ADRIANA MACIEL

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portfolio - pinturas

ADRIANA MACIEL


Veladuras em branco e negro vão definindo espaços em que a sobreposição de camadas de pigmento depositado nos poros do suporte, cria diferentes pesos para as massas pictóricas. Azuis, vermelhos e verdes, apenas entrevistos, somam-se à indefinição de uma geometria que transgride a regra e vale apenas para os olhos.

A pintura de Adriana Maciel movimenta o plano do quadro; quer construir uma profundidade íntima. Em telas e intervenções sobre prismas de madeira maciça, o espaço planar é investigado. A pintura se dá na superfície, mas se projeta para fora e para dentro, como que querendo furar o plano do quadro. Sulcos e fendas atravessam volumes virtuais e as superfícies não se sustentam mais. Então, podemos intuir o interior destes espaços. Passagens de dentro para fora, na horizontal como na vertical e de fora para dentro jogam com os limites do suporte: no plano, a pintura projeta a tridimensionalidade; quando é dada a espessura do bloco de madeira, a imagem apaga a matéria. A clássica tarefa da pintura é retomada como jogo.

Em seu conjunto, os trabalhos configuram uma arquitetura de limites ambíguos, cruzada por corredores desabitados, em que luz e sombra adquirem densidade existencial. Estas construções poderiam ser atravessadas e renovadas por fluidos invisíveis, como o ar e a água. Apenas para a luz não há passagem, já que a imaginação constrói onde a luz desaparece. Interligadas, como as partes do corpo, estas câmaras indagam sobre a finitude e sua superação por uma espécie de morte, não tanto física, mas a morte da lucidez. O início de tudo é o nada, uma proposição sugerida com a proximidade entre barreiras e passagens nas telas da artista, evoca perguntas de ordem metafísica, aquelas cujas respostas estão além da realidade imediata, mas que a artista investiga nas modulações da sombra e no recolhimento dos cantos. Na série de pinturas de Adriana Maciel a lucidez é apenas uma forma de contornar o desconhecido.

Luiza Interlenghi Janeiro 2006


Compartimento nº 2- díptico - acrílica sobre tela- 1 x (100 x 76 cm ) 1x ( 78 x 103 cm ) - 2010 - montagem frontal


Núcleo - políptico de 5 partes - acrílica sobre tela -1 x (60 x 152 cm) 1 x (60 x 50 cm) 2 x ( 60 x 180 cm) - área- 181 x 292 cm - ano 2011


Trajetória- acrílica sobre madeira- 1100 x 90 x 20 cm - 110 - Prêmio Projéteis Funarte Arte Contemporânea-2008 - RJ


Trajetória- acrílica sobre madeira- 1100 x 90 x 20 cm - 110 - Prêmio Projéteis Funarte Arte Contemporânea-2008- RJ São 100 pinturas em volumes de madeiras, de 20 x 20 x 2 cm, dispostas serialmente ao longo de 11 metros. A disposição linear busca construir, pela interligação virtual das peças, um novo elemento propiciado pela pintura. No centro de cada objeto, em ambas as faces, encontra-se representado um círculo ilusório sugerindo um espaço vazado. No conjunto linear exposto, a representação bidimensional se converte na percepção de um túnel virtual.


Compartimentos nº 01 -políptico de 4 partes - vista frontal - acrílica sobre tela-3 x( 43 x 55) cm e 1 x( 117 x 43)- ano- 2010


labirinto -polĂ­ptico 5 partes - 5 x (200x 50 cm) - ano 2006


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 110 x 141 cm - ano 2006


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 37 x 27 cm - ano 2011


Dentro e fora -sem tĂ­tulo- acrĂ­lica sobre tela- 100 x 85 cm - ano 2010


Abismo - acrĂ­lica s/tela 83 x 148 cm - ano 2006



sem tĂ­tulo - polĂ­ptico de 4 partes - 4 x ( 124 x 90 cm ) - ano 2005 - montagem frontal na pĂĄgina anterior e montagem em canto


Uno - acrĂ­lica s/tela -150 x 50 cm - ano 2009


Território nº 01 - políptico de 6 partes 6 x (alturas variadas 170 x 140 x 130 x 30) cm - ano 2006 - área 170 x 170 x 160 cm


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 180 x 62 cm - ano 2011


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 110 x 150 cm - ano 2004


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 127 x 140 cm - ano 2004


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre tela - 83 x 150 cm - 2006


objetos


sem título- acrílica sobre madeira - 20 de diâmetro x 2 cm de espessura - ano 2005


sem título - acrílica sobre madeira - 25 de diâmetro x 2 cm de espessura - ano 2005


sem título- acrílica sobre madeira - 25 de diâmetro x 2 cm de espessura - ano 2005


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre madeira - 6 x 7 x 26 cm - ano 2006


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre madeira - 6 x 7 x 26 cm - ano 2006


sem tĂ­tulo- acrĂ­lica sobre madeira - 6 x 6 x 18 - ano 2006 - montagem na esquina da parede


sem tĂ­tulo -1 6 x 13 x 4 cm - ano 2006 montagem na esquina da parede


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre madeira -16 x 15 x 12 cm - ano 2006


sem tĂ­tulo - acrĂ­lica sobre madeira - 2 x (15 x 15 x1 13) cm - ano 2004


fotografias


SĂŠrie sertĂŁo - 2009- Vale do Catimbau- 39 x 50 cm - fotografia


SĂŠrie sertĂŁo - Vale do Catimbau - 50 x 37 cm - fotografia - ano 2009


SĂŠrie sertĂŁo - Vale do Catimbau- 50 x 37 cm - ano 2009 - fotografia


SĂŠrie sertĂŁo - Vale do Catimbau - 37 x 50 cm - ano 2009 - fotografia


Sítio São João - Teresópolis - 37 x 50 cm - ano 2010 - fotografia


“A ascese da luz e do silêncio” A questão desta pintura é, ao meu ver, a intercessão entre objeto e natureza. Objeto deslindado, desvanecido, superfície quase aquosa, de brilho fugidio, que cava a tela como um holofote no escuro, para deslumbrar a coisa – estas coisas tão naturais do mundo – dispostas na ordem corriqueira, que são atravessadas por uma percepção serena. Digamos que as coisas exploradas pela artista, objetos que não mais nos inquietam como uma xícara, um interruptor, um lâmpada, uma toalha, o prato, etc. que estão disponíveis, no cotidiano, em sua ordem funcional, agrupados numa coletânea pragmática, sofrem uma espécie de dobra, de retorno à estranheza para se colocarem como objetos perceptíveis pela primeira vez em sua autenticidade de objetos com a finalidade de serem indagados como exploração de nascentes, de horizontes de coisas. O método lembra a fenomenologia em seus anos de glória. Trata-se de limpar a película da tela até a sua intensidade, deixá-la coesa ao objeto da representação, sem evocar a pura plasticidade da “pintura lisa” e, por lógica, evitar a acumulação da massa pictórica. É um método da compreensão da coisa – e não um campo exploratório. O que é compreender a coisa? É recebê-lo para a claridade, para este jogo do mundo, na qual natureza já não pode dispor da fórmula de sua ordenação. É a luz que tramita por ela, entranha-se por dentro dela para criar a sua corporificação isolada. Os objetos aqui, puras tactilidades óticas, extremos de pureza para a luz. É que a luminosidade, aventura do corpo, distribui esta seleção de objetos, desocultando para a percepção da coisa. Daí, seu método de debastação, de extinguir todas as camadas de tinta, consideradas inúteis, de “limpá-las” ao ponto que um raio de brilho despenque sobre toda a superfície de modo interrupto e orgânico. Cada detalhe da superfície emerge para construir uma totalidade. Embora, a artista trabalhe com “croquis”, eles são meras indicações, meros pontos de contato com a superfície, que se projeta em camadas tênues e veladuras. A ação da artista funciona como um retiro – um monastério esculpido para dentro, para aclamar os planos de luz que estão em seu interior. O mesmo problema pode estar na linha. Não é uma fricção, um contorno, um traço gritante de sua comunicação. É, antes, dissolução, mesmo surgindo no mais visível de seus ladrilhos, cujas camadas de cor parecem evocar névoas pálidas e muito mais ainda nos seus cantos, quase oníricos, escadas e objetos como a toalha, que parecem suspensos pela qualidade de serem diáfanos. Estas estranhas nebulosidades, estas imersões no vácuo onde cintilam estes objetos refletidos, duplos da luz, espaçados na ambivalência e na ambigüidade da percepção, cenas sem dramas e esvaziadas, cenários do corpo para a luz e da luz para o corpo, são obras que parecem interpelarem o imediato ruidoso da coisa e sua sinalização direta na natureza. Como a artista diz “há uma ascese do silêncio”. Uma ascese da luz também porque ela brota do interior da superfície para tornarem os objetos expressivos para a mudez da visão.

Wilson Coutinho- 2000 - Catálogo Galeria Rosa Barbosa


Ferreira Gullar R-evista Continente Ano VI. nยบ 65 Maio 2006


Adriana Maciel recortou como território do seu trabalho os interiores da casa de morar. No entanto, a sua representação de mundo é inteiramente urbana, trazida para a intimidade do cotidiano, e revela com paradoxal delicadeza a desolação da cidade contemporânea, espelho de um mundo atrelado ao consumo. Aqui, a relação com a arquitetura aparece nas grandes superfícies veladas pela fantasmagoria do branco, que se desdobram em quadriculados de ladrilhos, - gestos de leve grafismo - , em ângulos interrompidos de ralos, pias, gradis-cicatrizes, janelas com grades, prateleiras nuas. Cortinas se entreabrem para espaços emparedados. Janelas para um negro absoluto, onde um poste se ergue, impeditivo,truncado. Um lugar que não tem lugar, à semelhança de outros trabalhos da artista. Um lugar irreconhecível pela aparência anônima dos fragmentos arquitetônicos que o compõem. Pelo deslocamento que opera, ao trazer o fora da rua para o dentro da casa, ela ativa uma consciência crítica, leva ao estranhamento, aguça a emoção. Esta poética, contudo, está longe de resumir-se a um ânimo de denúncia. Convivem aí, a exemplo do dentro- e-fora, outros pares de oposições, trazendo um atrito saudável para a percepção do seu olhar. No extremo do confinamento, do distanciamento, no comedimento da cor, na economia da gramática expositiva do gulag , há a inserção ascética mas amorosa d e objetos do cotidiano , vestígios mínimos de uso e habitação, emergentes da luz: um prego, um copo, uma camisola no cabide, um dado, panos de prato, tijelas. A atmosfera luminosa, mais matizada de cor - que não obstante permanece restrita ao elenco dos brancos ,cinzas, vermelhos e negros - , sempre em finas camadas, reverbera para o olhar a existência desses objetos. Reflexividade, ativação da memória, afetividade pelos materiais do dia a dia da vida, os mais simples e triviais, resgate ainda possível de humanidade, estão na inervação desta pintura. Que assim opõe distanciamento a sentimento, numa mesma instância de trabalho. Feita de luz e silêncio, no limite mesmo da materialidade, ela se recusa à velocidade e à insubstância do mundo do consumo, e consegue criar um tempo/espaço para o vazio, onde a experiência do outro poderá interagir com a sua singularidade. E no amplo panorama aberto hoje à invenção visual dá testemunho, enquanto pintura, da inesgotabilidade do poder imaginante em conferir um novo sentido histórico à representação da contemporaneidade. A um tempo feminino e falante de língua geral, balanceado entre razão e emoção, o trabalho de Adriana Maciel responde a uma das propostas de Ítalo Calvino para o nosso milênio : a da dissolução da compacidade e da inércia do mundo, para evitar que o peso da matéria nos esmague. Lélia Coelho Frota 2004- catálogo Galeria Rosa Barbosa


Jornal do Brasil 11-03-2006 Caderno B - Cleusa Maria


Jornal do Brasil caderno B 6.6.2005 - Monique Cardoso


Jornal .do Commercio Artes Visuais 11.6 2005 - Alessandra de Paula


Estado de S達o Paulo 14-08- 2004 cad.2 -Visuais - Camila Molina


Revista Atelier nยบ 102 - Marรงo 2006


Jornal do Commercio Artes Visuais 2008 - Naira Sales


Adriana Maciel Mineira, de Belo Horizonte, reside no Rio de Janeiro. Formada em Artes Plásticas pela UFMG, em 1991 - BH -MG. Curso de pintura com Beatriz Milhazes e “Núcleo de Aprofundamento em Pintura”, realizados na EAV - Parque Lage. RJ - 1994 e 1995

Exposições Individuais 2008 Prêmio Projéteis Funarte de Arte Contemporânea 2008 2006 Galeria de Arte Contemporânea 90 – RJ - exposição de pinturas 2005 Centro Cultural dos Correios – RJ - exposição de pinturas 2004 Galeria de Arte Rosa Barbosa - SP- exposição de pinturas 2000 Galeria de Arte Rosa Barbosa – SP - exposição de pinturas 1998 Projeto Macunaíma - Funarte- RJ -exposição de pinturas 1997 Paço Imperial - Centro Cultural - RJ - exposição de pinturas 1996 Centro Cultural Cemig - BH - exposição de pinturas

Principais Exposições Coletivas. 2011 - Salão Arte Pará - Fotografias - Série sertão - Vale do Catimbau -2009 2009- Realizou exposição coletiva de fotografias no POP, pólo de Pensamento, RJ. 2008 – Imediações – A crítica de Wilson Coutinho – MAM - RJ


2007 - Paço Imperial - Auto-Retrato do Brasil – coleção Márcio Rebello 2006 - Arquivos Geral – Centro Cultural Hélio Oiticica. 2005- SPArte - Feira de arte- Pavilhão da Bienal – SP e exposição " Casa Matriz - o doméstico no contemporâneo" - Galeria de Arte UFF–RJ 2004- IX Bienal de Santos - SP e Exposição "Naturezas -mortas, interiores, arquiteturas e paisagens - Galeria Rosa Barbosa. 2003 - 28º Salão de Arte de Ribeirão Preto – SP. 2003- “Projéteis de Arte Contemporânea” - Funarte -RJ. 2002- X Salão Paulista de Arte Contemporânea – SP e VIII Bienal Nacional de Santos de Artes Plásticas - SP. 2001- VII Salão Nacional Vitor Meirelles – MASC. 2001 - Deslocamento do Feminino –Caixa Cultural- RJ. 2001- Macunaíma Reflexões- Funarte – RJ 1999 -Rumos Visuais - Itaú Cultural – SP-BH - DF. 1998- VII Salão Nacional Vitor Meirelles - MASC. 1998-Abra Coca-Cola - Centro Cultural Vergueiro - SP. 1997 -VI Bienal de Santos - SP. 1997- XXV Salão Nacional de Arte Belo Horizonte – Centro Cultural UFMG 1996 20º Salão Carioca EAV - Parque Lage - RJ (Prêmio participação

Atividades didáticas 2010- Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais – 7ª Edição- Oficina selecionada: “Você me ensina , e eu te ensino.- Casa da Arte - Maceió


Outras atividades 1999- Produção executiva– Gravura Francesa Contemporânea- Mostra Rio Gravura- Centro Cultural Light e produção executiva- Mestres Espanhóis e a Gravura- Mostra Rio Gravura – Centro Cultural Banco do Brasil 2002- Assistente de produção – Gráfica Utópica- Arte Gráfica Russa- 1904-1942 – Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro 2003- Assistente de produção- "O que é Fluxus? O que não é! O porquê."- Centro Cultural Banco do Brasil 2004- Assistente de curadoria- Impressões – panorama da xilogravura brasileira - Santander Cultural – POA-RS 2007- Assistente de curadoria- A Gravura Brasileira – na coleção Mônica e George Kornis- Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Brasília e Curitiba 2009– Assistente de Curadoria – Rubem Grilo Xilo-Gráfico- 1985-2009- Caixa Cultural – Rio de Janeiro 2010- Assistência de curadoria – Exposição Darel de Corpo inteiro - Caixa Cultural –RJ . Assistência de curadoria Rubem Grilo-Xilográfico - Caixa Cultural Salvador e São Paulo 2011 - Assistência de curadoria Rubem Grilo-Xilográfico 1985 a 20111 -Caixa Cultural Brasília

Vídeos 2009 - Vídeo da exposição Rubem Grilo Xilográfico – Caixa Cultural RJ e- Vídeo da exposição –A Arte Indígena de Victor Brecheret- Caixa Cultural RJ 2010 - Vídeo e edição da exposição Marcas Reveladas –Atelier Villa Venturoza- - MNBA e vídeo e edição da exposição Rubem Grilo Xilográfico – Caixa Cultural –Salvador e São Paulo- Sé 2011 - Vídeo e edição da exposição Rubem Grilo Xilográfico – Caixa Cultural –Brasília e Vídeo e edição da Oficina Você me ensina e eu te ensino- Rede Nacional Funarte Artes Visuais

adria.maciel@yahoo.com.br


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