M E R C A D O W3 Centro Gastronômico e Cultural de Brasília por Bárbara Alvarenga
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MERCADO W3
CENTRO GASTRONÔMICO E CULTURAL DE BRASÍLIA NOVA PROPOSTA ARQUITETÔNICA PARA A W3 SUL
Universidade de Brasília I
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo I Departamento de Projeto, Expressão e Representação
ORIENTANDA: BÁRBARA MARIA MADEIRA ALVARENGA
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ORIENTADOR: OSCAR LUÍS FERREIRA Brasília 2016
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I
Trabalho Final de Graduação
BANCA EXAMINADORA: BRUNO CAPANEMA, RICARDO MEIRA E RICARDO TREVISAN
daqui pra frente o conteĂşdo ĂŠ para saborear e se divertir
cozinhar é um ato de amor
saborear B r a s í l i a
de tudo um pouco
Agradecimentos Após esse longo ano (ou seis), a sensação de dever cumprido bate a porta. É muito gratificante ter alcançado essa conquista depois de muito trabalho e noites mal dormidas. Agradeço inicialmente ao meu orientador Oscar Ferreira pela ajuda, paciência, conselhos e puxões de orelha. Obrigada pelo aprendizado durante esse ano. Agradeço à minha família, principalmente aos meus pais e à minha irmã Beatriz, sem eles não teria conseguido realizar esse trabalho. Agradeço ao meu namorado Roberto pela paciência, conselhos e ajudas infinitas. Muito obrigada às minhas amigas Laís, Maria, Mila, Thais e Rafaela pela paciência, carinho e amizade.
cada canto um encanto
Às minhas quase arquitetas que me ajudaram inúmeras vezes, nos momentos de desespero com muita paciência e acima de tudo amizade - Deborah e Rafaela, muito obrigada por tudo. Aos meus quase arquitetos, presentes que a Fau me deu: Ana, Caio, Gabriela, Julia, Maíra, Matheus, Raissa, Renan, Tamara e Tharla. Muito obrigada pela amizade e carinho sempre!
Este caderno tem como objetivo reunir informações básicas e o desenvolvimento do Trabalho Final de Conclusão do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Nesse produto encontram-se justificativas e dados históricos, técnicos, urbanos e pessoais que embasaram as decisões projetuais. Além disso, levou-se em consideração todas essas análises para a devida implantação do projeto. O projeto desenvolvido consiste em um Centro Gastronômico e Cultural de Brasília, o MERCADO W3. Esse projeto visa promover uma integração maior, não somente pelo seu centro gastronômico, mas também como um novo pólo de cultura, fazendo com que a avenida W3 seja um lugar agradável, seguro de passagem e de permanência e que possa reavivar a avenida em diversos horários.
01prefácio
01 prefácio................................................................ 6 02 sumário................................................................. 7 03 introdução............................................................ 9 o que? por quê? conceitos e intenções referências
04 o local..................................................................17 onde? por que a W3? histórico o terreno análise do sítio
05 o projeto..............................................................33 o partido programa de necessidades perspectivas desenhos técnicos
06 detalhes...............................................................67 estratégias de projeto fluxos e acessos sistema estrutural detalhe pilar e cobertura proteção fachada azulejo sala oficina de culinária auditório paisagismo área externa e mobiliário urbano
07 considerações finais..........................................84 08 bibliografia..........................................................85
02 sumário
03
introdução
introdução + justificativa
O projeto do Centro Gastronômico e Cultural tem como objetivo abordar um tema bastante em voga ultimamente: uma tendência pela gastronomia atrelado à cultura e ao lazer. Brasília é uma cidade modernista que possui seus espaços idealizados e pré-definidos em seus usos e finalidades. Além disso, Brasília é conhecida, por muitos, apenas como o centro do poder público com pouca exploração para a área de lazer, da cultura ou do entreterimento. Tendo isso em mente, este projeto tenta suprir tal lacuna na cidade. É necessário que haja a mudança de pensamento do que era Brasília antigamente, uma cidade projetada e com a grande presença de carros e poucos espaços destinados à cultura, lazer e gastronomia, para uma nova Brasília, onde exista a ocupação desses espaços por meio de movimentos culturais, gastronômicos e, com isso, gere uma vivência maior da cidade. Devido ao grande número de pessoas que vem utilizando as áreas de lazer na cidade, entende-se que há uma geração interessada em ocupar e vivenciar mais o que a cidade tem a oferecer. Tal aspecto tem consequência na mudança da mentalidade das pessoas acerca da ocupação dos espaços oferecidos à população. A vontade de que Brasília se torne uma cidade com mais movimento, mais pessoas nas ruas é um dos objetivos desse projeto - trazer mais vida não só à W3 Sul mas à cidade como um todo. Um dos propósitos desse projeto é reunir as pessoas e grupos, de diferentes estilos ou idade para desfrutarem de um espaço acolhedor que proporcione esses encontros com a gastronomia e cultura atrelados. A programação cultural da cidade encontra-se em constante mudança e pode-se dizer que há uma evolução no sentido de que vem surgindo mais e mais feiras, apresentações artísticas, eventos gastronômicos que atraem um público enorme. Essa “descoberta” de diferentes formas de lazer coloca em questão a vontade de um espaço completamente destinado a essas finalidades. Concentrar todas essas atividades combinadas e em um mesmo local seria uma ótima forma de trazer ainda mais vida, uso e formas de lazer para a cidade de Brasília.
10 l introdução
Brasília é uma capital que está entre os cinco pólos gastronômicos do Brasil, junto com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife. É, ainda, considerada o terceiro centro gastronômico do país, segundo a pesquisa do SINDHOBAR (2013/2014) - Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes de Brasília. Brasília cresceu bastante na última década quando se diz respeito a gastronomia. Cursos de culinária foram criados, feiras de comida se proliferaram e, rapidamente, a cidade incorporou os food trucks na rotina. Sabe-se que existe uma grande demanda do consumidor por espaços de lazer e esta cresce a cada dia, uma vez que já é possível observar alguns exemplos que explicam tal movimentação, como feiras gastronômicas, eventos de food truck, dentre outros. Assim, é possível afirmar que há uma grande necessidade de se criar um espaço que combine todas essas funções - lazer, entreterimento e gastronomia. A gastronomia é um produto potencial que pode atrair uma demanda específica e associada com outras expressões patrimoniais, pode oferecer ao visitante uma amostra das raízes e da evolução da identidade cultural local, brasileira e ainda internacional. A alimentação é um dos aspectos mais relevantes quando se diz respeito à cultura de uma sociedade. É possível afirmar que se conhece muito de uma cultura pela sua culinária. Pode-se afirmar que um produto alimentício não é apenas uma entidade física, mas algo que associa inúmeros valores. Dessa forma, o ato de se alimentar está diretamente associado ao ambiente em que acontece. Criar um local agradável e bem resolvido é algo imprescindível para que haja o alcance dos objetivos propostos pelo projeto. A ideia de uma respeitosa e harmoniosa convivência entre o novo empreendimento e a área que será inserido (ambos se potencializando mutuamente) alcança sua expressão máxima através dessa nova criação com finalidade cultural, gastronômica e de certa forma educacional. Tendo isso em mente, incorpora-se a possibilidade de transformação deste local (W3 Sul), que inevitavelmente será influenciado pelos novos ares que esta intervenção trará.
O contexto da cidade aponta para a necessidade de novas áreas de aglomeração urbana e incentivo a atividades culturais e gastronômicas. O plano piloto de Brasília não possui ainda um pólo cultural multiuso que incentive a interação do público com o espaço e a cidade. Esse novo contexto da cidade atrelado a crescente necessidade por parte da população de um novo centro que abranja todos os quesitos citados anteriormente faz com que a criação de um Centro Cultural e Gastronômico seja um ótimo empreendimento para a cidade.
ARTIGOS
Levando-se em conta os objetivos apresentados, foi criado um esquema que representasse o direcionamento que este trabalho visa apresentar como produto final. A vontade inicial é de trazer mais vivência à W3 Sul no sentido de que a criação de um espaço que englobe tantas atividades trará mais pessoas de diversas idades e estilos a ocuparem novos espaços. Com cursos, biblioteca e feiras gastronômicas, pessoas serão atraídas a este local. A partir do estudo da história da W3 Sul e sua diversidade, tanto cultural quanto de usos, foi possível tecer análises a respeito dessa via localizada em Brasília nos aspectos físicos e socioculturais para que assim gere uso e vivência. A cultura atrelada à gastronomia juntamente com a arquitetura criam espaços interessantes e de fácil acesso.
LIVROS HISTÓRIA DIVERSIDADE CULTURAL
Além de uma nova área de movimentação urbana, ganha-se, através da interação com o novo Centro Cultural e Gastronômico de Brasília, a valorização do passado histórico e cultural da capital e a aproximação da comunidade com o tema do uso e significância para a sociedade como um todo. Existe uma grande carência de áreas destinadas ao convívio coletivo que escape dos jardins e áreas verdes. Brasília possui vastas áreas bucólicas, mas ainda peca no quesito cultural e gastronômico. A criação deste novo empreendimento aparece como uma alternativa e também como um espaço singular que irá abranger diversos fins culturais, recreativos, educacionais e culinários.
JORNAIS
REQUALIFICAÇÃO CULTURA + GASTRONOMIA
ANÁLISE DO CONTEXTO
ASPECTOS FÍSICOS
ASPECTOS SOCIOCULTURAIS
VIVÊNCIA + USO
Esquema dos procedimentos adotados para o desenvolvimento do projeto
11 l introdução
conceitos + intenções
PERMEABILIDADE E VISIBILIDADE Uma edificação visível e acessível, que estimule a curiosidade das pessoas que passam, gerando mais visitas e usos para a edificação. Deve permitir a passagem, mas também estimular a permanência do público, seja consumindo os produtos a venda ou somente para encontros.
INTEGRAÇÃO E ACESSOS Integração dos setores próximos à sua localização. Como o projeto localiza-se na avenida W3 Sul próximo aos setores centrais de Brasília, o Centro Gastronômico e Cultural de Brasília foi pensado para integrar esses setores e servir de incentivo para revitalização e reavivamento da avenida W3 sul como um dentre vários outros pontos de cultura que poderão ser consolidados ao longo da W3.
PÚBLICO E PRIVADO Uma edificação de iniciativa privada, mas que também seja de acesso livre a todos. O intuito desse projeto é receber inúmeros eventos efêmeros (feiras, eventos de lazer, festivais), profissionais para workshops e aulas de gastronomia.
RITMO E MODULAÇÃO No estudo de aberturas nas fachadas, na divisão dos espaços, na concepção do interior do projeto e na estrutura. Possibilitar a flexibilidade de usos nos espaços propostos, como nas salas de aula, exposição, auditório, entre outros.
12 l introdução
GASTRO NOMIA CULTURA ENCON T R O S APREN DIZADO TROCAS A R T E C O M I DINHAS
gerar mais encontros e trocas entre as pessoas
novo ponto de compra e de consumo de alimentos
ser um novo local destinado à cultura e ao lazer
trazer mais possibilidades de vida noturna - bares, restaurante
O mercado surgiu com as primeiras civilizações, e, ao longo da história, foi se consolidando como um espaço econômico, político e social dentro das cidades. Desde as primitivas trocas de excedentes, passando pelos bazares árabes e evoluindo até as formas atuais. O mercado gera mais trocas entre as pessoas, mais cheiros e sabores. O Mercado W3 visa valorizar mais a vida urbana, o contexto onde está inserido e as relações culturais e sociais, trazendo também mais vida noturna à via W3 com a possibilidade de bares e restaurantes. Esse vem catalisar todas essas intenções a partir da proposta de não ser somente um equipamento pontual, inserindo-se também no espaço urbano de forma que reconheça seu entorno, sua história e se consolide como um espaço de excelência. A vontade geral desse novo projeto é de reunir diversos tipos de atividades em um só local, tentando atingir e abranger o maior número de pessoas possíveis - seja com as aulas de culinária, seja na venda e na compra de produtos, seja no consumo in loco dos alimentos com os stands, bares e restaurante, ou seja somente com intuito de participar e de visitar alguma exposição ou apresentação cultural.
13 l introdução
referências projetuais
Copenhagen Street Food Market Este é um empreendimento que abrange vários tipos de culturas culinárias de diversos países. É um grande mercado que possui barracas para o preparo e a venda dos alimentos. A intenção é de ser um mercado de comida de rua barata em Copenhague, onde tanto a cultura, a comida, a sustentabilidade e a boas ações andam lado a lado. Há food trucks, café, cervejas, e bebidas servidos na parte de dentro desse grande armazém e há, também, cadeiras e mesas na parte exterior que se encontram bem a frente do mar.
14 l introdução
Borough Market Este é um mercado que funciona há mais de 1000 anos no mesmo local e se transformou em um dos epicentros gourmets de Londres. Com uma grande cobertura estilo art déco, abriga mais de 100 stands de diversos tipos de culinária do mundo todo. Esse tipo de mercado urbano aberto a todos é um dos mais famosos de Londres e é também um grande atrativo turístico.
Concurso Centro Gastronômico e Cultural de Bellavista Esse projeto visa a transformação do bairro Bellavista, na capital chilena de Santiago. Foi convocado um concurso para construir um Novo Centro Gastronômico e Cultural. As funções desse complexo são ações de consumo - mercado e arte - e de contemplação que convivem e se misturam com atividades recreativas. A configuração se assemelha a uma ilha com grandes locais gastronômicos desenvolvida em três níveis de terraços que agregam ao tecido urbano uma nova divisão e, dessa forma, convida ao percurso perimetral de todas suas faces.
Eataly - São Paulo O Eataly é o maior mercado de gastronomia e produtos artesanais italianos do mundo. Inspirado nos Mercados Municipais o projeto foi concebido com um grande vazio central que integra todos os restaurantes e setores da loja. A fachada reforça a linguagem contemporânea, a fluidez da linha vermelha caracteriza o edifício, traduzindo a harmonia. O Eataly, que foi configurado como sendo uma caixa de vidro sustentada por vigas metálicas vermelhas, possui 22 departamentos divididos em peixes, carnes, massas, hortifruti, pães, entre outros. Conta ainda com 7 restaurantes, 5 laboratórios de produção artesanal de produtos de confeitaria, pães, cerveja, dentre outros e uma escola de gastronomia para cursos.
15 l introdução
onde + por que a w3?
04
o local
SHIGS 713
contexto - onde? CRS 512
CRS 513
SQS 313
SQS 312 CLS 313/312
fotografia áerea mostrando os principais pontos de referência no entorno do terreno
O sítio escolhido encontra-se na entrequadra 512/513 sul.
VIA W3 SUL
SQS 312
SQS 313
N
18 l o local
Este terreno possui dois lotes. O primeiro lote encontra-se ocupado com a Biblioteca Pública de Brasília. Esta é uma edificação de pequeno porte e possui aproximadamente 370 m². A biblioteca encontra-se em um estado inadequado, pois é uma estrutura antiga e não houve registro de reforma recente. Dessa forma, optou-se pela retirada e incorporação deste acervo em diversas outras bibliotecas próximas, como a biblioteca pública da 308 sul. O programa da biblioteca atual possui um acervo geral e conta com livros infanto-juvenis, livros de escritores brasilienses, gibiteca, 10 computadores para uso público e possui, também, um local chamado “Jardim da Leitura” - mesas posicionas em um jardim cercado por vegetação que transforma em um local muito agradável. O segundo lote do terreno encontra-se livre e atualmente é ocupado por um estacionamento.
por que a W3?
O principal motivo pelo qual a via W3 sul foi escolhida como terreno é a necessidade vital de se revitalizar essa avenida. Outra razão seria a tentativa de trazer mais vida à via W3 através da inserção de um equipamento cultural. A partir dessa intervenção pontual, gerará e estimulará a permanência de pessoas, trazendo mais usos e assim diversificando um pouco o foco da avenida de ser um local de passagem e circulação. Com essa variação de usos, com o estimulo ao uso do pedestre e à dinamização de ocupações geram, também, melhorias no espaço público como um todo. Além disso, a via W3 é uma importante avenida e também um corredor de transporte público de Brasília. É um local muito atrativo e de fácil acesso. Atualmente, há 5 faixas exclusivas de transporte coletivo no Distrito Federal - W3 Sul e Norte, EPTG, EPNB, e Setor Policial. A W3 Sul apresenta cerca de 7 km de extensão e também abriga o maior número de linhas de ônibus circulando, totalizando 128 linhas. As características morfológicas e as estratégias de revitalização da área tornam a W3 Sul um local bastante propício para o desenvolvimento de atividades culturais e comerciais. Esta vocação, já desempenhada pela avenida anteriormente, pode ser evidenciada em alguns bons exemplos que se encontram na área, como por exemplo: Espaço cultural Renato Russo (508), Teatro dos Bancários (515), Mercado Municipal (509), Espaço SESC (504), Musimed (505) ,SESC Garagem (913).
19 l o local
contexto histórico A designação surgiu, nas pranchetas dos construtores, por ser a terceira via, em afastamento, a oeste do Eixo Rodoviário, o Eixão. Esta via atravessa a cidade longtudinalmente no sentido norte e sul com uma extensão total de aproximamente 12 Km. É uma via secundária (60 km/h), com inúmeros acessos dos dois lados — vias locais, entrada e saída de estacionamentos e, até, de garagens residenciais (em algumas casas geminadas das “700”) — todos de menor prioridade. A W3 Sul tem três faixas destinadas aos veículos em cada sentido, com estacionamento no canteiro central e nas entrequadras. Rapidamente a W3 Sul transformou-se na principal rua de comércio da cidade, concentrando agências bancárias, correios, telefônica, restaurantes, cinema etc. “(...). Ao fundo das quadras estende-se a via de serviço para o tráfego de caminhões, destinando-se ao longo dela a frente oposta às quadras à instalação de garagens, oficinas, depósitos de comércio em grosso, etc., e reservando-se uma faixa de terreno, equivalente a uma terceira ordem de quadras, para floricultura, horta e pomar. (...)” (COSTA, Lúcio - Relatório do Plano Piloto de Brasília, item 16, 1957)
As garagens, oficinas e depósitos seriam instalados na faixa das Quadras 500 com a frente voltada para a via W2, em frente às Quadras 300, e teriam como finalidade abastecer os comércios locais das superquadras, enquanto que as hortas e pomares se localizariam na faixa das Quadras 700. Essa proposta não chegou a ser implementada pois houve a necessidade da construção de casas geminadas para a instalação dos primeiros técnicos que vieram trabalhar em Brasília com suas famílias em 1958. “Como a ocupação residencial começou no meio da Asa Sul (casas geminadas e primeiras superquadras) e prosseguiu por longo tempo descontínua na primeira fase a W3 foi o ”centro” da cidade pequena que Brasília ainda era.” (COSTA, Maria Elisa. LIMA, Adeildo V. Brasília 57-85 do Plano Piloto ao Plano Piloto, 1985)
A Avenida W3 Sul já foi um espaço de grande esplendor e grande uso urbano, era o palco de grandes manifestações cívicas e culturais. Hoje, já não possui mais a mesma configuração e apresenta dois grandes problemas: - degradação de seu espaço físico; - desrespeito às normas urbanísticas.
20 l o local
Durante muito tempo, a Avenida W3 Sul possuiu enorme destaque por abrigar diversos usos e finalidades, como a residencial na parte das “700” - casas geminadas - e comercial pela parte das “500”. Embora congregasse todas essas atividades, ela caiu em declínio a partir da década de 70 com a consolidação do centro urbano e com o surgimento dos Shopping Centers entre as décadas de 80 e 90. Com a manifestação desses novos centros de consumo, que ofereciam estacionamentos, mais segurança e com uma enorme variedade de compras, acabaram direcionando os usuários da antiga W3 para esses locais. Dessa forma, forçou os lojistas a trocarem, gradativamente, a antiga localização de seus estabelecimentos por filiais nestes novos espaços, iniciando, dessa maneira, o processo de decadência da avenida a partir do fechamento de inúmeras lojas. O fechamento de várias lojas na via W3 sul ocasionou sua decadência com os inúmeros espaços ociosos deixados para trás. Esses locais, antes ocupados com um tipo de comércio mais rentável, foram sendo substituídos por concessionárias de veículos, templos, igrejas, etc. A manutenção do calçamento e pouco mobiliário urbano também são outros fatores para o desestimulo do uso da via. A combinação de todos esses fatores fizeram com que a W3 sul entrasse em desuso e em constante degradação. Segundo análise de Ferreira: “...um dos motivos da redução no desempenho da Avenida W3 Sul, como avenida de atividades, foi o favorecimento da circulação de passagem em detrimento da acessibilidade, principalmente depois da inauguração do viaduto do Eixo Monumental em 1976, além da pouca oferta de vagas de estacionamento em relação ao crescimento da frota de transporte individual.” (FERREIRA, Ronald Bello. Metodologia para avaliação do desempenho de vias urbanas: o caso da avenida W3 Sul. p. 72)
Há outras razões para o declínio da via W3, além dos já citados anteriomente: - uso do solo da Avenida com somente um dos lados destinado as atividades comerciais e o outro as residências; - configuração espacial da avenida, implicando descontinuidades com a existência de espaços “cegos” ou “mortos” entre os blocos; - ausência da infraestrutura adequada para a circulação de veículos e pedestres.
Embora a W3 Sul se encontre ainda bastante degradada e em desuso, existem iniciativas para que esta se recupere e possua uma configuração como um espaço destinado a encontros, ao consumo e a convivência. Há focos de produção da cultura brasiliense, divididos em cinema, artes plásticas e teatro. Exemplos bem sucedidos, como o Espaço Cultural Renato Russo (508 Sul), atelies de moda e arte vêm surgindo com bastante força nos pavimentos superiores em toda a extensão da W3 Sul. Houve diversas propostas para a revitalização da via com as premissas de: - maior acessibilidade aos frequentadores locais; - incremento das atividades econômicas ali desenvolvidas e fomento das novas atividades e áreas comerciais; - conforto aos transeuntes; - espaços atraentes que contribuam para a permanência dos usuários; - valorização das características determinantes que motivaram a preservação histórica. Dentre as iniciativas mais marcantes na tentativa de revitalizar a W3, pode-se destacar a da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação(SEDUH) que desenvolveu e divulgou o “Concurso Público Nacional de Ideias e Estudos Preliminares de Arquitetura e Urbanismo para a Revitalização das Avenidas W3 Sul e Norte”, organizado pelo IAB/DF em 2002. Vinte e dois projetos foram inscritos, tendo sido entregues 5 prêmios e várias menções honrosas. As considerações da comissão julgadora ressaltam o fato de que nenhum dos projetos apresentados teria condições de ser implementado na íntegra, reconhecendo que o concurso seria a primeira etapa de um trabalho maior a ser desenvolvido. A Comissão Técnica avaliou os projetos vencedores e organizou as propostas apresentadas em estratégias viáveis e inviáveis, a curto, médio e longo prazo. Hoje, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Governo do Distrito Federal possui um documento técnico, compilado em 2009 , no qual apresenta as diretrizes e estratégias que estão sendo desenvolvidas para a revitalização da avenida. Dentre elas destacam-se quatro pontos de atuação:
-
intervenções sobre o espaço público; requalificação das edificações; revisão das normas de uso do solo; implantação do sistema de transporte (Veículo Leve sobre Trilhos - VLT).
imagens exemplificando as propostas apresentadas no concurso
A partir do estudo dessas propostas para a revitalização da W3, pode-se afirmar que estas foram levadas em conta para a projetação desse novo empreendimento, mas se optou por usar a realidade atual da via W3 para que, dessa forma, seja proposta uma própria forma de revitalização. A intervenção proposta será pontual e tem como um dos focos a revitalização urbana, mesmo que de forma mínima. Após entender a importância da história da via W3 e de seus usos para a cidade, o terreno escolhido para o projeto do Mercado W3 - Centro Gastronômico e Cultural de Brasília- foi a entrequadra da 512/513 sul, espaço que se relaciona com a importante via W3 sul, as superquadras e o comércio residencial local. Atualmente existem no terreno a Biblioteca Pública de Brasília, com aproximadamente 370 m² (CULTURA,2014), e um grande estacionamento. A proposta é projetar um novo centro, respeitando a dinâmica da cidade, promovendo mais vitalidade para a avenida W3 sul e trazer novos usos para essa via.
21 l o local
01
o terreno 02
06
07
05
08
03
03
01
02
04
N 0m
22 l o local
25
50
04
05
06
O terreno estudado, por apresentar-se parcialmente desocupado, sendo utilizado como estacionamento e possuindo uma única edificação de pequeno porte, passa por vezes despercebido. As principais visuais identificadas estão representadas pelas fotos 05 e 07, que representam como os motoristas que passam pelo local visualizam o terreno.
07
A foto 08 ilustra a visual a partir a via W2. A partir desta foto, podemos concluir que a conexão visual existente não é tão marcante quanto pode parecer em planta. A foto 02, oposta à 01, é uma vista na direção contrária ao fluxo de carros, por isso ilustra a vista do pedestre. As fotos 05 e 07 são visuais interessantes, uma vez que ilustram a qualidade topoceptiva e expressiva - simbólica que o terreno pode desenvolver em seu contexto, no fechamento das perspectivas ilustradas. É necessário compreender essas imagens como peças importantes para o desenvolvimento do projeto e dessa forma tirar partido dessas visuais na concepção deste. A partir dessas imagens é possível perceber que o terreno não possui um impacto visual tão marcante - um terreno quase livre com apenas uma pequena edificação (Biblioteca Pública de Brasília). Com essa análise, é possível tirar partido para a criação de uma edificação mais atrativa tanto para o pedestre quanto para o carro com a vontade de que esse terreno não passe desapercebido.
08
23 l o local
como chegar?
100m 250 m 35 0
m
0 55 m
N
principais rotas dos pedestres
a pé
Com essa análise de fluxo e acessos de pedestres e bicicletas, foi possível tecer algumas considerações como o caráter de passagem que o terreno em análise possui, muitos pedestres atravessam o estacionamento e assim, o transformam em um ponto de partida para muitos. Não foram encontradas ciclovias nas mediações do terreno, embora esteja marcado no mapa a previsão destas feita pelo Programa Cicloviário do DF.
24 l o local
N
ciclovias previstas estações Bike Brasília
de bicicleta
N
N
rota vlt
parada de ônibus - w3
rota brt - eixão
parada vlt - w3
rota ônibus - w3
parada de ônibus - eixinho
rota ônibus - eixinho
estação de mêtro - 112 sul
ônibus mêtro vlt
A caracterização dos fluxos próximos ao terreno foi realizada a partir da análise dos maiores fluxos que se encontram próximos. A via W3 possui um enorme fluxo de automóveis e fácil acesso, por possuir uma grande frota e pontos de ônibus. Essas paradas de ônibus encontram-se sempre cheias e, dessa forma, contribuem para a atratividade do terreno em questão. O mêtro encontra-se relativamente próximo ao terreno, há uma estação a menos de 600m de distância.
vias de acesso ao terreno
de carro
estacionamentos
Foi ressaltado no desenho os maiores fluxos de carros que ligam o terreno às demais vias. A avenida W3 e a via W2 são as principais conectoras, por passarem diretamente neste. Esse local possui uma acessibilidade muito facilitada - diversos pontos de ônibus na proximidade, mêtro e o VLT previsto para ocorrer na via W3.
25 l o local
hierarquia viária
w4
w3
w2
w1
eixow eixão
Com esse mapa ao lado, é possível compreender a estrutura viária do entorno do terreno e suas relações de fluxo. O Eixo Rodoviário (Eixão) é uma via expressa de velocidade mais elevada com máxima de 80km/h. Esta é um importante conector para o acesso motorizado de maiores distâncias ao terreno. O Eixo W (Eixinho) e a via W3 são vias arteriais, uma vez que atendem um tráfego de veículos mais pesado (caminhão, ônibus, carros, etc), estas vias atravessam muitas quadras e possuem velocidade máxima de 60 km/h. Com isso, a via W3 (principal via que passa a frente do terreno) é uma geradora de altos níveis de poluição atmosférica, sonora e visual. Dessa forma, é recomendável o uso de muita arborização para tentar minimizar a situação e também é um bom norteador para o posicionamento dos espaços propostos no programa de necessidades. As vias coletoras são as principais ligações entre as vias ateriais, e essas são importantes para o trágego de passagem e chegada ao terreno. Dentre as vias coletoras, destacam-se as vias W1 e W2, que conectam o terreno. Além disso, segundo a NGB, o acesso ao lote 01deve ser feito pela via W1 ou via W2.
via arterial
26 l o local
via coletora
via expressa
N
uso do solo A partir do mapa de usos, é possível observar que existe uma grande predominância de uso comercial e residencial. No âmbito comercial, destaca-se uma grande diversidade de usos, como lojas de roupas, papelaria, salões, calçados, farmácias, padaria, açougue, lojas de materiais de construção, entre outros. Existem muitas escolas, clínicas e hospitais nas proximidades do terreno, com isso o Centro Gastronômico e Cultural será um grande atrativo a esse público. O intuito é conectar a cultura e lazer com as instituições. Além disso, a predominância da função residencial traz muito público para a utilização do novo empreendimento. Os comércios próximos, na própria via W3 e no comércio local das entrequadras, possuem a predominância de uso diurno, o que faz com que o local fique sem vida e inseguro durante a noite. Por isso, será necessário propor um uso noturno para o novo edifício que poderá abarcar eventos culturais e gastronômicos e, assim, trazer pessoas e incentivar outros estabelecimentos a ter o uso durante a noite, trazendo vivacidade ao ambiente.
N
residencial
institucional
misto
templo
No estacionamento presente no terreno, existem algumas atividades informais de venda, como por exemplo uma “oficina” mecânica dentro de uma van e uma tenda com a venda de churrasquinho. Com isso, é possível perceber a necessidade de um uso mais direcionado para o local, com a criação de um projeto com uma maior abrangência. A variedade de atividades e de público na região representa o quão dinâmica é a área estudada. Isso estimula as atividades culturais e comerciais. Empreendimentos desse tipo gastronômicos - possuem uma variedade de usos e pessoas, isso trará muitos usuários e visitantes ao novo projeto.
comercial
27 l o local
condicionantes físicas e climáticas mapa topográfico
mapa de ruídos
SQS 313
SQS 312
13 SCRS 5
12 SCRS 5
3 SUL VI A W
N vegetação existente e topografia
A topografia do terreno em estudo apresenta sua declividade em direção a leste, sendo a diferença de nível entre suas extremidades igual ou inferior a 0,5m. Levando em conta que esse terreno possui um caráter de passagem, procura-se manter essa característica com o trabalho do piso e desníveis de forma a não criar barreiras para os pedestres. Dessa forma, são ressaltadas as premissas de permeabilidade e acessibilidade. A partir dos cortes realizados, é possível compreender como ocorre o decaimento do terreno.
Limite do terreno
512 sul
Limite do terreno W3 SUL
Limite do terreno
513 sul
Limite do terreno W2 SUL
Cortes esquemáticos demonstrando os limites e caimento do terreno
28 l o local
A partir da análise do mapa de ruídos é possível perceber que a grande parte dos ruídos em direção ao terreno é gerado pela via W3 logo a frente. Esse terreno é cercado por vias e, dessa forma, há uma grande proveniência de ruídos por meio do tráfego de veículos, assim como os provenientes da comercial CLS 512/513. Com a proposta do Centro Gastrômico e Cultural haverá uma geração de ruídos proveniente dos diversos usuários do novo empreendimento.
orientação solar
LESTE
mapa dos ventos
SQS 313
SQS 312
SC R S 5 1 SC R S 5
12
VI A
LESTE
3
S Q S 31 2
S Q S 31 3 SCRS 513 SCRS 512
L W3 S U
V IA W
3 SUL
OESTE NOROESTE
FACHADA NOROESTE
FACHADA SUDESTE
FACHADA NORDESTE
Com a análise da carta solar e de ventos de Brasília, foi possível tecer considerações para as aberturas ou fechamentos das quatro futuras fachadas. A fachada noroeste é a mais crítica, esta recebe a maior quantidade de sol por mais tempo durante o ano. A mesma fachada é a mais prejudicada pela proximidade com a W3 - uma via que possui um grande fluxo de automóveis e poluição atmosférica. A fachada deverá receber uma maior proteção contra a incidência solar e a grande velocidade dos ventos oriundos da mesma direção. Apesar dessas condicionantes, o terreno se encontra orientado de forma a favorecer o fechamento e o controle das fachadas oeste e norte e a abertura das fachadas leste e sul que possuem menos incidência solar e fonte de maior frequência dos ventos.
MAIOR FREQUÊNCIA DE VENTOS - LESTE
MAIOR VELOCIDADE DE VENTOS - NOROESTE
SQS 312
Fachada que deverá receber mais proteção Fachada que deverá ter mais aberturas para a entrada de mais luz e vento
VIA W3 SUL
FACHADA SUDOESTE
SQS 313
10
25
50
100
N
29 l o local
análise - legislação O local escolhido compreende dois lotes adjacentes, o que abriga um estacionamento na EQS 512/513 (lote A) e o que abriga a Biblioteca Pública de Brasília na EQS 312/313 (lote 1). Os lotes escolhidos devem seguir as normas NGB52-89 que estabelece as regras de edificação uso e gabarito para o lote 1 (312/313 sul) e a Planilha de Parâmetros Urbanísticos e de Preservação AP5-UP1 que aborda as regras de ocupação, uso e gabarito do Setor Comercial Residencial Sul e Entrequadras 500 e 300 Sul. A partir das normas mencionadas, o lote 1 deve seguir as seguintes regras: - uso: cultura, didático recreativo, atividade de apoio a educação, atividades artísticas, criativas e de espetáculos; - taxa de ocupação = 100%;
Em relação ao lote A, as regras são: - uso exclusivo para Administração Pública, Defesa e Seguridade Social ou alimentação, exceto serviços de catering, bufê e outros serviços de comida preparada; - taxa de ocupação = 77%; - subsolo obrigatório com máximo de 100% de ocupação exclusivamente para garagem; - afastamento frontal 10,00 metros - taxa máxima de construção = 150% (excluindo subsolo) - gabarito máximo de 10,00 metros, excluindo caixa d’água e casa de máquinas; - construção de rampas de acesso ao estacionamento em subsolo poderá ser em área pública;
- subsolo obrigatório com máximo de 100% de ocupação exclusivamente para garagem (obrigatório 1 vaga a cada 50,00 m2); - não possui afastamentos obrigatórios; RESUMO:
- taxa máxima de construção = 200% ( excluindo subsolo);
Altura máxima Lote 01 = 7m
- gabarito máximo de 7,00 metros, excluindo caixa d’água e casa de máquinas;
Altura máxima Lote A = cota de coroamento dos prédios da W3 = 10m
- construção de rampas de acesso ao estacionamento em subsolo poderá ser em área pública; - não é permitido o avanço de qualquer elemento de composição de fachada (marquises e brises), além dos limites do lote.
30 l o local
Área máxima de ocupação = 2000 m²/lote Área máxima de construção = 4000 m²/lote Croqui feito pela autora para a compreensão das cotas de coroamento
Total = 8000 m²
consequências e intervenções Dos 5600m² do terreno, cerca de 2000m² são ocupados por estacionamento, ou seja, 35,7% da área do terreno não é construída e abriga um uso que não interage com o espaço a sua volta.
N
N
edificações existentes
0m 25
50
terreno do projeto
edificações existentes
0m 25
terreno do projeto edificações a demolir
padrões de projeto A partir das análises realizadas anteriormente, foi possível propor alguns desejos projetuais para a área. Elas compõem a demanda percebida e também fazem parte do programa de necessidades do projeto que será detalhado no próximo capítulo.
01
mercado e bares
Mercado com a possibilidade de stands e também de bares para promover o uso noturno
N
50
edificações existentes
0m 25
50
terreno do projeto
Para a intervenção nesta área, foi proposta a demolição da Biblioteca Pública de Brasília e a recolocação de seu acervo em diversas outras bibliotecas próximas à esta. Dessa forma, a área destinada a intervenção seria expandida para além do terreno - realizando a incorporação do pequeno estacionamento aos fundos do terreno e também com a mudança do piso de asfalto para bloquete de concreto nas partes próximas ao projeto, para que assim fosse possível um maior e melhor diálogo com o entorno imediato da área.
área de intervenção
02 mobiliário urbano
03
Criação de bancos com sombra e arquibancada para favorecer ainda mais a permanência
quiosques e barracas móveis
Quiosques móveis e multifuncionais para favorecer o diálogo e trocas entre as pessoas
31 l o local
05
o projeto
evolução e partido Após a vasta pesquisa de referências e da análise do local e dos conceitos iniciou-se o desenvolvimento de ideias e vontades. Inúmeros partidos foram pensados e repensados. Primeiramente foram estabelicidos os eixos principais de passagem seguindo o conceito de permeabilidade. Logo após foi determinado o programa de necessidades básico do projeto dividido em quatro grandes partes: administrativa, gastronômica, cultural e a área pública.
principais diretrizes para o projeto - espaço de caráter público, democrático, apesar de ser um empreendimento privado; - respeitar as características do entorno e da cidade; - aproveitar as vistas que o terreno promove naturalmente;
croqui das principais passagens
setorização do programa em quatro partes administrativa
cultural
gastrômica
pública
- ter áreas de descontração, descanso e lazer, gerando uma plataforma para vida pública além das funções propostas; - respeitar o fluxo de pedestre já existente no local e aproveitá-lo para a ocupação do espaço; - ajudar a trazer vitalidade à via W3 sul promovendo infraestrutura pública e opções de atividades de uso noturno. A vontade inicial foi sempre a de utilizar uma grande cobertura que abrigasse os demais volumes sob esta. A utilização dessa se deu na tentativa de relembrar os grandes mercadões bastante amplos, permeáveis e cheios de vida.
croquis de estudo para o desenvolvimento do projeto
34 l o projeto
PERMEABILIDADE E VISIBILIDADE demolir
área de intervenção
ocupação do subsolo elevação de um grande volume
abranger o programa sob uma grande cobertura
resumo partido Para realizar o projeto, foi proposta a demolição da Biblioteca Pública de Brasília de forma a permitir a revisão e a junção de ambos os lotes, somando a área dos fundos que anteriormente era um estacionamento público. Esse local adicionado criará uma praça externa urbanizada essencialmente pública (que abrigará pequenos eventos - feirinhas, encontros de food trucks - com possibilidade de uso de coberturas efêmeras) como continuação do espaço público urbano. A implantação do Mercado W3 buscou uma forma sutil de configurar um novo espaço público e coletivo sem, contudo, descaracterizá-lo como estrutura comercial privada. Houve também a preocupação com o diálogo ao redor, optando-se pela reconfiguração do entorno imediato, trocando o asfalto por bloquete, na tentativa de diminuir a velocidade dos carros ao passarem perto do terreno e também de facilitar o livre trânsito dos pedestre sem obstáculos como subidas e descidas de calçadas.
resumo conceitos Inúmeros são os conceitos norteadores do projeto, mas é possível destacar alguns que se tornam mais evidentes na parte física como por exemplo: a permeabilidade, integração, ritmo e modulação. Esses conceitos foram pensados de forma a desenvolver o projeto de uma forma mais coesa. A grande cobertura de madeira laminada colada, sustentada por pilares do tipo “árvore”, deu-se pela vontade de relembrar os grandes mercadões com vãos generosos. Um elemento fundamental, em grande parte desses mercados, é a acessibilidade, ou seja, fazer com que as circulações alcancem todos os ambientes de forma fluída. Outro elemento presente é a viabilização desses grandes vãos para permitir a ventilação e a luz natural.
livre passagem: com o uso da cobertura, percebe-se que a passagem continua livre visão livre: a nova construção permite visuais voltados para a via W3 e para a comercial
INTEGRAÇÃO E ACESSO acesso: fazer conexão com as superquadras de uma forma coerente integrar: criar fachada contínua com a W3 manter a horizontalidade da via
RITMO ordenar: com o uso contínuo de pilares do tipo “árvore” de uma forma a proporcionar harmonia
MODULAÇÃO continuidade: uso da grelha de madeira laminada colada na cobertura com módulos iguais
35 l o projeto
programa de necessidades
cobertura - nível +10.00
01. Espaço Gastronômico mercado stands restaurante bares banheiros
mezanino - nível +4.00
02. Espaço Educacional salas para oficinas biblioteca midiateca apoio dos professores e funcionários térreo - nível 0.00
03. Espaço Cultural auditório galeria de exposições loja e espaço para exposição 04. Espaço Administrativo secretaria diretoria sala de reunião coordenação
subsolo - nível -4.00
espaço público
espaço mercado/ área gastronômica
3750m²
36 l o projeto
1438m²
garagem
1137m²
espaço cultural e auditório multiuso
1110m²
espaço educacional
910m²
área verde
493m²
adm.
217m²
espelho d’água
wc
circ. vert. hor.
150m²
142m²
70m²
quadro de áreas
Garagem Central de ar condicionado Grupo gerador
45
Cozinha
93
m² Diretoria
40
Sala de reunião
54 30,5
Área bares
602
Secretaria
22
Depósito de câmara fria
57
Área stands
703
Recepção
17
Subtotal
1137
1438
Área Comum
m² Hall
1470
Recepção
45 50 54
Circulação vertical
50
Banheiros
28
Banheiros
Depósitos
16
Térreo
Coordenação
m² Circulação vertical
94
Subtotal
217,5
Galeria
m²
Mezanino
Recepção
9
Área para exposição
489
Café
180
Jardins internos
254
Jardim interno
215
Espelhos d'água
193
Subtotal
678
Espaço arquibancada
575
Jardins externos
239
Área Comum
m²
Comércio (loja) Subtotal
Biclicletário
250
Praça
2604
Espaço Educacional Salas para oficinas
m²
Subtotal
196
Auditório
Apoio oficinas
72
Sala multiuso
110
Apoio professores
120
Laboratório digital
74
Biblioteca
173
Jardim interno
165
Subtotal
Subtotal Total
122
Banheiros
60
1600
Circulação vertical
50
2557
Circulação horizontal
m² Auditório
80
Área técnica
15
Subtotal Total
290 400 1295,5
95 4090
910
Auditório
m² Auditório Apoio auditório
Subtotal
Restaurante
Administração
990
Área Comum
TOTAL
45
m²
Área de estacionamento Subtotal
Subsolo
Espaço gastronômico
m²
157 76 233 4884
37 l o projeto
imagem externa - parte voltada para a comercial 312/313 sul
38 l o projeto
imagem externa - parte voltada para a w3 sul
39 l o projeto
imagem externa noturna - vista do observador (313 sul)
40 l o projeto
imagem externa - vista praรงa
41 l o projeto
imagem interna - ĂĄrea tĂŠrrea (mercado)
42 l o projeto
imagem interna - vista da passarela (mezanino)
43 l o projeto
44 l o projeto
desenhos técnicos
plantas baixas: 1. implantação 2. térreo 3. mezanino 4. subsolo cortes: 1. corte AA 2. corte BB 3. corte CC 4. corte DD fachadas: 1. fachada noroeste 2. fachada sudoeste 3. fachada sudeste 4. fachada nordeste
45 l o projeto
CRS 512
70 10 0,3
10
9,4
0,3
10
9,4
0,3
3
0,3
3
10 0,3
3
0,3
3
0,3
3
10 0,3
3
0,3
3
0,3
3
10 0,3
3
0,3
3
0,3
3
10 0,3
3
0,3
3
0,3
3
0,3
3
0,3
0,3
8
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
11
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
CLS 312
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
11
TETO VERDE
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
CUMEEIRA
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
11
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
0,3
11,5
0,3
11,5
0,3
PARADA DE ÔNIBUS
57,5
SHIGS 712
11
11,5
0,3
11,5
ESTACIONAMENTO RUFO
CLS 313
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5% i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5% i=3,5%
SAÍDA GARAGEM
i=3,5%
0,3
i=3,5%
i=3,5%
i=3,5%
11
11,5
ENTRADA GARAGEM
CRS 513 TÁXI
N
IMPLANTAÇÃO ESC.: 1:500 0m
46 l o projeto
10
20
40
47 l o projeto
48 l o projeto
49 l o projeto
50 48 l l ooprojeto projeto
51 l o projeto
52 l o projeto
53 l o projeto
54 l o projeto
55 l o projeto
56 l o projeto
57 l o projeto
58 l o projeto
59 l o projeto
60 l o projeto
61 l o projeto
62 l o projeto
63 l o projeto
64 l o projeto
65 l o projeto
06
detalhes
estratégias de projeto proteção de fachada - As fachadas noroeste e sudoeste associadas aos espaços ocupados dispõem de sistemas de proteção solar por meio da utilização de painéis de chapas perfuradas metálicas que contribuem para a minimização das cargas térmicas, o conforto dos ocupantes, o conforto visual, a minimização dos riscos de sobreaquecimento e o aproveitamento eficaz da iluminação natural. Essas fachadas são consideradas as piores fachadas, as quais recebem maior incidência solar, principalmente no período da tarde, ou seja, nos horários mais quentes do dia. A utilização da iluminação natural permite uma autonomia em relação à iluminação artificial, que juntamente com sistemas de gestão de iluminação se traduz em uma economia de energia significativa.
aproveitamento de águas pluviais - foi dimensionado um reservatório inferior para abrigar a água coletada da chuva e esta, por sua vez, poderá ser utilizada para irrigação de jardins internos, lavagem dos espaços internos e calçadas, limpeza de esquadrias, entre outros.
palco reversível - o auditório é um dos principais elementos que recebe destaque na paisagem, sendo que seu palco pode ser aberto para uma grande arquibancada e para a praça ou para a parte interna do auditório, possibilitando seu uso para eventos externos e abertos ou para eventos internos, respectivamente.
ventilação natural - espaço amplo e aberto que permite a circulação de ventos. Foram aproveitados os ventos favoráveis que propiciam a utilização de ventilação natural, usando as movimentações de ar e diferenças de pressão, possibilitando resfriar passivamente e, assim, ventilar o edifício. Um dos conceitos do projeto é o da permeabilidade, dessa forma, o uso de transparências por meio do vidro foi amplamente utilizado com esquadrias reguláveis e portas do tipo “camarão” para que a circulação natural dos ventos fosse mais facilitada.
possibilidade de eventos efêmeros - criação de espaços para possíveis eventos esporádicos. Praça ao fundo juntamente com o auditório, que possui seu palco voltado para a área pública, são espaços bastantes propícios para o surgimento de diversos tipos de eventos efêmeros, como feiras, encontros de food trucks, apresentações teatrais ou musicais, etc.
mobilidade - estímulo ao uso do transporte coletivo e também de bicicletas, com a eliminação do estacionamento público, que anteriormente era localizado na parte posterior do terreno voltado à comercial. Além disso, há a implantação de um bicicletário no programa de necessidades do projeto.
jardins internos - criação de jardins internos com o intuito de permitir um espaço com um microclima mais agradável aos usuários aliado aos espelhos d’água pensados para proporcionar um equilíbrio na umidade do ar. Além disso, busca-se trazer uma ambiência do nível de chegada.
68 l detalhes
acessos e fluxos Neste projeto, foi priorizado o fluxo do pedestre em detrimento ao do carro. O estacionamento posterior, voltado a comercial, foi eliminado e adicionado à nova praça criada, embora ainda tenha sido deixado o retorno já presente, atualmente, para carros. O estacionamento eliminado foi acoplado ao programa de necessidades do projeto com a criação de uma garagem subterrânea com 26 vagas. As rampas de entrada e saída da garagem foram idealizadas para serem menores para que assim não prejudicassem tanto o fluxo dos pedestres. O Mercado W3 possui diversos acessos por toda a sua extensão. No pavimento térreo, há cinco entradas bastante generosas, já no pavimento do subsolo há duas entradas próximas à arquibancada e ao auditório. O principal intuito desse novo empreendimento é de ser um grande atrativo as pessoas, que respeita a escala residencial do lugar e cria uma praça externa urbanizada essencialmente pública (que abrigará pequenos eventos, com possibilidade de uso de coberturas efêmeras) como continuação do espaço público urbano. A implantação do Mercado W3 buscou uma forma sutil de configurar um novo espaço público e coletivo sem, contudo, descaracterizá-lo como estrutura comercial privada.
diagrama dos fluxos e acessos
fluxo pedestres fluxo carro
69 l detalhes
sistema estrutural
As soluções estruturais para o edifício respeitam os seguintes princípios básicos: - racionalidade construtiva, com a opção por soluções pré-fabricadas que reduzem as quantidades de trabalho a ser realizado no local e, assim, otimizam o prazo de entrega da obra; - projeto de arquitetura, resultando na minimização dos pontos de apoio; - pavimentos constituídos por lajes BubbleDeck, com peso reduzido e montagem; - aproveitamento dos núcleos de escadas e elevadores, assim como dos alinhamentos de paredes junto aos sanitários, em concreto in loco para garantir o apoio intermediário dos pavimentos dos pisos.
cobertura - grelha em madeira laminada colada
A concepção estrutural do Mercado W3 permite flexibilidade programática e liberdade para utilização dos distintos espaços. O sistema estrutural é formado basicamente por pilares com diâmetros de 60cm e vãos de 9,5 x 11,5m em aço do tipo “árvore” com quatro “ramos” cada. Essa solução visa à diminuição dos vãos da estrutura sustentada sem adensamento de pilares na base.
pilar em aço do tipo “árvore” - = 60cm
lajes do tipo Bubble Deck - BD280
arquibancada em concreto armado proteção fachada chapas metálicas perfuradas
A cobertura consiste em uma grelha de madeira que envolve toda a edificação, unificando-a visualmente através de uma envoltória permeável, protegendo o átrio concebido e fortalecendo o caráter de permanência. O fechamento dessa grelha é realizado através de placas de telha metálica “sanduíche” com 3% de inclinação. Além disso, uma pequena parte dessa grande cobertura é coberta por placas translúcidas de policarbonato com 3% de inclinação. As lajes foram concebidas do tipo BubbleDeck. Este é um sistema composto por esferas plásticas inseridas entre duas telas metálicas. As esferas são introduzidas na intersecção das telas ocupando a zona de concreto que não desempenha função estrutural. Dessa forma, permite a concepção de lajes com recortes irregulares.
laje do tipo Bubble Deck - BD280 auditório em concreto armado
diagrama da estrutural geral
escadas em concreto armado
70 l detalhes
tabela e corte esquemático da laje BubbleDeck fonte: http://www.bubbled eck.com.br/site/ tecnologia/estudo
detalhes pilar e cobertura A
A cumeeira viga em madeira laminada colada
det. grelha
planta baixa esquemática sem escala
N 0m
10
20
viga de madeira laminada colada
terças 5x11cm
tubo de queda
telha metálica sanduíche
=60cm =10cm
base/cabeça do pilar terça em madeira 5x11cm
braço do pilar em aço tubo de queda =10cm pilar em aço =60cm
DETALHE GRELHA 2,5
DETALHE PILAR planta baixa esc.: 1:120 0m
2,5
5
DETALHE PILAR
planta baixa esc.: 1:200 0m
pilar em aço
tubo de queda
ramos do pilar “árvore”
A cobertura do Mercado W3 é formada por uma grelha de madeira laminada colada, sustentada por pilares “árvore”, Com isso em mente, foram detalhadas um pouco mais a fundo essas duas partes do sistema estrutural da edificação para que fosse possível o entendimento de como essa estrutura funcionaria.
calha funil
braço do pilar em aço
viga em madeira laminada colada 12x40cm
corte esc.: 1:120 5 0m
2,5
5
DETALHE PILAR
DETALHE BRAÇO PILAR
det. pilar
corte AA escala: 1:250
71 l detalhes
proteção fachadas noroeste e nordeste
viga em madeira laminada colada ramo pilar “árvore” em aço
det.
telha metálica sanduíche cobertura +11.00
laje BubbleDeck
barra em aço contraventamento proteção fachada noroeste tela metálica perfurada
guarda-corpo h=100cm
proteção fachada nordeste tela metálica perfurada
As fachadas noroeste (voltada para a via W3) e a nordeste (voltada para a 512 sul) são as mais prejudicadas pela ação direta do sol. Assim, foi concebido a criação de proteções para estas, por meio de telas perfuradas metálicas do tipo “ScreenPanel”. Esse sistema de proteção consiste basicamente em uma pele perfurada com instalação rápida e simples, já que se fixa diretamente na estrutura, o que permite um baixo custo. Estes painéis afastados, ancorados nos ramos dos pilares, protegem os ambientes internos, trazendo benefícios de uma fachada ventilada. O resultado é uma envoltória leve e transparente.
mezanino +4.00 rufo em chapa de alumínio telha metálica sanduíche
via W3
térreo 0.00
terça em madeira 5x11cm
forro em gesso espelho d`água
subsolo -4.00
tela metálica perfurada barra em aço
viga em madeira laminada colada 12x40cm
braço do pilar
barra em aço
barra em aço contraventamento pilar em aço
jardim interno
CORTE AMPLIADO
tela metálica perfurada
corte esc.: 1:120 0m
72 l detalhes
2,5
5
DETALHE PROTEÇÃO FACHADA
DETALHE ENCONTRO
corte esc.: 1:100
corte esc.: 1:75
concepção azulejo
Foram criados azulejos para revestirem diversas paredes no Mercado W3. Na galeria, um painel de azulejos em amarelo e cinza reveste uma grande parede que se torna quase que parte da exposição. Outro local em que esses azulejos foram utilizados foi na entrada voltada para a via W3 sul juntamente ao letreiro do projeto. Os azulejos criados pela autora desse projeto possuem dimensão de 30 x 30 cm cada unidade e seguem modulações diferentes, de forma que possam criar diferentes desenhos. Estes azulejos foram inspirados na geometrização de uma colher, de forma a remeter o tema de culinária e alimentação.
geometrização do azulejo
73 l detalhes
oficina de culinária cobertura +11.00
mezanino +4.00 térreo 0.00
subsolo -4.00
A sala para oficinas de culinária é um local com toda a infraestrutura necessária para o preparo e cozimento de alimentos. É uma sala destinada a aulas de gastronomia, que possui uma grande bancada com pia, forno e fogão. Além disso, há um grande espelho acima da bancada para facilitar a compreensão e visão dos alunos a respeito da aula. Há, também, um exautor acima da bancada que desenboca na parte térrea da edificação. Todas as salas de oficinas localizadas no subsolo possuem ventilação e iluminação natural com a presença do jardim interno por meio do uso de grelhas no piso do térreo. O intuito é que essas aulas sejam oferecidas mediante inscrição e pagamento. Há dois tipo de salas para aulas de gastronomia: a primeira, aqui detalhada mais a fundo, que possui uma bancada destinada ao professor e carteiras para os alunos; o segundo tipo possui diversas bancadas para uso tanto do professores quanto dos alunos.
térreo 0.00
subsolo -4.00
74 l detalhes
térreo 0.00
subsolo -4.00
auditório O auditório consiste em um volume único, e pode ser considerado como principal elemento destacado na paisagem, sendo que seu palco se abre para fora, mais precisamente para a praça, possibilitando seu uso para eventos externos e abertos.
cobertura +11.00
mezanino +4.00 térreo 0.00
subsolo -4.00
Esse auditório multiuso foi pensado de tal forma que seu palco, reversível, fosse aberto para o exterior e, dessa forma, possuisse uma multiplicidade de usos tanto internos quanto externos, voltados para o público em geral gerando uma maior interação. A estrutura do auditório segue alguns dos princípios do resto da edificação - lajes do tipo BubbleDeck e fechamentos e outras partes em concreto. Este volume possui dois acessos principais, realizados pelo pavimento térreo. Além disso, possui duas portas para fuga em caso de incêndio, localizadas na parte do pavimento subsolo.
vista externa auditório
75 l detalhes
paisagismo e jardins vegetação existente Há atualmente no terreno dois tipos de árvores que inclusive são muito comuns em Brasília. O primeiro tipo, a Sapindus Saponária ou Saboneteira faz parte da configuração de toda a via W3. Esta árvore fica logo a frente do terreno e permanecerá na configuração do paisagismo do projeto. O segundo tipo de árvore presente no terreno é a Ficus Benjamina conhecida como Ficus ou Figueira. Estas não permaneceram no desenvolvimento do projeto pois conforme vão se desenvolvendo, suas raízes crescem de forma muito rápida e, dessa forma, acabam provocando grandes danos às estruturas e tubulações subterrâneas, de forma que já é proibido o seu plantio em diversas cidades. Com isso em mente, optou-se pela retirada dessas árvores, localizadas na parte posterior do terreno, e o plantio de outras árvores de menor porte detalhadas a seguir. imagem demonstrando o primeiro tipo de árvore - Saboneteira fonte: Google Earth
01
02
mapa da vegetação existente sem escala
76 l detalhes
imagem demonstrando o segundo tipo de árvore - Ficus fonte: acervo próprio
jardins pavimento subsolo
No pavimento subsolo há três tipos diferentes de jardins criados: 01
cobertura +11.00
mezanino +4.00
térreo 0.00
subsolo -4.00 03
01
Parede Verde - jardim vertical Foi criada uma parede verde para compor o jardim próximo às oficinas. Foi concebido um sistema para que fosse possível a fixação das plantas na parede com um sistema de irrigação próprio, reaproveitando as águas da chuva coletadas no reservatório inferior dessa edificação. Essa parede verde localizada no subsolo foi composta com espécies vegetais que se adaptam a mais sombra e não necessitem de muita irrigação. Dessa forma, as éspecies escolhidas para comporem essa parede foram: Bromélia, Bromeliaceae Nidularium: Essa espécie foi escolhida para compor o jardim vertical pois é muito utilizada principalmente em interiores e longe da luz direta do sol. Além de suas flores, a planta também possui folhagens, que precisam de irrigação a cada dois dias, ótima para lugares com pouca luz. Samambaia Paulista, Nephrolepis Pectinata Optou-se intercalar com samambaias, pois são plantas bastante resistentes que se adaptam bem a locais com meia-sombra. Não necessitam de irrigação constante, tornando-se uma boa opção para a utilização no jardim vertical.
02
parede sistema de irrigação substrato plantas feltro sintético cortado (bolsos grampeados) feltro sintético placa de madeira espaçadores de borracha
corte demonstrando o esquema do jardim vertical sem escala
imagem interna da oficina com a parede verde ao fundo
77 l detalhes
jardins pavimento subsolo
02 jardim interno
cobertura +11.00
Um jardim interno foi criado próximo às oficinas de culinária para que pudessem trazer um clima mais favorável as salas, além de luminosidade e ventilação. A composição desse jardim foi pensada de forma a ter diversos portes e densidades diferentes com camadas de terra de aproximadamente um metro de profundidade. Dessa forma as espécies de plantas escolhidas foram:
mezanino +4.00
térreo 0.00
subsolo -4.00
Areca Bambu, Dypsis lutescens Uma planta de porte médio que chega no máximo a três metros de comprimento, a areca-bambu fica mais verdejante a meia-sombra, com condições luminosas mais difusas. Dessa forma, adaptaria-se muito bem nesse jardim interno proposto.
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Bambu-mossô, Phyllostachys pubescens Pertence à família das gramíneas e pode ser cultivado em qualquer região do Brasil, pois se adapta bem a qualquer tipo de clima. Essa planta pode atingir 10 metros de altura, entretanto, para obter uma planta de menor porte, foi desenvolvida uma técnica para flexionar o caule do bambu-mossô e, assim, reduzir seu tamanho. Ademais, pode ser cultivado em lugares internos com uma luz mais difusa e não necessita de uma irrigação tão intensa, somente uma vez por semana. Clorofito, Chlorophytum comosum É uma planta herbácea de pequeno porte e chega no máximo a 15/ 20 cm de altura. Esta planta cresce bem em ambientes de luminosidade intermediária, sem muito sol direto. Além disso, é uma planta de fácil cultivo, que exige pouca manutenção e pouca irrigação, ótima para esse tipo de jardim interno.
78 l detalhes
03 jardim interno A composição desse jardim foi pensada para utilizar uma mistura de cores, densidades e alturas. É o maior jardim do projeto com uma área aproximada de 210m². Dessa forma é possível a utilização de diversas espécies de diferentes tamanhos. Embora esse jardim encontre-se localizado no subsolo, ele possui uma quantidade relativa de incidência de luz sobre ele.
Amendoim Forrageiro, Arachis Repens Vegetação rasteira e de pequeno porte, essa espécie foi utilizada na forração de todo o jardim. Possui boa resistência a sombra e não necessita de uma irrigação frequente. Além disso, essa planta foi escolhida pelas suas cores, o amarelo para remeter a cor usada no projeto.
Palmeira Ráfis, Rhapis excelsa Vegetação arbustiva da família das palmeiras, esta espécie pode alcançar até quatro metros de altura. Adapta-se muito bem a ambientes internos e será utilizada no projeto para dar mais altura ao jardim.
Pau-d’água, Dracaena fragrans Essa espécie arbustiva foi escolhida para compor esse jardim, realizando o papel de vergetação de a altura mediana. Pode ser cultivada em sol pleno ou luz difusa e pode chegar até seis metros de altura.
79 l detalhes
jardins pavimento térreo
01 jardim bicicletário
cobertura +11.00
Este local, o bicicletário, abriga cerca de 30 bicicletas. Tal local foi pensado em um outro tipo de pavimentação para demarcar essa área com o uso de concregrama ou pisograma. Consiste basicamente em orifícios de concreto, em que são colocados pedaços de grama dentro de cada.
mezanino +4.00 03
térreo 0.00
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concregrama utilizada na pavimentação do bicicletário
01
subsolo -4.00
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jardim interno área gastronômica Esses jardins internos, localizados na parte do mercado, foram pensados de forma a serem constuídos por vergetações de pequeno a médio porte.
Costela de Adão, Monstera deliciosa Esta planta será utilizada nesses jardins internos em vasos para que suas raízes não prejudiquem a laje, pois pode chegar a 6 metros de altura.
Quaresminha, Microlicia aff.selaginea Uma planta arbustiva de pequeno porte, possui flores roxas e rosas que dariam uma sensação de leveza para o ambiente, além de sobreviverem muito bem à meia sombra.
80 l detalhes
03 e 04 jardim praça externa
05 jardim externo garagem
A praça voltada para a comercial é um dos acessos principais ao Mercado W3 e nela foram criados bancos que abrigam jardineiras. Essas foram concebidas dessa forma, pois não seria possível o plantio direto de árvores no solo com a presença do pavimento subsolo logo abaixo. Dessa forma, foram escolhidas árvores de menor porte para serem abrigadas nessas jardineiras.
Esse jardim ao redor da garagem foi concebido para que agisse como uma “barreira” a entrada e saída de veículos da garagem. Possui vegetações de pequeno porte demonstradas a seguir:
Dedaleiro, Lafoensia pacari Essa espécie foi escolhida por ser uma árvore de pequeno a médio porte e originária do cerrado brasileiro. Seu tronco alcança de 30 a 60 cm de diâmetro, possui flores que surgem na primavera e no verão. Por seu porte pequeno, raízes não agressivas e florescimento ornamental, o dedaleiro é bastante utilizado na arborização urbana. Esta chega a mais ou menos 6 metros de altura.
Pleomele, Dracaena reflexa Essa planta arbustiva foi escolhida para compor esse pequeno jardim que cerca a entrada e saída da garagem por ser uma planta de pequeno porte, chegando no máximo a 2 metros de altura e também por se adaptar bem a locais com bastante incidência solar.
Barbatimão do Cerrado, Stryphnodendron barbadetiman Outra espécie originária do cerrado, esta foi escolhida também por seu pequeno porte que pode chegar a 6 metros de altura.
Grama Esmeralda, Zoysia Japonica Esse é um tipo de grama bastante utilizada e foi escolhida para a forração desse jardim.
Ipê Branco, Tabebuia roseo-alba Essa árvore foi escolhida pois é uma outra espécie nativa do cerrado com tronco reto, com cerca de 40 a 50 centímetros de diâmetro, além de possuir lindas flores brancas. Apresenta porte pequeno a médio, alcançando de 7 a 9 metros de altura.
81 l detalhes
รกrea externa e mobiliรกrio
imagem externa - praรงa
82 l detalhes
mobiliário urbano jardineira e banco
Uma das principais intenções ao propor a área externa do Mercado W3 foi a de ser um espaço público possível de uso a todos, ainda que seja uma edificação de cunho privado. A vontade de que os espaços sejam utilizados é característica singular que, se bem administrada, certamente proporcionará um envolvimento significativo da comunidade que se apropriará desses equipamentos urbano, seja com a criação do auditório que se abre para o público de fora, ou seja com o mobiliário e jardineiras propostos. O grande vazio criado dá lugar a uma praça de convívio e exposições (eventualmente coberta por estruturas efêmeras) e ao volume do auditório, que se destaca e parece flutuar. A pavimentação externa segue a mesma da parte interna térrea da edificação, com a vontade de seguir e dar ideia de continuidade ao pedestre que caminha pelo terreno. As jardineiras criadas abrigam árvores de pequeno a médio porte e criando bancos para uso público sob a sombra das árvores. Essas jardineiras, de concreto, juntamente com outros bancos e a arquibancada criados, podem ser utilizados para assistir aos espetáculos propostos no auditório.
diagrama área externa
83 l detalhes
considerações finais
O mercado faz parte do cotidiano de diferentes sociedades desde muito tempo. Em vários momentos, o Mercado colaborou para o desenvolvimento das cidades, do comércio, fortaleceu tradições e foi um ponto considerado muito importante na socialização e encontro de pessoas. A edificação proposta aqui consiste em um equipamento estratégico para a tentativa de recuperar o espaço urbano. Ao mesmo tempo em que pretende dar áreas de socialização e convívio, o Mercado W3 busca ser um espaço que potencialize o comércio local, e também valorize a cultura e que se consolide, enfim, como um local destinado à trocas, encontros e legitimador de coletividades. O projeto buscou respeitar o entorno e recuperar o espaço destinado ao pedestre de forma a dar prioridade a este. A principal vontade é de que o Mercado W3 se tornasse um pequeno catalisador do espaço e ser um atrativo para mais usos não só da edificação mas também da via W3 sul como um todo. Por fim, espera-se ter contribuido e ter, de certa forma, despertado a vontade do usuário de intervir e trazer mais vida ao local.
84 l considerações finais
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