Jornal Mais Saúde

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Ano I - Nº 1 - de 9 a 21 de junho de 2014

Jornal-laboratório do componente Jornalismo Impresso • Comunicação Social - Uniube

A saúde do coração Saiba mais sobre o infarto, a doença silenciosa que atinge milhares de pessoas

Descubra também: qual o segredo para manter o coração saudável?


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Diagnóstico também temos a obrigação, enquanto jornalistas, de abordar assuntos já explorados em busca de algo novo, seja em uma matéria sobre uma nova descoberta científica que poderá levar ao desenvolvimento da cura de uma doença fatal, ou numa coluna opinativa de um médico de determinada especialidade. Confiamos nos médicos como fontes, que dedicam suas carreiras à preservação da saúde e da vida. Assim, buscamos sempre suas opiniões e conselhos e tentamos adaptá-los a uma linguagem de alto teor informativo, mas de fácil compreensão. Não pretendemos cansar nossos leitores com textos incompreensíveis e repletos de jargão médico. Foi preciso, também, pensar na estética. Decidimos que o desenho editorial do Mais Saúde teria que ser leve. Queríamos um layout de fácil digestão, delicado e atraente. Um esquema de cores que lembrasse bem-estar, uma mancha gráfica suave e imagens explicativas e agradáveis. Não temos a intenção de chocar nossos leitores com imagens explícitas de procedimentos médicos invasivos nem teremos sangue em nossas páginas. Depois de definirmos que nossa pri-

E aí, ‘tendeu? A relação entre mente e coração existe desde a antiguidade e essa ligação é estreita ainda nos tempos atuais. As doenças cardiovasculares são responsáveis pelo crescente número de mortes no mundo, sendo consideradas “a doença da modernidade”. Quando se refere aos fatores de risco presentes na vida maníaca que levamos, podemos citar o estresse, a vida sedentária, distúrbios alimentares, pressa, intensificação do trabalho, inversão de valores e relações desumanas. Enalteço aqui a importância das questões emocionais, uma vez que podem ser fatores complicadores da evolução da doença cardíaca, vinculados à aderência ao tratamento, modificações de hábitos e qualidade de vida. Geralmente, é relevante pensar sobre a reação do paciente a sua doença. O que ela representa para o paciente? Com que sentimento ele se depara? Com que grau de otimismo ele lidará com o infarto? Quanto ao tratamento, é extremamente importante explanar sobre todos os seus objetivos. Acredito que, através da atenção às emoções e afetos, o quadro orgânico traz grandes perspectivas de melhoras. Numa avaliação diagnóstica das doenças cardíacas, o primeiro fator a ser considerado é o genético, que garante não só a trajetória de vida, como também a predisposição para as diferentes condições de tratamento. Mas os fatores emocionais associados podem desencadear riscos que geram outros problemas, como hipertensão arterial, diabetes, obesidade, etc. Sabemos que o infarto, bem como a cirurgia cardíaca, é um evento que provoca

enorme impacto no psiquismo, despertando medo e ansiedade, não só nos pacientes, mas também em seus familiares. Assim, uma das principais tarefas dos profissionais de saúde e de psicólogos como eu, é oferecer suporte especializado a esses familiares, uma vez que convivem intimamente com o sofrimento. Após o infarto, o paciente poderá se sentir ansioso e preocupado por ter que ser cuidadoso com tudo o que faz, cansado por pequenas coisas e por ter que mudar radicalmente seu cotidiano. Estes sentimentos são normais e, para a maioria das pessoas, eles desaparecem depois de duas ou três semanas. É importante que as pessoas que sofrem com o ataque cardíaco procurem estar sob os cuidados para a reabilitação cardíaca. Isto ajuda para que se recupere um estilo de vida saudável. Sendo assim, ele deverá se prevenir contra outro infarto e, para isto, toda a sua rotina e a da família é modificada, alterada e reinventada para que mantenha sob controle sua pressão arterial, açúcar no sangue e colesterol, por isso, é necessário seguir uma dieta rica em frutas, vegetais e cereais integrais e com pouca gordura animal. Praticar exercícios por, pelo menos, 30 minutos diários é importante. Diante os sintomas da depressão, que é um fato presente na maioria dos casos, é de fundamental importância buscar ajuda de um profissional na área. O infarto é um momento de grande mobilização psicológica. Percebo que é uma experiência emocional significativa e que provoca repercussões internas intensas. Um exemplo é a necessidade de se fazer um upgrade pessoal, ou seja, começar a pensar mais sobre sua vida, reavaliar

meira edição seria relacionada ao coração, decidimos que nossa primeira matéria especial seria sobre o crescente número de infartos em jovens. Um tema atual, pertinente na sociedade e que chama a atenção. Um leitor informado sobre comportamentos de risco terá uma chance maior de se prevenir e adotar um estilo de vida mais saudável. É essa nossa meta: conscientizar e divulgar, aliando o jornalismo à medicina. Pretendemos, com o Jornal Mais Saúde, levar a informação ao maior número possível de pessoas. Acreditamos numa sociedade mais informada e mais preparada para investir na saúde. Nossas editorias permitem que nossa equipe explore um número extenso de assuntos e angulações. Isso evita que o conteúdo do jornal se torne desatualizado e desinteressante. Em cada edição do jornal, levaremos perguntas de nossos leitores a um médico e publicaremos as respostas na forma de uma entrevista. Assim, temos a certeza de que os leitores recebem a informação que eles próprios escolhem, além de ser uma forma de perpetuar o contato entre a redação e o público.

O Jornal Mais Saúde não se esquece de quem sofre de problemas de saúde crônicos. Uma parte de nosso jornal será reservada para reportagens sobre esse tipo de pacientes, informando a população sobre os sintomas, as causas e os possíveis tratamentos dessas doenças. Teremos, também, reportagens relativas à atividade física, para nossos leitores mais ativos. Pretendemos aliar a saúde e o esporte de uma forma lúdica e informativa. Completando nossa linha editorial, cada edição trará um espaço com matérias sobre descobertas científicas e estudos acadêmicos, aproximando nosso veículo do jornalismo científico. Nosso diferencial é trazer informação sobre a saúde para a população uberabense, por se tratar de um tema com pouca presença jornalística na cidade. Nossa equipe está pronta para trabalhar e proporcionar um jornal com mais informação, mais esclarecimento e, acima de tudo, mais saúde. Jornal Mais Saúde – a sua leitura saudável.

Jornal Mais Saúde - a sua leitura saudável suas atitudes, seu papel pessoal e profissional e seus planos para o futuro. Neste momento, enfatizo a importância e a necessidade do atendimento e do apoio psicológico, que servem como facilitadores do processo psíquico estimulado pela experiência do infarto. É bom lembrar, durante a recuperação, que o paciente e sua família são forçados a fazer muitos reajustes sociais e psicológicos. Essa depressão, que ocorre após o infarto, e a ansiedade são praticamente universais e podem tornar-se crônicas, a menos que sejam prevenidas com orientação correta. O pavor da morte, novo infarto ou incapacidade de reassumir os padrões de vida anteriores sempre vão estar presentes no dia a dia. Por isso, é importante buscar os tratamentos de reabilitação, grupos de pessoas na comunidade e o apoio da família para criar uma atmosfera adequada para motivar o paciente a se adaptar a um estilo de vida mais saudável, ao controle da ansiedade e da depressão. Foto: Arquivo pessoal

N

asce, nestas páginas inéditas, o Jornal Mais Saúde. Norteado por uma filosofia defensora da qualidade de vida, nossa equipe se permitiu dar asas à ambição e criar um veículo inteiramente dedicado à saúde. Para completar esta ideologia, decidimos focar nossa primeira edição no coração, o órgão cujos batimentos marcam o som da vida – qual assunto seria melhor para personificar o início de um novo jornal? A escolha do tema foi conflituosa. Como selecionar o assunto que nosso jornal vai abordar, sabendo que ele precisa ser informativo sem deixar de entreter? Queremos esclarecer nossos leitores sobre temas importantes e, por vezes, delicados e difíceis de explorar, mas não podemos permitir que eles sejam lidos em tom de sermão. Por outro lado, não queremos transmitir a sensação de que a saúde é algo leviano, sem peso. Nosso desafio começou exatamente aí: equilibrar conselhos com reprimendas, compensar bom humor com seriedade. O mesmo ideal guiou nossa equipe na definição das editorias. Precisamos levar ao público aquilo que ele não sabe, mas

Janete Tranquila Gracioli Psicológa e professora pela Universidade de Uberaba

Expediente•

Jornalistas Responsáveis: Diretor: Fernando Gomes Diagramação: Barbara Lemes Revisão: Thaís Contarin e Larissa Rodrigues Repórter: Thaynnara Melo e Breno Cordeiro Impressão: Digipress Tiragem: 1000 exemplares Distribuição: Gratuita e dirigida Circulação: Uberaba – MG Lançamento: 11/06/2014 Endereço: Avenida Nenê Sabino, 1801 Bairro: Universitário CEP: 38055-500 Telefone: (34)3315-2894 E-mail:jornalistasconsagrados@gmail. com Pontos de distribuição: Mercado Municipal, Mário Palmério Hospital Universitário, Universidade de Uberaba, Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Hospital Hélio Angotti, Unidades de Pronto Atendimento, clínicas, consultórios médicos e farmácias


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Em foco

Infarto: o ataque do coração Foto: Thaynnara Melo

A doença silenciosa que afeta cada vez mais jovens no Brasil

Breno Cordeiro O infarto agudo do miocárdio, popularmente conhecido como parada ou ataque cardíaco é a segunda causa mais comum de morte por doença no Brasil. Segundo o último levantamento feito pelo sistema de dados mantidos pelo Ministério da Saúde, cerca de 75 mil casos de infarto foram atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2010. Entre os dez Estados com a maior taxa de mortes, seis são das regiões Sul e Sudeste. O paulistano aposentado Pedro Lemes, que atualmente mora em Uberaba, se encaixa no índice de vítimas que sofreram infarto antes dos 40 anos de idade. Hoje com 68 anos, Pedro relembra como foi pego de surpresa por uma parada cardíaca, aos 36. “Nunca pensamos que vai acontecer com a gente. Sempre me fa- O cardiologista José Humberto Henriques alerta para a necessidade de exames periódicos lavam que era para eu me cuidar, comer menos e fazer atividades físicas. Nunca os jovens”, afirma o médico. Segundo ele, a artéria coronária sofre um espasmo e se pessoas acabam sofrendo infartos por não dei importância. Até enfartar.” o descontrole dos níveis de colesterol e fecha, causando um ataque cardíaco”, en- prestarem atenção aos sinais sutis que são triglicerídeos são exemplos de potenciais fatiza o cardiologista. Esse tipo de ocor- enviados pelo organismo. Hoje faço atividades causas de parada cardíaca em jovens adul- rências é independente da presença de O cardiologista explica que existem vários tipos de tratamento para as pessoas físicas todos os dias tos. Por vezes, o indivíduo pode ter uma lesões na coronária. predisposição genética para a ocorrência O médico esclarece, ainda, em que que sofrem infarto. “O tratamento mais e me alimento melhor. de distúrbios metabólicos que podem le- consiste o chamado “infarto fulminante”. comum é o farmacológico, feito com revar ao infarto, chamada de Síndrome Plu- “Esse termo é leigo, não faz parte do vo- médios. Os remédios não curam absolutaTenho medo que rimetabólica. cabulário médico. Ele é fulminante por- mente nada, mas ajudam a tirar a dor até aconteça de novo” que não dá tempo do paciente respirar, o paciente fazer um cateterismo, colocar De olho no estresse ele morre rapidamente devido à arritmia um stent ou uma ponte de safena. O stent cardíaca, que é um descontrole do ritmo é um procedimento cirúrgico que leva o O cardiologista José Humberto HenriVale ressaltar que a adoção de um estilo dos batimentos do coração”. Nesses casos, cateter até o coração e coloca uma próteques explica que é pouco comum ocorrer infartos antes dos 40 anos. “Nessas situa- de vida saudável, com alimentação equili- a causa de morte é a fibrilação ventricular, se para abrir a coronária, local da lesão. A ções, a causa é quase sempre genética ou brada e prática frequente de atividade físi- condição em que o coração para de bater ponte de safena é uma cirurgia feita para alimentar. Em populações da Ásia, famí- ca, não garante que o infarto nunca ocor- devido à dificuldade de transporte do san- colocar enxertos no peito do paciente.” Ainda de acordo com o médico, o inlias com alta incidência de infarto na ju- ra. “Nós já cansamos de ver histórias desse gue. farto pode deixar sequelas terríveis. Uma ventude são comuns. Já no caso do Brasil, tipo. Níveis altos de estresse, por exemplo, a alimentação é o fator mais decisivo para podem levar a um vasoespasmo, em que Se sentir alguma dor delas é a sequela psicossomática. Nesse caso, a vítima fica com o trauma do inno peito da qual não farto pelo resto da vida. Por outro lado, sabe explicar a causa, as sequelas físicas dependem da área ne“Quanto menor a área necrosada, é preciso procurar um crosada. menores as sequelas. Se o dano for granespecialista” de, a pessoa pode passar a ter insuficiência cardíaca.” José Humberto explica que as pessoas Um dos maiores problemas do infarto é o fato de ser uma doença silenciosa, sem que sofrem infarto precisam mudar o estisintomas aparentes. Por isso, é altamente lo de vida. É recomendável a prática de esaconselhável efetuar consultas regulares portes de acordo com a capacidade física e no cardiologista e realizar exames perió- também é necessária a mudança dos hábidicos para monitorar a atividade cardíaca, tos alimentares. Evitar o stress também é a partir dos 30 anos. “Em alguns casos, imprescindível. “Depois de me surpreenexiste um sintoma característico: a famo- der com várias paradas cardíacas, comesa dor no peito. Se sentir alguma dor no cei a me cuidar. Hoje faço atividades físipeito da qual não sabe explicar a causa, é cas todos os dias e me alimento melhor. preciso procurar um especialista”, alerta Tenho medo que aconteça de novo”, conta Depois do susto, Pedro fez questão de mudar seu estilo de vida José Humberto. Ele salienta que muitas Pedro. Foto: Barbara Lemes


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No prato

Você é o que você come Crie hábitos saudáveis para evitar o infarto e outras doenças

Fonte: G1

Thaynnara Melo

É visível que o estilo de vida atual pede maiores cuidados com a saúde. Em meio a correria do dia a dia, é preciso encontrar tempo e disposição para praticar atividades físicas e balancear a alimentação. Nesse contexto, o Jornal Mais Saúde conversou com a nutricionista Anna Laura Bellocchio, formada há cinco anos pelo Centro Universitário São Camilo em São Paulo. Anna Laura firma que uma vida saudável se baseia em uma dieta de qualidade, atividades físicas e bem estar emocional. Esses três pontos ajudam na prevenção e no tratamento de doenças, além de proporcionar uma ótima qualidade de vida. Mais Saúde: O que classifica uma boa alimentação? Anna Laura: A alimentação saudável envolve a escolha de alimentos não somente para manter o peso ideal, mas também para garantir uma saúde plena, como prevenção de doenças ou tratamentos. Deve ser composta por proteínas, fibras, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, nas suas devidas proporções. MS: Qual é a composição de um prato ‘saudável’? AL: A composição saudável de um prato deve respeitar a distribuição dos grupos alimentares da seguinte forma: 15% a 20% de proteína, 40% a 60% de carboidratos e 20% a 30% de lipídeos, não se esquecendo de incluir as fibras. MS: Sabemos que a incidência de infarto cresceu em pessoas que não faziam parte do grupo de risco. Esse crescimento pode estar relacionado com o descuido da

A alimentação desempenha um papel importante na atividade física, pois prepara o organismo para o esforço”

alimentação e com o sedentarismo? AL: O sedentarismo favorece a obesidade, que então pode causar o surgimento de um infarto do miocárdio. Além disso, a prática constante de atividades físicas leva a melhora do desempenho cardiovascular, o que acaba por prevenir o infarto. Já na alimentação, temos outro agravante, como por exemplo, o maior consumo de gorduras gera o aumento do colesterol. Dessa forma, a gordura é depositada progressivamente nas artérias, causando ao longo do tempo a aterosclerose, que é a causa do infarto do miocárdio.

AL: Aveia, banana, vinho, chocolate, tre eles, o aumento do gasto energético, castanha, azeite, peixe, tomate, feijão e maior coordenação motora, melhora da soja. capacidade cardiorrespiratória, diminuição do estresse e risco de doenças tais MS: Uma pessoa que sofreu infarto como, hipertensão, obesidade e diabetes. tem que começar a ter acompanhamento A alimentação desempenha um papel importante na atividade física, pois prepara médico para melhorar sua alimentação? o organismo para o esforço, fornecendo os AL: Sim. Acompanhamento médico e nutrientes necessários que irão variar de nutricional. acordo com o tipo de exercício e o objeMS: Quais conselhos nutricionais são tivo que se pretende alcançar como, por passados para os pacientes que já sofre- exemplo, perda de peso ou ganho de massa muscular. ram infarto?

AL: Dietas ricas em gordura animal são prejudiciais à circulação. Essas pessoMS: Quais são os cuidados e as dicas as devem evitar ao máximo a ingestão de que as pessoas devem seguir para evitar o gordura de boi, porco, manteiga ou ovos. infarto? Além disso, é recomendável evitar a ingesAL: Preocupar-se com a qualidade de tão de alimentos em grande quantidade e vida, ser proativo, incluir alimentação alimentos condimentados. saudável, diminuir o stress, e deixar pra trás maus hábitos, como bebidas alcoóliMS: Qual a importância de aliar ativicas e tabagismo. dades físicas com alimentação saudável? AL: A prática regular de atividades fíMS : Quais são os alimentos que benesicas traz muitos benefícios à saúde, enficiam o coração?

MS: Você concorda com a frase: “Você é o que você come.”? AL: Com certeza! Porque os alimentos se tornam nutrientes-proteínas, vitaminas, sais minerais, água, carboidratos e lipídeos, que são as fontes de energia e matéria-prima para o funcionamento das células. Nelas, produzimos as substâncias de que necessitamos a partir da transformação química dos nutrientes que ingerimos com a alimentação.


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