BACK BOOK AGOSTO 2012 (vol 18)
VELO CULTURE X BACKDOOR cr贸nica
OMEU IPOD novas tend锚ncias
BACK BOOK Ficha Técnica: Propriedade: Gregório Pereira Editor/ilustrador : Alex Pereira Morada: Rua 4 nº 635 4500 Espinho Telemóvel: 916081269 Mail: Shop@backdoor.com.pt Ilustração: alexnotme@gmail.com Colaboradores: Ana Luísa, João Oliveira, Velo Culture.
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O que podes encontrar:
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BACK BOOK
06 - EDITORIAL Escrito por Ana Luísa
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- CATÁLOGO
16 - VELO CULTURE X BACKDOOR 23- MEU IPOD
Ana Luísa thedecitron.blogspot.com/ cibersomaletra.blogspot.com/ cinnamonpowder.blogspot.com/
João Oliveira 1cafee1bagaco.blogspot.com/ joao.a.oliveir@gmail.com
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EDITORIAL
E era assim que se sentia. A brisa que vinha do mar era gélida. Hoje estava a abusar e até lhe magoava os ossos. Parece que a casa abanava de frio também, mas tinha escolhido viver ali, na praia. Em cima de uma duna e com meia dúzia de coroas, ia comprando as tábuas e os pregos. Ao fim de uns anos tinha a cabanita pronta. Ele era um homem do mar e não se via a viver em mais lugar nenhum. Por isso agora tinha de arcar com as consequências. Ignorou o amor, a amizade, a comodidade. Só aquele São Bernardo com cheiro a peixe o aturava. Mas ele não queria saber. Sozinho estava bem. Podia sentar-se na cadeira remendada cá fora, e pela noite dentro contemplar o luar e o mar. Sonhar com o que poderia ter feito e recordar o que viveu. E viveu muito antes de se tornar no lobo-do-mar. 6
“Tinha um barquito, também ele remendado, azul e branco chamada “A Gaivota”, com quem falava em alto mar.”
Foi pescador. Navegou por aí, sempre sozinho, sem medos ou solidões. Tinha um barquito, também ele remendado, azul e branco chamada “A Gaivota”, com quem falava em alto mar. Tinha instalado uma cozinha, uma cama, uns armários e meia dúzia de cadeiras e cordas. O penico também fazia parte do barco, mas raramente o usava! Para quê? Só significava ter algo mais a limpar ou algo mais a emanar cheiros insuportáveis. Para isso já bastava ele e as entranhas do peixe pescado. Limpezas não eram com ele. E lembrava-se… Um dia uma tempestade aproximou-se e, esquecendo-se de ancorar o barco, ia naufragando. A força das ondas e do vento eram brutais. Alguma alminha irada, não poupava nada nem ninguém naquele mar infernal. O pobre Gaivota sofreu um buraco no casco e o mastro rachou, o que
fez com que o balanço mandasse todo o peixe barco fora. Uma viagem inútil essa. Tempo perdido. Tempo completamente perdido. Outra vez sem comida. Passou fome de cão. Mas ele queria lá saber. Não ia pedir alimento a ninguém, muito menos mendigar. Era ridículo. Ridículo e nada normal para um homem como ele: orgulhoso e outrora corpulento. Quanto muito diriam para ele ganhar vergonha na cara e ir trabalhar. Mas a estatura enganava. Hoje, aquela cadeira remendada só embalava a carcaça larga, pele e osso. Os anos, o sol, as preocupações, o mar tinham-lhe queimado a esperança de uma vida melhor e abastada. Lá no fundo ele pensava nisso. Mas quando vinha a si continuava na dele, contemplando o horizonte, como se estivesse tão mais próximo.
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Velo Culture
x Backdoor
ou uma parede na garagem
“Lau, não conhes.” ”Pah… isto já está tudo conhado…” Foi mais ou menos esta a conversa que dois duendes estavam a ter ontem, quando se apanharam a meio de nova aventura veloculturica. O conhanço em questão era a parede de uma garagem, que conseguimos escavacar ainda mais, para lá pendurar coisas assim para o muito bonitas. Começando pelo princípio, que é por onde começam as coisas sérias, a coisa passou-me mais ou menos como a seguir se conta. 14
Há uns meses atrás, estávamos a preparar a abertura da Megastore dos Anjos, quando recebemos uma mensagem entusiasmada do Gregório a oferecer um espaço numa garagem que tinha na loja dele em Espinho, a já famosa Backdoor da Rua 4, dedicada à roupinha estilosa, ao surf e ao skate. “Uma garagem?! Isso não é para carros?” – perguntou um duende. “A minha é para bicicletas.” respondeu o outro. “Ei, aquilo é ao lado da praia!” atirou uma dinamarquesa com os olhos a brilhar, depois de olhar para o que lhe dizia o Google. “Vamos lá ver” – disse o homem do marketing. “Quem bebeu o meu Sumol de Ananás?” – perguntou o Bob, que tinha acabado de entrar para render o pessoal na hora do almoço
e não tinha ouvido a conversa. E lá fomos ver. Fomos, e encontramos uma loja carregadinha de onda (surf, onda, coiso e tal). A garagem não era bem uma garagem, mas uma zona positivamente caótica a contrastar com o resto da loja, que é toda aprumadinha. Aqui podemos encontrar tudo o que eles vendem que não seja roupa ou acessórios (só aquela que o pessoal tem vestida). Claro que gostamos do que vimos e a coisa ficou combinada. Roupa estilosa, surf, skate e bicicletas bonitas. Gregório, toca a mudar a descrição no site. E prontos, passaram semanas e assim chegamos a ontem. Saímos do MMM num furgão carregado de caixas, biclas, um balde de tinta branca e ferramentas de pintor, dispostos a tudo. 15
Chegados à garagem, escolhemos uma parede perto da montra e começamos a desmontar o que lá estava montado. Resultado? Por baixo da tralha estava uma parede com cicatrizes de mil e um furos de berbequim, só mais ou menos bem sucedidos. Uma parede toda conhada, portantos. Massa e tinta não faltava, mas pah… trata-se de uma garagem e não de uma caixinha de jóias, certo? E assim optamos por não mexer em nada e fazer uma exposição um bocado diferente daquelas que fizémos nas duas Megastores.
No final, gostamos do que lá ficou. Quem visitar a Backdoor vai poder encontrar uma garagem com bicicletas (para já algumas fixed e citadinas de senhora e homem. incluindo da Bobbin) e uma selecção de peças, caps, livros e revistas, entre os quais coisas da Brooks, Kryptonite, Bookman, Origin8 ou Lucky Basterds. Na parede está pendurado um print oferecido pelo Pantónio e um dos jerseys do nosso stock vintage. E assim Espinho ganhou um espaço dedicado às bicicletas bonitas.
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Meu IPOD
MARCIA E J.P SIMÕES A PELE QUE HÁ EM MIM
CROOKED VULTURES ELEPHANTS BURAKA SOUND S HANGOOVER
THE BLACK KEYS LONELY BOY SONIC YOUTH SUPERSTAR
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