. Que te sirva de lição. Algo se acalmou dentro de Jack. Onde está o segundo helicóptero? Disparei-lhe um par de vezes e retrocedeu. Jack negou com a cabeça, tratando de obrigar a sua mente a sobrepor-se ao modo de combate. Algo não está certo, disse. Atacaram-nos, Ken, mas não com muita força. Pensa que têm medo? Ken lhe deu umas quantas voltas a isso em sua mente, franzindo o cenho enquanto o fazia. Penso que obedecem ordens. Assim é que nos mantêm ocupados. Whitney calculou as probabilidades como faz em cada missão, e seu maldito computador disse que esconderíamos a Briony em lugar seguro. As tripas de Jack se ataram, não era um bom sinal. Os alarmes começavam a lhe chiar. Os alarmes de Ken soavam igualmente fortes. Briony estava preocupada porque continuam localizando-a. Como, Jack? Como a encontraram?
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Capítulo 17
Briony se agachou no túnel que se dirigia abaixo na mina. Algo não estava certo, mas não dava com isso. Como a tinham encontrado? Se Ken estava certo, nunca teriam enviado soldados contra ele e Jack. Como poderia sair impune Whitney enviando soldados atrás de membros do exército? Não tinham a ninguém em quem pudessem confiar. O túnel era mais escuro que os bosques, e se sentou na entrada, de onde poderia escapar apressadamente de volta à mina se alguém viesse, mas havia consolo em estar tão perto do bosque. Ocasionalmente via um brilho de luz no céu e ouvia o som de disparos, mas pareciam longínquos. Como a tinham encontrado? Tinha que haver lógica no que Whitney fazia. Tinha-a tirado do orfanato onde a encontrou, e experimentado com ela, mas diferentemente de algumas das outras garotas que tinha mantido, a tinha adotado uma amorosa família. Mas era ainda um experimento. Ele tinha querido ver como se desenvolveria e funcionaria em comparação com alguém a quem tinha mantido com ele. O que necessitava exatamente alguém para um experimento? Briony se sentou direito, seu coração começando a golpear, sabendo que estava na beira de um importante descobrimento. Suas têmporas pulsaram e o estômago se retorceu. Muitas vezes em sua vida havia sentido as mesmas dores agudas, o estômago revolvendo-se terrivelmente, e tinha parado de tratar de recordar seu passado. A quem controlava Whitney e com quem a estava comparando? Whitney necessitada de seus experimentos da maneira em que outros precisavam respirar. Deveria haver alguém, outra criança a quem tinha mantido atrás, criada sem uma família, criada em um ambiente duro, difícil, um que mantinha. —Oh, Deus. Horrorizada por seus próprios pensamentos, começou a balançar-se para frente e para trás, pressionando suas mãos contra seu estômago. Uma das outras meninas? O que mostraria isso a Whitney? Só que ela reagia de forma diferente sob pressão? Sob a dor? Não, Whitney necessitaria mais que isso. Por que tinha sido escolhida para ser adotada? O que tinha de especial que a tinha enviado pra fora quando tinha mantido a tantas outras? Tratou de recordar, forçando a seus pensamentos para sua infância antes de sua família adotiva. Tinha cinco anos, bastante para ter memória. Seu crânio pulsava. O sangue jorrava de seu nariz em advertência, mas as sombras se moviam, evitando-a, pequenas fibras. Uma voz infantil. Chorando. Suplicando. Era sua voz? Eram duas vozes chorando? Duras mãos afastando para longe quando se aferrava… quando se aferravam uma à outra. Esfregou as mãos pelos braços, subitamente gelada até os ossos. Havia duas vozes. A dor disparou através de sua cabeça, apunhalando profundamente em seu cérebro, mas não o soltaria quando estava tão perto. O sangue gotejava constantemente de seu nariz e começou a sair de uma orelha. Pressionou as palmas contra sua cabeça. Sentia-se como se alguém estivesse apertando um parafuso ali, mas empurrou através da barreira, a dor e viu… Briony afogou um grito, e cobriu os olhos como se isso bloqueasse o conhecimento. Duas pequenas meninas com as mesmas cabeças, o loiro cabelo caindo ao redor de suas caras, seus mesmos olhos marrons enormes, andando, falando e sustentando uma à outra até… Briony correu à profundidade da mina, agachou-se e vomitou. Tinha uma irmã gêmea. Whitney as tinha separado, enterrado suas lembranças atrás de um muro de dor e enviando-a só enquanto ele mantinha a sua irmã. Como podia lhe haver permitido apagar o conhecimento de que tinha uma irmã? Todos os anos que tinham passado, o que tinha feito a Mari? Marigold. Tinha apagado as lembranças dela também? Ou sabia sua irmã que Briony estava ali fora em algum lugar, livre, enquanto ela permanecia encerrada com uma louca e seus experimentos? Esperava sua irmã ser resgatada? Seria ele tão cruel para atormentá-la dessa 168
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maneira? Perguntaria-se sua irmã todos os dias de sua vida porquê Briony não ia atrás dela? Lágrimas corriam nuas por sua cara enquanto Briony se cambaleava para a entrada da mina. Recordava partes e pedaços isolados, mas sabia que tinha razão, sentia-o, a garra do vazio, justo o mesmo que quando Whitney as tinha separado fazia tantos anos. Tinha que haver um modo de encontrá-la. Briony a encontraria, mas primeiro, tinha que averiguar como os homens de Whitney continuavam rastreando-a. Antes que pudesse ajustar as contas com o doutor tinha que escapar dele. Elevou a cabeça. Whitney nunca tinha renunciado realmente seu controle sobre ela. Tinha pleno controle sobre sua educação e certamente sobre suas necessidades médicas. Ela não tinha estado disponível para continuar com seus experimentos, nem sequer para ser dada sua habilidade para mudar a cor de sua pele. Assim se esse fosse o caso, ele tinha a habilidade de implantar algo que acreditasse necessário, tal como um dispositivo de rastreamento. Ela xingou brandamente para si. Certamente tinha que haver um dispositivo de rastreamento. Não quereria que ela escapasse dele quando era a futura mãe de seus supersoldados. Quando o tinha implantado? Não quando era uma menina; tinha sido há muitos anos e a tecnologia avançava muito rápido. Ele teria querido o melhor, o último. Quando foi a última vez o Dr. Sparks lhe tinha feito algo de importância? Fazia dois anos tinha sido hospitalizada para cirurgia em pacientes externos. Sparks tinha a sua própria equipe ali, não o pessoal regular do hospital. Briony tocou o quadril. Tinha despertado com pontos, e o doutor Sparks lhe tinha contado que tinham encontrado e extirpado um caroço suspeito, e com suas super-habilidades físicas não podiam ser muito cuidadosos. Não tinha mencionado especificamente câncer, mas o tinha insinuado e sua mãe tinha estado obcecada com cada machucado e pancada. Passou um dedo pela pequena cicatriz, apertando profundamente para tratar de sentir se havia algo sob a pele. O fôlego ficou na garganta. Se pressionava muito forte, havia claramente pequenas arestas contra a almofadinha do dedo. Whitney tinha que ter implantado o dispositivo. E isso significava que não importava se Jack e Ken exterminavam um exército inteiro tão bem como se a escondiam na selva mais profunda, ela seria encontrada. Com o coração pulsando grosseiramente, abriu o pacote que Jack tinha juntado apressadamente. Armas assim como um kit médico colocado em cima de suas roupas. Tirou a faca de sua bainha e a girou para inspecionar seu fio. Jack e Ken pareciam ter o melhor equipamento. A faca tinha um equilíbrio agradável assim como um punho confortável. Olhou fixamente à lâmina durante uns poucos momentos, a indecisão lutando contra a resolução. Briony tocou a mente de Jack, necessitando de tranqüilidade, esperado que tivesse passado o perigo e pudesse vir até ela, mas sua mente estava totalmente ocupada com o objetivo. Retirou-se de Jack e olhou fixamente outra vez à faca. Muito devagar abriu o pacote de anti-séptico e empapou a lâmina da faca. Pulverizou mais por sua carne nua, justo em cima do quadril. Era frio e um tremor desceu por sua espinha dorsal. Tomou um profundo fôlego e pressionou a ponta da faca contra a esquina do pequeno disco de arestas em seu quadril. Seu corpo se estremeceu e começou a suar enquanto a faca perfurava a pele. Afundou-o mais profundo, sentindo a maneira de encontrar as dimensões do objeto estranho. Começou a tremer, a dor golpeando através dela, arranhando em seu estômago, mas estava decidida a extrair a coisa. Uma vez que soube o tamanho, passou a lâmina com cuidado por sua pele, criando uma lapela. Tinha cerca de três quartos de uma polegada, mas parecia que a metade de seu quadril estava envolvida, com a dor irradiando por sua perna e suas costas. Inclusive seu estômago se endureceu. Uma vez que cortou, deixou a faca e usou as pinças para extrair o objeto, todo o tempo sussurrando tranqüilidade aos bebês, temerosa de que pudessem sabê-lo. Teve que descansar um momento, respirando profundamente e evitando ficar doente outra vez. Era um lugar difícil para costurar, e o sangue fluía livremente, fazendo tudo escorregadio. O kit médico continha várias agulhas, suturas, graças a Deus, já enfiadas na agulha. Tinha praticado costura de campo antes, mas de algum modo parecia mais doloroso e difícil do que recordava. 169
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As mãos lhe tremiam, o qual não ajudava, mas mordeu o lábio inferior com força e forçou à agulha através da pele. Trabalhava em fazer diminutos pontos enquanto fechava o corte. Quando terminou, Briony se sentia doente do estômago e se jogou para trás para fechar os olhos brevemente. O aroma de seu próprio sangue era insuportável nos pequenos limites do túnel. Fechou os olhos e tratou de concentrar-se em deter seu revolto estômago. Um pequeno som a alertou, o estalo de um galhinho. Seus olhos se abriram de repente e alcançou a arma mais próxima, uma pedra, lançando-a forte, usando cada parte de força que tinha para lançá-la. Sua mão estava ainda sangrenta e a rocha se escorregou enquanto a atirava. A cara de Luther se obscureceu pelo aborrecimento enquanto apanhava a rocha contra seu peito onde o golpeou. Deu um passo na entrada da cova, elevando-se sobre ela. —Se for a pequena puta, de volta com seu homem. Esse defeituoso mucoso em seu ventre é dele, verdade? Não do domador de leões, puta mentirosa —Luther a chutou. Ela rodou no último momento, enquanto a ponta de sua bota se dirigia diretamente a seu estômago. Seguiu rodando até que saiu do lugar tratando de ficar em pé. Luther era muito rápido, seguindo-a, seu grande corpo apanhando-a contra a parede do túnel. Levantou os joelhos em um esforço para proteger aos bebês e esperou ao seguinte ataque. Luther estava respirando com dificuldade, a terrível raiva em seus olhos. Jack! Te esqueça da calma. Te esqueça de ser estóica. Jack, Luther me encontrou! Ele respondeu imediatamente e ela poderia ter chorado. Sua voz era totalmente calma, completamente segura. Estamos a caminho. Entretenha-o se puder. Se não, coopere, neném. Não lhe dê nenhuma razão para encher-se o saco contigo. Bem pensado, mas um pouco tarde demais. Estou realmente assustada de que tente fazer mal aos bebês. Não sei qual é sua intenção, mas parece acreditar que lhe traí de algum jeito. Tenho a faca, mas não sei se posso manejá-la. Ele viu suas armas? Sabe que as tem? Não. Mantenha como último recurso. E, neném, mantenha sua mente aberta à minha. Tenho que ser capaz de te proteger das emoções incluso a esta distância. E serei capaz de te encontrar se te levar com ele antes que chegue ali. —Estou realmente farto de ti, Briony —disse Luther, agachando-se para olhá-la fixamente aos olhos. Queria que tivesse medo dele; podia vê-lo em sua cara—. Mentiu sobre que Jack fosse o pai. Briony se encolheu mais nas sombras, sentindo o pacote atrás dela, e encontrando a faca ensangüentada ainda em cima do montão. Inclinou-se contra o pacote, a lâmina da faca oculta por seu corpo. —Eu sei. Sinto muito. Estou tão confusa. Nada tem sentido já —manteve um tom baixo, inclusive submisso. Era a última coisa que tinha esperado dela, e parou seu avanço, a suspeita em sua cara. Deliberadamente Briony levantou uma tremente mão e enxaguou o suor da testa, manchando-se de sangue atesta, parecendo tão frágil como fosse possível. —Encontraste o disco rastreador —seu comportamento inteiro mudou—. Soou inclusive orgulhoso dela—. Sabia que o faria, e o extraiu de seu couro. É como… —Luther se interrompeu bruscamente, agachando-se a seu lado, tirando um cantil—. Aqui, bebe um pouco. É somente água. Me deixe jogar uma olhada nisso. —Como minha irmã? —Briony agarrou o cantil e bebeu, seu olhar nunca deixando o dele, olhando sua reação. —Sabia que o averiguaria. Escolhi-te porque é tão dura como os pregos e nossos meninos vão ser incríveis —seus dedos lhe acariciaram o quadril enquanto examinava sua obra. Briony mordeu fortemente o lábio, forçando-se a permanecer quieta e não mover-se bruscamente afastando-se de seu toque. —Onde está ela? —Verá a ela muito em breve. Não está em muito boa forma neste momento. Brett tem que 170
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discipliná-la freqüentemente. É extremamente combativa. —Quem é Brett? E por que é combativa? —Ela não quer cooperar com ele —sacudiu a cabeça—. Não quero ter essa classe de problema contigo. —Minha irmã está com alguém chamado Brett? E ele a disciplina? Vê por que estou tão confusa? Pensei que Whitney queria que certos casais tivessem filhos e se certificou de que fossem atraídos fisicamente —tomou outro gole de água, tratando de atrasar o inevitável, entretendo-o por um tempo. Luther tirou seu próprio kit médico e enxaguou a área ao redor do quadril com mais antiséptico antes de aplicar um antibiótico tópico. —Nos demos conta que não era necessário para a mulher estar atraída pelo homem, só que o homem a quisesse. Briony franziu o cenho. —Isso é ridículo. Por que estaria ela de acordo em ter o bebê de alguém se não estiver atraída? —Não tem que estar de acordo. Você não tem que estar de acordo. Podemos forçar a conformidade. Não é fácil se a mulher for uma lutadora, mas por outro lado, é uma boa coisa, e todos reconhecemos isso. Se a mulher estiver disposta a lutar e é o bastante dura para extrair um disco de seu corpo, ela é definitivamente alguém a quem queremos como mãe de nossos filhos — pôs uma gaze sobre a ferida e a segurou neste lugar—. Isto deveria sujeitá-la até que voltemos para laboratório. Briony engoliu sua opinião de que estava louco. —Poderei ver minha irmã? —Se querem se ver uma à outra, terá que fazer o que falta. —Quer dizer ter relações sexuais com alguém com quem não queremos? por que Whitney não utiliza in vitro antes que forçar a uma mulher a deitar com alguém que não querem? —Porque quando tivermos aos soldados que queremos, ninguém poderá dizer que foram gerados geneticamente. Serão humanos mais além de qualquer protesto ou gritos. —É estupro —indicou Briony. —Só se o faz a violação —argumentou Luther, seus dedos assentando-se ao redor de seu pulso para empurrá-la e a pôr de pés—. A mulher tem uma opção. Sempre a damos uma opção. A maneira fácil ou a difícil. Não seja como sua irmã. O fanatismo de sua cara a adoeceu. Acreditava em tudo o que dizia. Não pensava que houvesse nada de errado com o que estava propondo, forçá-la a ter relações sexuais para produzir um filho com força e habilidades sobre-humanas. Não tinha sentido que não usassem in vitro para produzir uma criança, tinha que haver outras razões. Cambaleou-se contra ele e a empurrou pelo túnel para a noite. Rapidamente esteve sobre ela, fazendo-a girar, golpeando-a contra um lado da entrada, apertando fortemente com uma mão enquanto a sujeitava pela cintura com a outra, expondo a faca. Tirou-a de seus dedos e a atirou ao chão. —Acha realmente que sou estúpido? —esbofeteou-a, o bastante forte para balançá-la, depois seguiu empurrando-a contra a parede outra vez—. Estou zangado contigo, assim não me toque os ovos. —Por que? —a bofetada trouxe lágrimas a seus olhos—. O que fiz além de tentar fugir? Você o teria tentado também. Tentava pensar, evitar assustar-se. Jack estava à caminho. Só entretenha-o. Seria um momento, um momento quando Luther não estivesse prestando atenção e encontraria uma forma de fugir, ou matá-lo. Ele inalou, pressionando a cara contra seu pescoço. —Cheiras a ele. Dormiste com esse assassino. Isso é tudo o que ele é, tudo o que conhece. Não é um soldado. Não entende a lealdade à unidade. É um assassino e está levando a seu bebê. Vai a um doutor antes que lhe levemos a laboratório e te desfará disso. Contará-lhes que perdeu ao 171
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bebê. Entendes? Se não o fizer, sua vida vai ser um inferno durante muitíssimo tempo. Estou tentado a extrair eu mesmo essa coisa de ti, tal como fez com o disco rastreador. Briony não podia deter o estremecimento que corria através dela enquanto suas mãos vagavam sobre seu corpo. Ele a beijou em um lado do pescoço, mordeu-lhe o ombro forte, um castigo por seus pecados. —Sempre foste minha, nunca dele. Porque queriam seu filho, nunca saberei, mas não vão têlo. Não vou ser capaz de esperar muito tempo por ti, mas ao menos quero seu fedor lavado. Estava pressionando fortemente contra ela, tão apertado que o sentia como uma rocha sólida, as mãos explorando seu corpo. O som de um disparo ressonou de noite, ao longe, e soube que Jack estava ainda muito longe. Não reagiria. Se mostrasse a Luther quanto detestava suas mãos sobre ela, golpearia-a e forçaria um aborto, mas sua língua lhe lambia o pescoço e suas mãos se arrastavam para agarrar os seios, e não pôde deter-se. —Sei o que está pensado e não quer tentá-lo, Briony. É o bastante dura, mas em uma briga, apanharia-te todas as vezes. Não é o suficientemente má. Estudei-te, cada fita de treinamento que têm de ti, cada movimento que tem. Os lábios viajaram ao lóbulo de sua orelha e suas mãos embalaram o peso de seus peitos. Por um pequeno momento ela tratou de entender o que era para ele, conduzido pela diabólica mente de Whitney para persegui-la, precisando persegui-la porque seu corpo fazia demanda implacáveis. Nenhuma outra mulher ia satisfazê-lo jamais. Por que Luther não via que era uma vitima assim como ela, igual a Jack, que sua irmã e provavelmente Brett? Whitney os movia a todos ao redor como peças de um tabuleiro de xadrez. Luther lhe levantou a camisa e baixou a boca a seu seio, a urgente necessidade de seu corpo vencendo a todo raciocínio. Briony lhe pisoteou o pé, tão forte como pôde, lhe dando um chute com o salto no joelho. Não alcançou o joelho, mas lhe golpeou na tíbia. Ele grunhiu de dor, mas suas mãos a apertaram para sustentá-la. Dobrando-se para frente, agarrou-o pelo pescoço e puxou-o, usando suas costas para fazê-lo rodar. Luther se pendurou de seu pulso cruelmente enquanto voava sobre sua cabeça, puxando o seu braço, quase se livrando enquanto dava um salto mortal e golpeava o chão. Ela caiu de cara e tratou de rodar no último momento, protegendo instintivamente aos bebês. O ar saiu de seus pulmões e ela levantou uma perna enquanto Luther se equilibrava sobre ela para imobilizá-la. Tentou alcançar sua virilha, golpeando-a fortemente, mas ele se girou o bastante para encaixar o duro golpe na coxa. Ele jurou, dobrando seu punho e lhe golpeando a cara. Briony viu estrelas, seu olho esquerdo inchando-se tão rápido que perdeu a visão imediatamente. Bloqueando toda a dor, empurrou-se para cima enquanto ele se sentava sobre ela, levantando-se para encontrá-lo tratando de tirar seu peso de seu estômago. Deliberadamente ele empurrou seu joelho contra seu quadril, rompendo os pontos que ela tinha posto ali. —Maldita, disse-te que não tentasse ser violenta comigo. Não pode ganhar. Tem alguma idéia de quanto posso te ferir se uso toda minha força? Isto era só para te ensinar uma pequena lição. Ela lhe empurrou no peito, em sua perna, dobrando os punhos e lhe golpeando em um esforço de tirá-lo de cima. Fique abaixada! Fique abaixada! A voz de Jack se moveu por sua cabeça, quase perdida na adrenalina e no medo por seus filhos. Vacilou e então se deixou cair ao chão. Advertindo uma pequena incerteza, Luther se atirou longe dela, rodando enquanto uma bala rasgava seu ombro, onde tinha estado sua cabeça. Seguiu rodando longe dela, entrando na mina. Briony subiu engatinhando para a cobertura mais grosa do bosque. Seu olho estava inchado, evitando que visse apropriadamente. Umas mãos duras a agarraram e lutou, balançando-se grosseiramente. —Neném, sou eu. Está a salvo. Está a salvo agora —Jack a envolveu em seus braços, apertada contra seu peito. Ela podia cheirar seu aroma, ouvir seu batimento do coração. Jogou-a para trás 172
Jogo de Conspiração – Christine Feehan
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para olhá-la—. Porra! Filho de puta! Atraiu-a mais perto e então a empurrou para Ken, girando sua cabeça para a mina, seus olhos eram um frio gelo. —Não! —Briony lhe agarrou pelo braço e tratou de empurrá-lo de volta a ela—. Sabe onde está ela. Tenho uma irmã. Ele sabe onde está Jack. Jack nem sequer girou a cabeça para olhá-la enquanto corria para a mina. —Jack! Por favor! Seu asno. Não está pensando. Ken se lançou para seu irmão. Não rastreia a um urso ferido em sua guarida, não importa quanto necessite a matança. Golpeou a Jack abaixo, em seus joelhos, e o atraiu abaixo enquanto um disparo saía da mina. Te afaste fodidamente de mim! Tem uma boca suja. Mantenha sua cabeça fora de seu traseiro, Jack. Briony já passou pelo suficiente e não precisa ver-te morrer porque te precipitas. Saiamos deste inferno. Podemos rastrear a esse bastardo mais tarde. Viu o que esse filho de puta lhe tem feito? Vi-o. O apanharemos, só que não agora. Ela necessita que pense, Jack. Jack tomou fôlego, acalmando-se. Tudo o que tinha a ver com Briony parecia quebrantar sua serenidade, mas a vista de seu rosto inchando-se e o sangue empapando seu jeans e sua camisa em um lado… Empurrou a Ken longe dele e avançou lentamente através da mata de volta a Briony. Jack recolheu seu corpo menor contra ele. —Está bem, neném, só perdi o juízo por um minuto. Conseguiste um olho arroxeado como o inferno aqui. —Tenho uma irmã, Jack —era humilhante, mas não podia parar de chorar—. Eles a têm. A estão retendo em alguma parte, e Luther disse que estava sendo disciplinada porque não queria que Brett a tocasse. Disse que não importava se a mulher estava atraída, só o homem. Que tipo de pessoas são essas? —Bastardos, neném —disse Jack, enxaguando suas lágrimas com os polegares. Embora era imensamente suave, ela estremeceu e ele deixou cair a mão—. O que ocorreu a seu flanco? — levantou-lhe a camisa para ver a atadura de gaze empapada em sangue—. Que infernos, Briony! Neném, pare de chorar, está me matando. —Sentou-se sobre mim. Viu-lhe sentado sobre mim. Não sei se poderia lhes matar só sentando-se em meu estômago, Jack. Não sei o bastante sobre bebês. As lágrimas correndo nuas por sua cara lhe rompiam o coração. —Tenho lido que os bebês não nascidos estão em um ambiente muito protegido, Briony. Estão bem. Estão a salvo. —Disse que ia eliminá-los de mim. Planejava me levar a uma clínica para abortar —um estremecimento a percorreu, e uma onda nova de lágrimas começou. Jack a envolveu em seus braços e a arrastou a proteção de seu corpo, olhando um pouco impotentemente a seu irmão. —Nada vai acontecer com eles, Briony —lhe levantou a camisa outra vez para revelar a ferida de seu quadril. —Temos que nos mover ou seremos apanhados, Jack —advertiu Ken, olhando seu rastro—. Não os enganaremos muito tempo. Saberão que fomos e virão correndo. E Luther ou um dos outros soldados realçados tem que ser telepático. Está imobilizado na mina, mas os outros estarão correndo para nos cortar. Jack lhe baixou a camisa com um leve cenho e a atraiu sob seu ombro. Os dois homens começaram a correr com ela entre eles, através do bosque longe da casa e longe da mina. Briony pressionou a mão em seu flanco e tratou de sossegar a constante dor aguda. —O que aconteceu? —repetiu Jack. —O doutor plantou um dispositivo rastreador em meu quadril. Extraí-o para que não pudessem nos seguir. 173
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Jack a olhou enfurecido. —Fizesse o que? —Jack —advertiu Ken. —O que teria feito você? —perguntou-lhe. Ele não podia lhe gritar ou ela ia adoecer. O olho lhe pulsava a cada passo que dava, disparando a dor pela cabeça e seu estômago seguia revolvendo-se incomodamente. Estava preocupada com os bebês com Luther sentando-se em cima deles, apesar das garantia que Jack lhe tinha dado. —Sabemos aonde vamos? —Dirigimo-nos a passagem. Tomaremos a rota da fenda. Parece um beco sem saída podemos atraí-los para dentro —explicou Ken—. Pensarão que estamos presos, mas temos nossa saída através da passagem. —O sol está acima e necessitaremos um bom começo com eles —adicionou Jack—. Deveríamos parar e reparar seu quadril e o olho. Há um arvoredo um pouco mais adiante e tem uma ladeira agradável para isso. Estaremos um pouco mais seguros ali. Precisará beber água. Se te cansar e precisa descansar, não seja estúpida, diga-o. —Vão nos golpear com tudo o que tenham uma vez que estejamos na fenda. Sabe que têm ainda um helicóptero, e vão usá-lo também para nos rastrear. Temos que permanecer nas árvores tanto como seja possível —Ken tomou a dianteira enquanto o caminho se estreitava—. Vigie os ramos baixos, Briony. —Poderão ver aonde vamos, Jack —disse Briony temerosamente. —Nós sempre esperamos um helicóptero —lhe assegurou Jack—. Podemos com eles. Os matagais vão começar a espessar-se. Se precisa ir mais devagar, podemos. O helicóptero não pode entrar aqui. — Estamos deixando pistas —indicou Briony. —Queremos que venham atrás de nós, neném —disse Jack—. Não se preocupe. Temos uma rota de escapamento. Ken, chamou os reforços? Ken sacudiu a cabeça. —Pensei a respeito disso, mas não sabemos, além de nossa equipe, em quem podemos confiar. Se contato com nosso comandante, o almirante, e ele está nisto, estaremos fodidos. Jack jogou uma olhada a Briony, valorando o esforço em seu rosto. Tinha passado por muito e ainda tinham várias milhas pela frente acima pela fralda da montanha. Ela lhe dirigiu um pálido sorriso. —Estou bem, Jack. Quero pôr distância entre eles e nós. Não lhe parecia que estivesse bem, e se a levava a um hospital, o qual tinha intenção de fazer para comprovar aos bebês, corria o risco de ser detido por violência doméstica. Ela parecia como se tivesse estado em uma guerra. Ele afrouxou o ritmo encurtando as pernadas. Ken lhe olhou com dureza e então olhou a cabeça inclinada de Briony e manteve sua boca fechada, mas começou a ficar atrás de onde poderia proteger a seu irmão e a Briony se algum dos soldados realçados viesse por trás. Briony correu outra milha, montanha acima, seus pulmões ardendo e seu flanco lhe dava cãibras. O sangue jorrava por seu quadril em uma corrente constante e sustentava o estômago com uma mão. O medo era o mais importante em sua mente, medo que estivesse atrasando a Jack e a Ken e não pudessem ser capazes de escapar dos homens que os seguiam. O helicóptero se retirou por uma hora para conseguir combustível imaginava, mas estava voltando, voando baixo entre as árvores em busca deles. A bílis lhe subia continuamente, e tratava desesperadamente de suprimi-la, mas finalmente não teve opção. Lágrimas turvavam sua visão, parou e se inclinou, o estômago com náusea. —Náuseas matinais. Não comi nada. Sinto muito. O rifle de Jack foi a seu ombro e olhou às árvores circundantes. Ken guardou as costas de Briony, fazendo o mesmo, seus corpos quietos enquanto seus olhos estavam inquietos. A seguinte 174
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hora passou com uma pausa similar. Briony correu tanto como pôde antes de vomitar, os gêmeos correndo com ela e ambos protegendo-a instantaneamente enquanto estava doente. Agarrou um brilho de humor na mente de Jack e lhe olhou suspeitosamente à cara e então a Ken. Ambos tinham expressões graves, mas não ia a engolir isso. —Estão rindo —acusou. —É rir ou chorar, neném —Jack a olhou—. Tem que admiti-lo, a situação é diferente do que normalmente fazemos. Deveríamos ter trazido algumas bolachas. —Provavelmente teria pensado nisso também —se queixou Briony, parando outra vez para agachar-se. Jack a golpeou no flanco, enviando-a a voar. Ela golpeou o duro chão e permaneceu tombada enquanto as balas choviam a seu redor. Ken tranqüilamente se ajoelhou e situando o helicóptero, levando seu tempo para localizar ao objetivo. Jack fez o mesmo. Não houve disparos a discrição. Era óbvio que acreditavam em fazer que cada disparo contasse. Ken disparou primeiro, e o homem da metralhadora desapareceu no interior do helicóptero, golpeado por uma bala. O segundo soldado com uma automática desmoronou contra o piso, caindo metade dentro e metade fora do helicóptero. O piloto virou rapidamente, dirigindo-se ao dossel de árvores para fugir dos francoatiradores. Jack ajudou a Briony a levantar-se. —Está bem? —Preciso descansar. Olhou a seu irmão. Ken negou com a cabeça. Jack lhe entregou o cantil. —Podemos descansar uns poucos minutos, em um lugar com mais cobertura. Pode fazer umas poucas milhas mais, neném? Iremos mais devagar e tomaremos uns minutos no caminho, mas precisamos chegar a uma cobertura densa. Se não acha que pode, encontraremos um lugar para parar. —Só estou preocupada —Briony esfregou a mão sobre seu estômago—. Não quero perdê-los. Jack pôs a mão sobre a sua. —Não vamos perder aos bebês, Briony. São duros, assim como nós. Ficarão aí dentro e confiarão em nós para mantê-los a salvo. Ela lhe tocou a cara, uma ligeira carícia das pontas de seus dedos, mas Jack a sentiu até nos dedos dos pés. Seu estômago se atou e seu coração se fundiu de uma maneira que não quis identificar de perto. Olhou a seu irmão impotente. Maldição, Ken. Estou tão fodidamente apaixonado por ela. Isto não era parte do experimento de Whitney; ele não poderia me fazer sentir como se não importasse o que plantou entre nós. Poderia haver te dito isso. Deixa-o mau, irmão. Ela te envolverá ao redor de seu dedo mindinho, e vais te fazer um asno mais que o normal. Jack enviou a Ken um olhar contido, mas não deteve o amplo sorriso que se estendia pela cara de seu irmão gêmeo. —Vamos. O helicóptero está dando a volta. Briony assentiu e deu um passo ao lado dele. Jack impôs sua velocidade, mas a diminuiu o bastante como para que ela pudesse manter o ritmo, forçando um pé diante do outro, contando seus passos para manter a mente longe da dor que destelhava por seu flanco e cabeça. Esporádicos disparos não lhes deixavam nenhuma dúvida de que os seguiam, mas a confiança dos gêmeos nunca fraquejava. Moviam-se através do bosque como se estivessem no pátio traseiro, tomando estreitos atalhos de animais, às vezes andando atrás de uma pequena catarata. Escalaram pedras brutas e correram sobre terreno descoberto até voltar para o dossel protetor das árvores. Pela tarde, as pernas de Briony se sentiam elásticas. Nem sequer tratava de pensar mais, aderindo-se ao feito de que tinham que fugir e seus inimigos pareciam tenazes. Jack afrouxou e parou na mesma borda do que parecia uma pradaria aberta. Acima adiante 175
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ela podia ver uma fenda, os lados levantados, uma ravina que descia pendente até a densa mata, e a montanha que subia com escarpadas paredes em três lados. —Jack, não podemos cruzar no aberto, e se o fazemos aí dentro, como poderemos sair? Ele tirou a mochila e trocou as armas. —Este é a fenda que te comentei. O conseguiremos. —Inclusive se pudéssemos escalar essas paredes, têm um helicóptero —protestou ela. —Tenha um pouco de fé, neném —disse Jack—. Descanse durante uns poucos minutos. Quando corrermos através da pradaria, vamos estar correndo completamente a descoberto, assim esteja preparada. Uma vez na fenda, ninguém nos verá, a mata é muito densa. Poderemos parar e dormir um momento. Subiremos a passagem de noite. Briony estudou os escarpados precipícios que se elevavam sobre a fenda. Não pareciam em nada que queria escalar, mas ambos, Jack e Ken, pareciam seguros. Sua boca se secou só olhando a distância. Inclusive com sua velocidade realçada, o helicóptero poderia estar sobre ela em segundos. Jack lhe agarrou a cara em sua mão, forçando-a a olhá-lo. —Vê algo por esse olho? —Não. Está muito inchado. Não queria dizer isso. Jack a estava olhando como se tivesse fé completa em que poderia correr através da pradaria na cara do inimigo, mas ela estava cansada, sedenta, e verdadeiramente morta de medo. —Necessito que faça isso, neném. Me olhe. Me olhe nos olhos —quando ela obedeceu, ele riscou sua bochecha suave com o polegar—. Nunca permitiria que te acontecesse nada. Veio para mim acreditando que te protegeria, e o farei. O helicóptero dava círculos em cima deles, uma ameaça que ela não podia ignorar. Queria gritar que era diferente, que desta vez lhe estava pedindo que apostasse sua vida, as vidas de seus filhos, mas sabia que tinha estado fazendo isso todo o tempo. Tinha que tomar uma decisão e ficar completamente em suas mãos. Briony respirou fundo e assentiu. —Posso correr. Me diga aonde e um olho é tudo o que necessito. —Essa é minha garota —se inclinou para pressionar um beijo na comissura de sua boca—. Me diga quando, Briony. Ele lhe deu confiança. E a fez sentir segura. Ela descansou a cabeça contra seu peito, só se inclinou contra ele como se fosse a coisa mais natural do mundo a fazer a outro ser humano, algo que não tinha podido fazer com sua própria mãe. Não houve brilho de dor, nenhuma pena, apenas um sentimento de tranqüilidade no meio do caos. A batida em sua cara diminuiu, assim como a dor de seu flanco. Jack a envolveu em seus braços, com rifle e tudo, mantendo-a perto dele. Deixou vários beijos em seu cabelo. —Sairemos desta. —Estou segura de que o faremos —Briony se pressionou mais perto dele, absorvendo sua força e confiança. —Me diga aonde supõe que tenho que correr. —Vá diretamente através da pradaria até esse tronco naquele lugar afastado, o único perto do grupo de árvores rodeadas de pedras. Vê o tronco de que estou falando? Assentiu. Parecia um comprido caminho até eles. A pradaria era uma larga extensão de erva, flores e rochas e parecia interminável. Com o helicóptero dando voltas acima, não estava segura de como pensava Jack que entrariam na fenda. —Te deslize sob o tronco, desaparecerá da vista entre a mata. Temos um caminho ali. Pode começar baixando o atalho. Estaremos justo atrás de ti —Jack a agarrou pelo queixo e lhe empurrou a cabeça para cima—. Confie em mim, neném. Juro-lhe isso, não permitirei que nada te aconteça. —Só me jure que vocês dois estarão bem atrás de mim. 176
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Jack beijou sua boca, brandamente. Meigamente. Perguntando-se como infernos o tinha arrumado para encontrá-la. —Estaremos bem atrás de ti —assegurou. Olhou a seu irmão. Jack e Ken deram um passo saindo das árvores, os rifles em seus ombros, Ken apontou ao helicóptero, Jack para algo na pradaria. Dispararam simultaneamente. O helicóptero deu inclinações bruscas, e na pradaria uma explosão, enviando fumaça negra para o ar. Dispararam uma segunda vez, e uma segunda explosão enviou nuvens de fumaça ondeando e propagando-se. O disparo de Ken enviou ao helicóptero a uma volta. —Vai, Briony —instruiu Jack—. Corre, mas não respire. Estaremos bem atrás de ti. Ela decolou como uma lebre, saltando fora das árvores à segurança da fumaça.
Capítulo 18
Briony ouviu uma nova rajada de tiros e aumentou a velocidade, até que esteve no mesmo centro da fumaça. A visibilidade era agora nula, mas riscou os passos em sua mente, mantendo de cor o rumo tão reto como foi capaz. Conteve a respiração enquanto o fazia, mas não pôde evitar que os olhos lhe ardessem e chorassem. Ouviu Jack amaldiçoar e mais disparos. Chamas vermelhas e laranjas estalaram a sua direita e umas nuvens negras a rodearam. Cada vez que Jack disparava, ela se estremecia e as explosões de fumaça voavam pelo ar, explodindo em blocos de chamas convertendo-se rapidamente em mais fumaça. Estava por toda parte, espesso e impenetrável, um bom esconderijo, mas Briony não podia respirar nem ver e estava começando a desorientar-se. De entre o cinza torvelinho de vapor surgiu o enorme tronco de uma árvore cansada que quase lhe golpeou no estômago. Briony pôde deslizar-se por baixo no último momento, aterrissando duramente sobre o traseiro e introduzindo-se por debaixo da estreita passagem feita de sarças que formava um túnel sobre sua cabeça. Arrastou-se com rapidez, movendo-se longe da entrada da fenda e permanecendo presa ao chão, onde havia menos fumaça negra. Aspirou ar fresco, levando-o até seus abrasados pulmões, tentando limpar o olho bom para clarear a visão. As sarças lhe enredavam no cabelo, diminuindo seu progresso, arrastando-a para trás, e lhe puxando dolorosamente o cabelo. Jogou a mão para trás para libertar-se, e os espinhos lhe cravaram os dedos e a palma. A fumaça negra a rodeava como uma barreira, as sarças como os barrotes de uma jaula, até que a claustrofobia a envolveu. Jack! Estou aqui, coração. Não se preocupe por mim. Estamos quase fora. Continue te movendo. Siga o caminho até a saída. Chegará ao acampamento. Ken e eu precisamos cobrir o rastro e colocar algumas surpresas para qualquer um que nos siga. O simples feito de ouvir a voz dele deteve seu crescente medo. Briony seguiu arrastando-se. O túnel se alargou um pouco, mas os espinhos seguiam enganchando-se em sua roupa, lhe rasgando a pele como garras. Atrás dela soaram mais tiros, e Briony apalpou a arma que levava no cós de seu jeans para assegurar-se de que seguia ali. —Estou bem atrás de ti —disse Ken. A voz a sobressaltou. Com as explosões e a concentração 177
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em apressar-se através das sarças, não se tinha dado conta de que Ken estava tão perto. —Onde está Jack? —A Jack gosta de brincar com explosivos. Agora mesmo o está se divertindo. Siga adiante. Estamos quase fora. —Posso ouvir o helicóptero. Soa estranho. —Lhe dei. Essa maldita coisa tombou para um lado e estragou meu disparo. Não ouvi que Jack acabasse com ele. —Poderia me dizer se Luther estava no helicóptero? —perguntou ela ansiosa. —Não o vi, mas Jack lhe disparou, assim provavelmente esteja procurando atendimento médico. Espere —Ken lhe pôs uma mão no ombro e se calou. Briony conteve o fôlego para evitar fazer nenhum ruído enquanto escutava com atenção. Pequenos sons penetraram no túnel de sarças um lagarto escorrendo-se pela rocha, o zumbido de umas abelhas próximas, o canto de um pássaro, e o falatório de um esquilo ao longe. —Só temos que engatinhar uns minutos mais e chegará a uma sólida parede de arbustos. Não é fácil tirar o matagal do caminho, já que estão cheios de espinhos. Se podes me deixe passar. —Está louco? Não há espaço para que passe. Conseguirei abri-lo. —E logo quando Jack descubra que está cortada em pedacinhos, ficará desagradável comigo. Notaste que no que se refere a ti tem uma nervura protetora bastante grande? Ela riu em voz baixa. —Notei que tem uma nervura protetora com todo mundo. Só que não parece dar-se conta — Briony o olhou por cima do ombro, agradecida que estivessem longe das ondulantes nuvens de fumaça—. Sempre cuida dele, não é assim? Ken deu de ombros. —Posso dirigir algumas coisas melhor que ele, e ele me cuida as costas em outros assuntos, assim tudo sai bem. E justo neste momento, Ken, está protegendo o que mais amo. Nunca poderei te compensar pelo que está fazendo hoje. Fecha a boca, vais me fazer chorar. Devolveu-lhe Ken com sarcasmo, mas a verdade era que a nua emoção na mente de Jack foi suficiente para que lhe ardessem lágrimas atrás dos olhos. Quando Briony chegou até o que parecia um gigantesco labirinto de sarças, lhe ocorreu de repente que Ken não se sentia cômodo em companhia de outros mais do que se sentia Jack, mas pelo bem de seu irmão se obrigava a lutar com coisas cotidianas. Briony lhe brindou um breve sorriso. —Você o arrasta ao bar para mantê-lo civilizado, não? —Viveria em uma cova se não o fizesse —disse Ken. E você também o faria, acrescentou seu irmão à conversação. Briony estudou sua cara. —Assim como faria você. Ele sorriu fracamente, mas o sorriso não alcançou seus olhos, e morreu imediatamente. —Não sou tão diferente de Jack. Meu pai também está dentro de mim. Sei que Jack te falou dele. Ambos temos que viver com o que poderíamos chegar a ser nas circunstâncias adequadas, e ambos temos que nos esforçar para evitar qualquer situação que pudesse tirar nosso pai de nós. —Ele não está dentro de ti, Ken. —Ele está. Sinto-o aqui, escondido como um monstro, simplesmente esperando a que o deixe sair. Jack pode ser que seja quem o matou, mas eu o teria feito se tivesse podido. Ataquei-o com o taco de beisebol quando estava espancando o corpo morto de minha mãe. Ele me tirou o taco de beisebol e me rompeu os braços. —Foi em defesa própria. Todos temos direito a nos proteger a nós mesmos. Não entendo como nenhum dos dois se pode comparar com esse homem. Não fostes mais que amáveis comigo, me protegendo. —Jack é bastante capaz de ficar violento, assim como eu. 178
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Ela negou com a cabeça —Isso não é notícia de última hora, Ken. Eu também o sou. Muitas pessoas o são, nas circunstâncias requeridas. Ambos têm uma visão retorcida de quem são. Agüento-lhes mais que a muita gente em qualquer dia da semana. —Isso é só porque lhe estamos salvando o traseiro agora mesmo, não te dando ordens —Ken lhe estendeu um par de luvas. —Ponha-os, te ajudarão. —Obrigada. E sabe, Ken, que os homens não podem ordenar às mulheres se não o permitimos. Deixei Jack tomar a iniciativa porque queria aprender com ele. Sabe como sobreviver, e pode me ensinar, e isso me permitirá manter as crianças a salvo, mas me acredite, sempre fui dessa classe de garotas que fazem o que querem e ao diabo com as conseqüências. Meus irmãos sempre sentiram uma falsa sensação de segurança porque eu aceitava à maioria do que queriam. Se algo não for o suficientemente importante para mim de alguma forma —deu de ombros—, mas é importante para outra pessoa, por que não deixar fazê-lo a seu modo? —Essa é a razão pelo que atuava em público embora te causasse dor? —Não, tolo. O fiz porque amo a minha família. Vai à barraca de comida e te encarrega da lenheira quando poderia ao menos tirar as unhas? —De acordo. Briony puxou as bordas de duas fibras de grosas e emaranhadas trepadeiras para ela e as empurrou a sua direita. —Nunca fui amante dos matagais de bagos. —Abrir uma brecha pode ser particularmente desagradável se resultar que algum urso está tomando um pequeno aperitivo. —Obrigada pelo aviso. —Ofereci-me a ser valente e ir primeiro. —Certo, o fez. Felizmente, não cheiro nenhum urso perto, embora acredite que seu irmão se aproxima de nós rapidamente. Deve está fedendo. Briony já pode te cheirar, informou-lhe Ken a seu irmão. Puro afrodisíaco, respondeu-lhe Jack. Jack se deslizou através do túnel a toda velocidade, desejando voltar a Briony. Havia sentido tal estalo de amor, de orgulho e admiração quando ela tinha tomado a decisão de lhe confiar sua vida. Havia-se sentido humilde diante de sua fé nele, pelo amor que viu nos olhos dela justo antes que se virasse e corresse pelo campo aberto cheio de fumaça. Precisava chegar até ela para lhe limpar a laceração no flanco. A última coisa que ela precisava era uma infecção, e com a ferida aberta poderia pegar uma com facilidade. Mas mais que isso, queria encontrar um lugar onde estarem protegidos e que ela pudesse descansar. Jack lhe havia dito que os bebês estariam bem, mas não estava muito seguro. Não tinha tido oportunidade de ler por completo o livro sobre gravidez, e estava preocupado. Briony afastou as sarças e saiu com cuidado. A fumaça negra flutuava no ar e se frisava ao redor das cristas dos arbustos e a mata. Ken se levantou frente a ela, a arma pronta, seus olhos percorrendo a área ao redor de ambos com metódica paciência. Atrás deles, Jack fazia o mesmo. —Siga a Ken, carinho. Guiará-te através da mata. Temos um pequeno acampamento montado não muito longe daqui. Ali poderá descansar até o anoitecer. —Não acha que virão atrás de nós? —Essa é a idéia. Pensarão que estamos presos aqui, e cedo ou tarde estarão em marcha. —Preciso encontrar a Luther, Jack. Pode nos levar até Mari. —Está completamente segura de que tem uma irmã? Whitney poderia ser capaz de implantar lembranças como é de fazê-las desaparecer. Briony estendeu a mão para ele, mente com mente, tentando lhe fazer sentir o que ela sentia, o vazio, a alegria do descobrimento, o som de duas vozes misturadas. Jack e Ken usavam a telepatia assim como Briony e Mari. 179
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—Tenta-o. Tenta-o agora —lhe sugeriu Jack. Agarrou-lhe o braço enquanto caminhavam por um rio pouco profundo—. As pedras são perigosas, aqui, Briony. Olha onde pisa. Briony se concentrou em recordar a sua irmã o que se sentia ao estar com ela, ao vê-la e relacionar-se com ela. Sentia as rochas afiadas e escorregadias sob os pés e a água fria filtrando-se em seus sapatos, mas sua mente já estava afastando-se, estendendo-se para Mari. Onde está? Não posso te encontrar. Sabe quem... recorda-me? Mari. Me responde. Silêncio. Solidão. Briony apertou sua mão contra seu dolorido coração. —Não posso alcançá-la, Jack. —Então sabemos que não está perto —respondeu ele. A usual calma dele, tranqüilizou-a. —Ainda assim, provavelmente esteja aqui, nos Estados Unidos, não? —Não será difícil rastrear Luther. Se em algum momento voa dentro ou fora do país, deveríamos poder encontrar o ponto de partida. —Não acredito que Whitney esteja nos Estados Unidos. Era me pôr doente, então mamãe fazia uma chamada e o doutor Sparks estava ali em um dia. Às vezes em horas. Kadan me contou que Whitney tinha vários jatos privados que podiam aterrissar em qualquer base militar ao redor do mundo. Se tiver esse tipo de influências, facilmente poderia tirar alguém do país e levá-lo a outro —protestou Briony—. Se esses jatos se usam para levar prisioneiros de um lugar a outro sem que ninguém saiba, Whitney certamente poderia mover Luther fora e dentro dos Estados Unidos sem problemas —colocou ambas as mãos de forma protetora ao redor do estômago—. Poderia me tirar do país. —Nem pense, encanto —disse Ken—. Os Estados Unidos são o território de Whitney. Tem amigos nas altas esferas, e sem dúvida alguma usa táticas da CIA para conseguir operações encobertas. Está enclausurado profundamente aqui, e sim, pode ser que tenha lugares no outro lado do mundo, mas quererá estar ali onde sabe que tem ajuda, e isso é nos Estados Unidos. —Como podemos confiar em alguém? —perguntou Briony—. No arquivo que me deu Kadan, havia uma seção inteira sobre corporações que faziam de coberturas, jatos e bases militares em todo mundo, e laboratórios secretos. Sabe que vai ter ajuda. Não está sozinho nisto. Está criando um exército de super soldados para alguém. Jack a ajudou a passar sobre uma série de rochas particularmente largas, e subir ao aterro. —Não pareça tão assustada, Briony. Não vai apanhar-te. —Ele tem a minha irmã. —A encontraremos. Tenho alguns amigos nos quais confio —disse Jack, lançando uma olhada a Ken sobre a cabeça dela. Segue sendo certo isso? Em quem podemos confiar? Confiamos um no outro e nos membros de nossa equipe, já que é tudo o que temos, Jack. Eles estão nisto conosco. Se nós formos dispensáveis, eles também são. Ken clareou a garganta. —Estamos assumindo que sua irmã, se de verdade existe, quer sair. Whitney as arranjou para conseguir que alguns poucos homens trabalhassem para ele e parecerem fanáticos. É possível que ela queira estar exatamente onde está? —Luther disse que não era necessário que as mulheres estivessem de acordo. Acredito que Whitney quer ver o quanto ela chegará a lutar contra ele e até onde seus supersoldados “bancos de sêmen andantes” iriam retê-la —se tocou a bochecha—. Luther passou a ser amável comigo, e me falar de forma razoável, a ter momentos de ciúmes e fúria. Não, não acredito que ela queira estar lá, Ken. Acredito que está retida como prisioneira e que lhe estão fazendo mal para conseguir sua colaboração. Quero encontrá-la. —A encontraremos, Briony —lhe assegurou Jack. Seguiram um tênue caminho de cervos até um grosso bosque. Os ramos no alto se entrecruzavam para formar uma grosa cobertura, lhes proporcionando sombra e um refúgio contra a metódica busca do helicóptero sobre eles. Jack passou diretamente sobre várias 180
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samambaias grossas e afastou as folhas, medindo o chão até que encontrou uma corda. A porta armadilha se abriu para revelar uma fossa o suficientemente larga para ocultar algumas provisões. Tirou um pesado cacharro e o colocou a um lado. Depois dele veio um segundo. —Demônios! Estão planejando ficar aqui uma temporada? —Nós gostamos da comodidade —explicou Ken—. Todas as comodidades de uma casa. Chama-se estarmos preparados, irmãzinha. Melhor esconder umas poucas provisões aqui e ali a que te pilhem com a guarda baixa. Jack estendeu no chão o isolante e jogou um saco de dormir sobre ele, fazendo gestos a Briony para que se sentasse. Na próxima vez acredito que incluiremos coisas desse tipo com os mantimentos, assim, se perdermos um, teremos outro. —Tem que estar brincando. —Não —disse Ken—. Sempre tem livros para ler. Eu sou um homem mais musical. Ela se sentou à sombra, olhando como os dois homens estabeleciam uma área letal ao redor do pequeno acampamento. Parecia que tinham pensado em tudo. Tinham pastilhas para conseguir fogo se precisavam de calor e mantimentos para comer. Sobretudo, notou Briony, tinham munições, armas e explosivos. —Se deite, neném. Deixe que me encarregue da ferida de seu flanco —lhe ordenou Jack. Esquentou água usando uma das pastilhas. Se acocorou atrás dela, levantou-lhe a camisa e lhe indicou que afastasse os jeans o suficiente para lhe dar espaço para trabalhar. —Não dói tanto agora que já não corremos —lhe disse ela. —Está coberta de sangue. —Estava correndo. Tinha que sangrar muito. Não me cravei nada importante —disse Briony—. Tive muito cuidado. Ele lhe tirou a gaze empapada de sangue e examinou atentamente os pequenos pontos. —Não está ruim, só um pouco irregular. Fez melhor comigo. —Não está ruim? —Briony chiou as palavras, fulminando-o com o olhar—. A costurei eu mesma, muito obrigada. Ken rompeu a rir. —Ele me disse o mesmo uma vez. Briony fez uma careta de dor quando Jack voltou a limpar a ferida com a água quente e o antiséptico. Ardia e ardia tanto como para lhe levar lágrimas aos olhos. —Onde estavam? Como te feriu? —Afeganistão —disse Ken—. Foi em uma cúpula de 100 pés de altura conhecida como “Whale’s Back” no oeste de um vale. Ao este se levantam as montanhas Shah-e-Kot, com o inimigo sentado a uns onze ou doze mil pés, usando desde pequenas armas até morteiros e pesadas metralhadoras. A infantaria estava presa no vale, carregando a campo descoberto uma pesada equipagem e sem cobertura. O inimigo tinha todas as vantagens, disparando de qualquer posição defensiva, e provocando importantes baixas entre os soldados de infantaria. —Quando diz infantaria, te refere a muitos esquadrões? Ken deu de ombros. —Acredito que um par de batalhões. Perseguiam a resistência para as montanhas em um intento de terminar antes da batalha. Fomos enviados para lhes proporcionar defesa extra. —Ai! —Briony deu um tapa na mão de Jack quando derramou líquido sobre a ferida. Ardia inclusive mais que o primeiro ungüento que tinha usado. —Deixe de te comportar como um bebê —murmurou Jack—. Te pareces com Ken. —Suponho que a situação se tornou perigosa —apontou Briony, apertando os dentes. O flanco lhe doía mais que quando estava correndo. O bate-papo a distraía, e em qualquer caso, gostava de vislumbrar fragmentos do mundo de Jack e Ken. Jack pressionou uma gaze limpa contra a ferida. —Se converteu em um inferno em um instante. Os dois batalhões estavam sofrendo baixas 181
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importantes e estavam presos. O inimigo os tinha bem onde queria. —Como se feriu Ken? —Acredito que sofre de ADD —disse Jack—. Não pode ficar quieto. Briony riu, apesar de que Jack estava assegurando a gaze em seu lugar e a ferida lhe seguia ardendo graças a dupla dose de desinfetante. Ela sabia que Ken podia ficar quieto durante horas. —Ris —disse Jack—, mas é a verdade. Pusemo-nos em contato com a brigada Airborne e o inimigo nos atirava de tudo menos a pia. Movemo-nos até uma posição mais vantajosa e começamos a liquidá-los, mas logo que nos libertávamos de um, outro ocupava seu lugar. Tínhamos escondido nossa equipe abaixo e Ken decidiu que simplesmente faria uma pequena corrida pelo vale a descoberto, subiria até a crista a uns cem mil pés mais ou menos e o buscaria por nós. Já sabe, um pequeno passeio pelo parque. —E você ficou sentado ali em cima e lhe protegeu enquanto o fazia —adivinhou Briony. —Demônios, alguém tinha que fazê-lo. É um maníaco. Levou um lançador de granadas com ele e correu daqui para lá em meio dos disparos a mais de onze mil pés. O ar era escasso, mas não só trouxe nossa equipe e a munição, mas sim também eliminou uma guarida oculta do Al-Qaeda que nos bombardeava com morteiros. Justo quando subiu à crista, vi o vulto de um câncer de árvore bem embaixo de nós e soube que ali se colocou um franco-atirador. —O que é um câncer de árvore? —Os franco-atiradores se colocam, e às vezes pode ver a beira de seu esconderijo de camuflagem. Parece como um broto no tronco, por isso o chamamos câncer. —Certo, o peguei. Então que ocorreu quando o viste? —Tirei a arma, mas ele se moveu e deu com Ken. —Faltou-lhe mencionar que a única razão pela qual pude correr e seguir vivo foi porque ele eliminou a todo aquele que tentava me disparar na bunda. —Faça algo parecido outra vez e te dispararei eu mesmo —Briony captou o total afeto e o medo por seu irmão que formava redemoinhos na mente de Jack, mas como sempre, sua voz era tranqüila e prática. —Ganhei uma bonita medalha —assinalou Ken. —Estive a ponto de ganhá-la depois de que lhe enterrássemos —Jack empapou uma parte de tecido na água quente e a pressionou com cuidado contra a cara de Briony—. Ken insistiu em costurár a ferida, embora deixou que eu lhe tirasse a bala. —Precisamente pelo mesmo que não me costurou, sádico bastardo. Dói como o demônio. Jack atirou a Ken um saco de dormir. —Será uma longa noite. Farei a primeira guarda enquanto você dorme um pouco. Briony esperou até que Ken se estabeleceu a umas poucas jardas deles antes de tocar a tatuagem do braço de Jack. —Você, Ken e Kadan têm as mesmas tatuagens. O que são? Jack estudou o emblema em seu braço e o símbolo. —Só os Caminhantes Fantasmas levam estas tatuagens. É o emblema dos Caminhantes Fantasmas. O globo representa o mundo, que basicamente é nosso território de caça. Somos responsáveis por proteger àqueles que não podem proteger-se. A chave simboliza nossas diferentes missões, entrar desapercebidos em campos inimigos e compilar a informação necessária, e as facas são, claro, uma arma silenciosa. A frase em latim nox noctis est nostri significa "a noite é nossa", o que é certo. A noite pertence aos Caminhantes Fantasmas. —E o outro? —Os símbolos em conjunto têm significado. O triângulo significa escuridão; esta é a Letra Grega psi; isto é uma proteção contra forças malvadas; e o último são as qualidades de um guerreiro. Assim basicamente seu significado é: os guerreiros da noite protegem contra as forças malignas usando os poderes psíquicos e a honra. Também temos uma crença. Significa muito para nós e vivemos por ela. —Eu gosto das tatuagens e acredito que é genial que tenha usado tinta que requeira visão 182
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especial para poder vê-las. —Você é uma Caminhante Fantasma, Briony. Tem direito a levá-las. —Bom, pode ser que me ponha alguma, depois de ter os bebês —franziu o cenho—. Por que abandonou sua equipe em território inimigo, Jack? Estava ferido. —Fui tirar Ken. Disse-lhes que partissem e sabia que voltariam atrás de mim. A equipe dos Caminhantes Fantasmas montou dois ataques contra a Al-Qaeda, mas fui movido antes que dessem com o acampamento, ambas as vezes. Estavam planejando outro ataque e teriam continuado até que tivessem encontrado meu corpo ou me tivessem tirado com vida. —Quer dizer que Ken teria continuado. —Não, quero dizer que todos o teriam feito, com ordens ou sem elas —lhe sorriu abertamente—. Mas Ken teria liderado a manada. Ela lhe devolveu o sorriso com rapidez. —Eu gosto de seu irmão, de verdade. É um bom homem. Também lhe preocupa, o de ser como seu pai. Não gosta de estar rodeado de gente mais do que gosta a ti. —É o melhor homem que conheço, Briony, e estou condenadamente seguro de que não é como meu pai. —Olha-me como se eu fosse sua igual, Jack, sua companheira. Luther me olhava como se eu fosse sua posse. Não te parece em nada a seu pai, Jack. Absolutamente, e tampouco Ken. Se não sair desta, quero que saiba que não me arrependo nem um minuto de ter podido estar contigo. Ele gemeu brandamente. —Boa coisa diz com meu irmão tão somente a uns poucos metros. Ela descansou a cabeça no ombro dele. —Não pretendia que fosse sexual, maníaco; estava sendo carinhosa. —Só te olhar é sexual, deixa de dizer coisas como essas. —Fecha o bico, Jack —disse Ken sem abrir os olhos—. Me sinto como se estivesse em um filme pornô. Não está bem. Briony riu. —De verdade vais dormir? Não estamos rodeados? —Ken sim, já deveria estar dormido —disse Jack—. Faremos turnos. Se as tropas tentam entrar na fenda, saberemos. Simplesmente darei um passeio até esse topo e os descobrirei. É mais provável que esperem até meia-noite, assim como faremos nós. Briony subiu o olhar à densa cobertura de folhas e ramos. O ar era frio e o último rastro de fumaça tinha desaparecido. Poderiam ter estado acampando em lugar de escondendo-se de um letal grupo militar. Nenhum dos dois homens parecia estresado absolutamente. Depois de uns minutos, esteve segura de que Ken estava realmente adormecido. A mão de Jack encontrou a sua, entrelaçando os dedos. —Sempre deve conservar as energias se for possível, coração —lhe avisou ele, levando sua mão à boca. Os dentes de lhe mordiscaram os dedos—. Aprenderás. Se puder, vá dormir. Pôs nela uma manta em cima para protegê-la das frias temperaturas. —Me fale. Me fale de ti e Ken. Que idade tinham quando perderam a sua mãe? —não tinha querido dizer “matou a seu pai”, mas de algum modo as palavras ficaram flutuando entre os dois. —Nove. Tínhamos nove anos. —O que lhes aconteceu? —Levaram-nos ao hospital e logo nos tentaram em vários lares de adoção. Às vezes nos separavam, mas nunca foi uma boa idéia. Escapávamo-nos e nos localizávamos. Se algum de nós era maltratado, sempre havia represálias. Passamos um montão de tempo nas ruas. Com o tempo, depois de ganhar uma má reputação, ninguém nos acolheu, assim por um tempo fomos a um lar estatal. Tampouco funcionou muito bem. —Posso imaginá-lo. —Nenhum dos dois é bom seguindo regras. Em algum ponto do caminho conhecemos a senhorita Judith. 183
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—A senhorita Judith? Havia um imenso carinho na voz de Jack. —Ela estava acostumada vir ao lar como voluntária e era a única pessoa a quem Ken e eu escutávamos. Havia algo nela, algo verdadeiramente distinto e real. Queria ajudar de verdade, preocupava-se. Passado o tempo nos acolheu. Quase tínhamos dezessete anos quando aconteceu, e duas vezes seu tamanho, mas nos levou em contra do conselho de outros trabalhadores. Tinha um rancho nas montanhas e nos deu um montão de espaço para correr em liberdade. Em troca, nos destacamos os trabalhos escolares —lhe sorriu de arelha a orelha—. Da-te conta que não hei dito nada sobre o colégio. Ela se encarregou de nossa educação e nos dava as aulas em casa porque nenhuma escola normal queria ter nada a ver conosco. Esforçamo-nos por ela, e ela nos proporcionou nossa primeira experiência do que é um lar. —Segue viva? Jack titubeou. –Sim. Mas não deixamos que ninguém mais saiba. Poderia converter-se em... Briony elevou a cabeça e o olhou entrecerrando os olhos. —Uma carga? Jack gemeu. –Alguma vez vou libertar-me disso, verdade? E não, a senhorita Judith necessita de proteção para que ninguém que vá atrás de nós não possa usar nossos sentimentos por ela contra nós. Não quero que seja vulnerável. —Fingiram a morte dela? —perguntou Briony com curiosidade. —Muito fácil de desmentir. Não, simplesmente simulamos uma acalorada discussão pública e ela nos repudiou. Depois de vários meses se mudou para outro estado e então, um ano mais tarde, retornou a sua cidade natal, de volta ao rancho familiar. Nunca fomos vistos perto do lugar e é obvio ela não vem aqui. Nunca a ligamos, assim não há nenhuma pista a seguir. Muitas pessoas inclusive esqueceram que uma vez estivemos com ela. —Compreendo —Briony franziu o cenho e voltou sua cara para o céu—. E o que acontece comigo, Jack e os bebês? O que vamos fazer depois que nasçam? —Vais casar-te comigo antes que nasçam, e vamos viver juntos aqui mesmo, nesta montanha. Ken me ajudará a te proteger, a ti e aos meninos, e estaremos bem. Acredito que posso mandar uma mensagem o bastante audível a qualquer inimigo se atreva a meter-se com minha família. Não pararei até que estejam mortos. —Não quero que faça isso, Jack. A vingança não é forma de viver —disse Briony amavelmente. Ele introduziu seus dedos no cabelo dela. —Não vais mudar quem ou que sou, coração. Ken e eu o tentamos faz muito. Sabemos com o que podemos viver e com que não. Ninguém vai te afastar de mim. Briony ficou em silencio um longo tempo, olhando as nuvens, o olho inchado lhe lacrimejava e lhe doía, mas o calor no flanco desparecía lentamente. Passou a mão pelo estômago de forma tranqüilizadora. —Já mudei bastante sua vida, Jack. —Isso é algo bom, Briony. —E Ken disse que não podia me casar contigo. Jack sentiu que o coração lhe dava um salto no peito. Fulminou com o olhar a seu irmão dormido. —Disse por que? —Sim —ela manteve a voz tranqüila—. Disse que tinha que me pedir isso corretamente. O aliviou o fez desfalecer. O pulso lhe pulsava nas têmporas, lhe vibrando no pescoço. Por um momento tinha fechado os dedos no cabelo dela em um apertado punho. —De forma apropriada? Se lhe pedir isso, poderia dizer que não, assim acreditei que simplesmente poderíamos começar bem, te diria isso e já estaria feito. 184
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—Já estaria feito? —repetiu Briony. Ken bufou com força. —Jack, eu farei a guarda e você dorme um pouco. Acredito que te há fritado o cérebro lá em cima. —Fecha o bico! —disse Jack—. Te estás procurando problemas. —Já estaria feito? —repetiu Briony lentamente—. Que coisa estaria feita exatamente? —A cerimônia. A papelada. O que seja que se necessite para que seja legal. Briony se sentou e o olhou zangada. —Agarra seu “o que seja” e lhe coloque isso por onde te caiba, Jack. —Não há necessidade de zangar-se, Briony. Não podemos ir por aí com uma turma de pirralhos e não fazer o que quer que se faça as pessoas para fazê-lo legal. —O que seja que se faça falta para fazer o que legal? Ele deu de ombros. —Como demônios vou saber? Nunca antes o tenho feito. Nos deitar suponho. —Então vais casar-te para que seja legal te deitar comigo? —Isto não vai bem. —Você acha? —Não te zangue, neném. Não entendo por que tem que te zangar. —Não me chame neném, Jack —disse ela, entrecerrando os olhos em advertência—. Pode ser que para ti o matrimônio não seja mais que uma cerimônia, mas para mim é algo sagrado. E não tem por que se preocupar, não vou insistir no matrimônio. Já te disse a princípio, sou muito capaz de criar sozinha a um filho. —Não vamos ter um só filho, Briony —assinalou ele—. Vamos ter dois. Acredito que isso quer dizer que me necessita, você goste ou não. —Acredito que não o está pegando, Jack. Não tenho intenções de me casar contigo —se incorporou, olhando-o com fúria. Ele elevou uma sobrancelha. —Sério? O que vamos dizer a nossos filhos? Não acredito que nos paremos em dois, você sim? Briony não pôde evitar a urgência de rir. Jack era impossível, sempre seria impossível. Inclinou-se e lhe beijou na comissura da boca. —Dois já me assustam o suficiente. Não acredito que falemos de ter mais até dentro de muito, muito tempo. Tem idéia do realmente pequeno que é um bebê, Jack? Alguma vez há segurado algum? —Nunca. Mas estou seguro de que nos arrumaremos isso. Deve haver algum livro sobre o tema em alguma parte. E não ache que terminamos de falar sobre isso do matrimônio. —Definitivamente terminamos. Ela se estremeceu debaixo da fina manta, e Jack estendeu a mão para empurrá-la contra o calor de seu corpo. —Venha aqui. Vais pegar um resfriado se não ficar perto de mim —disse ele de forma sugestiva. Suas mãos se deslizaram pelos braços dela para esquentá-los. Ken se levantou e agarrou seu rifle. —Vou fazer um reconhecimento enquanto vocês jogam um soninho, Jack. Tenha irmão cuidado. Terão um franco-atirador nas árvores tentando ter alguma vista nossa caminhando por aí. Como se não soubesse. Acredito que é melhor te dar a oportunidade de te redimir. É um idiota, e poderá te rastejar melhor se eu não estiver por aqui. Ken sorriu fugazmente a seu irmão e caminhou para os espessos arbustos, de volta por onde tinham vindo. —Estará bem? —Está nos dando um pouco de intimidade —Jack virou de lado, apoiando a cabeça na mão para olhar a cara de Briony—. Pensa que estou me fazendo idiota. —Tem razão. 185
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—Eu sei. Sei que é muito cedo, Briony. Não há forma de que possa te apaixonar por mim tão rápido, mas sei o que eu sinto por ti. Não tem nada a ver com Whitney ou com os feromônios e os experimentos. Quando estou contigo, sinto-me diferente, vivo, feliz, maldição, até em paz e isso embora você discuta a metade do tempo. —Eu não discuto. Ele lhe sorriu, sua mão livre se deslizou pela garganta dela em uma suave carícia até riscar a turgidez de seus seios. —Você me faz feliz, Briony. Não parece importar onde estejamos ou em que inferno nos vejamos envolvidos, quando estou contigo, há algo dentro de mim que se ilumina. Me diga por que não quer se casar comigo. Briony olhou sua cara, tão masculina, severa e curtida, com linhas profundamente delineadas; seus olhos cinzas que podiam ser frios como o gelo ou quentes como o sol. Não era um homem que sorria freqüentemente, mas cuidava dos seus. Riscou aqueles traços com as gemas dos dedos. A emoção a percorreu, sacudindo-a, lhe acelerando o pulso e lhe fazendo sentir mariposas no estômago. —Não disse que não queria me casar contigo, Jack Norton, só que não me tinha pedido isso de maneira apropriada. A olhada na cara dela, em seus olhos, fez que o coração dele bombeasse com força. Ninguém o tinha olhado antes dessa forma. Poderia levantar-se cada manhã com aquele olhar. Trocou o peso de seu corpo outra vez de forma que pudesse emoldurar sua cara com as mãos, fazendo uma careta de dor quando a coxa encostou com o isolante. —Conhece algum livro sobre esta bobagem? Porque vou precisar usar algo. Briony gemeu e ficou de costas, rindo sem poder conter-se. —És impossível, Jack. Impossível. —Quero-te, mulher. Que mais há que dizer? A risada dela o afetava mais do que tinha acreditado possível. Para manter a esmagante emoção a raia, inclinou a cabeça e tomou posse de sua boca, um pouco desesperadamente, outro pouco grosseiramente, mas em sua maior parte com ternura.
Capítulo 19
Briony rodeou o pescoço de Jack com seus braços e fechou os olhos, abrindo sua boca a ele, igualando o fogo de seu beijo com o dela. Tinha calos nas mãos e cheirava a armas. Gostava da aspereza contra sua pele e sabia que, sem importar o perigo, protegeria a ela e a seus filhos. —Faz que me sinta segura quando me abraça, Jack —lhe confiou Briony—. Sempre tive tanto medo, mas inclusive agora, rodeados por nossos inimigos, faz-me sentir segura —murmurou as palavras contra o calor de sua boca, beijou seu queixo e os pequenas pés de galinha ao redor de seus olhos, não linhas de risada, e sim de entreabrir os olhos no sol. Agradecida que Ken estivesse no turno de guarda e os tivesse deixado sozinhos para dormir enquanto esperavam o anoitecer, estava determinada a aproveitar sua oportunidade a sós com Jack. Jack beijou a ponta de seu nariz, as esquinas de sua boca, a pequena fenda em seu queixo. Parecia-lhe impossível estar ali, na grama de Montana, no lugar que amava, e abraçando a esta mulher única. E ela seguia lhe olhando com amor em seus olhos. Genuíno amor. —És um fodido milagre, Briony —a beijou outra vez, e deslizou suas mãos para baixo até seu 186
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estômago, subindo o tecido de sua blusa para então poder cobrir a pele nua com sua palma—. Quero senti-los mover-se dentro de ti. Uma parte tua e uma parte minha. Nunca imaginei ter filhos nem sequer ter uma mulher própria. Agora que está aqui comigo, não posso imaginar a vida sem ti. Ela fechou os olhos para saborear a sensação de suas mãos acariciando seu estômago. Durante um momento pensou haver sentido a agitação de um bebê movendo-se dentro dela, mas o movimento foi tão pequeno e breve, que poderia havê-lo imaginado. —Não diga foder Jack —a verdade era que, apesar dela, começava a tomar carinho a aquele termo quando dizia essas coisas sobre ela—. Tem que melhorar sua linguagem pelos bebês. Mas no caso de não saber, também penso que és um milagre. Te amo. Ficou completamente quieto, absolutamente quieto. Inclusive seu fôlego cessou em seus pulmões. Esperou até que ela abrisse seus olhos e o olhasse. —Não diga isso a menos que queira dizê-lo, Briony. Não quero que haja nenhum engano. —Não há nenhum engano. Amo-te mais que tudo. Sou feliz de levar a seus filhos. Amo estar contigo. —Está frio aqui acima e o caminho estará intransitável em pouco tempo. Nevará. Poderia-te sentir sozinha. —Amo o lugar onde vive e a casa, e tudo. —Às vezes estou tão mal-humorado como uma serpente. Eu gosto das coisas a minha maneira, neném, talvez demasiado. —Está tratando de me dissuadir disso? Sei que neva. Não me sentirei sozinha, certamente não contigo, Ken, e duas crianças correndo ao redor, e se estiver mal-humorado, verei o que posso fazer para te acalmar —deslizou sua mão sobre seu peito, com uma carícia leve e sugestiva—. E quanto a fazer as coisas a sua maneira, provavelmente o fará a maior parte do tempo, assim quando realmente eu quiser algo, é obvio que estará mais que feliz de te acomodar a mim. —O estarei? —um lento sorriso curvou sua boca, levou uns momentos para que seus olhos se iluminassem—. Duvido que alguma vez tenha muitos problemas para conseguir o que quiser de mim, mas já sabia, verdade? —Sim, e sabe o que quero exatamente agora? —apoiou-se até roçar seus lábios contra sua orelha—. Te quero dentro de mim tanto, que não posso pensar corretamente —porque havia uma parte dela que temia que o pudesse perder, que esta poderia ser a última oportunidade que tivessem para estar juntos—. Acha que Ken se afastará o suficiente para nos dar tempo? — sussurrou-lhe o convite como uma sedutora. Ken, necessito um pouco tempo a sós com Briony. Você acha? Estou aqui sentado girando meus polegares, conquistador. Melhor deveria persuadi-la com suas habilidades porque tem profundas carências no departamento do romance. Não quer perder a essa mulher. Não, Jack definitivamente não queria perdê-la. Fechou-se a Ken, e a beijou brandamente. —Tenho um maldito grande irmão. Vigiará nosso rastro por nós. —Vá devagar, Jack. Necessito que vá devagar —queria sentir-se amada, queria estar com ele outra vez, só no caso que esta fosse a ultima vez, o único tempo que ela tinha deixado. Estava mal com o pobre Ken tão perto e adaptando-se a eles. Deveria sentir-se envergonhada, mas só se sentia agradecida. Não passaria muito antes que tivessem que lutar por suas vidas outra vez, e necessitava de Jack, agora—. Sinto parecer um desastre. —Pensa isso Briony? Ninguém poderia ser mais bonito para mim. Um olho inchado, contusões isso nunca importará. É uma lutadora, neném, e faz que me sinta orgulhoso de ti —ele levantou sua blusa pela frente, até que a parte oculta de seus peitos foi exposta, os dedos acariciaram a pele suave—. Quando te toco, juro-o Briony, cada vez, não se parece com nada que haja alguma vez experimentado. Sinto-me como um idiota tratando de te dizer o que me faz, mas não quero que alguma vez pense que não vale o esforço, para tratar de pôr em palavras a forma em que me faz sentir. 187
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Jack deu ligeiros beijos sobre seu ventre brandamente arredondado. Mechas de seu cabelo se roçavam contra seus peitos, enviando tremores de consciência a sua coluna. Briony não sabia por que encontrava tão erótico estar fora com ele, rodeados de perigo, e olhando seus olhos escurecerem-se pelo desejo e seu corpo esticando-se pela antecipação. —Terá que ficar em cima assim não teremos nenhuma possibilidade de machucar a ti ou aos bebês —levantou sua cabeça para olhá-la, seus olhos cinzas quase da cor do carvão—. Serei tão gentil que nem sequer saberá que sou eu. Não podia acreditar no molhada e quente que ficava em apenas olhá-lo. Suas mãos embalavam seus peitos, amassando-os com delicioso cuidado, girando seu mamilo até que ela ofegou, sua visão se nublou. Briony sentiu a roupa muito apertada, o tecido raspando sua sensível pele e impedindo que suas mãos vagabundeassem. Abriu depressa seus jeans e se sentou para tirar a roupa, jogou uma olhada ao redor para assegurar-se que estivessem ocultos pelos arbustos e o grosso dossel de árvores. O ângulo das paredes da fenda ajudava, podia ver por que Jack tinha escolhido esse ponto para esconder-se enquanto esperavam a escuridão. Jack também se despiu da roupa e alcançou e puxou seu pulso até que a sentou escancarada sobre seu regaço. Tomou com as mãos seu cabelo e inclinou sua cabeça para trás, querendo devorá-la, sua língua percorreu sua boca, dentes puxando seus lábios, e todo o momento pressionou deliberadamente seu duro pênis contra seu molhado canal. Durante um momento ficou quieto, absorvendo o senti-la, seu aroma, o milagre de que estivesse com ele. Sepultou sua cara contra seu pescoço para esconder a repentina emoção esmagante que sabia estava nua em sua cara. —Jack? Ele tirou seus braços ao redor de seu pescoço até que seus dedos se cravaram em seus músculos quando colocou suas pernas ao redor de sua cintura. Ela fechou seus tornozelos atrás de suas costas, abrindo ainda mais seu corpo para ele, e ele balançou suas costas, esfregando seu pênis no mais profundo de seu calor feminino. Ele podia escutar para sempre seu nome em seus lábios, essa entrecortada vacilação, a forma como o amor se derramava por sua voz. Moveu-se outra vez deliberadamente para libertar um pequeno gemido dela. Briony agarrou seus ombros com força e fez um pequeno som de profundo desejo, um suave gemido de prazer acrescentando flamejantes chamas de excitação através de suas veias. Jack a beijou repetidas vezes, afogando-se em seu sabor, amando o modo em que ela respondia, lhe dando sua boca da maneira em que lhe dava seu corpo totalmente incondicional. Baixou beijando sua garganta e ombros, até encontrar os pequenos pontos quentes de seus peitos, já rígidos para ele. Já estava tão quente e molhada, balançando-se contra ele, lhe avisando quanto o queria. Isso por si só era um afrodisíaco. Jack tomou seu peito em sua boca, sentiu sua incrível doçura, puxou o seu mamilo com os dentes, fez-o virar com sua boca, e quando ela lançou um grito, voltou a sugar. Com cada forte puxão, sentiu-a ficar mais quente e úmida para ele. Amou a reação de seu corpo, e suas mãos começaram a acariciar e espremer seus ombros, a parte baixa de suas costas, suas nádegas, sua boca todo o tempo prodigalizando atenção a seus peitos. Briony arrojou sua cabeça para trás, arqueando-se dentro do calor de sua boca, unhas cravando-se em seus ombros. Suas lentas mãos e sua devastadora boca enviaram a seu corpo pulsações com tão dolorosa necessidade que tratou de retorcer-se nele. —Pare —disse bruscamente e baixou sua mão até seu traseiro, enviando uma labareda inesperada de calor movendo-se em espiral por seu corpo—. Nos íamos levar isso devagar e com calma, recorda? Deixa-o aumentar —porque queria ficar dentro dela para sempre. Jack queria tê-la de qualquer forma que pudesse. Não tinha nem idéia de como tinha conseguido invadir seu coração e alma, mas ela os tinha, e a necessitava como certamente necessitava que o sol subisse pela manhã. Queria-a para sempre, e só tinha um pouco de tempo, mas cada momento ia contar. A terrível dolorosa necessidade já estava construída, já enfurecendo fora de controle. Briony 188
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sentiu a tensão rebelando-se nela, a pressão apertando-se profundamente dentro, até que seu corpo se esticou e chorou de necessidade. —Jack. Não temos tempo. —Para isto, para nós, temos tempo —beijou seu pescoço, mordeu brandamente seu queixo, encontrou seu peito outra vez, e enviou outro feixe de desejo frisando-se através dela com um forte puxão de sua boca quente. Seu corpo esfregando-se sobre ele, suplicando, demandando, endurecendo seu pênis em um grosso instrumento de aço de carne e sangue. As mãos de Briony o agarraram mais forte quando a levantou e a colocou sobre seu regaço. Baixou-a até que a ampla cabeça de seu eixo começou a forçar a entrada, invadindo seu corpo lentamente polegada atrás polegada. Ela era suave, tão suave que a sentia como uma luva de seda que tomava, e quente, tão quente que gemeu e deixou que a gravidade o ajudasse a sentá-la, precisando estar tão profundo como fosse possível. Seu corpo o envolveu em seda e veludo, espremendo-o e apertando-o de modo que ele ofegasse com o puro prazer disso. Tomou seus quadris e começou a movê-la lentamente, em um sensual ritmo. —Isso, neném. Só leve um singelo e agradável passeio. Com ela escancarada sobre suas coxas, Jack se sepultou profundamente em seu corpo. Briony rebolou, um pequeno movimento, mas a empurrou ainda mais profundo, pressionando-o fortemente contra seus clitóris, assim que cada golpe lhe enviava uma corrente elétrica correndo por seu corpo, diretamente até seus mamilos. Um raio quente de excitação a encheu quando sentiu seu clímax aumentar-se. Ela se arqueou para trás para frente, levantando seus quadris a seu ritmo lento, fácil, mas acrescentando um movimento circular, olhando a seus olhos, sua cara, deleitandose na mescla de luxúria e amor que viu ali. Seus peitos estimulados eróticamente com cada impulso dos quadris; seus mamilos roçaram o peito de Jack enviando uma chuva de faíscas quentes sobre sua pele. Ela começou a certificar-se como seu corpo se enroscava mais tenso e mais tenso, levantando-se mais alto, esfregando-se mais duro, lhe montando a um ritmo mais rápido. Seu fôlego ficou apanhado em seu peito e tomou mais profundo, aumentando a fricção, deliberadamente contraindo os músculos ao redor dele, liberando um áspero gemido dele. —Filho de cadela, Briony, vais me matar antes que cheguemos. Queria induzi-lo a xingar. Com ninguém mais lhe teria parecido bom ou sexy, mas com Jack sabia que empurrava seus limites e lhe deixava. Não gostava de deixar o controle, nem sequer sexualmente, mas a deixou marcar o passo, que fizesse o que quisesse ou talvez o que precisasse fazer. Olhou-o diretamente aos olhos e sorriu, um sensual e sexy sorriso de pura felicidade. —Sabe o que, Jack? Esta é minha forma de te amar. Seu coração saltou em seu peito. Seu pênis se esticou e se sacudiu em resposta. As gemas de seus dedos se deslizaram sobre sua cara, riscando cada querida linha. Quando havia se tornado tão necessário para ela? Sentiu o amor mesclar-se com as ânsias terríveis de seu corpo, e se fosse possível, o amor incrementou seu prazer ainda mais. Ela se balançou para frente e tomou sua boca, a língua deslizando-se sobre seus lábios, dentes provando e mordiscando. Sua boca se abriu, quente e dura e sabendo tão perfeito. Gemeu e envolveu seus braços ao redor de seu pescoço, todo o tempo balançando-se e retorcendo-se e mantendo um ritmo estável desenhado para voltá-lo tão louco como só ela podia. E logo sua boca se moveu contra a sua, e de repente ele era o dominante, mãos apertando seus quadris, forçando seu corpo a um ritmo diferente, muito mais difícil e mais rápido. Ela sentiu a imediata labareda de excitação, o calor precipitando-se como uma bola de fogo por seu corpo apertando cada músculo e aumentando seu prazer ainda mais. Inclinou sua cabeça para trás em um convite, sua boca vagou descendo por sua garganta até seus belos seios saboreando e beliscando, conduzindo-a a loucura. Podia sentir seu clímax crescer e crescer, sua boca, mãos e corpo levando-a mais perto e mais perto da borda. Encheu-a e esticou, seus corpos combinados mais quentes do que tinham imaginado possível, quando ele aumentou o ritmo pressionando 189
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deliberadamente o vulto de sensíveis nervos. Briony engoliu um grito e se deixou ir, músculos sujeitando-a abaixo fortemente, tomando-a, ordenhando-o até secá-lo, enquanto seu corpo ondulava e tremia com um terrível orgasmo. Jack gemeu roucamente, quando se esvaziou nela e a arrastou contra seu peito para sustentá-la em seus braços, enquanto eles se balançavam juntos, obstinados, sua cara sepultada no cabelo dela, a dela em seu ombro. Ficaram dessa maneira muito tempo, só sustentando um ao outro, enquanto seus corações deixavam de acelerar, seus corpos ainda um, ambos sentindo-se em paz. —Temos que conseguir descansar um pouco —apontou Jack finalmente, a contra gosto deixando seus braços escapulir—. Nos espera uma longa noite —verteu água em uma pequena toalha—. Se deite e nos limparei. Terá que se vestir e dormir com sua roupa. Temos que estar preparados para nos mover. Briony deveria haver-se sentido envergonhada por deixar que limpasse brandamente suas coxas, mas se sentiu amada e querida. Seus olhos permaneceram escuros pela emoção enquanto se vestiam e ela se recostou a seu lado, seu braço a aproximou de seu corpo, atirou a manta sobre eles. —Obrigada, Jack. Tinha que estar contigo. Seu beijo foi suave. —Vamos sair desta. Todos o faremos. Ela fechou os olhos e se foi longe à deriva em um tranqüilizador sono pela confiança em sua voz e o calor de seus braços.
Jack. Ken resistiu tocar o ombro de seu irmão, sabendo que Jack despertaria blandiendo uma arma e provavelmente cortaria sua garganta. ficou fora do alcance, de cuclillas, enquanto seu gêmeo se sentava, já procurando uma arma. Ken moveu com sua mão a boca da arma longe de seu corpo. Estamos em problemas, irmão. Subi a passagem… —Fez o que? —Jack vaiou—. Maldição, Ken. Era perigoso. Imediatamente Briony se moveu e se sentou também, olhando de um irmão ao outro. —O que acontece? Ken se afundou a um lado deles, o rifle apoiado em seus braços. —Perdão por te levantar, Bri, mas vamos ter companhia logo. —O que esta acontecendo Ken? —exigiu Jack. —Comecei a suspeitar quando o maldito helicóptero nunca fez nenhum rastreamento. Por que o fariam? Não o pus fora de serviço. Podem ter querido que eu pensasse que o fizeram, mas pensei melhor. Assim enquanto me sentava nas rochas, refrescando meus talões, veio-me esta idéia sobre o doutor Whitney e seus arquivos. Só suponha que conseguiu encontrar um mapa de nossa propriedade e o estudou, sabia se íamos por esta fenda que tínhamos que passar pela passagem. —O filho de cadela —chiou Jack. —Assim tomei um pequeno passeio, e me assegurei que tínhamos companhia nos esperando —Ken abriu seu cantil e bebeu, limpando sua boca com o reverso de sua mão. —Poderemos capturá-los? —Eles têm a melhor posição e um helicóptero, Jack —Ken jogou uma olhada a Briony, começou a falar, e fechou sua boca. Matariam-nos com segurança. —Não faça isso —disse Briony bruscamente—. Não sou uma criança e não me murcho porque as coisas ficam difíceis. Quero saber o que vai errado —capturou o duro olhar fixo de Jack com o seu—. Sou parte desta família ou não? —Sabe malditamente bem o que é para mim —disse Jack—. A única verdadeira saída da fenda é a passagem. Não pensamos que alguém saberia do caminho. A fenda é uma caixa, e essencialmente estamos presos aqui. Não há nenhuma outra passagem até que nós façamos uma. —Então, como se inteiraram? —perguntou Ken—. Ninguém esteve aqui. 190
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—Adivinhou-o. O bastardo o adivinhou —disse Jack—. É um maldito gênio, olhou o mapa e entendeu exatamente como pensamos. A fenda é uma armadilha natural. Sabia que os conduziríamos aqui, e pôs a seus homens acima a sentar-se e esperar. Faríamos uma ascensão que é escarpada e perigosa, debilitaria nossa força, e nos pegariam um tiro como patos em um lago. Briony respirou fundo, inalando para tratar de captar o aroma de perigo. Cheirou pinheiro e abeto e ar da noite, mas não soldados. A temperatura caía rapidamente, como se freqüentemente subisse nas montanhas. Tremeu e alcançou a bolsa de Jack, tirando uma jaqueta para abrigar-se. —Estaremos bem —lhe assegurou Jack. —Eu sei. Só tenho frio —não estava segura que fosse verdade o que disse a Jack, mas queria que fosse verdade. O medo era um companheiro constante, familiar e, portanto, fácil de agüentar. Deu de ombros desfazendo-se disso e entrelaçou seus dedos com os de Jack. —Não temos muitas opções —disse Jack—. Se tentarmos a passagem, equivaleria ao suicídio. Talvez com ambos Ken e eu lhe poderíamos dar uma vantagem, te protegendo, poderia fazê-lo, sobretudo se eles não querem te matar. Ela sacudiu a cabeça. —Fico contigo. —Poderia proteger aos dois —ofereceu Ken—. Tem sentido, Jack. Sabe que temos que tirá-la. Isto se trata de quem é mais importante. Briony leva aos bebês. Subirei a passagem com o rifle… —Ao inferno com isso. Vamos juntos ou nada —Jack estalou—. Se pensar que correria quando lhe disparassem Ken, não me conhece muito bem. Briony sacudiu a cabeça violentamente. —Estou com Jack. Absolutamente não. —Era uma idéia. —Uma estúpida. —E se retornarmos? —interrompeu Briony, seus dedos cavando na palma de Jack—. Poderíamos descer a montanha para conseguir um pouco de ajuda. Ken sacudiu sua cabeça. —De maneira nenhuma. Têm-nos capturados com a artilharia pesada. —Temos uma possibilidade se tratarmos de resistir aqui mesmo e esperar a que cheguem os reforços —disse Jack—. Podemos usar o equipamento de rádio e virão o mais rápido possível. —Vinte e quatro horas como muito. Doze provavelmente. Se tivermos sorte poderiam estar aqui pela manhã. Temos as munições. Poderíamos fazê-lo —esteve de acordo Ken—. Temos bastante C4 e já aparelhaste alguns cabos. Isso poderia ser nosso melhor tiro, Jack. —O que tem de mal a idéia? —perguntou Briony—. A nenhum parece gostar muito. —Eles também podem trazer reforços facilmente —respondeu Jack—. Whitney tem acesso a uma equipe muito mais sofisticada, se ficarmos muito tempo. Não podemos lhe dar este tipo de tempo, não, a menos que não tenhamos nenhuma outra opção. Houve um pequeno silêncio. Ken suspirou. —Subirei tão alto como é possível e verei se posso conseguir um sinal o bastante claro para pedir ajuda. —Espere —Briony sustentou sua mão—. Tem que subir o escarpado de todos os modos para conseguir um sinal? Não é perigoso? —Não temos opção —explicou Jack—. Estamos em uma fenda, neném. Não podemos chamar um cão, sem deixar sozinha nossa equipe. —Se houver um caminho para que Ken possa subir o escarpado e o bastante alto para chamar, por que não podemos escalar os escarpados e sair daqui? Todos somos fortes —aventurou Briony. Outra vez houve um pequeno silêncio, os homens intercambiaram um largo olhar. —Talvez —Jack disse pensativamente—. Contigo grávida, provavelmente é a última coisa que ele esperaria. Ken esfregou uma cicatriz de sua bochecha esquerda enquanto franzia o cenho. 191
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—Tentemos a face norte neste momento, Jack. Tem dedos e apoios, algumas gretas que talvez poderíamos usar, mas à parte são de uns bons quinze pés. Seria complicado, sobretudo na escuridão. Jack jogou uma olhada ao céu. —Quanto temos de lua? —Bastante decente. Mais da metade. É uma noite clara —Ken girou sua cabeça para estudar o íngreme escarpado, crescente. Não poderá fazê-lo, Jack. É forte, mas está grávida. Briony sabia que falavam dela em privado. Separou sua mão de Jack. —Sou uma acrobata, da corda frouxa e sou fodidamente boa nisso. Não há muito que não possa fazer. —Você não gosta das alturas —lhe recordou Jack—. Todo está bem, Bri, podemos agüentar aqui fora. —Eu não gosto muito, Jack, mas nunca paraste por mim antes. Se não estivesse contigo, o que faria? —desafiou-o. —Está conosco, assim não importa. —É importante para mim. Não quero me sentar aqui e esperá-los se tivermos uma possibilidade para sair. Posso dirigir alturas tão bem ou melhor que algum de vocês. Não me vendas barato porque estou grávida ou pior, porque sou mulher. —Não podemos subi-la da maneira convencional Briony —explicou Jack—. Temos que nos fazer uma escala humana, um é a âncora enquanto o outro se balança como um pêndulo e se lança até o seguinte apoio. É difícil e perigoso. —Então está aqui. Faria-o se não estivesse aqui? Diga a verdade. —Já teríamos começado —disse Jack. —É isso então —Briony deu uma palmada à manta e se levantou—. Vamos. Ken sacudiu a cabeça. —Assim é como isto começa, irmão. Torna-se mandona. Ouvi que as mulheres fazem isso. Começam todas suaves e coquetes, enganando a um homem, e logo saem as garras, enterram-nas e estão no controle —se levantou, o rifle parecia uma parte natural dele—. Está em problemas, Jack. —Provavelmente —Jack esteve de acordo, havia orgulho e respeito em sua voz por ela—. Vamos mover-nos —dirigiu isso um pequeno sorriso, aprobatoria. Jack começou a enrolar o saco de dormir, e uma explosão estremeceu a noite, sacudindo a terra, uma bola vermelha e laranja enorme formando redemoinhos-se com uma explosão ascendente e extrínseca de fumaça negra como uma violenta nuvem em forma de cogumelo. As aves chiaram, tomando os céus, e o mundo pareceu estar em caos. —Vêm atrás de nós —disse Jack. Ambos os homens levaram tranqüilamente sobre seus ombros o equipamento e indicaram a Briony que caminhasse entre eles em uma só fila, Ken mostrava o caminho. Quando a fumaça e o brilho se descoloraram, a noite se voltou outra vez surpreendentemente silenciosa. Jack deu a Briony uma arma e uma faca, que ela colocou em seu cinturão enquanto caminhada atrás de Ken. Os homens fizeram pouco ruído, e ela tratou de fazer o mesmo. Havia bastante luz da lua para ver os arredores. Não havia nenhum rastro, nem sequer de cervos, mas Ken parecia saber exatamente aonde ia. Briony andou com eles, tratando de analisar por que, quando estava em meio de uma situação extremamente perigosa, não estava nem de perto tão assustada como normalmente. Ah, a adrenalina corria e seu pulso ia a toda velocidade, mas não era debilitante como o medo que quase sempre tinha em sua atuação. Não tinha que se esforçar por mantê-lo sob controle; só caminhava entre os irmãos, tratando de emular sua consciência aumentada. Não era o fato de que os dois homens lhe impedissem de sentir os efeitos da violência que os rodeava, ou das batalhas que já tinham lutado. Confiança. Exsudavam completa confiança. Isto estava na forma de seus ombros, a forma em 192
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que se moviam com fluidez, na fácil pernada, no singelo companheirismo entre eles, e no fato de que simplesmente trabalhavam tão bem juntos. Jogou uma olhada a Jack sobre seu ombro enquanto andava. Não olhava o chão, a não ser tudo ao seu redor, acima nas árvores, as crescentes paredes da fenda, e seu rastro. Ela tratou de seguir seus movimentos, tratando de ver com sua visão aumentada e ouvir o que a noite tinha a dizer. —Recorda, neném —sussurrou Jack brandamente contra seu ouvido quando eles pararam bem debaixo de uma saliência que tinha crescido a 20 pés sobre suas cabeças em uma parede abruptamente inclinada—. A noite leva o som. Comunicaremo-nos com telepatia, e quando subirmos, trataremos de fazer o menor ruído possível. Se formos fazê-lo, temos que ser fantasmas que só desaparecem. Ela assentiu com a cabeça para lhe avisar que tinha entendido. Como o faremos? Saltamos a saliência e iremos para lá. Tomarei a dianteira e teremos que usar um movimento balanceador para conseguir que a pessoa de baixo chegue ao seguinte suporte. Já verá. Parece-se muito com o trabalho que faz no trapézio. Jeb te apanha, aqui seremos Ken ou eu. Inclinou-se para olhar em seus olhos. Estará bem? Não pode haver nenhuma vacilação uma vez que comecemos. Ela respirou. Subiste isto antes? Com êxito? Jack a devorou em seus braços. Sim. Não me arriscaria se não estivéssemos em apuros, neném, mas não o tentaria se não pensasse que pode fazê-lo. Isto lhe deu mais segurança que qualquer coisa que pôde haver dito. Ele tinha fé em sua capacidade e a respeitava o bastante para tentar uma jogada arriscada. Era mais que uma acrobata boa, era uma dotada. Não defraudaria a Jack. Briony riscou sua mão sobre seu estômago em uma pequena carícia, seus nódulos se roçaram contra Jack. Ele imediatamente colocou sua palma sobre a sua e a sustentou durante um momento, seu fôlego quente contra seu pescoço. Vai funcionar Briony. Odeio ter que deixar nossa casa. Retornaremos algum dia. Teremos uma equipe de limpeza aqui fora amanhã de noite se Whitney não levar seus mortos com ele, como suspeito que o fará. Fizeram alguns danos à casa, mas nada que não possamos reparar rapidamente. Outra explosão sacudiu a terra, enviando pequenas rochas rodando para baixo a costa do barranco para saltar sobre ramos e os golpear. A luz cintilou, e alguém a distância gritou em voz rouca. Ken clareou a garganta brandamente para conseguir sua atenção. Temos que nos mover agora, antes que eles atravessem todas as armadilhas. Só os temos feito mais lentos, não os paramos. Estou preparada, Briony lhes assegurou, e jogou sua cabeça para trás para olhar a saliência. Jack foi primeiro, agachado diretamente debaixo da saliência, saltou. Era uma extraordinária distância para um salto parado. Necessita de ajuda?, perguntou Ken. Briony sacudiu a cabeça, mas retrocedeu uns poucos passos para começar a correr. Nunca tinha sido boa em só parar-se e saltar como Jack tinha feito. Riscou facilmente a distância e aterrissou ao lado de Jack, que imediatamente a agarrou pelos braços e a arrastou contra a cara de rocha. Ken os seguiu. Ponha-se contra a parede tão perto como possa para me dar espaço, neném. Jack atou seu pacote firmemente e atou seu rifle com correia. Ken, use o rádio logo que estejamos o suficiente alto para fazer a chamada. Cada minuto contará. Faça-os conscientes disso. Chame ambas as equipes se tiver que fazê-lo, mas lhes diga que necessitamos uma extração como ontem. Todas as condições de combate, lhes diga que estamos nos queimando. Farei-o. Terei que subir outros trinta ou quarenta pés antes de tentá-lo. Briony olhou a Jack com o coração na garganta enquanto este procurava a íngreme face do escarpado. Antes que ele pudesse reagir, ela agarrou sua mão e puxou, levantando sua cara para a dele. Este era uma jogada de vida ou morte, uma luta que eles poderiam não sobreviver, e ela queria que ele soubesse quão importante era para ela. 193
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Jack emoldurou sua cara e a beijou brandamente. Superaremos isto. Eu sei. Ela verteu sua confiança em sua mente. Se alguém podia mantê-la segura, era Jack. Sentiu sua preocupação por ela e sorriu. Posso fazê-lo, Jack. Sei que posso. Assentiu com a cabeça, beijou-a uma segunda vez, e elevou a vista à face escarpada que se elevava por cima dele, franzindo o cenho um pouco. A greta estava a sua direita, teve que se levantar de um salto e encaixar seu braço na estreita abertura. Tinha-o feito uma vez antes com êxito, mas tinha sido em plena luz do dia. Ficou em cócoras e saltou, o braço estendido, o punho fortemente fechado. Abaixo dele, Ken esperou para lhe apanhar. Se Jack falhava e vinha a estrelar-se, só teria uma pequena esperança de lhe impedir de golpear a terra debaixo da saliência. As bordas da cara da rocha dentada se rasgaram e cortaram sua pele quando Jack fechou de repente seu punho com força na greta afiada. O sangue se filtrou descendo por seu braço, e seu ombro quase quebrou quando tomou a maior parte de todo seu peso. Tomando uma respiração, seu coração ainda pulsando rapidamente, e devagar a soltou, aliviando a dor, afastando-a de sua mente enquanto procurava com suas botas a saliência de duas polegadas que sabia que estava ali. Foi um alívio encontrar a diminuta rocha sobressalente ajudando-o a tomar o peso de seu corpo. Assegurando-se de que seu punho se sustentaria apertado na greta, jogou uma olhada abaixo dele, estendendo o braço livre para trás, para sua família. Preparado Ken? Briony? Briony engoliu. Preparada para que? Não lhe haviam dito ainda que esperavam dela, mas Ken puxou seu braço, afastando-a da segurança da parede escarpada. Umedeceu seus lábios secos de repente. Me digam o que fazer. Suba nos ombros de Ken e te ponha de cócoras para conseguir uma volta extra. Ele te ajudará a te lançar. Tem que bater no meu pulso, neném, bem como em seu trabalho. Te apanharei. Só uma mão. Na escuridão. Briony ficou sem fôlego, esfregou uma mão docemente sobre sua arredondada barriga, e subiu à coxa de Ken com facilidade para ficar sobre seus ombros. Uma vez no lugar, era bastante fácil manter o equilíbrio. Era forte, seus ombros amplos, e ela estava acostumada a trabalhar com o equilíbrio. Permaneceu de cócoras, julgando a distância, esperando o sinal de Jack. Agora. Briony irrompeu no céu, lançada pelos fortes músculos de suas pernas assim como o impulso extra de Ken. Voou diretamente, braço estendido, seu fixo olhar centrado em seu objetivo. Sua palma bateu o pulso de Jack, dedos entrelaçando-se justamente quando ele tomou em um apertão parecido ao de um parafuso. Sente o suporte com os dedos do pé. Só um par de polegadas de largura. Com o alcance de sua mão livre sente na greta em cima de sua cabeça. Com sua força aumentada a levantou até seu lado. Briony estirou os dedos do pé e dirigiu o pé ao longo da parede tão abaixo como podia, medindo o comprido da face de rocha até que sentiu a pequena saliência. Teve que manter o equilíbrio quando deslizou os dedos de sua mão livre para a greta para encontrar a borda. Tenho-o, Jack. Pode soltar. Jack não queria solta-la. Estavam a trinta e cinco pés no ar, agarrando-se ao lado de um escarpado íngreme com rochas abaixo. Queria proteger seu corpo com o dele, envolvê-la em sua força, mas era impossível e Ken esperava. Escutou-se uma rajada próxima, e desta vez a taça de uma árvore explodiu a distância, rompendo a noite, o tronco se rachou com fortes chiados antes de partir-se com um chiado e cair à terra. Jack ignorou as chamas vermelhas e laranjas, e se inclinou para seu irmão. Vamos. Ken não vacilou, saltou com um movimento liso, perito e agarrou a munheca de Jack com força. Em vez de encontrar a saliência e plantar seus pés por segurança, Jack começou a lhe balançar daqui para lá como um pêndulo gigantesco. Briony olhou com horror quando Jack lançou a Ken e ao menos dez pés sobre onde ela se 194
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agarrava à face do escarpado. Não podia tirar seu olhar fixo de como Ken estendia ambas as mãos, agarrando o que parecia ser uma superfície lisa. As gemas de seus dedos enterradas e sustentadas. Pendurou-se ali durante um momento segurando a respiração, a testa pressionada contra a rocha quando começou a mover seus pés com cautela, procurando a alargada greta onde poderia colocar seus pés. Sua vez, Briony. A voz de Jack foi uma carícia, mas um tremor de protesto passou roçando abaixo por sua coluna. Acredito que estou adoecendo. Mau momento neném. Sustentou-lhe a mão. Avisarei-te quando tem que te soltar. Ken esperará. Fez este tipo de coisas um milhão de vezes. Ela jogou uma olhada para trás, à árvore que se queimava na distância longe debaixo deles e quadrou os ombros. Jack se colocou atrás para alcançá-la e ela se disse que não tinha nenhuma opção. Tinham que alcançar o escarpado se quisessem sobreviver. Ela saltou e agarrou sua munheca, impulsionando-se com as pernas para ajudar a Jack a balançá-la, como Ken fazia. Uma vez no ar, os instintos tomaram o controle e ela ajudou a criar o arco necessário para o vôo. Agora. A ordem veio e se libertou, voando para Ken e a enorme extensão de rocha. Fez um salto elegante, braços estendidos, esperando o familiar golpe da carne na carne, a pontada de satisfação quando se juntaram. Ken agarrou sua munheca em um sólido apertão e a sustentou durante um momento enquanto ela agüentava a respiração. Grandioso, Briony. O apoio está justo à esquerda de seu pé. Segue buscando-o. Está quase ali. Ken a dirigiu à segurança das pequenas gretas. No momento em que esteve segura, olhou para trás, abaixo para Jack, seu coração pulsando muito rápido. Como vais fazê-lo sem ajuda? Está muito longe para fazê-lo por ti mesmo. Fácil, ao lado vazio entre tu e o espaço. Agora subo. Recordou como o tinha feito antes, mas sua boca se secou e sentiu ao pânico aproximar-se quando ele puxou devagar seu punho da greta e girou completamente para fora para confrontálos. Inclusive na pequena saliência, manteve-se em equilíbrio, mas nem podia respirar de medo por ele. Sentiu a concentração em sua mente, na mente de Ken, e logo Jack se lançou ao ar, ficando em cócoras precariamente e usando as fortes pantorrilhas e os músculos da coxa para propulsar-se no ar para seu irmão. Instintivamente, Briony o alcançou, usando um braço para ancorar seu corpo enquanto estirava o outro para ele. Ken estava mais perto e se dobrou para trás, os dedos de uma mão cavando no suporte enquanto os outros se fechavam como um parafuso ao redor da munheca de Jack. Briony tomou a camisa de Jack, e eles lhe acomodaram ao lado deles de modo que todos os três estavam pressionados fortemente contra o escarpado, respirando pesadamente. Está pronta para fazê-lo outra vez? perguntou Jack. Briony inclinou sua cabeça para elevar a vista para a face do escarpado. Pareceu que estava a milhas, uma tarefa impossível. Estavam realçados, mas seus braços e pernas doíam pela tensão, um pequeno passo em falso mataria a todos. Jack focinhou seu pescoço, apoiando-se perto, e riu dela, mas a escuridão escondeu qualquer luz que poderia ter alcançado seus olhos. Faz-te sentir vivo, verdade? Jack. Te amo. Faço-o. Mas está só um poquito louco. E essa era a coisa. Ele realmente se divertia. Tem água gelada nas veias. Temos que chegar à cúpula antes da alvorada. Necessitaremos um tempo de vantagem antes que eles venham atrás de nós. Chamarei os reforços na seguinte parada, disse Ken. Mas não estarão aqui até dentro de umas horas, vamos necessitar um lugar para nos esconder e esperar. Jack assentiu com a cabeça e estudou a parede que se elevava por cima dele. A greta transpassa a rocha aproximadamente quinze pés acima de nossas cabeças. Mais longe é demasiado à esquerda para usar para algo, para um trampolim ou um dedo, mas dará um bom impulso para o seguinte nível. Briony nem podia concentrar-se no que ele disse. A necessidade de envolver seus braços ao redor dele e mantê-lo seguro era quase esmagante. Olhou-o saltar outra vez, desta vez um salto de 195
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dez pés, um mais fácil que o último. Deixou de respirar outra vez quando Jack se pendurou em cima deles esperando uni-la a ele. A subida levou horas, repetindo uma e outra vez o estranho ato voador. Quando alcançaram o topo, todos estavam esgotados, mas animados pelo que tinham feito. Estiveram durante muito tempo na borda do escarpado, esforçando-se por respirar enquanto escutavam e cheiravam o vento pelo inimigo que sabiam que os esperava na escuridão.
Capítulo 20
Jack tocou o ombro de Briony e passou a mão até em cima por seu braço para pôr os dedos ao redor de sua nuca. Ken e ele não estavam acostumados a praticar tais subidas, mas os tinham usado em ocasiões para escapar de inimigos, mas nunca tinha estado tão tensos em uma situação como nesta. Jack Norton não tinha a pele úmida e pegajosa, as palmas suadas, ou um estômago revolto em combate. Era infame, pois corria gelo por suas veias e tinha domínio completo sobre suas emoções quando trabalhava, mas agora tudo tinha mudado. Briony. Massageou seu pescoço e se apoiou contra ela, absorvendo o cetim quente de sua pele. O que é isso? Ela girou a cabeça para lhe olhar, seus escuros olhos de chocolate se encheram com tal intensidade de amor que o estômago pareceu voltar-se ao avesso. Maldita seja, Ken, os homens se tornam completos idiotas com respeito às mulheres? Sinto-me como um idiota cada vez que me olha assim. Jack mais que idiota se sentia humilde e indigno, mas, sobretudo, havia uma parte dele que estava assustada. Se lhe deixava, então lhe arrancaria o coração e o que ficava de sua alma. Cedo ou tarde os óculos rosados cairiam, lhe deixando nu e vulnerável para seu escrutínio. Veria dentro dele, não só a negra violência sempre fervente sob a magra superfície de gelo com a qual ele a cobria. Não, veria o monstro verdadeiro, que não sentia, não podia sentir. A simpatia de Ken se moveu em sua mente. Ken sabia que ele sentia a mesma fúria, e o mesmo desapego. O monstro era um legado de seu pai de quem nunca se livrariam, e qualquer mulher em suas vidas teria que viver, justamente como o faziam, com esse demônio inexprimível. Ken deixou cair uma mão no ombro de Jack e olhou para as árvores. Não podemos permanecer em um clarão como este. Serão umas boas de dez a doze horas ainda com a mescla de equipes para nos resgatar. Temos que encontrar refúgio e uma posição defensiva. Jack inclinou a cabeça e ajudou a Briony a levantar-se. Moviam-se rápido em fila indiana, ficando entre as árvores e a mata, com cuidado para não fazer ruído. De noite, qualquer som se transmitia, e não podiam permitir que o inimigo caísse sobre eles. Precisavam cobrir tanta distância quanto fosse possível. Assim que estivessem a uma boa milha dos escarpados, começaram a forçar o passo, trotando agora, durante bastante tempo, comendo o terreno a grandes passos. Cada músculo do corpo de Briony se sentia cansado, mas era satisfatório saber que não só tinha usado o treinamento do circo para escapar dos homens de Whitney, mas também as mesmas técnicas e habilidades que ele tinha subministrado. Ainda agora, seus realçados músculos trabalhavam como uma máquina, transportando-a rápido sobre a tortuosa área, e sua vista lhe permitia ver na escuridão quando poucos poderiam mover-se tão rapidamente. E tudo era devido ao experimento de Whitney e a educação em que ele tinha insistido para ela. 196
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Trotaram por duas horas, descansaram, e correram outra vez, esta vez desacelerando sob as árvores e mata mais grossa enquanto começavam a descer costa abaixo. Obviamente Jack e Ken tinham em mente um lugar em concreto. Refugiaram-se a umas cem jardas de um clarão. Esconderam-se agachados num lugar que tinha um montão de esconderijos, com penhascos, árvores, e mata, mas mais importante ainda, as depressões na terra proporcionavam um elemento adicional de amparo. —Descansaremos aqui e esperaremos —disse Jack—. A equipe já vem, e se ficamos calados, então merecidamente poderíamos ter sorte. Os homens começaram a criar um refúgio, uma caverna de varinhas de lenha e folhas onde poderiam deitar-se e descansar enquanto esperavam. Quando o amanhecer frisou o céu, Briony sentiu a tensão aumentar e tratou de escondê-lo. Jack se deitou ao seu lado, seus dedos entrelaçando-se com os dela, e no lado contrário, Ken parecia dormitar. Como pode fazer isso? Simplesmente ir dormir quando estamos sendo caçados como animais? Jack se voltou para acariciar com o nariz seu pescoço. Conserve a energia, neném. Isso é do que sempre se trata. Descanse enquanto pode. Estamos o suficientemente seguros durante um par de horas. Têm que nos acreditar fora, onde estivemos, antes que nos possam encontrar. Aproximou-a mais, a mão pressionando sua cabeça contra o ombro até que ela se relaxou. Briony não teve nem idéia de como, mas foi à deriva até dormir.
Ela despertou para perceber que Jack e Ken se foram. Ficou direita, olhando ao redor, lhe palpitando rapidamente o coração. Ao longe podia ver Ken passeando em pé no clarão, falando brandamente pelo rádio. Jack era mais difícil de divisar, mas começava a saber seus métodos, e procurou acima, nas árvores e nas rochas, sabendo que protegeria a seu irmão. Pensou que lhe tinha visto em uma árvore, mas piscou, e quando tratou de lhe ver mais de perto, não estava ali. Quase morreu de medo quando lhe pôs uma mão no ombro. O familiar rifle estava em seus braços e sua cara parecia sombria. Ken retornou, e tinha uma expressão similar em sua cara. —Merda, Jack. Desculpe. Foi meu erro —Ken negou com a cabeça chateado—. Dizemos é obvio que ao estarem realçados, se enviam qualquer um contra nós as oportunidades aumentam ao ser só físico, mas Whitney enviou alguém com habilidades psíquicas também. Deveria ter considerado essa possibilidade. —Não havia forma de sabê-lo —Jack deu de ombros enquanto ficava de cócoras ao lado de seu irmão—. Não tivemos alternativa. Tínhamos que usar o rádio para fazer vir o nosso pessoal. Não perca tempo tratando de se culpar. Devem ter nos detectados, Ken, e você sabe. Temos que nos mover, e rápido —lhe tendeu uma garrafa de água a Briony. —O que aconteceu? —perguntou Briony. Destampou a garrafa e bebeu rapidamente. A água estava quente, mas era bem-vinda de todos os modos. Tampou com o plugue a garrafa e a ofereceu a Ken. —Tive que usar o rádio para saber onde estava a equipe de resgate, mas Whitney enviou a um perito em comunicações, um “tecedor”. Podem repassar as freqüências quase tão rápido como o computador mais rápido, e podem ouvir qualquer coisa transmitida. O pessoal de Whitney sabe exatamente onde vai nos recolher o helicóptero, estão a caminho, e chegarão primeiro. Jack jurou brandamente. —A quanto está nossa equipe de resgate, Ken? Ken negou com a cabeça. —Trinta largos minutos. Estaremos mortos por então. Briony agarrou a mão de Jack. —O que fazemos? —Brigaremos. Não temos alternativa, coração; Temos que brigar. Se não os mantivermos a distância, então nos atropelarão em minutos e isso seria como atirar a luva, coração, nada menos. 197
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Whitney vai deixar cair a sua equipe entre nós e o único ponto de saída e nos obrigar a abrir passagem a força. Equilibrará-se sobre nós com tudo o que tem porque agora está assustado. Há uma possibilidade de que nós saiamos precipitadamente de suas mãos. Uma vez que alcancemos a Lily, não poderá aproximar-se de ti. Fechou os olhos brevemente tratando de dizer a ela. Não a poderia proteger disto e tinha que deixar a mente aberta a ela para lhe comunicar ordens. A mão dela roçou sua cara. Leu facilmente seu desassossego, mas estava insegura do por que a olhava com tal apreensão. —Chegamos até aqui, Jack. Vamos fazê-lo. —Eu sei. Não deixaria que nada te ocorresse, é só que tenho que fazer todo o possível para te proteger, não importa o que custe. Caiu com o olhar fixo em seus olhos cinzas, lendo uma súplica de que o entendesse. Briony se apoiou nele beijando-o. —O custo não deve incluir nem um arranhão em seu corpo. Já tem suficientes cicatrizes. Tenha um pouco de cuidado, Jack —levantou a cabeça para sorrir a Ken—. Você também. Simplesmente saiamos disto e iremos a onde quer que vamos. Aonde vamos? Os irmãos trocaram outro olhar, quase desesperados. Obviamente não tinha entendido o que Jack tinha estado tratando de dizer. Só podia esperar que não lhe voltasse as costas com horror quando descobrisse o Jack real, que mantinha oculto. —Encaminharemo-nos até Lily Whitney, o lugar do qual te falou Kadan —explicou desagradablemente—. Ela enviará uma tripulação de limpeza à casa; faremos as reparações necessárias e estabeleceremos um melhor sistema de alarme. Teremos que converter nossa casa em uma fortaleza se retornarmos. —Me diga o que quer que faça —disse Briony. Havia tanta confiança em seus olhos, que Jack teve que afastar o olhar. Isto era uma batalha, uma guerra total, e não ia ser bonita. Ali estavam os três contra um helicóptero cheio de soldados. Ken e Jack tinham limitado munição e armas, e cada bala ia ter que ser uma presa. O som de um helicóptero aumentou em força enquanto os homens de Whitney se aproximavam. A infantaria tomando posições às nove e doze em ponto, informou Ken. Jack deu a Briony uma pistola e vários carregadores de munição. Não desperdice isto, neném. Dispare para matar. Apanhou seu queixo, olhando-a aos olhos. Entende-me? Dispare para matar. Ken e eu lhe defenderemos das repercussões. Não as emocionais, isso era impossível, mas fariam o que pudessem. Helicóptero descendo. Podiam-no ver gravitando sobre o grosso bosque de árvores, o vento açoitando as folhas e os ramos as arqueando. Grossas cordas caíram do portal aberto e vários homens começaram a descer rapidamente para a segurança das árvores. Briony afogou um grito de alarme quando se ouviu o primeiro disparo, seguido estreitamente por um segundo e logo um terceiro. Jack a alcançou e a puxou bruscamente para baixo para que se colocasse inclinada na terra entre os dois homens. Três dos soldados que desceram caíram instantaneamente, chocando-se violentamente contra as pesados ramos. Ken serenamente abriu fogo com um quarto disparo, e Jack matou a um quinto soldado. Ocorreu tão rápido que ela não fez mais que olhar, pistola na mão. O helicóptero virou em um esforço de proteger aos soldados restantes. Ambos Jack e Ken dispararam fazendo fugir ao pássaro mecânico, colocando seus disparos com cuidado e precisão. Quase imediatamente a negra fumaça ondulou e o helicóptero saiu fora de controle. Vá! Jack a puxou bruscamente para trás, empurrando-a rumo ao clarão. Fique coberta, mas te movendo para frente. Correram vários pés e soldados repentinamente pulularam a seu redor na terra. Por um momento, Briony se desesperou, pois lhe parecia impossível penetrar através de suas linhas, mas logo Jack lançou uma granada e a atirou à terra, cobrindo-a com seu corpo enquanto o mundo 198
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explodia ao redor deles. Rapidamente, estava em pé, disparando do quadril e correndo com ela outra vez. Briony se precaveu de que ambos os irmãos defendiam seu corpo com o deles enquanto corriam, e antecipavam onde estava o inimigo e o que fazia. A experiência na batalha real contava mais que a que tinha obtido ao treinar. Quando apontava, um dos irmãos já tinha disparado. Continuaram avançando, lançando explosivos, disparando aos soldados, sempre em marcha. A fumaça formava redemoinhos espessos ao redor deles, e os homens gritavam de dor. Era a primeira vez em sua vida que estava em uma situação real de combate, e era horrível. Um homem a atacou por trás, e Jack se aproximou rapidamente, faca em seu punho, rasgando rapidamente a garganta do soldado enquanto ele caía com Briony. O sangue salpicou sobre eles, mas o homem nem piscou. Simplesmente a pôs em pé e continuaram correndo. Estava na mente de Jack e esperava medo por ela, horror pelo que tinha que fazer, mas só tinha a calma determinação, nenhuma emoção, como se fosse a máquina aniquiladora que Luther lhe tinha chamado. Briony enlaçou sua mente com a de Jack para seguir sua indicação. Sua vista se clareou, e ela apontou e disparou, preparando-se psicologicamente para a violenta reação à violência. Quando nada aconteceu, escolheu outro alvo e disparou outra vez. A batalha se avivou rápida e furiosa, enquanto se imobilizavam. Estou fraco de munições, informou Ken. Porra. Eu também. Teremos que as conservar e ir mão a mão. Briony, permaneça fora da briga se for possível. Jack lhes fez sinais para frente, e se apressaram em rumo ao clarão. A sua esquerda, a sua esquerda! Advertiu Ken enquanto soava um disparo. Ao lado dela, Ken vacilou, tropeçou, e caiu. Jack mudou de direção para ele, mas virou de retorno para fazer frente ao ataque que vinha da sua esquerda, um homem grande, movendo-se rápido, cada peça realçada. Luther. Saiu da mata, seu corpo impreciso à medida que acelerava para eles. Fuja, Briony. Chegue à borda do clarão e fique escondida até que o helicóptero chegue. Era Ken quem lhe dava a ordem. Jack e Luther chocaram duramente, mãos golpeando fora as armas enquanto tratavam de derrubarem-se um ao outro. Eram como dois ursos enormes, Luther rugindo, Jack silencioso enquanto brigavam com punhos e pés. Saia daqui Ken. Jack soou calmo, ao mesmo tempo em que dava um chute redondo que atirou Luther a terra. Luther começou a rodar e ficou em pé, enxugando o sangue da têmpora. Olhou-lhe e sorriu. Briony deu voltas, tratando de alcançar a Ken. Sai cagando leites. Ela rasgou sua camisa e se curvou a seu lado, colocando a pistola carregada à força em suas mãos. Ainda tenho outro carregador. Como de mau é, Ken? Sangro como um porco espancado. Não podemos consentir isso. Encontrou a ferida de entrada, no alto de sua coxa. Não parecia bem para ela. Agarrou um cinturão e um pau e fez um rápido torniquete, a contorção apertada para interceptar o fluxo do precioso sangue. Uns quantos minutos mais, Ken, e teremos ajuda. Me ponha em pé. Posso fazê-lo. Seria embaraçoso se Jack tivesse que me carregar fora daqui. Briony sentiu uma forte quebra de onda de adrenalina quando lhe ajudou, mas seu corpo se encolheu, quase arrastando-a ao chão. A pistola corcoveou em sua mão duas vezes, o som ensurdecedor. Seria mais vexatório se tivesse que te levar eu. Em pé, Ken. Temos que conseguir sair agora. Usou sua voz mais severa, sentindo como lhe escapava enquanto vacilava para a inconsciência. Jack contava com ela lhe confiando a seu amado irmano e não lhe falharia. Pô-lhe um braço ao redor e o levantou. Ken fez um esforço hercúleo, apoiando-se nela, a pistola disparando conforme eles metade corriam, metade coxeavam para o clarão onde aterrissava o helicóptero. Briony lhe levou até o limite da vegetação arbórea, e quando viu a equipe de Caminhantes Fantasmas saltando do 199
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helicóptero, sentou-se com Ken. —Necessita de um médico agora mesmo. Perde sangue. —Entra no helicóptero, Briony —pediu Kadan. Era o lugar mais seguro na montanha para ela e os bebês, mas ainda não o considerou necessário. Em lugar disso, mudou de direção sem titubear e correu a toda velocidade de volta a Jack. A encarniçada batalha entre os dois fortes homens se desenvolvia adequadamente combatendo mão à mão. A briga era a coisa mais brutal que tinha presenciado alguma vez, dois homens dando murros e chutes, fazendo literalmente cada qual o impossível por fazer-se pedaços um ao outro. Estava na mente de Jack e sentia sua mortífera determinação. Estava fora da briga, mas seu implacável propósito não o fazia. Não tinha outro pensamento que matá-lo ali. Ia fazer pedaços com o pé o peito de Luther e o fez. Briony ouviu ranger os ossos enquanto Luther caía ao chão. Seu estômago deu inclinações bruscas com o som. Não o mate, minha irmã. Pode-nos conduzir para minha irmã. Ainda respirando com dificuldade e ofegando, Luther era letal, tirou uma lâmina larga, uma afiada faca de sua bota e o fez subir para a barriga de Jack. Jack saltou para trás, dando voltas, e foi matá-lo. Briony fechou os olhos, mas escutou o murro enquanto Jack dirigia o punho com cada pedaço de força realçada direto ao crânio de Luther, fazendo-o pedaços. Um segundo murro abriu passagem à força pela cara de Luther, fazendo menor seu nariz e as órbitas de seus olhos estilhaçadas polpudas. Foi uma metódica, brutal, e deliberada morte, e nem uma vez a mente de Jack gritou para deter-se. Ajoelhou-se ao lado do corpo e a contemplou. Não me desculpo por quem sou. Ou pode viver comigo ou não pode fazê-lo. Mas continha seu fôlego. O terror lhe privou da habilidade para respirar. Se lhe deixava, então sua vida não tinha valor. Um soldado correu para eles, saltando sobre uma lenha caída. Sem pistola e sua camisa rasgada e ensangüentada, mas ela suspeitou que era realçado. Jack parecia exausto enquanto se ajoelhava ao lado de Luther, contemplando-a com uma expressão escura, insondável. Briony não vacilou, lhe alcançando, sacudiu com força a faca do punho de Luther. Mudou de direção e o lançou com um suave movimento, usando a força como nunca o fez. Não me desculpo por te amar. Posso viver com tudo o que é, Jack, e ainda mais. Ele ficou com o olhar fixo em sua cara, ali em meio do sangue e da morte, com o coração golpeando e a boca desencaixada. Amo-te absolutamente, Briony, e estou de joelhos. Assim é que nos casamos, bem? Mas te decide rápido antes que nos disparem. Só Jack o perguntaria, se é que a isso podia chamar pergunta, no centro de um campo de batalha, com um homem totalmente morto a seus pés. És idiota. Te levante e saiamos daqui. Também te amo, e é obvio que me caso contigo. Não vou te deixar escapar. Atraiu-a para ele e esmagou sua boca com a sua. Mudaram de direção e correram para o helicóptero e os resistentes homens que olhavam, armados até os dentes, desdobrando-se para lhes cobrir. —Está bem? —perguntou-lhe Jack ao médico conforme examinava a seu irmão descansando sobre o chão, enfaixado a bordo—. Como de mal é a ferida? —Viverá. Perdeu um montão de sangue, mas lhe temos feito uma transfusão —lhe reconfortou o médico. —É agradável ver-te inteiro, Jack —lhes disse Kadan—. Lily estará feliz em te ver, Briony. Considera-te uma irmã. Briony fez um pequeno som de desespero. Jack se afundou para baixo, puxando Briony em seus braços. Ela prontamente pôs-se a chorar. Ele moveu seu corpo para ocultar suas lágrimas a outros. Uma vez que estivessem a bordo, o helicóptero se elevou e deu uma larga volta, balançando-se sobre as árvores para elevar-se um pouco mais alto. A fumaça empanava o ar, e muito por baixo deles parecia um campo de batalha. Briony enterrou sua cara em seu peito, débeis 200
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soluços destruindo seu corpo. Os dedos enredados em seu cabelo enquanto a agarrava, olhando sobre sua cabeça a seu irmão. —Estamos seguros agora, Briony. Com todos nós te guardando, ele não pode te tocar — murmurou apaciguadoramente, acariciando seu cabelo. —Mas ela não está segura, minha irmã. Sem Luther, não há forma de encontrá-la. Está completamente só e não posso me aproximar dela —Briony cobriu a cara com as mãos. Marigold nesse mesmo momento poderia estar rezando para que Briony viesse, mas seria impossível. Sua única esperança de encontrar o laboratório de Whitney tinha sido Luther—. Sei que era necessário, Jack, não me entenda errado, teve que lhe matar, mas me sinto tão perdida. —Me escute, coração —apanhou seu queixo e a obrigou a lhe olhar aos olhos, olhos que eram lisos e tão frios como o gelo, olhos que podiam esquentá-la como o sol da tarde—. Nunca falto a minha palavra. É questão de honra. Encontraremos a sua irmã. Removeremos céu e terra se tivermos que fazê-lo, mas a encontraremos, e a resgataremos. Tens minha palavra. Ken pôs a mão em seu ombro, ignorando o semblante carrancudo do médico. —Estou até o final, Briony. Somos uma família. Nos manteremos juntos. Conseguiremos tirála. Briony se enxugou as lágrimas e olhou de um ao outro. Eram duros e toscos e podia ser difícil viver com eles, mas não os trocaria por nada. Inclinou a cabeça. —De acordo. Bom, então. A encontraremos juntos —porque acreditava neles—. Te amo, Jack. Muitíssimo. —Inferno, belo momento para dizê-lo, neném —estamos em um helicóptero rodeados por homens e há pouco que possa fazer a respeito disso agora. Briony sorriu apesar das condições. O que quis dizer foi no plano emocional, idiota, não no sexual. Não diga sexual, me porá duro, quente. Ken suspirou. Calem-se, vocês dois. Jack e Briony olharam a Ken, logo se olharam entre si, e estalaram em risadas.
Fim
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