As revistas das décadas estarão recheadas de informações, curiosidades e diversão para todos. A edição da Década de 60 está concluída e traz muita criatividade e originalidade para você. No cenário político uma matéria completa sobre as eleições americanas. Para a cultura, todo o “Iê-iê-iê”de Roberto Carlos e o lema “Paz e Amor” dos Hippies no Woodstock. Nas telas o filme “Easy Rider” traz os EUA que Hollywood não gostaria de mostrar. E nos esportes, temos a matéria sobre os Jogos Olímpicos do México. Sem falar nas novidades que as propagandas estão anunciando! O resultado de toda a pesquisa você pode conferir aqui; Boa leitura!
As eleições americanas (I) Rachel de Queiroz 5 de dezembro de 1964 É BOM falar nas eleições americanas agora que o Presidente Lyndon Johnson está triunfalmente reeleito, com a sua votação de avalanche (landslide), como êles dizem aqui. E o vencido Senador Barry Goldwater chora as mágoas e conta os erros, enquanto descansa das fadigas eleitorais com a sua Nancy, em alguma estação de férias, parece que nas Bermudas. Mas antes do dia 3 de novembro passado havia muito receio e até aflição. Temia-se o falado backlash dos brancos, a forra na urna, a votação maciça da população branca em Goldwater, como represália às desordens e violências cometidas por grupos radicais negros durante a batalha dos civil rights, nas ruas das grandes cidades, especialmente em Nova Iorque, onde jamais se vira isso. A posição de Johnson, de obediência às medidas de igualdade racial determinadas pela Suprema Côrte, e as enfáticas afirmativas feitas pelo Presidente, na campanha eleitoral, de continuar a revigorar a política em prol da extensão dos direitos civis da minoria negra, faziam temer aos entendidos essa reação de intolerância branca.
Felizmente verificou-se que, na sua imensa maioria, o povo americano é muito mais equilibrado, sensível e sinceramente democrático do que se diz no exterior, e do que aqui mesmo se receiava. Que a bestialidade racista, se nesta terra ainda tem os seus sólidos bastiões, é renegada e combatida como uma doença, por uma maioria liberal e integracionista tão esmagadora como jamais se viu em todos os cento e oitenta e oito anos de independência dos Estados Unidos. Nas semanas anteriores à eleição havia muita discussão, suspense e propaganda, é verdade; mas tudo muito longe daquele ambiente de competição histérica, promovida pelos candidatos, que se vê no Brasil. Aquela publicidade em faixas, que transforma as ruas em imensos varais de panos encardidos, nos miúdos cartazes superpostos, grudados às àrvores, aos postes, aos prédios e monumentos mais veneráveis, não os vi por aqui. Por cá é mais dignified. Cartazes sim, mas relativamente poucos, caros, dêsses grandes que as emprêsas poderosas erguem à margem das rodovias. Em geral fazendo propaganda dos candidatos à Presidência, à governadoria do Estado, ao Senado. A arraia-miúda das listas eleitorais evidentemente não dispõe de fundos bastantes para entrar nessa competição publicitária. Nos jornais sai matéria de propaganda - mas não tanta quando seria de esperar.
Aliás, a coisa é curiosa, não se sente que a imprensa, aqui, tenha em grande escala a sua tradicional fôrça formadora de opinião. A imprensa antes parece caudatária do que portaestandarte, se me explico bem. Ninguém parece ter ilusões sôbre a liberdade dos grandes jornais, notòriamente ligados a conhecidos grupos. Pelo que converso com muita gente, não se nota que nenhuma campanha política dos jornais apaixone e abra sulcos importantes na opinião pública. A grande arena é a TV. A propaganda pela televisão, paga a preço de ouro - que digo? a preço de urânio, pelo menos! em dólar vivo, exaura as reservas partidárias mais ricas. Os tesoureiros dos partidos vivem a pedir fundos, a exigir mais dinheiro, mais dinheiro, para cuja aquisição o mais comum são os jantares políticos, a cem dólares o talher. É trancado hermèticamente na sua casa ou apartamento aquecido para êstes primeiros frios do outono, depois que chega do trabalho e janta, que o americano recebe a sua doutrinação política. Ou mesmo enquanto janta. Pois aqui cada vez mais aumenta a voga do TV dinner, que se compra pronto e congelado nos supermercados. É um prato de papelão aluminizado, semelhante às bandejas de lanche que servem à gente nos aviões, contendo um jantar completo (para americano, naturalmente...) que se põe a descongelar no forno. Cada pessoa da família apanha o seu - é grande a variedade dos menus - e se aboleta defronte ao aparelho de TV, comendo enquanto assiste ao debate.
Pela televisão é que os candidatos explicam o seu programa, xingam os adversários, entregamse mesmo a desafios, como cantadores nordestinos. Assim se estimula e seduz o eleitorado. Tudo enlatado, trancado dentro de casa, assistindo calado, comendo, deixando-se penetrar pela propaganda. E há também, fora da TV, as chamadas motorcades, ou cortejo de automóveis, que correm as cidades. O candidato vem de avião, forma-se o cortejo, e saem por aí, fazendo discursos nos pontos de maior concentração de gente. E há os trens eleitorais, como o de Goldwater, ou o Lady Bird Special, da enérgica espôsa do Presidente, que tomou parte na campanha como se ela própria fôsse candidata. E de certa forma o era. O trem sai por aí, nessas infindáveis rodovias americanas que cruzam o país inteiro numa bitola só, pára em todo lugarejo, usa a plataforma do último carro como palanque, é recebido triunfalmente pelas bandas de música locais, recebe a saudação dos maiorais correligionários, o aplauso da massa espetada de cartazes; faz o discurso, apita e vai embora. No trem, a comitiva mora, dorme, come, trabalha. Deve ser de matar. Por falar em cartazes, os mais curiosos que vi foram pró-Goldwater, em universidades. Uma simples fórmula química: "Au-H2O" (ouro e água - gold water).
Robert Kennedy, irmão do falecido Presidente, é que dava um tom, digamos, mais “latino” à sua propaganda, que tinha como cenário principal a cidade de Nova Iorque - e talvez o fizesse por isso, por ser em Nova Iorque, que é diferente de todo o resto da América. Candidato ao Senado pelo Estado de Nova Iorque, elegeu-se bem. Dois Kennedys, aliás, estão agora no senado americano, Robert e Edward (Teddy), que assim mesmo no leito de hospital, onde convalesce da espinha maltratada num desastre de avião, fêz campanha e se elegeu pelo Massachusetts. Bob Kennedy, que é môço e bonito, mostrava-se abundante pelas ruas, promovia festas, tomava parte em passeatas. Na parada da Descoberta da América (que aqui chamam Columbus Day) deu muito que falar aos adversários porque levou consigo o filhinho do finado Presidente, o pequeno John-John, capitalizando eleitoralmente a reação sentimental do povo ante a presença do garôto órfão, a marchar como um homenzinho ao lado do tio.
As eleições americanas (II) Rachel de Queiroz 12 de dezembro de 1964 CHEGA o dia da eleição e então é muito parecido com o nosso. Curiosamente, contudo, aqui não é feriado para o comércio. As lojas abertas, tudo funcionando normalmente. Grande calma nas ruas; mais movimento nos bairros pobres. Por quê? porque nêles anda mais gente a pé, e se deixa ver, enquanto nos bairros abastados só há o rolar silencioso dos carros. Assisto à eleição em St. Louis, Missouri, grande cidade às margens do Mississipi. Primeiro nos levam a uma repartição que equivale mais ou menos à nossa sede de zona eleitoral. Mas não tem juiz, tem um cidadão que se diz chairman, chefe não sei bem de que. Para ali vão as pessoas que, por qualquer motivo, não receberam o seu título de eleitor, ou tiveram o seu nome exluído das listas eleitorais, ou sofreram qualquer outro êrro ou omissão no seu direito de votar. Esperam nos guichês em fila, pacientemente. Na maioria gente modesta, mal vestida. Pessoas de côr. Se reclamam, o fazem em voz baixa, que nem parece reclamação. Lá dentro uma espécie de barafunda calma, se posso dizer. Funcionários andando depressa, abrindo fichários e gavetas, rabiscando listas, colidindo, pedindo desculpa, mas sempre em voz sumida, sem barulho.
O chairman nos mostra a máquina de votar e todo o seu mecanismo. E aquela máquina tão falada, que parecia a solução para todos os problemas eleitorais, decepciona a gente. É imensa, da altura de um homem, um grande painel prêto com talvez umas cem manivelas, - e cada manivela corresponde a um candidato. Nesta eleição de 1964 escolhia-se Presidente da República, governador (em alguns Estados) senador, deputados federais, deputados e às vêzes senadores estaduais, prefeitos, vereadores, e mais todos os funcionários estaduais e municipais cuja escolha aqui se faz por eleição, - juízes, promoteres, chefes de polícia, xerifes etc. Cada partido apresenta lista completa e, a cada um dos nomes, corresponde uma manivela própria. Como não há nomes na máquina, só números, o eleitor leva consigo uma lista impressa e vai votando. É verdade que há uma manivela geral para cada partido; se o eleitor quer votar partidàriamente, é só puxar a manivela democrática, ou republicana ou independente, e está pronto. Mas quem quer dividir o voto - e nesta eleição a maioria o fêz em tôdas as combinações possíveis, tem que escolher de um em um os números dos seus candidatos na lista, depois os localizar na máquina, para então acionar a manivela correspondente. É muito complicado e exaustivo, mormente para pessoas de poucas letras, desabituadas a puxar tanto pela cabeça. Aliás, as máquinas só funcionam nas cidades grandes. Nas cidades menores e nas regiões rurais, o voto é de urna mesmo, como o nosso. É pelo menos o que afirma o obsequioso chairman.
Levados pelas amáveis senhoras da “Liga Eleitoral Feminina”, vamos ver como funcionam as seções eleitorais. Trata-se de instalação provisória numa escola, numa igreja e até mesmo em prédio. A cabina de lona, lá dentro a máquina. Na mesa eleitoral os mesmos presidente, mesários, fiscais. Mas ao contrário do que se faz entre nós, não são voluntários escolhidos pelo juiz eleitoral, porém funcionários, pagos para isso. E ainda há, fora os que trabalham na mesa, um camarada que toma conta - fica à porta, de chapéu e charuto, não sei bem sua função. Dentro do recinto um ou dois policiais, para manter a ordem. O trabalho de procura de nome na lista e verificação de assinatura é lento, sem muita eficiência. Entra uma mãe de família com dois meninos que andam e um terceiro no carrinho, mete-se tudo dentro da cabina, e Deus que me perdoe se um dos garotos não puxou a manivela errada. Vem uma cega e um dos mesários se levanta para a ajudar a votar: evidente que não pode ser voto secreto; a cortina da cabina mantém-se erguida, a cega sussura ao ouvido do funcionário e todo o mundo o vê segurar-lhe a mão e baixar a manivela republicana. Votou no Goldwater, a tonta. Votou no sujeito que pretende proibir o govêrno de dar ajuda a velhos e incapacitados, diz alguém enquanto ela passa, com um arzinho de desafio, nariz para o ar.
Variando de local e de bairro - zona de income (ou rendimento) baixo, de rendimento médio, de rendimento alto, - lá dentro faz pouca diferença: tôdas as seções se parecem. Do lado de fora, a uns cinqüenta metros da porta, a velha propaganda, sempre presente, procurando arrastar os indecisos de última hora. Trabalham lado a lado, democratas e republicanos, aparentemente sem atritos. Os de Johnson se distinguem pelo chapéu texano claro, de abas largas. Mas o material que distribuem, junto com as listas eleitorais, é dos mais explosivos. Um de chapelão oferece caricaturas de Goldwater surrando negros e chutando velhos, ou com o capuz da Ku-Klux-Klan (alusão à lei dos direitos civis e à lei de aposentadoria que Barry combate). E os rivais nos entregam papeluchos idênticos, mas onde se vê o Presidente a abraçar o urso soviético, ou a atirar pela janela os dólares do contribuinte. Um observador iugoslavo que está no nosso grupo olha os boletins com cara admirada, mas não acha graça.
Mas se a máquina de votar decepciona, se a rotina eleitoral é semelhante à nossa, o sistema de apuração é realmente maravilhoso. Dizem que a apuração é tôda feita por cérebros eletrônicos e tem que ser assim mesmo, para garantir tal rapidez com tão imensa quantidade de votos e computar. (Votaram êste ano nos Estados Unidos mais ou menos 70 milhões de leitores - o equivalente ou pouco menos da população total do Brasil). Antes da meia-noite já se sabe quem é o vencedor, no dia seguinte já está tudo liquidado. Novamente se concentra todo o mundo diante da TV para acompanhar os resultados. Êste ano as estações de televisão americanas se reuniram e, em vez de haver concorrência e disputa, trabalharam em equipe, cada grupo encarregado de um determinado setor do território. Foi uma cobertura perfeita, impressionante. Logo nas primeiras contagens publicadas via-se que o Presidente ganhava, disparado. E às dez horas da noite já era certo que Lyndon B. Johnson continuava na Casa Branca, não mais cumprindo o resto de mandato do môço assassinado em Dallas, mas com mandato seu, próprio, novinho em fôlha.
As eleições americanas (III) Rachel de Queiroz 19 de dezembro de 1964. TAL como entre nós, durante e depois das eleições nos Estados Unidos, há muita reclamação contra fraudes, não sei se verdadeiras ou imaginárias. Queixas contra discriminação e abuso no período das inscrições pré-eleitorais, mormente da parte dos negros. Parece que são êles as maiores vítimas, e o golpe mais usado é lhes negar título eleitoral sob a alegação de que não sabem ler. Há uns testes de literacy ou de alfabetização que, dizem, são feitos à falsa fé. Num jornal da Lousiana leio que, no Mississippi, um advogado negro, formado em Direito e atuante no fôro, fôra barrado nos testes para eleitor como “illiterate”, ou seja, analfabeto... E isso, dizia o jornalista, mesmo para o Mississippi é forte! Reclamações são feitas igualmente contra os que votam duas e três vêzes, em seções diferentes, e os que votam com nomes de defuntos. Queixas contra os potentados políticos que intimidam o eleitor contrário com ameaças de represálias, especialmente as “pessoas de côr”, mais crédulas ou mais ignorantes.
Gente interessada em impedir a inscrição do eleitorado negro manda cartas circulares aos bairros residenciais de negros, dizendo que os testes são dificílimos e o semi-analfabeto que tentar se inscrever se arrisca a ser prêso por fraude - o que é “ofensa federal”... Outras “explicam” que todo aquêle que tem “passado policial” ou “ficha policial”, nem que seja uma simples multa por excesso de velocidade, é indivíduo suspeito e pode ser prêso ao se apresentar para eleitor... Afirmam alguns jornais e comentaristas de TV que foi graças a êsses métodos de intimidação indireta, ou mesmo pela brutal negação do direito de votar às minorias de côr, que se conseguiu em alguns Estados do Sul a maciça votação obtida nêles por Goldwater. E DIZ também muita gente que esta votação impressionante dada a Lyndon Johnson não vale como um tributo pessoal aos mérito do Presidente - vale sim como um não violento dito a Goldwater e tudo que êle representa. Não foi uma eleição a favor, foi uma eleição contra; votou-se em Johnson como um mal menor, porque não havia escolha. Ou êle - ou Goldwater. E com tôda a sua formidável consagração nas urnas, Johnson não é tido pròpriamente como um herói nacional, nem sequer, parece, pelos seus partidários.
Êle é tido, principalmente, como um político habilíssimo, semelhante às nossas famosas “rapôsas” em que é tão rico o PSD. Passa também por ser um homem de muita sorte, um homem de boa estrêla. Não é nenhum letrado, não tem grande apêgo a ideologias, é homem prático e astuto, grande ganhador de eleições, sabendo sempre dizer o que o eleitorado deseja ouvir. Não tem na sua figura nada que o aproxime do intelectual e do idealista, nada da aura romântica de um John F. Kennedy. Contra Johnson houve, alguns dias antes das eleições, a irrupção de um escândalo tremendo: seu principal, seu mais fiel e mais antigo colaborador, Walter Jenkins, foi prêso em flagrante, no toalete do ginásio da YMCA, em Washington, como pervertido sexual. E logo a Polícia verificou que o mesmo Jenkins, em 1959, sofrera prisão por motivo idêntico e o caso fôra abafado. Foi um barulho imenso. O homem tinha acesso ao material mais secreto da Presidência “um tal degenerado, prêsa fácil de chantagistas, que risco para a segurança nacional!”, chamavam os republicanos. O golpe parecia terrível para a candidatura presidencial - mas aí funcionou a famosa sorte e Lyndon B. Johnson: no dia seguinte ao em que rebentou o escândalo Jenkins, explode bomba muito mais poderosa - a bomba atômica chinesa. E logo mais à tarde Nikita Krutchev é deposto... O caso Jenkins, esquecido, saíu das primeiras páginas e não deu mais rendimento nenhum aos inimigos do govêrno.
Mas creio que o fator principal na vitória de Johnson foi o fantasma da guerra. Naturamente aqui, como em tôda parte, o povo tem mêdo da guerra, mormente as mulheres, e as mulheres são a parcela mais importante em matéria de influência, neste país. Goldwater era apresentado pelos oradores democráticos como trigger happy, expressão meio intraduzível que indica um sujeito capaz de atirar à menor provocação ou sem provocação nenhuma, só para mostrar que é danado. E êles perguntavam patèticamente ao eleitorado: “Vocês têm coragem de pôr junto à mão de Barry o botão vermelho que desencadeará a guerra atômica?”. E as mães, as espôsas, tôdas as mulheres naturalmente se assustavam, diante dessa imagem tenebrosa. Muitos homens também. Junta-se a êsses a votação maciça dos negros que viam em Goldwater o protetor da discriminação e o inimigo número um dos direitos civis - e se entenderá por que não sendo Johnson nenhuma figura carismática que empolgasse a nação, teve entretanto uma vitória nunca vista. Mas muita gente que votou contra Barry Goldwater com mêdo da guerra, apesar de não lhe dar o voto, gosta dêle, e acha que êle diz muita coisa sensata. Culpam-no principalmente de inabilidade, de falta de tato político, de estragar os melhores temas com má oratória.
Mas procurando bem, no meio das suas boutades, há quem descubra alegações justas e advertências importantes. Especialmente no que diz respeito aos gastos com a política externa, à guerra no Vietnan, à tendência do poder federal de interferir cada vez mais na autonomia dos Estados, à invasão burocrática oficial no setor da iniciativa privada. E à manutenção do statu quo radical também - embora ninguém confesse isso abertamente. Tanto que Goldwater obteve 27 milhões de votos, o que afinal de contas não é nenhuma bolacha quebrada, como êle próprio diz. O slogan de Goldwater: “Não sou contra a integração - sou contra era ser imposta á fôrça”. É dêsses sofismas especiosos que conquistam os enfurecidos contra a rebeldia negra: e foi êsse slongan que lhe valeu a reviravolta dos velhos democratas do Deep South (o Sul Profundo) os quais, pela primeira vez, em mais de cem anos, votaram com os republicanos. E também pela primeira vez na história americana se viu um candidato republicano ter vitória maciça no Deep South. Mas de qualquer forma essa etapa eleitoral, que parecia perigosa, foi vencida com margem imensa; vamos agora rezar, para que o Presidente Johnson possa fazer o que promete, para tranqüilidade de todo o Mundo. E quando eu digo todo o mundo, não é modo de falar, me refiro ao Mundo todo, mesmo.
Nova tendência musical: Iê iê iê Explode uma nova tendência musical, o ritmo alucinante do iê iê iê toma cada vez mais espaço, principalmente entre os jovens. Este ritmo inicia-se com Roberto Carlos e tem tudo para tornar-se mais um sucesso da música brasileira Ao mesmo tempo, os jovens brasileiros deliram com os Festivais de MPB da TV Record, onde a cada dia aparecem talentos diferentes.
Roberto Carlos – novo ícone musical
Jovem Guarda - Década de 60, na TV Record
Nos E.U.A. os Beatles cantavam "I Want to Hold Your Hand", "Yesterday" e "She loves you". Enquanto aqui, eu quero consertar o meu "Calhambeque", pois nas tardes de domingo não posso perder a "Festa de Arromba" e, logo agora, que "É proibido fumar", mas eu "Quero que vá tudo por inferno" e "Por isso eu corro demais". (Na foto, Wanderléa, Roberto e Erasmo Carlos). Se você ligou o que eu falei a algum programa da década de 60, acertou, pois falo da “Jovem Guarda”.
Numa tarde de domingo, de 1965, às 16h30m, entrava no ar o primeiro programa “Jovem guarda”, ao vivo, direto do auditório da TV Record, em São Paulo. A emissora criou um programa capaz de competir com o “Festival da juventude”, o líder de audiência da TV Excelsior desde 1964. O rei Roberto Carlos, com seus anéis e medalhão de ouro, esticava o abraço e anunciava: “Com vocês, o meu amigo Erasmo Carlos!”. Começava a apresentação daquele que seria o maior programa jovem da TV brasileira de todos os tempos. “É uma brasa, mora!” era o bordão de Roberto que se tornou a mais popular gíria nacional, e a música “Quero que vá tudo pro inferno” (Não suporto mais você longe de mim/ Quero até morrer do que viver assim/ Só quero que você me aqueça nesse inverno/ E que tudo mais vá pro inferno/ Oh, oh,/ E que tudo mais vá pro inferno...), que virou uma espécie de hino do iê-iê-iê nacional, talvez o maior de todos os sucessos que levou o rei ao primeiro lugar nas paradas. Quase todos os programas “Jovem Guarda” terminavam com todo mundo no palco cantando “de que vale o céu azul/e o sol sempre a brilhar/se você não vem/e eu estou a lhe esperar/só tenho você no meu pensamento/e a sua ausência é todo meu tormento/quero que você me aqueça neste inverno/e que tudo mais vá pro inferno....”.
O rei Roberto, Erasmo Carlos - o tremendão -, e Wanderléa - a ternurinha -, comandavam o programa, que tinham os convidados da semana como Eduardo Araújo, Sérgio Murilo, Agnaldo Rayol, Martinha, Rosemary, Renato e seus Blue Caps, Os Incríveis, Golden Boy e muitos outros. Mas o público delirava mesmo era com Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Erasmo e Roberto Carlos. Depois com o sucesso da música “Meu bem”, Ronnie Von se tornou uma nova estrela dentro da “Jovem Guarda”, conhecido como o “pequeno príncipe”. O sucesso do programa foi muito grande, era assistido nos outros Estados com atraso, em videoteipe. Por isso, uma versão carioca, ao vivo, passou a ser feita pela TV Rio, às segundasfeiras, dirigido por Carlos Manga. Porém, não teve a mesma repercussão da versão paulista. Inicialmente o programa se chamaria “Festa de arromba”, mesmo nome da música cantada por Erasmo (“Vejam só que festa de arromba/Presentes no local,/O rádio e a televisão/Cinema, mil jornais/Muita gente, confusão/Quase não consigo/Na entrada chegar/Pois a multidão/Estava de amargar/Hey, hey,(hey, hey) /Que onda/Que festa de arromba...”).
Como “Jovem guarda”, o programa ficou no ar até fins de 1968. Quando, no início deste ano, o Ibope registrou que o “Programa Sílvio Santos” bateu o “Jovem Guarda” em audiência, Roberto percebeu que era hora de tomar uma decisão, pois a sorte de seu programa estava selada. Ele se despediu no dia 17 de janeiro de 1968. O programa continuaria ainda mais algumas semanas comandado por Erasmo Carlos e Wanderléa, mas todos sabiam que de fato acabava ali a grande festa de arromba.
Jogos Olímpicos do México 1968 Os Jogos Olímpicos do México ainda não começaram e um recorde já foi batido: o de inscrições, tanto de países (119) como de atletas (8220). Os mexicanos gastaram 92 milhões de dólares, enquanto os japonêses gastaram 2 bilhões e 700 milhões nas Olimpíadas de Tóquio. Nélson Prudêncio (foto ao lado) sentiu a altitude e desmaiou no treino. Mas os brasileiros só reclamam o rigoroso regime de concentração: mal podem ver as vigiadas atletas, como a soviética da foto. Ou conhecer o canal de Xoximilco, construído para as provas de remo e apara os turistas.
Favoritos absolutos na natação, os americanos não têm mêdo nem da altitude da Cidade do México (2232 m): elas será a mesma para os outros nadadores. Só na prova de Fiollo é que não são favoritos.
Os nadadores americanos chegaram ao México com 33 dos 38 recordes mundiais batidos em 61 dias, dispostos a ganhar a maioria das 87 medalhas disputadas nas provas de natação do jogos Olímpicos de 1968. De 5 de julho, em santa Clara, a 28 de agôsto , em Los Angeles e as provas de seleção olímpica, só a equipe feminina, “a melhor jamais reunida” (segundo o treinador Shermann Chavoor), estabeleceu novas marcas mundiais.
Qual o segrêdo dos americanos? Para chegar a êsses resultados, a equipe americana treina, no mínimo, quatro horas diárias sob severo contrôle técnico. Mas o mais importante é que a maioria dos nadadores americanos começa a praticar sèriamente ao seis ou sete anos, nadando 3 quilômetros por dia, e aos oito já está competindo num dos 3 mil clubes de natação dos Estados unidos. A União Atlética Amadora informa que, anualmente há 275 mil novos nadadores inscritos, que praticam onze meses por ano. Esses garotos já são veteranos aos doze anos. E agora há uma nova teoria educacional sendo posta em prática: as crianças vão para a água aos nove meses e aprendem a nadar antes mesmo de andar. Testes controlados pela Fundação Americana para o Desenvolvimento da Criança revelam que as crianças-atletas têm um aproveitamento muito melhor nos estudos, além de melhor coração, melhores pulmões, mais equilíbrio psíquico e muito mais autoconfiança.
Primeiro homem pisa na Lua A viagem à Lua iniciou-se numa quarta ensolarada no dia 16 de julho de 1969, às 9:32 da manhã, no complexo 39 da plataforma de lançamento A, no Kennedy Space Center, Flórida, EUA, com o lançamento da Apolo XI. Quatro dias mais tarde, em 20 de julho de 1969, exatamente às 23 horas, 56 minutos e 20 segundos do horário de Brasília, o astronauta americano Neil Armstrong, 38 anos, entrava para a história do pé esquerdo de Armstrong , que como o primeiro homem a Marca estava coberto pela bota azul tamanho pisar na Lua e avistar a 41, no chão fino e poroso do solo lunar. Terra de lá A bordo da nave Apolo XI, ele, Edwin Aldrin, conhecido como "Buzz" (zumbido) e Michael Collins cumpriram a missão de aterrisar na Lua após levantarem vôo em 16 de julho.
O mundo inteiro permaneceu em alerta naquele dia. Nada menos que 850 jornalistas de 55 países registraram o acontecimento. E estimase que cerca de 1,2 bilhão de pessoas os homens do planeta Terra puseram testemunhavam via "Aqui pela primeira vez os pés na Lua. Julho de satélite a alunissagem 1969 d.C. Viemos em paz em nome de toda a humanidade"; Frase inscrita na placa junto à (aterrisagem na lua), perna do módulo lunar considerada impossível tempos atrás. Muitos, inclusive, ainda duvidam de que tal fato tenha realmente acontecido, mesmo com tantas outras missões tripuladas que se lançaram no espaço, após Armstrong ter colocado seu pé esquerdo, coberto pela bota azul, no chão fino e poroso do solo lunar.
"One small step for men, one gian leap for mankind“ ("É um pequeno passo para um homem, mas um gigantesco salto para a Humanidade". )
Easy Rider – Sem Destino “matando o american dream” Acabo de assistir a um exemplo de como se desmascarar um povo. Estou falando do filme Easy Rider – Sem Destino (Dennis Hopper-EUA-1968), obra claramente inspirada no livro On the Road, de Jack Kerouac. Digo inspirada porque a América de uma pouco tem a ver com a da outra.
Em Easy Rider, dois amigos saem pelas estradas do oeste americano. A partir daí as diferenças das obras aparecem: Kerouac fala em Bop, o filme exalta desde o início o Rock/Folk; o escritor fala de hospitalidade entre seus personagens, Hopper aponta a hostilidade entre americanos, principalmente no coração desértico do país.
Aponta intolerância mesmo entre hippies, e mostra outras faces do país, em que vemos negros de New Orleans em seu exótico carnaval, um desfile no coração do meio-oeste, cabanas de índios pela estrada, caipiras arando a terra e acenando. Junto com livros como “On The Road” e “Apanhador no Campo de Centeio”, de J. D. Salinger, o filme nos traz os EUA que Hollywood não gosta de mostrar, e por isso assista!
O Brasil condena as vítimas Autores de revoltantes crimes saem do Tribunal do Júri sob aplausos populares, enquanto as vítimas são esquecidas, se não castigadas e perseguidas. Reportagem de ARLINDO SILVA HÁ poucos dias, a imprensa carioca, publicou uma notícia procedente de Nova York, informando que “dois adolescentes, de 16 e 18 anos, foram condenados à cadeira elétrica por terem matado, em agôsto passado, um jovem de côr, durante uma refrega entre bandos de um bairro popular de Manhattan”. Por caprichosa coincidência, no mesmo dia lia-se nos jornais que Cácio Murilo, co-autor da morte de Aída Cúri, pretendia matricular-se numa escola aeronáutica. Como na sua ficha de antecedentes constava sua participação no monstruoso crime do Edifício Rio Nobre, a matrícula não foi aceita. O advogado de Cácio protestou, alegando que êle agora era maior de idade e o que praticara quando menor não devia ser computado...
Que chocante contraste: enquanto nos Estados Unidos garotos da idade de Cácio - que, no ano passado, quando praticaram o crime tinham 15 e 17 anos respectivamente - são condenados à cadeira elétrica, aqui no Brasil, Cácio Murilo, que tem hoje 18 anos, completados a 17 de abril último, não sofre uma pena sequer. Aliás, essa isenção de penas para Cácio Murilo - culpa de um Código de Menores antiquado, desatualizado e superado - foi a grande saída que os advogados de Ronaldo e o porteiro Antônio João encontraram para que o caso da morte de Aída Cúri terminasse como terminou: sem autor. Com a recente absolvição do porteiro, chega-se a esta dolorosa conclusão: ninguém matou a pobre estudante. Ronaldo foi absolvido por um júri arranjado já se sabe como: o porteiro jurou que foi Cácio quem matou a jovem. E Cácio, por ser menor à época do crime, é penalmente irresponsável. Portanto, nenhum dos três matou Aída Cúri.
E ainda por cima, os advogados de Ronaldo salpicaram de lama a memória da pobre môça, lançando sôbre ela infâmias e injúrias, procurando macular sua honra com palavras, já que os tarados curradores não o conseguiram pela fôrça. Como se não bastasse, pegaram o porteiro Antônio João, liberto, e o levaram a dar entrevistas radiofônicas por êste País afora, como se êle fôsse uma vedete. Ninguém está levando em conta que o anel de Antônio João ficou marcado no rosto de Aída em conseqüência de uma bofetada que êle lhe aplicou, conforme consta do laudo de exame cadavérico. Mas em Curitiba o brio da mocidade estudantil respondeu à altura ao vedetismo do porteiro: não se conformando com sua presença afrontosa numa estação de rádio local, os universitários curitibanos invadiram a emissora, depredaramna, e o co-autor do assassinato de Aída teve de sair escoltado pela porta dos fundos. Continua, porém, no ar a pergunta: quem matou a pobre estudante? É possível que no final desta história ela seja acusada de ter tentado violentar Ronaldo, Cácio e o porteiro...
EM Recife, o Padre Hosaná de Siqueira e Silva, assassino confesso do bispo de Garanhuns, Dom Expedito Lopes, foi absolvido pelo Júri 48 horas antes de Caryl Chessman morrer na câmara de gás de San Quentin. Saiu do tribunal sob palmas da assistência. Entretanto, dois dias após, os estudantes da Faculdade Católica de Recife promoveram uma passeata de protesto contra a execução do “bandido da luz vermelha”. Entre o Padre Hosaná e Chessman é difícil dizer-se qual o pior. O embaixador dos EE.UU. no Brasil, Sr. Moors Cabot, em documento amplamente divulgado pela imprensa, definiu bem a questão do sentimentalismo brasileiro no caso Chessman. Disse êle: “Parece-me que a sempre generosa solidariedade e caloroso humanismo que tão bem caracterizam os brasileiros, poderiam ser igualmente dirigidos às vítimas dos crimes revoltantes de Chessman, mais do que a êle. Uma jovem mulher passará a vida mergulhada na loucura, como resultado das revoltantes perversões sexuais de que foi forçada a participar. A vida de uma outra ficará para sempre marcada pela lembrança de uma experiência semelhante.
As vítimas dos seus roubos à mão armada saberão que êle, pelo menos, não mais estará sôlto para atacá-las após renovadas promessas de regeneração, feitas sempre para reincidir naquela série final de crimes mais graves”. Existe, não há dúvida, um contra-senso nas manifestações de parte da opinião pública brasileira: glorificam-se os criminosos e esquecem-se, quando não se acusam, as vítimas. Senão, vejamos o caso do Padre Hosaná, que saiu do júri aplaudido pela platéia, conforme relatório que nos enviaram os repórteres Afonso Ligório e Ivancil Constantino, do velho “Diário de Pernambuco”. Por que o Padre Hosaná matou Dom Expedito Lopes, bispo de Garanhuns? É uma história estonteante. O município inteiro de Quipapá, onde Hosaná era vigário, comentava que êle abrigava sob seu teto uma mulher, Maria José, que depois substituiu por outra, Quitéria, esta mais bonita que a primeira, segundo os comentários da população da cidade. Além disso, o Padre tornara-se um relapso nos seus deveres eclesiásticos, preocupando-se mais com uma fazenda que possuía em município vizinho do que com as missas que devia rezar na igreja de sua paróquia e em capelas vizinhas. O bispo de Garanhuns, sede da diocese, chamou Hosaná e expôs-lhe a gravidade da sua conduta perante o povo católico da região.
Êle estava comprometendo o bom nome da Igreja. Dom Expedito deu-lhe 15 dias de prazo para que afastasse de sua casa a mulher que lá vivia. O padre não obedeceu. E no dia em que seria publicado o ato episcopal suspendento as ordens sacerdotais de Hosaná, que fêz o padreassassino? Dirigiu-se ao Palácio Episcopal de Garanhuns e apertou a campainha da porta O próprio bispo atendeu, e quando dizia “faça o favor de entrar”, Hosaná fulminou-o com 3 tiros de um “Taurus” 32, que tomara emprestado a um conhecido na véspera. Levado para a Casa de Detenção de Recife, Hosaná não se mostrou em absoluto arrependido. Disse a uma irmã de D. Expedito, que o visitara incógnita: “Se o bispo vivesse cem vêzes, cem vêzes eu o mataria”. Agora, absolvido, êsse demônio de batina ameaça “acertar” contas com jornalistas que já fizeram reportagens sôbre a hediondez do seu crime e sua personalidade de delinqüente.
O fotógrafo Jorge Audi e êste repórter estão na “lista negra” de Hosaná. ENQUANTO nós lamentamos a execução de Caryl Chessman, cujo processo não conhecemos, um Carivaldo Salles, ex-inspetor da Alfândega de Corumbá, que metralhou à queimaroupa o Vereador Edu Rocha, do PSD daquela cidade, por ter denunciado pùblicamente o contrabando de automóveis na fronteira Brasil Bolívia, continua à sôlta. Por quê? Porque em Corumbá não houve juiz, entre 5 ou 6, que se animasse a dar andamento ao processo, “por covardia ou por interêsses menos confessáveis”, segundo as corajosas palavras do Desembargador Barros do Valle, do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso. Em compensação, um dos juízes, que deixara o processo encalhar, iniciou ação contra a viúva de Edu Rocha, porque ela teria distribuído folhetos com as desassombradas palavras do Desembargador Barros do Valle. Mais uma vez, a vítima é castigada e o criminoso recebe o prêmio da impunidade.
Festival de Woodstock O Woodstock Music & Art Fair (informalmente chamado de Woodstock ou Festival de Woodstock) foi um festival de música anunciado como "Uma Exposição Aquariana: 3 Dias de Paz & Música", organizado na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade rural de Bethel, no estado de Nova York, Estados Unidos. Foi realizado entre os dias 15 de agosto e 18 de agosto de 1969.
Originalmente, o festival deveria ocorrer na pequena cidade de Woodstock, também estado de Nova Iorque, onde moravam músicos como Bob Dylan, mas a população não aceitou, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.Trinta e dois dos mais conhecidos músicos apresentaram-se durante um chuvoso fim de semana defronte a meio milhão de espectadores. Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular.O evento foi capturado em um documentário lançado em 1970, Woodstock, além de uma trilha-sonora com os melhores momentos.
Contra o improviso ensaiado As entrevistas dos presidentes da República sempre foram como falsos programas de improviso. Aparentemente, o chefe do Executivo submetia-se inesperada e valentemente a um bombardeio de perguntas feitas na hora por jornalistas interessados em descobrir suas fraquezas. Na prática, porém, o programa era bem menos animado: as questões eram formuladas com vários dias de antecedência e o presidente já trazia as respostas escritas ou decoradas ( nem todas, porque cancelava mais da metade das perguntas por julgá-las irrelevantes ou inoportunas). Garrastazu Médici, que em seus poucos discursos públicos tem insistido na prática do jogo da verdade, promete dar esse tipo de programa um novo excitamento. Sua primeira entrevista coletiva à imprensa, marcada na semana passada para a segunda quinzena de janeiro, não terá assuntos proibidos, nem exigirá dos jornalistas perguntas prèviamente apresentadas. Com isto, faz uma espécie de revolução no gênero.
De Gaulle e a maioria dos chefes de estado sempre foram partidários do improviso ensaiado. No Brasil, Jânio Quadros, o que mais inovou neste setor, era um tímido comparado ao que promete Garrastazu Médici: lia a pergunta (feita dias antes), anunciava o órgão de imprensa que a havia formulado e depois falava como se respondesse na hora ( de fato apenas repetia a resposta preparada por seus assessores). Com Castelo Branco e Costa e Silva a entrevista coletiva sempre foi monótona: as respostas eram apenas lidas. Garrastazu Médici seguramente será assistido por assessores ou ministros. E, mesmo com as novidades do novo presidente, os jornalistas ainda não levam vantagem no jogo: o presidente pode chamar uma equipe de especialistas em sua defesa, pode responder tão pouco e tão indiretamente quando desejar. Ainda assim, submetendo-se ao improviso de fato, o Presidente Garrastazu Médici estará inovando tudo quanto se viu de entrevista presidencial no Brasil nos últimos tempos.
Elvis Presley ganha Grammy graças a disco Gospel
Após o lançamento de seu 3º disco Gospel “How Great Thou Art”, Elvis Presley ganha Grammy pelas suas interpretações como Melhor performance religiosa. Esse disco pode ser o marco em sua carreira e até agora o melhor trabalho na temática gospel.
Brasil é BI – Campeão Não foi uma simples copa, foi um campeonato extraordinário mesmo antes de começar, 54 países disputaram para conseguir as 14 vagas para disputar esta Copa Amarelinha, de jogos com muita vontade, foi até hoje a copa de jogos mais truncados. Porém, não foi isso que impediu o Brasil de mostrar seu belo futebol, mesmo com o nosso Pelé machucado, temos outros astros da bola, um jogador de pernas tortas deixou essa copa de pernas para o alto, Garrincha. Uma revelação que resultou aos canarinhos um título impressionante. Foram jogos que não houve se quer uma derrota, apenas um empate com a Tchecoslováquia, na fase de grupos. Esse jogo iria se repetir, na final; tendo um placar de 3 a 1. Neste ano, 1962, o Brasil se iguala a seleção uruguaia e italiana, tendo dois títulos mundiais.
CONSELHO ÀS MOÇAS Conjunto de frases de diversas revistas femininas -Se desconfiar da infidelidade do marido, a esposa deve redobrar seu carinho e provas de afeto. (Revista Claudia, 1962) - A desordem em um banheiro desperta no marido a vontade de ir tomar banho fora de casa. (Jornal das Moças, 1965) -- A mulher deve estar ciente que dificilmente um homem pode perdoar uma mulher por não ter resistido às experiências pré-nupciais, mostrando que era perfeita e única, exatamente como ele a idealizara. (Revista Claudia,1962) - Mesmo que um homem consiga "divertir-se" com sua namorada ou noiva, na verdade ele não irá gostar de ver que ela cedeu. ( Revista Querida,1968) - O noivado longo é um perigo. (Revista Querida, 1963)
The Rolling Stones A banda de rock inglesa que surgiu no início da década está conquistando cada vez mais a população. Seu novo álbum lançado no ínicio do ano, FLOWERS, chegou com 3 faixas que estavam totalmente escondidas: “ My Girl ”, “ Ride on, Baby ”, “ Sittin’ On A Fence “. Mês passado o disco alcançou o terceiro lugar nas paradas norte-americanas e ganhou o disco de ouro. Faixas: Lado 1 1."Ruby Tuesday“ 2.“Have You Seen Your Mother, Baby, Standing in the Shadow? Helper" orLeave It" 3."Let's Spend the Night Together “ 4."Lady Jane“ 5."Out of Time" 6."My Girl"
Lado 2 1."Back Street Girl" 2. "Please Go Home" 3. "Mother's Little 4. "Take It 5. "Ride On, Baby" 6. "Sittin 'on a Fence"
Dois tipos de Doping? No México, as Olimpíadas conhecem dois tipos de doping As Olimpíadas de 1968, na Cidade do México, apresentaram o mundo a dois tipos de doping. O primeiro, natural, resultado da altitude: disputados a 2.240 metros do nível do mar, com resistência do ar menor e 30% de oxigênio a menos, os Jogos tiveram 68 recordes mundiais e 301 recordes olímpicos quebrados. O segundo, artificial. A Cidade do México viu, pela primeira vez, o controle antidoping em Olimpíadas. Somente um atleta foi eliminado por testar positivo a substâncias proibidas - o sueco Hans-Gunnar Liljenvall, do pentatlo moderno, por excesso de álcool. Além disso, testes de comprovação de sexo para as provas femininas foram adotados, pelas suspeitas sobre as características físicas de algumas campeãs dos países do bloco socialista. Nenhuma mulher foi desclassificada, mas muitas atletas importantes não se inscreveram para os Jogos.
PASTORAL Um texto de Clarice Lispector – Agosto de 1960 – Edição 67 – Revista Casa e Jardim