REABILITAR/HABITAR

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“AO SE CONSTRUIR A HABITAÇÃO, TAMBÉM SE CONSTRÓI A CIDADE.” NABIL BONDUKI


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HABITAR COMO FORMA DE REABILITAR O CENTRO URBANO DE RIBEIRÃO PRETO Bárbara Queiroz Pinto orientadora: Marcela Cury Petenusci trabalho final de graduação Ribeirão Preto . 2017

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aos meus pais, Milton e Rita, por todas as oportunidades, ensinamentos, broncas que me deram e me dão, pelos esforços que não medem para fazer por mim, sem eles eu não seria ninguém. a minha irmã Bruna, que mesmo longe (no meio do mato) sempre torce e acredita em mim e tem uma palavra para me confortar. A minha vó, meu alicerce, que não entende nada do estou fazendo, porém torce e reza para meu sucesso. as minhas amigas e amores da minha vida, Ana Olivia, Gabriella Bonilha, Giulia Marasea, Paloma Bresolin, Caetano e Julia Minucci que sempre me deram força, me acalmaram e me ajudaram em momentos de confusão e exaustão. a família que construí durante a faculdade, especialmente os “emissários do tio Chaim”, (Gabi P., Isa M., Lucas, Felipe, Maria Alice, Ludmila, Laís, Beto, Camila, Vitória e Karime), Flor, Ariela, Bia, Mabe, Thaiara e toda minha sala, que contribuíram para essa amizade. A minha orientadora Marcela Cury que me aguentou e ajudou durante todo o processo de TFG, Marcelo Carlucci, Roberto Ferreira e Carlos Stechhahn, que sempre de alguma forma me ajudaram com dúvidas. Catherine D’Andrea, melhor coordenadora e banca que eu podeira ter, a eles, meu agradecimento eterno. E todos que estão a minha volta e que me ajudaram diretamente e indiretamente a chegar até aqui. OBRIGADA!

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Edifício Japurá, Eduardo Kneese de Mell - São Paulo


09 introdução 12 panorâma histórico da habitação social no Brasil políticas habitacionais no Brasil o espaço de morar e suas novas dinâmicas da vida contemporânea habitação contemporânea 30 habitações sociais em centros urbanos habitação social como reabilitação dos centros urbanos 34 ribeirão preto como área de intervenção habitação de interesse socail na cidade habitação de interesse socail no centro de ribeirão preto 42 referências projetuais 60 configurações urbanas 68 diretrizes PROGRAMA INICIAL 74 projeto 107 bibliografia

sumário

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INTRODUÇÃO

“O direito à moradia é um dos núcleos que possibilita a consecução da dignidade da pessoa humana, razão pela qual deve ser implementado em todos os níveis (Rangel, 2011, p.58)”.

A partir do final do século XX, o déficit habitacional ocorre conforme a expansão das cidades vem acontecendo, logo gera uma alta demanda por habitação, de qualidade e digna, principalmente por parte da população de baixa renda. Em contrapartida os centros urbanos estão cada vez mais ociosos, por conta da degradação e deterioração dos espaços. E outros fatores como a localização do terreno e a boa infraesrutura são determinantes para a valorização do solo, causando assim a segregação socioespacial da população de beixa renda, as quais tem que habitar lugares mais distantes dos centros urbanos. Observando o cenário atual, gradativamente tem propostas e iniciativas de implantação de habitações de interesse social nesses centros urbanos, pelos seus bons condicionantes e suprir a maioria das “necessidades” da população. Considerando a disposição das habitações sociais em áreas centrais urbanas para requalificação desses espaços, este trabalho justifica-se pela necessidade de requalificação da área central de Ribeirão Preto, que poderá ser favorecida pelo desenvolvimento de projetos habitacionais nesta área. Já que o tema tem uma grande relevância hoje em dia e o município de Ribeirão Preto sofre com a falta de moradias de baixa renda no centro da cidade. Convém estudar, propor e encontrar soluções para o déficit habitacional no município.

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A proposta inicial deste trabalho final de graduação é identificar e evidenciar através de levantamentos e pesquisas teóricas maneiras de projetar um conjunto de habitação de interesse social na área central de Ribeirão Preto, mais especificamente na área da “Baixada” próximo à região do quarteirão Paulista do município, sendo que este conjunto poderá abrigar a população de baixa renda que vive isoladamente nos bairros periféricos e garantir a facilidade de mobilidade, saúde, lazer e educação que se encontra no centro. Apoiando-se no programa do governo MINHA CASA MIHA VIDA e em soluções tecnológicas e espaciais flexíveis que considerem as transformações pela qual a família brasileira vem passando. Desse modo, remodelando a área e aumentando a qualidade de vida dos novos e antigos moradores da região, aproveitando os terrenos vazios, desocupados e até mesmo os subutilizados. O projeto tenta buscar uma integração com os espaços existentes e novos, interior e exterior do conjunto com o centro da cidade.


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panorâma histórico da habitação de interesse social


POLÍTICAS HABITACIONAIS NO BRASIL Habitação de interesse social no Brasil começou a ser implementada no final do séc. XIX e início do séc. XX, quando o processo de substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho livre e a industrialização começaram. As cidades começaram a ganhar poder de atração, o que estimulou as pessoas se mudarem de uma área rural para uma área urbana, fazendo com que houvesse um crescimento inesperado. Essa busca por sobrevivência nas cidades, fez com que esses municípios crescessem de forma desordenada, causando um descompasso entre o acesso a moradia e o crescimento da população, levando a carência da infraestrutura urbana. (Bonduki, 2017) “Ao receber milhares de novos moradores, a cidade passou a exigir transportes rápidos, pois as distâncias passaram a ser medidas em quilômetros, os chafarizes¹ deixaram de dar conta do consumo, aumentou o risco de contaminação da água e esgoto que, sem destino certo, tornando-se o principal inimigo da saúde pública (Bonduki, 2017, p. 26).” “ O crescimento da cidade deveu-se não só a sai consolidação como grande mercado distribuidor, mas também ao influxo da massa de imigrantes.(Fausto, 2016, p. 36)”

Devido à grande especulação imobiliária capitalista, baixos salários, falta de políticas públicas e desigualdade social, impossibilitaram o acesso a moradia para uma boa parcela da população, assim viabilizando a segregação, degradação ambiental, má qualidade de vida, causando um descompasso entre o acesso à moradia e o crescimento populacional. (Holz & Monteiro, 2008) “A urgente necessidade de alojar a grande massa de imigrantes, fez com que se edificassem diferentes tipos de estalagens, cortiços e habitações operárias, quase todas elas de construção apressada e precária (Bonduki, 2017, p. 30).” 13


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Os cortiços, eram casinhas de formas irregulares de ocupação, com imóveis precários, condições de vidas e moradias subumanas. Nabil, no livro Origens da habitação social no Brasil, diz que a ocupação desses terrenos baratos, abaixo do nível do arruamento, gera uma urgência e o descuido com que se executavam as construções numa época de grande demanda por novas moradias de aluguel. (Bonduki, 2017) “Caracterizado como verdadeiro “inferno social”, o cortiço tido como antro não apenas da vagabundagem e do crime, mas também das epidemias, constituindo uma ameaça às ordens moral e social. Percebido como espaço do contágio das doenças e do vício, sua denúncia e condenação pelo discurso médicohigienista foram seguidas por medidas administrativas... (Valladares, 2000, p.7)”

Figura 1 – Cortiços. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec. gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38940

Figura 2 – Vilas Operárias. Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfTe4AC/ parametros-avaliacao-dimensional-projeto-arquitetonico-habitacao-popular-no-estadosao-paulo?part=4 ¹ Os chafarizes eram lugares públicos, onde a população buscava água (em meados de 1870), embora já em meados do século houvesse falta de água.


As vilas operárias eram baseadas nas casas unifamiliar, em um modelo de habitação econômica e higiênica, o ideal a ser seguido. Casinhas isoladas, germinadas duas a duas, em blocos e ficavam sempre próximas a fabricas, essas vilas contribuíam para a manutenção das relações entre patrões e empregados e para o barateamento da força de trabalho. (Bonduki, 2017) Nesse mesmo período, os preceitos do Movimento Moderno começam a se propagar no Brasil e seu marco inicial foi a Semana de Arte Moderna de 1922. No campo da Arquitetura e Urbanismo, as ideias dos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM), da Cidade Jardim e as experiências europeias no campo habitacional foram bastante difundidas nesse período. Essa difusão é de grande importância para entender a atuação do Estado na formulação de diretrizes para a habitação de baixa renda. (Rubin & Bolfe, 2014) As primeiras experiências modernas no campo da habitação são casas destinadas à classe média, construídas no início da década de 1920. Os arquitetos Gregori Warchavchik e Lúcio Costa, são os responsáveis por um dos primeiros exemplos de moradia moderna para trabalhadores no país, o conjunto de operários da Gamboa no Rio de Janeiro, projetado em 1932. (Rubin & Bolfe, 2014)

Figura 3 - Vila Operária da Gamboa, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/ obra35657/vila-operaria-da-gamboa-rio-de-janeiro>. Acesso em: 02 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia.

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Até na Era Vargas (1930-1945) o tipo de moradia predominante era a casa de aluguel, a habitação estava ligada à iniciativa privada e o Estado não possuía uma grande participação no setor. Em 1931 depois do I Congresso de Habitação em São Paulo, foram criadas os IAPS (Instituto de Aposentadoria e Pensão), que foram as primeiras instituições públicas a investirem na questão habitacional. Um dos exemplos desses investimentos é o Conjunto Pedregulhos localizado no Rio de Janeiro, projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy. O projeto mostra a preocupação social, interligando a arquitetura e a funcionalidade. Nele abrange atividades externas, compreendendo serviços e instalações complementares que proporcionam ao habitante as facilidades ao seu cotidiano. Pedregulho integra habitação aos serviços cotidianos, possuindo infraestrutura, equipamentos e moradia em um mesmo lugar. É uma unidade habitacional autônoma, provida dos serviços comuns necessários as atividades diárias de seus habitantes, contando com lavanderia coletiva, serviços públicos, centros comerciais, jardim-deinfância, maternal, berçário, escola primária, quadras esportivas, ginásios, piscina, centro sanitário. O programa do conjunto foi estabelecido após levantamento das condições existentes do local e censo dos futuros moradores, tudo foi planejado para o maior conforto das famílias, ou seja, respeitou contexto social, econômico e cultural dos futuros moradores. No complexo, cada edifício é definido por um volume simples, onde a forma indica a diferença de funções, sendo articulados entre si, gerando relações espaciais que potencializam espaços não edificado. Neste projeto houve uma enorme preocupação com a qualidade de vida dos moradores, como proporcionar uma vista agradável dos apartamentos, ou um contato próximo com a arte também, inserindo painéis de Burle Marx e Candido Portinari. (Souza, 2016)


Figura 4 – - Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) / Affonso Eduardo Reidy. Disponívem em: http://www.archdaily.com.br/12832/classicos-da-arquitetura-conjunto-residencialprefeito-mendes-de-moraes-pedregulho-affonso-eduardo-reidy

Figura 5 – Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (Pedregulho) / Affonso Eduardo Reidy. Disponível em : http://diariodorio.com/historia-do-pedregulho-conjunto-residencial-prefeitomendes-de-moraes/ 17


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Logo em seguida o governo achou pertinente regularizar à relação entre o inquilino e o proprietário, através da Lei do Inquilinato e além disse foi criada a Instituição da Fundação da Casa Popular, como forma produzir e financiar habitações próprias. A Lei do Inquilinato teve uma grande importância no contexto da habitação social, pois desanimou o trabalhador a pagar aluguel e estimulou a começarem a construir suas casas próprias. A Fundação da Casa Popular foi o primeiro órgão federal do Brasil teve por objetivo principal centralizar a política habitacional do país, porem projeto fracassou porque os grupos que seriam mais beneficiados encontravam-se desorganizados ou desinteressados em ser interlocutores do governo na formulação de uma política social. Além disso, a Fundação quase não contava com recursos de origem orçamentária, fragilizando ainda mais sua atuação. (Bonduki, 2017) Em 1964 foi criado o BNH (Banco Nacional de Habitação) com características predominantes da produção habitacional e buscava a eficácia voltada para produção em série e em grande escala, tentando solucionar o déficit habitacional. Foram priorizados os investimentos na construção intensiva de casas para venda, estimulando a construção civil e amenizando o desemprego, já que era capaz de absorver mão-de-obra qualificada nos grandes centros. Teve um crescimento considerável na construção de conjuntos habitacionais (financiou 4,8 milhões de habitações, em torno de 25% das moradias construídas no país entre 1964 e 1986), apesar do maior foco serem as classes médias e altas, sendo apenas 20% do financiamento da renda baixa. O Conjunto Habitacional Zezinho Magalhães – Guarulhos é um exemplo do financiamento com recursos do BNH. (Rubin, 2013)


Figura 6 - Conjunto Zezinho Magalhães – 1967, Arq. Fábio Penteado, Vilanova Artigas, Paulo Mendes da Rocha Disponível em: http://www. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.%20088/207

Figura 7 - Conjunto Zezinho Magalhães – Disponível em: http:// www.au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/251/cecap-zezinhomagalhaes-prado-um-detalhe-11-338509-1.aspx

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Em 1986 o BHN foi extinto e suas funções e encargos foram transferidos para a Caixa Econômica Federal. Com isso, ocorreram várias mudanças no quadro institucional do governo que auxiliou na desarticulação da política urbana e habitacional existente no país. Após a extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), o Brasil encontrava-se em uma situação complicada, pois o número de inadimplentes era elevado e o déficit habitacional ainda não havia sido solucionado. A questão habitacional continuava sendo problema e, dessa maneira, alternativas foram sendo elaboradas para diminuir a intensidade dos problemas urbanos. Porém, a Caixa não atuava em programas habitacionais, sendo assim, até 1989, o país permaneceu sem nenhuma política habitacional, o que contribuiu ainda mais para o crescimento periférico das cidades. (Rubin, 2013) No ano de 1988, a Constituição Federal tornou obrigatório o Plano Diretor para os Municípios com mais de 20 mil habitantes. O Plano foi definido como o “instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana”. Assim, a problemática fundiária urbana passou a ser regida pelo disposto na Constituição. (Rubin, 2013) Em 2009 foi criado um programa com intenção de minimizar com o déficit habitacional no pais, O Minha Casa Minha Vida, uma parceria do governo Federal com a Caixa Econômica Federal, que atua no incentivo e financiamento de construções de moradias sociais para família de renda até R$ 5 mil e que não possuam casa própria ou financiamento em qualquer unidade da federação. A MCMV possui três diferentes de faixas de renda para financiamento. (Caixa)

Figura 8 - Logo Minha Casa Minha Vida. Disponível em: http://www.caixa.gov.br/voce/ habitacao/minha-casa-minha-vida/Paginas/default.aspx


“Faixa 1 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.600,00. Faixa 2 - Famílias com renda mensal bruta de até R$ 3.275,00. Faixa 3 - Famílias com renda mensal bruta acima de R$ 3.275,00 até R$ 5 mil. O MCMV possui cinco modalidades para a Faixa 1: Empresas – atende famílias com renda mensal de até R$ 1.600, por meio da transferência de recursos ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). Nessa modalidade, a maior parte do subsídio é da União. A parcela paga pelo beneficiário é de 5% da renda mensal, com prestação mínima de R$ 25. Entidades – para as famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00 organizadas em cooperativas habitacionais ou mistas, associações e demais entidades privadas sem fins lucrativos. O trabalho é feito por meio da produção, aquisição ou requalificação de imóveis já existentes. A União concede subsídio para a construção da unidade por meio de financiamentos a beneficiários organizados de forma associativa por uma entidade. A parcela paga pelo beneficiário é de 5% da renda mensal, com prestação mínima de R$ 25. Municípios com até 50 mil habitantes – atende às famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00 em municípios com população de até 50 mil habitantes, não integrantes de regiões metropolitanas das capitais estaduais. O subsídio é da União, sendo que o valor de contrapartida pode ou não ser cobrado do beneficiário. FGTS – para atender às famílias com renda mensal até R$ 5 mil por meio do financiamento com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Rural – modalidade destinada aos agricultores familiares e trabalhadores rurais com renda anual bruta de até R$ 15 mil, para o Grupo 1, de R$ 15 mil a R$ 30 mil para o Grupo 2 e de R$ 30 mil a R$ 60 mil para o grupo 3 (Brasil, INFRAESTRUTURA, 2014).” 21


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Embora haja muita contrariedade sobre o programa, a sociedade obteve muitos ganhos importantes com o MCMV, uma vez que atendeu milhares de famílias que não tinha moradia própria. Se por um lado o programa foi criado para incentivar empresas privadas a se comprometerem com a produção de habitação para moradores de baixa renda, por outro permaneceu altamente dependente de recursos públicos, o que implica em riscos para as instituições públicas. As empresas privadas ficam encarregadas de encontrar terreno e elaborar o projeto. Assim, como o maior objetivo é o da rentabilidade, o resultado dessa equação financeira é a construção de megaempreendimentos padronizados (da faixa 1) inseridos nas piores localizações das cidades, ou seja, onde o solo urbano é mais barato. Não raro observa-se a aglomeração de vários empreendimentos em uma mesma área, formando bolsões de moradia popular, com baixa qualidade urbanística. (Facirolli, 2016) “Essa padronização traz como consequência a inadequação ao tamanho das famílias e, sobretudo, a não flexibilidade da moradia, não permitindo incorporar atividades econômicas, ou acomodar parentes através de “puxadinhos”. Sem dúvida, a melhor parte do programa é a destinada à faixa 3, cujo conjuntos são os que mais se aproximam das áreas centrais. O programa não contribui para qualificar as áreas onde os empreendimentos são implantados e reduzir sua precariedade, como é o caso do condomínio fechado e murado, obrigatório para conjuntos verticais do programa, reproduz enclaves fortificados² sobre um tecido urbano, fragmentado e desconexo, não contribuindo para transformá-lo ou qualifica-lo. (Facirolli, 2016)”

² Enclaves fortificados partilham características básicas como demarcação física, isolamento por muros, grades, espaços vazios e detalhes arquitetônicos


O espaço morar e suas novas dinâmicas da vida contemporâneas Diversas mudança ocorridas durante todos os séculos XIX e XX, tiveram o envolvimento direto no arranjo da população e da família brasileira. A queda da fecundidade, a queda da mortalidade, a evolução do tamanho da família, a fragilidade cada vez maior na união, entre outros motivos, são fatores que diversificaram os arranjos familiares. A ideia de conforto passou a adquirir ênfase e a população cada vez mais reviu seus princípios de comodidade diária no interior da casa (Brito, 2003) e passou a considerar a funcionalidade como um dos requisitos básicos de bem-estar: “[...] os princípios de conforto também passam a se associar à questão do tamanho da casa, pois uma casa menor, além da economia de dinheiro e de tempo na construção, proporciona também maior facilidade de manutenção e uso e, por esse motivo, maior conforto” . (Brito, 2003, p. 179) “...enquanto a cidade assistia aos movimentos da progressiva modernização do espaço público, a população familiarizava-se, cada vez mais, com os novos padrões de consumo e hábitos das sociedades europeias, que ditavam a reformulação do espaço doméstico...”. (Brito, 2003, p. 174)

Figura 8 – Família Nuclear. Disponível em: Disponível em https://br.123rf.com/ photo_42658986_fam%C3%ADlia-nuclear,fam%C3%ADlia-com-necessidadesespeciais-da-crian%C3%A7a-e-dafam%C3%ADlia-extensa.-fam%C3%ADlias-d. html

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“A estas alterações da família nuclear – composta de pai, mãe e filhos - e os múltiplos tipos de novos grupos domésticos que delas decorrem, supomos que correspondam novas formas de habitar e, portanto, novas tipologias do espaço da habitação.” (Tramontano, 1993, p. 3)

O título que o pai de família recebia como “o chefe de família”, foi alterado para “pessoa de referência, por razões diversas. De uns tempos para cá, outros formatos de famílias surgiram e continuam surgindo, cada um com seu arranjo, regras e manias. (Tramontano, 1993)

Figura 9 - Novos arranjos familiares. Disponível em: http://costaeamorim.com.br/a-clausula-geral-de-inclusaono-direito-das-familias/


As famílias com formações tradicionais – Pai, mãe e filhos – deixam de ser maioria, e com os fatores indicados a cima, os outros formatos familiares, estão cada vez mais constituindo os lares brasileiros. Cada vez mais os modelos de famílias vão diminuindo e se modificando. Os casais ficam sós, após a partida de seus filhos, que vão constituir uma nova família ou em busca de sua independência. Sendo assim, pode-se dizer que a família nuclear torna -se um momento transitório e não obrigatório. (Tramontano, 1993)

Figura 10 - Nova organização familiar, segundo dados do Censo demográfico de 2010. Disponível em: http://blogs.unigranrio.br/formacaogeral/a-nova-familia-brasileira

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Habitação contemporânea A população brasileira vem passando por uma grande transformação, o número de membros da família difere cada vez mais, as pessoas estão se arranjando em modelos variados de famílias e a consequência disso é que se gera uma demanda maior por habitações. O aumento de demandas por moradia, deu-se através dos diversos fatores, como a separação das famílias tradicionais, independência dos membros, formação de diferentes grupos familiares, divórcios dos casais, a queda acentuada da fecundidade, o aumento da longevidade, o crescimento da inserção da mulher no mercado de trabalho, a liberação sexual, a fragilidade cada vez maior das uniões, o individualismo acentuado, etc. (Tramontano, 1993, p. 3) Apesar das mudanças observadas nos modos de vida, o espaço morar produzido nos dias de hoje pelo mercado imobiliário continua, na sua grande maioria, repetindo a mesma solução espacial. (Zaneti, 2008) Porém é possível notar uma pequena variação por parte da produção do mercado imobiliário, a maioria ainda faz o modelo do princípio da tripartição burguesa com a habitação moderna, diz (Zaneti, 2008).


“A mobilidade implica uma rápida modificação dos espaços, de acordo com as horas e as atividades do dia. A evolução se trata da modificação a longo prazo, de acordo com as transformações familiares. A elasticidade corresponde a alteração da superfície habitável anexando um ou mais” aposentos”. (Galfetti, 1998) (Traduzido para português) Figura 12 - Modelo Novas formas de morar. Disponível em:http://novasformasdemorar. blogspot.com.br/

O esquema de habitação nos dias de hoje, tem seus espaços divididos em: área social – onde se localizam as salas, de jantar e estar, que se juntam com a varanda, configurando um só ambiente – área de serviço e a cozinha - cada vez menores – área intima – que são os banheiros, e dormitórios. Tramontano (1993) relata que as habitações diminuíram, em área, cerca de 50% nos últimos 30 anos. Como consequência as casas se tronarem espaços superequipados, considerando-se também a diminuição da empregada domésticas, a otimização dos produtos eletrônicos, além do surgimento de diferentes modelos domésticos. A variedade dos modelos familiares e a suas formas de habitar, criam uma crise no modelo de habitação existente nos dias de hoje e a necessidade da substituição por espaços moldáveis e com sobreposição de funções e flexibilidade. (Strapasson, 2011) A flexibilidade possibilita a um determinado espaço várias formas de ocupação, de acordo com diversos modos de vida, adequando-se as necessidades de casa família. Segundo Galfetti (1998), quando aplicada na concepção e no uso dos espaços domésticos, a flexibilidade pretende oferecer ao usuário a liberdade de ocupação do espaço de acordo com suas necessidades. Há três conceitos importantes para entender a flexibilidade: Mobilidade. Evolução e Elasticidade. (Galfetti, 1998)

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Figura 13 - Características de edifícios flexíveis - Disponível em: (Strapasson, 2011, p. 34)

De uma forma geral, os edifícios com sistemas construtivos considerados com características flexíveis são aqueles que possuem capacidade de “proporcionar uma utilização mais eficiente do espaço, um aumento da longevidade e uma melhoria geral do desempenho operacional”. (Strapasson, 2011, p. 34) Além disso, um ambiente flexível significa um espaço que possui características que permitam alterações tornando-o utilizável por diferentes necessidades dos usuários ao longo de sua vida útil. Também definem que a flexibilidade pode ser descrita como a liberdade de reformular a organização do espaço interno, definido rigidamente por um vedo perimetral. Essas mudanças dos espaços implicam em alterações físicas e também funcionais em relação ao planejamento original dos espaços internos dos ambientes ocupados. As pesquisas sobre habitações contemporâneas são cada vez mais comuns, que incentivam a arquitetura flexível aos moradores. Em Ribeirão Preto é visível a falta de interesse do mercado imobiliário em oferecer esse tipo de arquitetura flexível ao cliente, principalmente para baixa renda, diminuindo a vida útil da moradia.


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Habitaçþes Sociais em Centros Urbanos


Habitação Social como reabilitação de centros urbanos Os centros das cidades são os locais mais movimentados da vida urbana, pelo fato de ter um elevado fluxo de pessoas, veículos, mercadorias, uma grande diversidade de atividades e um alto potencial de infraestrutura resultante da marcante presença das atividades terciárias. São locais que na maioria das cidades, guardam a história da sua formação, um patrimônio arquitetônico e urbano, assim tornando o centro um referencial simbólico das cidades. (Vargas, 2009, p. 3) Nas últimas décadas o processo de urbanização das cidades tem acontecido de forma acelerada e desordenada, de desenvolvimento suburbano de uso único, produzindo vazios urbanos pela consequência da expansão horizontal. Isto leva a dispersão urbana, com a ocupação descontrolada e de baixa densidade populacional de áreas cada vez maiores e consequentemente ao esvaziamento dos centros urbanos, que se tornou quase exclusivamente área comercial. Esse processo de expansão urbano levou a criação de novas centralidades, intensificando a degradação e deterioração dos centros urbanos. (Vargas, 2009) . Neste contexto aumenta-se a oferta de novos locais para a moradia longe do centro que ofertam vantagens distintas, tais como, segurança, conforto e serviços em geral, para morar e viver tranquilamente. Aponta-se também que as facilidades para a mobilidade territorial, com a difusão do automóvel, por exemplo, foram decisivas para o processo de saída da elite dos centros históricos para essas novas áreas. Dessa maneira aumenta as ocupações de áreas de risco, a gentrificação, a especulação imobiliária, com apartamentos e casas mais modernas, o distanciamento de locais de trabalho, falta de infraestrutura adequada, problemas com assentamentos precários e habitação de baixa renda. (Villaça, 1999) “... a extensão da cidade produz p subúrbio, e depois o subúrbio engole o núcleo urbano... ... não seria mais coerente, mais racional e mais agradável ir trabalhar no subúrbio e morar na cidade do que ir trabalhar na cidade e morar num subúrbio pouco habitável? ... ” (Lefebvre, 2001, p. 83) 31


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Como consequência, ocorreu uma sucessiva substituição e transformação no padrão do uso e ocupação do solo nos centros históricos, tanto dos imóveis residenciais para fins comerciais ou de serviços, quanto para aqueles existentes e que devido ao processo de decadência fecharam, foram subutilizados e abandonados. Há uma necessidade de “retorno ao centro”, sendo remetida à habitação entre uma das soluções para a melhoria das áreas centrais adensadas e consolidadas. Embora morar no centro possa ser uma opção para famílias de qualquer renda, a preocupação do Ministério das cidades é viabilizar a vinda e/ou a volta das famílias com renda inferior a cinco salários mínimos, que são a maior parte do déficit habitacional brasileiro.

Figura 15 - Déficit habitacional e Ribeirão Preto (Plano de Habitação de Interesse Social de Ribeirão Preto, 2010) Figura 16 – Inadequação habitacional e Ribeirão Preto (Plano de Habitação de Interesse Social de Ribeirão Preto, 2010)

Substituir o uso habitacional das áreas históricas, assim como os moradores que ali vivem, significa criar núcleos sem vida cotidiana, sem comércio e serviços de caráter local, o que tende a gerar espaços que permanecem desertos durante boa parte do dia. Isso não é bom para a população local, pois impede um melhor aproveitamento social das excelentes condições de localização dessas áreas. Sem moradores, as relações fundamentais entre o espaço físico e o processo sociocultural que lhe dá vida são destruídas. (Bonduki, 2010)


Figura 17 - Faixa de renda do cadastro habitacional – COHABrp (Plano de Habitação de Interesse Social de Ribeirão Preto, 2010)

A recuperação do estoque imobiliário subutilizado permite propiciar ou reforçar o uso residencial com a permanência e a atração de população de diversas classes sociais, incluindo as de baixa renda. Para isso, a intervenção regulatória do poder público nas áreas centrais, mediante aos instrumentos do Estatuto da Cidade, é fundamental, pois à medida que as ações de recuperação começam a ser implementadas, cresce a possibilidade de aumentar a disputa pelos imóveis, tornando-os demasiado caros para a continuidade dos programas habitacionais e para atividades econômicas tradicionais. Por outro lado, o governo federal considera importante disponibilizar parte do seu próprio patrimônio imobiliário que está sem uso para viabilizar as intervenções de interesse social, através do uso direto destas áreas, associado com usos voltados ao mercado que gerem recursos para efetivação do conjunto de ações. (Cidade, 2008, p. 118)

A intenção de reabilitar o centro urbano de Ribeirão Preto, busca os princípios de recuperar as edificações ociosas sem valor arquitetônico, juntamente com os vazios de miolo de quadra, liberando espaço para novas edificações destinadas moradia de interesse social. Propondo o uso da habitação social para (re) habitar e impulsionar as áreas centrais consolidadas, revendo o processo de expansão urbana, já que boa parte desta é causada pelos grandes conjuntos habitacionais, diminuindo a segregação e melhorando a integração de diversas classes sociais, trabalho, lazer e a vida urbana. Uma maneira também de tentar diminuir o déficit habitacional, proporcionando a inclusão desta população em um ambiente realmente urbano, dando uma opção a população de baixa renda que não seja periferias e favelas. Rompendo com o paradigma que reabilitar é sinônimo de exclusão dos mais pobres. 33


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RIBEIRÃO PRETO COMO ÁREA DE INTERVENÇÃO


Habitação de interesse social em Ribeirão preto Ribeirão Preto, uma cidade com quase de 700.000 habitantes, vindo de todas as partes do Brasil, uma região metropolitana, é um contexto para discussão de habitação social na cidade. Quem habita o centro? Se der continuidade a degradação que o centro vem sofrendo, em anos provavelmente a quantidade de habitações dignas será reduzida notavelmente. Como muitas cidades brasileiras, infelizmente, Ribeirão Preto seguiu um modelo de expansão do urbanismo norte-americano, tornando o “centro antigo” um lugar abandonado pelas habitações e sendo usado quase totalmente pelas atividades comerciais e prestações de serviços. (Barros, 2006) A cidade vem crescendo em subcentros ao redor da cidade, ao invés de recuperar a parte mais antiga da cidade, não mostrando o valor que esta tem. Nas cidades da Europa, em contradição, os centros antigos sempre foram as áreas mais valorizadas, a habitação é umas das experiencias em planejamento estratégico de reocupação de áreas deterioradas. A proposta de recuperação do centro pela (re) inserção das habitações sociais procura tornar a área mais ativa, favorece na melhora da qualidade de vida da região, com uma ocupação permanente, evitando assim a esvaziamento noturno da área que se torna propicia a marginalização. A popularização dos espaços públicos pelas variedades de usos e frequentadores da área, tornará o centro da cidade mais dinâmico e assim viabilizando uma revalorização maior da área.

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Para as famílias que vão morar em áreas centras tem a vantagem da economia no transporte e mais acesso a serviços e comércios. O governo também será favorecido desses benefícios, pois haverá uma diminuição da demanda de transporte público e maior aproveitamento da infraestrutura já disponível. “A localização privilegiada da moradia social no centro da metrópole traz benefícios para o trabalhador e sua família de diversos pontos de vista: facilidade de acesso aos postos de trabalho, aos serviços públicos e sociais, mais tempo para investir na família, em descanso, estudos e lazer, entre outros. ” (Comarú, 2012)

Porém só a habitação social como a reabilitação de áreas centrais não é suficiente para garantir o objetivo proposto, o vínculo da população com o entorno é essencial. Para ter essa conexão entre eles, tem que ter possibilidades da valorização do pedestre e do ciclista, através de melhorias no transito e criação de espaços públicos para convivência, atividades culturais, para maior envolvimento social. O grande crescimento urbano de Ribeirão Preto é interrompido pela crise nas exportações do café, no início do século XX, consequência gerada pela queda na bolsa de NY, a possibilidade de emprego nos setores de comércio e prestação de serviços, aqueceu a indústria da construção civil e tornou-a uma forma alternativa de investimento. Na década de 30, houve a adoção do Código de Obras Arthur Saboya, que procurava reunir todas as normas e especificações técnicas relativas às atividades da construção civil e na década de 40 com a Lei do Inquilinato, que congelava os alugueis por dois anos. Esses eventos fizeram com que o marcado imobiliário de Ribeirão Preto sofresse uma admirável redução do número de construções, ocasionando a aquisição de terrenos a um valor muito baixo, pelos especuladores, que por sua vez, aguardaram os investimentos públicos para só então disponibilizalos pelo maior preço possível, mais uma vez inviabilizando a permanência e aquisição de moradia para a população de baixa renda na cidade. (Barros, 2006)


A Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto – COHABrp – foi oficializada em 1970, o Prefeito na época, Antônio Duarte Nogueira, promulgou a lei em 1969 para que fosse agilizado o processo de construção das casas populares em Ribeirão Preto. Apesar do prefeito estar munido de muita determinação, a burocracia impedia de serem realizada as primeiras obras, pois o próprio BHN (Banco Nacional de Habitação) tinha dúvidas sobra as normas que iriam nortear o setor. Uma vez que o Prefeito conseguiu viabilizar a verba para construção das casas populares, começaram a surgir os primeiros conjuntos. O primeiro conjunto foi o Conjunto Habitacional Castelo Branco, em 1973, com quase 400 casas, porem o conjunto recebeu muitas críticas dos moradores por ser muito distante do centro da cidade e de difícil acesso. Só com a construção do Conjunto Castelo Branco Novo, no final da década 70, o local de foi valorizado, hoje o local é autossuficiente e bem servido de transporte público e malha viária. (Barros, 2006). A COHABrp atende 84 municípios e construiu mais de 70 mil casas populares. Desse total, cerca de 24 mil foram construídas no município de Ribeirão Preto. Entre os anos de 2010 até Outubro de 2016 a COHABrp, construiu 1.883 unidades de conjuntos habitacionais na cidade, segundo fontes da COHABrp.

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No começo, por ordem do BNH³ , o padrão de construção e os próprios projetos eram muito exigentes, não sendo possível fazer nenhuma alteração após serem aprovados. No governo do Prefeito Antônio Palocci, a COHABrp revela sua vocação de instrumento social, exercendo um papel mais abrangente, tentando regatar o direito à cidadania. Nesse sentido, a aprofundamento técnico sobre novas alternativas foi um dos aspectos essenciais na formulação e implementação de propostas que norteiam a empresa: 1. Direito à terra: garantir a posse de terra a quem nela mora e viabilizar o acesso à terra para quem não a tem. Princípio estabelecido pelos programas de lotes urbanizados, foram oferecidos 5.150 lotes urbanizados dotados de infraestrutura urbana como agua, esgoto, drenagem, guias sarjetas e pavimentação, energia, iluminação pública e terraplanagem dos lotes. 2. Diversidade de intervenções: formular um leque de programas capazes de responder à complexa realidade do problema de habitação social em Ribeirão Preto 3. Reconhecimento da cidade real: Admitir como inevitável a existência de favelas e agira para dar condições dignas de moradia aos seus moradores sem remove-los para longe. 4. Direito à arquitetura: Valorizar o projeto de arquitetura e de urbanismo como elemento importante para se obter qualidade do empreendimento ao meio físico e social. É importante as famílias de baixa renda terem o direito a engrenharia e a arquitetura, e a preocupação com o desenho urbano, que garantem a funcionamento da cidade.


A COHABrp é uma instituição de natureza não financeira, controlada pelo poder público, tendo como finalida de atuar de forma continua e permanente nos programas habitacionais destinados a comercialização e financiamento de habitações para famílias de baixa renda. Procura aperfeiçoar permanentemente e atualizar as necessidades dessas famílias através de um planejamento participativo e pesquisas com os órgãos públicos e setores privados ligados a habitação.(COHAB-RP, 2016) Os programas habitacionais são instrumentos de execução da política habitacional, disciplinados por resoluções, regulamentos, normas e procedimentos aplicáveis as operações de créditos habitacionais com recursos do F.G.T.S.(4).(Trabalho, 2017)

³ BNH: Banco Nacional da Habitação, foi uma empresa, e era voltado ao financiamento e à produção de empreendimentos imobiliários, nos mesmos moldes do que se faz atualmente a Caixa Econômica Federal, do qual o sucedeu, cabendo, à época, a sua fiscalização ao Banco Central do Brasil. Foi a principal instituição federal de desenvolvimento urbano da história brasileira. 4 O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - O trabalhador pode utilizar os recursos do FGTS para a moradia nos casos de aquisição de imóvel novo ou usado, construção, liquidação ou amortização de dívida vinculada a contrato de financiamento habitacional. A importância dos recursos do Fundo para o desenvolvimento do país ultrapassa os benefícios da moradia digna, pois financiam, também, obras de saneamento e infraestrutura, gerando melhorias na qualidade de vida.

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Habitação de interesse social no centro de Ribeirão preto O processo de expansão das cidades é responsável pela degradação dos centros urbanos de forma geral. Muitas vezes o centro original não consegue suportar a demanda que o crescimento da cidade o submete. Dessa forma cria-se novos “sub-centros”, em bairros destindos e afastados, longe da lotação do centro, e que resulta na chamada segregação socioespacial. A Baixada central ( área em que o projeto será implantado) se encontra dentro do Quadriláteto central da cidade de Ribeirão Preto. E está passando por um processo de esvaziamento ao longo dos anos, devido aos subcentros, de uma forma acelerada, também por ser uma área predominantemente comercial, seu fluxo se dá junto ao horário comercial, assim deixando o periodo noturno com uma situação de abandono da população, resultando em um ambiente hostil. Alguns novos equipamentos da área como o Esúdio Kaiser, Armazém da Baixada e UGT, estão gerando o fluxo noturno na área, porém ainda assim não é o suficiente, pois ele acontece apenas aos finais de semana. A implantação da habitação de interesse social ajudará a revitalizar a área, devido novos usos que ela irá gerar e ao fluxo de pessoas em todos os períodos do dia e de noite, gerando assim, vitalidade urbana do centro urbano. Posteriormente a toda discussão sobre a habitação, como reabilitar centros urbanos com a implantação de habitações sociais, iremos utilizar dos levantamentos na Baixada, com o objetivo de melhor atende-la, para então propor uma implantação de um projeto que pretende, através da moradia social, recriar uma dinâmica e a qualidade de vida do espaço.


Fonte: Google Maps

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FOTO 30

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leituras projetuais


Para a construção de um repertório que aborde os requisitos referente ao desenvolvimento de projeto de habitação social em áreas centrais, foram utilizados três projetos de referência. Tete L’Air, um projeto que trabalha com o casamento do novo e o existente, sem deixar perder uma história e contando uma nova. Centre Village, uma referência de convívio do público com o privado, harmonizando os moradores com a vizinhança, sem perder a privacidade. E por último o Conjunto Santa Madrona, que é um projeto construído no meio de um espaço urbano, em torno de uma passa pública e com preços acessíveis.

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TETE IN L’AIR

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Nome do projeto: Tete in L’air Responsavel: KOZ Architectes Colaboradores: Chistophe Ouhayoun e Nicolas Ziesel, Jean-Francois Laurent Ano do projeto: 2013 Área: 2.102 m² Localização: Paris, França O projeto tinha como objetivo principal criar uma grande jardim,aberto para o sul, que também ficou como um caminho natural para os habitantes e funciona também como um espaço intermediário entre a rua e o espaço íntimo dos apartamentos. Todas as salas estão abertas para esse jardim, para conetctar este pequeno pedaço de natureza urbana e os vizinhos.

FOTO 36

FOTO 35

FOTO 37

O projeto está localizado em um antigo bairro da classe trabalhadora, em um terreno estreito e profundo. Havia um edifício com uma condição bastente precária no terreno, porem foi exigido a preservação do prédio na rua para reter seu espiríto pitoresco. O arquiteto dizia que havia uma sensação de vida social rica e densa dentro do edifício que o ispirou.

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O edifício existente no lado da rua, foi totalmente reformulado para acomodar apartamentos com padrões de vida atuais. Também é elaborada uma varanda com pé direito duplo e com vista para o jardim e para rua.

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A principal característica do novo edifício é ele ser 100% de madeira, um material que combina seus benefícios ecológicos e estéticos incomparáveis e é uma contraposição ao edifício exietente, que é feito de concreto. Do piso ao teto, tiveram que inventar novas soluções para resolver problemas estruturais, acústicos e térmicos. Uma espécie de uso de alta tecnologia de um material de baixa tecnologia, trazendo o desempenho ambiental global, excedendo os padrões atuais.

FOTO 40

A posição aleatória das caixas fazem com que o layout de cada apartamento seja único e permite diferentes usos. Pequenos pátios na parte traseira do edifício abrigam os jardins privados, no piso térreo, e ajudam a trazer luz natural para todos os banheiros e os ambientes restantes.


FOTO 41

A colocação gráfica do revestimento de madeira fragmenta ainda mais a percepção do volume construído, dá um tom calmo e valoriza a presença da madeira natural bruta. Ela ajuda a misturar a arquitetura com o jardim e forma o caminho ondulado de madeira e o terraço, flutuando ao redor de árvores delicadas e flores silvestres. Assim, torna o nosso jardim uma espécie de sala de estar ao ar livre, dando boas-vindas para a pequena comunidade de habitantes. Provandoque a habitação social ainda pode ser um lugar para promover utopias sensíveis de pequena escala de bem-estar e orgulho.

FOTO 42

FOTO 43 FOTO 44 47


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PRÉDIO EXISTENTE

PRÉDIO NOVO

IMPLANTAÇÃO

APATARMENTOS ACESSO AO PRÉDIO EXISTNETE E NOVO ÁREA DE CONVIVÊNCIA (PARTICULAR) CIRCULAÇÃO VERTICAL CAMINHO/TERRAÇO (PARTICULAR) ACESSO AO PRÉDIO EXISTNETE E NOVO

PLANTA TÉRREO


CORTE PRÉDIO EXISTENTE

PRÉDIO NOVO RELEVÂNCIA PARA O PROJETO

O modo como o autor lida com a interligação do existente e o novo, ressalta a importância da história de um local, no caso, do entorno dos prédios. Considerando-se que o projeto a ser implantado está localizado em uma área de história e tradição no municipio de Ribeirão Preto, deve-se aplicar e demostrar no projeto o valor da relação do novo prédio habitacional com o seu entorno existente.

CORTE

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CE NT RE

VI LL AG E


Nome do projeto: Centre Village Responsavel: 5468796 Architecture and Cohlmeyer Architecture Limited. Colaboradores: Lavergne Draward & Associates, MEC Consulting, Capstone Construction, Cynthia Cohlmeyer Landscape Architect. Ano do projeto: 2010 Área: Não encontrada Localização: Winnipeg, MB, Canadá O Centre Village foi contruído pela Centre Village Development Corporation, para FOTO 46 servir famílias carentes e revitalizar bairros neglicenciados no centro da cidade, tranformando e proporcionando um ambiente único de uma comunidade. O projeto Centre Village é de uma micro-vila de 25 Habações divididas em 6 blocos com 3 Pavimentos cada. O conjunto foi Implantado em um terreno em “L” abandonado. RESIDENCIAL

FOTO47

PÁTIO INTERNO ESPAÇO PÚBLICO

FOTO 48

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FOTO 49

APARTAMENTOS APARTAMENTOS ACESSOS

PLANTAS

O projeto tece a cidade através da facilidade que ele proporciona de circulaçao e de convívio dos moradores e vizinhos. O conceito de comunidade que esse projeto possui foi pensado exatamente para o cotidiano dos moradores. Os espaços públicos para o contato com a população foram pensados como extensão das habitações. Cada moradia tem sua própria entrada, seja no nível da rua ou por uma escada exterior, reduzindo assim corredores internos e o tamanho edifício em geral, levando os moradores a utilizar os pátios particulares e públicos e interagirem entre si. Para que os espaços livres fossem viáveis, os autores do projeto projetaram tamanhos mínimos de cômodos, mas suficiente para viver confotavelmente.


FOTO 50

FOTO 51 RELEVÂNCIA PARA O PROJETO

No Santa Madrona, o autor traz uma interação do projeto com a vizinhança, através de espaços de convívio público, um pátio central e acessos livres para a população, transformando em um ambiente de comunidade.

Na parte do lote em que há acesso por um lado da rua apenas, os blocos dos edifícios estão dispostos de modo que criam um pátio interno entre eles, configurtando-se um espaço semiprivado, com acesso livre para todos os públicos, porém mais reservado para os moradores.

Os apartamentos são dispostos em diversos tamanhos, variando de 35m², com um dormitório, até 81m², com quatro dormitórios. Assim eles conseguem atender diferentes tipos de famílias. Cada unidade é feita a partir da junção de módulos compactos (explicação na folha 4) de 2,40m X 3,60m e de 4,25m X 3,60m, sendo que os mais amplos ficam em balanço. O desafio de viver ‘com menos’ representado por este projeto cria uma alternativa mais acessível e substancialmente mais sustentável para a residência suburbana. Quando vivemos em locais menores, acabamos consumindo menos energia, gerando menos resíduos e os consumidores tornam-se mais inteligentes e intencionais.

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SANTA MADRONA


Nome do projeto: “Santa Madrona” 62 Habaitações Responsavel: Pich-Aguilera Architects Colaboradores: INDAGSA, estrutura. RP GRUP, instalações. GPCAT, medições e pressupostos Ano do projeto: 2013 Área: 5.704,0 m Localização: Barcelona Espanha O projeto se encontra no cruzamento da rua Carrer L’Escorial com a travessa de Dalt, no bairro do Garcia em Barcelona. Os edificios ficam em um espaço público entorno de uma praça pública, com grande fluxos de pessoas e automóveis.

FOTO 53

Uma parceria do público-privada, a “Obra Social La Caixa”, viabilizou a compra e a concessão do terreno, permitindo preços mais acessiveis das habitações para todas as classes sociais. Todo o projeto contempla, tanto na fase de desenho, como na construção, o respeito aos recursos utilizados ao longo de sua vida útil. As habitações foram projetadas e contruídas pensando na arquitetura bioclimática, fazendum primeiro esforço para reduzir a demanda de energia, seguido por um estudo preciso e dimensionamento de suas instalações, introduzindo finalmente sistemas de produção de energia renovável. FOTO 54 55


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Os principais considerados são:

aspectos

Todas as habitações possuem ventilação natural cruzada, que pode ser operada a partir de processos manuais ou automatizados. Todas as habitações possuem varandas espaçosas que asseguram a proteção da incidência solar.

FOTO 55

O layout de cada habitação foi pensado para que todos os espaços possuam uma máxima iluminação natural. Todos os sistemas construtivos das fachadas proporcionam o máximo de isolamento, tanto na madeira, como em suas paredes externas. A estrutura é de concreto, com fachadas portantes, que são estruturas função estrutural, ou seja, suportam lajes e outras estruturas acima.

FOTO 56


Sistemas de controle de iluminação por detectores de presença nas áreas comuns otimiza a distribuição de luz. Os edifícios foram construídos com sistemas de construção industrializados,garantindo qualidade, prazos e bons preços, também promovendo a produção e inovação da indústria local, por um lado, e o controle do consumo de recursos, reciclagem e reutilização, por outro lado. Todos os sistemas construtivos das fachadas proporcionam o máximo de isolamento,tanto na madeira, como em suas paredes externas. Toda a estrutura e cobertura foram produzidas na fábrica e montadas no local.A estrutura é de concreto,com fachadas portantes.

FOTO 57

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PLANTA BAIXA

ESPAÇO PÚBLICO ESCADAS ELEVADORES CIRCULAÇÃO

PLANTA BAIXA


CORTE RELEVÂNCIA PARA O PROJETO

Nesse projeto destaca-se uma parceria com com um programa de habitação social, que permitiu preços acessiveis das habitações para todas classes sociais. No caso do projeto trabalhado, será CORTE usado um programa de financiamento, semelhante ao usado em Santa Madrona

VOLUME VOLUME 59


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CONFIGURAÇões URBANAs


AV .F

NC

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CO

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AV .N

Fonte: Google Maps 61


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LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A área escolhida para implantação do projeto, localizase no centro de Ribeirão Preto, mas especificamente na “baixada”, entre as ruas Saldanha Marinho, Amador Bueno, São Sebastião e Américo Brasiliense. Foi considerado o aspecto de estar localizado no centro da cidade, que por sua vez, a escolha se auto justifica, por possuir vários benefícios para uma habitação social, como: Infraestrutura

existente,

Facilidade de locomoção a mesmo por transporte Grande variedade de comércios e serviços.

pé ou público,

equipamentos,

Nesta área foram identificados alguns terrenos possíveis para implantação do projeto, porém o selecionado está em um miolo de quadra e atravessa o quarteirão, podendo assim, se pensar em várias possibilidades de interação dos moradores com a vizinhança. O terreno está localizado em uma área especial, segundo o artigo 6º do plano Diretor, que é Área Especial do Quadrilátero Central (AQC) - que abrange a área urbana situada entre as avenidas Nove de Julho, Independência, Francisco Junqueira e Jerônimo Gonçalves.


AV. JERÔNIMO GONÇALVES

R. JOSÉ BONIFÁCIO R. SALDANHA MARINHO

USO DO SOLO R. AMADOR BUENO

R. ALVARES CABRAL

R. SÃO SEBASTIÃO

R. AMÉRICO BRASILIENSE

R. FLORÊNCIO DE ABREU PREDOMINÂNCIA COMÉRCIO

R. LAFAITE

SERVIÇOS ÁREA VERDE

Na baixada de Ribeirão Preto, os edifícios são predominantemente de comerciais e serviços, alguns com residências no pavimento superior, por ser uma área antiga.

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AV. JERÔNIMO GONÇALVES

R. JOSÉ BONIFÁCIO R. SALDANHA MARINHO

GABARITO R. AMADOR BUENO

R. ALVARES CABRAL

R. SÃO SEBASTIÃO

R. AMÉRICO BRASILIENSE

R. FLORÊNCIO DE ABREU 1 A 2 PAVTOS

R. LAFAITE

3 A 5 PAVTOS 6 A 18 PAVTOS 18 OU + PAVTOS

Predominam edificações de 1 a 2 pavimentos na área da baixada indicando uma ocupação predominantemente horizontal, assim privilegiando a iluminação natural.


AV. JERÔNIMO GONÇALVES

figura fundo

R. JOSÉ BONIFÁCIO R. SALDANHA MARINHO

R. AMADOR BUENO

R. ALVARES CABRAL

R. SÃO SEBASTIÃO

R. AMÉRICO BRASILIENSE

R. FLORÊNCIO DE ABREU R. LAFAITE

O mapa mostra as edificações dentro dos lotes, evidenciando os vazios e a taxa de ocupação do solo na área. Como pode perceber, é uma área adensada em toda área da baixada, aparecendo alguns miolos de quadra vazios. Muitos desses vazios são ocupados por estacionamentos, assim restringindo o uso desses espaços.

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AV. JERÔNIMO GONÇALVES

HIERARQUIA FÍSICA E FUNCIONAL

R. JOSÉ BONIFÁCIO R. SALDANHA MARINHO

R. AMADOR BUENO

R. ALVARES CABRAL

R. SÃO SEBASTIÃO

R. AMÉRICO BRASILIENSE

R. FLORÊNCIO DE ABREU FLUXO ALTO

R. LAFAITE

FLUXO MODERADO VIA ARTERIAL VIA LOCAL

Na área de estudo predomina as vias locais , que comportam-se funcionalmente como vias coletoras, por ter um grande fluxo na região, porem elas só se comportam dessa maneira por estarem localizadas no centro da cidade e no princípio não foram pensadas para tanto movimento.


R. JOSÉ BONIFÁCIO

AV. JERÔNIMO GONÇALVES

R. SALDANHA MARINHO

EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS

ABF M H H

M

R. AMADOR BUENO

R

R. ALVARES CABRAL

H AD

B A D H B B

R ESCALA REGIONAL

EN B 12 3

R. SÃO SEBASTIÃO

R. AMÉRICO BRASILIENSE

R. FLORÊNCIO DE ABREU R. LAFAITE

ESCALA BAIRRO ESCALA VIZINHANÇA H. HOTEL AD. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AB. ABASTECIMENTO ABF. FARMÁCIA R. RELIGIÃO B. BANCO M. MERCADO MUNICIPAL TR. TERMINAL RODOVIÁRIO EN1. ENSINO 1 GRAU EN2. ENSINO 2 GRAU EN3. ENSINO 3 GRAU

No mapa evidencia os equipamentos e serviços urbanos na baixada do município e classifica-os quando ao tipo de escala de abrangência. Pode-se perceber uma diversidade de equipamentos e serviços que atendem tanto a escala de vizinhança até da região. Mostrando que a área foi pensada para receber pessoas de toda 67 a cidade de Ribeirão Preto, até mesmo de cidades vizinhas.


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DIRETRIZES PROJETUAIS


Para este projeto, optou-se por seguir diretrizes que não só favoreçam o novo conjunto habitacional, mas sim a união com seu entorno. Esse projeto busca criar uma relação de integração e não de contraposição com a estética dos edifícios da região. Visa criar espaços coletivos para que a relação moradores / entorno se faça de maneira prioritária, mantendo sempre a escala de vizinhança em evidencia. O projeto tem como característica a flexibilidade interna das habitações para trazer uma maior eficiência do espaço como um todo. O morador poderá realizar alterações necessárias para atender suas variadas necessidades diárias ou atemporais. As habitações serão financiadas pelo programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, onde entrarão na faixa 1 e terão área mínima de 37 m². Para determinar a quantidade de unidades oferecidas será considerada uma densidade habitacional de 3,4 hab. por unidade e 2000 hab. por ha. 10.000 m² ------------- 2000 hab 1.328,61 m² ----------X hab X = 266 hab. Sendo assim: 266 / 3,4 = 78 Unidades

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PROGRAMA INICIAL ÁREA DESTINADA A CONVIVÊNCIA (PÚBLICO/PRIVADO) REUO FRONTAL: 3M ACESSO PRINCIPAL DO CONJ. REUO POSTERIOR: 1,5M DESTINADO A ÁREA PERMEÁVEL

ÁREA DESTINADA A CONTRUÇÃO DO CONJ. HABITACIONAL REUO POSTERIOR: 5M ACESSO SECUNDÁRIO DO CONJ. RECUO POSTERIOR: 1,5M DESTINADO A ÁREA PERMEÁVEL COM PASSAGEM

R. SÃO SEBASTIÃO 12,72

13,61

+1,00

+2,00

+3,00

+4,00

+5,00

74,62

R. AMÉRICO BRASILENSE

12,15

+0,00

R. AMADOR BUENO

R. SALDANHA MARINHO

+2,00

O terreno escolhido tem 1.324m ² As tipologias vão seguir a metragem mínima programa Minha Casa Minha Vida, que é de 37m², vão ter duas tipologias, para atender varios tipos de formação familiar.


ESTUDOS VOLUMÉTRICOS

ESTUDOS VOLUMÉTRICOS 1

ESTUDOS VOLUMÉTRICOS 1

ESTUDOS VOLUMÉTRICOS 2

ESTUDOS VOLUMÉTRICOS 2

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projeto


O presente projeto trata de modulos de habitações flexiveis onde tem por principio a organização dos espaços a partir de combinações dos espaços internos de acordos com as necessidades do morador. A implantação foi pensada para ser desenvolvida em dois terrenos que se interligam no centro da quadra, ligando as ruas Amador Bueno, Saldanha Marinho e São Sebastião onde estão localizadas os acessos para o conjunto habitacional. Para a implantação do projeto o terreno foi igualado na cota +3,00, ficando 3 metros a cima da rua Saldanha Marinho e 2 metros abaixo da Rua Amador Bueno. O projeto tem dois programas, um para moradores/ vizinhança e outro exclusivo para os moradores. Moradores: Apartamentos 33 apartamentos - 56,25m² cada Ambientes flexíveis Parede hidráulica fixa Áreas de suporte Área de recreação infantil Área de reunião Lavanderia Comunitária Área de lazer

Moradores/Vizinhança: Vão Livre Quiosques para uso geral Área de descanso e permanência Acesso entre as ruas Amador Bueno e Saldanha Marinho Pocket Park Área de circulação Área de descanso e permanência Acesso ao conjunto habitacional

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Para o acesso e circulação do pocket park e do vão livre, foi disposto escadas, rampas e plataforma elevatória. O acesso vertical dos moradores aos apartamentos, se dá por meio de uma caixa de escada e elevador e o horizontal, por corredores. O edifício conta com estacionamento privativo, com 32 vagas de carros e 12 para motocicletas para os moradores, no nível da rua Saldanha Marinho, térreo e mais 5 pavimentos. A estrutura dos pavimentos superiores é feita de concreto armado, que é um material resistente ao tempo e ao fogo, porém necessita de uma maior secção de pilares, sendo assim, foi utilizado eixos de 7,5m com vigas de 75cm para sustentar os pavimentos. A parede hidráulica é desenvolvida em alvenaria. Já a estrutura do térreo e do estacionamento será executada com laje nervurada e pilares espaçados de 15m. O edifício tem como principais mateirais o concreto em sua estrutura e fechamentos dos pavimentos. O aço é utilizado como materialidade e estrutura da caixa de escada e guarda-corpos da circulação dos apartamentos. Nas áreas comuns e de passeio, pensando na necessidade de absorção de água pelo lençol freático, foi utilizado um piso intertravado permeável e deck de madeira. O sistema hidráulico dos apartamentos consiste na entrada de água por tubulações embutidas na parade hidráulica fixa, que a trarão das caixas d’água de 10.000L, localizadas na cobertura do edifício. A saída de água serão feitas por tubulações que ligam os vasos sanitário, ralos e pias à caixa de espeção e em seguida ao coletor de esgoto e consequentemente a rede pública de esgoto. Houve um desadensamento da área, por o terreno ser muito estreito e precisar de recuos laterais e frontal. Passou de 200hab./ha. para 700hab./ha., assim respeitando as regras e restrições para o garabrito do edifício.


IMAGEM ILUSTRATIVA CONJUNTO HABITACIONAL

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IMPLANTAÇÃO


RUA SÃO SEBASTIÃO +2,00

+3,00

+3,00

+22,75

TELHA METÁLICA -!

CAIXA D'ÁGUA 0

+25,75

TELHA METÁLICA -!

TELHA METÁLICA -!

CAIXA D'ÁGUA 0

TELHA METÁLICA -!

CAIXA D'ÁGUA 0

TELHA METÁLICA -!

TELHA METÁLICA -!

+5,00

TELHA METÁLICA -!

CAIXA D'ÁGUA 0

+5,00

+4,00

+0,0

A

+23,00

69% %1%(36 &9)23

B

+0,0

69% 7%0(%2,% 1%6-2,3

+3,00

A

TELHA METÁLICA -!

+3,00

B

N

RUA AMÉRICO BRASILIENSE

IMPLANTAÇÃO ESC: 1/200


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PLANTAS BAIXAS

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+2,00

+2,00

+3,00

+3,00

+1,00 +3,00

+3,00

+3,00

+3,00

PLANTA 1ยบ PAVIMENTO ESC: 1/200

+5,00

+4,00

PLANTA Tร RREO ESC: 1/200

+5,00

+4,00

+3,00

+3,00


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+2,00

+2,00

+3,00

+3,00

+3,00

+3,00

+3,00

5

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2 3

1

4

10

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+3,00

PLANTA 2ยบ PAVIMENTO ESC: 1/200

+3,00

PLANTA 3ยบ PAVIMENTO ESC: 1/200

+5,00

+4,00

+5,00

+4,00

9

+3,00


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+2,00

+2,00

+3,00

+3,00

+3,00

+3,00

+3,00

+3,00

PLANTA 5ยบ PAVIMENTO ESC: 1/200

+5,00

+4,00

PLANTA 4ยบ PAVIMENTO ESC: 1/200

+5,00

+4,00

+3,00

+3,00


PLANTA APTO - OPÇÕES DE LAYOUTS )7' 2,70

1,5

2,9

2,70

1,5

86

2,9

3,75

3,75

7,5

7,5 3,50 3,65

3,65

3,50 3,65

7,5

3,65 7,5

PLANTAS APTOS - LAYOUTS FLEXÍVEIS SEM ESCALA

PLANTAS LAVANDERIA COMUNITÁRIA SEM ESCALA


APARTAMENTOCOM LAYOUT FLEXÍVEL

APARTAMENTOCOM LAYOUT FLEXÍVEL

87 APARTAMENTOCOM LAYOUT FLEXÍVEL


88

LAVANDERIA COMUNITÁRIA

LAVANDERIA COMUNITÁRIA


ELEVADOR

+0,00

ELEVADOR

40%28% )78%'-32%1)283 )7'



Cobertura metรกlica i = 10%

+28,65 +25,65

Barrilete

Cobertura metรกlica i = 10%

Barrilete

Cobertura metรกlica i = 10%

Barrilete

+21,25

+21,25

+17,60

+17,60

+13,95

+13,95

+10,30

+10,30

+6,65

+6,65 R.

Amador Bueno

+5,00

+3,00 +0,00

R.

+28,65

+3,00 +0,00

Saldanha Marinho

'368) % % )7'

'368) & & )7'


92


R.

R.

Saldanha Marinho

*%',%(%

Amador Bueno



)7'%(%

40%8%*361% ELEVATÓRIA )7'%(%

40%28% )7869896% )78%'-32%1)283 )7'

Grelha de ventilação

PLANTA ESTRUTURA TÉRREO )7' A

B

F

C

H

G

I

0ENI RIVZYVEHE 7,5

7,5

7,5

7,5

7,5

7,5

7,5

7,5 J

7,5

7,50

J

K

K

A

B

C

D

E

40%28% )7869896% 4%:-1)2837 794)6-36)7 )7'

F

G

H

I

:3091) )7869896% 4%:-1)2837 SUPERIORES E TÉRREO


96

DETALHAMENTO

Tinta Amarela

Jabuticabeira Plinia cauliflora

Grama Esmeralda

Pitangueira Eugenia uniflora

Deck Marrom claro

Primavera Bougainvillea

Piso Intertravado

Banco de Concreto

Metal Fence

DETALHAMENTO POCKET PARK

A representção a cima é referente ao detalhamentos da praça. Ela tem a função de integrar a vizinhança com a habitação, assim acabando com a idéia de espaço privado, e integrando a habitação com a Baixada Central.


97


98

VÃO LIVRE


VÃO LIVRE

99


100

POCKET PARK E ACESSO AO CONJUNTO HABITACIONAL


ACESSO AO VÃO LIVRE, CONJUNTO HABITACIONAL,POCKET PARK E GARAGEM

101


102

VÃO LIVRE E QUIOSQUES PARA USO GERAL


103


104

CONJUNTO HABITACIONAL


105


106

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