Trabalho de Conclusão de Curso I - Centro de Apoio ao Patrimônio

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CENTRO DE APOIO AO PATRIMÔNIO BÁRBARA LOPES | 81403



Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Arquitetura e Urbanismo ARQ398 | Trabalho de Conclusão de Curso I Bárbara Lopes Nunes Matrícula: 81403 Orientador: Ítalo Stephan Julho de 2020


“Art should be everywhere, at every moment and in every place” Jack Lang


APRESENTAÇÃO Quando iniciei minha formação no curso de Arquitetura e Urbanismo naturalmente não imaginava quais seriam minhas maiores afinidades. Aos poucos percebi o quanto me interessava pelos estudos de história da arquitetura e da arte e como relacionava-os direta ou indiretamente com meus projetos. Hoje sei que para mim o estudo teórico tem tanta importância quando a ação prática de projetar e neste trabalho encontrei uma maneira de unir os dois campos. Minhas trajetórias pessoal e acadêmica me trouxeram a admiração pelas manifestações artísticas e o reconhecimento da importância de entender sobre o nosso patrimônio e como construímos nossa história. Por esse motivo, desenvolver esse trabalho foi uma grande descoberta para mim e espero que também seja para o leitor. Por fim, gostaria de agradecer a todos que contribuíram com minha graduação: professores, servidores e, claro, meus amigos. À minha família, minha eterna gratidão pelo amor incondicional, e à Deus, pelas incontáveis bençãos. Dedico este trabalho aos meus pais, Ana Maria e Geraldo, que nunca faltaram com apoio e me ajudam dia a dia a seguir com meu propósito nesta vida.


RESUMO O presente documento é o resultado do trabalho desenvolvido ao longo da disciplina ARQ398 - Trabalho de Conclusão de Curso I, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Viçosa - UFV, no campus de Viçosa - MG. Sob coordenação da professora Carolina Margarido Moreira e orientação do professor Ítalo Stephan, desenvolveram-se as preliminares do projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP, localizado na Vila Gianetti na UFV. O trabalho tem como objetivo incitar os leitores a refletirem frente ao estudo teórico desenvolvido e apresentar graficamente o projeto em nível introdutório, que terá continuidade na disciplina ARQ399 - Trabalho de Conclusão de Curso II. O embasamento teórico tem como temáticas principais a museologia e o patrimônio, mais especificamente as atividades promovidas pelos museus da UFV, administrados pela Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV - SEMEC. A leitura e reflexão de obras de autores relevantes dessa área de estudo, a elaboração de estudos de caso, de um diagnóstico da presente situação da SEMEC e dos museus da UFV nos mostra a necessidade de intervenção nos espaços de arte e ciência existentes, principalmente no que diz respeito a qualidade dos ambientes em que ocorrem suas atividades e ao armazenamento do acervo técnico. Dessa forma, o projeto é desenvolvido para suprir essas demandas, além de expandir as ações educacionais e culturais dos museus já existentes, e, claro, impulsionar o crescimento artístico e cultural da população de Viçosa e região. Nesse sentido, o estudo teórico apresentado foi concebido para embasar e justificar o programa de necessidades do projeto, além de nos fazer entender por quais razões é importante investir em um novo espaço cultural e como a universidade pode mediar o contato entre a cultura e a sociedade. Após a elaboração de todo esse conteúdo, que é também um resultado da formação obtida ao longo dos cinco anos de graduação, e com o apoio do professor orientador, conclui-se que o projeto do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP sana uma importante demanda educacional e social. Além disso, estimula o interesse na arte e sua consequente valorização no processo de crescimento pessoal e intelectual do indivíduo. Palavras-chave: museologia, patrimônio, projeto arquitetônico, Campus da UFV, Viçosa



PARTE I

PARTE II

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INTRODUÇÃO PÁGINA 11

OBJETIVOS PÁGINA 12

METODOLOGIA PÁGINA 12

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA PÁGINA 13

EVOLUÇÃO DA MUSEOLOGIA PÁGINA 15

MUSEUS DO BRASIL PÁGINA 26

ESPAÇOS CULTURAIS E ARTÍSTICOS DE VIÇOSA - MG PÁGINA 31

ESTUDOS DE CASO PÁGINA 40


PARTE III

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ÁREA DE PROJETO PÁGINA 62

PROGRAMA DE NECESSIDADES PÁGINA 71

CONCEITO PROJETUAL E PARTIDO FORMAL PÁGINA 74

CONCLUSÕES PÁGINA 82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PÁGINA 83

LISTA DE FIGURAS PÁGINA 85

SUMÁRIO


PARTE I

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INTRODUÇÃO

A primeira etapa do Trabalho de Conclusão de Curso tem como discussão principal a valorização do patrimônio e dos espaços de cultura. O campus da Universidade Federal de Viçosa é o local de intervenção escolhido, pois como estudante o contato com professores e servidores torna-se mais direto, além de todos os conhecimentos e familiaridade com a cidade de Viçosa adquiridos ao longo dos anos. Mas a escolha vai além do motivo prático, considerando a temática principal destacamos a presença e o importante papel da Secretaria de Museus e Espaços de Ciências da UFV - SEMEC, que consolida os interesses dos espaços museológicos da Universidade. As principais áreas de estudo são a museologia - que abrange desde a história dos museus e sua evolução enquanto centro cultural, até as diretrizes arquitetônicas a serem adotadas na concepção projetual - e o patrimônio - nesse caso a preservação de bens móveis e valorização de um espaço de valor histórico na UFV, a Vila Gianetti -. É certo que essa temática inclui as mais diversas áreas do conhecimento e a Arquitetura, como uma ciência multidisciplinar, tem o poder de relacionar logicamente sociologia, geografia, psicologia, com a engenharia da construção e de todos os elementos que a compõem. A proposta surgiu a partir de uma real demanda da SEMEC em ampliar seu domínio de atuação, tanto do ponto de vista administrativo quanto educacional, visto o interesse em diversificar o público dos museus e espaços de ciência. Além disso, a Secretaria tem como meta criar uma reserva técnica de acordo com as diretrizes museológicas, o que é fundamental para a preservação do patrimônio. A ampliação dos espaços por ela utilizados é necessária para garantir maior eficiên-

cia e aproveitamento de seus projetos, além de ser uma aspiração dos membros da Secretaria para cumprir plenamente com o objetivo de promover a interação e popularização da arte, cultura e ciência. Nesse sentido, entende-se que antes de criar um novo museu para a população de Viçosa e região, é primordial desenvolver um projeto que ofereça as condições necessárias para o funcionamento e manutenção adequados dos museus já existentes, para que estes possam cumprir com seu papel frente à sociedade contemporânea. A primeira etapa do Trabalho de Conclusão de Curso divide-se em três partes: PARTE I: Introduz a temática do trabalho, seus objetivos, justificativa, relevância e metodologia. PARTE 2: A partir da leitura e reflexão de diferentes obras teóricas, projetos arquitetônicos e dados obtidos ao longo do processo de investigação constrói-se um pensamento lógico, que tem como objetivo comunicar ao leitor os motivos que nortearam a escolha do programa de necessidades do projeto, além que promover uma reflexão acerca da importância dos espaços de arte e ciências, de uma abrangência geral e local. PARTE 3: O embasamento teórico desenvolvido na PARTE 2 permite identificar as premissas a serem seguidas e os desafios a serem vencidos. A partir disso são elaboradas as preliminares projetuais do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP.

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OBJETIVOS

_ Desenvolver um estudo teórico para incitar o leitor a refletir acerca dos espaços museológicos do Brasil e do mundo e de sua capacidade de adaptação frente ao contexto histórico e social contemporâneo. Além disso, entender a Arquitetura como um fator determinante na qualidade da comunicação entre a sociedade e suas expressões culturais; _ Desenvolver as preliminares do projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP. A proposta considera as principais demandas da SEMEC e da comunidade de Viçosa e região a fim de proporcionar à Secretaria as condições adequadas para seu pleno funcionamento, além de expandir e potencializar suas ações em prol do desenvolvimento cultural e artístico da população.

METODOLOGIA _ O trabalho foi desenvolvido a partir de um referencial teórico obtido em bibliografia e matérias publicadas para elaborar um histórico do tema e para identificar os principais conceitos a serem aplicados; _ As demandas da UFV foram identificadas através de visitas aos setores e entrevistas com docentes e servidores, de forma a elaborar um programa de necessidades; _ Foram elaborados estudos de caso de museus, centros culturais e pavilhões como referências para desenvolver o projeto; _ Posteriormente, o terreno foi identificado e caracterizado para desenvolver uma proposta inicial para o projeto. Esta inclui setorização, programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma, conceito, partido arquitetônico e implantação.

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JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA DO TEMA A proposta surgiu a partir de uma real carência da SEMEC em relação a uma Sede, visto que atualmente é constituída por salas autônomas, distantes entre si, o que compromete a eficácia de suas ações administrativas. Outra demanda está relacionada aos seus espaços de guarda do acervo. Há a necessidade de transformá-los em reservas técnicas com os equipamentos apropriados para acondicionamento dos bens e também adquirir um novo espaço para um laboratório de restauração. Além disso, a criação de novos projetos de extensão e a diversificação do público dos museus e espaços de ciência são metas concretas que podem ser alcançadas mediante amplificação dos horários de funcionamento, e novos espaços que estimulem a curiosidade e o potencial criativo dos visitantes1. Entendemos que o espaço museal pode servir de aglutinador de manifestações culturais e cumprir uma importante função formativa e educativa. Para isso, um espaço como o Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP é fundamental para centralizar as ações da SEMEC e proporcionar maior visibilidade às manifestações culturais e artísticas dos museus pré-existentes e da comunidade em geral. Além disso, seu papel na preservação dos bens colecionados pelos cidadãos viçosenses e pela UFV em espaços adequados vai ao encontro da perpetuação da memória coletiva. Por fim, estamos inseridos numa sociedade em que o acesso à equipamentos culturais é muito limitado, o que ocorre por diversos motivos: falta de identificação do público com os bens expostos, desinteresse no conhecimento do patrimônio, negligência por parte do governo em preservar os edifícios de importância histórica, pouco investimento em políticas educacionais e culturais, espaços museológicos pouco dinâmicos que não cativam o público. É inegável que o Brasil possui um vácuo cultural, que só pode ser preenchido mediante discussões e argumentações incansáveis sobre a importância da vida cultural e da preservação do patrimônio.

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1  Informações obtidas através de uma entrevista realizada no dia 30 de abril de 2020 com Chirle Aparecida Gomes, museóloga da Divisão de Assuntos Culturais da Pró-reitoria de Extensão e Cultura.

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PARTE II

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EVOLUÇÃO DA MUSEOLOGIA A museologia, partindo da etimologia da palavra, designa o estudo dos museus e aborda uma área do conhecimento essencialmente interdisciplinar de reflexão teórica e ação prática. Nas palavras de Georges Henri Rivière1, ela estuda a história dos museus, seu papel na sociedade, sua organização, suas formas de pesquisa e de conservação física, além de sua arquitetura. A museologia é, portanto, uma teorização e reflexão crítica sobre os museus. O estudo da esfera prática compreende uma ciência mais específica, a museografia, que concerne à administração do museu, à salvaguarda (conservação preventiva, restauração e documentação) e à comunicação (exposição e educação). (DESVALLÉES e MAIRESSE, 2013, p. 58). O estudo da Museologia é importante para entendermos a evolução do espaço museológico, seu papel social, educativo e político. Essa tipologia arquitetônica está sempre em mutação, já que o museu representa a história da civilização. Esta é apresentada pela arte sob seus diferentes aspectos, sejam eles artísticos, científicos, culturais, técnicos ou folclóricos, e ela é revivida no tempo e no espaço através de exposições (CAMPOS, 1970). Dessa forma, o museu enquanto espaço arquitetônico é a conexão entre o ser humano e sua história.

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O presente estudo foi organizado em uma ordem cronológica destacando os principais eventos e teorias de cada período, mas é importante frisar que tal cronologia não é estanque e muitos eventos aconteceram de forma simultânea.

1  Georges Henri Rivière (1897-1985) foi um museólogo francês que teve grande destaque na renovação da museologia na França. Foi o primeiro Diretor do Conselho Internacional de Museus (ICOM), entre 1946 e 1962.

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SÉCULOS VII - II a.C. __ Grécia Antiga: Mouseion __ Templo das Musas, símbolos das artes e das ciências;

__ Período Helenístico: Templo das Ciências, onde sábios e filósofos se reuniam.

Figura 1: Claude Lorrain, Apolo e as Musas no Monte Helicon, 1680.

Figura 2: Frans Francken, O Jovem, Art chamber, 1636.

Figura 8: Museu The Twist do BIG. Jevnaker, Noruega. Foto: Laurian Ghinitoiu, 2019.

Figura 7: Atividades da Fundação Calouste Gulbenkian. Lisboa, Portugal. Foto: autor e data desconhecidos.

Figura 3: Giu

SÉCULO XXI __ Reestruturação administrativa e expográfica dos museus;

__ Consolidação da função social do museu; __ Tecnologias aplicadas na arquitetura e no acervo; __ Arquitetura de museus: tipologia dinâmica e multifuncional, de caráter estético expressivo;

__ Museus como instrumento da valorização urbana e do turismo;

__ Sustentabilidade. 16


SÉCULOS XV - XVIII __ Tesouros; __ Gabinetes de Curiosidades; __ Louvre: acervo como patrimônio da nação; __ Curadoria; __ Exposições; __ Reservas técnicas; __ Expedições no Novo Mundo: reunião de rique-

SÉCULO XIX __ Museus de forte caráter elitista; __ Sistematização dos critérios de organização dos acervos;

__ Tecnologias: telefone, automóvel, trem à vapor; __ Exposições Universais; __ Valorização do nacionalismo: museus históricos

zas naturais nas metrópoles;

__ Museus de história natural.

useppe Castiglione, Vista do Grande Salão Carré no Louvre, 1861.

nacionais.

Figura 4: Museu Paulista. São Paulo, Brasil. Foto: autor e data desconhecidos.

Figura 6: Centro Georges Pompidou. Paris, França. Foto: autor e data desconhecidos.

Figura 5: Museum of Modern Art - MoMA. Nova York, EUA. Foto: Ben Davis, data desconhecida.

SÉCULO XX __ Fundação do ICOM; __ Crítica e reestruturação dos museus; __ MoMA como símbolo das mudanças; __ Arquitetura museológica pensada para receber a arte moderna;

__ Nova Museologia; __ Ascensão do museu à centro cultural; __ Democratização do acesso à equipamentos artísticos e culturais.

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SÉCULOS VII - II a.C.

SÉCULOS XV - XVIII

O museu da maneira como comumente conhecemos hoje é uma instituição recente. Alguns dos maiores exemplos são o Museu do Louvre, em Paris, e o Museu Britânico, em Londres, ambos do século XVIII. Mas a origem do termo, mesmo que com um significado diferente, remonta aos primórdios da nossa civilização: a Antiguidade Clássica. A palavra museu origina-se do termo mouseion, que significa Templo das Musas (VERGO, 1989). Segundo a mitologia grega este era um local onde as musas se reuniam e eram cultuadas pelos devotos. O maior exemplo de mouseion era o templo do Monte Hélicon, onde reuniam-se as nove musas filhas de Zeus, símbolo do poder, com Mnemósine, símbolo da memória (Figura 1). As musas eram a personificação das artes e das ciências, donas da memória. Como exemplo temos Euterpe, musa da poesia lírica, e Urânia, musa da Astronomia. Dessa forma, a partir desta origem simbólica podemos fazer um paralelo entre a concepção mitológica e o que nós hoje entendemos como a função básica de um museu: exaltar as artes e as ciências e, acima de tudo, ter o poder de preservar a memória. Ao longo do século III a.C, no período Helenístico em Alexandria, o termo era utilizado para designar o Templo da Ciência, onde sábios e filósofos se reuniam. No entanto, o declínio da Biblioteca de Alexandria ao longo do século II a.C foi um importante marco no progressivo desuso do termo em sua região de origem e nas outras que herdaram sua cultura. Ao longo do milênio seguinte, na Idade Média, os “museus” da maneira em que funcionavam na Antiguidade deixaram de existir.

Ao longo dos séculos XV a XVIII um novo significado surgiu nas nações mais ricas, onde desenvolveram-se instituições como Tesouros e Gabinetes de Curiosidades, considerados as origens dos museus europeus da era moderna. Os Tesouros representavam reservas financeiras, objetos que poderiam ser trocados por dinheiro, como relíquias, joias, peças de ouro, prata e marfim. O mais famoso e impressionante é o Tesouro da Igreja Católica, hoje reunido nos Museus do Vaticano. Já os Gabinetes eram locais privados que pertenciam a admiradores de peças raras e valiosas. Tais instituições sofreram importantes mudanças na lógica de armazenamento e exposição dos objetos, mas basicamente serviam para agrupar peças raras, aparentemente sem muita relação entre si, mas com uma função muito clara na sua época de elaboração: expressar uma universalidade, no sentido de exaltar a variedade de riquezas adquiridas pelo homem (LARA FILHO, 2006, p. 26). A Figura 2 ilustra um tipo de ordenação típica dos Gabinetes, sem um critério muito claro, as peças eram agrupadas mais por questões de semelhança e parentesco. É importante destacar que as peças eram reunidas em um espaço pequeno, que não comportava muitas pessoas ao mesmo tempo já que não tinha fins expositivos. Médicos, farmacêuticos e cientistas também criaram Gabinetes com uma coleção voltada para as pesquisas científicas que reuniam os mais diversos e exóticos animais, vegetais e minerais. Essa organização do conhecimento científico foi muito importante para a criação da sistematização museológica, iniciada por tratados de classificação científica. Um exemplo é o tratado Systema naturae, de Carl von Linnaeus, feito em 1735. Essa obra tornou-se grande referência para a classificação dos três reinos: animal, vegetal e mineral. Com o florescimento das relações econômicas entre as nações na Idade Moderna, o comércio de antiguidades ganhou força, originando novas formas de reunir obras de arte. Tal fato resultou nos Colecionadores, em sua maioria membros da família real e nobres. No entanto, por ser um período de grande instabilidade e muitas guerras, a perda desses objetos valiosos era constante. Posteriormente, a Revolução Francesa

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foi um motivo de grande destruição das coleções reais. Mas, esse importante fato histórico da nossa civilização, sob os preceitos do Iluminismo, originou também uma nova forma de agrupar e expor os objetos a partir de critérios científicos e racionais que formavam coleções mais especializadas (LARA FILHO, 2006, p. 45). Os museus iluministas dividiam-se em diferentes tipologias de acordo com seu acervo: museu de arte, antropologia, zoologia, histórico, militar. Tinham como princípio a emancipação do homem através do conhecimento e da universalização, mas nem sempre tais premissas eram seguidas. Nesse contexto é criada uma instituição de grande importância na história dos museus, o Museu do Louvre, aberto em 1793,

que ocupou o antigo palácio real. Sua inauguração foi considerada um ato republicano e seu acervo um patrimônio da nação, que pela primeira vez foi colocado ao alcance do público (DAVIS, 1990). Uma nova visão da arte como propriedade comum tanto da população quanto dos pintores e estudiosos, que puderam copiar as obras primas de perto. Enquanto a Revolução Francesa cria o conceito de patrimônio público, o Louvre representa o início de um novo movimento museológico mundial, uma nova abordagem da museologia que ainda se faz presente: o museu como um instrumento didático de alto valor. A partir dessa citação de Lara Filho, podemos entender melhor as inovações propostas no Louvre: “Do ponto de vista museográfico, o Louvre introduz inúmeras inovações, como as curadorias, as exposições especiais, as vitrines, que são coladas no centro das salas, a identificação e a seleção das obras, a criação do conceito de reserva técnica, a preocupação com o espaço e a iluminação, a restauração, entre outras. (...) As pinturas são agrupadas estabelecendo relações de identidades, semelhança e cronologia, e assim criando uma história visual da arte.“

(LARA FILHO, 2006, p. 4748).

Figura 9: Interior do Louvre. Foto: Bárbara Lopes, 2019.

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SÉCULO XIX Com o processo de transformação de coleções privadas em instituições públicas, os museus multiplicaram-se pelo mundo com o objetivo de tornar esse acervo acessível para que os visitantes tivessem algum benefício educacional, além da fruição artística. A partir do exposto, é importante refletirmos sobre tal acessibilidade. A essência dos museus dos séculos XVIII e XIX é a conservação da memória de uma cultura por meio da coleção de objetos que são retirados do seu contexto original para constituírem, nos museus, um patrimônio de alto valor histórico e artístico. Tal acervo é essencialmente elitista, portanto, o acesso aos ambientes museológicos e o estudo das artes na Academia eram atividades de uma ínfima parcela da população. De acordo com Lara Filho (2006,

p. 89, apud GROSSMANN, 2001, p. 195) os museus abertos ao público a partir do século XVIII viviam uma contradição a respeito da relação entre o espectador e as obras expostas: apesar dos especialistas e teóricos concordarem com a necessidade de tornar os museus acessíveis ao grande público, perpetuavam que o entendimento da arte poderia ser adquirido somente a partir de um determinado grau de conhecimento e educação obtidos a priori pelo público. A Figura 10 é uma das diversas pinturas do século XIX que retratam o público alvo dos espaços de arte e cultura do período. À medida em que as coleções multiplicavam-se, assim como os museus, tornava-se cada vez mais necessária uma sistematização para catalogar e expor as obras.

Figura 10: Louis Béroud, A escadaria da Ópera Garnier, 1877, Musée Carnavalet, Paris.

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Nesse contexto, o papel de Paul Otlet2 foi muito importante. Como proposta para organização dos museus ele elenca: escolha e reunião de obras e objetos; classificação e posterior etiquetagem; confecção de um catálogo; identificação das obras mais importantes; disposição das obras para desfruto do público e intercâmbio com outras instituições. Para Otlet é primordial classificar as obras a partir de algum critério, seja ele cronológico ou geográfico, por exemplo. (LARA FILHO, 2006, p. 73, apud OTLET, 1934). No que diz respeito à exposição, ela deve seguir uma técnica que valorize os objetos e que utilize recursos que facilitem a compreensão do visitante acerca do próprio objeto, da coleção e do museu como um todo. Nesse sentido, Otlet destaca inclusive a importância de uma arquitetura funcional que estruture o museu. O grande revés dessa valorização da ordem e da classificação das obras é uma rigidez do espaço que pode criar um distanciamento em relação aos visitantes, por isso comumente associamos que o museus tem como público especialistas e estudiosos eruditos. Além das inovações no que diz respeito às teorias de documentação e organização é importante considerar os avanços tecnológicos do século XIX, intensificado no século XX, como o telefone, o telégrafo, o automóvel, o trem e a navegação à vapor, a eletricidade e a fotografia. Essas inovações impactaram a vida social e consequentemente os espaços museológicos. Como estratégia de exaltar essas novidades, impulsionar o comércio e a cultura, as Exposições Universais feitas a partir de 1851, refletiam as ideias de progresso das grandes nações. Realizadas em Londres, Paris, Viena, Filadélfia, Chicago, elas reuniam obras de artistas contemporâneos - o que era quase inédito, visto que a grande maioria dos museus do século XIX expunham somente obras de artistas já falecidos -, serviam como espaço para importantes eventos para criação de padrões de medida, moeda única para comércio e linhas telegráficas internacionais.

Figura 11: Montagem da segunda plataforma da Torre Eiffel, em agosto de 1888. A torre é o maior símbolo das Exposições Universais. Foto: domínio público.

Figura 12: Final da construção da Torre Eiffel, em março de 1889. A obra que inicialmente era efêmera tornou-se um dos maiores símbolos de Paris. 2  Paul Marie Gislain Otlet (1868-1944) foi um expoente da área da ciência da informação, mais especificamente da documentação. Uma de suas principais obras é a Classificação Decimal Universal, publicada em 1907.

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SÉCULO XX O papel social do museu ganha cada vez mais importância, sobretudo ao longo do século XX. Em 1946 é criado o Conselho Internacional dos Museus - ICOM, que tem como objetivo primordial “desenvolver padrões e melhorar a qualidade da reflexão e dos serviços que o mundo museal oferece à sociedade, a partir do encontro de profissionais” (DESVALLÉES e MAIRESSE, 2013, p. 17). O ICOM apresenta-se com o importante papel de conceituar o museu e seus propósitos, que vão evoluindo com o passar dos anos a partir das mudanças na forma de enxergar o patrimônio e o espaço museológico. O primeiro conceito definido pelo ICOM em 1946 apresenta o museu como “Um estabelecimento permanente sem fins lucrativos, com vistas a coletar, conservar, estudar, explorar de várias maneiras e, basicamente exibir para educação e lazer de valor cultural.” (BAUER, 2017). Já em 2001 esse conceito sofreu algumas mudanças: “Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade” (BAUER, 2017). Ao longo desses 55 anos o campo museal evoluiu, sempre refletindo o momento e a cultura a qual pertence. A concepção museológica do século XX sofreu muitas críticas e dilemas. Primeiramente, as vanguardas artísticas das primeiras décadas, como Futurismo e Dadaísmo criticavam ferozmente o museu e sua atual conjuntura. Tal “museofobia” (MONTANER, 2003, p. 9) é o ponto de partida para o desenvolvimento do museu moderno. Outro conflito ocorreu entre o necessidade de popularização do acervo e a massificação cultural, um grande exemplo são as mega exposições itinerantes, que levam a arte de renomados artistas a diferentes países e reúnem milhões de visitantes. Entretanto, muitos não tornam-se frequentadores dos museus, fazem parte do grande público que limita sua visita à apreciação momentânea. Este é um fenômeno que se alastra pelo século XXI. Passa-se a questionar se a democratização do acesso ao museu cumpriu seu objetivo educacional e cultural. Nesse sentido, há um grande desafio em elaborar ações cultu-

rais e educacionais capazes de desvincular a imagem do museu como um espaço elitista e de conquistar um novo público. Em relação à arquitetura, o museu moderno do século XX recebeu, ineditamente, uma produção artística com fim exclusivo de exposição e tornou-se uma instituição de status. Sua arquitetura alcançou uma escala monumental pensada especialmente para receber a arte moderna (LARA FILHO, 2006, p. 89). Ademais, o museu tornou-se um ponto turístico e integrou uma nova indústria cultural na qual ele é o centro. Nesse contexto de crítica e insatisfação foi fundado em 1929 o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, símbolo das mudanças almejadas. Ele ganhou destaque primeiramente pela inovação do acervo: reúne fotografia, filmes, desenho industrial, além da riquíssima coleção de arte moderna, sempre em expansão. O público, tanto o que já frequenta museus quanto o que ainda não tem esse costume - o principal foco - é estimulado através da exibição de filmes, conferências, palestras, além de diversas exposições temporárias e ações educativas. O museu perdeu seu caráter estático, de sempre oferecer a mesma atividade de apreciação da obra de arte, e adquire uma dinamicidade sem precedentes. No caso do MoMA isso se reflete inclusive na arquitetura, desde sua fundação o museu recebeu inúmeras reformas e expansões sempre projetadas por arquitetos de renome, como Philip Johnson, Cesar Pelli, Yoshio Taniguchi, Jean Nouvel e o escritório Diller Scofidio + Renfro. Essa instituição é a grande inspiração dos novos museus fundados em todo o mundo ao longo século XX, a maioria deles para impulsionar a indústria do turismo. De forma semelhante às Exposições Universais do século XIX, mas obviamente em outro contexto econômico, os museus passam a integrar uma estratégia de marketing. Simultaneamente às expansões, ao longo da década de 1960, o contexto social era de forte questionamento e anseios por mudanças, o que refletiu no processo de crítica e revisão dos museus até então estabelecidos. O principal resultado desse período de descontentamento com o espaço museal resultou na Nova Museologia, um movimento de abrangência teórica e metodológica que tinha

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como objetivos transformar de fato o museu em um instrumento de educação permanente, um centro cultural acessível por todos, reconectar a sociedade com sua cultura através da aproximação entre o público e as coleções e promover uma reflexão crítica por parte do visitante, cuja opinião passou a ser considerada (DUARTE, 2014, p. 101). Essa corrente, que resultou em importantes mudanças na abordagem museológica da contemporaneidade, começou a se estabelecer de forma mais definitiva nas décadas de 1970, na França, e na década de 1980, na Inglaterra. A grande figura francesa foi Georges Henri Riviève, que aponta que o verdadeiro sucesso de um museu deve ser medido pelo número de visitantes que realmente adquiriram algum conhecimento durante sua visita e ainda pelo número de objetos que puderam ser percebidos pelo público, ou seja, o grande número de visitas e de obras expostas por si só não definem a qualidade de um museu. (DUARTE, 2014, p. 101 apud SCHLUMBERGER, 1989, p. 7). A partir disso, ele defende a abertura do museu ao seu ambiente externo, seja pela sua divulgação em outros locais, pelo empréstimo de peças do acervo ou pela realização de concertos, palestras, conferências nas dependências do museu, como forma de atrair um novo público que passe a frequentá-lo com outros propósitos. Nesse contexto, torna-se de grande importância os serviços educativos para públicos escolares e serviços de ação cultural, pois a Nova Museologia propõe aos museus sua transformação em um instrumento de aprendizagem e aproximação com o público, através da participação popular nas ações promovidas pela instituição. Dessa forma, criar um museu da comunidade que incentive a convivência sociocultural. A Nova Museologia inglesa tem como expoente Peter Vergo3, que centra sua discussão nas exposições, destacando a importância de uma exposição equilibrada no que diz respeito às informações textuais, que devem ser esclarecedoras, mas sucintas o suficien-

te para cativar o visitante. A clareza das informações, a comunicação dos verdadeiros propósitos da exposição e sua organização em uma ordem ou esquema de classificação reconhecíveis também são pontos defendidos por Vergo (LARA FILHO, 2006, p. 87). O equilíbrio também deve ser buscado entre a educação e deleite: a exposição deve induzir a reflexão e o conhecimento, mas também permitir a atitude estética4 frente ao objeto exposto, ou seja, contemplá-lo e desfrutar do seu aspecto visual. Do ponto de vista teórico, a revisão reforçou a noção de multidisciplinaridade no funcionamento do museu, identificando-a como instrumento necessário para uma eficiente gestão. A Nova Museologia questiona inclusive os critérios de seleção das obras angariadas pelos museus, suas definições de valor e a consequente escolha dos objetos dignos de pesquisa, preservação e exposição. No mesmo período, Paris recebe outra obra paradigmática: o Centro Georges Pompidou. O edifício projetado pelos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers, inaugurado em 1977, proporciona aos seus usuários conhecimento e entretenimento, mas também convida-os a realizarem as mais diversas atividades, antes impensáveis no espaço museológico: caminhar, conversar, relaxar, comer. O local já não possui como únicos fins guardar e expor obras de arte, nele funcionam múltiplos espaços, desde salas de aula até lojas e restaurantes. Essa nova era é marcada pela noção de que o acesso à arte é um dos direitos da humanidade e ela deve ser acessível ao maior número de pessoas. Arquitetonicamente, o projeto também foi muito inovador e controverso, sua forma reflete as possibilidades tecnológicas e expõe todo o sistema elétrico, hidráulico, de circulação e ventilação. Esse conceito de externalização das estruturas, antes sempre escondidas, permite uma grande liberdade do interior, um espaço adaptável às mais diversas atividades, voltadas ao mais diverso público, contribuindo com o princípio da

3  Peter Vergo é curador e professor da Escola de Filosofia e História da Arte, da Universidade de Essex, na Inglaterra. Sua obra The New Museology (1989) lançou o controverso debate acerca do papel do museu na sociedade. 4  Conceito defendido por Jerome Stolnitz, discutido em uma aula da disciplina Análise da Obra de Arte, na Universidade de Coimbra. Fonte: STOLNITZ, J. A atitude estética. O que é arte? A perspectiva analítica. Tradução Carmo D’Orey. Lisboa: Dinalivro, 2007. p. 45-60.

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democratização cultural. Novas funções extrapolam o museu tradicional e fortalecem o conceito de centro cultural. Como descrição desse período, o arquiteto Michael Graves expressa no evento Architectural League, de 1986, em Nova York:

“I think this is a moment in history where we have to realise that we’re not just building Kunsthalles or picture galleries. We’re building institutions that have places for discussion, places for study, and a social climate as well as a climate in which to see painting and sculpture”. (DAVIS, 1990)

Figura 13: Vista frontal do Centro Cultural Georges Pompidou, em Paris. O edifício tem presença marcante no contexto urbano parisiense e contrasta com as construções do entorno, erguidas em sua maioria do século XIX. O espaço atraí milhares de visitantes que não necessariamente visitam as exposições, mas apropriam-se do espaço de maneiras diversas. Foto: autor e data desconhecidos.

Figura 14: Exposição Art on Display, elaborada em 2019 pela Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa. A exposição recria e discute a museografia de diversos arquitetos, exemplos do design de museus do século XX. Um deles é Lina Bo Bardi, que tem sua obra museográfica do MASP reproduzida. Foto: Pedro Pina, 2019.

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SÉCULO XXI No século XXI inúmeros museus passaram por processos de reestruturação, desde âmbitos administrativos até expográficos. Com toda a evolução museológica ocorrida até então foi crucial a adaptação de suas atividades e propósitos, os quais deveriam estar fortemente ligados à realidade local do museu. No que diz respeito às inovações tecnológicas, elas impactam tanto a forma de expor, considerando a digitalização do acervo e sua consulta virtual, quanto às técnicas de preservação, afinal a conservação das objetos é primordial para a impulsionar as visitas e garantir a continuidade da instituição. Os processos de digitalização e criação de uma plataforma online permitem a versatilidade do acervo (podemos considerar obras efêmeras como apresentações musicais e performances, que tornam-se documentos digitais disponíveis para o público), uma divulgação muito mais ampla, um acesso ainda mais democrático e uma maneira mais ágil e eficiente de organizar e documentar os objetos. Aliado a isso, é essencial aplicar as tecnologias também nos processos de preservação do acervo e em novas políticas culturais mais estimulantes. Se pensarmos em um contexto universitário, essas possibilidades multiplicam-se, pois a participação do corpo discente possibilita uma enorme gama de atividades. Mas para isso é necessária uma coesão entre todos os aspectos regentes do museu. Nesse sentido, a arquitetura tem o importante papel de estruturar os espaços da forma mais adequada possível e o arquiteto deve mediar o processo de comunicação entre todos os profissionais envolvidos. Portanto, o projeto arquitetônico, seja de uma reabilitação ou de um edifício inteiramente novo, é, mais do que nunca, um componente indissociável da museologia. Ademais, a liberdade arquitetônica para projetos de museus está no auge no século XXI. Nesse aspecto, novas ferramentas de projeto foram desenvolvidas para criar um resultado formal inovador e reforçar o papel dos museus na indústria do turismo. O museu The Twist (Figura 8), desenvolvido pelo BIG na cidade norueguesa de Jevnaker é um exemplo dessa expressão formal capaz de ressignificar o espaço urbano. No caso foi o Parque de Es-

culturas Kistefos, que recebeu o museu para completar a rota cultural pelo maior parque de esculturas do norte da Europa. O mais importante dessa análise da evolução museológica é entender a transição do museu como espaço de armazenamento, preservação e exposição de obras de arte, para centro cultural: um espaço aberto, receptivo, com um programa diversificado capaz de atrair o maior número de pessoas e servir a várias necessidades além do contato visual com a obra de arte. Trata-se de uma tipologia arquitetônica multifuncional de que deve possuir uma capacidade de constante mutação espacial e formal, para comunicar os valores e signos da sociedade contemporânea. O museu do século XXI tem como uma das principais premissas a sustentabilidade: reunião simultânea de estratégias ambientais, econômicas e sociais capazes de integrar os materiais e métodos construtivos para promoverem qualidade ambiental, vitalidade econômica e benefícios sociais. Ademais, deve haver uma integração da natureza com arquitetura por meio do reconhecimento e interpretação das características do local, transformando-as em elementos dominantes para a estruturação do projeto. Por fim, sua arquitetura deve ser pensada para criar uma experiência para o visitante, de modo que ele receba diferentes estímulos, desde a prática do ócio em um jardim até um aprendizado adquirido em uma oficina.

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SÉCULO XVIII

SÉCULO XIX

MUSEUS DO BRASIL A formação do campo museal brasileiro tem início no século XVIII, no contexto dos Gabinetes de Curiosidade e da exaltação do estudo científico. O museu era uma instituição política, cuja finalidade era valorizar a riqueza nacional e gerar frutos econômicos e científicos. De modo geral, muitos dos museus fundados ao longo do século XIX tinham como finalidade a pesquisa científica etnográfica. No que se refere à Portugal, o país tinha como missão organizar expedições em seu território no Novo Mundo com intuito de pesquisar e divulgar as riquezas naturais encontradas, o que consistia numa estratégia de afirmação de poder, principalmente após o fim da ocupação holandesa no norte da colônia brasileira. (CONSIDERA, 2018) Todo esse acervo coletado nas colônias era enviado para o Museu Real de História Nacional da Ajuda, fundado em Lisboa em 1760. A Coroa era responsável pelo financiamento e coordenação das expedições e dos profissionais. Coube às instituições museológicas a transmissão da cultura feita a partir de pesquisas científicas, documentação e sistematização do conhecimento adquirido, além da comunicação ao público e formação profissional de uma nova geração de cientistas (CONSIDERA, 2018, p. 65 apud BRIGOLA, 2003, p. 37). Em 1780, no Rio de Janeiro, foi fundada a Casa de História Natural, um repositório inicial para as descobertas das expedições. Sua função era tratar e organizar os espécimes coletados na colônia para serem enviados e expostos no Museu Real e no Jardim Botânico em Lisboa (CONSIDERA, 2018, p. 66).

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Quando a Corte Portuguesa foi transferida para o Brasil em 1808, um novo contexto político entre a metrópole e a colônia foi instituído, o que refletiu nas primeiras instituições museológicas brasileiras. Dessa forma, todo o arsenal coletado na colônia e enviado à metrópole passou a ser retido e para sua adequada apropriação foi necessário construir um novo instrumento de controle por parte de Portugal. Assim, foi estabelecido em 1818, o Museu Real do Rio de Janeiro, cujos principais fins eram a coleção de bens naturais e materiais para beneficiar o comércio, a indústria e as artes, ou seja, o museu sempre atrelado à exaltação da cultura nacional e do progresso tecnológico. O campo museal brasileiro instaurou-se com fortes características: “(...) museus promovidos e subordinados às instâncias governamentais, sendo diretamente mantidos por essas e incorporados à lógica da gestão pública. Em 1818, haviam poucos gabinetes de curiosidades no Brasil, em parte pelo próprio fato de, aqui, o exótico estar em casa, mas também por muitos deles não se mostrarem assim, evitando o recolhimento ao Museu Real. Semelhante ao que foi feito no Museu Real da Ajuda, o Museu Real brasileiro se organizou como um mostruário das riquezas naturais do país e como um centro científico, muitas vezes voltando suas pesquisas para a solução de questões agrícolas e econômicas (...)” (CONSIDERA, 2018, p. 67).

É importante frisar que o Museu Real foi aberto ao público apenas em 1821, e todo o seu acervo era exposto, pois ainda não era aplicado o conceito de reserva técnica. Os primeiros museus brasileiros foram então fundados ao longo do século XIX seguindo os princípios do Museu Real, como por exemplo o Museu Paraense Emílio Goeldi de 1871, em Belém e o Museu Paranaense de 1876, em Curitiba. Em São Paulo, como marco representativo da independência do Brasil e da história

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paulista foi fundado em 1895 o Museu Paulista, que ocupou o palácio projetado pelo arquiteto italiano Gaudenzio Bezzi, cuja finalidade era ser um monumento em homenagem à independência e que posteriormente tornou-se a sede do museu. Em 1892, frente à proclamação da república, o Museu Real do Rio de Janeiro, renomeado como Museu Nacional, foi transferido para a antiga residência real na Quinta da Boa

Vista, o Palácio de São Cristóvão. O intuito era de ressignificar e preservar o edifício e garantir um espaço mais adequado para expor o acervo. Dessa forma, os primeiros museus do Brasil tinham como expressão arquitetônica residências suntuosas e palácios reais. Com as inúmeras fundações de museus pelo território, a conduta museológica brasileira foi se aperfeiçoando e transformando-se em um pensamento essencialmente brasileiro.

Figura 15: Vista aérea do Museu Nacional do Rio de Janeiro, que ocuopa o antigo Palácio Real da Quinta da Boa Vista. a fotografia foi tirada antes do incêndio de 2018. Foto: Roberto da Silva, data desconhecida, porém confirma-se que

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SÉCULO XX A comemoração do centenário de independência do Brasil em 1922 influenciou tal conduta e as coleções transformaram-se em prol da valorização da identidade nacional. Assim, o acervo passou a ter um forte caráter histórico. Os monumentos e museus do início do século XX estavam empenhados em identificar, valorizar e mostrar para a população os elementos simbólicos que formam a nação genuinamente brasileira (RIBEIRO, 2009). Nesse contexto, Gustavo Barroso1 fundou o Museu Histórico Nacional, que ocupou um antigo complexo militar do período colonial. O edifício foi significamente reformado para sediar o Pavilhão das Grandes Indústrias durante a Exposição Internacional Comemorativa do Centenário da Independência do Brasil de 1922. O MHN ocupou a Casa do Trem, obra de 1762, um dos poucos edifícios mantidos do original Arsenal de Guerra, cuja região foi completamente modificada com as reformas urbanísticas de Pereira Passos. Além disso, o museu sediou o primeiro curso de museologia do Brasil, criado em 1932. A partir da segunda década do século XX afirmaram-se com maior vigor novas experimentações artísticas, tentativas de uma renovação plástica e de uma ruptura com os valores academicistas, tanto na arte quanto na arquitetura dos museus (RIBEIRO, 2009). A arte moderna desenvolveu-se no Brasil de forma lenta e foi somente nos anos de 1940 que a expressão moderna delineou novas manifestações artísticas, arquitetônicas e museológicas. As tendências internacionais refletiam-se no Brasil e a arte moderna do país necessitava cada vez mais de um espaço apropriado para sua exposição e assimilação por parte do público, ainda fortemente atrelado aos parâmetros artísticos promovidos pela Academia. De acordo com o que foi discutido no Capítulo 5 - Evolução da Museologia, vemos na segunda metade do século XX no Brasil uma situação semelhante daquela vivida em diversos países Europa e nos Estados Unidos: a arquitetura moderna revela-se como a nova estética dos museus, os quais recebiam a arte produzida exclusivamente para fins expositi-

vos e eram muitas vezes projetados por arquitetos renomados. Além disso, a influência do MoMA pode ser observada na fundação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, ambos de 1948. O principal objetivo era valorizar as novas expressões artísticas da época. Ambos os MAMs estão localizados atualmente em edifícios marcantes da arquitetura moderna brasileira: o MAM-RJ no Parque do Flamengo, no edifício projetado por Affonso Eduardo Reidy em 1958; e o MAM-SP no Parque do Ibirapuera, em um edifício de Oscar Niemeyer de 1954, posteriormente reformado por Lina Bo Bardi. Naturalmente, novas expressões artísticas e arquitetônicas refletem na linguagem museográfica, e essa relação pode ser vista fortemente no Museu de Arte de São Paulo MASP, fundado em 1948 e atualmente sediado no icônico edifício de Lina Bo Bardi na Avenida Paulista, projetado em 1968. Essa obra não só representa um novo paradigma arquitetônico como também uma inovadora e polêmica estratégia expositiva: os cavaletes de concreto e vidro, desvinculados das paredes e dispostos em uma galeria ampla e contínua que não seguem uma ordem cronológica ou qualquer organização facilmente reconhecível, sugerem ao visitante um percurso livre e um contato visual com a obra por completo, como numa escultura de vulto, que pode ser observada a partir qualquer ângulo. Esse tipo de museografia rompe com as teorias mais tradicionais, como as de Otlet e Vergo, sobre a classificação criteriosa das peças na exposição. As influências da Nova Museologia também foram sentidas no Brasil, principalmente no que diz respeito à formação profissional do museólogo e o maior reconhecimento do papel social do museu. No que tange à educação, o primeiro curso de museologia do MHN tinha, até meados da década de 1960, um currículo composto basicamente por disciplinas centradas na identificação, autenticação e preservação do acervo, o qual era majoritariamente composto por bens culturais da elite. (GONÇALVES, 2005, p. 264). Ademais, assim como nos primeiros museus fundados no Brasil, todo o acervo era

1  Gustavo Barroso (1888-1959) foi um museólogo, escritor e político brasileiro, que teve um importante papel na Ação Integralista Brasileira, além de ter sido presidente da Academia Brasileira de Letras em 1932, 1933, 1949 e 1950. Barroso, juntamente com o então Presidente da República Epitácio Pessoa, fundou o MHN em 1922.

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exposto, “Quem entrasse em uma sala jamais poderia pensar ter captado todo o sentido nela embutido. Não havia uma mensagem por parte do Museu, mas milhares” (GONÇALVES, 2005, p. 266 apud SANTOS 1988, p. 44) Dessa forma, pode ser observada uma mudança das relações entre o público e o museu a partir dos anos 70. O museólogo passa a enfatizar mais o significado dos objetos e da exposição como um todo, do que o objeto em si. Um exemplo é o uso da linguagem verbal utilizada nas exposições como um recurso de comunicação mais direta com o público, o que

se relaciona com as ideias de Vergo citadas anteriormente. Com o processo de redemocratização do país a partir do fim da Ditadura Militar em 1986, importantes tópicos foram colocados em discussão: diversidade cultural, direitos e liberdades fundamentais à população. Novas expressões culturais passaram a ser reconhecidas, como o patrimônio imaterial e a cultura das minorias, iniciaram-se debates acerca da musealização do efêmero, da reafirmação de valores democráticos e de memórias antes silenciadas (BRITTO, 2019, p. 213-214).

Figura 18: Perspectiva do MAM-RJ, destaque para a estrutura em concreto aparente e as janelas em fita. Foto: autor e data desconhecidos.

Figura 17: Vista frontal do MASP, símbolo da arquitetura moderna brasileira. Foto: autor e data desconhecidos.

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SÉCULO XXI

As mudanças econômicas, políticas e sociais influem continuamente nas atividades museológicas, as quais encontram-se atualmente em um constante processo de atualização. Tratam de assuntos do cotidiano, trajetórias pessoais, investem na acessibilidade, visitas virtuais, contam com um público mais diversificado e crítico quanto às formas e o conteúdo da exposição. Além disso, os museus configuram hoje importantes instrumentos de valorização urbana e impulsionam o turismo cultural. A arquitetura, além de diversas inovações estéticas, passou por mudanças qualitativas no que diz respeito ao programa, que obteve acréscimos como reserva técnica, salas de restauração e conservação, melhorias no controle dos parâmetros de conforto ambiental e maior apreço pelas noções de sustentabilidade. No entanto, como aponta Rodrigo de Melo Franco Andrade em seu discurso de agradecimento pelo título de Doutor honoris causa pela Universidade da Bahia, em 1963, a população brasileira ainda reporta um grave desinteresse e ignorância quanto à valorização das artes e da história da nossa civilização material e a lacuna cultural do Brasil atinge todas as camadas sociais. (ANDRADE, 2005, p. 63). Há ainda o risco da falta de boa governança nos museus, uma situação “a ser superada para que estas instituições estejam presentes e ativas no futuro do Brasil” (MARCOVITCH, 2015). Uma prova atual dessa circunstância é o incêndio ocorrido no Museu Nacional do Rio de Janeiro, em setembro de 2018. Nesse sentido, os esforços dos profissionais da educação, museologia, história e arquitetura - considerando o papel da sociedade -, são mais do que nunca imprescindíveis para preenchermos essa lacuna e desenvolver gerações mais engajadas no que diz respeito a nossa cultura material e imaterial. Por isso, enfatizamos que universidades e museus são instituições suplementares, de mútua colaboração, que podem relacionar-se de diferentes formas, seja por pertencimento, intercâmbios ou convênios. Por isso, as universidades que possuem o campo museológico mais desenvolvido podem promover de maneira mais efetiva a formação profissional nas áreas do conheci-

mento que integram essa temática. Uma ação conjunta entre os museus, professores e alunos pode estimular, através do espaço museológico e seu recursos únicos, a responsabilidade social de valorização do patrimônio. A educação patrimonial é uma importante estratégia, que propõe o uso educacional dos museus e monumentos, que propicia o potencial criativo dos visitantes, permite uma apropriação sensorial e intelectual dos bens culturais, que só podem ser plenamente vivenciadas a partir do contato direto com as obras. O Brasil possui hoje inúmeros museus de grande importância que estão associados às universidades locais como forma de potencializar seu uso e qualidade. São exemplos o Museu de Arte Contemporânea, o mais importante da América Latina, o Museu de Zoologia, que reúne o maior acervo zoológico do continente americano, ambos da Universidade de São Paulo - USP. Além destes e o Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia UFBA, responsável pela recuperação do antigo convento de Santa Teresa que hoje é a Sede do museu. Mas para que tudo isso aconteça, o espaço museológico deve possuir instalações adequadas que contribuam para a preservação do acervo e que ofereçam um espaço estimulante e multifuncional.

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ESPAÇOS CULTURAIS E ARTÍSTICOS DE VIÇOSA Viçosa é uma cidade localizada na sub região da Zona da Mata mineira, é um município de médio porte, que possui população estimada de 78.846 habitantes1. Seu grande diferencial na região é a presença da Universidade Federal de Viçosa - UFV, que desde 1926 configura um importante agente da expansão urbana e atualmente, somada à outras instituições de ensino na cidade, compõe uma população flutuante de cerca de 18.000 pessoas2. A presença da UFV exerce não só uma grande influência na economia da cidade, como também na qualidade de vida de seus habitantes. O Campus está distribuído linearmente, na região mais plana da cidade e é composto por diversos jardins, lagos e equipamentos urbanos. Tais espaços aprimoram a vida daqueles vinculados à fundação, mas também de todos os cidadãos de Viçosa e cidades vizinhas. A UFV possui reconhecimento internacional e é hoje a 15º melhor universidade do país3. Além disso, ela possui um importante papel na continuidade da vida cultural e artística de sua comunidade, uma atribuição que entendemos como fundamental, mas que pode e deve ser potencializada. Sobre os equipamentos culturais e artísticos que não pertencem à UFV, destacamos a Estação Cultural Hervé Cordovil e o Centro Experimental das Artes (CORRÊA, 2019, p. 17). Apesar da disparidade de oferta de equipamentos culturais entre a universidade e sua cidade sede observamos que os existentes, em ambos os lados, não atendem plenamente à demanda da população, principalmente da fração desvinculada da UFV. As reuniões públicas durante o processo de atualização do Plano direto de Viçosa4, realizadas em 2015, apontam as demandas da população no que se refere à cultura e patrimônio: espaços culturais para qualquer faixa etária, valorização do patrimônio público e realização de eventos direcionados à promo-

BH

Viçosa

ção da cultura, como cursos e palestras. Além disso, o governo municipal tem como diretriz a criação de equipamentos sociais, educacionais e culturais em diferentes locais da cidade. Isso evidência que Viçosa necessita de novos espaços adequados para tais atividades. Dessa forma, entendemos como uma prioridade discutir sobre as ações existentes, bem como os equipamentos que as recebem, para entender suas competências e propor uma nova abordagem capaz de atender à demanda da população e ainda incentivar a variabilidade e crescimento desse público.

7.1. Equipamentos municipais A Estação Cultural Hervé Cordovil ocupa a antiga estação férrea da cidade, construída em 1914. Localiza-se nas proximidades de importantes edifícios históricos, como o Hotel Rubim, Edifício Alcântara e o complexo residencial eclético do Balaústre. Lamentavelmente, esses edifícios encontram-se em péssimo estado de conservação e muitas residências foram desconfiguradas. Deste “centro histórico”, somente a estação foi ressignificada e transformada em um espaço cultural. De acordo com Corrêa (2019, p. 2224), a Estação Cultural conta atualmente com um auditório para 99 pessoas e nela funciona a sede do Ministério do Trabalho. Ela recebe também eventos musicais como o V-Jazz, em 2018, e festivais de gastronomia, em 2017 e 2018. Nas proximidades da estação ocorrem

1  Dados obtidos no IBGE. O último censo (2010) contabilizou uma população de 72.220 habitantes, sendo que em 2019 a população estimada foi de 78.846 habitantes. Disponível em: < https://cidades.ibge.gov.br/brasil/mg/vicosa/ panorama>. 2  Informação dada pelo professor e orientador Ítalo Stephan, em maio de 2020. 3  Dado obtido através do Ranking Universitário Folha, elaborado pela Folha de São Paulo em 2019. Disponível em: < https://ruf.folha.uol.com.br/2019/ranking-de-universidades/principal/>. 4  Diagnóstico da Leitura Participativa do processo de revisão do plano Diretor. Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFV e Prefeitura Municipal de Viçosa, 2015.

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também feiras semanais. É importante destacar que a estação já abrigou a Biblioteca Municipal, que atualmente está desativada e todo o acervo está retido na antiga sede da Prefeitura Municipal. Apesar dos eventos serem pontuais, a Estação Hervé Cordovil tem um grande valor histórico e é uma prova de como edifícios que perdem sua função original podem servir para outros fins na sociedade contemporânea. Ao analisarmos um raio maior de intervenção, toda a região do Balaústre conforma uma área de grande potencial cultural e artístico, que além de compor uma parte importante da história da cidade poderia oferecer diversas opções de lazer cultural para uma população que tanto carece desses equipamentos. As discussões sobre o Plano Diretor

de Viçosa em 2015 resultaram no interesse da prefeitura municipal em transformar a Praça Silviano Brandão, localizada no centro, próxima ao Balaústre, em um espaço cultural. Mas a realidade viçosense, assim como de grande parte das cidades brasileiras, é fortemente marcada pela pressão imobiliária e pela negligência em relação aos edifícios históricos. O Centro Experimental das Artes é um programa oferecido pelo município desde 1995, que desenvolve oficinas de danças, teatro, instrumentos musicais e é destinado prioritariamente para crianças e jovens. O programa também desenvolve anualmente exposições no Espaço Fernando Sabino, no Centro de Vivência da UFV. O espaço físico que atualmente recebe o Centro Experimental das Artes, uma casa na rua Gomes Barbosa, não possui a estrutura ideal e algumas atividades como as aulas de dança e teatro acontecem em outros espaços (CORRÊA, 2019, p. 25-26). Dessa forma, o programa não tem seu potencial aproveitado, mais uma vez devido ao fato das entidades públicas não priorizarem as ações culturais e artísticas.

7.2. História da UFV Conforme discutido por Stephan, Galvarro et al. (2011), o início da história da UFV nos remete à década de 1920, período no qual a política brasileira inseriu-se no contexto da “Política Figura 18: Vista da Estação Cultural Hervé Cordovil, a imagem retrata a feira do Café com Leite”, um cenário que ocorre às quartas-feiras. Foto: Bárbara Lopes, 2020. dominado pelas oligarquias dos estados de Minas Gerais e São Paulo. O Presidente da República entre os anos de 1922 e 1926 foi Arthur da Silva Bernardes, cidadão viçosense, que tinha como objetivo fortalecer a agricultura de exportação, principal atividade econômica do país. Como um recurso para este fim, estabeleceu em sua cidade natal a Escola Superior de Agricultura e Veterinária - ESAV, inaugurada em 1926, e assim fundou o polo educacional que conhecemos hoje. A ESAV foi fruto da ação conjunta do então presidente Arthur Bernardes, do professor americano Peter Henry Rolfs e Figura 19: localizado próximo à Estação Cultural está o Edifício Alcântara. Em do engenheiro João Carlos Bello frente a ele, o antigo Hotel Rubim, ambos em crítico estado de conservação. Lisboa. P. H. Rolfs instituiu o moFoto: Bárbara Lopes, 2020.

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delo educacional aplicado em universidades americanas baseado na tríade ensino, pesquisa e extensão, metodologia mantida até hoje. Bello Lisboa projetou os primeiros edifícios da ESAV, como o Edifício Arthur da Silva Bernardes, inaugurado em 1926 como Sede da Administração Superior, que atualmente abriga os órgãos administrativos da UFV. Além deste, o Edifício Bello Lisboa, o alojamento, e o Edifício P. H. Rolfs, a Reitoria, que compõem o conjunto arquitetônico de estética eclética. Até 1932, a ESAV contava com dois cursos superiores, Agricultura e Veterinária. Atualmente são lecionados 45 cursos de graduação, 33 de mestrado e 20 de doutorado, nas mais diversas áreas do conhecimento. Ao

longo desses 94 anos de existência, a ESAV tornou-se Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, em 1948, e somente em 1969 foi federalizada, tornando-se a Universidade Federal de Viçosa - UFV. O Campus desenvolveu-se ao longo da avenida P.H. Rolfs, paralela ao curso d’água do ribeirão São Bartolomeu. Nesta avenida estão localizados os principais edifícios, como os supracitados, e ao longo dos anos foram inaugurados outros com variadas linguagens arquitetônicas. A arquitetura moderna foi bastante explorada no campus, como exemplo temos o Edifício Reinaldo de Jesus Araújo, projeto de 1975 que é a Sede dos departamentos de Solos e Engenharia Florestal

Figura 20: Sede dos departamentos de Solos e Engenharia Florestal da UFV. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Figura 21: Vista do Centro de Vivência e do Edifício Arthur Bernardes, um exemplo da convivência harmoniosa entre estéticas arquitetônicas distintas. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

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(Figura 20). Sua estética moderna é marcada por um volume principal elevado por pilotis, fachada longitudinal com brises de concreto que compõem uma modulação alternada e vedações de vidro. Além desta obra, o Centro de Vivência (Figura 21), projeto de 1978, do arquiteto Maurício Sérgio de Castro, apresenta também uma linguagem moderna, marcada pela geometrização volumétrica, estrutura em concreto aparente e fachadas envidraçadas. Dessa forma, o campus é composto por uma grande pluralidade arquitetônica, que na maioria das vezes compõe uma vista contrastante, mas equilibrada. Em 2006, a UFV expandiu para mais duas cidades mineiras, fundando os campi em Rio Paranaíba e Florestal. Levando em consideração o crescimento do campus de Viçosa e também a importância do seu patrimônio arquitetônico foi aprovado em 2008 o Plano Diretor Físico e Ambiental da UFV - PDFA, um recurso para conter a construção desordenada de novos edifícios. Alguns foram construídos de maneira a desrespeitar os alinhamentos e alturas das primeiras edificações, comprometendo com a configuração visual do campus. Segundo o anexo da Resolução Nº 14/2008 – CONSU (UFV, 2008), dentre os artigos do Plano de Desenvolvimento Físico e Ambiental do Campus UFV-Viçosa – PDFA (2008-2017) destacamos alguns dos que mais impactam a proposta:

são físico territorial no Campus: [...] XII. Consolidar e preservar as características da Zona de Uso Especial-Vila Giannetti e da Zona de Interesse Histórico; XVII. Manter as áreas de matas e florestas nativas, respeitando a vegetação existente, ao construir novos edifícios.” (VIÇOSA (MG), 2008).

Por conseguinte, a partir do crescimento da UFV, de seu acervo histórico, educacional e arquitetônico, e de sua grande influência na dinâmica de Viçosa e região, entendemos que a universidade tem um papel que vai muito além da formação profissional de seus alunos e professores. Uma responsabilidade compartilhada com o governo municipal em atuar em prol da alfabetização cultural, ou seja, propiciar a apropriação sensorial, intelectual e afetiva dos bens culturais e tornar seus espaços acessíveis para qualquer público. O acervo deve ser composto de acordo com a concepção museológica contemporânea: superar os limites de uma concepção de cultura restrita à produção e circulação de bens elitistas, pois é imprescindível a identificação do indivíduo com o espaço e bens que o cercam.

7.3. Patrimônio Histórico: Vila Gianetti De acordo com Carvalho e Ferreira (2012), durante o processo de transição entre a ESAV e a UREMG, foi elaborada a Vila Gianetti, fruto da idealização de Américo René Gianetti, Secretário de Agricultura de Minas Gerais no governo de Milton Campos (19471951) e do projeto do arquiteto Cláudio Jorge Gomes e Souza. Nesse período, a cidade necessitava de moradias para os professores que vinham do exterior lecionar, mas como Viçosa não comportava tal função, a Universidade cumpriu com tal demanda para firmar o convênio com a Universidade Purdue, dos Estados Unidos. A construção foi iniciada em 1948 e realizada mediante etapas até sua finalização em 1960, com 52 casas. O vínculo com a universidade americana é evidenciado pela tipologia arquitetônica e urbanística implantada no projeto: residências de planta padrão, racional, isolada no lote, com jardins frontais e laterais e baixa taxa de ocupação. A linguagem estética está atrelada à Arquitetura Moderna, evidenciada pela adoção da cobertura em telhado borboleta e a pureza das formas. Sob ponto de vista urbanístico, a Vila é caracterizada por ruas arborizadas e sem

“[...] Art. 3º - O Plano de Desenvolvimento Físico e Ambiental do Campus UFV-Viçosa pauta-se pelos seguintes princípios: [...] V. Na ocupação e construção dos novos edifícios, deve-se considerar a mesma lógica adotada desde a criação da ESAV, qual seja: grandes afastamentos em relação às vias; construção dos edifícios isolados no terreno, com baixa taxa de ocupação, baixo gabarito e grandes jardins contornando as edificações; [...] VIII. A liberdade arquitetônica formal deve ser mantida, para que os edifícios representem a diversidade dos movimentos e correntes arquitetônicas ao longo dos tempos, respeitando-se o patrimônio histórico existente; [...] Art. 4º - São objetivos gerais do PDFA: [...] VI. Promover o equilíbrio entre a proteção e a ocupação das áreas livres do Campus, respeitando a legislação ambiental em vigor e as áreas destinadas a experimentos de ensino, pesquisa e extensão; [...] X. Propor diretrizes visando à ampliação da qualidade da infraestrutura, serviços, equipamentos sociais, espaços verdes, de lazer e de convivência, para atender à comunidade universitária; [...] Art. 5º - São diretrizes gerais, visando à expan-

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7.4. Os Museus e Espaços de Ciência da UFV

saída e a ausência de muros frontais permite a plena visualização espacial, fator incomum em outras cidades brasileiras. Inclusive, tal diferenciação do traçado urbano e da apreensão visual evidencia a importância e o status desta área residencial no campus. A Vila Gianetti funcionou como área residencial até finais da década de 1990, quando a já então estabelecida UFV passava por um processo de expansão física. Desde então, as casas passaram a abrigar órgãos administrativos externos e internos à universidade, além dos espaços culturais e museus. A dinâmica da Vila Gianetti foi intensamente modificada a partir de 2004 com a conexão de uma de suas vias com a avenida Marechal Castelo Branco, importante via arterial localizada no bairro Santo Antônio. O maior impacto urbanístico foi a intensificação do tráfego de automóveis, ciclistas e pedestres. Isto consequentemente requereu a expansão de áreas de estacionamento e dadas as novas funções às antigas residências, muitas delas sofreram descaracterizações. Isto posto, com a elaboração do PDFA (UFV, 2008) foi afirmada a necessidade de preservação da Vila, que foi referenciada especialmente no Plano e inserida na Zona de Uso Especial, a qual requer critérios específicos de uso, ocupação e construção. O patrimônio arquitetônico e urbanístico moderno representado pela Vila Gianetti deve ser valorizado, pois simboliza um importante período da história da UFV e da cidade, além de configurar um espaço único, de grande qualidade ambiental no contexto da região. Atualmente, diversas instituições ocupam as casas, o que compõe um público cativo que possui contato diário com o local. Três casas funcionam como sede dos museus da Universidade, o Museu da Comunicação, o Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef e o Museu de Zoologia João Moojen. Outros três espaços de ciência localizam-se na Vila ou muito próximos a ela, são eles: o Parque Interativo de Botânica, o Horto Botânico e o Herbário VIC. Nesse sentido, a Vila Gianetti compõe parte do Circuito de Museus desenvolvido pela Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV - SEMEC.

A UFV é responsável por doze museus, espaços de ciências e áreas protegidas dentro e fora do Campus. São eles: Casa Arthur Bernardes, Herbário VIC, Horto Botânico, Mata da Biologia, Mata do Paraíso, Museu da Comunicação, Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef, Museu de Zoologia João Moojen, Museu Histórico da UFV, Parque Interativo de Botânica, Pinacoteca da UFV e Sala Mendeleev (SEMEC, 2018). Tendo isto em vista, é possível perceber a relação entre a temática da maioria desses espaços - ciência botânica e zoológica com os primeiros museus fundados no Brasil, conforme foi discutido no Capítulo 6 - Museus do Brasil. Havia um acervo que exaltava o estudo científico e tinha finalidade de pesquisa, assim como a maioria dos museus e espaços de ciência da UFV. A Secretaria de Museus e Espaços de Ciência da UFV - SEMEC foi fundada em 2015 e é o órgão que articula e estrutura as atividades desses espaços. Desenvolvem e realizam exposições permanentes e itinerantes, oficinas, minicursos e eventos culturais. São espaços abertos à visitação pública, que proporcionam à comunidade o contato com várias temáticas e tipos de acervos. Ademais, esses espaços são também opções de lazer cultural e juntos compõem o Circuito de Museus, que tem como objetivo a interação e popularização da cultura, arte, conhecimento e ciência voltada para a comunidade de Viçosa e região (SEMEC, 2018).

Figura 22: Casa padrão da Vila Gianetti. Foto: SEMEC, 2018.

35


Os mapas seguintes apresentam a localização dos equipamentos da UFV e do município. Tendo em vista a impossibilidade de realizar um levantamento adequado da região, os mapas foram obtidos mediante a junção

de diferentes arquivos CAD com vistas aéreas do Google Earth 2020. Algumas ruas e edificações foram omitidas para fins compositivos, tal omissão não compromete com o objetivo dos mapas.

Legenda Casa Arthur Bernardes

Parque Interativo de Botânica

Estação Cultural Hervé Cordovil

Mata da Biologia

Centro Experimental das Artes

Pinacoteca

Horto Botânico

Museu Histórico

Herbário VIC

Sala Mandelev

Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef

Mata do Paraíso

Museu de Zoologia João Moojen

Limite Viçosa-UFV

Museu da Comunicação

Limite Viçosa 50

Mapa: Localização dos equipamentos culturais do município e da UFV

200

500m

Limite municipal de Viçosa

N

Conexão com Av. Marechal Castelo Branco

Vila Gianetti

Av. Purdue

Av. P.H. Rolfs

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UFV

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CENTRO

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36


1 Ludoteca 2 Casa UFV de Música 3 Fundação FACEV 5 Diretoria de Relações Institucionais 6 Programa da Terceira Idade 7 Uso não identificado 8 Núcleo Tarantar e Geoprocessamento Ambiental 9 Unidade Interdisciplinar de Estudos em Desenvolvimento Humano e Social - UNIDHS 10 Arquivo Central e Histórico 11 Laboratório de Matéria Orgânica e Resíduos 12 Prelin - Programa de Extensão em Ensino de Línguas 13 Núcleo de Estudo de Planejamento e Uso da Terra 14 EMATER - Unidade Didática / Administração Fazendária de Viçosa 16 Sindicato dos Servidores da UFV SINSUV 18 Uso não identificado 19 Uso não identificado 20 Sede Grupo Entre Folhas

21 Núcleo de Análise de Biomoléculas 22 Núcleo de Microscopia e Microanálise 23 IBGE / Espaço Ciência em Ação 24 Departamento de Química Laqua 25 Bioenergia Orgânica 26 Biofarmacos - Laboratório de Pesquisa do Dep. de Bioquímica e Biologia Molecular 27 Engenheiros Sem Fronteiras / Escoteiros 28 Divisão Psicossocial 29 Anexo Divisão Psicossocial 30 Programa de Educação Tutorial 31 Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef 32 Museu da Zoologia João Moojen 33 Núcleo de Educação de Jovens e Adultos 34 Unidade de Estudos Sanidade Avícola - UESA 35 Coordenadoria Regional Instituto Brasileiro de Agropecuária - IMA 36 Clínica de Doenças de Plantas / Laboratório de Micologia / Infectório

37 Laboratório de Interações Inseto-microorganismos 38 Bombeiro Militar PIB - Parque Interativo de Botânica / Unidade de Pesquisa e Conservação Bromeliaceae 39 Museu da Comunicação 40 Pró Saúde - Plano de Ações Integradas em Saúde 41 Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento 42 TV Viçosa 43 Rádio Universitária 44 EMATER - MG Escritório 45 EMATER - MG Regional 46 EPAMIG 47 EPAMIG 48 Laboratório de Prática Jurídica 49 Associação dos Ex-Alunos 50 Uso não identificado 51 Centro de Estudo e Desenvolvimento Florestal - CEDEV 52 Seção Sindical dos Docentes da UFV - ASPUV 53 Uso não identificado N

10

Mapa: Identificação das instituições localizadas na Vila Gianetti

100m

50

PIB

38 Loteamento Belvedere

37

39 40

36

41

35 ett

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42

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32

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26

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52

53

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artolo

51

2

Av. Purdue 1 Horto Botânico

R. dos Estudantes

37

Ferrovia


Casa Arthur Bernardes: residência de férias do ex-presidente da república (1922-1926), fundador da ESAV. O acervo inclui objetos que retratam a vida política e pessoal de Arthur Bernardes e distribui-se pelos cômodos da casa: escritório, sala de jogos, sala de visitas, sala de jantar, quartos, copa, varanda. Os principais temas abordados são a história de Viçosa, criação da ESAV e aspectos do cotidiano da época. A residência é exemplar da arquitetura eclética interiorana de Minas Gerais. (RODRIGUES, 2018, p. 29-31)

Parque Interativo de Botânica: um espaço que reúne atividades lúdicas sobre a evolução das plantas, seus tipos de reprodução, suas espécies. O Parque foi criado em virtude de uma demanda por projetos de extensão capazes de materializar e complementar conceitos teóricos abordados por professores para alunos da Educação Básica até o Ensino Superior. (RODRIGUES, 2018, p. 81-87) Mata da Biologia: fragmento da Mata Atlântica com cerca de 75 hectares preservado no Campus da UFV. Trata-se de uma mata em processo de regeneração, que inclui três espaços diferentes: o Recanto das Cigarras, local para realização de eventos e lazer; Trilha do Sauá; Pico das Três Bandeiras: mirante que permite a visão panorâmica da cidade e do campus. (RODRIGUES, 2018, p. 42-48)

Horto Botânico: criado em 1938, apresenta uma coleção de plantas vivas, nativas, reunidas para fins didáticos numa área superior a 1 hectare. As espécies formam um fragmento da Mata Atlântica de grande diversidade botânica. (RODRIGUES, 2018, p. 38-41) Herbário VIC: fundado em 1930 reúne uma coleção de 51.000 espécimes de plantas e fungos desidratadas, catalogadas e identificadas cientificamente. O Herbário compartilha o ambiente com gabinetes de professores, laboratórios de aulas do Departamento de Biologia Vegetal - DBV e o Horto Botânico. Conta com uma sala de preparação, uma biblioteca setorial onde são realizadas as visitas. O acervo aborda temas como a história do herbário, química das plantas e anatomia vegetal. (RODRIGUES, 2018, p. 32-37) Museu de Ciências da Terra Alexis Dorofeef: é um espaço de aprendizagem sobre solos, minerais e rochas, criado em 1993, que aborda temáticas como funções e propriedades do solo, recursos minerais, vulcões e terremotos. (RODRIGUES, 2018, p. 62-69) Museu da Zoologia João Moojen: fundado em 1993, reúne um acervo zoológico da fauna brasileira que conta com 15.000 exemplares de anfíbios, 2.500 de serpentes, 1.400 lagartos, 1.900 aves e 4.300 mamíferos. O espaço possibilita a socialização dos conhecimentos acadêmicos e populares, além de atividades relacionadas à educação ambiental. (RODRIGUES, 2018, p. 70-73)

Pinacoteca: criada em 1973 recebe exposições, atividades relacionadas ao lazer cultural e à expressão artística. Está localizada na antiga residência do primeiro vice-diretor da ESAV, João Carlos Bello Lisboa, um dos edifícios mais marcantes da UFV. (RODRIGUES, 2018, p. 74-80) Museu Histórico - MSU: criado em 1986 com o objetivo de estudar fontes históricas, coletar, guardar, classificar e expor objetos que contribuem com a memória institucional. Também está localizada na antiga residência de Bello Lisboa. (RODRIGUES, 2018, p. 74-80). Sala Mendeleev: abriga uma exposição permanente e interativa sobre a Tabela Periódica dos Elementos, que visa a divulgação e popularização da ciência a partir de uma abordagem dinâmica que enfatiza como a química se insere no cotidiano. (RODRIGUES, 2018, p. 88-93). Mata do Paraíso: outro fragmento da Mata Atlântica na região de Viçosa, com 200 hectares, abriga diversas espécies em extinção e protege as nascentes do ribeirão São Bartolomeu. O espaço possibilita o contato com a natureza e promove atividades relacionadas à educação ambiental. (RODRIGUES, 2018, p. 49-56). Todos esses espaços foram fundados com o objetivo de estimular o público a exercer a responsabilidade social de valorizar, preservar e compartilhar o patrimônio, tanto para fins educativos quanto para lazer cultural.

Museu da Comunicação: espaço de memória, contemporaneidade e experimentação que explora as tecnologias da comunicação humana. Apresenta coleções permanentes que reúnem objetos da história da escrita, televisões, máquinas fotográficas, rádios, entre outros. (RODRIGUES, 2018, p. 57-61)

38


Atualmente, o público mais significativo dos espaços administrados pela SEMEC são alunos de escolas públicas e privadas do ensino básico e médio de Viçosa e região. Dessa forma, há uma ação conjunta entre a instituição museológica e a educacional a fim de proporcionar aos alunos a experiência em um espaço multidisciplinar como o museu. No entanto, sempre há o interesse em aumentar o número de visitas e diversificar o público, o que compõe uma das metas atuais da Secretaria, que está planejando parcerias com órgãos estaduais e ações que visam aproximar os estudantes da própria UFV.5 Para que tudo isso aconteça, primeiramente é importante flexibilizar os horários de funcionamento dos museus, que na maioria das vezes segue o horário útil de trabalho, de 8 horas às 12 horas e de 14 horas às 18 horas, raramente funcionando nos fins de semana, com exceção dos eventos em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus - IBRAM, como a Primavera de Museus, que ocorre durante uma semana, anualmente (CORRÊA, 2019, p. 21). Este fator consiste em um obstáculo para que o público jovem e adulto que trabalha conheçam os espaços e possam aproveitá-los devidamente. Em segundo lugar, a preservação do acervo é primordial para tornar a visita mais eficaz e prazerosa. Sobre este assunto, a SEMEC afirma que tenta seguir ao máximo as diretrizes museológicas específicas para cada espaço, considerando que a diversidade do acervo requer especificidades no que tange à preservação e administração. No entanto, admite dificuldades enfrentadas em relação ao cuidado desse patrimônio devido a falta de recursos financeiros e profissionais capacitados. Além disso, acrescenta que as reservas técnicas são consideradas espaços de guarda, com limitações e ausência de equipamentos acondicionamento adequado e que ainda são espaços insuficientes considerando todo o acervo não exposto5. Em terceiro lugar, é importante ressaltar que “a SEMEC é constituída por espaços autônomos, que somam esforços no trabalho de planejamento, organização e execução de projetos e ações institucionais”5. Sua “sede” funciona em uma sala emprestada pela Divisão de Assuntos Culturais, no Centro de Ciência e Extensão da UFV. Por isso, a partir dos projetos atuais desenvolvidos pelos museus, somados às no-

vas ações de extensão voltadas para um novo público alvo e a todas as informações recolhidas com membros da Secretaria, conclui-se que um edifício sede traria inúmeros benefícios: ampliação das ações pré-existentes, fortalecimento das políticas de salvaguarda do patrimônio cultural, científico e tecnológico da UFV. Incluem-se também os trabalhos de extensão, os quais constam atualmente no projeto de revisão das Diretrizes Curriculares Nacionais, que tende a incluir a atividade de extensão como uma obrigatoriedade nos cursos de graduação, de acordo com o especificado no Plano Nacional de Educação de 2020, desenvolvido pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2011). Por conseguinte, a criação de uma reserva técnica e um laboratório de restauração constitui também uma importante demanda. Ademais, a partir de um edifício sede com programa de necessidades diversificado, que siga as demandas contemporâneas explicadas no Capítulo 5 - Evolução da Museologia, é possível cativar um novo público, atraído pelas possibilidades de lazer e estudo promovidas pelo novo espaço e contribuir com a visibilidade das instituições administradas pela SEMEC. Além disso, servir como um local de partida do Circuito de Museus, no qual seja possível entender o que cada museu e espaço de ciência oferece e centralizar as atividades administrativas. Assim, a potencialidade desses espaços pode ser aproveitada com a maior eficácia. Por fim, para reiterar a importância do espaço museológico, Marcovitch (2015) discute que: “A preservação da história humana é algo essencial para a compreensão do mundo. Museus, exposições e arquivos, digitais ou em papel, eternizam acontecimentos. Aparentemente mais perceptível no universo das artes, a museologia tem igual relevância na difusão da ciência e da verdade. Museus ensinam, museus educam, museus civilizam. Museus contam, permanentemente, a fascinante narrativa do homem e suas possibilidades na arte, na ciência, e na justificação da vida”

5  Informações obtidas através de uma entrevista realizada no dia 30 de abril de 2020 com Chirle Aparecida Gomes, museóloga da Divisão de Assuntos Culturais da Pró-reitoria de Extensão e Cultura.

39


ESTUDOS DE CASO 8.1 FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN Ficha técnica __ Tipologia: arquitetura cultural __ Projeto arquitetônico: Ruy d’Athouguia, Pedro Cid, Alberto Pessoa, Leslie Martin e José Sommer Ribeiro

__ Projeto paisagístico: Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto

__ Área construída: 70.000m² __ Área do terreno: 83.620m² __ Início do projeto: 1959 __ Inauguração: 1969 __ Localização: Lisboa, Portugal

Principais referências __ Relações visuais entre o interior e a paisagem; __ Materialidade; __ Solução arquitetônica do estacionamento; __ Percursos contemplativos de ligação entre os edifícios;

__ Diversidade do programa de necessidades.

40

8

Figura 1 Foto: Ar


Planta de Situação

Contexto

1869

Vida de Calouste Sarkis Gulbenkian, colecionador de arte e filantropo de origem armênia, nascido na Turquia. Ao longo da sua vida reuniu uma coleção de arte muito eclética, única no mundo. Faleceu em 1955, em Lisboa, cidade onde passou os últimos anos da sua vida. Estabeleceu no seu testamento que nesta cidade seria construída a sede de uma fundação internacional com o seu nome, em benefício de toda a humanidade.

Fonte: Google Earth, 2020.

1955 Criada a Fundação Calouste Gulbenkian, cujos principais fins são a beneficência, a arte, a educação e a ciência. 50

200m

N

1: Vista aérea da Fundação Calouste Gulbenkian. rquivo digital Fundação Calouste Gulbenkian, 1969.

Os projetos do Edifício Sede e do Museu Calouste Gulbenkian - Coleção do Fundador foram resultados de um concurso. A proposta vencedora foi de autoria dos arquitetos portugueses Ruy Athougia, Alberto Pessoa e Pedro Cid, que adotaram uma linguagem moderna.

Inauguração da Fundação, com os edifícios e o jardim, parte essencial do projeto também de linguagem moderna que celebra a paisagem portuguesa.

Inauguração do Museu Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna, projeto de Leslie Martin e José Sommer Ribeiro.

Concurso de extensão do Museu Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna e dos jardins da zona sul do terreno. O projeto vencedor foi de autoria do escritório do arquiteto japonês Kengo Kuma.

41

1956

1960

1969

1983

2019


Implantação 5

20

Legenda 50m

N

Acesso pedestres

Calçamento

Lago

Acesso automóveis

Jardim

Cobertura Verde

V

vista E

V

vista B

A

A

V

vista A

V vista D

V

vista C

Edifício Sede

Auditório

Museu Calouste Gulbenkian Coleção do Fundador e Biblioteca de Arte

Anfiteatro ao ar livre

Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles

42

Museu Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna


Figura 2: Vista A, vista principal do Edifício Sede Foto: Ricardo Alves, 2017.

Edifício Sede: corpo dominante de aspecto laminar, com repetição modular. A maior parte da superfície exterior é composta por esquadrias de latão oxidado e vedações de vidro bronze reflexivo.

Figura 3: Vista B, entrada do Museu Calouste Gulbenkian - Coleção do Fundador. Foto: Ricardo Alves, 2017.

Galeria de exposições temporárias

A’ A ligação entre o Edifício Sede e o Museu da coleção do fundador é feita a partir da galeria de exposições temporárias, no piso -1, o que garante fluidez no espaço.

Figura 4: Vista C, entrada do Museu Calouste Gulbenkian - Coleção Moderna. Foto: Ricardo Alves, 2017.

O Museu da Coleção Moderna mantém a mesma linguagem: estrutura em concreto armado aparente e grandes superfícies envidraçadas.

43


Figura 5: Vista E, hall principal Museu Calouste Gulbenkian - Coleção do Fundador. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Figura 6: Vista D, Anfiteatro ao ar livre Foto: Ricardo Alves, 2017.

Figura 7: Vista E, jardim e vista sul do Edifício Sede e do Museu da Coleção do Fundador. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Auditório

Museu Coleção Fundador Estacionamento

Edifício Sede

pav. 3 pav. 2 pav. 1 pav. 0

pav. 0 pav. -1

pav. -2

pav. -2

44


Materiais

Conceito

_ Estrutura em concreto armado aparente; _ Paredes e adornos em granito bege; _ Madeira no forro da cobertura e no mobiliário.

FUSÃO ENTRE OBRA DE ARTE ARQUITETURA PAISAGEM Horizontalidade na distribuição dos edifícios: leitura do espaço para além das construções, continuidade do espaço verde.

Design de interiores: estética minimalista com cores quentes e contrastes entre materiais frios como o granito e o concreto e quentes como a madeira e a vegetação.

Integração dos volumes com a zona verde: grandes aberturas vedadas com vidro reflexivo transformam os edifícios em extensões do jardim.

Anfiteatro ao ar livre: auge da integração entre as atividades promovidas pela Fundação e os jardins.

Ambientes internos: escala humana sutil, volumes com tetos baixos e luminosos com átrios e grandes aberturas para manter a relação visual com o exterior.

Programa de necessidades diversificado: galerias de arte, cafeterias, lojas, biblioteca, auditórios, anfiteatro, estacionamento, setores administrativos e técnicos.

Extensas áreas gramadas transformam-se em espaços de permanência.

Todo o conjunto arquitetônico forma um complexo no qual os serviços se interpenetram e o público circula com fluidez.

Circulação dos visitantes: piso em placas de concreto que atravessam todo o jardim criando diferentes percursos de contemplação.

Anfiteatro ao ar livre Circulação: conexão com o Museu Coleção Moderna

Museu Coleção Moderna

pav. 1 pav. 0 pav. -1 pav. -2 pav. -2

Corte AA’ 45

5

20m


Galerias Museu Coleção do Fundador

Planta Baixa Térreo Centro Interpretativo Gonçalo Ribeiro Telles

5

20

50m

N

V

E

Galeria Exposições Temporárias V H

Entrada

A

Galerias Museu Coleção Moderna A’

Saída

Adm.

Galeria Exposições Temporárias

Adm.

Legenda Circulação museus

Circulação Vertical

Acesso pedestres

Cafeteria

Acesso automóveis

Loja

Circulação automóveis

Banheiro Recepção

Biblioteca de Arte

V

GV F

V I

Galeria Exposições Temporárias Entrada

A

A’ Saída

Planta Baixa Pavimento -1 Estacionamento

5

46

20

50m

N


Figura 8: Vista F, vista dos jardins a partir da Biblioteca de Arte, Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Figura 9: Vista G, interior da Biblioteca de Arte, destaque para sua relação visual com o exterior. Foto: Ricardo Alvez, 2017.

Figura 10: Vista H, galeria do Museu Coleção Moderna Foto: Arquivo Gulbenkian, 2018.

Museu Calouste Gulbenkian Figura 11: Vista I, vista exterior do edifício do Museu Coleção do Fundador, destaque para a cafeteria da Biblioteca de Arte no pavimento -1. Foto: Lir Nizan, 2018.

47


8.2 ESPAÇO CULTURAL PORTO SEGURO Ficha técnica

Contexto

__ Tipologia: arquitetura cultural __ Projeto arquitetônico: Miguel Muralha e Yuri Vital

O projeto foi resultado de um concurso patrocinado pela seguradora Porto Seguro. Os arquitetos Miguel Muralha e Yuri Vital, membros do escritório São Paulo Arquitetura, elaboraram a proposta vencedora, escolhida entre outros sete projetos. O novo centro cultural foi elaborado com o propósito de revitalizar e consequentemente melhorar o cenário urbano da região do bairro Campos Elísios, localizado no centro da cidade de São Paulo.

- São Paulo Arquitetura __ Área construída: 3.800m² __ Início do projeto: 2012 __ Inauguração: 2016 __ Localização: São Paulo, Brasil

Principais referências __ Materialidade; __ Setorização; __ Proporção dos ambientes; __ Soluções de iluminação e ventilação; __ Tipos de circulação interna: rampas e passarelas

O edifício foi concebido para ser local de desenvolvimento e apresentação das mais variadas expressões artísticas contemporâneas.

externas ao volume do edifício.

Figura 12: Vista A, nolítico do edifício, micidade à fachada

48


50

Programa de necessidades

N

100

ÁREAS DE APOIO _ Salas de aula; _ Banheiros; _ Curadoria; _ Administração e secretaria + ÁREAS EXPOSITIVAS _ Espaço multiuso para exposições, ateliês, cursos, workshops, simpósios e festivais.

Espaço Cultural Porto Seguro

Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo

Diversidade da espacialidade

Flexibilidade de uso

Diferentes arranjos de curadoria e escalas de exposições Enriquecimento da experiência do usuário no local

Soluções arquitetônicas A praça pública integra o programa de necessidades e articula o Espaço Cultural com os outros equipamentos do local, uma loja e um restaurante. Ademais, a praça pode funcionar como um espaço alternativo para exposições ao ar livre. B

9 8 vista A

C

A

6

vista B

V

perspectiva externa que destaca o volume mo, com dobras e reentrâncias que conferem dinaa de concreto. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

Planta de Situação

V

Fonte: Google Earth, 2020.

A’

5

7 4 2

V

vista C

Emergência

3

1 A B

Elevador

V

vista D

Acesso mezanino

Planta Baixa Térreo

B’ N

Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes

1

5

Legenda 1 Hall de entrada 2 Coquetel 3 Exposição interna

4 Exposição externa 5 Ateliê 6 Sala de aula

Acesso pedestres Acesso automóveis Acesso A Abertura para iluminação natural

49

7 Banheiro 8 Praça 9 Loja

Circulação vertical interna

10m


Planta Baixa Pavimento -1

B

Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes 1

5

10m

N

Legenda A

A’

Vista E

3

1 Estacionamento 2 Área técnica

3 Banheiro

Circulação vertical interna

V

2

Acesso pedestres

1

Acesso automóveis

B’ B

Planta Baixa Pavimento -2 Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes

3 8

9 10 7

A

1

11

3

2

N

1 Exposição interna A’ 2 Reserva técnica 3 Sala ar condicionado 4 Copa 5 Sala de dados 6 Sala QGBT

6

4

10m

Legenda

1

5

5

12

7 Sala no-break 8 Caixa d’água 9 DML 10 Depósito 11 Sala de segurança 12 Banheiro

Circulação vertical interna

2

2

B’ B

Planta Baixa Pavimento 1 Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes 1

5

10m

N

Legenda A

2

1 Exposição mezanino A’ 2 Sala de Aula

2

3

3 Banheiro

Circulação vertical interna Volume composto por dois blocos: área de apoio e de exposição. Cada um deles requer conforto térmico e iluminação específicos e neles realizam-se atividades independentes. A conexão é feita por meio de duas passarelas cobertas, que atravessam o edifício possibilitando a entrada de luz.

1

Acesso mezanino B’

50


Conceito

Figura 13: Vista B, hall de entrada. Destaque para a angulação das paredes que permite a entrada de luz. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

“Um convite ao público é feito através de grandes entradas, sem barreiras físicas e com caráter acolhedor. As dobras orientam o percurso e aguçam a curiosidade de descobrir o novo espaço. Um monólito puro em concreto aparente dá vida ao novo equipamento cultural da cidade de São Paulo, Brasil”. Fonte: São Paulo Arquitetura

O volume monolítico de concreto é trabalhado a partir de dobras que direcionam os fluxos entre a área de apoio e as salas de exposição e fazem um contraste com o formalismo tradicional de uma galeria de arte. Além de orientarem os acessos, as dobras garantem iluminação natural sem incidência solar direta e garantem uma boa acústica devido a quebra do paralelismo.

Figura 14: Vista E, estacionamento. Os taludes do terreno são aproveitados para entrada de luz e ventilação. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

Figura 15: ligação entre área de apoio e área expositiva. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

51


Corte AA’

Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes 1

2

3

pav. 2

4

2

4

pav. 1

4

2

2

5

2

8

Ligação área de apoio e exposições Loja

Acesso mezanino

Acesso C

3

pav. 2

1

pav. 1

2

pav. 0

4

3

5

pav. -2

6

10m

N

pav. -1

1 Administração 2 Banheiro

5 Ateliê 6 Estacionamento

3 Curadoria 4 Sala de aula

7 Sala QGBT 8 Exposição

pav. -2

Corte BB’

Fonte: São Paulo Arquitetura Edições: Bárbara Lopes 1

5

10m

N

Legenda

3 pav. -1

5

Legenda

pav. 0

6

7

1

1 Curadoria 2 Sala de aula 3 Exposição

Figura 16: Vista do acesso C a partir da praça. Destaque para a fachada ventilada do bloco das áreas de apoio, na qual a vedação de vidro é protegida por uma segunda pele de elemento vazado de concreto com madeira que contrasta com o acabamento de concreto do restante do edifício. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

52

4 Ateliê 5 Estacionamento 6 Banheiro


Mezanino que funciona como um dos espaços de exposição interna.

Sala de exposição de layout livre e flexível, o que permite diferentes arranjos expositivos. Acesso acessível para a exposição do mezanino através de uma rampa.

Figura 17: Vista D, sala de exposição do pavimento térreo. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016. O acesso ao mezanino é feito através de uma rampa que se projeta para fora do edifício, criando oportunidade de um contato diferenciado com o meio externo, gerando uma pausa desejável para a transição dos pavimentos. Este espaço de transição também é uma oportunidade de contemplação ao Edifício Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, construção de relevância histórica da cidade.

“Ao subirmos a rampa de acesso ao mezanino, a transparência do vidro revela toda a fachada da escola. É como se a trouxéssemos para dentro da galeria de arte”. Yuri Vital

Figura 18: Vista externa da rampa de acesso ao mezanino. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

Detalhe do projeto luminotécnico que destaca a rampa de acesso ao edifício. O guarda-corpo de vidro traz leveza, mas não compromete a acessibilidade por completo, já que foi instalado um corrimão.

Materiais __ Estrutura em concreto armado

com acabamento aparente; __ Vedações de vidro transparente; __ Madeira no acabamento da fachada ventilada e em algumas portas; __ No interior o concreto também é dominante, trabalhado em conjunto com o vidro e a madeira.

Acesso B Figura 19: Vista E, perspectiva externa do edifício. Foto: Fábio Hargesheimer, 2016.

53


Figura 20: Vista A, entrada da casa de chá. Destaque para as angulações da cobertura e os grandes planos envidraçados. Foto: Chao Zang, 2018.

8.3 PAVILHÃO LIVING ART + PAVILHÃO SÃO GERALDO

Figura 21: Vista A, o pavilhão é composto por planos verticais distribuídos de forma 54 2019. harmoniosa e sugere um percurso de contemplação. Foto: Haruo Mikami,


Ficha Técnica Pavilhão Living Art __ Tipologia: arquitetura cultural __ Projeto arquitetônico: Mozhao Architects __ Projeto paisagístico: Wenguo Luo e Die Hu __ Projeto de design de interiores: Wenguo Luo, Ziyun Mai e Lingli Yang __ Área construída: 450m² __ Início do projeto: 2016 __ Inauguração: 2018 __ Localização: Distrito Bao an, Shenzhen, China Contexto O Pavilhão Living Art integra uma estratégia de modernização de um parque industrial, a qual tinha como prioridade incentivar atividades culturais e de recreação na área. O edifício está inserido em um contexto urbano, próximo a uma rodovia expressa, o que a princípio é um incômodo que solicita medidas paliativas em relação ao ruído e à poluição visual. Nesse sentido, o projeto tira partido dessas premissas e incorpora ao edifício a vegetação. O Pavilhão SG foi uma obra efêmera patrocinada pela Loja São Geraldo, uma empresa de acabamentos para construção civil. O edifício compôs um dos ambientes da CASACOR Brasília 2019, que teve como temas principais afetividade, sustentabilidade e tecnologia. A principal referência foi a arquitetura moderna de Oscar Niemeyer, em especial a Casa da Manchete, obra de 1978 que funcionava como sede da extinta revista e TV Manchete, local que hoje sedia o evento de arquitetura e design. A escolha dos pavilhões para integrar o terceiro estudo de caso partiu da busca por projetos de menor escala e com um programa de necessidades mais focado no conceito de “terceiro lugar”, aquele no qual o público deseja estar, seja para relaxamento ou para realizar alguma atividade específica. Os projetos foram analisados em conjunto devido à uma relação compositiva complementar entre eles identificada ao longo do estudo. Desde o conceito projetual até as cores utilizadas, foi analisada uma possibilidade de coexistência entre ambos, que combinados integram uma importante referência projetual para a proposta do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP.

Principais referências __ Composição formal; __ Escala humana; __ Materialidade; __ Solução de cobertura; __ Integração dos edifícios com a vegetação; __ Proposta de ressignificação espacial: circulação transformada em percursos contemplativos;

__ Composições espaciais capazes de incentivar atividades culturais.

Ficha Técnica Pavilhão SG __ Tipologia: arquitetura cultural __ Projeto arquitetônico: SAINZ Arquitetura __ Projeto paisagístico: Marina Pimentel Paisagismo __ Área construída: 650m² __ Inauguração: 2019 __ Localização: Brasília - DF, Brasil 55


Intenção Projetual

Partido

Criar uma atmosfera recreativa dinâmica. Para isso, seu programa de necessidades consiste em uma loja de móveis e uma casa de chá, além dos espaços verdes para contemplação e relaxamento. A escala sutil do edifício cria um espaço confortável para os pedestres.

Habitações tradicionais em Shenzhen: telhado inclinado e pátios internos.

Proximidade com rodovia, um incômodo que solicita medidas paliativas em relação ao ruído e à poluição visual.

Figura 22: Vista superior. O pavilhão é margeado por rodovias de fluxo intenso de automóveis. Foto: Chao Zhang, 2018.

O projeto tira partido dessas premissas e incorpora ao edifício a vegetação, que funciona tanto como barreira visual e sonora, quanto como artifício para o conforto ambiental.

Figura 23: Perspectiva superior. Inserção do edifício em um contexto urbano. Foto: Chao Zhang, 2018.

Evolução Formal 6 BLOCOS

+

+

+

+

+

1 BLOCO = PÁTIO + VOLUME COBERTURA UNIDIRECIONAL

Legenda

+

+

Pátio

+

Piso externo Piso interno

Loja de móveis

Vidro Parede

Casa de chá

C

V

V

B

Planta Baixa

V

1 Loja de móveis

2 Casa de chá

Fonte: Mazhao Architects

56

2

4

A

N 10m


Intenção Projetual A proposta é um espaço de convívio em torno da cultura, arquitetura, paisagismo, arte e música. O mobiliário é distribuído ao longo de um percurso labiríntico e geométrico, que reduz o ritmo da caminhada de um bloco ao outro do complexo e favorece a contemplação dos jardins. Um pavilhão para facilitar o encontro entre o visitante e a arte, de forma introspectiva e sensorial. Bloco 1

Bloco 3

Bloco 2

Figura 24: Acesso principal ao pavilhão. Foto: Jomar Bragança, 2019.

Planta de Situação

Legenda

10

Jardim Piso pavilhão

50m N

Fonte: Google Earth, 2020.

BLOCO 1

Edificações pré-existentes

BLOCO 2

Planos verticais pavilhão

PAVILHÃO

Mobiliário

BLOCO 3

V

C

V

D

V

A

ESPAÇO CASACOR SEBRAE

V

B

BANHEIROS

SAÍDA CAFÉ

Planta Baixa 57

5

15m

N


Figura 25: Vista B, interior da loja de móveis. Foto: Chao Zhang, 2018.

Figura 26: Vista C, destaque para a inserção do pavilhão próximo a Casa da Manchete, obra de Niemeyer. Foto: v Bragança, 2019.

58


Composição Corte em perspectiva espacial Fonte: Mazhao Architects

2

4

10m

Loja de móveis

Casa de chá

Perspectiva Explodida

Soluções arquitetônicas

Fonte: Mazhao Architects

Vigas de concreto realçam o efeito de perspectiva na inclinação da cobertura e contrastam com a pureza das paredes brancas de acabamento liso.

Telha inclinação unidirecional

Espaço interno fluido com poucas divisões permite a ampla vizualização do todo. Aberturas vedadas com vidro permitem a contínua visualização do espaço exterior e garantem a iluminação natural.

Estrutura em concreto armado

Esquadrias de alumínio preto fosco com vedações de vidro transparente.

Acabamento de revestimento cerâmico branco texturizado dos planos verticais.

Detalhe da iluminação de LED utilizada nos planos verticais.

Mobiliário também recebe iluminação de LED na parte inferior para se destacar em relação ao piso de mesmo material. Diferentes angulações da cobertura conferem ritmo e harmonia ao volume do edifício. Piso de revestimento cerâmico de cor escura contrasta com o branco dos planos verticais, enfatizando-os.

59


Exercício

Composição espacial Pavilhão Living Art + Pavilhão SG

A partir do estudo das composições arquitetônicas foi possível combinar as estratégias projetuais de ambos os pavilhões, exercitar novos arranjos e criar uma nova composição espacial. Esta resulta da replicação das soluções desenvolvidas pelos arquitetos responsáveis por cada obra, adaptadas à novas circunstâncias.

A coexistência dos dois pavilhões vai ao encontro da proposta de valorizar um espaço existente e proporcionar ao visitante relaxamento e contemplação.

Composição básica: Bloco 1

+

Conexão ao ar livre

+

Bloco 2

N

Conexão ao ar livre Bloco 1

2

4

Bloco 2

Figura 27: Vista D, destaque para o projeto luminotécnico do mobiliário e dos planos verticais. Foto: Haruo Mikami, 2019.

Figura 28: Vista C, destaque para o pátio que compõe cada bloco do pavilhão, formando novos espaços de permanência. Foto: Chao Zhang, 2018.

60

10m


PARTE III

61


9

ÁREA DE PROJETO 1 9.1 Caracterização do empreendimento

__ Preliminares do Projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP __ Localização: Vila Gianetti, nº. 4 - Campus da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa - MG __ Objetivos: __Investir na educação artística e cultural da população; __Intensificar as ações da UFV no campo museológico; __Trazer mais visibilidade e cativar um novo público para os museus e espaços de ciências existentes; __Otimizar as atividades administrativas da SEMEC; __Proporcionar ao público em um edifício dinâmico e multifuncional capaz de propiciar o interesse pela arte; __Proporcionar aos visitantes espaços de contemplação e lazer em meio à natureza e ao patrimônio histórico; __Oferecer espaços adequados para ensino e conhecimento de diversas manifestações culturais; __Oferecer salas de reserva técnica com as condições ambiente necessárias para preservação de bens móveis. __ Justificativa: __Demanda municipal por equipamentos culturais para toda a população; __Demanda da SEMEC em concentrar a área administrativa para otimizar a atividade dos funcionários e expandir a atuação de alunos nas áreas de pesquisa e extensão; __Demanda por espaços de reserva técnica para o acervo de diversos museus; __Exercício da responsabilidade social de valorizar o patrimônio.

9.2 Escolha do terreno __ A Vila Gianetti é a área de intervenção. Levando em

consideração que os museus e espaços de ciência da UFV compõem um Circuito de Museus é interessante que tais espaços estejam próximos da Sede. Figura 1: Vila Gianetti em construção. Fonte: Arquivo Central e HisAlém disso, a proximidade entre esses equipamentos tórico da UFV, 1957. culturais e a reserva técnica permite uma circulação mais fácil e segura do acervo dos museus. __ A Vila Gianetti representa um importante patrimônio que compõe a história da UFV e de Viçosa. O projeto busca relacionar uma nova edificação, de estética contemporânea, com os edifícios históricos. Tal fato vai ao encontro de um dos princípios do PDFA de manter a liberdade formal arquitetônica sem desrespeito ao patrimônio histórico existente (UFV, 2008). __ Localização da Vila no limite entre o centro da cidade e o início da UFV, marcado pelas Quatro Pilastras. Tal localização reforça a ideia de que o edifício é um equipamento cultural para os cidadãos, independente de serem ou não vinculados à UFV.

Figura 2: Vila Gianetti atualmente. Foto: autor e data desconhecidos

1  Esta etapa teve como referência o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) elaborado pelo Concelho de Arquitetura e Urbanismo - CAU (BRASIL, 2017).

62


__ O terreno: Opção 1

Opção 2

Av. Mal. Castelo Branco

Opção 3

Terreno escolhido Av. Purdue

Av. P.H. Rolfs

N 20

100m

60

Fonte: Google Earth, 2020

__Localização privilegiada no início da Vila, próximo à Rua dos Estudantes, à Avenida Purdue e à Avenida P.H. Rolfs.

__Extensa área verde que pode ser aproveitada para uso público de

lazer e contribuir com o conforto ambiental. O terreno possui vista e acesso para o fundo do lote de diversas casas, o que possibilita um percurso entre as mesmas e o novo edifício. Há também vistas para a cidade, o que mais uma vez reforça o caráter público do projeto. __Atualmente as casas da vila possuem os mais diversos usos. Tais espaços recebem tanto um público cativo - que inclui os funcionários e aqueles que frequentam rotineiramente - como também um público esporádico, que visita por alguma razão específica. Dessa forma, há um público contínuo que somado à população que vive nos arredores e aos estudantes e servidores da UFV, compõe um novo grupo de visitantes em potencial para usufruir dos espaços propostos no projeto e conhecer os museus e espaços de ciências. __A maior parte dos espaços culturais e artísticos encontram-se reunidos em um raio de 1.200 metros em relação ao terreno, o que reforça sua localização estratégica central.

R

=

0m

20

1.

Mapa: Centralidade do Terreno

63


9.3 Caracterização da vizinhança

400m

Mapa esquemático da vizinhança 100

300

400m

N

500m

De acordo com o PDFA (UFV, 2008), o terreno está localizado na Zona de Uso Especial da UFV.

Legenda Terreno

Equipamento cultural

Áreas non aedificandi

Vizinhança imediata

Residencial

Hidrografia

Vizinhança mediata

Comercial e serviços

Lote

UFV

Institucional

Estacionamento

Zona de Uso Especial - ZUE UFV

Misto

Zona Central - ZC

1 a 3 pavimentos

Sistema de circulação

Zona Residencial 1 - ZR1

4 a 6 pavimentos

Via arterial

Zona Residencial 2 - ZR2

7 a 10 pavimentos

Via coletora

Zona Residencial 4 - ZR4

Acima de 10 pavimentos

Via local

Limite UFV - Centro

64

Ferrovia


Mapa de Uso e Ocupação

N

Escala 1:5.000 Fonte: Google Earth, 2020

Loteamento Belvedere

Terreno Áreas

15

C al.

m

.M

Av

20m

t

as

Lote

o

nc

ra

B elo

Vila Gianetti

Uso residencial

15m

Uso comercial

10m

Uso institucional

5m

Uso misto

30m

1 a 2 pavimentos

Av. Purdue

0m

Horto Botânico

Rua Jo

3 a 6 pavimentos

drigue

nio Ro

tes R. dos Estudan

Acima de 10 pavimentos

s

-5m

Mapa de Gabarito

Av. P.H. Rolfs

sé Antô

7 a 10 pavimentos

N

Escala 1:5.000

Loteamento Belvedere

Terreno Áreas

o

nc

ra

B elo

20m

st

m

15

Lote

a

.M

Av

a l. C

Vila Gianetti

Uso residencial

15m

Como chegar:

Uso comercial

10m

Uso pela institucional __ À pé: acesso rua José Antô-

5m

nio Rodrigues até a chegada da Uso misto Vila Gianetti 1 aacesso 2 pavimentos __ Automóvel: pela rua José Antônio Rodrigues, até a chega3 a 6 pavimentos da da Vila Gianetti 7 a 10 pavimentos __ Ônibus: ponto de parada mais Acima de 10 P.H. pavimentos próximo na avenida Rolfs, acesso ao terreno à pé pela rua José Antônio Rodrigues.

30m

Av. Purdue

0m

s

65

drigue

-5m

Ponto de ônibus

nio Ro

tes R. dos Estudan

sé Antô

Rua Jo

Horto Botânico

Av. P.H. Rolfs


5

,4

12

24,

32,9

4

16,

No

Le

rte

st

e

V

G

V

V

H

Oe 58,2

30

64,0

66

l

E

Su

st

e

F

V

Vi

ti

net

ia la G


Mapa do Terreno

N

Escala 1:500

Parâmetros Urbanísticos ZUE

1

Taxa de Ocupação - TO

50%

m

l=0 Níve

Gabarito

i

ianett Vila G

C

V

4,0

V

D

A

V

11,6

B

30%

Afastamento Frontal - AF

7m

Afastamento Lateral - AL

4m

4 m. (UFV, 2008) __ Acima do gabarito de 1 pavimento só poderão ser construídos volumes destinados a caixas d’água, coletores solares, casas de máquinas de elevadores e platibandas. Neste caso o pé-direito mínimo deve ser de 2,70m (UFV, 2008). __ É permitido construir no subsolo, desde que os mesmos parâmetros urbanísticos sejam seguidos (UFV, 2008). __ Deve-se destinar ao estacionamento o mínimo de 30% da área construída. Cada 50m² de área construída deve corresponder a uma vaga de estacionamento. (UFV, 2008)

4,0

V

Tava de Permeabilidade - TP

__ Área do terreno: 5.926m² __ Área de ocupação: máx. 2.963m² __ Área permeável: mín. 1.777,80m² __ Cota máx.: aprox. 2,60m __ Cota mín.: aprox. 1,20m __ O pé direito máximo permitido é de

22,7 42,9

Valores

7,0

45,5

41,6

Legenda

Medidas em metros Terreno Áreas non aedificandi Área de uso do Dep. de Solos Lote Edificação pré-existente Vegetação principal Hidrografia Limite UFV - Centro Ventos predominantes Orientação solar

67


Levantamento fotográfico

Vista A. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Atualmente a parte frontal do terreno, entre as casas, funciona como estacionamento, com 35 vagas para carros.

Vista B. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Na lateral direita do terreno localiza-se a Diretoria de Relações Institucionais da UFV. Os lotes são separados por muros de concreto e cercas vivas.

Vista C. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

O terreno é circundado por vegetação de grande porte.

Na lateral esquerda do terreno localiza-se a Fundação FACEV.

Vista D. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

A parte frontal do terreno é um lote entre duas casas da Vila. A vegetação de grande porte destaca-se na paisagem.

68


Vista E. Foto: Ítalo Stephan, 2020.

Vista para os edifícios de maior gabarito localizados na avenida P.H. Rolfs e na rua dos Estudantes.

Após o estacionamento, parte do terreno é utilizada para plantação de mudas.

Vista F. Foto: Ítalo Stephan, 2020.

A partir do terreno é possível visualizar os fundos de diversas casas da Vila Gianetti. Construções pré-existentes no terreno: barracões para auxiliar na plantação de mudas.

Vista G. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Grande parte do terreno é ocupada pelo viveiro de plantas.

Vista H. Foto: Bárbara Lopes, 2020.

Vegetação de grande porte preservada no terreno que será considerada no projeto arquitetônico.

69


9.4. Caracterização dos impactos __ Impacto sobre a circulação de veículos: __O novo empreendimento requer novas áreas de estacionamento.

Além disso, no terreno escolhido há atualmente um estacionamento de 35 vagas. Dessa forma, identifica-se a necessidade de realocar o estacionamento existente e ainda fornecer novos espaços para tal uso. __ Impactos de uma possível construção de estacionamento subterrâneo no terreno escolhido: __Grande intervenção de corte no terreno; __Proximidade com o ribeirão São Bartolomeu: requer atenção especial na gestão de resíduos e do canteiro de obra para que não haja contaminação. __ Impacto sobre as condições de circulação de pedestres, pessoas com deficiência ou de mobilidade reduzida: considerar a possível intervenção em calçadas e vias de veículos para garantir acessibilidade. __ Impacto sobre conforto ambiental: nesse quesito propõe-se o mínimo impacto sobre ventilação, iluminação, poluição sonora e atmosférica na área de vizinhança imediata, visto que a edificação deve seguir os princípios estabelecidos no PDFA - afastamentos adequados, baixa taxa de ocupação, baixo gabarito e grandes jardins contornando as edificações (UFV, 2008). Além disso, as atividades propostas não possuem natureza de impactos sonoros e de poluição atmosférica. Inclusive há como premissa a máxima preservação da vegetação de médio e grande porte pré-existente. __ Impacto sobre a atual atividade exercida no terreno: viveiro e estufa do Departamento de Solos. Entende-se que tais atividades não teriam suas funções comprometidas caso fossem realocadas.

Diagrama: pré-existências no terreno

Vila

ti

Estufa e área gramada de uso do Departamento de Solos da UFV. Porção do terreno em posição estratégica para conexão entre os jardins do CAP e as casas.

net

Gia

m

l=0

Níve

ianetti

Vila G

Barracões para os funcionários do viveiro de plantas. Plantação de mudas coberta Estacionamento

Área destinada ao viveiro: plantação de mudas

70


PROGRAMA DE NECESSIDADES O levantamento de atividades a serem exercidas no Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP foi realizado a partir do cruzamento das informações adquiridas no estudo teórico, desenvolvido da PARTE II, com a análise de projetos arquitetônicos de tipologia similar. Somou-se a isto o diagnóstico das atuais condições de trabalho da SEMEC para que o programa de necessidades, além de aprimorar as atividades da Secretaria, fosse diversificado, dinâmico e condizente com a sociedade contemporânea. Por conseguinte, o programa de necessidades foi estruturado em quatro setores principais: ADMINISTRATIVO

ENSINO

10

LAZER

SERVIÇO

A praça é um espaço estruturador do projeto, a partir dela é possível desfrutar da área externa - que será trabalhada com amplos jardins - e acessar as galerias de exposições, cafeteria e algumas áreas de serviço. Internamente, o hall de entrada é o espaço distribuidor, que direciona os fluxos para os setores administrativos, de ensino e de lazer. Foi elaborada uma tabela com a descrição de cada espaço e seu pré-dimensionamento, em seguida obteve-se a área útil total e posteriormente a área construída aproximada. Para determinar a área do estacionamento foi consultado o PDFA (UFV, 2008) que estabelece a relação entre área construída e área destinada para tal uso. A estruturação do programa de necessidades em setores possibilita uma estratégia organizada de uma futura expansão da área construída. Por isso, a relação de áreas por setor está contida no seguinte gráfico: ÁREA m²

600

500

Público Alvo

400

Uma das prioridades do CAP é garantir que o público frequentador do edifício seja o mais diversificado possível, proveniente de diferentes localidades, inclusive de cidades vizinhas. Tal fato está diretamente atrelado com a diversidade do programa de necessidades.

300

200

100

administrativo

ensino

lazer

serviço

estacionamento

71

SETOR


Pré-dimensionamento

Serviço

Lazer

Ensino

Administrativo

SETOR

PROGRAMA

USUÁRIO

QUANT.

MOBILIÁRIO

10

1

sofás, poltronas

1

3

1

balcão, cadeira

Sala administrativa

6

8

2

mesas, cadeiras, armários

Sala de funcionários

0

8

1

Copa

0

8

1

Sala de reuniões

0

8

1

mesas, cadeiras, armários

Almoxarifado

0

1

1

armários

Depósito

0

1

1

prateleiras

DML

0

1

1

armários, prateleiras

Banheiro

0

1

2

sanitários, lavatórios

Banheiro PCD

0

3

2

sanitários, lavatórios

Sala de estudo

1

30

3

mesas, cadeiras, armários

Laboratório de conservação e restauro

2

20

1

mesas, cadeiras, armários

Sala multiuso

0

40

1

mesas, cadeiras, armários

Galeria de exposição permanente

1

40

1

mobiliário móvel: cavaletes, suportes, painéis expostos

Galeria de exposições temporárias

1

40

2

mobiliário móvel: cavaletes, suportes, painéis expostos

Biblioteca

1

30

1

Banheiro

0

3

2

sanitários, lavatórios

Banheiro PCD

0

1

2

sanitários, lavatórios

Depósito

0

1

1

prateleiras

DML

0

1

1

armários, prateleiras

Cafeteria

6

40

1

mobiliário de cozinha, mesas, cadeira

Loja

1

4

1

balcão, expositores

Banheiro PCD

0

1

2

sanitários, lavatórios

Depósito

0

1

1

prateleiras

DML

0

1

1

armários, prateleiras

Reserva técnica

0

2

3

Sala de máquinas

0

1

1

equipamentos

Central de ar-condicionado

0

1

1

equipamentos

Sala de TI

0

1

1

equipamentos, armários

Sala no-break

0

1

1

equipamentos, armários

Sala QGBT

0

1

1

equipamentos, armários

Almoxarifado

0

1

1

armários

Oficina

0

2

1

armários, prateleiras, mesas

Jardinagem

0

2

1

armários, prateleiras

Depósito

0

1

1

prateleiras

DML

0

1

1

armários, prateleiras

Banheiro PCD

0

1

2

sanitários, lavatórios

fixo

variável

Hall de entrada

1

Recepção

72

mesas, cadeiras, armários, sofás, guarda-v

mobiliário de cozinha, mesas, cadeiras arm

mesas, cadeiras, estantes, guarda-volu

armários, prateleiras, arquivos, suport


Fluxograma ÁREA SETOR (m²)

ÁREA (m²)

ÁREA TOTAL (m²)

54,00

54,00

6,00

6,00

36,00

72,00

volumes

18,00

18,00

mários

12,00

12,00

12,00

12,00

6,00

6,00

3,00

3,00

6,00

6,00

9,00

18,00

3,60

7,20

18,00

54,00

54,00

54,00

BANHEIRO PCD

54,00

54,00

ALMOXARIFADO

108,00

108,00

108,00

216,00

108,00

108,00

9,00

18,00

3,60

7,20

6,00

6,00

3,00

3,00

84,00

84,00

18,00

18,00

3,60

7,20

6,00

6,00

3,00

3,00

36,00

108,00

18,00

18,00

SALA QGBT

18,00

18,00

SALA NO-BREAK

12,00

12,00

12,00

12,00

6,00

6,00

12,00

12,00

12,00

12,00

12,00

12,00

6,00

6,00

3,00

3,00

3,60

7,20

s, objetos

s, objetos

umes

as

tes

BANHEIRO BANHEIRO PCD COPA

DML

DML

214,20

DEPÓSITO

DEPÓSITO

LABORATÓRIO

SALA FUNC.

BIBLIOTECA

SALA REUNIÃO

RECEPÇÃO

SALA DE ESTUDO

SALA ADM

SALA MULTIUSO

BANHEIRO EXP. PERMANENTE HALL

628,20

EXP. TEMPORÁRIA

DML BANHEIRO PCD PRAÇA

CAFETERIA

DEPÓSITO

DML BANHEIRO PCD

LOJA

DEPÓSITO ALMOXARIFADO

JARDINAGEM

RESERVA

118,20

ACESSO PEDESTRES

SALA MÁQUINAS

ACESSO AUTOMÓVEIS

CENTRAL AR-COND. SALA TI

ESTACIONAMENTO

OFICINA

226,20

RESERVA TÉCNICA

ÁREA ÚTIL 1186,80 m² ÁREA CONSTRUÍDA (acrésci- 1542,84 m² mo de 30% da área útil) ESTACIONAMENTO (31 vagas) 775 m² TOTAL 2317,84 m²

73

Legenda circulação interna circulação externa circulação vertical conexão coberta


CONCEITO PROJETUAL E PARTIDO FORMAL Conceito

O Centro de Apoio ao Patrimônio é um edifício que convida o usuário a relacionar-se com diferentes expressões culturais. A relação é criada em um espaço construído estimulante e propício para o conhecimento de objetos de valor histórico e artístico e de atividades associadas ao desenvolvimento cultural. Esse convite é fortalecido pela qualidade espacial do edifício e pelo contato visual com os jardins que o compõem. Sua presença será facilmente identificada, mas não ofusca a vizinhança, misturando-se sutilmente com seu entorno. Ao adentrar nos jardins, o visitante pode vislumbrar todo o espaço urbano e histórico da região e sentir-se convidado a entrar no edifício e conhecer seu potencial social e cultural. A proposta é integrar visualmente e fisicamente o espaço histórico pré-existente e sua natureza com o novo edifício.

Premissas __ Importância da vida cultural e artística para o desenvolvimento do cidadão;

__ Reconhecimento do valor arquitetônico e histórico da Vila Gianetti;

__ Parâmetros urbanísticos da lei de uso e ocupação do solo; __ Existência de um ambiente paisagístico a ser preservado; __ Terreno localizado na Vila Gianetti em local privilegiado, com área

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ampla, sem declive e que está subutilizado, considerando que sua atual função pode ser realocada para outro espaço no Campus.

Diretrizes

__ Manter o protagonismo da Vila Gianetti; __ Preservar e fortalecer a área de preservação permanente do ribeirão São Bartolomeu;

__ Valorizar as árvores existentes no terreno; __ Minimizar o impacto ambiental durante a construção; __ Organizar a solução espacial em setores: público, administrativo,

serviços e apoio; __ Projetar estacionamento no subsolo; __ Utilizar métodos construtivos que possibilitem ampliações e flexibilidade quanto aos espaços internos; __ Priorizar estratégias naturais de ventilação e iluminação; __ Especificar materiais, técnicas construtivas e plasticidade das fachadas a partir da função do espaço interno e de suas necessidades quanto à ventilação e insolação; __ Conferir unidade aos acabamentos da volumetria externa; __ Adaptar a forma orgânica do edifício à ocupação do terreno, para valorizar os espaços externos e diversificar seu uso; __ Criar conexões entre o edifício e as casas vizinhas através do paisagismo e da paginação de piso para que os fundos dos lotes sejam mais bem aproveitados; __ Utilizar um sistema estrutural racionalizado, tecnologias construtivas contemporâneas e sustentáveis, como construção seca, captação de água pluvial e uso de energia solar.

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Diagrama Partido Formal

01. Representação do terreno com a vegetação de grande porte existente e sua delimitação por muros de concreto.

02. O edifício insere-se linearmente no terreno, considerando o gabarito máximo de 1 pavimento. A vegetação de grande porte identificada será mantida e fará parte de todo o complexo.

1 03.

O edifício é dividido em blocos setorizados e o setor de serviço e estacionamento implantados no subsolo. A menor taxa de ocupação no térreo permite o aproveitamento do terreno para áreas de jardins. Lazer

Administração

Serviço e estacionamento A distribuição dos blocos no terreno é ordenada a partir da proximidade com a via de acesso: espaços de uso público na área frontal e administrativo na posterior. Ensino

04.

As árvores funcionam como pontos de atração para a blocos no terreno e ao redor delas criam-se espaços de permanência. Busca-se uma integração visual entre a área construída, tanto do projeto proposto quando da Vila Gianetti, e as áreas verdes.

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05. Os blocos são realocados no terreno aproximando-se da vegetação, compondo uma implantação mais harmônica. Maior recuo frontal do bloco de ensino para destacar a entrada do edifício e criar uma praça, a partir da qual será possível acessar qualquer área do complexo.

06. Nas fachadas à leste são propostas superfícies envidraçadas adequadas ao conforto térmico e à visualização do exterior. No bloco de ensino, as fachadas envidraçadas também serão importantes para que o transeunte veja o interior do edifício.

07. As fachadas oeste recebem elementos de proteção solar, como brises, para garantir o conforto térmico e o contato visual com o exterior.

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08. As fachadas leste possuem variações dos ângulos das paredes para romper com a rigidez dos blocos. Tal variação faz uma referência implícita ao formato típico dos telhados das casas da Vila Gianetti.

09. A cobertura integra os blocos criando uma circulação e novos espaços de abrigo. Retirada de barreira física existente nas imediações do terreno, possibilitando a conexão entre os jardins e as casas da Vila Gianetti.

10. Composição esquemática final do edifício na etapa preliminar. No ambiente externo são criadas áreas de permanência para atividades ao ar livre. Reforça-se o conceito de integração entre o interior e exterior, através das praças em meio às edificações e à vegetação e pelos materiais utilizados no acabamento.

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Vistas externas preliminares

Vista A

Vista B

Vista C

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C

Bloco de ensino com as galerias. Irá reunir também o hall de entrada e recepção.

V B

2

V

1

5 Bloco de ensino com as salas de estudo, biblioteca e laboratório.

3 4

Bloco da cafeteria e loja.

V A

Vista parcial de uma das casas da Vila Gianetti. Destaca-se a importância em rever o material dos muros que separam os lotes, para que seja possível uma visão mais ampla de todo o espaço.

A cobertura que une todos os blocos distribui a circulação e cria um espaço sombreado de permanência. A partir dele será possível observar todo o complexo.

Implantação Esquemática 10

30

50m

N

De forma simplificada, a primeira proposta de setorização é a seguinte: Ao fundo vemos a cafeteria e a vista traseira de algumas casas da Vila. A relação entre o interior e exterior será explorada a partir de grandes planos envidraçados que permitem a vista dos jardins a partir do interior do edifício.

1 Administração 2 Salas de aula, biblioteca, laboratório 3 Cafeteria e loja 4 Hall, recepção, galerias de exposição 5 Cobertura Indicação das conexões com as casas da Vila Gianetti Considerando que as áreas de serviço e estacionamento estão no subsolo.

Principais desafios projetuais __ Solucionar os espaços de serviço e estacionamento no subsolo;

__ Elaborar uma estrutura que seja interessante plasticamente para cobertura que una todos os blocos do edifício;

__ Otimizar os fluxos internos da solução em planta; __ Garantir as condições-ambientes adequadas das galerias de exposição e das reservas técnicas;

__ Criar um sistema de aberturas para iluminação e ventilação A cobertura, que será trabalhada plasticamente, será o elemento integrador de todo o projeto. Bloco administrativo cuja fachada oeste receberá um elemento de proteção solar, assim como o bloco de salas de estudo, biblioteca e laboratório.

com elementos de proteção solar quando necessário; __ Garantir a segurança do edifício e de seus usuários; __ Elaborar uma solução segura e esteticamente agradável da separação física entre lotes das casas da Vila Gianetti e o terreno. __ Solução final contemporânea que promova a integração do edifício com a Vila Gianetti sem comprometer o protagonismo da mesma.

As árvores delineiam espaços de permanência ao ar livre.

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CONCLUSÕES A partir de toda a reflexão teórica, das análises dos estudos de caso e do espaço urbano de Viçosa foram elaboradas as preliminares do projeto arquitetônico do Centro de Apoio ao Patrimônio. Ao longo do processo foi observado que as especificidades da cidade e de sua população são importantes condicionantes do projeto, mas que o conhecimento acerca da história e das manifestações arquitetônicas nacionais e internacionais são imprescindíveis para criar uma proposta inovadora que impactará positivamente a dinâmica urbana e social. Conclui-se que a criação de um equipamento como o CAP compõe uma estratégia de melhoria de qualidade de vida e de desenvolvimento pessoal do cidadão, tratando-se de uma oportunidade para que mais pessoas possam conhecer e interagir com a arte. A composição formal do edifício deve ser sutil a ponto de não intimidar o visitante, mas expressiva e funcional para cumprir seu papel social. O projeto terá continuidade na disciplina ARQ399 - Trabalho de Conclusão de Curso II, para que sejam feitas as decisões de projeto que irão resultar na forma final do projeto e solucionar os problemas estruturais, técnicos e funcionais. Portanto, o novo edifício sana a demanda atual da SEMEC e insere-se na cidade como um equipamento cultural indispensável para a população. O cronograma da próxima etapa foi definido para um período de 16 semanas, mas está sujeito a alterações do calendário da UFV:

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Mês 1: __ Ajustes indicados pela banca de ARQ398: 2 semanas __ Desenvolvimento do estudo preliminar: 2 semanas Mês 2: __ Desenvolvimento do estudo preliminar: 4 semanas Mês 3: __ Desenvolvimento do estudo preliminar: 2 semanas __ Desenvolvimento do anteprojeto: 2 semanas __ Desenvolvimento apresentação em PDF para pré-banca __ Apresentação pré-banca Mês 4: __ Conclusão do anteprojeto: 2 semanas __ Detalhamento de elementos específicos e especificação dos materiais e memorial descritivo: 2 semanas __ Conclusão do caderno __ Entrega do caderno __ Desenvolvimento apresentação em PDF __ Apresentação final da banca

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1


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REFERÊNCIAS

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Capítulo 5

14 LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Disponível em: <https://pt.wahooart.com/@@/8XXRA2-Claude-Lorrain-(Claude-Gell%C3%A9e)-Apolo-e-as-Musas-no-Monte-Helicon>. Figura 2: Disponível em: <https://www.reprodart.com/a/francken-d-j-frans/art-chamber.html>.

Figura 3: Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Giuseppe_Castiglione_-_View_ of_the_Grand_Salon_Carr%C3%A9_in_the_Louvre_-_WGA4552.jpg>. Figura 4: Disponível em: <http://www.mp.usp.br/acervo>. Figura 5: Disponível ries-1683286>.

em:

<https://news.artnet.com/exhibitions/moma-permanent-galle-

Figura 6: Disponível em: <https://dicasparis.com.br/paris/centro-museu-georges-pompidou-em-paris-franca/>. Figura 7: Disponível em: <https://gulbenkian.pt/descobrir/criancas-e-familias/>.

Figura 8: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/925128/museu-the-twist-big/5d822b34284dd136320000a4-the-twist-museum-big-photo>. Figura 10: Disponível em: <https://www.pinterest.ch/pin/845550898769273552/>.

Figura 11: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_Eiffel#/media/Ficheiro:Construction_tour_eiffel5.JPG>. Figura 12: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Torre_Eiffel#/media/Ficheiro:Construction_tour_eiffel8.JPG>. Figura 13: Disponível em: <https://dicasparis.com.br/paris/centro-museu-georges-pompidou-em-paris-franca/>. Figura 14: Disponível em: <https://gulbenkian.pt/agenda/1969-art-on-display/>.

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Capítulo 6 Figura 15: Disponível em: <http://www.museunacional.ufrj.br/dir/omuseu/omuseu.html>. Figura 16: Disponível em: <https://www.caupa.gov.br/arquitetura-de-museus-no-brasil-avancos-e-retrocessos-por-nivaldo-andrade/> Figura 17: Disponível em: <https://masp.org.br/video/home-site.jpg> Figura 22: Disponível em: <http://www.novoscursos.ufv.br/projetos/ufv/semec/www/wp-content/ uploads/Fachada-do-Museu-de-Ci%C3%AAncias-da-Terra-Alexis-Dorofeef.png> Capítulo 8 Figura 1: Disponível em: <https://gulbenkian.pt/arquivo-digital-jardim/garden-document/exteriores-vista-aerea-do-conjunto-da-sede-e-museu-2/>. Figura 2: Disponível em: <https://bityli.com/wvXwj>. Figura 3: Disponível em: <https://bityli.com/3B6yi>. Figura 4: Disponível em: <https://bityli.com/6j4gg>. Figura 6: Disponível em: <https://bityli.com/a6UoP>. Figura 9: Disponível em: <https://bityli.com/wE2IG>. Figura 10: Disponível em: <https://content.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/sites/5/2016/06/28151840/sobre-colecao-destaque.jpg>. Figura 12: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8bf2e58ece102b000026-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo>. Figura 13: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8a91e58ece102b000013-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo?next_project=no>. Figura 14: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8b47e58ece7e0f000010-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo?next_project=no>. Figura 15: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8ab7e58ece7e0f00000b-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo?next_project=no>. Figura 16: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8b79e58ece102b000023-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo?next_project=no>. Figura 17: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/571f8af9e58ece7e0f00000d-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-photo?next_project=no>. Figura 18: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/ 571f9013e58ece102b00003c-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-image?next_

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project=no>. Figura 19: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/786322/porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura/ 571f9029e58ece7e0f000016-porto-seguro-cultural-center-sao-paulo-arquitetura-image?next_ project=no>. Figura 20: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/916340/pavilhao-living-art-mozhao-architects/5cc103fe284dd11faa00038e-living-art-pavilion-mozhao-architects-photo>. Figura 21: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/927590/pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura/5dba64a73312fd7c7e000533-pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura-foto>. Figura 22: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/916340/pavilhao-living-art-mozhao-architects/5cc102df284dd11faa000385-living-art-pavilion-mozhao-architects-photo>. Figura 23: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/916340/pavilhao-living-art-mozhao-architects/5cc1033f284dd1ee9200018a-living-art-pavilion-mozhao-architects-photo>. Figura 24: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/927590/pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura/5dba62613312fd1433000cef-pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura-foto>. Figura 25: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/916340/pavilhao-living-art-mozhao-architects/5cc10540284dd11faa000394-living-art-pavilion-mozhao-architects-photo>. Figura 26: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/927590/pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura/5dba62fe3312fd1433000cf0-pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura-foto>. Figura 27: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/927590/pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura/5dba64413312fd1433000cf4-pavilhao-e-jardim-sao-geraldo-sainz-arquitetura-foto>. Figura 28: Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/916340/pavilhao-living-art-mozhao-architects/5cc1060d284dd11faa000397-living-art-pavilion-mozhao-architects-photo>. Capítulo 9 Figura 1: Disponível em: <http://200.235.128.228/index.php/image-54> Figura 2: Disponível em: <https://www.vidaememoria.ufv.br/wp-content/uploads/2019/09/ DSC_0128_Easy-Resize.com_-1024x682.jpg>

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APRESENTAÇÃO

Centro de Apoio ao Patrimônio - CAP Viçosa | 2020


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