Cadeira em lâminas de bambu Laminated bamboo chair <OMITIDO PARA REVISÃO CEGA> <OMITIDO PARA REVISÃO CEGA> <OMITIDO PARA REVISÃO CEGA>
Design, bambu laminado, curvamento, mobiliário, sustentabilidade É grande a necessidade por contínuos estudos de alternativas aos problemas que tangem o sistema produtivo atual. O Bambu como matéria-prima se tornou um assunto de grande relevância, visto que ele respeita a sustentabilidade nos quesitos ambiental, cultural, social e econômico. Para demonstrar a viabilidade do material e aperfeiçoamento sob um viés diferente, foi projetado e confeccionado um protótipo de uma cadeira de Lâminas de Bambu, espécie Dendrocalamus giganteus, cultivada no campus de Unesp. Ao contrário do modo de projeto mais comum, foi utilizada uma estratégia de design para que não houvesse a geração desnecessária de resíduos do material. Este fato costuma acontecer durante o corte de peças, devido ao não aproveitamento total das chapas de bambu laminado colado (BLC) previamente produzidas. Foram utilizadas técnicas como lâminas trançadas e confecção de moldes a quente para as colagens e curvamentos, sem a necessidade da produção das chapas. Design, laminated bamboo, wood bending, furniture, sustainability The requirement for continuous studies about alternatives for the problems in the present productive system is certainly big. The Bamboo like a raw material became a matter of notable relevancy, considering it respect the sustainability in environmental, cultural, social and economic subjects. For demonstration of viability of the material and improvement in a different way, a prototype of Laminated Bamboo chair was projected and fabricated, by using the Dendrocalamus giganteus specie, which was cultivated in Unesp campus. In opposition to the usual projects, a different strategy of design was used in order to not beget unnecessary residues of the material. It generally happens during the cutting of pieces, due to not total using of the glued-laminated bamboo plies. Some techniques used were the braiding of laminas and the fabrication of molds with high temperatures for the gluing and bending, without the need of producing plies.
Anais do 3° Simpósio Paranaense de Design Sustentável (3° SPDS)
Proceedings of the 3rd Parana Symposium on Sustainable Design (3rd SPDS)
Londrina | Brasil | 2011 ISBN
Londrina | Brazil | 2011 ISBN
1 Introdução Um dos temas que mais se discute na atualidade é a adequação de nossos sistemas de produção para que possamos viver em harmonia com o planeta. Todas as áreas do saber estão na corrida contra o tempo, buscando novos conhecimentos para amenizar o prejuízo já existente e evitar que sejam causados novos. O profissional designer possui um importante papel neste equilíbrio, pois muito da produção de coisas que nos auxiliam a viver melhor, mas que em contrapartida também podem fazer mal ao meio ambiente, são projetadas por ele. O pensamento sustentável virou uma máxima dentro de um projeto de design, por isso é muito importante a pesquisa e desenvolvimento de novos materiais, projetos e sistemas. Nesse cenário, o bambu entra com um grande colaborador. Qualidades como regenerar o solo, seqüestrar carbono, ter o crescimento rápido e ser muito versátil fazem dele um ótimo substituto da madeira, a qual tem sua extração como um grande problema ambiental. Tendo em vista estas questões, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver um estudo de um modo diferenciado de confecção do Bambu Laminado Colado (BLC), o qual utiliza lâminas paralelamente prensadas e curvadas à quente. Para isso, foi confeccionado um protótipo de uma cadeira de lâminas de bambu, procurando aproveitar as qualidades oferecidas pelo material, dentre elas a flexibilidade, bem como potencializar as características sustentáveis no projeto, pensando-o desde a extração da matéria-prima até seu descarte.
2 Revisão bibliográfica Design sustentável Há 2,7 milhões de anos o homem pré-histórico projetou sua primeira ferramenta. Este fato se tornou tão importante para a história, que virou o marco inicial para idade da Pedra. As invenções de artefatos que facilitem de alguma maneira relacionamento do ser humano com seu entorno caminharam junto durante sua evolução, mas foi apenas com a Revolução Industrial no século XVIII que a produção de maneira organizada em larga escala começou a tomar forma. À partir de então, o ser humano se viu na Idade Contemporânea, no entanto, o que parecia o auge de seu desenvolvimento através do sucesso de produção de conhecimento sobre instrumentos, métodos e processos empregados nos diversos ramos industriais, acabou também se tornando motivo de preocupação. Muitos dos atuais esforços para manter o progresso humano, para atender às necessidades humanas e para realizar as ambições humanas são simplesmente insustentáveis - tanto nas nações ricas quanto nas pobres. Elas retiram demais, e a um ritmo acelerado demais, de uma conta de recursos ambientais já a descoberto, e no futuro não poderão esperar outra coisa que não a insolvência dessa conta. Podem apresentar lucros nos balancetes da geração atual, mas nossos filhos herdarão os prejuízos. Tomamos um capital ambiental emprestado às gerações futuras, sem qualquer intenção ou perspectiva de devolvê-lo. (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 1991, p:8).
Nesta subtração onde a diferença é negativa em termos de recursos naturais, pode-se dizer que um dos responsáveis pela maneira como o desenvolvimento do processo industrial se dá atualmente é o designer. Ele ‘tem um papel fundamental na transformação da sociedade, porque trata de novidades que afetam o modo de vida dos consumidores e lida com mudanças previsíveis, seja de produtos e aplicações ou até de serviços’ (Macedo, Fachinetto & Nascimento, 2006). Nota-se que seu trabalho não influência apenas a venda de produtos. O design sustentável pode vir a ser um agente transformador da própria demanda do consumo, e deste modo pode causar mutações na sociedade nos âmbitos social, cultural e econômico. Através do caráter de
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conscientização acaba influenciando as opiniões e relações entre as pessoas, mudando paradigmas e produzindo sua própria estética. A preocupação deste profissional deve-se estender além do material utilizado ou seu descarte, mas também à responsabilidade social, pois ‘sabemos que o controle do impacto provocado no ambiente pelas atividades humanas depende de três variáveis fundamentais: A população, a procura do bem-estar humano e a ecoeficiência das tecnologias aplicadas.’ (Manzini & Vezzoli, 2008, p:29). A responsabilidade muitas vezes mal interpretada pelo profissional é comentada neste ensaio, no qual a autora diz inquietar-se com o modo como a profissão de designer tem formado suas noções de responsabilidade social. Segundo ela, freqüentemente definido por atos de generosidade ou ambientalismo, a profissão de design, em muitos casos, limita a responsabilidade social em atos de benevolência ou boa vontade. Segue o trecho: I have always felt a certain unease with the general ways in which the design profession as framed notions of social responsibility. Frequently defined by acts of generosity (i.e., pro bono designs for notfor-profit-agencies) or environmentalism (i.e., the use recycled paper and soy-based inks), the design profession, in many cases, limits social responsibility to acts of benevolent or good will. (Bush A. apud Heller & Verónique, 2003, p:25)
A discussão sobre responsabilidade também pode ser notada no termo Ecodesign. A definição de Fiksel (1996) para o termo diz que ‘projeto para o meio ambiente é a consideração sistemática do desempenho do projeto, com respeito aos objetivos ambientais, de saúde e segurança, ao longo de todo ciclo de vida de um produto ou processo, tornando-os ecoeficientes’. Muitos ainda consideram Ecodesign como uma dentre as várias abordagens que o designer pode fazer em seu trabalho. Entretanto, a preocupação da sustentabilidade refletida no termo deveria torná-lo praticamente um pleonasmo da palavra Design. Neste contexto, é fácil ser induzido ao pensamento de que a produção industrial é a grande causadora dos problemas enfrentados atualmente. Todavia, este tipo de funcionamento produtivo é também observado na natureza, porém de maneira mais eficaz. É o que mostra esta analogia inusitada na qual constataram que ‘as formigas superam, juntas, a biomassa de humanos no planeta e vêm agindo de modo industrial por milhões de anos, sendo extremamente produtivas sem, no entanto, perturbar e colocar em declínio quase todos os ecossistemas da Terra’ Os autores arrematam seu pensamento afirmando que ‘a Natureza não tem um problema de design, as pessoas têm.’ (McDonough & Braungart, 2002, apud Rodrigues & Castillo, 2010) Deve-se adicionar que: ‘O conceito de desenvolvimento sustentável tem, é claro, limites - não limites absolutos, mas limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidade da biosfera de absorver os efeitos da atividade humana. Mas tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico. (Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, p.9)
Por acreditar nesta visão, este estudo pautou-se em torno do tema sustentabilidade, prevendo discutir a utilização do bambu como material pelo designer. Durante o projeto, partiuse da estratégia de design no qual todo o ciclo de vida do produto é levado em conta, pois ‘o impacto ambiental não é determinado por um produto e menos ainda por um material que o compõe, mas pelo conjunto de processos que o acompanham durante todo o seu ciclo de vida.’ (Manzini & Vezzoli, 2008, p:289). Deste modo, a estratégia consistiu em projetar-se desde a colheita do material, até seu descarte. Bambu e sustentabilidade: considerações gerais ‘O bambu se ajusta à idéia de “para todas as pessoas” [...], é uma possível norma planetária no sentido de sua vitalidade unida ao querer humano, pois pode-se facilmente produzi-lo suficientemente para todos e para qualquer das mil coisas que se queira fazer.’ (Farrely, 1984, apud Pereira & Beraldo, 2007, p.154) ‘Historicamente, o bambu tem acompanhado o ser humano fornecendo alimento, abrigo, ferramentas, utensílios e uma infinidade de outros itens. Atualmente, estima-se que contribua para a subsistência de mais de um bilhão de pessoas. Igualmente importante ao lado dos usos tradicionais, tem sido o desenvolvimento de usos industriais do bambu.’ (Sastry, 1999).
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‘Sua admirável vitalidade, grande versatilidade, leveza, resistência, facilidade em ser trabalhada com ferramentas simples, sua formidável beleza ao natural ou processado, são qualidades que tem proporcionado ao bambu o mais longo e variado papel na evolução da cultura humana do que qualquer outra planta’ (Farrely, 1984, apud Pereira & Beraldo, 2007)
Apesar de já muito infiltrada na cultura de países orientais, sua inserção cultural no ocidente ainda está em andamento. ‘É inegável o paradoxo de que o Brasil, detentor da maior reserva natural de bambu do mundo (só nos estados do Acre e Amazonas temos aproximadamente 70 mil Km² e 20 mil Km² respectivamente), seja um dos países que menos utiliza este recurso natural.’ (Fialho; Tonholo; Silva, 2005, p. 3) A insuficiência dos recursos naturais é um dado real, ‘em 2004 o déficit de madeira de reflorestamento foi de 11.3 milhões de m3 no Brasil’ (Aguiar, 2004). Tal dado só confirma a realidade atual: ‘poucos duvidam que os problemas ecológicos condicionarão cada vez mais o desenvolvimento, os processos industriais e os assentamentos humanos, sendo já considerado o século XXI como o século do meio ambiente. Assim, a busca por materiais renováveis e fontes energéticas não convencionais tem-se convertido em uma prioridade mundial neste início de século’ (Salame & Viruel, 1995).
Durante esta busca por materiais alternativos que permitissem à natureza um respiro, o bambu acabou recebendo uma enorme atenção. ‘Este material possui características intrínsecas ao desenvolvimento sustentável, constituindo-se por um modelo de produção limpa, localizada e barata, tais características atendem às questões econômicas, ecológicas e sociais hoje emergentes no Brasil’ (Fialho; Tonholo; Silva, 2005). Ao analisar o fator econômico de maneira isolada, pode se afirmar que: ‘é possível a redução de custos dos produtos que utilizam o bambu como matéria-prima, especialmente nos casos em que o processamento do bambu represente utilização de energia, considerando que seu processo consome menos energia em relação a outros produtos com a mesma finalidade’ (Fialho; Tonholo; Silva, 2005).
Um outro ponto importante é e a possibilidade da criação de negócios e geração de empregos, visto que este material possui exploração de baixo custo já que a produção de colmos é rápida e sem a necessidade de replantio, podendo ser implementada de imediato sua cultura e exploração no campo. Além do baixo custo de produção, esta gramínea predominantemente tropical possui características físicas ótimas. ‘Pode chegar a até 30m de altura em determinadas espécies, e no entanto, o alcança com mais velocidade que qualquer outra planta, levando um broto a média de 3 a 6 meses. Possui também ótimas características físicas, químicas e mecânicas; flexibilidade; além de ser considerado o “aço vegetal” devido à sua relação dureza-massa específica aparente ser superior ao aço.’ (Pereira & Beraldo, 2007)
Em suma, podemos listar os fatores sustentáveis do bambu nos seguintes pontos:
Capacidade de regeneração do solo, além de evitar erosão
Espécie florestal de melhor aproveitamento por área e renovação por tempo, além de sua velocidade de crescimento permitir a colheita de colmos e brotos a partir do terceiro ou quarto ano, muito antes que qualquer outra árvore
É considerado um ótimo seqüestrador de carbono
Possui facilidade para estabelecimento do plantio, já que não exige tecnologias complexas
Transporte, e conseqüentemente seus gastos energéticos, são minimizados devido ao peso leve se comparado às madeiras.
Versatilidade no uso, principalmente como matéria-prima agregadora de valor econômico. Compreendem suas aplicações desde moradias, acabamentos, paisagismo, utensílios, fibras para tecidos, alimento, combustível, papel; até aplicações na medicina, farmácia e química.
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É um material alternativo à madeira, possibilitando assim evitar a cadeia de problemas que sua extração acarreta - devastação de florestas pela extração, agravamento do efeito estufa causado pela liberação de CO2 das queimas, etc.
3 Material e Métodos Espécie de bambu utilizada Foi utilizado o bambu gigante – Dendrocalamus giganteus, o qual é de uso mais freqüente neste tipo de processo devido as suas adequadas dimensões de altura, diâmetro e espessura de parede. Ele é relativamente comum em nosso meio rural e de fácil reprodução e cultivo. Foram plantadas um total de 25 moitas desta espécie no ano de 1995 no Laboratório de Experimentação com Bambu, e desde 2001, obtém-se uma produção média de 225 colmos anualmente, os quais estiveram disponíveis para o projeto. A Figura 1 mostra uma moita de bambu desta espécie. Figura 1. Moita de bambu gigante (Dendrocalamus giganteus)
Adesivo PVA Na produção da cadeira foi utilizado o adesivo de Cascorez 2590. Ele é composto de acetato de polivinila, conhecido como PVA a base de água e não poluente. Brainstorming Existem algumas idéias desenvolvidas por estudiosos que facilitam a fluidez da criatividade. Uma delas, desenvolvida por Osborn (1987), é conhecida como o brainstorming ou “tempestade de idéias”. Algumas de suas etapas serviram como estruturação da fase de criação do objeto. São elas a pesquisa sobre o problema, reunião e análise dos dados, incubação das idéias, fluidez das idéias em sketches, para futuramente haver a verificação das idéias obtidas de maneira mais racional e escolha da idéia final. Durante o processo, foram levados em conta os conceitos de sustentabilidade pesquisados, entre eles o cultivo e manejo adequado do material, o mínimo de desperdício, não utilização de outros materiais poluentes ou que dificultem o descarte, ergonomia e funcionalidade adequada para garantir sua vida-útil longa sem o descarte prematuro. Processamento para confecção de Lâminas Para produção da cadeira de lâminas é necessário processamento do bambu, o qual ocorre do modo descrito a seguir (Pereira & Beraldo, 2007). Desdobro em Serra Circular
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Este processo se dá na máquina conhecida como destopadeira ou serra circular. Ela é utilizada para cortar o bambu em partes menores facilitando os processos seguintes. Desdobro em Serra Circular Dupla Para o colmo virar ripas é necessário passar pela serra circular dupla. Nela, o bambu é passado no sentido longitudinal por duas serras separadas na distância que terá a lâmina, também chamada de ripa. É possível tirar, em média, sete ripas, variando de acordo com a distância entre as serras. Retirada dos Nós Mesmo após o desdobro duplo, o colmo deve ser atirado com força contra o chão para que o impacto rompa a ligação que ainda havia nos nós, liberando as ripas. Na retirada dos resquícios de nós que ficaram nas ripas, bem como a região saliente externa à ele, utiliza-se uma serra circular. Desengrosso nas Quatro Faces Para que a casca e curvatura externa e interna das ripas sejam retiradas, elas passam por uma desengrossadeira composta de duas tupias para cortes laterais, uma para corte interior e uma para corte superior, as quais podem ser reguladas para a obtenção de medidas específicas de largura e espessura. Confecção do protótipo Após a definição do produto a ser confeccionado e com as lâminas prontas, um protótipo foi executado em laboratório, buscando estudar e resolver aspectos ligados a confecção dos componentes do objeto bem como do desenvolvimento e utilização de moldes curvos.
4 Resultados O resultado do braistorming foi a primeira modelagem 3D, vista na Figura 2. A cadeira possui dois perfis curvados idênticos para o acento, e dois perfis curvados idênticos para os pés. Eles são unidos e suportados por barras. (Figura 2) Figura 2. Modelagem 3D e região das barras de união.
Um ponto a se destacar é que o acento possui um trançado de lâminas, aproveitando desta maneira a característica interessante de flexibilidade que elas possuem. As horizontais individuais e as verticais duplas, prensadas e curvadas a quente. Alguns ajustes foram feitos, dentre eles a barra de apoio traseira, a espessura dos perfis e barras – que passarem de 2,5cm para 2cm - e o tamanho do acento trançado, o resultado está na Figura 3.
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Figura 3. Modelagem final e desenho técnico
Confecção do protótipo da cadeira Trançado do assento A Figura 4 mostra uma simulação para que fosse testada a resistência do assento. O teste foi conduzido com algumas pessoas de pesos diferente, e ele demonstrou suportar as forças aplicadas. Figura 4. Simulador do acento
Confecção de peças e moldes curvos Durante o primeiro teste a idéia era curvar as ripas uma por uma a quente, e depois colá-las a frio com a ajuda de um molde de madeira. Foram utilizados tiras de ferro curvadas no ângulo e medidas necessárias aos perfis projetados. Elas eram superaquecidas com um maçarico a gás por aproximadamente dez minutos para que a lâmina fosse curvada a altas temperaturas. Figura 5. Curvamento com maçarico
O processo apresentou problemas, dentre eles o gasto de energia à gás, o tempo de trabalho gastos em todo o processo e a falta de controle sobre o calor, que acarretou na imprecisão nas curvaturas e em eventuais regiões escurecidas.
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Figura 6. Lâminas com pouca uniformidade nas curvaturas.
Uma nova experiência para prensagem e curvamento de lâminas à quente foi adaptada de RAMOS (2010) utilizando-se dois moldes macho e fêmea feitos de madeira, o qual teria tiras de alumínio em altas temperaturas - esquentado por resistências de chuveiro enroladas numa tira de duratree e ligadas à energia elétrica - na superfície de contato com as lâminas, curvando ao mesmo tempo várias ripas ao invés de uma a uma. Foram feitos quatro moldes até que fossem completamente aperfeiçoados. Optou-se por utilizar esta prensagem apenas para as regiões curvas como pode ser visto na Figura 7. As peças retas foram confeccionadas no processo tradicional de BLaC (Pereira & Beraldo, 2007) e unidas nas peças curvas com encaixe finger joint, como pode ser visto na Figura 8. A Figura 9 mostra as curvas finais obtidas e a Figura 10 à confecção do assento. Figura 7. Ripas retas sendo prensadas e curvadas a quente
Figura 8. BLaC prensado à maneira tradicional e unidos com finger joint
Figura 9. Peças curvas finais
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As lâminas únicas horizontais e as duplas verticais do acento e encosto foram prensadas no meio dos perfis. Além disso, antes da última prensagem que corresponde à união do perfil lateral com a extremidade das lâminas horizontais, elas foram umedecidas para permitir que fossem trançadas com mais flexibilidade. Figura 10. Lâminas horizontais, verticais do assento
A Figura 11 mostra o protótipo final da cadeira. Figura 11. Protótipo final
5 Conclusão Primeiramente, pode-se observar várias características positivas com respeito a aspectos ligados a sustentabilidade, principalmente quando comparadas aos métodos e materiais convencionais normalmente utilizados. Outro fator importante diz respeito ao desenvolvimento e pesquisa do processo de confecção artefatos com bambu laminado colado, que pode contribuir para sua futura utilização tanto em mobiliário como em outros objetos. Foi possível constatar resultados referentes à estratégia de design sustentável adotada com a diminuição de impactos ambientais na produção. Em contra partida aos métodos tradicionais de produção do BLaC, o qual passam pela fase de confecção de chapas retangulares antes da sua utilização final, foi possível diminuir significativamente o gasto de material pulando essa etapa. Ao optar por um objeto composto apenas por lâminas prensadas somente por uma face a partir de moldes, foi possível utilizar apenas a quantidade desejada do material, diminuindo a quantidade de resíduos. Pode-se notar também que prensagem do acento juntamente aos perfis, além de evitar o uso de parafusos, se apresentou tecnicamente simples e uma ótima solução para união dos
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conjuntos de peças. O trançado de lâminas demonstrou ser uma estrutura eficaz, visto que não é somente interessante estéticamente, mas também resistente ao peso de uma pessoa de percentil médio. Além disso, o objeto foi projetado sem a utilização de materiais secundários, no qual a produção pode estar ligada a poluição ambiental. Neste caso, seu descarte também é facilitado por ser mono material. A baixa quantidade de emprego de material faz com que o impacto do transporte e logística seja minimizado, já que é um objeto leve. Ademais, por ser similar à madeira, o BLaC permite certa abertura com relação à criação do desenho, além de possibilitar a exploração de uma característica interessante do bambu: a flexibilidade, a qual pôde ser vista nas curvaturas e no trançado das lâminas. O desenho simples permite uma versatilidade de ambientes a ser utilizada, dentre eles sala de jantar, cozinha, quarto, lojas, entre outros. O refinamento possibilitado pelo design e pelos processos envolvidos ajuda-no a eliminar a idéia de rusticidade que o material costuma carregar. Estes fatores fazem com que o objeto seja mais atraente para que sua utilização seja estendida por mais tempo, evitando assim o consumo de um novo objeto, e conseqüentemente todos os impactos poderiam proporcionar. Pode-se perceber até o presente momento que são muito as possibilidades de exploração do bambu para o design, e com o aprofundamento dos estudos nos seus diversos usos como esse, se afirma um material alternativo muito conveniente.
6 Agradecimento <OMITIDO PARA REVISÃO CEGA>
7 Referências Bibliográficas Almeida, F. 2002. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Aguiar, C. 2004. Apagão florestal é inevitável. In: Branco, M., Revista Abimóvel. nº 32, jun. Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. 1991. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas. Bush, A. 2003. Graphic Design’s Social Work. In: Heller, S. & Véronique V. Citizen Designer: Perspectives on Design Responsibility. New York: Allworth Communications, Inc. 259p. Fialho, E. G.; Tonholo, J.; Silva, A. L. P. da. 2005. Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Bambu: Uma Oportunidade Para Empreender. Salvador: XI Seminário Latino-Iberoamericano de Gestión Tecnológica <http://www.redetec.org.br/publique/media/cadeia%20produtiva%20de%20bambu.pdf>, 08/04/2010. FIKSEL, Joseph. 1996. Design for environment: Creating eco-eficiência products and processes. New York: McGraw-Hill Professional. Macedo, F. B., Fachinetto, M., Nascimento M. B. 2006. Sustentabilidade como Requisito de Design. In: 7º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. Manzini E. & Vezzoli C. 2008. Desenvolvimento de Produtos Sustentáveis. Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: ed. EDUSP. Osborn, Alex. 1987 O poder criador da mente. São Paulo: Ibrasa. Pereira, M. A. dos R. 2001. Bambu: Espécies, Características e Aplicações. Apostila. Departamento de Engenharia Mecânica. Universidade Estadual “Julio de Mesquita Filho”. Pereira, M.A.dos R. & Beraldo, A.L. 2007. Bambu de corpo e alma. Bauru: Canal 6 editora. 239p. Ramos, B. P. F. 2010. Chaise Estações. Trabalho de conclusão de curso. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação. Universidade Estadual “Julio de Mesquita Filho”. Rodrigues, L. & Castillo, L. 2010. A sustentabilidade e o design de mobiliário: um entrelace histórico. In: 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design. <http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/69692.pdf>, 06/04/2011. Salame, H., Viruel, S.C. de. 1995. Estructuras de bambu en la arquictetura moderna. In: XXVII Jornadas Sudamericanas de Ingenieria Estructural. Argentina: Tucuman. 230p
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