Christine Feehan Caminhantes
Murder Game
Fantasmas 07
Disponibilização: LibrosLibrosLibros Tradução e Formatação: Gisa Revisão: Rosilene Revisão Final: Tessy PROJETO REVISORAS TRADUÇÕES Os jogos deveriam ser para se divertir, porém para duas equipes de experts, são para assassinar, porque a equipe vencedora é a que consiga a maior quantidade de mortes. Há rumores de que os participantes neste violento desafio são Caminhantes Fantasmas. E Kadan Montague não está muito contente com isso. Kadan é um Caminhante Fantasma e está decidido a limpar os rumores em nome dos seus. Para fazê-lo, necessitará da ajuda da psíquica Tansy Meadows. Porém quando a vê, sabe que sua missão será mais complicada do que imaginou... E “o jogo do assassinato” pode não ser tudo o que aparenta.
Símbolo dos Caminhantes Fantasmas
~DETALHES DO SÍMBOLO~
Significa: sombra
Significa: proteção contra as forças do mal
Significa: a letra grega Psi. Era usada pelos investigadores de parapsicologia para dizer Percepção Extrasensorial ou outras habilidades psíquicas
Significa: qualidades de um cavalheiro: lealdade, generosidade, valor e honra
Significa: O cavalheiro das sombras protege contra as forças do mal usando poderes psíquicos, valor e honra.
Lema e credo dos Caminhantes Fantasmas
~LEMA~ Nox noctis est nostri A noite é nossa
~CREDO~ Somos os Caminhantes Fantasmas e vivemos nas sombras. O mar, a terra e o ar são nossos domínios. Nenhum camarada cansado será deixado atrás. Estamos unidos pela lealdade e a honra. Somos invisíveis aos nossos inimigos e os destruímos quando os encontramos. Acreditamos na justiça e protegemos nosso país e aqueles incapazes de proteger a si mesmos. Os que passam inadvertidos, desconhecidos e sem ser ouvidos são os Caminhantes Fantasmas. Há honra entre as sombras e isso somos nós. Nos movemos em completo silêncio na selva ou no deserto. Caminhamos entre nossos inimigos sem ser vistos e ouvidos. Atacamos sem fazer ruído e nos dispersamos nos ventos antes que tenham conhecimento de nossa existência. Reunimos a informação e esperamos com paciência o momento perfeito para aplicar uma rápida justiça. Somos misericordiosos e desumanos. Somos inflexíveis e implacáveis em nossa resolução. Somos os Caminhantes Fantasmas e a noite é nossa.
Capítulo 1
O puma ia girar. Tansy Meadows inalou rapidamente, mordendo seu grosso lábio inferior. Seu coração estava batendo; pode saborear a familiar secura na boca e sentir a umidade nas palmas. A rajada de adrenalina fazia com que fosse difícil controlar o tremor das mãos quando precisava com desespero estar absolutamente quieta. Dê a volta preciosa. Sussurrou a frase de ânimo em sua mente, desejando que o animal o fizesse. Se você virar, te farei muito, muito, famosa. O grande felino se estirou preguiçosamente com seu corpo suave ondulando os músculos embaixo de sua suave pele leonada. O extremo de sua longa cauda se retorceu. O coração de Tansy quase deixou de bater, depois começou a bater com velocidade dobrada. Vamos, pequena mamãe, bajulou, dê a volta para mim. Suas pernas tinham perdido a sensibilidade há muito tempo, intumescidas pela inatividade, Tansy não estava segura de que seria capaz de deixar a diminuta saliência onde tinha levantado o toldo alguns meses antes. Não importava, nada importava exceto conseguir essa foto. O puma era grande, de quase dois metros e meio de largura, estava prenha e preparada para parir qualquer dia deste. A ponta cinza claro de sua cauda se retorceu uma e outra vez e Tansy ficou totalmente imóvel, esperando o momento. Cinco longas horas de espera e antecipação, cinco longas horas de músculos doloridos e tensos, sem mencionar os meses de preparação. Vamos, pequena, um pouco mais, você pode fazer. Faz com que essa cara bonita olhe para cá. O puma arqueou as costas pausadamente, tentando a Tansy com a expectativa. O felino girou a lustrosa cabeça, os olhos verde-dourados brilhando como jóias cintilantes. Tansy exalou lentamente enquanto começava a fotos atrás de fotos com a câmera. Como se soubesse que era objeto de admiração, o animal se aprumou com esmero, lambendo seu leonino casaco com a longa língua. Fez uma careta, ressaltando seus brilhantes dentes amarelos. Inclusive os arreganhou para esboçar algo que Tansy pensou que poderia ser um sorriso antes de deixar sair um suave assovio de chamada. Os pumas caçavam principalmente à noite. Tansy trabalhava com a digital e película, captando a vida selvagem em seu hábitat natural. Tinha captado uma bonita série fotográfica deste felino em particular abatendo um alce três semanas atrás, porém esta era sua primeira oportunidade real desde então. Os pumas eram evasivos e difíceis de fotografar em seus habitats naturais. Sempre que fosse possível preferiam uma vigia alta, e sua visão superior os permitia divisar os humanos muito antes que os humanos os divisassem. Tansy tinha estado estudando o puma fêmea, um dos animais mais evasivos da América do Norte, durante muito tempo com a esperança de captar o nascimento de um puma em imagens. Tinha sorte de ter tal afinidade com os animais, inclusive os selvagens não se importavam demasiadamente com sua presença. Continuou tirando tantas fotos como pôde, sabendo que cada ângulo, cada fotografia ia valer ouro. O fundo era tudo o que poderia ter pedido. O céu noturno, a
lua e as estrelas, o vento leve que movia as folhas e agitava a pele prateada. Seu segurado era bastante cooperativo… estirando-se, limpando-se e mostrando seu corpo longo e lustroso de todos os ângulos. Tansy queria especialmente uma série de flashes com uma variedade de iluminação sobre a pele. A cor era difícil de descrever na realidade, especialmente com cada pelo tingido de cinza prateado, permitindo ao felino desaparecer no anoitecer, simplesmente se fundindo com os arredores ao se mover sem ser detectado pela maior parte de seu hábitat durante as horas noturnas. Queria conseguir a sensação dessa camuflagem nas imagens, da cautela e do poder da caçadora, em contraste com a personalidade brincalhona e maternal. Ao longe, acima, o zunzum de um helicóptero, as asas girando rapidamente enquanto avançavam através do céu do amanhecer, interromperam o silêncio da noite. O puma se congelou, agachando-se embaixo dos poucos arbustos e fibras de ervas que cresciam na pedra que a ocultava. Mostrou os dentes em um grunhido silencioso enquanto olhava para cima. Tansy baixou lentamente a câmera e permaneceu exatamente imóvel, tanto quanto o animal, uma inexplicável sensação de ser caçada se arrastava por sua coluna. Ficou quieta sem respiração e durante um momento esteve desorientada, algo aterrador enquanto estava em uma saliência estreita com um puma selvagem só a poucos palmos dela. Voltou o rosto para o céu enquanto o helicóptero voava diretamente sobre ela. Só a visão e o som do helicóptero a estavam perturbando, ela mordeu seu lábio inferior com força, escrutinando o aparato para identificá-lo, preocupada de que seus país tivessem enviado a alguém atrás dela quando tinha insistido em que estava exatamente onde queria estar. Tinha escolhido este parque natural para estar completamente longe de todo contato humano, e o helicóptero acima dela era definitivamente militar… não florestal, e certamente não pertencia a seu pai. O trem de aterrissagem do helicóptero resplandecia suas luzes verdes enquanto se movia rapidamente sobre ela, uma grande ave de rapina se lançando de bico sobre as árvores e, justamente quando repentinamente difundia abaixo de sua linha de visão, o ruído se desvaneceu rapidamente. Ficou muito quieta na estreita saliência, o coração trovejando nos ouvidos. Forçou o ar através dos pulmões enquanto as luzes desapareciam. Sua imaginação corria selvagemente… Talvez tivesse estado sozinha por tempo demais depois de tudo. O movimento devolveu sua atenção ao puma, enquanto o felino dava uma última e quase depreciativa lambida em sua musculosa perna leonina, e com um só impulso saltava para a pedra acima de sua área de descanso. Tansy sabia que sua guarida estava ali. O puma tinha escolhido uma pequena cova para dar à luz sua ninhada. Tansy tinha sido capaz de se infiltrar em duas das covas usadas anteriormente como guaridas para colocar seu equipamento com a esperança de poder filmar de algum modo o acontecimento. Porém para sua desilusão, a cova que o puma tinha escolhido era totalmente inacessível, o que significava que Tansy teria que passar outro ano estudando a espécie e esperar ao seguinte ciclo de reprodução, depois de que estes gatinhos fossem criados. No entanto, as imagens desta noite valiam uma fortuna e lhe dariam o dinheiro necessário para continuar seu trabalho.
Tansy merecia um longo banho na piscina natural e uma soneca mais longa ao sol do meio-dia. Muito cuidadosamente, estirou os doloridos e cansados músculos. Agulhas e alfinetes se cravaram onde antes o só havia intumescimento. As câimbras logo a golpeariam, se espalhando por suas panturrilhas e músculos, um protesto contras as horas de imobilidade. Não tinha espaço real para manobrar, a saliência era muito estreita. Respirou através das agulhadas e das câimbras, flexionando e estirando com cuidado até que esteve segura de que seria capaz de escalar a vertente de rocha pura como fazia na maioria dos dias. Tinha gretas diminutas onde podia apoiar os dedos da mão e dos pés. Há muito tempo tinha instalado uma corda de segurança. Frequentemente era um esforço recordar de a usar; estava bastante acostumada a escalada. Hoje, no entanto, agradecia sua presença. Estava muito mais cansada do que o habitual. A piscina natural seria mais que bem vinda e nada iria evitar seu bem merecido cochilo. Tansy escondeu sua preciosa câmera e sua carga ao lado do diário que levava dos movimentos do puma, em sua resistente caixa metálica, no acampamento. Fechou os fechos não com um, e sim com dois pesados cadeados, e o guardou bem longe de suas provisões, se por acaso um urso errante começasse a espiar. Estava realmente feliz. Tansy se estirou outra vez. Não podia esperar para deixar que sua mãe e seu pai o soubessem. Tinham estado tão preocupados por ela depois de sua crise, e tão assustados quando começou a desaparecer durante meses nos lugares mais selvagens que podia encontrar. Ao ser depositada por helicóptero com seu equipamento, vivia somente com uma chamada por rádio a cada dia para lhes assegurar de que estava bem e viva. E estava mais que bem agora. Tinha atravessado um inferno e saído do outro lado. A felicidade era uma luz brilhante que se espalhava por ela como um resplendor, quando honestamente não podia recordar ter se sentido feliz antes. Bocejou, lançou uma olhada ao relógio, esperando a hora de acordo para a chamada. Sua mãe tinha estado obviamente fazendo o mesmo por sua parte, porque quando ela lançou seu sinal, sua mãe respondeu imediatamente. A voz cheia de vida de Sharon Meadows era como um raio de sol e Tansy sorriu só de ouvi-la. - Deveria ver as fotos que consegui – Saudou Tansy - Não acredito que ninguém já tenha tido êxito em se aproximar tanto a um puma em liberdade. - Você sempre teve uma afinidade com os animais. Não parece importar a eles que você esteja por perto – Concordou Sharon - Inclusive o cachorro mais selvagem se enamora de você quando fala com ele. Porém não se aproxime muito, Tansy. Tem uma arma, não é? - Claro que sim, mamãe. Como está papai? - Estou aqui, Tansy. Queria ouvir sua voz. Terminou? – Perguntou Don Meadows. - Vai ter sua ninhada qualquer dia. Pensei que talvez pudesse filmar o nascimento, porém ela me enganou e encontrou o único lugar onde não poderia colocar minha câmara. Deveria poder fotografar os gatinhos poucas horas depois do nascimento. O que significa que não voltarás para casa – Seu pai declarou. Ela riu.
- Vocês não me querem em casa. São como dois recém-casado e eu sou um obstáculo na rotina de vocês. - Te queremos conosco, Tansy – Disse Sahron, e agora a preocupação se arrastava em sua voz. - Estou encantada de estar aqui em cima – Explicou Tansy - Sei que não compreende, mamãe... Don riu e Tansy supôs que tentava encobrir sua mãe. - Ela nem sequer gosta de acampar em uma auto caravana, Tansy. Não há modo de que possa compreender como você quer viver em terra virgem sem todos os serviços de um hotel cinco estrelas. Seu pai a tinha levado para acampar freqüentemente durante anos, mas sua mãe tinha encontrado desculpa atrás de desculpa para não ir com eles. Tansy tinha completado uns dez anos antes de se dar conta de que sua mãe não queria ir com eles e que suas desculpas não eram reais. Tansy, como seu pai, adorava acampar e esses verões a tinham preparado para seu trabalho atual. — Simplesmente eu não gosto que esteja tão só todo o tempo — Disse Sharon, forçando animação em sua voz. — Mamãe — Assegurou — isto é bom para mim. Aqui longe não tenho toda essa loucura. Não posso estar ao redor das pessoas, sabe... É perigoso para mim. Houve um pequeno silêncio. Ouviu que sua mãe se afogava e soube que reprimia as lágrimas. Tansy não era normal. Nunca seria normal, sua mãe a amava e queria desesperadamente que pudesse ser como outras mulheres. Casar-se, ter uma família. Era tudo o que sua mãe tinha desejado sempre para ela. Sharon nunca tinha sido capaz de ter filhos biológicos. Tinha adotado a Tansy e desejado para ela todas as coisas que ela não pôde ter. — Está segura, Tansy? — Perguntou Sharon — Não posso te ajudar quando está tão longe. Não sei se está sã e feliz. Você está? Está realmente, Tansy? Desta vez a interrupção em sua voz foi muito aparente e o coração de Tansy se encolheu. — Estou bem, mamãe. Estou muito bem — Disse suavemente — Sou feliz aqui. Sou produtiva. Sou capaz de ter uma boa vida com isto e realmente adoro. Minha mente se sente limpa e clara aqui fora. — Simplesmente não quero que esteja sozinha toda sua vida — Disse Sharon — Desejo que encontre alguém, e seja amada por ele da maneira em que seu pai me ama. Tansy apertou os dedos nos olhos. Estava esgotada e inclusive com a distância, ainda com ondas de rádio, ouviu a dor e a desilusão na voz de sua mãe... Não dela, sabia. Mas sim por ela. — Amo as duas — Disse Dom firmemente — E por agora, isso é mais que suficiente, não é Tansy? É obvio ela desejava um marido e filhos, mas sabia que era impossível. Tinha aceitado e também seu pai. Seu amor por ele, por sua capacidade de compreender quão defeituosa era e ainda assim amá-la de qualquer modo, se derramava sobre ela. — Absolutamente, papai — Esteve de acordo, assinalando — Sou realmente feliz, mamãe. E não estou doente, inclusive as dores de cabeça se foram.
— Completamente? — Perguntou Dom, com assombro e esperança em sua voz. Tansy sorriu, feliz de ser capaz de dizer a verdade. — Totalmente, papai — E obrigado por todas as noites em que se sentou comigo quando não podia dormir, adicionou em silêncio. — Isso é maravilhoso, carinho — A voz de Sharon estava cheia de alívio. — Precisa que enviemos mais fornecimentos? Farei com que um de nossos pilotos faça uma descida. — Farei uma lista e lhe darei amanhã. Preciso dormir agora. Estive levantada toda a noite. — Se cuide, Tansy — Disse sua mãe, sua voz de volta à normalidade, uma vez mais otimista e feliz, como se usando seu tom borbulhante pudesse reforçar a Tansy — Se não retornar logo seu pai e eu bateremos em sua porta. Dom bufou e Tansy se pôs a rir. — Bem, mamãe. Só outras poucas semanas e estarei em casa — Fez ruídos de beijos e terminou, se sentindo muito afortunada e agradecida de que Dom e Sharon fossem seus pais. Sempre tinha se sentido amada por eles, embora fosse tão diferente. Sempre tinha sido diferente. Desde menina detestava tocar objetos. Inclusive a baixela e utensílios eram suficientes para fazê-la explodir, chorando e se balançando, tão angustiada que seus pais se alternavam aliviando-a, caminhando com ela acima e abaixo, cantando. A escola tinha sido um pesadelo para ela e, ao final, tinham empregado tutores particulares... O qual tinha quebrado o coração de sua mãe. Tansy suspirou. Tinha querido tanto ser essa garota com que sua mãe poderia compartilhar a vida. Os bailes do colégio, as sessões noturnas de intrigas, as maravilhosas bodas de conto de fadas. Sua mãe nunca teria isso e Tansy o desejava para ela, assim como sua mãe desejava essa vida para Tansy. No final, depois de meses em um hospital, se deu conta de que não podia ser essa garota... Nunca seria essa garota. Se aceitou como realmente era, defeitos e tudo, e as tinha arrumado para fazer uma nova vida para ela mesma. Estava contente, inclusive feliz, aqui nas terras selvagens. Tansy desligou o rádio e começou a baixar o atalho que levava para a piscina natural. A caminhada à balsa era larga e serpenteante, mas estava muito familiarizada com ela e podia ir bastante rápido apesar da aspereza do terreno. A formação rochosa era parte da razão pela qual tinha escolhido esta área como seu acampamento de apoio. As cataratas eram belas, fluindo para uma série de pedras lisas em uma piscina natural mais abaixo. O oco da piscina estava revestido com pedras, permanecia limpa e a rodeavam lajes de granito, dessa forma ela tinha espaço de sobra ao sol. O lago era o lugar perfeito para passar uma tarde preguiçosa depois de estar trabalhando toda a noite. Tansy gostava de dormir pela manhã, banhar-se na piscina e depois passar duas horas ao sol da tarde, antes de voltar para seu acampamento e se preparar para outra sessão de noite. Geralmente, os pumas tinham um território grande, as fêmeas freqüentemente cobriam cinqüenta quilômetros quadrados, mas a fêmea permanecia perto de sua pequena cova e Tansy estava absolutamente segura de que ia dar a luz qualquer dia. Não queria deixar passar sua oportunidade, nem permitir que o animal
fugisse dela. Tinha ouvido falar de pumas que trocavam de guarida na última hora e precisava vigiar à fêmea prenha de perto. Tansy se estirou, tentando se acomodar sobre a lisa superfície de granito. Usualmente, depois de uma longa noite sem dormir, ficava adormecida diretamente ao sol da tarde. Tentou dizer a si mesma que estava emocionada por suas imagens, os meses de trabalho finalmente davam seus frutos. A verdade era que, desde o momento em que esse helicóptero tinha sobrevoado por cima, tinha tido um vago sentimento de intranqüilidade, como se uma tormenta estivesse se formando ao longe e se dirigindo para ela. A premonição persistia e era tão forte, que levantou a cabeça para procurar no céu algum sinal de ameaçadoras e escuras nuvens. Um falcão flutuava preguiçoso no céu espaçoso, pegando uma corrente térmica e cavalgando-a por diversão. Tansy apoiou a cabeça contra o braço e esfregou a face daqui para lá em um gesto calmante. Era uma loucura, mas se sentia como se estivesse sendo caçada. A área era encerrada, restringida sem uma permissão, bem anunciada, intransitável exceto a pé, ou no inverno, com calçado de neve. O helicóptero tinha afetado mais do que queria admitir. — Deixa ir — Sussurrou em voz alta. Fechou os olhos com cansaço, procurando a satisfação interior que sempre encontrava depois de uma grande sessão. Ninguém mais poderia ter conseguido essas imagens. Bom, muito poucos. Ela tinha um vínculo com os animais, como sua mãe havia dito. Se desejava algo em sua cabeça, com freqüência podia conseguir que o animal cooperasse, inclusive o mais selvagem. Tinha tudo, o trabalho perfeito, o terreno selvagem, e a paz que as montanhas sempre conseguiam lhe dar. Esta era a vida que escolhia e amava. Mais ainda, esta era a vida que ela necessitava. Nenhum contato humano absolutamente. Por fim tinha encontrado um lugar onde podia ser feliz. Tansy sorriu satisfeita. Estava muito cansada e precisava dormir. Só tinha umas poucas horas pela tarde. As noites na montanha eram sempre incertas. Deixá-lo ir e dormir. Quando despertasse poderia nadar na piscina e depois se deitar e secar-se ao sol quente da tarde, antes de voltar para o acampamento e se preparar para a sessão dessa noite. — Vai caçar, senhor? Kadan Montague olhou o chefe da tripulação, deslizando sua 45 suavemente na capa do quadril e fechando-a. — Algo assim — Pendurou no ombro a mochila e deslizou a faca firmemente na bainha antes de olhar as coordenadas — É aqui. O chefe da tripulação, reconhecendo que seu VIP não queria falar, assegurou-se de que a corda estava segura e se moveu a um lado para permitir que seu passageiro desse um passo para a porta aberta. Kadan agarrou a corda com ambas as mãos enluvadas e esperou o visto bom do piloto. O aparelho se estabilizou e ele baixou rapidamente pela corda, posando na terra com um leve impacto e dando um passo para dar o sinal de afastar. Sua descida tinha durado uns segundos e o helicóptero se balançou, se movendo para o sul, voando rapidamente para a base. Desceria na
estação do guarda-florestal e esperaria, não importava quanto, ao sinal de rádio para recolhê-lo na pradaria mais abaixo mal tivesse a carga preparada. Kadan inspirou profundamente o ar da montanha e olhou lentamente ao redor, se sentindo em casa. O amanhecer estava rompendo sobre a montanha, derramando a luz ao longo das arestas, transformando matagais, folhas e granito em ouro. Pinheiros, abetos e arbustos se estendiam até onde alcançava a vista e imensos penhascos de granito se sobressaíam para o céu. Pela primeira vez em muito tempo relaxou. Ninguém estava tentando matá-lo. Podia esperar uma longa caminhada, mas desfrutaria dos arredores. Movia-se com completa confiança, com o passo seguro de um homem acostumado a estar em terra virgem e cobrir um grande território rapidamente. Estava em casa em qualquer ambiente, tendo treinado com as Forças Especiais militares assim como com as equipes de Caminhantes Fantasmas. O treinamento no ártico, o deserto, a montanha e a água tinha dado a seu corpo a capacidade de caminhar pelo áspero terreno. Desfrutava da atividade física e embora estivesse cansado por atravessar vários fusos horários e não dormir durante vários dias, estava centrado inteiramente em sua missão. Viajou na direção em que estimou seria a mais provável encontrar o acampamento de Tansy Meadows. A área tinha várias possibilidades, mas ela tinha necessidades específicas para uma larga permanência e isso estreitava suas opções apreciavelmente. Se estava em algum lugar do local que ele tinha fixado como objetivo, encontraria seu rastro. Depois de uma hora de caminhada, encontrou vários rastros que se dirigiam para cima, para o mais alto e menos denso bosque, e mais para o escarpado granito, um bom lugar para os pumas. Abriu caminho com passo seguro para o penhasco onde havia mais mato e menos árvores. Kadan parou na estreita e imprecisa trilha do atalho de cervos para tomar um longo e lento gole de água. Tinha as coordenadas da área em que ela se deslocava tirando assombrosas fotos para o National Geographic, e estava seguro de que a informação que tinha era exata. Tansy Meadows, extraordinária psíquica e rastreadora de elite. A garota que podia rastrear assassinos em serie com sua mente. Alguns diziam que era difícil trabalhar com ela, outros que era “estranha”, mas fazia o trabalho e todos e cada um dos informes que tinha lido sobre ela diziam que era real. É obvio, agora, as agências da ordem pública declaravam que tinha perdido seu talento em um acidente de escalada, quando tinha caído e batido a cabeça. Ele não acreditou nem por um momento, mas se estava errado, estava perdendo um tempo, que não tinha, em uma má tiragem de jogo de dados. Tinha umas poucas perguntas em sua mente a respeito de Meadows. Não havia fotos dela, nenhuma mesmo, e trabalhava para numerosas agências da lei. Tinha tentado no National Geographic, mas tampouco tinham nenhuma foto. Quem tinha esse tipo de poder? Nenhum civil poderia conseguia apagar os registros das agências da lei... A menos que nunca tivesse havido uma fotografia em primeiro lugar. Havia muitos artigos em jornais e seu nome estava em numerosos informes do FBI e da polícia através do país, e depois estavam seus registros do hospital. Tampouco ali existia nenhuma fotografia, o que queria dizer que a pequena senhorita Tansy Meadows tinha uma bandeira vermelha, e Kadan tinha autorização de alta segurança
e o general ainda mais alta, embora pelo que eles podiam dizer, não existia nenhuma foto dela. Ponto. Tinha sido adotada aos cinco anos por Dom e Sharon Meadows, um rico casal que tinham feito por si mesmos um nome na investigação, desenho e montagem de aviões, especificamente helicópteros de guerra. Dom e Sharon Meadows eram peixes gordos na política e com freqüência recebiam contratos do governo para a investigação e desenho militar. O casal estava bem relacionado politicamente, mas isto significava que tinham a influência para evitar que a foto de sua filha aparecesse em qualquer lugar das notícias? Era possível, mas duvidoso. Tomaria muito mais poder e influência e qual seria o ganho? A primeira vez que Kadan tinha ouvido rumores de uma adolescente que podia rastrear a assassinos em série foi quando tinha treinado no Quântico. A controvérsia candente sobre se havia uma coisa como a capacidade psíquica, e se alguém a tinha, se podia realmente canalizá-la para rastrear a um assassino. Ele nunca tinha entrado nas discussões porque sabia absolutamente que essa capacidade psíquica existia, mas aproveitá-la e ser capaz de usá-la era difícil. A polícia com a que Tansy tinha trabalhado tinham uma fé cega nela, mas ninguém mencionava sua instrução, o que tinha sido estranho para ele. Continuou para cima, suas vísceras diziam que estava no atalho correto. Não havia rastros ainda, nada indicava a presença de outro ser humano, mas estava seguro de que estava encaminhando-se na direção correta. Estava procurando uma agulha em um palheiro, mas sabia que a encontraria. Cada instinto dizia que estava em algum lugar perto. E apostaria seu último dólar a que mentia quando declarava que tinha perdido suas capacidades psíquicas. Se ela tinha trabalhado uma e outra vez com a polícia rastreando com êxito a assassinos em série, duvidava de que um acidente de escalada tivesse apagado de repente seu talento, como ela declarou quando saiu do hospital, se negando a reunir-se com policiais ou agentes do FBI outra vez. Seu olhar esquadrinhou o chão enquanto se movia a passo constante pelo estreito atalho. O caminho não era mais que um rastro usado por cervos, ziguezagueando acima e abaixo pela costa, mas marcou dois lugares onde a erva estava esmagada e várias folhas pareciam danificadas. Algo tinha se movido pelo mato recentemente. Se agachou para examinar o chão e viu um rastro débil. Era de quase dez centímetros de largura e os dois dedos gordos não estavam alinhados, com um dedo mais adiantado, quase assinalando, e quatro dedos juntos. Não havia marcas de garra, e a parte de cima da ponta do calcanhar tinha duas curvaturas distintas enquanto a de abaixo tinha três lóbulos separados. Não havia nenhuma dúvida em sua mente de que o rastro pertencia a um puma. Tinha encontrado o felino, agora só precisava encontrar à mulher. Os guardas-florestais tinham lhe assegurado que os pumas estavam aí acima, em algum lugar, e isso significava que também estaria Tansy Meadows. Sua missão era encontrá-la e levá-la de volta para que o ajudasse a limpar o nome dos Caminhantes Fantasmas. Ela tinha reputação no FBI de ser de confiança, e o general necessitava que Kadan fizesse controle de danos se fosse possível, e para fazer isso
Kadan precisava de Tansy Meadows. Ele nunca tinha falhado em uma missão ainda e esta era muito importante. continuou caminhando, usando a serpenteante trilha do atalho. Ocasionalmente podia ver um rastro parcial na terra úmida, e uma vez encontrou umas poucas mechas de cabelo em algum arbusto onde o felino se esteve esfregando. Decidiu que devia ser fêmea, seus rastros não eram o suficientemente profundos para indicar muito peso e não se encontrou com nenhum dos sinais que indicam o território de um macho. Esta era uma das poucas vezes que tinha entrado nas montanhas sem alguém tentando matá-lo e descobriu que desfrutava da pacífica solidão, apesar da urgência de sua missão. Deu dois passos e então o viu. O coração saltou apesar de seu treinamento, a respiração entupiu nos pulmões. A impressão de uma pequena bota de montanha estava perfilada no pó do atalho, e sobreposta bem em cima estava a do puma. Todo o tempo o gato tinha estado espreitando a mulher (e estava seguro de que era uma mulher pelo tamanho do rastro do calçado) provavelmente andando paralelamente ao atalho durante alguma distancia antes de cair atrás dela. Praguejou para si enquanto procurava ao redor mais rastros. Havia rastros mais velhos que indicavam que a mulher usava esse caminho com freqüência e que o puma freqüentemente a espreitava. Tomou ar e o deixou sair, tragando à força a sensação de urgência. Se o puma a rastreava freqüentemente, isso não queria dizer que este fosse o dia em que atacaria. Reatou o passo, seguindo o casal à costa de granito para os penhascos. O puma continuava seu passo constante, permanecendo depois do rastro da mulher, mas não se movia mais rápido para transbordá-la. Se estava caçando, não tinha pressa por capturar a sua presa. Enquanto o sol esquentava mais, continuou a subida, dando outro longo e lento gole no cantil de camelo, deixando que a água fria escorresse por sua garganta de maneira que pudesse saboreá-la, se sentindo um pouco exposto no campo aberto de granito, com gigantescas rochas se elevando a seu redor. De noite o frio se metia até os ossos. De dia podia ser inesperadamente quente, ou sem advertência, uma tormenta podia se aproximar com alarmante força. Não tinha desejos de ser apanhado ao descoberto com raios golpeando por toda parte. Kadan chegou ao topo da elevação e lançou um olhar a espetacular vista. Apesar da grande altitude não tinha problemas para respirar, seu treinamento o mantinha em boa forma. Parou por um momento para avaliar a situação do entorno. Os densos bosques madeireiros tinham cedido às altas arestas de granito e altas formações como castelos. Era impressionantemente belo. Inclusive ele tinha que admitir, por muito que detestasse esbanjar um tempo precioso em tais coisas. Sobre ele, uma alta queda de água espumosa orvalhava para baixo, muito abaixo, a uma piscina de um profundo verde esmeralda. A balsa natural era feita de granito, grandes cantos rodados desgastados e lisos pelo ataque constante da água. Algo se moveu no fundo da piscina. Fixou a vista na superfície da água e a intrigante onda voltou. Sem afastar os olhos do círculo que se alargava, Kadan tirou os binóculos de campo de alta capacidade da capa do cinturão, e rapidamente os
ajustou. Instantaneamente o verde esmeralda da água brilhou através da distância. Encontrou a si mesmo esperando com antecipação. Perto da borda da água, a sua esquerda e perto da parede mais baixa de granito, a água fazia círculos e algo prateado e dourado pareceu romper a superfície por um momento. Kadan conteve inconscientemente a respiração. Uma lontra? Havia lontras aqui acima? As lontras eram prateadas e douradas? Ela se elevou da água, o longo e úmido cabelo se derramando, brilhando e cintilando como meadas de seda molhada. As gotinhas de água correram pelas curvas dos seios, descendo pela estreita caixa das costelas, se afundando na pequena cintura para correr pelo plano ventre até o triângulo de cachos loiros, na união de suas pernas. Estava nua, a pele resplandecendo à luz do sol, seu bronzeado era tão profundo que acentuava o ouro branco do cabelo. Ela inclinou a cabeça para um lado, e jogou o cabelo sobre um ombro em um gesto inconscientemente provocador. O vento mudou e levou o aroma dela. O corpo de Kadan se esticou grosseiramente em resposta. Seu corpo a reconheceu instantaneamente. Ela parecia como uma oferenda pagã e selvagem. Indomável. Sedutora. Para ele. Ele estava muito quieto, com a respiração apanhada nos pulmões. O conhecimento instantâneo o sacudiu. Certamente tinha tido sua cota de mulheres, mas nunca tinha reagido assim... Uma resposta agressiva e brutal de seu corpo e mente, tudo nele se estendia para ela. — Whitney, bastardo — Sussurrou em voz alta. Nem por um momento acreditaria sequer que sua reação fosse natural. Era muito forte, muito obsessiva. Muito contrária a ele. Se agachou um momento, sentindo um golpe baixo. Se uniu ao exército, passado o treinamento das Forças Especiais, continuou com o treinamento em água, ártico, deserto e inclusive instrução urbana, e então leu a chamada para provar a habilidade psíquica e tinha ido imediatamente, aprovou com nota alta, como sabia o que faria, e tinha sido aceito no programa militar dos Caminhantes Fantasmas. Tinha estado de acordo em ser realçado psiquicamente. Não tinha estado de acordo em ser alterado geneticamente, nem nunca tinham dito a ele que o emparelhariam quimicamente com uma fêmea. Quando a extensão do que foi feito aos voluntários se fez patente, Kadan tinha esperado ser um dos que escaparam desse inferno particular. Mas soube. Seu corpo sabia. Tratou de conter a monstruosa ereção que surgiu de um nada. Conteve sua agressividade enquanto a testosterona alagava seu corpo com abrasadora luxúria e um selvagem desejo por possuir. Nunca tinha pensado perguntar a qualquer dos outros como era, ou sequer se todos os sintomas neles eram iguais, mas se sentia agressivo, perigoso, quase brutal, uma primitiva resposta pré-programada nele. Respirando profundamente agarrou um punhado de terra, fechando os dedos ao redor com força, como se arrancasse a vida da garganta de alguém. E onde estava o felino? Tinha que se certificar de que o animal não ia se lançar sobre ela. Uma vez mais levantou os binóculos, a respiração entupiu nos pulmões quando voltou a enfocá-la. Inclusive a maneira em que escorria o cabelo era sensual, inclinando a cabeça a um lado os longos fios dourados se frisavam como seda enquanto as mãos apertavam
a grossa meada. A água gotejava e corria pelos seios cheios até o ventre e mais abaixo, para a união de suas pernas. As pernas eram esbeltas e seu traseiro firme enquanto vadiava para a borda da piscina, com a água lambendo as coxas. Kadan umedeceu os lábios de repente secos com a língua. Daria o que fosse por lamber as gotinhas de água da pele dela. A contra gosto apartou os binóculos de sua visão de fantasia para esquadrinhar o bosque e as montanhas circundantes. Nada. Trocou a direção, dividindo a área, olhando o alto, dos ramos aos cantos rodados. O puma tinha que estar ali em algum lugar, invisível a sua vista, possivelmente, mas não a seu instinto. Não havia acampamento perto que pudesse ver, mas tinha que estar ali. Voltou a atenção à mulher. Esta devia ser Tansy Meadows. Parecia quase como se nadar na piscina, tirar um cochilo e pegar sol fosse um ritual diário, e se o fosse, não teria caminhado muito longe de seu terreno. Não tinha nenhuma dúvida em sua mente de que ela era a proprietária do corpo dele e isso significava que tinha que ser uma das garotas perdidas com as que Whitney tinha experimentado. O médico demente tinha tirado a meninas de orfanatos de todo o mundo e realizado experimentos nelas. Umas poucas afortunadas tinham sido adotadas. Tinha a informação de seus antecedentes memorizada. Seus pais a tinham adotado quando tinha cinco anos. Teve graves problemas na escola e outros ambientes sociais. Tinha trabalhado com a polícia desde os treze anos, rastreando assassinos e vítimas de seqüestro com assombrosa precisão. Deveria ter sabido que era muito precisa. Deveria ter sabido que suas capacidades psíquicas estavam realçadas. Kadan deu outro longo olhar ao redor, em um esforço por localizar o puma. Se estava ali, o animal se camuflou bem. Cada área que pensava que seria o lugar perfeito para que o felino montasse uma emboscada parecia serena e pacífica. Balançou os binóculos de volta à concha natural. Ela saiu da brilhante água esmeralda, se movendo com graça e algo mais, algo tão sedutor e inocente ao mesmo tempo, que o corpo dele gritou em urgente demanda. Ficou sem respiração quando ela levantou os braços esbeltos para o sol, a ação empurrou os seios para cima, os mamilos mais escuros eretos pelo frio. Kadan podia sentir o sabor dela em sua boca. Respirou lenta e profundamente para acalmar a excitação que aumentava, o júbilo. Seu corpo, sua mente, sua alma diziam que ela era a única. Estava olhando a sua companheira. Que Deus o ajudasse não queria pensar assim, não agora, no meio de uma crise tão imensa. Necessitava estar lúcido, manter sua mente e seu corpo sob controle. E precisava usar essa mulher, não ter piedade se fosse preciso. Amaldiçoou suavemente para si mesmo e enxugou a testa com o dorso da mão enquanto mantinha os binóculos enfocados nela Ela massageou o corpo com creme, cada carícia de sua mão fazia com que o corpo dele pulsasse e desse puxões de necessidade, e depois ela se estirou, de barriga para baixo na plana superfície da pedra, seu corpo como uma oferenda ao sol da tarde. Seu traseiro era curvado e musculoso, se unindo à longa extensão das proporcionadas pernas. Era impossível, nem sequer com os binóculos, ver seus traços faciais, estava com as costas voltadas para ele com a cara nas sombras. A
imaginação dele não podia proporcionar um rosto que acompanhasse ao corpo sensual ou com a erótica forma em que se movia. A olhou durante muito tempo, até que sua respiração se tornou mais lenta e ele soube que dormia. Ela estava profundamente adormecida e um puma a tinha espreitado todo o caminho para à concha. Estava oculto em algum lugar sobre ela, possivelmente olhando. Outra vez Kadan esquadrinhou a área circundante, horrorizado de que ela deitasse nua e exposta, onde qualquer caçador ou animal selvagem a poderia encontrar. A fúria queimou o ventre, lenta e malvada, e por um momento o chão a seu redor tremeu. Conteve seu gênio e forçou o ar através dos pulmões, enquanto examinava cada lugar possível onde o puma podia se ocultar. Tinha treinado na escola de franco-atiradores de elite, passado na prova de encontrar cinqüenta objetos ocultos a múltiplas distancia e tinha marcado cada um, mas o animal permanecia oculto. Baixou os óculos. Tinha passado muito tempo sem dormir. Viajando a dez países estrangeiros em duas semanas, trabalhando para formar um fundo comum de informação antiterrorista multinacional para um esquadrão de assassinos de elite. A equipe viveria nas sombras, viajaria à zona de morte, destruiria todos os objetivos e se desvaneceria antes que alguém soubesse jamais que estavam na área. Cada membro seria totalmente anônimo, assim não poderia haver vingança contra as famílias. Cada membro seria um Caminhante Fantasma, capaz de entrar e sair das zonas de objetivos como uma sombra. Kadan tinha sido atribuído à tarefa e estava formando sua equipe quando foi chamado bruscamente a casa e ordenada outra missão... E esta era muito importante para estragá-la. Era conhecido por sua frieza sob o fogo, sua absoluta calma em qualquer crise, sua capacidade de dirigir a sua equipe e empreender qualquer missão, encontrar uma maneira de levá-la a cabo e devolver a equipe à casa outra vez, sem importar as probabilidades. Suspirou. Não se sentia frio nem tranqüilo agora, e sim nervoso e mal-humorado. Agradecia que seus companheiros Caminhantes Fantasmas não estivessem ao redor para presenciar sua luta. Diminuindo deliberadamente a respiração tomou outro gole do cantil. Ia ter que descer até as rochas abaixo e encontrar um modo de convencê-la de que se unisse a ele, porque no final, ela não tinha realmente nenhuma outra opção do que ajudá-lo. Tinha a sensação de que não ia ser fácil nem agradável, mas completar a missão era necessário. E tinha também a sensação de que se esta mulher tinha sido cedida em adoção anos antes pelo Whitney, provavelmente não tinha sido emparelhada quimicamente com ele, o qual, francamente, ia atar as coisas tremendamente. Whitney tinha guardado o DNA dela e tinha programado a ele, mas não a ela. Tinha pensado que a tarefa ia ser dilaceradora e bastante difícil, simplesmente convencer e talvez forçar Tansy a acompanhá-lo em sua investigação, mas agora, com a ameaça adicionada do puxão físico entre eles, a missão se tornou entristecedora. Ela tinha sofrido uma crise nervosa e por todos os testemunhos, foi real. Tinha lido os informes com cuidado, assim como todos seus históricos médicos. Tinha passado semanas em um hospital, e meses isolada com seus pais. Tinha ficado exausta, quebrantada por seu último caso, com a mente estilhaçada e recusando ceder às malvadas vozes dos assassinos que tinha rastreado, ou os gritos de suas
vítimas. Ele ia ter que pedir a ela que deixasse que outras vozes mais poderosas e viciosas entrassem. Em cima disso, ia ter que explicar de algum modo que estava emparelhado com ela. Kadan se encontrou incapaz de afastar os olhos dela. Quanto mais a olhava, mais tensas e urgentes eram as demandas que fazia seu corpo. Nunca tinha experimentado tal fome sexual. Parecia encher cada célula de seu corpo, invadir seu cérebro, apertar seu corpo em um torno até que as perfuradoras estavam arrasando, expulsando cada civilizado pensamento. Tinha que conseguir algum tipo de cabo no laço entre eles, ou destruiria qualquer oportunidade que tivesse com ela. Sentou, cruzou as pernas e fechou os olhos, procurando centrar-se interiormente. Precisava de equilíbrio. A moléstia das pedras, das botas, de seu corpo zumbiu em seu cérebro e o permitiu se derramar sobre ele, formar anéis na piscina em que se centrou e desaparecer nas ondas da água. Respirou profundamente, procurando dentro dele mesmo a verdade de suas fortes emoções. Medo pela segurança dela. Pelas aves de rapina e pelos humanos. Esta área estava tão isolada, o assustava pensar no que aconteceria se ela era encontrada por algum caçador bêbado, ou um homem sem escrúpulos ou princípios. Qualquer animal a poderia caçar à espreita enquanto permanecia deitada indefesa ao sol, o puma já o fazia. Ira. Examinou a emoção turbulenta de todos os ângulos. Era uma com a qual não estava completamente familiarizado. A maior parte de sua vida tinha sido frio e desapaixonado em seu trato com as pessoas. Isso era o que o fazia tão bom em seu trabalho. Tinha dominado cada emoção. Ira. Arrasava através dele. Fervia. Se elevava e golpeava. Insistia em se liberar como um vulcão quente. Completamente sobre o topo se negou a permitir sair à superfície. Tinha uma missão e nada, ninguém, se metia no caminho de uma missão. Tomou outra profunda e tranqüilizadora respiração, permaneceu na piscina da prudência enquanto as loucas emoções formavam redemoinhos e finalmente se abatiam, o deixando inteiro outra vez. Abriu os olhos e sorriu. O sorriso de um predador. Ficou de pé, de maneira inesperadamente flexível para um homem tão grande. Seus olhos a encontraram uma vez mais. As sombras estavam exatamente começando a alcançar as suaves curvas de seu corpo. Se moveu com repentina decisão, encontrando a maneira mais fácil de baixar a saia da montanha. Era escarpada e rochosa e como sempre nas montanhas, enganosamente mais larga do que parecia a distância. Levou algumas tentativas encontrar a escarpada e estreita escada que levava ao retirado lago. Fez sua descida tão silenciosamente como foi capaz. Queria estudá-la enquanto dormia, só tomar seu tempo e permitir que a imagem dela ardesse em sua memória para toda a eternidade. Tampouco se importava lhe dar um susto de mil demônios.
Capítulo 2
Kadan foi cuidadoso, não permitindo que sua sombra caísse sobre o corpo de Tansy Meadows. O granito sob suas botas estava liso e não fazia ruído que o
delatasse. Permaneceu a favor do vento só se por acaso ela possuía um sentido do olfato realçado, e para se assegurar de que não interrompia, sequer brevemente, o fluxo de ar se movendo ao redor do corpo dela. Os Caminhantes Fantasmas eram todos sensíveis às menores mudanças na energia que fluía ao redor deles. Meadows podia não ter sido treinada como uma Caminhante Fantasma, mas se estava realçada, como ele suspeitava, seria uma força a ser tida em conta. Examinou a área circundante, procurando qualquer arma, algo que ela pudesse usar para se defender. Franziu o cenho quando se deu conta de que suas roupas estavam cuidadosamente empilhadas a alguma distância de onde ela estava deitada dormindo. Uma pequena pistola de dardos estava junto a suas roupas, apoiada contra uma rocha. Kadan seguiu seu caminho, colocando cuidadosamente cada pé para não mover as pedras soltas, seu corpo se movia devagar para manter o ar imóvel, e se estirou para pegar a pistola de dardos. Para segurança de ambos, deslizou a arma em seu cinturão. Ela deveria ter segurado a arma sob sua palma, onde pudesse se defender facilmente de um animal selvagem ou um caçador. Se era uma Caminhante Fantasma, seus instintos de conservação não eram tão bons como deveriam ter sido. Depois de se convencer de que não havia nada que ela pudesse agarrar para causar mal a qualquer deles, se acocorou a seu lado. Mais que nada, desejava ver sua cara. De perto ela era impressionante. Sua pele parecia tão suave e morna que custou cada gota de seu autocontrole evitar tocá-la. Seu cabelo era uma mistura de autêntica platina e meadas de ouro que se derramavam por suas costas e através da rocha. Largas pestanas estavam como meias luas, ligeiras e grossas. Seu rosto era um pequeno oval e a boca cheia e convidativa. Sufocou a urgência de se inclinar e despertá-la com um beijo. Era muito menor do que tinha esperado, mas suas pernas eram longas, seu traseiro curvado, e seu corpo dizia que ela poderia encaixar nele como uma luva. A face dele estava a poucos centímetros da dela quando abriu os olhos para olhar diretamente aos seus. O medo brotou e trocou o profundo azul de seus olhos quase até o violeta pelo sobressalto. Seus olhos resplandeceram com uma espécie de brilho pensativo, e então ela os entrecerrou, como se a luz os ferisse. Piscou uma vez e seus olhos já eram claros, frios e calculadores. Alcançou os óculos de sol e os deslizou sobre a ponte do nariz com uma despreocupada altivez que lhe disse que ela era uma princesa e ele um bronco. Tansy abriu os olhos de um pacífico sonho e se encontrou contemplando uns perfeitos olhos de felino. Frios, imperturbáveis, de um azul tão profundo que eram quase negros. Concentrados. Estava olhando dentro dos olhos de um homem que tinha matado com freqüência. O descabelado cabelo escuro se derramava de sua testa, tocando uma magra cicatriz que percorria a longitude de uma áspera face que era toda ângulos e planos. Parecia curtido e todo ele muito perigoso. Havia uma sombra ao longo de sua mandíbula, como se desse igual ser o bastante civilizado para se barbear. Não tinha expressão em sua face absolutamente, só aquele olhar avassalador e fixo, como o de um gato. Ela levantou seu queixo uns centímetros, as pestanas baixando para velar sua expressão antes de colocar os óculos escuros. Não fez menção de cobrir sua nudez
porque não havia nada que pudesse fazer sobre isso e não queria dar a ele nenhuma vantagem ao deixar que ele visse que se sentia vulnerável. Se levantando com tanta graça e dignidade como pôde conseguir, Tansy andou para suas roupas cuidadosamente dobradas. Teve que roçá-lo ao passar, e ele não se moveu, seu corpo sólido e musculoso roçava a pele dela, provocando um leve calafrio de reconhecimento. A eletricidade passou ao longo de suas terminações nervosas e pequenas asas voaram por seu estômago. Pôde sentir aqueles olhos azul noite seguindo-a a cada passo do caminho. Tansy estaria eternamente agradecida de não ter recolhido o cabelo. O tamanho cobria o nu traseiro, dando uma falsa sensação de segurança. Não tinha idéia de que a sedosa massa platina e ouro contra sua escura pele era provocadora, e só servia para lhe dar um aspecto erótico e sedutor, enfatizando suas curvas. Dando as costas, colocou rapidamente a camisa e se introduziu na suas calças, fazendo várias respirações profundas para manter o controle. Por costume, Tansy enroscou seu longo cabelo várias vezes e a segurou na parte de trás da cabeça com um grande passador. Discretamente procurou sua pistola tranqüilizadora. Não estava em seu lugar habitual na rocha que se sobressaía, o que queria dizer que provavelmente ela a tinha. Quadrando os ombros se voltou para encarar o estranho. Era um homem grande e fortemente musculoso. A absoluta grosseria dele fez palpitar seu coração. Se tinha que ser capturada nua, só e em meio de nenhuma parte por que não podia ter sido essa pessoa um fracote de quarenta quilos? Ela temia algo mais que seu tamanho real. Ele exsudava poder por cada poro. Parecia perigoso em uma forma que não podia definir. Ela podia fazer pouco caso da impressão de poder dizendo que era sua aparência, mas sabia que havia mais. Seus traços pareciam ter sido esculpidos em pedra, cada parte era tão áspera como o granito que os rodeava. Não era de aparência agradável... Muito tosco para isso. Mas era impressionante de uma forma atemorizante. — Sinto tê-la assustado. Sua voz era suave veludo escuro, uma ferramenta do demônio e sarcástica como o inferno. Uma intensa ira fervia a fogo lento sob o tranqüilo exterior. Ela tocou os lábios com a língua, a única concessão aos nervos. — De qualquer forma era hora de levantar — Deu de ombros. Esta é uma reserva particular, e você não está autorizado — Era um militar, não um caçador. Seus olhos eram foscos, duros e observadores... Muito observadores, como se esperasse que ela se pusesse a correr para escapar. Ela se moveu sobre as pontas de seus dedos e girou ligeiramente para esquivar o corpo dele, apresentando menos alvos a seu ataque. — Vim procurá-la. Porque tinha estado tão sobressaltada ao despertar e vê-lo, ela não tinha notado até agora que estar tão próxima não lhe causava as enxaquecas que estava acostumada a sofrer ao redor dos seres humanos... Incluindo seus pais. A voraz energia psíquica que normalmente a rodeava quando estava perto das pessoas não se achava presente. Sentiu a ligeira brisa, escutou o contínuo canto dos pássaros, o zumbido das abelhas, mas não sussurros em sua mente.
— Veio me buscar? — Repetiu ela, sentindo uma pequena perda. Seu olhar o olhou, captando tudo da forma em que ela o fazia, sua mente catalogando a imagem, anotando as marcas ao longo de seu equipamento... Especialmente a faca em seu flanco. Ele sorriu para aliviar o temor dela. Parecia um puma justo antes da hora de comer. — Me permita começar de novo. Sou Kadan Montague — Com deliberação e seu sorriso agora quase lobuno, estendeu a mão. O reflexo automático foi quase sua perdição. Justo antes que as mãos dele envolvessem as dela, Tansy deu um passo atrás com as mãos nas costas. Não se atreveu a permitir o contato físico com ele. Nem desejava ficar muito perto se as intenções dele eram atacá-la. O sorriso dele se alargou ante sua reação, esquentando seus estranhos olhos negros até que brilharam como os olhos dos gatos de noite. — Não tenha medo — Disse ele. Qualquer um com cérebro se assustaria com ele, especialmente uma mulher. Era um homem entre os homens. Não havia nada juvenilmente atraente naquela tosca face. Nada suave nem gentil naqueles brilhantes olhos, e sim algo mais. O que era aquilo que a intrigava e a repelia? — Pegou-me em uma posição comprometida. Deve admitir que não é exatamente uma situação que faça uma mulher se sentir segura. Kadan estudou sua face… A perfeita tez, a boca plena e as longas e exuberantes pestanas... Mas eram seus olhos o que mais o intrigavam. Não havia dúvida de que estava realçada... Podia sentir a poderosa energia psíquica que ela emitia, mas havia algo mais também, algo que ele não tinha visto em outros Caminhantes Fantasmas antes, e o poder que fosse se mostrava em seus olhos. Ele tinha que resistir a tentação de se estirar para tocar a suave extensão de pele. Duas vezes já seus pequenos e brancos dentes tinham mordido pensativamente o lábio inferior, um hábito que ele encontrava sexy como o inferno. Ela não o estava lendo, e como isso lhe ocorria tão raramente, ele poderia dizer que ela encontrava a experiência perturbadora. Ela tinha um pouco de muita confiança nela mesma, o que queria dizer que possuía algum treinamento em defesa. Deliberadamente ele permitiu que seu olhar deslizasse pelo corpo dela e depois voltasse para seu rosto. Ela controlou o rubor, e isso significava que tinha uma surpreendente disciplina e controle de seu corpo. Ele elevou um silencioso rogo para ter a mesma disciplina e controle do dele. Precisava liberar sua mente de toda aquela pele, sua doce curva e aquele maldito lábio inferior que fazia caretas. — O que é que o senhor quer …? — Kadan — Interrompeu ele. Mantinha a voz baixa, mas acrescentou aço. Ela estava olhando-o com aqueles enormes olhos azul violeta, e o estranho e pequeno brilho desestabilizou o ventre e esticou a virilha. Maldito se ia ser ele o único fora de controle.
— Não o conheço o suficiente para chamá-lo por seu nome — Ela o disse melindrosamente enquanto se movia para a esquerda, para a escada de pedra natural que se elevava da balsa. Kadan manteve o ritmo, se ajustando perfeitamente a suas pernadas mais curtas, como se estivessem dançando juntos lentamente. Ele invadiu seu espaço pessoal só um pouco, provando para ver como reagiria. Ela parou com brutalidade, mas não se afastou de seu alcance. — Está tentando me intimidar de propósito? Ele deixou que um leve sorriso curvasse sua boca, dando a ela um breve vislumbre de dentes descobertos. — Deveria estar intimidada. Que demônios estava pensando, dormindo ao descoberto sem uma faca ou uma arma perto de você? — Mantinha a voz controlada, mas havia um chicote em seu tom, e ela se estremeceu baixo ele. — Sou bem consciente de que não foi inteligente. Estive aqui fora algum tempo e me pegou despreparada. Havia algo em seu tom que o irritava, não era remorso, nenhuma desculpa, só uma aceitação de estupidez. A estupidez matava às pessoas. Um momento de distração podia matar uma equipe inteira. Ele a empurrou um pouco mais, procurando assustá-la, porque apesar daquele estremecimento, não havia medo em seus olhos. Tansy o deixou se aproximar, antes de ver a faca na bainha ao lado dele. Não havia correia de segurança segurando o punho, ela já tinha estabelecido que, no momento que estivesse bastante perto o golpearia, girando, a mão iria pela arma em um impreciso movimento de velocidade, afastando-se com rapidez. Exceto... Que não chegou a nenhum lugar. A mão dele freou as suas, capturando seu pulso ao redor do punho, a enorme força a impedindo de tirar a arma e detendo-a no lugar. Segurou-a rígida contra seu corpo, com um braço travado ao redor da garganta dela e o outro mantendo o punho fechado sobre a faca. — O que fazemos agora? — Perguntou ele, a voz baixa. O aroma dela encheu sua mente e seu corpo. Canela. Ela toda cheirava a mulher e canela, uma isca ao que se recusava permitir ir, e seu corpo respondia. Demônios, era melhor que ela soubesse, não pela forma em que seu suave corpo estava moldado contra o dele. Ela engoliu. Ele sentiu o movimento contra seu antebraço, mas não havia pânico nem resistência. Ela inclusive se relaxou contra ele, sua mão livre subiu para enganchar a dobra do cotovelo dele, um dedo pressionou ligeiramente contra o ponto de pressão, e isso lhe disse muito sobre ela. — Deixe-me ir agora. Tansy deveria ter estado concentrada em se liberar. Sua mente e seu corpo deveriam ter estado esperando o momento em que pudesse escapar, mas sua mão estava envolta no punho de uma faca, uma que não era nova, mas sim tinha entrado em combate com este homem e, com segurança, tinha sido usada. Ela não sentia nada... Nada de nada. Não havia sussurros que zombavam e a atormentassem, nenhum túnel sugando-a, nenhum oleoso vazio negro que a arrastasse para baixo e a sufocasse. Nunca tinha estado tão perto de ninguém, nem sequer de seus pais, sem ter algo estremecendo em sua mente. Estava tão estupefata que mal podia recordar
que era retida pelo abraço de um imensamente forte estranho, sem ninguém ao redor para ajudá-la se ela não podia controlar a situação. — E se não te deixo ir? — Perguntou ele, baixando a cabeça para aspirar outra vez seu aroma. Canela e pecado encheram seus pulmões. É obvio que ia deixar ir, mas não até que aprendesse a lição. Um pouco de medo seria bom para ela. Ela necessitava autopreservação para contribuir. Onde ele a estava levando cada simples sentido tinha que ser afiado e aguçado como a folha de uma navalha. As palavras sussurradas tão suavemente em seu ouvido, e o quente fôlego abanando sua face sacudiram Tansy de sua surpresa. Deixe-me ir! Ela lançou a ordem na mente dele, fechando os dedos com força sobre o ponto de pressão, puxando debaixo de seu cotovelo para poder deslizar livre, inclusive enquanto seu pé se erguia para trás para golpear a canela dele. Não ocorreu nada. O braço dele permaneceu bloqueado ao redor de sua garganta, seu corpo nem sequer se sacudiu e o calcanhar dela nunca o tocou. Em realidade a mente dela fugiu a dele, como se tivesse ricocheteado com força. Com a força suficiente para fazer que sua cabeça palpitasse. — Quem é você? — Pela primeira vez havia tremor em sua voz. Ele a deixou ir, dando um passo atrás, ainda segurando a mão para que não pudesse tirar a faca. —Agora entende. Não é a única no mundo com talentos ocultos. Muito cuidadosamente ela flexionou os dedos, indicando que queria ir. Ele respondeu instantaneamente, tirando a mão das suas para lhe permitir baixar o braço. Tansy não o olhou, mas sabia que ele havia sentido tremer a mão dela. Detestava mostrar fraqueza, mas nunca tinha tido a ninguém que resistisse tão completamente. Ela precisava tê-lo distraído enquanto o dirigia a seu acampamento, onde tinha uma arma ou duas que podiam lhe proporcionar alguma amparo. — Só me diga quem é e por que está aqui — Ela se encaminhou para o atalho outra vez e desta vez ele caminhou junto a ela. Quando fez um movimento para a parte interior de sua camisa, a respiração dela parou, mas ele só tirou sua carteira e a abriu, oferecendo-la. Seus olhos a fascinavam. Azul meia-noite, tão azuis que eram quase negros, imperturbáveis e intensos, quase como aqueles do predador que tinha estado estudando no último ano. Ele se centrava totalmente em sua presa, e justo agora esta era Tansy. Tinha-a hipnotizada, incapaz de afastar o olhar dele até que ele o permitisse. O movimento da carteira lhe permitiu afastar o olhar daqueles perigosos olhos, e lançou uma olhada a sua identificação. FBI. Mas ela não acreditava. Cada coisa dele gritava militar. Negou com a cabeça. — Não engulo sua história. — Reiniciou o caminho com um forçado suspiro — Só me diga o que quer e se vá de minha montanha. — Preciso de sua ajuda. Seu coração palpitou. A respiração parou nos pulmões e aí ficou. O medo deslizou por seu corpo. A garganta fechada, o pânico aumentando enquanto ela batalhava com o súbito estrondo em sua mente, enquanto uma porta rangia ao se
abrir e as vozes começavam a se derramar. Sacudiu a cabeça assustada de falar, assustada de poder gritar, temendo que ao começar uma vez mais nunca pararia. Em vez disso contou seus passos, pondo cuidadosamente cada pé diante do outro, obrigando a sua mente a ficar por fora, forçando o ar em seus pulmões enquanto silenciosamente sacudia a cabeça. — Tansy? — Havia preocupação em seu tom. Tinha empalidecido sob seu bronzeado e pequenas gotas de transpiração dedilhavam sua testa. Tansy as enxugou com uma pesada mão, fechando a porta enquanto isso se sacudia e gemia, empurrando com força contra sua vontade. — Desapareça — Sua voz era um mero rumor de som. Ele seguiu o ritmo com facilidade, embora não estava caminhado pelo atalho, mas sim pela áspera e grossa erva. — Sinto muito, não posso fazê-lo. — Vá senhor Montague. Não posso ajudá-lo — Continuou subindo, afastando a face de maneira que foi impossível para ele ver os lábios tremendo. — Isso não é verdade, Tansy. Tenho seu arquivo de dez centímetros de grossura. É real, e não me importa qualquer panaquice que tenha feito engolir às forças da ordem com o passar do país, sobre perder sua habilidade em um acidente de escalada. Ela engoliu com força, rodeou-se com os braços e viro a face para ele. — Se tiver um expediente sobre mim, estou segura de que inclui o fato de que passei oito meses em um hospital. Me parece um tipo de homem muito minucioso, e não é do FBI, assim que sua pequena insígnia não me interessa. Kadan se aproximou atrás dela, tão perto que pôde sentir o calor que emanava seu corpo. Poderia parecer zangada, mas ele estava muito bem treinado para não notar o indício de medo desesperado em seus olhos e ela detestava que ele soubesse que estava assustada. — Não de você — Murmurou em voz baixa, derramando desdém em sua voz — Nunca de você. Saia de minha montanha e me deixe sozinha. — O que aconteceu? Fez uma profunda e estremecida inalação, fechando os dedos para formar dois tensos punhos. — Você é um perfeito estranho... Um homem que não desejo conhecer. Sou uma fotógrafa, trabalhando com autorização nesta reserva. Por isso eu sei, você não tem direito a estar aqui, ou me interrogar. Se for realmente do FBI, então fale com meu advogado. — Agora está sendo grosseira. Ela se sentia grosseira. Ele a estava incomodando porque ela estava tão afetada. Tansy fez outra profunda inspiração e a deixou sair. O repentino aumento de energia hostil a golpeou. Era duro e rápido e chegava bem de além de Kadan. Kadan percebeu a quebra de onda de agressividade, a ameaçadora energia o bombardeou e segurou Tansy pelo pulso, fazendo-a girar e a empurrando atrás dele, colocando seu corpo entre o perigo e ela. Ela tropeçou e quase caiu, mas ele
continuou se movendo em círculo, puxando a arma, com os dedos sobre o gatilho, tirando-a enquanto o inimigo atacava. Não! Pare! A voz encheu a mente dele enquanto Tansy saltava sobre ele, diretamente entre sua pistola e o puma que atacava. O dedo dele já estava puxando o gatilho, seu objetivo real. Conseguiu sacudi-lo justo o suficiente para não atirar em Tansy por um suspiro, mas o puma a golpeou no peito com toda sua força, jogando-a para trás e sobre ele de maneira que ambos caíram. Por um momento ele viu dentro dos olhos do felino, a respiração quente em sua cara e depois se foi, saltando por cima de Tansy em um pesado golpe e desaparecendo. Tudo nele se imobilizou. Kadan travou os braços ao redor de Tansy e rodou, empurrando-a embaixo dele de maneira que pôde passar as mãos sobre seu corpo, controlando os danos. — Me fale. O puma tinha tirado o fôlego do corpo, golpeando-a com a força de uma locomotiva. Provavelmente estaria machucada, e não estava tomando ar, mas não tinha feridas rasgadas como ele esperava. O felino tinha retraído as garras quando golpeou e não tinha mordido a garganta exposta de Tansy... E tampouco sua bala a tinha ferido. Deixou cair a cabeça durante um momento, expulsando seu medo. — Em que demônios estava pensando, protegendo um felino como esse? — Exigiu ele com a fúria substituindo ao terror — Podia ter disparado em você. Estive a um suspiro de te matar. Se encontrou sacudindo-a e, surpreso, fez uma profunda inspiração, tentando recuar da borda do desastre. Estava tremendo, algo que nunca fazia, mas tinha chegado tão perto de fazer voar sua cabeça. Levou um momento se dar conta de que suas mãos estavam envoltas ao redor da esbelta garganta dela, os polegares pressionando exatamente em sua mandíbula, levantando a cabeça até que os enormes olhos estavam olhando diretamente os seus. Tansy tentou engolir, mas as mãos dele rodeavam a garganta e os polegares pressionavam fortemente. Permaneceu muito quieta, impressionada diante da verdade. Ela não estava salvando a vida do puma... Tinha salvado a vida dele. Tinha sido imperativo salvar sua vida. No momento em que sentiu a ameaça e soube que o puma ia atacar, tinha saltado sobre ele de uma posição escondida, revelando outro oculto segredo, para impedir que fosse ferido. Piscou enquanto ele lentamente retirava as mãos de seu pescoço. —Poderia sair de cima de mim. — O peito doía. Estava notando cada uma das rochas que lhe cravavam nas costas — Pesa uma tonelada. Ele simplesmente baixou o olhar por volta dela durante um longo momento sem responder, seus olhos azul escuro continham calor e uma crua luxúria, fazendo que o coração dela pulsasse fortemente, mas então ele piscou e seus olhos se voltaram monótonos e severos, impossíveis de ler para ela. Ele se levantou, levantando-a com ele e mantendo-a estável até que esteve seguro de que era capaz de estar de pé por ela mesma.
Tansy tirou o pó dos jeans e depois esfregou as palmas pelas coxas, procurando os óculos de sol que tinham saído voando de seu rosto quando o felino caiu de repente nela. — Obrigado por não me disparar — Ela nunca admitiria que tinha saltado em frente a ele para lhe salvar a vida, não nesse momento. Em uma data muito posterior, quando ele não estivesse pelos arredores para aturdi-la, tiraria seus motivos e os examinaria, mas por agora, o registraria como o resgate de uma vida humana. — É malditamente afortunada. Ela cabeceou. — Sou consciente disso e realmente aprecio que seja tão destro. — Vai me dizer como fez esse salto, estando de joelhos, até me ultrapassar tão rápido? Tansy deu de ombros. — Não sei como faço as coisas. Só as faço — Havia muitas coisas sobre ela que não podiam ser explicadas. — Ouvir falar alguma vez de um homem chamado Peter Whitney? Ela piscou. Seu rosto permaneceu inexpressivo enquanto procurava seus óculos no chão, se dando tempo para pensar. — Presumo que a maioria dos integrantes da comunidade científica ouviram falar do doutor Whitney — Respondeu ela cautelosamente, enquanto recuperava seus óculos sob o mato e os limpava em sua camisa — Acredito que foi assassinado — Olhou-o diretamente nos olhos, assim ele poderia ver que ela queria dizer exatamente o que dizia — Se tiver encontrado algum tipo de evidência que queira que eu sinta para você, não posso fazê-lo. — Acha que ele está morto? Tansy franziu o cenho. — Foi uma grande noticia. Desapareceu e todo mundo pensou que foi assassinado. Não era ele? Kadan negou com a cabeça lentamente. — Não, está vivo. — Isso é impossível. Meus pais o conheciam muito bem. Se estivesse vivo, eles saberiam. — Quanto bem é muito bem? Eram amigos? Tansy deu de ombros. — Ninguém era realmente amigo do doutor Whitney. Eram colegas e se respeitavam entre si. Meu pai e o doutor Whitney foram à escola juntos e tinham muitos interesses em comum. — Você foi um deles? — Perguntou Kadan. A boca de Tansy se apertou. Separou-o de um empurrão para prosseguir o caminho. — Acredito que esta conversa durou já suficiente tempo. Está ficando pessoal e nem sequer sei ainda o que quer. Tenho trabalho a fazer esta noite e necessito comida, assim se for vir, então comecemos a nos mover.
Kadan seguiu caminhando atrás dela, alerta sobre alguma ameaça mais do grande felino, seu olhar percorria a área, mas mais que isso, cada sentido se estendia procurando informação. — O doutor Whitney dirigiu experimentos em meninas faz aproximadamente vinte e cinco anos. Recolheu a meninas de vários orfanatos ao redor do mundo. Estava procurando talentos específicos, bebês com capacidades psíquicas. Tansy continuou subindo enquanto o rugido em sua cabeça fazia com que o pulso palpitasse nas têmporas. Contar. Dez passos. — Nomeou a cada uma das meninas com nomes de flores. Tansy é uma erva florescente que cresce na Europa e na Ásia. Quinze passos. — Realçou a essas garotas psíquica e geneticamente, alterando a muitas delas também. Quando retirou os filtros de seus cérebros, deixou-as sem defesas psíquicas. Muitas delas têm dificuldades na vida cotidiana em sociedade. A maioria não pode estar ao redor das pessoas absolutamente. Têm freqüentes dores de cabeça e hemorragias nasais. Os ataques são comuns quando há muita sobrecarga psíquica. Algumas podem fazer coisas físicas assombrosas, como saltar sobre um homem de uma posição escondida. Não estava mentindo. Toda sua vida tinha sido diferente. Toda sua vida tinha lutado por permanecer lúcida cada vez que tocava um objeto, ou se sentava em uma cadeira, ou alcançava um trinco, a porta de sua mente se abria e as vozes se derramavam sobre ela. Continuou contando, sussurrando os números com cada fôlego, enquanto tentava acalmar a voz interior que estava chorando de medo. — Fez outras coisas também. Tinha um programa de cria, emparelhando às garotas, que agora são mulheres, com homens com os quais experimentou no exército. Ele criou várias equipes de Caminhantes Fantasmas. Sou um membro de uma dessas equipes. Consenti em ser psiquicamente realçado. Nesse então não sabíamos que realizou estes experimentos ainda sem nosso consentimento. Realçounos geneticamente assim como nos emparelhou com as mulheres de seus primeiros experimentos. Nossa melhor conjetura é que ele espera criar soldados excepcionais dessas uniões. Trinta passos. As coisas faziam clique em seu lugar, e a porta em sua mente rangia sinistramente, ameaçando sua prudência. Tinha estado tão perto da paz. Tão perto. — Foi adotada, Tansy, e o doutor Whitney permitiu que algumas das meninas com as quais experimentou fossem adotadas. Em geral mantinha um férreo controle nas moças, assim que pergunto a você, o viu enquanto crescia? O tinha visto? Ela tremeu, repentinamente de frio, ao retornar a lembranças de sua infância que não desejava ter. As visitas de Whitney eram uma das poucas coisas pelas que ela e seus pais discutiam. Esfregou as mãos de acima a abaixo pelos braços. Nunca esqueceria esse homem, o modo em que a olhava como se não fosse humana. Era frio e desapaixonado, a estudando da forma em que um cientista faria com um inseto. Tinha rogado a seu pai que não a deixasse sozinha com ele, mas ele tomava a mão de sua mãe, parecendo alterado, e saía da sala, puxando sua mãe com ele. Era a única ocasião em que se sentia vulnerável e sem seu apoio.
— Sim — Sua voz soou tão baixa, que duvidava que ele pudesse ouvi-la. Fez um esforço para empurrar para trás as imagens que se apinhavam em sua mente — Ele era… Enjoativo. Whitney só tinha que tocar sua pele e ela se afogava em uma negra tina de óleo, asfixiando-a sob a grossa mancha de uma mente tortuosa. Não tinha reconhecido o sentimento, ou o tinha identificado como enfermidade em sua juventude, mas o limo se derramou nela até que não podia respirar, até que se asfixiava, sufocada por sua megalomaníaca personalidade. Kadan respirou e exalou, odiando a si mesmo. Estava ferindo-a. Ele estava patinando inclusive perto do fio de sua prudência. Podia sentir a dor dela como uma faca por seu próprio corpo e mente. Tinha estudado cada relatório sobre ela. Era muito suscetível, sobre tudo à violência, e ele era um homem violento. Ela não precisava sentir nada quando o tocava ou a algum de seus pertences. Apesar do fato de que afirmasse que seu talento se foi, não havia forma de que desaparecesse. Ele era tanto uma âncora como um escudo, o que significava que podia manter a raia toda a energia psíquica e dirigi-la longe dela. — Compreende que seus pais têm que tê-lo sabido. Ela girou tão rápido, sua agressão estrelando-se contra ele com força suficiente para golpear seus reflexos. Sua mão se fechou ao redor do punho de sua faca antes que pudesse deter a si mesmo. Ela estava pensando em lhe chutar o peito, mas controlou seu temperamento, seus olhos azuis brilhavam com uma estranha luz violeta que o intrigou. Tinha que ser um realce, mas não podia entender exatamente para que era usado. Kadan levantou a mão, mostrando a palma antes que ela pudesse falar. —Não se zangue comigo. Estou te dando fatos. Quer escutá-los, não quer? — Manteve sua voz tranqüila, suave, um pouco hipnótica. Ela era suscetível ao som; podia afirmá-lo pela forma em que relaxou apesar de si mesma — Parece o tipo de mulher que prefere o conhecimento. — Não faça hipóteses sobre meus pais. Ele não queria feri-la, mas quão malditamente desejava fazer um número com seus pais. Ambos eram considerados gênios, e deviam ter adivinhado exatamente o que tramava Whitney. Sharon Meadows desejava um menino a qualquer preço, e estava mais que disposta a manter a boca fechada sobre Whitney a fim de ter um. Com seu dinheiro e conexões, poderiam ter tido a qualquer menino, mas por que esta? Por que uma tão vulnerável? E por que também Don Meadows tinha consentido em permanecer calado? Por que simplesmente não conseguiram outro menino para a Sharon e denunciaram os experimentos de Whitney? Precisava observar um pouco mais de perto os contratos governamentais de Dom e Sharon, assim como suas vidas pessoais, porque seu silêncio não ia com o tipo de imagem que seus informes tinham desenhado deles. — Sinto muito — Disse ele, permitindo que sua voz se voltasse quente como o mel ao derramar-se — Não deveria ter dito isso. Ela sabia que sua acusação era certa, mas recusava a permitir esse pensamento em sua mente. Ela necessitava tempo e ele não a culpava. Se pudesse,
teria economizado isso, mas eles iam ter que trabalhar rápido para entender que estava passando. — Se Whitney dirigiu estes experimentos em soldados do exército… — Expressamente em homens treinados na Forças Especiais — Interrompeu ele. — Genial. Isto é tudo o que preciso — Ela pressionou as pontas dos dedos contra os olhos — Se você for militar e ninguém ouviu falar dos Caminhantes Fantasmas, esta informação dever ser classificada. — E é. Tansy se afastou dele cambaleante, lhe dando as costas para esconder sua expressão. Ele não precisava ver seu rosto ou olhá-la nos olhos para saber que estava sofrendo. Amaldiçoou silenciosamente enquanto a seguia pelo atalho para seu acampamento. — Não me diga mais nada — Advertiu Tansy — De verdade. Não quero saber mais, não se é classificado. Quer algo de mim que não posso dar. Não há nenhuma necessidade de dizer outra palavra sobre o que continua. Encontre a uma das outras garotas. — Elas não podem fazer o que você faz. Ele recusou inspirar uma falsa sensação de segurança, mentir, ou inclusive a adular. Ia entrar no inferno com ele. A única coisa que ele podia fazer por ela era tentar procurar toda a verdade, e dar sua palavra de que permaneceria a seu lado todo o tempo. Era tudo o que tinha para ela. — Não posso fazer aquilo que acredita que posso. Se aproximavam do topo do caminho. O sol estava se ocultando e as cores trocaram repentinamente quando coroaram a cúpula. Laranja e vermelho se derramavam do céu como fogo fundido. Tansy fez uma pausa para contemplar as cores e Kadan se deteve a seu lado, admirando a vista. Debaixo deles havia um vale e depois, além do este, outro pico de granito. Estendendo-se tão longe como o olho podia ver estava o bosque de abetos e pinheiros. Pequenos lagos naturais e umas poucas cascatas salpicavam as colinas enquanto o sol poente banhava o granito em ouro. — Há uma grande diferencia entre não poder e não fazer — Disse Kadan, mantendo os olhos fixos na bela vista que os rodeava — Acredito que se me deixa explicar o que continua, entenderá por que tinha que vir desta forma para tirá-la de seu retiro, apesar de que seu último caso te levou ao hospital. Não tomaria essa decisão ao acaso. Ele o disse tão normalmente. A levou ao hospital. Como se tivessem sido umas pequenas férias para ela... Ou como se tivesse sido ligeiramente ferida. Tansy engoliu a bílis que se elevava e começou a contar outra vez meticulosamente, mantendo sua mente na colocação de seus pés enquanto se apressava pelo tortuoso atalho para seu acampamento. As sombras se deslocavam enquanto o sol se ocultava e o vento se levantava, agitando as árvores. Com a brisa veio uma rajada de som, murmúrio de vozes, risadas matreiras, a primeira explosão de visões, sangue salpicando as paredes. Um
suave gemido escapou, o medo obstruía sua garganta. Tansy apertou com força os dedos contra os olhos. — Tem que ir. Tem que ir agora. Estavam no limite de seu acampamento, seu espaço, seu santuário. Ele não podia entrar ali, não podia permitir a ele lhe tirar isto. — Quero ir — Disse ele silenciosamente — Iria se pudesse, mas muitas pessoas morrerão se o faço. Tansy sacudiu a cabeça com desespero, lançou uma olhada ao rádio e depois afastou o olhar. Podia chamar seu pai e ele seria capaz de parar isto. Se ele tivesse sabido que os militares estavam enviando a alguém com uma petição, a teria advertido, não é assim? Com uma revelação, este estranho tinha trocado todo seu mundo de novo. Bebeu água de uma garrafa, lhe dando as costas, tentando ordenar as coisas que ele havia dito. — Meu pai sabe que está aqui? — Só o general. Esta missão é classificada. — Não pertenço ao exército — Tansy se afundou em uma cadeira de jardim que havia trazido e forçou seu olhar a encontrar o dele. Ele estendeu as mãos. — Acha que quero vir aqui e te incomodar desta forma? As pessoas estão morrendo… Ela assinalou — As pessoas sempre morrem, senhor Montague. — Kadan — Corrigiu ele — E não assim. Ela fechou os olhos. — Não posso fazê-lo mais. Sim, tenho alguns dons especiais. Posso saltar alto e tenho reflexos rápidos, posso sentir energia violenta ou ameaçadora, mas fritei meu talento, ou fez curto-circuito ou algo assim quando caí enquanto escalava. Talvez tenha passado quando fui ao hospital. Francamente não sei, mas quando toco coisas, não acontece nada. E estou agradecida por isso. Desejaria poder ajudá-lo, mas não posso. Kadan se desfez de sua mochila com um movimento de ombros e se estirou, relaxando seus músculos enquanto estudava o acampamento. Ela sabia o que fazia; escondido de olhos curiosos inclusive do alto, o acampamento era cômodo, protegido, mas podia capturar as brisas que chegassem. — Tenho um dom para o som, Tansy, e está mentindo. Posso ouvir em sua voz. Ela deu de ombros. — Pode acreditar no que quiser, mas não posso ajudar. Existem uns poucos dos que ouvi falar, psíquicos que podem rastrear assassinos. Porque é por isso que está aqui, não é? precisa de mim para ir atrás de um assassino. — Não é um assassino ordinário, é um Caminhante Fantasma. Tenho um assassino realçado treinado pelas Forças Especiais solto. Preciso rastreá-lo e eliminálo imediatamente — Kadan alcançou a cafeteira, jogou o velho líquido, e começou a encher a cafeteira com água.
Tansy lhe lançou um olhar de debaixo de suas longas pestanas. Ele se movia com fluída graça, como em casa em meio da terra virgem, completamente crédulo em suas habilidades. Esquadrinhou a área circundante várias vezes, e ela sabia que se perguntasse ele poderia dizer onde estava situada cada coisa no acampamento e a melhor rota de escapamento disponível para eles se necessitassem de uma. Ela tinha trabalhado com homens como esse, frios sob o fogo, tão perigosos como o inferno, embora ele tivesse algo diferente, algo inclusive muito mais mortal. O poder se aderia a ele. — Não posso ajudar. — Os Caminhantes Fantasmas são como você, Tansy. Suas vidas foram trocadas para sempre. Sofrem as mesmos dores de cabeça, as hemorragias nasais, os ataques. São homens e mulheres bons, e estão sob o fogo cada minuto do dia. Realizam missões que ninguém mais poderia fazer. Põem suas vidas em perigo cada dia. Você é um de nós. Ela negou com a cabeça, mantendo a calma e a firmeza em sua voz. —Desejaria poder ajudar, realmente o faço, mas perdi o talento que necessita. Ele suspirou suavemente. —Te juro, Tansy, que não quero fazer isso da forma difícil. Quero que entenda quão importante é isto para que ao menos compreenda por que tive que subir aqui para te convencer. Os Caminhantes Fantasmas são considerados muito perigosos para estar sob suspeita em algo como isto. Tenho ordens de não confiar em nenhum. Não posso confiar neles, lhes pedir ajuda, nem sequer dizer que suas vidas estão em perigo devido só ao que são capazes de fazer. São meus amigos, meus companheiros de equipe. Homens com os que treinei e com os que entrei em combate, homens que me traíram e me salvaram a vida. Alguns deles têm família. Ela reconheceu que era um homem de poucas palavras, que raramente explicava a si mesmo, mas que rompia sua forma de ser por ela. Não quero fazer isto da forma difícil. Seu coração saltou, mas ela manteve uma expressão serena no rosto. — Te deram ordens de me levar de volta? — Os homens como Kadan Montague realizavam suas missões sem importar o custo para eles... Ou para alguém mais. Ela esperou. Contendo a respiração. — Sim. — Se estiver de acordo ou não? — Ela formou uma declaração, mas havia uma súplica sem fôlego em sua voz que não pôde deter.
Capítulo 3
Kadan suspirou. — Vamos tomar as coisas de uma em uma. O que tem para comer? Sou um cozinheiro bastante bom. A boca de Tansy secou. Não podia manter a calma com a rajada de adrenalina. Ele ia obrigá-la a ir com ele. Tansy saltou de sua cadeira e andou através do terreno
aonde guardava seus mantimentos, precisava fazer algo para esconder seus pensamentos. Tinha que haver um modo de escapar. Ela conhecia a montanha como a palma de sua mão. Se saísse de sua vista, poderia escapar e se esconder. Se ele realmente tinha um horário ajustado, não teria tempo para procurá-la. Mas tinha que fazer isto passo a passo e sem pânico. Ela se voltou da geladeira portátil e o encontrou a centímetros de seu corpo. Era tão silencioso que não o tinha ouvido se aproximar. E algo pior, tampouco o tinha sentido. Estava acostumada a sentir a energia que irradiava das pessoas, mas com ele não havia nada absolutamente para advertir que estava perto. Se deu conta de que estava retendo o fôlego. Inalou e encheu os pulmões com o aroma dele. Profundamente em seu interior, seu corpo chispou e ardeu de uma forma desconhecida. O medo reluziu através dela, não diante a perspectiva de que este homem tentasse forçar sua conformidade, mas sim porque tão severo e intimidante como era, ele enchia seus sentidos e mente com um calor sensual que não podia ignorar. Tansy depositou as verduras em suas mãos. O polegar dele roçou a sensível pele do antebraço, um longo contato que tinha que ser deliberado. O olhar dela saltou para o dele. — Eu não gosto que me toquem. — Então não deveria ter uma pele tão formosa — Respondeu ele, soando completamente impenitente e para nada perturbado por sua reprimenda, quando, na realidade, estava abalado por se permitir baixar a guarda com ela tão rápido e agindo fora do acostumado. Tansy negou com a cabeça. — Não tente paquerar comigo, não quando subiu até aqui decidido a me arrastar de retorno ao inferno. Um lento sorriso trocou todo seu rosto, suavizou cada severa linha, iluminou o azul de seus olhos, e mudou sua boca de uma insinuação de crueldade a uma de pura sensualidade. — Doçura, se estivesse paquerando com você saberia. Essa é a pura verdade, tanto se quer ouvi-lo como se não — E tocá-la o tinha sacudido até o inferno. Não foi a sensação de umas quantas mariposas, e sim de todo um bando delas voando em seu estômago. — Estava paquerando — Disse ela de modo acusador, olhando-o com o cenho franzido. O sorriso dele se alargou enquanto girava e se dirigia para a pequena mesa onde pegou a tábua de picar dela junto com a faca. — Talvez. Um pouco. Mas é certo que tem uma formosa pele. — Obrigado — Tansy acendeu o fogão a gás e pôs a água para o arroz — Tenho trabalho esta noite. E não pode vir. Espantará meu puma. — Ela te segue. Encontrei seu rastro junto ao seu pelas árvores, sob a cascata. É perigosa, Tansy. — O mundo inteiro é perigoso — Pronuncia meu nome. Ela segurou com os dentes seu lábio inferior e deu de ombros.
— Kadan, então. Por que é importante? Seus escuros olhos azuis posaram sobre ela. — Importa a mim, por isso. A forma em que dirigia a faca com eficácia, cortando as verduras para saltear enquanto ela tirava uma frigideira da arca fechada com chave onde guardava as panelas, parecia fasciná-la. Se deu conta que ela não podia deixar de observar os movimentos de suas mãos, tão rápidos que pareciam imprecisos, cada golpe era deliberado, e possivelmente ele estivesse se pavoneando um pouco. Irritado por se comportar como um menino com seu primeiro amor, Kadan se obrigou a se concentrar em sua missão. — A primeira vez em que ajudou à polícia a encontrar um assassino em série, tão somente tinha treze anos. Que demônios te fez fazer tal coisa? — Perguntou ele — Especialmente quando o custo era tão alto para você — Ele deu a volta para olhála — Você faz mais que simplesmente agarrar um objeto e saber o que uma pessoa estava pensando e sentindo, é uma empática. Por que uma adolescente colocaria a si mesma em uma situação tal como rastrear assassinos? Isso não tem sentido para mim. E como sua família pôde permiti-lo? O pensamento saiu antes que ele pudesse censurá-lo. A cabeça dela se elevou e o fulminou com o olhar, demonstrando que ela podia captar seus pensamentos. — Minha família entendeu meus motivos, e a diferença de você, eles acreditam no livre-arbítrio. — Então, também é telepática. Pelo visto este talento não foi destruído em sua cabeça naquele acidente de alpinismo. Ela nem sequer piscou, mas lhe dirigiu um olhar de censura debaixo de suas largas pestanas. — Pelo visto não. Ela se mantinha serena sob fogo, tinha que lhe conceder isso. — Assim que quantos talentos possui? Ela deu de ombros. — Quantos tem você? Ele dirigiu outro sorriso. — Boa garota. Não diz muito ao inimigo — Ele esquentou uma pequena quantidade de óleo e salteou as verduras cortadas — Não o sou, sabe. — Meu inimigo? Provavelmente não, mas estou escutando tudo o que diz, e acredito que está preparado para usar a força, para tentar me obrigar a rastrear a seu assassino. — Realmente não guarda suas garras, não é? — Por que o faria? Subiu aqui com sua própria agenda. Realmente não importam quais são meus motivos para não cooperar. Meus motivos não são importantes para você, e com total sinceridade, eu tampouco o sou. Enquanto faça o trabalho, isso é o que importa. Kadan suspirou. — Não tenho mais opção nisto que você. Tenho ordens. Tansy, e pessoas vai morrer se não determos isto.
— Como isto o faz diferente de Whitney? Se sabe que ele estava seguindo ordens. É um cientista e trabalha para o governo. Ele poderia ter estado sob ordens para desenvolver a guerra psíquica; de fato, para dirigir seus experimentos em vocês, teve que ter convencido a alguém influente de que podia fazê-lo. Eles tinham que ter sabido de seus primeiros experimentos. Ele permitiu que a primeira quebra de onda de raiva o banhasse e se dissipasse enquanto levantava a frigideira do fogo e sacudia as verduras. As colocando de retorno no fogão, acrescentou uma pequena quantidade de molho de soja, o que lhe outorgou um pouco mais de tempo para ser capaz de manter sua expressão exatamente igual. — Fui mais que sincero com você. Me insultar não vai ajudar em algo. Ela levantou uma sobrancelha. — Não tome como um insulto. Acredito que é uma pergunta legítima. Como eu o entendo, seu programa de Caminhantes Fantasmas possui uma autorização de alta segurança. São um segredo do governo, tão segredo que se não puderem averiguar quem está matando às pessoas, quererão eliminar a todos. Quem tem esse tipo de poder, para jogar com as vidas das pessoas, e decidir se viverão ou morrerão? Não vejo que sejam muito diferentes de seu assassino. E talvez Whitney só estava cumprindo suas ordens, como você está fazendo agora. Talvez ela estivesse se aproximando muito da ferida. É obvio que todos eles tinham especulado sobre que vários de seus superiores tinham interferido em sua criação. Whitney não podia tê-lo feito sozinho e ainda estava trabalhando para o governo, apoiado por alguém, porque estava evitando cada esforço para capturá-lo ou destruí-lo. Tinha amigos nos altos cargos. — Suponho que tem um ponto. Há alguma possibilidade de que Whitney esteja seguindo ordens, mas o que está fazendo é um engano em todas as formas que considero sequer começar a te contar. — E se chegasse a ordem para eliminar um de seus companheiros Caminhantes Fantasmas, a realizaria porque ordenaram fazê-lo? Ele retirou as verduras do fogo e deu a volta completamente para encará-la, sua cara mostrava duras linhas. Os olhos eram severos e frios, o azul voltando-se quase negro, enfocados e famintos como o puma. — Haveria uma guerra como ninguém viu jamais. Um calafrio de medo se deslizou pela coluna dela, mas caiu melhor por isso. Ele não estava brincando, e até agora, estava bastante segura de que tinha dito a verdade sobre tudo. Estava muito segura que ele queria dizer o que insinuava... Ele iria à guerra por ou com seus amigos. Lhe outorgou uma concessão então, uma parte dela, porque tinha revelado uma parte de sua personalidade. — Meus pais sempre me diziam que era especial. Que meu talento era um presente enorme, não uma maldição, e que podia fazer coisas que ninguém mais podia fazer por alguma razão. Comecei a rastrear a assassinos em série quando tinha treze anos porque acreditava que era o que se supunha que devia fazer com meu dom. Ouvi sobre alguém abandonando os corpos de moças perto de escolas e pensei, eu posso detê-lo. Assim o fiz.
Sua voz era tranqüila, longínqua; nenhuma expressão cruzou seu rosto. Kadan reconhecia o instinto de sobrevivência quando o via. Tansy tinha se despojado de seu passado e simplesmente recitava os detalhes, como se estes tivessem passado a alguém mais... E talvez fosse assim. Suas experiências com toda segurança devem ter trocado a aquela jovem e inocente moça. E estava entregando algo dela mesma, queria ou não admiti-lo. — Deve ter sido difícil, sobre tudo sendo uma empática e tão jovem. Whitney te ajudou a se preparar? Tansy franziu o cenho. — Como teria me ajudado? — Há exercícios que pode fazer para reforçar cada um dos dons que possui e formas de aprender a combater os efeitos de usar a energia psíquica. Acreditei que Whitney tinha ensinado isso. — Não, não me ensinou nada. Ele me estudou. Se havia uma forma de combater a explosão de impressões dos objetos, com toda segurança nunca me disse isso. Claro que eu levava luvas, mas os sentimentos, em particular as emoções que eram violentas, freqüentemente se filtravam apesar das precauções. Whitney gostava de observar a dor de outras pessoas. Isso ajuda a ele próprio. Tudo nele se acalmou. Ela tinha revelado uma informação importante sem sequer saber o que estava dando. — Que dor? — Ele usa a dor das pessoas para afogar a sua. Acredito que sua dor se origina da percepção de abandono, verdadeiro ou não; ele se sente muito desligado de todos aqueles que o rodeiam. Sente raiva para seus pais e mestres, pessoas que não reconheceram seu gênio. É muito patriótico e sente cólera para alguns membros do governo que não compartilham sua visão, porque acredita que ele é mais inteligente e que deveriam escutá-lo. Tudo isto lhe causa dor, mas não o reconhece pelo que é. Não pode conectar com alguém. — Ele tem uma filha. Ela assentiu com a cabeça, mordendo o lábio inferior pensativamente, franzindo o cenho enquanto o fazia. — Lily. Falava dela algumas vezes, e quando o fazia, podia sentir uma rajada de emoção nele, mas não se parecia com a de meus pais quando me tocavam. Não era absolutamente como o que pudesse identificar alguma vez como amor paterno. A vê como uma extensão de si mesmo. É um megalômano. Tem o absoluto convencimento de que é superior a todos os outros e que ninguém estará à altura de suas capacidades exceto talvez Lily... Ou seus filhos. Kadan cabeceou. — É uma avaliação imparcial do doutor Whitney. — Está seguro que ainda vive? Meus pais… Bem, meu pai sempre... Insistiu que o tratássemos como um doutor, mas não o vi desde que foi supostamente assassinado. — Que tipos de coisas te fez? — Disse a mamãe e a papai que estava me ajudando com as dores de cabeça, mas nunca partiram ou nem sequer diminuíram. Sobre tudo me fazia
reconhecimentos físicos, realizava um montão de perguntas, estava muito interessado em se eu tinha sexo ou não, e tomava muitas amostras de tecido e sangue. Ele também revisava durante muito tempo meus olhos. Estava muito interessado no fato de que quase sempre tenho que levar óculos escuros e por que vejo tão diferente a outros. Kadan também estava muito interessado em se ela tinha sexo ou não, mas se imaginou que este não era o melhor momento de lhe perguntar. — O que é diferente na forma que vê? Tansy deu de ombros, mas não fez comentários. Kadan deixou passar. — Te injetava? Ela assentiu com a cabeça. — Doíam como o inferno — Ela franziu o cenho — Sabe, não sempre conseguia me afastar dele, da forma em que o faço com muitas pessoas. Não com ele, exatamente, com suas coisas. Às vezes, quando toco objetos, posso ler muito sobre uma pessoa, mas era mais difícil com ele. É obvio, naquele tempo tentava levar luvas a todas as partes que ia. — Não sentiu nada quando tocou um objeto que eu toquei, não foi? — Perguntou Kadan — Sou uma âncora, o que significa que posso afastar a energia psíquica de você. Também posso nos cobrir de qualquer energia e impedir que outros sintam a nossa. Ele acrescentou com destreza as verduras ao arroz e pegou os pratos que lhe estendeu para servir a comida. — Meus talentos vêm bem em missões nas que temos que nos ocultar do inimigo. — Mas não são úteis rastreando assassinos em série — Observou Tansy. Ele assentiu — Sou bom na resolução de quebra-cabeças, e se uma vez me encontro na direção correta, o encontrarei, mas necessito um pouco de ajuda. O coração de Tansy saltou. Ela nunca podia permitir que inspirasse um falso sentido de segurança. — Lamento não poder ser essa ajuda, Kadan, mas não pode ser. Sei que deve ter todos os pequenos e desagradáveis detalhes de minha hospitalização. Eles não podiam levar todas essas vozes, as das vítimas... Ou as dos assassinos. Tem alguma idéia de como é ouvir os gritos e sentir os últimos e desesperados pensamentos de alguém todo o tempo, e quero dizer todo o tempo? Conhecer detalhadamente a mente de um assassino? O delicioso e pervertido prazer que ele tira de dar muitas facadas a alguém, ou enterrá-los vivos? — A porta em sua mente rangeu sinistramente e os sussurros cresceram. Ela respirou fundo, controlou a si mesma e a fechou de repente — Já está trazendo de volta esses dias e nem sequer tentei lhe ajudar. — Posso conter a maior parte do vertido psíquico que se dirige a você. Ela voltou a cabeça e tirou os óculos, olhando-o diretamente nos olhos.
— Não, não pode não, e me fará o rastrear. Teria que o sentir, entrar em sua mente para fazer o que me pede. Você e eu sabemos que não o pode tirar de minha cabeça uma vez que esteja ali. Kadan odiava que tivesse razão. E odiou mais que tivesse que usar luvas. Ela o havia tocado e não havia sentido nada, ele a tinha protegido, mas ela não confiava nele e por uma boa razão... Sinceramente, ela não podia. Tinha que levá-la com ele. Havia dias em que seu trabalho emprestava, e este era um deles. — Sente-se e venha comer. Pode me falar sobre esse puma. Ela está aí fora nos observando agora, posso senti-la nos contemplando. Tansy tomou o prato que entregou cuidadosamente, inclusive com as luvas, para evitar tocá-lo. — Tem curiosidade por você. Provavelmente não viu a ninguém mais em meses. E sua guarida está perto. Deve dar a luz em qualquer momento — O entusiasmo cintilou em sua voz — Espero conseguir grandes tomadas. Se tiver sorte, ela poderia mudar de idéia e usar a cova que equipei para filmar o acontecimento, embora até agora a esteve ignorando. — Por que não a persuade? — Não posso fazer isso. — Parou-a quando atacava. Se ela tivesse querido fazê-lo, poderia ter te causado graves feridas, mas não o fez — Ele indicou — Deve ter um pouco de controle sobre ela. Tansy se sentou bruscamente em um tronco e lhe indicou que podia ter a cadeira que ela havia trazido. — Talvez, mas o que assinala não se parece com isso. Tenho afinidade com os animais, sempre tive. Mas realmente não falo com eles, não telepaticamente. — Está segura? Ela se mordeu o lábio inferior. Ele gostava desse lábio inferior e se encontrou olhando fixamente quando seus pequenos dentes o mordiscavam. — “Empurro” um pouco para conseguir que façam o que quero, mas não é uma coisa consciente — Ela pegou um pedaço do refogado. O homem sabia cozinhar — Não está mau. — Instinto de sobrevivência. Ele tinha rugas ao redor dos olhos, diminutas linhas que demonstravam que os entrecerrava muito. Suas longas pestanas eram grossas e escuras, ajudavam a cobrir a expressão de seus escuros olhos azuis. — Nunca tive medo dos animais — Disse Tansy — Sempre gostei de estar ao redor deles. Posso tocá-los e não me encontrar em alguma outra parte. — O que significa isso? — A voz grave de Kadan se deslizou em sua mente como suave manteiga — Te encontrar em alguma outra parte? O que quer dizer com isso? Sua expressão se fechou imediatamente e ela deu de ombros. — Quando toco objetos, o mundo se estreita e me encontro em um túnel, como em um mundo alternativo. Tudo se dobra e torce e a energia está ali, conservada para mim como em uma gravação, só que estou ali, sentindo tudo o que acontece, sem importar que esteja acontecendo — Ela o olhou nos olhos outra vez — Tudo. O
que seja. Se enganar a sua esposa e se sente culpado, estou ali contigo. Se está preocupado por um menino doente, ou pelo pagamento da hipoteca de sua casa, sinto o medo diretamente junto contigo. — Se essa pessoa está apaixonada… — Então eu também. Kadan se obrigou a afastar seu olhar da inconsciente súplica de seus olhos excepcionalmente coloridos. Nós se apertaram em suas tripas, duros e apertados, o fazendo sentir no inferno por fazer seu trabalho. Ele acreditava no que estava fazendo ou não teria vindo procurá-la. Os desumanos assassinatos tinham que ser detidos. E se não o fossem... Se os personagens sem rosto por cima deles continuavam acreditando que os Caminhantes Fantasmas eram os responsáveis por esses assassinatos, nunca se arriscariam a que o polêmico programa saísse alguma vez à luz. Kadan não se iludia sobre suas vidas. Os Caminhantes Fantasmas, ele e seus amigos, eram dispensáveis. Ainda pior, eram algo que o governo desejava varrer sob o tapete como roupa suja. Seriam enviados a uma missão suicida, ou eliminados silenciosamente. Ele amaldiçoou e enfocou o olhar no bosque circundante, estudando as árvores e o mato como se cada parte da folhagem o intrigasse. Sinceramente, tudo o que via era o olhar nos olhos dela. — Por que merda já não tem seu talento? Tansy suspirou. — É complicado. Realmente não posso fazer mais esse trabalho. Não posso separar as emoções e as vozes, assim não minto quando digo que não tenho o talento. Uma vez correu a voz de que tinha tido um acidente de alpinismo me deixaram em paz em sua maior parte. Meu pai dirige todas as chamadas que chegam, e acredito que agora que passou bastante tempo a maioria das pessoas me esqueceram — Ela esperou até que ele a olhou — Desejaria que você o tivesse feito. — Te esquecer? Ela assentiu, desejando que simplesmente partisse e fingisse não tê-la visto nunca. Uma pontada de alerta se deslizou pela coluna de Kadan e reagiu imediatamente, um reflexo automático, precipitando-se para ela, afastando-a do tronco, para trás, suas mãos puxando o corpo menor dela para o seu, para protegê-la enquanto os lançava sobre o pequeno matagal para depois rodar costa abaixo. Captou o rangido da bala ao impactar na árvore atrás de sua cabeça, onde ele tinha estado sentado, seguido do retumbar do rifle. Ela foi com ele, mantendo seu corpo apertado contra o seu para que rodassem com facilidade. As rochas e o mato certamente a machucavam enquanto passava sobre elas, mas ficou em silêncio. Fazendo uma parada, lhe indicou que permanecesse agachada e escapuliu no denso arvoredo e mato atrás deles. Ela não fez perguntas, mas sim ficou de bruços, impulsionando seu corpo para trás, procurando com os dedos do pé um cabo na terra que a ajudasse a arrastar-se para se ocultar. Kadan recuou junto com ela, se deslizando entre o mato como se tivesse nascido ali, tirou uma pistola da bota e a pôs na mão com um suave movimento. Sabe como usar isto?
Ela piscou para ele, mas não deveria ter estado impressionada. No momento em que sentiu o perigo, ele tinha se conectou com ela, de modo que o sentisse também. A intrusão em sua mente tinha sido tão suave como ele tirando a pistola e a colocando na mão. Ela afirmou sua confiança. Ambos eram telepatas, e de algum jeito isso a fez se sentir menos só… Menos separada de outros. Na realidade nunca tinha encontrado a outro ser humano com poderes psíquicos. Permanece a coberto. Vou caçar. Não queria que Kadan a deixasse. Ele parecia firme e seguro, e exsudava absoluta confiança. Suponho que isso não é algum caçador furtivo caçando ilegalmente. Não com esse rifle. Permanece a coberto. Ele já estava se afastando dela e precisou de cada grama de autocontrole que tinha se abster de estender a mão e se agarrar a ele. Estará a salvo, a tranquilizou Kadan com implacável confiança. Ele não tinha nenhuma outra opção, salvo ter êxito. Era um franco-atirador, e tinha rastreado Kadan até este lugar, o qual queria dizer que alguém muito importante não queria que Kadan tivesse êxito na resolução dos assassinatos. Não que aquilo fosse uma surpresa; alguém tinha desejado que o programa dos Caminhantes Fantasmas desaparecesse e tudo isso implicava morte desde o início… E que alguém trabalhava na Casa Branca. Os Caminhantes Fantasmas tinham sido incapazes de adivinhar de onde vinha a ameaça, então não havia possibilidades de eliminá-la, porém se Kadan saísse com vida disto estariam um passo mais perto da solução do quebra-cabeças. Não muitas pessoas sabia que tinha sido enviado a esta missão. Ele rodeou o acampamento de Tansy, mantendo sua distancia, e a cabeça baixa. O movimento atraía a atenção, e ele não queria mostrar parte alguma de seu corpo a um franco-atirador, ou sequer revelar sua posição. Quem quer que tivesse enviado atrás dele seria bom. Permitiu a si mesmo um sombra de diversão. Porém eles não seriam bastantes bons, porque em um mundo em que se mata ou morre, existiam poucos homens como ele. Vestia roupas que refletiam as imagem ao redor dele o fazendo quase invisível. Ele se adaptou, trocando a cor de sua pele como um camaleão para se misturar com o ambiente. E depois começou a se mover com a cautela de um lobo. Subiu, se dirigindo a um local alto, continuou se movendo ao redor de maneira que pudesse chegar atrás de seu caçador. Só houve um disparo, e o franco atirador teria trocado de posição imediatamente, porém uma vez que Kadan encontrasse o rastro, seria capaz de segui-lo. Estava se arriscando ao abandonar Tansy. Não porque o franco atirador pudesse alcançá-la; Tansy era muito inteligente para se delatar. Porem talvez tenha estado preparando sua mente para fugir, e conhecia a montanha. Tinha estado passeando nas grandes Serras durante meses. Tinha confiança em si mesma e estava muito preparada para voltar ao acampamento. Suspirou. Teria que a encontrar outra vez depois de eliminar o inimigo. Permaneceu colado na terra, seguindo seu caminho pelo bosque, até que finalmente este cedeu passo aos grandes cantos arredondados de granito. Não tinha muita folhagem, porém se adaptou com a rocha e se moveu rápido para se localizar
atrás do franco atirador. O homem estaria se movendo para o acampamento de Tansy, pegando a rota mais curta, tão coberto quanto fosse possível. Queria ter o trabalho feito o mais rápido possível, e isto significava que tinha que estar se movendo. Kadan observou vários cantos dentados, buscando uma forma de subir de maneira que tivesse uma vista melhor da área que rodeava o acampamento de Tansy. Uma rocha gigantesca se elevava por cima de vários ladrilhos de granito, superpostos precariamente um em cima do outro, algumas permaneciam inclinadas e outros se alçavam desde o centro como grandes torres. Ele as tocou com as pontas dos dedos e encontrou uma fenda. Era tudo o que necessitava para escalar. Subiu lentamente, como uma aranha, se segurando na parede da rocha cuidadosamente, para não perturbar a terra e as rochas soltassem em seu caminho até acima. Ele possuía cerdas microscópicas na pontas de cada dedo e no final de cada cerda existiam milhares de filamentos diminutos, ou pontas, muito finas para serem detectados sob a longitude da onda de luz visível. Nem sequer seus companheiros Caminhantes Fantasmas compreendia porque ele podia se pregar a qualquer superfície, inclusive ao teto, porém uma simples cerda podia levantar quase vinte e cinco quilos. Podia suportar o peso de seu corpo com uma só mão. Tinha levado muito tempo para aprender a usar sua capacidade “de andar” sobre qualquer superfície, inclusive pendurado de cabeça para baixo, porém as semanas de treinamento tinham valido a pena. Podia pregar e se despregar pelo menos dez vezes por segundo enquanto subia muros. Agora se movia devagar, porem geralmente podia subir a vertente da rocha em minutos. Se aderir era bastante fácil. Despregar-se era um pouco mais problemático, porém tinha aprendido a técnica com o tempo, até que podia se mover com incrível velocidade se fosse preciso. Lamentavelmente, com frequência levava um par de finas luvas para cobrir o fato de que as pontas de seus dedos eram diferentes. As cerdas microscópicas eram finas, invisíveis porém sentidas. Ele sabia o que Tansy sentia ao ter que ocupar sempre suas diferenças. Tinha aprendido a viver com as estranhas pontas e aceitar as coisas que podia fazer com elas, depois da primeira onda de raiva, ao descobrir que tinha sido realçado tanto geneticamente como psiquicamente. Se o inimigo dos Caminhantes Fantasmas na Casa Branca soubesse que todos os homens e as mulheres no programa tinham sido realçados genética e psiquicamente, Kadan estava seguro que a ordem de destruir a todos já tivesse sido emitida. Ou talvez o sabia e pensava neles como abominações e por isso estavam tão decididos a livrar o governo de seus serviços. Kadan tinha ouvido o termo aplicado a eles antes. Uma vez sobre o bosque, se deitou e realizou um reconhecimento cauteloso da área debaixo dele. Estudou cada setor. Tansy teria se adentrado mais nos bosques embaixo dele. Seriam necessários alguns minutos para que a impressão passasse, e depois aproveitaria a oportunidade para fugir dali. Ele suspirou, sabendo bem que teria que rastreá-la outra vez. Kadan elegeu a rota que seria a melhor opção para o franco-atirador e inverteu pacientemente uns dez minutos observando o mato se mover. O vento aumentava de força enquanto a noite avançava, e as agulhas das árvores e as folhas nos arbustos
começaram a se balançar suavemente. Tudo nele ficou tenso. O franco-atirador se moveria com o vento. O movimento, ao sul do acampamento de Tansy, chamou sua atenção e se concentrou ali, captando vislumbres de uma escuridão borrada se movendo atrás das árvores antes de desaparecer. Soltou o fôlego. Tinha o homem agora, e rapidamente traçou um rumo para interceptá-lo. Justo quando começava a se mover, captou uma centelha de algo se sobressaindo por trás de um tronco de árvore bastante grande. Estudou a forma com cuidado, desejando não ter se desfeito de seu equipamento. Poderia ter usado os binóculos já que suspeitava que a estranha forma era o que comumente se conhecia como “câncer de árvore”, parte de um corpo que sobressaía por trás do tronco que indicava que um franco-atirador tinha montado seu posto e estava esperando que seu observador lhe marcara uma distancia. Seu coração se contraiu dolorosamente. Por que demônios tinham estabelecido um posto? Ou para quem? Tansy, onde está você? Não é nenhuma brincadeira. Há dois deles. Preciso saber sua posição, saber que está segura. A telepatia em distâncias longas sempre eram instáveis, sobre tudo se unindo com a mesma longitude de onda de alguém com quem não era muito familiar. Com frequência o tempo de respostas podia ser de segundos, ou inclusive minutos, de demora. Contou cada batida de seu coração, se perguntando se ela estava sendo obstinada ou se escondendo dele. Se perguntava se sabia que quanto mais se comunicavam, mais fácil seria o íntimo contato de mentes. Ela não queria isso. Ela não o queria perambulando ao redor de sua cabeça. Já tinha muitos intrusos ali. Então ela estava ali, inundando sua mente com sua presença. Seu corpo reagiu a proximidade, a doçura dela, a feminina rajada de calor e seda. O sabor de canela explodindo em sua boca. Tinha medo, determinação, inclusive coragem, embora ela não se achasse valorosa. Sobretudo estava cheia de preocupação, não por ele, certamente não por ela mesma, mas pelo puma. Ele gemeu em voz alta. Esse maldito gato. Ela tinha se lançando em frente a uma arma por este animal. Ele deveria ter sabido que ela não mudaria sua resolução de manter o animal seguro. Me dirijo para a guarida do puma. Se dirige ao sul de seu acampamento? Ele sabia a resposta antes que as palavras se formassem em sua mente. O observador estava ao bordo do extremo sul do acampamento de Tansy. Talvez tivesse visto as pisadas anteriores, ou talvez algo que ela tinha feito tinha apontado ao homem sua presença entre o mato, porém o observador a estava rastreando. Sim, estou em terreno mais áspero, e circundando a área para encontrar um caminho no granito que me permita chegar mais perto de sua guarida. Tenho um refúgio mais acima, e posso impulsioná-la a ir e se por a salvo se eles se aproximam. Eles não detectaram o refugio. Sua voz, contudo tinha a pequena demora que com frequência acompanhava uma nova conexão, porém já se sentia mais familiarizado com ela, sua mente se adaptando de maneira que eles usassem com precisão a mesma frequencia. Poucos eram tão experimentados como ele, e nunca tinha encontrado a ninguém sem
experiência capaz de usar a telepatia tão suavemente como ele, porém ainda que ela tivesse enviado seus pensamentos de um modo ligeiramente diferente a ele, era definitivamente experiente. Não quero que você se mova. Permaneça onde está, ainda que eles se aproximem. Vou chamar sua atenção para longe de você… Não! Enviou uma instantânea e firme repulsa de sua idéia, e ele imediatamente captou a imagem de um policial a empurrando e caindo, sangue por todo seu peito. Ele tinha lido só informes, muitos deles, se remontando a seus anos adolescentes, e esse caso em particular tinha sido depravado e sangrento e teve seu efeito em todos. Tinham perdido o policial e ela tinha se sentido tão quebrada por ele, e isto tinha acontecido nos primeiros anos de sua carreira de rastreador. Inalou, o deixou sair, respirando por ambos. Me escute, Tansy. Tenho habilidades que ninguém mais tem. Sou um Caminhante Fantasma. As coisas que posso fazer, tanto psíquica como fisicamente, me dão uma enorme vantagem. E eu tenho mais formação que a maioria dos homens que conheço que fazem isto. Ele estava andando, a acalmando enquanto aproveitava o barranco de granito para atalhar o franco-atirador. Desta vez se moveu rapidamente, usando as pontas de seus dedos para se permitir subir e depois descer. Se tivesse se desfeito de suas botas, teria ido de cabeça ainda mais rápido, porém só usou a força da parte superior do corpo e os nós dos dedos para cruzar o muro de granito, se movendo a uma velocidade suicida, cruzando azulejo atrás de azulejo. Varias vezes escorregou nas gretas, se pegando graças os nós de seus dedos. Tanto o franco-atirador como o observador já deveriam ter lhe apontado, mas a esperada bala não chegava. Não cometeu o engano de baixar a velocidade; quase saltava através das paredes de rocha, ziguezagueando e se movendo de cima abaixo. Cheiro-o perto de mim. Seu coração saltou outra vez. A adrenalina se derramou em seu corpo. Ele olhou para baixo e viu a superfície de outra gigantesca laje de granito. Esta tinha várias partes menores que se sobressaíam dela. Era o caminho mais rápido para descer, mas significava um salto bastante longo. Teria que se deixar cair de onde estava, se segurar a uma rocha através e embaixo dele, a uma distância aproximada de um metro e meio, e depois saltar para trás, fazendo outro salto de um metro e meio. Fique ali. Chamarei sua atenção. Ele se deixou cair, roçando deliberadamente o cotovelo contra terra e rochas soltas, enviando uma avalanche de terra abaixo. O espaço entre os cantos rodados era amplo, mas as pontas de seus dedos se seguravam e o sustentavam. O segundo salto já estava planejado em sua mente, e deu a volta e saltou, enquanto uma bala golpeava o granito junto a seu ombro esquerdo. Lascas de pedra se incrustaram em seu braço. Mas já estava no ar, avançando pela superfície embaixo dele. Mal aterrissou se deixou cair na terra, rodando para ficar encoberto. Seguiu rodando, caindo no mato mais grosso para depois continuar.
Duas balas mais golpearam a terra a sua direita e diante dele. Serpenteou de retorno ao mato muito mais espesso, cuidando de não mover os ramos. Uma vez nos pequenos túneis feitos pelos animais e os restos apanhados no mato, rastejou, usando os cotovelos e os dedos dos pés para propulsar seu corpo ao longo da terra, percorrendo o caminho para onde o franco-atirador tinha estabelecido seu rifle. Minutos depois pôde sentir a violenta energia lhe chegando em ondas. O homem estava suando; o vento levava seu aroma. Kadan deslizou a faca de sua bota, a transferindo para seus dentes enquanto se arrastava para o franco-atirador. O homem observava por sua mira, explorando a área, tentando conseguir uma pista de Kadan, e Kadan podia sentir a comoção do homem por sua velocidade quando tinha baixado a parede de granito. Inclusive embora o franco-atirador tivesse visto o salto de Kadan com seus próprios olhos, obviamente estava começando a pensar que o tinha imaginado. As sombras da noite se alargaram e cresceram, e a roupa refratária e a coloração de sua pele o tinham feito virtualmente impossível de ver até que se moveu. O franco-atirador tinha disparado por instinto, mas agora duvidava de si mesmo. Kadan soltou o fôlego, protegendo sua energia psíquica automaticamente. Não tinha a impressão de que o franco-atirador fosse um Caminhante Fantasma, produzido a partir da lista de Whitney de candidatos psíquicos rejeitados, mas ele sempre era precavido. Tinha que se aproximar. Muito. Se moveu outra vez, para fora do mato. Ele estava mais exposto, confiando no sigilo, sua roupa refratária e a pele trocada para mantê-lo invisível. Se mover centímetro a centímetro permitiu não chamar a atenção do franco-atirador, embora mais de uma vez, quando o homem contemplava seus arredores, parecesse que o olhava diretamente. Kadan cessou todo movimento até que o franco-atirador se colocou atrás de seu rifle uma vez mais e realizou uma cuidadosa revisão ao redor do mato denso. Uma vez que o atirador esteve ocupado, arrastou seu corpo mais perto, apenas respirava, sem permitir que uma simples folha rangesse sob seu peso. O franco-atirador se ajoelhou ao lado da árvore, com um olho outra vez em sua mira e Kadan se elevou, ainda invisível, sustentando para baixo a folha de sua faca. O franco-atirador deu a volta e Kadan o golpeou, eliminando o homem rápida e eficazmente, fazendo todo o possível para matá-lo limpamente. O sangue salpicou através do tronco e sobre o rifle. Kadan recuou, evitando as brilhantes manchas vermelhas. Esperou uns momentos antes de se agachar, sem expressão, e comprovar o pulso. Limpou a folha e depois revisou as mãos do franco-atirador, esperando conseguir uma impressão digital. Não se surpreendeu encontrar que os rastros tinham sido queimados. Este homem era um capanga e não se sentiria sua falta em nenhuma parte. Mais que provavelmente teria sido declarado morto há alguns anos. Era um fantasma sem nome e lar. Kadan sacudiu a cabeça. Essa não era a vida que queria para os Caminhantes Fantasmas. Deixou tudo justo onde estava, sem sequer tocar a arma. Kadan? A voz de Tansy vacilou. Estou bem. O observador se afastou de você? Sim, foi-se. Retornou correndo ao acampamento. Ela vacilou. Não sinto uma onda de violência. Não posso dizer o que aconteceu.
Kadan deslizou a faca em sua bainha e se ocultou de retorno no mato. O observador viria diretamente para ele. Só fique ai e deixe que eu me ocupe disto. Sentiu a dúvida nela e sacudiu a cabeça. Ele tinha interrompido sua paz só por procurá-la. Ela sabia que tinha a intenção, de uma ou de outra forma, levá-la com ele. Agora havia trazido para lá dois homens que os queriam mortos. Ela não ia ficar para ver o que acontecia. Estava cansado. Precisava dormir com desespero. Nem sequer sabia a zona horária em que se encontrava, mas ia ter que perseguir Tansy. Estou muito malditamente cansado para jogar. Não vá. Houve um pequeno silêncio e depois sentiu que ela se movia em sua mente. A mesma impressão de calor e seda, e possivelmente agora um pingo de fogo junto com o sabor de canela em sua boca. Sim, havia paixão sob toda essa frieza. Alguém que era capaz de se oferecer à idade de treze anos para rastrear a brutais assassinos em série devia sentir paixão pela vida. Realmente espera que fique? Sua voz roçou cada terminação nervosa, esticando seu corpo quando ele tinha que permanecer absolutamente no controle. Se Whitney tinha desenhado a seus soldados para trabalhar em casais, certamente não tinha tido em conta o efeito que a mulher correta podia ter no corpo de um homem. Desejaria que ao menos tivesse a consideração de me escutar até o final. Houve outro pequeno silêncio. O fiz. Havia determinação em seu tom. Agora Kadan podia ouvir o segundo homem. O rangido de folhas quando roçou os arbustos. Sua respiração que chegava em curtos ofegos. O observador de repente cessou todo movimento. Ele não tinha chegado ao corpo, mas o rifle não se elevava onde deveria estar. Devia ter tido um vislumbre do barril se sobressaindo do mato,caído na terra. Kadan se escondeu, preparado para saltar, confiando em que sua roupa e pele o camuflaria.
Capítulo 4
Promete que me deixará sozinha se disser que não depois de o escutar outra vez? A voz suave de Tansy continha uma inconsciente súplica. Kadan apertou os dentes. Um músculo se esticou na sua mandíbula, sinal seguro de agitação quando necessitava de sua calma habitual. Queria tranqüilizá-la mas tinha suas ordens, e o mais importante, estava seguro de que ela podia rastrear os assassinos. Me dê uns poucos minutos aqui. Cortou bruscamente. O observador podia ter estado um pouco fora de forma, mas não era tolo. Houve uma interrupção em seu fôlego e depois abriu fogo, orvalhando o mato com balas. Kadan se deixou cair completamente ao chão enquanto
o inferno se desatava por cima dele, esmagando tanto os pequenos ramos como os arbustos, despedaçando a vegetação e pondo Kadan em verdadeiro perigo. Escapuliu para trás, se deslizando com os cotovelos pelo chão, medindo para encontrar uma depressão ou um declive de algum tipo onde pudesse apertar seu corpo ainda mais perto da terra. O observador fazia tanto ruído com sua arma automática que Kadan não se incomodou em defender o som. Só queria sair do inferno de Dodge. O dedo do pé deslizou no ar e se moveu para trás, medindo com as botas uma depressão no chão inclinado. As balas açoitaram todo o chão ao redor dele enquanto escapulia mais profundamente no mato. Tansy ofegou em sua mente, com seu temor lhe golpeando quando precisava permanecer desligado e frio. Estou bem. Desconecta. Dirigirei isto. Sabia que ela não estava treinada no combate, e o feio som de um rifle automático orvalhando o mato, ramos e arbustos devia ter sido aterrador para ela. Suavizou a voz. Tansy, estou treinado para isto. Soube que isto faria reluzir todo tipo de outras perguntas a sua mente. Ela possivelmente não era capaz de extrair energia psíquica dele, mas captava a linguagem corporal, e por muito empática que fosse, não podia deixar de ler que ele era tão perigoso como o inferno sem todos os realces, e com eles era simplesmente mortal. Tome cuidado. Cuidado formava parte de seu modo de vida... Algumas vezes... Mas apreciava que se preocupasse quando tinha todas as razões para o querer morto. O declive não era tão suave como teria gostado enquanto recuava. Tinha que cravar-se para evitar escorregar, mas o ângulo o mantinha a salvo da inundação de balas. Finalmente o observador deixou de disparar. Kadan podia ouvir respirar pesadamente, e depois praguejar quando descobriu o corpo do franco-atirador. Kadan se aproveitou da distração do homem e rodou a sua direita, antes de se arrastar uma vez mais pelo chão, desta vez em um amplo arco, para retornar para o observador em ângulo. Tinha uma oportunidade. Se não o matasse, o observador o liquidaria, e depois mataria Tansy. Caçaria-a sem piedade e não deixaria testemunhas. Kadan apertou a mandíbula. Falhar não era uma opção. Tansy Meadows ia viver uma longa vida... Com ele. Arriscou um cauteloso olhar. O observador estava agachado ao lado do franco-atirador caído com uma mão na garganta do outro homem, verificando o pulso. Seu olhar varria constantemente os arredores, procurou dentro da jaqueta, tirou uma Glock, empurrou-a contra os dentes do franco-atirador e apertou o gatilho, provavelmente para se assegurar de que não houvesse oportunidade de identificar os registros dentais. Kadan se levantou atrás do homem, lançando a faca para sua garganta. O homem devia ter pressentido, porque se virou pela metade, disparando sua arma instintivamente enquanto a folha de Kadan se dirigia a sua jugular. Uma das balas da Glock roçou a jaqueta e a pele de Kadan através do ombro, um malvado e ardente beijo que picava como o inferno. Fechou sua mente à dor e continuou com um ataque padrão a morte com forma de oito, cortando abaixo e através do torso, coxas, e se
afastou para trás para terminar de matar. Recuou e novo, com cuidado de não tocar nenhum corpo. Se afastou a uma curta distância de ambos e se agachou de cócoras, respirando profundamente. O esgotamento derramou sobre ele. O sol se foi há muito tempo e outra noite se aproximava sigilosamente. Precisava dormir desesperadamente, não perseguir Tansy pelas montanhas. Passou os dedos pelo cabelo e forçou seu corpo a ficar de pé. Teriam que ir ao amanhecer. Deixaria os corpos onde estavam e apagaria seu rastro, esperando que os abutres e outras criaturas causassem muitos danos antes que qualquer homem fosse encontrado. Retornou ao acampamento se movendo em silêncio, permitindo que a noite o envolvesse nas sombras. Tansy? Ainda está comigo? Outra vez sentiu sua vacilação. Sim. Estava com ele. Estava se decidindo a correr, mas não podia escapar totalmente dele. Provavelmente Whitney tinha obtido os emparelhar, não só por sua parte... Ou talvez fosse afortunado e ela estava verdadeiramente atraída por ele. Amaldiçoando baixo por inclusive ter esperança, Kadan sacudiu a cabeça para desfazer do pensamento. Ela era simplesmente uma boa pessoa que não o desejava morto. Estou aqui. Ele fechou os olhos brevemente, permitindo que o som de sua voz se deslizasse sob a pele como o toque de uns dedos. A garganta doía e seu corpo se esticou. Estava em má forma para permitir, só a voz dela, tivesse esse efeito nele. Agarrou o ritmo, se movendo rapidamente pelas árvores, tomando a rota mais curta possível ao acampamento. A loja estava colocada entre duas pedras com árvores e mato, mascarando sua presença. A comida estava dispersa através da mesa e no chão, onde havia multidão de formigas. A fauna tinha despachado rapidamente a oferenda. É seguro retornar ao acampamento agora. Recolheu a frigideira e a levou na improvisada pia. Duvido. Será muito mais seguro para mim quando você tiver ido. Kadan suspirou pesadamente, a fadiga derramou sobre ele e o remorso o mordeu profundamente. Sabe que tenho que te levar comigo. Estou malditamente cansado esta noite. Sé vem aqui e deixa passar até que descanse um pouco. Kadan limpou meticulosamente o chão, atirando o que ficava de sua comida na lata de lixo. Obviamente ela queimava a maior parte dos desfeitos de cada dia. Que inoportuno por minha parte discutir com você quando está tão cansado. O sarcasmo gotejou na mente de Kadan, mas nem por um momento aliviou a dor de seu corpo pelo dela. Inoportuno é exatamente a palavra que usaria. Obrigado por compreender, concordou, esperando que ela risse. Se despiu e usou sua ducha, deixando que a água derramasse sobre ele, embora estivesse fria e não levasse a dor dos ossos. Ela não riu, mas um rastro de diversão fluiu de sua mente a dele. Junto com ela veio uma impressão de tristeza, inclusive pena. Sinto muito. Mas não posso ajudar. Se nega a aceitar um não por resposta e eu não estou disposta a ser arrastada fora de minha montanha. Terei que me despedir
daqui. Embora realmente, foi agradável encontrar finalmente a alguém que tem uma explicação para o que sou e como sou. Ele captou o pensamento de que ela tinha muito que discutir com seus pais. Não pode fazer isso. O que disse a você é informação confidencial. Não pode levar a seus pais. Se secou com uma toalha fina e se vestiu com a roupa limpa de sua mochila. Volta. Falar desta maneira sobre uma distância é cansativo. Acabará com uma dor de cabeça cegadora. Não finja preocupação por mim. Agora havia um tom afiado em sua voz. Kadan suspirou. Não valia a pena dizer que preferiria não fazer seu trabalho, porque no final, ia fazê-lo e os dois sabiam. Não vou te perseguir por toda a maldita montanha toda a noite. Preciso dormir. É um alívio. Vá dormir e parta pela manhã. A distância era maior entre eles. Ela estava em movimento e tinha que se estirar para alcançá-lo. Não estava acostumada à comunicação telepática, porque poucos, provavelmente nenhum que ela conhecesse, tinham realmente a habilidade... Mas vários dos Caminhantes Fantasmas eram capazes de usar esse talento. Ele tinha tido muita prática em afiar a habilidade. Vai me forçar a fazer isto da maneira difícil, porque não vou atrás de você. Só retorna agora antes que levemos isto ao seguinte nível. Encontrou contendo a respiração, esperando que o escutasse. Se acreditasse em Deus, teria enviado a Ele uma oração rápida solicitando uma pequena ajuda, mas tinha aprendido fazia muito tempo a depender de si mesmo. Tinha visto muitas pessoas sacanas e pervertida, para acreditar em um poder mais alto que olhasse sobre ele. Não me ameace. Não me intimido tão facilmente. Ele teve uma visão instantânea dela se levantando da sesta, completamente nua sem nem sequer tentar se cobrir e se vestindo exatamente diante dele. Não, definitivamente não cedia diante a intimidação, e teria querido que tivesse bastante medo para aprender uma lição de sobrevivência. A água estava o suficientemente quente para limpar os pratos. Ignorou o lado dele que desejava gostar dela, a parte que a necessitava, e usou o lado desumano e rude que dava ordens quando estava em uma missão. Começou a sussurrar, ordenando voltar enquanto esfregava os pratos e os punha a secar. Tirou sua roupa de cama e se preparou para deitar. Não dormiria até que ela retornasse, mas podia lançar um olhar à parte perdida de pele, remendar a carne rota e relaxar enquanto a persuadia a voltar para o acampamento. Kadan a estava deixando louca. Não podia tirar o som de sua voz fora de sua cabeça. Recomeçou a correr, uma coisa perigosa para fazer na escuridão. Caiu duas vezes e rodou, mas os sussurros não diminuíram, nem sequer por um segundo. Estava caída no chão olhando as estrelas, com o coração pulsando muito forte e o estômago atado. Era sua voz, aquele suave e aveludado sussurro surdo em sua mente. Em algum lugar pelo caminho, entre as insistentes ordens hipnóticas, começou a falar de si mesmo.
Retorna para mim. Necessito que venha para mim agora, esta noite. Sabe por que tenho que fazer isto? A diferença de você, vivendo com seus muito ricos e amorosos pais, toda minha família foi aniquilada. Tinha oito anos. Meu pai era narcotraficante e alguém quis tomar seu território. Irromperam em nossa casa e dispararam primeiro em minha irmã. Estava no salão vendo a televisão. Só tinha doze anos e era muito pequena. Não acreditava que o corpo de um menino pudesse conter tanto sangue. Tansy fechou os olhos. Não queria ouvir isso. Não queria vê-lo como um humano. Tinha estado em muitas cenas de crimes onde o sangue corria como rios. Papai me agarrou e me colocou depressa sob as pranchas do chão, tirando a arma que ocultava ali. Podia ouvir todos gritar. E o sangue começou a gotejar no espaço entre as frestas. Se acumulou todo a meu redor até que estive cheio por ele. Até que teve três centímetros de espessura e estive respirando-o. Sabe como cheira, Tansy? Sabia. Ainda tinha pesadelos. Apertou a mão contra sua boca para evitar soluçar. Ele tinha que parar. As imagens em sua cabeça eram vívidas, como se o crime acabasse de ocorrer. Sua voz não tinha emoção, era fria e desapaixonada, mas ela estava em sua cabeça e havia raiva, dor e uma tristeza muito profunda para expressá-la. Ela conectou com esses sentimentos crus, as lágrimas se entupiram em sua garganta, ameaçando estrangulá-la. Retorna para mim. Necessito que venha para mim agora, esta noite. O puxão dessa demanda era tão forte que ela deu a volta e ficou de pé, olhando para seu acampamento. Deu uns poucos passos antes de se deter. Não podia continuar pondo distância entre eles, mas não correria para ele do modo em que sua mente e corpo a insistiam a fazer. O importante é que, agora, como adulto, me dou conta de que meu pai não era um bom homem. Era um grande narcotraficante e estava comprometido com algumas pessoas muito más, mas para mim, era meu pai. Brincava comigo, me amava e me agasalhava de noite. Provavelmente, como adulto, posso inclusive admitir que ele foi o responsável por trazer um banho de sangue a nossa casa, mas o menino que há em mim o amava. Sempre lhe quis realmente e o admirei. Te necessito, Tansy. Retorna para mim agora, esta noite. Ela fechou os olhos, se sentindo mal. Sua voz subia sua temperatura, mas as coisas que dizia a faziam se sentir doente. Ele estava perdido e sozinho. E essa pessoa dentro dela que precisava fazer do mundo um lugar melhor, que tinha muita empatia e compaixão para ser capaz de tocar às pessoas, a fazia cair de joelhos diante a tristeza nua em sua voz. Ouvi gritos e disparos e a voz de minha mãe que implorava que não matassem a meu irmão. Seu nome era James e só tinha dez anos. Compartilhou meu quarto e me ensinou a jogar à bola. Nunca se importou quando ia atrás dele. Ela estava assombrada da fria voz que usava ao relatar esse terrível trauma de sua infância. Talvez acreditava que tinha enterrado todo o assunto o bastante profundo para poder contá-lo sem sentimentos, mas ela sabia que não era assim. A raiva nele era aterradora. A tristeza devastadora. Tansy se encontrou recuando pelo pendente para o acampamento. Se agarrou ao tronco de uma árvore jovem e se
sustentou para evitar correr para ele para consolá-lo. Agora suas ordens tinham tomado um significado inteiramente diferente. Necessitava-a, tanto ele soubesse como não... E suspeitava que não sabia mais do que sabia que era ainda um menino enfurecido, quebrado e devastado. Retorna para mim. As estrelas estão fora. Está vendo? Nunca pensei que as veria outra vez. Confinado nesse espaço, com o sangue gotejando sobre mim e encharcando a mim e ao redor. Nunca pensei que seria capaz de estar dentro outra vez. Eu não gosto das paredes. Usou o presente. Ela respirou e exalou. As mãos soltaram a árvore jovem e começou a andar de volta ao acampamento, os pés se movendo-a a pesar do fato de que seu cérebro estava dizendo que não. Onde estava seu instinto de sobrevivência? Por que a afetava tanto sua voz? Só sabia que chorava por dentro por esse inocente menino e chorava ainda mais pelo homem que tinha chegado a ser. Permaneci oculto durante horas, dias, não sei. Estava aterrorizado, nem tanto de que me matassem... Acredito que estava mais à frente do medo... Mas sim do que sabia que ia encontrar. Pensei que os gritos eram o pior, as súplicas, e rezei para que se acabasse. Mas então houve silêncio. Nada rompia o silêncio. Não podia ouvir passos, nem gritos, nem sequer respirações. Depois de um momento nem sequer estava seguro de estar vivo. Ela não tinha sobrevivido a um assassino que destruíra a sua família, mas tinha estado presente, ouvindo os últimos pensamentos das vítimas, seus temores, gritos e gemidos cheios de dor, seus últimos estertores de fôlego e esse horrível estertor que não podia tirar da cabeça. Não precisava tocar um objeto para trazer as imagens com vívidos detalhes. Estava na cabeça de Kadan e as imagens estavam gravadas ali para toda a eternidade. Agora estavam em sua cabeça também. Ela não era boa se desfazendo do sangue e da morte. Tansy levantou a mão e limpou as lágrimas da face. O primeiro que vi quando abri a porta foi a face de meu irmão. Seus olhos estavam abertos e estava me olhando fixamente. Às vezes não posso dormir e vejo seus olhos, e sei que se supunha que tinha que encontrá-los e os fazer pagar pelo que tinham feito. Mas então me recordo que não tenho oito anos e que ele está morto e não fica nada dele exceto um fixo olhar vazio, assim não posso lhe culpar realmente de nada. Seus olhos pareciam cristal. Retorna para mim, Tansy. Necessito de você esta noite. Ela tinha visto olhos que pareciam cristal. Muitos olhos. Não dormia muito tampouco de noite, que é pelo que escolhia trabalhar e se esgotar, dormindo sestas durante o dia. Se fechava os olhos na escuridão a morte a rodeava, olhando fixamente com olhos vítreos. Não os tinha salvado. Tinha esperado muito para se oferecer voluntária. Tinha duvidado. Tinha sido muito lenta em encontrar o rastro. Qualquer que fosse a razão, não os tinha salvado. Possivelmente precisava vê-lo ao modo dele. Já estavam mortos e não havia nada exceto sua própria culpa. Meu pai tinha tentado cobrir a minha mãe. Pude vê-lo. Tinha tentado protegêla, mas a mataram e eu não podia tocar nela. Não podia me obrigar a tocar a nenhum deles. Sabe como nos filmes o menino sempre beija ao pai morto ou a quem ama? Bem, não pude me aproximar deles. Estava doente. E zangado. E tão aterrorizado de
estar sozinho. Me afundei no sangue. Era tão pegajoso. Não acredito ter conseguido lavar isso de mim jamais. Às vezes se sente como uma segunda pele. Procurei pelo sangue até que encontrei a arma de meu pai e saí da casa. O coração de Tansy começou a pulsar tão forte que seu fôlego era um ofego desigual. Estava completamente com ele agora, encerrada em sua mente, suas emoções eram as suas. Ela era aquele menino de oito anos que sentia muita tristeza... E muita raiva. Instintivamente tentou se afastar, se separar, mas sua voz suave e implacável se negou a permitir que fosse. Retorna para mim agora, Tansy. Andei durante duas horas. Sabia aonde ir, tinha reconhecido os homens. Eram sócios do negócio de meu pai e tinham vindo para jantar na nossa casa. Minha mãe tinha cozinhado para eles. Alguns tinham jogado beisebol com meu irmão e comigo. Conhecia-os. Permaneci nas sombras onde ninguém me visse, coberto pelo sangue de minha família. Estive ali após. Ela chorava abertamente agora. Era impossível conter os soluços. Esse menino pequeno cheio de sangue, com uma arma na mão. Via-o tão claramente. Sentia a raiva com ele. Conhecia a tristeza que ainda o agarrava como um torno. — Não — Sussurrou em voz alta — Não o faça — Não haveria volta atrás uma vez que fosse feito. Nenhuma maneira de recuperar jamais essa doçura, essa inocência, isso que tinha estado dentro desse menino — Não o faça. Necessito de você esta noite. Estou tão cansado e preciso te ter perto de mim. Nunca faço isto. Segurar alguém perto. Não me aproximo, mas agora não há escolha e estou muito malditamente cansado para lutar. Volta para mim. Ela sacudiu a cabeça, mas seus pés continuavam andando e estava mais perto agora. Agarrou o ramo de um pequeno arbusto e se segurou direita quando queria cair no chão e chorar. Andei através da porta principal e ninguém me viu. Já então podia mascarar minha presença se me concentrava o bastante forte. Me deslizei na sala onde o estavam celebrando e atirei. Um disparo em cada cabeça. Eles nunca me viram e nunca souberam que eu o tinha feito. Não senti nada. Queria sentir, mas não o fiz. Caminhei de retorno para fora, desmontei a arma do modo em que meu pai me tinha ensinado, e atirei os pedaços em vários contêineres. Desejaria poder culpar o olhar fixo de meu irmão, mas tenho que tomar essa responsabilidade. Provavelmente o faria outra vez. Os meninos de oito anos não entravam nas casas e matavam pessoas. Não sem que algo estivesse seriamente errado neles. Ela estava em sua mente, tentando encontrar uma nervura desumana e cruel, ou a sensação de ter direito, que significava que as regras não se aplicavam a ele. Encontrou um menino pequeno vomitando, doente pela perda, aterrorizado de seu futuro, ainda cheio de raiva. Nunca falei a outra alma viva sobre dessa noite. Tansy levantou sua face sulcada de lágrimas ao céu. Uma sombra caiu sobre ela e levantou uma mão para bloquear qualquer ataque. Kadan se elevou diante dela, agarrando seu pulso e atraindo-a a seus braços, apertada contra seu corpo, enterrando o rosto contra o pescoço dela. Ela pensou que sua face estava tão molhada como a sua. Lentamente levantou os braços para rodear sua cintura, sustentando-o, tentando oferecer consolo a esse menino de oito anos.
— Já não sou esse menino — Recordou ele sem levantar a cabeça. Deslizou a mão pelas costas até enterrar os dedos em seu cabelo. — Sei que não é. E eu tampouco sou essa garota de treze anos que pensou que poderia salvar o mundo. As mãos de Kadan emolduraram sua face, forçando sua cabeça para cima para que seus olhos se encontrassem. O coração se contraiu. Ela era tão formosa, em seus olhos brilhava violeta sobre azul, essa estranha luz trêmula sobre a cor quase prateada. Tinha estado afogando-se sem ela e nunca o tinha sabido. A necessidade ia de sua mente a seu corpo, uma rajada de calor que esticava cada músculo. O desejo estalava por ele, cru, descarnado e muito forte... Tão forte que sentia como se fosse um murro em suas tripas. A luxúria por ela tinha estado ali todo o tempo, endurecendo seu corpo, mas agora era muito mais. Se sentia morto de fome, um homem possuído, a desejando com cada fibra de seu ser. Porque ela podia afastá-lo de tudo, a raiva, enterrada profundamente mas também parte dele. Os gritos e o sangue. Só Tansy podia aliviar o terrível frio que atendia no coração. Podia afogar a verdade... Que ele era um autêntico assassino, bom em caçar a outros assassinos porque podia pensar exatamente como eles. Ela tocou sua face, a calidez de seu corpo se filtrou no frio dele. No momento em que o tocou, seu corpo reagiu com força brutal e dolorosa, enchendo a virilha, pulsando e doendo em demanda. Kadan inclinou a cabeça à tentação de sua boca suave e trêmula. Acariciou com a língua o grosso lábio inferior, saboreando essa insinuação de canela que estava produzindo rapidamente um desejo. Ela tremeu em reação. Inclusive com sua mente conectada a dele não podia saber quanto a desejava... Quanto a necessitava, quão desesperado estava por tocá-la. Kadan nunca havia sentido o desespero, ou a necessidade...Ou se a havia sentido não a tinha reconhecido. Agora não podia pensar claramente com esse desejo por ela. Lutou por manter as mãos suaves, o toque de sua boca terno quando se sentia faminto. — Estamos em uma confusão tremenda, Tansy. Sabe, não é? — A boca roçou suas pálpebras, deslizou sobre o rastro das lágrimas, excitou as comissuras da boca. Ela engoliu forte, piscando para ele, uma mistura de apreensão nervosa e desejo trêmulo. As mãos sobre os ombros dele tremeram, os suaves seios empurraram contra seu peito enquanto a respiração de Kadan se acelerava em resposta à maneira em que seus dentes mordiscavam o lábio inferior. Ela fez um pequeno som impotente de assentimento, entrecortado e feminino, inclinando-se sobre ele enquanto Kadan fechava os olhos, saboreando a sensação do corpo dela contra o seu. Não ia sobreviver a esta noite se não a podia ter. Não agora, não quando as lembranças estavam tão perto e não podia enterrar a raiva o suficientemente fundo. Necessitava seu corpo suave, a compaixão e a luz de sua mente. Não havia nenhuma outra maneira de aliviar a escuridão que rodeava sua alma ou o frio penetrante de seu coração. A salvação estava nesta mulher. Se doeu por ela, por ambos. A vida não seria fácil com ele, e com as coisas que ele pediria (não, mandaria) destroçariam a alma, mas sabia que não tinha alternativa. Não podia se afastar dela. Não era o bastante forte.
Não pôde esperar outro minuto, atraindo-a mais perto, colocando a boca sobre a sua, se afundando em seu calor, no paraíso de sua boca suave e úmida, a língua se enredou com a dela. Acariciou, sentiu o estremecimento de prazer de resposta em seu corpo, a interrupção de sua respiração. Era tímida, sem experiência, e lhe ocorreu que Tansy não podia ter beijado a muitos homens... Ou nenhum. Algo escuro e possessivo explodiu com quente satisfação diante a idéia de que nenhum outro homem a houvesse tocado jamais. Ainda beijando-a abriu a camisa, desejando estar pele com pele. A respiração estrangulou nos pulmões, seu membro estava tão duro que tinha medo de que explodisse. Precisava se arrastar dentro dela, compartilhar a pele, se enterrar profundamente nela de maneira que pudesse derramar o sol sobre ele e guiá-lo longe das sombras que sempre arrancavam pedaços. Apesar da necessidade que o guiava, beijou-a com ternura, saboreando o gosto e a textura da boca, o calor suave e úmido que o encerrava enquanto acariciava, seduzindo-a descaradamente. A canela nunca tinha tido parecido com gosto de pecado. Nunca havia sentido uma pele tão suave. O controle era seu código, seu mantra, e poucas coisas em sua vida o tinham sacudido alguma vez, e nenhuma pessoa, certamente não uma mulher, até este momento. Se sentia tremer, sentia o estremecimento da necessidade, o desespero em sua mente. Moveu a boca sobre a dela, aprofundando o beijo, enquanto uma espécie de febre acendia um fogo lento no ventre. Não usava sutiã. Tinha sido mais que consciente disso durante todo o dia, e agora puxou a prega de sua camisa para cima e sobre a cabeça, segurando um braço ao redor dela até que os seios se apertaram contra os músculos de seu peito. Ela parecia como o céu. Tansy sabia que estava se afundando muito fundo. Estava permitindo que tomasse, sacrificando seu corpo à escuridão nele, acendendo um fogo que nenhum dos dois ia ser capaz de apagar facilmente. Ele tinha usado sua própria fraqueza contra ela para trazê-la de volta, e agora a estava seduzindo. Desejava o quente prazer de sua boca, a sensação de seu duro corpo contra o seu e a força de seus braços. Desejava seu sabor e sua textura, mas sobre tudo, precisava tirar a dor de seus olhos e apagá-la de sua mente. Kadan passou a mão sobre o ventre e cada músculo ondulou sob sua palma. As pontas de seus dedos se sentiam duras e calosas, uma estranha carícia áspera que enviou tremores de excitação pela coluna de Tansy e a excitação formigou entre suas coxas. Ele beijou sua garganta, o ombro, e depois cobriu a ponta de um seio com a boca, amamentando-se fortemente. Ela quase caiu, as pernas debilitaram e seu centro se voltou líquido. — Kadan? — Apertou o punho em seu cabelo e a voz tremeu. Um pequeno gemido entrecortado escapou de sua garganta. Nada jamais a tinha feito se sentir como ele o fazia. Desejada. Libertina. Atraente. Assustada. Estava confusa. Estava se afogando nas sensações de sua língua e seus dentes sobre o mamilo. — Está bem, neném, tenho-te — Assegurou suavemente — É tão suave, tão perfeita que mal posso respirar. Ela o olhou através dos olhos entreabertos, a língua dando longas lambidas no mamilo, os lábios fechando ao redor de seu seio, a língua golpeando e dançando até
que ela gritou, o som estrangulado enquanto as mãos dele puxavam o zíper de seu jeans. Cada terminação nervosa de seu corpo parecia sensibilizada enquanto a boca dele viajava mais abaixo por seu estômago e sua língua formava redemoinhos sobre o umbigo. Ele agarrou os jeans e os desceu pelos quadris, insistindo para que ela os afastasse a patadas. Estava nua, a noite acariciava sua pele, a lua orvalhava luz e sombra sobre ela. Ele levantou a cabeça, seus olhos quase resplandecendo na escuridão, brilhando para ela com escura fome, com uma intensidade que era terrorífica e excitante. Quando seu olhar obscurecido com luxúria varreu sobre ela, um gemido escapou, como o som que o puma tinha feito antes de rasgar sua comida. Ele praguejou para si e se deixou cair de joelhos, separando suas coxas. Agarrou seus quadris com as mãos e forçou seu corpo a adiantar-se para a boca que esperava. Tansy poderia ter gritado. Não sabia. Provavelmente nenhum som surgiu realmente, mas o grito de prazer estava encerrado firmemente em sua mente. Ele não levantou o olhar, em vez disso a lambeu, dando longas carícias com a língua como os gatos, lambendo-a como se morresse de fome e estivesse desesperado por sua nata. Sua matriz reagiu com lentas ondulações, ondulando-se de prazer, orvalhando mais dessa rica umidade. Ele grunhiu algo, o som vibrou através do corpo de Tansy. Se agarrou a seus ombros, tentando se estabilizar quando estava a ponto de desabar, enquanto uma onda atrás de outra de puro prazer a consumia. O estômago esticou, os músculos se endureceram e a tensão se estendeu com um calor crescente. — Não posso suportá-lo — Ela jogou a cabeça para trás, as pernas amplamente separadas, a boca de Kadan sobre ela, a língua rodeando o nó de nervos, até que um soluço de êxtase escapou. Empurrou contra ele sem pensar, empurrando com os quadris, procurando mais enquanto a tensão nunca diminuía. Sua boca, língua e dedos acariciavam, sovavam e a comiam viva, até que esteve ardendo com uma febre de desesperada necessidade. O orgasmo a agarrou de surpresa, abatendo-se sobre ela, seu corpo corcoveava com impotência com um prazer que intumescia a mente enquanto sua matriz e seu feminino canal se esquentavam mais e mais, e se esticavam mais e mais, até que simplesmente se fragmentou, perdendo o controle, perdendo-se no calor chamejante, se rendendo a sua boca e a suas mãos. Kadan ficou de pé, se despojando de seu jeans, a levantando grunhiu instruções. — Envolve as pernas ao redor de minha cintura. Depressa, Tansy. Necessito de você —Porque se não se enterrasse dentro dela, ia perder o juízo. Ela envolveu seus braços ao redor do pescoço, esmagando os suaves seios contra seu peito enquanto as longas pernas se envolviam ao redor de sua cintura. Fechou os tornozelos, quase soluçando de necessidade. Ele apertou a larga cabeça de seu membro contra sua escorregadia e molhada entrada. Mal podia respirar agora, assombrado por sua própria falta de controle. Ele sentiu o fogo arder sobre sua pele, relâmpagos crepitando por seu sangue enquanto começava a invadir o suave corpo dela, empurrando através das dobras apertadas, tão quentes, como seda nua o agarrando, o queimando e o limpando outra
vez. Centímetro a centímetro, se afundou em suas profundidades até que a sentiu dar um pulo enquanto ele se colocava contra uma barreira fina. — Se agarre a mim, Tansy — Sussurrou através de seus apertados dentes. Ela tinha que ser virgem... Quando ele estava se deslizando longe da realidade e girando fora de controle — Deixa que seu peso baixe sobre mim — Seus olhos encontraram os dela. Queria sua confiança. Não a merecia. Já a tinha traído usando sua própria compaixão contra ela, mas ainda a desejava, a Tansy, a mulher real, dando tudo o que ela era a ele. Os olhos dela se obscureceram, o brilho se fez mais luminoso. Sem afastar nunca o olhar do seu, ela empurrou para baixo enquanto ele o fazia para cima. A onda de dor foi de sua mente a dele e parou, inclinando-se para frente para encontrar sua boca em uma tentativa de afastar a dor com um beijo. Esperou até que o beijou por sua vez, até que sentiu seu corpo deixar de resistir ao dele, permitindo a invasão para se afundar mais profundamente nela, até que esteve enterrado até o punho. Deixou-a marcar o ritmo, insistindo-a com as mãos em seus quadris a cavalgálo, a encontrar um ritmo que ela pudesse dirigir enquanto se acostumava à sensação de sua grossura estirando-a. Não tinha esperado necessitá-la tanto, nem arder tão quente. Ela era tão malditamente apertada, mais apertada do que imaginou. As paredes de sua vagina se sentiam vivas, suave veludo, calor fervente, pulsando e pulsando ao redor dele, agarrando-o e se deslizando sobre ele até que quis gritar roucamente de alegria. Cada momento dentro dela enviava luzes brilhantes através dele, perfurando cada escura sombra até que, pela primeira vez desde que podia recordar, sentiu-se vivo. Quando pensou que não poderia sobreviver a outro de seus longos e lentos deslizamentos, ela esticou seus músculos ainda mais, o fazendo perder o controle quase por completo. Agarrou-lhe os quadris então, tomando-a, impondo seu próprio ritmo, empurrando duro e profundo, se sentindo como um louco que não podia conseguir o bastante. O pequeno e quebrado grito dela só adicionou combustível às chamas. Suas unhas arranharam os ombros enquanto ela se aderia a ele, se levantando para encontrar suas profundas quebras de onda. O som de seus corpos juntando-se era alto na noite, mas ele só podia ouvir sua respiração, se estremecendo dentro e fora de seus pulmões, enquanto o mundo ardia mais quente e seu corpo se esticava e esticava até que tudo o que sempre tinha sido estava centrado em sua virilha. Seu lamento baixo rompeu o pouco controle que ele tinha retido e começou a empurrar dentro dela como um êmbolo, estirando a tensão em um arame fino e tenso, a empurrando além de algo que ela jamais tinha considerado, até que ela esteve rogando pela liberação. Manteve a marcha, se afundando nela, se afundando tão profundo como pôde, não querendo terminar nunca seu tempo com ela. Não havia nada em seu mundo exceto Tansy, com seu corpo perfeito o rodeando. Seu calor e seu fogo. A explosiva química. A pele suave e o ainda mais suave canal que o acariciava, agarrava-o e sustentava mais apertado que seus braços. E esse aroma de canela que o enchia de ânsia. Moveu-a somente um centímetro para aplicar mais pressão nesse lugar doce, o nó de sensíveis nervos que a fizeram soluçar seu nome. E então o corpo dela se
esticou. Uma vez, duas vezes, segurando-o fortemente, o ordenhando e apertando. Onda atrás de onda rompeu através dela, levando-o com ela. Sentia seu corpo sugando a quente semente, enchendo-a enquanto ela pulsava a seu redor. Ela deixou cair a cabeça em seu ombro, totalmente esgotada. Ele deveria estar. Baixou seus pés ao chão, mas a segurou, cambaleando, apertada contra ele. Permaneceram assim durante longos momentos antes de sentir a mudança em sua mente, em seu corpo, a repentina retirada. Fechou os olhos e a segurou mais apertada, não desejando que este momento acabasse. Ela tinha dado esta noite. Uma noite. — Não — Disse ele suavemente — Me deixe te ter. — Entreguei a você — Disse, sem levantar a face de seu peito. Levantou-a, embalando-a perto dele. — Não é suficiente. Necessito desta noite. Ela não podia fingir que não o desejava também. Poderia não ter nunca outra noite como esta. Não tocava homens. Não se atrevia a se arriscar. Embora tinha dado tudo a Kadan, abrindo sua mente, deixando sentir seu prazer, compartilhá-lo, até que a tinha conduzido sobre a borda, as sensações que nunca tinha esperado ser capaz de experimentar, suas para as reter para sempre. — O que acontecerá amanhã? Ele sacudiu a cabeça. — Não sei, Tansy, mas temos o agora. Esta noite. Este tempo para nós. Deixao ser para nós. Ela gesticulou, atemorizada de que se tomasse mais não seria capaz de recuar nunca. Se convenceu de que o amor não era para ela. Um homem próprio era impossível e ela era muito pragmática para ter falsas esperanças. Mas aqui estava ele, oferecendo uma oportunidade única em sua vida, uma noite com um homem total e completamente dedicado a seu prazer. O lia em sua mente, quanto desejava que ela sentisse. Assentiu lentamente, sabendo que nunca poderia resistir afastando a um lado cada pensamento do amanhã e do que teria que encarar. Só havia esta noite para eles. Esta noite, e ia pegá-la para si mesma. Ele a levou ao saco de dormir, agradecido de que não estivesse longe. Suas pernas estavam dobrando como borracha e duvidava que ficasse muita força. Os olhos dela eram enormes e ele encontrou esse peculiar brilho muito sexy ou talvez só era seu corpo reagindo a seu aroma e calor. A deitou e a seguiu em seguida, massageando seus ombros e o pescoço. Esse suave e vulnerável pescoço. — É tão bonita. — Você me faz sentir bonita — Adorava a sensação de seus dedos em seu pescoço. Era uma carícia que ele usava para enviar a sensação elétrica mais assombrosa crepitando por seu corpo — Como faz isso? — Isso é classificado. Tansy levantou o olhar para sua face, tão tranqüila, cinzelada e masculina. Tão séria. Rompeu a rir. — Sua maneira de fazer amor deveria estar classificada também. Me deixou esgotada.
— Fiz isso? — As mãos emolduraram seus seios, embalando o suave peso — Não teremos acabado até muito mais tarde, Tansy — Sussurrou suavemente enquanto baixava a cabeça para dar um pequeno golpe em seu mamilo com a língua. Uma mão deslizou pela coxa até descansar em seu montículo — Não parece como se estivesse esgotada — Um dedo escorregou em seu molhado canal e os músculos reagiram instantaneamente, segurando-o fortemente. Se inclinou para ela, soprando ar morno sobre o seio — Não, neném, você quer mais. Parece como se quisesse voltar a começar outra vez. Girou seu corpo a um lado, fazendo cair seu seio na boca. Estavam sobre o saco de dormir sob as estrelas, o braço ao redor de sua cintura e uma mão aninhada entre as pernas. Tansy segurou sua cabeça contra ela, acariciando seus cabelos com os dedos. Cada vez que seus dentes arranhavam ou estalavam sobre seu mamilo, uma inundação de calor líquido banhava os dedos de Kadan. Ela queria que tudo voltasse a começar outra vez. Tinha uma noite com ele. Queria aprender tudo, fazer tudo, fazer com que esta noite durasse para sempre. Fechou os olhos e saboreou a sensação de sua boca em seu seio.
Capítulo 5
Tansy despertou com o cheiro do café. Manteve os olhos fechados com força, sem querer confrontar o que tinha feito durante a noite. O homem devia estar exausto, mas Kadan tinha dado tudo o que jamais podia ter desejado e mais. Compartilhar mente e corpo era uma experiência que ela nunca tinha pensado que teria tido jamais, e ia muito além de algo que sua imaginação pudesse ter evocado. Mas agora tinha que confrontar a luz do dia e o que tinha feito. Tudo o que alguém podia fazer... E com um desconhecido. Como podia olhar nos olhos de Kadan Montague? Esperaria ele que simplesmente o seguisse até o inferno, agora que tinha permitido seduzi-la? Porque ela tinha sido uma participante consciente... Não podia negar, nem sequer a si mesma... Especialmente a si mesma. Se arriscou a olhá-lo e seu coração quase parou. Estava levantando o acampamento com tranqüilidade. A maior parte de suas coisas estavam empacotadas, e inclusive enquanto olhava, já tinha aberto o estojo de suas câmaras e extraído suas preciosas câmaras e filmes como se lhe pertencessem. A palpitação de seu coração ressonou em seus ouvidos. O que tinha feito? Podemos fazer isto de forma difícil. A tinha advertido. Nunca poderia dizer que ele não a tinha advertido. A tinha permitido convencê-la de que retornasse ao acampamento por si mesma. Ele tinha usado sua própria natureza contra ela. Demônios, a tinha estudado e o tinha admitido. Ele sabia exatamente que botões pulsar, e os tinha pulsado ao revelar a história de sua infância, que nunca tinha compartilhado com ninguém. Como podia ser tão estúpida? Provavelmente não era
certa. Queria chorar por sua estupidez, mas havia outra parte que estava furiosa pelo engano. Dê à garota uma noite para recordar. Ele tinha estado em sua cabeça. Ele sabia o quanto tinha se sentido só, diferente. Ela virtualmente tinha saltado sobre ele. Tansy afogou um gemido. Não pôde, por um momento, culpá-lo. A tinha advertido desde o começo que tinha a intenção de levá-la de volta. Ele era cruel, disposto a usar qualquer meio que estivesse disponível para ele e tinha aberto a porta para usar o sexo. Ao diabo com ele. Ao diabo com ela. Agora tinha que procurar uma saída, porque não ia a nenhum lugar com ele. Kadan manteve a cabeça baixada enquanto empacotava metodicamente as coisas de Tansy. Era possível que ela não percebesse o quanto freqüentemente usavam a comunicação telepática, do fácil que começava a ser se deslizar dentro e fora da mente um do outro. Ele tinha sido relutante em se separar dela. Não podia recordar ter dormido com uma mulher em seus braços e se sentir completamente satisfeito... Em paz. Completo. E agora ela estava deitada ali, se arrependendo de sua noite juntos, a noite que tinha significado o mundo para ele. O que esperava? Que ela fosse para ele com os braços abertos, com um enorme e feliz sorriso? Os pensamentos dela eram cruéis e auto recriminantes. Ele sabia exatamente que botões pulsar, e os tinha pulsado ao revelar a história de sua infância, que nunca tinha compartilhado com ninguém. Ela queria chorar por sua própria estupidez, mas havia outra parte que estava furiosa pelo engano O engano? A cólera e a dor o envolveram tão estreitamente que não pôde distinguir um do outro. Kadan, o Caminhante Fantasma com gelo nas veias, sentiu como se uma rajada de ira percorresse seu sistema, e se voltou para Tansy, colocando a mão no bolso. — Atenção! Agarra! — Deliberadamente Kadan lançou pelo ar para ela a pequena figura que tinha encontrado na cena do último crime. O objeto brilhou à luz incipiente do amanhecer enquanto se dirigia à cabeça de Tansy. Ela estirou o braço em um movimento rápido e o apanhou no ar ao mesmo tempo em que sentia o pensamento dele. Maldito seja por confiar em você. Te confiei a única coisa a respeito de mim que nenhuma outra pessoa viva conhece e você acha que o usei para te levar para a cama. Havia fúria, mas mais que isso, havia dor. O tinha machucado. Seus dedos se fecharam ao redor das bordas suaves do objeto que tinha jogado, e seu coração se afundou enquanto a energia cruel e violenta se derramava com acidez sobre ela. Tratou de deixar cair a figura, mas era já muito tarde. Ainda pior, não tinha se preparado. Ouviu a si mesma gritar, em seu mais profundo interior, onde ninguém podia ouvi-la, como se vertessem óleo em sua mente, escorregadio e negro; e se enchesse de lama, carregando o peso dos mortos e moribundos, os rogos e os protestos, as vozes suplicantes, a enfermidade que crescia com o fedor escuro do sangue. Kadan havia dito que o sangue era como uma segunda pele, mas era pior que isso, gotejava por dentro através de seus poros, até que o sangue estava dentro de sua mente, se pegando a tudo o que ela era, a cada parte de sua alma, gotejando como a cera de uma vela e se fundindo com ela como o lacre quente.
Kadan escutou os gritos, o grito de um animal angustiado, cheio de dor, de agonia, mas ela estava completamente calada, o azul de seus olhos tinha trocado a um brilhante violeta prateado. Olhos de vidro. Seu estômago se contraiu enquanto jogava a bolsa que estava empacotando sobre a mesa e correu para ela, agarrando sua mão, puxando seus dedos. — Deixa-o cair! Deixa-o já. Ele tinha lido os informes, mas não tinha entendido. Maldição, não o tinha entendido. Agora o fazia, e pensou que ia vomitar. Estava ali com ela agora, em sua mente, e a realidade do que ela sentia (o que atravessava) era muito, muito mais devastadora do que qualquer relatório alguma vez pudesse haver descrito. —Maldição, Tansy, deixa-o cair! — A bílis se elevou. Tinha estado zangado. Ele nunca se permitia sentir cólera. Permanecia sob controle, porque quando tomava a decisão de machucar a alguém, tinha que apoiar-se na lógica e na razão, não na emoção. — Tansy — Sussurrou seu nome e apanhou o corpo flácido entre seus braços. Havia tanto sangue. Ele gostava. As salpicaduras e o chapinho. Como se fosse uma pintura e ele fosse o artista. Ele teria querido uma carta diferente. Não poderia usar às mulheres. A nenhuma delas. A garota tinha quatorze anos e a mãe... Ah... A mãe. Era formosa. E uma maldita esnobe. Teria gostado de obrigá-la a olhar primeiro o que fazia à sua filha. Mas perderia pontos. Quantos pontos se fodia a ambas? Valeria a pena? Todos eles estariam furiosos com ele, mas que diabos, merecia um pouco de diversão. Não foi culpa dela que tirasse a carta errada. O som de suas vozes soluçando e implorando era o melhor de tudo, melhor que qualquer afrodisíaco. Ele tinha se ocupado primeiro do marido. O machão. Idiota, pensou que poderia manter segura a sua família. Depois o filho. Uma perda de tempo matar o mucoso, mas não queria se incomodar com o menino gritando. Não, agora vinha a diversão. Tinha horas para se divertir, mas se satisfazia suas fantasias, perderia pontos. O que deveríamos fazer? Ele sentou de cócoras junto à mulher, Sorrindo zombadoramente, sentindo o poder. Ela faria tudo por viver. Tudo absolutamente que ele quisesse. Lástima, carinho, sua morte está escrita… Começou a rir de sua própria piada. Tansy podia ouvir uma voz longínqua pronunciando seu nome. A voz soava familiar e tentou se concentrar nela. Ela estava em um labirinto de mortos. Tantos corpos. Tanto sangue. As vítimas imploravam e rogavam. Rebaixando elas mesmas. Resistiu a tortura física e emocional, e passou através deles, incapaz de ajudá-los. Algumas vezes podia ver suas caras, o desespero em seus olhos, a súplica. Os soluços se incrementaram. Ela não podia alcançá-los. Não podia tocá-los. Não podia deter seu assassino. —Tansy, deixa-o cair! Maldição. Me escute. Me sinta. Sou real, eles não. A voz era severa, dominante, penetrando através do sangue e do horror. Por um momento ela foi consciente de estar em dois lugares, do túnel cheio de sangue com olhos frágeis cravados nela e de uma mão que agarrava as suas. E depois o assassino riu, as roupas se rasgaram e as mulheres gritaram. Um menino implorou, com voz desesperada, arrastando-a para baixo, para a oleosa lama negra e vermelha onde ela tomou fôlego e se afundou.
Que se fodam todos, cara de boneca. Temos todo o dia para nos conhecer. Luta contra mim. Quero que lute comigo. Vê o bonita que está sua filha com todos esses cortes sobre os seios? Umas franjas vermelhas preciosas. Ele lentamente tirou o cinturão, sabendo que dois pares de olhos estavam fascinados por ele. Não se verá ela ainda mais bonita com umas preciosas franjas largas por todo o corpo? Vêem para cá, cara de boneca. Engatinha com suas mãos e seus joelhos, se humilhe depois de que seu velho homem não fez nada para te salvar. Ele a teria entregue, me teria rogado que a usasse como quisesse só para que não o matasse. Não era forte. Necessitava a alguém forte. E agora é muito tarde. Engatinha para cá e ponha a trabalhar essa boca chorona enquanto ensino a esta garotinha o que é um homem de verdade. Se tivesse escolhido ao homem correto, nada disto teria ocorrido sabe? Ele agarrou à mulher pelo cabelo, puxando bruscamente sua cabeça para cima, juntando sua face à dela. A saliva desceu por sua face enquanto gritava. O fará? Kadan tentou abrir à força os dedos de Tansy. Ia perdê-la se não a fazia voltar. Sua face era quase cinza de tão pálida. Gotas de suor desciam por sua testa. Seu pulso estava descontrolado, seus olhos olhavam fixamente a algo que não estava realmente ali. — Deixa cair essa maldita coisa — Sua voz nem sequer parecia a sua. Grunhiu a ordem com voz demoníaca. Kadan Montague, o assassino que tinha gelo no sangue, estava desesperado, aterrorizado de estar perdendo-a. Amaldiçoando, ele cravou profundamente as pontas de seus dedos no pulso dela, encontrando o ponto de pressão que abriria seus dedos, batendo de repente sua mão contra a terra ao mesmo tempo. A figura voou meio metro e rodou livre. O corpo de Tansy se convulsionava. O sangue gotejava de sua boca e seu nariz. Kadan se ajoelhou no pó, seu corpo bloqueando o sol do amanhecer enquanto tentava despertá-la. Ele a sacudiu, chamou-a por seu nome e depois a deixou para conseguir água. Tansy se afogou, tossiu, virou a cabeça e depois rodou sobre os joelhos, seu estômago se rebelava com implacáveis arquejos. Quebras de onda de vertigem a desorientaram. Limpou a face e sua mão ficou manchada de sangue. — Aqui. Bebe isto — Kadan pôs uma garrafa de água à força entre suas mãos trêmulas e envolveu uma jaqueta ao redor de seu corpo nu. Tansy tentou levantá-la até sua boca, mas derramou gotinhas por toda parte. Kadan estendeu os braços ao redor dela, rodeando com sua mão as dela, estabilizando a garrafa. — Toma um gole — Sua voz estava rouca. Tansy o fez, enxaguando a boca com a água e cuspindo-a para limpar o oleoso sabor de sua boca. Não se foi. Sua mente parecia excepcionalmente tranqüila, e ela teve o mau pressentimento de que não era a única que controlava as vozes. Tomou dois goles mais, com cuidado, deixando que o líquido fresco corresse por sua garganta, antes de levantar o olhar para Kadan.
— Estão ainda ali em minha cabeça, não é? Como sempre. Você os esta detendo. Ele assentiu. — Por que diabos quando esse filho de puta soube que estava perseguindo assassinos em série, não te deu ferramentas com as quais trabalhar? — A fúria estremecia sua voz. Tansy tomou um profundo fôlego e o expulsou. — Suponho que se refere ao doutor Whitney. — Seus pais não o chamaram quando adoeceu depois de perseguir um assassino? Ela assentiu. — Parecia parte do acordo de adoção. Ele arrumou a adoção e meu pai parecia pensar que ele era o melhor para me tratar. Tive que contar, com todo luxo de detalhes, como me afetava cada caso. — Ele poderia ter te ajudado a se dirigir melhor com isso. — Normalmente o dirijo melhor. Se preparar minha mente para a sacudida, posso controlar a energia e as vozes durante um tempo. Infelizmente, o tempo se voltava mais e mais breve, até que eu alcançava um ponto em que era realmente inútil. E não as posso tirar de minha cabeça uma vez que estão ali —Tomou outro gole de água, saboreando a água fria quando raspava a garganta. — Sinto muito. Não deveria tê-lo feito. Seus olhos se encontraram. Ele a olhou como se quisesse dizer algo. Ela deu de ombros. — Suponho que teve que tentá-lo. Kadan negou com a cabeça, recusando tomar essa saída. — Não estava pensando no trabalho quando atirei a figura. A deixaram na cena do crime. Sempre deixam uma figura para trás. Parecem ser oito peças diferentes, e sempre deixam uma das oito em cada cena. — Porque tem oito jogadores. Kadan piscou. Se agachou na terra junto a ela. — O que quer dizer, oito jogadores? — É um jogo. Um jogo de assassinatos e há vários jogadores. Isso sustenta a razão de que se houver oito fichas então tem oito jogadores. Alguma peça está repetida? — Quatro delas. Duas nesta Costa e duas na Oeste. Ela guardou silêncio por um momento, com expressão meditativa. O sangue continuava gotejando de sua boca e seu nariz. Kadan não pôde evitar enxugá-la. A imagem o incomodava mais do que gostaria de admitir. Ela não se afastou, e ele estava conectado tão intimamente com ela que quase podia seguir a velocidade de seu cérebro enquanto ela começava a cotejar os dados com pequenos feitos que tinha captado do breve vislumbre que tinha recebido da mente do assassino. —É possível que forme parte de uma equipe. Estava preocupado por perder pontos se violasse às vítimas — Ela levantou a vista e ele juraria que ela tinha piscado para conter as lágrimas — As violou, não é? Às duas. Não teria sido capaz de
se deter. Gosta do que está fazendo e precisa da excitação. Necessita mais do que deseja ganhar o jogo. Kadan assentiu, afirmando. — Ambas foram violadas. — O controle é o que realmente importa. Zombava delas sobre escolher o homem errado. É possível que a esposa o conhecesse? A forma em que agiu era estranha. Não gosta da rejeição e obviamente se sente superior a todo mundo, homens e mulheres. Alimentava seu terror, e quanto mais assustadas estavam, mais poderoso se sentia. Kadan não quis interrompê-la. Ela era fascinante. Sua mente era fascinante. Ele tinha trabalhado com alguns grandes pensadores, mas aqui estava uma mulher, sem treinamento, que pensava como um detetive, seu cérebro compilava a informação mais rapidamente do que jamais tinha visto. Tansy passou uma mão por seu cabelo, franzindo o cenho quando seus dedos se enredaram. Ele tentou não notar a desarrumação de seu cabelo, que caía como um nó de seda ao redor de seus ombros e por suas costas. Seus seios mostravam fracas marcas, danificando a perfeição de sua pele. Ele as tinha feito. Eram os rastros de seus dedos sobre ela. Seu corpo se estremeceu, não importava a força com que tentava se controlar. — Por que não se veste? Pela primeira vez ela pareceu consciente de sua falta de roupa, franziu o cenho, um pouco confusa enquanto olhava a seu redor. Assentiu e se levantou instável. Kadan a agarrou pelo braço para se assegurar de que não caísse. Tansy tirou roupas de sua mochila e se separou do olhar dele. Não gostou, mas não estaria bem insistir em que se vestisse diante dele. Passou os poucos minutos de sua ausência lhe preparando uma xícara de café quente. Tansy voltou uns minutos mais tarde, a cara um pouco torcida como se tivesse estado chorando. Pegou a xícara de café e soprou sobre ela. — Os assassinatos ocorrem simultaneamente? Em outras palavras, se ocorre às pessoas na Costa Oeste, depois o segue outro nesta Costa? Se parecem? Ele negou com a cabeça. —São similares. Bem planejados. Deve haver mais de uma pessoa envolvida no planejamento, mas só uma leva a cabo realmente os assassinatos. Ao menos isso é o que penso. Não houve nenhuma prova de que haja mais de um assassino em uma cena de crime. Os assassinatos estão conectados pelas figuras do jogo. São incomuns, esculpidas em marfim e muito diferentes. Tansy olhou a seu redor. — Onde estão minhas luvas? — Por quê? — Suas tripas protestaram diante a pergunta e a resposta em sua mente. Lhe dirigiu um olhar de advertência. — Não se faça de tolo. Preciso olhar a figura. Não a examinei realmente e não a posso tocar sem luvas. — Não quero que volte a tocá-la. Ela suspirou.
— Olhe, já tive antes as vozes em minha cabeça e não vão me deixar, então o menos que posso fazer é te dar ao menos a direção correta. Recolho coisas inclusive através das luvas se as impressões forem o bastante fortes. Tenho o pressentimento de que este homem conservou a figura com ele durante toda a fase de planejamento e gostava de segurá-la em sua mão. Kadan amaldiçoou enquanto voltava as costas. Ela estava se afastando dele. Se distanciou dele e sentia a barreira inclusive em sua mente. Não podia culpá-la. Inclusive a entendia, mas ao diabo com tudo, lhe pertencia, e a separação depois de compartilhar seu corpo e sua mente era inaceitável. Ele mal podia respirar diante a perspectiva de perdê-la para sempre. A contra gosto deu a figura. Era um pequeno potro, anatomicamente correto. Ela pegou entre dois dedos, girando-o repetidas vezes. Seu dedo indicador começou a deslizar-se com o passar do pescoço do cavalo, onde não havia crinas. — É o Italian Stallion1. Ele gosta de se chamar assim. Desfruta sabendo que pode manipular às mulheres e seus amigos sabem. Presume de que é responsabilidade deles manter a suas mulheres separadas dele, não delas. — O de garanhão Italiano está tão batido. Se usou muitas vezes. Seu olhar saltou para a face dela. — Estou seguro disso. Ele não era italiano, mas sentia como se o estivesse acusando de seduzi-la. Maldição. Talvez o fizesse. Não tinha contado a história de sua infância de propósito. Tinha escapado. Ficou horrorizado, mas não pôde deixar de falar, não pôde deter o fluxo uma vez que o dique tinha sido esmigalhado. Não tinha contado a história para seduzi-la ou para ganhar sua simpatia. Ele estava em sua mente. Compartilhando um ao outro. Ele a via. Via em seu interior. Ela era… Tudo. Tansy estudou a cara desde cada ângulo. —Gosta desta identidade mais do que gosta da sua própria. Fomenta-a. A maioria simplesmente o chamam Potro2. Quem são? Seu dedo era hipnotizante, esfregando o pescoço de acima abaixo, quase uma carícia. Kadan recordou a sensação de seus dedos acariciando seu eixo. Ele tinha estado tão duro. Tão grosso. Nunca o tinha estado antes, cheio até arrebentar. Olhando-a, com seu cabelo por toda parte, sem maquiagem e com esse olhar remoto na face, seu coração estremeceu. E sim, inclusive agora, a brisa levava o débil perfume de canela, embora agora se misturava com seu próprio aroma. — Seus amigos — Supôs Kadan. — Estão perto mas à parte. Se escondem nas sombras. A noite é nossa. A cabeça dele subiu com alarme. — Que diabos está dizendo? — Lhe arrebatou a figura da mão — O que quer dizer com isso?
1
Italian Stallion(garanhão Italiano), no original. Faz referência ao filme Rocky.
2
Nome próprio com o que designaram o assassino cuja figura no jogo é o potro garanhão.
Tansy voltou seus reluzentes olhos para ele. Agora ele sabia o que faziam esses olhos. Olhavam no interior, onde as pessoas “supostamente” nunca olham. Ela estava vendo muito. Onde estava o gelo em suas veias? Onde estava sua frieza? — Não quis dizer nada. Vi as palavras, isso é tudo. Ele acredita que é invencível na noite. Ela tirou as luvas e as deixou cair sobre a mesa como se não pudesse suportálos contra sua pele. Kadan negou com a cabeça. — Não acredito. Não há tantos de nós. Oito? Oito assassinos? Caminhantes Fantasmas? —Negou com a cabeça de novo — Não acreditarei. — Então a frase tem significado para você? Ele a olhou com rudeza. Tinha crescido rodeada de detetives, e sua pergunta, com aquela despreocupada voz, soou como um. — É minha companheira — Disse bruscamente, reforçando sua reclamação — Não o esqueça — Antes que ela o negasse, subiu a manga. — Oh meu Deus, como não vi ontem à noite que estava ferido? — Perguntou Tansy —Sinto. Não sabia. — Não é nada. Um arranhão. Costurei-o. Estou te mostrando a tatuagem. Houve um silêncio espectador. Primeiro não viu nada em seu braço, mas então quando ele liberou um pouco de energia psíquica, permitindo-a girar perto dela, pôde ver o estranho emblema. — O emblema dos Caminhantes Fantasmas. A noite é nossa. Está em nosso credo — Explicou, a expressão severa — Não acredito em coincidências. Mas oito… Isso seria uma equipe inteira — Negou com a cabeça — De maneira nenhuma, Tansy. Conheço-os todos. — Estão sob muita pressão. Você sabe melhor que ninguém, Kadan — Disse em voz baixa, observando atentamente — As dores de cabeça, a contínua pressão do mundo exterior, deixariam louco a qualquer um. Deveria sabê-lo. Mas vocês não mataram as pessoas brutalmente. E sem dúvida alguma não o têm feito por diversão. Estes bastardos o estão fazendo por diversão. Esfregou o cenho franzido da testa. — Então por que estão os Caminhantes Fantasmas sob suspeita? Não estou segura de entender essa parte. Ela ainda tinha sangue na comissura da boca. Ele odiava essa visão. Vertendo água em um tecido, cortou a distância entre eles. — Até agora temos dez assassinatos. Cinco em cada costa. Cada um similar, mas muito diferentes e cada um tinha uma peça do jogo abandonada no lugar, algumas peças usadas mais de uma vez. — Isso não explica a conexão com os Caminhantes Fantasmas. — Saltou sobre mim, Tansy. Exatamente sobre minha cabeça — Assinalou Kadan — Sabe que estamos geneticamente melhorados e podemos fazer coisas que outras pessoas não podem. Há fortes indícios de que quem fosse que cometesse estes crimes pode fazer coisas que seriam consideradas impossíveis. A maioria dos assassinatos desta Costa ocorreram já seja em Seattle ou Tacoma, em Washington. Os assassinatos da Carolina do Norte estão perto também da base dali. Acreditam que quem os está cometendo está nas Forças Armadas.
— Onde estão os Caminhantes Fantasmas? — Dispersos por aí, em missões. Têm residências, é obvio, mas freqüentemente estão em ambas as costas. — Alguém tentou eliminá-los como suspeitos? Se estiverem no exército, alguém tem que saber onde estão um dia determinado, não? Kadan reparou que Tansy estava se balançando, as mãos ainda trêmulas, embora tentava as ocultar. Se aproximou dela ignorando o modo em que se esticava quando lhe passou o braço ao redor da cintura para acalmá-la. — Os Caminhantes Fantasmas operam fora dos parâmetros ordinários. Não respondem diante ninguém exceto seu chefe de equipe, o general ou o almirante. Ambos dirigem as equipes. As missões são classificadas e freqüentemente implicam viajar fora dos Estados Unidos sem evidência escrita. Em outras palavras, é difícil dizer onde está a verdade porque uma vez soltos, têm a habilidade de entrar e sair do país, e inclusive de estado em estado sem que ninguém saiba. É obvio que o estamos comprovando tão rápido como podemos, mas não é fácil, em especial porque que não posso lhes revelar a investigação ou o fato de que estão sob suspeita. — E estão todos fora do país? Ele negou com a cabeça. — Mas ninguém pode confirmar seu paradeiro exceto outros Caminhantes Fantasmas. O consenso geral parece ser que se proporcionariam limitadas uns aos outros. Suspirou. O fariam? Com certeza sim. Outro calafrio atraiu toda sua atenção para ela. Mais perto, tocar sua pele suave era uma espécie de inferno privado. Inclinou a face para trás, sem prestar atenção ao estremecimento, e enxugou o sangue restante. — Sente-se antes que caia — Quando ela não o contestou, a pegou pelo braço e a levou à força de volta ao saco de dormir. Seu corpo estava tremendo, porém foram os olhos que o preocuparam. Ela se sacudiu, o olhar vazio por um momento e depois regressou tremendo. — Estou bem — As palavras foram murmuradas, e pela segunda vez ela pressionou a mão na própria cabeça. — Começou a dor de cabeça. Ela assentiu, engolindo em seco. — Estou acostumada. Tenho pílulas em algum lugar — Olhou ao redor sem poder fazer nada. Seu corpo se sacudiu de novo e os olhos ficaram fixos. — Maldição, Tansy, esta tendo um ataque — A levantou, mantendo-a perto, a segurando por um momento, deixando cair a cabeça contra a sua brevemente, antes de encostá-la na cama improvisada. — Eu sei. Ocorre. A dor de cabeça é pior — Se afastou dele rodando e se enrodilhou como uma apertada bola — Tenho que cobrir meus olhos. — Onde estão seus óculos? – Já em pé buscando-os, fuçando nas bolsas que tinha empacotado, buscando as pílulas. Ela não contestou, porém começou a se mexer, uma mão formando um escudo para seu olhos sensíveis. — Isto acontece cada vez que persegue um assassino?
Ela resmungou sua resposta, as palavras ininteligíveis, porém ele sentiu o assentimento em sua mente. — E as pessoas pensam que eu estou louco. Kadan se acomodou a seu lado, segurando a cabeça dela com a palma da mão, colocando as pílulas na boca dela e depois segurando a garrafa de água. Ela gemeu suavemente ante o movimento, porém obedientemente ela engoliu o remédio. — Não tem que ficar comigo. Queria que se fosse, odiava que alguém a visse nesse estado. Vulnerável. Com a mente sumida. Quase demente. Doía. Doía tanto. Kadan acariciou seu cabelo rebelde, os dedos se demorando nas sedosas mechas. — Não fale. Não use telepatia, só piorará a dor de cabeça. Dorme, Tansy. Ela tinha feito isto desde os treze anos. Sem treinamento. Sem exercícios para ajudar a formar barreiras entre a violenta energia e seu cérebro totalmente aberto. Que possível razão poderia ter tido Whitney para deixá-la sofrer? Era outro de seus loucos experimentos? Evidentemente tinha documentado cada incidente, insistindo em examinar a ela e interrogá-la cada vez que usava sua habilidade para rastrear um assassino em série. Tinha querido ver quanto tempo demoraria para se quebrar? Ela estremeceu contra ele, seu corpo tremendo enquanto a sobrecarga a golpeava por completo. Maldizendo se deitou a seu lado, usando o calor de seu corpo para esquentá-la. Sua pele estava fria, os olhos quase opacos. A rodeou com os braços e a atraiu fortemente contra ele, se aconchegando tanto que seu corpo protegia o dela. Encaixava. Estava feita para ele. Whitney não podia ter feito isso. Kadan elegeu não acreditar nos feromônios. Os feromônios não podiam fazer sentir outra coisa que não fosse atração física, a qual tinha aos montes, porém ali tinha muito mais. Fazia muito tempo que tinha deixado de ser emocional, porém agora era... Com ela. A sós, com ela caindo em um sono irregular, podia se permitir um pouco de sentimento. E não valia a pena destruí-la por completo por causa de sua missão. Encontraria outro caminho. Sempre tiinha outro caminho. O corpo dela se sacudiu e ela gritou, pressionando ambas as mãos na cabeça. As mãos dele foram a seus ombros, a massageando com suavidade, depois foram para o pescoço numa tentativa de aliviar sua tensão. — Shh, neném, dorme. Não vou permitir que o faça. Encontrarei um modo alternativo. Somente dorme para mim. Ela se acalmou um pouco. Não podia estar seguro de que era pelo consolo, ou a massagem, porém parecia mais tranqüila. Afastou o cabelo dela para um lado e se inclinou para beijar sua nuca. — Vou dizer a eles que você perdeu sua habilidade, porém, neste caso, precisará passar despercebida até que eu termine com isto — Falava em voz alta, mais para si mesmo do que para ela. Sentiu que o corpo dela ficava tenso. Os longos e úmidos cílios estremeceram, se abriram e ela o olhou, os olhos tão claros que pareciam violetas. — Digo a sério Tansy, está livre. Só precisa dormir e não se preocupar por nada mais — Deslizou a mão através do cabelo dela. Ela fechou seus olhos de novo e relaxou sob seus braços.
Kadan suspirou. Como iria encontrar forças para deixá-la? Nunca antes tinha pensando em termos de uma mulher ou lugar. Tinha sido um solitário desde que tinha oito anos. Seus amigos eram todos Caminhantes Fantasmas. Homens que entendiam o que era ser diferente. Eram guerreiros, talvez nascidos no século errado, homens de honra e código e uma forma de vida que era politicamente incorreta. As mulheres nunca deveriam viver com homens como ele, e não estava em situação de marcar sua reclamação com uma. Esfregou os dedos no cabelo sedoso. A desejava. Desesperadamente. Esta mulher trazia a luz do sol para sua alma. O fazia acreditar de novo. Esperança. Sentir que ali tinha uma oportunidade de futuro. Talvez um lugar para crianças. Tinha estado em sua mente e a conhecia mas intimamente do que um homem podia conhecer a uma mulher durante cinquenta anos de convivência. Tinha força e determinação. Independência. Compaixão. Ela era suave donde ele era duro. O sol começava a subir mais alto no céu, e se permitiu cochilar enquanto podia. Não tinha dormido muito na noite anterior. Corpo dela tinha sido muito tentador, e tinha estado morto de fome e viciado depois de prová-la pela primeira vez. Ser um soldado significava que dormia quando podia. Despertou com Tansy gemendo suavemente, se movendo conta ele, acariciando sua face com a mão. — Se sente melhor? — Sim. Tenho um pouco de medo de te deixar sair de minha cabeça. Não sou boa contendo as vozes — Afastou seu cabelo da testa, os dedos procurando a cicatriz — Vou sentir falta de poder te tocar. Nunca toco ninguém. Ela não acreditava que alguma vez fosse capaz de tocar a alguém outra vez. Ele deveria ter se sentido mal. Em vez disso queria ser o único ao que ela pudesse tocar. Bastardo egoísta. Mentalmente se deu uma patada. — Vou ensinar alguns exercícios que a ajudarão a fortalecer as defesas contra algo que invada sua mente. Ela franziu o cenho e se incorporou. — Que exercícios? — Há coisas que pode fazer, praticar, para ajudar a filtrar as coisas. Como a meditação. — Já o faço. Nunca ajudou. Kadan se levantou e a arrastou com ele. — Isto vai ajudar. Sente-se na mesa. Ela estudou sua face durante um longo momento antes de concordar, tomando o assento oposto. Kadan voltou a ser todo um militar, e muito sério, enquanto ensinava os exercícios mentais para construir um muro em sua mente, um tijolo cada vez. Era bastante diferente da simples imagem mental que ela empregava de uma porta contendo atrás as vozes e as imagens em sua cabeça. A barreira tinha que ser construída e transformar-se em um hábito enraizado. Quando vacilava, ou se enganava, Kadan vociferava as ordens como um sargento de instrução. — Esta me provocando uma dor de cabeça — Disse ela ao fim, fulminando-o com o olhar — E não estou sob seu estúpido comando. Ele esticou a mandíbula.
— Já tem dor de cabeça assim é que não conta. Estes exercícios funcionam e precisa aprendê-los rapidamente. Não vou estar aqui para te tirar a dor. Realmente não podia dizer que não ia funcionar, porque em só uma hora já podia dizer que sua mente estava mais calma. Se fazia os exercícios cada dia, poderia fortalecer os filtros e as barreiras e manter a raia as vozes. — Muito bem. Não disse que não ia continuar trabalhando. Se tiver que ir logo, me deixe ao menos tentar encontrar sentido a algumas das impressões que tenho do garanhão de marfim. houve dez assassinatos que saiba até agora, não? — Não precisamos falar mais disso. Não te quero implicada. — Ouvi-te dizer isso. Queria dizê-lo? Desta vez ela estava em sua cabeça. Esperando. Contendo o fôlego. Observando-o. Kadan assentiu lentamente. — Posso encontrá-los. Não merece a pena para mim te usar para salvar meus amigos. Ela soltou o fôlego. — Está fazendo isto para salvar a seus amigos ou para deter os assassinos? — As duas coisas. Alguém tem que detê-los, e não deixarei os Caminhantes Fantasmas assumir a culpa. Temos um poderoso inimigo na Casa Branca e quer a todos mortos. São bons homens, Tansy. E não os vou decepcionar. — considerou pedir ajuda aos outros Caminhantes Fantasmas? Se acredita tanto neles e são capazes de fazer o tipo de coisas que eu faço... Ele negou com a cabeça. — Ninguém é capaz de fazer o que você faz. E tem cabeça para isto. Encaixa as peças do quebra-cabeças com uma velocidade assombrosa. Tansy procurou ao redor uma garrafa de água. — Tenho sede — Precisava tempo para pensar. Imediatamente Kadan tirou uma garrafa da geladeira. Tansy a agarrou e agradecidamente tomou um longo trago. — Quais são as outras peças do jogo? Tem-nas com você? Ele negou com a cabeça. — Só trago uma. Pensei que te levaria de volta comigo. Ela agitou com a unha na pequena mesa. — Suponhamos que temos duas equipes e que cada membro da equipe tem sua própria peça do jogo que deixa atrás quando é sua vez de jogar. Ele levantou uma mão. — Recue. O que quer dizer com, “sua vez de jogar”? —Disse-lhe isso, isto é um jogo. Estabeleceram as regras e é lógico que cada pessoa tenha uma vez e cometa um assassinato predeterminado. Possivelmente estão copiando crimes do passado. comprovou as similitudes nos assassinatos com assassinatos históricos? — Não, mas posso fazê-lo bastante rápido. — Eu o faria. Podem estar emulando assassinatos. Têm cartas de algum tipo — Ela franziu o cenho forçando sua mente a abrir-se um pouco e permitir-se recordar — Não cartas de jogo. Um pouco maiores, como as cartas do tarot.
— Obteve tudo isto só segurando essa peça do jogo? — Kadan a queria como companheira. Sua informação era bastante mais minuciosa e claramente apresentada que poderia ser qualquer outro relatório. E ela tinha uma experiência valiosa. — Preciso saber o que são as outras figuras. — Está segura? — Não queria arrastá-la a um lugar mais profundo, não quando sabia que tinha que deixá-la ali. De fato, a distância, não poderia proteger sua mente, e essas vozes ainda estavam gemendo. Distantes, mas ali estavam. O melhor que podia esperar era que os exercícios que tinha ensinado a fazer a ajudassem depois de que ele partisse. — Só me diga isso. Ela estava impaciente, sua mente tentando resolver um quebra-cabeças com tão poucas peças. — A rã, há uma rã, esculpida também em marfim. Se tivesse que adivinhar, apostaria a que o mesmo homem esculpiu as duas figurinhas. — Eu poderia dizer isso se houvesse trazido as duas — Houve um fio de desprezo, uma reprimenda em sua voz — A rã e o garanhão, ambos foram deixados em diferentes cenas do crime deste Costa? Ele assentiu. — Uma rã, um garanhão, uma serpente, e o que parece ser a folha de uma faca. Ela levantou a cabeça com alarme. — Todas feitas de marfim. Inclusive a folha? — Sim — Podia ver que sua mente estava funcionando a dobro velocidade. — De algum jeito isso é significativo. Três formas de animais e a folha de uma faca —repetiu, mais para si mesmo que para ele — O que tem as peças deixadas na Costa Oeste? — Um falcão, um escorpião, um touro anatomicamente correto e muito bem dotado, e uma réplica perfeita de uma foice de cabo longo. — Há um patrão. Temos dois semeadores e duas armas. Para o caso, digamos que são apelidos. A maioria dos soldados das Forças Especiais não têm estranhos apelidos? A boca dele se esticou. Estava enterrando seus amigos com as rápidas deduções. Deu uma rápida olhada sob o contorno das longas pestanas. — Vou na direção militar porque você vai nessa direção. Temos um garanhão em ambas as equipes. Podemos supor que a arma é o líder da equipe. Os outros dois são provavelmente seguidores. Assim que quem está organizando o jogo não é? — Não entendo. Ela deu de ombros. — Alguém está organizando o jogo. Tem outro jogador. Ou o árbitro. Estes homens são altamente competitivos. Procuram situações de alto risco. Querem ação. Preciso ver o resto das peças do jogo e saber sobre os outros assassinatos — Ela tomou ar e o expulsou — Vou com você. Kadan negou com a cabeça, as tripas retorcendo-se. Já estava. Total capitulação. Estava enganchada. Iria com ele voluntariamente.
— Não — Sua voz foi firme — De maneira nenhuma. Disse que ia contar lhes que já não o pode fazer. Ela agitou a mão no ar. — Agradeço, e não quero voltar a fazê-lo outra vez, mas não vou ser capaz de deixá-lo. Este assassino, o “garanhão”, vai matar outra vez. Se não com sua equipe, ele sozinho. Já pode estar fazendo. De fato, apostaria que já o faz. Começará com prostitutas, mulheres que são muito vulneráveis. Precisa poder e controle. Tem que ser detido, Kadan, e se nenhum de seus amigos pode fazer o que eu faço. Como vai rastreá-lo? Os assassinatos são muito aleatórios. Kadan fechou os olhos e afastou a vista dela. — Maldição. Só maldição — Porque deveria dar meia volta, deixá-la em paz, mas não o ia fazer. E não porque precisasse salvar as vidas de seus amigos. Nem porque precisasse salvar a vida de gente inocente. Ia fazer a passar através do inferno porque era um bastardo egoísta e não estava disposto a deixá-la. Não gostou de saber isso de si mesmo, mas era assim.
Capítulo 6
Começaram a brigar no instante que entraram na casa onde Kadan tinha estabelecido o quartel geral. Tansy ia chamar seus pais Kadan gostasse ou não. E não gostava. Ela sacudiu a cabeça, os olhos mostrando desafio. — Pode uivar todas as ordens que queira, machão, mas eu não estou sob seu comando. Não sou exatamente uma novata neste negócio, e não descerei à categoria de sua subordinada, assim supera também essa idéia. De qualquer forma, quem você acha que é? Kadan caminhou passo a passo para ela, invadindo deliberadamente seu espaço pessoal, inalando sua essência de canela, desafiando sua idéia do que era igualdade. — Sou o único homem que vai se deitar com você de noite, te segurar perto e te manter segura. Sou o único homem que vai fazer amor com você em qualquer lugar, qualquer momento, qualquer maneira que ambos necessitemos ou desejemos. Mais importante ainda, Tansy, sou o homem que vai matar a qualquer um que a ameace. Assim pode me escutar condenadamente bem. Ela pestanejou, abriu a boca e a fechou outra vez, parecia confusa e completamente seduzida e desconcertada para resistir. Kadan inclinou a cabeça para baixo e tomou posse daquela suave e trêmula boca. Beijá-la era tão condenadamente bom. Queria se perder nela, simplesmente fazer desaparecer o mundo, assim poderia passar a vida pele-contra-pele, beijando-a. — Sabe como baixar as fumaças de uma mulher — Disse ela de maneira acusadora, quando pôde falar outra vez — O que acha que tenho que dizer disso? — Nada. Só me beije outra vez.
Tansy elevou a boca para ele. Desta vez a atraiu mais perto, com a mão na nuca a segurando quieta enquanto a explorava conscienciosamente, saboreando seu sabor de canela. — Se supõe que nunca deveria discutir comigo — Descansou a testa contra a sua, examinando os estranhamente coloridos olhos dela. Ela riu baixinho. — Odeio te amassar o bolo, amigo, mas todos os beijos do mundo não vão impedir que diga a meus pais onde estou, com quem estou e o que vou fazer. Não lhes escondo coisas. Kadan se separou dela, caminhando através da sala. — Não posso confiar neles. Essa é a verdade tanto se quer acreditar nela como se não. Até que lhes dê o visto bom, tenho que tratá-los como o inimigo. — Meus pais? Inimigos? O que acha que vão fazer? Contatar com os assassinos e lhes dizer onde estamos? Ele deu a volta e a agarrou com força pelos ombros. — Acredito que chamarão o doutor Peter Whitney e informarão do que está fazendo. Tansy tentou se soltar, o horror aflorou em sua face, mas ele a segurou com sua enorme força, se negando a permitir que ela se afastasse de seu firme calor. Deu-lhe uma pequena sacudida. — Ouviu-me, Tansy? Entendeu o que te disse? O que quis dizer? Sou o homem que matará a qualquer um que a ameace. Ela engoliu seco e negou com a cabeça. — Não meus pais. Nunca me trairiam. Nunca. Não importa o que pense, eles não o fariam. — Por que escolheram uma menina com problemas, Tansy, quando eram o bastante ricos para comprar a perfeição? Qualquer agência de adoção teria dado o quisessem, até a cor de cabelo e olhos. Por que você? Quando a conseguiram, provavelmente não podia suportar seu toque, nem sequer usar seus utensílios para comer. Vamos. Tem um cérebro. Usa-o agora. Compreende que demônios estava passando naquele tempo. Levaram você a um doutor que você claramente não queria ver, e apesar de suas lágrimas e rogos, a deixaram a sós com ele. Tansy fechou os olhos brevemente, tentando não recordar a maneira em que sua mãe suplicava a seu pai, se agarrando a ela antes que ele a colhesse com firmeza dos braços de sua mãe e a empurrasse dentro da sala com Whitney. Kadan não podia estar certo. Não deixaria estar certo. Até pensar desta maneira era uma traição do amor de seus pais por ela. — Se cale. Digo a sério, Kadan, não quero que fale mais de meus pais. — Então me prometa que não os vai chamar. — Tenho que chamá-los. Temos um trato. Se não o fizer, virão me buscar — Tansy o fulminou com o olhar imediatamente — Eles me querem, Kadan. Não me trairão. — Então pergunte qual é sua relação com Whitney e pergunte por que não disseram que ainda estava vivo. Vamos faça-o. Não me faça ter que descobrir seu paradeiro e descobri-lo eu mesmo, Tansy. Não quer que eu enfrente seus pais.
Se via tão sério, tão atemorizante, como se fosse capaz de entrar e pôr uma arma em suas cabeças. Seus pais. Duas pessoas que ela amava. — Duas pessoas que estão metidas nisto até o pescoço — Interrompeu Kadan, lendo sua mente com claridade — Whitney experimentava com meninas. Com você. E eles tinham que saber disso, mas não disseram nada. Não fizeram nada para detê-lo. Ao menos admita que tinham que tê-lo sabido. Ela empurrou o muro de seu peito. — Maldição! Simplesmente não pode deixá-lo. Está me deixando sem nada. Eles são minha prudência. São todo meu mundo e você não vai tirar isso de mim. Isto é um engano. Um grande engano. Estava louca ao vir aqui com você. Ele cravou os dedos, mais fundo, sem lhe permitir escapar. —Tem muita razão. Não parece ter a idéia básica de segurança, inclusive quando tem razões de sobra para ter medo. Mas eu não sou seu problema, Tansy, e não estaria tão alterada se já não soubesse. Não me culpe porque há algo que cheira mal sobre a forma em que a obtiveram seus pais. — É um bastardo. Tire as mãos de cima de mim. Vou chamar a meu pai. — Ponha em viva voz. Este número está oculto e será difícil de rastrear, mas ainda assim, só tem uns poucos minutos para falar. Estarei cronometrando você. Se começar a dizer algo que comprometa nossa missão ou sua segurança, desconecto. Entende? Manteve-a imobilizada, os olhos chamejantes enganchados nos dela com essa desumana, implacável e muito molesta expressão. Ela teve a selvagem urgência de dar um forte chute. Ao fim assentiu. Ele deixou cair as mãos imediatamente. Ela resmungou uma repetição do não agradável nome que o tinha chamado antes, só que desta vez acrescentou adjetivos não agradáveis para reforçá-lo. Ele simplesmente a ignorou. Tansy deu a volta, atravessando indignada a sala para o telefone. Pulsou com força o número de seus pais, se negando olhar a Kadan quando ele se aproximou atrás dela e pulsou o viva voz. Respondeu sua mãe. — Olá, mamãe — Disse Tansy ao saudar, retorcendo os dedos — Papai está com você? — Está falando por telefone, não por rádio — Observou sua mãe — Onde está? — Papai está ai? — Repetiu. —Está aqui mesmo. Vou pôr o viva voz do telefone assim ambos podemos escutar —acrescentou Sharon — Quando desceu da montanha? — Olá, papai. Preciso que me responda uma pergunta — Disse Tansy, agarrando fortemente seu pulso, cravando as unhas — Por que não me disse que o doutor Whitney ainda estava vivo? Houve um silêncio. Ela fechou os olhos imaginando a comoção nas faces de seus pais. — Esse filho de puta, te incomodou Tansy? — Exigiu Don Meadows — O que tem feito? Me diga isso carinho, e me encarregarei disso. Ela procurou ao redor uma cadeira para se recostar. Kadan empurrou uma e Tansy se derrubou nela.
— Por que não me contou isso, papai? Sofri o suficiente para merecer sabê-lo. Por que tem entendimentos com um homem assim? Tem que me dizer a verdade. — O que tem feito? Me diga onde está e enviarei o Fredrickson para que a recolha. Não confie em ninguém mais — Insistiu seu pai. Kadan deixou cair as mãos sobre os ombros desabados de Tansy em um esforço por mostrar camaradagem. —O que tem com você? — Perguntou Tansy silenciosamente. Houve silêncio outra vez. Sua mãe conteve um soluço. — Volta agora para casa, Tansy. Te contarei tudo, mas volta para casa. Kadan a agarrou mais forte e negou com a cabeça quando se inclinou para trás para olhá-lo. É necessário que saiam de lá, a algum lugar seguro. Provavelmente está escutando esta conversa. Lhes diga isso. Lhes diga que saiam. —Tenho que ir. Provavelmente está escutando esta conversa, papai, e não é seguro para você. Pega a mamãe e se esconda. Façam agora e não confiem em ninguém. Sua mãe gritou. — Não tem que fazer isso — Bramou Don Meadows — Ela retornará. Tansy se levantou de repente. — Mamãe? — Tansy? — Havia outra voz masculina ao telefone — Sinto muito, mamãe não pode falar agora mesmo. Tampouco papai. Tem vinte e quatro horas para retornar aqui ou ambos morrerão. Diga que entendeu. Fredrickson, o guarda-costas de papai, identificou ela para Kadan. — O que está fazendo, Fredrickson? — Perguntou. Sua mãe gritou de novo; desta vez o som estava repleto de dor, não de medo. —Entendi — Disse Tansy e desligou o telefone. Não queria dar ao Fredrickson, ou a ninguém mais, uma oportunidade de machucar mais a seus pais — Me consiga um avião. — Respira. Risquemos primeiro um plano. Tansy afastou sua mão de um tapa. — O plano é fazer o que Fredrickson quer que faça. Não vou deixar matar a meus pais. — Não vai matar a eles — Disse Kadan — Até que não a tenham, ninguém os vai matar. Quando lhe conseguirem, a utilidade de seus pais desaparecerá. Então é quando estarão em verdadeiro perigo. — Ouviu a minha mãe gritar. — Isso foi deliberado para te convencer de aceitar imediatamente. Ela o fulminou com o olhar. — Bem, surtiu efeito. Me consiga um avião. Kadan a contemplou com esse frio e impassível olhar que ia chegar a odiar. — Sente-se, Tansy. Precisamos pensar, não sair correndo sem pensar duas vezes. — Foda-se, Kadan. — Deu meia volta e se encaminhou à porta. Seus dedos posaram ao redor de seu pulso como umas algemas de aço. — É muito emocional para este tipo de trabalho. Se tranqüilize.
Ela se balançou, usando o impulso para potencializar ao murro que deu. O punho ia diretamente a sua mandíbula, mas ele o apanhou, um som forte soou quando os nódulos golpearam na palma de sua mão. Simplesmente lhe deu a volta, abraçando-a estreitamente contra ele. — Não seja estúpida, Tansy. Eu não sou o inimigo. Se quiser que seus pais sobrevivam, diabos, sente-se e me deixe calcular como tirá-los com vida. Precisamos saber o que está acontecendo. Está relacionado com os assassinatos? Se trata de Whitney e você averiguando sobre ele? Fredrickson era obviamente um infiltrado em sua casa, mas quem o pôs ali? Para quem trabalha? — Ele sussurrou as palavras, em voz baixa e calma, no ouvido dela. Sua respiração era quente, seu corpo ardente, seu agarre muito forte para rompê-lo — Usa o cérebro. Tansy odiava que tivesse razão. Odiava-o. Ela queria lhe dar outro murro só por estar certo. — Me solte. Vamos, me solte. Estou sentada. A contra gosto Kadan a soltou, a observando de perto com os olhos entrecerrados. Esperando. Sentiu-lhe em sua mente e o olhou furiosa. — Preciso da distribuição da casa e dos jardins, com tanto detalhe como é possível, e isso inclui a posição dos móveis e as luzes. Preciso conhecer a segurança. Câmaras. Guardas. Alarmes. Os códigos dos alarmes. Tudo o que possa me dar. Tansy apoiou a testa na mão. — Tinha razão. No que concernia a ela ele era o diabo, e realmente não a podia culpar. Rejeitou com um gesto seu reconhecimento. —Ouçamos o que têm que dizer antes de condená-los. Tem que ter muito cuidado. Whitney é um monstro. Ela deu outra rápida olhada. — Sei que é um monstro e deve ter algo contra eles. O que seja, tem que ser grave para que eles estejam de acordo com algo que esse homem tenha feito. Fui o inseto sob seu microscópio. O que vamos fazer para impedir que mate a meus pais? Ao menos o tinha incluído. — Vamos recuperá-los. Farei um par de chamadas e conseguirei um pouco de ajuda —Kadan não queria pensar muito sobre o modo em que seu pai havia dito a Fredrickson. Não tem que fazê-lo. Ela retornará, mas as palavras estavam gravadas em sua mente e as ramificações eram horripilantes. Ela arrastou o ar dentro de seus pulmões. — Os Caminhantes Fantasmas. Vai pedir a eles que nos ajudem — Havia medo em sua voz. — E vai perceber que não estão envolvidos. Não seremos capazes de prová-lo, mas examina cada peça do jogo, e quando conhecer à equipe, saberá se algum deles encaixa em alguma parte do jogo, certo? Tem fortes impressões da personalidade. — É obvio que saberei. O que ocorre se um deles está envolvido? — Me diga isso; tirarei uma arma e o executarei. Houve outro curto silêncio enquanto ela examinava sua face, procurando um sinal de que estava brincando. — O levaremos a juízo — O corrigiu.
— Não vai haver um juízo para nenhum Caminhante Fantasma apanhado assassinando civis. Há uma ordem de execução. Cada Caminhante Fantasma está com a corda no pescoço, graças a esses assassinos. Quando souber quem são, estou autorizado a caçá-los e exterminá-los. — E está de acordo com isso? Por um momento algo perigoso formou redemoinhos sob a calma gelada de seu olhar. — Esses homens são soldados, mais que soldados. São super armas, juraram proteger este país e a suas pessoas. Estão traindo a cada soldado que os precedeu, quão soldados agora lutam, e a tudo o que virá depois. Temos um código. Eles têm quebrado este código. E mais que isso, Tansy, sabe exatamente ao que nos enfrentamos melhor que ninguém. — Sempre é difícil enfrentar os psicopatas. Ele negou com a cabeça. — Super arma. Nunca esqueça que esses homens que perseguimos não são só soldados bem treinados, o qual dificulta enormemente nosso trabalho. Tive toda aula de treinamentos possíveis. Como esses homens. Estou realçado psiquicamente. Como eles. Estou realçado fisicamente. Eles também. Se alguém me perseguir para me matar, têm uma oportunidade. Uma. Têm que me pegar de surpresa; depois disso, os acharei e estão mortos. Esses homens são como eu. Uma vez que saibam que vamos atrás deles, desaparecerão e nunca os encontraremos a menos que saiam à superfície para tomar represálias. Ela assentiu lentamente. — Infelizmente, tenho que estar de acordo com essa valoração depois de tratar com o Potro. O homem que possui essa peça do jogo definitivamente se acha superior e por cima de todas as leis. O sentido de estar em seu direito é absoluto. Acredito que viria atrás de nós em um abrir e fechar de olhos, e nunca lhe passaria pela cabeça que poderia perder. — Vai perder — Disse Kadan, nenhuma inflexão patente em sua voz. Tampouco houve inflexão em sua mente quando ela a tocou. Só determinação e uma crença de que ele era muito mais inteligente que seus adversários e que seu código exigia que os homens que cometeram os assassinatos pagassem por lançar uma sombra sobre seus companheiros Caminhantes Fantasmas. Pagariam por trair a seu país e a honra de cada soldado que os Caminhantes Fantasmas representavam. Um calafrio lhe percorreu a coluna. Igual aos assassinos, Kadan acreditava que era superior e muito mais inteligente. Mais rápido. Mais forte. Que com seu treinamento podia levar a cabo qualquer situação. Acreditava em seus companheiros de equipe e tinha um forte sentimento patriótico do dever. Sobre todas as coisas, esses homens tinham traído a todos os soldados, a seu país, e seu código. A condenação já tinha sido passada. Para Kadan, eram mortos-vivos. Kadan estendeu a mão e capturou a dela, puxando até que esteve perto. A um suspiro. O calor do corpo dela encontrando e amplificando o calor do dele. —Tansy, não me tenha medo. Tem acesso a minha mente… Ela negou com a cabeça. — Não. Tenho acesso ao que me deixa ver. Você me vê completamente.
— Tem acesso a todos os cantos que lhe pertencem. Não escondo como me faz sentir. Quero-te, não para uma noite, e sim para sempre. — Por causa de Whitney. Acha que sua atração por mim é por causa de Whitney, e não está contente com isto. — Pensei — Admitiu sem se sobressaltar — E estava zangado pela manipulação. Mas Whitney só pode manipular a atração física. Não tem poder sobre minhas emoções. E você… — Emoldurou sua face com as mãos — Não tenha nenhuma dúvida da emoção intensa e profunda que sinto por você, Whitney nunca poderia tê-lo sonhado, nem muito menos arrumar para produzi-la em mim. Em geral não sinto emoção. Nem sequer sabia que era capaz de tão profundo sentimento. Assim nunca se preocupe que meus sentimentos por você sejam fabricados. Nunca a poderia machucar, sob nenhuma circunstância. Os olhos dela o inspecionaram, procurando algo, algum consolo que fosse além do que havia dito, pelo que via em sua mente. — Meus pais? — Perguntou em voz baixa, incapaz de deixar de se preocupar. Kadan era implacável e um homem sem misericórdia. Ela sabia que executaria a quem fosse, amigo ou não, se eram culpados, e o faria sem titubear. Ele deu de ombros. — Não estou disposto a te mentir, Tansy. Espero que não sejam culpados de nada além da estupidez, mas se tentarem fazer mal a você, se sua intenção é te trair e te entregar a Whitney, terão que passar sobre mim para fazê-lo. O polegar acariciou os contornos da estrutura óssea dela, riscando sua mandíbula e as altas maçãs do rosto, baixando para flutuar sobre os lábios. As pontas de seus dedos se sentiam duras, entretanto suave veludo, e ela não pôde conter o estremecimento de necessidade ou a inevitável excitação que ia de seus seios até suas coxas. Ele era cativante, e o atraente toque de outro humano era inescapável, mas mais que tudo isso era a intensa sensualidade, a forma em que seu olhar se voltava ardente e se movia sobre ela com tal posse, a forma em que uma piscada de seus olhos parecia lhe tirar a roupa. Tocava sua cabeça, acariciava seu seio ou passava a mão pela coxa nos momentos mais inesperados. No helicóptero, antes, quando tinham sido recolhidos, ela tinha se aconchegado com os joelhos juntos e a cabeça baixa, se fazendo pequena. Ele se sentou a seu lado, sua forma grande a protegendo de olhos curiosos, embora parecesse estar dormindo. Então e agora, o tinha encontrado em sua cabeça e estava acariciando o interior de sua coxa. Acariciando com as pontas dos dedos o seio, se inclinando para lhe beijar a garganta. Ele podia derreter seu coração sem grandes esforços. — É um homem muito perigoso, Kadan. — Mas não para você — Inclinou a cabeça e a beijou — Nunca para você. Ela levantou a sobrancelha. Não sorriu. — Está muito enganado a respeito disso — Porque estava roubando sua vontade, sem se dar conta ou não. Suspirou. Não podia deter a reação física diante dele, mas precisava começar a pensar com o cérebro se ia ajudar a seus pais — Como sabemos que seus amigos nos ajudarão?
— Ajudarão. Não temos muito tempo. Farei as chamadas. Anota tudo o que possa a respeito da segurança e os planos das rotas. Ryland e Nico são assombrosos se infiltrando em território hostil sem ser vistos. Esta será uma boa oportunidade para que veja os Caminhantes Fantasmas em ação e veja o que nos enfrentamos de verdade. — Vou tomar uma ducha — Ainda estava um pouco dolorida por sua batalha mental com as vozes e enquanto a água quente caía sobre ela e a limpava, esperava praticar os exercícios mentais que ele tinha dado para reforçar suas barreiras. — Dê uma olhada — Convidou enquanto girava para o telefone. Tansy o fez. Ele tinha preparado uma sala de guerra. Imagens das vítimas assassinadas forravam as quatro paredes. Cada crime estava documentado cuidadosamente com a câmara, as posições dos corpos, a cena mesma, as salpicaduras de sangue, tudo estava ali. Fechou a porta, se negando a dar um passo dentro do pesadelo sem ele para ajudar a defendê-la. Como fosse, seu estômago se rebelou e recuou apressadamente pelo vestíbulo ao quarto principal, onde Kadan tinha jogado sua mochila na cama. A água quente se sentia bem em seu dolorido corpo. Tomou tempo lavando o longo cabelo. Tinham passado meses desde que tinha sentido água quente de verdade em seu corpo. Se banhar na piscina natural tinha sido um golpe para seu sistema até que se acostumou, mas tinha esquecido o bem que se sentia a água quente. Era o êxtase completo. — Coloquei sua roupa na máquina de lavar roupa — Disse Kadan, sustentando uma toalha. Não afastou os olhos, mas sim bebeu diante a vista de seu corpo, notando cada marca que tinha posto ali na noite anterior — Só estaremos aqui umas poucas horas, assim que imaginei que o melhor era fazê-lo rapidamente. Ela envolveu a toalha a seu redor. — Obrigado, estive lavando ela em bacias. Indicou com o dedo que desse a volta. Tansy girou lhe dando as costas e ele deslizou outra toalha sobre a cabeça, esfregando sua cabeleira e a massa de comprido cabelo. — Ryland Miller está casado com a filha de Whitney, Lily — Ignorou como seus ombros se esticaram e seguiu massageando-a — Rye a tem vigiada por outros Caminhantes Fantasmas para que esteja a salvo enquanto ele vem aqui para nos dar uma mão. Acabam de ter um bebê. — Está seguro…? — Estou seguro dele. O conheço há muito tempo, e recorda, posso ler as mentes. Ele sabe que tenho telepatia, mas não a extensão de penetrar nas mentes. Ninguém exceto você sabe que posso fazer isso. — Por que confiaria em mim qualquer de seus segredos? Ele descansou as mãos nos ombros nus e depois acariciou o vulnerável pescoço, os dedos fortes, se deslizando pela pele suave. — Tudo o que tenho para te dar é a verdade de quem sou. Tem que saber com o que está tratando. Ela girou a cabeça para o olhar sobre o ombro. Havia temor em seus olhos. Excitação. Confusão. Necessidade.
— Kadan, vim aqui para ajudar a resolver estes assassinatos, não para me entregar a você. A mão deslizou ao redor de seu pescoço até a garganta, a palma forçando a cabeça para trás, inclinando-a contra o peito até que esteve olhando seu frio olhar. — De verdade? Porque isso não é o que vejo em sua mente. — Minha mente está confusa — Tansy tratou de levantar a cabeça, mas ele rebateu o movimento, recuando, forçando seu peso contra ele até que se desequilibrou — Kadan —Disse seu nome suavemente. Uma súplica. Havia um rogo em seus olhos. Outra vez brilhando em cor violeta. — Encaixamos. Você não quer estar sozinha e eu tampouco. Nos dê uma oportunidade, Tansy. Não sou fácil, mas sou leal, seu, completamente. —Tenho medo de você. Não de que me faça mal, mas seu código é… Diferente. Estou assustada. — Acha que não sei? Serei suave com você. Ele inclinou a cabeça, riscando um caminho com beijos por sua face, lambendo sua boca até que a abriu para ele. Os lábios se assentaram sobre os seus. O coração dela revoou. Os músculos do estômago formaram redemoinhos. Um calor líquido alagou seu centro. Ela queria gritar devido que ele podia viajar tão facilmente por sua mente. Não tinha sabido quão facilmente podia ser influenciada pela atração física. — Kadan, é real? Nos atrevemos a acreditar que é real? Não quero sentir coisas por você, te amar e ver que tudo desaparece. Finalmente encontrei paz em minha vida. Podia viver do modo em que estava vivendo. Nunca seria capaz de retornar se me entrego a você e perco. Ela tinha estado em sua mente, tinha visto como era ele. Duro. Desumano. Implacável. Um guerreiro que, uma vez enviado a uma missão, nunca se deteria até que estivesse completada. Um homem que a desejava do modo em que desejava a luz do sol e o ar. Queria consumi-la. E desejava seu corpo... Estava obcecado conhecendo cada centímetro dela, lhe dando cada prazer que podia imaginar e tomar o seu próprio. Tinha sido um homem que nunca acreditou que teria sua própria mulher, uma mulher que compartilharia mais que seu corpo. Mas ela podia tomar sua mente, e poderia ser dela. Poderia pertencer a ele inteiramente, e agora que sabia, se negava a rejeitar a única oportunidade que tinha. — Whitney não pode manipular nossas mentes. Você me vê como sou e ainda me deseja. Eu te vejo e estou desesperado por você. Ele não está em nenhuma parte da equação. Ela girou em seus braços e descansou a cabeça contra seu peito. A forma em que ele sentia sobre ela, tão completamente apanhado, era de uma vez estimulante e aterradora. O fato de poder tocá-lo, estar em seus braços, fazer amor com ele e ter o prazer agregado de sexo mental realçava o que já era uma química física explosiva, o qual era tão atraente que duvidava que pudesse resisti-lo... Mas a sobrevivência demandava que o tentasse. Se o amasse... Se realmente o amava… O deixaria entrar completamente, seria tão difícil viver com o vínculo. Mas ele valeria. Ela sacudiu a cabeça. — Como saberia?
Ele agarrou o queixo com dois dedos e levantou a cabeça para cima outra vez, tomando sua boca com muito mais posse desta vez, excitando e batendo-se em duelo com a língua, enviando chamas diminutas lambendo sua pele. Quando ele levantou a cabeça, os olhos dela tinham passado do azul a essa formosa cor violeta que adorava especialmente. A face ruborizada, os seios subindo e descendo, a respiração em pequenos ofegos irregulares acelerados e reveladores. Tansy deu um passo se afastando dele, esfregando a boca com o dorso da mão, sacudindo a cabeça. Ele podia passar de frio como o gelo a ardente em segundos. — Quando vêm seus amigos? — Temos umas poucas horas. Necessitarei a distribuição e a segurança para que seja possível planejar nossa entrada. Não estarão esperando resistência. Não sabem de mim... Ainda. Seu tom a fez estremecer. Seus olhos não pareciam piscar nunca, frios e hipnotizadores ao mesmo tempo. — Alguém enviou dois assassinos atrás de você e o rastrearam até minha montanha, provavelmente sabem — Indicou ela. Ele deu de ombros. — Não tem importância. Tiraremos seus pais. E ele tinha a intenção de ter um tranqüilo bate-papo com o querido e velho papai antes que o homem pudesse estar só com sua filha outra vez. — Quero ver as peças do jogo. Toma uma ducha e depois veremos se posso descobrir algo que nos ajude antes que seus amigos cheguem aqui. Ele a agarrou pelo pulso enquanto ela girava se afastando. —Tansy — Esperou até que seu olhar se encontrou com o seu — Quando este resgate esteja em marcha, não interfira com o que seja que façamos. Segue as ordens. Ela franziu o cenho. — Não sei o que quer dizer. — Quer dizer que, em uma missão, nos organizamos do modo em que o fazemos em uma operação militar. Muito preciso. Não posso ter uma bala perdida correndo daqui para lá. Está de acordo em seguir ordens ou permanece aqui e espera. Uma rápida careta de impaciência cruzou a cara de Tansy. — Oh, de verdade? E como espera obter isso? Ele deixou cair o pulso e começou a desabotoar a camisa. — Prendendo você. Não importa. Organizo uma operação complicada e não vou ter você a fodendo porque esteja assustada por seus pais. Estará no planejamento em cada passo do caminho, mas uma vez que estejamos dentro, estamos sincronizados. — É tão inesperadamente encantador, Kadan. Acha que sou idiota? Fez uma bola com a camisa na mão e a puxou para ao cesto da roupa suja que mantinha a um lado da cômoda. — Não, acredito que é emocional. Há uma grande diferença. Ela abriu sua mochila. Estava vazia. — Colocou toda minha roupa na máquina de lavar roupa?
— Usa minha camisa. É o bastante longa para te cobrir. Tansy tratou de apartar os olhos enquanto ele tirava os jeans e os chutava longe. Bem, era impossível. Estava bem dotado. E havia cicatrizes. Muitas. Facas. Pistolas. Marcas que não podia identificar. — Talvez deveria aprender a se agachar. O fantasma de um sorriso roçou sua boca. — Talvez o farei. Não é educado olhar fixamente. Ela tinha estado olhando fixamente. Ainda o estava olhando fixamente. E sua dotação estava crescendo maior por momentos, o que significava que ela podia estar em apuros. Precisava de tempo para esclarecer o que estava fazendo realmente com ele, porque ele era muito entristecedor e não podia pensar com claridade. Resolutamente foi a seu armário e tirou uma camisa de comprimentos longos. Deixou cair a toalha, mantendo as costas para ele e deslizou a camisa pelos ombros. Não houve nenhum som para avisá-la e quase gritou quando as mãos dele rodearam suas costas, empurrando-a contra ele de forma que só se interpunha o fino algodão entre seu rígido membro e seu traseiro. Seus dedos acariciaram os seios enquanto fechava a camisa, fechando um botão de cada vez. Profundamente em seu interior, a matriz se apertou com paixão. Kadan afastou o cabelo molhado a um lado e pressionou um beijo no oco do ombro, a um lado do pescoço, e então os lábios sussurraram em seu ouvido. — É tão bonita, Tansy, que me dói. — A mão escorregou para baixo pelo contorno das costas para moldar seu traseiro — E sua pele é ainda mais suave do que parece. — Não me seduza — Se recostou contra ele, se sentindo indefesa sob o violento ataque da malvada lava fundida que alagava seu corpo — Não agora. Tenho que esclarecer coisas. Os lábios roçaram a orelha outra vez. — Não quero que pense muito. Se dará conta de que sou uma pobre perspectiva como marido e correrá. Suas palavras, ou talvez fosse a boca, causou um tremor de conhecimento. Os mamilos se esticaram e sentiu o líquido calor se reunindo. Nunca tinha considerado ter um marido. Nunca tinha pensado que poderia ser tocada… Ou que tocaria. — Toma uma ducha, Kadan — As palavras saíram estranguladas. Não havia maneira de ocultar o que ele estava fazendo. Beliscou seu ombro, sentiu o tremor que balançava seu corpo. Desejava que ela soubesse que lhe pertencia, que podia seduzi-la se escolhia fazê-lo. Os olhos dele disseram que já sabia. Satisfeito, depositou um beijo na comissura de sua boca e suavemente a endireitou. — Uma ducha — Esteve de acordo — Não entre no quarto de batalha sem mim. — Realmente tenho um cérebro — Fez uma pequena careta para ele — Evidentemente não o mostrei isso ainda, mas está ali. Tansy encontrou sem ajuda a cozinha. Cada porta tinha um estranho dispositivo através dela, e suspeitou que o dispositivo era algum tipo de bomba. Finos arames corriam pelas janelas. Desprendeu o telefone e não escutou sinal de marcar. Ele tinha feito algo para evitar que chamasse. Franzindo o cenho, voltou para o
quarto, a sua mochila. Seu celular devia ter estado dentro, mas tinha sumido também. Andou com passos rápidos até o banheiro. — Onde está meu telefone? A porta da ducha era de vidro transparente. Ele girou para ela, brindando uma vista frontal completa. Nem sequer a ira deteve a quebra de onda de excitação diante esse espetáculo. Ela praguejou para si, perto das lágrimas por como podia ser tão estúpida. Ele a tinha feito virtualmente uma prisioneira. Ele a olhou muito tranqüilamente, sua expressão remota, os olhos frios e isso só acrescentava chamas ao brilho de gênio e pânico aflorando. As duas emoções estavam retorcidas tão apertadamente que ela não reconhecia nenhuma de ambas. — Pensei que era melhor guardá-lo por um momento, até que esteja seguro de que você não vai perder o juízo. Ela ficou sem fôlego. A porta em sua mente rangeu. Os cochichos encheram sua cabeça. Mal registrou a troca de expressão dele enquanto se movia bruscamente e recuava à porta. — Tansy! — Kadan abriu a porta da ducha de repente e alcançou uma toalha enquanto corria atrás dela, a água voando por todo o chão, os pés nus golpeando enquanto corria pela casa para a sala da frente. Para! Não pode se mover. Dirigiu cada palavra como um prego a sua mente, o temor lhe atava os músculos do ventre e sua voz era irreconhecível. Tansy parou diante dele, uma mão estendida para a porta, seu corpo congelado no lugar. Ele cruzou a distância em um só salto, saltando sobre os móveis e sua cabeça, para aterrissar solidamente entre ela e a porta. A arrastou para seus braços, sobre as pontas dos pés, sustentando seu corpo contra o peito, o fôlego saindo em ofegos desiguais. — Maldição, Tansy. Poderia ter morrido, maldição. Que demônios está errado com você? Por que faria isso? Os pulmões ardiam por falta de ar e respirou fundo para se estabilizar. Ela estava fazendo outra vez. Em apenas dois segundos ela podia destruir o controle que passou toda sua vida construindo. Se afundou no sofá e agarrou seu queixo com a mão, forçando-a a encontrar o gelo em seus olhos. — Se fizer algo tão estúpido outra vez, te juro que darei a surra de sua vida. Inclusive enquanto as duras palavras saíam da boca de Kadan, estava fazendo chover beijos sobre sua face, pelas bochechas, seguindo o atalho das lágrimas, e todo o tempo a balançava suavemente da frente para trás. — Sinto muito, Tansy. Minha escolha de palavras foi pobre. Não acredito que vá perder o juízo outra vez e sei que é isso o que está pensado. Não te enganei para que viesse. Não te seduzi para que viesse comigo. Teria permitido que fosse. — Não posso voltar para esse lugar. Mal podia tirar as palavras. O medo da porta em sua mente se estilhaçando, permitindo os assassinos escapar, a aterrorizava. Por um momento tinha pensado que tinha mentido a respeito dos exercícios, sobre sua capacidade para ajudá-la a superar a resolução dos assassinatos. Se ele acreditava que sua mente se fraturaria outra vez, ela não tinha esperança.
Ele sentia seu terror, ouviu o aumento no som dos cochichos. Ela era tão frágil, e ele tinha trazido para esta confusão, e agora seus pais corriam perigo também. — Me escute, carinho. Se não puder dirigir a investigação, não o fará. Isso é tudo. A afastaremos imediatamente antes que algo vá muito longe. Estarei com você em cada passo do caminho, amortecendo sua mente. Se trabalhar com os exercícios, também ajudarão a reforçar suas barreiras. Que saiba isto absolutamente. Antes de algo ou alguém mais, protegerei você. Me olhe, Tansy — Obrigou a seu olhar a encontrar-se com o dele — Compreende que estou te dizendo a verdade. O mais importante em sua vida, a partir de agora até o fim, é que sempre pode contar comigo. Ela procurou sua face. Ele soube que o que via não podia ser alentador. Não era um homem atraente sob nenhum conceito. Várias cicatrizes se acrescentavam à ameaçadora aparência. Sua mandíbula era forte, a boca dura. Tinha aprendido fazia muito tempo a manter a cara sem expressão, e os olhos eram tão frios como a água gelada que corria por suas veias. Em geral, sentia pouco ou nada, até que chegou Tansy. Não podia explicar a ela, porque não o compreendia completamente ele mesmo. Sob o gelo parecia haver um vulcão que só erupcionava ao redor dela. — Não me controle, Kadan. Não quero ser controlada. Os olhos dele cintilaram com algo cru que fez que o estômago de Tansy desse um puxão. Se estirou para riscar sua boca. Havia sempre um bordo cruel aí, como se ele fosse capaz de coisas terríveis, mas um pequeno movimento, só um leve giro e podia parecer incrivelmente sensual. O olhar em seus olhos tinha uma escura luxúria que se intensificava quando a sustentava como agora. Seus braços se pareciam com o aço, seu corpo protetor e possessivo. Ela se voltou suave, fundindo-se contra ele, nele. Se perdeu em sua dura força. A mão de Kadan deslizou sobre a curva de seu quadril nu, esses dedos incríveis, duros embora suaves como veludo, roçando a pele eroticamente. A cabeça se afundou para encontrar a orelha outra vez. — Acredito que está mentindo para mim. Sinto sua necessidade me golpeando, Tansy. Quer o modo em que te controlo. — Se supunha que não fosse me seduzir. Kadan inclinou a cabeça para seu pescoço, beliscando com os dentes, primeiro o oco do ombro e logo o lóbulo da orelha. — Olhe em sua mente, Tansy. Você me seduziu, não ao contrário. Como poderia sequer resistir? Ela fechou os olhos, sabendo que tinha razão, sabendo que ela o estava tentando, acariciando sua mente com a sua, aumentando suas necessidades porque ela queria tão desesperadamente ser sustentada. Pertencer a algum lugar, a alguém. Os dentes dele morderam para baixo, cintilando dor por seu corpo, então sua língua formou redemoinhos, levando uma pontada. — Não a alguém, Tansy. A mim. Me pertence. Os olhos dela encontraram os dele e seu estômago se retorceu. — Diga. Ela queria resistir a ele, mas não podia resistir suas próprias necessidades. —Te pertenço.
Os dedos se moveram com cuidado pelo interior da coxa, excitando seu suave e úmido montículo. — Abra sua camisa. Os dedos continuaram sua viagem, se deslizando nela, curvando e excitando, acariciando e rodeando seu sensível broto. De novo quis resistir, só por consideração a seu orgulho. Não confiava inteiramente nele. Era muito frio, muito capaz de apagar as emoções, e não estava inteiramente segura de que pudesse confiar em que seria todas as coisas que dizia. Sua fome por ela era absoluta, mas havia uma necessidade nele que conduzia à posse completa. Ela não compreendia o que queria dela. A confundia. Confundia a ela mesma, o desejando desesperadamente, querendo escapar do modo em que a hipnotizava. Os dedos pararam. A matriz teve um espasmo. O desespero ganhou. Desabotoou lentamente a camisa, revelando o inchaço dos seios e a estreita caixa torácica, o ventre liso e por último os cachos na união das pernas. Quando a camisa esteve completamente aberta, os dedos se curvaram lentamente outra vez dentro dela e começaram a acariciar novamente, empurrando profundamente.
Capítulo 7
O fôlego de Tansy entupiu na garganta. Seu corpo pulsava de necessidade. Kadan podia convertê-la em um caldeirão de fogo líquido com um intenso olhar. A quente excitação se vertia por suas veias. Ele era todo músculo e força. E estava completa, totalmente, centrado nela. A fazia sentir como se tivesse que tê-la. Como se esperar um momento mais o matasse. Não dizia muito. Só a olhava com luxúria em seus olhos escuros, com posse e com cada fibra de seu ser rendida à demanda de seu fixo olhar. A calosa mão estava quente sobre sua pele e cada músculo de seu corpo se esticou. Ele conhecia cada sombra e cada curva intimamente e ela desejava seu toque. Desejava-o. Depois de uma vida de não tocar nem ser tocada nunca, se sentia como um gato, recebendo prazer com as carícias, arqueando as costas, empurrando os quadris para cima contra sua mão, necessitada de tudo que lhe desse. A ponta do polegar dele, com a estranha sensação das fibras do veludo, riscava preguiçosos círculos pelo interior de sua coxa, se deslizando para cima para acariciar a dobra entre as nádegas e a coxa. Um suave gemido escapou, necessitado, quente e tão pouco característico para ela, embora tinha medo de que com Kadan se tornou um ser muito sexual. O sangue troava em seu pulso, rugia em seus ouvidos e pulsava em seus clitóris, ao uníssono com a tensão crescente em sua matriz. Havia algo muito excitante em estar estendida no colo de um homem, a camisa aberta, os nus seios expostos e as mãos dele vagando possessivamente por suas coxas, deslizando os dedos e desaparecendo dentro de seu corpo, como se o corpo dela pertencesse a ele e não a ela. A expressão dele era escura e resolvida, os olhos centrados no subir e cair de seus seios. Havia satisfação nas linhas esculpidas e
sensuais de sua face enquanto contemplava como trocava a respiração dela a ofegos desiguais e se ruborizava grosseiramente toda ela. O calor irradiava dele e em seu colo o pênis crescia até um monstro necessitado. Pressionou contra ela fortemente, lhe permitindo sentir o modo em que ele respondia a seu ansioso e molhado corpo. — Me olhe, Tansy — Sua voz era áspera — Quero ver sua face quando te levar ao clímax. Adorava quão duro soava, o fio de seu tom, aquele escuro e intenso desejo, as linhas que pareciam mais profundas, a maneira em que a pele ardia enquanto seu olhar deslizava tão possessivamente sobre ela. Os dedos dele se endireitaram, se movendo mais profundamente, enchendo sua vagina, estirando as suaves e escorregadias dobras de veludo. Ela ofegou e corcoveou, enquanto o polegar pressionava sem descanso no duro broto. — É tão estreita, pequena — Sussurrou, os dentes mordendo o lóbulo da orelha — Quanto mais profundamente empurro, mais molhada e quente se põe — A língua lambeu o ouvido, formando redemoinhos pelo pescoço. Os dentes excitaram a pele. Se afundou em sua tensa profundidade outra vez, olhando sua face, bebendo os ofegos de prazer, a maneira em que seus olhos se aumentavam e seus mamilos se elevavam endurecidos. As coxas de Tansy se esticaram, os músculos do estômago se contraíram. Parecia tão decadente, Tansy se escancarou sobre ele, seu suave corpo aberto a todos seus toques, receptivo a seus desejos. Ele nunca tinha pensado que teria sua própria mulher, a única a quem desejasse, a única a que se sentisse unido, pele com pele, mente com mente. Tinha acontecido antes que tivesse uma oportunidade para pensar, ou sequer perceber ou entender, mas algo nela expulsava o frio e substituía o gelo com calor. Cada vez que a olhava queria tocá-la, lhe dar prazer, ver seus olhos velar-se com o quente desejo só por ele. Salvação. Talvez redenção. O que fosse, e não se importava, era que ela era sua e ele era dela. A umidade lhe cobriu os dedos, espessa e quente. Sua vulva estava tão malditamente apertada que seu membro dava puxões com antecipação. Empurrou outro dedo profundamente, estirando-a um pouco, afundando e retirando, observando sua face, a respiração pesada, esse rubor revelador e o brilho nos olhos. Tomou seu tempo, levando-a ao bordo do clímax, amando sua face, tão formosa pela necessidade. Se deleitou no modo em que o corpo dela cavalgava sua mão quase desamparadamente enquanto pequenos gemidos e súplicas escapavam. Se isto não era amor, não sabia o que era. Desejava-a com cada célula de seu corpo. Sabia que ela tinha nascido para ele. E prometeu a si mesmo que ela nunca teria uma razão para se arrepender de sua escolha. Se afundou mais profundo, o polegar excitando o clitóris até que esteve pendurando sobre o limite, gritando seu nome, o corpo quase estrangulando os dedos. Deixou-a agüentar, sentindo as poderosas ondas antes de tirar os dedos e prová-los, saboreando o sabor único a canela que era Tansy. Ela ofegava um pouco, aturdida pelo poderoso orgasmo. Ele deslizou a mão sobre seu traseiro em uma lenta carícia e se inclinou sobre o ouvido. Os dedos permaneceram agarrados a seu cabelo, a pesada massa envolta em seu punho.
— Saia de cima de mim e se ponha de joelhos — Inclusive enquanto o dizia, puxava seu cabelo com uma mão e empurrava os quadris com a outra. Tansy se encontrou ajoelhando-se entre suas pernas enquanto ele sentava completamente reto, as pernas plantadas a ambos os lados de seu corpo. A face dela estava em seu colo, justo onde ele o tinha planejado todo o tempo. Agarrou sua mão e a envolveu ao redor de sua grossa longitude, abaixo na base, enquanto usava a mão em seu cabelo para guiar sua boca sobre ele. A língua o lambeu primeiro e seu pênis saltou. Os testículo se esticaram. O quente ar banhou a larga glande. Ela lambeu a brilhante gota pré-seminal e observou o estremecimento de prazer que atravessava o corpo dele, sentia-o estremecer-se em sua mente. Kadan apertou os dentes enquanto ela passava a língua em uma carícia longa e lenta pela cabeça acampanada e depois a excitava por debaixo, onde era tão sensível. Ela parecia tão quente, ajoelhada em frente dele, a camisa aberta para dar uma vista de seus seios ruborizados e seu plano ventre, mais abaixo a nuvem de cachos brilhavam úmidos e convidativos. Lambeu os lábios e aspirou o fôlego enquanto ela o tragava. Sua boca era quente e apertada, e vê-la desfrutar lhe dando prazer, os olhos suaves e adoráveis, era tão malditamente sexy que quase perdeu todo vestígio de controle. Ela não afastou o olhar do seu, enquanto as bochechas se inflavam e a língua dançava e seguia as gráficas instruções da mente dele. A linguagem era crua, não podia evitá-lo; o estava matando com a apertada sucção da boca. As unhas roçavam o testículo e saltou outra vez, o ar em seus pulmões explodindo desta vez em uma rajada de sensações. Filho de puta, neném, justo assim. Duro. Os dedos seguraram o cabelo e a atraiu mais perto, incapaz de parar o repentino impulso de seus quadris. Houve um momento de temor diante a perda de controle, mas ele respirou por ela. Relaxe. Deixa que a garganta se relaxe. Isso, essa é minha garota. Maldição, isso é tão bom. Jogou a cabeça para trás, um rouco gemido escapou enquanto a agarrava pela nuca com uma mão e a sustentava ali, empurrando mais profundo. Queria que deixasse cair as mãos, que embalasse seu tenso testículo. Deu essa ordem também. Ela piscou, vacilando. A mão na base do membro era sua rede de segurança. Os dedos se esticaram no cabelo e puxou. Necessito que confie em mim. Mantenha sua mente na minha. Sente o que está me fazendo. Imediatamente o fogo se derramou pelo corpo dela como lava quente, centrando-se na virilha. Cada terminação nervosa estava inflamada, cada músculo tenso, das panturrilhas aos seios. Ela soube que criava essas sensações nele, esse cru prazer ao bordo do êxtase. Queria mais para ele, para ela mesma. Queria tudo, tudo o que pudesse tomar ou dar. Precisava tomá-lo mais profundo, apertar e massagear, verter mais calor sobre ele. As mãos se cavaram e acariciaram seu testículo, a boca se movia e todo o tempo podia sentir a necessidade dele, escura e erótica, puxando nela por mais, sempre mais. Ele necessitava que ela se entregasse sem restrições. Era a única maneira que ele tinha de combater o gelo em sua alma. Ela queimava o frio ártico em uma tormenta de luxúria e paixão.
Sustentou-a quieta, recuando, e então empurrou para frente, enchendo sua boca, pulsando ao longo da garganta, sustentando o olhar cativo com o seu. Marcava o ritmo, duro e rápido até que ela acreditava que não podia tomá-lo, então lento, cada golpe longo e pausado, enquanto sua voz na mente, áspera e sedutora, insistia para ela chupar mais duro, a banhá-lo com sua língua. Todo o tempo seu corpo doía, rogando atenção, os seios pesados e cheios de necessidade, seu centro molhado e pulsando ao mesmo tempo em que o membro em sua boca. Cravou-lhe as unhas na coxa, desesperada por todo ele, inclusive embora a estava intimidando um pouco, controlando sua cabeça com uma dura mão na nuca e o punho no cabelo enquanto seu ritmo começava a ser mais duro e mais rápido. Sentiu-o inchando e ele se retirou imediatamente, respirando fundo. — Assim não, carinho. — Posso sentir sua necessidade, vejo-a em sua mente — Protestou ela — Quero fazer isto para você. — Outro dia quero te sentir me chupando até me secar — Fechou os olhos brevemente, a sensação, a imagem, em sua mente dela querendo que culminasse em sua boca, desesperada por todo ele, em qualquer lugar, em qualquer momento, todo ele — Mas não esta noite. Esta noite quero estar tão profundamente dentro de você que nunca conseguirá me tirar. Quero te marcar como minha para sempre. Ela estava bastante segura de que já o tinha feito. Não podia se imaginar fazendo essas coisas que estava fazendo com ninguém mais. Seu corpo estava ainda em chamas, cada parte dela dolorida e necessitada. Ele segurou seu queixo, obrigando-a a encontrar seu repentinamente frio olhar — Mataria-o. — Quer dizer a mim — Corrigiu ela. Ele a amava. Já estava em seu coração, enterrada profundamente em sua alma. — A você nunca. Nunca poderia te ferir — E não podia. Ela era uma das poucas pessoas no mundo, talvez a única pessoa, que estava realmente a salvo, inclusive se quebrasse seu coração. A pôs de pé e a fez caminhar para trás até que estiveram atrás do sofá. Girou-a e uma vez mais a segurou pela nuca, dobrando-a para frente sobre o alto respaldo, lhe baixando a cabeça de maneira que a camisa subisse sobre suas tentadoras curvas. — Acredito que esta camisa começou a ser minha favorita. Não esperou. Não deu tempo. Não podia. Penetrou-a, dura e profundamente, através das quentes e escorregadias dobras e os tensos músculos que cederam com relutância e depois o seguraram com força, ondulando como seda viva. O grito dela foi alto, ressoando pela casa, mas o de Kadan foi rouco, estrangulado na garganta, o prazer rasgou seu corpo. Não podia acreditar como era desejá-la. A intensidade de sua necessidade era tão forte que mal podia manter o controle. Ela estava tão malditamente quente e apertada, tão sedosamente suave e escorregadia, que teve que lutar para reter seu clímax. Ao redor de Tansy, seu controle se desvanecia como a fumaça.
O relâmpago golpeou através dele, queimando. Segurou seus quadris com as mãos, e a atraiu para ele enquanto se afundava adiante, precisando se enterrar mais profundamente nas escuras curvas de seu apertado canal. Luxúria e amor giraram juntos até que não pôde separar um do outro. As emoções surgiram através dele, enchendo sua mente e seu coração quando mal podia admitir os sentimentos em qualquer outro momento. Onde ele era frio e escuro, ela estava tão quente como o sol e o banhava em sua luz. Se afundou em casa outra vez e parou, sentindo-a se esticar, pulsando ao redor dele, tensa, e segurando-o com seus sedosos músculos. Lentamente se inclinou sobre ela, inclusive enquanto a puxava seu cabelo, fazendo levantar a cabeça. Os lábios sussurraram no ouvido. — Salva minha maldita alma, Tansy. Todo o tempo — Era estúpido de sua parte dar tanto dele mesmo, mas não podia deter-se. Necessitava que soubesse o que ela era para ele... Que poderia demandar sua rendição total, mas ele era dela, completamente, e se rendia totalmente a ela. Se moveu outra vez. Interminavelmente lento, levando-a ao limite, até que ouviu escapar um soluço. Também ele queria soluçar, sua respiração irregular e o amor estrangulando e obstruindo a garganta. Mas agüentou, empurrando-a além de cada limite, a balançando na borda da liberação, só para voltar atrás, prolongando, construindo e vendo quão alto podia levar os dois. Tansy notou o soluço em sua voz enquanto lhe implorava a liberação. Ele era implacável, se enterrando profunda e duramente, e logo quando estava segura de que não podia tomar mais e encontraria a liberação, ele saía, ia mais devagar, trocava seu ritmo, todo o tempo acrescentando pressão em seu ponto mais sensível. Suas pernas se sacudiram, e seu corpo estremeceu com urgente necessidade, consciente de cada centímetro de seu grosso membro enterrado profundamente nela. — Fique quieta. Não podia. Ele não podia pensar de verdade que ela pudesse, quando estava a borda de um prazer entristecedor. Sustentou-o justo fora de seu alcance e ela se retorceu e corcoveou em uma tentativa desesperada de se empalar ela mesma. — Ainda não. Vai me levar com você e não quero terminar isto — Pressionou beijos descendo por sua coluna, suas mãos acariciaram os seios, o ventre, flexionando-se nos quadris — Ainda não. Quero ficar aqui um momento. — Por favor, Kadan, não posso suportar — Se sentia quase louca de necessidade, seu corpo em chamas, seu interior inchado e dolorido e desesperado pela liberação. Não o podia evitar, empurrar para trás, retorcendo os quadris, encontrando um ritmo frenético, apertando duramente contra ele. O fôlego saiu de repente dos pulmões de Kadan. Dentro de sua garganta (em sua mente) soava selvagem, feroz, um demônio possuído. Enterrou os dedos profundamente em seus quadris, mantendo-a quieta, seu punho firme. Avançou mais fundo e ela gritou. Bombeou para frente, duro e profundo, cada impulso o conduzindo através do nó de nervos inflamados que a faziam estremecer e gritar, as sensações o alagavam enquanto sua vagina se apertava, estrangulando-o, segurando tão fortemente que pensou que ficaria louco de prazer. Um orgasmo explosivo se rasgou através dela e o levou ele com ela, destruindo todo o controle enquanto se cravava
nela mais duro e mais rápido em uma frenética tentativa de prolongar a onda da maré que destroçava as coxas, o ventre, e se centrava em seu membro onde o corpo dela continuava esticando-se ao redor dele, o ordenhando. Sacudiu-se convulsivamente e depois estremeceu com prazer enquanto a enchia com seu quente sêmen. Permaneceu atrás dela, enterrado profundamente, os braços envolvidos ao redor de sua cintura, enquanto ela pendurava esgotada sobre o sofá. Em primeiro lugar ele nem sequer sabia como tinham começado, só que nunca estaria satisfeito. Queria passar cada minuto acordado só tocando-a e enchendo-a. Kadan descansou a cabeça em suas costas, aspirando em profundas aspirações. — Sabe, para mim, é minha mulher. Minha esposa. Quando estiver preparada, diremos as palavras e o legalizaremos. Não há forma de que não esteja destinada a mim — Infernos, nunca tinha acreditado em Deus; havia muitas pessoas doentes ou pervertidas no mundo, muito crime, e muitos desastres naturais para que acreditasse que havia alguém olhando ali fora, no cosmos, a quem lhe preocupasse. Mas Tansy era um milagre. Pela primeira vez em sua vida, ocorria que se realmente havia um ser aí, Kadan lhe devia muito por causa de Tansy, porque acreditava absolutamente que ela foi criada para ele. E soube que ele tinha sido criado para ela. — Maldição, mulher, inclusive me tem pensando idiotices espirituais — Quão patético isso era? O corpo dela tremeu. Ele se endireitou, permitindo que seu membro escorregasse fora dela, desfrutando da onda que percorreu o ventre, dizendo que ela estava tendo deliciosas e pequenas replica. — Está rindo de mim? Ela girou a cabeça, o examinando por cima do ombro, um pequeno sorriso zombador na boca. — Um pouco, sim. — Tenho o que poderia ser uma revelação e você está rindo — As mãos eram suaves enquanto a ajudava a se endireitar. Juntou os lados da camisa e a abotoou. — E sua revelação, qual é? — Você não merece sabê-lo — Se inclinou para beijá-la porque não podia resistir a formosa boca — Temos trabalho a fazer. Deixa de me distrair. — Pode colocar as peças do jogo enquanto tomo um banho. Se não o fizer, vou estar muito dolorida para andar. — Eu gosto dessa idéia. — É muito mau, Kadan — Lançou a ele outro sorriso sobre o ombro e o deixou. Kadan escutou correr a água do banheiro enquanto colocava uns jeans e andava descalço até o quarto de guerra. Não a queria ali, não onde as fotografias dos mortos os rodeariam. Levou as peças a cozinha, e levando luvas, colocou-as sobre a mesa na ordem dos assassinatos nesta Costa e depois a Oeste. Odiava que ela tivesse que fazer isto, mas ia se assegurar malditamente de que não tivesse as mesmas repercussões que tinha tido anteriormente. Tansy inspecionou o conjunto de peças de marfim que Kadan tinha disposto sobre a mesa. As peças de jogo estavam belamente esculpidas. Quem quer que as
tivesse feito sabia o que estava fazendo. Cada figurinha estava detalhada meticulosamente. Sustentou a palma sobre as peças, uns centímetros por cima da mais alta, e passou a mão sobre elas, sentindo as ondas de excitação e violência incrustadas no marfim. Respirando, afundou a mão mais abaixo. A mão de Kadan deslizou sob seu pulso tão rapidamente que foi um borrão, os dedos rodeando os dela e afastou sua mão antes que pudesse agarrar uma das talhas de marfim. Permanecendo de pé atrás dela, segurou seu pulso longe das peças de jogo. Enquanto colocava uma possessiva mão em seu ombro, seu corpo se curvou sobre o dela para que seu calor a envolvesse. — Ponha luvas. — Mas… — Franziu o cenho sobre o ombro — Não recolherei os detalhes que precisa a menos que toque os objetos com minha pele. O aperto se fez mais forte, os dedos cravando através da fina seda da camisa, no suave ombro e a sensível pele do pulso. — Luvas — Sua voz não admitia discussão — Olhe que impressões consegue. Começaremos por aí. Se tivermos sorte, será suficiente. — Você sabe melhor, Kadan. Aproximou um par de luvas para suas mãos. — Os homens de sua equipe lhe dizem alguma vez que é um tirano? Colocou as luvas nas mãos e sentiu que parte da tensão abandonava seu corpo. Já a tinha vexado durante uma hora com a disposição e a segurança da casa, repassando todos e cada um dos detalhes umas cem vezes, até que se expôs golpeálo na cabeça com algo. Era muito consciencioso quando estava perguntando, não, interrogando, a alguém. — É tão dramática — Deslizou a mão sob seu braço, puxando a luva, e depois estendendo os dedos sobre seu ventre. O calor se estendeu como se a tivesse marcado. Sentiu o começo da familiar dor. Ele se apertou, ainda mais ao redor dela, até que o sentiu respirando ao mesmo ritmo. — Está me distraindo. — Esse é o assunto. Bem… — Havia uma diversão inexorável em sua voz — O assunto é que quero te tocar. Ela era muito consciente do corpo abraçado muito apertado contra o seu. Seu membro estava cheio e pesado, esfregando contra seu traseiro com tão somente a aba da fina camisa separando-os. Como podia estar preparado tão rapidamente? Uma parte dela estava indevidamente agradada. — Estou trabalhando. Quer conseguir esta informação ou não? Já está me pondo em desvantagem insistindo nas luvas. — Estou te protegendo. E vou continuar te protegendo. Tenho a sensação de que uma vez que começa, não pode se deter. Ela franziu o cenho e se inclinou para frente para examinar as peças de jogo. Kadan não se moveu, e o movimento só o pressionou mais apertado contra ela. — Vai ter que ir mais longe a esperar se quiser que isto funcione. — Fico. Só segue adiante com isso.
Tansy suspirou e se obrigou a se concentrar. Kadan tinha separado as peças de jogo em dois grupos. O primeiro eram as figuras deixadas atrás em cada cena de crime nesta Costa. O garanhão, a rã, a serpente e a faca. Havia dois garanhões. — Foi o garanhão o do primeiro assassinato? Assentiu com a cabeça. — Então têm uma seqüência. Como cartões ou um jogo de mesa, têm uma ordem e, cada jogador seu turno. Se os alinhar na ordem em que os encontrou, a rã cometeria o próximo assassinato. — É certo — Seu fôlego abanou sua bochecha, moveu-lhe as mechas de cabelo que caíam ao redor da face. Seus lábios sussurraram sobre a nuca. — Kadan. De verdade. Não posso fazer isto. — Sim, pode. Mas vai dizer onde está e com quem está. Não vai ser empurrada por esse longo túnel dentro de um pesadelo. Estarei bem aqui, real e sólido, e nada vai separar você de mim. Ela sacudiu a cabeça. — Está tão louco. Bem. Tentarei. Tinha que admitir para si mesma que tinha um pouco de medo. Havia tantas peças de jogo, e a energia era forte, irradiando até a palma de sua mão inclusive através do material da luva enquanto passava a mão sobre elas. De algum modo, estava agradecida pela distração do duro corpo de Kadan e suas suaves mãos. Sabia que uma vez que começasse a recolher impressões, desapareceriam as sensações que tinha agora, a excitação que fazia com que seus mamilos se endurecessem e esticava suas coxas, o tato de suas mãos se deslizando sob a aba da camisa e moldando seu traseiro, os dedos escorregando delicadamente enquanto lhe acariciava a pele possessivamente. Queria permanecer assim para sempre, se sentindo uma parte dele. Compartilhando sua mente e o prazer que ele conseguia somente tocando-a. Ele adorava simplesmente ser capaz de deslizar os dedos sobre ela, deslizar uma mão dentro de sua camisa e embalar o peso do seio, com o polegar acariciando o mamilo. A intensidade de seu prazer simplesmente ao lhe acariciar a pele era surpreendente para ela e não queria voltar para o mundo real, onde ninguém jamais punha uma mão sobre ela e nunca se atrevia a ter contato tangível. Não vou à nenhum lugar. Ele não podia prometer isso. Ela olhou as figurinhas de marfim. Se as tocasse, e não podia controlar o que acontecesse, se as vozes se afundavam em sua cabeça, se ficavam apanhadas em sua mente, ele não teria outra escolha que abandoná-la. Kadan praguejou e envolveu os braços ao redor dela, enterrando a cara em seu ombro. — Não tem que fazer isto. — Sim, tenho que fazê-lo. Não podemos permitir que continuem assassinando pessoas, Kadan. Eles se aficionaram a isso e não pararão — As lágrimas ardiam atrás de seus olhos. Geralmente havia um assassino, uma mente depravada que estava forçada a compartilhar. Desta vez havia oito e eram psíquicos, exatamente como ela. Os lábios de Kadan deslizaram sobre seu ouvido.
— Minha mente compartilha a sua. Se está decidida a passar por isso, então sabe que em qualquer lugar que isto te leve, não estará sozinha, Tansy. Sou forte. Encontrarei sua mente e te trarei de volta. — A última vez me quebrei em um milhão de pedaços. — Encontrarei cada um deles. Isso era resolução, aquela determinação absoluta, que assegurava que ele queria dizer o que havia dito. Não a abandonaria sem importar quão mal fosse. Estava em sua natureza estar completamente enfocado e ser implacável. Não voltaria atrás nem daria a volta. Sua força de vontade lhe dava forças. Tansy pôs os dedos ao redor da rã, a levantando da mesa. A sacudida foi forte. A conzinha se moveu sob seus pés enquanto a energia se impulsionava para ela com ávidas garras. Não tinha esperado que a rã fosse tão forte. Já tinha formado uma opinião de que era um dos membros menores da equipe, mas sua energia psíquica era intensa. Sentiu o familiar vertido escorregadio de óleo em sua mente, uma lama que assinalava perversa enfermidade. Ele procurava poder. Sempre poder. Queria atenção. Desejava que sua força fosse conhecida quando ninguém o via. Sempre era ultrapassado por todos. Seus comandantes se acreditavam superiores, mas não eram nada para ele... Nada. Cada semana eliminava pessoas em seu mundo. Eles não tinham a menor idéia de que ele tivesse suas vidas na palma da mão. Desfrutava dessa sensação, decidindo vida ou morte por sua mão. A quem escolheria para deixar viver? Queria que soubessem, mas só os que morriam sabiam, ao final, olhando nos olhos enquanto os afundava. Me olhe. Afogando, afogando. Me olhe. Tansy! A voz de Kadan era aguda, cheia de ameaça, ordenando. Ela não se atreveu a desobedecer. Os dedos dele a obrigaram a abrir a mão. Não tinha se dado conta de que estava soluçando ou que os murmúrios tinham crescido forte em sua mente. As lágrimas derramavam por sua face. Os gritos eram enérgicos agora, as vítimas gritavam enquanto a água derramava em seus pulmões e ele estava de pé, os mantendo abaixo, os obrigando a olhar sua zombadora e exultante cara. Me adore. Sou um deus. Condeno a morte. Me olhe. Maldição, me olhe. Estará comigo e sempre me verá. Kadan a sacudiu. — Me olhe. Me olhe, agora. Aturdidos olhos, brilhando com um violeta opaco, saltaram para ele. Kadan a afastou da mesa, ao centro da sala. Podia sentir o espesso óleo que nublava sua mente, ouvia os gritos e os sussurros ameaçando, capturando. Se negou a permitir desviar seu olhar dele. Deliberadamente encheu sua mente com emoção, calidez e ternura, com suas gentis mãos. — Está comigo, pequena? Ela umedeceu seus lábios secos, piscando rapidamente. Ele podia sentir sua mente conectando-se à sua. — Estou bem. Ele era mais forte do que esperava — Tremeu outra vez, tentando afogar o som daquela voz. Felizmente, a firme e aveludada voz de Kadan, embora baixa, estava sobre as outras. Kadan tinha estabelecido sua dominação, e
seu poder e controle sobre ela eram absolutos. Sua voz tomou posse de sua mente. Estamos juntos, carinho, uma mente, uma pele. Eles não podem tocá-la. Sua voz era uma carícia, deslizando sobre ela, nela, assim que se aferrou à sensação dele como se fosse um salva-vidas. — Estou bem. Estou bem — Não era inteiramente verdade; retinha a lama, mas era mais fácil romper com as vozes. — Me diga o que viu. Respirou profundamente, estremecendo. — Corpos na água. Pelo menos seis, talvez mais; não pude me obrigar a olhar. Arrasta-os para baixo e os sufoca. Gosta de olhar seus olhos — Franziu o cenho — Não necessita equipamento de mergulho, pode conter a respiração um tempo realmente longo, ou talvez nem sequer precisa fazê-lo. Respira sob a água... isso é possível? Pode um dos Caminhantes Fantasmas respirar realmente sob a água? Matou muitas vezes. Mas seus assassinatos dentro do jogo não eram satisfatórios para ele. Algo falhou. Quer outro turno. Ela estava respirando com dificuldade… Com muita dificuldade. Ele podia sentir já a dor de cabeça golpeando-a, perfurando o crânio como um punção para o gelo. Saboreou o sangue em sua própria boca e soube que ela sangrava. O ventre revolveu em resposta a sua dor. Detestava lhe fazer isto… E tinham ao menos seis peças mais para repassar. Kadan deu um passo para aproximá-la a seus braços, mas ela sacudiu a cabeça, afastando-o para assim poder terminar. Parecia frágil, balançando-se, a pele pálida e margelada com diminutas gotas de suor, embora tinha a pele arrepiada de seus braços e continuava tiritando. — É pequeno e insignificante, apenas capaz de cumprir os requisitos do exército. Todos o subestimam e isso o enfurece. Quer que as mulheres o percebam, mas realmente não pode desembrulhar-se bem porque profundamente em seu interior é inseguro. Se relaciona melhor quando se sente sanguinário. Seus amigos zombam constantemente dele. É o alvo de algumas brincadeiras muito desagradáveis, mas depois de que supera sua fúria, se convence de que é a maneira de mostrar carinho. — E este assassinato em particular? — Kadan começou a lhe esfregar os ombros. Não queria compartilhar sua mente enquanto palpitava de dor, e tinha que ignorar seu sofrimento para que soltasse o resto. Queria pará-la, sustentá-la, limpar sua mente. Se sentia como um bastardo, retorcendo a faca mais profundamente, procurando mais para ajudá-lo a descobrir aos assassinos. Ela sacudiu a cabeça inflexivelmente. — Estava tão enfurecido, suficientemente zangado para que por um momento pensasse em matar… — Franziu o cenho, pressionando as pontas dos dedos em seus olhos — Quem? Alguém mais, alguém que se supunha que era imparcial, justo. Como pode ter êxito neste tipo de assassinato? Ela fechou os olhos, inspirou, e se permitiu afundar na lama. Não era tão espesso nem tão sangrento, mas a sensação da Rã era forte. Não gostava de matar desta maneira. Os caras eram uns bastardos, o ajudando a planejar mas rindo a suas costas. Sabia que estavam rindo. Demônios. Não queria um par de estúpidos de
instituto. Ao menos podiam dar atletas. Teria desejado cortar umas poucas partes de seus corpos enquanto olhavam. Malditos valentões o empurrando simplesmente porque podiam. Agora ia ter que eliminar dois esquálidos palermas que tinham sido intimidados toda a vida. O bastardo dos papéis provavelmente forjou o jogo... Fez uma de suas intermináveis avaliações psíquicas e viu que isto o poria doente. As vozes dos jovens se transformaram em gemidos. Suplicando. Rogando. Sinto muito, homem, é só um jogo, sabe. Tenho que fazê-lo por minha equipe, mas quando se acabar, encontrarei o estúpido dos papéis e o olharei morrer por vocês. Ele os escolheu, não eu. As súplicas subiram crescendo. Ela podia ver seus olhos. Tão jovens. Tão assustados. Nunca tinham estado com uma garota e iam morrer. Rã continuou falando com eles, aplacando sua culpa a custa de suas duas vítimas. Queria que compreendessem que ele não tinha escolha. Era tudo parte da irmandade. Necessitava o perdão. gritando de terror como meninas. As lágrimas deixavam sulcos em suas caras infantis. Não podiam ter mais de quinze anos. Dois meninos jovens começando a vida. Mamãe. Papai. Amo-os. Sinto muito. Do que tinham que estar arrependidos? Só de que um assassino os tivesse apanhado e estivesse a ponto de terminar com suas vidas. Nada mais. Eles não tinham vivido o suficiente nem se colocaram em suficientes confusões. Dois meninos que eram inteligentes e gostavam dos artefatos. Seu corpo inteiro se estremeceu, os músculos bloqueando-se. Só eram meninos, e Rã ia matá-los e depois esquartejá-los minuciosamente. Ao menos foi o suficientemente misericordioso para matá-los de um só disparo na cabeça, se certificando de que não sofressem. E depois começou a cortá-los em partes. Trinta cada um. Permanece fria, carinho. Estou aqui com você. Me sinta. Me olhe nos olhos. Só está longe em sua cabeça, mas se estira para mim, eles não podem tomar. Sou sua âncora. Por que trinta? Qual é o significado de trinta? O número tinha que significar algo. Significava algo para Rã. Um sinal, uma mensagem, mas para quem? Kadan deslizou as mãos dos ombros aos pulsos, sustentando-a apertada, necessitando o contato mais que ela. Sua mente o assombrava, catalogando os dados, trabalhando rapidamente, desprezando teorias. Nunca tinha visto nada como isso. Entretanto levava sua carga. Mantenha a barreira em seu lugar. Não era uma segunda natureza para ela, sustentar o muro para manter uma separação. Por regra geral se fundia totalmente com o assassino e as vítimas. Talvez os detalhes estivessem um pouco imprecisos, mas pelo que a Kadan concernia, estava absorvendo suficiente através das luvas para destruir sua mente. — O que é significativo, Tansy? — Murmurou para si mesmo — Trinta peças de prata é tudo no que posso pensar. O que teria isso que ver com… — Sua voz se foi apagando, os olhos se abriram de par em par. O sangue deslizou do nariz. Saia, interrompe-o completamente.
Ela engoliu. Piscou. Os olhos opacos olharam os seus. O sangue gotejava da boca e um ouvido. Os dedos de Kadan se esticaram em seus pulsos e a arrastou ao refúgio de seu corpo, empurrando sua mente na dela, dominante. Controlando. Me escute, Tansy. Termina. Estava preparado para usar tudo para que voltasse. Sexo. Uma surra. Infernos, não importava. Nada importava exceto a separar daqueles sussurros que a chamavam, atraindo-a, violando sua mente, enchendo-a completamente da lama gordurenta e muito sangue, de maneira que estava se afogando nele. A mão dele foi a sua nuca, os polegares sob a mandíbula, levantando a cabeça à força. Tomou sua boca brutalmente. Desesperadamente. Sua mente vibrava com pensamentos sexuais, com visões eróticas, com a necessidade, a fome e com tal desejo o sabor e a textura dela que ele tremia. A boca de Tansy se moveu contra a sua, e ele sentiu a primeira rajada de consciência real, sua mente reconhecendo a dele enquanto a lama recuava, deixandoa livre e tremendo, mas intacta. Sustentou-a perto, enterrando a cara no oco de seu ombro, sacudido além de algo que pudesse recordar desde que foi aquele menino de oito anos sozinho, assustado e cheio de sangue. Maldição, carinho. Só maldita seja. Ele tomou uma profunda e estremecida aspiração, os braços bloqueando a cabeça contra seu peito como se não quisesse soltá-la jamais. —Estou bem. Estou com você — Sua voz era leve e apagada. Desfalecida. Como se estivesse esticada além de sua resistência. — Não vou sobreviver a isto — Disse ele — Não vou conseguir. Temos que fazêlo melhor ou terminou — Elevou sua face para a ele, passeando o olhar por ela, ameaçadora, debruada de gelada resolução — Terminou, Tansy. — Trinta peças de prata. Traição. Isto é imenso. Valeu a pena. — Que se foda. Não valeu a pena. Nunca valerá. Olhe para você. Estes são repugnantes selvagens e estão violando sua mente. A comem viva. Acha que não posso sentir o que estão fazendo dentro de sua cabeça? — Enxugou o sangue da face — Como pedaços de vidro se afundando no interior de sua mente, destroçando sua natureza. Deixando cicatrizes. E em cada uma dessas cicatrizes, imagens, vozes... Os assassinos doentes e pervertidos que jamais a deixarão sozinha. Terminou. Ela riscou os rudes ângulos e formas de sua face com as pontas dos dedos. — Shh. Está tão transtornado, Kadan. Estou bem — A ponta do dedo acariciou a profunda cicatriz. — Não estou transtornado — Apanhou seus pulsos, levando suas mãos para a boca e beijando as palmas — Não estou incômodo. Só acabo de comprovar que isto não é bom e não vou permitir que o faça outra vez. Ele estava tremendo. Não parecia sabê-lo, mas o tinha sacudido. Ela não podia recordar a ninguém olhando-a jamais com essa necessidade absoluta e crua, temor e posse refletidos em sua face. A manifestação das emoções dele se envolveram ao redor de seu coração como nada mais poderia tê-lo feito, porque ele era, geralmente, bastante distante e frio. Sentiu a separação, a desconexão na mente dele de tudo a seu redor... Exceto dela. Era de uma vez atemorizante e estimulante saber que podia sacudi-lo tanto.
— O mesmo homem esculpiu o garanhão e a rã. Acredito que esculpiu todas. Não posso estar segura, mas saberei uma vez que toque as outras peças. Se o fez, e não é um dos jogadores, saberemos que está desenvolvendo o jogo. Tenho um trasfondo… A mão de Kadan segurou o cabelo em um punho, arrastando-a para ele, sua boca tomando a sua duramente. Engoliu suas palavras e seu fôlego, diretamente dela, desejando-a, necessitando-a, inteiramente com ele. Eles não a poderiam ter. Não os assassinos. Não as vítimas. Não Whitney. Não seus malditos pais, que estavam conectados com o Whitney. Nenhum deles. Ela era dele, e a protegeria com tudo o que ele era, até o último pedaço de treinamento que tinha, cada instinto guerreiro, e com uma resolução gelada que o levaria através do fogo, do sangue e a morte por ela. Tansy permitiu ter sua boca, sem lutar contra seu enorme força física ou mental. Ele não se dava conta da dependência que tinha em sua mente ou com seu corpo, ou da posse selvagem da boca. Inclusive o punho em seu cabelo retorcia as mechas até que houve uma ardente ardência. A combinação de dor e prazer fechou a porta com força às vozes, deixando só a Kadan em sua mente. Kadan com sua boca sensual e exigente e sua vontade de ferro. Beijou-a até sua completa entrega, sua rendição absoluta, reconhecida. Sua boca se suavizou, começando a ser terna, até que os beijos foram lentos e tranqüilos, até que seu fôlego foi o dela e seu corpo se amoldou ao dele. As mãos deslizaram sob a fina malha de sua camisa, se deslizando pelas costas, para a dobra na cintura e dos quadris para curvar-se sobre as nádegas. — Temo que vou me apaixonar por você — Sussurrou ela quando ele levantou a cabeça. Ele beijou ambas as pálpebras, deslizou mais beijos por sua face para à comissura de seus lábios. — Seria tão mau me amar? Havia uma armadilha em sua voz? Ocorreu que ele não tinha família. Se manteve afastado de todos. Sorriu, um sorriso lento e sonhador que dizia tudo. Não podia articular as palavras em voz alta, mas estavam em sua mente. Pegando o cabelo. Acariciando-o. Tem tendência a ser um tirano. Pode imaginar se soubesse que te amo como uma louca apaixonada? Ela não podia pronunciar as palavras, porque estava bem nesse modo de se sentir a respeito dele. Na medida do tempo, apenas o conhecia, mas com suas mentes se deslizando dentro e fora um do outro, era difícil resistir. Resistir a sua necessidade compulsiva e a sua personalidade magnética. Às vezes, como agora, se sentia fascinada, hipnotizada por ele, simplesmente pela maneira em que a olhava. Ou talvez era tão simples quanto já não estava sozinha e jamais se sentiria sozinha com ele perto dela. — Prefiro que se apaixone loucamente de mim — Disse ele sinceramente. Tansy se pôs a rir.
Capítulo 8
Tansy articulou para tirar um cochilo e despertou com Kadan deitado a seu lado, seu braço rodeava sua cintura. Voltou a cabeça para encontrá-lo totalmente acordado, olhando fixamente sua face. Ela piscou e sorriu. — O que esta fazendo? — Observava você respirar. O sorriso dela se alargou. A mão dele estava sob a camisa, os dedos completamente estendidos faziam pequenas carícias sobre a suave pele de seu ventre. Ela não estava segura de que ele fosse consciente disso. — Não tem nada melhor que fazer? — Não posso fazer amor com você outra vez; vamos ter companhia logo. Assim, não. Isto é simplesmente perfeito para me entreter. — Me observar respirar? — Estava roubando o fôlego, só pela forma em que a olhava com aqueles olhos e aquela intensidade. Ela estava se afogando. Ele se inclinou para frente e beijou a ponta do nariz. — Assim é. Só te observava respirar. É um grande passatempo. — Imaginava que seria muito aborrecido. Ele negou com a cabeça solenemente. — Não. Eu gosto de te vigiar. Quando começa a ter pesadelos franzidos o cenho, te beijo e você se acalma graças a mim. Seus seios se elevam e caem, e se colocar minha mão bem aqui — Dobrou os dedos sobre seu estômago — Posso sentir seus músculos se contraindo cada vez que acaricio sua pele. É tão condenadamente suave. Ela se voltou para elevar a vista para ele. — É tão diferente quando está assim. Qual é o verdadeiro você? Ele emoldurou seu rosto com ambas as mãos e a beijou meigamente, tão suave que lhe roubou o coração. — Não sei, Tansy. Ambos. Nenhum. Você me afetou e sacudiu tudo o que sabia sobre mim. Não sou um homem gentil. Não sei como me dirigir às mulheres. Nem sequer sei o que estou fazendo agora mesmo, mas não quero parar — A admissão foi feita em uma baixa voz, arrancada dele contra sua vontade. Seu coração se contraiu. Ela não lia mentes na realidade... Esse não era seu dom, ou maldição. Lia objetos, e isso era diferente. Podia deter a entrada de informação levando luvas e se distanciando. Como era a vida de Kadan? Ele via sangue e morte. Matava. Lutava junto a outros homens que matavam ou morriam. E conhecia seus pensamentos. Suas esperanças e sonhos. Seus sujos segredos. A mente dele tinha que encontrar uma forma de se proteger. A frieza, que acreditava o transformava em uma máquina de matar, era o modo em que sua mente o protegia, um escudo para que o homem não tivesse que sentir muito, embora estava bastante segura que ele não era consciente disso. Não havia outra opção, ou ele teria estado junto a ela nesse hospital psiquiátrico. — Por que escolheu o exército? Por que escolheu fazer cumprir a lei? Deve ser um inferno, Kadan, todos esses assassinos e vítimas, todas essas batalhas em que deve lutar.
— Que mais há para alguém como eu? Matar é o que melhor faço. Sempre o soube. Ela negou com a cabeça, centrando seu olhar nele. — Amar é o que você faz melhor. Um lento sorriso apareceu da boca dele. — É um puto milagre. — Vai ter que lavar a boca antes de conhecer meus pais — Ela rodou de baixo dele e se sentou, empurrando seu longo cabelo para o retirar da face. Houve um longo silencio. Quando ela lançou uma olhada sobre seu ombro, Kadan já estava levantado, caminhando suavemente sobre o chão para o banheiro. Ela o havia sentido mais que ouvido. Ele se movia como um puma, todo músculo ondulante e silêncio. Ele retornou, seu rosto mostrava linhas sombrias. — Seus pais podem lavar umas poucas coisas antes que eu o faça. Têm várias perguntas que responder. — Olhe, Kadan, antes que todos estejam aqui e ditas compartilhar com eles suas teorias de conspiração sobre meus pais, quero te contar uma história. A boca dele se endureceu em uma linha cruel, mas não disse nada. Tansy suspirou. — Quando era uma menina não podia ir a uma escola normal, ou a uma lanchonete. Em realidade não podia fazer muitas coisas. Meus pais me construíram um lugar de jogos, basicamente desde o começo, eram objetos recém saídos de fábrica. Inclusive assim, às vezes, podia captar impressões das pessoas que manipulava os balanços ou as barras. Mas queria uma bicicleta. Uma bicicleta representava a liberdade para mim. Queria uma com tantas forças, que estava disposta a levar luvas tanto tempo como fizesse falta enquanto pudesse ter uma bicicleta. Pode imaginar como devem ter se sentido meus pais ao não serem capazes de me tocar, me alimentar ou inclusive me agasalhar de noite sem usar essas luvas. Odiava as luvas, tanto como eles. Tentou não sofrer por aquela garotinha, mas ela já estava em sua cabeça. Ele não sentia nenhuma simpatia por seus pais. Talvez seus amigos tinham razão e na verdade água gelada fluía por suas veias, porque ele queria tomá-la, consolá-la, e colocar uma bala nas cabeças de seus pais. Bastardos. Não tinham detido Whitney, apesar de que deviam ter sabido o que ele fazia... Ou ao menos suspeitado algo. O dinheiro era um fator de motivação para muitas pessoas. Don e Sharon Meadows obtinham imensos ganhos com os contratos de defesa, mas talvez isso não fosse suficiente para eles. — Aí está com essa cara, todo carrancudo e sério. Meu pai fabricou todas as peças de uma bicicleta usando luvas todo o tempo. Depois a embalou e me deram isso. Ninguém nunca a havia tocado — As lágrimas lhe queimavam os olhos e obstruíam a garganta de modo que teve que pigarrear, recordando aquele momento, quando ele fez rodar a bicicleta fora do armário, e seus pais tinha estado de pé ali, com grandes sorrisos em seus rostos, lhe dizendo que não tinha que usar luvas para montá-la.
— Que pais fazem isso, Kadan? Ele passou muitíssimo tempo nisso. Alguém mais teria estado de acordo com que usasse luvas, mas ele se assegurou que não tivesse que usá-las em nenhum momento que dirigisse essa bicicleta, porque sabia que me aborreciam. Eles me amam — Ela não sabia se estava implorando para que fosse verdade, ou para que ele acreditasse — Sei que o fazem, Kadan, porque sempre o senti. Se alguma vez me senti abandonada era quando Whitney vinha. Abandonada era uma palavra interessante de usar. Kadan estudou sua face. Parecia frágil. Não era. Era forte... Incrivelmente forte, ou não poderia ter feito as coisas que fez. Banhar-se em sangue para rastrear a assassinos. Ninguém fazia isto a menos que fosse forte, mas para ele, ela parecia vulnerável e talvez um pouco perdida. Não me faça escolher entre você e meus pais. Kadan se inclinou e a fez ficar de pé de um puxão, atraindo-a a seus braços. Não era um homem que gostasse de voltar atrás, mas por ela, por agora, nisto o faria. — É obvio que a amam, Tansy. Como poderiam não fazê-lo? — Ele riscou um caminho de beijos de sua têmpora até a comissura de sua boca, até que sentiu que a tensão abandonava seu corpo e se voltava suave e flexível contra ele. — Suas roupas deveriam estar preparadas — Sua voz era brusca — Vá se vestir antes que nossa companhia chegue — Não havia nenhuma opção. Era branco ou preto. Ou seus pais estavam traindo sua filha, em cujo caso estariam fodidos, ou estava acontecendo algo mais que ele não sabia e eles o diriam. Tansy encontrou sua roupa dobrada com esmero em cima da secadora. Colocou roupa íntima, jeans e uma fina camiseta sem mangas, antes de retornar a cozinha para estudar as figuras. Considerou entrar na sala de guerra, mas não queria que as impressões das vítimas anulassem as dos assassinos. Tinha que conhecer os assassinos para entendê-los, assim poderia estar um passo diante deles e detê-los. E havia algo que a incomodava… — O que? Quase saltou fora de sua pele, girando rapidamente para encontrar Kadan atrás dela. Soltou o fôlego. — Não se aproxime dessa forma tão sigilosa. Especialmente não quando estou tentando recolher impressões. Assusta-me. Ele a pegou pelo pulso, deslizando um dedo sobre seu frenético pulso. — Sinto muito, carinho, não posso remediar a forma em que caminho, mas não se supõe que você fosse fazer isto nunca mais. Acreditava que estávamos de acordo. Ela revirou os olhos, mas não afastou sua mão. Ele estava acariciando o interior de seu pulso, seu toque era tão suave como sexy ao mesmo tempo. — Assim é como o chama? Acredito que era mais um decreto, mas é obvio, não podia falar a sério. — Poucas vezes sou algo, exceto sério. Isto provavelmente era verdade. Tansy deu um exagerado suspiro. — Vim aqui para te dar informação sobre os assassinatos. Ele aproximou a mão dela para sua boca, seus olhos contemplando os dela — Sua missão mudou.
Ela recuperou sua mão. — Minha missão é a mesma. Não pode encontrar a todos por si mesmo e sabe — Seu cenho franzido retornou, enquanto seu olhar se dirigia bruscamente às figurinhas de marfim. Eram formosas apesar de que cada uma representava um assassino — Há algo importante aqui, realmente importante, que estou omitindo. Tenho que entendê-lo, Kadan, porque sem isso… — Se calou, parecendo mais aflita que nunca. Kadan tocou sua mente, tentando entender seus embrulhados pensamentos. Sua mente corria, analisando e desprezando dados, escolhendo peças para reunir e depois as desprezando outra vez. Tansy tinha um super veloz e complexo computador por cérebro quando se tratava de analisar crimes. Não era surpreendente que os departamentos de polícia que a tinham usado tivessem escrito informes tão confusos. Ela fazia o trabalho, mas era impossível seguir o fio de suas idéias, seus saltos de uma conclusão a seguinte, ou sua estranha capacidade de descobrir e identificar as pistas do caso que realmente importavam. Sua mente não deixaria de correr uma vez que começasse. Essa revelação enviou uma onda de apreensão através dele. Ela não ia deixar isto, não porque fosse obstinada, mas sim porque não podia. Não importava quanto o ordenasse, ou inclusive se a afastava das evidências; ela não podia parar até que os assassinos fossem apanhados. Isto nunca tinha sido mencionado nos informes sobre ela que tinha estudado. Não é que tivesse feito algo diferente se tivesse tido a informação. Não a teria encontrado, não teria sabido no que ela se transformaria para ele em tão pouco tempo. Em alguns aspectos, Tansy era muito parecida com ele. Uma vez iniciada uma missão encontrava quase impossível voltar atrás. A mente dela estava programada da mesma forma. Ele podia sentir a pressão a puxando sem piedade. Um fio que se soltava de uma meada maior, que ela tentava desesperadamente desenredar para encontrar o outro extremo. Ele inspirou e exalou, respirando por ambos enquanto descansava o queixo sobre a parte superior da cabeça dela. — Me perdoe por te envolver nisto, carinho — Suas mãos deslizaram de cima abaixo pelos braços dela em um movimento calmante, mas estava acalmando a si mesmo, não a ela, e sabia. Maldição, as emoções eram difíceis de controlar. Ela tirou importância de sua desculpa. — Só me deixe segurar outra agora mesmo. Talvez possa entender o que me incomoda. Há duas diferen… Outra vez se calou e ele obteve as mesmas impressões de sua mente: um giro caótico, muitos dados que dispararam seus alarmes, mas nada tangível que pudesse capturar com ambas as mãos. Kadan olhou seu relógio. — Só temos duas horas e depois teremos companhia. Vai estar padecendo a dor de cabeça mais ou menos no momento em que cheguem. Ela desprezou sua advertência e se estirou por outra das peças de marfim. — Maldição, Tansy — A agarrou pelo pulso e quase puxou até a borda da mesa — Ponha as put… — Fez um esforço por se controlar — Luvas. Só ponha isso.
Ela colocou as luvas e, sem pausa, pegou a serpente. A estatueta era muito detalhada, o longo corpo enroscado e coberto por um desenho de escamas, a cabeça elevada, a boca totalmente aberta, mostrando as presas curvas. Inclusive parecia que os olhos ardiam com desafio e perigosa ameaça. A língua era larga e burficada. Quando seus dedos se curvaram ao redor da figura do jogo, o óleo fluiu em sua mente, uma corrente rápida, conduzindo malícia e regozijo. Este gostava de ver a dor. Onde Rã queria que suas vítimas reconhecessem sua existência, seu poder, este simplesmente se alimentava da dor de outros. E importava pouco se sua presa era um animal, um menino, uma mulher ou um homem. Só necessitava a dor e os gritos. O ar se fechou de repente em seus pulmões enquanto a espessa e sangrenta lama se precipitava em sua mente, e por um momento não pôde recordar como respirar corretamente. Era uma aterradora sensação de ser sugada, de ofegar, desesperada por tomar ar, se deslizando na asquerosa e viscosa lama, de modo que enchia cada canto de sua mente e tapava seus pulmões tão fortemente que não havia nenhuma esperança de respirar. Estava se afogando e não seria capaz de retornar. Acontecia muito rápido; sua presa era muito forte. Sentiu uma boca se mover contra a sua. Me sinta, neném. Estou com você. O fôlego quente oprimiu em seus pulmões. Ela inalou, recolheu o ar para eliminar algo da capa daquela espessa substância viscosa de seu interior. Outra inalação. Ele não pode ter você. Respirarei por nós dois. Ela podia fazê-lo! Aceitou outra rajada de ar, estremecendo com o esforço, o forçando a entrar em seus pulmões, se concentrando em superar essa primeira onda de violenta energia que ameaçava consumir sua mente. Serpente não podia tê-la porque tinha seu próprio anjo da guarda pessoal. Kadan Montague era o homem mais forte que já tinha conhecido. E estava a seu lado... Não só isso, mas também além disso, respirando e compartilhando o ar com ela. Encontrou ele ali, em sua mente, e uma parte diminuta dela se agarrava a ele enquanto permitia que a familiar ampliação expulsasse seu próprio espírito, para fazer lugar à besta que fluía nela, ameaçando devorá-la. Ele estava impaciente por matar. Não podia esperar. Os queria vivos, por muito tempo enquanto os torturava. Os lugares aonde tinha estado, onde tinha descoberto a apreciação de seus talentos tinham desaparecido fazia muito; mas agora poderia se divertir outra vez. Esta incrível oportunidade trazia de volta lembranças de um túnel no Vietnam onde tinha apanhado a dois agricultores. Eles tinham agüentado dois dias. Gloriosa diversão. Ambos estavam balbuciando quando acabou com eles... E quase não o fez. Tinha estado tão tentado de abandonar seus corpos sangrentos e em carne viva para que os encontrassem os ratos, mas não o fez, e tinha estado pensado nisso após. Talvez nesta ocasião… E tinha colocado uma câmara onde ninguém pudesse encontrá-la para assim poder retornar mais tarde e ver como eram devorados vivos. Semelhante diversão. As súplicas estavam começando, a se tornar mais fortes, embora Tansy tentou manter afastadas às vítimas só um pouco mais. Tinha que escapar de Serpente e procurar o outro, o mestre atrás das marionetes. Todos esses poderosos assassinos, atados a cordas. Ele puxava… Eles dançavam. O sussurro masculino se fez mais forte. Encontrou o fio, frágil, mas estava ali. O Fantoche. Agora o tinha. Ela era um rastreador de elite e ele não escaparia sem
importar quão esquivo fosse. Bloqueou a quebra de onda de viscoso limo que era Serpente se derramando ao redor dela e seguiu a pista. Isto era o que (ou quem) a tinha estado evitando. A euforia a encheu quando fixou o fio. Um pingo de satisfeita diversão. Ninguém saberia nunca. Se rodeava de gênios. Psíquicos todos eles, mas eles não suspeitavam, não tinham nenhuma pista. Era sua orquestra, seu jogo, e ele era o mestre que dirigia a seus peões para usar seus instrumentos com tal facilidade. Ele alimentava os egos e recolhia o dinheiro. Milhões, com milhões mais por obter. Milhões não detectáveis e todos para ele. Tansy se esforçou por permanecer nesse fio. Era tão frágil, tão sutil junto à violenta necessidade de dor da Serpente. As vítimas se tornaram mais fortes, como sempre faziam, exigindo que ela os reconhecesse. Os visse. Lhes desse justiça. Ela sacudiu a cabeça em uma tentativa de evitar chorar. As acusações. A viscosa lama se transformou em redemoinhos com prazer, construindo um crescendo. Ah, só me dê toda a noite com estes três. Não serão tão fortes como esses do túnel, mas não tenho muito tempo. Ele deixaria que os ratos se dessem um festim e retornaria mais tarde para contemplar sua obra e desfrutar do entretenimento. Gritos. Súplicas. Rogos. Tansy sacudiu a cabeça outra vez, se estirando para esse esquivo fio. O Fantoche não matava, a violência o superava, mas estava ali, gravado no marfim. Olhando. Sendo parte. Essa sutil meada de influência que alimentava os assassinos em cada lugar. Ela só tinha que seguir puxando o fio para desembaraçar o mistério. O conhecia, sabia que tinha visto este rastro antes, tão leve que o tinha perdido nas duas primeiras cenas do crime, mas ele tinha estado ali. Como era possível que estivesse com cada um? Tinha estado na Costa Oeste também? Esteve presente? Era ele… Sentiu o repentino alarme de Kadan, seu sistema de alerta rugindo com autêntico perigo. Os dedos gelados de medo se arrastaram por sua coluna. Algo se movia (algo vivo em meio de todo o sangue, em meio de todas as vítimas). Algo que era redondo e tenebroso como uma aranha gigantesca no centro de uma teia de aranha. Ela recuou enquanto a sombra girava, e sabia que isso era tão consciente dela como ela era disso. O terror emanou nela enquanto isso (ele) piscava e a olhava. Por um instante houve uma piscada de assombro seguido por um relutante respeito, quase companheirismo. Ele não tinha medo. Ela conseguiu a impressão de satisfeita diversão. Olá, preciosa. A quem temos aqui? Tudo nela se congelou. Não podia se mover ou falar, paralisada pelo conhecimento de que estava deixando tantas pistas como ele. O Fantoche. E podia espreitá-la enquanto ela o perseguia. É um homem morto. A voz de Kadan era baixa, um chicote de ameaça, assustando tanto a Tansy como ao Fantoche. Tansy sentiu as mãos de Kadan sobre as suas, pressionando seus dedos, lhe arrancando delas a serpente de marfim e alagando sua mente com a possessividade, força e resolução de Kadan, o assassino frio e sem piedade, comunicando um fato, não uma advertência, inclusive enquanto a protegia.
Ela sentiu o sobressalto de medo do entalhador das figuras de marfim, rapidamente mascarado. E depois toda a presença partiu. O Fantoche tinha quebrado o fio e tinha abandonado sua mente. Kadan cravou os dedos na parte superior dos braços de Tansy. Ela ainda tinha aquele opaco olhar perdido. Estava pálida, gelada, seu corpo tremendo. O medo emanava dela em ondas feitas. — Tudo está bem, neném. Estou aqui. Está a salvo. Ela negou com a cabeça. — Não estou. Ele me viu. Kadan a atraiu para seu corpo e seus braços a rodearam. — Nós o vimos. Podemos encontrá-lo, Tansy. Ninguém sabia sequer que existia. Demônios, se não tivesse estado ali com você, não o teria acreditado. Ele falava em voz alta, tranqüila, sobretudo para trazê-la totalmente de volta para ele. — Nunca me encontrei com alguém que possa fazer o que eu faço. Ele é um rastreador. Kadan já era consciente disso e das possíveis ramificações. Quem quer que se desse conta que ela estava atrás de seu rastro teria que tomar a ofensiva e caçá-la. Kadan havia sentido a comoção do homem e depois o repentino interesse em Tansy. O Fantoche tinha identificado uma fêmea e uma brilhante e luminosa luz. Ela não tinha energia intensa, mas era um ímã por essa razão. Kadan não queria que soubesse quão alterado estava pelo achado do Fantoche, como Tansy o tinha apelidado. — Sim, parece que é um rastreador — Ele não tinha sabido que existiam até que tinha encontrado Tansy e foi consciente exatamente do que ela podia fazer. Manteve seu tom suave, sabendo que ela realmente tinha medo. — Não só um rastreador, Kadan — Corrigiu ela — Um rastreador de elite. Deixei rastros por toda parte naquelas cenas. Se ele tiver acesso a elas, me encontrará. — Será um rastro fraco, provavelmente mais tênue que o que ele deixou. Em qualquer caso, não será capaz de identificar você mais que nós a ele. O Fantoche tinha sido muito curioso sobre ela, muito consciente de que ela era sua igual. Isto despertaria sua fascinação, e era a última coisa que Kadan queria. — Vamos, carinho, deixa isto por esta tarde. Temos que planejar um resgate — Precisava desviar a atenção dela e se dar tempo para pensar o melhor modo de protegê-la. Ela negou com a cabeça. — Tenho que te dar detalhes antes que coloque de volta todos as proteções. Sua resposta desembaraçou os nós nas tripas dele. Não tinha estado tão mal desta vez. O pouco tempo que estava dedicando a seus exercícios, inclusive uns poucos minutos cada vez, pareciam ser de ajuda. Sua conexão se tornava mais forte cada vez que compartilhava a mente dela, e ela estava se voltando para ele mais e mais, sem se dar conta disso, permitindo a ele reforçar suas barreiras enquanto ela trabalhava. Isto oferecia a ela um pouco mais de proteção para diminuir as adversas repercussões, tanto do assassino como das vítimas, em seu desprotegido cérebro.
Tansy respirou fundo e fez recuar o medo que ameaçava a afogar. Nunca esqueceria aquele arrepiante momento quando o Fantoche voltou sua cabeça e olhou justo no interior de sua mente. Kadan não tinha idéia do que um rastreador de elite podia fazer. Ela não estava em sua melhor forma. Se queimou, tinha queimado suas capacidades, mas as vozes dos assassinos divertiam o Fantoche. Ele ignorava às vítimas. Eles não eram nada para ele, só moléstias. — Tansy? — Advertiu Kadan — Fez bastante por esta noite. Todos os detetives que trabalham nestes casos, a brigada especial do FBI... Ninguém encontrou uma relação com este homem. Isto é um grande ralo. — Sabemos que ele existe, mas não temos nem idéia de sua identidade ou como encaixa ainda. Me deixe revisar tudo. Serpente desfruta ao infligir dor. Esteve no Vietnam, mas não durante a guerra. Obtive a impressão de túneis em um campo de cano — Estremeceu — Fez coisas terríveis aos agricultores. Um homem e seu filho. Ele recordava os detalhes muito vividamente. — Não — Disse Kadan. Os detalhes estavam em sua mente, muito vívidos. Cada corte, cada sádica tortura que o bastardo do Serpente tinha concebido. Tansy revivia isto em sua mente agora. Kadan ainda estava tentando empurrar as lembranças atrás da porta por ela, tentando protegê-la da persistente lista de demoníacos assassinos que a perseguiam, quando isto lhe custava tanto. Tansy fez um esforço para permanecer concentrada nele, e impedir que as vozes rasgassem sua mente. — A câmara é realmente importante para ele, mas o preocupa que seja encontrada. Deve fazer um longo caminho para retornar e recuperá-la — Suas sobrancelhas se uniram enquanto tentava transformar os detalhes em imagens mais precisas — Faz que sua equipe revise um perímetro mais amplo. Ele camuflou a câmara para que aparente ser uma velha peça de maquinaria e pudesse ser facilmente passado por cima. Trabalhou nisto durante muito tempo, e fez o metal para envolvê-la. Se a encontrar, deveria conseguir algumas impressões muito boas dele, possivelmente até uma descrição. Os dedos dele se esticaram. — Está bem, neném. Agora deixe ir, assim podemos combater a dor de cabeça antes que comece — Já estava crescendo em sua cabeça, rodando através dela como uma onda. Ela tinha usado seu talento muito freqüentemente e em intervalos muito curtos, e sua mente estava em carne viva. Nesse instante estava raspando sobre velhas feridas. Inclusive ele podia ouvir os sussurros das vítimas, enquanto que em anteriores ocasiões só tinha ouvido os assassinos. Ela sacudiu a cabeça e ele chiou os dentes, dominando o impulso de sacudi-la fortemente e forçá-la a sair de seu transe quase hipnótico. — O outro é o importante… O Fantoche. O vejo rodeado de papéis. E um escritório. Não quer que ninguém o note. Está orgulhoso de sua capacidade de se misturar com a vizinhança. É pouco notório e se esforça por se manter assim, embora tenha um pouco de problemas ao esconder sua… — Ela tocou os olhos — Leva lentes de contato matizadas para impedir que as pessoas veja… Aquele brilho em seus olhos, de azul a violeta e depois a prata brilhante ou opaca. A marca de um rastreador. Ele nunca tinha visto ou escutado isso antes, mas
agora sabia o que estava procurando, agora sabia como era realmente esse brilho peculiar. — É muito ardiloso. Está rodeado por assassinos, por… — Ela franziu o cenho outra vez — Sinto a corrupção de Whitney nele. Conhece o Whitney. Estão relacionados de alguma forma, mas não posso vê-lo. Papéis. Isso é tudo o que consigo. Há dinheiro. Muito dinheiro, mas… —sacudiu a cabeça — Whitney não sabe. Seus assassinos não sabem. Ele é o chefe, mas nenhum deles sabe. Ela piscou para Kadan, incapaz de entender a quebra de onda de imagens e impressões, tremendo de frio, lutando com força para manter as vozes a raia. — O que significa isto? Kadan retirou o cabelo de sua face e se inclinou para ela, tomando posse de seus suaves e trêmulos lábios. — Não importa, doçura, volta para mim — Sua voz era um aveludado e suave chamariz, roçando e acariciando ao longo de sua pele, brincando com seus nervos até que ela só foi consciente dele... Só dele. Ela emitiu um pequeno gemido com a garganta, a angústia fluindo para a mente dele, e caminhou a seus braços. Era o primeiro movimento real que tinha feito procurando consolo, e ele apertou seu abraço ao redor dela, enjaulando-a em um gesto protetor. Seus lábios deslizaram pelos cabelos e têmporas dela, sussurrou suaves e calmantes palavras, sem se importar quais eram, só queria eliminar o mal e a encher de calor. Ela sepultou o rosto contra seu peito. Não fez nenhum som; não houve nenhum soluço, mas em sua mente, ele podia ouvir o pranto quieto, e quando lhe levantou o queixo, havia lágrimas sulcando sua face. Ele baixou a cabeça e as lambeu, seguindo o rastro até a comissura de sua boca. Kadan a levantou. — Vai passar muito tempo na cama se continuar assim. Ela não sorriu, só rodeou seu pescoço com os braços e permitiu que a levasse sem protestar de retorno a seu quarto. Ele a despiu, cuidando de não sacudi-la, enquanto podia sentir a dor palpitando na cabeça dela. Encontrou as pílulas contra a dor e lhe deu uma com um copo de água, depois deitou outra vez junto a ela, totalmente vestido, depois de apagar a luz. — Não tem por que ficar — Protestou Tansy — Estarei bem. A escuridão ajuda. — Fico, carinho. Tenho que apanhar os pesadelos se algum for o bastante estúpido para te visitar esta noite. Anda, durma — Ele a girou de lado, as costas contra ele, aconchegando seu corpo ao redor do dela, uma mão deslizou sob sua camisa, a palma estendida sobre o tórax. O fôlego dele era quente e rítmico em sua nuca. Ele não pôde resistir fechar seus dedos em um punho e permitir que seus nódulos percorressem a parte interna de seus seios com suaves carícias. Tansy encontrou que seu toque a acalmava e relaxava, aliviando toda a tensão nela quando deveria ser justo o contrário. Talvez porque tinha passado sua vida sem o contato pele a pele, a sensação tateante das pontas dos dedos de Kadan, o roçar de seus nódulos, ou o calor de sua palma tirava a rigidez de seus músculos e derretia seu corpo.
Ela flutuou em muita dor, as ondas batiam em sua cabeça, as vozes se elevavam e caiam, os sussurros se faziam fortes e depois suaves; mas em vez de lutar contra estes, se enroscando na posição fetal e suportando horas, inclusive dias de agonia, foi à deriva em uma maré de calor e segurança, sentindo que Kadan agüentava a dor com ela. Sua respiração estabilizou a dela. O roçar de seus nódulos a distraiu do batimento do coração em suas têmporas. Se a dor ameaçava lhe afligir, ele se aproximava e dava beijos ao longo de sua nuca, e depois mordiscava o lóbulo da orelha com os dentes. Estava apanhada entre a dor e o prazer, se deixando ir… Se deixando ir... Até que finalmente a dor começou a minguar e ela caiu no sono. Kadan dormitou um momento, despertando de vez em quando, quando ela se movia. A abraçava e sussurrava até que ela se acalmava. Fechou seus olhos brevemente outra vez, indo um pouco à deriva, acariciando ainda sua suave pele, as zonas internas seus seios e a parte baixa de seu ventre lustroso. Ela nem sequer pensava em deixar de tentar rastrear os assassinos. Nenhuma só vez. Monitorou seus pensamentos com cuidado e viu que uma vez que ela começava um rastreamento, sem importar o que visse ou quão forte a chamassem as vozes, inclusive agora, com a ameaça direta de um rastreador de elite, estava assustada, mas não havia idéias de parar. Soltou lentamente o fôlego, seu ventre tenso com isso, tudo nele protestava pela escolha dela, quando tinha sido ele quem a tinha feito entrar nessa confusão em primeiro lugar. E agora alguém tinha seus pais. O guarda-costas era um infiltrado, provavelmente pelo Whitney, e com toda probabilidade era um Caminhante Fantasma. Era muito frio, ficando com os pais, vivendo em sua casa, lado a lado, observando Tansy… E o que havia dito seu pai quando sua mãe tinha gritado? Sua voz não denotava surpresa pelo que o guarda-costas tinha feito. De fato, ele tinha parecido por um momento como se ainda estivesse no comando. Kadan esfregou os fios de seu sedoso cabelo entre os dedos. Ela tinha estado em perigo todo o tempo, e não o tinha sabido. Ela não podia ler pensamentos, só objetos, e o uso de luvas tinha impedido de ver o perigo. Se havia sentido que qualquer deles sentia culpa, nunca tinha relacionado essa emoção com ela. Acreditava neles. Em todos eles. Inclusive no guarda-costas. A traição de Fredrickson a tinha ferido. Kadan havia sentido uma aguda dor perfurando o coração. O protesto em sua mente. Tristemente, foi a traição de Fredrickson o que tinha feito cambalear sua firme crença no amor de seus pais. Não havia dito nada a Kadan, e ele tentou não deixar que isso o incomodasse, quando ela deveria estar compartilhando tudo com ele, mas parte dele não a culpava. Ele não era pormenorizado com seus pais no mais mínimo. Fredrickson tinha estado com a família Meadows durante anos. Tansy pensava que mais que um amigo era parte de sua família. Ela confiava nele quase tanto como em seus pais, e ele tinha feito que sua mãe gritasse de dor. Kadan repetiu o som em sua cabeça. Era sensível ao som, e poucas coisas lhe passavam, inclusive ao estar no telefone. O som tinha sido genuíno, mas logo a parte bastarda dele sabia que se podia fazer mal a um aliado só para obter o efeito necessário. E isso dava resultados.
Se Kadan não a tivesse detido, Tansy teria se entregado em suas espectadoras mãos. Como seu pai havia dito que ela faria. Se Whitney tinha plantado Fredrickson na casa dos Meadows para vigiar Tansy, por que seu pai não sabia? Ou sabia? Havia uma ruptura na confiança? Se fosse assim por que Whitney não matava simplesmente Don Meadows? E por que os Meadows não tinham denunciado seus experimentos em crianças? Kadan girou as peças do quebra-cabeças uma e outra vez em sua mente, mas nada encaixava. No momento em que foi consciente de que todos os pensamentos do mundo não iriam solucionar nada, retornou ao problema à mão. Tansy. Ela era tão imprevisível. O homem ao que ela chamava o Fantoche ia vir atrás dela. Kadan sabia com absoluta certeza. Ele tinha estado perturbado, é obvio; um rastreador de elite era a última coisa que o homem teria esperado. Devia ter estado muito alterado, embora se recuperou rápido. Houve respeito, e isso tinha sentido. Poucos poderiam fazer o que Tansy fazia, caminhar entre o sangue, a morte e a sujeira da mente de um assassino, ouvir os gritos e súplicas das vítimas ao morrer, e surgir intacta enquanto rastreava o assassino em seu refúgio. Sim, o Fantoche sentiria respeito, mas seria muito mais que isso. Ninguém quer estar realmente sozinho. Tansy lhe tinha ensinado isso. Ele tinha seguido esse caminho toda a vida, acreditando que assim o queria. Não tinha se sentido sozinho. Tinha escolhido seu caminho e se manteve nele, estava cômodo com a forma em que eram as coisas. Então a tinha encontrado e soube que nunca desejaria estar sozinho outra vez. Simplesmente, Tansy seria capaz de suportar sua personalidade dominante e fria como o gelo e a crua necessidade que só aumentava sua ânsia dela. Ela tinha que ser capaz, porque ele não voltaria atrás. E agora o Fantoche sabia que ele não estava sozinho. Tinha uma companheira que podia seguir as mesmas mentes se quisesse. Tansy tinha notado a satisfeita diversão, mas não tinha captado o interesse masculino, o aroma do sexo. Havia intriga. Finalmente, alguém com quem compartilhar seu oculto gênio. Alguém que apreciaria sua camuflagem. Ela saberia o que implicava controlar assassinos, manipular a todos ao redor dele e não ser apanhado. O Fantoche não tinha estado sozinho durante uns poucos momentos, e não quereria voltar a está-lo. Kadan franziu o cenho enquanto sepultava o rosto no grosso arbusto de cabelo dela. O Fantoche não seria capaz de se deter mais que Kadan poderia. O rastreador pensaria nisso primeiro, mas ela não sairia da mente dele, mais do que Tansy poderia tirar os assassinos da sua. Ele se obcecaria com ela. Teria fantasias. Desejaria lhe demonstrar que ele era mais forte e poderia vencê-la em seu próprio jogo. Quereria luzir-se, porque finalmente, havia alguém que realmente podia entender e vê-lo. O Fantoche não seria capaz de resistir a aquele chamariz. No final, o instinto de conservação, a disciplina, e o sentido comum se esfumariam, e começaria a caçá-la. Kadan inalou bruscamente, captando o aroma de Tansy em seus pulmões. Dela. Falando de obsessão. Ele podia ir para não sentir uma maldita coisa de... Isto. Necessidade. Fome. Suas mãos tremendo pelo desejo de tocá-la. Sua boca faminta pelo sabor de canela e sexo. Roçou com as pontas dos dedos a parte inferior do estômago nu de Tansy, cuidadoso ao manter as cerdas aveludadas e suaves, se movendo na direção que impedia de aderir-se. Gostava da sensação, se arqueando
para ele inclusive em seu sono. Ela era sexualmente muito sensível, seu corpo preparado para ele com umas poucas carícias. Parecia exatamente tão ofegante do contato pele a pele como ele era. Quando as pessoas tinha tido uma vida de desolação, possivelmente a excessiva indulgência e a atração eram a única solução. Deu uma olhada ao relógio. Tinham um pouco de tempo, não muito. Queria trazê-la a consciência, substituindo a dor por algo totalmente diferente. Agarrou o lençol em sua mão e o afastou dela centímetro a centímetro por seu corpo para revelar a longa extensão de pele. Quando o lençol se amontoou a seus pés a virou sobre as costas, assim ele poderia beber da vista dela. Nunca se cansaria de olhá-la, nunca se cansaria de tocá-la, ou de fazê-la gritar de prazer. Suas mãos eram grandes, calosas, ásperas e escuras contra a pele dela, por tantos anos passados ao ar livre diante as inclemências do clima. O contraste entre seu duro corpo e o suave dela ocasionou nele uma monstruosa ereção, mas agora não era tempo disso. Não ia ser indulgente consigo mesmo, mas esta vez, era tudo para ela... Bem, talvez não tudo. Baixou a cabeça e lambeu seu suave ventre da maneira em que um gato lambia o creme. Ela cheirava ligeiramente a pêssegos. Inalou seu aroma outra vez só porque lhe dava tanto prazer, uma mistura única de canela e outras especiarias que foram diretamente a sua virilha. Ele estalou a língua sobre ela, remontando as costelas e depois brincando no interior dos seios. Tansy gemeu suavemente. Ele sentiu os dedos dela ao deslizar por seu cabelo. — O que está fazendo? — Sua voz era uma mistura de sensualidade e sonolência, brincando com suas terminações nervosas, de modo que cada músculo se esticou e a eletricidade formava um arco sobre sua pele. Ele riscou um caminho pela curva exterior até o topo de seu seio, fazendo círculos ao redor do mamilo, para depois mordiscá-lo gentilmente. Um grito afogado escapou de sua garganta. Ela agarrou seu cabelo. — Ainda não estou acordada — Se isso significava um protesto, este falhou miseravelmente; o entusiasmo debruava sua voz. — Não tem que está-lo — Ele meteu seu seio na boca, sugando com força. Ela estava evidentemente muito sensível, porque se arqueou para ele, quase caindo da cama. Tansy fechou os olhos, permitindo que as sensações rodassem sobre e dentro dela. A voz dele era veludo puro, roçando o interior de suas coxas até que ela esteve tremendo de excitação. Seu joelho separou com brutalidade as pernas, permitindo um melhor acesso enquanto ele riscava um atalho de beijos sobre seu ventre, fazendo que os músculos de seu estômago se esticassem de necessidade. Ele estava totalmente vestido, o algodão de seu jeans roçava contra a pele dela, e havia algo muito decadente e proibido em estar totalmente nua e aberta para um homem totalmente vestido. As mãos dele foram as suas coxas, abrindo ainda mais amplamente enquanto baixava a cabeça. O cabelo dele roçava o interior das coxas, fazendo com que ela saltasse e tremesse. A sombra ao longo da mandíbula de Kadan raspava, enviando chamas que dançavam sobre a pele de Tansy. Ele mordiscou o interior das coxas, sua língua banhando as diminutas bicadas. Seus quadris ondularam e ela tentou afastar sua cabeça, se retorcendo e gemendo,
bastante sobressaltada pela desinibida reação de seu corpo a ele. Ele vaiou se negando a se afastar, agarrou ambos os pulsos em uma mão e os fixou contra seu ventre, separando sua cabeça uns centímetros para olhá-la com seus perigosos olhos. — Fique quieta. — Não posso — Sua cabeça se moveu de um lado a outro sobre o travesseiro — É muito —Seu peso a segurou enquanto seus ombros mantinham as longas pernas separadas, sua sedosa vagina aberta para ele. Não se incomodou em contradizê-la, mas sim simplesmente baixou a cabeça outra vez, dando longas e lentas lambidas, degustando a espessa nata com que seu corpo o recompensava. Os quadris de Tansy continuavam sacudindo e corcoveando, enquanto ela se retorcia sob sua implacável língua. A levou ao limite em minutos, desfrutando de cada momento de seu suave corpo se derretendo embaixo dele. Ele amava a expressão de seu rosto, o prazer sobressaltado enquanto ondas de prazer se deslizavam sobre ela. Kadan posou a cabeça em seu ventre, seu braço rodeou sua cintura, sentindo as réplicas estremecêla suavemente enquanto ele tocava sua mente. Ele tinha expulsado os demônios, fechando de repente a porta às vozes, e deixando, em lugar do frio e da maldade, algo totalmente diferente. Havia um sentimento de calor, inclusive de amor. Ele se estremeceu diante a palavra, mas ali estava agora, em sua mente. Amor. O que era isto e como tal emoção se enroscou em seu coração e sua mente. Beijou-a do ventre até os seios. — Não é só o coração, Tansy, é toda a alma. Ela retirou o cabelo da testa de Kadan com suaves dedos. — Não tenho nem idéia do que está falando. — Sei que não o faz. Isso está bem. Sou o menino duro, recorda? Ele se levantou, mas Tansy o agarrou pelo braço. — Está bem? Me diga se algo estiver errado — Acabava de enviar direto à lua, e agora já estava escapulindo dela, voltando a ser um homem remoto e distante ao que mal podia ler, e ele sabia que isso a incomodava. Odiava se separar dela, mas tinha que ter a seus pais seguros antes de decidir se deviam viver ou morrer. — Tudo está bem, carinho. Só que não estava preparado para a forma em que me faz sentir, mas o tento — Tinha aceitado que ela era seu mundo. Isto não significava que se sentisse cômodo com isso ainda.
Capítulo 9
Ryland Miller não era absolutamente o que Tansy tinha esperado. Ele era definitivamente uma força a ter em conta, duro, com cicatrizes e fornido como um lutador. Seus cortantes olhos cinza pareciam ver diretamente através dela, seu cabelo escuro se derramava em ondas rebeldes sobre a testa, mas seu sorriso era amável. Ela tinha saído da ducha, vestida com pouca maquiagem e o cabelo ainda úmido, para encontrar Ryland sentado com Kadan, comodamente.
Kadan elevou a vista, e algo em sua energia a deixou gelada ao princípio, mas então ele sorriu e ficou de pé, e ela imediatamente sentiu uma mudança em seu interior, um abrandamento. Kadan pegou sua mão e a puxou até situá-la sob seu ombro com uma mão deslizando possessivamente ao redor de sua nuca enquanto ele fazia as apresentações. A expressão de Ryland passou de especulativa a conhecedora, e ela teve que se esforçar para impedir o rubor. — Ryland está casado com Lily Whitney. Acabam de ter seu primeiro filho — Disse Kadan. Tansy teve problemas para evitar que sua face mostrasse algo salvo um interesse cortês. Ainda encontrava difícil de acreditar que um amigo de Kadan pudesse estar casado com a filha de Whitney. Deu um olhar a Kadan, mas como sempre, sua expressão contribuiu pouco. Pode confiar nele. A expressão de Kadan poderia ser distante, mas sua calidez se verteu em sua mente. Ela conseguiu manter o sorriso e cabeceou diante as apresentações, conservando suas mãos enluvadas atrás das costas. Detestava usar as luvas agora que tinha estado durante meses nas montanhas, e um breve tempo com Kadan, sem elas. Era como se tivesse ido da liberdade de volta à prisão, embora inclusive parecia uma analogia melodramática. Não podia evitá-lo. Sentia seus dedos rodeados e aprisionados, desejando sair da aglomeração. Três homens esperavam na sala de estar, todos ficaram de pé quando ela entrou. Ryland Miller poderia não parecer um homem em quem se pudesse confiar; de fato, parecia um homem de poucas palavras mas de muita ação, apesar disso havia uma firmeza nele que era atraente. Podia sentir o respeito e inclusive certa amizade na mente de Kadan dirigida ao homem. O que levaria a um homem forte a se casar com a filha de Whitney? Kadan estava bloqueando uma quantidade considerável da energia, mas estava permitindo que se deslizasse o suficiente, e ela foi consciente de que Ryland tinha talento psíquico também. — Este descarado desalinhado é Raoul “Gator” Fontenot. Vai tentar afastar você de mim com seu encanto. Gator sorriu abertamente como um pirralho. — MA’am3, tenho uma pequena bruxa em casa e ela ficaria com minha cabeça se pensasse que ando paquerando — Disse, arrastando as palavras com seu acento cajún e piscou um olho, reafirmando que ela estava segura embora seu sorriso pudesse e provavelmente derretesse corações. — É Gator alguma espécie de apelido? —Sim, MA’am. Nas Forças Especiais freqüentemente nos damos os uns aos outros nomes apropriados. Kadan é “Bishop4”, Rye é “King”, e Sam, um de nossos membros da equipe, é “Knight” — Gator sorriu, sua voz arrastava as palavras como o melaço em um domingo — Eu não jogo aborrecidas partidas de xadrez, carinho, mas luto com jacarés. 3
Forma cajun de madame
4
Os apelidos fazem referência às peças de xadrez, assim, Bishop é o Bispo, King é o Rei, e Knight é o Cavalo.
Kadan transpassou a seu amigo com um cortante e penetrante olhar. — Você continua paquerando com ela e vai ter bronca com Flame. Essa mulher é a única pessoa que pode ser mais perversa que eu. Tansy lançou a Kadan um perspicaz olhar. Por regra geral ele podia ler as mentes das pessoas. Estava bastante claro que Gator podia paquerar, mas que era definitivamente um homem de uma só mulher. Sim o é, esteve de acordo Kadan, mas é bom para eles que saibam o que há. A mão dele deslizou de sua nuca ao ombro, seus dedos roçaram seu pescoço, acariciando com pequenos ataques ligeiros como plumas, mas que ela sentia até a ponta do pé. cara duro. Ela fez o equivalente mental de revirar os olhos, não querendo revelar que até o toque mais ligeiro podia afetá-la do modo em que o fazia. Calafrios de reconhecimento puseram os pelos em pé e desceram por sua coluna. Kadan simplesmente deu de ombros, sua expressão severa e olhos frios diziam tudo a seus amigos. O sorriso impenitente de Gator se alargou, cintilando seus dentes brancos. — Flame é a melhor metade de mim e seguro que mantém minha vida interessante. A mente de Tansy estava correndo com a idéia dos temas e os apelidos nas Forças Especiais. Cada peça de marfim do jogo tinha sido esculpida obviamente para um assassino. Se fossem militares e Caminhantes Fantasmas, não poderia ser tão difícil encontrar seus apelidos. Só que não havia muitos Caminhantes Fantasmas se o que Kadan dizia era certo. Não seria simplesmente uma questão de passar pelas equipes e inteirar-se de como se chamam uns aos outros? Ela lançou uma olhada para a cozinha. Só podia vislumbrar a larga mesa da arqueada entrada que conduzia a esta. Não havia figurinhas sem guardar. Todas as provas estavam de volta na sala de guerra, e apostaria até seu último dólar que a porta estava bem fechada com chave. Não há maneira de que minhas equipes sejam em modo algum responsáveis, e eu teria reconhecido os nomes. Trabalhei com todos os membros de ambas as equipes. Não, esta é uma equipe de fora, dirigida pelo Whitney ou alguém mais. Estão relacionados com Whitney; não houve duvida em minha mente nem sequer antes que você encontrasse o Fantoche com a corrupção de Whitney sobre ele. Tansy deixou escapar o fôlego lentamente. Whitney não tinha estado contente com o funcionamento em uns quantos homens; tinha realçado a outros, e obviamente seus perfis psicológicos não tinham mostrado que estes fossem perigosos, ou talvez fosse porque eram os que ele tinha escolhido. E isso dava muito, muito medo. Ela voltou a cabeça e olhou a Kadan. Você sabia. Desde o começo, sabia Ele não olhou à mulher, mas sua mente roçou a dela. Tenho suspeitas. Conheço estes homens e ao resto de minha equipe. São capazes de matar, mas não de assassinar por prazer. Estes assassinos o fazem para se divertir. Isto é literalmente um jogo para eles. — Kadan — Falou o terceiro homem. Sua voz era tranqüila, mas imediatamente captou a atenção — Se tiver algo para compartilhar sobre tudo isto, faça agora.
Estive viajando sem parar e quero chegar em casa e ver a Dahlia. Eu não gosto de estar longe dela durante muito tempo. Era óbvio que o homem era consciente de que Kadan e Tansy estavam se falando telepaticamente. Ela o examinou. Tinha aquela mesma calma nele que Kadan. Era alto, com longo cabelo negro como a meia-noite, pele bronzeada, e os olhos verdadeiramente negros. Assim como os olhos de Kadan eram tão azuis que poderiam parecer negros, este homem tinha olhos da cor da obsidiana — Nicolas Trevane — Apresentou Kadan — Desculpa, Nico, ainda estamos revisando as coisas. Os pais de Tansy foram tomados como reféns. Acredito que Whitney está comprometido, e que tinha um Caminhante Fantasma presente na casa com os cativos. Querem que Tansy se entregue ou planejam matar seus pais. Ela tinha vinte e quatro horas. Já passaram oito. Os três homens olharam da face de Tansy a de Kadan. Gator sorriu abertamente outra vez, nesta ocasião brincou com voz lenta: — Dou por feito que isto não é uma opção. Kadan deslizou a mão pela curva do traseiro de Tansy e depois passou o braço ao redor de sua cintura. — Não. Simples. Direto. Assim era Kadan Tansy suspirou. —Desenhei um plano da casa. Temos um túnel de escapamento, mas Fredrickson sabe. Com o braço apertado ao redor dela, Kadan mostrou o caminho para a cozinha, onde estendeu vários papéis sobre a mesa. — A propriedade é muito grande e provavelmente esteja bem vigiada. Por sorte, Tansy conhece a localização de todas as câmaras e as assinalou para nós. Kadan recuou para permitir que os homens estudassem o plano da casa e o imóvel, completado com tanta informação como Tansy pôde recordar; onde estavam habitualmente apostados os guardas, onde estavam localizados os cães e as câmaras. Ele movia a mão de cima abaixo pela curva de sua coluna, saboreando a sensação de seu feminino contorno. Tansy lhe lançou um severo olhar. Ele não a olhava, aparentemente tampouco estava prestando atenção nela absolutamente, várias vezes se inclinou sobre a mesa para indicar detalhes a Ryland e a Gator, debatendo um plano de entrada e extração. Ela tratou de escutar, encontrar a maneira em que suas mentes funcionavam maquinando, mas a mão dele a estava distraindo. Várias vezes ele deslizou a palma sobre seu vestido de tecido jeans, moldando suas nádegas, com o polegar riscando carícias de fogo enquanto sua mão a acariciava. Não. Os outros homens tinham uma vista muito aguda para não adverti-lo. Não era tanto o que ela se opor a que o vissem acariciá-la, era sua reação o que a estava envergonhando. A avivada respiração que não podia frear completamente. O endurecimento de seus mamilos. Seu toque a afetava, não importa quão ligeiro fosse. Não me diga jamais que não posso te tocar. Em qualquer momento. Em qualquer lugar. Soou como uma ordem. Grave. Firme. Uma enrouquecida e aveludada
promessa de represália de índole sexual, que enviou uma onda de calor golpeando através de seu corpo e umedecendo suas calcinhas. Mas Tansy estava em sua mente e sua carência de emoção a afetava. Ele estava desligado. Isolado. Água gelada fluía de novo por suas veias. A assustava dessa maneira, tão distante que não parecia ser consciente de nenhuma das emoções que uma pessoa normal teria. Só era sua mão nela, a forma e textura dela, o aroma dela, o que alojou um indício de sentimento fluindo através dele. Ele se agarrava a aquela pequena conexão, mas não parecia se dar conta de que era ele quem a estava fazendo. Para se assegurar de que ela entendia, sua mão se moveu sobre seus quadris e subiu por seu tórax, se deslizando com o passar do lado de seu seio, recuando até sua nuca. Os dedos apertaram até que ela girou a cabeça. Ele se inclinou. De maneira despreocupada. Levemente. Levando seu tempo. A desafiando a desafiá-lo e se afastar. Se ela não houvesse sentido aquele pequeno brilho de necessidade nele poderia ter dado um chute na canela e lhe dizer que fosse ao diabo, mas, em troca, ficou aí de pé quieta e aguardando o toque e o sabor dele. Havia uma aura de intensidade sexual rodeando-o, e no momento em que estavam perto, seu absoluto magnetismo afligia seu instinto de conservação e ela parecia que simplesmente se entregava, atraída como uma mariposa à chama. Ele tomou sua boca suavemente, absolutamente como a ameaça de sua mente. Ela provou sua fome e soube que sua necessidade por ela era elementar e profunda e mais à frente inclusive de seu entendimento. Me devolva o beijo Ela não estava segura de por que ele a necessitava tanto. Certeza? Parecia tão completamente crédulo que mal poderia acreditar que se sentisse de algum modo ameaçado pela presença dos outros homens. Isto não quadrava com seu caráter. Os braços dela deslizaram ao redor de seu pescoço e abriu a boca para ele, sentindo-o dentro de si, acariciando e degustando com aquela mesma suavidade que tanto a desarmava. Está bem? Tocou sua bochecha. Ele levantou a cabeça e sorriu. Sem problema. Ela não estava segura de acreditar, mas ele já estava se inclinando sobre os desenhos. Indicando os outros a porta com as câmaras e os guardas. — Este posto sempre está vigiado. Há escarpados na parte de trás da casa e seriam difíceis de escalar, mas não impossíveis do lado do oceano. Fredrickson está obrigado a vigiar um acesso deste lado assim é muito provável que aumente os guardas ali. — Não pensará que ele vai acreditar que vou entrar diretamente e vou me entregar? —perguntou Tansy esperançosa. — Temos que assumir que ele sabe que fui te buscar e que está comigo. Não usou o rádio para chamar seus pais, chamou de uma linha não detectável e segura. Fredrickson saberá. Estará preparado para uma equipe de assalto. — Então a entrada pelos escarpados não vai ser um bom plano.
—Podemos esperar até que Tucker e Ian façam um relatório, mas demos por feito que não — Disse Kadan. Seu olhar cruzou por um segundo breve com o do Ryland. O homem moreno afrouxou seus ombros um pouco. — Poderia tomar um pouco de café, Kadan. Tem algo por aqui? — Na cozinha — Disse Kadan. — O trarei — Disse Tansy, contente por ter algo que fazer. O planejamento de assaltos não era seu forte — Alguém mais quer algo? Kadan esperou até que Tansy teve seguido suas ordens e deixado a sala. Manteve a voz baixa. — O pacote espera que seja hostil. Há um laço com o Whitney. Quero tirá-los discretamente a uma casa da que só nós saibamos e mantê-los sob custódia. Se não nos disserem o que necessitamos, terei um bate-papo particular com eles. Ryland se moveu inquieto, seu olhar olhando para a cozinha. — Kadan. Não se ela for sua escolha. Eu me ocuparei disto. Kadan sacudiu a mão. — Minha mulher. Minha responsabilidade. Posso viver com isso. — Ela não será capaz. — Não tenho nenhum problema em fazer algo que seja necessário para mantêla segura, e ela nunca saberá. Nico deu de ombros. — São suas razões, Kadan, mas as mulheres têm um modo de descobrir as coisas que você não quer que saibam, e qualquer de nós faria o trabalho por você. Só nos dê a ordem. — O aprecio — Disse ele bruscamente, mas não evitaria sua responsabilidade. Não quando se tratava da segurança de Tansy, e especialmente porque eram seus pais e ela os queria. Se fosse por isso, ele o faria tão rápida, indolor e humanamente como fosse possível. Tansy voltou com uma coleção de xícaras, açúcar, e leite. Kadan lhe tirou a bandeja e a colocou na mesa. — Como vai isso? — Ela deu uma olhada a seu relógio — E quando partimos? — Acredito que estamos a ponto, neném. Ficará no andar no que situaremos a seus pais. Deixarei dois de meus homens ali com você. Ela o olhou franzindo o cenho, sacudindo a cabeça rapidamente. — Para nada. Isso não foi nunca parte do plano. Vou com você. Se algo sair errado, tenho que estar ali para… — Não — Pronunciou a palavra com calma, sua voz tão baixa que era apenas audível, embora cortou como uma lamina de barbear, exigindo conformidade imediata. Tansy impulsionou para se afastar dos dedos que tinham colocado suavemente ao redor de seu pulso como um bracelete... só que em vez de se afastar, sentiu os dedos apertados como grilhões, impedindo de se mover a qualquer parte. —Não sacrificará sua vida pela deles. Essa nunca foi uma opção — Sua voz sussurrou como veludo, mas estalou como um chicote, açoitando através de sua mente queimando seu decreto no cérebro dela. Ele fez um pequeno esforço por
abrandar a ordem com uma explicação — Não podemos te levar ao combate, seria um estorvo. Este era o outro lado de Kadan. Irredutível. Seus olhos azuis agora eram quase negros, insondáveis, impossíveis de decifrar. Sua expressão distante. Os outros três homens perambularam pela sala, a fazendo se sentir mais vulnerável que nunca. Ela não podia estar a sós com ele, não quando sua mente sustentava a dela, determinado a obrigá-la a fazer sua vontade. Tansy ficou muito quieta, se negando a lutar contra seu agarre. Kadan era enormemente forte, e não conseguiria escapar dele até que quisesse deixá-la ir. Se ele gostava de ser frio e distante, bem, ela também poderia fazê-lo. Travou o olhar com o dele se recusando ser intimidada por seu lado perigoso. Ele usava a imagem de um guerreiro como uma pele, encaixada natural e impressionante. Talvez este fosse mais o verdadeiro Kadan que o de sua cama, mas não podia deixar que visse que seu estômago se retorceu em nós e que seu coração pulsava muito rápido. — Por sorte, não sou militar nem estou sob as ordens de ninguém. Ele não mudou de expressão, mas ela juraria que uma sombra se deslocou através de sua face. Seu coração saltou um batimento do coração. Ia ter marcas de dedos na parte interna de seu pulso. — De verdade? Ele disse duas palavras. Só duas. Uma suave sondagem que enviou medo roçando por sua coluna vertebral tanto se ela queria estar controlada como não. Por quê? Depois de tudo, o que ia fazer ele? Percebeu que não podia afastar o olhar do seu. Os olhos dele se obscureceram inclusive mais. Algo quente flamejou nas profundidades até o negro completo, seus olhos ardiam com chamas azuis. Ela agüentou a respiração enquanto ele levava sua mão à parte dianteira de seu jeans e esfregava sua palma contra o grosso vulto ali. Está correndo um grande risco neném, discutindo comigo quando não pode ganhar, mas o resultado é o inferno de uma cruel ereção. Ele se inclinou mais perto, sua língua dando pequenos golpes sobre sua orelha. Os trarei para casa para sua segurança. É uma promessa, Tansy. Ele não ia garantir mais que isso, mas se examinasse sua mente, poderia ver que sua palavra era ouro. A menos que seus pais já estivessem mortos, ele encontraria um modo. Ele a tinha desarmado completamente com um fôlego. Aquela pequena promessa. Talvez se ela não tivesse sido capaz de tocar sua mente, sentir sua convicção, seu compromisso total de lhe devolver seus pais, teria afastado sua mão. Em troca, ficou quieta com o coração pulsando muito rápido e seu corpo e mente pertencendo a ele tanto se ela queria como se não. Uma parte dela odiava o modo em que a deixava fraca, mas desafio e discussão pareciam estúpidos. O que conseguiria? No final, ela seria uma carga para eles se fosse. Eram uma equipe e estavam acostumados a trabalhar uns com os outros. Conhecia o trabalho em equipe, e um intruso poderia arruinar facilmente seu ritmo e desbaratar tudo. E poderia conseguir que seus pais, ou a equipe, fossem assassinados.
Tão somente desejava que tudo o que ele dizia não soasse como uma ordem. Pior, odiava que houvesse uma parte dela que se ficasse suave, escorregadia e quente ao som de sua voz quando ele falava daquela maneira. Estava louca de todas as formas por se sentir atraída por um homem que não era no mais mínimo civilizado. Os dentes dele morderam o lóbulo da orelha. Não pode me reprovar que te proteja. Ela fechou os olhos enquanto ele se esfregava contra sua mão, insegura sobre como alcançá-lo quando o sentia tão distante dela. É isto tudo o que há entre nós? Química explosiva. Morria de desejo por ele, mas isso não era suficiente. Já não. Não quando tinha estado em sua mente. Não quando pôde tirar as odiosas luvas e tocar sua pele. Não para mim, assegurou ele. Não podia se imaginar estando com outro homem, querer tocá-lo, ou ter suas mãos em qualquer parte sobre ele. As coisas que ele gostava de fazer com ela pareciam incorretas com qualquer outro e tão intensamente corretas com ele. Não tinha nem idéia de por que, tão somente que ainda não estava preparada para se afastar dele. Jamais. Deliberadamente afastou a palma da mão da frente de seu jeans e afundou seus dentes no centro, a raspando de um lado a outro enquanto seus olhos nunca abandonaram sua face. Ela engoliu seco com força. — Não pode se dirigir a mim dessa maneira. Não sou um de seus soldados. — Não dirijo a meus soldados desta maneira. Só a você. Estou de pé em frente a você. — Quero estar a seu lado. Ele manteve o olhar dela cativo enquanto sua língua formava redemoinhos sobre o centro da palma de sua mão, brincando, recordando, fazendo que subisse sua temperatura quando ela precisava estar fria. —Não posso dar isso a você agora mesmo, Tansy. Só posso dar o que e quem sou, agora mesmo neste instante. Tenho que proteger você, porque isto é quem sou. Tem que decidir se pode ou não viver com isso. Se puder me amar, e não só a uma parte de mim, porque a parte maior de quem sou é o homem que está de pé frente a você — Beijou a sua palma e fechou seus dedos ao redor dela — Inclusive se pudesse me envolver em belas mentiras, nunca seria capaz de obtê-lo. Não sei como ser algo mais. Sua voz era a mesma. Confiança absoluta. Suave veludo. Roçando sobre seu corpo e atormentando o interior de suas coxas com excitação. Mas em sua mente, onde ele não conhecia, onde nunca olhava, havia uma borda de desespero, uma convicção de que era impossível para ela amá-lo. Captou uma ponta do compromisso dele para ela, de sua intenção de segurá-la a ele com qualquer meio que tivesse tanto tempo como pudesse. Ele faria de cada momento juntos memorável, o sexo incomparável, e faria tudo que estivesse em seu poder para fazê-la feliz enquanto a mantinha segura. Tudo estava aí para que ela o visse. Mas aquela parte da mente dele era a única parte em
que ela podia sentir calor. E aquele lado quente e compassivo dela, a necessidade de acalmar e ajudar a outros, imediatamente se entregou a ele, mesmo que reconhecesse que ele poderia ser igual de perigoso, ou mais, que aqueles que ela caçava. Ela inspirou e soltou o ar, depois se inclinou para roçar sua obstinada mandíbula com um beijo. — Só tenta com um pouco mais de afinco não ser tão mandão comigo. Ele não respondeu. Os outros estavam voltando, um após o outro, pareciam desinteressados quando ela sabia que deviam estar muito absortos. Instintivamente sabia que Kadan nunca tinha mostrado fascinação por outra mulher. Tinham que estar um pouco preocupados, mas eram muito educados, voltando para seus assuntos como se nada tivesse passado. — Quando fez a chamada e nos disse o que necessitava, Lily encontrou uma casa perto da fazenda dos pais de Tansy — Disse Ryland — Se conseguimos passar a área rastreada e aproveitamos o desfiladeiro para fugirmos através do terreno mais duro, temos menos probabilidade de ser pegos. — Há um Humvee na garagem. As chaves estão em todos os carros — Ofereceu Tansy — É obvio também tem um dispositivo de rastreamento. É a bomba. Papai o conduziu pelo desfiladeiro montões de vezes. Gator deu de ombros quando o olharam. — É pão comido. É nosso. — Então os tiraremos com isso e os levaremos a casa segura — Disse Ryland — Gator, comprova a melhor rota direta. Nico cobrirá nossa retaguarda. Kadan entrelaçou seus dedos com os dela. — Ian e Tucker estão reconhecendo a fazenda agora mesmo. Nos darão o Intel5 mais atualizado assim que seja possível. Quando retornarem à casa segura, esperarão que levemos a Tansy — Levou os nódulos dela até a boca, distraindo-a do pânico com uma raspagem de seus dentes — Terá que ficar fora de vista. Minhas tripas sentem que Whitney estava vigiando seus pais, e quando sua coberta for arrebentada, Fredrickson tinha ordens explicita de te capturar e te deter. Os homens que vieram por mim nas montanhas estavam tentando me matar. Se Whitney os enviou, me queriam fora do caminho para assim poder se fazer com você. — Se isso for verdade, Kadan — Disse Ryland — Isto não encaixa com o programa de cria de Whitney. Ele quereria os dois, não só Tansy. Kadan deu de ombros. — Talvez meus genes simplesmente não são de tão alta qualidade como os de Tansy. — Esteve todos estes anos atrás de mim — Indicou Tansy — Por que agora? — Essa é uma pergunta excelente. Vamos descobrir se alguém tem a resposta para isso —Disse Kadan, sua voz trocou de leve a severa, como se a idéia mesma de alguém tentando tira-la colocasse um fio homicida em seu estado de ânimo.
5
faz referência ao INTELSAT (Internacional Telecommunications Satellite Organization), neste caso o relatório de situação do terreno segundo o satélite.
— Não necessito de dois homens para me proteger, Kadan. Ao longo dos anos meu pai seguiu acrescentando segurança à fazenda, e não acredito que quatro homens vão ser suficientes. Estávamos acostumados a ter pessoal de segurança contratada, mas nos últimos dois anos, Watson, nosso chefe de segurança tem feito umas poucas mudanças. — Watson? — Kadan girou a cabeça bruscamente — Nunca o mencionou antes. Quem é Watson? — Benny Watson. Se encarregou da segurança para papai faz aproximadamente dois anos, quando papai decidiu reforçar o assunto. — Por que seu pai substituiu seu destacamento de segurança? — Papai e minha mãe realizam muito trabalho fora de casa. A maior parte de sua investigação é classificada. Ele ficou muito nervoso depois de uma história que saiu sobre eles no Newsweek. Simplesmente quis se assegurar de que ninguém poderia chegar a eles ou a qualquer dos projetos nos quais estavam trabalhando. — Fredrickson recomendou Watson a seu pai? — Perguntou Ryland — Geralmente dois Caminhantes Fantasmas trabalhariam em uma atribuição juntos, e um deles é uma âncora. Estaria surpreso se Whitney tivesse adjudicado Fredrickson para que se infiltrasse sozinho em sua casa. Tansy franziu o cenho. — Francamente não sei muito sobre ele. Fredrickson é parte da família. Ele vivia na casa, comia conosco, até passava tempo conosco algumas tardes e víamos filmes. Watson estava sempre em segundo plano. Nunca se dirigiu a mim. Sempre pensei que ele me considerava como uma dor de cabeça. — Recebeu alguma má vibração dele ou de Fredrickson, como se pudessem ter capacidades psíquicas? — Perguntou Kadan. Tansy sacudiu a cabeça. O olhar penetrante de Kadan encontrou o de Ryland por cima de sua cabeça, só durante um breve momento. — Watson incrementou a segurança na casa? Ela assentiu com a cabeça. — Durante vários anos só contamos com uma companhia de segurança local, mas Watson despediu todos e trouxe um grupo diferente. Não se relacionavam nunca conosco, mas sempre foram educados. Eu dizia olá e perguntava como ia. Eles respondiam brevemente e se encarregavam de seu trabalho. Isso foi aproximadamente ao mesmo tempo em que trouxeram os cães. — Perguntou a seu pai por quê? — Perguntou Kadan. Ela sacudiu a cabeça, seu olhar titubeou se afastando do dele. Retirou sua mão e até recuou um passo. — Eu estava em meio de alguns problemas urgentes próprios, e se meu pai decidiu que necessitávamos ou não segurança acrescentada realmente não dei importância — Soou como na defensiva até para seus próprios ouvidos e se moveu se afastando mais dele, fora de alcance, não querendo perguntas... Ou compaixão. Ela tinha sabido que estava perdendo a cabeça. Não tinha dormido em semanas, por medo de fechar os olhos, aterrorizada de se afogar em sangue. Os sussurros nunca cessavam. As vozes falavam noite e dia, e as imagens desagradáveis que a perseguiam se amontoavam em sua mente. Se sentia coberta de óleo, incapaz
de extrair um fôlego limpo. Não havia alívio, nenhum Kadan que a beijasse e acariciasse até que sua visão se enfocasse unicamente nele, até que seu corpo se transformasse no dele, até que sua mente estivesse tão cheia de calor e afeto e desesperada necessidade que não houvesse nenhum espaço para algo sujo. — Minha mãe é muito frágil, Kadan. Sempre tentamos protegê-la. É uma mulher brilhante, e muito humanitária. As coisas podem afligi-la muito facilmente. A traição de Fredrickson a terá devastado — Tomou fôlego — Poderia não ser capaz de sair andando de lá — Se obrigou a olhá-lo por cima do ombro — E você a assustará. Realmente odiava confessar aquilo, mas sua máscara inexpressiva e frios olhos aterrorizariam a sua mãe. Ela não queria feri-lo, ou apresentar a sua mãe de maneira negativa, mas não devia ter se preocupado. Kadan nem sequer piscou, encolheu seus poderosos ombros como se importasse muito pouco algo que sua mãe pensasse sobre ele. — Tirarei. — Estou dizendo que ela poderia ficar histérica — Admitiu Tansy. — Entendi, neném. Não tem com que se preocupar — Sua voz a acalmou, aquele mesmo veludo quente que a fazia sofrer de necessidade. Agora se sentia acariciada e tocada, embora ele estivesse do outro lado da sala. O telefone soou. Kadan o agarrou rapidamente e escutou, rabiscando notas enquanto quem quer que estivesse no outro extremo falava. Curiosa, Tansy voltou para o lado de Kadan, muito consciente dos outros homens aproximados ao redor da mesa. Levava postas as luvas, mas ainda assim, evitou tocar suas xícaras de café ou qualquer outra coisa que os tivesse visto manipular. Estes eram homens de violência e cada um deles tinha matado. Teria captado algumas impressões tanto se queria se meter nelas como se não. Não eram silenciosos em sua maior parte, nem muito faladores. De vez em quando, Gator estalava em uma risada aberta e dava uma cotovelada a um dos outros com um comentário de brincadeira, mas permaneciam absortos em seus planos, aprendendo de cor o plano, a disposição da casa e a segurança. —Tucker e Ian estão de volta na casa segura. Toca-nos. A segurança perto do escarpado está mais que dobrada, e Ian diz que parece que tenham introduzido alguns mercenários. Não são guardas de segurança contratados, isso é certo. Todos eles se comportam como militares ou ex-militares — Kadan atraiu o plano da fazenda e começou a marcar X em vários pontos. Tansy olhou por cima de seu ombro, observando o número crescente de X vermelhos com consternação. Havia muitos. Quatro homens contra tantos guardas treinados. Não só treinados, homens provavelmente treinados nas Forças Especiais. A respiração ficou entupida nos pulmões. Kadan. Aspirou seu nome assustada, sem intenção mas com o terror obstinado com força. Ele ia salvar seus pais quando nem sequer confiava neles, arriscava sua vida por ela. Não queria isso dele. Não queria usá-lo dessa maneira, usar a parte fria e dinâmica dele que sempre exigia justiça ou vingança. Ela sentiu o bater das asas de calor em sua mente crescer e florescer até que ele a encheu dele.
Kadan, não pode. Melhor que o faça de outra maneira. Kadan se separou do mapa da fazenda, se afastando dos outros homens que estavam discutindo vários planos e baixou o olhar para ela, a seus enormes e assustados olhos. Ela tinha medo por ele. Isto o golpeou tanto como o surpreendeu... Que alguém pudesse se preocupar com ele. E era genuíno. Procurou sua mente, porque inclusive com o sombrio olhar do medo por ele em sua face e em seus olhos, não podia acreditar nela de tudo. Maldição, Tansy. Está me voltando do avesso. Sabia que sua voz era muito brusca. Que estava grunhindo para evitar puxar até seus braços e se sepultar no refúgio de seu corpo. Para evitar revelar que ela o tinha consumido e que não era nada sem ela. Não conhecia nenhum outro modo de mostrar a ela e não sabia como dizê-lo; só tinha suas mãos e sua boca e seu pênis. Não havia palavras dentro dele, e se seu corpo não pudesse conquistá-la, não pudesse deixar ver que a estava amando com cada toque, cada golpe, estava condenado. Realmente condenado. Deu um passo para ela, curvando-a inclusive embora sabia que não deveria, necessitando seu calor quando dentro ele era tão frio como o gelo. Suas veias eram gelo, rios dele, pequenos chips flutuando como resíduos na superfície. Ele podia sentir o frio profundamente em seu interior, a pedra que era seu coração, o espaço que nunca esteve cheio, nunca quente, a menos que o calor dela o rodeasse. Pôs as mãos sobre seus quadris, aquela doce curva que só poderia ser Tansy. Deliberadamente levou suas palmas sob a prega de sua camiseta até aquela pequena tira de pele nua. Descansou suas mãos ali, deixando que seu calor o impregnasse, o sentindo se verter em seu coração e sua alma e derreter o gelo de suas veias. Por sorte, ela não se afastou dele, compartilhando seu corpo inclusive em uma sala cheia de desconhecidos. Ele a amou ainda mais por aquele sacrifício, por deixar a um lado sua vergonha por ele. O olhar dela se agarrou ao seu. — O que vou fazer com você, Kadan? — Murmurou ela suavemente. Ele sabia que sua pergunta não tinha nada a ver com o sexo, mas encheu a mente com uma gráfica resposta, completa com descritivas imagens... Ela deitada nua em sua cama, sua boca e mãos por toda ela, o pênis sepultado profundamente no interior dela... E entretanto, para ele, realmente, sinceramente, sua resposta não tinha nada e tudo a ver com o sexo. Ela ruborizou, lançou um olhar aos outros homens, que estavam contemplando os desenhos, sem prestar nenhuma atenção, e sacudiu a cabeça. — Não quero que vá. Ele segurou mão, e a puxou até que o seguiu fora da sala. — Não acredito que vão matar seus pais depois do tempo limite de vinte e quatro horas, Tansy, mas poderiam ferir um deles. E se os mudarem, isso faria o resgate muito mais difícil. Uma vez que os mudarem, poderiam fazer algo. Temos que ir agora. — Então usa os outros dois homens. Eu estarei bem. Sei que são parte de sua equipe. Viram a disposição da fazenda. Deixe ir com você. Uma mão embalou a nuca e o polegar dele deslizou sobre sua mandíbula em uma pequena carícia.
— Se algo te acontecer, Tansy, não teria muito sentido nada disto. Não estou tão longe dessa borda eu mesmo. E você o viu. Não finja que não o tem feito. Haveria uma matança como a que ninguém nunca viu. Me nego a correr riscos com sua vida… Ou minha honra. Ficou claro? Ela engoliu saliva com força, as lágrimas queimavam atrás de suas pálpebras. — Não quero que aconteça nada a você ou a seus amigos. — Isto é o que fazemos, neném. E tenho que conseguir alguém para que venha a casa. Não poderia errar agora — Ele se inclinou e agarrou uma lágrima de sua face com a língua — Não tenha medo por mim. Quero que recolha tudo o que vai precisar no caso de termos que nos mover rápido. Manteremos esta casa como uma base, mas teremos que ir no momento da notificação. Quero estar na seguinte cena assim que recebamos aviso. Não queria nenhum engano: ela não ia ficar com seus pais. Ela estaria com ele. Tansy assentiu com a cabeça. — Viajo leve, Kadan. Estou acostumada a essa vida, recorda? Ele não quis recordar o horror em sua mente, e seguramente que não queria que ela o recordasse tampouco. — Não será como isso. Não deixarei que tirem sua alma de novo. Ela repousou a testa contra a dele. Ao menos ele a entendia. Seus pais tinham tentado compreendê-la, mas era impossível quando não podiam saber o que estava passando em sua cabeça. Simplesmente não pense nisso, Tansy, menina, seu pai tinha dito. Por que não pode simplesmente afastar as coisas más de sua cabeça e ter bons pensamentos? Tinha intervindo sua mãe. Como se de algum jeito, se, simplesmente, ela o tentasse, deteria os assassinos e vítimas que se cravavam em sua cabeça e sugavam sua alma. Elevou a vista para Kadan. Parecia tão forte. Invencível. Plantado entre ela e o mal. Acreditava nele. Acreditava nessa confiança tranqüila, na resolução implacável que encontrou em sua mente, mas sobretudo, no gelo que corria através de suas veias e sua mente e seu coração. Porque ele poderia igualar movimento a movimento os assassinos, como jogadores em um tabuleiro de xadrez, e não poderiam derrotá-lo com sua imoral e malévola crueldade enquanto tinham a ela. Não poderiam comê-lo vivo e controlá-lo. E ele estava erguido frente a ela. — Realmente temos uma possibilidade de detê-los, não é? — Perguntou ela. — O faremos. Tansy assentiu com a cabeça. — Bem então. Estou com você. — Então vamos recuperar seus pais. Kadan lhe apertou a mão e a deixou ir. Não haveria mais contato com sua mente até que tudo estivesse resolvido. Talvez uma vez, talvez uma vez mais quando ele a beijou em despedida e a deixou com seus guardas na casa segura ao outro lado do estreito desfiladeiro da casa de seus pais, mas isso seria um luxo. Ela não podia estar em nenhuma parte perto dele quando partia a uma missão... Especialmente a esta missão. Porque se seus pais estavam de algum modo envolvidos com Whitney, cumpriria sua promessa: Ela os veria uma vez mais, e depois eles desapareceriam.
Kadan ainda estava em posse de seu telefone móvel, um fato que ela tinha esquecido fazia tempo, e esperava que permanecesse dessa maneira, porque não havia modo de que o recuperasse até que este assunto estivesse terminado. Por precaução, não havia nenhum telefone na casa segura onde estava resguardando a Tansy, assim se as coisas saíam errado não poderia tentar chamar e fazer um trato com Fredrickson, trocando sua vida pela de seus pais. Ian e Tucker tinham instruções estritas sobre o que fazer se a missão vinha abaixo. Tirariam Tansy da área rápida, essa noite. Tinham a droga necessária e a usariam se chegasse a hora da verdade. Kadan tinha dado ordens de que não deviam informá-la, só drogá-la e tirá-la. Podiam tratar com a tristeza e o aborrecimento mais tarde, mas não permitiriam que Whitney pusesse suas mãos sobre ela. Tansy não ia terminar em seu macabro programa de cria, não se Kadan podia fazer algo a respeito, e esta era uma promessa que tinha feito a si mesmo.
Capítulo 10
Os três Caminhantes Fantasmas esperaram pacientemente enquanto Nico ia até o terreno mais elevado, estabelecendo uma posição que pudesse encobrir a todos e dar a localização e o movimento de tantos guardas como fosse possível. Um vento proveniente do oceano estava soprando, fazendo sussurrar as folhas das árvores e trazendo o cheiro do mar e da areia. A lua era uma mera lasca, derramando muito pouca luz sobre o solo, embora a noite fosse clara e isso significava que as estrelas brilhavam com toda a sua força, iluminando mais a paisagem do qualquer um deles desejaria. A propriedade compreendia uns cinco hectares com vista para o oceano. Uma alta grade de segurança rodeava a bela paisagem de gramados. Salgueiros chorões pareciam sentinela ágeis em torno de uma chácara brilhante, onde uma baixa e arqueada ponte atravessava a água, proporcionando uma calidez de conto de fadas. A casa se alçava majestosamente, rodeada de balcões, colunas e acolhedores porches. Montões de alegretes de flores e cogumelos cuidadosamente arranjados precediam as lamparinas na parede e rodeavam a casa propriamente dita. A propriedade parecia a imagem da elegância e da tranquilidade. De fora era impossível ver o segundo jogo de valas onde os cães patrulhavam, as câmeras engenhosamente ocultas que estavam dispersas ao redor das terras. Raios laser noturnos entrecruzavam o solo ao longo das lamparinas. Os guardiões da frente da porta dianteira estavam alertas e com armas visíveis cunhadas em seu braços. Kadan se assegurou de fazer um escudo para esconder a presença de sua equipe de qualquer outro psíquico na proximidade, mantendo as ondas de energia encerradas nele. Permaneceu muito quieto, respirando lenta e uniformemente, seu coração batia normal e sua mente estava calma. Este era seu mundo e não tinha nenhuma ansiedade nele, só um forte sentido de propósito e resolução.
O ar se moveu dentro e fora de seus pulmões em um ritmo perfeito. Assim era quando se sentia mais vivo, quando estava caçando. Podia inalar e ler a informação, revisar dados com a mesma precisão de um felino. Os homens se moveram ao longo do interior da vala, permanecendo dentro da vista dos cães, alertas a menor reação dos guardiões caninos. Eles patrulhavam as terras ao longo da garagem e a casa, fazendo difícil manter os raios laser neles. Os apagavam enquanto mantinham uma busca manual e voltavam a acender quando deixavam a área. - Em posição – A voz de Nio soou no ouvido de Kadan. Nico podia disparar nas asas de uma mariposa se tivesse que fazer isso, inclusive com vento forte. Kadan tinha toda a sua confiança no franco-atirador. Kadan assinalou a Gator, e o cajún imediatamente se jogou no chão, avançando sobre o ventre através do espaço aberto entre sua posição e a primeira grade. Tinham escolhido a parte mais meridional da propriedade como ponto de entrada. Dali tinham acesso ao heliporto e a garagem, dois lugares que era absolutamente necessário controlar se iam ter êxito. Gator passou através do terreno rochoso, ganhou terreno sobre a grama cortada e rodou contra a grade privada. Permaneceu quieto, sua mente se estendendo até que encontrou os cães. Tinha oito. Pastores alemães grandes. Inteligentes. Bem treinados. Passeavam ao longo da grade em formação estrita, cada cão a vários palmos do seguinte de maneira que podiam completar o círculo da propriedade várias vezes por hora. O primeiro toque de Gator foi uma tentativa, encontrando o líder da manada. Sempre havia um. Os bons adestradores sempre reconheciam esse fato e tratavam o mais dominante de uma equipe de cães de modo diferente. Cada cão estava treinado para tomar decisões, porém nenhum tinha sido exposto ao talento de Gator. Podia influenciar os animais muito facilmente, adaptando suas ondas cerebrais às deles e dobrando os cães a sua vontade. Neste caso, queriam que não dessem nenhum alarme enquanto entravam no complexo. Levou uns poucos minutos conectar com o alfa, encontrar a ele no meio de todos os animais, cada um com sua própria personalidade. No momento em que funcionou, Gator esteve em um mundo diferente. Seu sentido do olfato aumentou instantaneamente cem vezes mais. Ouviu a cada guardião, os esquilos nas árvores, e inclusive um roedor que tinha feito sua casa na grama próxima. As cores escureceram e o espetro se estreitou, então sua vista estava alterada. Podia ver as terra agora, sua conexão com o alfa se reforçando por momentos, de modo que estava vendo o que o cão via enquanto este passeava entre as valas de tela metálica. Os guardiões se moviam sistematicamente sobre o pátio em uma varredura típica, se assegurando de que ninguém tivesse penetrado no interior. O cão continuou se movendo a um passo estável, alerta e um pouco confuso com Gator compartilhando sua mente. Ele acalmou o animal, uniu suas forças, e dominou, tomando o controle e emitindo ordens. Um a um conectou com cada animal. Não deviam revelar, por som ou a vigilância, que um estranho se deslizava entre suas filas. Era um deles. Um membro da manada. Tinham que continuar sua patrulha e alertar só quando ele dissesse.
Uma vez que esteve seguro de que os cães o obedeceriam, Gator comunicou por sinais a Kadan. - Luz verde. Kadan tinha vestido para a ocasião, sua roupa, que se mimetizava com os arredores, sua pele refletindo a cor do solo, e seu equipamento guardado dentro para um uso rápido. Colocando o ajustado capuz sobre o cabelo se aproximou na grade. Tinha seis metros de altura, reta, sem nenhum apoio para os dedos dos pés. A estudou por um momento e depois deu um salto, se agarrando com as pontas dos dedos. Subiu o lado liso facilmente, usando sua enorme força da parte superior de seu corpo para trepar, só as pontas aderentes dos dedos evitavam que caísse. - Guardião a seis metros de sua posição. Segure forte – Informou Nico. Kadan se agarrou em um dos cantos da cerca, sua pele se adaptou ao tom mais escuro, suas roupas funcionando à perfeição. Inclusive o capuz refletia as imagens a seu redor, então simplesmente desapareceu. O olho humano não podia detectá-lo. Os cães sabiam que estava ali e reagiram com uma inquieta esquiva, porém o fluxo de influência de Gator os impediu de delatar a presença dos Caminhantes Fantasmas. - Tudo desocupado. Deu a volta na lateral d edifício. O laser está abaixo, perto do heliporto. Prove sua sorte agora – Murmurou Nico. Kadan se impulsionou para cima da grade, trocando a cor da pele para a ajustar aos arredores enquanto lançava um rápido olhar antes de saltar a dupla grade de tela metálica que continha os cães. Aterrissou agachado, esperou um momento, e depois começou a se mover através dos densos arbustos, confiando em que Nico fosse seus olhos enquanto cruzava até a parte de trás da garagem. - Vindo para você, trinta metros. Dois guardiões e sabem o que estão fazendo. Mercenários. Kadan fez uma careta de desprezo enquanto de agachava e permanecia quieto. Fredickson tinha coberto a propriedade com mercenários, e Don e Sharon Meadows sabiam e aprovavam, ou tinham se metido em uma confusão que não podiam manejar, porém era bastante difícil esconder o tipo de homens que eram os que protegiam a propriedade. Kadan observou através dos olhos entrecerrados como os homens cobriam o terreno rapidamente. De tanto em tanto seus olhares se fixavam nos cães que passeavam nas grades. Os olhares dos homens se moviam constantemente, em alerta. Fredrickson definitivamente estava esperando problemas. Um homem fez uma pausa a somente escassos centímetros do quadril de Kadan, falando pelo rádio. - Está tudo tranquilo, chefe. Os cães não mostram sinais de nervosismo. - Mantenha todo mundo alerta – Disse bruscamente uma voz, provavelmente a de Fredrickson. Os dois homens deram a volta no canto da garagem e saíram fora da vista de Kadan. Permaneceu onde estava, sua respiração se movendo através dos pulmões em um ritmo estável. Um terceiro homem saiu da garagem, olhando a direita e a esquerda, e então caminhou para a grade de tela metálica para olhar o cachorro mais próximo. Murmurou algo, pegou uma pedra e jogou através das cadeias abertas. - O filho de puta está provocando o cachorro – Se queixou Gator, sua voz era um sussurro no ouvido de Kadan - Nico pode meter uma bala na cabeça do bastardo?
- Não – Sussurrou com firmeza Kadan e puxou com cuidado seu corpo do arbusto, seu olhar fixo no homem que agora cutucava o cão com um pau comprido Necessitamos silêncio completo. - Se o matar, Kadan, nossa surpresa irá pelo ares. Me ocuparei dele depois de pegar Fredrickson – Disse Nico com voz fria e confiada. Kadan amaldiçoou. Queria matar o bastardo. Detestava os homens que machucavam qualquer coisa ou pessoa que não pudesse se defender. Olhando o cachorro, com seu grunhido e seus dentes de fora, se deu conta que o cachorro só necessitava um momento para se vingar. Era obvio que esse homem atormentava o cachorro de forma regular. Outra vez companheiro, prometo e enviou ao cão uma silenciosa desculpa antes de começar seu caminho centímetro a centímetro através do pátio. Estava ficando sem tempo. No momento em que os guardas movessem sua varredura ao outro lado da propriedade, ativariam os lasers. Nico sussurrou em sua orelha, o avisando de quando se mover e quando permanecer quieto. Se moveu desde a borda dos arbustos até o lado mais longe da casa, porém levou vários minutos de doloroso progresso antes de estar livre do campo de laser. Kadan se moveu no amplo leito de flores perto da casa, olhando para o ponto de entrada escolhido. Dois andares acima e a janela do quarto de Tansy. Neste lado tinha balcões e com freqüência deixava a janela aberta alguns centímetros porque necessitava sentir a liberdade. Suas mãos, encerradas em luvas, sempre a faziam se sentir prisioneira, e deslizaria as mãos fora da janela e agitaria o ar da noite. Se tivesse sorte, ninguém teria lembrado de fechar a janela, embora tivesse ido há muito tempo. - Agora – A voz de Nico sussurrou em seu ouvido. Kadan saltou para cima tão alto como pode, se agachando em uma longa extensão e se estirando alto sobre sua cabeça. As pontas de seus dedos se agarraram e apertaram, o grudando ao canto da casa. De novo o tom de sua pele mudou, ficando da cor do fundo. Começou a se mover para cima em silêncio. Fredrickson era um Caminhante Fantasma e seu oponente mais forte. Tinha a habilidade de sentir sua presença, e eles não tinham nem idéia de seus talentos psíquicos. Tinha que ser neutralizado antes que o resgate começasse. Diante um suave “Vá” de Nico, Ryland se pôs em marcha, penetrando pelo lado oposto as terras, para passar os campos de laser enquanto os guardas varriam a área. Quando passasse através do pátio e se aproximasse da casa permaneceria em sua posição, esperando a entrada de Kadan e tudo tranqüilo, que assinalaria que Fredrickson estava morto. Kadan subiu até a janela, ancorou seu corpo em uma mão, e enquanto levantava cuidadosamente seu corpo para lançar um olhar, com a outra notou armadilhas de arame farpado. Seu ouvido era particularmente agudo, e se deu conta do frágil zumbido que constantemente acompanhava a uma armadilha de arame. Fredrickson não só sabia sobre a janela ligeiramente aberta, tinha antecipado uma entrada e a deixou convidativamente aberta aqueles quatro centímetros apenas, porém tinha posto suficientes armadilhas para dez ratos.
- Suba, Nico. Isto é uma armadilha. - Dois homens no telhado – Informou Nico - Um por cima da sua posição e outro por volta de três metros a sua direita. Ambos parecem mercenários. Posso me ocupar de ambos, porém Fredrickson saberia. Kadan tinha começado sua descida. - Não. Entrarei - Posso irritar o cachorro. Porém teremos o bastardo de guarda o golpeando com um pau – Ofereceu Gator - Deixe eu me mover para o cachorro e os atrairei para esse lado. Fredrickson se porá em alerta, porém quererá saber o que está acontecendo. - Então vamos. Kadan podia usar a distração. Se tivesse sorte, uma vez que Fredrickson soubesse que seu próprio guarda o tinha fodido, enviaria a alguém pessoalmente para dar uma bronca no homem. E isso significava uma porta aberta. Só tinha que estar no lugar adequado, no momento adequado. Se movendo com a velocidade e precisão de uma aranha na rede, Kadan escolheu uma porta na lateral da casa perto de onde estava o guarda maltratando o cachorro. Baixou pelo muro de cabeça para baixo, muito parecido ao que faria uma salamandra, seguro pelas aderentes pontas de seus dedos e sua força enorme até que esteve plainando sobre a porta, a descoberto sobre um lado do edifício. Ao cabo de alguns minutos o pastor alemão ficou louco, se precipitando contra a grade de tela metálica, rugindo um desafio, grunhindo e latindo. O pátio se encheu de guardas, homens correndo, chamando uns aos outros, se precipitando para a grade. Um pegou o guarda com um pau na mão, ainda manchado com o sangue quando o tinha estado apertando contra as costas do cachorro. As luzes explodiram, transformando a terra na luz do sol. Os alarmes soaram quando os lasers saltaram. Em uns minutos, tempo suficiente para que a mensagem se transmitisse a Fredickson, a porta sob Kadan se abriu bruscamente e um homem saiu correndo. Kadan balançou seu corpo pela abertura, aterrissando agachado, a pistola já fora e rastreando. Pelos desenhos que Tansy tinha proporcionado, sabia que isto era um átrio que se abria ao salão. Grandes ramos cresciam quase selvagens, subindo para os tetos altos, a vaporização saltava automaticamente cada poucos minutos para proporcionar a atmosfera de uma selva. Kadan esperou. Agora estava em território inimigo. Não qualquer inimigo, um Caminhante Fantasma que podia sentir a menor mudança na energia a seu redor. Kadan podia defender, mas quanto mais perto estivesse de sua presa, mas difícil seria fazê-lo. E estava perto, Fredrickson também era um escudo... Surpreendente, mas tinha que ser verdade. Esse presente era algo estranho, tanto como o era ser um rastreador de elite. Kadan se jogou sobre seu ventre de novo, agora era verde como as ramas a seu redor. Usando os cotovelos para se propulsar para frente, deslizou através da selva de folhagem até a borda do vidro. O átrio era enorme, contendo dentro a selva. Completamente de vidro, a sala podia se fechar e se manter separada do resto da casa, ou, com as portas duplas de vidro abertas como estavam, as espetaculares ramas trepadeiras podiam se tornar parte da enorme sala inferior.
Tansy tinha crescido nesta opulenta casa. Tinha vivido ali como se fosse uma casa ordinária e cotidiana, provavelmente dando por sentada a beleza e a singularidade. Kadan tinha passado sua vida nas ruas, em casas de acolhida e em apartamentos de um só quarto, antes de passar à vida militar de selvas, desertos e mar. No que estava pensando? Como podia ela passar disto ao que ele podia dar? No momento em que o pensamento entrou, o afastou. Tansy não tinha lugar aqui. Ela não podia chateá-lo mais do que já tinha feito voltando-o do avesso. Kadan conteve sua mente de novo sob controle e se deslizou através da porta para a grande sala. Fredrickson estava bem diante dele, olhando impassível os pais de Tansy, que estavam sentados em duas cadeiras de respaldo alto, ambos com as mãos atadas atrás das costas. Sharon Meadows era uma mulher pequena, muito magra, com um abundante cabelo loiro. Um machucado se formou sob um olho e havia um inchaço perto da boca. Não teria que ser um gênio para imaginar que Fredrickson a tinha usado para tentar controlar a Tansy. Chorava silenciosamente, jogando pequenas olhadas a seu marido, quem parecia como se fosse ter um ataque em qualquer momento. —Ela está morta se entrar aqui — Disse Fredrickson a Don — Melhor que confiem em que sua filha ama a ambos o suficiente para se entregar sem trazer ajuda. Sharon sacudiu sua cabeça com força, mas só soluçou mais forte. Don despiu seus dentes e lutou por afrouxar suas ataduras. — Não precisa tocar em minha esposa. Tansy virá. Diga a Whitney que virá. Não há necessidade disto. Fredrickson deu de ombros. — A traremos de volta, de uma maneira ou de outra. E estamos fazendo um favor. Eles sabem sobre ela e está marcada. A matarão se a encontram antes que nós o façamos. — Continua dizendo “eles” como se isso me assustasse — Bufou Don —. Não acredito que ninguém a queira morta. Whitney preparou isto porque a quer de volta. Kadan propulsou para frente com seu ventre sobre o liso e luxuoso chão de mármore, a pistola em uma mão, a faca na outra. Deslizou para frente, centímetro a centímetro laboriosamente lento. Cada centímetro contava quando estava ao descoberto e Fredrickson só tinha que virar a cabeça. Kadan reuniu sua força, sua resolução, e se levantou do chão, elevando-se como um demônio convocado do inferno, lançando a faca direto na garganta de seu inimigo. A faca se enterrou até o punho. Fredrickson gorgolejou, os olhos totalmente abertos, uma mão meio elevada em reflexo, como se examinasse o instrumento de sua morte. Balançou e depois caiu no chão. Imediatamente Kadan sentiu o escudo psíquico cair e uma energia letal fluindo para ele. Girou, se atirando diante da mãe de Tansy, seus instintos gritando que ela era o objetivo. A bala pegou mais alto do que teria gostado, golpeando o colete antibalas como um punho explosivo em seu peito, meio girando e fazendo-o recuar com força. O agudo grito de Sharon feriu seus ouvidos quase tanto como o murro em seu peito, mas sua mão armada já estava levantada, o dedo no gatilho, um, dois, três tiros precisos, fazendo cair o segundo Caminhante Fantasma, inclusive enquanto
Kadan caía. O sangue orvalhou através do mármore e se pulverizou pelas paredes. Viu as gotas vermelhas caindo enquanto seu corpo batia duramente contra o de Sharon, jogando a cadeira atrás sobre o respaldo O golpe no peito tinha arrancado a respiração do corpo, e se sentia como se cada osso estivesse quebrado, destroçado mais à frente do acerto. Por um instante, as bordas de sua visão se rabiscaram e ficaram negras. Despertou com raiva e pânico uns segundos mais tarde, seu peito ardia, queimando como se o estivesse marcando um ferro vermelho vivo, e Sharon gritava sem parar em seu ouvido. Lutou com a necessidade de arrancar o colete e calar à mulher ao mesmo tempo. Seu olho captou um movimento, e com as pernas ainda enredadas no corpo da mãe de Tansy rodou, a arma estável como uma rocha em sua mão, o instinto mantinha seu dedo no gatilho. Don Meadows congelou onde estava tentando se deslizar pelo chão, seu olhar fixo na faca na cintura de Kadan. — Porei uma maldita bala na sua garganta — O advertiu Kadan, se sentindo morrer com o peito em chamas, lutando por cada respiração — Adiante Gator — Conseguiu ordenar pelo rádio enquanto se desenredava dos membros caídos da mulher. Os gritos da Sharon atrairiam todo mundo em quilômetros. Calmamente, Kadan tirou uma seringa de injeção de ar comprimido e a pressionou contra seu pescoço. Não se incomodou em desatar suas mãos. A droga trabalhava rápido, cortando seu grito em meio de um chiado de maneira que o bendito silêncio caiu. — Bastardo. Que demônios fez? — Exigiu Don. Kadan lhe enviou um olhar dominante, e o homem foi o suficientemente inteligente para deixar de falar. O peito de Kadan doía como um inferno, ainda dolorido com cada fôlego que tomava, mas o fogo estava começando a decrescer um pouco. Ainda queria arrancar o colete, junto com a cabeça do atirador. Dominou sua necessidade de colocar outra bala na cabeça do homem morto, muito provavelmente a de Watson, e em troca, tomou cuidado de se assegurar de que a sala estivesse limpa de inimigos, de maneira que só tinha que lutar com os pais de Tansy. — Algum guarda mais na casa? — A maioria estão fora. Vários no telhado. — Então virão por volta de nós cedo ou tarde. Vai me dar problemas? — Em geral Kadan podia ler as mentes estando perto, especialmente em situações como esta onde o medo e a raiva eram emoções forte, mas Don Meadows tinha algum tipo de barreira que bloqueava seus pensamentos e emoções. — Não se for nos tirar daqui. — Tansy me enviou. — Está bem? Gostava de Kadan um pouco mais por isso. — Está bem. Deslizou outra faca de seu cinturão e cortou a finta adesiva que atava os pulsos do Meadows. Era um risco calculado já que não podia ler a mente do homem, mas tinham que se mover rápido. — Entrando — A voz de Ryland flutuou do radio.
— Vamos então — Respondeu Kadan — Gator limpou um caminho para nós? Não foi difícil para Gator escalar a cerca usando os tacos de suas botas e os pregos de suas luvas. Subiu e passou sobre ela e depois fez sinais aos cães, os excitando, ordenando ladrar e grunhir desafiantes de cada ponto do pátio enquanto corria para o heliporto. Só o fez para se cobrir, quando os guardas saíram ao descoberto de todas as direções, as luzes alagaram uma vez mais o complexo. Desta vez, os adestradores liberaram os cães da dupla cerca e lhes puseram as correias, procurando inimigos nos terrenos. Gator fez um trabalho rápido colocando os explosivos, primeiro no heliporto, mais no helicóptero, um terceiro ao longo da cerca justo passando o heliporto. Usou a velocidade realçada dos Caminhantes Fantasmas realçados, se lançando através da área cultivada para chegar ao lado oposto do imóvel, lançando vozes enquanto se precipitava, perturbando os cães de maneira que ficaram loucos, uivando e ladrando, rugindo a seus treinadores, de modo que o caos explodiu em vários pontos quentes, mantendo os guardas correndo em qualquer direção exceto para o Gator ou a casa. Um guarda no telhado deve tê-lo descoberto porque a arma de Nico retumbou e o homem quase caiu a seus pés. Gator continuou correndo. Um segundo disparo ressoou, e pôde ver brevemente um homem caindo do telhado ao balcão. O cajún não vacilou; aumentou a velocidade e ziguezagueou, mantendo as probabilidades a seu favor. — Obrigado, homem. — Nenhum problema — Nico soava como sempre. Prático. Gator levou vários minutos para chegar à grade oposta, dois quilômetros do heliporto, e inclusive estava um pouco sem fôlego depois da carreira. Tirando rapidamente uma lata, orvalhou uma seção completa das três cercas. Um homem gritou com voz rouca, mas Gator continuou orvalhando e não se voltou quando o rifle do Nico cobrou de outra morte. — Onde esta? — A voz de Ryland zumbiu em seu ouvido. — Me dirigindo para a garagem — Respondeu Gator e girou para fazer outra carreira. Desta vez ia ter que passar primeiro através das filas de guardas e depois entrar na garagem, onde Nico já não seria capaz de ajudar. Tirou duas armas e se dirigiu para a garagem. Os guardas estavam se preparando para avançar para a casa, sabendo através do silêncio da rádio que seus chefes estavam muito provavelmente mortos. Estavam entre ele e a garagem, e tinha que alcançar o Humvee. — Estou em movimento agora. No momento em que Kadan escutou que Gator estava fazendo uma brecha para a garagem, evitou à mulher no chão e tirou duas armas do cinturão. — O reviste, Rye. Não olhou atrás, mas saiu da casa correndo, disparando implacavelmente, escolhendo seus alvos enquanto limpava um caminho para proteger Gator. Podia escutar o rifle de Nico e o choque ressonante das armas de Gator enquanto se uniam a luta. — Estou dentro — A voz de Gator estava um pouco sem fôlego. Amaldiçoou. Houve mais disparos e depois falou de novo — Filho de puta, sai de meu carro — Mais
fogo de arma veio das imediações da garagem — É um original, e homem, é sensacional. Kadan deu um pequeno suspiro de alívio. O navegador do veículo tinha sido investigado apressadamente, e Tansy não tinha prestado atenção, nem sequer tinha montado nunca nele. Don Meadows tinha um autentico acordo, tecnologia militar, tração às quatro rodas, alta mobilidade, blindado, um veículo para ir sobre e através de tudo. E iam precisar dele. — Explode o helicóptero — Ordenou Kadan. Imediatamente o avião voou pelos ares, explodindo em várias peças grandes, e caiu em uma fera caldeira de chamas alaranjadas e negras. A explosão teve o desejado efeito de mandar os guardas correndo para o lado da propriedade que dava ao oceano. Kadan contou até trinta e deu a seguinte ordem. — Elimina o heliporto. A segunda explosão sacudiu o imóvel. A fumaça formou uma nuvem no ar junto com uma torre de chamas. Kadan se retirou à entrada da casa. Ryland teria que tirar a Sharon sobre seu ombro, mas Don... Agora, Don era outro assunto. Kadan não confiava nele. Tinha que ter algumas habilidades psíquicas para ter tal barreira natural na cabeça. Considerando o talento psíquico e sua antiga amizade com Whitney, Kadan não confiava no homem mais longe do que podia lançá-lo. Ryland passou atrás dele, a arma fora, Sharon colocada sobre o ombro. Don tinha sido incitado diante dos Caminhantes Fantasmas e estava claramente infeliz. — Posso levar a minha esposa. Kadan girou seus frios olhos para ele. — Pode ficar calado ou pode sair da mesma forma que vai sair ela. Meadows se ruborizou. Kadan duvidava que alguém tivesse falado com ele dessa forma. Como futuro genro, não estava anotando pontos para si, mas realmente se importava um nada. — Ao menos me dê uma arma para nos defender — Solicitou Don. Kadan girou em redondo, tirando a seringa de injeção de ar comprimido de sua mochila e golpeou outro cartucho dentro. Don levantou ambas as mãos e recuou. — Calarei-me. Sério, não necessita isso. Kadan o ignorou e deu a volta justo quando o Humvee saía de repente da garagem e ricocheteava sobre os pneus. Os poucos guardas restantes se dispersaram, os cães grunhiram, e o veículo deslizou de lado até a porta do átrio. — Explode a grade traseira — Ordenou Kadan calmamente enquanto caminhava para trás, tirando bruscamente a Don da linha de fogo, e empurrava o pai de Tansy atrás dele. A terceira explosão sacudiu de novo a casa. — Vá, Rye — Ordenou Kadan, disparando com calma a dois homens que estavam apontando para Gator. O rifle de Nico ladrou ao mesmo tempo, e os corpos se sacudiram duas vezes enquanto caiam.
Nico disparava regularmente agora, proporcionando cobertura à carreira de Rye, o corpo murcho de Sharon ricocheteava solto contra suas costas. Lançou-a ao veículo que os esperava e tomou posição para cobrir Kadan e Don. — Vamos — Disse Kadan — Corra e lance-se dentro. Se jogue ao chão e cubra o corpo de sua esposa. Para seu crédito, Don não vacilou. Não olhou a direita nem a esquerda; só saiu correndo, se lançando pela porta aberta e cobriu com seu corpo o de Sharon. — Sai, Nico — Ordenou Kadan — Vai, Gator. O Humvee deu um inclinação brusca para frente e depois pegou velocidade. Um guarda se levantou sobre o lado do condutor, apontando seu cano para Gator. Um buraco vermelho floresceu onde tinha estado seu olho esquerdo enquanto Kadan punha outro em seu peito. — Nico — Disse Kadan o repreendendo. — Estou fora — Confirmou Nico — Te agarrarei no ponto de encontro. — Conseguiu o dispositivo de rastreamento, Gator? — Perguntou Kadan. — Desmontado — Disse Gator, seus olhos na cerca que surgia diante deles. A cerca dupla de tecido metálico com a cerca privada além desta. Manteve o pé no acelerador, aumentando a velocidade. Don Meadows levantou a cabeça tentando olhar para fora, viu a cerca vir para eles. — Para! A bota de Kadan encontrou a parte de trás de seu pescoço e o empurro para baixo enquanto a parte frontal do veículo batia a cadeia fraca pelo banho de ácido que Gator tinha proporcionado. O Humvee rompeu a segunda cerca e golpeou a terceira a toda velocidade. O dilacerador estrépito foi alto enquanto as pranchas cediam o passo e o veículo passava ileso através. Gator tinha um mapa do agreste terreno impresso na cabeça. A propriedade recuava para os escarpados cannion. A densa folhagem e as árvores proporcionariam cobertura enquanto se dirigiam à casa segura. O Humvee subiu uma costa e desceu pelo outro lado, e eles estavam deixando a terra, com picos de montanha se elevando sobre eles e a terra virgem os rodeando. Kadan tirou sua bota do pescoço de Don Meadows e indicou que tomasse assento. —Ponha o cinto na sua esposa, assim não se ferirá. Meadows olhou pela janela e depois ao redor às três caras de expressão grave. O Humvee sacolejava sobre rochas e arbustos, e embora Gator tinha reduzido grandemente, o movimento era intenso, empurrando os passageiros, os lançando de um lado a outro e para o teto. Don se agachou, com agarre suave girou a Sharon levantando-a em seus braços. Ryland e Kadan estavam protegendo cada lado do veículo com as armas fora, esperando sinais de perseguição. — Nico deveria vir para nós em qualquer momento — Disse Gator, reduzindo mais a velocidade. Girou as rodas duramente a sua direita, estas se sacudiram violentamente enquanto subiam e passavam uma série de rochas e depois desciam por uma costa coberta de arbustos no leito de um pequeno riacho. — Movimento à direita — Informou Ryland.
— Contenha o fogo — Advertiu Kadan — Nico? Está nos vendo? A estática foi a única resposta. — Chegando — Anunciou Ryland. Don automaticamente cobriu a sua esposa, tentando pressionar seu flácido corpo contra o assento tão forte como podia. Gator meteu o Humvee em um lugar bastante entupido de densos arbustos, abrindo caminho através de folhas e ramos enquanto Kadan se movia para a direita. Um Jipe com tração nas quatro rodas apareceu através das árvores, vindo depressa para eles. Kadan com calma disparou três disparos através do vidro ao condutor, enquanto que Ryland eliminava o passageiro com um disparo na cabeça. O condutor caiu para um lado, e o Jipe bateu em uma rocha e saltou no ar, caiu e bateu numa árvore, parando. Gator conduziu uns poucos metros mais para dentro dos arbustos e uma vez mais girou bruscamente para a direita para tentar chegar ao ponto onde Nico deveria ter estado esperando. Parou o carro, e Kadan indicou a Ryland que observasse seus prisioneiros, enquanto abria de repente a porta e saltava fora, correndo agachado com o passar do terreno, sua pele mudando, a roupa refletindo o mato que o rodeava. Subiu a costa, saltando sobre os troncos podres de árvores caídos e umas poucas sarças para aterrissar de volta em uma estreita pista. Podia escutar o som de uma pequena motocicleta e sabia que Nico estava em plena retirada. Atrás dele vinha outra maquina muito maior e o som de disparos. Nico estava tentando de dirigi-los longe do Humvee. —Traga-os para mim — Ordenou Kadan, esperando que a ordem chegasse até Nico. O cannion era escarpado, estreito e cheio de densos arbustos e árvores. Nico teve que agüentar uma surra na pequena moto enquanto passava desprotegido através dos arbustos. O gemido da maquina cresceu mais forte enquanto Nico parecia voltar para ele. Então apareceu através dos arbustos só a uns centímetros de Kadan, cara e braços cheios de feios arranhões, sangrando por cem arranhões na pele, o rifle protegido por seu corpo. Nico ficou sobre um joelho, a culatra do rifle ajustada contra o ombro enquanto procurava um objetivo. Kadan deu uma olhada a mais para se assegurar que nenhuma de suas feridas fosse muito mal; a maioria pareciam como se as sarças tivessem arranhado ao atirador enquanto viajava através dos arbustos. Depois o caminhão perseguidor alcançou o topo da costa e saltou sobre ela. Os guardas na parte traseira foram lançados de lado a lado, fazendo difíceis seus disparos. Nico, é obvio, não teve problemas em eliminar o atirador estabilizando seu rifle, mas a primeira bala de Kadan pegou o homem de trás do atirador alto no ombro, o girando, e lançando-o do caminhão. Ainda estava se movendo, e Kadan não teve mais opção que desperdiçar outra bala, dando o terceiro guarda a oportunidade de realizar um disparo. A bala assobiou passando perto da face de Kadan, e sentiu a queimação ao longo de sua bochecha, embora nunca o tocasse. O rifle de Nico se levantou de novo e o atirador caiu. Kadan eliminou o condutor e sem uma palavra, os dois Caminhantes Fantasmas correram de volta para o
Humvee. Ryland abriu as portas e eles subiram. Gator acendeu a máquina e estiveram em movimento. — Está piorado um pouco — Disse Nico como saudação — Essa sua mulher vai ficar toda sensível com você. Kadan não trocou a expressão ou olhou o pai de Tansy, mas por dentro, seu coração deu um pequeno e estranho salto. Ninguém nunca tinha tido uma reação muito sensível por umas pequenas feridas nele. O faria ela? Inclusive com seus pais pressente? Não tinha considerado isso. O pensamento o esquentou um pouco. Não queria pensar nela enquanto estava trabalhando. Ela não tinha lugar nessa parte de sua vida. Tinha nascido para lutar, para matar, e alguém tão compassivo como Tansy nunca entenderia a necessidade e o desejo que o levava a tomar as atribuições que fazia... Ou talvez estava errado. Talvez aquele mesmo desejo estava nela (aquela moça de treze anos oferecendo-se como um sacrifício a fim de rastrear a maldade) talvez a necessidade se manifestava simplesmente de forma diferente. Passou a mão pela face e se surpreendeu quando voltou manchada de sangue. Nem sequer sabia de quem era o sangue que levava, só que ia voltar cheio dele. Parecia passar muito tempo com sangue em seu pele. Ryland o empurrou com a bota. — Tem um buraco na camisa. Está ferido? Don Meadows pigarreou. — Golpeou-lhe uma bala quando Fredrickson tentou matar a minha mulher. Disseram que se havia um resgate, a matariam e o diziam a serio. — Fredrickson era um idiota. Deveria ter me eliminado em primeiro lugar e depois matá-la — Disse Kadan, dando de ombros. Isso é o que ele teria feito se a situação tivesse sido ao contrário. Elimina o mau e depois faz seu trabalho. Nico estendeu uma garrafa de água da mochila. — Bebe, homem, parece como se pudesse usá-la. Devia ver-se pior do que pensava para que Nico, cheio de arranhões abertos, percebesse que se via mal. Tomou a garrafa e bebeu a metade de um só trago. — Quem é você? — Perguntou Don — Onde está minha filha? — Está a salvo. Tenho dois bons homens a protegendo. — A protegendo, ou a mantendo prisioneira? Kadan meditou. Não tinha acesso a um telefone. Ian e Tucker tinham ordens de mantê-la perto. Não podia partir, e se as coisas fossem mau, moveriam-na à força a uma localização segura. Tecnicamente, supôs, era uma prisioneira. Não se incomodou em responder. Maldito fosse se justificasse com o outro homem. Girou o olhar, deixando-o vagar sobre o Meadows. O homem estava em boa forma, forte, apto, a inteligência em seus olhos. Estava pensando, avaliando a situação, e Kadan apostava que o homem sabia onde estava cada arma no Humvee. Meadows também lia com bastante precisão que qualquer dos Caminhantes Fantasmas o mataria antes que fizesse um movimento. — O que deu a minha esposa? Kadan deu uma olhada à dormida mulher. Parecia muito frágil, a face pálida coberta de machucados e a boca torcida. Provavelmente tinha uns poucos machucados mais onde Kadan tinha batido.
— Despertará em poucos minutos, antes que cheguemos à casa — Assegurou Kadan — Uma pequena dor de cabeça talvez e muito sedenta, mas estará bem. Alargou a mão e deslizou a fita que atava os pulsos de Sharon. Sua pele estava torcida e em carne viva. — Quem os enviou? — Tansy. Isso surpreendeu Meadows. Piscou, mas manteve a mesma expressão. Olhava da forma em que Kadan tinha visto antes como tantos em sua posição olhavam. Superior. À espera de tomar o controle. Zangado diante a perda de controle. Kadan procurou no pequeno pacote em seu cinturão e tirou um pequeno tubo de ungüento. O lançou a Don. — Ponha nos pulsos de sua esposa. Deveria ajudar — Manteve os olhos na face do homem — Tem alguma habilidade psíquica, não é? Ryland e Nico, ambos se voltaram para olhar a Don. Inclusive Gator tirou os olhos da apenas visível faixa do leito do rio que estava seguindo para olhar pelo espelho retrovisor. Por um momento os olhos de Don ficaram duros e agudos, depois franziu o cenho e sacudiu a cabeça. — Não sei de que está falando. Então ia ser assim. Kadan conteve um suspiro. Não era uma surpresa, mas tinha esperado um resultado diferente. Deu de ombros e manteve o silêncio enquanto expulsavam através do cannion para seu destino.
Capítulo 11
Ian McGillicuddy era muito alto e muito musculoso, com cabelo castanho que parecia vermelho quando o sol batia nele. Os olhos castanho escuros eram muito intensos, e tão grandes como ele, Tansy poderia tê-lo achado intimidante, mas seu contagioso sorriso evitava que isso acontecesse. Era muito amável e educado com ela todo o tempo, inclusive quando ela estava passeando de lá para cá, provavelmente o deixando louco. Tucker Addison era quase tão alto como Ian, com uma rica pele escura e músculos que ondulavam cada vez que se movia, tranqüilos olhos marrons que pareciam ver tudo, e um sorriso simpático e próximo, o cabelo cortado no estilo militar que não ocultava os cachos elásticos sobre os que Ian tirava o sarro. Parecia muito paciente e tranqüilo, embora freqüentemente disparava a Ian com pequenas gomas por alguma observação molesta. Tansy gostava dos dois, mas isso não ajudava que o tempo passasse mais rápido. Um sentimento de pavor aumentava, e várias vezes se encontrou se estirando para Kadan, só para encontrar... Nada. Intelectualmente sabia que não o podia alcançar dessa distância, mas isso não fazia que o temor diminuísse. Provavelmente perguntou a Tucker milhares de vezes se tinham ouvido algo, e ele sempre era suave e paciente com sua resposta.
Depois de um momento não pôde suportar a compaixão em seus olhos e entrou na cozinha com o pretexto de fazer chá. Tucker a seguiu na cozinha e se encarapitou sobre a mesa, dobrando seus grandes braços sobre o impressionante peito e olhandoa com sua sempre presente calma. — A parte mais dura de qualquer missão, ainda quando é o único participando dela, é a espera. Aprende, com o tempo, que tudo demora mais do que deseja, a dormir sempre que puder, e sobretudo, a não jogar probabilidades em sua cabeça. Só vive o momento. Ação, não ação, tudo está bem. Justo agora, precisamos estar vivendo em nosso momento e os deixar ter o seu. Tansy encheu a chaleira. — Realmente pode fazer isso? Não se preocupa por eles? Ou por si mesmo quando entra em combate? Dirigiu-lhe um sorriso e havia uma perigosa borda que ela não tinha visto antes. — Não, madame, não me preocupo tanto. Não vai me dar mais que uma ruga em minha cara. Não posso trocar o que está acontecendo. O que nossa imaginação evoca é provavelmente pior que do que o que realmente está acontecendo — Esperou até que o olhou, detendo-se no ato de pôr chá em um pequeno bule — Tenho fé neles. No Rye, Kadan, Nico e no Gator. Acredito neles. Farão o que dizem que farão. Ela deixou sair o fôlego e tentou acalmar sua caótica mente. — Não são invencíveis. O sorriso se ampliou. —Seguro que são. Aí é onde se engana em seus pensamentos. Tem que acreditar neles. Não há nenhum outro resultado que o êxito... O êxito total. Uma vez que o acha, não esbanja todo seu tempo se armando uma confusão. — Os permiti ir por meus pais. Está errado trocar a vida de uma pessoa pela de outra, como se ele não fosse tão valioso. Deveria ter ido eu mesma. — É mais preparada que isso. Kadan está treinado para este trabalho. É o que ele faz e o que é. Sairá uma e outra vez em missões, Tansy. Tem que estar bem com isso. — Por que o faz? Por que o faz você? Seus brancos dentes relampejaram. — Por que faz alguém algo? Somos bons nisso. Somos muito bons nisso. Devolverá seus pais. Ela baixou a cabeça. — Não quero que aconteça nada a ele. Ele aspirou o fôlego bruscamente. — Está preocupada com Kadan? — O sorriso se ampliou — Homem, sou lento — Deu uma palmada na própria testa — Todo este tempo estava pensando que tinha isso da moralidade, ou que estava toda preocupada com seus pais… Ela franziu o cenho. — Estou preocupada com meus pais. — É Kadan. Está preocupada com nosso menino Kadan — Tucker levantou a voz — Ian. Vêem aqui. Tem que ouvir isto. Ela colocou as mãos nos quadris.
— Está se divertindo muito com isto. Não vou falar com você nunca mais. Ian colocou a cabeça. — O que acontece? — Nossa garota aqui está toda preocupada com Kadan. Acredita que poderia cair e esfolar o joelho. Ian assobiou. — Está nervosa por Kadan? Todo esse passear é sobre esse grande bode? — Os dois homens trocaram um olhar longo e depois se puseram a rir — Carinho, não tem nenhuma razão para pensar que esse homem vá se machucar. Compadece do outro cara. — Continuem rindo, hienas – Bufou Tansy — Não vou fazer chá a nenhum. — Vamos — Disse Tucker — Não pode nos culpar por rir. Kadan é como um cão do inferno. Ian assentiu. — O próprio diabo. Ela fez caretas. — São horríveis. Saibam que não têm que estar comigo. Posso me cuidar sozinha. Tinha estado considerando tentar pôr algumas peças mais no quebra-cabeças dos assassinatos juntas, mas precisava estar sozinha para fazê-lo. Estava segura de que Kadan não havia dito nada a seus amigos. Eram suspeitos, embora Kadan não suspeitasse deles por um momento. Não podia se imaginar que não tivesse nenhuma reação inclusive através das luvas se eram assassinos em série, mas nunca se sabia. Colocou uma xícara de chá diante de cada um deles. Tucker recuou, olhando-a como se o fosse morder. — Madam? — Supõe-se que o bebe. Tucker trocou outro longo olhar com o Ian antes de agarrar delicadamente a xícara como se pudesse morder. — Você também — Exigiu Tansy quando pegou Ian sorrindo zombadoramente a seu amigo — É bom para você. Levo uma mistura especial em minha mochila. Apaziguará seus nervos. Tucker enrugou a face. —Tenho nervos de aço. Não necessito esta mer… Coisa. — Talvez possamos encontrar um pouco de uísque para lhe jogar — Sugeriu Ian, contemplando a infusão com evidente apreensão. Ela estava bastante segura de que suas estrambóticas reações a uma xícara de chá estavam feitas para distraí-la, e o permitiu, gracejando a ambos os homens a respeito de ser tão infantis. — Algum de vocês está casado? — Não — Disse Ian — As mulheres não apreciam meu particular encanto. Tucker sacudiu a cabeça. — Não tenho problemas com o encanto, mas elas são um risco muito alto para mim — Deu uma piscada — Claro que agora que Kadan está dando o passo decisivo… Tansy levantou a cabeça.
— O que quer dizer com que está dando o passo decisivo? — Teria sorte se Kadan estivesse comprometido. No momento em que o pensamento entrou em sua cabeça, se deu conta de quanto a tinha sacudido a possibilidade de que seus pais a traíssem com o Whitney. Tinha estado na cabeça de Kadan numerosas vezes. Não havia duvida sobre seus sentimentos, embora fossem confusos eram também genuínos, ainda crus, fortes e verdadeiros. Não podia falsificar isso, ninguém era tão bom. Ela teria sabido. Tucker assobiou outra vez e bateu na coxa. Inclusive tomou um gole saudável de chá. Ian quase jogou o seu. — Casar-se. Atar-se. A velha bola e a corrente. — Está implicando que Kadan vai se casar com alguém? Quem seria? — Sabia agora, como se não podia ela? Era como se Kadan o dissesse a todos exceto a ela. — Você, é obvio — Disse Tucker. Ela advertiu que seus olhos se tornaram frios e atentos, como se estivesse esperando um sinal de que ela não ia desiludir seu companheiro. — Nos disse que era sua prometida e que planejava te agarrar no momento em que isto acabasse. Disse que o teria feito antes, mas não pôde fazer a papelada. — Disse isso, sério? — Sim, madame. — Que estranho que esquecesse de me dizer isso. Tucker encolheu seus enormes ombros. — Não tão estranho quando você talvez lhe arranque o coração. Seria mais preparado se só o tivesse feito antes que pense muito nisso. Sim, isso soava como Kadan, embora se surpreendesse que Tucker pudesse ver em sua alma desse modo. Mas claro, Tucker era um homem interessante. Todos os amigos de Kadan o eram. Se sentiu um pouco culpada de conversar e esperar que deixassem a conzinha para poder se lavar, mas estava deixando que esses homens protegessem seus pais enquanto ela estava caçando um assassino. Tinha que estar absolutamente segura de que não ia deixar ao assassino com as pessoas que amava. Encheu a pia com água saponácea, observando com cuidado a porta até que se foram, antes de tirar as luvas. Tansy se acomodou em uma cadeira e estudou a xícara de Tucker de todos os ângulos cavando as mãos ao redor, sem tocá-la de tudo com as palmas, esperando não ter que tocá-la realmente para conseguir impressões. Fechou os olhos, permitindo que a energia se derramasse sobre e através dela. Tinha estado mentindo... Estava preocupado pelo Kadan e os outros e desejava estar ali, guardando suas costas. Estava muito inquieto por não estar com sua equipe, em seu lugar habitual, os vigiando, protegendo-os em meio de um tiroteio. Preocupava-lhe que Kadan estivesse muito obcecado com ela. Teve a imediata impressão de uma forte lealdade; este era um homem que permanecia junto a aqueles aos que amava, seus amigos, estava obrigado pela honra e era muito patriótico. Brilhos de seu passado corriam por sua mente, missões que vieram abaixo. O Congo. Colômbia. Viu imagens de Kadan, manchado de sangue, atravessando uma porta, a face cruel, as armas ardendo, gritando com voz rouca. A
fumaça se curvava ao redor deles, espessa e escura. Tucker, um homem pendurado em seu ombro, corria por um corredor de chamas e disparos enquanto Kadan e Nico, proporcionando fogo de cobertura, corriam a ambos os lados dele. Ryland abria caminho, a automática gaguejando, e atrás de Tucker e do homem ferido estavam Gator e outros dois que não reconheceu. Tucker não era um assassino em série, e não precisava saber nada mais a respeito de seu passado. Forçou as mãos longe do campo de energia e curvou os dedos no colo, esperando que sua mente se esvaziasse. O familiar batimento do coração nas têmporas a advertiu que tinha estado usando seu dom com muita freqüência e muito seguido, mas, embora estava segura de que encontraria que Ian não era mais culpado de assassinato que Tucker, por consideração a seus pais, tinha que se assegurar. Tomou outra profunda respiração, soprou em suas palmas, e se inclinou para frente para rodear a xícara vazia de Ian. Sua energia era mais fraca que a de Tucker, e por um momento o coração saltou, atemorizado que tivesse que agarrar realmente a xícara. Isso a afundaria muito mais profundo do que queria ir. Aproximou as palmas, até que esteve à distância de um cabelo. Então estava na onda de energia, e as impressões correram por sua mente. Como Tucker, Ian estava preocupado por sua unidade, especialmente pelo Kadan. O homem raramente compartilhava informação pessoal, e Ian estava seguro de havia mais do que Kadan havia dito. Ian não gostava do fato de que nunca tivesse ouvido nada de Tansy e tinha a sensação de que era uma das meninas “perdidas”, o que eram más notícias porque significaria que Whitney a estaria caçando. Isso enviou um tremor por sua coluna. Forçou-se mais profundo na impressão, querendo passar sobre isso. Não era um assassino, mas certamente tinha matado. Havia imagens de Kadan outra vez, vestido desta vez com o equipamento de combate na selva. A equipe estava sentada, enterrado até os narizes no barro, em um pântano com jacarés e serpentes, respirando apenas, compartilhando a comunicação telepática que Kadan e Ryland pareciam manter para o resto dos homens. Viu a grama ondear sobre suas cabeças, mas inclusive assim, usavam uma palha para respirar através do barro e os poucos centímetros de água sobre suas cabeças. O asco de Ian era forte. Olhou enfurecido a Gator, quem seguia o olhando. Diga jacaré uma vez mais e vou alimentar a um com seu corpo, pedaço a pedaço. Não havia verdadeira maldade nas palavras; podia detectar carinho. Tinha a impressão dos outros se movendo ao redor deles, quase pisando-os. Ninguém se moveu, todos permaneceram tranqüilos, inclusive Ian, quando Gator fez um movimento de natação pelo barro com uma mão como um jacaré, direito para o ventre do Ian. Sério, Rye, vou fazer isso. Vou cortar a garganta dele e o deixar aqui. Um sorriso de diversão varreu o círculo. Sim e você pode responder a Flame. Ela te comerá vivo, Ian, respondeu Ryland. Tansy tomou nota de conhecer a mulher de Gator. A mulher parecia capaz de provocar temor nos homens quando um pântano cheio de inimigos e jacarés só os fazia rir.
Por que é que cada vez que resgatamos a alguém, algo enguiça? Reclamou Ian. De agora em diante, toma as missões onde consigam matar a todos. Precisamos eliminar objetivos, não nos sentar aqui no barro com os amiguinhos de jogos de Gator. Tansy escutou as palavras, mas sentia suas emoções. Preferia as missões de resgate inclusive embora quase cada vez algo falhasse, e por essa razão, queria desesperadamente estar com sua equipe, proporcionando cobertura, vigiando suas costas justo como Tucker fazia. Ela se deu conta de que Tucker tinha estado pensando em um resgate que não tinha ido exatamente como no manual tampouco. Respirou fundo e afastou as mãos da xícara. Imediatamente sentiu o enjôo e a dor de cabeça que acompanhavam ao uso de seu dom. Tinha tomado cuidado de não ir muito profundo, mas ainda estava trêmula. Tocou a face e encontrou um fino fio de sangue da boca e outro do nariz. Enquanto ficava de pé, Ian entrou correndo. — Têm a seus pais e saíram. Devem estar aqui em qualquer momento — Parou no meio do piso, notou as duas xícaras de chá diante dela, o sangue na face e o fato de que já não levava as luvas que tinha estado levando no momento que a tinha conhecido — Que caralho está fazendo? Ela sentiu que ruborizava. Era embaraçoso ser descoberta como um olheiro olhando pelas janelas a vida particular de alguém. Enxugou o sangue, conseguindo se manchar enquanto andava sem as luvas. — Sinto muito. Senti que não tinha escolha. Tucker se impulsionou atrás de Ian, franzindo o cenho quando viu o sangue. Se moveu rapidamente à pia e empapou uma pequena toalha. — Vêem aqui. Me deixe ver que posso fazer. A dor de cabeça seguia adiante e ela não o desejava, não com seus pais e Kadan a caminho. Não deveria estar se sentindo culpada por ter usado seu dom sem Kadan presente, mas tinha a sensação de que ele ficaria zangado, e por alguma estranha razão, isso a perturbava. Sua vida já estava trancada com a dele em um tempo tão curto que apenas podia acreditar. Tucker levantou seu queixo e deu uns pequenos golpes no sangue, enquanto Ian continuava de pé com as mãos nos quadris, olhando-a com fúria. — Também pode confessar — Disse Tucker — O olhar de Ian pode te furar. Está me assustando de morte. — Estão protegendo meus pais — Explicou — Tinha que saber que tipo de homens são. Tentei não bisbilhotar muito profundo. Algo perigoso piscou nos olhos de Tucker, mas as mãos permaneceram suaves em sua cara enquanto tirava o sangue. — Encontrou o que precisava? Ela assentiu, lhe dirigindo uma tentativa de sorriso. — O Ian não gosta dos jacarés — Levantou o olhar ao alto irlandês — Realmente sinto muito ter me intrometido. Tomei cuidado. Ian fez um esforço por parecer ofendido. — Eu teria feito o mesmo.
Tucker lhe enviou um olhar, recordando claramente que estavam ali não só para mantê-la a salvo mas também para evitar que saísse se o tinha em mente, assim que se sentiam igualmente culpados. — Tem dores de cabeça junto com o sangramento? Ela assentiu. — Tenho alguma medicina em minha bolsa. — Trarei-a — Disse Ian e saiu com passos rápidos. — Não o culpo por estar zangado — Disse Tansy — Ninguém quer que leiam seus pensamentos particular. — Pode fazer realmente isso? — Perguntou Tucker. Ela cabeceou. — Tomo cuidado de levar luvas de maneira que não toco coisas. Mantém uma barreira entre mim e os outros a menos que a energia seja particularmente forte, como a energia violenta. Então leio tanto se quiser como se não. Ele estudou a fadiga nos olhos. — Tem seu preço. — Sim. Para você não? — Ela sacudiu a cabeça apressadamente quando seu olhar ficou duro e perigoso — Não recolhi segredos de segurança nacional. Não tenho nem idéia do que pode fazer, mas sua energia e a do Ian indicam capacidade psíquica forte. Sem Kadan aqui, posso ler isso estando simplesmente na mesma sala com vocês. Tucker assentiu. Ele tinha lido a energia dela também. Ian retornou e entregou sua bolsa a Tansy. — Parece pálida. talvez deveria se sentar. Se Kadan te vê desta maneira chutará nossos traseiros. Tanto Ian como Tucker eram homens muito grandes com músculos definidos e sobressalentes. Não parecia como se ele pudesse bater no traseiro muito facilmente. — Na realidade não é tão aterrador como o faz parecer — Disse Tansy, engolindo as pílulas. Eles olharam um ao outro. — Doçura — Disse Ian — não se engane. Kadan Montague é um verdadeiro inferno sobre rodas em um combate. Não quero nenhuma parte dele. Uma luz estroboscópica cintilou, e ambos os homens passaram de estar despreocupados a estar alerta, seu comportamento mudou bruscamente. Tucker deslizou ficando em pé silenciosamente, agarrando Tansy pelo braço e a arrastando com ele ao salão. Ian sumiu na escuridão da casa, tirando sua arma. — Entrando — Se ouviu a voz de Ryland e a porta principal se abriu. Entrou primeiro, varrendo a área com olhos frios e duros, a arma fora em caso de estarem entrando em uma armadilha. Ian relaxou e baixou a arma. Tucker afrouxou seu aperto em Tansy. O resto da equipe de resgate entrou, com Don e Sharon Meadows no centro. — Mamãe! Papai! — Tansy evitou o apertão de Tucker e se apressou para seu pai, correndo através da sala, quase o derrubando quando se lançou a seus braços antes que qualquer pudesse pará-la.
Kadan estava perto de Don, a uns centímetros a seu lado, o punho de sua faca já em parte na mão, e o conhecimento que ardia nele de que poderia apunhalar profundamente, cortando a jugular antes que Meadows soubesse quem o tinha golpeado, se o pai de Tansy fazia um movimento equivocado para ela. Tucker e Ian se moveram para cobrir Kadan, e Nico e Gator tomaram posições a costas e frente a Meadows. Cada um tinha uma faca com a folha para cima contra o pulso onde ninguém podia ver. Ryland estava agüentando Sharon, ainda aturdida pela droga que Kadan tinha injetado em seu corpo para acalmá-la. A moveu a um lado, fingindo colocar seu corpo entre o Meadows e sua mulher. Inclusive enquanto Tansy o beijava, Don captou o movimento, interpretando corretamente a ameaça. Suavemente afastou Tansy dele, a sustentando pelos ombros à distância do braço. — Está bem, Tansy? — Estou bem. Papai, tinha medo por vocês. Ouvi a mamãe gritar e pensei o pior. Está ferido? Te fez mal? — Não, só nos bateu um pouco. Foi um golpe descobrir que tinha estado nos traindo todos esses anos. O considerava da família. Don Meadows estava mentindo a sua filha. Kadan deu um rápido olhar a Ryland. Meadows tinha sabido que Fredrickson pertencia a Whitney. — O que fez a mamãe? E como pôde, depois de se sentar conosco todos estes anos comendo e vendo filmes e sendo parte de nossa família? — Olhou além de seu pai à delicada forma de sua mãe. Seus olhos se obscureceram quando viu os machucados. — Mamãe! Oh não. O que aconteceu? Kadan olhou de Don Meadows a sua filha adotiva e depois a sua diminuta mulher, Sharon. O cabelo de Tansy era uma grossa massa de ouro quase branco, uma cor excepcional na sua idade, quase um ouro prateado. O cabelo de Sharon estava tingido da mesma cor, mas o cabelo de Don era prematuramente ouro prateado, emprestando aos pais uma aparência semelhante a de sua filha adotiva. Tansy não o tinha observado nem uma vez, nem sequer um olhar roubado, nenhuma insinuação de reconhecimento, e parte dele se sentia morto por dentro. Manteve a mão curvada ao redor da arma, sem falar, sem interromper a reunião, quando o que realmente queria era arrastá-la contra ele e fazê-la se fixar nele. Sharon tocou o machucado na sua face. — Fredrickson me bateu muito forte quando se encarregou da chamada telefônica. Quase desmaiei. — Sinto que fizesse isso, mamãe. Era uma pessoa horrível. O que aconteceu a sua boca? Sharon lançou um olhar a Don. — Estava zangado com seu pai. Não sabíamos que Watson estava nisso, e quando entrou, Don tentou saltar sobre o Fredrickson. Não o tocaram, acredito que sabiam que não seria bom. Don praguejou. — Malditos covardes. Bater em uma mulher.
— Sabiam que se me ameaçavam, Don faria tudo que dissessem. Esperavam que você também. Tansy foi mais cuidadosa com sua mãe, abraçando-a suavemente e beijando os machucados na face. — Venha sentar. — Agarrou a mão da sua mãe, a puxando e a dirigindo ao sofá — Teria trocado de boa vontade minha vida pela sua, mamãe, mas felizmente tenho amigos que estavam dispostos a ajudar. Don fez um som que era suspeitosamente como uma brincadeira. Tansy não olhou seu pai. Queria ir com Kadan. Ele era tudo no que podia pensar. Enchia sua mente, mas precisava consolar a sua mãe. Precisava tocá-la e saber que estava bem antes de ser egoísta, antes de reconhecer para si mesma, e para todos, que Kadan era seu coração e sua alma. Porque se seus pais estavam implicados com Whitney, os tinha perdido e necessitava desta última vez de ser amada inteiramente por eles e amá-los sem reserva. Uma vez que visse a cara de Kadan, nada mais ia importar durante muito tempo. Deixou sair o fôlego, passando os dedos enluvados pelo braço de sua mãe, se sentindo inexplicavelmente triste. Queria tocar a Sharon pele com pele. Ser normal. — Te amo, mamãe — Disse, o coração pesado — Sempre te amei muito. Sinto muito por todas as decepções passadas, mas principalmente por isso. Não sei se querem, mas tem isto — Tocou o machucado outra vez com dedos trêmulos — Por mim. — Não! — Sharon atraiu a sua filha a seus braços — Te amo mais que a tudo. Ambos, seu pai e eu. Não há lamentações — Surpreendentemente sua voz era forte, violenta inclusive — Nunca haverá, não importa o que aconteça. E estou agradecida de que viessem seus amigos em vez de você. Teria estado furiosa com você se tivesse tentado trocar sua vida pelas nossas. Tansy beijou a sua mãe outra vez e tomou outra profunda inalação, antes de se atrever a levantar o olhar para Kadan. Kadan viu que o fôlego se entupia na garganta. Praguejou enquanto sentia que seu coração deixava de pulsar. A cor abandonou sua face e seus olhos ficaram dessa peculiar cor violeta. — Kadan — Sussurrou seu nome e ele sentiu um movimento em sua mente. Kadan. Um fôlego. Uma carícia em sua mente. De repente não havia ninguém mais na sala para ele. Só Tansy. Só esse olhar em sua face que valia todas as esperas do mundo. Ela não afastou o olhar do seu enquanto cruzava os poucos passos para ele, aparentemente inconsciente dos olhares curiosos de seus pais. Sua mão acariciou, ligeira como uma pluma, a cicatriz, então roçou seu peito, o dedo tocando o rasgão de sua camisa. — Se olhe — Disse em voz baixa — Olhe o que lhe têm feito. Deveria ter estado envergonhado com os outros Caminhantes Fantasmas olhando, especialmente quando captou uma olhada do sorriso de Gator; o homem ia se divertir o atormentando mais tarde, mas nada mais importava exceto esse olhar nos olhos de Tansy. Todas as brincadeiras do mundo valiam esse momento. Estava centrada completamente nele, suave por dentro, preocupada, o coração nos olhos. Os lábios se arrastaram por um lado de sua face até o peito.
Como de mau é? Os dedos foram a sua camisa, tirando ela dos jeans em um esforço por chegar ao peito. Tenho que saber como de mau é. Havia desespero em sua voz, em sua mente, e (que Deus o ajudasse) lágrimas. O coração se esticou. O ventre se atou. Como caralho sobreviviam os homens às mulheres que os amavam? Porque ele honestamente não sabia. Emoldurou-lhe a face com suas mãos, incapaz de não ver o sangue que manchava a pele e os dorsos ásperos e com cicatrizes contra suas suaves bochechas como pétalas de rosa. As pontas dos dedos, coroados com as microscópicas cerdas de veludo, roçaram sua boca. Essa formosa e cheia boca que o aterrorizava quando nada mais podia fazê-lo, sorrindo, beijando, o levando ao paraíso, o amando como se ninguém mais o tivesse feito ou pudesse fazê-lo. Ela era um maldito milagre. Inclinou a cabeça sobre a dela, despreocupado de que seus pais olhassem, indiferente de que seus amigos provavelmente pudessem ver o desespero cavernícola nele. A reclamação. A posse. O amor que não podia ocultar. Estava voltando para casa. Sua boca suave, quente como o inferno, tão sexy como podia ser. Fechou os olhos e saboreou o sabor de canela dela. Não era suficiente. Nunca o seria. As mãos escorregaram a seus ombros, passaram pelos lados de seu corpo para descansar nos quadris, os dedos se afundaram profundamente para empurrá-la contra ele. O verdadeiro milagre era que... O beijou. Não se afastou, se aproximou mais apertadamente contra ele, maleável, suave e rendida, como se lhe pertencesse. Obrigado por trazer meus pais a salvo para casa. E por cumprir sua promessa de que retornaria para mim. Nunca tem que se preocupar por isso, neném, sempre retornarei para você. E que Deus o ajudasse, dizia a sério. A contra gosto levantou a cabeça, procurando seus olhos por um momento, precisando sentir a conexão entre eles quando, sem que o tocasse, sentia tão mais vazio o espaço entre ele e suas emoções. Não poderia colocar uma ponte nesse vazio sem ela. Tansy puxou sua camisa. — Tire isso Preciso vê-lo. Se ela houvesse dito que queria vê-lo, a teria ignorado, mas a necessidade em sua voz, em sua mente, na admissão absoluta, o fez puxar a camisa com uma mão sobre a cabeça e tirar o colete. Seu peito era um machucado negro e púrpura. Atrás dele, Sharon ofegou. — Watson ia atirar em mim — Sussurrou ela, os dedos indo a seus trêmulos lábios — Vi apontar a minha cabeça. Não me dei conta de que atirou em você. Tansy fechou os olhos por um momento, os dedos apenas tocando o enorme machucado no peito. Por minha mãe? Sabia que ele não acreditava na inocência de seus pais. Recebeu isto por minha mãe? Levantou o olhar, amor e admiração misturados em sua expressão com orgulho e algo tão sexy que queria jogá-la no chão e se enterrar profundamente. Kadan estava tão fora de seu elemento que não soube como responder. Infernos não, não o tinha feito por sua mãe... Tinha recebido a bala por ela. Por Tansy. Bom, talvez tinha sido instintivo por sua parte, protegendo o pacote, mas se
tinha que pensar nisso, diria que o risco era todo por sua mulher. Estava tão longe de ser um santo que não era divertido, mas se receber uma bala fazia com que o olhasse como se fosse o melhor homem do mundo, o faria outra vez. Não é nada, Tansy. Estou perfeitamente bem. Acariciou com a língua da borda de um olho até a comissura da boca, franziu o cenho, tocou com a língua o lado da boca, e se afastou para trás com suspeita diante o sabor acobreado. — O que você esteve fazendo? Ela não pôde evitar o pequeno olhar culpado que disparou a Tucker e a Ian. Kadan seguiu o movimento de seu olhar e deslizou as mãos desde seus quadris até a cintura. — Está com problemas. Por que isso enviou um pequeno estremecimento elétrico a atravessando, Tansy não sabia, mas de repente seus seios doeram e sentiu a umidade familiar entre as pernas. — Tinha que me assegurar… — As palavras se desvaneceram diante o olhar nos olhos dele. Kadan agarrou seu queixo e levantou a face para cima. — Não corra riscos. Entendeu? Não se arrisque desse modo. Se queria saber, poderia ter me esperado. Parecia cansado, fatigado, cheio de sangue, seu peito negro e azul, mas seu olhar segurava o dela, tranqüilo e firme. Tansy sorriu, inclinou seu corpo um pouco para o seu. — Entendi. Serei mais cuidadosa. — Tansy — Disse Sharon — Por favor, nos apresente a estes homens. Eles certamente protegeram nossas vidas. Obrigado — Sorriu a cada um dos homens e eles se retorceram um pouco sob a atenção — Muito obrigado a todos. Nem sequer sei seus nomes. E Tansy, este homem é obviamente muito especial para você. Não acha que deveria nos apresentar? Sharon olhava a Kadan como se ele fosse um herói, mas um olhar a Don Meadows disse a Kadan que o homem não tinha a mesma opinião dele. Lançou ao pai de Tansy um olhar duro. Não, não iam se dar bem absolutamente, mas papai não se dava conta de que Kadan não se importava uma merda se gostava ou não. Só se o homem tinha intenção de fazer mal a Tansy. — Sinto muito mamãe, estou tão feliz de que todos conseguissem sair vivos — Disse Tansy. Este é Kadan Montague, meu… Ela parecia tão confusa que Kadan pegou a mão e a trouxe para a boca. — Noivo, senhora Meadows. Sou o homem que vai se casar com sua filha. A sobrancelha de Tansy se disparou para cima, seu olhar ainda cativo pelo de Kadan. Esqueceu me perguntar algo. Estou perguntando agora. O coração deu um salto. Estava cheio de sangue, parecia fatigado como o inferno, tinha a camisa rasgada e um colete esmagado, machucados no peito, mas estava diante dela, a cabeça erguida, os olhos cintilando com gelo azul, contendo a respiração. Ela sentia isso. O ar se entupiu nos pulmões dele. A necessidade a
golpeou. O desejo a golpeou. Dele. Essas emoções que ele mal reconhecia, ele pensava que congeladas e ela sabia que vulcânicas... Essas emoções eram por ela. Bem, certo então. Como demônios podia resistir a ele? Não com as mãos dele subindo e descendo por seus braços e esse olhar de absoluta necessidade em seus olhos tanto se ele soubesse ou não. — Que demônios acontece aqui, Tansy? — Perguntou Don Meadows, rompendo o feitiço. Tansy olhou a seu pai. — Estou te apresentando o homem pelo qual estou apaixonada, papai. Don franziu o cenho e deu um agressivo passo para frente. No momento que se moveu, Kadan mudou, seu corpo se orientou para proteger Tansy. Como uma unidade, sua equipe tomou posições, Nico rodeando atrás de Meadows, Tucker e Ian flanqueando a Kadan. Gator passeou para a porta, dando uma clara linha de tiro tanto a Sharon como a Don. Ryland deslizou atrás de Tansy. Don se congelou instantaneamente. —Não sabemos nada a respeito deste homem. Nunca ouvimos nada sobre ele antes. Dificilmente acredito que possa estar apaixonada por ele, Tansy. Diga a ele que tudo é um engano e que você gostaria de lhe deixar. — O que quer dizer é que não sou suficientemente bom para ela — Acossou Kadan usando sua voz mais tranqüila, conhecendo o contraste entre seu baixo e hipnotizador tom e a maneira dura em que Don gritava sobre Tansy. — Infernos não — Explodiu Don claramente furioso. A face obscureceu de ira e deu outro passo para sua filha, incapaz de parar, apesar da ameaça da equipe de Kadan - Isto são sandices, Tansy. Quem são estes homens? O que querem? Não acredito que aceite a este… Este mercenário por um momento. Tansy ofegou diante a atrocidade. — Suponho que os mercenários são suficientemente bons para empregá-los para pôr seus corpos entre você e uma bala, mas não o bastante bom para se casar com sua filha. — Se cale, Tansy. Já tem muitos problemas. — Don — Interrompeu Sharon — O que esta acontecendo com você? Este homem salvou nossas vidas. É óbvio que Tansy o conheceu. — Nada é óbvio — Disse bruscamente Don, seu tom desdenhoso — Não tem nem idéia do que acontece aqui, nenhuma de vocês. Don Meadows era claramente um homem que governava seu mundo e estava acostumado à obediência daqueles que o rodeavam. Eles certamente se dirigiam a ele em tom de respeito e Kadan estava seguro de que ninguém tinha pisoteado jamais a Don. As pautas estavam ainda ali, fracas mas discerníveis. Kadan pôs uns dedos tranqüilos ao redor do braço de Tansy e a empurrou completamente atrás dele, a protegendo da cólera de seu pai. — Acalme-se, senhor Meadows. Admitirei que estou muito longe de ser o bastante bom para Tansy, mas felizmente, não parece que isso importe a ela. Neste momento, antes que entremos em algo pessoal, temos que esclarecer um pequeno assunto. O lábio de Meadows se curvou com desprezo.
— É obvio. Agora sai a verdade. Quanto? Kadan permaneceu silencioso, levantando simplesmente uma sobrancelha. Quando Tansy se moveu, Ian e Ryland se adiantaram a ambos os lados dela, a enjaulando discretamente. — Para fazer com que vá. Quanto vai me custar? Kadan sorriu e não havia humor ao despir os dentes. Parecia o que era: perigoso, predador... E malvado. — Não tem suficiente dinheiro para fazer com que vá, senhor Meadows. Sugiro que se sente e responda a umas poucas perguntas para mim. — Papai! Por que está agindo desta maneira? Estes homens arriscaram suas vidas para liberar vocês. Fredrickson e Watson teriam matado a mamãe e talvez você também. Deve a eles suas vidas e esta me envergonhando. — Não sabe o tipo de homens com quem está tratando, Tansy, mas eu sim — Don fez esforços por suavizar sua voz —. Carinho, estes homens estão empregados pelo Whitney. Têm que está-lo. — Estalou os dedos para ela, chamando-a com os dedos. Nenhum dos homens se moveu, fazendo virtualmente impossível que Tansy fosse para ele inclusive se tivesse estado inclinada a fazê-lo. Em seu lugar olhou enfurecida a seu pai. — Está enganado, papai — Disse Tansy — Fredrickson era empregado de Whitney, não Kadan e seus homens. — Realmente, senhor Meadows — Disse Kadan, sua voz em um tom muito baixo — Queria lhe perguntar a respeito de sua relação com o doutor Whitney. Houve um pequeno silêncio. A cara de Don avermelhou mais, como se sua pressão sangüínea estivesse subindo. — Isso não é da sua conta. Kadan permaneceu silencioso, esperando simplesmente. A tensão na sala se espessou. Sharon pressionou uma mão sobre sua boca e sacudiu a cabeça. — Desprezamos Peter Whitney. — Sharon — A voz de Don foi uma chicotada. Sua mulher estremeceu, mas o olhou desafiante. — Tenho dito em voz alta. Não me importa se sabe. Desprezo o homem e o quero fora de nossas vidas. O quero fora da vida de nossa filha. Kadan alargou a mão para trás e enredou os dedos com os de Tansy. Sua mãe está dizendo a verdade. Tinha que dar isso a Tansy. Ela estava horrorizada pela conduta de seu pai. Horrorizada e envergonhada de que desprezasse tão despreocupadamente os homens que tinham salvado sua vida. Estava também terrivelmente atemorizada com que estivesse misturado com os negócios de Whitney. Kadan queria que soubesse que inclusive se seu pai era culpado, sua mãe não. — Sabia que Fredrickson trabalhava para o Whitney? Don apertou os lábios com desaprovação, se negando a falar. Sharon sacudiu a cabeça. — Estávamos tão surpreendidos. Whitney é um louco e esteve se conectando a nossa família durante anos. Empregamos Fredrickson porque Whitney começou a nos
assustar... Bem, assusta a mim. Tinha medo dele e não compreendia o que queria de Tansy. Ele arrumou nossa adoção e no princípio estive tão agradecida, mas inclusive quando ela era pequena, Tansy não gostava, e eu queria que fosse ver outro médico para sua… Desordem. — Olhou a sua filha se desculpando, mas Tansy olhava a seu pai com uma grande surpresa na face. — Por que você não conseguiu outro médico para ela? — Perguntou Kadan com calma. — Isso não é da sua conta! — Rugiu Don — Sharon. Proíbo isto. Nossa vida particular não tem nada a ver com estas pessoas. Está esgotada e assustada. Não há necessidade de continuar esta discussão neste momento — Olhou a Kadan, o desafiando abertamente — Está claro? A seus homens parece que gostariam de usar uma ducha e uma boa noite de sono. Você tem sangue por toda parte. Sugiro que continuemos pela manhã. Deseja uma oportunidade para falar com mamãe a sós e dizer que não diga nada a você... Nem a mim. Contratou Fredrickson quando mamãe estava tão assustada por nós. Tem que ter sabido todo o tempo que Fredrickson trabalhava para o Whitney. Havia uma calada aceitação na voz de Tansy e isso doía mais que as lágrimas. Ela não precisava ouvir mais. Kadan deu de ombros. — Bem. Temos um quarto preparado para vocês. O lugar está bem protegido, senhora Meadows, e temos alarmes em todas as portas e janelas. Os telefones não funcionam atualmente, mas temos montões de comida se tiverem fome. Um de meus homens estará ao redor, só lhe peça que mostre tudo o que precise — Pegou a mão de Tansy e puxou — Diremos boa noite por agora. Ela não olhou a nenhum de seus pais, mas foi com ele sem uma palavra.
Capítulo 12
Kadan saiu descalço do banheiro ao quarto, esfregando o cabelo com uma toalha, outra pendurava frouxamente ao redor da cintura. Tansy não tinha dito muito, nada mais que ordenar tomar uma ducha uma vez que foram ao quarto principal. Não estava seguro do que ia dizer, ou como responderia quando perguntasse o que pensava fazer a respeito de seu pai. Não tinha nenhuma resposta aceitável para lhe dar. Se deteve em seco quando entrou no quarto. O quarto estava iluminado com luzes de velas baixas e tremeluzentes, e cheirava como o céu. Tansy estava sentada na cama nua, só com o longo cabelo cobrindo a dourada extensão de pele cremosa. Parecia sexy, uma criatura de fantasia, elevando os olhos aos seus inclusive enquanto rodava uma garrafa de óleo entre as mãos para esquentá-la. — Onde conseguiu tudo isto? — Não estava seguro de que essa fosse sua voz, rouca, baixa e já gemendo de desejo.
— Tenho meus segredos — Dirigiu um sorriso misterioso a ele, inclinando a cabeça a um lado, com o cabelo deslizando sobre um ombro e descendo pelas costas para se derramar sobre os suaves lençóis. Os seios brilhavam atraentemente à luz das velas, seus mamilos já apertados, o tentando a devorá-la. — Venha aqui — Deu pequenos golpes à cama — Quero que se deite sobre o estômago. Abriu a boca para protestar; deitar não era o que tinha em mente, mas havia algo tão especial, tão sensual em sua expressão, que perdeu a voz. Puxou a toalha a um lado e soltou a que tinha ao redor da cintura, seu membro já crescendo duro de antecipação. Curou as pequenas abrasões e lacerações do corpo, mas era pouco o que podia fazer com o machucado. Só esperava que ela não o notasse muito na suave luz. Se estendeu de barriga para baixo e apoiou a cabeça nas mãos, os olhos abertos para olhar cada movimento. Tansy se inclinou sobre ele, o longo cabelo o acariciando de modo sedutor as costas e os lados. A sensação das mechas sedosas deslizando sobre sua pele nua fez que seu corpo esticasse instantaneamente. Ela começou uma lenta massagem no pescoço, esfregando o aromático óleo profundamente em sua pele. Pôs uma atenção muito cuidadosa em cada linha de músculos, cada duro nó. Desceu pelo pescoço até que ele esteve gemendo de prazer, seu corpo relaxando sob as mãos dela. Os dedos viajaram pelo bíceps com lentas carícias hipnotizadoras, ela puxou até que ele endireitou o braço, e continuou pelo antebraço, até que enlaçou os oleosos dedos com os seus. Cada dedo foi lubrificado e esfregado até que se sentiu quase sem ossos. Começou pelo outro braço, até que uma vez mais enlaçou os dedos com os dele e depois começou uma massagem lenta e individual de cada um. — Está planejando pôr isso por todo meu corpo? Ela começou a massagear os músculos das costas, esfregando mais forte em alguns pontos, com um círculo sensual em outros, que quase o conduziu à loucura. — Sim — Respondeu ela suavemente — Por toda parte. Seu membro deu um forte puxão. — Estou gotejando por toda a cama — Disse, sua voz se voltando de veludo. Estava tão duro como uma pedra, quase dolorido, inclusive suas bolas estavam apertadas. Ela ia matá-lo entretanto nunca tinha se sentido tão completamente em paz e feliz. As mãos seguiram a costa de um lado, massageando os músculos tensos. O cabelo acariciou ao longo da parte posterior de suas coxas, e ele deu um puxão surpreso quando o mordeu. A pequena pontada enviou relâmpagos através de sua corrente sanguínea e se arquearam sobre sua pele. Por um momento a mão cheia de óleo deslizou embaixo dele. Levantou os quadris para acomodá-la e a mão se fechou ao redor de seu membro, escorregadia pelo óleo quente. Gemeu de satisfação enquanto ela o acariciava várias vezes, mas quando foi virar ela parou. — Não, fica quieto — As mãos foram pela parte traseira de suas coxas, amassando e massageando os pesados músculos e depois baixava às panturrilhas e inclusive a seus pés. Kadan não estava seguro de que iria sobreviver. Suas mãos eram deliciosas nos músculos, e o óleo ficava mais morno, esquentando mais com a manipulação dos
dedos dela, até que a pele começou a sentir primeiro um formigamento e depois uma vibração de descargas elétricas, introduzindo-se mais profundamente na malha, até que um raio de fogo atravessou seu sangue e se derramou de um modo pecaminosamente malvado na virilha. Quando estava gemendo, tão cheio e pesado que tinha medo de explodir, ela lambeu sua coxa até o flexionado lado, mordendo outra vez. — Vire. Se moveu rapidamente, querendo arrastá-la embaixo dele, mas ela sacudiu a cabeça e segurou os braços, os levantando sobre a cabeça, se inclinando, os seios se aproximaram tentadoramente à boca enquanto colocava as mãos sobre o travesseiro. — Não terminei. Se supõe que está desfrutando disto. Sei que eu o faço — Se inclinou para deslizar um beijo sobre sua boca, depois capturou o lábio inferior entre os dentes e puxou — É justo que conheça cada centímetro seu. Se for me casar com você, deveria ver o que estou levando. As mãos dela deslizaram por seu peito até encontrar sua pesada ereção. Envolveu ambas as mãos bem lubrificadas ao redor do grosso membro, acariciando e atraindo a cabeça para ela, se inclinando para lamber as gotas cor pérola que extraía. A rugosidade de veludo de sua língua enviou relâmpagos golpeando por ele outra vez. As mãos dela deslizaram mais abaixo, até o saco, acariciando para cima, massageando o óleo nas sensíveis pelotas até que seus quadris corcovearam quase incontrolavelmente. Ele se estirou para Tansy, mas ela se acomodou sobre os calcanhares, se ajoelhando fora de seu alcance, sacudindo a cabeça. — Se supõe que esta noite faz o que eu queira. — De verdade? — Se deitou, olhando-a com os olhos meio fechados. Era tão bonita para ele, ali à luz das velas, tomando o controle, lhe dando mais prazer do que jamais tinha conhecido em sua vida, do que jamais tinha sabido que existisse. Ela assentiu lentamente e verteu mais óleo nas mãos. — Sim. Me assustou esta noite. Penso que isso requer uma pequena colaboração, não acha? Em vez de massageá-lo com o óleo, ela começou uma lenta fricção em seus próprios ombros e depois pelos braços. O fôlego de Kadan se imobilizou quando as mãos cavaram os seios, deslizaram-se sobre os cremosos montículos, os polegares esfregando o óleo em seus mamilos e amassando sua pele até que ela brilhou a suave luz das velas. As mãos se deslizaram mais abaixo, riscando costelas e ventre. Ele tocou os lábios com a própria língua. — Poderia ajudar. Ela sacudiu a cabeça. — Estou te olhando me olhar. Kadan respirou fundo. Nunca tinha visto nada tão sexy em sua vida. Suas mãos deslizaram sobre o corpo, tomando seu tempo, massageando o óleo em cada centímetro quadrado que ele queria saborear. Quase podia saboreá-la agora, uma insinuação de canela em sua boca misturada com mel selvagem. A pele dela resplandecia na suave luz, acentuava as curvas, o corpo aberto a seu olhar faminto. A
pele de Tansy amava o óleo, o absorvia rapidamente até que só ficou o resplendor, o cheiro, e essa acrescentada consciência, o crescente calor correndo pelo corpo dele. Ela se arrastou sobre a cama, sobre ele, um sensual deslizar de pele contra pele, a cabeça se afundando para o lamber enquanto se movia em cima dele. Seu longo cabelo excitou o quadris e peito enquanto ela começava a esfregar o óleo na frente. Pôs particular atenção nos machucados, acrescentando beijos ligeiros como plumas para ajudá-lo a se curar. Afundou a cabeça outra vez para riscar círculos com a língua sobre o peito e os mamilos, raspando suavemente com os dentes, excitando e brincando enquanto o estômago de Kadan se esticava em duros nós e seu membro inchava até estalar. Desceu pelo ventre plano, esfregando os definidos músculos, os seguindo com golpes de língua. Kadan ofegou quando ela se moveu pelas coxas, no interior, o dorso de suas mãos deslizando sobre seu saco, agora tão tenso e apertado, tão preparado que não pôde evitar os pequenos pulsos que sacudiam seu pênis. As mãos dela acabaram com os pés e subiram outra vez pelas pernas em um lento deslizar. O fôlego entupiu na garganta, tentando antecipar o que ela faria depois. Ela alcançou com despreocupação o copo de água gelada que tinha posto na mesinha ao lado da cama e tomou um longo gole. Todo seu corpo ficou em alerta, cada terminação nervosa viva, enquanto o corpo nu deslizava sobre o seu. Envolveu os braços ao redor dos quadris e baixou a cabeça, outra vez com essa dolorosa lentidão, o longo cabelo excitando sua pele. A boca dela deslizou sobre ele como uma luva, e todo seu corpo se arqueou em reação, os quadris corcovearam grosseiramente diante a explosiva combinação de fogo e gelo. Ela chupou com força, dando pequenos golpes com a língua fria na sensível cabeça acampanada. A canela ardeu ao redor e através dele, inflamando seus sentidos. Se fosse possível, seu membro se engrossou mais, cada gota de sangue em seu corpo correu para se reunir nesse ponto. Agarrou seu cabelo com as mãos, enredando os dedos nas sedosas mechas em advertência. Não poderia tomar muito mais sem explodir. O fôlego entrava em estertores ofegantes e soube que em outro minuto não poderia se deter para tomar o controle. Sua boca era muito efetiva, o conduzindo além de todos os limites. Justo quando se levantava por ela, Tansy se levantou e o cavalgou, deixando cair seu corpo, tão escorregadio, apertado e quente, sobre o dele, para que a enchesse, empurrando através das gloriosas dobras sedosas e se alojando profundamente. Se elevou sobre ele, as sombras da luz das velas piscaram amorosamente sobre seu corpo quando começou um passeio lânguido e sensual. Ele podia ver as linhas de seu corpo, a cabeça arqueada para trás, os olhos fechados, a garganta exposta e uma expressão de puro êxtase em sua face enquanto seus músculos o trabalhavam, enquanto subia e descia com esse mesmo propósito lento com o que tinha estado incitando desde que saiu da ducha. — É tão malditamente formosa — Sussurrou levando as mãos a seus seios. Nunca esqueceria esta noite nem o que ela parecia. O tinha amado com cada toque de suas mãos, com sua boca e agora com seu corpo. O tinha amado e ele sentia e sabia o que a palavra queria dizer, o que era essa emoção. Amor. Saboreou a palavra, parecia com a canela… com Tansy.
Não tenho nada mais para te dar. Só eu, só meu corpo, só a maneira em que me sinto por você. Tansy queria que esta noite fosse perfeita, que seu presente fosse a máxima expressão do amor. Ele tinha se sacrificado por ela, arriscado sua vida, e retornado a ela sem esperar nada em troca. Isto era tudo o que tinha para mostrar o que ele significava para ela. Você é tudo para mim. E ele queria dizer, enchendo sua mente com a maneira em que se sentia, com a intensidade avassaladora de suas emoções por ela. Ela levantou seu corpo pausadamente, como se tivesse todo o tempo do mundo, girando a um lado e depois ao outro, movendo os quadris em pequenos círculos enquanto deslizava acima e depois abaixo, centímetro a centímetro, se enchendo com sua dura e grossa longitude. O membro abrasava, ferozmente quente, duro, como veludo sobre aço, estirando-a e enchendo-a até fazê-la explodir. Indo tão lenta podia sentir cada centímetro dele, a fricção enviava raios de prazer por seu corpo, se espalhando nas suas coxas e seios em ondas feitas. Abriu os olhos para olhar para ele e o encontrou olhando-a com olhos meio fechados e brilhantes. A emoção era absoluta, crua e tão intensa que as paredes vaginais se ondularam em resposta e o coração deu um peculiar pulo. A olhava com mais que escura luxúria, olhava como se ela fosse a única em seu mundo. Ela podia ver esse tipo de veneração em seus olhos. O fôlego entrava em roucos ofegos enquanto ela sentia que afundava os dedos nos quadris. Um lento sorriso abriu os lábios dela — Realmente você gosta disto, não é? Kadan não estava seguro de que pudesse sair algum som por seus apertados dentes. Inferno sim. Era o melhor que podia fazer quando sua vagina apertada o agarrou e espremeu, mais quente que nada que tivesse conhecido. Queria que a cavalgada fosse dura e rápida, agarrá-la e golpear dentro dela, o ritmo lento o estava matando pouco a pouco, mas, como podia renunciar à sensação de puro prazer que se derramava sobre ele enquanto ela levantava o corpo e flexionava seus músculos? Ela se levantou outra vez, um movimento sensual e quente que o deixou sem respiração enquanto voltava a descer, retorcendo os quadris em um tenso giro que quase o destruiu. Seus dedos afundaram nos quadris com força, as coxas se esticaram enquanto ele se empurrava energicamente para cima para encontrar essa espiral descendente. Os relâmpagos golpearam outra vez e seu saco se apertou dolorosamente, os músculos de Tansy tensos e quentes o estrangulavam. Estava acabado. Era seu fim. Ele dobrou as mãos uma vez, a única advertência para ela, e depois tomou o controle, levantando-a com sua enorme força, levando-a para baixo com força, irrompendo através dessas dobras apertadas uma e outra vez, golpeando dentro dela do modo em que necessitava. Golpeou o pescoço da vagina e continuou se afundando profunda e duramente, usando sua força e sua velocidade. A matriz se contraiu ao redor dele e as paredes se ondularam e pulsaram. Continuou entrando nela, golpeando a um ritmo que a levou sobre a borda rapidamente. Sentiu seu estremecimento, sentiu seu corpo se fechando fortemente nele. Se negou a deixar que acabasse para nenhum deles, conduzindo-a a um segundo orgasmo antes que o primeiro diminuísse. Os músculos se fecharam, o ordenhando
com força, de forma que não pôde parar a violenta explosão rasgando as pernas, centrando-se na virilha, o alagando profundamente com sua quente liberação. Seu agudo grito ressoou mais na mente dele que pelo quarto, mas seu próprio grito rouco de satisfação se uniu ao suave som. Kadan envolveu os braços ao redor dela e a baixou sobre ele como um sedoso lençol vivo enquanto as paredes de sua vagina continuavam se ondulando poderosamente a seu redor. Tansy. Sussurrou seu nome, sua suave voz soava instável pela emoção inclusive na mente dela. Como posso jamais voltar a viver sem você? Não podia. Não o faria. Ela tinha dado mais que a experiência mais erótica que jamais tinha conhecido, tinha dado um presente fora de toda medida. Não tinha retido nada. Tinha vertido todo seu ser em sua forma de fazer amor. Tinha dado o presente dela mesma... De seu amor. Balançou-a suavemente, tentando recuperar o controle de sua respiração, de suas dispersas habilidades. Ao redor dele, seu corpo continuava se balançando com pequenas réplicas. Podia sentir os pequenos estremecimentos que a atravessavam e a maneira em que lutava por respirar. Esfregou-lhe as costas para baixo, massageando as curvas de suas nádegas, beijando ombro e pescoço. Quando ela esteve mais calma, rodou sobre ela, ainda enterrado profundamente, e encontrou sua boca com a sua. Beijou-a com tudo o que era, com cada parte de ternura que podia dirigir. Nunca tinha sido um homem aprazível, e certamente nunca poderia articular em palavras a profundidade de seus sentimentos por ela, nem sua apreciação do que tinha dado, mas tentava mostrar a ela beijando-a uma e outra vez, tomando sua boca e dando a sua enquanto as mãos acariciavam seu cabelo. — Onde demônios conseguiu esse óleo? — Rodou a um lado, permitindo que seu corpo se separasse do dela, empurrando-a perto dele. — Eu o fiz — Afastou o cabelo da face — Você gostou? Ele girou a cabeça para beijar seus dedos. — Sabe que o adorei, Tansy. O que significa que o fez? — Suponho que não notou todos os jardins de flores na propriedade. Quando era pequena, minha mãe tratou de pensar coisas que pudéssemos fazer juntas que fossem divertidas, de garotas, e que não implicasse tocar. Assim trabalhamos no jardim no princípio. Tinha meu próprio pequeno jardim que cresceu até um projeto imenso. Adorava estar fora com ela. Falava de todas as diferentes árvores e de seus diferentes usos historicamente. Mencionou perfumes e óleos e estive intrigada. Ela sempre cheirava tão bem, e me disse como meu pai a levou a essa loja de perfumes e fez fazer uma essência especial só para ela. Decidi que queria fazer eu mesma. Ele acariciou seu pescoço com o nariz. Cheirava deliciosamente. — Então o fabricou. Assentiu, girando a cabeça só um pouco para lhe dar melhor acesso. Talvez era porque tinha estado privada de toque humano durante tanto tempo que desejava suas mãos nela, mas queria sentir a palma embalando seus seios, o polegar acariciando daqui para lá sobre seu mamilo e a boca roçando o oco do ombro.
— O fiz. E descobri que diferentes óleos podiam ser bases usadas para diferentes propósitos. A arnica pode ajudar com os machucados e é genial para massagens. As sementes de uva são um grande creme hidratante. Há tantos óleos naturais, ervas e flores que podem ser usadas para todo tipo de coisas enquanto criam grandes perfumes. A canela é minha favorita, e felizmente encontrei um modo de absorvê-la, saboreá-la e cheirar bem. — E acontece que, simplesmente, também leva velas em sua mochila? — Se inclinou e as apagou, depois deitou outra vez, lambendo o ombro e excitando-a com os dentes, produzindo um pequeno tremor. — Estava acampada e a luz tende a ferir meus olhos, assim geralmente tenho uma caixa em minha mochila. Não são terrivelmente luxuosas, mas têm seu truque. Houve um pequeno silêncio. Ele podia ouvir o tic-tac do relógio. Inalou o cheiro dela, o levando mais profundo a seus pulmões, e acariciou o seio com o nariz. Ela nunca se afastava, enquanto que ele meio esperava que o fizesse. Em vez disso, seu corpo lhe dava as boas vindas, quente e tão suave, sempre convidativo. Mal podia respirar a amando. Ela degelava o que estava congelado nele quando estava perto. Não tinha esperado que fosse assim, mas não havia volta atrás. Obrigado. Não podia dizer em voz alta. Teria se engasgado com as palavras. O olhou, o olhar vagando sobre sua face, vendo mais do que ele queria que visse. — Por quê? — A ponta dos dedos riscou os lábios. Por me fazer sentir como se tivesse alguém para quem voltar. Demônios. Estava se engasgando de todos os modos. Maldição. Por me amar. Desprezava ser tão inepto com as palavras, não quando ela merecia muito mais, mas era o melhor que podia fazer com a garganta em carne viva e os olhos ardendo. — Te amo — Disse ela, dando a volta para se estender sobre ele, enquadrando sua face com as mãos. O beijou, deslizando a língua pelos seus lábios, e, quando ele os abriu, na boca, para se enredar em um baile lento com a dele. — Não sabia que o faria, mas quem poderia resistir a você alguma vez? — Quero estar dentro de você outra vez — Sussurrou ele — Necessito. Se deslize por meu corpo e me ponha duro, carinho. Já estava se pondo rapidamente, mas ela não vacilou, beijando para baixo por seu peito até que as mãos embalarem o saco, acariciando para cima, e a boca se fechou sobre ele, apertada e quente. Kadan voltou para a vida instantaneamente sob a crescente experiência de sua fantástica boca. Fez amor com ela outra vez, tão suavemente como pôde e enquanto pôde, mas indevidamente, ficou áspero e duro, se afundando mais profundo e mais rápido, cavalgando-a com tudo o que era. Não importava que levasse os dois sobre a borda outra vez. Seu corpo poderia estar temporalmente satisfeito, mas sua mente nunca estaria. Tocá-la, amá-la, era um milagre. Curvou seu corpo ao redor do dela com seu braço de maneira possessiva ao redor da cintura, e escutou sua respiração. Poderia passar toda a vida a segurando perto. Esperou, ali na escuridão, com cheiro de canela e sexo pendurando no ar, até que esteve dormindo profundamente. Muito suavemente pressionou um beijo contra a nuca e afastou a mão de cima da sua. Rodando com cuidado fora da cama colocou
jeans e uma camisa e arrastou seu cinturão com as armas e uns poucos equipamento ao redor da cintura, antes de se deslizar fora do quarto. Ryland estava esperando no vestíbulo. — Levou bastante tempo. — Quis me certificar de que estivesse dormindo em caso de que isto vá mau. Ryland assentiu. — Teremos que abrir caminho de fora. Levantou barricadas na porta. Kadan deu de ombros. — Não é estúpido, mas está cheio de merda. Está até as orelhas na confusão de Whitney. Embora a mulher esteja limpa. Pude ler a ela e despreza Whitney. Penso que a única verdadeira fonte de conflito no casamento foi Whitney. — Então ela queria levar a Tansy a um médico diferente e seu marido se negou — Disse Rylan — Me pergunto por que faria isso — Franziu o cenho e se inclinou perto de Kadan, cheirando — Canela? — Fecha a maldita boca — Disse Kadan com brutalidade e o empurrou passando por diante dele. Ryland inalou outra vez e deu um assobio baixo. — Cheira delicioso. Está me dando fome. Talvez de pão-doces de canela. Kadan lhe mostrou o dedo grosseiramente. Nico estava esperando na porta principal. Como sempre, ele era seu respaldo. Franziu o cenho quando os dois Caminhantes Fantasmas se aproximaram. — Que demônios é esse cheiro? — A nova colônia picante de Kadan. — Vá para o inferno Rye — Disse Kadan e disparou um olhar que deveria tê-lo fulminado no lugar — Podem ir ao inferno os dois. — Acredito que seu nível de açúcar no sangue está caindo — Explicou Ryland — Deve ter sido por todos os doces de canela que conseguiu esta noite. Nico pôs uma cara de inocente. — Sua mulher cheira um pouco como a canela. — Te dá fome, não é? — Disse Ryland. — Sim. Não posso esperar para contar a Dhalia. O homem do gelo fica todo quente e incomodado ao redor da canela. Quem teria adivinhado? — Não me sacaneie mais — Kadan abriu a porta principal de um puxão — Porque o farei em um batimento do coração e nunca olharei atrás. Ryland sorriu zombeteiramente, nem um pouco intimidado. Começou a cantarolar para si uma melodia, excessivamente alto. Kadan disparou um olhar de intensa irritação. — O que está fazendo agora? Nico lhe deu uma cotovelada. — Não conhece essa melodia? Pensava que era sua favorita. É tão cretino em música. Neil Young escreveu algumas grandes canções — Quando Kadan o olhou ainda em branco, Nico cantou a letra enquanto Ryland cantarolava — “Quero viver com uma garota canela…6” 6
I wanna lleve with a cinnamon girl… canção do Neil Young.
— Realmente vou disparar em vocês — Kadan sacudiu a cabeça. Não iriam deixar ele esquecer. Para amanhã os dois palhaços iriam comprar o álbum do Neil Young com a canção “Cinnamon Girl”. Sacudiu a cabeça e manteve o sorriso para ele. Provavelmente a ouviria, mas ao inferno se o dizia alguma vez a qualquer deles. Fez uma pequena saudação a Tucker, quem estava fazendo as rondas e surgiu dos arbustos como se acabasse de se materializar. — Tudo está tranqüilo. Gator se desfez do Humvee do outro lado do povoado. Retornará dentro de um momento — Disse Tucker. Ryland lhe deu uma cotovelada. — Cheira o amor no ar, Tucker? Tucker inalou. — Kadan. Homem. Choca esses cinco, irmão. — Vou fazer que todos comam esses sorrisos — Se queixou Kadan e abriu caminho através deles para ir ao outro lado da casa, ignorando a suave risada zombadora que o seguiu. Se agachou debaixo da janela do quarto que tinham dado a Don e Sharon Meadows. Era hora de oferecer ao homem uma pequena visita. Tinham dito a ele que a janela estava alambrada, mas o alarme não estava ligado, não até que Kadan soubesse exatamente com o que estava tratando. No caso de Don ter seu próprio método de alarme, verificou a janela por toda parte e escutou o zumbido revelador de um arame conectado. Havia silêncio, além de alguns suaves roncos do pai de Tansy. Kadan deslizou a folha pelo batente antes de fazer alavanca e levantar a janela. Para começar se assegurou de que não houvesse ruído quando abrisse a janela, antes de pôr o casal no quarto. Primeiro colocou a cabeça no quarto, se arrastando para baixo pela parede até o chão atapetado, com a faca nos dentes, Ryland bem atrás dele. Se separaram, cada um a um lado da grande cama de casal. Ryland tirou a seringa de injeção e se certificou de que Sharon permanecesse dormida. Quando esteve seguro disso fez gestos a Kadan e deslizou às sombras onde Don não o detectaria. Nico tomou posição justo fora da janela, de onde podia apontar ao homem com a arma todo o tempo. Kadan se arrastou pela parede até a cabeceira e se deslizou atrás de Don para assentar seu peso cuidadosamente. Não se preocupou da faca, se tinha que matar a Don o faria com as mãos nuas. Não queria sangue para que Sharon despertasse e o encontrasse. Colocou a mão com cuidado na garganta do homem e apertou o suficientemente forte para despertá-lo. Os olhos de Don se abriram de repente e se esticou. Os dedos de Kadan se afundaram mais profundamente, o deixando sentir sua enorme força. — Não me moveria se fosse você — Disse silenciosamente — Sou um homem paciente, senhor Meadows, mas esta noite estou cansado e amanhã me espera um longo dia. Vou lhe fazer algumas perguntas e que viva ou morra nos seguintes minutos dependerá de suas respostas.
Don dirigiu um rápido olhar a sua mulher, apertando tensamente os lábios — Ela está bem. Posso ler as mentes, e a dela está bastante aberta. Ama você e a Tansy. Os dois são seu mundo. Despreza Peter Whitney e não pode compreender por que você insiste em o ter em suas vidas quando sabe que é um monstro — Kadan se inclinou se aproximando — Não posso compreender por que arriscaria a sua filha com esse homem. Sabe que ela é um de seus experimentos. Don deu um puxão, os olhos se abrindo da surpresa. — Acredita que o governo não sabe a respeito de todas as pequenas meninas cujas cabeças fodeu? Fez o mesmo a um grupo de homens das Forças Especiais. Sou um desses homens. Não tenho muito carinho pelo Whitney e você tampouco deveria. — Não o tenho — Grunhiu Don — Desprezo a esse homem. Kadan olhou fixamente os olhos desafiantes e zangados e leu culpa. Não deixou de pressionar. — O despreza, mas força a sua filha a vê-lo inclusive quando ela diz que a faz se sentir incômoda. — Era parte do acordo de adoção. —Sabia o que ele tinha feito quando a adotou — Kadan fez uma declaração. O olhar de Don mudou. — Maldição, isto não é de sua incumbência. Kadan se inclinou, olhando fixamente nos olhos do homem. Não queria enganos, porque desta vez, Meadows faria melhor entendendo completamente com o que e com quem estava tratando. — Tansy é minha agora e cuido do que é meu. O matarei e nunca olharei atrás Meadows. Me dê uma razão para não fazê-lo. Eu não gosto muito de você e seguro como o inferno não tenho por que gostar, mas se quer viver, melhor que responda a minhas perguntas. Posso cheirar as mentiras e o engano está por todo seu lamentável traseiro. Don apertou os lábios mais forte. Kadan lhe deu uma última oportunidade —Sabe o que está fazendo com essas garotas agora? Sabe por que quer que Tansy volte? Tem um programa de cria. As mulheres não têm que ser cooperativas, só ficar grávidas pelos homens que escolhe para elas. Quer os bebês. Esse é o homem que está protegendo. Esse é o homem que está entregando a sua filha. Don o olhou fixamente com olhos sagazes. O homem tinha um enorme coeficiente intelectual. Tinha tido êxito em um mundo extremamente reservado, era bastante brilhante e muito respeitado em seu campo preferido. Talvez fosse arrogante, mas tinha que ser por alguma causa. Kadan permaneceu silencioso sob o próximo escrutínio. Não havia duvida em sua mente de que Don estava decidindo sobre seu futuro genro. Kadan sabia o que estava vendo. Duro, frio, com rugas gravadas. A imagem não era bonita e não deveria sê-lo. Kadan o mataria se fosse necessário e não perderia o sono por isso. Se Don Meadows não via nada mais, Kadan queria que visse isso. — Fui à escola com ele. Ele era da elite. Toneladas de dinheiro. Seus pais eram bilionários, sabe. A escola estava cheia de pessoas com dinheiro, mas poucos de seu tipo. Estive ali com uma beca. Era um internato privado e eu era jovem, querendo
encaixar sem nenhuma esperança de fazê-lo. Tinha saudade, mas era uma oportunidade única na vida e meus pais estavam tão orgulhosos de que tivesse sido escolhido para a honra de assistir a tal escola de elite. Don suspirou e se moveu ligeiramente, olhou a sua mulher e depois outra vez a Kadan. — Se for lhe contar isso, posso me levantar ao menos? Kadan sustentou seu olhar. — Tem um franco-atirador que nunca falha apontando a arma para sua cabeça. Tem a um de minha equipe sentada do outro lado do quarto sustentando outra arma nas mãos e tampouco falha. E só para que saiba, o mataria eu antes que qualquer deles disparasse — Afastou a mão da garganta do homem e recuou uns poucos passos, completamente seguro de sua velocidade e capacidade para levar a cabo sua ameaça se Don fazia um movimento errado. Don esfregou a garganta, deslizando seu corpo cuidadosamente para frente e se dobrando a uma posição sentado. Se estirou para Sharon e comprovou seu pulso. — Minha mulher não tem nada a ver com isto. Se me matar, me dê sua palavra de que não ferirá a ela. A sobrancelha de Kadan se disparou para cima. — Acreditaria em mim? — Você é um capanga, senhor Montague, mas não é um mentiroso. Kadan manteve sua expressão em branco. Isso não era exatamente verdade. Faria tudo para completar uma missão, mas deu de ombros. — Sua mulher não sofrerá danos. Por um momento o alívio se mostrou nos olhos de Don, depois seu olhar se afastou. Sim. Havia culpa ali. O homem estava fundo na sujeira. — Peter Whitney é um homem incrivelmente inteligente. Admiro a inteligência. Gravitamos um para o outro. Eu era mais jovem, e em uma escola onde todos têm dinheiro, e fila social, é difícil encaixar. Queria o que todos eles tinham. Kadan permanecia em silêncio. Talvez o compreendia, mas tinha um mau pressentimento, e parte dele já estava chorando por Tansy. Enquanto observava Don falar, captando a forma dos olhos e o cabelo de prata, as coisas começaram a fazer clique. — Whitney tem esse radar incorporado para a capacidade psíquica. Pode passar junto a alguém na rua, e inclusive se eles não souberem, ele sim. Pode proteger seu cérebro e pode localizar psíquicos, mas é tudo extensão. Ele é muitas coisas, senhor Montague, mas é um patriota tão retorcido como o são suas visões para o país. É obvio no princípio não o vi tão retorcido. Era mais velho, mais preparado, o que poucas pessoas era, e tinha mais dinheiro que ninguém mais no planeta. Tudo o que dizia soava como ouro. Kadan permaneceu paciente quando queria sacudir o homem. Suas revelações iriam fazer mal a Tansy... E ela teria que sabê-lo. Maldito este homem e sua avareza juvenil. — Whitney imaginou um mundo sem homens morrendo na batalha. Disse que poderíamos criar super soldados. Honestamente eu não acreditava que as habilidades psíquicas fossem suficientemente fortes nas pessoas. As minhas não eram. Sinto
coisas às vezes. Quando vejo um helicóptero ou um avião, posso redesenhar para um melhor funcionamento, velocidade e manobrabilidade porque “vejo” as imperfeições. — E tem um escudo natural. Don assentiu. — Não soube durante muito tempo. Quantas pessoas podem ler as mentes? Conheci Sharon enquanto estava na pós graduação. Ela era tão pequena e frágil, com um coração fraco. Caí como uma tonelada de tijolos, mas ela vem do mesmo tipo de dinheiro que Whitney, e embora estava fazendo um nome por mim mesmo, não estava de maneira nenhuma em sua liga. Não acreditei que me olhasse duas vezes. Kadan começava a reunir as peças. Don Meadows era um tolo. Tudo isto era sobre sua mulher. — Arrumei para conseguir que saísse comigo, e no final, se casou comigo. Sua família estava furiosa e ameaçou lhe tirar a herança, mas nos casamos de qualquer modo. Finalmente seu pai me apoiou em meu negócio, tivemos sorte e estabelecemos suficientes contatos com o governo para ser mais que bem-sucedidos. — Mas… — Incitou Kadan. Don Meadows estava dando voltas ao tema, esperando que fosse suficiente sem revelar as ataduras com Whitney. Kadan não ia permitir que ele se afastasse disso. Meadows suspirou pesadamente e acariciou a frágil mão de Sharon. — Muito tempo antes que o pai de Sharon me desse uma oportunidade, trabalhei para o Peter. Tinha um imenso centro de investigação e me deram meu próprio departamento. Tive visões de talvez chegar a ser sócio dele um dia e demonstrar à família de Sharon que não os necessitávamos. Peter e eu fizemos uma viagem de negócios a Europa. Eu tinha vinte e seis. Sharon estava doente e não pôde vir comigo — Sacudiu a cabeça, sua expressão se curvando de dor — Sua saúde é muito frágil. Kadan assentiu. Já sabia o que vinha. — Não sei que aconteceu — Don esfregou as rugas da testa — Penso nisso todo o tempo. Estava bebendo e estava essa garota. Não poderia ter tido mais de quinze anos — Levantou o olhar para Kadan, com dor nos olhos — Treze. Tinha treze — Sacudiu a cabeça outra vez — Não recordo muito dessa noite. Só que devo ter ficado louco. O sexo não foi de comum acordo. Sei por que vi a fita de vídeo umas cem vezes e é horrível. É malditamente horrível saber que é capaz de algo assim quando é tão repugnante para você. Havia amargura em sua voz, inclusive auto-aborrecimento. Don atraiu a mão de sua mulher até sua boca. — Peter limpou a confusão, seu dinheiro é obvio, e voltamos para casa. Praguejou que ninguém saberia jamais. — E confiou nele? Não suspeitou que talvez teria tido algo a ver com que você agisse tão fora de seu caráter? — Confiei nele. Era meu amigo. Não me ocorreu até muito tempo depois, e para então tinha muito que perder. Sharon não podia ter filhos. Ela sabia que eu os desejava. Tive medo de que se descobrisse que não só a tinha enganado, mas sim fui capaz de violar, de uma brutalidade animal, me deixaria. Pensaria que me casei com ela por seu dinheiro. Havia uma parte de mim que desejava o dinheiro e eu tinha
forçado a uma menina. Deus! — Deixou cair a cabeça nas mãos — Você não tem a menor idéia do que se sente ao saber que um monstro vive dentro de você mesmo. — O fez alguma vez depois? A cabeça de Don se sacudiu para cima, os olhos cintilando com ira, com negação. — Não! Dispararia em mim primeiro se alguma vez tivesse tal inclinação. Não sei que aconteceu essa noite, mas eu me vi. Era eu violando a essa menina. O vídeo não foi manipulado. — Mas alguém colocou a câmara em primeiro lugar. Don assentiu. — Sim. Mas não soube que havia um vídeo até cinco anos depois. — Quando Whitney lhe trouxe Tansy. Ela é sua filha biológica, não é? Don engoliu com dificuldade e agachou a cabeça outra vez, a sacudindo de um lado a outro. — Whitney chamou a seu laboratório particular e tirou Tansy. Deveria tê-la visto. Cabelo todo branco e esses olhos. Tinha a mesma boca que sua mãe. Soube que ela era minha no momento em que pus os olhos nela. Whitney me mostrou a fita. E tinha fitas da garota no que parecia um hospital durante sua gravidez. Ela vendeu o bebê a Whitney. Mais tarde, ele declarou que ela morreu em um acidente de tráfico, e talvez o fez, busquei-a, mas não pude encontrá-la. — E Whitney teve a Tansy durante cinco anos. Don assentiu. — Tinha realçado suas capacidades psíquicas. Aparentemente a garota, sua mãe, era psíquica e Peter queria ver o que podia fazer com o bebê. Ela não era quão única tinha. Contou-me que eram órfãs que tinha reunido, meninas não desejadas. Tinha enfermeiras para elas e disse que estava se desfazendo delas, as dando em adoção. Contou-me que podia ter a Tansy com a condição de que ele continuasse sendo seu médico para poder ver sua progressão. — E você concordou. — Infernos sim. O filho de puta. Tinha a minha filha. Tinha me montado uma armadilha. E quando reproduziu o vídeo, me dei conta de que tinha que ter sido o que estava atrás da câmara, que durante todos esses anos, tinha sido parte do que eu tinha feito — Suspirou pesadamente e se recostou contra a cabeceira, ainda acariciando a mão de Sharon — Não foi sempre um louco. Vi os sinais, mas não quis acreditá-lo. Era meu amigo e eu não tinha muitos deles. — E ele abriu portas para você — Kadan não ia permitir escapar. Don Meadows era um homem inteligente. Também ambicioso. Queria o respeito, contatos, e o dinheiro que vinha de sua associação com Whitney. — Não posso negar isso — Então veio com sua proposta. Queria que você adotasse a sua própria filha. E se não cooperasse com ele, ia destruir a vida que você tinha construído com tanto cuidado. — Mostraria o vídeo a Sharon e a sua família. Disse que iria a público com ele. Esse vídeo é doentio — Disse Dom — Teria destruído a todos nós.
— E as outras meninas que tinha em seu laboratório. Estava experimentando com elas e você sabia. — Estava dando elas em adoção. Todas tinham problemas, como Tansy. Prometeu que as entregaria a qualquer que tivesse suficiente dinheiro para cuidar de suas necessidades especiais. — E você quis acreditar isso. — Tinha que acreditá-lo, para minha própria prudência. Ela era minha filha. Minha própria menina. Desejava que vivesse conosco de qualquer modo em que pudesse consegui-la. E sabia que Sharon tomaria uma menina ferida, sem importar quão mal estivesse. Sharon desejava desesperadamente filhos. — Você é um filho de puta egoísta, não é? — Disse Kadan com tom suave.
Capítulo 13
— Maldição! Também sou uma vítima — Insistiu Don — Você não tem a menor idéia de como foi. — Não estou querendo enfrentar a música. Se Whitney o drogou ou não, e é provável que o tivesse feito, você, no entanto, tomou parte na violação de uma criança de treze anos e a deixou grávida. — Ela não tinha a ninguém. Whitney me disse que era uma criança de rua que nessa noite tinha tentado nos roubar. — Acredito que provavelmente ela não tinha ninguém para protegê-la. Whitney desejava os genes. O resto dela era um inconveniente. A deve ter encontrado em outra viagem, reconheceu que tinha capacidade psíquica e a “comprou”, justamente como fez com as outras. Provavelmente ofereceu dinheiro a ela para permanecer em um agradável quarto quente e ela esperou ali, pensando que tinha feito um bom trato, um lugar para ficar e comida para comer. Inferno. Pela primeira vez em sua vida, não estava na rua. E então Whitney a levou. — Não recordo. — Não quer recordar. E pode ter investigado o terreno para tenta expulsar a culpa a respeito do que ocorreu com ela, porém tem dinheiro e contatos suficientes para encontrar qualquer pessoa no mundo. Não quis que ninguém fizesse perguntas sobre o porquê essa criança era importante para você. — Ela está morta. Whitney me disse que estava morta. — E você quis acreditar. Don o olhou furioso. — Não acho que alguém como você tenha direito de me julgar. Pensa que não posso olhar para você e saber que é um assassino? Se queria fazer com que Kadan se sacudisse, se enganou. Kadan sabia exatamente o que era, frio como gelo e disposto a fazer o trabalho. — Então nos entendemos um ao outro — Disse, sua voz ajustada em um tom mais baixo — Embora haja uma diferença. Sei que sou um bastardo e que não mereço Tansy. Admito isso completamente, tanto para mim mesmo como para ela.
Vou ficar com ela porque sou egoísta, e trabalharei cada dia de minha vida para fazêla feliz, e no final de nossos dias, espero que ela não tenha nenhuma razão para lamentar. Você finge ser um cara bom. Engana a si mesmo e a sua família. E deixou essas crianças com um louco para poder continuar com sua vida do modo que você queria. — Estou lhe dizendo que ele as estava dando em adoção. O dano a elas já tinha sido feito. — Não deu a maior parte em adoção. As está usando em programa de cria. Teve outro silêncio de assombro. Kadan podia dizer pela expressão do homem que o golpe não era fingido. — Está seguro dessa informação? — Sim. E também tinha outras crianças. Ryland se moveu pela primeira vez. — O que tem Lily? Você deve saber que tinha mantido Lily — Sua voz era muito baixa, quase um sussurro, porém seu tom era pura ameaça. Don começou, seu olhar saltou ao homem que não podia distinguir com a claridade nas sombras. — Ele foi bom para Lily. — Experimentou com Lily. O que você pensa que isso fez a ela quando descobriu sobre ele? Quando ele permitiu que ela acreditasse que ele tinha sido assassinado? Você sabia, não é verdade, que estava vivo? Don assentiu. — Alguém em cima, alguém verdadeiramente relacionado o queria morto. Sabiam que estava realçando soldados das Forças Especiais e pensaram que era uma abominação. Peter queria super armas para seu país. Ele não sabia quem era, porém tinham feito várias tentativas de matá-lo e golpeariam a seus soldados. Me disse que tinha que desaparecer até que soubesse quem eram seus amigos. Ryland se moveu outra vez, como se fosse seguir com o tema de sua mulher, mas o deixou ir. Tinha sido o alvo dos assassinatos pela facção que pensava que os experimentos de Whitney eram abominações. Tinha visto morrer a vários de seus homens e ele apenas tinha escapado com vida. Sabe mais do que está dizendo, enviou Kadan em silêncio. — Fomos presos em jaulas — Disse Kadan — No centro de investigação de Whitney. Éramos os homens que Lily ajudou a escapar. — Seu pai queria que ela os ajudasse a escapar. Me disse que a tinha colocado nessa posição com a esperança de que pudesse fazer o que ele não podia — Disse Don apressadamente — Apesar de todos os seus pecados, queria que todos os soldados nos quais tinha trabalhado sobrevivessem e servissem a seu país. — Ele soube quem o queria morto? — Perguntou Kadan. — Alguém muito acima da cadeia alimentar. Quem quer que fosse trabalha na Casa Branca e Whitney não podia tocar nele. Afortunadamente, Peter tem muitos amigos que o cobriram e o ajudaram a continuar seu trabalho... — Seu programa de cria — Disse Kadan — O único em que quer que Tansy participe. Don sacudiu a cabeça.
— Ele não deseja que nenhum dano sobrevenha. Sei disso. Quando se inteirou de que seu inimigo estava formando uma coligação para aniquilar seus soldados, insistiu em que empregasse a Fredrickson para proteger Tansy. Alguém chegou a Fredrickson. — Fredrickson trabalha para Whitney — Indicou Kadan — Não importa que tente mudar as coisas, não vou transformar Whitney em um santo assim como não posso tolerar o fato de que você permitiu que ele seguisse experimentando com as crianças. Experimentou em sua própria filha, e o manteve enquanto ela crescia. Você o permitiu. E empregou Fredrickson sob suas ordens. Suas ordens eram pegar Tansy se ela descobrisse alguma vez o que acontecia. Ela fez a pergunta errada e ele fez seu trabalho. Ia levar ela ao Whitney. — Sei que ele é um bastardo, porém a teria mantido a salvo. — A teria obrigado a ter relações sexuais com um homem quer ela quisesse ou não, exatamente como você forçou a essa adolescente a ter sexo com você. Kadan permaneceu absolutamente imóvel, uma estátua talhada em pedra. Inclusive sua imobilidade parecia uma ameaça. A cara de Don desmoronou. — Maldito, está me deixando sem nada. — A teria entregado — A voz de Kadan era tão fria como o gelo. Kadan, advertiu Ryland suavemente, temendo claramente o que seu amigo poderia fazer. Kadan não se reconhecia. O pensamento de Don Meadows contemplando a entrega de sua filha a um homem como Whitney depois de ter visto os experimentos, a violação de uma criança adolescente, sua mulher espancada por Fredrickson... — Tudo para que? – Perguntou Kadan suavemente — Para manter a sua imagem e seu dinheiro, sua pequena e fácil vida. Teria entregado Tansy a uma vida de escravidão. — Não! Maldito, não! — Don negou a acusação — A queria a salvo da coligação. Eles são muitos mais fortes. Estão se estabelecendo a si mesmos e estão tentando matar a cada soldado e mulher que sabe que foram realçados. — E você como sabe disto? — A voz de Kadan ainda era fria, ainda remota, como se não tivesse uma opinião clara sobre se ia se atirar sobre a cama e partir ou não a garganta de Don. — Whitney tem amigos que deram a informação. E me disse que Tansy necessitava estar em um lugar escondido. Tivemos uma terrível briga sobre isso. Disse a ele que poderia proteger a minha filha. — Foi aí que contratou os mercenários. Don franziu o cenho. — Fredrickson encontrou Watson para mim, e eles contrataram homens que podiam manter a ela segura. — Eram homens de Whitney. Quando Tansy fez a pergunta errada, fizeram o que Whitney os ordenou. Foram pega-la imediatamente e a levar com eles. Estavam disposto a torturar sua mulher para conseguir a ela. — Fredrickson nos disse que tinha um assassino a solto atrás dela — Don olhou Kadan diretamente nos olhos — Disse que um assassino foi enviado para matá-la.
— Dois homens apareceram nas montanhas. Pensei que estavam atrás de mim. Como saberiam qualquer um deles que Tansy estava realçada? — Trabalhava com a polícia e com o FBI resolvendo assassinatos em série. Tinha tido uma série de assassinatos que um periodista especulou que estavam conectados, e seu nome saiu. Não contamos a ela porque não queríamos transtornála, porém o jornalista sabia que ela era fotógrafa e sugeriu que estava nas Montanhas. Deu a entender que estava ajudando o FBI com os assassinatos. O artigo inclusive, dava uma informação acerca da sua hospitalização que talvez contaminava as provas. Um calafrio atravessou o corpo de Kadan. Se alguém tinha desenterrado informações sobre Tansy e se informado dele, o rastreador de elite com o qual tinha topado acidentalmente teria sua identidade. Respirou profundamente. — Me dê um nome e o Jornal. — O que? O matará também? — Perguntou Don, uma insinuação de amargura, misturada com sarcasmo, se arrastou por sua voz. A mão de Kadan serpentou tão rapidamente que foi uma mancha. Agarrou Don pela garganta, cortando seu oxigênio e quase pondo o homem em pé. Don ficou sem respiração, ofegou, ficou vermelho e depois roxo, implorando desesperadamente que os dedos de Kadan o soltassem. Olhou fixamente seus olhos impassíveis. — Kadan — Ryland disse seu nome. Baixo. Firme, nenhuma inflexão. Lily conseguirá toda a informação que necessitamos sobre o jornalista. Deixe ele ir. Kadan deixou Don cair com repugnância e girou para longe dele, passeando pelo quarto, enquanto o homem tossia e arrastava ar para seus pulmões. — Me alegro de que o encontre divertido — Acusou Kadan através dos dentes apertados — Eu o encontro desagradável. Don usou os calcanhares para se impulsionar para a cama e se sustentar. — Maldito — Se engasgou — Não sabe o que teria feito em meu lugar. Kadan se agachou ao lado do homem, olhando diretamente a seus olhos. — Teria matado Whitney no momento em que mostrou a gravação. Ele tinha violentado a uma criança. Roubou a filha dela. A torturou, experimentou com ela, e continuou fazendo isso a outras crianças. Teve um homem batendo em sua mulher, e me acredite, teria ido até o final, incluindo matar Sharon. Watson certamente tentou por uma bala em sua cabeça... Don cobriu a face com as mãos. — Eu não mato pessoas. — Talvez não, Meadows, porém está disposto a deixar um monstro solto pelo mundo para poder manter seu precioso mundo intacto — Kadan quase se afogava de repugnância — E você empregou assassinos e permitiu a eles permanecer em sua casa. Ele é fraco, Kadan, não malicioso. Que se foda. Teria entregado Tansy a Whitney para proteger seu mundo. Kadan parou bruscamente outra vez e pôs distância entre ele mesmo e Don. já não confiava em si mesmo. Queria romper seu pescoço.
— Onde está Whitney? E não me diga que não conhece cada um dos seus esconderijos, porque teve vinte anos para reunir informações. Um homem como você tem arquivos das pessoas. — Whitney tem lugares por todo o mundo. Tem mais dinheiro e mais conexões do que você pode imaginar. Não pode golpear a ele. E pelo menos ele não está tentando matar você. Seu inimigo é inimigo dele. E ele é o único homem capaz de proteger Tansy. Eu não posso fazer isso, e não acredito que você tampouco possa. — Veremos. Quero seu arquivo sobre Whitney. Don encolheu os ombros. — Não servirá de nada. — Eu o quero. — Está em minha casa. Tenho uma caixa em minha oficina embaixo do chão onde a guardo. A que está na parede é para que os ladrões pensem que estão conseguindo informação útil. Kadan tinha terminado. Não podia suportar estar na presença do homem nem um minuto mais. Rye, se encarregue. Não posso mais olhar para ele. Envia a alguém para pegar o arquivo. — Levarei Tansy comigo. Você permanecerá aqui com meus homens e não seja bastante estúpido para lhes dar problema. — Whitney mostrará o vídeo. Kadan girou os olhos frios para o homem, o olhou de cima abaixo, e depois sacudiu a cabeça. — Ainda não pegou, não é? Ele não mostrará o vídeo. Tem tanto a perder como você. O governo e o exército ainda o consideram um bom sujeito. Ele não vai se arriscar por uma pequena vingança. Tem o que quer de você. Seus genes. Agora virá por Tansy e terá que passar por cima de mim para chegar a ela. — Que acontecerá com minha mulher? Kadan deixou cair a temperatura vários graus simplesmente olhando fixamente ao homem. — Não desejo causar dor a sua mulher, senhor Meadows. Você está livre para continuar mentido a ela, porém eu contarei tudo a sua filha. Eu não tenho intenção de enganar a minha mulher. — Vai contar a ela que ameaçou minha vida? Kadan sorriu, e não havia nenhum humor nesse sorriso. — Tansy tem acesso a minha mente. Não acredito que estará muito surpreendida por nada do que eu faça. — É um filho da puta santarrão — Don se pôs em pé, a cara vermelha e retorcida de ira — Vai dizer a minha filha que ela é produto de uma brutal violação. Vai dizer que a tenho enganado durante todos esses anos, destruindo tudo o que ela ama e no que acredita, e depois se sentirá bem com você mesmo porque é um estupendo homem honrado. Kadan lançou a cadeira que tinha colocado sob o trinco da porta contra a parede com força suficiente para quebrá-la em vários pedaços. Abrindo a porta de um puxão, saiu a pernadas do quarto, atemorizado do frio em suas veias e em sua mente.
Necessitava ver Tansy. Tocá-la. Se certificar de que estava bem. Só queria segurá-la e mantê-la a salvo. Maldito seja seu pai e sua fraqueza. Dizer tudo a ela só destruiria seu mundo. Não dizer deixaria uma fenda imensa entre eles. Tucker e Ian vieram correndo pelo vestíbulo para ele, as armas desembainhadas. O choque da cadeira tinha sido forte o bastante para alertar a eles de possíveis problemas. Kadan sacudiu a cabeça e continuou se movendo para a outra parte da casa, onde Tansy dormia. Seguiu caminhando sem sequer se dar conta do que estava fazendo, empurrou a porta e parou ali, emoldurado pela porta, bebendo a visão dela enquanto estava dormindo. O quarto estava escuro, só com um pequeno pedaço de luz se derramando pelas cortinas do quarto. O ar, no entanto, tinha uma insinuação de canela e seu estômago ficou tenso enquanto respirava profundamente. O cabelo estava esparramado através da almofada, uma cascata de seda e ouro branco que rompia seu coração. Parecia tão jovem quando dormia, inocente e doce, como se todas as coisa más da vida ainda não a tivessem tocado. Suspirou suavemente e girou, se estirando... Para ele? Esperava que fosse por ele. Esperava que ele representasse algo bom em sua vida apesar de tudo o que tinha acontecido. Cruzou o quarto com passos silenciosos e se agachou a seu lado. — Carinho. Preciso que desperte para mim — Baixou a cabeça e deixou um rastro de beijos sobre sua face. As mãos resvalaram sob a manta para encontrar as curvas da pele tépida e lisa — Abre os olhos. Ela piscou, as meia luas gêmeas de grossas pestanas esvoaçaram enquanto seu corpo se removia embaixo das mantas, se movendo completamente para suas mãos. — Olá — O sorriso dela o excitou, o enchendo de boas-vindas. Com algo suave e convidativo — Já é de manhã? Parecia tão sonolenta... Tão sexy. O corpo de Kadan ficou ainda mais tenso. Não pôde evitar embalar o leve peso dos seios tépidos e suaves em suas mãos, o deslizar dos polegares sobre seus sensíveis bicos. — Temos que ir. — Preciso mais algumas horas de sono. Ele acariciou a garganta dela com o nariz, percorrendo um caminho do veio para a curva de seu seio. — Pode dormir no carro, carinho. Preciso que levante agora. Ela gemeu suavemente em protesto. — Está escuro. — Eu sei. Vamos, venha comigo. Os dedos puxaram a manta para baixo um pouco mais, expondo o seio ao ar mais frio. Ele lambeu o bico, depois atraiu o seio para a boca e o sugou, deslizando o braço ao redor de sua cintura para empurrá-la completamente para ele. Ela era suave e maleável em seus braços, se oferecendo para ele do modo em que ele o fazia. Kadan fechou os olhos, saboreando o momento, o conhecimento de que ela se entregava por completo. Subiu beijando sua garganta para encontrar sua boca, se perdendo ali durante uns poucos minutos. Ela lhe dava tudo, sem vacilar, sem reservas. Não havia resistência, não quando se abria para ele e o tomava em seu interior. Apertou a testa contra a sua compartilhando o fôlego.
— Sinto muito te despertar, Tansy. Sei que está cansada, mas nos estamos ficando sem tempo neste assunto. Seus pais estão a salvo aqui e precisamos voltar para poder fazer o trabalho. — Pensava que teria tempo de ver mamãe e papai. Não os vi há semanas — Protestou Tansy — E depois do que aconteceu… — Sei. Mas necessito que venha comigo agora. Ela recuou e procurou em sua face, ele não sabia o que procurava. O que poderia dizer quando queria arrancar o coração de seu pai? Tudo o que dissesse a quebraria em pedaços. Tansy estudou o rosto sério de Kadan. Tão severo. Tão duro. Tão inflexível. Parecia perigoso, mas quando a tocava, as mãos eram suaves e sua boca a amava soubesse ele ou não. Algo estava errado. Não os assassinatos. Isto não era pelos assassinatos. Ela respirou fundo e o deixou sair, envolvendo os braços ao redor de seu pescoço para que ele pudesse sentá-la. — Está zangado. O amor em sua voz o sacudiu. Como se importasse. Como se importasse que ele estivesse zangado. Se ele estava, era em seu nome, não no dele. Levantou-a em seus braços. — Vou levar você ao carro. Nos dirigimos de volta à outra casa. — Estou nua. Não posso ir de carro nua — Protestou. Os olhos azuis deslizaram sobre ela, escuros como a meia-noite. — Sim, pode. Se aproxime de mim, manterei você quente. Ela rebolou e ele a soltou. — Só levará um minuto me vestir e empacotar, mas Kadan — Ela esperou até que a olhou — Quando estivermos no carro, vai me contar tudo. — Você não gostará, carinho. Se assegure de que é o que quer de verdade. O agarrou pela nuca, ficou nas pontas dos pés e o beijou. — É o que quero — Girou e colocou uma camisa, sem se preocupar com a roupa de baixo. Kadan a observou através de seus olhos meio fechados: os movimentos elegantes e eficientes, a falta de vacilação enquanto caminhava através do quarto, diante dele para recuperar seu jeans. Amava-a. As palavras estavam em sua mente, mas não conseguiam chegar à boca. Mas sua alma se moveu. Ela o sentiu. Tansy sorriu. — Estou pronta. Ele caminhou através do quarto, pernadas largas e determinadas que talvez tivessem intimidado a outra pessoa, mas ela se manteve firme, o olhando simplesmente. Agarrou sua face entre as mãos e a beijou outra vez. Contando-lhe. Dizendo-lhe sem palavras. Amando-a. Deixou que sua mão escorregasse de maneira possessiva pelo ombro, depois o braço até que pôde entrelaçar os dedos com os dela. — Façamos isto — A atraiu sob seu ombro e atravessou a casa. Tucker e Ian estavam esperando na porta traseira. Tucker se inclinou para beijá-la na testa.
— Cuidaremos de seus pais — Assegurou — Ninguém sabe que estão aqui, assim não teremos problemas. — Comprovará conosco? — Perguntou ela ansiosamente. — Feito — Disse Ian. — Obrigado, aos dois — Disse Tansy. — Fico devendo essa — Acrescentou Kadan com voz brusca. Abriu a porta do lado do passageiro para Tansy, que deslizou no assento. Jogando a bolsa atrás, Kadan deslizou atrás do volante e estirou a mão para a chave. Instantaneamente as portas traseiras se abriram e Ryland, Gator e Nico se amontoaram no assento traseiro. Kadan olhou pelo espelho retrovisor a suas caras sérias. — O que acham que estão fazendo? Ryland deu de ombros. — Cobrindo seu traseiro, como sempre. — Tenho que fazer isto sozinho, mas aprecio a oferta. — De maneira nenhuma iremos… — Disse Gator — Está até as orelhas nesta confusão e vamos te respaldar em seu jogo da maneira que sempre o façamos, irmão, tanto se quiser como se não. — Este é um desses classificados… — Sandices — Disse Ryland — Tem à garota. Acha que não encaixei as peças no minuto em que o velho mencionou os assassinatos? Suspeitam de nós, não é? Por isso a arrastou até aqui, para ajudar a limpar nossos nomes. Estão atrás de nós, não é? — Quem caralho são eles? — Perguntou Gator. — Eles são os que estiveram tentando nos exterminar desde o começo. Uma vez veio a tona que Whitney fazia super soldados, a tecnologia valia milhares de milhões para outros países — Explicou Ryland — Conosco mortos, ninguém pode nos seqüestrar e tentar nos dissecar e conseguir respostas livremente. Ninguém pode encontrar Whitney e conseguir a informação, assim têm que encontrar uma maneira de nos tirar ao descoberto, onde têm uma melhor oportunidade de nos matar. Se os Caminhantes Fantasmas forem acusados de assassinato, não vai haver julgamento, não é, Kadan? Tansy enlaçou os dedos com os de Kadan. — Não vamos permitir que isso aconteça — Ela falou com confiança suprema — Sou uma rastreadora de elite. Encontrarei a eles e Kadan levará a prova a Washington. — Nunca ouvi sobre uma rastreadora de elite — Disse Gator — O que você faz? Nico se inclinou para frente sobre o assento e havia respeito matizado com admiração em sua voz. — É a garota dos assassinos em série. Rastreia assassinos usando sua mente. Ela sorriu. — Essa sou eu. — Como demônios faz algo assim? — Perguntou Ryland. Ela deu de ombros. — Todos vocês fazem coisas excepcionais. É um dom.
— Não é fácil — Disse Kadan com brutalidade — Acabou no hospital a última vez — Levou sua mão aos lábios — Não o faça soar como pão comido. — Ajudaram a minha família. — Estava disposta a fazê-lo antes que ajudassem a sua família. Ficou vermelha, colorindo as bochechas. — Não é diferente. Não o faça diferente. Ryland tocou seu ombro. — Apreciamos isso, Tansy. Kadan deveria nos ter dito isso. Poderíamos ter ajudado. — Estou sob ordens. O general me chamou, me explicou a situação e me disse que o esclarecesse rapidamente. Assim encontrei a Tansy. — Bem, agora conseguiu alguma ajuda. Vamos com você. Havia um golpe teimoso de um quilômetro de largura em Ryland... Em todos eles. Kadan soube que simplesmente o seguiriam, agora que sabiam o que estava fazendo. Eram o bastante tenazes para isso — Encontra ao jornalista. Tansy tem que manipular um par mais de objetos. Acredito que podemos encontrar pelo menos à equipe desta Costa. — Equipe? Kadan explicou a teoria de que os assassinatos fossem um jogo. — Tansy espera fazer um perfil de cada um dos jogadores e talvez conseguir uma pista sobre como se joga e quem está nele. — Acha que esta coligação, que nos deseja mortos, está por trás dos assassinatos? —Perguntou Ryland. Kadan sacudiu a cabeça. — Meu instinto me diz que simplesmente estão se aproveitando disso. A coligação que Meadows mencionou tem uma grande mania nos Caminhantes Fantasmas — Disse Kadan — Tinham que ter dado alguns detalhes ao jornalista, sabendo que os faria correr. Descobriu que Tansy estava trabalhando nas montanhas e os dirigiu direto a ela. E enviaram dois assassinos atrás dela. Pensei, naquele momento, que iam atrás de mim, mas não sabiam que estava ali até que começaram a rastreá-la. Má sorte para eles. — Localizaremos seu jornalista e investigaremos quem o pôs atrás do rastro — Disse Ryland — E depois o encontraremos na outra casa. E Kadan… — Esperou até que Kadan encontrou seu duro olhar — Melhor que esteja ali. Kadan fez uma fraca careta a ele e concordou. — Compreendo. E agradeço a companhia. Gator mexeu no bolso enquanto Nico abria a porta. — Quer um chiclete, Kadan? São de canela — Puxou uma caixa de chicletes no assento dianteiro. Kadan se engasgou. Se fosse possível que se ruborizasse, o teria feito. Não se atreveu a olhar para Tansy enquanto seus amigos saíam do carro. Só ligou o motor, pôs o veículo em movimento e se afastou, lançando um olhar para eles pela janela aberta enquanto ia para a rua. Tansy apoiou a cabeça contra o assento enquanto recolhia a pequena lata e a girava uma e outra vez antes de deixá-la cair no assento.
— Suponho que tenham um sentido do olfato realçado. Estiveram fazendo você passar um mau momento? Poderia ter jurado que havia diversão em sua voz, mas quando a olhou bruscamente, parecia séria e inocente, o que levantou sua suspeita ainda mais. Colocou a lata no bolso, não a querendo fora como um aviso de seus amigos e seu olfato extremamente desenvolvido, ou de seu péssimo senso de humor. — A devolverei. Por que não volta a dormir? Porei um pouco de música. Ligou o reprodutor do CD. As vozes de Tucker e Ian saíram dos alto-falantes, cantando desafinadamente. Quero viver com uma garota de canela… — Bastardos — Desligou o reprodutor imediatamente. Tansy se pôs a rir. — Não acredito que vão ganhar nenhum concurso. — Sinto muito se a envergonham. Ela se inclinou e acariciou o braço com o queixo. — Por que estaria envergonhada? Você está? — Infernos não. Me importa uma merda se nos interromperem, mas não quero que esteja incômoda — Mostrou-se inflexível. Ela deu de ombros. — Não vou sentir me envergonhada por ter sexo com você, Kadan. Eu gosto de ter sexo com você. Eu gosto como me faz sentir e especialmente como o faço sentir. Assim deixe eles dizerem o que quiserem. Não me incomoda. Ela queria dizer isso. Ele sentiu uma onda de orgulho, de admiração, de que pudesse pertencer a ele. Nem sequer estava seguro de como tinha acontecido, mas maldição, estava agradecido. — Saiu do quarto esta noite. — Sabia? — É obvio que soube. Eu gosto de ter você aconchegado ao redor, e no momento que me deixou, me senti sozinha. Foi ver meu pai, não é certo? — Como soube? — Não estava satisfeito com suas respostas. Ele conhecia os experimentos de Whitney, não é? Teria me dito isso em seguida se não sabia. — Sinto muito, carinho — Enlaçou os dedos com os seus e levou sua mão até seu coração — De verdade. Queria que fosse diferente para você. Ela estava silenciosa, olhou fixamente pela janela uns poucos minutos antes de respirar fundo e olhar para ele. — Minha mãe? — Ela não tem a menor idéia. Desprezava Whitney. Podia ler sua mente, mas não posso ler a dele. Me assegurei de que dormisse durante nossa conversa. Não queria lhe causar mais tristeza da que já tem sentido. — Qual foi sua explicação? — Se te disser isso, Tansy, vou te contar a história inteira. Esteja muito, muito segura de que quer sabê-la advertiu. — É tão ruim assim?
— Sim — Manteve a posse da mão quando ela tentou afastá-la bruscamente. Ele não ia deixar que passasse. Seu pai tinha feito mal a ela, não ele. — Ia me entregar ao Whitney? — Maldição, isso não é justo. — Bateram na minha mãe. Ele faria o que fosse por minha mãe. Se acreditava que iam fazer mal a ela, me entregaria e nunca olharia atrás — Virou para Kadan. As luzes dos carros que se aproximavam jogavam sobre sua face e depois a deixavam em sombras — Sei que me quer, Kadan, mas foi sempre depois de minha mãe. — E isso está bem para você? — Cresci sabendo disso. Era normal. Não sei como é para um menino que não é adotado, mas… — As palavras se desvaneceram. Ele estava tão quieto. Sua mente estava quieta, inclusive enquanto ela a tocava. Analisou as peças do enigma uma e outra vez em seu cérebro. Era boa resolvendo enigmas. As coisas fizeram clique em seu lugar. E o clique não foi o que tinha esperado. Negou com a cabeça — Recordo estar no laboratório de Whitney. Era horrível. Havia tanta dor. Havia outras meninas ali e enfermeiras. Ele tinha esse pequeno quarto tirado o som aonde nos levava. Algumas das garotas tinham convulsões e todas tínhamos hemorragias nasais. Ele simplesmente gravava tudo, com esse sorriso remoto e estranho em sua cara. Se franzia o cenho, estava em problemas. Inclusive recordo o dia que me levou a ver meus pais pela primeira vez. — Os dois juntos? — Perguntou Kadan. — Não. Só meu pai. Lembro a maneira em que me olhava fixamente. Avançou para me tocar e eu estremeci me afastando. Levava luvas, mas era tão difícil controlar as impressões e faziam com que minha cabeça doesse, assim não queria que me tocasse. — Como estava te olhando? Aí estava outra vez, essa nota. Uma peça do enigma. Ele queria que ela visse por si mesma, mas ela continuava dando voltas longe da verdade. Apertou os dedos nos dele, querendo força. Estava perguntando pela verdade. Estava lhe causando pena insistindo em que contasse, mas ela não queria ver ainda. Deteve as lembranças. Tinha estado tão assustada. Todas as garotas tinham medo. Duas enfermeiras tentaram as consolar, mas nunca ao redor de Whitney. Ele as olhava como se fossem insetos, e não queria que as enfermeiras as “mimassem”. Duas garotas eram aparentemente desafiantes, e isso o fazia duro e cruel. Inclusive de menina reconhecia a mancha da loucura, embora não podia o ler realmente. E então as garotas começaram a desaparecer. Whitney nunca respondia quando se atreviam a perguntar aonde tinha ido alguma das garotas. Quando a tirou do laboratório, tinha estado aterrorizada, sua imaginação se desbocou. Não sabia como era o mundo exterior e era tão grande. Enorme. O céu dava medo, os carros também, os ruídos a curvaram. A arrastou a um quarto e a empurrou para um homem que tinha estado sentando silenciosamente em uma cadeira de escritório. Ela tropeçou e elevou o olhar para o homem. Era alto e estava em forma, com cabelo de ouro branco, e quando voltou os olhos para ela teve medo de se mover. Surpresa. Uma absoluta surpresa se registrou na cara dele. Por um momento algo
revoou em sua mente. Reconhecimento? Mas nunca o tinha visto antes. Ela pensou… Pertenço. Não tinha sabido o que era um pai antes desse momento. Agora sabia. Umedeceu os lábios e deu uma olhada aos traços duros como pedras de Kadan. — É meu pai biológico — Continuou olhando — Me diga como. Ele contou então, tudo, sustentando sua mão, com voz suave, uma compassiva carícia, o polegar acariciando daqui para lá o dorso de sua mão. Ela manteve a cabeça baixa, o comprido cabelo se derramando ao redor da face de maneira que ele não podia lhe ver a expressão, mas estava em sua mente, tratando de rodeá-la com calor, com amor, com todo o protetor nele. Ela permanecia muito quieta, inclusive em sua mente, como se tivesse medo de que se se movesse, quebraria. Carinho. Ele respirou palavras carinhosas, tentado de parar o carro ao lado da estrada e segurá-la apertadamente. Embora ela não o queria, entretanto podia lê-lo. Necessitava tempo para assimilar o que tinha contado. — Está absolutamente seguro? — Ele mesmo me disse isso. — Mamãe não sabe nada disto? — Não — Levou sua mão ao queixo e esfregou a mandíbula daqui para lá em um esforço de consolá-la. — Bem. Não quero que o descubra jamais — Olhou para ele então e ele viu a crua dor em seus olhos — Pode descobrir se minha mãe biológica está realmente morta? — Whitney tem arquivos, e Lily tem acesso a eles usando alguma complicada porta traseira ao computador que não entendo. Pedirei a ela que comece a olhar. Se tiver registros sobre você, e aposto qualquer quantidade de dinheiro a que os tem, os encontrara. Ela segurou a mão mais forte. Ele a sentiu em sua mente. — Matou-o? Por isso tivemos que sair tão rapidamente? — Quis — Admitiu tranqüilamente, desejando poder sentir remorso ou vergonha. O homem era seu pai — Por um minuto pensei que poderia. Mas acredito que ele se castigou mais do que eu jamais poderia. E te ama, Tansy. Certamente ama a sua mulher. — Não me diga que me ama. Não me quer. — Sente-se assim agora mesmo, carinho, quando olhar atrás os anos que teve com ele, saberá que não poderia falsificar a maneira em que a tratou. Amava-a. — Mas não quis arriscar o que tinha para salvar ao resto das garotas, ou para descobrir se minha mãe biológica estava viva ou morta ou inclusive assassinada pelo Whitney — Os dedos se fecharam em um punho na camisa — Teria feito que Fredrickson me entregasse ao Whitney se houvesse retornado. — Não teria tido escolha. Fredrickson estava disposto a matar a todos para te levar de volta ao Whitney. — Não teria querido matá-lo se tivesse estado tentando salvar a minha mãe. Teria compreendido. Há mais que isso. Não sabia que dizer para aliviar sua dor, e amaldiçoou sua falta de palavras quando ela necessitava… Algo.
— Sinto muito, Tansy. Desejava poder tomar sua dor em si mesmo. Faria tudo por ela, mas em vez disso, só podia sentir-se impotente. — Pus um travesseiro ali entre os assentos para que pudesse se deitar se quiser — Desejava que fechasse os olhos e descansasse. Tinham um longo dia pela frente e estava esgotada. Tansy não respondeu, mas pôs direito o travesseiro e se deitou, a cabeça contra seu quadril. Ele deslizou leves carícias em seu cabelo enquanto conduzia através da noite. Não dormiu durante muito tempo. Ele tinha tido medo de que chorasse, mas quando não o fez e se sentiu pior. Em sua mente, Tansy se retirou dele. Ainda conectado como estava, podia sentir como se aconchegava em um canto tão longe dele como fosse possível, muito doída para confiar em algo ou alguém. E não podia culpá-la. Don Meadows tinha sido seu herói, o homem que a resgatou do Whitney, e todo o tempo ele tinha estado guardando o segredo escuro de Whitney. Kadan dirigiu durante a noite, mantendo uma mão nela, insistindo na única conexão quando ela estava tão longe. Tomou duas horas levá-la a um sono irregular. Quando chegaram à casa, ela estava em um sono muito mais profundo, e ele foi capaz de levá-la dentro e pô-la na cama. Ele se estirou a seu lado e finalmente fechou os olhos, envolvendo ambos os braços ao redor dela para mantê-la segura, inclusive em seus sonhos.
Capítulo 14
Kadan despertou com seus braços cheios de calidez e rodeado por essência de canela e pecado. Seu corpo pulsava com uma monstruosa ereção; seu pênis cheio até o ponto da dor enquanto deitava aconchegado ao redor de Tansy. Se manteve muito quieto, respirando através da necessidade, aborrecido porque estava babando como um animal se emparelhando, quente e duro, pressionado tão forte contra a suave e tentadora curva de seu traseiro, quando ela ainda estava cambaleando, comovida pelas revelações devastadoras da traição de seu pai. O que estava errado nele que não podia oferecer o consolo que necessitava? Apertou sua testa contra a parte traseira de sua suave cabeça desejando sinceramente, pela primeira vez em sua vida, ser diferente. Nunca antes o tinha preocupado. Nunca tinha se importado expressar seus pensamentos e sentimentos a outro ser humano. Não tinha casa ou família, e nunca tinha acreditado que as teria. E agora ali estava ela, suave, cálida e cheirando a céu, se sentindo como no paraíso contra seu corpo, e tudo em que podia pensar era em montá-la durante horas, em vez de achar as palavras acertadas para consolá-la, a forma correta de segurá-la, sem parecer que tudo o que desejava na realidade era uma cavalgada rápida e dura. Em algum momento da noite a tinha rodeado com os braços, suas mãos embalando os seios com os mamilos pressionando no centro das palmas e o suave peso dela constituindo um convite. Se deu conta de que estava balançando seus
quadris suavemente contra ela, esfregando seu pênis ao longo de suas nádegas e se obrigou a parar, respirando profundamente para manter o controle. Amaldiçoando em voz baixa, soltou seus braços e rodou longe dela. Com a entreperna tão cheia e dolorida, era uma espécie de tortura se sentar na borda da cama e desejá-la. Sentiu-a se mover, percebeu seu despertar, escutou a pequena mudança de sua respiração enquanto despertava. Não a olhou, porque se o fazia não seria capaz de se abster de deslizar o corpo dela sob o seu. Em vez disso foi até o banheiro com os pés descalços e tomou uma ducha longa e fria, que não fez nada, a não ser pô-lo mais incômodo. Seu jeans pareceram mais ajustados do que o habitual e seu corpo não queria cooperar; não havia um lugar adequado para colocar seu duro pênis, mas fez o que pôde. Tansy tinha levantado e se metido no outro banheiro, obviamente para tomar um banho. Podia cheirar a fragrância que saía em rajadas de trás da porta meio aberta, e ouvia chapinhar a água enquanto ela se banhava. Fechou os olhos, tentando não ver a imagem dela nua, emergindo da água, seu longo cabelo fluindo a seu redor como uma cascata prateada. Entrou na cozinha e começou a fazer café, tratando de evitar que se desbocasse sua imaginação, imaginando a água gotejando por sua pele e por onde pudesse estar correndo. E quando demônios tinha pensado alguma vez nisso antes que ela entrasse em sua vida? Estava acostumado a ter um cérebro; agora em tudo o que pensava era em sexo. Esporeou com os pés, determinado a não ir procurá-la. Toda essa suave pele. O sedoso cabelo. Seus enormes olhos. Uma boca pela que morrer… Uma boca feita para pecar. Se encontrou na porta do banheiro, abrindo-a suavemente com o pé. Colocou a cabeça e ficou sem respiração. Ela estava saindo da banheira, envolvendo seu cabelo com uma toalha. Olhou-o sem sequer fazer um tentativa de se cobrir, levantando uma sobrancelha em interrogação. — Uh. Café da manhã — Disse. Sua voz parecia oxidada — Imaginei que teria fome. O que você gostaria de comer? — Porque ele gostaria de comer ela. Ou que ela o comesse. Infernos. Estava se perdendo. Tinha que resolver um assassinato, não se transformar em um adolescente caminhando ajustado. — Oh, isso soa genial. Estou realmente faminta — Se inclinou a recolher uma toalha dobrada do lavabo, seus seios se transbordaram para frente. Pequenas gotas de água desciam pelas suaves curvas e escorregavam desde seus mamilos até o chão. Kadan passou a língua pelos lábios. Parecia haver um rugido estranho em sua cabeça, e se não ajustava logo os jeans, as costuras iriam arrebentar. — Como prefere os ovos? Ela se endireitou e sacudiu a toalha. Pequenas gotas de água desceram pelo vale entre seus seios, através de seu sedutor ventre, para encontrar a massa de cachos loiro platinado na união de suas pernas. Conteve a si mesmo olhando-a, desejando ficar de joelhos e afundar sua língua nela. Parecia totalmente alheia ao que a rodeava, passando a toalha ao longo das curvas de seu corpo, secando as pequenas gotas de água. — De qualquer maneira mas, realmente, eu gosto de mexidos.
— Então serão mexidos. Kadan a deixou, porque sua face luzia um sensual e pequeno sorriso e estava mal esfregando a toalha sobre sua pele, e ele ia arruinar um bom par de jeans e se envergonharia de si mesmo. Foi à cozinha pisando em forte pelo corredor, desejando ser fumante. Pôs de repente uma frigideira sobre o fogão, resmungando para ele mesmo. Seu radar se apagou e ele deu a volta. Tansy estava parada na entrada, uma toalha na mão, a outra envolta ao redor de seu cabelo e nada mais. — Te incomodo? Kadan sacudiu a cabeça, mantendo o olhar em sua face, ordenando a seus incontroláveis olhos que se enfocassem. Infelizmente se enfocaram em sua boca, o que fez pouco para melhorar a situação. — É obvio que não. Não estou de tudo bem. — Não me importa cozinhar. Em todo caso necessito que me ponha as peças do jogo na mesa. Não sou uma grande cozinheira, mas dou um jeito. Nua. Ia cozinhar para ele sem um fio de roupa em cima. Ele não sobreviveria. — Assim? — Agora sua voz se transformou em pura fumaça. Tansy pareceu surpreendida. Deu uma olhada para baixo. — Não, é obvio que não. Estava pensando me vestir primeiro — Deu a volta e saiu furiosa com os ombros rígidos. Agora a tinha incomodado de verdade, e em tudo o que podia pensar era no balanço de seu traseiro enquanto se ia irritada pelo corredor. As relações eram complicadas quando em realidade não deveriam sê-lo. Suspirou outra vez e foi para a sala de guerra. Também poderia arrumar as peças antes de cozinhar. Precisava ter sua mente clara, e entrar em um quarto com tantas vítimas clamando por justiça tinha uma maneira de reduzir todo o resto a nada. Ele poderia não ser bom com as mulheres, mas sabia como rastrear assassinos. Ela se uniu quando tinha terminado de colocar as figurinhas, usando suas luvas para se assegurar de que nem seus rastros, nem suas emoções se transferissem às peças do jogo. Passou atrás dele, tão perto que pôde sentir o calor de seu corpo. Ela cheirava tão bem que queria inalá-la. — Certamente terminarei com as peças desta Costa. Só me falta uma. — Ainda não. Precisa comer algo. Venha tomar seu café enquanto te preparo um pouco de café da manhã — Segurou-lhe os dedos e puxou, levando-a com ele, querendo pospor o inevitável tanto como fosse possível. Foi com ele sem protestar, o fazendo se sentir um pouco melhor. Nada tinha feito cambalear seu mundo ou se colocou sob sua pele como Tansy. Se sentir sacudido era uma nova experiência. Correu a cadeira para ela, posando um beijo no alto de sua cabeça. Pela primeira vez lhe enviou um sorriso de verdade, uma que iluminou os olhos, e ele respirou de novo. Quando esteve acomodada com uma xícara de café nas mãos, ele quebrou os ovos e os começou a bater até deixá-los espumosos. — Como funciona seu trabalho? — Perguntou Kadan — Te contratou National Geographic para que fotografasse para eles? Ela sacudiu a cabeça.
— Trabalho de forma independente. Neste caso, escolheram um artigo e fotos que fiz para eles o ano passado e adoraram, sabiam que ainda estava estudando os pumas e acordamos um adiantamento para me ajudar a financiar o trabalho. Estava muito contente. Tive um grande mestre em fotografia e lentamente fui adquirindo uma reputação, mas isso para mim foi uma grande mudança. Mas não, tecnicamente não me contrataram. — Quem sabia que estava lá acima, nas Serras? — Perguntou Kadan. Agora que seu cérebro estava trabalhando outra vez, algo estava revoando no fundo de sua mente Ela tomou um gole de café e franziu o cenho sobre a xícara. — Meus pais sabiam. E Charlie, do National Geographic. Bem, ele não sabia onde estava exatamente, só que estava filmando leões da montanha — Deixou a jarra de café e apoiou o queixo em suas palmas — Como me rastreou até as Serras? Quero dizer que é uma grande cadeia de montanhas. Como sabia que estava nessa posição exata? — Não havia maneira de que fosse a algum lado sem contatar a seus pais. Tudo o que li sobre você me disse que não iria mais de uns dias sem lhes deixar saber que estava bem, inclusive se estivesse em algum lugar da África tirando fotos. Tansy tirou o cabelo da face. — Então só esperou até que chamei a casa e rastreou o sinal de volta a mim. Ele deu de ombros. — Foi bastante fácil. Mas ninguém mais estava vigiando seus pais. Teria sabido. — Por que é tão importante? — Seu pai me disse algo que me tem intranqüilo — Disse enquanto punha os ovos diante e colocava outro prato para ele frente a ela. Se acomodou do outro lado da mesa e pegou o garfo — Deixemos a um lado por um momento a quão assassinos estamos rastreando. Não podiam saber que fui enviado para te localizar. Mas alguém sabia onde estava, e não acredito que seguissem a mim. — Por quê? Pode cometer enganos — Brincou. Ele agarrou os ovos e os levou a boca, franzindo o cenho enquanto mastigava. — Não é assim. No princípio pensei que estavam atrás de mim, mas estavam ali para apanhar você. Te matar. Não iam levar você de volta para Whitney. Ela se endireitou na cadeira. — Pensei que eram homens que Whitney tinha mandado para me apanhar ou alguém que o queria morto por causa desta investigação. — Imagino que muitas pessoas gostaria de me ver morto, mas pelo que sei, só o general me pediu esclarecer este embrulho dos assassinatos. Todos outros pensam que estou comprometido em um tipo de missão diferente. Por isso não, os assassinos não estavam aí para me deter, deviam estar aí para matar você e eu somente cruzei em seu caminho. — Quem me quer morta além de Whitney? — Whitney não a quer morta, carinho, ele quer que tenha filhos. E se tivesse estado pensando com a cabeça em vez de com o pênis, teria me dado conta imediatamente. Quer nosso bebê. Talvez você não tenha sido emparelhada comigo,
mas eu estou definitivamente emparelhado com você. Ele quer nossas duas mentes unidas em um menino. Ela engoliu bruscamente. — Kadan, isso é doentio. E o que acontecerá se ficar grávida? Ele pôs sua mão sobre as dela. —Nunca levará nosso filho. Estamos construindo uma fortaleza nas montanhas. Temos túneis de escapamento, rotas e proteção, por isso será muito difícil para qualquer chegar até nós. Estaria a salvo ali e também nosso filho. Seu tom era o mesmo de sempre, essa convicção baixa e aveludada que a fazia uma crente. — Então, se os assassinos que estamos seguindo não sabiam que estava os investigando, e Whitney não me quer morta... Quem o faz? — Seu pai mencionou uma sociedade, um grupo que se formou. Tínhamos nos encontrado antes com eles e pensamos que os tínhamos destruído quando matamos seu líder. Evidentemente, não era a única cabeça da organização. Têm muita ajuda. Alguém na Casa Branca que tem acesso a uma autorização de máxima segurança esteve marcando os Caminhantes Fantasmas para matá-los. Filtraram a informação de que os assassinatos desta Costa e da Oeste estavam conectados e deram seu nome a um repórter. Ele fez uma pequena investigação e imaginou que era a mesma Tansy Meadows que tinha seguido assassinos em série. No momento em que a encontrou, os assassinos seguiram o rastro. — Mas, como me encontrou? — Isso é o que quero saber. Quem queira que enviasse, também deu essa informação? E se foi assim, como a conseguiram eles? Tansy passou as mãos pelo cabelo. —Não tenho a menor idéia Kadan e, sinceramente, não posso dizer que me interessa muito. Quero resolver estes assassinatos e tirar os assassinos das ruas. Todo o resto terá que acontecer segundo o plano até que entendamos que está acontecendo. Kadan deu um olhar aos ovos meio comidos dela. — Não comeu muito. — É suficiente para me fazer passar isto. Desta vez, vou fazer bem. Ele levou ambos os pratos à pia e os deixou ali, dando a volta cruzou o olhar com o dela. —Fará o que eu diga, Tansy. Meu trabalho consiste em te manter sã... E salva. Usará as luvas. Se tiver que tirar bem, cruzaremos essa ponte quando o necessitarmos, mas começa com as luvas e vejamos que tipo de indícios consegue. — Me está pondo isso muito difícil. — Realmente não me importa uma merda, sabe? Se olharam fixamente durante um longo momento e Tansy sacudiu a cabeça. — Nunca os vamos encontrar se não me deixa fazer meu trabalho. Ele recusou discutir com ela. Simplesmente a seguiu pelo corredor e agarrou as luvas, pondo-as em suas mãos. Tansy colocou as protetoras luvas e parou perto da mesa, olhando atentamente as peças de marfim. Já sentia as quebras de onda de energia, algumas muito mais
potentes que outras e agora que estava conectada, o grupo de peças transmitiam um vórtice de energia aterrador, formando redemoinhos em uma violenta massa. Ainda com as luvas cobrindo sua pele, a violência era tangível enquanto passava a palma por cima da última peça de marfim desta Costa. Sem sequer tocá-lo, Tansy estudou a faca intrincadamente lavrada. A lâmina era afiada e tinha pequenos entalhes. Franziu o cenho. Em um primeiro momento pensaria que os entalhes poderiam ser imperfeições, mas o artista era muito bom e tinha um grande ego para deixar algo no que tinha trabalhado menos que perfeito. — O Fantoche acredita que é mais preparado que todos outros e quer que o vejam sem vê-lo realmente. Quer que seu gênio esteja frente a eles, fácil de ler, mas que não seja fácil de captar na realidade. Desse modo, pode desfrutar e provar a si mesmo uma e outra vez que é superior, inclusive aos psíquicos realçados. — Ele está realçado? Ela inspirou, permitindo a suas palmas estar tão perto que só uma folha de papel podia separar suas mãos das peças do jogo. A quebra de onda de energia foi potente e carregada de violência. O que ela tinha apelidado Cuchillo7 era definitivamente um dominante. Se perguntou que tipo de energia de Kadan poderia sentir, se ele não a estivesse defendendo. Imaginava que poderia ser algo como isso. Quebras de onda de força implacável e segura. Faca tinha que ser o líder da equipe do jogo desta Costa. Não o queria ler agora mesmo; estava tentando obter uma impressão do Fantoche. — Não posso te dizer. Não assim. Sua energia é muito sutil, mas penso que o urdiu assim. Tansy se concentrou no ego, a maior parte dele. O homem era suscetível; tinha a impressão de alguém que era muito consciente de sua roupa e estilo. Queria se ver bem arrumado, um homem GQ8. Queria aparentar ser encantador e sofisticado sem atrair a atenção para si. Tinha dinheiro... Ela retirou abruptamente as mãos, outra peça do quebra-cabeças encaixando em seu lugar. —Isto é por dinheiro. Kadan franziu o cenho. Já estava pálida, tremendamente esgotada, e mal tinham começado. Podia sentir a energia em sua mente, escura e violenta, formando redemoinhos com bordas vermelho, mas ela não se inundou nisso para nada. — O que é por dinheiro, Tansy? Às vezes acreditava que ela se pôs em transe, seus olhos opacos e remotos, reluzindo com aquele fulgor violeta prateado. — O jogo de assassinatos. É tudo por dinheiro. Essa é sua conexão. Ele sacudiu a cabeça. — Examinei as liquidações de seguros. Alguns deles tinham seguro. Um ou dois deixaram uma herança considerável para algum familiar, mas a maioria não tinha suficiente dinheiro nem para cair morto.
7
Nome próprio com o que designaram ao assassino cuja figura no jogo é uma faca.
8
Famosa revista masculina de modas.
—Os dois jovens. Os que matou Rã. Tinham seguro? — Tansy se deixou cair em uma cadeira porque suas pernas pareciam de borracha. — Por que questionar esse assassinato em particular? — Não pode haver outro motivo. Quem quereria matar dois jovens de secundária que eram preparados, não foi um roubo e, provavelmente, nunca fizeram mal a alguém em sua vida? Percebi através deles que mal tinham começado a viver. Estavam comovidos. Rã não os queria matar; de fato, estava irritado com o Fantoche e os outros membros de sua equipe e com a outra equipe. Incômodo realmente. Pediu perdão e inclusive chegou tão longe para prometer vingança. Não os queria matar, entretanto escolheu a esses dois jovens. Não eram vítimas ao azar. Está caso que cada um desses assassinatos foi ao azar, mas os de Rã não o eram. Tinha que cumprir algum contrato... — Se interrompeu abruptamente e o olhou comovida — Assassinatos por encomenda? Este jogo se trata de assassinatos pagos? Kadan sacudiu mecanicamente a cabeça. Como podia ser? Um jogo? Mas inclusive enquanto estava negando a possibilidade, o raciocínio de algum modo encaixava. A mente de Tansy trabalhava de forma distinta, tomando peças, as desprezando, e as colocando de modos nos que ninguém mais poderia pensar. Outro dom. Um talento que ela não reconhecia. — Não toque nada até que volte — Não queria deixá-la, não quando a informação estava se derrubando em sua mente e tinha medo de que pudesse tocar as peças do jogo agora que tinha um rastro para seguir — Quero dizer, Tansy, que me espere. Tansy encontrava difícil resistir a atração da figura de marfim. As incisões significavam algo para o artista ou o proprietário da peça. O que era? Sua mente se negava a deixar de correr em busca de mais detalhes. Uma vez que estava sobre o rastro encontrava quase impossível se concentrar em nada mais, e a energia de ambos os homens era muito mais poderosa nesta peça. — Tansy — A voz de Kadan era cortante — Disse que não. Segurou-a pelo pulso, o som de sua palma a golpeando no braço ressoou no silêncio da sala. Ela piscou, um pouco distraída por sua presença. — Necessito… — jovens eram meio-irmãos e o seguro era elevado para jovens dessa idade. A mãe herda. Recentemente voltou a casar. Os meninos tiveram pais diferentes, e o terceiro marido parecia ter boa relação com os meninos e estava desfeito com todo o assunto — Os entrevistou? Negou com a cabeça. — Não tive a oportunidade. Tinha minhas ordens, li tudo, e soube que precisava de você, então fui te buscar. — Mas a mãe ou o padrasto poderiam ter contratado a alguém para matar os jovens —Tansy o disse como uma alegação por escrito, mas estava franzindo o cenho, sacudindo a cabeça — Algo está um pouco confuso, Kadan. Preciso captar percepções mais fortes. Preciso dominá-lo realmente. — Com luvas.
— Não conseguirei o que queremos. Disse que teríamos que resolver isto rapidamente. Sei que seus amigos não fizeram isto, mas quem quer que os queira mortos vai usar os assassinatos como uma oportunidade para se desfazer deles. Quando encontrarem os verdadeiros assassinos, será muito tarde. Não queria que tirasse as luvas. Seria devastada pela violenta energia. Podia sentir as vibrações empurrando em sua mente e só tinha as mãos perto da peça de jogo. — Precisamos saber. Levantou-a da cadeira e se segurou. — Sente-se em meu colo. — Kadan — Era um protesto. Franziu o cenho, afastando o longo cabelo loiro que caía ao redor da face — O que está fazendo? — Te protegendo. Sente-se sobre mim. Vou pôr meus braços ao seu redor, segurando seus pulsos. Se te disser que deixe cair essa coisa e não o faz, estarei em uma posição melhor para te obrigar a soltar de sua mão. Ambos sabemos que isto é perigoso para você. —Não sei se poderei me concentrar assim. Kadan deu de ombros. — É pegar ou largar, mas não vai tocar essa coisa sem mim te rodeando com tanta proteção como posso te dar. Outra vez tinha esse tom. Tansy suspirou. Nada podia move-lo de sua posição quando usava esse tom. Muito lentamente, respirando profundamente, tirou o a proteção das luvas. Se afundou em seu colo e os braços imediatamente a rodearam, as mãos dele descansaram levemente sobre as suas, acrescentando confiança. Ela cavou as mãos nuas ao redor da faca de marfim. A energia a invadiu, violenta, quase zangada. Pago de si mesmo. Superior. A lama gordurenta se verteu em seu cérebro, gotejando sangrento, com o desejo de mais sangue. Sob o barro, oculto, encontrou essa pequena veia que corria, quase esmagada pelo fio dominante, mas fluindo sutilmente, um monstro trabalhando entre bastidores. Respirou e trabalhou separando os dois fios. Faca necessitava seguidores, os necessitava para vê-lo dominando cada situação. Procurava combates. Queria outros para discutir de maneira que podia fazer mal e assustá-los diante de outros. Era cruel com suas namoradas e com aqueles que o amavam, crueldades geralmente sutis, mas desfrutava de da dor em seus olhos... E o temor. Ridicularizar a outros e fazer parecer pequenos diante de seus amigos era seu passatempo predileto. Aversão. A arrogância paga de si mesmo que algum dia… Quase tinha o Fantoche, mas Faca não abandonaria o foco da atenção pública. Algo importante a esquivava enquanto se movia. Não podia enfocar-se claramente porque a violência em Faca era sua característica primária. Mais lama gordurenta envolveu sua mente enquanto ele entrava mais profundamente em seu cérebro, determinado a se incrustar ali enquanto ela procurava certamente o fio mais sutil. Parecer superior era importante para ele, quase mais importante que qualquer outra coisa. Desprezava ter que saudar. Queria eliminar a alguns dos oficiais e suas famílias. Fantasiava a respeito disso todo o tempo.
O filho de puta que informou dele por dar uma surra a um estúpido soldado raso que se atreveu a contradizê-lo. Sim, queria mostrar ao Oficial Presumido quem estava realmente no comando. Malditas as regras do jogo. Tinha-as aceito, mas ninguém saberia se passava umas horas dando muitas facadas ao Senhor Oficial. É obvio, não seria tão divertido se os outros não sabiam o que estava fazendo. Outra voz começou se elevar, uma que ela não podia rejeitar. Uma mulher, implorando. Rogando. Provocando mais ação em Faca. Adorava as súplicas. A vítima não tinha idéia de que estava incitando a incrementar a tortura para seu próprio prazer, e Tansy não tinha modo de adverti-la. Se cale puta. Deixa de choramingar. Whiny, rameira estúpida. É obvio que vou te matar. Vou te estripar e te deixar pendurada de um gancho de açougueiro no frigorífico. Que acreditaste que queria de você? Sua bijuteria? Seu grotesco corpo? Não, quero você morta. Mas não se preocupe, será como um desses gordos porcos que sua família sacrifica e joga fora; te deixarei pendurando para que o mundo veja. Ou talvez seu marido te trinchará e venderá aos mercados para fazer um pouco de dinheiro extra. Faca riu, um som totalmente sinistro, e o estômago de Tansy se revolveu. Teria problemas expulsando esta abominável percepção de sua cabeça. A mancha era grossa e penetrante, revestindo as paredes de sua mente e encontrando cada vazio e cada fissura, até que gotejou sob a porta, onde as outras vozes gemiam por ser liberadas. Procura o outro, murmurou Kadan, sua voz foi um sopro de ar limpo, como uma brisa fresca fluindo por seu cérebro. Tansy fez um esforço por expulsar a diabólica faca ao fundo de sua mente, ignorando sua insistência em compartilhar sua obra com ela. Sua voz recuou um pouco, lhe permitindo encontrar os vestígios mais leves sob sua presença grande e sebosa. O Fantoche. Aí estava. Tinha que ser cuidadosa, muito cautelosa de não o alertar sobre sua presença. Tentou manter um toque leve, mas antes nunca tinha tido que se preocupar com seu próprio rastro de volta quando rastreava. Inspirou profundamente outra vez, lutando por evitar que o estômago se revolvesse. Se reclinou contra Kadan e absorveu nos pulmões o masculino aroma. Por um momento seu mundo se compôs outra vez, enquanto inalava a limpa especiaria de ar livre dele. Faca recuou um pouco mais, sua voz fraca, enquanto ela agarrava o fio que era o Fantoche. As impressões que recebia de objetos tais como este freqüentemente pareciam como uma teia de aranha gigante, fio atrás de fio envolvidos intrincadamente um ao redor do outro até que o assassino e a vítima estavam atados juntos e era difícil dizer onde se separavam os fios. O Fantoche tinha esculpido as peças do jogo, deixando muito dele mesmo no marfim muito antes de as ter entregue aos jogadores e tinha deixado seus próprios fios. Eram leves e sutis, mas penetravam por toda a rede. Em todos os anos que tinha rastreado assassinos, nenhum dos fios tinha estado conectado a uma mente. Não havia maneira de voltar para trás e encontrá-los; ela tinha que reunir informação até que recebesse uma imagem suficientemente considerável para apanhar o assassino. Não estava segura de como o Fantoche estava ainda conectado, mas ele tinha encontrado seu fio particular e havia tornado
para trás. Ela tinha que ser muito cuidadosa ao caminhar ligeiramente e não causar nenhuma vibração dela mesma que advertisse que o estava procurando outra vez. Permitiu que o assassino e sua vítima gemessem e gritassem a seu redor, enquanto vadeava através do sangue derramado para examinar cada fio até encontrar o rastro mais forte do Fantoche. Uniu o fluxo em sua mente a essa energia sutil, com cuidado de que não houvesse sinal enquanto o examinava. Sim. Ele estava ali. Só que não podia acabar de apanhá-lo. Sem vacilação, fechou esse vazio entre a pele e o marfim. O calor queimou as palmas. Os gritos da vítima quase a quebraram. O assassino era tão forte que teve a impressão dele irrompendo através da porta, a boca estirada em uma careta, a cara indefinida, mas não havia cabelo facial nem máscara. A mulher caiu para trás, tentando se arrastar longe enquanto ele se abatia sobre ela. Tansy se arrastou longe da visão, tentando não ouvir nem ver, mas procurando o fio principal que formava o apoio da rede. Havia vários fios grossos, o fio primário brilhante, da manipulação e o esculpido de faca. Os entalhes foram feitos com cuidado, cada uma exata e polida de acordo com a petição. O idiota bastardo presunçoso quer que o mundo veja quão aterrador é, mas é um menino desejando atenção, querendo ser aterrador quando deveria estar se ocultando. Capturarão a este primeiro, mostrando abertamente suas matanças em sua peça do jogo. E entregará a seus amigos porque em realidade não é tão duro. Não gosta das mulheres, mas despreza os homens, em sua maior parte porque tem medo de sua força. Tansy expulsou os pensamentos que o Fantoche tinha enquanto esculpia. Seus dedos acariciaram a folha, tentando recolher a essência do Fantoche, não seus pensamentos sobre o assassino. Um escritório. Estava sentado em um escritório, montões de papel por toda parte a seu redor. Ela tinha a sensação de movimento, como se os outros fluíssem ao redor do escritório ou estivessem perto. O som de facas vozes. Um telefone soando. Teve um brilho de uma perna vestida de uniforme. Uma base militar. Tinha que trabalhar em uma base militar. Respirou pela boca, tentando evitar o aroma do sangue que se espessava ao redor de sua mente enquanto se concentrava em sua presa. O assassino queria presumir, aterrorizar à mulher deliberadamente. Tansy sacudiu a cabeça, tratando de se livrar de sua natureza diabólica. Não havia conflito nele, só impaciência por parecer maior e mais aterrador que ninguém mais. Queria que o mundo o temesse, pensando que assim conseguiria o respeito que merecia. Tremeu, afastando ao assassino dela para agarrar o fio de ancoragem. O Fantoche, tão oposto do assassino. Não desejava fama nem reconhecimento. Puxava as cordas e fazia dançar os outros. Se fossem capturados, poderia se afastar, não havia nenhum laço no que se refere às matanças. Seu modelo, seus escolhidos assassinos, e ninguém sabia, nem sequer Whitney. Sua conta bancária crescia e os maníacos homicidas tinham sua diversão. Tudo era um pequeno jogo agradável de qualquer maneira que se olhasse. Tansy conteve a respiração. Estava sentado em um escritório, sua roupa impecável, inclusive a raia de suas calças perfeita. Tinha um físico corpulento, se cuidava. Seu cabelo estava arrumado curto e usava óculos, o que o fazia parecer
distinto, mas não bonito. Tinha que cuidar sua imagem para que ninguém se centrasse em sua aparência de uma maneira ou outra. — Deixa-a cair, carinho — Vaiou Kadan, alarmado — Está muito perto — Suas mãos se fecharam duramente sobre as dela, pinçando nos dedos para fazê-la soltar a faca de marfim. Ela quase podia cheirar o Fantoche. Os sons de seu mundo entraram em turba, e se pudesse captar esse aroma evasivo. Cheirava como a… Canela. — Merda! Maldição, te encontrou — Kadan a arrastou acima, batendo na sua mão contra a mesa em um esforço de tirar a peça do jogo. Os olhos estavam completamente opacos. Ela estava profundamente em transe, apanhada no outro mundo. O Fantoche girou a cabeça, tirando os óculos enquanto a olhava. Ela se encontrou olhando fixamente a uns olhos azul pálido. Olhos brilhantes. Olá, bonita. Mordeu a isca e veio me visitar outra vez. Estou encantado de te encontrar. Sustentava acima um arquivo com seu nome. Estive lendo sobre você. Uma garota tão magnífica. Muito mau que permita que esses bastardos doentes cheguem a você. Se sente melhor agora? A voz baixou um tom, solícita. Presumia que era mais forte que ela, que também podia controlá-la. Kadan abriu a lata de chicletes que Gator tinha atirado no assento dianteiro do carro, e empurrou um em sua boca. Agarrou o queixo de Tansy e baixou sem piedade a boca sobre a dela, a língua exigindo entrar, varrendo dentro para reclamá-la. Ela estava perdida no labirinto de uma teia de aranha, e necessitou algo mais forte para tirá-la. O único no que podia pensar era nele e o modo em que lhe mostrava amor. Se sentindo desesperado, beijou-a, vertendo tudo o que ele era nesse beijo. Sua personalidade, tal qual era, dominante e controladora, desumano e perigoso, protetor e amando-a com cada fibra de seu ser. Compartilhou o sabor de canela, a chamada selvagem entre eles. Pertence a mim. Ele não pode te ter. Era uma ordem, dura e firme, exigindo absoluta obediência. Venha a mim agora. Não! Bode. Ela é minha. O Fantoche gritou as palavras na mente de Tansy, tentando segurá-la com ele, sua rede de fios envolvendo-a em um casulo. Tansy saboreou a canela e ouviu a exigência na voz de Kadan. Não havia maneira de o desafiar nem ignorar. Assim era Kadan mais dominante, seu tom prometia vingança rápida se não escutava. Tiritou e se estirou para ele. No momento em que o fez, a pegajosa sujeição sobre ela se afrouxou. Sentiu a força de Kadan arrastando-a para ele, a boca dura e agressiva. Então sentiu suas mãos sobre ela, a força do golpe contra a mesa. Deixa-a cair agora, carinho. Deixa cair a maldita coisa agora. Não se atreva! O Fantoche perdeu seu tom suave e lhe espetou sua própria ordem bruscamente, dois dominantes determinados a controlá-la. Por ásperas que fossem as mãos, e dura sua voz, a boca de Kadan era suave, amando-a. Desejando-a. Necessitando-a. Nada mais importava. Começou a ser consciente da peça de marfim se afundando em sua palma, os gritos da vítima, o assassino zombando da mulher enquanto a estripava e a levantava, ainda viva, ao
gancho açougueiro sobre a cabeça. Escutou o insidioso vaio do Fantoche, chamandoa. E depois Kadan alagou sua mente, encheu-a com... Ele. Fortes braços. Ombros largos. Peito fortemente musculoso. O aroma de ar livre e perigo. Sua boca, sensual ou brutal. Seus olhos cheios de amor e desejo. Ela saltou, se precipitando para ele, se entregando a ele com tudo o que era, dando as costas a todo o resto em sua vida até que só estava Kadan, confiando nele para que a agarrasse. Kadan olhou a peça de marfim cair na mesa enquanto envolvia seus braços ao redor de Tansy, evitando que seu frágil corpo batesse no chão. Saía sangue pelos ouvidos, pela boca, e pelo nariz. Tinha esperado isso, mas não de seus olhos. Tinha hemorragias internas e não havia uma maldita coisa que pudesse fazer sobre isto. Infernos, provavelmente tinha quebrado sua mão tentado romper a marca do rastreador. Podia ver que já estava inchando e trocando de cor. A folha estava impressa na palma, os detalhes gravados em sua pele. Levantou-a, sustentando-a contra seu peito, detestando ter sido quem a havia devolvido a esta vida. Quase correndo, levou-a pela casa ao quarto que compartilhavam, colocando-a com cuidado na cama. — Tansy. Acorda, neném. Tenho medo de deixar você dormir — Não sabia quão poderoso era o rastreador de elite, ou inclusive se podia encontrá-la deste modo, mas as vozes ainda estavam apanhadas em sua mente e isso significava que havia uma oportunidade de que o Fantoche estivesse ali também — Vamos, doçura, abre os olhos para mim. Kadan empapou uma pequena toalha e enxugou o sangue que deslizava por sua face e ouvidos. Tinha as pílulas para a dor de cabeça assim como um copo de água. Ia ser um mau momento. Ela estava tremendo continuamente e quando tocou sua mente, encontrou caos em vez de consciência. — Bem, carinho. Tudo vai estar bem — Disse mais para confortar a si mesmo que a ela. Se deixou cair na borda da cama e a atraiu a seus braços, querendo rodeála, desejando que o inalasse em seu corpo. Balançou-a suavemente — Acorda para mim. Abre os olhos. Ela ficou fraca, embora os tremores sacudiam seu corpo repetidamente. Levantou-lhe a mão machucada, examinando com cuidado para ver se algum dos ossos estava quebrado. Normalmente podia abrir a mão com facilidade, mas quando ela estava em estado hipnótico, seus pontos de pressão não reagiam tão facilmente como teria gostado. Se eles continuavam, teria que calcular alguma maneira de desfazer do objeto que estivesse lendo sem feri-la. Girou a mão e abriu os dedos para examinar a palma. Os detalhes da faca estavam gravados profundamente, mas não havia queimadura, só a impressão como se o tivesse estado sustentando tão forte que sua pele tinha recolhido as marcas...E ele não as queria ali. Kadan usou a ponta do polegar para friccionar suaves carícias para frente e para trás sobre a faca gravada em sua palma. As cerdas eram duras, mas de veludo suave, e tomou cuidado de evitar o lado pegajoso ao tocar sua pele, querendo somente confortá-la. Algo se moveu na mente de Tansy e teve uma convulsão, mas ele estava ali, montando guarda, parado diante dela. Teria que insistir em que fizesse mais
exercícios para reforçar suas barreiras, especialmente agora, com o Fantoche caçando-a ativamente. Seu inimigo sabia quem era ela. E teria os detalhes de sua vida, inclusive os nomes e a direção de seus pais. Felizmente Don e Sharon Meadows estavam vigiados, mas o homem talvez tentasse encontrá-los, usando seus contatos militares. Tansy se revolveu, as pesadas bordas de seus cílios revoaram. Seu estômago deu inclinações bruscas e os músculos se esticaram sob a mão de Kadan. O sangue se deslizou pelo nariz outra vez e ela estremeceu. — Minha cabeça — Articulou as palavras mais que as dizer em voz alta. — Aqui mesmo tenho seu remédio — Sustentou as pílulas sobre seus lábios e depois, meio sentando-a contra seu peito, sustentou a água para ela. Tansy engoliu com os olhos fechados apertadamente. — Desta vez a dor é pior e está ficando mais forte. Este é um dos males. Se assegurará de correr as cortinas e de que não haja luz aqui dentro? — É seguro? — Não queria que o Fantoche a visitasse em seu sonho. Era inclusive possível? Duvidava que ela soubesse, mas o preocupava. Ela estava tremendo e afastou a face, desejando que não a visse tão doente e vulnerável. Tinha medo de estar sozinha com as vozes em sua cabeça, atemorizada com que se a deixava levaria os escudos com ele, mas não lhe pediu que ficasse. Ele se inclinou mais perto, com os lábios contra seu ouvido. — Não tem que me pedir que fique, Tansy. Sempre estarei aqui — Se estirou a seu lado e a puxou aproximando-a, acomodando a cabeça em seu ombro, sustentando-a em seus braços — Dorme — Acariciou-lhe o cabelo com beijos — Não sonhe, Tansy, só dorme. Não te deixarei.
Capítulo 15
Tansy estava de volta no vertiginoso e caótico mundo de pura energia. O amava e o odiava, atraída, apesar de si mesma, de volta no tempo outra vez a um mundo que ninguém mais compartilhava. Quando era bom, era o paraíso, todas aquelas estrelas e flutuar em muita felicidade, um tipo de euforia diferente a nada que tivesse conhecido… Exceto, talvez, o sexo com Kadan. Quando era mau, era o pior dos pesadelos, sangue, derramamento e uma cruel e diabólica enfermidade. Alargou a mão para as estrelas, mas soube que falharia de novo. Tinha tentando durante anos, sem obter o paraíso e se agarrando ao inferno com ambas as mãos. O sangue derramou pelo céu e se filtrou pelo chão, se elevando como uma maré, tão espessa que não havia forma de nadar e manter a cabeça fora. Centenas de cabeças se moviam com a sua, os olhos desmesurados pelo terror, as bocas abertas enquanto gritavam em silêncio. Se perguntou se ela pareceria igual, desesperada por evitar se afogar na vermelha imundície. E então o volume aumentou, e pôde ouvir a gritaria, sentiu-o vibrar em seus ossos. Apertou com força os dentes e sacudiu a cabeça enquanto umas unhas lhe arranhavam a pele e umas mãos ossudas a seguravam com força pelo braço. Justo
abaixo da superfície pôde ver uma mulher olhando-a através do turvo véu vermelho, seus olhos rogavam piedade. Tansy apertou ainda mais os dentes e colocou a mão através do lodo para agarrar o braço da mulher. Puxou e puxou… Puxou até que sentiu que os braços iam sair de lugar, mas não pôde mover à mulher. Se estirou para cima e mergulhou cabeça abaixo através do lago de sangue, mergulhando profundamente em um tentativa de encontrar o que estava segurando à mulher sob a superfície. Algo a mordeu no tornozelo e Tansy olhou para baixo. A mulher estava atada ao redor de um cilindro redondo de metal, deixada viva para olhar para a superfície e a segurança enquanto o ar escapava de seus pulmões. Tansy olhou ao redor, a água ensangüentada era tão espessa que mal podia distinguir os outros corpos, todos rígidos, com os olhos elevados para a superfície que os evitava por não mais de uns poucos centímetros, todos mantidos abaixo por arames atados a seus tornozelos. Os peixes comiam sua carne como se estivessem nadando através de um auto-serviço de sushi. Se asfixiava. O ar estalava fora de seus pulmões e chutou para abrir passo para a superfície, elevou a cabeça através do oleoso lodo ofegando em busca de ar, gritando, lutando quando umas mãos tentaram atraí-la outra vez para baixo. Não pode ir agora. O sussurro era uma suave mofa que corria através de sua mente. Reconheceu aquela voz. Lutou com mais garra, gritando, esmurrando a força que a puxava para baixo, desesperada por se liberar. Está a salvo. Não está se afogando em sangue, carinho, está a salvo comigo. A voz de Kadan deslizou em sua mente e então ali estava ele, enchendo cada parte de sua alma até que foi o mesmo ar ao redor e dentro dela. Se deu conta de que estava golpeando o peito dele e chutando as mantas até as fazer cair e se obrigou a parar. Ouvia seus próprios gritos como um eco em seus ouvidos, e deixou também de gritar, aspirando grandes baforadas de ar em um esforço por se acalmar. — Sinto muito. Sinto muito, Kadan — Pressionou o rosto contra seu peito. Ele derramou uma chuva de beijos sobre seu cocuruto e a acariciou, deslizando uma mão pela longitude de seu cabelo enquanto a abraçava com força contra ele. — Não há razão para se desculpar. — Não pude salvar a nenhum. Kadan engoliu com força. — Já estavam mortos, Tansy. Mortos muito antes que tocasse o objeto que mantém a violenta energia. Se foram e ninguém pode salvá-los. Tudo o que podemos fazer é tentar evitar que seus assassinos voltem a matar. — Rã a atou abaixo da superfície da água para que pudesse ver a liberdade, mas não pudesse alcançá-la. Haviam várias pessoas, como uma colônia deles segurados da mesma forma. Vi um cilindro, como um tanque de ar, e levava um logotipo escrito, só que não era eu a que estava vendo o logotipo na realidade. Era ele. Rã, ele estava assobiando enquanto preparava um tanque de ar, lixando o logotipo da lateral do tanque — Pressionou o rosto mais perto dele, tentando se afundar dentro dele para escapar de sua própria mente. Kadan acariciou o cabelo várias vezes em uma tentativa de tranqüilizá-la. — Como teve acesso a Rã quando estava dirigindo a peça de Faca?
A voz de Tansy se fez mais baixa, sua mente se nublou inclusive com Kadan firmemente nela. —O Fantoche estava pensando nele quando esculpia a peça de Faca. Não gosta de Faca, mas sente uma certa empatia por Rã — Sua voz se desvaneceu e começou a esfregar os braços — Tenho que tira-lo de mim — Começou a se retorcer, tentando escapar dele, esfregando com mais força os braços — Oh, Deus. Tenho que tira-lo de mim. Kadan a segurou pelos braços, inspecionando-a enquanto ela se retorcia se afastando dele. Ela lutou com ardor, arranhando a pele, esfregando os seios e o ventre, arranhando e esfregando frenética. — Me ajude. Por que não me ajuda? Depressa. Tira isso de mim. Um soluço brotou de sua voz. Se afogava. — Tansy, está a salvo — Repetiu ele — Não tem nada. Ela explodiu violentamente, dando murros e chutes, tentando rasgar sua roupa, fazendo-se grandes arranhões nos braços. Ele agarrou ambos os pulsos com uma mão e os segurou com forças enquanto ela lutava como uma gata selvagem. Kadan usou o peso de seu corpo, pois não desejava se arriscar a feri-la, mas ela se foi outra vez, seus olhos deslizando de conscientes a opacos. Uma vez mais, a calma recuou um pouco para deixar que o medo deslizasse em seu interior. Ele não queria que estivesse em nenhuma parte perto do Fantoche em sua condição. — Tansy, me olhe. — Usou seu tom mais autoritário, o mais convincente. Ela ficou quieta por um segundo, seu olhar enlaçado com o dele — O que está sobre você? — Sangue — A palavra foi um chiado. O coração de Kadan quase parou. Podia ouvir as vozes gritando na cabeça dela, as súplicas das vítimas, o som de seus soluços. Sobre os mortos chegaram as zombadoras gargalhadas dos assassinos, tantos deles, sua abominável enfermidade se estendendo como um câncer. Ela começou a se retorcer outra vez, sua respiração saía em forçados estertores, derramando lágrimas. — Por que não me ajuda? Eu não o fiz — Sacudiu a cabeça de um lado a outro, em negação. — Não, carinho, não foi você — Conveio ele docemente e ficou de pé com um suave movimento, a colocando sobre os ombros, com a cabeça dela caindo por suas costas. A levou ao banheiro, com cara sombria e o coração em um punho. Mal a temperatura da água foi adequada, Kadan deixou seu inquieto corpo no chão e começou a despi-la. Tansy arrancou sua roupa, desesperada por tirar o espesso casaco de sua pele e cabelo. Estava sob suas unhas e em seus olhos. Rasgou a malha de sua roupa, desejando não voltar a vê-la nunca mais. Na ducha, no momento em que pôs a esponja de banho mão, Tansy começou a se esfregar, ardentes lágrimas derramando por seu rosto, se misturando com a água que caía por ela. Estava tão gelada, seu corpo se estremecia inverificado e os dentes tocavam castanholas, até que ela temeu que se estilhaçassem ou quebrasse. Alargou a mão para a chave da água quente mas a mão de Kadan lhe capturou o pulso.
Vai se queimar. Já se foi, Tansy. Está limpa. Aí estava ele. Em sua mente, protegendo-a. O alívio foi entristecedor. Não era capaz de encontrar você. Pensei que você… Suas palavras morreram, insegura de onde estava ou do que estava fazendo. Estava tão confusa que voltou a tentar se aproximar dele, sem entender o que estava acontecendo. Estou bem aqui, Tansy. Sua voz era calma, hipnotizante, suave e baixa, enchendo sua mente de calor. Ele parecia sua âncora, tão firme e forte quando ela estava tão confusa. Tansy começou a ser consciente da água que caía sobre ela. De seu nu e ferido corpo, de sua mão esfregando a pele, causando abrasões, quase arrancando a capa mais superficial. Se sobressaltou assustada, se sentindo desordenada; sabia que aquilo já tinha acontecido antes. Tinha estado de pé na ducha, arrancando a pele do corpo. Seus pais a tinham envolvido em mantas e a tinham levado ao hospital, onde tinha passado semanas imobilizada para sua própria proteção. Tornou a se perder, apanhada no interior de sua própria mente com uns seres tão diabólicos que o mundo não teria entendido nunca seu comportamento, e eles nunca a deixariam ir. Não! Maldição, não! Kadan a atraiu a seus braços, abraçando-a com força. Não está perdida. Não está com eles. Está aqui. Comigo. Me olhe, Tansy. Agarrou-a pelos ombros, sacudindo-a com suavidade, olhando-a nos olhos, determinado a trazê-la de volta a ele. — Me olhe, agora! Seus dedos se cravaram o suficiente para causar dor, para anular o transe e a arrastar de volta à realidade. Tansy sabia que estava cambaleando de um lado a outro entre seu estado hipnótico e o momento real. Se concentrou na dor que sentia em seus ombros. Sentia cada um dos dedos cravados em sua carne, quase até o osso. Reconhecer o tato de Kadan a trouxe um pouco mais perto do presente. Se agarrou a isso, a sua calidez e sua solidez. —Me olhe! Ouviu aquele tom com claridade… a inflexão em sua voz, a autoridade absoluta e o tom de comando que freqüentemente a assombrava, entretanto agora era sua corda de salvamento. O obedeceu, porque as pessoas sempre obedeciam a Kadan quando usava aquele tom. Lutou por olhar mais à frente do véu que cobria os olhos, que a tinha prisioneira em sua própria mente, para poder cumprir a ordem de Kadan. Custou-lhe toda sua força e determinação, mas conseguiu elevar a vista para a dele. Seus olhos se enlaçaram imediatamente com os dela. Olhos de caçador que ardiam com uma força fera. O fôlego ficou apanhado nos pulmões e se asfixiou, mas não afastou o olhar. A água deslizava por seu corpo. Pôde sentir o calor e ardência em sua pele. O vapor se movia em espiral a seu redor, e era real devido à temperatura da água, não estava em sua mente. Ele estava ali, um guerreiro completamente vestido com roupa usada e totalmente impregnado, seus azuis olhos estavam tão escuros que pareciam azul meia-noite, sua boca era uma sombria linha e seus dedos ainda permaneciam cravados em seus ombros, conectando-a com a realidade. — Voltou para mim, carinho?
Sua voz. Ela quis se fundir em um pequeno atoleiro a seus pés no momento em que ouviu aquela suave voz aveludada acariciá-la, tocar seu corpo, se deslizar em seu interior até envolver cada espaço gelado e esquentá-la. Tansy não se atreveu a falar. Se continuasse chorando nunca pararia, e falar traria outra torrente de lágrimas. Sabia o que tinha ocorrido. Não podia ocultar dele ele. Tinha estado a beira da loucura e ele a havia trazido de volta. Quase se caiu, humilhada e envergonhada, desejando afastar o olhar dele, mas ele se negou a soltá-la, dando um passo para frente para fechar o oco existente entre eles, ainda olhando-a, ainda dominando-a com seu olhar. Deslizou uma mão por seu ombro até chegar à nuca, colocando-a ao redor de sua garganta para levantar o queixo com o polegar. — Diga, Tansy. Diga que está comigo. Ela engoliu seco, sabendo que ele sentiria o movimento com a palma da mão. — Estou com você. — É minha. Pertence a este lugar, comigo. Diga. Ela umedeceu os lábios. Estavam os dois ali de pé, com a água caindo a seu redor, as roupas dela arrancadas e esparramadas pelo chão, a pele dela virtualmente arrancada, sua mente danificada além de todo acerto, e ele queria… A mão de Kadan se fechou ao redor de sua garganta. Deu uma pequena sacudida. — Diga. — Pertenço a este lugar, com você — Ela queria pertencer a ele, mas ele era tão forte e ela estava se fazendo pedaços. Sua mente parecia pedacinhos, as peças se espalhavam por toda parte. Ela tinha o louco desejo de buscá-las, mas o olhar dele continuava exercendo domínio sobre o seu, se negando a permitir afastar o olhar dele. — A quem pertence, Tansy? Quero que diga que é minha. Diga alto para que saiba. Para que acredite nisso. Não vou deixar ir. Me nego por completo renunciar a você. Não pertence a ninguém mais, nem a seus pais e tenha por seguro que não a uma turma de assassinos. A quem pertence? Tansy tinha se perdido em sua força. Em seus olhos. — A você. Pertenço a você — Mal pôde sussurrar as palavras, entupidas em sua garganta. Ele ainda segurava seu olhar, se negando a liberá-la. — E a quem pertenço? Ela piscou. O calor a alagou. Era consciente de que ele enchia sua mente, empurrando para fora cada coisa horrível que tinha estado ali. Estava dentro, fechando a porta nos narizes às vozes, construindo um muro a seu redor. Kadan. É obvio. Sentiu a ameaça de um sorriso, um raio de esperança. — A mim. Você é meu e me pertence. Esmagou-a contra ele, tão forte que lhe tirou o fôlego, quase quebrando as costelas, mas ela somente envolveu seus braços ao redor dele e se agarrou a ele. Ele enterrou sua face no suave oco de seu ombro, e foi impossível dizer se a água da ducha molhava a pele ou se seu rosto estava úmido de lágrimas. Não se moveu durante um longo momento. Quando o fez, suas mãos foram gentis.
— Vamos te tirar daqui — Estirou a mão e fechou a água, depois colocou uma toalha ao redor — Os outros devem dar sinais de vida logo, e quero que tome uma xícara de chá quente. Tansy permaneceu quieta, o permitindo secar sua pele com delicadeza. Ele parecia necessitá-lo inclusive mais que ela, suas mãos deslizaram por ela, as arrudas calosidades se sentia bem apesar dos abrasões de seus braços. A mão pulsava, e quando ela baixou a vista viu que estava machucada e inchada, mas não recordava o que tinha passado e tinha medo de perguntar. — Tenho que te contar os detalhes ou poderia me esquecer de algo importante. A toalha parou abruptamente, bem debaixo de seus seios. Ele a olhou, sua cara estava mais sombria que nunca. — A merda com isso, Tansy. Isto termina aqui. Sua crua e imediata razão a fez desejar sorrir. Em seu interior, onde ele não podia ver, a luz ardeu com força afastando ainda mais a fealdade. Kadan era como um sopro de ar fresco estendendo-se por ela. Ela agarrou o rosto entre as mãos e beijou sua forte mandíbula, mordiscando-o da cicatriz até a comissura de sua boca e brincou com seu sensual lábio inferior, o puxando com seus dentes. — Por que não me desejava esta manhã? — Não pôde evitar o tom ferido de sua voz — Por que não me fez amor? Foi por isso? Pelas coisas em minha cabeça? Pelo dano? Ou pelo fato de que meu pai está envolvido com Whitney? Kadan elevou bruscamente a cabeça e seus olhos flamejaram, ardentes e famintos, cheios de apaixonada luxúria e algo mais que fez que seu interior se derretesse. — Estava sendo delicado, te dando tempo. Ela franziu o cenho. — Tempo para que? Tão logo está deitado perto de mim e posso ouvir como troca sua respiração e te sentir duro contra mim, e então simplesmente gira como se não pudesse suportar estar perto de mim. — Não poder estar perto de você? — Repetiu ele, entrecerrando o olhar. A mão dele subiu e a agarrou pela nuca, atraindo-a a ele, esmagando seus seios contra seu peito molhado. Uniu sua boca com a sua em um beijo brutal, quase furioso, devorando-a, reivindicando sua boca enquanto sua mão deslizava possessiva pela larga curva de suas costas até seu quadril. Afundou seu corpo no dela com dureza. — Jamais me diga que não a desejo — Espetou, seus olhos jogando labaredas. — Mas você… — Nunca duvide de que a desejo cada minuto do dia. Noite e dia. Sempre tenho fome de você — Ele jogou para o lado a camisa molhada — Se fosse por mim iria por aí nua, esperando até que me enterrasse em você — Tirou os úmidos jeans pelas colunas de suas coxas e os afastou de um chute. Seu pênis saltou fora, duro e grosso e tão pronto para ela que de sua ampla e brilhante cabeça já saíam pequenas gotas peroladas. — Kadan — Seu nome saiu em um pequeno gemido que era metade medo e metade desejo. Ela recuou diante sua repentina agressão, mas ele simplesmente a
seguiu, perseguindo-a pelo quarto até que a parede esteve pega a suas costas e ela não teve aonde ir. Ela fez uma profunda e irregular aspiração e elevou uma mão. Ele a ignorou e a levantou, sua enorme força elevou seu nu corpo e a deixou de costas na cama, sem se preocupar de que ambos estivessem molhados e empapassem os lençóis enquanto a colocava na borda do colchão, as pernas sobre seus ombros de maneira que estivesse inteiramente aberta diante ele. — Não me diga que não a desejo — Desta vez grunhiu as palavras, o som retumbou em sua garganta — Te desejo sempre. Exatamente assim. Me entende? Bem assim. Não houve beijos, nem preliminares; ele se afundou profundamente, duro e rápido, empurrando entre as apertadas dobras como um aríete voltando para o lar. Ele disse com seu corpo o que não podia dizer em voz alta. Cada embate era duro e profundo, seus quadris se afundavam frenéticas uma e outra vez, conduzindo-a com rapidez, lhe tirando o fôlego, a obrigando a subir mais e mais enquanto a reclamava, enquanto a fazia dele. Kadan se permitiu perder o controle, selvagem diante sua primitiva necessidade, diante o desejo de demonstrar a verdade. Esta forma em que lhe pertencia em seu interior. O tinha surpreendido que questionasse seu desejo por ela, e tomou com prazer animal, montando-a com veemência até que sentiu como se chamas lambessem as pernas, sobre as nádegas e dentro das virilhas. Ela estava quente e apertada, e parecia como se um punho de seda o agarrasse, apertando e espremendo-o até que pensou que explodiria a cabeça pelo absoluto prazer. Quando ela esteve ofegando e derrubando-se embaixo dele, se inclinou para frente, aplicando mais pressão sobre seu duro e sensível broto, com uma fricção mais intensa enquanto bombeada dentro dela. Continuou inclinando-se até que sua boca encontrou seu mamilo. O lambeu duas vezes e depois o mordeu gentilmente. Ela gritou, seu corpo explodiu ao redor do dele, se derretendo e o agarrando com fera necessidade até que se esvaziou dentro dela, a enchendo com sua quente semente, deixando cair sobre Tansy, um pouco surpreso diante a fúria com que seu corpo a tinha tomado quando ele pensava que era frágil. Pôde sentir o estremecimento de seu corpo, as réplicas a fazia tremer enquanto ele se movia com movimentos mais suaves, odiando abandonar o paraíso que era seu corpo. Esperou até que pôde voltar a respirar antes de olhá-la, meio esperando vê-la furiosa com ele, mas ela embalou sua cabeça, suas mãos estavam em seu cabelo, dando carícias. Aceitando-o. Aceitando sua natureza dominante. Simplesmente aceitando-o, e isso era mais humilde, mais apavorante que se todas as armas do mundo estivessem apontando para ele. — Tenho que te tocar — Sua admissão foi arruda. Uma ordem em vez da forma em que ele queria que soasse. Queria compartilhar com ela sua própria fraqueza, dar algo dele que importasse. Deixou sair o fôlego e o voltou a tentar — Preciso te tocar. — Adoro quando me toca, Kadan — Jogou atrás o cabelo, com uma suave carícia. Kadan negou com a cabeça, se endireitando, recuando. —Não. Não me refiro a agora. Quero dizer sempre. Preciso do contato com você — Passou a mão pelo cabelo — Maldição. Isto não está saindo como esperava.
Tansy baixou lentamente os pés ao chão e se sentou. — Me diga — Jogou o tesouro de seu longo cabelo sobre um ombro com um sexy deslizar. Seus seios atraíram sua imediata atenção, se sobressaindo convidativamente. Não pôde evitar se inclinar para sugar por um momento. O desejo era tão forte que o sacudia. Recuou sacudindo a cabeça, desejando que ela compreendesse — Preciso ter minhas mãos em você. Não posso te dizer por que, só que tenho que saber se está tudo bem comigo te tocando em qualquer momento, em qualquer lugar. Em minha cabeça, tenho que saber que vai me aceitar, que me quererá te tocando ou tendo minha boca sobre você ou sua boca sobre mim — Deslizou a mão sobre seu membro, já semi ereto — Que vai me querer dentro de você uma centena de vezes ao dia. O pensamento que vai estar aí é que se realmente o necessitar, encontrará um modo de estar comigo sem importar o que acontecer ao nosso redor. — Não estou segura de por que acha que isso é uma coisa tão má, Kadan. Os olhos de Kadan se obscureceram mais. — Acha que me necessita mais do que eu necessito de você. Acha que sou mais forte e que me cansarei de sua dependência. Estou em sua cabeça. Sei o que está pensando, mas você realmente não me vê, Tansy. Quero que me veja — Deixou sair o fôlego em uma pequena corrente — É o lar para mim. Você e seu corpo. É minha casa. — Bem — Levantou o olhar para ele, para se assegurar de que ele sabia o que ela queria dizer — Estou absolutamente bem que me toque. Adoro suas mãos sobre mim. Adoro especialmente sua boca em mim, e se quer estar dentro de mim, diga a palavra e ali estou. Só tenta não me atirar sobre a mesa da cozinha diante de todos e estaremos bem. Os músculos atados do estômago de Kadan se desenredaram e pôde respirar livremente outra vez. Não a tinha assustado de morte, mas é que Tansy não se assustava tão facilmente. Confrontava assassinos e até encarava de boa vontade o inferno e a loucura para rastreá-los. Não era uma pequena violeta, e se alguma mulher podia dirigir suas necessidades, apostava o coração a que seria Tansy. — A mesa da cozinha está bem, mas nenhuma audiência. Prometo. Um lento sorriso puxou de sua boca — Me alegro de que faça essa distinção. — Posso exercitar a disciplina quando é necessário. Tansy riu e o som foi música para ele. Kadan a levantou e a beijou profundamente na boca, simplesmente porque o som de sua risada enviava calor ao gelo de suas veias. — Vamos, carinho — Deu-lhe uma palmada no traseiro e depois a acariciou quando gritou — Vamos encontrar um pouco de roupa para você antes que os outros cheguem. Ela olhou a confusão na cama e suspirou. — Sinto que tivesse que tratar com isso. — Andaria descalço no inferno por você, carinho, assim que uma pequena ducha não é problema — O coração nunca pulsaria do mesmo modo, mas se esse era o preço por trazê-la de volta da beira da loucura, aceitaria.
— Disse algo a respeito de uma xícara de chá. Se importaria de me fazer uma enquanto limpo? — Não o queria na ducha enquanto recuperava sua roupa rasgada; seria muito humilhante Ele tinha pensado que seu escuro segredo era o casal perfeito para sua perda de juízo, mas ela não pensava isso e necessitava uns poucos minutos para se recompor. O olhar de Kadan se deslizou sobre ela, valorando o pálido rosto. — Ainda te dói a cabeça? Ela esquivou a pergunta. — Estou muito melhor. Realmente apreciaria uma xícara de chá. Ele podia sentir que o estava empurrando. Não queria deixá-la. Parecia muito pálida. Havia manchas vermelhas, arranhões, e machucados danificando a pele. O cabelo estava molhado e escuro, deslizando pelas costas em uma cauda longa, ainda gotejando um pouco de água no piso. Podia ver as coxas molhadas com sua semente. O torno apanhou seu coração outra vez e se afastou, as emoções eram muito intensas quando não estava tão familiarizado com elas. — Chá — Disse ele bruscamente e tirou uns jeans da mochila. Tansy andou descalça ao banheiro e se olhou no espelho. Uns olhos atormentados a olharam fixamente. Parecia um desastre. Levantou a mão machucada e olhou fixamente a marca cravada na pele. Estava começando a desaparecer, mas mantinha sua forma. Tinha estado muito perto desta vez. Tinha tido sorte de que Kadan tivesse lutado por ela. Sua mente ainda estava se curando de muitas batalhas contra a energia violenta, e precisava ser mais cuidadosa se ia sobreviver intacta. Puxou sua roupa destruída e tomou outra ducha, lavando o cabelo e enxaguando os abrasões de seu corpo. Os tinha feito ela mesma, quase tirando a pele. Não podia pensar nisso muito, porque a sensação do sangue revestindo sua pele se arrastava sobre ela no momento em que olhava muito fixamente a seu corpo. Esfregar sua loção familiar e calmante nos arranhões ajudou um pouco, trançou o longo cabelo para o afastar do caminho antes de se vestir com os jeans. Não se incomodou com o sutiã, só colocou uma camiseta escura antes de desfazer a cama e atirar os lençóis molhados na máquina de lavar roupa. Parou na porta da cozinha o olhando. Era um espécime assombroso de homem, muito musculoso e tranqüilo, uma cintura estreita e um grande traseiro. Era muito áspero para ser chamado bonito em que pese a qualquer esforço da imaginação, mas era impressionante, irresistível, um homem que chamava imediatamente a atenção. Ele sabia que ela estava ali, podia assegurar que sabia. Havia algo remoto nele quando entrou primeiro na conzinha, mas então se suavizou, a geleira degelando para lhe enviar um cálido sorriso por cima do ombro. — Tenho seu chá. Pus um pouco de mel. É bom para você. — Tem sorte de que eu goste do mel — Disse e sentou na cadeira que ele puxou para ela. Seu olhar deslizou sobre ela dizendo claramente que lhe importava uma merda se gostava ou não. Ele teria vertido por sua garganta se pensasse que o necessitava. Ela fez caretas enquanto envolvia as palmas ao redor do calor da xícara. A mão estava muito dolorida e flexionou os dedos.
— Temos que encontrar outro modo de abrir minha mão quando quiser que deixe cair qualquer objeto que esteja dirigindo. Ele disparou outro olhar penetrante. — É um ponto discutível porque não vai fazer isso outra vez. Ela conteve seu protesto e tomou um gole de chá, permitindo que o líquido a esquentasse antes de responder. — Sei que deve ter sido aterrador para você me ver assim, mas não podemos parar agora. Sei que com o que tenho de Rã deveria poder encontrá-lo. Tem alguma espécie de negócio aquático na costa. Pesca. Observar baleias. Baixar às pessoas em uma jaula de tubarão, quem sabe, mas é no oceano e o negócio lhe pertence. Adora estar sob a água. Acredito que o cilindro era um tanque de escafandro autônomo. — Não parará, não é? — Havia uma advertência em sua voz. Tansy se encontrou com seus brilhantes olhos, sem estremecer pela ártica frieza de seu olhar. — Não, absolutamente não o farei, não depois de ver esses homens. Eles não vão parar, Kadan, e a polícia não vai encontrá-los. Tiveram toda esta evidência, e ninguém pôde encontrar uma pista, um motivo ou algo exceto as peças do jogo. Você nem sequer sabia que havia oito jogadores antes que começasse a te ajudar. — Sua prudência não é o preço para mim. Ela sustentou seu olhar, se negando a voltar atrás. — Para mim sim. Se posso salvar uma vida… Evitar que um menino, um pai, alguém sofra em suas mãos, aposta que o vale para mim. Está disposto a arriscar sua vida por seu país; bem, consegui este talento que ninguém mais parece ter, e se é um presente de Deus ou uma mutação, não sei, e francamente, não importa. Escolho… — O olhou diretamente nos olhos — Escolho usá-lo para deter assassinos. Para mim, o sol pode subir e ficar com você, pode me dar ordens no quarto e em todos outros lugares, mas não nisto. Nisto, eu digo quando parar, não você. Kadan inclinou o respaldo da cadeira para trás sem dizer nada, olhando-a através dos ameaçadores olhos meio fechados. Parecia aterrador, em sua cara uma dura máscara, sua boca apertada. O coração de Tansy começou a pulsar muito rápido. Kadan nunca a feriria, certamente não por adotar uma postura, não quando tinha razão... Nem nunca. Se obrigou a permanecer silenciosa, sem apaziguá-lo, embora queria fazê-lo. Baixou os olhos e sorveu o chá, sustentando a xícara apertada contra a palma que pulsava, ocultando a impressão da faca. — Sua escolha não era parar. Te arrastei de volta. Ela sacudiu a cabeça. — Se afastou. Ia dizer que não tinha me encontrado, ou que tinha perdido minhas capacidades. Escolhi vir com você. A mandíbula dele se esticou. Um músculo deu um puxão e os olhos foram dois pedacinhos gêmeos de gelo azul. — Não tem a menor idéia de até onde estaria disposto a ir para te manter segura. Não havia rendição nele e não soava amoroso. Soava frio, duro e aterrador. Ela vislumbrou a aquele menino de oito anos que encontrou uma arma no rio de sangue
de sua família e escolheu recolhê-la e procurar sua própria marca de justiça. Foi desumano e sem compaixão, e o seria ainda mais para protegê-la. — Conto com você para me manter a salvo enquanto faço isto, Kadan. Mas temos que detê-los. Não por seus amigos, mas sim porque são diabólicos e não podemos deixar que corram daqui para lá soltos sobre pessoas inocentes. Sabe tão bem como eu. Não tem intenção de parar. — Isso é diferente. Ela quase cuspiu o chá pelo nariz. — Por quê? Por que é o grande homem? Ele se inclinou para frente então, as pernas da cadeira voltaram para o chão com estrépito enquanto se inclinava sobre a mesa, agarrando seu queixo com a palma. — Não. Porque você é minha mulher e estarei condenado se te acontece algo. Não sentia absolutamente nada antes de conhecer você, e agora o faço, eu não gosto de onde pode me levar se algo mau acontecer. Não quer ouvir isto. Tansy, mas não sou diferente dos homens que está caçando. — Isso não é verdade, Kadan. — Minta a si mesma então, mas não seja jamais o bastante estúpida para pensar que eu não mataria por você, nem que morreria por você. Quer fazer isto, então o fará a minha maneira. Quero dizer, Tansy, que o fará a minha maneira. Isso é tudo o que vou ceder. — Isso não é ceder nada. —Infernos que não é. Não a quero em nenhum lugar perto desta confusão. Posso encerrar seu traseiro em um piso franqueado com dez guardas com você durante as vinte e quatro horas e não há nada que possa fazer a respeito disso, assim não me diga que não estou cedendo. — Está sendo um bastardo. Ele pôs ambas as mãos sobre a mesa e se inclinou se aproximando outra vez, sua voz baixou um tom e seus olhos ficaram de uma azul geleira. — Sou um bastardo. Era hora de que o descubra. Ela ficou cômoda em sua cadeira, o olhando sobre seu chá. Depois de um momento de silêncio deixou escapar um suspiro. — Bem. Me diga como vamos fazer isto. — Me dará sua palavra de honra de que não tocará nada que tenha a ver com os assassinatos, os assassinos ou com as vítimas, nada de nada, sem minha presença, e só com luvas. Não manipulará nada desprotegida. — Não serei capaz de rastrear o Fantoche — Protestou ela. — Então não acontecerá. As luvas e eu, ou nenhum manejo. Sua palavra. Seu tom implacável a fez chiar os dentes. — Kadan, tenta ser razoável. Se dá conta de quanta informação consegui desta vez? Nem sequer tivemos uma oportunidade de repassá-lo. Ele não respondeu. Simplesmente a olhou fixamente, inflexível. — Podemos encontrar um modo de fazê-lo mais seguro. — É pegar ou largar. Ela grunhiu.
— É tão teimoso. Bem então. Tem minha palavra. Às vezes poderia te bater. — Eu também poderia te surrar às vezes. Assim suponho que estamos igual — Não havia rendição em sua voz, nem triunfo, só indicava um fato com um tom sugestivamente aveludado, malvado e escuro. Ela tinha a sensação de que ele estava contemplando realmente a colocar sobre seus joelhos e algo perverso dentro dela a fez formigar com uma excitação inesperada. Como o fazia, transformar tudo em sexo com só um tom? Estava a ponto para um passeio selvagem com ele, mas não podia permitir que a dominasse. Tinha que aprender a se sustentar sozinha. Tansy apoiou o queixo na mão. — Tem esse olhar nos olhos. — Que olhar? O que lhe tirava o fôlego e a fazia molhar as calcinhas. E estavam discutindo sobre algo importante. — A discussão acabou. Ambos cedemos — Assinalou ele, lendo a mente. Curvou os lábios em um sensual sorriso — Sou afortunado de fazer que suas calcinhas se molhem. Levanta sua camisa para mim. O olhou fixamente, se perguntando se a estava desafiando ou provando-a. Não importava o que era, tinha dito a verdade. Se ele necessitava acesso a seu corpo, estava mais que disposta a dar. Puxou a prega da camisa por cima de seus seios e afastou o tecido. Os olhos de Kadan se obscureceram do gelo azul à meia-noite. Os dedos se arrastaram sobre os montículos cremosos, acariciaram seus mamilos e seguiram as marcas vermelhas por seu corpo. — Colocou algo nisto? — Deslizou uma carícia sobre uma linha inflamada em seu ventre. Ela assentiu. — Parece pior do que é. Minha pele se marca facilmente. Ele puxou a camisa para baixo e se inclinou sobre a mesa para beijá-la. — Quer mais chá antes que façamos isto? — Não. Tem uma gravadora? — Está na pia. Sabia que não ia deixar passar — O fantasma de um sorriso tocou sua boca. Ela fez uma bolinha com a toalhinha de papel e a jogou. —Não posso acreditar. Ele colocou a gravadora sobre a mesa e a ligou. — Por que pensava o Fantoche em Rã em vez de em Faca quando esculpiu a faca para este? — Despreza a Faca e a homens como ele. Pensa que ele é puro palavrório e o recusa inclusive embora dirija a equipe — Olhou a Kadan triunfante. Isso era uma confirmação de que tinha estado acertada e Faca era o líder da equipe desta Costa. Se pode rastrear a Rã usando o negócio de água, a equipe de escafandro autônomo, e sendo capaz de conter a respiração durante quantidades extraordinárias de tempo, deveria ser capaz de encontrar a Faca. Trabalham juntos. — No exército.
— Acredito que são soldados ou foram. Poderiam ter outro negócio, algo relacionado com a segurança — Recuperou o fôlego — Sim. Todos participam de uma companhia de segurança juntos. Isso foi idéia do Fantoche. Os fez acreditar que era idéia deles. É bom manipulando às pessoas. Manipulou Whitney. Como? Como fez isso? Estou em você — Sussurrou ela — E não vai se afastar de mim. Kadan permanecia em sua mente, intrigado pela velocidade com que ela reunia dados das imagens e pensamentos e os punha juntos com assombrosa precisão. Seu cérebro o assombrava. — Ele selecionou estes homens. Para seu próprio propósito. Enganou Whitney. Whitney o todo-poderoso — Os olhos se iluminaram e ela apontou com o dedo a Kadan — Trabalhou para o Whitney durante o processo de provas, Kadan. Pode rastreá-lo desse modo? Tem que haver registros. Whitney não poderia ter apagado as provas. Teve que entrevistar só os que passaram as primeiras rondas. E estava provando a capacidade psíquica nesse ponto, não sei se estes homens estavam psicologicamente preparados para ser realçados ou não. — Acreditam que Whitney realçou uns poucos homens que foram eliminados do programa para seu próprio exército pessoal. Um grupo de homens que foram marcados como recusados ou mortos durante o seguinte dois anos, mas encontramos a um ou dois deles vivos e realçados. Poderiam formar parte esses homens do exército de Whitney? Ela negou com a cabeça. — Não. Eles não tiveram nada a ver com Whitney depois de que os realçasse. Estes homens pertencem ao Fantoche. Os conseguiu através da exploração e depois, de algum modo, através da entrevista com Whitney. O fez para seu próprio benefício pessoal, por nenhuma outra razão. Tinha um plano desde o começo. Pode rastreálos? —Lili poderia ser capaz de descobrir quem é através dos registros de Whitney. Quase toda a documentação que o exército tinha de nós foi destruída. O que há está atrás de um milhão de bandeiras. Whitney experimentou em nós em seu laboratório de investigação, não em uma base militar, e só umas poucas pessoas sabiam. — Terá que encontrar essas pessoas se deseja o Fantoche. É bom. Realmente bom se pode passar além da guarda de Whitney. — O que quer com os assassinos? O entusiasma planejar os assassinatos? Ela franziu o cenho e esfregou a testa. — Não os planeja. As equipes o fazem. Kadan se estirou através da mesa e apagou um fiozinho de sangue do nariz com a ponta do polegar. — Acabamos, carinho. Ela negou com a cabeça. — Posso seguir tirando mais. — Acabamos. Vai conseguir uma hemorragia cerebral e então teremos problemas. Tenho muito com o que seguir. Acredito que com o que me deu deveria ser capaz de encontrar a Rã. Ex-militar, ou ainda nisso, uma companhia de segurança com seus companheiros de equipe, e com uma afinidade pela água. Ela inclinou a cabeça na mão outra vez, esfregando.
— Não entre na água com ele, Kadan. Posso sentir que isso é o que está pensando fazer, o fazer te guiar a sua colônia subterrânea, mas ele está como em casa na água. Pegou a mão machucada e a atraiu à boca. — Não se preocupe por mim, carinho. Sei cuidar de mim mesmo.
Capítulo 16
—O que está errado? — Perguntou Tansy enquanto Ryland, Gator, e Nico entravam na casa. O sol se pôs, deixando sombras sobre as janelas. Tinha tido que dormir durante todo o dia, esperando que a dor de cabeça a abandonasse. Sem a luz deslumbrante, seus olhos se sentiam melhor e começava a se sentir viva outra vez. Os três homens pularam coletivamente diante sua pergunta e depois trocaram um longo olhar uns com outros. Para homens que eram normalmente inescrutáveis, Kadan encontrou surpreendentemente fácil reconhecer um problema no momento em que viu as caras dos três Caminhantes Fantasmas. Pareciam sérios, zangados e muito desgostados de que Tansy estivesse na sala com ele. Não havia nada mau com o radar de Tansy. Recolheu o sinal quase no mesmo momento que ele. Kadan. Não gostará de ouvir o que temos que dizer. Seu pai está comprometido, advertiu Ryland. Ela está em perigo imediato. Kadan sentiu o golpe em seu estômago, mas permaneceu impassível. Perigo imediato. Como? — Não! — Disse Tansy bruscamente — Se acha que pode me excluir disto agora, Kadan, te juro que sairei desta casa. Mereço algo melhor que isso. — Pensava que estava te defendendo – Disse Ryland um pouco timidamente — Sinto, Tansy. — A estou defendendo. É muito sensível às vibrações — Kadan se esticou e segurou os pulsos de Tansy a empurrando sob seu ombro para poder rodear a cintura com um braço. Não me ameace desse modo. Tenta sair e verá o que acontece. Não se importava nada se os três Caminhantes Fantasmas sabiam que estava falando telepaticamente. Sua ameaça o tinha sacudido mais do queria admitir. Em lugar de gelo, de repente tinha um caldeirão de fogo fervente no ventre. — Queríamos te proteger, chérie — Acrescentou Gator com seu denso e miserável sotaque cajun. Tansy empurrou na parede do peito de Kadan, sem nem sequer desequilibrá-lo. Isso fez que seu gênio subisse outro grau. — Estou me pondo em perigo também. Se tiver algo que dizer, só me diga isso. Não me rompo tão facilmente, e não preciso ser envolta em algodão como uma boneca.
— Se acalme, Tansy — Disse Kadan sem olhá-la. Não podia olhá-la. Ela pensava que ia sair da casa? Que demônios significava isso? Seu apertão na cintura dela se esticou — Necessita café, Ryland? — Não estou seguro de que tenhamos tempo para café. Como de bem protegido está este lugar? Tem uma rota de escapamento? — É obvio. Podemos defendê-lo bastante facilmente, por isso o escolhi. Temos uma rota ao teto e outra sob o chão se o necessitarmos. Se os bastardos querem vir por nós, conseguirão mais do que esperam. Gator e Nico já se moviam para as janelas, verificando alarmes e fechando as cortinas. Gator apagou as luzes e foi a seguinte sala para fazer o mesmo ali. — Quem está atrás de nós? — Perguntou Kadan. — Nosso amigo em Washington. — O mesmo que enviou a primeira equipe atrás de Tansy? Ryland assentiu. — Sabem onde está. Kadan sentiu que o fôlego saía de repente do corpo de Tansy, mas ela permaneceu quieta, esperando a explicação de Ryland. — Aqui? Sabem que está aqui? Como? — Atraiu-a mais perto, o braço era uma banda de ferro de proteção. — Passei algum tempo com o jornalista que abriu a história dos assassinatos e como poderiam estar conectados — Ryland não entrou em como tinha passado o tempo com o jornalista, mas Kadan conhecia seu amigo e sua paciência quando perseguia informação — Também foi um dos que escreveu sobre o paradeiro de Tansy na Serra. Parece que passou o dedo-duro uma amiga, a secretária da mulher do senador Freeman, Violet. — Violet Freeman. Segue aparecendo. Pensava que teria bastante que fazer com seu marido em cuidados intensivos — Kadan sacudiu a cabeça — Deveríamos lhe ter disparado quanto tivemos a oportunidade. — Estão falando de Violet Smithe-Freeman? O que tem ela a ver com isto? Ela e o senador são bons amigos de meus pais. Estive em sua casa montões de vezes — Disse Tansy — Seu marido foi candidato à presidência e alguém lhe disparou na cabeça, O deixando em cuidados intensivos. É uma tragédia terrível. — Sim, uma verdadeira tragédia — Disse Kadan — Todos rezamos umas orações por ele. Tansy franziu o sobrecenho. — Era um amigo. — Era uma lesma. Vendeu seu país, Tansy. Enviou uma equipe de Caminhantes Fantasmas ao Congo, onde um cabeça rebelde especialmente desumano esperava para lhes tender uma emboscada. A tortura que dois deles agüentaram foi imensurável. Depois viajou às instalações de cria de Whitney com o Violet, sim, ela não só sabe de Whitney, é uma de suas garotas realçadas, e permite que seu trabalho continue para que ela e seu marido possam entrar na Casa Branca. Atiraram nele no complexo de Whitney, não como os jornais informaram. Tansy se deixou cair no sofá.
— Está seguro? Estiveram em minha casa. Violet e minha mãe vão às compras juntas. Jogam cartas. Elas… — As palavras se desvaneceram e elevou o olhar para o Ryland — Que mais? Só me diga isso. Kadan parou atrás do sofá, deixando cair as mãos sobre seus ombros, os dedos aliviavam a tensão. Se doía por ela. Seu mundo estava se voltando do avesso. — Whitney pôs um dispositivo rastreador em todas as garotas. Implanta-o cirurgicamente em seus quadris. Tansy ofegou e olhou acima e atrás para Kadan, os olhos centrando-se nos seus. Está bem, carinho. Trataremos com isso. Queria sustentá-la, balançá-la, levá-la a outra parte onde toda a fealdade estivesse fora de sua vida. Infelizmente, isto era sua vida e sempre o seria. Não tinha escolha. Estava realçado e também Tansy. Não podia mudar isso. — Seu pai aparentemente encontrou o dispositivo rastreador quando tinha uns quinze ou dezesseis e o tirou. Ele disse a Violet. Segundo a secretária… — Falou com a secretária? — Perguntou Tansy. Ryland deu de ombros. — Tivemos uma pequena reunião. Parece que desfruta conhecendo segredos, assim freqüentemente escuta as conversa de Violet com suas hóspedes. Alega que Violet iniciou o tema de rastrear a meninos com seu pai. — Assume um risco imenso espiando Violet — Disse Kadan — Violet não vacilaria em matá-la. Ryland assentiu. — Sugeri à senhora Harris que conseguisse um trabalho diferente imediatamente e destruíra qualquer fita que pudesse ter. Se escuta ou não depende dela. Meadows sabe que Violet foi um dos experimentos de Whitney. Minha hipótese é que ela o confiou para ganhar sua confiança. — E então quando Whitney perdeu seu dispositivo rastreador, enviou Violet para descobrir por que — Adivinhou Kadan — É como ele. Ela está jogando em ambos os lados. Ryland assentiu, evitando olhar Tansy. — E Meadows colocou um próprio quando tirou o de Whitney. — Em mim? — Tansy saltou do sofá e caminhou através da sala, girando para encarar Ryland, os dedos fechados em dois punhos apertados — Meu pai plantou um dispositivo rastreador em mim? Podem usar realmente um GPS para me encontrar? Ryland assentiu. — Sinto muito, mas sim, isso é o que contou a Violet. Aparentemente tiveram uma longa conversa a respeito de como todos os pais deveriam pôr isso ao nascer, e ela estava interessada porque o senador possivelmente queria expor de novo a idéia. Os meninos seqüestrados poderiam ser encontrados facilmente. A conversa foi toda a respeito de que podiam ser usados os dispositivos rastreadores, quão bons podiam ser. Também algo da técnica de como funcionam. Violet soube como te encontrar — Ryland olhou a Kadan — Passei algum tempo com a senhora Harris, e resultou que Violet quis que a informação sobre os assassinatos e Tansy fosse dada ao jornalista. Violet fez que sua secretária filtrasse a informação.
A mão de Tansy estava imóvel sobre sua boca, os olhos muito abertos. — E a secretária simplesmente te deu tudo isso a causa do bom coração generoso que tem? — A persuadi de que se queria viver uns poucos minutos mais, seria melhor que me contasse a verdade — Disse Ryland sem se acovardar diante seu olhar fixo. Tansy olhou à face impassível de Kadan. — Jogam a sério, não é? — Sim, senhora — Respondeu Ryland — Tratamos com estas pessoas durante muito tempo. Nossos amigos acabaram mortos ou torturados. Às vezes ambas as coisas. Violet trocou sua localização, e basicamente sua vida, por algo grande que deseja. O que é, não sei, mas o jornalista ouviu um rumor de que o senador Freeman ia se submeter algum tipo de nova e experimental intervenção de cérebro. Se isso for verdade, adivinho que sua vida é o preço que alguém estava pedindo para que o senador seja um candidato à cirurgia. — Então vão vir aqui e me matarão — Engoliu com força — E a todos vocês. — Penso que esse era o plano — Esteve de acordo Ryland — Mas temos uns poucos planos próprios. — Genial — Tansy passou uma mão pelo cabelo e olhou a Kadan — Podemos nos desfazer do dispositivo rastreador? — Sim, finalmente. Por agora, o melhor que podemos fazer é interferi-lo. Não quero abrir você para tirá-lo. Necessitamos de um doutor para isso. — Não, não o necessitamos. Não se estiver no quadril onde estava o primeiro. Lembro de ter pontos no quadril. Papai me disse que caí e bati a cabeça e sofri uma laceração no quadril mas… — parou bruscamente e afastou a face longe deles — Farei chá. Alguém quer uma xícara? Kadan encheu sua mente com ele, envolvendo-se ao redor. Queria empurrá-la a seus braços, mas ela manteve espaço entre eles. O único que tinha era sua mente e a usou, empurrando-se dentro dela onde estava chorando em silêncio, onde a dor da traição de seu pai cortava como uma faca. Ainda quando ansiava que o olhasse, ela manteve a cabeça baixa, os braços cruzados sobre os seios em um gesto protetor. Ele odiava essa separação. E odiava mais que sua reação passasse dela e a dor que seu pai tinha causado, a ele e a sua própria necessidade de estar completamente com ela. A olhou sair e sentiu que levava todo o calor da sala com ela. Encontrou com os olhos de Ryland. — Nunca quis amassar a ninguém em minha vida do modo em que quero destroçar a seu pai — Admitiu. — Cara — Ryland colocou a pesada bolsa que tinha levado no sofá e abriu o zíper — Sinto ter tido que contar. E ele se gabou disso, se gabou de que a poderia encontrar em qualquer lugar do mundo. Pode não ter se dado conta de que pôs os assassinos atrás de seu rastro, mas o fez. Os dirigiu diretos a ela. — Ela o suportará — Disse Kadan. — Sim, mas não deveria — Disse Ryland, tirando armas fora da bolsa — Trouxe uns poucos fornecimentos. Pensei que poderiam vir bem. E tenho transporte esperando somente em caso de que o necessitemos. — Não é a mulher de Gator realmente boa com os computadores?
— Pode piratear tudo — Confirmou Ryland. — Vou precisar que trabalhe em umas coisas para mim. Com sua ajuda, acredito que posso encontrar e eliminar os assassinos da equipe desta Costa, mas não até que Tansy manipule as peças do jogo da outra equipe e me dê o bastante para encontrá-los. Os terei eliminado tão rápido que nenhum terá tempo de desaparecer. — Tansy pode fazer isso? Parece um pouco esgotada. Kadan sacudiu a cabeça. — Quase a perdi com a última. Teremos que tomar cuidado. Mas não posso eliminar a ninguém sem que os outros passem à clandestinidade. Tenho que saber quem são. — Posso perguntar a Lily se houver mais rastreadores, mas não ouvi nada, não legais de qualquer modo — Ryland começou a tirar armas e munição da bolsa e a espalhar o contrabando através do sofá — Então quantos objetos mais ela tem que manipular antes que possamos ir atrás deles? — Quatro. — Isso queima — Adicionou granadas e minas claymore à mistura — Melhor que guarde qualquer evidência que tenha e se prepare para se mover rapidamente. Asseguramos outra casa, e a montamos parcialmente. Podemos usar esta como isca, mas duvido que estejam muito longe de nós. Tiveram a informação faz tempo. Estarão tentando descobrir quem está com ela. Gator e Nico entraram e tiraram as claymores. — Nos ocuparemos da montagem de fora — Gator arrastou as palavras. — Não mate os cães da vizinhança — Advertiu Kadan. Gator dirigiu um sorriso a ele. — Ouça, cara, não deveriam estar em minha propriedade. Onde está essa sua bonita mulher? Não a deixe se afastar muito de sua vista. Kadan enviou a seu amigo um olhar gelado que não conseguiu apagar o sorriso da face de Gator. O cajún só deu de ombros, pendurou a arma no ombro e seguiu Nico para fora com um punhado de claymores. — Deixa alguma vez de sorrir? — Perguntou Kadan. — Não em todo o tempo que o conheci — Ryland colocou um carregador na automática — Esta mulher é única? — A única. — Então nos asseguraremos de que esteja a salvo — Disse Ryland. Um ruído amortecido, como algo golpeando contra o chão veio da cozinha. Kadan deu a volta, inalando bruscamente, e captou o aroma acobreado do sangue. Correu, usando sua velocidade realçada, o coração na garganta. Não! Maldição, não! Soube o que Tansy estava fazendo. Deveria tê-lo sabido no momento em que viu sua face quando o contaram. Parou na entrada da cozinha, o coração quase parando ele se deteve durante um segundo olhando fixamente quase sem compreender o sangue que empapava o mosaico da cozinha e a faca na mão de Tansy. Se moveu com velocidade realçada, agarrou o pulso dela, o retorcendo com força para tirar a arma e atirá-la através da
conzinha com tanta força que fez um entalhe na parede onde golpeou, antes de cair com estrépito ao chão. — Em que demônios estava pensando? — Apertando as mãos com força na ferida profunda do quadril, elevou a voz — Ryland. Traz o equipamento médico de emergência agora. — Quero-o fora de mim. — Se cale — Os penetrantes olhos de Kadan a olharam afiadamente enquanto pressionava a ferida — Não fale nem se mova. Maldição! Só maldição. Ryland. Maldição, entra aqui. Ryland veio correndo com o estojo de primeiro socorros na mão. Baixou ao chão ao lado de Kadan, ignorando o sangue que empapava seu jeans. — Bem — Ryland respirou — Bem — Repetiu, esperando que o coração começasse a pulsar outra vez — Temos ao Nico. Ele pode tratar com esta merda. É bom, Kadan. O chamei. —Preciso de mais pressão. Está perdendo muito sangue — Kadan tratou de se isolar, de encontrar essa calma que sempre estava em seu centro, mas só havia medo. Nunca tinha estado tão sacudido pelo temor. Não havia suficiente ar na conzinha para respirar. Nico e Gator entraram correndo, e Nico abriu caminho entre Kadan e Ryland, indicando a Kadan que deixasse ver o dano. Kadan agarrou a face de Tansy com as mãos empapadas de sangue. — Te juro que estou a dois dedos de te dar a palmadas de sua vida por isso. Maldita seja por isso, Tansy. — Não está ajudando — Disse Nico — Recue e me dê um pouco de espaço. Necessito água quente e algumas toalhas rapidamente. Ryland, me passe o iodo. Sem uma palavra, Kadan se situou junto à cabeça de Tansy, para que a apoiasse em seu colo. Tentou manter a mente em branco por uma vez em sua vida, permitindo que seus companheiros de equipe fizessem o trabalho. — Normalmente quando uso a energia para curar, Dhalia está comigo para enfocar os cristais. De algum modo ela pode conseguir que o que está dentro de mim flua com muito mais facilidade — Enquanto falava, Nico verteu o anti-séptico na ferida. Tansy gritou e quase saltou do colo de Kadan. Era fogo líquido vertido através de sua carne. Kadan a segurou e ela se agarrou a seus braços. — Faz que me tirem isso. Ele praguejou grosseiramente. Kadan, o homem de gelo, estava a ponto de explodir como uma explosão nuclear. — Pode fazê-lo e ainda assim deter o sangramento? Pode tira-lo? Nico murmurou para si mesmo, mas enxaguou a ferida e esquadrinhou o profundo corte. —Posso ver a borda. Está perto do osso, Kadan. Talvez. Me dê o bisturi pequeno do estojo de primeiro socorros, Rye — Sustentou a mão estendida esperando o instrumento enquanto olhava a Tansy — Pode suportar a dor? — O que seja para que o tire — Disse Tansy. Elevou o olhar para Kadan, com lágrimas em seus olhos. Sei que está zangado comigo.
Maldição, permanece quieta neste momento. Tinha o peito tão apertado que queimava. Não a podia perder. O trovão rugia em seus ouvidos. O fogo ardia em seu ventre. Suas tripas estavam atadas tensas, duras e perigosas... Oh tão perigosas. Sua mente estava realmente intumescida, em branco, menos o protesto, a litania. Não a levem. Não pode levá-la. Por tudo que faça, não a levem. Nem sequer sabia a quem estava implorando, mas havia muito sangue. Tansy queria que ele compreendesse quão desesperada se sentia. Os assassinos enchiam sua cabeça, as vítimas compartilhavam o espaço. Não havia maneira de dizer a ele não agora quando estava tão zangado com ela. Quase desejava sua fria máscara. Dava medo, um homem perigoso a beira da loucura. Deveria ter pensado nisso antes de ter decidido tirar o dispositivo rastreador ela mesma. Quão profundo poderia estar? Sua mão tinha escorregado. Tinha havido mais sangue, o golpe de dor; a mão só escorregou. Não pôde suportar o pensamento de algo estranho em seu corpo. E não podia suportar a idéia de que poderia causar a morte de Kadan ou de qualquer de seus amigos. Kadan a agarrou pelos ombros com força e Gator empurrou uma toalha em sua boca, enquanto Nico tomava a ponta do bisturi e cortava mais profundo ao redor do pequeno rastreador. Ela ouviu seu grito amortecido, seu corpo se arqueou pela tortura mas lutou contra a reação, desejando que Nico tivesse êxito. Kadan engoliu bílis e se agachou sobre ela. Ficará bem, carinho. O está tirando. Só respira, assim. Quase está. Todo o tempo enquanto Kadan a acalmava tinha o olhar se movendo daqui para lá entre a face de Tansy e Nico. Ryland pôs pinças na mão de Nico, e Nico inseriu com cuidado as pontas na ferida. O suor dedilhava a testa de Tansy; havia linhas brancas ao redor da boca. Suas pálpebras revoaram e seus olhos ficaram opacos. Kadan queria que desmaiasse. O desmaio seria bom para ambos. Desejava que se deixasse ir, e por sorte, o fez, desabando em seus braços, fazendo muito mais fácil ao Nico. —Tenho-o. — Triunfantemente, Nico sustentou o pequeno chip. O entregou a Gator e se voltou para o profundo corte ao longo do quadril e coxa de Tansy — Precisarei costurar isto. Sabemos seu grupo sangüíneo? Kadan assentiu. —Estava em seu arquivo. Tem o mesmo tipo que eu. — Isso não é uma surpresa — Disse Ryland — Lily encontrou documentação segundo a qual Whitney esteve tentando fazê-lo universal para que todos possamos nos doar uns aos outros. Ao nos emparelhar, tentou se assegurar. Recorda, supõe-se que todos nós somos a arma final em situações de combate, assim significa que temos que ser capazes de nos curar uns aos outros. — Sim, bem, se não puder usar minha habilidade com ela, estará fora de serviço um momento. Poderíamos precisar levá-la a um hospital. — Faça-o então — Disse Kadan, o gelo se arrastando por sua voz — Porque protegê-la em um lugar público seria quase impossível. Nico não respondeu. Simplesmente começou o trabalho complexo e difícil de reparar meticulosamente o dano que Tansy tinha feito na perna.
— A movemos? Vamos ter companhia e provavelmente necessita uma transfusão — Disse Ryland — É sua coisa, Kadan. — Lutamos aqui. Ponha soro e olhe se podemos atrasar a transfusão até que nos movamos. Se tivermos sorte, talvez não precise de uma — Kadan desejava uma batalha... Inclusive precisava de uma. Sentia a familiar calma se assentando sobre ele. O guerreiro era mais forte que o amante, mais reconhecível. O personagem encaixava nele — Tenho as rotas de escapamento preparadas. Se tiver que subir, há uma escala de corda assim como um cabo para descer ao teto da zona oeste. Não quero deixá-los chegar tão longe. — Estarei fora então! — Disse Nico — Quando acabar aqui, encontrarei um lugar. — Enviarão uma equipe — Advertiu Kadan — Eliminei a dois deles nas montanhas. Não vão estar contentes por isso. — Estou me sentindo um pouco malvado agora — Disse Nico enquanto dava outro ponto. Gator assentiu, e o sorriso não só se desvaneceu dos olhos, mas também a boca se voltou apertada e cruel. — Estou me sentindo malditamente cansado de que nossas mulheres tenham que sofrer. Kadan olhou para Ryland, que deu de ombros. — Estive procurando um pouco de ação desde que descobrir que Freeman estava comprometido. É uma traidora do pior tipo, atacando a suas irmãs por sua própria causa. Poderia usar um pouco de tempo de combate. — Porei uma intravenosa nela no quarto — Instruiu Nico — Tentarei curá-la. Não se preocupe, irmão, a poremos bem. — Não posso fazer o que Dhalia faz — Disse Kadan — Mas sou bastante bom enfocando energia. Posso fazer uma tentativa para te ajudar. Nico assentiu e continuou trabalhando. Ryland adicionou mais luz enquanto Gator encontrava uma vassoura e uma lixeira para tentar limpar a confusão. — O que vamos fazer com sua roupa? — Perguntou Ryland. Kadan suspirou. — Vai ficar sem nada neste passo. Cortarei seu jeans. Estão arruinados de qualquer modo. Terá que estar preparada para ir uma vez eliminemos à equipe. A terei, não se preocupe. Nico se deixou cair sobre os calcanhares e enxaguou a face, manchando-a com o sangue de Tansy. — Prepara-a então. Está preparado para o resto? — Não. Rye, terá que recolher a sala de guerra. Não toque nada com sua pele. Usa luvas, duplas se puder. Necessitarei tudo fora dali, e seja especialmente cuidadoso com as peças de jogo sobre a mesa. Ela as usa para rastrear os assassinos. Kadan levantou Tansy em seus braços. Ela se estremeceu e murmurou um protesto, tentando instintivamente de se afastar. — Tem analgésicos nessa bolsa?
— Sim. Depressa, Kadan. A necessitaremos para isto. Entrarão quando pensarem que tenham deitado — Lançou uma olhada a seu relógio — Provavelmente só conseguimos uma hora antes que venham atrás de nós — Puxou uma toalha na cama enquanto Kadan tirava uma faca da bota — Trarei o equipamento, mas se ela acabar por necessitar uma transfusão poderíamos estar em problemas. Kadan apreciou que Ryland desse uns poucos minutos de intimidade para tirar a roupa manchada de sangue do corpo de Tansy. Limpou-a o melhor que pôde e a envolveu em uma de suas camisas, mas não lhe pôs a calça do moletom que tinha encontrado na mochila dela até que Nico fizesse uma tentativa de cura. Estava-a cobrindo quando Ryland voltou com o equipamento de intravenosa. Trabalharam rapidamente, passando os conta-gotas enquanto Nico se ajoelhava ao lado da cama. Desembrulhou um cristal de um tecido suave que tinha no bolso. — Esta é uma ametista para se concentrar, Kadan. Tem que dirigi-lo através disto. Usarei o quartzo rosa para curar. Desembrulhou a segunda peça. — Colocarei minhas mãos sobre a ferida e você reunirá a energia usando a ametista. Trata de empurrá-la para a você e depois enfoca-a sobre minhas mãos. Nunca tenho feito isto sem a Dahlia. — Posso fazê-lo — Disse Kadan. Tinha que fazê-lo. Não tinha escolha — A energia se forma redemoinhos em torno de mim, e geralmente posso enfocá-la, dirigi-la e inclusive dobrá-la a minha vontade. Me dê a imagem do que Dahlia faz e poderei captar de sua cabeça. Nico estendeu as mãos sobre o quadril nu de Tansy, diretamente sobre a longa navalhada. Desejava o interior da ferida rasgada para curar, para que o rasgo se reparasse por si mesmo. Suas mãos se sentiam geladas, como sempre quando começava. Usou um canto Lakota de cura que seu avô tinha ensinado anos antes, o ritmo constante ajudava a bloquear tudo a seu redor exceto a tarefa entre as mãos. Kadan alcançou a onda exata do cérebro de Nico, encontrou onde podia se unir e deslizou respeitosamente. Viu a imagem da mulher de Nico, Dahlia, com os dois cristais nas mãos, e ele os segurou, fechando os dedos ao redor deles. O ar ao redor dele se carregou instantaneamente, rangendo com eletricidade enquanto a energia se precipitava através dele, o enchendo, de maneira que sua temperatura central subiu e, com ela, o calor invadiu o quarto. Os cristais nas mãos resplandeceram quentes, sentiu uma sacudida e depois o formigamento de uma corrente elétrica. Colocou as mãos sobre o Nico, as palmas para baixo, os cristais entre eles. A corrente golpeou Nico com força, explodindo-se contra seu corpo com muito mais força que quando Dhalia a conduzia. O chicote de eletricidade crepitou por ele, candente, quase aterrador em sua força, e depois saltou de volta a Kadan. Faíscas diminutas choveram ao redor deles. — Contenha-o — Gritou Nico entre os dentes apertados — Muito poder. — Estou tentando — O calor que saía dos cristais queimava contra sua ásperas palmas. Odiava pensar o que faria nas mãos de Dahlia. Kadan fez uma inspiração e forçou a sua mente a permanecer conectada com Nico. Ouviu o batimento do coração do homem, o fluxo de sangue por suas veias. Tomou um momento dar-se conta de que não era o coração de Nico o que estava
escutando, e sim o de Tansy. Fez outra inspiração e chamou à energia a ele outra vez. Se inchou em resposta, uma queimadura quente o atravessou, cobrando forças uma vez mais, até que ferveu e ferveu em uma massa violenta enquanto ele enfocava e apontava através dos cristais. Imitando as imagens da Dahlia na mente de Nico, Kadan pressionou o cristal de ametista na mão de Nico. Houve um momento, um fôlego entre o tempo. Kadan viu prismas de luz estalando sob a mão de Nico e irradiando pelo quadril de Tansy. Outro golpe de tempo e se foram, mas o calor estava ali, subindo ao redor deles, candente. Compartilhar a mente de Nico permitiu a Kadan sentir o poder se desenrolando, trocando e se movendo, vindo de um apertado centro para se espalhar e crescer. O universo se desdobrou, estendendo-se diante eles, ambos os homens pareciam ser uma parte integrante e fundamental dele. Átomos e moléculas explodiam ao redor deles, iluminados como raios cósmicos. Pó de estrelas vinha de todas as direções e se reunia dentro deles. O poder se movia através de seus corpos, crepitando em veias e artérias e inclusive nos cérebros. Kadan colocou o quartzo rosa na mão de Nico. Imediatamente a força cresceu, se reunindo em uma imensa piscina coletiva de energia elétrica. Kadan sentiu a mudança em Nico, o foco repentino. Imediatamente a energia se encrespou para as mãos de Nico e os cristais que sustentava. A luz explodiu brilhante e resplandecente sob as palmas, saturando a ferida, cauterizando os rasgões e apressando o processo curativo. Os Caminhantes Fantasmas já possuíam uma capacidade natural para se curar mais rapidamente, mas a energia curativa de Nico reparava visivelmente o dano. O fluxo só durou uns poucos momentos, mas a luz era cegadora e o calor intenso. Quando Nico deixou cair os cristais de volta nas palmas de Kadan estavam mornos, quase ao ponto de estar quentes. Nico desabou contra a cama. — Isto é tudo o que posso fazer. Espero que seja suficiente. Cortou ligeiramente uma artéria, e eu não sou cirurgião vascular. Se isso não reparou o dano, terá que ir a um hospital. — Se isso não funcionou, nenhum cirurgião poderá ajudá-la. — Tratei de dirigir a energia à artéria, mas é a primeira vez que trabalhei assim sem a Dahlia, e o poder é muito mais forte vindo de você e é mais difícil trabalhar com ele — Lançou um olhar a Kadan — É um homem assustador, amigo. Kadan deu de ombros. — Não me importaria ter seu talento. Gator colocou a cabeça pela porta. — Nico, tem que sair agora. Não acredito que tenhamos muito tempo. Ouço os cães na vizinhança se comportando mau, e a mensagem é que temos estranhos indo lentamente de casa em casa. — A mensagem? — Repetiu Kadan — A sério, Gator, falar com animais o está deixando mais louco que nunca. Gator lhe dirigiu seu sempre presente sorriso e piscou os olhos. — Sim, recorda o que há dito quando os animais tomarem o poder e eu governe o mundo.
— Governa fora, onde pode chamar a seu exército para que ajudem — Sugeriu Ryland. Gator saudou e seguiu Nico ao salão, tirando armas e munição enquanto o atravessava. — Temos um veículo preparado para uma fuga rápida? — Perguntou Kadan enquanto verificava a intravenosa. Se agachou ao lado da cama, tomando a mão de Tansy na sua. — Estamos preparados para eles. Embora a vizinhança se vá ao inferno — Ryland saiu, apagando as luzes enquanto ia, afundando a casa na escuridão. Kadan apertou a testa contra a de Tansy. — Está acordada, carinho? Preciso que desperte. — Dói. Não estou segura de querer estar acordada — Tinha sido consciente de Nico enviando fogo por seu corpo e não muito mais. Tudo ao redor dela tinha tomado uma qualidade de sonho. — Estou pondo uma faca sob o travesseiro. Usa-a com o inimigo, não em você — Havia mordacidade em sua voz, suprimindo a dor sob a capa de frieza. Ela o agarrou pela manga e virou a cabeça, levantando as pálpebras para poder olhar nos olhos. — Não o estava abandonando, Kadan. Foi um acidente. Realmente um acidente. Não faria isso. Estava doída, molesta e zangada com meu pai, mas eu não nos faria isso a nenhum de nós. — Falaremos disto mais tarde — Tirou uma arma — Mantenha isto em sua mão e não me dispare quando voltar por você. Teremos que nos mover rapidamente quando formos. — Tira a intravenosa então — Tentou se levantar. O braço de Kadan era uma barra através de seu peito. — Vai se deitar bem aqui e descansará enquanto cuidamos de você. Não me dê mais problemas neste momento Tansy, porque estou disposto a te atar à cama para te manter fora dos problemas. Me assustou até a morte e eu não gostei muito. — Foi um acidente. Sua mão abrangeu sua garganta, inclinando a cabeça acima. Os frios olhos azuis a olharam fixamente. — Os acidentes estão malditamente fora de questão daqui em diante. Estamos de acordo nisso? Os olhos de Tansy procuraram os dele. Engoliu contra a palma dura e calosa antes de assentir. Kadan se inclinou para beijá-la, deixando beijos suaves como plumas sobre toda a face, garganta e pescoço. Quando chegou ao lóbulo da orelha mordiscou e depois pressionou os lábios contra os dela. — Nunca me assuste assim outra vez. Nunca. — Não o farei. Kadan não se importava se estava pedindo o impossível. Beijou-a outra vez e empurrou a arma na mão. — Não se mova até que um de nós venha por você — Esperou até que ela assentiu outra vez antes de dar a volta e sair com passos rápidos fora do quarto.
No momento que esteve no salão, entrou em modo guerreiro, reunindo seu equipamento e deslizando fora da casa por uma janela. Subiu aonde pudesse ter uma melhor vista da vizinhança e do pátio. Não queria que ninguém se aproximasse o bastante para entrar na casa, nem sequer que chegassem onde pudessem disparar no quarto onde Tansy deitava. No exterior Kadan tinha o Nico, quem podia acertar a qualquer com a mira telescópica, e Gator, que tinha um exército de animais e a capacidade de andar por linhas inimigas e se desfazer de tudo que viesse para ele com sua faca. Ryland estava dentro, preparado para evacuar Tansy em seguida. — Quero a conta completa, Nico — A voz de Ryland gritou na orelha de Kadan — Vamos dar. Estiveram vindo atrás de nós, e desta vez enviaremos uma mensagem a Violet. Dê duro neles. Kadan deu um largo e lento olhar ao redor. Tinha escolhido uma casa distante da rua em um tranqüilo beco sem saída. As luzes não alcançavam a borda da propriedade e a casa mais próxima estava a vários metros rua abaixo, só na metade da quadra, havia um parque, bem cuidado mas com vários grupos de árvores. Atrás de sua casa, estava sua rota de escapamento, uma pista para o Jipe por um terreno não urbanizado que levava a uma rua perto de uma auto-estrada. — Tenho seis. Acreditam que estão sendo muito sigilosos e estão armados até os dentes. — Me dê as posições — Disse Kadan com brutalidade. — Seis em ponto, entre duas casas. Vindo para o pátio — Respondeu Nico. — Tenho-os — Disse Gator pelo rádio — Pode se mover, Kadan; nenhum dos cães vai latir. — Segundo homem vindo pelo teto, terceira casa à direita. Tenho-o marcado — Zumbiu Nico — O terceiro corre pela cerca a uma quadra, mas vindo rapidamente. — É meu — Disse Kadan, e deslizou sobre a borda do teto, deixando cair agachado na grama. — Se encarreguem dos objetivos em silêncio, se for possível — Disse Ryland — Nico, pode manter a distancia a seu homem até que situemos os outros três? Uma vez que díspares, os outros saberão que os estamos caçando. Kadan atravessou o pátio dianteiro correndo agachado, usando uma velocidade rabiscada. O movimento atraía a vista mas, com a noite e seus inimigos a bastante distancia, estava seguro de que podia ir a cheio antes que fosse localizado. Se esmagou contra o SUV estacionado diante da casa, esperando outra vez. — Em posição — Cochichou. — Se aproximando rapidamente, perto de dez metros. Kadan subiu por uma lateral do SUV e chegou ao teto, se deitando, com a faca no punho. Gator cruzou a pradaria aberta na parte posterior da casa, uma indefinida figura que revoava de uma solitária árvore a seguinte, o levando mais e mais perto do pátio do vizinho. Kadan sempre tinha admirado a maneira suave e sigilosa em que Gator se movia. Nunca havia nenhum som, como se inclusive o vento ficasse atrás quando ele estava em movimento. Podia se fundir com tudo, até que era impossível ver quando estava imóvel, e depois simplesmente fluía como água sobre as pedras. Gator se estendeu sobre a grama, de barriga para baixo a campo aberto. Kadan marcou onde se tombou, mas ainda tinha problemas para localizá-lo. Passos o
forçaram a afastar o olhar. Sua presa estava se arrastando perto. Se moveu, o movimento era apenas discernível. Com a extremidade do olho viu o primeiro homem surgir entre duas casas e se apressar através do espaço aberto da grama, diretamente no caminho de Gator. O cajún se levantou como um espectro, dirigindo a faca com a mão em um talho rápido de traves, para baixo e atrás. Recuou e o corpo caiu para frente. Gator já estava se movendo rapidamente pelas sombras. O golpe tinha levado menos de dois segundos. Kadan se concentrou no corredor que se aproximava. Contou os passos, levantando a cabeça para olhar o homem surgir da linha de árvores e se lançar pelo atalho indo diretamente para ele. Investiu a faca e atirou, usando técnica de combate, evitando se expor enquanto ficava deitado sobre o teto do veículo. O homem cambaleou para trás, agarrando a garganta, afogando. Caiu de joelhos e de barriga para baixo no atalho. Kadan deslizou imediatamente do teto à casa ao lado do SUV, longe da rua, e agachado para minimizar qualquer objetivo que pudesse apresentar. Olhou ao redor em um amplo varrido. Nico tinha o olho no visor, avistando o franco-atirador no teto várias casas para baixo. Atrás dele um homem se elevou, todo de negro, pistola em mão. Kadan desencapou e disparou em um rápido movimento, apertando o gatilho três vezes. Nico rodou, ficou de pé com o rifle ao ombro, e disparou uma série ao francoatirador. O homem caiu, sua arma saltando pelo teto, seguido por seu corpo. — Obrigado, irmão. — Quatro abaixo — Informou Kadan. — Encontra os outros dois — Disse bruscamente Ryland — Ninguém retorna a casa do Leste. Nico seguiu rodando a borda do teto e desapareceu quando saltou ao chão. Gator rodeou alguns cercados e saiu lutando mão a mão com o quinto homem. Era impossível conseguir um disparo claro sobre ele. Kadan correu, cobrindo a distância rapidamente para apoiar o cajún, enquanto Gator afundava sua faca na coxa do homem. Kadan disparou no sujeito quando deu inclinações bruscas atrás. — Cinco, Rye — Informou Kadan. — Tenho seis. Tentou a janela. Limpem e vamos antes que os policiais cheguem. O relógio corre — Disse Ryland — Gator, não deixe atrás nenhuma dessas minas. Nos movamos, todos.
Capítulo 17
Garota travessa, travessa. A voz era arrepiante. Soava zombadora e imaterial, como se viesse de uma grande distancia, baixando um longo túnel, mas suportava uma advertência implícita e uma ameaça perigosa… Do que, ela não tinha nem idéia. Tansy girou a cabeça para tentar lançar um olhar à pessoa que falava, mas não havia ninguém. Se arrepiou. O medo desceu por sua coluna. Engoliu seco com
dificuldade e permaneceu muito quieta, tentando determinar onde estava. Era difícil ver, estava escuro, mas tinha a impressão de gente se movendo a seu redor. Trocou de posição, querendo encontrar luz, mas sua perna não respondia corretamente. O quadril e a coxa pulsavam de dor. Uma escura substância quase negra descia por sua perna, em um longo fio que acabava se encharcando no chão. A tinta gotejava ininterruptamente de cima dela, como se o teto fosse um coador. Uma grossa gota caiu sobre seu ombro. Franziu o cenho e tentou de tirar-la. Não se irá. Tansy deu outra olhada ao redor. As paredes estavam filtrando a mesma substância tinta de negro. Era pegajosa e espessa. Tinha os pés cheio. O que é? Perguntou, confusa. Houve um momento de triunfo desatado. Sentiu-o ressoar através dela, um tipo de euforia selvagem, vitoriosa e presunçosa. Apertou os lábios, determinada a permanecer quieta e não dar ao oculto observador mais munição. Tinha o pressentimento de que estava se alimentando de seu medo, querendo que reconhecesse sua superioridade. Tansy quadrou os ombros e se obrigou a confiar nela mesma. Se ele tinha que esconder sua identidade, sem dúvida estava preocupado por suas habilidades. Tudo o que precisava fazer era encontrar a saída desse estranho labirinto no que parecia estar. Seus pés estavam carregados com essa espessa imundície e estava aumentando, agora até o tornozelo. Umas sombras se moviam pelo limo. Se inclinou para olhar a elas atentamente. A face de seu pai a contemplou, com os olhos totalmente abertos pelo medo e a boca completamente aberta. Tansy recuou, o coração saltando e o ar escapando de seus pulmões. Tocou sua perna, e afastou a mão com a mancha negra sobre ela. Levantou-a e viu que não era negra, se não vermelha. Sangue cobria suas mãos. Papai! Tentou agarrá-lo com a mão, tentando agarrar seus ombros, sem entender por que ele estava se afogando e ela só estava até os joelhos. Tentou desesperadamente de levantá-lo, o puxando pelos ombros e braços, mas estava apanhado. Não podia se inundar... Sua perna não queria se mover... Só podia segurá-lo, observando com horror como o sangue subia e ele continuava se afundando bem diante seus olhos. Ouviu um grito, um penetrante gemido de angústia, a última e desesperada baforada de ar de seu pai, depois se afundou e ela só pôde segurar seus ombros, seus braços profundamente inundados, se negando a deixá-lo ir, inclusive embora sabia que ele já se foi. A menina de papai não deveria ser tão travessa. Olhe o que acontece quando é má. Um grito encheu sua mente, explodindo em sua cabeça, rugindo em seus ouvidos até consumi-la. Foi consciente de que estava lutando, golpeando algo sólido com os punhos, dando fortes murros, chutes, e se retorcendo, até que algo apanhou seus pulsos em uma desumana presa e empurrou com força seus braços contra o colchão. —Tansy! Para. Está a salvo. É um pesadelo. Está a salvo. Me olhe. Me olhe, neném. Está a salvo, aqui comigo — A voz de Kadan atravessou seus gritos.
Se deu conta de que era a única que gritava. Sentia a garganta irritada e dolorida, o coração pulsava grosseiramente e sua mente parecia um caos. Se agarrou ao som da voz dele abrindo caminho através dos diferentes estratos de sua mente. — Há tanto sangue. Kadan pressionou beijos ao longo de sua face. — Não há sangue. Abra os olhos, carinho. Confia em mim. Não há sangue. — Meu pai? — Sua voz travou. Se obrigou a abrir as pálpebras. A face de Kadan estava sobre a sua. Real. Sólida. Tão forte. Olhou mais à frente para ver os outros três Caminhantes Fantasmas, com as armas desencapadas, apinhados na porta. Não reconheceu o quarto, mas havia luz e não havia rastro de sangue por nenhuma parte. Ryland, Gator e Nico deram a volta e saíram, fechando a porta atrás deles, deixando Tansy olhando fixamente à face de Kadan de novo. Podia ver as rugas, o selo de forte autoridade, o corte de sua boca, tão severo. Seus olhos a observavam intensamente, totalmente enfocados nela, mas ainda mais importante era que estava em sua mente, enchendo-a até que não houve capacidade para o horror e o medo. Deslizou o polegar ao longo de seus pulsos e a contra gosto soltou os braços. — Está melhor agora? Me deixe olhar sua perna e ver que essa navalhada não se abriu. Recordou a saída apressada da outra casa na noite anterior, entretanto tinha estado sonolenta e suspeitava que tinha posto na IV analgésicos e algo para fazê-la dormir. Surpreendentemente, a perna doía menos que sua machucada mão. O que Nico fazia, de verdade a tinha ajudado. — Está bem — Se sentia fraca e desejava que a abraçasse — Acredito que ele estava ali. O olhar de Kadan retornou para sua cara. — Ele? Quem? Umedeceu os lábios secos. — O Fantoche. Acredito que me encontrou. — Foi um sonho. A última noite foi muito traumática, Tansy. Havia sangue por toda parte. É lógico que tivesse um pesadelo. Ela negou com a cabeça. — Acredito que foi mais que isso. Por favor se assegure que meu pai está bem. Estava em meu sonho, se afogando em sangue, e não pude salvá-lo. Kadan esfregou o queixo ao longo da parte superior da cabeça dela. Rye. Fala com o Tucker e Ian. Preciso saber que seus pais estão a salvo. Era lógico que ela tivesse pesadelos sobre seu pai, depois de todas as revelações, como não os ter? — Rye está chamando agora, carinho — Beijou-lhe a testa e a moveu para trás para examinar o quadril. Seus gritos ainda ressoavam em sua mente. Ele tinha conhecido mais medo nas últimas doze horas de que tinha tido desde sua infância — Me conte por que pensa que o Fantoche te encontrou. Me fale de seu sonho. Ela o fez com voz indecisa. Lhe ocorreu, enquanto observava sua face, que não esperava que acreditasse. Devia ter tido pesadelos antes de sua crise, muito parecido com o que estava suportando agora, e ninguém acreditou que as vozes não abandonavam sua cabeça. Ainda podia ouvir as vítimas e a seus assassinos muito
depois que a polícia tivesse fechado o caso. Ele teria que ser muito precavido com sua reação. Os dedos dela seguravam nervosamente o lençol, e essa pequena ação reveladora tocou a fibra sensível. — No último sonho que tive, por um momento pensei que ouvia sua voz, mas então desapareceu e tudo formou parte do pesadelo. Desta vez estou segura de que era ele. Kadan soltou o fôlego, sua mente dando voltas à possibilidade. — Pode fazer isso? Falar com um dos assassinos em um sonho? Ela negou com a cabeça. — De maneira nenhuma. Obtenho impressões, algumas vezes muito fortes, mas é sempre de coisas que têm feito no passado, não no presente. O Fantoche é um rastreador e pode seguir minhas impressões, mas não deveria poder se introduzir em meus sonhos. Kadan franziu o cenho e apanhou sua mão ferida sob a sua. Os nervosos puxões no lençol o estavam fazendo querer arrastá-la a seus braços e embalá-la. Precisava permanecer frio e pensar. — Já ouviu falar de caminhantes de sonhos? Tansy se levantou. Quando o fez, Kadan a agarrou pela cintura e a colocou em uma posição mais cômoda. Não protestou por sua ajuda, embora a perna já não doía tanto. Sabia, de algum jeito, que precisava ajudá-la, se sentir como se fizesse algo por ela. — Ouvi rumores desse talento, mas não o entendo e certamente não posso fazê-lo. — Um dos membros de nossa equipe, Jeff Hollister, é um talento fundamental quando se trata de caminhar em sonhos. É perigoso. Se o matarem no sonho, ou o capturam, não pode retornar a seu corpo e ao final morre. Acredito que é um talento muito pouco freqüente, mas implica também ser um rastreador de elite. Temos que confrontar o fato de que cabe a possibilidade de que o Fantoche seja um caminhante de sonhos. Nico também pode caminhar em sonhos, mas afirma que Jeff é muito mais forte. — Como funciona? — Agora estava inclusive mais assustada. Seus dedos se enredaram com os dele e se seguraram — Pode me agarrar? — Talvez, mas temos o Nico e conseguirei que Jeff suba a bordo. Teve um reverso faz algum tempo, mas está recuperado e quer ter uma missão. Isto lhe poderia vir bem. — Não entendo. — Eles podem te proteger enquanto está dormindo, talvez inclusive o matar se fizermos uma boa armadilha. — Enquanto isso, ir dormir não é uma boa idéia? — Me deixe falar com o Jeff e descobrir o que ele pensa. Precisa de ajuda para se levantar? Ela puxou sua mão quando ele se levantou. — Obrigado por acreditar. Posso estar enganada, mas não acredito. — Espero que o esteja, neném, mas prefiro estar preparado se por acaso não o está —Levantou-a da cama com um simples movimento.
— O que está fazendo? — Levando você ao banheiro, assim não tem que caminhar com essa perna. — Não o faça. Estou bem. Sério. Me vestirei e farei o café da manhã, e então trataremos de ver o que podemos descobrir sobre a equipe da Costa Oeste. Se tivermos sorte podemos captar impressões de como vai o jogo e que apostas há, além de identificar os assassinos. — Lily, a mulher de Rye, e Flame, a mulher de Gator, estão investigando os suspeitos desta Costa. Não deveria ser difícil identificar os membros das equipes que fizeram o exame psicológico e prestaram serviço juntos. Se tiverem um histórico e usaram esses apelidos no serviço, então, inclusive se agora estão fora de serviço, os encontraremos. — Me desce — Não ia ao banheiro com ele. Kadan a baixou a contra gosto, deixando que seu corpo se deslizasse contra o dele, suas mãos baixaram roçando os flancos para segurar seus quadris contra ele. Descansou a testa contra a dela. — Tem certeza, Tansy? Não quero te encontrar no chão. —Sim — Estava inclusive mais segura de que necessitava uma ducha e roupa de verdade, para enfrentar os outros Caminhantes Fantasmas depois de gritar a todo pulmão — Vá se assegurar que meu pai está bem. — Não feche a porta. — Não tenho dúvida de que se o fizer e me caio, não teria problemas em quebrá-la — Disse, rindo dele. Kadan não estava seguro de estar no estado de ânimo adequado para brincadeiras, mas as arrumou para esboçar um tímido sorriso enquanto fechava a porta no seu nariz. — Está bem? — Saudou Ryland, fechando de repente seu celular enquanto Kadan entrava na sala. — Sim. Quero me pôr em contato com Jeff. Poderíamos precisar dele. Como vai ele? — Fortaleceu seu lado direito, que foi o lado prejudicado, e já caminha. A perna direita esteve insensível durante muito tempo. Está fazendo exercício diariamente, às vezes muito. Os tremores na mão acabaram e já não tem a cara intumescida. Lily pensa que a perna direita sempre estará um pouco fraca, mas seus talentos são mais fortes que nunca. Teve mais tempo que qualquer de nós para praticar, e Lily é particularmente dura com ele, trabalhando o máximo possível nos exercícios para impedir que o capturem quando usa sua habilidade psíquica. — Se o necessitasse para caminhar em sonhos, acha que será capaz? — Farei uma dupla comprovação com Lily, mas não o vamos manter à margem muito mais. Já conhece o Jeff, é um kamikaze, alto coeficiente intelectual, necessita muita estimulação. Se entregou por completo a sua recuperação, mas quer ação. — Então fala com Lily. O que diz Tucker? — Diz que tudo está tranqüilo, mas está preocupado, podem trazer o Sam. Kadan franziu o cenho. — Ainda não. Vejamos como se desenvolvem hoje as coisas. Ela vai tentar tirar impressões de duas peças mais.
— Não está muito contente com isso. — Não, é perigoso. Talvez não seja capaz de afastá-la se as impressões são muito fortes. E temos um inimigo que não podemos identificar tentando rastreá-la. Sabe quem é ela graças às notícias. É preparado este sujeito. E paciente. Voa sob o radar. — Trabalha para Whitney? Kadan negou com a cabeça. — Não me quadra. Tansy captou que tinha trabalhado para Whitney em alguma ocasião no passado. Pensa que há uma possibilidade de que tomasse parte nas provas psíquicas para os candidatos ao programa de Caminhantes Fantasmas. Lily pode acessar a esses arquivos e obter seus nomes? —Tentará. É bastante difícil. Estamos usando uma porta traseira do computador de Whitney assim como examinando os computadores que deixa atrás, mas a maior parte desses registros se destruíram quando o programa dos Caminhantes Fantasmas foi supostamente dissolvido. Ninguém queria que saíssem as notícias de que o cientista estrela do governo, ainda trabalhando para eles, experimentou com meninas que comprava e vendia. Agora sabemos que há mais meninas das que manteve em sua casa. Este experimento esteve em marcha durante muitos anos, e ambos sabemos que outros tinham que ter estado à corrente. Kadan foi para a cozinha. Nico havia trazido provisões antes, assim havia café. Ficou a fazer o café da manhã. Tansy não ia estar de pé sobre sua perna, e seguro como o inferno que não estaria servindo o café da manhã a todo mundo antes de manipular as peças do jogo. Ryland aproximou o ombro e o ajudou, e para quando outros chegaram, o café da manhã estava preparado. Tansy entrou, coxeando um pouco, muito pálida, os olhos ocupavam a maior parte da face, mas a fragrância de canela e pecado fluiu através do ar. Ia descalça, sem maquiar, e a boca estava desprovida de batom. Levava um suave par de calças de moletom e uma fina camiseta que se pegava a seus seios, e Kadan pensou que era a mulher mais bela e sexy que já tinha visto. Foi para ela imediatamente, envolvendo o braço ao redor de sua cintura e a puxando para ele, inalando seu perfume enquanto deixava cair um beijo em sua boca arrebitada. Cheira uma maravilha. Não o podia dizer em voz alta, não diante de todo mundo, e não pôde evitar percorrer com o dedo a longitude de seu braço, roçando sua suave pele. — Seu pai está bem — Disse em voz alta. Ela o contemplou e sorriu. — Obrigado. Ansiava esse olhar em seus olhos. Suave. Carinhosa. Reservada unicamente para ele. Suas mãos acharam os quadris e se deslizaram para cima, moldando seu corpo. Ela nem sequer se estremeceu quando suas palmas a acariciaram através da camiseta que estava remetida em sua cintura, encontrando seu estreito tórax, e subindo pelos laterais de seus seios. Não usava sutiã, e resistiu a embalar o suave peso, mas não pôde resistir a tentação de provocá-la. Te desnudo sobre a mesa da cozinha e faço o que queira com você?
Ela mordiscou o lábio inferior, mantendo o olhar descaradamente. É provável que tenha que esperar até que estejamos sozinhos. A forma em que seus olhos o percorreram, tocando o crescente vulto na parte dianteira de seu jeans, fizeram-no sorrir como um tolo... E ele poucas vezes sorria. — Querem sentar de uma maldita vez — Grunhiu Ryland — Vocês estão nos matando. Kadan afastou a cadeira para ela, esperando que colocasse comodamente a perna antes de se deslizar no assento do lado. — Agradeço tudo o que vocês fizeram por mim ontem à noite — Disse Tansy — Não tinha nem idéia de que esses homens podiam me encontrar, e estou muito envergonhada de meu pai pela parte que teve ao pôr em perigo suas vidas. Me acreditem, se pudesse encontrar a forma de os recompensar... — Já o fez — Disse Ryland bruscamente. — Sim? Gator lhe piscou um olho. — Sim, senhora. Esse olhar de panaca na cara de Kadan vale todas as balas do mundo — Se inclinou através da mesa por volta de Kadan e cheirou — E sem dúvida agora ele cheira bem. Kadan enganchou o pé ao redor do pé da cadeira de Gator e puxou, jogando-o no chão bruscamente. — A família de Kadan. Isso te faz da família — Disse Nico solenemente, como se nada tivesse acontecido. Não baixou o olhar para Gator que estava sentado no chão, rindo. — Já vejo — Disse Tansy. Kadan deixou cair a mão debaixo da mesa na coxa dela. Dói? Ela negou com a cabeça. Me dói mais a mão. Imediatamente pegou a mão e deu a volta para examinar a palma. — Dê uma olhada nisto, Nico. Quando tirou as luvas, a peça de marfim se marcou em sua pele, embora não era uma queimadura. Tratei de abrir a mão para obrigá-la a deixar cair a coisa, mas nem sequer pude usando os pontos de pressão. Bati a mão na beira da mesa. Acha que está quebrada? Tansy tentou afastar a mão, mas Kadan apertou a sujeição. Os homens se apinharam ao redor, olhando a estampagem da faca incrustada em sua palma. Nico deu a volta à sua mão e murmurou que abrisse e fechasse os dedos. — Não tem a mão quebrada, Kadan, e a estampagem se desvanece. Como funciona seu talento, Tansy? Ela puxou de novo sua mão, mas Kadan manteve sua posse, entretanto baixou o braço, tomando sua mão sob a mesa, fora da vista. Seus dedos acariciaram uma e outra vez a palma, longas e lentas carícias onde ninguém podia ver. — Não estou segura. Tive esta capacidade desde que posso recordar. Monte algo, e posso sentir as impressões deixadas atrás por qualquer que o tenha tocado antes. Se a energia for forte, assim como violenta, as impressões são iguais de fortes. É parecido com estar sempre dentro de conversa privadas. — Por isso leva luvas grande parte do tempo? Assentiu.
— Sempre. Não os levo quando acampo nas montanhas, mas geralmente, a menos que queira tropeçar com os segredos de alguém, sou cuidadosa. — A estou defendendo — Disse Kadan — Que é pelo que é capaz de estar bem aqui com todos nós e nesta casa. Os dedos continuaram acariciando a mão ferida sob a mesa. — Realmente deveríamos começar — Disse ela. Kadan suspirou. Ela tinha razão. Se ia eliminar a ambas as equipes rapidamente, necessitava essa informação. — Façamos então. — Eu limparei — Disse Gator. —Vou fechar a casa e estabelecer duas rotas de escapamento para estar a salvo — Disse Nico empurrando para trás sua cadeira. — Isso me deixa para falar com as senhoras a respeito do que nos podem dar sobre seus suspeitos — Adicionou Ryland. Kadan apreciou a discrição de seus amigos. Já era suficientemente difícil olhar Tansy sofrer enquanto trabalhava, mas também sabia que sua inevitável reação a envergonhava. Não queria tentar rastrear com audiência. Sustentou-lhe a mão enquanto iam ao quarto, onde tinha colocado as peças. Tinha situado as quatro peças uma ao lado da outra na penteadeira. — Sente-se. Não quero que machuque o quadril. Ela assentiu, quase sem o ouvir. Seu olhar já estava fixado no pequeno touro perfeitamente detalhado. Ele manteve sua mente na dela, querendo compreender o que fazia para assim ter uma melhor oportunidade de ajudá-la quando o necessitasse. Já havia meio se afastado dele, deixando de prestar atenção a tudo exceto ao objeto que ia dirigir. Colocou as luvas quase distraidamente, sem nem sequer o olhar. Só estavam Tansy, a peça de jogo de marfim e a informação que proporcionaria. O primeiro que mudou foi sua respiração. Kadan olhou à face de Tansy mais que a suas mãos. Soube o momento em que agarrou o touro de marfim com as mãos enluvadas. A sacudida de violenta energia foi forte. Sentiu-a explodir através da mente de Tansy para abranger a sua. Junto com a violência vinha uma energia sexual que não o surpreendeu. O registro de rastreamento de Tansy era de 100%, e se pensava que uma peça representava a natureza extremamente sexual do proprietário, ele acreditava. — Está muito comprometido no rodeio. Gosta do poder do touro e o deseja para si mesmo. Desfruta de suas proezas com as mulheres. Seus companheiros querem os detalhes e ele trata de ultrapassar seu recorde de várias mulheres em um dia, todas rogando por seus cuidados. Freqüentemente tem duas mulheres ao mesmo tempo. Desfruta do que pode conseguir delas para fazer tudo o que queira, mais que para desfrutar realmente do ato sexual. É um yonki absoluto da adrenalina, necessitando o pico todo o tempo. O assassinato lhe dá sua dose, mas a idéia de sair-se com a sua, o planejamento, levá-lo a cabo, e sair ileso... Isso é o salto de adrenalina para ele. Quanto mais público tem e maior é o risco, melhor é o pico. Seus olhos se obscureceram, trocando do azul à violeta. Ele podia ver as linhas prateadas começando a se formar neles, e seu ventre se endureceu em apertados nós
do tamanho de punhos. Se afastava mais e mais dele pelo fio do vaqueiro, onde não poderia segui-la realmente. Podia ver imagens imprecisas, indo e vindo rapidamente, mas o olho de sua mente não as podia agarrar. Só podia recolher as impressões dela. — Isto tinha sido uma oportunidade de ficar à frente da Equipe Um. Mas o idiota do Potro não pôde mantê-la em suas calças e perdeu pontos para a outra equipe. Se pudesse o tirar de cima ficariam na frente. O objetivo era tudo o que possivelmente poderiam desejar. De alto perfil. Em público. O método estava bem para ele, só terei que fazer o trabalho. Seu tipo de cenário. A emoção de andar no palácio da justiça com câmaras por toda parte e conversando com seu objetivo tinha sido assombroso. Infernos, quase gozou em seu jeans. Guarda-costas por toda parte. Mentalidade de estúpidos policiais de aluguel. Talvez por diversão eliminaria a dois deles também, mas tinha que se assegurar de que tudo fosse exatamente como se ordenou se assegurando de que os objetivos corretos fossem tomados. Tansy engoliu com força e se forçou a ir mais devagar, para tentar dar sentido ao que estava vendo e sentindo. — Quer fazer o assassinato publicamente. É quase um sentimento eufórico, muito sexual, embora o sexo não tenha nada a ver com o crime, inclusive se acontecer que seu objetivo seja uma mulher. Não é para nada como Potro, para o que o assassinato é tudo sobre violar e dominar a uma mulher. Com este é a emoção até o final. Respirou outra vez, deixou-o sair, e se deslizou mais profundamente em seu estado hipnótico. Kadan podia ver a prata se estendendo pelo violeta, até que os olhos começaram a brilhar. — Você adorava estar no exército e não queria deixá-lo. Por que o fez então? Oculta sua verdadeira natureza tão bem. Por quê? Foi forçado a sair ou teria permanecido dentro para sempre. Podo ia fazer o que queria sem ser apanhado. Oh Deus. Kadan a viu vacilar. O dedo dela começou a deslizar com um toque hipnotizador de frente para trás sobre o touro. — Matou a mais de um companheiro de equipe, se deslizando atrás deles e quebrando o pescoço ou cravando sua faca em seu flanco. Cortou a garganta de um comandante a poucos passos de sua equipe só para ver se podia se liberar... E o fez, culpando a um inimigo que matou. Como soube ele? Ninguém o viu. Ninguém suspeitou de você jamais, entretanto ele sabia. Quem sabia, vaqueiro, quem sabia que era um assassino em serie antes que participasse do jogo? É obvio. O Fantoche. Ele soube e alimentou seu ego e o manipulou para que jogasse seu jogo. Mas por quê? E por que deixou o exército? Kadan se moveu mais perto dela, pressentindo que ia se arrastar mais longe dele. Não a tocou, mas manteve seu corpo a um centímetro do dela, olhando suas mãos agora, olhando a maneira em que acariciava o touro. — Uma ferida. Algo mau. Algo com o que podemos te apanhar. Tem uma deficiência. Um veterano das Forças Especiais condecorado que monta touros embora tenha uma incapacidade total. O que está errado com você? E como soube ele que matou?
Respirou profundamente, com o fôlego estremecido. Kadan ficou rígido. Estava se aproximando do outro fio, o sutil que era potencialmente mais perigoso que qualquer outro. — Soube que mataria. Te conhece tão bem. Se comunicou com você, te tem… Tenho seu urso de pelúcia favorito. O único que você guardou que essa velha babá que a balançava de noite quando sua cabeça doía tanto que se sentia como se alguém estivesse te cravando agulhas. Sua energia está incrustada profundamente em seu pobre ursinho. Kadan reagiu instantaneamente à voz zombadora que acariciava as paredes da mente de Tansy. Envolveu-a com seus braços, empurrando seus dedos mais longos entre o polegar e indicador, a forçando a abrir a mão para soltar o touro. Deu-lhe a volta de um puxão para que o encarasse e pôs a boca sobre a dela, a beijando longa e profundamente, se empurrando-se dentro de sua mente, a enchendo completamente, tão completamente que não havia espaço para nada ou ninguém mais. Permitiu que as imagens enchessem sua mente e as empurrou na dela, imagens deles dois fazendo amor, quente, doce e violento, justo da maneira em que a estava beijando. Não deu aos assassinos e às vítimas oportunidade de se assentarem, os varrendo à parte e estabelecendo sua reclamação. As pálpebras dela revoaram, e quando ele levantou a cabeça a cor tinha voltado para violeta, o véu opaco tinha desaparecido. Beijou-a outra vez. — O fizemos. — Havia uma mancha de sangue em seu nariz. Ele a tirou com a ponta do dedo — Recolheu muita informação inclusive através das luvas. — Seu corpo estava tremendo e ela ainda parecia longínqua, mas a tinha tirado do transe e empurrado aos assassinos fora de sua mente — Me deixe te levar a outra sala. Vai necessitar seu remédio para a dor de cabeça. Ela sacudiu a cabeça, apertando seu braço com os dedos. — Não. Tenho que perseguir o outro. Quero o que tem as impressões mais fracas. Tenho que fazê-lo agora. Estava cambaleando pela fadiga, e ele já podia sentir os começos da dor de cabeça golpeando-a. Nem sequer tinham comentado a informação da primeira peça ou falado sobre o Fantoche. E Kadan, seguro como o inferno, que não ia deixar ela em algum lugar perto desse bastardo. — É muito próximo. Está esgotada e exausta. — Exatamente. Ele acreditará que não o posso fazer outra vez tão próximo. Não estará me procurando. Esta é minha oportunidade. É tão arrogante que pensa ser mais forte, que talvez não o posso encontrar antes que ele me encontre. Foi à casa de meus pais, Kadan. Sabe quem sou e foi à casa de meus pais, entrou de algum modo e foi por minhas coisas. Tenho um urso de pelúcia que tinha antes de ser adotada. O tem. Vou encontrá-lo agora, hoje. Pensará que acabei e não estará espreitando para me fazer uma emboscada. — Eu não gosto disto, Tansy — Disse Kadan, inquieto com a idéia. Estava esgotada e sacudida, podia sentir seu corpo tremendo contra o dele.
— Posso fazer isto, Kadan — Se encontrou com seus olhos o olhando fixamente — Posso. Temos uma oportunidade de rastreá-lo neste momento. Poderia ser nossa melhor oportunidade. Ele respirou fundo e afastou sua necessidade de protegê-la, seu desejo de envolvê-la e mantê-la a salvo de qualquer dano. Não era uma mulher que fosse ao seguro, e assim como desejava que ela aceitasse sua natureza, ele precisava aceitar que era muito valente para seu próprio bem... E a amava dessa maneira. — Maldição — Disse, capitulando — Qual? Tansy se inclinou contra ele procurando força enquanto passava as palmas por cima das três peças restantes do jogo. A foice emitia energia e afastou as mãos rapidamente. — Move essa para mim. Kadan recolheu a foice esculpida com um tecido e a pôs a um lado. Tansy o tentou outra vez. As outras duas peças de marfim estavam uma junto a outra, de maneira que pôde julgar sua potência. Escorpião a golpeou bastante forte, enviando impressões de raiva a sua mente. Afastou rapidamente a mão e olhou fixamente à última... O falcão. — Acredito que é minha melhor oportunidade, Kadan. As outras expulsam muita violência, capto impressões quando estou a centímetros delas. Esta é muito mais contida. — Façamos então — Disse Kadan. Acariciou suas costas com a mão, a curva da coluna vertebral, e seu arredondado traseiro. Não sabia se a tocava por ele ou por ela, mas não podia parar de acariciá-la. Suas mãos foram a seus quadris, deslizaram sob a camisa, e ali massagearam a tira de pele com as pontas dos dedos — Está segura, Tansy? Assentiu. — Estou bastante segura que posso apanhar ele. Ele inclinou a cabeça até sua nuca, raspando com os dentes para frente e para trás. — Sei que pode, carinho. Encontra-o para nós. Ela nunca saberia o que lhe custou, mas se obrigou a dizer as palavras com convicção, quando no fundo, seu ventre estava atado de novo. Não podia convocar o gelo quando algo concernia a ela, nem sequer quando mais o necessitava. Tansy não vacilou. Cavou as mãos ao redor do pequeno falcão de marfim. Instantaneamente a energia se formou redemoinhos sobre e dentro de sua mente. As imagens entraram em torrentes junto com a lama espessa que tinha chegado a aceitar com os assassinatos para muito tempo. Manteve as palmas muito perto, quase acariciando a peça de marfim. Ele tinha tirado uma carta e o assassinato era muito preciso. Tinha que seguir os passos específicos para conseguir os pontos que sua equipe necessitava, agora que tinham uma oportunidade verdadeira para ganhar, obrigado que Potro a fodeu. Não havia imaginação implicada nisto, nem criatividade. As vítimas sempre eram escolhidas adiantado, mas geralmente tinham ao menos escolha de como queriam “fazê-lo”. — Não é feliz, não é? — Murmurou ela em voz alta.
Kadan a aproximou mais perto, pele com pele, desejando que estivessem nus e assim poder se deslizar contra ela, a distraindo de ser sugada muito e se afundar pelo túnel onde as vítimas esperavam gemendo e o assassino crescia mais forte. Tansy tentou empurrar para diante do assassino para encontrar a ameaça que procurava, mas Falcão estava zangado. Era um homem cuidadoso e não gostava do modo em que o jogo estava desenhado. Queria contatar com o árbitro, geralmente proibido a menos que o assassinato tivesse que ser penalizado. Os membros de sua equipe estavam zangados com ele, mas eles não eram quão únicos cumpriam os detalhes, e não era justo. Era bom no que fazia, e seguiu o escrito até o último detalhe... Até este. As instruções eram somente muito precisas, e não gostava. O árbitro estava provavelmente tentado conseguir que a Equipe Um voltasse para o jogo depois de que Potro a fudesse dessa forma. Foice estava especialmente zangado, quase o enfrentando. Queria ganhar esta ronda, e quando Foice insistia em que fizessem algo a sua maneira, os outros sempre o secundavam. Bem, não desta vez. Este era seu jogo e o jogo tinha que ser justo. Kadan se esticou. Conhecia esse nome. Encontrou com Foice uns poucos anos atrás em uma missão no Afeganistão. Homem grande. Competente. De frios olhos e mãos como Nico quando tinha uma arma. Começou a dizer a Tansy, mas não quis romper sua concentração. Poderia rastrear a Foice. Marinha. Muita experiência de combate. Que demônios fazia correndo com um grupo de assassinos? Com o passar dos anos, tinham lutado juntos em umas poucas batalhas, e o homem conhecia seu trabalho. Kadan o tinha respeitado. Tinha sido realçado? Kadan não acreditava, não naquele momento. Isso deve ter vindo mais tarde. O homem não tinha sido um assassino frio como uma pedra, não então. Isso queria dizer que o realçamento podia empurrar a alguém um pouco torcido sobre a borda? Jack e Ken Norton tinham especulado freqüentemente a respeito disso, junto com parte de outros Caminhantes Fantasmas. Talvez não fosse o mesmo homem a final. Kadan esperava que não, tinha sido um bom soldado. Tansy apertou mais forte a figurinha do falcão, permitindo que sua mão enluvada acariciasse as plumas individuais. Ele se negava a permitir que Foice o intimidasse; usou a Internet e encontrou o livro de visitas que o árbitro tinha dado para pôr mensagens. O livro de visitas era de um autor de grande êxito em vendas, e só uma resposta automática voltaria para ele. Verificaria no dia seguinte a resposta do árbitro. Quando veio, Falcão foi infeliz. Não podia haver separações. Siga as instruções exatamente ou perca todos os pontos. — O peguei. Tansy respirou as palavras em voz alta, lutando contra o entusiasmo. Tinha que permanecer calma e não permitir que nenhuma vibração desse fio de ancoragem se transmitisse a Fantoche. Começou um lento arrastar centímetro a centímetro pelo túnel, tentando desesperadamente ignorar os surpreendidos ofegos das vítimas enquanto Falcão entrava na casa através da janela do segundo andar, e seguindo as diretrizes da carta que tinha tirado, entrou primeiro no quarto do menino e fez o trabalho. As duas meninas foram as seguintes. Tansy fechou os olhos, a respiração ofegante enquanto tentava se deslizar sem olhar, mas era impossível. Um menino ao redor de oito anos e as outras de não mais
de cinco. Pelo menos foi misericordioso, não alargando o trabalho. Estavam mortos antes que fossem conscientes do intruso. Falcão se arrastou pela escada, olhando o relógio, cuidadoso do tempo. Os adultos estavam no primeiro quarto. Matou o homem instantaneamente, antes de despertar à mulher. O medo explodiu sobre Tansy em ondas. Tampou a boca e as mãos da mulher com fita adesiva e continuou apunhalando o homem morto repetidas vezes enquanto ela olhava, soluçando e suplicando, aterrorizada dele. Não falou, mas a agarrou e a arrastou escada acima, primeiro a atirando na cama com as meninas, permitindo que seu sangue empapasse seu robe. Tansy podia sentir sua aversão pela tarefa, mas a arrastou ao quarto do menino pequeno e a empurrou na cama. Ela gemia agora, pelo choque, tentando alcançar seu filho. Falcão vacilou, agarrou à mulher pelo cabelo, sua aversão pelo trabalho ia crescendo, mas a determinação triunfou. Tinha chegado a tal ponto, feito tudo o que se supunha que tinha que fazer por sua equipe. Sua culpa, puta trapaceira e mentirosa. Olhe o que fez. Esperou até que o horror das repercussões de sua infidelidade se registrassem, pegou uma fotografia de sua cara, então disparou entre as pernas, em ambos os seios, e por último em sua boca aberta. Não deveria enganar a seu marido, puta, não quando ele está servindo a seu país. A bílis subiu, mas Tansy lutou por baixá-la. Estava muito perto para perdê-lo agora. Isto tinha sido um encargo, lisa e sinceramente. Estava segura disso. Tinha visto encargos antes, sabia como se sentiam. Falcão talvez queria ganhar um jogo, mas em algum lugar, alguém tinha desejado que esta vítima, esta mulher, sofresse por sua infidelidade. Esta matança não era aleatória. Alguém a tinha escolhido. — O morto não é seu marido — Murmurou em voz alta, em caso de que Kadan não estivesse seguindo a informação que tentava compartilhar com ele — Comprovao, mas sei que não era seu marido. Estava tendo uma aventura e o marido a queria castigar. Ela estava olhando mais à frente do assassinato, centrando-se nesse fio que brilhava como prata, gordurento e brilhante e muito mais grosso do que o normal. O Fantoche tinha que estar em contato com seus assassinos tanto se queria como não. Era o “arbitro”. O homem que organizava o jogo. E o estava organizando para seu benefício. Assassinatos por contrato. Tinha a sua própria equipe de assassinos pagos, e jogava com eles como se fossem tolos. Era militar, tinha sido de algum jeito parte das provas. Um monstro treinado. Trabalhava para Whitney. Ela estava perto dele agora. Garota preparada, muito preparada. Não estou acostumado a consentir caprichos, mas tem que aprender que as garotas más são castigadas. Mami e papai vão conseguir uma pequena visita de meus amigos. A voz era arrepiante. Kadan reagiu instantaneamente, sua rede de segurança, seu guardião, ficando entre ela e o homem nas sombras. Agarrou-a por ambos os pulsos e puxou das mãos para fora e longe do falcão, o deixando assentando sobre a mesa, um aviso terrível da matança de uma família inteira. — Por vingança — Sussurrou ela e enterrou a face em seu ombro.
Ela estava muito fraca para ficar em pé, e enquanto desabava ele a agarrou por debaixo dos joelhos, levantando-a contra seu peito. Ela se inclinou e vomitou, manchando o chão de vermelho. Kadan a levou ao quarto quase correndo. A pele estava úmida, a face quase cinza. — Me diga o que precisa — Disse Nico, vindo atrás dele. — Tenho medo de deixá-la dormir. Acredito que o Fantoche é um caminhante de sonhos. — Tenho algum pó — Disse Nico — Um velho remédio lakota. A manterá em um sono profundo e deterá qualquer sonho, bom ou mau. Esteve em minha família durante centenas de anos. Kadan colocou Tansy na cama e agarrou rapidamente as pílulas que a ajudariam a aliviar a dor que já golpeava seu crânio. Ela virou longe dele, tossindo e havia sangue no travesseiro. Nico ficou diante dele e colocou as mãos sobre o corpo de Tansy. — Tira meus cristais. Estão na jaqueta que há no armário do vestíbulo. Vamos fazer que esteja mais cômoda e pô-la para dormir. Não é de admirar que não queira que faça isto. A está destruindo. — Conseguiu informação importante — Disse Kadan, retornando ao quarto com os cristais — Mas o Fantoche definitivamente a está rastreando. Tenho que encontrar um modo de proteger seus sonhos. — Me dê algum tempo para curá-la com os cristais, tenho bastante pó para uns quantos dias. Isso deveria dar a Flame e Lily tempo de dar com uma direção e nós eliminaremos a ameaça. Kadan se afundou na cama ao lado de Tansy, onde podia olhá-la e ajudar Nico ao mesmo tempo.
Capítulo 18
Tansy despertou entre os braços de Kadan. Rodeava-a tão estreitamente que não estava segura onde acabava ele e onde começava ela. Estava literalmente deitado sobre ela. Uma coxa aprisionada entre suas pernas dobradas, o braço ao redor de sua cintura e a mão sobre seus seios. Notou que inclusive em sonhos ele parecia proteger seu lado ferido, cuidadoso de que nada roçasse contra a ferida. Até o lençol estava levantado com travesseiros. Tinha pensado em tudo para que estivesse cômoda. Não recordava ter dormido. Havia sentido tanta pressão na cabeça, a dor rasgando-a. Não podia suportar a luz nem o ruído. De algum modo tinha dormido, e não tinham existido sonhos quase pela primeira vez em sua vida. Estranha vez dormia à noite, e agora tinha medo de que o Fantoche a pudesse encontrar em sonhos. Tinha tido medo de fechar os olhos, inclusive quando a alvorada esteve se filtrando através da janela; se sentia bem e obviamente dormiu com Kadan envolvendo-a em atitude protetora.
Mudou seu corpo de posição experimentalmente. Instantaneamente a mão dele apertou um seio, o polegar acariciando o mamilo. — Não se mova. Sua voz era uma mistura de sexo ardente e veludo negro. Seu fôlego era quente sobre o ombro e sentiu sua boca roçando as costas. Bem, na realidade ela não queria se mover. Adorava estar entre seus braços, se sentindo decadente e preguiçosa, amando seu corpo nu abraçado tão forte contra o dele. Cada golpe do polegar enviava ondas de excitação dos seios até as coxas. Era uma maravilhosa forma de despertar. — Onde estão os outros? Ele lambeu a pele morna, arranhando o pescoço com os dentes, tomando o tempo justo para mordiscá-la, com olhos entreabertos enquanto absorvia seu tato. — Importa? — Não. A resposta saiu um pouco ofegante. Seus quadris se balançavam contra ela, esfregando a dura longitude de seu pênis pela curva de seu traseiro. A sensação era deliciosa. — Voltaram para casa com suas mulheres. A esposa de Gator está investigando, e ele quer ver o que nos encontrou. Retornarão logo. Pensei que seria melhor para nós estar sozinhos enquanto manipula as outras peças do quebracabeças. Me dei conta de que a fazia se sentir incômoda que a vissem depois da sessão, apesar de que Nico foi uma imensa ajuda, e pedi que se assegure de voltar esta tarde. Suas mãos se moveram, embalando e acariciando os seios um pouco mais agressivamente, puxando seus mamilos, fazendo-os girar entre seu polegar e indicador até que esteve tensa e dolorida por ele. Ela fechou os olhos, se arqueando para ele. — Obrigado por ser tão pormenorizado. Não posso evitar me sentir vulnerável depois, e é duro que alguém me veja assim. Na metade das vezes não sei o que acontece ao meu redor. E sempre tenho medo de acabar fragmentada e que me internem de novo. — Não acontecerá. Sempre cuidarei de você. Sorriu para ele, se sentindo doída por dentro, querendo acreditar que sempre estaria com ela. — Fica quieta, pequena. — Se inclinou sobre ela até ficar cara a cara a seu lado, mantendo seu quadril ferido a salvo do toque. Ela adorava sua face, os ângulos duros e planos, a forte mandíbula com a escura sombra, a boca sensual e seu nariz reto. Sobretudo seus olhos azul escuro, quase negros. Ele apertou o abraço sobre sua cintura e a aproximou mais, se colocando de maneira em que tivesse acesso fácil a seus seios. — Amo o morna e suave que é — Murmurou, riscando com um dedo a forma dos lábios, descendo pelo queixo para o vale entre os seios — Adoro pensar em te comer no café da manhã.
Sua matriz se apertou. O quente líquido surgiu. Adorava a forma em que ele a amava. Sua atenção era sempre intensa e total. Centrada nela. Podia fazê-la se umedecer simplesmente olhando-a. A língua brincou com seu mamilo, lambendo primeiro como se ela fosse um sorvete, pequenos golpes mais duros depois, antes que sua boca se acomodasse, quente e glutona, chupando com força. Não pôde evitar o esmigalhado gemido que escapou, nem a maneira em que seu corpo empurrou involuntariamente mais profundo no calor de sua boca. Ele alternava entre lambidas quentes, pequenas mordidas, e chupadas, para que seu corpo se mantivesse em espirais mais e mais tensas e ofegasse procurando fôlego. Sustentou-o, embalando sua cabeça, acariciando o cabelo, puxando às vezes quando uma dentada enviava fogo crepitando por seu sangue. Ela observou sua face, essas incríveis pestanas, a concentração, a escura luxúria emergente, quase atemorizante em sua intensidade. Amava isso nele... A maneira que a desejava, a maneira em que necessitava que ela se entregasse por completo a ele. Ele a fazia se sentir bonita, atraente e muito desejada. Ao mesmo tempo estava tão desesperada por sua boca, suas mãos e seu corpo. A combinação de emoções era incrivelmente sensual. Kadan encheu de cuidados seus seios, provocando e acariciando, usando sua língua como uma arma sensual, com seus eróticos dentes e suas mágicas mãos. Baixou beijando a curva de seu seio, lambendo a parte inferior e arrastando mais beijos por suas costelas. — É tão suave e cálida, Tansy. Adoro a maneira que seu corpo me responde. — Sua mão ia muito à frente de sua boca, descendo por seu suave corpo até a união entre suas pernas, comprovando sua umidade, seu desejo por ele. Kadan queria tomar seu tempo e dar um festim, uma relaxada exploração de sombras e ocos, encontrando cada doce lugar oculto, cada desencadeante. Desejava um mapa íntimo que pudesse usar para lhe dar prazer. E o queria por si mesmo. Esta absoluta entrega a ele, seu corpo aberto a cada coisa que ele desejasse fazer a ela, seu dar-se a ele sem nenhuma reserva. Ela confiava nele; se era por instinto ou pela conexão entre suas mentes, não sabia, não se importava... Ele só sabia que ela ficava inteiramente em suas mãos e dava seu corpo. Se moveu sobre ela, abrangendo cada centímetro dela com suas mãos e língua, provando e provocando, fazendo dançar seus dedos através de seu corpo até que ela o compensava com estremecimentos de prazer e suaves gemidos que não podia reprimir. Não desejava que fosse silenciosa. Precisava ouvir cada som, ver e sentir cada resposta. Arranhou-lhe outra vez o mamilo com os dentes e ela se afogou deixando sair um grito estrangulado. A língua estalou e se curvou ao redor do bico e então o introduziu na ardente profundidade de sua boca. Cada duro toque de sua língua enviava sensações que a atravessavam, chegando rapidamente a sua matriz, onde sua mão estava sobre seu sob ventre e ele podia sentir o calor e as contrações dos músculos, enquanto sua mente compartilhava cada prazer. Lambeu de novo seu caminho pela crista de seu seio, desceu pelo vale, e saboreou a canela. Um absoluto prazer o elevou pelas nuvens. Tinha que haver algum tipo de afrodisíaco na loção que usava sobre sua acetinada pele. Dela, toda dela. Até
o último centímetro. Ela se arqueou contra sua boca, aprofundando mais. Ele deslocou sua mão para baixo, sobre seu úmido montículo, deslizando o polegar no escorregadio calor, encontrando seu duro broto e raspando sobre ele com as cerdas das pontas de seus dedos. A respiração dela saía em pequenos gemidos entrecortados e queixosos, e seus quadris se retorciam e ondulavam necessitados. Ele não ia permitir que as chamas que lambiam sua pele ou o incêndio descontrolado que abrasava seu eixo o apressasse. Queria levá-la ao frenesi. Desejava doce de canela para tomar o café da manhã. Seu aroma o chamava, e cada nervo, cada célula respondeu. Separou-lhe as coxas, e levantou o olhar para ela. Tinha um aspecto tão sensual, com o rosto ruborizado, os olhos brilhando com uma fome quente e desesperada. Baixou a cabeça. Sua língua a açoitou, enviando relâmpagos candentes que atravessaram seu corpo, ameaçando consumi-la. Tansy quase saltou da cama, mas seus braços a capturaram e continuou seu guloso banquete. Os dentes raspavam e puxavam, a língua provocava e provava, e então se somaram seus dedos. Ela gritou, incapaz de parar o pulsante prazer palpitante que a atravessava. Relâmpagos zumbiam dos seios à matriz, orvalhando mais doce de canela na malvada boca. Ele a levantou, sumindo-a em uma apertada espiral de desesperada necessidade, até que só houve calor, fogo e o êxtase pecador de sua língua e dentes. Apertou mais contra seu duro e enfermo broto e as sensações se elevaram; as chamas cintilavam como uma tormenta de fogo, e ela perdeu o fôlego e a maior parte de sua mente. — Adoro o sabor que tem — Murmurou, lambendo-a avidamente. Seus dedos se afundaram e curvaram, pressionando profundamente e acariciando, a levando à loucura, a empurrando na borda do precipício, mas nunca o suficiente para que o ultrapassasse. Ela oscilava aí, procurando o orgasmo, mas ele se negava a lhe dar alargando o prazer em uma tortuoso tortura até que se estremecesse e gemesse e se escutasse rogando alívio. — O que é que quer de mim? — Ele expelia fogo em sua trêmula matriz. — Por favor, Kadan… Por favor. — Tudo o que podia fazer era retorcer-se sob sua pícara boca. — É isto o que quer carinho? — Recompensou sua entrecortada súplica. Os dedos empurraram mais profundamente, direto entre as escuras dobras. Ela podia sentir o desesperado apertão de seus músculos. E então a boca dele estava sobre seu tenso e duro broto, já inflamado pela necessidade, e ele se amamentou enquanto os dedos empurravam profundamente. Usou as cerdas aveludadas das pontas de seus dedos sem piedade, retorcendo-os contra suas inflamadas e sensíveis terminações nervosas, e ela gritou, seu corpo se retorcendo em um brutal espasmo, orvalhando de novo doce de canela em sua receptiva boca. Beijou a parte interna das coxas e o estômago, depois se inclinou para lamber a oferenda que ainda se derramava ao redor de sua ondulante vagina, antes de ficar sobre seus joelhos e pressionar a larga e acampanada cabeça de seu eixo na quente e escorregadia entrada.
— Com cuidado, carinho — Sussurrou quando ela se arqueou para ele, tentando se empalar em sua largura — Está tão malditamente apertada. Deixa que seu corpo aceite ao meu. —Empurrou seu membro através de suas suaves dobras enquanto os músculos o agarravam e estreitavam, quase o ordenhando depois. — Preciso… — Ela não podia deixar nada fora. Só necessitava desesperadamente ser cheia. — Sei o que precisa... Ele penetrou mais e mais profundamente em suas dobras, até que ficou completamente enterrado e seus tensos sacos bateram contra suas nádegas. A sensação só acrescentou mais chamas, mais calor ardente, abrasando-os. Cobriu o corpo dela, se estendendo, desejando cada centímetro de sua pele contra a dele. Seus lábios encontraram sua garganta, as mãos os seios, os dedos se deslizaram de maneira possessiva enquanto lambia seu pulso e mordiscava o percurso até sua boca. Balançou os quadris suavemente pressionando dentro, a grossa longitude roçando ao longo de seus inchados e estirados músculos, enviando mais relâmpagos descendo por suas coxas e subindo por seu ventre até seus seios. Os dedos beliscaram e estiraram seus mamilos de forma tal que o relâmpago ziguezagueava e se disparava de volta a sua escura e escorregadia vagina. Ela estremeceu debaixo dele. E então encheu sua mente, alagando-a com todo ele. Ela pulsou a seu redor, relaxando um pouco o corpo enquanto seus músculos se acostumavam à estirada e ardente sensação de sua penetração. Ele deu uma longa e lenta estocada, voltando para trás e se introduzindo pelas rodeadas dobras. Instantaneamente a eletricidade crepitou e a atravessou enquanto seu eixo roçava contra sua torcida carne. Ela se agarrou a seus antebraços enquanto ele se elevava sobre ela, mantendo esse lento, constante e tortuoso ritmo que a levava diretamente ao limite de novo, mas evitando que caísse. Kadan baixou o olhar para sua face, a seus olhos. Era dele. Estava aí nas profundidades de seu olhar. Aquele incondicional presente de seu corpo para ele. Mais que seu corpo. Cada lenta estocada de seu pênis, conduzida através do completo domínio que seus músculos tinham sobre ele, enviava ondas de prazer se balançando através dele, mas era muito mais. Quando ela o tocava, quando estava com ele assim, o frio de sua alma desaparecia completamente. Trazia calor e fogo e fundia o gelo, ou pelo menos empurrava o monstro que havia nele tão longe que não o podia encontrar. Lhe dava sua calidez, seu calor, de maneira que ardiam juntos. De maneira que se sentia vivo. Diga que me ama. Diga-o em voz alta. Manteve o mesmo ritmo torturante, enquanto o corpo dela se retorcia sob o seus e seus quadris se sacudiam para cima, desesperada pelo alívio. Diga, Tansy. As mãos dela capturaram sua face. Seu olhar se fixou no dele. —Te amo. Cada parte de você. Não pode senti-lo quando me entrego a você? Me sinta, a maneira em que te necessito. Ela moveu seu corpo em pequenos círculos, apertando os músculos, para que os sentisse como punhos de veludo massageando e amassando seu sensível eixo, sugando-o como uma boca apertada, mais quente que o inferno e igualmente pecadora. Ele ouviu seu próprio gemido rouco misturado com o gemido choroso dela,
e abandonou toda pretensão de controle. Empurrou, dura e profundamente, uma e outra vez, os quadris em uma frenética busca do êxtase, correndo para ele. Sentia a cabeça como se fosse explodir, seu sangue fervia, suas bolas ficaram tensas e duras, e continuou cravando-se dentro dela. Se introduziu mais profundo e duro, uma e outra vez, porque ela o amava e, que Deus o ajudasse, necessitava desse amor... Estava desesperado por ele, desesperado por mostrar a ela como se sentia em troca. Sentia ela rodeada a seu redor, e a segurou mais forte, mantendo-a indefesa, segura embaixo dele enquanto se impulsionava nela uma e outra vez. Ela estava com a boca completamente aberta e os olhos opacos. Gritou e seu corpo pulsou e ondulou, arrebatando sua semente, absorvendo tão fortemente a sensação que desceu por sua coluna vertebral e quase explodiu o crânio. Ela o secou, tomando cada quente pulso de seu corpo e o ordenhando mais. Seu corpo se estremeceu uma e outra vez ao ritmo das poderosas sacudidas dele. Sua matriz se ondulou e convulsionou ao redor dele, perdendo força gradualmente e depois se apagando enquanto ficavam juntos, ofegando. Kadan desabou sobre seu suave corpo, lutando por respirar. Acariciou sua garganta com o nariz enquanto rodava a um lado, com um braço ainda apertado ao redor dela. Nunca antes gozou assim em sua vida. Nunca havia sentido essa quebra de onda de amor e emoção o atando tão tirante, com luxúria e desesperada necessidade. Jamais tinha imaginado que poderia se sentir assim, e uma parte dele não confiava em tão boa fortuna. Ela tinha dito que o amava, mas ele estava em sua mente, e havia algo que estava errado, que o sacudiu. Beijou-a de novo, desejando estar completo, querendo que as dúvidas se fossem, e não seguro de como consegui-lo quando não encontrasse a forma através do sexo — Quando puder caminhar, vou tomar uma longa e quente ducha — Anunciou ela. Ele inclinou a cabeça a seu seio, colocando o suave montículo em sua boca. Sugou por um momento e mordiscou, precisando deixar sua marca. Ela ofegou, um pequeno e suave grito de protesto, arqueou seu corpo para se aproximar mais a ele, mas não o deteve, ao contrário, suas mãos acariciaram o cabelo enquanto o sustentava contra ela como se soubesse o que ele estava fazendo. Parando na porta do salão, Kadan observou Tansy com olhos entrecerrados. Estava aconchegada no sofá com as pernas dobradas e o longo cabelo deslizando ao redor de seu corpo, igual à seda. Como de costume, ela não se incomodou em se arrumar e estava descalça. Levava sua camisa de pescoço de botões e podia ver a borda dos seios e os mamilos mais escuros através do material fino. Havia algo muito satisfatório em vê-la com uma camisa dele e saber que levava pouco embaixo dela, salvo sua marca. Se cruzasse a sala e tomasse no chão, tinha a sensação de que estaria mais que disposta embora estivesse esgotada. Ela dava goles em seu chá e folheava uma revista, mas seus olhos, quando os levantou para ele, eram mais violetas que azuis, e suspeitou que sua mente não estava com ele... Ou no chão. Seu cérebro estava
juntando as peças do quebra-cabeças. Ou talvez estava com ele e ele estava se perdendo. — Está bem, carinho? Acabei sendo um pouco mais brusco do que pretendia — Esfregou a escurecida mandíbula e soube que as coxas dela estavam arranhadas. A necessitava de volta com ele; ainda não estava disposto a deixá-la ir por esse perigoso atalho outra vez. Nem queria que ela pensasse que merecia algo melhor que estar com um homem que não tinha feito nada que não fosse trazer caos a sua vida. — Estou melhor que bem — Sorriu para ele, mas havia algo triste em seus olhos e o sorriso foi melancólico. Seu coração deu um anormal salto em seu peito, e no fundo, tudo se imobilizou. Inclusive a forma em que ela sorvia o chá era atraente, e ainda assim parecia estar tão longe, como se se estivesse distanciando de si mesma. A única coisa que não podia ter com ela, a única coisa com a que nunca seria capaz de viver... Era a distância. Ele apoiou um quadril contra a parede, seus olhos nunca abandonaram sua face. — Não posso recordar ter tido jamais um lar. Nunca esperei ter minha própria mulher nem viver em uma casa com ela — Cruzou os braços sobre o peito e a observou sem piscar, usando seu frio e felino olhar — Quando isto acabe, se casará comigo? Ele obteve toda sua atenção agora. Ela piscou rapidamente e separou os lábios ligeiramente. Teve o impulso de beijá-la, mas permaneceu onde estava, sem afastar nunca os olhos de sua face. — Já me fez essa pergunta e disse que sim. — Não, eu te disse que íamos nos casar. Te intimidei até que me disse o que quis ouvir. Quero saber se realmente vai se casar comigo. Tocou o lábio inferior com a língua, a careta que freqüentemente se encontrava olhando fixamente. Ela ficou em silêncio, um pouco em estado de choque, e embora soubesse que não devia, ele tocou sua mente, precisando saber o que ela estava pensando. Ela tinha estado em um hospital muitos meses depois de uma crise. Podia acontecer de novo. Que tipo de genes passaria a seus filhos... Aos de ambos? Ele poderia tão sequer ter filhos com ela? E seu pai, o que acontecia a ele? Tinha que levar luvas quase todo o tempo, chegaria isso a ser um problema? O que acontecia seu trabalho? Gostava de estar muito longe das pessoas, onde podia simplesmente viver em paz. O que acontecia o trabalho dele? Tinha nascido guerreiro e nunca seria feliz fazendo alguma outra coisa. Quanto tempo podiam ter juntos? Mais que qualquer outra coisa, queria estar com ele, mas seria justo para ele? Podia fazer isso? Ser egoísta e tomar o que oferecia embora não tivesse a menor idéia do que podia acontecer… — Para. Seu olhar se elevou bruscamente até encontrar o seu. Parecia assustada. — Pode me amar tal e como sou, Tansy? Pode viver com um homem como eu? Isso é o que deveria estar se perguntando, não todas essas tolices.
— Como viveremos? — Soava triste, quase angustiada. Apertou os dedos ao redor da xícara de chá até que os nódulos ficaram brancos — Como agora? Fugindo? Enquanto esteja comigo, nunca terá um verdadeiro lar, Kadan. Whitney não vai parar e ambos sabemos. — Não respondeu a minha pergunta. Pode me amar tal e como sou? — Sabe que já o faço, mas esse não é o ponto, Kadan. Pressiona muito duro algumas vezes, e tanto se pense ou não, minhas preocupações são legítimas. Se levantará um dia e se perguntará por que alguma vez quis estar comigo. — Está decidido então. Se casará comigo. Diga. — Já disse. — Bom, diga outra vez. Quero ouvir compromisso em sua voz desta vez. Para mim, o divórcio não é uma opção. Quero esse mesmo compromisso de sua parte. Não importa o que aconteça, não importa o que confrontemos, o faremos juntos. Estamos de acordo. Encaixamos e não quero estar sem você. Eu não gosto de te ver sentada aí, meditando sobre se vai ficar ou não comigo uma vez tenhamos terminado isto. Quero saber com total certeza que é minha... Que nunca haja uma pergunta, uma dúvida de que nos pertencemos. Assim me diga isso. Diga em voz alta. Tansy fixou o olhar em sua face. Soava tão tenso. Tão duro. Sua cara poderia ter sido esculpida em pedra, seu corpo esculpido em aço, tão quieto. Quando ele cessou todo movimento voltou a ser parte do fundo, cada parte dele completamente imóvel... Esperando. Por ela. Parecia como se tudo que ela fosse dizer não importasse, como se ela não o pudesse romper em um milhão de partes, mas sua mente esteve na sua e ela o conhecia melhor. Sabia que o ar podia estar fluindo por seu peito físico, mas no mais profundo, onde normalmente estava a salvo de que alguém o visse, estava contendo a respiração... Esperando. Por ela. — Te amo, Kadan. Quero estar sempre com você. E não me intimido tão facilmente. Não tenho medo de você, e ninguém me empurra para onde não quero ir. Eu estou entregando a mim mesma a você... A nós. Então sim, me casarei com você quando isto termine. Não tenho a menor idéia do tipo de futuro que teremos, mas inclusive se só consigo uma pequena parte de você, terei a melhor. Kadan não podia se mover embora tivesse querido. Por um momento teve a estranha sensação de estar caindo entre lençóis de seda e em seu quente e suave corpo, compartilhando sua pele e se deslizando na pura intimidade de sua mente. Tudo nele se assentou. — Certo — Foi a mais breve das palavras. Ele não tinha idéia de que mais dizer. Podia demonstrar, mas não podia dizê-lo. A ela não parecia importar. Dirigiu um sorriso descarado, como se captasse vislumbres de quanto significava para ele; assim o esperava ao menos... Ela merecia sabê-lo. — Ao final do dia, quando nos sentarmos em nossas cadeiras de balanço, Tansy, e olhemos brincar nossos netos, posso te prometer que estar comigo terá valido a pena — Porque ia se dedicar a fazê-la e mantê-la feliz, estava completamente resolvido a isso. — Vamos ter netos?
— Quero tudo. Nunca pensei que teria uma casa ou uma família, e com você tenho ambos, mas me faz querer tudo. Montões de netos. Ela tomou outro gole de chá e o observou sem pestanejar sobre a xícara. — E quando esteja fora fazendo suas coisas com os meninos, eu vou estar sozinha em casa com as crianças? Ele não ia mentir a ela. — Isto é quem sou. Posso te proporcionar uma casa segura com outros como nós, com Caminhantes Fantasmas. Todos nos ajudamos uns aos outros. Não estará sozinha, mas estarei te deixando com freqüência por curtos períodos de tempo e devemos viver em um ambiente seguro. Não temos escolha. — Não me preocupa estar sozinha. Sou boa nisso. Quando for, posso fazer meu trabalho de fotografia nas montanhas. — Dirigiu-lhe um pequeno e sedutor sorriso — Pode vir me buscar. — Pode permanecer onde ponha — Corrigiu — Durante as vezes que vá, não poderá ir com seus pais, onde não posso proteger a você e a nossos filhos de Whitney ou de qualquer outro que te deseje por suas próprias razões. — Isso tem sentido quando tivermos filhos, mas certamente não antes, ainda posso trabalhar. Ele esticou a mandíbula. — Pode estar em um ambiente seguro. — E minha fotografia? — Sua voz o desafiou a dizer que não podia fazer algo que amava. — Quando retornar, iremos ambos. Sou bom carregando equipamentos. Treinei durante anos nisso. Terei o jantar preparado quando voltar ao acampamento cada noite. Os olhos de Tansy se iluminaram, e ele soube que queria ver esse olhar em sua face durante o resto de sua vida. — Bem então. — O surpreendeu e agradou, capitulando sem mais discussão, como se soubesse que quando se referia a sua segurança, ele não podia ceder — Não sou de bodas grandes, mas sou uma garota bastante tradicional, e te torturar com um traje formal e smoking parece uma boa idéia, só para que comecemos corretamente. Ele piscou. Um músculo saltou em sua mandíbula e não havia maneira de parálo. O sorriso dela se ampliou. — Não é agradável. — Só se assegure que sabe no que está se metendo — Ela levantou seu pequeno queixo com uma mistura de desafio e rebeldia — Contou a Tucker e ao Ian que o Fantoche ameaçou a meus pais outra vez? — É obvio que o fiz. Redobramos a segurança. Três mais dos membros de minha equipe chegam hoje para ajudar Tucker e Ian, embora a localização é segura e duvido que realmente o necessitem. Queria que se sentisse cômoda com sua segurança. Quer chamar a sua mãe hoje? Ela afastou o olhar, pondo com cuidado a xícara de chá na mesa e arrancando fios imaginários de seu jeans.
— Acredito que esperarei outro dia ou assim. — Estará preocupada com você — Insistiu — Sempre a chamou. Sua mãe é uma vítima nisto tanto como você, Tansy — Manteve sua voz baixa e aprazível, uma carícia mais que um juízo. — Sei que o está. Só que não sei o que vou dizer a ela quando me pedir que fale com meu pai. Não estou preparada para isso, e não quero dizer ou fazer nada que a fira. Quis discutir com ela. Quanto mais esperasse, mais duro seria para ela, e se não chamava sua mãe estaria mais transtornada, e provavelmente fizesse mais perguntas, mas a ferida estava muito tenra, muito dolorosa e ele o deixou ir. Forçaria o assunto em outro momento por seu bem, mas não agora, não quando estava tão pálida e os olhos pareciam duas manchas roxas. Cruzou a sala e tomou assento no lado oposto do sofá, alcançando os pés nus e atraindo-os a seu colo para poder começar uma suave massagem. — Está preparada para me dar detalhes sobre Fantoche e de Falcão? Estive recolhendo notas e temos bastante já — Atarefou-se com os dedos com o passar do calcanhar e subindo pelo tornozelo e panturrilha — Uma vez terminemos isso, acredito que posso encontrar os outros simplesmente identificando os que já temos. O rosto de Tansy se imobilizou, o olhar saltou a sua face, e qualquer aparência de um sorriso se foi. — Não. Não teremos acabado até que dirija cada peça e reúna tantos indícios como posso. Temos que estar seguros de quais são esses homens. Não podemos correr o risco de identificar à pessoa errada, ou deixar a um deles livre para matar a mais pessoas. — Os encontrarei — Disse ele com voz confiada. Seus olhos cintilaram como violeta prateado, e ela dobrou a perna, tentando soltar o pé. Os dedos dele se apertaram ao redor do tornozelo, mantendo-a no mesmo lugar. Tansy jogou a trança sobre o ombro e olhou a Kadan. — Minha perna está ferida, não meu cérebro. Deixa de me tratar como se estivesse a ponto de me quebrar pela metade. Ele permaneceu impassível, só levantou uma sobrancelha. — Talvez sou o único que vai se quebrar pela metade. Quão último preciso é que algum monstro esteja tentando jogar jogos mentais com você — Enquanto uma mão a sujeitava forte, a outra começou a dar massagens no pé outra vez. Seu olhar furioso se transformou em cenho. — Isto não é sobre você. Se supõe que encontramos assassinos, recorda? Se não puder dirigi-lo, então tampouco você. As mãos se imobilizaram nos pés, os olhos se obscurecendo como nuvens de tormenta. — Está se sentindo muito segura de si mesma agora que acha que não posso... Ou não quererei... Me vingar. O coração saltou. Ela tinha estado segura dele, da maneira em que a estava tratando como a uma boneca de porcelana. O fantasma de um sorriso se insinuou em sua boca antes que pudesse detê-lo. Gostava desse lado dele, tudo feroz e preparado para saltar.
— Não o fará. Ele se inclinou para frente, abrangendo a garganta com a mão. — Talvez não neste minuto, mas o quadril curará logo e então não vai ser tão afortunada. Ela girou a face para sua palma, raspando-a com os dentes e depois pressionando um beijo no centro exato. — Terei sorte. O que seja que faça, acredito que acabarei por desfrutá-lo. Sua voz se afundou na virilha, endurecendo seu membro até que seu jeans estiveram de repente muito ajustados. Pior, ela tinha razão. O que ia fazer com ela? Nunca a golpearia, e se tentava algo como tombá-la sobre seus joelhos, não seria um castigo, não do modo em que seu corpo se endurecia no momento em que a tocava. Nem sequer podia dizer que negaria o sexo, ele nunca agüentaria. O calor se deslizou em seu cérebro diante seu seguinte pensamento, e o compartilhou com ela. Passarei toda a noite te mantendo perto e não te permitirei nunca se liberar. Ela ruborizou, justo do modo em que ele sabia que o faria, a cor subindo do pescoço à face. Parecia ligeiramente sacudida, um pouco muito inocente, e muito como se acreditasse que ele recorreria realmente a sua ameaça. — Está tão enganado, Kadan — Não podia apagar o sorriso bobo da face, e isso só favorecia sua conduta perversa. Provavelmente é muito capaz de usar o sexo para me controlar, e pior, provavelmente desfrutaria enquanto está nisso. Diria que a probabilidade é extremamente alta. Por que isso fazia que cada terminação nervosa em seu corpo voltasse para a vida, ela não sabia. — Está tão enganado — Repetiu, sacudindo a cabeça — A sério, Kadan. Tem que me compreender. Há algo em mim que não pode permitir que isto se vá agora, não até que acabe. Sempre fui assim. Minha mente não o deixará. — Está ficando muito perigoso. — Sempre foi perigoso, sabe. Sabia quando veio me buscar e quando ofereceu me deixar sair de toda esta confusão. Nada mudou depois. — Tudo mudou — A mandíbula esticou — Eu… — A maldita palavra não sairia, mas seu coração estava ferido, apanhado em um nó. Tudo tinha mudado. Antes, ele não tinha tido nada que perder; agora tinha tudo, e tudo estava sentado justo a seu lado no sofá. — Kadan — Sua voz suavizou, se deslizando sobre ele sedosamente como o toque de seus dedos — A vida é um risco. Sabe isso melhor que ninguém. Você tem que ser quem é, um guerreiro, um homem que arrisca tudo para servir a outros. Eu tenho que seguir fazendo o que faço. Escolhi este atalho e agora estou nele. Não posso ser menos do que sou mais do que você pode. — Maldição, Tansy, está me pedindo que arrisque sua vida. Sua prudência. Não se viu ontem à noite quando a levei sangrando à cama. Teve um ataque e nem sequer podia abrir os olhos ou suportar o ruído. Se Nico não tivesse estado aqui, não tenho nem a menor idéia do que teria feito. Ela esperou um batimento do coração, só olhando-o. Uma vez que os olhos dele se enlaçaram nos seus, se inclinou para ele.
— Te amo, Kadan. Não vou a nenhum lugar. Pela primeira vez em anos fui capaz de tocar a alguém sem levar luvas. Fui capaz de usar meu talento outra vez quando pensei que nunca mais o seria. Sim, imediatamente depois, tenho repercussões, mas os exercícios que me deu estão funcionando. Não tenho dores de cabeça constantemente e posso dormir de noite. Para mim, é um milagre. Sempre o será. Rastrear é importante para mim. Quero ser capaz de fazê-lo quando o necessitar, e acredito que posso chegar a um ponto, com sua ajuda, onde o obtenha. Até que resolvamos, é obvio tropeçaremos com alguns buracos… — Parou quando ele fez um som zombador como se grunhisse, mas depois continuou — Quero ser capaz de ajudar também, para fazer algo e atalhar os assassinatos quando ninguém mais é capaz de fazê-lo. — Eu não gosto. — Sei que não. Eu não gosto que arrisque sua vida tampouco, Kadan, mas compreendo por que precisa fazê-lo, porque tenho o mesmo impulso. Ele sacudiu a cabeça. — Não tenho nada mais. Nunca poderia fazê-lo em uma sociedade normal. Ambos sabemos isso. Viu meu interior. Reconhece o que sou. Você, por outro lado, tem outros milhões de coisas que pode fazer. Tansy se recostou no assento. — Sabe que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Está discutindo porque tem medo por mim. — E por mim. Não te posso perder. — Então terá que encontrar um modo de me proteger. Acredito em nós. Me trouxe de volta muito mais rápido desta última vez, e estava realmente longe. Estamos fazendo melhor. Acredito que quanto mais forte sejamos como casal, mais fortes seremos em equipe quando rastrear. — Nunca vou ganhar uma discussão com você, não é? — Provavelmente não, não quando é algo que me importa, mas não discutirei com você freqüentemente — Prometeu ela. — Isto funcionaria muito melhor se fizesse tudo o que digo, Tansy Ela dirigiu outro sorriso. — Vai funcionar muito bem. — Bem então. — Conseguiu manter a face inteiramente em branco, mas os dedos se afundaram mais na panturrilha, massageando o músculo — Vamos fazer isto. Para que eu elimine a ambas as equipes com êxito, assim como o Fantoche, temos que ter todas as identidades e tentar apanhar a todos no mesmo dia. Quanto ao Fantoche, será o mais difícil, mas tenho uma idéia. — Alguém foi ao lugar do assassinato de Serpente e procurou a câmara? Isso foi um engano imenso de sua parte. — Estamos nisso. Vamos com o perfil dos dois últimos, e se conseguirmos tanta informação como ontem à noite, deveria ser capaz de começar a caçá-los amanhã. Lily e Flame estão investigando para nós, e posso pôr a nossas equipes respectivas de Caminhantes Fantasmas em espera. Todos ajudarão. O tempo será tudo. — Quer ir à cozinha?
— Não. Trarei as últimas duas peças aqui. E suas luvas. Trarei o pó de Nico e suas pílulas também — Afastou a perna dela com cuidado enquanto ficava de pé. Precisava tomar uma pausa onde não pudesse ver que só em pensar nela tocando essas peças de jogo o fazia começar a suar. Tinha pensado que poderia controlá-la, controlar as situações nas que estivessem, mas estava se dando conta que ter uma companheira queria dizer abandonar parte de seu controle Ela ficou sentada no mesmo lugar, o queixo apoiado nos joelhos, parecendo muito frágil para andar atrás dos assassinos, mas sabia que não o era; tinha uma barra de aço na coluna vertebral e mais coração que a maioria. Quando lhe entregou as luvas, ela enredou os dedos com os seus. — Kadan. Me beije. Ele não vacilou, se inclinando para capturar a boca com a sua, amando-a, saboreando seu temor, sua crença nele. Embalou seu queixo e tomou seu tempo, provando seu sabor, sabendo que o necessitava em seu interior da mesma maneira que ele a necessitava. Então, porque não podia resistir, abriu uns poucos botões da camisa que ela usava — Sua camisa — E se inclinou para lamber com a língua a marca que tinha feito antes de pressionar beijos sobre ela. Sentiu seu estremecido fôlego e algo nele se aliviou. Com cuidado a fechou outra vez. — Me diga o que está planejando. — Encontrarei a ele desta vez e tentarei observar, mas em algum ponto me localizará. Vou permitir que me veja e ver se comete um engano — Descansou a testa contra a dele — Fique aí comigo. Sei que será difícil, mas só confia em mim. Precisarei de você. Ele tinha que ser honesto. — Não sei se posso, mas tentarei. — Desta vez, segura a peça na palma, na mesa. Eu a cobrirei com minhas mãos e tentarei recolher impressões. Se tiver que tê-lo, tocarei a parte de cima e verei o que consigo. Assim, pode afastá-la no momento que for necessário. Kadan gostou do plano. Controlava a situação, e precisava se sentir com o controle quando ela estava se pondo em perigo. Assentiu e se situou perto dela enquanto colocava as luvas. Tansy respirou, expulsou, e colocou a palma sobre a mão aberta de Kadan onde o escorpião de marfim estava, a cauda estava em posição para picar. Ondas de raiva se verteram sobre e dentro dela, alagando sua mente. A ira pulsava através dela e com ela o desejo de bater, forte e violento. Ferir algo. Alguém. Tinha a impressão de uma mulher encolhida no chão chorando. Um menino na porta soluçando. A cabeça dele doía, a pressão era intolerável. Não queria os ferir. Não a eles. O que tinha feito outra vez? Tentou não ouvir os sons de seus choros. Os deixaria desta vez. Deveria deixar. A próxima vez talvez a matasse, e nunca quereria isso para ela. Precisava encontrar os outros, lhes contar que tinha que ir o próximo, tomar um turno fora de ordem se era necessário, ou adiantar seu horário. Não podia feri-la outra vez. Os outros o compreendiam, as vozes terríveis que o guiavam. Talvez tivesse estado bem se tivesse permanecido no exército, mas de algum modo tinha perdido o
controle de seu temperamento. Cada dia parecia se agravar até que não pôde deixar de correr enlouquecida mente. Uma palavra equivocada e tinha que golpear algo, se não obedecia às vozes a dor em sua cabeça era intolerável. A satisfação de sentir o punho se estrelando contra a carne chegava a ser muito efêmero. Agora precisava tomá-lo completamente quando acontecia. Tinha que encontrar a alguém em quem verter sua raiva... Mas não nela. Nunca nela. Recolheu-a em seus braços, balançando-a para frente e para trás, tentado consolá-la, tentando se consolar. Havia sangue em suas mãos... Sangue dela. Tinha ido a três conselheiros, mas nada ajudava, certamente não os remédios que tinham dado. Se a tocava, daria um tiro em si mesmo. Tinha que encontrar um modo de parar a raiva que o consumia. Sua cabeça doía tanto, os tornos se apertavam até que pensou que a cabeça explodiria. E as vozes, sussurrando todo o tempo, dizendo que ele não era nada. E a única voz que nunca deixava, nem por um momento. Angela, sinto muito. Pega o Tommy Júnior e vá para a casa de seus pais. Se afaste de mim até que descubra o que está errado. Precisava dizê-lo em voz alta. Ela provavelmente temia o deixar. E ele tinha medo também. Se o deixava e ele se zangava, não se sabia o que faria. Chorou em silêncio, aterrorizado por todos eles, mas a dor em sua cabeça era implacável e precisava encontrar a alguém a quem golpear até que a dor parasse… Tansy franziu o cenho. Os fracos cochichos em sua cabeça tinham uma cadência familiar. Era realmente o Fantoche tomando parte em levar a este homem ao assassinato? Ele não era como os outros que tinha rastreado. Este homem estava envergonhado, espantado e cheio de remorsos. Estava lutando desesperadamente para se afastar da loucura. Tinha mulher e um filho. Não queria fazer mal a ninguém, mas não podia parar. A voz e a pressão implacável em sua cabeça causavam terríveis ataques de ira. A voz era a do Fantoche? — Não — Advertiu Kadan — Não lhe dê mais com que te rastrear — A olhou nos olhos, do modo em que sempre o fazia. Estava se afastando dele, o violeta cobrindo completamente o azul e a prata invadindo o violeta, até que os olhos brilharam com a estranha opacidade que assinalava que estava profundamente dentro do caminho de rastreamento. Tansy não respondeu, não agiu como se ouvisse. Sua mente estava completamente enfocada agora. Não a podia seguir, só ler seus pensamentos, e ela estava no fio daquela voz. Era fraca, um fio tão fino, mas afiado como a folha de uma faca, uma mordida que cortava as paredes da mente de Escorpião, causando dor e o enfurecendo com a implacável pressão. Ela permanecia muito calada, permitindo que sua mente viajasse pelo fio, com cuidado de não perturbá-lo até que encontrasse o segundo fio que se dirigia diretamente até sua presa entrelaçado com o primeiro. As impressões alagaram sua mente. Uma cabana. Bancos e mesas com instrumentos cortantes. Um homem sentado, as mãos ocupadas formando a peça perfeita. Uma obra de mestre, da qualidade de um museu. Poucos poderiam ultrapassar suas habilidades no esculpido. Cada detalhe tão preciso. Esquadrinhou os espécimes reunidos a seu redor. Desenhando-os. Um vivo na jaula de vidro. O morto segurado à mesa com alfinetes. Escorpiões de vários tamanhos. Necessitava este
perfeito. Requeria trabalho e disciplina, mas nunca tinha importado, ao contrário, valorizava os traços. Este tinha sido provavelmente um engano, mas não tinha tido escolha naquele momento. Escorpião cometeria talvez um ou dois assassinatos mais e depois provavelmente se mataria. Não gostava de cometer enganos. Colocou a ferramenta sobre a mesa e a moveu um par de centímetros. Preciso. Absolutamente preciso. Tansy conteve o fôlego bruscamente. O Fantoche tinha TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Sua oficina estava imaculada, cada instrumento marcado e colocado em um lugar exato e designado. Nada estava fora de lugar. Inclusive as aparas estavam colocadas em um pequeno contêiner, para que nenhuma bolinha estivesse sobre a mesa nem no chão do abrigo. Esta era sua residência particular e duvidava que se achasse na base. Tentou olhar ao redor para ver algo que identificasse onde estava. Quanto mais permanecia, melhor oportunidade de o alertar, mas queria dar a Kadan algo mais com que seguir. Podia distinguir as janelas, quatro vidros obscurecidos, mas ainda podia ver fora. Ele devia ter estado olhando para fora enquanto esculpia o marfim. Estava cantarolando desafinado. E estava “empurrando” Escorpião, golpeando em sua mente com golpes deliberados e dolorosos para provocá-lo. O homem não tinha filtros, e muita testosterona alagando seu corpo, fazendo-o mais agressivo do que o normal, sua genética alterada deliberadamente. Um engano. Fez outro cuidadoso corte no marfim. Tinha escolhido o Tommy porque já era agressivo. Seus talentos psíquicos já eram fortes também mas, como os outros, Tommy tinha falhado seu perfil psicológico, não, como os outros, devido a suas tendências violentas, mas Tommy as tinha enterradas sob a superfície. Tinha pensado que poderia tirar suas tendências agressivas e manipular o Tommy tão facilmente como tinha feito com os outros. Tinha estado enganado. Enganado. Detestava os enganos e nunca os permitia, entretanto Tommy era uma prova viva. Deveria ter escutado seus instintos e esperado somente um pouco mais para encontrar o candidato correto. Tansy acariciou com um dedo as costas do Escorpião, seguindo os movimentos dos dedos do Fantoche. Subindo pela cauda curvada, sentindo cada ranhura. Havia algo ali. Um relógio. Um relógio muito distintivo. Está se transformando em um chateio. Ou talvez simplesmente é solitária. Está sozinha, Tansy? Me diga onde está. Fala comigo. Tentei te visitar, mas não havia ninguém em casa. Vai estar me esperando? Tansy manteve sob controle o medo e permaneceu quieta, inspirando e exaltando, seguindo a pauta da respiração de Kadan. Ele estava ali em sua mente; o sentia, entretanto não a separou da situação como sempre tinha feito. Esperava com ela, acreditando nela, e isso lhe deu a confiança para levar a cabo seu plano. Queria manter o Fantoche falando, esperando que cometesse um engano enquanto tentava atraí-la. Se acreditava mais forte, um melhor rastreador, mas ela não estava de acordo. Ele manipulava a oito homens, mas não rastreava assassinos. Ela o tinha estado fazendo durante anos. Seu ego ia ser sua queda.
Sei que pode me ouvir. Esta desfrutando de nosso pequeno jogo tanto quanto eu? Descobri bastante a respeito de você. Coisas que você provavelmente não sabe de si mesma. Tenho acesso a vários arquivos muito secretos. Os compartilharia se estivesse interessada. Deliberadamente ela se revolveu, enviando uma vibração com o passar do fio, algum lugar entre a apreensão e a curiosidade, girando sua teia de aranha para agarrar a uma mosca. O Fantoche queria falar. Nunca antes tinha tido a oportunidade de presumir. Esta era sua grande oportunidade. Não podia deixá-la viver muito, é obvio, mas enquanto ela estivesse viva, ele poderia compartilhar sua superioridade. Alguém saberia. Tansy lhe permitiu fortalecer a conexão, enviando sua energia de volta pelo fio para encontrá-la. E com sua energia veio mais informação. Viu a caixa sobre a mesa, a inscrição breve e precisa. James R. Dunbar. Kadan abriu a mão e deixou cair o escorpião. Tinham-no.
Capítulo 19
Kadan se sentou em um pequeno reservado do bar, com Jeff Hollister e Gator em frente a ele. Nico já estava vigiando a zona alta só no caso de que necessitassem respaldo. Jeff era um menino da Califórnia, nascido e criado para o surfe e a diversão, com o cabelo loiro descolorido, um escuro bronzeado, e o corpo fibroso. Parecia se encontrar como em casa no bar, um lugar de moda com vistas às ondas que rompiam abaixo. Diretamente atrás de Kadan estava sentado seu objetivo, bebendo uma xícara de café e lendo um jornal. — Sempre está fanfarronando — Disse Gator em voz alta — Está tão cheio de merda. Ninguém pode conter a respiração sob a água durante tanto tempo, cara. Quinze minutos, que idiotice — Jeff continuou se movendo para frente — Ouvi que um cara, uma lenda local por aqui, tem um negócio de submarinos. Há rumores de que pode conter a respiração durante esse tempo. Kadan bufou com força, zombadoramente. — Pura fanfarronice. Ouvi falar dessa bolsa de ar. Estende rumores sobre si mesmo para que as pessoas vão a seu negócio, mas poderia agüentar mais tempo qualquer dia da semana. Esse imbecil não pode se comparar comigo nem em meu pior dia — Se separou da mesa, ficando em pé — Vou montar meu próprio negócio e tirá-lo a chutes deste povoado. Jeff e Gator riram de sua piada e Kadan agitou a mão e se dirigiu à saída. Atrás dele ouviu o roce de uma cadeira e sentiu que o outro homem o seguia de perto. Kadan saiu para a noite e inspirou, arrastando a informação a seus pulmões. Rã tinha mordido o anzol, se é que era Rã, e Kadan estava seguro de que Flame e Lily tinham encontrado seu assassino. Era um ex-membro das Forças Especiais, solicitou o realce psíquico e supostamente tinha sido rejeitado, mas tinha desaparecido para um treinamento especial durante meses. Reapareceu em uma equipe participando de
algumas missões, mas sua equipe tinha má reputação por ser problemático. Ao final, foi licenciado e agora levava um negócio de submarinos para turistas. Kadan parou com a mão na porta do SUV e acendeu um cigarro, algo que um condutor nunca faria. — Ouça, cara — Rã o alcançou — Te ouvi dentro, falando do mergulho livre. Faço um pouco disso. Eu gosto de baixar sem bujões. Kadan sorriu abertamente, um sorriso presunçoso. — Os bujões são para adoentados. — Tenho um bote amarrado no cais — Insistiu Rã quando Kadan deu meia volta — Quer competir de homem a homem e ver quem pode conter o fôlego durante mais tempo? Ou tem medo? Kadan deixou que sua cara se escurecesse e seus olhos flamejassem. — Ninguém pode me bater sob a água. Sou um fodido peixe. — E eu um tubarão. Assim façamos. Kadan fechou a porta de repente e puxou o cigarro que não tinha fumado. Não se incomodou em olhar ao redor; podia sentir os Caminhantes Fantasmas, sua equipe, se aproximando para o respaldar. Foi com o Ex-SEAL, o seguindo com o passar do cais até que chegaram a uma lancha de alta potencia. Subiu sem vacilar, presumindo um pouco e com o mesmo sorrisinho presunçoso na cara. — De verdade pensa que pode me vencer? — Perguntou Kadan. Em resposta, Rã subiu à lancha e a conduziu sobre as ondas por volta do mar aberto. Adiantaram a um pequeno navio de pesca a poucos quilômetros da costa e Rã desligou o motor. Sem uma palavra, tirou a camisa e jogou a um lado seus sapatos. Esperou que Kadan fizesse o mesmo antes de arrancar a lancha outra vez e começar a dirigir de retorno a uma pequena enseada. Freou a lancha grandemente, navegando através da água como se fosse um campo de minas. Kadan olhou para a água e lhe encolheram as tripas. Uma pequena colônia de mortos devolviam o olhar. Este era o campo de jogo particular de Rã. Este parou a lancha, alcançou uma geladeira, e deu meia volta. Kadan estava sobre ele antes que pudesse completar a volta, apanhando sua mão pelo pulso com a pequena agulha se sobressaindo através de seus dedos. — O que te passa, Homem-rã? Tem que me drogar para me vencer? Não sou um de seus civis confiados. — Quem é? — Perguntou Rã. Kadan o aproximou para si. — O executor. A faca oculta em sua outra mão subiu, cruzando a garganta de Rã, cortando profundamente. Empurrou o corpo de cara no mar, para que caísse sobre as cabeças das vítimas do homem enquanto olhavam para cima a poucos centímetros da superfície da água. Kadan limpou a faca, a deslizou na capa, recuperou sua camisa, e atou os sapatos ao redor do pescoço antes de se meter na água. O barco de pesca o recolheu. Nico lhe deu uma mão para subir no barco. — Ao menos sete vítimas na água. Necessitamos um limpador aqui rápido — Disse Kadan. — Já os informei por rádio — Respondeu Nico.
— As pessoas fora — Anunciou Kadan. Kadan levou os binóculos a seus olhos e olhou à mulher que caminhava fora do bar. Suas pernas mostravam seu melhor aspecto com uma ajustada minissaia e saltos altos. Tinha um balanço que dizia que estava rondando e seu corpo prometia o céu. Seu marido, Ken Norton, estava a pouca distância dela, com sua cara cheia de cicatrizes carrancuda, enquanto observava a sua esposa abrir a porta de um lustroso carrinho esportivo. — Mordeu o anzol — Zumbiu uma voz no rádio. Devia ser Jack, o irmão gêmeo de Ken. Os dois homens chegaram aos Caminhantes Fantasmas dos SEAL e eram letais com ou sem armas. Ambos eram protetores e possessivos, e Kadan não podia dar crédito a seus ouvidos quando Ken anunciou que sua esposa, Marigold, ia enganar Potro para que saísse para eles. Um homem muito bonito, alto e musculoso, seguiu Mari do bar, se deslizando através do estacionamento com rapidez, alcançando-a por atrás. A agarrou pelo braço e a fez girar, batendo-a ruidosamente contra a porta do carro, empurrando o joelho entre suas pernas. — Você cadela, não pode me envergonhar assim e sair sem mais. Estava paquerando comigo. Não é mais que uma prostituta. Kadan sentiu a tensão repentina em todos os homens. A cara de Ken se endureceu, mas não tirou o chapéu. O rifle foi até seu ombro com um movimento fluido, perito, Ken nunca falhava. Marigold se apoiou contra o carro e sorriu preguiçosamente a Potro, levantando apenas uma mão sobre o veículo para dar o sinal os Caminhantes Fantasmas para que não se movessem. Era muito público. Havia mais gente no estacionamento. — Hey, senhora, está bem? — Esse era Ian. Se via imponente, se comportando como um homem que sabia como brigar e não importava fazê-lo. Começou a caminhar para eles. — Se ocupe de seus próprios assuntos — Explodiu Potro, mas recuou o suficiente para permitir a Marigold abrir bruscamente a porta. Ela lutou com as chaves, deixando cair a bolsa, depois fechou de uma portada o carro e arrancou. Potro recolheu a bolsa, se afastando de Ian, e tranqüilamente passeou até seu carro, assobiando. Entrou e se sentou durante um momento, revistando a bolsa de Mari. — Bem, cadela rica, vai conseguir a visita de um homem de verdade esta noite. O dispositivo da bolsa transmitia o som sem dificuldade. Saiu do estacionamento assobiando. — Recue — Disse Jack — Equipe dois, se dirige a sua posição. Kadan já estava no SUV, Ken e Jack entraram por ambos os lados. — Vou lhe chutar o traseiro — Gritou Mari em seu rádio. — Você, saia — Ordenou Ken, sua voz era grave e firme — Coloca o carro na garagem como planejamos e saia. Nós faremos o resto. — Investiu com seu joelho entre minhas pernas — Resmungou Mari com os dentes apertados — Viola mulheres e depois as mata. Li o relatório de Flame sobre este cara. Eu…
— Você vai seguir o plano — Explodiu Ken. Isto é uma missão e a levaremos a cabo segundo as regras, não a transformaremos em algo pessoal. Saia. Havia agora um fio de ameaça em sua voz, e Kadan quase o admirou. Poderia ter que usar esse tom particular com sua própria mulher. Mari resmungou algo em voz baixa e Ken dedicou a seu gêmeo um pequeno sorriso. Seguiram o carro de Mari até os subúrbios da cidade. A casa tinha sido examinada, separada de outras casas, onde ninguém podia ouvir ou ver nada. Um lugar perfeito para que Potro passasse a noite torturando uma mulher. Ele entraria e se sentiria seguro. — Eu me encarrego deste — Disse Ken quando viram Mari se afastar da garagem e ir para as árvores, onde Nico a esperava com o rifle dela. Kadan negou com a cabeça. — Posso defendê-lo. Não queremos que esteja advertido. Realmente não tem importância quem mate o filho de cadela com tal de que seja exterminado. Acabarei com ele. — Esse filho de cadela colocou seu maldito joelho no meio da perna de minha esposa. Arrancarei seu coração. — Respeitaremos o plano. Não o culpo — Disse Kadan — Eu me sentiria igual, mas respeitaremos o plano. Jack deu uma cotovelada em Ken. — Direi a essa pequena gata do inferno com a que se casou que você se desviou do plano e o fez pessoal. — Você me cause problemas com ela, e um dia destes vai despertar com um corte na garganta — Disse Ken. Kadan escapou do carro sacudindo a cabeça. Ele não era o único com problemas de mulheres. Esperou no quarto no que tanto Mari como Ken queriam estar. Não havia lua e acendeu uma luz suave na sala de estar e uma lâmpada no quarto como um farol tentador. Para maior atrativo acrescentou música, não muito forte, só o suficientemente alta como para que se Potro entrava, pensasse que Mari não o ouviria quando entrasse. — Não esperou muito — Disse Jack — Vem em um carro sem luzes, se dirigindo à parte traseira da casa. — Tenho-o — Sussurrou Nico. — Em meu objetivo — Informou Mari. Kadan esperou em silêncio, a familiar calma o invadiu. Agradeceu a frieza que o mantinha afastado. Sem nervos. Era muito mais fácil que olhar Tansy rastreando os assassinos. Preferia-o assim. Rápido, limpo. Estava feito. Os ruídos indicaram que Potro tinha entrado através de uma janela do vestíbulo e estava caminhando suavemente para o quarto. Kadan deu um passo a um lado da porta. O trinco se moveu e a porta chiou quando o intruso a abriu e entrou no quarto. Não notou o carpete no chão, estava muito atento à forma adormecida sobre a cama. — Ouça, cadela. Aceitei seu convite e vim à festa — Anunciou Potro, dando um passo para a cama e afastando as mantas. Kadan se aproximou por trás, só uma sombra, sua mão brilhou em uma rápida e profunda oscilação, e Potro cambaleou, tentou girar, gorgolejou e caiu de joelhos,
depois de bruços. Kadan permaneceu imóvel esperando. Passaram alguns minutos antes que o pulso parasse — Feito. Precisamos do limpador — Não podia ser descoberto antes que tivessem completado o programa. Limpou sua faca e saiu para se unir com outros. — Dois abaixo — Disse Kadan.
—Não há forma de que caia na armadilha — Disse Gator — O cara teria que ser um idiota. Vamos, Kadan. Necessitamos outro plano. — Se for necessário entraremos em sua casa e fatiaremos sua garganta, mas saca seu traseiro cajún daí e o ataremos. — Por que tenho que fazê-lo? — Exigiu Gator. — Porque é um menino bonito. Nosso fotógrafo não vai cair com alguém com o aspecto de um de nós quando lida com modelos — Assinalou Nico. —É o plano mais estúpido que você já inventou — Se queixou Gator — Me oferecer completamente preso como um peru de Natal a um assassino em serie que gosta de torturar às pessoas não é muito inteligente. Nico dirigiu um pequeno sorriso. — Pensei que ele não ia engolir o anzol. — Bem, ocorre que sou a isca, e vi o vídeo dos ratos que comiam a essas pessoas viva. Não vou desse modo — Declarou Gator. — Não se preocupe, Menino Escravo — Consolou Nico — Manterei uma bala sobre ele todo o tempo — Franziu o cenho um pouco, resmungando em voz baixa — Espero que meu rifle não falhe, como faz ultimamente. O mantenho só por seu valor sentimental. Gator sugeriu algo anatomicamente impossível e caminhou majestosamente. Kadan indicou a outros que se colocassem em posição. Flame tinha rastreado a câmara do apartamento de cobertura e encontrou com que Serpente tinha sua própria oficina de fotografia. Kadan marcou uma entrevista para fotografar uma série de baixo pressuposto, com escravos masculinos, para um colecionador exclusivo em um armazém abandonado. Serpente engoliu o anzol sem titubear depois de saber que não haveria ninguém ali salvo ele e os dois modelos, na entrada da noite. O pressuposto era extremamente baixo e não lhes estavam pagando muito mais que os acessórios de bondade. A voz de Serpente tinha mostrado interesse imediatamente, e tinha sido visto examinando por duas vezes o lugar nesse mesmo dia mais cedo, notando o afastado que estava. Gator e Jeff tomaram posições, sem as camisas, descalços, Jeff amarrou Gator enquanto Serpente entrava. Se apresentaram eles mesmos e Serpente situou os focos e a câmara. — Aperta-o bem. Quer que pareça de verdade — Disse — Eu te atarei — Acrescentou, alcançando as cordas — Vão se divertir esta noite — Atou a corda, puxando até cortar a circulação de Jeff. — Ouça, cara, está muito apertado — Se queixou Jeff. Serpente tirou uma faca e sorriu.
— Essa é a menor de suas preocupações esta noite. Vou filmar a realidade, como te corto em pequenos pedaços. As pessoas pagam muito dinheiro por filmes como este. — Sim, o fazem— Disse Kadan silenciosamente por trás. A faca deslizou dentro com um golpe mortal. Kadan ajudou ao corpo em sua queda ao chão — Três fora. Faca era um homem com um enorme complexo de superioridade. Queria o controle e estar no comando. Desfrutava sendo cruel e humilhando os outros em público. Kadan duvidava muitíssimo que suportasse bem a humilhação pública. Kadan não tinha levado uniforme durante muito tempo, mas vestia o seu, imaculado como sempre, e junto a Gator e Ian, entrou no bar onde era sabido que Faca passava o momento. Faca estava jogando na mesa de bilhar, as mulheres rondavam a seus redor e vários homens se mantinham respeitosamente a um lado. Quando falhou um tiro, Kadan riu dissimuladamente. Gator e Ian sorriram, sacudindo as cabeças, dando meia volta como despedida para se apoiar no balcão e sussurrar. Várias das mulheres olharam os três homens largos de ombros e abandonaram Faca para investigar os recém chegados. Não passou muito momento até que Faca se deu conta de que já não era o centro da atenção. Deixou seu taco sobre a mesa e deu um empurrão apartando a uma das mulheres fora de seu caminho. A mulher tropeçou e teria caído se Ian não a tivesse apanhado. Kadan estendeu a mão em um movimento desajeitado e casual, e esbofeteou bastante brutalmente Faca. — Mantenha suas mãos se separadas da senhora. A cara de Faca se tornou vermelho cereja. Um som saiu de sua garganta, quase como o rugido de um trem de carga. Tinha estado nas Forças Especiais, estava realçado, seu corpo em forma, e ainda assim não tinha visto o movimento de Kadan, o golpe o tinha feito cambalear. Alguns dos caras aos que tinha ridicularizado no bar bufaram zombadores, mas silenciaram sua risada precipitadamente quando olhou encolerizado ao redor da sala. Abrindo e fechando os punhos, sacudiu com força a cabeça para a porta. — Quer levar isto lá fora? Kadan o olhou de acima abaixo, com uma expressão distante e depreciativa. — Não merece que perca o tempo. Só entrei para beber algo fresco. Algum outro poderá te ensinar boas maneiras — Deu as costas e bebeu o resto de sua cerveja — Estão preparados? — Olhou seu relógio de pulso — Tenho que estar na velha pista de aterrissagem em vinte minutos. Ian e Gator esvaziaram seus copos e saíram atrás dele, deixando Faca ardendo a fogo lento, furioso, suspenso na borda da violência. — Vai atrás de você — Se ouviu a voz de Jack com suavidade — Os segue a dois quilômetros de distância. Deu bem forte ao filho de puta, cara. Não há forma de que não tente te matar. — O detenha, Nico — Disse Kadan.
Jack, Ken, e Mari eram todos eles peritos franco-atiradores. Faca podia ter quatro rifles lhe apontando quando chegasse para enfrentar a Kadan. Gator e Ian o estariam cobrindo muito mais de perto. Uma vez na velha pista de aterrissagem, Kadan desacelerou seu veículo, permitindo Gator e Ian sair, que correndo pelo mato, se agacharam até abrir caminho para o hangar onde ambos tomaram posições. Ken, Mari, e Nico já tinham subido. Jack se uniu a eles mal pôde, entraram do norte, encontrando um ramo cômodo onde se deitar. — Em posição — Disse Nico — Está se aproximando. — O vejo — Disse Kadan, e deu a volta, com um cenho em sua cara enquanto o carro dava uma freada, salpicando pó pelo ar. Faca saiu precipitadamente do carro, fechando a porta de um golpe. — Você, filho de puta. Acha que pode me dar uma bofetada diante de todos e partir tão tranqüilo? — Não, pensei que me seguiria — Disse Kadan, tão frio como o gelo. Faca parou, a mão agarrava a navalha. Olhou a seu redor, se dando conta repentinamente de que estava sozinho com alguém que tinha uns olhos como geleiras gêmeas. — Quem é? — Meu nome é Kadan. Kadan Montague. Em alguns círculos me chamam Bishop. Você suja o nome dos Caminhantes Fantasmas. Envergonha a todos os soldados. A cara de Faca perdeu cor enquanto começava a recuar para seu carro. — Por que me trouxe aqui? — Perguntou e jogou a faca. Kadan caiu a terra, rodando, se endireitando aos pés de Faca, deslizando o facão para cima desenhando um oito, cortando artérias pelo caminho. Se manteve em movimento, se afastando dos jorros de sangue com o rosto desapaixonado, sem que se alterasse seu ritmo cardíaco. Observou morrer o cara e depois deu meia volta e partiu. — Esta equipe, abaixo — Anunciou Kadan —. O avião está esperando, nos movamos. Ryland entregou os binóculos a Kadan e mostrou a pequena cabana perto do lago. — Lily e Flame estiveram trabalhando contra o relógio para nos conseguir tanta informação como fosse possível sobre estes suspeitos, mas sobre o chamado Falcão só podemos especular que é o mesmo Falcão com o que Foice se associou faz poucos anos. Não sabemos o bastante sobre ele para estar seguros. Mas não há dúvida de que este é Escorpião. Se escondeu aqui, batendo uma pesada bolsa e correndo cada dia. Parece estar em má forma psíquica — Olhou outra vez a Kadan — Fiz o que me pediu que fizesse. O esclareceu com o general? Kadan assentiu. — Entrarei e terei um bate-papo com ele. É o melhor que posso fazer. — Nico está em posição — Disse Ryland — Se mantenha longe da porta e fora se for possível.
Kadan tirou um envelope com papéis de sua jaqueta, deslizou a arma no cinturão a suas costas, e verificou sua faca. — Nico, se tiver que fazê-lo, elimina-o limpamente, sem dor. Nico não respondeu. Sempre os eliminava sem lhes causar dor, um disparo. Kadan era resistente a eliminar Tom Delaney, e Nico compreendia por que. O homem tinha mulher, um filho e um bom registro de serviço, com abundância de medalhas. Assassinar nunca tinha sido sua escolha e lutava contra isso... Ainda estava lutando. Kadan avançou para a cabana. Andando. Dando a Escorpião tempo de sobra para o ver chegar. Tom Delaney girou para o ver se aproximar, seu corpo coberto de suor e sua cara uma máscara de dor, os nódulos manchados de sangue de golpear a pesada bolsa sem luvas. — Tom Delaney — Declarou Kadan enquanto inclinava a cabeça em saudação. Tom sacudiu a cabeça, um olhar de alívio na cara. — Me perguntava quem viria por mim. — Kadan Montague, senhor. Se não for inconveniente, quereria lhe propor algo. Delaney se estirou para a geladeira. — Por favor, não faça isso, senhor — Disse Kadan — Nico tem um fuzil apontado para você e nunca falha. — Deliberadamente usou o nome de um francoatirador que a maioria das equipes de Forças Especiais reconheceria instantaneamente — Eu gostaria que me escutasse. Delaney se endireitou lentamente, mantendo as mãos longe de seu corpo. — Você sabe o que tenho feito. — Sim senhor. E sei o que lhe fizeram. Seu perfil foi manipulado quando solicitou realçamento psíquico. Nunca deveria ter sido colocado nesse programa. Quando foi realçado, também o realçaram geneticamente, aumentando os níveis de hormônios para o fazer super agressivo. Sabemos que lutou contra isso. Infelizmente, a pessoa que o escolheu para este programa necessitava um oitavo jogador para seu jogo de assassinato. Quando não cooperou, começou a usar sua própria mente contra você. Você tem dores de cabeça e sangra pelo nariz, boca, e as orelhas, correto? — Como sabe isso? — Delaney deu uma olhada ao redor e baixou lentamente ao banco de madeira atrás dele, as mãos ainda diante dele a plena vista — Parece como se minha cabeça estivesse em um torno e não posso me controlar. Tenho medo por minha mulher e meu filho. — Respirava com ofegos desiguais enquanto lutava por tentar não cair — Estou ficando louco. Matei alguém, o golpeei até matar, e por um instante as vozes pararam. Mas retornam outra vez. Tentei conseguir ajuda. Fui ao hospital de veteranos. Tenho medo por minha família, por outros, mas só me deram algumas drogas. Roguei ingressar no hospital. Kadan tinha lido o relatório de seu grito de socorro desesperado. — Você foi programado, genética e psiquicamente, para assassinar, e lutou contra isso. Delaney sacudiu a cabeça outra vez, pressionando os dedos contra os olhos. — Não pude controlá-lo. Não recordo realmente ter batido nesse homem até matá-lo, mas o fiz, com minhas mãos nuas — Flexionou os dedos — Tentei me dar um tiro, mas não pude. Sigo pensando que se pudesse conseguir ajuda… — Ele está em sua cabeça. O empurrando a fazer o que deseja.
— Quem? — Delaney levantou a cabeça de repente com olhos duros. — Vou encontrar ele por você — Disse Kadan — Enquanto isso, lhe ofereço uma oportunidade. Se falha, está acabado. Nenhuma segunda oportunidade, nenhum bate-papo, porei uma bala em sua cabeça e nunca a verá vir. — Não confio em mim mesmo. Só o faça. É um alívio. Não quero ferir ninguém mais. Bati em minha mulher. Maldição, a golpeei, com o punho. Podia me ouvir gritando para parar, mas não pude. E sua face, quando me olhou… — Fechou os olhos — Só o faça, homem. — Quero o transferir a um hospital. Um médico tentará de desfazer ou rebater o dano feito com o realce genético. Uma vez que termine com o homem que puxa suas cordas, a pressão assim como as vozes de sua cabeça deveram ir. Não podemos devolver o homem que matou, mas pode fazer quanto possa para compensá-lo. Você era um bom soldado. Os papéis deste envelope dizem que ainda o é. Tudo o que sua mulher e o menino saberão é que está em uma missão. Se tiver êxito, retornará a eles, mas permanecerá sob as ordens do general e servirá a seu país quando for necessário. Se não tiver êxito, será eliminado imediatamente e será enterrado com honras militares completas. Sua mulher e filho nunca saberão o que aconteceu e receberão seus benefícios de seu seguro militar como viúva e família de um soldado morto. — Por que você faria isso por mim? — Perguntou Delaney com suspeita. — Porque tive que matar a quatro pessoas hoje e matarei quatro mais amanhã pela manhã. Você merece se salvar, e não quero ter que olhar nos olhos de sua esposa e saber que não o tentei. Não quero ter que retornar a casa com minha mulher e lhe fazer saber que não o tentei. Assinei para o realce psíquico, mas ninguém me pediu permissão para o realce genético. O que aconteceu poderia ter me acontecido facilmente . — Em troca desta oferta, o que tenho que fazer? — Delaney soava cauteloso. Era um soldado, Forças Especiais, e todos seus instintos seriam manter informação para ele mesmo. — Tem que fazer exatamente o que estou oferecendo. Não precisa me contar nada sobre como entrou nisso ou quem o fez com você. O levaremos a um hospital em uma localização não revelada. Será permitida a você uma chamada telefônica a sua mulher onde lhe dirá que foi chamado para uma missão especial a qual não pode falar. Diga a ela que a ama e que o espere, que lhe de outra oportunidade mais. A deixe saber que provavelmente estará fora vários meses. Coopere com o médico. Não mentirei. Não sabemos como desfazer os realces genéticos; o médico provavelmente terá que rebatê-los de algum jeito. Não tenho mais garantia para você que minha palavra como companheiro Caminhante Fantasma de que estou contando a verdade. Tom Delaney afastou a cara, mas não antes que Kadan o visse se afogando da emoção. — Façamos então — Disse o soldado bruscamente — E se não funcionar, me prometa que não me deixará abandonar vivo esse lugar. — Tem minha palavra — Kadan fez gestos para que ficasse em pé e girasse, indicando que pusesse as mãos na costas — É mais seguro para você. Terá armas
sobre você todo o caminho ao veículo de transporte. O deixarão fora de combate para que as vozes não possam o alcançar. Tom Delaney permaneceu calado enquanto Kadan lhe punha as algemas. — Olhe cara. Sei que não o mereço, mas se algo der errado, diga a minha mulher que realmente a amava. Tem que saber que realmente amo a ela e meu filho. — Cuidarei deles. Tem minha palavra. Kadan o dirigiu para o topo da colina, onde Ryland tinha uma caminhonete preparada. Ryland não deu tempo a Delaney a mudar de opinião, nem pensar em coisas; o nocauteou com um disparo rápido da seringa de injeção. — O Fantoche é um caminhante de sonhos. Está seguro de que não pode chegar a Delaney assim? — Perguntou Kadan. Ryland deu de ombros enquanto olhava a caminhonete se dirigir para o avião que esperava e que levaria Delaney a seu encontro no complexo que Lily tinha construído nas montanhas de Montana. —É a mistura do Nico e diz que nenhum caminhante de sonhos pode passar essas barricadas. — Cinco abaixo — Disse Kadan e saltou ao SUV. Jason Sturges, aliás Touro, ziguezagueou cuidadosamente entre os currais dos animais, avançando na escuridão pelos estreitos atalhos entre as cercas. Os novilhos chutavam no chão e bramavam ocasionalmente, inquietos e molestos pelos aromas não familiares e as molestas sombras que revoavam por seu território. Uns poucos chutaram com suas patas e empurraram contra as cercas, fazendo estralar as pranchas com seu considerável peso. Touro sorriu e se agachou um pouco mais, escutando as ondas do inquieto gado. O homem que estava tentando chantageá-lo estava em algum lugar perto das cercas mais baixas. Podia dizê-lo pela maneira em que o curioso gado balançava as cabeças. Conhecia os animais e sabia como lutar. Seguro, e bastante divertido, se aproximou um pouco para os currais mais baixos, onde os touros eram guardados. Venha sozinho, tinha sussurrado a voz rouca por telefone. Infernos sim, iria só. Talvez deveria ter convidado que viessem a se divertir dois de seus companheiros de equipe, mas às vezes um homem só precisava ter seu próprio tempo. Teria direito a presumir depois de matar seu chantagista. Qualquer o bastante tolo para interferir com um touro merecia os chifres. Interiormente riu de sua própria piada e seguiu adiante rápido, seguindo a chamada do gado. — Gator está controlando o gado — Informou Nico ao ouvido de Kadan — Conduzindo Touro a seu caminho. Não sempre posso conseguir um disparo claro. Tem muita cobertura. — Diga a Gator que continue movendo-o. Quero-o em movimento todo o tempo, assim é mais fácil de localizar. O relatório sobre Touro era assombroso. Como soldado tinha boa reputação, era considerado excelente em seu trabalho, e não tinha relatórios prejudiciais em seu arquivo. Tão louco como estava, Kadan tinha esperado encontrar uns poucos rumores flutuando, mas Touro era sortudo ou bom, e Kadan tinha a sensação de que só era bom. Flame tinha destampado uma pauta alarmante de mortes na equipe de Touro.
Quase em cada missão perdia um homem. Sua equipe tinha a taxa mais alta de perdas que qualquer equipe em serviço, mas ninguém o tinha questionado porque cada homem morto era uma morte legitimamente explicada. Sturges tinha sido um assassino em série muito tempo antes de ter sido realçado. Flame tinha abrangido seus anos de instituto e universidade. Havia estudantes mortos cada ano, e de novo, nunca tinha sido suspeito, mas Kadan estava seguro de que o homem tinha estado matando durante anos. — Está perto agora, Kadan, e é consciente de que acontece algo — Disse Nico — Não tenho um disparo claro. Kadan não tinha esperado menos de Touro. O homem era extremamente hábil e um Caminhante Fantasma. Não podia falhar ao ter radar. Sturges estava à vista agora, se movendo lentamente, uma arma em uma mão, uma faca na outra. Se movia com uma facilidade fluída, com pés leves, cobrindo o território mas permanecendo nas sombras e mantendo o gado entre ele e todo o resto. Sem advertência o homem saltou no ar, se retorcendo e disparando várias vezes na direção de Kadan. As balas golpearam ao redor dele, mas nenhuma chegou muito perto. Seus instintos eram mais que bons; Sturges tinha sentido de sobrevivência. Estava de volta ao chão, se esmagando contra os currais enquanto o gado se revolvia inquietamente, fugindo de um lado para outro, forçando Gator a lutar por mantê-los reunidos. — Nenhum disparo — Informou Nico tranqüilamente — É rápido, bom, e sabe que está encurralado. Será perigoso. Kadan não disse nada, rodando sob a cerca, se arrastando pelo chão através do gado, usando os cotovelos para se propulsar, dependendo do Gator para evitar que os novilhos grandes o pisassem. O barro e a palha emprestavam, afogando qualquer aroma que o outro homem exalasse. Sem advertência Touro carregou contra a cerca, rodando no último momento embaixo dela, sem saltar por cima, não dando nada a Nico para localizar. Sturges quase aterrissou em cima de Kadan, a faca cortando através das costas de Kadan, beijando a pele e deixando uma marca ardente que picava como o inferno. Kadan rodou, se levantando para encontrar com o outro homem, os dois corpos se golpeando com força, cada um bloqueando os pulsos do outro enquanto estavam de joelhos, tremendo com poder e força, olhares concentrados também. Sturges gritou, reconhecendo o Caminhante Fantasma e se dando conta pela primeira vez que realmente poderia morrer. Permitiu que um cotovelo se dobrasse e se balançasse para trás, tentando puxar Kadan. O agarre nos pulsos era implacável. Não podia mover nenhuma mão. Arremeteu para frente para lhe dar uma cabeçada. Kadan se moveu como se tivesse estado esperando o movimento. Usando o ímpeto para frente de Sturges, o lançou para a frente e para cima no ar. A cabeça ultrapassou a cerca e o gado só por uma fração de segundo. Nico apertou o gatilho e Sturges caiu, aterrissando com força, seus braços e pernas caíram frouxamente enquanto o gado formava redemoinhos a seu redor e o sangue alagava a palha. Kadan recuperou a faca e a arma. — Rye. Manda os limpadores. Vão seis e estamos na hora.
—Levou um pouco de tempo localizar estes dois, e tivemos sorte — Disse Ryland, se movendo entre as vinhas — Flame pirateou o computador de Foice e encontrou este pequeno esconderijo que possuem juntos. Aparentemente têm um campo estabelecido de tiro para praticar os objetivos. Viu uma fatura de equipamento pesado. Quando digo prática de objetivos, falo de objetivos móveis, como os que usamos em instrução urbana. — Então, o que estão fazendo? — Perguntou Gator. — Construíram uma pequena cidade aqui atrás. Fizemos uma série de fotos aéreas e os edifícios são em sua maior parte esqueletos. — Um cenário — Nico olhou a Kadan — Praticam os assassinatos aqui, assim podem aperfeiçoar cada um antes de levá-los a cabo. — Os detalhes importam — Disse Kadan — Vão a sério a respeito de conseguir o maior número de pontos possíveis atribuídos para cada assassinato. Isso é muito de Foice. É um perfeccionista e iria muito a sério para ganhar se entrasse no jogo — Deu um olhar ao redor a sua equipe — Isto, agitou as mãos para o complexo — É uma perversão de tudo no que acreditam. Nosso treinamento, cada soldado que atravessou meses e anos de instrução para salvar vidas. Eles retorceram as habilidades que lhes deram e as práticas de instrução para aperfeiçoar os assassinatos. Repugnam-me, mas não pensem nem por um momento que acredito que não sabem o que estão fazendo. Conheço Foice. Trabalhei com ele e é bom. Melhor que bom. Não podemos cometer nenhum engano. — Sabemos que tipo de realce psíquico ou genético tem qualquer deles? — Perguntou Nico. Ryland sacudiu a cabeça. — Não há documentação. Não em nenhum arquivo que Lily tenha podido encontrar no computador de Whitney nem em qualquer dos que Flame pirateou nos dos mesmos suspeitos. Não há nem um rumor entre as equipes tampouco. Entramos às cegas. — Temos algum indício do que a equipe ganhadora consegue uma vez que o jogo acaba? —Perguntou Gator. Kadan deu de ombros. — É o título, não importa o resto. O laço comum que todos compartilham é o ego. Querem, não, têm que se sentir superiores. Não tinha sentido pôr o Tom Delaney no grupo. Não encaixava. Tem a agressividade, mas não é um assassino, não como estes homens. — Lily diz que consideram o resto do mundo ovelhas e eles são os lobos. Quanto mais matam, mais precisam matar — Disse Ryland — Não o compreendo e provavelmente nunca o farei. — Eu não quero compreender — Disse Kadan — E isto — Varreu a mão em um arco para indicar a pequena propriedade — Isto é uma abominação. Treinam para assassinar tal como treinaram para as missões. Havia gelo em sua voz e sentia o frio familiar assentando-se sobre ele. Deu as boas vindas ao gelo que fluía por suas veias, a parte fria dele que chegava a ser
mecânica, funcionava como uma máquina bem engordurada quando era necessário. E necessitava ao guerreiro fora e completamente funcional. — Saberão que vamos — Advertiu Kadan. Ele saberia. Tinha que assumir que Foice sabia. Isto é o quintal de sua casa. Conhecem cada armadilha, cada mina. E nos estarão esperando. Nico, Jack, e Ken saudaram brevemente e se afastaram, dirigindo-se a suas posições atribuídas. Gator, Kadan, e Ryland continuaram em frente, se separando e avançando através das videiras, onde havia mais cobertura, mas mais oportunidade de uma emboscada. Kadan inalou e farejou suor. Foi ao chão, se movendo com cuidado para frente, trocando a cor da pele ao que o rodeava. Um fino arame estava estirado através do estreito atalho. — Vigiar, encontrei armadilhas. Empurra-os para mim. Deixou que seus sentidos dominassem, um estranho sexto sentido que sempre tinha estado com ele, muito tempo antes de ter sido realçado, um tipo de radar como os cabelos do bigode de um gato. O realce o tinha amplificado, dando a capacidade de “ver” imagens no som. Tanto de perto. Como de longe. Grande ou pequeno. — Um sobre você — vaiou Jack — Se mova. Uma bala soou, se afundando em um toco cem metros a sua direita. Kadan já estava rodando a sua esquerda, a uma depressão pouco profunda, escapulindo para frente. O homem nas sombras tinha que ser Falcão. Foice nunca teria exposto a si mesmo à vista de Jack, nem sequer brevemente. — Como estava sobre mim? — Perguntou Kadan. As vozes explodiram através do horto. O som de corridas e ramos se quebrando veio de várias áreas diferentes. Kadan sabia que era Gator, lançando deliberadamente sons para interromper a caça de Foice e Falcão. Kadan deslizou entre o mato, mantendo seu corpo da cor do que o rodeava. Subiu a uma árvore, usando suas cerdas para se sustentar enquanto escalava, com cuidado de não sacudir as folhas. Falcão andava por um estreito atalho, com a pistola na mão. Tinha marcado o lugar onde Kadan se afundou, mas não podia o encontrar. Kadan franziu o cenho interiormente. Estava completamente camuflado, sabia que o estava. Não tinha sacudido nem um arbusto nem os ramos. Como inferno o tinha descoberto Falcão? Falcão virou a cara para o céu e gritou, o som uma cópia perfeita da chamada de um falcão. Um falcão grande de cauda vermelha girou em grandes círculos acima. — Está usando a visão do falcão — Disse Gator, o entusiasmo e a admiração infundidas em sua voz — Pode ver o que o pássaro vê. Falcão virou para a árvore onde Kadan se agarrava a um ramo bem em cima de sua cabeça, e o assassino se encontrou olhando diretamente o cano de uma arma. Morreu assim, olhando a bala que ia para ele, o enviando para trás onde ficou estendido no chão. — Não mais — Disse Kadan e saltou da árvore, aterrissando agachado a só uns centímetros do corpo caído — Sete abaixo. A terra se sacudiu e retumbou; gêiseres de terra e escombros saltaram ao ar. A explosão foi forte, atirando Kadan para frente. Antes de poder ficar em pé de um
salto, outra explosão balançou a terra, seguida por uma terceira e uma quarta. A fumaça apareceu ao redor deles, formando redemoinhos espessamente. Kadan enviou fora seu radar e ricocheteou de volta a ele. Foice estava correndo. Kadan o perseguiu, confiando em seu sistema de advertência para permitir saber se estava se aproximando de uma armadilha. Duas vezes se desviou do rastro, correndo a toda velocidade, saltando vários arbustos quando estava seguro de que estava se aproximando da corda de uma armadilha. Os disparos de uma automática orvalharam a área e mergulhou cobrindo-se. Foice disparava às cegas e estava a alguma distância. Através da fumaça era impossível que visse Kadan claramente, mas seguro de que Kadan o estava seguindo, Foice mantinha o Caminhante Fantasma longe dele. No momento em que os disparos cessaram Kadan voltou a ficar de pé e correu. Seu radar lhe disse que Foice estava noventa metros adiante. Acelerou e instantaneamente seu sistema de advertência chiou. Mergulhou outra vez, rodando enquanto batia no chão. O chão se sacudiu, e outra série de explosões enviou terra e fumaça ao ar. Uma motocicleta ganhou vida, e Kadan apareceu de repente através da fumaça para ver Foice abanando o rabo sobre a terra para a distante ravina. Kadan se lançou em ângulo, partindo rapidamente com a arma fora, disparando aos pneus enquanto corria através do campo aberto. Foice respondeu com fogo automático, apontando sob o ombro, mas sem tomar realmente o tempo de fazer mais que tentar reduzir a Kadan. Tinha claramente uma rota de escapamento planejada e a estava usando. A motocicleta se afundou sobre o que parecia ser uma depressão e esteve fora da vista. Kadan não foi mais devagar, passando como um raio através do campo para alcançar a borda da costa que levava a profunda ravina. Espesso mato e árvores cresciam de modo desordenado cobrindo as paredes do profundo corte da montanha. Tinha um atalho, era artificial e Foice o conhecia bem. Kadan não vacilou e o seguiu. A fita do rastro estava marcada e coberta com grama e umas poucas pedras. Alguém tinha requerido tempo em tentar fazer tudo que parecia um atalho. Kadan o seguiu, mas ainda com sua velocidade, a motocicleta estava se afastando dele. Foice conhecia a ravina, cada giro e cada volta, e Kadan tinha que tomar cuidado de não romper uma perna ou ir dando cambalhotas de cabeça ao fundo. Os ramos batiam no seu rosto e o mato rasgava os braços, mas correu do mesmo modo. Localizou a Foice subindo o que parecia um lado muito escarpado, propulsando a motocicleta sobre pedras e arbustos para chegar ao topo. Desapareceu por um momento e então girou a motocicleta, parando em cima da aresta para olhar fixamente para baixo a Kadan. Kadan parou, preparado para mergulhar na cobertura se Foice levantava sua arma. Foice olhou fixamente a Kadan com um sorriso presunçoso na cara e depois levantou o dedo do meio no ar. Kadan deu uma pequena saudação para o soldado que estava acostumado a ser. Não havia maneira de que Foice soubesse que tinha sido conduzido como gado diretamente a uma armadilha, mas Ryland tinha planejado o assalto perfeitamente.
O som de dois rifles foi simultâneo. Os gêmeos Norton dispararam de lados opostos e ambas as balas pegou o assassino na cabeça. O corpo caiu derrubado da motocicleta em câmara lenta, e recuou pela costa da ravina. — Oito abaixo — Disse Kadan suavemente.
Capítulo 20
—Onde diabos está Tansy, Nico? — Perguntou Jeff Hollister. Deu a volta em um amplo círculo e depois ficou de cócoras para examinar o barro, procurando rastros — Deveria estar aqui. Nico se apressou para uma ligeira inclinação. — Urdimos o sonho cuidadosamente, e deveríamos tê-la atraído quando abrimos esta seqüência. — Te disse exatamente o que manter em sua cabeça quando dormisse e recordei cada detalhe. Kadan esteve de acordo em fazê-lo por ela enquanto ia dormir. Tem que estar aqui. Nico correu ao longo do topo do estreito penhasco. — Não está aqui, Jeff. Algo esta errado. Jeff franziu o cenho e fechou os olhos, procurando através da terra dos sonhos. — Nenhuma pessoa viva. Tem razão. Algo saiu errado. Se levante. Nico se encontrava em uma poltrona, Jeff em frente dele. Gator permanecia de pé entre eles, protegendo seus corpos enquanto andavam pelos sonhos. Contemplouos com alarme. — Não podem ter matado ao filho da puta tão rápido. — A perdemos. Ela não estava ali, Gator — Disse Nico. Jeff golpeou o braço da poltrona com o punho. — A única resposta é, enquanto nós estávamos tecendo os sonhos, Dunbar fiou um mais familiar para ela e a atraiu antes que pudéssemos trazê-la ao nosso. Ele a tem. Temos que recuperá-la imediatamente. Estará sob seu controle. Ela não é uma caminhante de sonhos. — Ponha Kadan no telefone. Ele saberia se ela estiver tendo sonhos recorrentes — Disse Nico — Depressa. Não temos muito tempo. Muito sangue. Corria como um rio, a corrente forte, ameaçando empurrá-la para baixo. Tansy ofegou e se voltou, olhando em todas as direções, tentando encontrar Kadan. Ele a seguraria; recordava a sensação de estar segura em seus braços. Sua aveludada voz lhe sussurrava; sentiu sua boca contra a dela, tão terna que doía por dentro. Sabia que estava a seu lado, sabia, mas já não podia senti-lo Uma sombra se movia na distância, se aproximando com passos rápidos para ela, tomando a forma de um homem. Vadeou através do sangue com uma careta diabólica em sua cara. Ofegou, lutando por respirar, incapaz de se mover, temerosa de falar, de atrair sua atenção para ela. Ao redor escutava os lamentos dos mortos.
— Está sonhando, Tansy — Murmurava acordada, uma litania de esperança, mas não acreditou por um momento que pudesse. Inclusive fechou os olhos e rogou... Para que quando os abrisse a indefinida sombra tivesse ido. Ao invés disso, estava mais perto. Um homem de peso médio, anódino, que se perderia em uma multidão. Não era atraente, mas tampouco comum, um homem de olhos inteligentes que emitia um tipo de ardilosa energia que ela reconheceu. Seu coração se afundou. O fantoche. — Tansy Meadows, que agradável te conhecer por fim. Parou a curta distância dela, percorrendo sua face com os olhos e bebendo de seu medo, com um olhar mais selvagem que qualquer animal que ela já tivesse fotografado. Era um predador, habilmente oculto em uma pele de ovelha. Tansy se esticou, elevou o queixo, seu coração pulsava depressa. — Você. Ele sorriu satisfeito. — Foi bastante boa me mantendo fora de seus sonhos. Estava surpreso da digna rival que foi na realidade. Não exatamente minha igual, mas muito boa. — Por que acha que não sou sua igual? — Te encontrei. Você não pôde me encontrar. Ela arqueou a sobrancelha. — Um jornalista me encontrou. Você leu sobre mim em um jornal e acertou. Mas não pode encontrar a meus pais e não me rastreou você mesmo. Eu, entretanto, te rastreei e encontrei. Sua pequena e segura casa de base simplesmente não é tão segura. O pequeno abrigo onde esculpe as peças de marfim ilegal de seu jogo de assassinatos é agora meu domínio. E sei seu nome, não com armadilhas, mas sim por ser o rastreador de elite que sou. Te encontrei James R. Dunbar. Tansy fez uma profunda aspiração, se obrigando a manter um olhar de absoluto desprezo em seu rosto quando estava tremendo por dentro. Havia um plano. Não implicava deslizar através do sangue, mas ela o recordava, existia um plano, e Kadan tinha sussurrado que estaria segura. A fúria retorceu a cara de Dunbar. Se voltou vermelha brilhante, sua cara salpicada de manchas. — Puta. — Por que os homens sempre recorrem a chamar putas às mulheres quando chutamos o traseiro? Descobri muito sobre você, Dunbar. Por exemplo, tem um surpreendente montão de dinheiro em um paraíso fiscal. Parece que seus bonecos não têm uma pista de que está recolhendo a massa enquanto eles fazem o trabalho. Faz contratos e mata por dinheiro. Admitirei que é bastante brilhante. Em realidade desenha seus próprios assassinos. Idealiza um pequeno jogo, prepara as cartas com vítimas concretas, também os detalhes exatos de como devem ser assassinadas, e dirige a suas marionetes para que cometam o assassinato por você. Inclusive se são capturados, sairá limpo. O vermelho desapareceu de sua face e seus traços se voltaram ardilosos, um tanto satisfeitos pela adulação. — É uma garota inteligente. Menosprezei a você. Ela deu de ombros.
— Muitas pessoas o fazem. Juraria que eles o subestimaram todo o tempo. Tinha que mantê-lo falando enquanto sua mente lutava por recordar o plano. Queria se manter a distância dele, mas não podia se mover e ele estava se deslizando mais perto. — Acredito que me subestima, Tansy — Disse Dunbar — Me encontrou quando ninguém mais o tinha feito, nem sequer Whitney... Estava perto, muito perto. Tansy tentou voltar atrás enquanto forçava um sorriso. — Sabia que tinha trabalhado para Whitney. Estava no programa de reforço psíquico original, determinando quem passava e quem não. Selecionou a seus assassinos se apoiando nos perfis psicológicos. Eles reprovaram, não foi? Nunca teriam passado, mas os trocou para que parecessem adequados. Por muito que tentasse não podia mover os pés, estavam congelados. Seu coração se acelerou, e o rugido se incrementou em seus ouvidos. Suas palmas estavam pegajosas. Qual era o plano? Por que Kadan a enviou aqui e depois a abandonou? Freou com sua força seus desbocados pensamentos. Ele nunca faria isso, e pensar nisso, sequer por um momento, significava que estava se deixando levar pelo pânico. Dunbar assentiu. — Whitney nunca suspeitou, inclusive quando eu adicionei realces genéticos para cada um deles — Disparou um pequeno sorriso presunçoso — Assassinos de desenho. Eu gosto. Sua presunção a incomodou. Não teria assassinado, mas era mais responsável que aqueles com os quais tinha orquestrado para levar a cabo seu plano. Tinha obtido benefícios dos assassinatos. — Cometeu um engano com um deles. Seu Escorpião não era tão fácil de controlar. Não é um assassino. Sua face avermelhou de novo. Definitivamente ela tinha aguilhoado seu perfeccionista ego. — O transformei em um. Fará o que eu queira — Assinalou seus pés com o queixo — Cometeu um pequeno engano com você mesma. Este é meu sonho, não o seu. Eu o comecei, não você. Se lançou em minhas mãos — Piscou um olho — No final, eu ganho. Sua boca ficou seca. — Talvez. Veremos — Acorde. Tansy, acorde. Kadan, onde está? Dunbar deslizou através do sangue para ela, parando a um só braço de distância. Ela não podia se mover. Não tinha sentido gritar. Os mortos estavam já ao redor gemendo bastante alto, tentando adverti-la, mas não precisavam se incomodar. Em seu interior, ele sabia que a tinha apanhado. Toda ela se imobilizou. Kadan. Seu único pesar. Não sabia ele que o amava? Seria aquilo suficiente para que se desse conta da verdade a respeito dele mesmo? Ela nunca poderia amar a um monstro, e no mais profundo, ele pensava que o era. Não tinha tido suficiente tempo com ele para lhe mostrar o que era na realidade.
Te amarei para sempre. Enviou o sussurro fora de sua mente, esperando que o alcançasse. Seu amado guerreiro. Algo que tivesse ido errado não era culpa dele, mas o conhecia, sabia que ele arrastaria a culpa durante o resto de sua vida. — Na realidade não queria usar este sonho, mas o visita com tanta freqüência. Não queria impregnar de sangue minhas roupas. Realmente se preocupa, não é? — Ele moveu o braço em um semicírculo para abranger o lago de sangue com tantas vítimas reclamando justiça — Quem são essas pessoas para você? Nada de nada, mas te faz sofrer sem razão alguma em uma tentativa de apaziguá-los. Não pode salvá-los. Alguém os queria mortos por alguma razão. — Dinheiro. Ele deu de ombros — Ou vingança. Não importa muito. Alguém os ia matar. Por que não se beneficiar? Não teria matado você, sabe. Descobri que esperava com ânsia nosso pequeno jogo, mas não posso deixar que saiba quem sou. Caminhou mais perto, bem em frente a ela, tão perto que podia cheirá-lo apesar do entristecedor aroma de sangue. Fez um esforço por não ter arquejos... Ou gritar de medo. Se obrigou a permanecer quieta, a reunir forças para lutar. Dunbar sacudiu a cabeça. — É meu sonho, recorda? Não será capaz de lutar. Não é uma caminhante de sonhos. Então a golpeou, assombrosamente rápido, as mãos lhe rodeando a garganta, os polegares cravando-se profundamente e lhe cortando o ar. Era muito forte, algo que não tinha esperado. Quando tentou lutar contra ele, não pôde levantar os braços mais do que podia mover os pés. Seus pulmões ardiam. Sua mente começou a se aterrorizar. Tansy reprimiu o terror e obrigou a seu cérebro a funcionar no curto tempo que ficava. Sua mente se estendeu para ele. Estava controlando o sonho, e isso queria dizer que tinha encontrado um caminho para encaminhar-se a ela, ou não poderia têla atraído, mas ela tinha o atalho que levava a ele. O seguiu, tentando não sucumbir a borda negro que a rodeava e aos brancos pontos que flutuavam ante seus olhos. Bateu forte na mente, rasgando e arranhando, destruindo murros, tentando rasgar o sonho em partes. O atacou usando o mesmo método que ele usava em seus ataques a Tom Delaney, coagulando o sangue, golpeando seu crânio, gritando até que sua mente esteve cheia de dor e devastação. Dunbar gritou e a deixou ir, segurando a cabeça com as mãos. — Puta. — Agarrou-a de novo, a empurrando para frente, a segurando pelo cabelo e a empurrando para baixo... Abaixo... Segurando a cabeça de maneira que não pudesse escapar. Ela se afundou, a vermelho e espesso sangue, se derramando em sua boca e nariz, alagando seus pulmões e sua mente, se levantando como um maremoto, seu pior pesadelo. Mãos que a lançavam, empurrando-a mais fundo, caras que a contemplavam fixamente sem compreender, o horror em seus olhos muito abertos.
Sabia que estava morrendo. Não havia forma de pensar, ou de lutar. Estendeu a mão em busca de paz, deixando que acontecesse, recusando dar a ele a satisfação de ver ou sentir seu terror. Kadan estava deitado ao lado de Tansy, a escutando respirar. Era a única maneira em que podia monitorar o que estava acontecendo. Não era um caminhante de sonhos, e seu trabalho era proteger seu corpo enquanto estava os cuidados de Jeff e Nico. Algo estava errado de sua respiração tinha trocado completamente, até que estava quase hiperventilando. Estava assustada. Compartilhava sua mente, embora não podia entrar no sonho. Jeff e Nico tinham assegurado que seria seguro. A atrairiam dentro do sonho que teceriam e esperavam que o Fantoche mordesse o anzol. Haveria uma cobertura completa por parte deles. Dunbar não saberia o que eram eles até que fosse muito tarde nunca estaria perto de Tansy. Matariam-no e voltariam rapidamente. Uma vez feito, alertariam Ryland. Ele estava esperando na casa de Dunbar, preparado para destruir o corpo. Se eles falhavam, ele se ocuparia do homem no momento em que despertasse. Os detalhes do sonho estavam ainda soando na gravação. A hipnótica voz de Jeff desenhada para atrair Tansy à terra de sonho que tinha criado. Kadan odiava a perda de controle. Queria ser o único que protegesse Tansy, permanecendo entre ela e o perigo, entretanto só podia sentar-se no quarto com seu corpo e esperá-la. Fechou as mãos ao redor dos pulsos dela, precisando ancorá-la a ele quando parecia tão longínqua. O telefone soou. Seu coração saltou e o agarrou imediatamente, escutando com pavor a teoria do Jeff. — Está definitivamente em um sonho. Está angustiada. O ritmo de seu coração aumentou; está respirando rápido e levianamente — Informou Kadan — Vou desperta-la. — Não pode despertá-la sem mais — Disse Jeff, alarmado — Não sabemos o que está acontecendo no outro lado. Preciso saber o que sonha habitualmente. Ela conta isso? — Algumas vezes é tão vivido que quando acorda, ainda está em sua mente e retém imagens. Isso ajuda? — Me conte, não deixe nada fora. Enquanto lhe contava os detalhes dos pesadelos de Tansy, Kadan manteve o olhar pego à face dela. Sua mão tremeu enquanto a arrastava para ele, lhe segurando o pulso contra seu peito e segurando a palma dela contra seu coração. — Confio ela a você , Jeff. Traga-a para mim. Nunca sobreviverei inteiro sem ela. Que Deus os ajudasse a todos porque aquilo era uma ameaça. Kadan fez uma profunda aspiração e a deixou sair, tentando encontrar um lugar em seu interior que estivesse quente. Não havia nenhum. Jeff não se incomodou em responder. Desligou, deixando Kadan mais desesperado que nunca. Havia uma terrível sensação de urgência na voz de Jeff. Pôde escutar Nico de ao fundo urgindo ao Jeff a se apressar. De novo reinou o silêncio no quarto; o único som era o tictac do relógio e a respiração assustada de Tansy. Ele a tinha convencido disto, caminhar em sonhos com Jeff e Nico, lhe prometendo que
estaria segura. Tinha-a enviado sem ele, a confiando a seus amigos, e eles a tinham perdido. Se deitou a seu lado e a sustentou em seus braços, tentando consolá-la, inclusive embora sabia que sua mente estava mais à frente. Quando tentou entrar em sua mente, houve um vazio, como se ela tivesse sido arrancada dele a outra esfera. Te amarei para sempre. As palavras sussurraram em sua mente e soavam como definitivas. Seu coração saltou e ele se levantou bruscamente, com um escuro olhar em seu rosto. — Se afaste dela! — Jeff Hollister irrompeu no lago, mergulhando, agarrando Tansy pelos ombros e chutando para a superfície. Nico se jogou com força contra Dunbar, o fazendo recuar, o tirando de cima de maneira que perdesse o apertão sobre Tansy. Os dois homens lutaram, mão à mão, os corpos juntos, cada homem se esforçando por dominar. Nico tinha a força física, mas era o sonho de Dunbar e ele estava tentando controlá-lo. A diferença de Tansy, entretanto, não podia controlar Nico. Jeff mergulhou de baixo, emergindo quase a seu lado, levando Tansy com ele. Balançou-a em seus braços e correu para a borda. —O mantenha vivo. Não pode matá-lo — Uivou Jeff — Se o fizer, o sonho paralisará e ela estaria apanhada aqui. Não seremos capazes de revivê-la. Dunbar se liberou e tentou deslizar, esperando ganhar distância suficiente para poder terminar o sonho. Nico não quis permitir enroscando seus dedos como uma serpente ao redor do pescoço do homem e o jogando sobre as costas na lama — Se apresse, Jeff — O chamou Nico, preocupado de que Dunbar fosse capaz de encontrar uma forma de despertar antes que eles fossem capazes de matá-lo. Tudo dependia de reviver a Tansy. Jeff a deitou e buscou o pulso. Não havia. Soltando uma praga, jogou-lhe a cabeça para trás e iniciou uma RCP (Reanimação Cardiopulmonar) Kadan observou as emoções correndo pelo transparente rosto de Tansy. O suor molhava sua testa e ao redor da boca, e o medo se deslizava em sua expressão. Quando pegou a mão na sua, sua pele estava pegajosa. Estava estranhamente fria. De repente seu corpo se agitou e arqueou. Ofegou audivelmente em busca de ar. Viu realmente rastros de dedos em sua garganta, apertando forte, e ela lutou, desesperada por respirar. O coração batia contra o peito, lutou para encontrar os dedos, tentando fazer alavanca para soltá-los mas não havia forma de encontrar as invisíveis e intangíveis mãos. A face dela se tingiu de vermelho, os olhos totalmente abertos, depois repentinamente esteve livre, aspirando fortes e audíveis aspirações a seus pulmões, de forma que seu peito subia e descia. Kadan se encontrou inalando ainda quando não se deu conta que tinha estado retendo o fôlego. Tansy se estremeceu, a boca muito aberta, os olhos selvagens pelo terror, então pareceu que estava retendo o fôlego. Um minuto. Dois. Lutou a princípio, seu corpo se esticando contra um aperto invisível, até que simplesmente
deslizou com suavidade, fora de suas mãos, seu corpo estava flácido, a respiração parou em seus pulmões. Os olhos fechados. Kadan sentiu que seu próprio coração parar. —Não! Pressionou-lhe a mão contra os lábios, procurando seu fôlego. Seus dedos tentaram encontrar o pulso. Tentou a RCP. Inclusive bateu o punho contra seu peito, tentando estimulá-lo freneticamente. Nada. Tentou lhe encher a mente com a sua, mas só havia vazio. — Tansy, não — Os olhos queimavam. Tinha a garganta em carne viva — Não me faça isto, maldição. Sacudiu-a outra vez, tentando encontrar uma forma de reanimá-la. Seu corpo continuou flácido e sem vida apesar do ar que tentava introduzir nela. Apesar da estimulação de seu coração e mente. Kadan rugiu como um animal ferido, tomando o flácido corpo entre seus braços, embalando-a contra seu peito. O frio se estendia como uma geleira invasora, desesperado por expulsar a tormenta de fogo de selvagem dor que lhe rasgava o peito. O coração se fez migalhas em seu corpo, a mente ia da claridade ao caos, os trovões retumbavam em seus ouvidos, e por um momento, toda capa de civilização desapareceu e ele agüentou primitivo e brutal em sua crua e desumana agonia. Só outra vez em sua vida tinha se sentido tão absolutamente perdido como ser humano. Tinha jurado nunca voltar ali de novo, nunca matar a sangue frio, mas o monstro de seu interior estava agora perdido, reclamando, necessitando, exigindo vingança. Tansy. Não me deixe. Neném, por favor. Estou te rogando. Enterrou a face contra a garganta dela. Não tinha pulso, nem calor, nem mãos gentis para tocá-lo Recordou um menino inocente suplicando por sua mãe, seu pai, inclusive seu irmão e irmã. Não me deixe. Mas eles se foram, e com eles, levaram toda o calor do mundo, deixando uma gelada máquina de matar atrás. A última vez, ele tinha conhecido a seu inimigo. Esta vez, quem pagaria? De novo deixou com cuidado o corpo dela sobre a cama e se ajoelhou um momento, as mãos lhe emoldurando o rosto. Não havia tocado a sua família, mas não ia deixar ir sem falar. Dizendo-lhe em voz alta. —Te amo Tansy. Com todo meu ser, bom e mau. Absolutamente te amo. Engoliu a última da abrasadora dor rasgando através dele e permaneceu de pé, permitindo que o frio ártico o consumisse, inalando, arrastando o gelo em suas veias e pulmões e dentro de sua mente, dando as boas-vindas à geleira que levava sobre ele, e depois começou a reunir suas armas. —Não morra por nós, Tansy! — Gritou Jeff — Não vai morrer por nós — Golpeou-a com o punho com força no coração, lhe dando a volta, tentando drenar seus pulmões — Não é real. Não pode permitir que acabe com você assim. Nico puxou Dunbar atraindo-o para ele, cara a cara, olhando fixamente seus maliciosos olhos. Sem prévio aviso, Nico chocou com força sua testa contra a cara de Dunbar, destruindo o nariz, fazendo que o homem recuasse e tropeçasse. Antes que caísse, Nico o apanhou pela garganta, seus dedos, com sua força sobre-humana, impediam que entrasse ar. Arrastou-o através do macabro lago, abrindo passo entre
o sangue e as vítimas como se não estivessem ali, para jogar Dumbar à terra junto a Tansy. — Não deixe que este filho de cadela se mova — Ordenou e ficou de cócoras ao lado de Tansy. Dahlia, sua esposa, sempre tinha sido a que enfocava a energia, e depois Nico tinha praticado a cura com Kadan, mas isto era um sonho, não a realidade. De qualquer modo, que pudesse ou não curar por si mesmo no exterior do mundo dos sonhos não tinha importância... Estava seguro de que aqui poderia. Tansy tinha tecido o sonho, e o Fantoche o tinha usado contra ela, mas Nico podia retorcer o sonho para seus propósitos, igual a Jeff. Esfregou as mãos uma contra outra, recolhendo energia da violência que impregnava o ar circundante. Quando teve acumulado uma reserva bastante grande, enfocou a energia entre suas palmas, dirigindo-a diretamente para o coração e os pulmões de Tansy. Uma luz branca brotou de sua pele, brilhando de cada um de seus dedos. A luz golpeou o corpo de Tansy, ondeando sobre ela como uma onda. Seu flácido corpo se estremeceu. — Ele está lutando contra nós — Disse Nico, em voz baixa e tranqüila, querendo assustar ao Fantoche — Mata-o. Os olhos de Dunbar se abriram horrorizados de par em par quando os dedos de Jeff se apertaram ao redor de sua garganta. — Não pode — Grasnou, com voz rouca — Estou mantendo o sonho. Jeff olhou diretamente nos olhos do homem, onde florescia a comoção. — Está mentindo, Nico. Este é o sonho de Tansy. Ela o atraiu a seu sonho. — Está seguro? — Perguntou Nico. — OH, sim, estou seguro. Jeff soltou Dunbar e depois agitou a mão com força, explodindo a borda contra a garganta do Fantoche, esmagando a laringe e destruindo a traquéia. — Vai para o inferno, bastardo — Resmungou. Dunbar caiu para trás, ofegando em busca de ar, se afogando, sua face ficou de um púrpura pintalgado. — Este é seu pior pesadelo — Explicou Jeff — Era o bastante poderoso para rebater algo que o resto de nós estivéssemos fazendo. Ela é também um caminhante de sonhos, por isso é muito boa no que faz. No instante em que Jeff rompeu a presa de Dunbar sobre Tansy, a luz se inundou em seu corpo. Ela estremeceu, tossindo. Ofegando. Lutando por tomar ar. — Desperta, Tansy — Ordenou Jeff. Ryland deslizou pela vizinhança como o fantasma que era, abrindo caminho pelas ruas até que encontrou a casa que estava procurando. O pátio traseiro estava protegido do resto de casas da rua, assim saltou a cerca e atravessou o jardim para o pequeno abrigo. Necessitou só uns minutos para abrir o ferrolho e entrar. O abrigo era assombroso. Cada parede estava coberta de prateleiras com todo tipo possível de porcas, pregos e parafusos. As ferramentas estavam penduradas formosamente, cada uma claramente etiquetada. Não havia nenhuma bolinha de sujeira. Sobre a mesa estavam as ferramentas de esculpir do Dunbar, as diversas
folhas, afiadas como navalhas e colocadas formosamente como instrumentos cirúrgicos. Junto às ferramentas havia um pedacinho de marfim, mostrando a forma incipiente de uma rã. Ryland procurou pelas gavetas e encontrou uma máquina de laminar e um grupo de grossos cartões. Havia um arquivo de cartões já laminados, e cada cartão tinha instruções precisas detalhando um assassinato: o nome ou nomes das vítimas, direção, como as vítimas deviam ser assassinadas, e o limite de tempo adjudicado. Havia pontos atribuídos para cada detalhe, e ao pé do cartão, estava o número total de pontos que cada assassinato podia acumular. Ryland tinha encontrado o jogo real, junto com uma página Web que estava construindo para jogar em rede. Dunbar, tão limpo e tão preciso como era, tinha guardado os cartões já usados, junto com os pontos totais de cada equipe, no arquivo. Os pontos tinham sido somados meticulosamente e aplicados aos cartões da equipe. Em outra gaveta havia desenhos e notas para um projeto de vídeo-game titulado Jogo Mortal. Não havia dúvida de que Dunbar tinha sua cobertura pronta se por acaso qualquer suspeita recaísse sobre ele. O homem era tão meticuloso que Ryland não teria se assombrado ao encontrar arquivado um contrato meticulosamente assinado para cada assassinato, junto com um livro velho e jornais de contas bancárias. No chão, junto à mesa, havia um cesto de papéis, e podia ver claramente uma caixa rasgada com as palavras James R. Dunbar escritas nela, e a etiqueta que Tansy tinha reconhecido. Ryland deixou sair o fôlego. Estava no lugar correto. Não havia engano. Atravessou o pátio traseiro até que chegou à casa. A zona de arbustos e flores estava bem recortada, a grama podada e o pátio traseiro extraordinariamente limpo. Cada janela estava protegida e as venezianas livres de sujeira e pó. Ryland forçou uma que estava solta e a pôs a um lado para recolocá-la mais tarde. A janela não estava fechada com chave, Dunbar não tinha nem alarme, uma demonstração de quão seguro se sentia... Quão superior. Não havia necessidade de tais coisas. O homem provavelmente acreditava que o faria parecer mais inocente se alguma vez um dos assassinatos apontava para ele. Com o projeto de videogame em distintas etapas, realmente poderia sair-se com a sua ao afirmar que os assassinos em série tinham visto sua idéia e tinham decidido aplicá-lo a seus próprios propósitos. Ryland deslizou pela janela e se deixou cair sobre o chão. Dunbar apreciava viver sozinho, sem mascotes. Era um homem que nunca quereria cabelos de cão ou de gato no mobiliário ou na roupa. Todas as salas estavam imaculadas, com tudo em ordem. Ryland se encaminhou ao quarto. James Dunbar estava deitado em sua cama com seu uniforme. Estava olhando cegamente ao teto, seu corpo se agitando e se estremecendo, imerso em seu sonho. Ryland deslizou até chegar a seu lado, empunhando a faca, esperando. Os minutos passaram. Os olhos de Dunbar se abriram repentinamente e começou a dar estertores. Uma mão se agitou no ar e depois foi a sua garganta enquanto se afogava e lutava por respirar. Ryland avançou um passo, uma sombra escura gravitando sobre a figura na cama. Os olhos se encontraram, ali na escuridão, e reconheceram a morte quando o viram. Ryland lhe cortou a garganta. — Fantoche fora — Sussurrou suavemente, e saiu.
Tansy despertou ofegando para tomar ar, a garganta, em carne viva e inflamada, os pulmões ardiam. O coração retumbava nos ouvidos, e por um momento esteve completamente desorientada. O peito doía, se sentia machucada e maltratada, como se alguém a tivesse estado golpeando. Tocou a garganta enquanto girava a cabeça procurando Kadan. Ele estava em pé no outro extremo do quarto, de costas para ela, segurando um cinturão com facas de ataque e armas em cada presilha concebível. Colocava carregadores adicionais em um bolso com zíper e estendeu a mão por mais. Ela abriu a boca para chamá-lo, mas não saiu nada, sua garganta estava muito ferida e danificada. Ela o alcançou com sua mente, conectando, o querendo, o necessitando, só que ele não estava ali. Em seu lugar havia algo mais, algo não de tudo humano. Gelado. Uma máquina preparada para destruir. Onde tinha existido fria calma e distância, agora havia um absoluto caos. Não era uma pessoa racional. Tansy duvidou se ele sequer sabia o que estava fazendo. Simplesmente reagia. Seu rol de guerreiro era o mais familiar, e requeria como o camaleão que era, vestindo a pele exterior quando sua mente estava fragmentada. Ele acredita que estou morta. Provavelmente a tinha visto morrer. Lhe encolheu o coração. Ela não podia imaginar-se vendo Kadan morrer. Tansy colocou uma mão no coração. Ele provavelmente tinha tentado reanimá-la. Estava quase segura de que seu peito estava arroxeado. Kadan. Enviou seu nome envolvido em amor enquanto se sentava de forma instável. Ele não deu a volta, o bloco de gelo em sua mente era uma barreira muito efetiva. Se estendeu para ele de novo, enchendo sua mente dela, com o perfume e o sabor dela... canela. De amor. Derramou calor por sua mente. Seu corpo inteiro poderia ser de gelo e ela encontraria a maneira de esquentá-lo. Tentou se levantar, precisava ir a ele, seu corpo cambaleando, fraco. Um pequeno canto da mente dele se degelou o justo para deixar escapar uma crua dor. Explodiu dele em uma rajada de agonia, tão intensa, tão forte, que a pôs de joelhos. Kadan girou rapidamente, empunhando a arma, seus olhos refletiam um frio agudo, remoto, distante, o pesar gravado profundamente nas linhas de sua face. Kadan. Sussurrou seu nome de novo, o chamando de retorno a ela. Aprofundou mais seu caminho em sua mente, o enchendo de imagens eróticas, de calor e amor e de estar envolta na mesma pele com ele. O perfume de canela se incrementou. Me olhe. Me olhe de verdade. Seus olhos gélidos posaram sobre o rosto dela, ainda remotos, ainda distantes, como se não a reconhecesse, como se não a visse. Sua mão se apertou ao redor da culatra da arma. Ela se levantou, se agarrando à cama. A boca dele se apertou. Sua mente negava o que estava vendo. Ela forçou seu sabor em sua boca, seu perfume em seu nariz, mais profundamente, em seus pulmões. Me respire, Kadan. Me deixe entrar. O medo cintilou em seus olhos e ele deu um passo atrás. Ele negou com a cabeça ligeiramente. Não ia se permitir sentir essa dor crua, não importava quão real fosse a alucinação.
Tansy sorriu. Amável. Cálida. Ela deu um passo mais perto, afastando a um lado a arma para se aproximar dele, para rodear seu pescoço com os braços e pressionar seu corpo, suave e flexível e tão familiar, contra o dele. Ele se esticou, fechando ambas as mãos em seus quadris para afastá-la. Ela podia sentir o contorno da arma pressionando contra sua pele. Só havia uma fina camisa entre eles, e o calor dela se deslizou na palma de suas mãos. Parece uma alucinação? Ela estava nas pontas dos pés e levantou a face, encontrando sua boca para acariciar com seus lábios persistentemente os dele. O faz? Ele não se moveu. Não piscou. Seus olhos, como os de um gato, permaneceram muito abertos e fixos, enfocados em sua face, mas não a via. A negativa em sua mente era forte. Ele não iria ali. Não sentiria. Com uma mão envolta ao redor de sua nuca para mantê-lo perto dela, desabotoou sua própria camisa com a outra. Seu braço era pesado, mas ele não resistiu quando ela colocou a palma dele ao redor do montículo quente, suave, convidativo, de seu seio e pressionou a mão sobre a dele para mantê-la ali. É isto uma alucinação, Kadan? Volta para mim. Ele piscou. Ela sentiu sua mente se mover contra a sua. Tentativa. Com crua angústia. O medo se sobrepunha ao terror. Uma fibra de esperança. Ele inspirou, introduzindo o perfume de canela profundamente em seus pulmões, como se pudesse confiar em seu olfato, mas não em sua mente. O frio se retirou um pouco mais. Sua mão se moveu contra o seio dela, um reflexo involuntário. Seu polegar acariciou o mamilo, enviando um tremor de consciência por sua coluna vertebral. Ela ficou nas pontas dos pés outra vez e beijou sua boca. — Kadan. Seu nome saiu. Um grasnido. Sua garganta protestou, mas ela pronunciou seu nome, doída por ele, por aquele homem escondido atrás de uma parede de gelo. Um homem defendido pelo frio. E então ele a esmagou. Seus braços se fecharam ao redor dela, quase quebrando as costelas com sua força. A arma aterrissou na cadeira, no momento que seu corpo a empurrou para trás, até que ela tropeçou com a parede. Envolveu-a, seu corpo tão apertado contra o dela que mal podia respirar, sua boca no oco do ombro, sua face molhada contra sua pele. O corpo dele estremeceu, quebrado pelos soluços silenciosos. Segurou-a durante muito tempo, só a segurou, sem falar, sua mente perdida em um lugar confuso, selvagem e incontido. Quando ele se moveu, sua mão se elevou para estender-se ao longo da garganta dela, desta vez amavelmente, mas seu polegar jogou a cabeça para trás e ele tomou sua boca, e nada era suave ali. Era rude, possessivo, assumindo o controle, querendo se meter dentro dela. Tansy se voltou flexível e receptiva, devolvendo o beijo, deixando que as mãos vagueadoras dele tirasse sua camisa até poder deslizar suas mãos sobre cada centímetro de sua pele, o que ele quisesse, o que ele necessitasse. Sua boca deixou a dela, percorrendo a beijos o queixo, descendo pela garganta, até seu seio. Ela rodeou o pescoço com um braço e se arqueou contra ele, um pouco indefesa enquanto ele tomava, frenético por saboreá-la e senti-la.
— Tenho que estar dentro de você agora mesmo — Sussurrou quietamente — Agora mesmo, Tansy. A urgência em sua voz, a hipnótica necessidade e o desespero, fizeram-na puxar o cinturão de seu jeans, baixando-o pelos quadris enquanto a boca dele pressionava fortemente em seu seio e seus dentes puxavam seu mamilo. Ela esteve de repente quase tão frenética como ele, seu corpo se esticando e gotejando calor líquido. Levantou-a com as poderosas mãos em seu traseiro, cravando os dedos profundamente enquanto ela envolvia as pernas ao redor de sua cintura e fechava os tornozelos com força. Podia senti-lo empurrando em sua entrada, percorrendo suas dobras apertadas para estirá-la com sua invasão. Ele não podia lhe dar tempo para que se ajustasse, mas sim a baixou, sua vagina o envolveu como um punho apertado. Ela cravou os dedos em seus ombros, jogando para trás a cabeça, deixando escapar um gemido. Kadan girou, recostando seu corpo de forma que as costas dela estavam contra a parede e ele podia golpear duro e rápido, um intenso balanço em um frenesi de necessidade de ser parte dela, de saber que estava viva, o envolvendo com suas paredes sedosas e o fogo abrasador que derretia o resto do frio. Ele não se permitiu pensar. Só queria sentir. Saber que ela estava viva pelo tato, pelo som, por seu perfume. Não confiava em sua própria mente, mas seu corpo a conhecia, suas mãos e as dele ardiam, seu eixo doía enquanto o afundava nela uma e outra vez. — Me olhe — Ordenou. Ele precisava ver seus olhos. Seus olhos sempre diziam a verdade. O olhar de Tansy imediatamente saltou para ele. Ela se via sexy, com os olhos brilhantes de paixão e sua expressão quase torturada enquanto ele balançava seu corpo uma e outra vez, empurrando com seus quadris. A respiração saía em bruscos ofegos e seus seios ricocheteavam, mas, como sempre, ela não reprimiu nada por ele, gemendo suavemente, os músculos fechados a seu redor, montando seu ondulante corpo freneticamente com o mesmo ardor com que ele montava o dela. O calor avançou das pontas de seus pés até suas coxas para enfocar-se em sua virilha. O fogo atravessava sua corrente sanguínea, ardia em seu ventre e subiu através de seu peito, até que encheu sua mente com uma rajada de prazer tão intenso que explodiu atrás de seus olhos como o estalo de um foguete. Seu corpo estremeceu e os músculos dela se fecharam em uma chave estranguladora, o segurando com sua ardente e sedosa vagina. Jorro atrás de jorro de ardoroso sêmen empapando profundamente, provocando mais ondas violentas a seu redor. Kadan a empurrou contra a parede, sepultando a face em sua garganta enquanto ofegava procurando ar. Virtualmente só podia desfrutar de senti-la entre seus braços, seu corpo rodeado pelo dela. Quando pôde respirar um pouco, conseguiu chegar a borda da cama e baixá-la, seu corpo se derrubou sobre o dela, ainda fundo em seu interior, segurando os quadris contra os seus. — Juro que vou ficar aqui... Fodendo você para sempre. Não te deixarei ir, Tansy. Vou ficar dentro de você, parte de você, onde sei que está a salvo cada minuto do dia. — Ele enterrou a face contra seu seio, a pele cálida, suave e convidativa que ela nunca separava dele. Nunca se escondia dele — Acreditei que
estava morta. Sustentei seu corpo em meus braços e acreditei que estava morta — Um estremecimento atravessou seu corpo. — Sei — Sussurrou ela, suas mãos acariciaram seu cabelo úmido —Sinto tanto, Kadan. Ele negou com a cabeça, deslizando sua mandíbula obscurecida sensualmente entre seus seios. — Não deveria estar comigo. Não sei o que teria feito. Olhei-me e vi todos esses assassinos esperando bem a meu lado. Quis matar. Inclusive o necessitava. A vergonha, a culpa e o ódio absoluto em sua mente lhe rompiam o coração. Tansy segurou a cabeça sacudindo-a com força, para que se visse forçado a olhá-la. — Você não é absolutamente como eles. Nenhuma parte de você. Você sente tanto, tão profundamente, que sua mente se fecha para te proteger. Você não é um frio monstro insensível, Kadan, nunca o foi. Essa parte de você é necessária, te liberta de perder o juízo. É uma proteção. Sem isso, não poderia fazer as coisas que precisa fazer para manter o mundo um lugar mais seguro. Sei que isso parece tolo e trilhado, ainda assim é a verdade. — Roçou as pálpebras suavemente com a boca — Te amo exatamente como é. Amo a esse frio guerreiro que mantém este homem, a você, cordato, vivo e de volta a mim. — O que aconteceria tivesse machucado a alguém? — A quem? — Exigiu — A quem iria machucar? Ele pareceu confuso. — Não sei. A alguém. Ela sorriu e se inclinou para beijar seu nariz e cada comissura de sua boca. — Você estava em piloto automático. Não sabia o que fazia, só que precisava agir. Estou em sua mente. Te vejo melhor do que você se vê. Não podia suportar a tristeza, e o guerreiro assumiu o controle, mas ele não teria prejudicado a ninguém. — Não sabe com segurança. — Sei, Kadan. O casal é confiança. Confio em você completamente. Te dou tudo o que sou. Meu corpo, meu coração, minha alma e minha mente. Confio em que me veja. O que quero, o que necessito, quem sou, no mais profundo onde ninguém mais pode vê-lo. E se for sua companheira, sua companheira de verdade, você tem que confiar em que vejo seu eu verdadeiro inclusive quando você não pode. Faço as coisas que me pede porque sei que posso confiar em você para me proteger, para me dizer a verdade. Você tem que me amar até o final, se dar a mim até o final, ou deixar ir. O coração de Kadan golpeava com força no peito. — Você me tem, Tansy. — Então acredita em mim quando te digo que sua parte fria é uma proteção, não um monstro. Sim, matou, e é capaz de assassinar, cumpre com seu trabalho, mas não mata por diversão ou por prazer ou porque te faça se sentir poderoso. Você não é um monstro e nada nunca o transformara em um. Essa linha não é imprecisa para você. Teria recuperado o sentido e teria deixado as armas e teria se ocultado em sua mente onde ninguém pudesse te ver aflito por mim. E estava angustiando, é só que não se permitia senti-lo. Ele piscou e o amor se refletiu em seus olhos. Ternura. Alegria.
— Não te mereço, mas maldito seja se a deixo ir. — Não te permitiria que me deixasse ir. Kadan a beijou com força, sua boca foi rude, depois mais terna. — Está nua e eu levo posta toda a roupa. — E as armas — Apontou ela. — Lamento por isso — Seus quadris começaram uma sedução lenta, se movendo em longos e lânguidos golpes — Não sairei de seu corpo, nem sequer o suficiente para me tirar a roupa. Vamos estar assim toda a noite, e amanhã vai vir comigo a Montana e nos casaremos. Ela puxou sua camisa até que ele se elevou o suficiente para lhe permitir tira-la pela cabeça e jogá-la a um lado. — Acredito que precisaremos mais de tempo para planejar um casamento. — Não, não precisamos — Chupou a orelha, acariciando-lhe com a língua — Não vou esperar. E depois te terei nua em um quarto fechado, sem roupa, e passarei nossa lua de mel te torturando de prazer até que nenhum de nós saiba na pele de quem está. — Esse é o plano? — Afastou a um lado as calças jeans e abriu o cinturão para que seus quadris pudesse empurrar mais profundamente nela, a enchendo de calor e de fogo. — Esse é o plano — Disse ele firmemente — Assim é que não se incomode em levar calcinhas sob seu vestido de noiva.
Capítulo 21
— Não disse que me ama, Kadan — Disse Tansy Ao redor da sala as pessoas davam voltas, falavam e riam, alguns se balançando com a suave música e outros se apinhando ao redor da mesa de comida. Kadan os ignorou, concentrando toda sua atenção em Tansy. Levantou a mão esquerda dela, o polegar deslizando uma carícia sobre sua pele, e depois beijou a aliança de casamento que tinha posto em seu dedo só uma hora antes. — Te demonstrei isso ontem à noite. — Não me disse que me ama — Reiterou Tansy — Sabe, essas três palavrinhas que você gosta de me ouvir dizer. — Disse isso a você outro dia quando o bastardo envolveu seus dedos ao redor de seu pescoço e afogou sua vida. Havia um fio em sua voz, seus olhos eram escuros como a meia-noite. Tansy franziu o cenho. — Eu estava morta. Não acredito que conte tecnicamente. Kadan a balançou em seus braços porque precisava senti-la perto dele. Não podia falar sobre ela estando morta, nem sequer brincar... Não ainda. A música era suave e sensual e a manteve apertada contra ele, uma mão deslizava pela curva de sua coluna para descansar em seu arredondado traseiro enquanto a arrastava ao redor da sala.
Pressionou os lábios contra o ouvido dela. — Te perguntei duas vezes se vestia calcinhas. O que deveria te dizer algo. Sua língua se moveu em um preguiçoso redemoinho e depois seus dentes morderam o lóbulo da orelha. Ela riu baixinho, o enchendo de alegria. — Me diz que está pensando em sexo, não em nossa recepção de casamento. Se concentre aqui, machão. — Estou perfeitamente concentrado. Sua mão deu uma pequena massagem circular, pressionando-a ligeiramente de maneira que seu corpo se ajustou melhor contra o dele. Ela voltou a face e o beijou na garganta. — Te amo muito, Kadan Montague. Não se moveu para se afastar nem pediu que movesse a mão. Dançou mais perto, se derretendo contra ele. Ele subiu as mãos por suas costas e a rodeou protetoramente. Seus olhos ardiam. Sua garganta se fechou. Tansy. Sua esposa. Ela era sua esposa. Sua outra metade. Ela era e sempre seria seu lar. Girou pela pista de baile, lutando por encontrar algum equilíbrio com as emoções derramando sobre ele. Ela dizia que ele sentia muito e que o gelo o protegia, defendendo-o. Em princípio ele não tinha querido saber quanto sentia por ela, mas agora aquela emoção, aquele terrível amor que entupia sua garganta e fazia que seu coração doesse, era seu mundo. — Quero filhos — Murmurou ele ao seu ouvido — Quero senti-los crescer dentro de você, e vê-los se alimentar de seu seio. — Só recorda que inibiria sua predileção pelo sexo na mesa da cozinha — Brincou ela. Kadan vagou ao redor da pista de baile com ela, perdidos em seu mundo, apenas conscientes dos Caminhantes Fantasmas, o general, e seus pais na sala. Não se importava nada salvo ela. — Só terei que ser mais imaginativo. Ela virou a face e pressionou beijos ao longo de sua garganta. — Te amo tanto, Kadan. E tem que me dizer isso, dizer as palavras em voz alta. É o dia de nosso casamento. E cada aniversário e o dia que nasça cada filho. A risada retumbou no peito dele. — Sabe regatear duro, senhora A canção terminou e outra começou. Não tinham se separado, nenhum queria deixar ir ao outro. Kadan sentiu que Tansy ficava rígida e soube antes de se voltar quem estava de pé atrás dele. Forçou um educado sorriso enquanto baixava o olhar à mãe de Tansy, cuidando de não olhar a seu pai — Tansy? — Don Meadows seguia ali de pé, a mão estendida, esperando que sua filha dançasse com ele enquanto Sharon sorria espectadora a Kadan. Kadan sentiu a relutância de Tansy, mas se voltou para seu pai e obedientemente pôs a mão na dele. Kadan pegou a Sharon em seus braços, mas seus olhos seguiram a sua esposa ao redor da pista. Ela sorriu. Falou com seu pai, mas quando Kadan tocou sua mente estava chorando em silêncio. Ninguém poderia dizêlo, certamente Sharon não, quem tagarelava a respeito de quão feliz estava de o ter
como genro. Tudo o que podia pensar era em recuperar Tansy e segurá-la, confortála. De repente ela olhou sobre o ombro de seu pai e lhe enviou um pequeno sorriso e o coração de Kadan se esticou. Tinha se casado com a mulher mais valente que podia imaginar. Permaneceria com ele e seguiria por seus filhos. Não importava o que Whitney, ou Violet, ou alguém mais lhes lançasse, eles o fariam tanto tempo como estivessem juntos. Guiou a Sharon através da sala, se inclinou para depositar um breve beijo em sua bochecha, e depois se voltou para sua esposa. Arrastou-a proteção de seus braços, mantendo seus corpos perto, se inclinou com os lábios contra sua orelha. — Te amo, neném, mais que tudo no mundo. Te amo de verdade. E quando ela tocou sua mente, não houve dúvida. Fim