Ciclo FAB LAB - TCC Arquitetura e Urbanismo - Unicamp 2019

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CICLO FAB LAB Laboratório de Fabricação Digital na Unicamp

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Bárbara de Holanda Maia Teixeira Orientadora: Profa. Dra. Gabriela C. Celani Campinas | novembro 2019


agradecimentos Primeiramente a todos os seres da Natureza que permitem a nossa existência. Aos meus professores da universidade e da vida, especialmente a minha orientadora Gabi Celani, a todos os funcionários da Unicamp, com um agradecimento especial aos funcionários dos restaurantes universitários e aos da limpeza, e aos meus amigos e colegas de graduação. Agradeço a minha família pelo carinho e principalmente ao meu filho que me lembra todos os dias que sempre há algo para celebrar e que a vida é repleta de ciclos e alegrias que passam despercebidos aos olhos voltados apenas para o futuro.


CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS p.90 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS p.92

INTRODUÇÃO

p.7

REFERÊNCIAS TEÓRICAS

p.11

SÍTIO DO PROJETO

p.23

REFERÊNCIAIS PROJETUAIS

p.37

PROPOSTA DO PROJETO

p.61



INTRODUÇÃO

Neste capítulo inicial são descritos a motivação pessoal, os objetivos do projeto proposto e sua estrutura de apresentação.


8 | INTRODUÇÃO

MOTIVAÇÃO No final deste longo e importante

Além dos pontos positivos e

processo que a graduação em Arquitetura

questionamentos, gostaria de destacar

e Urbanismo representou na minha

um ponto negativo que esteve presente

vida, não pude deixar de refletir sobre

na minha formação. Talvez por falta de

o que foi fundamental para a minha

engajamento em projetos de extensão ou

formação nesse período e como poderia

em buscar sair da bolha que é o mundo

propor algo para melhorar a experiência

universitário, sinto que tive poucos

dos futuros estudantes que irão passar

momentos de reais trocas de saberes com a

pela graduação nos diversos cursos

sociedade fora da academia. Porém, tenho

que são oferecidos pela Unicamp.

a convicção de que esta conexão com a sociedade deveria ser mais valorizada e

Algo que vejo como importante na

presente na formação de todos os alunos

minha formação, foi a necessidade

e não apenas dos mais engajados, pois

e oportunidade de cursar disciplinas

é o desejo da sociedade em financiar e

nos mais diversos Institutos, como

manter as universidades públicas brasileiras

Matemática, História, Geografia, Artes,

que possibilita sua existência como tal.

Línguas, além das oferecidas pela 1_ Laboratório de Automação e Prototipagem para Arquitetura e Construção da Unicamp.

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura

Quanto mais afastada a universidade

e Urbanismo. Outro marco na minha

pública está da sociedade, maior é a chance

formação foi o acesso ao lapac , no qual

de privatizações e cresce a elitização

tive a oportunidade de fazer maquetes,

dos centros de pesquisa e ensino.

1

workshops e acompanhar projetos de colegas, além de ter contato direto com

Visando propor um Laboratório de

as tecnologias de prototipagem digital.

Fabricação Digital na Unicamp que possa servir tanto à comunidade acadêmica

Nesta reflexão, também surgem

quanto ao público externo, apresento este

questionamentos. Entre eles, destaco o

exercício projetual como meu Trabalho

de como retribuir à sociedade o privilégio

Final de Graduação (tfg). Proponho

de estudar de forma gratuita em uma

um espaço onde o “fazer” seja caminho

universidade de excelência e como

para o aprendizado e desenvolvimento

contribuir para que esse privilégio possa

de novos conhecimentos, tecnologias

se tornar um direito. Com a expansão das

e processos colaborativos; espaço para

plataformas de ensino on-line, vejo com

compartilhamento de experiências e

entusiasmo que aulas antes restritas a

cooperação para o desenvolvimento de

alunos de uma determinada universidade

projetos voltados à solução de problemas

possam ser assistidas por pessoas do

locais. Principalmente, um espaço onde

mundo inteiro. No entanto, acredito que o

ninguém precise ser aprovado em

conhecimento por si só, sem espaços de

concursos, vestibulares ou qualquer outro

conexão e trocas de experiências reais, não

processo seletivo para ter acesso; espaço

é tão transformador quanto poderia ser.

que possa ser desfrutado por quem desejar.


INTRODUÇÃO | 9

OBJETIVOS O exercício projetual deste tfg em

Analisando a escala urbana deste projeto,

Arquitetura e Urbanismo propõe a

proponho a criação de um “ecossistema

criação de um laboratório público

maker” em Campinas, onde os nove campi

que tem por objetivo democratizar o

universitários atualmente existentes na

acesso ao conhecimento e ao meios

cidade seriam os pólos de irradiação da

de fabricação digital, possibilitando

Cultura Maker. Para criação desta rede,

inovações, projetos transdisciplinares e

no primeiro momento, seriam propostos

diversas formas de expressão pessoal.

um Fab Lab em cada campus ou região próxima a dois campi para em seguida

O Movimento Maker, o qual conecta a

serem criados mais espaços makers de

essência da bricolagem (faça você mesmo

acordo com a demanda de cada região,

- fvm ou do it yourself - diy) com o trabalho

a exemplo da cidade de São Paulo

colaborativo através da internet e as

que já conta com 12 Fab Labs públicos

novas ferramentas de fabricação digital,

conveniados a Rede Fab Lab Livre SP.

também está associado à consciência e à responsabilidade social (Eychenne e

A estrutura de apresentação do processo

Neves, 2013). Este movimento se insere

deste projeto está dividida em seis

no que Chris Anderson (2012) classifica

capítulos. Na Introdução são apresentados

como uma Nova Revolução Industrial,

os objetivos do projeto e sua motivação.

na qual bens físicos manufaturados

O segundo capítulo trata das Referências

passam da matéria para o digital e vice-

Teóricas, onde são abordados os conceitos

versa por meio da fabricação digital.

do Movimento Maker, Espaços Maker e Fab City. No terceiro, é apresentado o

Com o objetivo de ser um elemento

Sítio do Projeto. No quarto capítulo, após

adicional de integração da sociedade

as referências teóricas e local do projeto,

aos três pilares da universidade pública,

são analisados projetos já existentes

ensino, pesquisa e extensão, o laboratório

sobre o tema, Referências Projetuais. O

proposto é um espaço maker na Unicamp

desenvolvimento da Proposta do Projeto

vinculado à rede mundial Fab Lab3. O

é disposto no quinto capítulo. E no sexto,

nome criando para este laboratório é

são feitas as Considerações Finais.

2

Ciclo Fab Lab. Além de ser um espaço transdisciplinar, ele também deve permitir

a participação da comunidade local.

Observação: apesar de saber que o uso

Com o intuito de conectar a comunidade

de palavras estrangeiras é um fator de

acadêmica, a comunidade externa, as

exclusão social, optou-se por utilizar os

startups incubadas na Inova e empresas

termos relacionados à pesquisa deste

parceiras da Unicamp, o local proposto

projeto, em inglês, com marcação em

para a implantação do projeto é o Parque

itálico, pois muitos desses termos já

Científico e Tecnológico da Unicamp.

são utilizados no contexto brasileiro.

4

2 e 3_ Estes conceitos serão melhor explicados no próximo capítulo de referências teóricas. 4_ Agência de Inovação da Unicamp.



REFERÊNCIAS TEÓRICAS

Visando ampliar a compreensão do tema proposto para este projeto, bem como discutir sua relevância, neste capítulo são abordados os termos Movimento Maker, Espaços Maker e Fab City.


12 | referências teóricas

MOVIMENTO MAKER No livro “Makers: a nova revolução

processos de criação muito mais rápidos,

industrial“ (2012), Chris Anderson nos

já que na maioria das vezes não vão

recorda que todos nascemos makers,

partir do zero; são produtos em contínua

ou “fazedores” em tradução livre para

aprimoração e com menor custo.

o português. As crianças, curiosas e criativas ao se relacionarem com tudo

Concomitante a esta revolução no

o que as cerca, possuem a essência

mundo dos bits (virtual) gerada

do espírito maker. Muitos adultos

pela democratização da Web, uma

mantêm esse espírito vivo em seus

revolução relacionada à fabricação

trabalhos ou passatempos e isso não é

digital e às tecnologias 3D está presente

nenhuma novidade. Porém, a partir da

no universo dos átomos (real).

democratização da Web, desenvolveu-se

5_ Do façavocê-mesmo para o façacom-outros, na tradução ao português.

um novo padrão de compartilhamento

Genericamente, fabricação digital refere-

on-line. As atividades do tipo “faça você

se a todo processo em que um objeto

mesmo (fvm)”, saíram da escala pessoal

é produzido de maneira automatizada

e passaram para a escala comunitária,

a partir de um modelo geométrico

ainda que, na maioria das vezes, em

digital (Celani, 2015). Ela surgiu para

comunidades virtuais. Essa mudança

a prototipagem rápida de objetos no

de paradigma que deu início ao atual

contexto industrial, porém foi amplamente

movimento maker é comumente

difundida nas últimas décadas e

definida em inglês como: “Do-It-Yourself

atualmente é encontrada até mesmo

(diy) to Do-It-With-Others (diwo)”5.

em escala pessoal para uso doméstico.

Outro importante conceito que está

Na aplicação da fabricação digital existem

atrelado a essa mudança é o open design.

três conceitos básicos: i) Computer

Segundo o livro de autoria colaborativa,

Aided Design (cad), que pode ser

Design Livre (2012), organizado pelo

traduzido como Desenho Assistido por

Instituto Faber-Ludens, define-se open

Computador, é a criação por meio de

design como um processo colaborativo

softwares de desenhos 2D e modelos 3D;

orientado à inovação aberta. Segundo os

ii) Computer Aided Engineering (cae),

autores, todo design é em algum sentido

que significa Engenharia Assistida por

aberto, pois não há uma maneira de

Computador, é a simulação dos esforços

ocultar o design que vai ser consumido,

sobre os modelos feitos na plataforma

acessado, tocado ou usado, porém, o

cad e apresentação dos resultados;

que pode ser ocultado é a maneira de

iii) Computer Aided Manufacturing

fazê-lo. Assim, surge o open design,

(cam) significa Fabricação Assistida

abrindo ao acesso público o modo de

por Computador, é a transformação

fazer, além de permitir a colaboração nos

de um modelo cad em códigos para

processos de criação, futuras adaptações

fabricação em máquinas de comando

e alterações. Dessa forma, podemos ter

numérico computadorizado (cnc).


referências teóricas | 13

Estas inovações, tanto no mundo

Os espaços maker são locais de

virtual como no real, culminaram na

aplicação da prática do fvm, ou melhor

criação de espaços físicos para ensino

do “fazer compartilhado”, relacionados

e prática do compartilhamento de

ao mundo digital e da prototipagem

informações em rede e fabricação

rápida. Existem diversos tipos de espaços

digital, denominados espaços maker.

maker, desde os voltados à educação, os industriais voltados à inovação de

ESPAÇOS MAKER

produtos até os de desenvolvimento de tecnologias relacionadas à biologia e à

Assim como no final do século passado

medicina. Eles podem estar inseridos em

e na primeira década deste, as lan

contextos privados, de uso restrito, ou

houses, cibercafés e telecentros foram

públicos e subsidiados pelo governo.

(alguns continuam sendo) importantes espaços para a promoção da inclusão

Dentro do universo dos espaços maker

digital, vejo os espaços maker como

existe um tipo especial que são os Fab Labs.

herdeiros dessa vocação. Onde além

Fab Lab é o modelo que será discutido

da inclusão digital está a inclusão aos

e desenvolvido neste projeto (Figura 1).

processos e meios de produção em pequena escala e colaborativos.

Figura 01. O que é um Fab Lab


14 | referências teóricas

6_ Laboratório de fabricação em português.

Fab Lab (termo utilizado para abreviar

Atualmente quem gerencia a rede

Fabrication Laboratory6) é um tipo

mundial de Fab Labs é a Fab Foundation,

de espaço maker inserido na rede

uma ong estadunidense sediada

internacional de laboratórios de

no mit. Para um espaço maker ser

prototipagem digital criada por um grupo

associado a essa rede deve possuir um

de pesquisadores do Massachusetts

maquinário padrão mínimo (Figura

Institute of Technology (mit) no início dos

2), ser aberto pelo menos uma vez na

anos 2000. O objetivo dessa rede era a

semana ao público e seguir uma carta de

atuação dos laboratórios associados como

princípios: Fab Charter, a qual deve ser

centros de pesquisa e de desenvolvimento

afixada em algum local do laboratório

interdisciplinar (Celani, 2015). Esses

e publicada no seu site (Figura 3).

laboratórios de fabricação digital, que contém máquinas simples, relativamente baratas e capazes de fazer outras máquinas, já estão presentes em todos os continentes, exceto a Antártida. Foram contabilizados aproximadamente 1300 Fab Labs ativos na rede, sendo 90 brasileiros, em setembro de 2019 (Fab Foundation, 2019).

Figura 02. Itens de um Fab Lab

Figura 03. Diagrama rede Fab Lab


referências teóricas | 15

A seguir está a tradução da Fab Charter

como seu projeto será realizado, porém,

realizada por Eychenne e Neves (2013):

a documentação do projeto contendo os processos e as técnicas envolvidas deve

O que é um Fab Lab? Fab Labs são uma

permanecer disponível para que os outros

rede global de laboratórios locais, que

usuários possam aprender com ela.

permite a invenção e fornece acesso a ferramentas de fabricação digital.

Como as empresas podem utilizar um Fab Lab? As atividades comerciais

O que contém um Fab Lab?

podem ser prototipadas e incubadas em

Fab Labs compartilham um inventário de

um Fab Lab, mas não devem entrar em

máquinas e componentes em evolução

conflito com outros usos. Elas devem

que auxilia na capacidade básica de

crescer além do laboratório e beneficiar

fazer (quase) qualquer coisa, permitindo

os inventores, os próprios laboratórios

também o compartilhamento de projetos

que lhes deram suporte e as redes que

desenvolvidos ali pelas pessoas.

contribuíram para o seu sucesso.

O que fornece a rede Fab Lab?

“Apesar das máquinas de comando

Assistência operacional, educacional,

numérico serem uma grande atração

técnica, financeira e logística, além

nos Fab Labs, a característica principal

do maquinário que está disponível

deste laboratório é sua ‘abertura’.

dentro dos laboratórios.

Contrariamente aos laboratórios tradicionais de prototipagem rápida que

Quem pode usar um Fab Lab? Fab Labs

podem ser encontrados em empresas,

estão disponíveis como um recurso da

em centros especializados dedicados

comunidade, oferecendo acesso livre

aos profissionais ou universidades,

para os indivíduos, bem como o acesso

os Fab Labs são abertos a todos, sem

programado para programas específicos.

distinção de prática, diploma, projeto ou uso. (...) Esta abertura, chave do

Quais são as suas responsabilidades?

sucesso e da popularidade dos Fab

Labs, facilita os encontros, o acaso e o

Segurança: não ferir as pessoas

ou danificar as máquinas.

desenvolvimento de métodos inovadores

para o cruzamento de competências.

Operações: ajudar com a limpeza,

manutenção e melhoria do laboratório.

Estes espaços abertos a todos e acessível

(tarifas baixas ou mesmo o acesso

Conhecimento: contribuir para

a documentação e instrução.

livre) favorece a redução de barreiras à inovação e à constituição de um terreno

Quem é o dono das invenções realizadas

fértil a inovação.” (NEVES, 2014, p.133)

dentro do Fab Lab? Projetos e processos desenvolvidos

Um desdobramento do movimento maker

no Fab Lab podem ser protegidos e

juntamente com os Fab Labs é a utopia,

vendidos. O inventor escolhe a maneira

não tão distante, chamada Fab City.


16 | referências teóricas

FAB CITY Para as cidades deixarem de ser uma

“Fab City é uma iniciativa internacional

“máquina linear de produzir lixo” (Figuras

que trabalha para mudar o paradigma da

4 e 9), temos que repensar o atual estilo

atual economia industrial onde a cidade

de vida urbano baseado no consumo e

opera em um modelo linear, importando

na economia linear, que atinge também

produtos e gerando resíduos sólidos,

algumas áreas rurais (Diez, 2018). Fab

para um ecossistema de inovação onde

City é um projeto global e aberto que foi

os materiais são produzidos nas cidades,

fundado em 2011 e visa promover cidades

utilizando recursos locais e as informações

autossuficientes, localmente produtivas e

sobre os processos são compartilhadas

globalmente conectadas (Figuras 8, 10 e 11).

globalmente.” (Fab City Curitiba, 2019)

Figura 04. Projeção para 2100 em um cenário no qual 70% dos 13,5 bilhões de habitantes do mundo viverão em cidades, com bolsões de extrema pobreza e riqueza moderada, e muitos países com populações em rápido crescimento


referências teóricas | 17

O conceito de Fab City está intimamente

No sistema de economia circular os

relacionado a "economia circular", sistema

dejetos deixam de ser vistos como

econômico que almeja eliminar ao

materiais para descarte e passam a ser

máximo os resíduos e utilizar de maneira

fonte de energia, nutrientes e recursos.

contínua os recursos já extraídos das

Dessa forma, os resíduos de um processo

fontes naturais. A economia circular se

de produção tornam-se os materiais de

apresenta como uma alternativa ao atual

base para o processo seguinte. Esses

sistema econômico dominante, que

materiais podem ser divididos em dois

segundo a economista Kate Raworth (2019)

tipos de ciclo de nutrientes: nutrientes

é definido como "um sistema industrial

biológicos, como solo, plantas e animais

linear de concepção inerentemente

e nutrientes técnicos, como plásticos,

degenerativo". Trata-se de uma cadeia

materiais sintéticos e metais. Nesses

de abastecimento que extrai da Terra

dois tipos de ciclos os materiais nunca

minerais, metais, biomassa e combustíveis

são descartados, mas renovados e

fósseis, para transformá-los em produtos

reutilizados (Raworth, 2019, p.239).

através da manufatura e vendê-los a consumidores que, provavelmente, após algum tempo irão descartar estes produtos. materiais renováveis energia

materiais

nutrientes

nutrientes

biológicos

técnicos

extrair

extrair

fazer

regenerar

fazer

restituir

e capturar

reparar

valor a cada

reutilizar

estágio de usar

decomposição

desperdiçar calor

renovar usar

reciclar

minimizar perdas resíduos

de matéria e calor

residual

Figura 05. Resumo do atual sistema

Figura 06. Diagrama de sistema econômico

industrial linear de concepção

circular e regenerativo por concepção

inerentemente degenerativo

(adaptado de Kate Raworth, 2019)


18 | referências teóricas

Até setembro de 2019 existiam 34

É no âmbito da idéia de produção

cidades inseridas no projeto. Sendo

descentralizada, para promover a economia

cincocidades brasileiras, a primeira delas

local e diminuir a poluição causada pelo

a participar foi Curitiba (2017) seguida

atual sistema de transporte, que se inserem

por Belo Horizonte, Sorocaba (2018) e

os Fab Labs na Fab City. Além da questão

recentemente por São Paulo e Recife

relacionada à produção em pequena escala,

(2019). O projeto assessora as cidades para

os Fab Labs são centros de ensino não

que elas implementem ações a fim de

formal, de desenvolvimento de inovações

se tornarem autossuficientes até 2054.

tecnológicas aplicadas a problemas locais e com troca de informações

Anderson (2012, p.252) afirma que “num

em contexto global (Figuras 7 e 11).

futuro em que será possível produzir mais coisas sob encomenda, em oposição ao

Os espaços maker podem ser divididos,

fabricado, distribuído, estocado e vendido

conforme seus usos, em três tipos: i)

em massa, vislumbra-se a oportunidade

laboratório profissional, focado no

de uma economia industrial menos

desenvolvimento de produtos; ii) laboratório

movida a interesses comerciais e mais

acadêmico, sustentado por universidades

impulsionada por motivações sociais,

e escolas para dar suporte às aulas; iii)

como já ocorre com o software aberto.”

laboratório comunitário, onde os membros da comunidade são os administradores do espaço, que visa facilitar o acesso a mais usuários, principalmente os iniciantes . Apesar da proposta para o Ciclo Fab Lab estar inserido dentro de um campus universitário, ele foi planejado para ser um laboratório comunitário.

Figura 07. Trocas e conexões de um Fab Lab


referências teóricas | 19

CIDADES EM REDE Compartilhar métricas de evolução dos processos em direção à auto-suficiência. Criação de políticas de regulamentação e planejamento para uma urbanização regenerativa PLATAFORMA DE COMPARTILHAMENTO DE PROJETOS DO ECOSSISTEMA LOCAL Criar um repositório de projetos de transformação urbana, compartilhados em código aberto para colaboração global. Utilizar plataformas digitais que possibilitem o design e produção distribuídos. ESTRATÉGIAS COMPARTILHADAS ADAPTADAS A NECESSIDADES LOCAIS Testar localmente programas de transformação urbana relacionados à produção de alimentos, energia, água, informação e outros sistemas de produção. Implementação e desenvolvimento das estratégias propostas no Fab City Collective. INCUBAÇÃO DISTRIBUÍDA PARA INOVAÇÃO URBANA Utilizar o poder da rede de conhecimento distribuído rede mundial de Fab Labs - para planejar, projetar e criar tecnologias de código aberto para regeneração urbana. NOVAS FORMAS DE APRENDIZAGEM Novas habilidades para "aprender a aprender" princípios de aprendizado na prática, princípios de "Lifelong Learning". Cursos como Fab Academy, Bio Academy, Fabricademy, Metodologia STEM e treinamento profissional. INFRAESTRUTURA DISTRIBUÍDA PARA A INOVAÇÃO EM FABRICAÇÃO DIGITAL Pessoas, comunidades, espaços (Fab labs, Makerspaces, Hackerspaces) máquinas, ferramentas. Centenas de espaços e comunidades presentes em cidades de médio e grande porte no mundo.

Figura 08. As múltiplas frentes de ação que se interconectam para formar as políticas públicas de implantação de uma Fab City


20 | referências teóricas

Ecossistema de produção linear TRANSPORTE

CONSUMO CAPITAL

CONSUMO PRODUÇÃO TRANSPORTE

DISTRIBUIÇÃO

RESÍDUOS EXTRAÇÃO MATÉRIA-PRIMA

TRANSPORTE

Figura 09. Diagrama simplificado do atual (produto entra / lixo sai)

ecossistema linear de produção em escala global

Figura 10. Produção globalmente conectada no contexto das Fab City. Os materiais circulam dentro de limites estipulados para cidades ou regiões, enquanto as informações sobre como as coisas são feitas viajam globalmente através das redes de compartilhamento


referências teóricas | 21

Figura 11. Ecossistema de fabricação multiescalar e complementar das Fab City, onde as importações e exportações de uma cidade ou região são constituídos principalmente na forma de dados



SÍTIO DO PROJETO

Neste capítulo é apresentada a justificativa da escolha do local do projeto juntamente com as suas características urbanas, sociais e climáticas. Ele está dividido na escala da cidade, do Polo Estratégico de Desenvolvimento e do Parque Científico e Tecnológico.


24 | sítio do projeto

CIDADE

Paulista. Esta macrometrópole concentra

A Região Metropolitana de Campinas

50% da área urbanizada do Estado,

(rmc) foi criada em 2000. Atualmente ela

74,7% da população estadual e 81,9%

é composta por 20 cidades e, conforme

do pib estadual (Emplasa, 2019).

a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,

A cidade de Campinas foi fundada em

contava em 2018 com aproximadamente 3,2

1774 e teve como principal atividade

milhões de habitantes. A rmc é a segunda

econômica em sua origem o cultivo de

maior região metropolitana do Estado de

cana-de-açúcar e de café. Atualmente

São Paulo e a décima do Brasil. Juntamente

ela sedia um dos maiores sistemas

com as regiões metropolitanas de São

de suporte ao desenvolvimento de

Paulo, Baixada Santista, Sorocaba e do Vale

empresas de base tecnológica da América

do Paraíba e Litoral Norte e também com

Latina. Além de dezenas de faculdades,

as aglomerações urbanas de Jundiaí e de

Campinas abriga oito campi de quatro

Piracicaba, ela compõe a Macrometrópole

universidades (Unicamp, puc, unip e usf).

UNICAMP/ CIATEC II

CENTRO

AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS

Figura 12. Localização da rmc no Estado de SP; mapa de Campinas com cidades vizinhas e destaque para os três Polos Estratégicos de Desenvolvimento


sítio do projeto | 25

A junção entre incentivos às empresas

UNICAMP/CIATEC II

de base tecnológica e muitos cursos de

Dentre as diretrizes para o Polo Estratégico

graduação representa um ótimo cenário

de Desenvolvimento Unicamp/ciatec ii

para a criação de um Fab Lab. Hoje

está a promoção de mecanismos efetivos

entretanto, o único Fab Lab cadastrado

de incentivo à instalação de centros

na cidade está fechado ao público por

de pesquisas, laboratórios e empresas

motivos de mudança. E na rmc ainda

industriais de alta tecnologia. Tal diretriz

não existe um Fab Lab comunitário.

tem relação direta com a escolha da implantação do Ciclo Fab Lab no local,

“A disponibilização de equipamentos

pois ele pode ser caracterizado como

de uso coletivo de fabricação digital

um laboratório de alta tecnologia.

pode servir como um polo de atração de atividades multi e interdisciplinares, por

A Unicamp foi criada na década de

meio do desenvolvimento de projetos

60 e atualmente está classificada

que envolvem simultaneamente alta

entre as melhores universidades da

tecnologia e variadas especialidades,

América Latina. No ano de 2016 sua

como medicina, arte, educação

estrutura contava com seis campi, 2.179

e arquitetura.” (Celani, 2015)

docentes e 8.178 funcionários ativos para poder ofertar 66 cursos de graduação

Devido às características urbanas e

com cerca de 19.500 alunos e 152 de

populacionais citadas anteriormente,

pósgraduação com aproximadamente

Campinas foi a cidade escolhida para a

17.000 estudantes (depi, 2019).

implantação deste projeto. E a partir da análise do seu Plano Diretor, aprovado

O Parque Tecnológico de Campinas - ciatec

em janeiro de 2018, foi decidido que o

ii foi criado na década de 80, atualmente

projeto estaria dentro do Polo Estratégico

possui aproximadamente 8.000.000 m²

de Desenvolvimento denominado

e se situa no entroncamento de duas

Unicamp/ciatec ii (Figura 12).

importantes rodovias regionais (Figura 13): a Rodovia Dom Pedro I e a Rodovia

“Os Polos Estratégicos de

Governador Dr. Adhemar Pereira de

Desenvolvimento são áreas de

Barros (sp-340 e Campinas/MogiMirim).

desenvolvimento socioeconômico

É uma região estratégica pela sua

do município, visando garantir

localização, facilidade de acesso, e possui

o potencial econômico aliado à

também grande potencial ambiental e

urbanização de qualidade, cujas

paisagístico, sendo que a maior parte

áreas são as abaixo indicadas:

da sua área ainda não foi urbanizada.

I - Unicamp/ciatec ii; II - Aeroporto Internacional de Viracopos;

No Polo Estratégico de Desenvolvimento

III - Área Central”

Unicamp/ciatec ii está prevista a

(Plano Diretor de Campinas, 2018)

implantação do Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (hids).


26 | sítio do projeto

Figura 13. Área do hids, destaque em linha contínua amarela para o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e em linha vermelha para a quadra do Ciclo Fab Lab


sítio do projeto | 27

O hids possui elementos em comum com

fornecem informações úteis que podem

os Parques Científicos e Tecnológicos,

ser utilizadas em diversos contextos, por

Ecossistemas de Inovação e Clusters de

exemplo nos processos de tomada de

Inovação, além da integração e inovação

decisão que trará aumento de eficiência

voltadas a redes e políticas públicas de

aos serviços prestados pela universidade.

educação, saúde, arte e cultura. A área destinada ao hids engloba os campi da

“A Unicamp tem estado engajada, de

Unicamp, puc e o ciatec ii (Figura 13).

modo efetivo, no desenvolvimento tecnológico do país, constituindo-se na

Tanto o hids, como a própria Unicamp

segunda maior instituição depositante

estão inseridos em propostas para alcançar

de patentes do Brasil (a maior entre

os 17 Objetivos de Desenvolvimento

as universidades) com 929 patentes

Sustentável (ods), definidos pela

vigentes. Para além do depósito de

Organização das Nações Unidas (onu). Os

patentes, a constituição de sua Agência

ods (Figura 14) fazem parte da Agenda

de Inovação – Inova Unicamp – em 2003,

2030 e funcionam como metas que

um ano antes da promulgação da Lei de

norteiam organizações, instituições e

Inovação Brasileira, corroborou a essência

países para desenvolverem ações e projetos

de relacionamento da universidade com

que promovem a inclusão das pessoas

o setor industrial, alicerçada desde a

na sociedade de forma sustentável.

ocasião de sua fundação. Transferência de tecnologia com índices de universidades

O projeto do Ciclo Fab Lab tem uma

globais e a constituição – por meio de

relação de incentivo a quatro dos ods:

seu Parque Científico e Tecnológico – de

- (04) Educação de qualidade

ambientes de colaboração universidade

- (09) Industria, inovação e infraestrutura

empresa voltadas à inovação e à

- (11) Cidades e comunidades sustentáveis

criatividade tornam a Unicamp um

- (12) Consumo e produção responsáveis

espaço diferencial que repercute na

Além da relação com os ods, este

constituição de mais de 500 empresas

projeto se conecta a iniciativa do Smart

filhas e na formação de altíssima

Campus7, no qual “objetos inteligentes”

qualidade de seus alunos.” (depi, 2019)

Figura 14.

7_ Campus inteligente em português.

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que fazem parte da Agenda 2030 da onu


28 | sítio do projeto

Bairro Cidade Universitária II 0Km SP-340 + 2 Km

FUTURA CENTRALIDADE PRAÇA

250m

CICLO

500m

BÁSICO

Centro de

PRAÇA

Barão Geraldo

DA PAZ

+ 1.5 Km

Rod. Dom Pedro I + 2 Km

Figura 15. Áreas próximas à quadra do projeto (destacada em vermelho), com indicação dos restaurantes universitários e Biblioteca Central

750m

1000m


Rod. C a

mpin

as-Mo

gi Mir im

sítio do projeto | 29

dro I

om Pe

Rod. D

0m

250m

500m

1000m

Figura 16. Vias em vermelho representam a nova diretriz viária para a área do hids. Em vermelho claro está destacada a área da quadra do projeto e em amarelo as curvas de nível


30 | sítio do projeto

PARQUE CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO O Parque Científico e Tecnológico da

de fabricação digital em um curso

Unicamp possui 100 mil m² de área já

de arquitetura no Brasil.

urbanizada dentro da Unicamp e mais 200 mil m² para futuras instalações.

“Em pouco tempo, o laboratório começou a atrair alunos de outras unidades,

A quadra escolhida para a implantação do

que procuravam equipamentos

projeto Ciclo Fab Lab está inserida neste

para fabricar objetos ligados a suas

parque. Ele foi fundado em 2008 e envolve

atividades acadêmicas, de protótipos

um conjunto de áreas para instalações

de motores e carenagens de carros

dedicadas a abrigar competências

experimentais até brinquedos

científicas e tecnológicas, laboratórios

educativos e cenários de teatro, o que

de inovação e startups. Segundo a Inova

demonstra sua utilidade em diversas

(órgão que administra o parque), ele

áreas da graduação.” (Celani, 2015)

busca promover o desenvolvimento e facilitar a execução de projetos de

O Lapac é destinado apenas aos alunos

pesquisa inovadores, financiados tanto

da Faculdade de Engenharia Civil,

por instituições públicas quanto privadas.

Arquitetura e Urbanismo. A procura por espaços como este por alunos de

Atualmente o parque conta com

outros cursos demonstra a necessidade

apenas dois edifícios implantados, que

de implantação de um projeto como

são incubadoras de empresas de base

o Ciclo Fab Lab dentro do campus.

tecnológica. Um dos principais problemas dessa área é a dificuldade de acesso

À primeira vista, a quadra escolhida

por meio de transporte público e seu

para o projeto (Figura 20) parece não ter

isolamento da malha urbana, por estar

nenhum tipo de uso, pois conta apenas

no limite da área urbanizada da Unicamp.

com estacionamentos. Porém, visitando a

Porém, as obras de urbanização para a

área em diferentes dias e horários (Figuras

área do hids possivelmente vão ocorrer

17 e 18) percebe-se que ela é utilizada

nos próximos cinco anos e está prevista

todos os finais de tarde como ponto de

uma nova centralidade urbana a menos

observação do pôr do sol e área de lazer

de um quilômetro do Parque Científico e

onde as pessoas (não necessariamente

Tecnológico (Figura 15). Isso deve promover

ligados à da Unicamp) vêm para encontrar

uma melhor conexão da área com a malha

amigos, escutar música e contemplar

urbana da cidade e maior demanda por

a vista da paisagem (Figura 19).

transporte público no local (Figura 16). O projeto do Ciclo Fab Lab visa manter Bem próximo à quadra escolhida para

e estimular o uso do local como mirante

o projeto está o Lapac. Fundado em

e ponto de encontro juntamente com

2006, ele foi o primeiro laboratório

os novos usos do programa proposto.


sítio do projeto | 31

Figura 17. Vista do centro da quadra para a paisagem à oeste

Figura 18. Vista da rua Walter August Hadler para a paisagem à oeste da quadra logo após o pôr do sol

Figura 19. Estacionamento com acesso para a rua Walter August Hadler durante o pôr do sol em um domingo


32 | sítio do projeto

220m R. Walter August Ha

dler

2% 10% 130m 0%

10%

l Hogan

275m Rua com tráfego compartilhado

An Av. Dr.

R. Danie

0% sello dré To

R. O

sca

rN

iem

eye r

170m

Figura 20. Quadra selecionada para o projeto com indicação da melhor vista, caminho solar, em amarelo, e direção predominante dos ventos, em azul claro. As direções de subida das ruas adjacentes são representadas em linhas tracejadas com as respectivas declividades.


sítio do projeto | 33

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS adaptativo para delimitação da zona de Campinas possui a classificação de Clima

conforto térmico, pois a temperatura de

Tropical de Altitude. Quando analisadas

conforto não é uma constante, ela varia de

as suas temperaturas em relação a um

acordo com a estação e as temperaturas

padrão de conforto térmico (Figura 21)

as quais as pessoas estão acostumadas.

temos 35% das horas do ano em conforto térmico, 38% em desconforto por frio e 27%

A NR-17, do Ministério do Trabalho,

em desconforto por calor (Projeteee, 2019).

define a temperatura do ambiente de

Considerou-se as 24h do dia, pois esse será

trabalho onde são executadas atividades

o horário de funcionamento do laboratório.

intelectuais, como nos laboratórios e escritórios, entre 20 e 23 graus centígrados,

Segundo a ASHRAE 55 (2013), o conforto

com umidade relativa superior a 40%.

térmico pode ser entendido como um

Outra norma, a ISO 9241, estabelece que

estado de espírito que reflete a satisfação

o ideal é manter a temperatura entre 20

do usuário com o ambiente térmico

e 24 graus no inverno e 23 e 26 no verão,

que o envolve. Optou-se pelo modelo

com umidade relativa entre 40% e 80%.

Figura 21. Gráfico com indicação das máximas e mínimas temperaturas médias mensais em compração com a zona de conforto relativa a cada mês (Campinas-SP)


34 | sítio do projeto

Figura 22. Gráfico com as porcentagens de aplicabilidade de cada estratégia bioclimática selecionada para Campinas durante um ano e nas estações de verão e inverno

As estratégias bioclimáticas com maior percentual de aplicabilidade para o clima de Campinas (Figura 22) são: - Inércia térmica para aquecimento (37%) - Ventilação natural (25%) - Sombreamento (14%) - Resfriamento evaporativo (7%) - Inércia térmica para resfriamento (4%) Além destas estratégias, será proposto também um elemento de mobiliário que sirva como fonte de iluminação, ventilação e aquecimento (por radiação infravermelho) para ser usado por pequenos grupos de pessoas, promovendo

Figura 23. Aquecedor elétrico para áreas

um conforto lumínico e térmico

abertas, esse modelo será adaptado para

personalizado, exemplificado na Figura 23.

ter também pequeno sistema de ventilação


sítio do projeto | 35

Foram selecionadas as três estratégias

estar presentes neste projeto.

bioclimáticas com maior aplicabilidade As estratégias bioclimáticas selecionadas

incluídas no projeto do Ciclo Fab Lab.

e seus respectivos exemplos de

Para cada uma delas buscou-se dois

aplicação estão resumidos no

exemplos de aplicação que devem

esquema apresentado na Figura 24.

ESTRATÉGIAS

no clima de Campinas para serem

INÉRCIA TÉRMICA

VENTILAÇÃO NATURAL

SOMBREAMENTO

EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

PARA AQUECIMENTO

EDIFICAÇÃO

VENTILAÇÃO NOTURNA

MELHOR ORIENTAÇÃO

EFEITO CHAMINÉ

BRISES

SEMIENTERRADA

COMPONENTES INTERNOS E AQUECIMENTO SOLAR PASSIVO

Figura 24. Estratégias bioclimáticas selecionadas para o projeto com exemplos de aplicação



REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Para apresentar de forma mais clara em que aspecto cada referência projetual selecionada influencia na proposta final deste projeto, elas foram divididas em três grupos: estrutura, implantação e programa.


38 | referências projetuais

REFERÊNCIA ESTRUTURAL O projeto do Centro Cultural de Córdoba (Figuras 25 até 28) serviu tanto como referência estrutural (para a cobertura do Ciclo Fab Lab) como de implantação, onde o edifício se configura como uma continuidade da topografia. “Um monumento contemporâneo: uma paisagem para o acontecimento público. Fazer de um edifício uma paisagem, tal foi o conceito que norteou a busca neste projeto, diante da demanda do concurso para a construção de um Centro de Interpretação da Província de Córdoba por motivo da comemoração do Bicentenário da República Argentina.” (memorial do projeto)

Figura 25. Vista aérea da cobertura-praça

Ano: 2014 Local: Córdoba, Argentina Área do Projeto: 15.000 m² Autores: Castañeda, Cohen, Nanzer, Saal, Salassa e Tissot

Figura 26. Caminho, sobre a cobertura do edifício, que conecta uma avenida a um parque


referências projetuais | 39

Figura 27. O pátio interno do projeto proporciona ventilação e iluminação natural

Figura 28. Vista para a entrada principal do Centro Cultural de Córdoba


40 | referências projetuais

REFERÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO O projeto para a ampliação do Museu

Na Figura 29 percebe-se como a questão

Exploratório de Ciências da Unicamp

da vista para o pôr-do-sol é um ponto

(Figuras 29 até 34), de autoria do escritório

importante neste projeto. O acesso por uma

CHN Arquitetos, ainda não foi construído.

fina passarela desde o ponto mais elevado

Porém, por ter trazido uma boa solução de

do terreno até a cobertura do novo edifício

implantação, a qual minimiza os cortes e

pode ser observado, nesta mesma imagem,

aterros e valoriza a conexão com o entorno,

a esquerda da escala humana central.

ele foi escolhido como referência projetual. Este museu foi projetado para um terreno No memorial, lê-se que “o projeto se insere

dentro do campus da Unicamp muito

no terreno através de um volume horizontal

próximo ao terreno proposto para o

no eixo Norte-Sul que se acomoda na

Ciclo Fab Lab (Figura 31) e eles possuem

topografia e cujo ponto mais alto coincide

características topográficas similares,

com cota da praça existente, mantendo

como a declividade. As curvas de nível

intacta e potencializando a apreensão do

de 1m em 1m do terreno do museu

visual panorâmico em toda sua extensão.”

podem ser observadas na Figura 32.

Ano: 2009 Local: Campinas, sp Área do Projeto: 5.370 m² Autores: Daniel Corsi, Dani Hirano e Reinaldo Nishimura

Figura 29. Vista da praça pré-existente para o projeto, que valoriza o horizonte e o pôr-do-sol


referências projetuais | 41

Figura 30. Praça do acesso principal ao edifício que se configura sob um grande balanço da estrutura

Figura 31. Implantação do museu em linha branca pontilhada e quadra do Ciclo Fab Lab indicada em vermelho


42 | referências projetuais

A

A

Figura 32. Implantação do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp, em vermelho os acessos pricipais


referências projetuais | 43

Figura 33. Corte AA, relação entre os níveis do edifício existente e da ampliação Observo que o fato de a maior fachada

térmico, os projetistas propuseram o uso

do edifício ser voltada para o oeste é um

de brises de chapa de alumínio perfurada.

problema nesta implantação, o que faz

Porém, devido a baixa inércia térmica do

com que tal fachada receba diretamente

metal a eficiência dessa solução pode

a insolação do período vespertino,

não ser satisfatória, mesmo com a boa

absorvendo muito calor. Para o conforto

ventilação natural que o local apresenta.

Figura 34. Vista noturna sobre o projeto da ampliação do Museu Exploratório de Ciências da Unicamp


44 | referências projetuais

REFERÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO O Centro Carpenter de Artes Visuais

projeto se apropria de um caminho pré-

da Universidade de Harvard (Figuras 35

existente na quadra, o transformando em

até 39) é aberto a todos os estudantes

percurso que cruza o interior do edifício

e não apenas aos dos cursos de artes.

sobre uma rampa. Assim, os ateliers

Como forma de atrair mais público, o

ficam visíveis para todos os pedestres.

Figura 35.

Figura 37.

Destaque

Vista

para a rampa

interna:

que atravessa

ateliers

o edifício e

com

conecta os

paredes

dois lados

de vidro e

da quadra

a rampa

Ano: 1963 Local: Cambridge, EUA Autor: Le Corbusier

Figura 36. Vista da rampa de acesso ao Centro Carpenter de Artes Visuais pela rua Prescott


referências projetuais | 45

Figura 38. Implantação do edifício com indicação dos acessos à rampa principal em vermelho

Figura 39. Na esquerda está a vista aérea do edifício e a direita a vista para a fachada na rua Quincy


46 | referências projetuais

REFERÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO O Museu de Arte, Arquitetura e

entorno e ampliando a vista para a orla,

Tecnologia (maat) implantado nas

sem representar uma barreira visual.

margens do rio Tejo em Lisboa, Portugal, foi inaugurado em 2016 (Figuras 40 até 44).

"A ideia é que pareça a paisagem,

Ele se insere no terreno de forma suave,

deixando a vista livre para a cidade e

respeitando as edificações históricas do

para o rio" (Arq. Amanda Levete)

Figura 40. Vista do maat desde a orla

Figura 41. Acesso de pedestre à cobertura

Ano: 2016 Local: Lisboa, pt Autora: Amanda Levete

Figura 42. Fachada principal, que se abre para o rio Tejo


referências projetuais | 47

Figura 43. Vista aérea antes da rampa de acesso de pedestre à cobertura ser concluída

Figura 44. Vista panorâmica desde a rampa de acesso de pedestre à cobertura


48 | referências projetuais

REFERÊNCIA DE PROGRAMA Para decidir quais Fab Labs seriam mais

O Facens Fab Lab (Figuras 45 e 46)

apropriados para servir como referência

serve a onze cursos de graduação,

para este projeto, além de pesquisas

sendo nove engenharias e um de

virtuais, foram realizadas visitas a dois

arquitetura e urbanismo, com 50 alunos

Fab Labs acadêmicos, três públicos, da

por sala. Ele possui aproximadamente

Rede fab lab Livre sp, e um profissional

120 m² de área principal e mais 30

na cidade do Porto em Portugal.

m² de depósito. Atualmente, um dos seus principais problemas é que a sua

Os laboratórios acadêmicos visitados

área não é suficiente para atender a

foram o Facens Fab Lab, da Faculdade de

todos os alunos de uma mesma sala

Engenharia de Sorocaba, e o Insper Fab Lab,

ao mesmo tempo. Sua capacidade

do Instituto Insper em São Paulo. Ambos

atual é para 25 pessoas trabalhando.

estão inseridos em instituições de ensino

O laboratório fica aberto ao público

superior e de pesquisa sem fins lucrativos.

externo aos sábados das 9:00 às 13:00h.

Figura 45. Recepção, com mobiliário

Figura 46. Mesas de trabalho e área

produzido no próprio Facens Fab Lab

de ferramentas bem organizadas


referências projetuais | 49

O Insper Fab Lab (Figuras 47 até 49) possui

seus projeto a cada dia de trabalho, o que

aproximadamente 200 m² e tem como

dificulta o desenvolvimento de objetos

principal função servir a cinco cursos de

grandes. Este Fab Lab foi o único, dentre

graduação. Ele foi projetado para conseguir

os visitados, que seguia um padrão de

abrigar todos os alunos de uma sala ao

normas de segurança e realmente proibia

mesmo tempo e atualmente serve como

a entrada de pessoas que não estivessem

espaço de apoio para 14 disciplinas. Um

com calças compridas e sapatos fechados.

dos seus principais problemas é a ausência

Além da obrigatoriedade do uso de epi,

de espaço para depósito dos projetos em

outro ponto positivo é que eles utilizavam

desenvolvimento, obrigando os alunos

materiais descartados pela faculdade

a sempre levar e trazer os materiais de

como matéria prima para os projetos.

Figura 47. Bancada com impressoras 3D

Figura 48. Móvel para projetos e materias

Figura 49. A área das mesas de trabalho foi separada das máquinas que produzem muito ruído ou poeira por meio de painéis de vidro duplo (ao fundo)


50 | referências projetuais

Os Fab Labs visitados da Rede fab lab Livre

Os Fab Labs públicos visitados pareciam

sp foram os da Galeria Olido (Figura 50),

menos organizados e estavam com mais

o da Vila Itororó (Figura 51) e o do Centro

máquinas paradas esperando manutenção

Cultural São Paulo (ccsp, Figura 52). A

quando comparados aos Fab Labs privados.

Rede fab lab Livre sp é a maior rede de

Um problema presente tanto nos espaços

laboratórios de fabricação digital pública

públicos como nos privados era o uso

do mundo, porém apesar da gratuidade

do espaço apenas para “execução” e não

todos os espaços visitados estavam

para concepção e desenvolvimento dos

subutilizados no horário da visita (período

projetos, como se eles fossem gráficas

da tarde, quinta-feira, 16 de maio de 2019).

3D ou bureaus de impressão 3D; sendo que os Fab Labs deveriam ser espaços

Apesar do maquinário padrão, cada Fab

para troca e desenvolvimento de novos

Lab parece ter um foco diferente, tendendo

conhecimentos. Acredito que isso se

mais para a marcenaria, artes gráficas

dava à falta de espaços reservados para

ou objetos produzidos a partir de chapas

depósito de trabalhos em andamento,

recortadas. Este foco varia dependendo da

espaços para discussão, espaços de estar

cultura do entorno e dos seus usuários.

e mais espaços para trabalhos em grupo.

Figura 50. A fresadora CNC do Fab Lab Galeria Olido fica no mesmo ambiente das mesas de trabalho, isso causa grande desconforto acústico nos usuários quando a máquina está ligada


referências projetuais | 51

Figura 51. Área de marcenaria do Fab Lab Vila Itororó, sala de prototipagem digital ao fundo

Figura 52. Gravadora de matriz a vácuo (para serigrafia e chapas de offset) no Fab Lab do ccsp, neste espaço são desenvolvidos muitos projetos para estampas


52 | referências projetuais

O único Fab Lab profissional visitado foi o opo-lab (Figura 53 até 56), além da área de oficina e laboratórios ele também conta 8_ modelo de trabalho que se baseia no compartilhar do espaço e recursos de escritório, reunindo pessoas que trabalham ou não para a mesma empresa ou na mesma área.

com um espaço de coworking8 (aberto 24h) e local para eventos (Figura 54). O espaço é um grande galpão: na entrada há um estacionamento e em seguida estão as mesas de trabalho e área para montagem e armazenamento dos projetos em andamento (Figura 55). Separado do restante do galpão, apenas por uma divisória de vidro ondulado, fica o espaço que serve como oficina e auditório nos dias de evento. No fundo estão os laboratórios

Figura 53.

(salas isoladas) para as máquinas de

Logo na

prototipagem digital e em cima há um

porta do

mezanino com salas de reunião (Figura 56).

opo-lab

Figura 54. Fotografia disponível no site do opo-lab, tirada provavelmente no dia de um evento


referências projetuais | 53

Figura 55. Área de coworking e projetos em andamento no dia da visita (13 de setembro, 2019)

Figura 56. Área de oficina que serve como auditório para eventos, ao fundo os laboratórios


54 | referências projetuais

Com a proposta de criar um espaço

Ele está inserido em um antigo edifício

diferente dos visitados, foram selecionados

industrial que foi adaptado para receber

como referência de programa o UT Fab Lab,

a nova função. Os alunos que frequentam

da Universidade do Tennessee (EUA), e o

o espaço passam por treinamentos já no

Kashiwa-no-ha Open Innovation Lab, um

primeiro semestre da graduação para

centro de inovação em Kashiwa (Japão).

aprenderem a utilizar as máquinas.

O UT Fab Lab (Figuras 57 até 61) é um

Nesse Fab Lab a maior parte do mobiliário

laboratório destinado aos alunos dos cursos

da área de estudo é móvel e possui rodízios

de Arquitetura e Design da Universidade

nos pés (Figura 57). Isso se repete nos

do Tennessee. Ele possui aproximadamente

outros ambientes, o que dá agilidade para

1800 m² distribuídos em dois pavimentos.

mudança de layout e usos em cada espaço.

Figura 57. Espaço de estudo do UT Fab Lab


referências projetuais | 55

Figura 58. Diagrama da distribuição do programa no UT Fab Lab

Figura 59. Braço robótico KUKA

Figura 60. Rampa de acesso à área para projetos grandes

Figura 61. Máquina de corte a àgua


56 | referências projetuais

O Kashiwa-no-ha Open Innovation Lab

Quase todo o mobiliário, nesse projeto

(koil, Figuras 62 até 67) é um centro de

também, conta com rodízios nos pés para

inovação com 2576 m², localizado na

flexibilizar os espaços (Figuras 62 até 65).

cidade de Kashiwa (Japão). Seu projeto é de autoria do escritório Naruse Inokuma

O programa se estrutura a partir de um

Architects e foi realizado no ano de 2014.

corredor central (Figura 66), onde todos os usuários circulam, gerando assim

O KOIL foi pensado para servir a start-

possibilidades de encontros e trocas

ups, promover empreendimentos e

entre eles. Também foi pensado em uma

estimular atividades econômicas na

setorização do projeto por horários de usos.

região. Além dos espaços de coworking e oficina de prototipagem digital ele

As alturas do teto, tipos de iluminação e

conta com área para refeições, descanso,

acabamentos de pisos e paredes variam

conversas informais e apresentações.

de acordo com o uso de cada espaço.

Figura 62. Saguão principal do KOIL


referências projetuais | 57

Figura 63. Vista para as salas de reunião

Figura 64. Espaço para eventos

Figura 65. Área de descanso


58 | referĂŞncias projetuais

Figura 66. Planta e diagramas do koil


referĂŞncias projetuais | 59

Figura 67. Ă rea de prototipagem digital



PROPOSTA DO PROJETO

Este capítulo está dividido em três partes, a primeira é sobre a proposta de uma rede de Fab Labs em Campinas; a segunda sobre o planejamento para a ocupação da quadra do Ciclo Fab Lab e finalmente são apresentados os estudos para o projeto do edifício e o seu programa.


62 | proposta do projeto

CAMPINAS FAB CITY Pensando no contexto de Campinas, Para uma cidade fazer parte da rede

sugeriu-se que ela construa o seu

Fab City ela precisa que a prefeitura se

“ecossistema maker” em três etapas.

comprometa em aplicar políticas públicas

Primeiramente implementando um

que visem atender à meta de tornar a

Fab Lab em cada um dos três Polos

cidade autossuficiente até 2054 e ter pelo

Estratégicos de Desenvolvimento. Na

menos um Fab Lab. Porém, o ideal é que

segunda etapa, criar um Fab Lab próximo

existam muitos espaços maker e Fab Labs

a cada um dos 8 campi universitários

para que a cidade tenha um “ecossistema

existentes na cidade, para depois implantar

maker” suficientemente estruturado,

mais espaços makers de acordo com a

para então se tornar uma Fab City.

demanda de cada região (Figura 68).

UNICAMP/ CIATEC II PUC I

UNIP III

CENTRO PUC II

UNIP I UNIP II / USF

LEGENDA Anhanguera

1ª etapa

AEROPORTO INTERNACIONAL DE VIRACOPOS

2ª etapa 3ª etapa

Figura 68. Etapas para implantação de um “ecossistema maker” em Campinas


proposta do projeto | 63

QUADRA A quadra escolhida para a implantação

N

deste projeto, apesar de estar dentro da malha urbana, ainda não possui nenhuma edificação, somente quatro áreas de estacionamento e um caminho central no eixo norte-sul. Por conta disso, é proposto um plano de volumetrias para essa área como parte deste projeto (Figuras 70 até 73). A quadra possui 34.000 m² e no sentido leste-oeste apresenta um desnível de 15m (declividade aproximada de 10%), enquanto que no sentido norte-sul

Figura 69. Quadra do projeto com

sua declividade máxima é de 2%.

volumetria das edificações vizinhas e caminho proposto (em vermelho) para

Na tentativa de minimizar o problema de

pedestres na diagonal sudeste-noroeste

acessibilidade entre os laterais leste e oeste da quadra, foi proposto um caminho para pedestres na diagonal sudeste-noroeste com declividade de 3% (Figura 69).

Figura 70. Croquis de estudo, feitos sobre maquete do terreno, para o projeto de ocupação da quadra


64 | proposta do projeto

Figura 71. Maquete de estudo com volumetria seguindo o padrão das construçþes na Unicamp


proposta do projeto | 65

Figura 72. Maquete de estudo volumĂŠtrico escolhida para ser desenvolvida neste projeto


66 | proposta do projeto

7_ Um anglicismo que se refere às descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso.

A volumetria proposta para a quadra

O edifício do Ciclo Fab Lab foi proposto

valoriza a vista para o pôr do sol, deixando

para a esquina noroeste da quadra

o ponto mais alto da quadra sem barreiras

(destacado em vermelho escuro na Figura

para a paisagem do horizonte a oeste. São

73), onde estaria integrado ao caminho

propostos eixos visuais dentro da quadra

diagonal criado para os pedestres. Ele

para incentivar o pedestre a circular pelo

foi projetado com a intenção de ser

meio dela e não pelo perímetro, onde

um edifício de passagem e encontros,

se encontram os estacionamentos.

que promova a serendipidade7.

Figura 73. Quadra do edifício do projeto com volumetrias genéricas das edificações vizinhas (em laranja) e caminho proposto para pedestres na diagonal sudeste-noroeste


proposta do projeto | 67

Ciclo Fab Lab

nas quais os usuários podem circular livremente durante o processo de criação e

O ponto de partida para este projeto

desenvolver o pensamento criativo (Figura

é a teoria da “espiral do pensamento

75). Os setores são distribuídos em: os

criativo” criada por Mitchel Resnick (Figura

espaços para imaginar e refletir, os de criar

74). Pesquisando sobre as formas de

e testar e os de compartilhar. Além destes

aprendizagem de crianças no jardim de

três setores principais existem os setores de

infância, Resnick (2017) resume o processo

apoio que são o administrativo e a entrada.

criativo em cinco etapas cíclicas: imaginar, criar, testar/brincar, compartilhar e refletir.

A área total do programa é de 2900 m². O projeto prevê atender aproximadamente

A etapa de compartilhar é muito

100 pessoas nos espaços de criar/testar,

importante nesse processo, pois ela deve

100 nos espaços de imaginar/refletir e

existir mesmo quando o projeto falhar

mais 300 no espaço de compartilhar,

ou não estiver finalizado, assim como

totalizando 500 usuários (Figura 76).

no open design. Isso garante que mais pessoas possam aprender com os erros

O número de usuários para o espaço

de um projeto e propor novas soluções.

do laboratório foi definido de forma a otimizar o uso das máquinas, porém

O programa do Ciclo Fab Lab está

sem ter uma escala tão grande que

setorizado em três grandes áreas,

tornasse o espaço impessoal.

Figura 74. Espiral do pensamento criativo

Figura 75. Setores do Ciclo Fab Lab


68 | proposta do projeto

Definição das áreas do programa

ambientes seria necessário isolamento

Antes de começar a propor a localização

acústico, sistema de aspiração de poeira

de cada ambiente, foram definidas as

e uso de equipamentos de proteção

suas áreas de acordo com o número de

individual (epi). A área necessária para

usuários proposto e o tamanho de cada

cada laboratório foi definida a partir das

máquina presente no laboratório. Para o

referências projetuais e do diagrama

cálculo inicial da área total do projeto foi

disponível no site da Fab Fundation (Figura

estipulado o valor de 20% para áreas de

77). Após a tabela de áreas foi definido

circulação. Também foi pensado em quais

o diagrama de bolhas (Figura 76).

- criar

- compartilhar -

imag i na

r-

cr iar

-c om pa rt il

h

m -i

Ci

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o cl

b Fa

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r gina ima

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ilhar - ima g i n a mpart r-c - co ria iar r

- criar - compart ilha r-

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ar in ag -c o m pa rt i l ha r

ar in ag

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com

r - im tilha par

aginar - criar c o m par tilh

ar

- im a g in ar

-c ri

Figura 76. Diagrama contendo setorização e áreas do programa


proposta do projeto | 69

ESPAÇO MÍNIMO DE UM FAB LAB aconselhado 18 x 20 m

moldagem e fundição 5,2 x 2,5 m

espaço para cortadora a laser

espaço para fresadora CNC

6x8m

6 x 4,5 m espaço de trabalho central e armazenamento para projetos em andamento 5x6m

espaço para treinamentos

espaço

e conferências online

área dos eletrônicos

impressora 3D

6x6m

5,2 x 4,3 m

3,5 x 5 m

escritórios, armazenamento de materiais e espaço para exposição dos trabalhos realizados 18 x 4 m

Figura 77. Diagrama com a área mínima recomendável para cada setor de um Fab Lab


70 | proposta do projeto

Acreditando que o processo de projeto seja

(Figura 78). A partir disso, obtive algumas

tão importante como o seu produto final,

diretrizes para a forma do prédio:

apresento a seguir algumas das etapas que passei durante o desenvolvimento do

1) O edifício terá um importante eixo

Ciclo Fab Lab. Vale ressaltar que elas não

de circulação interno que estará

ocorreram de forma linear, mas sempre que

integrado na circulação da quadra;

uma nova decisão era tomada as decisões

2) Será semienterrado e

anteriores eram revisadas e adaptadas

integrado a topografia;

de acordo com a evolução do projeto.

3) Possuirá uma cobertura caminhável que servirá para observação do pôr do sol;

Volumetria genérica

4) Terá o acesso de serviço voltado

Como foi dito anteriormente, antes de

para estacionamento existente;

desenvolver especificamente a arquitetura

5) Deverá ter proteção solar na

do edifício, estudei possibilidades de

grande fachada oeste, mas sem

implantação do projeto na quadra

bloquear a vista do pôr do sol.

Figura 78. Implantação da quadra com a indicação do Ciclo Fab Lab


proposta do projeto | 71

Espacialização do partido Após definir os três setores principais do

O edifício se insere no terreno com o

projeto, os mesmos foram organizados de

objetivo de ser uma continuidade do

acordo com os fluxos pretendidos. Com a

caminho de pedestres que atravessam a

intenção de garantir a conexão e fluidez

quadra ou saem para ver o pôr do sol. Por

entre os setores, foram propostos três

conta disso, o eixo de circulação da quadra

níveis de piso diferentes (Figura 79 e 80).

é também o eixo principal do edifício.

Figura 79. Diagrama dos setores e eixo de circulação principal

Figura 80. Diagrama dos níveis em corte


72 | proposta do projeto

Maquetes de estudo Para entender melhor a relação a ser proposta entre os níveis de cada piso e a topografia do terreno foram realizados alguns modelos físicos de estudo (Figuras 81 até 86). Nos estudos iniciais a circulação vertical foi pensada para ser através de várias rampas, o que tornava o caminho um pouco confuso e demasiado longo. Depois de estudar outras possibilidades decidiu-se propor que o piso do pavimento central, o Compartilhar, possuísse uma leve declividade (menor que 3%), para possibilitar uma total integração dele com o caminho na diagonal da quadra. Os modelos físicos também foram importantes para avaliar as questões estruturais, de iluminação e ventilação, além dos fluxos de circulação e integração com a topografia. Figura 81. Primeira maquete de estudo

Figura 82. Modelo para entender a relação dos pavimentos com a declividade do terreno


proposta do projeto | 73

Figura 83. Segundo modelo, este já com o estudo sobre as possibilidades de rampa na circulação vertical

Figura 84. Relação entre planta e corte do projeto na etapa de plano de massas


74 | proposta do projeto

Figura 85. Modelo do projeto na etapa de plano de massas


proposta do projeto | 75

Figura 86. Maquete do estudo preliminar, que serviu para repensar o sistema estrutural


76 | proposta do projeto

Implantação O edifício foi planejado para ter acesso em

quadra (Figura 90 e 91). A distribuição

vários níveis do terreno, como está indicado

dos setores do projeto pode ser

pelas setas vermelhas na Figura 87. Os

observada no diagrama da Figura 89.

diferentes pavimentos foram pensados para se acomodarem no terreno tentando

No terreno escolhido já existia um

minimizar os cortes e aterros (Figura 88).

estacionamento de piso intertravado com 50 vagas. Para a proposta do projeto

Os acessos principais estão localizados

esse estacionamento foi redesenhado e

nas fachadas norte e sul, que se

diminuiu para 30 vagas, porém possuirá

conectam ao caminho na diagonal da

um espaço para motos e bicicletário.

Figura 87. Implantação com indicação dos acessos (Esc. 1:1000)


proposta do projeto | 77

terreno

área do projeto

Figura 88. Diagrama do processo para definir a implantação

Figura 89. Diagrama da distribuição dos setores do projeto nos pavimentos

ajuste à topografia


78 | proposta do projeto

museu exploratório de ciências

R. Wa

lter Au g

dler

R. O sca

r Ni

Av. Dr. André Tosello

eme yer

ust Ha

R. Daniel Hogan

feagri

Rua com tráfego compartilhado

fec-au

Figura 90. Quadra com indicação rs

embrapa

do eixo para circulação de pedestres e o terreno do projeto (Esc. 1:5000)

Figura 91. Implantação do Ciclo Fab Lab na quadra (Esc. 1:5000)


proposta do projeto | 79

Sistema estrutural O edifício do Ciclo Fab Lab possui três

As lajes de madeira foram denominadas

sistemas estruturais: sendo o principal de

como flexíveis ou móveis, pois podem

concreto, um sistema de pilar e viga em

ser montadas e desmontadas de acordo

madeira para sustentar as lajes "flexíveis"

com a necessidade de pé direito no

e um sistema de viga e pilar metálicos

pavimento inferior, isso sem influenciar

para estruturar as esquadrias da fachada.

na estrutura geral do edifício (Figura 93).

sistemas

pilares e lajes

lajes, vigas e pilares

estruturais de concreto de madeira Figura 92. Perspectiva da entrada principal vista a partir da esquina

Figura 93. Diagrama dos sistemas estruturais

estrutura metálica para suporte da fachada


80 | proposta do projeto

A cobertura possui uma geometria sem dupla curvatura, o que facilita a

cobertura com

montagem das formas para o concreto.

curvatura simples

Tanto para a cobertura curva como para as lajes planas optou-se pelo sistema de laje lisa protendida moldada in loco. O vão padrão entre pilares é de 10 m e o vão mínimo é de 8,5 m, esses valores foram propostos a partir do gráfico de consumo de materiais para lajes protendidas com cabos aderentes (Figura 94, Emerick, 2002). Para o pré-dimensionamento da espessura da laje foi utilizada a relação vão/espessura para lajes com vão entre 6 m e 13 m (Figura 95) e o valor calculado foi de 0,33 m, para suportar um carregamento total de 10 kN/m2. caixas de elevadores vão máximo entre

de concreto auxiliam

pilares = 10 m

na estrutura

Figura 94. Gráfico de consumo de

Figura 95. Relação vão/esbeltez

materiais para lajes protendidas com

usual para seções típicas de lajes

cabos aderentes (Emerick, 2002)

protendidas (Emerick, 2002)


proposta do projeto | 81

laje clt de 5 camadas

A estrutura do mezanino de madeira foi projetada para ser independente do restante do edifício e desmontável. Tornando o pé direito do pavimento dos laboratórios flexível para abrigar novas máquinas que precisem de mais

pilar de seção

altura. Para a conexão entre as lajes de

cheia 15 x 15 cm

madeira foram projetados painéis de vidro fosco para o piso. Este sistema

viga sem balanço

estrutural é composto por pilares e vigas

25 x 10 cm

de madeira laminada colada (mlc) e lajes de Cross Laminated Timber9 (clt),

viga com balanço

ele foi projetado de forma colaborativa

17 x 10 cm

com o estudante de Engenharia Civil da FEC-AU Gustavo Rosa Violin.

Figura 96. Estrutura do mezanino de madeira

Optou-se por utilizar uma estrutura de vigas e pilares metálicos na fachada oeste (Figura 97) para suportar as esquadrias pois esta fachada não poderia ser apoiada na estrutura interna de madeira.

estrutura metálica e esquadrias

veneziana regulável para ventilação janela de correr perfil C (C200)

perfil I

porta de correr

(W310x21,0)

Figura 97. Módulo de vedacão e estrutura da fachada oeste e laterais norte e sul dos pavimentos Criar e Refletir/Imaginar

9_ A madeira laminada cruzada é um tipo de produto estrutural de madeira que compreende várias camadas coladas, tal como a madeira laminada colada, porém, diferente desta, cada tábua ou lamela é orientada de maneira perpendicular à anterior.


82 | proposta do projeto

FONTES DE ENERGIA No projeto do edifício Ciclo Fab Lab serão

energeticamente possível. Para a produção

propostas fontes de energia renováveis

de energia elétrica são propostos painéis

tanto para produção de energia elétrica

solares flexíveis (Figura 99), pois eles se

como para auxílio na regulação da

moldam de acordo com a curvatura da laje

temperatura do ar. Tais sistemas serão

e vidros fotovoltaicos para as clarabóias

utilizados em conjunto com os tradicionais

na cobertura. A exemplo do Monumento

sistemas de ar condicionado (nas salas

ao Sol (Figura 98) em Zadar (Croácia) os

pequenas) e resfriamento evaporativo (nos

painéis da cobertura terão fitas de luz led

ambientes maiores), porém estes serão

embutidas, que poderão ser acesas durante

utilizados de forma otimizada. O objetivo

a noite e além de iluminar o local serão um

é que a edificação seja o mais econômica

ponto para atrair visitantes (Figura 100).

Figura 98. Monumento ao Sol aceso durante a noite (armazena energia solar durante o dia) em Zadar, Croácia. Autoria de Nikola Bašić

Figura 99. Exemplo de painel solar flexivel

Figura 100. Exemplo de como a cobertura do Ciclo Fab Lab poderia ser iluminada durante a noite


proposta do projeto | 83

Para o auxílio na regulação da temperatura

troca de calor geotérmico (Figura 101 até

dos laboratórios, que já são semi-

103). Também é proposto um sistema

enterrados, foi proposto um sistema de

de armazenamento de águas pluviais.

verão

inverno ~ 10°C

~ 30°C AR

AR

perde calor

ganha calor

para o solo

do solo

~ 18°C

~ 18°C

Figura 101. Ilustração de tipo de instalação de sistema de

Figura 102. Esquema simplificado do funcionamento

troca de calor geotérmico

do sistema de troca de calor geotérmico local para reservatório de águas pluviais

do ão ç a e ul tub roca d a r t o a de ap mic r e a r é à ot em sist lor ge a c

Figura 103. Diagrama do pavimento Criar (cota 0 m) com indicação da área para instalação da tubulação do sistema de troca de calor geotérmico e local para reservatório de águas pluviais


84 | proposta do projeto

ACÚSTICA

auditório aberto será utilizada uma

Para melhorar o isolamento acústico

cortina dupla para minimizar o ruído

das salas de reunião e dos laboratórios

dentro dele e painéis acústicos no teto.

é proposto a instalação de vidros duplos nas divisórias, portas com

MOBILIÁRIO

grande estanqueidade, placas acústicas

A maioria do mobiliário proposto para

absorventes no forro e placas de neoprene

o Ciclo Fab Lab pode ser construído no

na base dos equipamentos. Na área de

próprio laboratório. O desenho e modo

exposições é proposto o jateamento

de montagem dos móveis de escritório

de celulose no teto, a celulose é um

estão disponíveis para download no

material de baixa condutividade térmica

site opendesk.cc (Figura 104) e os

utilizada para reduzir a perda e o ganho

móveis da lanchonete e café no site

de calor em ambientes e reduzir o

restauranteleka.com (Figura 105), ambos

nível de reverberação sonora. Para o

os sites se baseiam no open-design.

Figura 104. Exemplo de móveis da Opendesk utilizados no projeto (www.opendesk.cc)

Figura 105. Exemplo de móveis da Opendesk e do restaurante Leka (Barcelona, Espanha)


proposta do projeto | 85

RESUMO DAS ÁREAS DO PROGRAMA PAVIMENTO CRIAR

área (m²)

bicicletário

38

5 laboratórios

175

depósito fechado

25

depós. projetos em andamento

70

área para material de reuso

15

área para impressoras 3D

33

área eletrônicos

33

braço robótico KUKA

45

banheiros

26

área de trabalho e testes

AR COND. | EPI | SIST. ASPIRAÇÃO | TRAT. ACÚSTICO

500 TOTAL

960

PAVIMENTO COMPARTILHAR

área (m²)

administração

60

auditório aberto

110

área de exposição

670

lanchonete

140

área externa da lachonete

100

fab loja

40

depósito

20

banheiros

80 TOTAL

1220

PAV. IMAGINAR/REFLETIR

área (m²)

área de leitura e acervo

70

8 salas de reunião

100

coworking

400 TOTAL

570

PAVIMENTO CAFÉ MIRANTE

área (m²)

café

100

Obs.: Não foram computadas as áreas

varanda coberta

70

descobertas, como estacionamento e

150

jardins, no resumo das áreas do programa.

TOTAL

Todos os desenhos técnicos do projeto estão apresentados Ciclo Fab Lab ÁREA TOTAL

2900 m²

nas pranchas impressas.


86 | proposta do projeto

IMAGENS DO PROJETO

Figura 106. Ciclo Fab Lab visto da esquina entre a rua Oscar Niemeyer e a rua Daniel Hogan

Figura 107. Fachada sul do Ciclo Fab Lab


proposta do projeto | 87

Figura 108. Entrada do estacionamento

Figura 109. Vista para o acesso da cobertura e o edifĂ­cio da FEC-AU ao fundo


88 | proposta do projeto

Figura 110. Vista esquemรกtica do Ciclo Fab Lab sem a cobertura

Figura 111. Corte perspectivado do Ciclo Fab Lab


proposta do projeto | 89

Figura 112. Vista da saída do elevador ao norte

Figura 113. Vista da saída do elevador ao sul

Figura 114. Laboratórios e área de trabalho do pavimento Criar


CRÉDITOS ICONOGRÁFICOS [01] Fonte: Crepaldi, 2018, p.29 [02] Fonte: Neves e Ragusa, 2014, p.19 [03] Fonte: Crepaldi, 2018, p.32 [04] Traduzido pela autora. Fonte: Diez, 2018 [05] Adaptado de Kate Raworth, 2019 [06] Idem [07] Adaptado de Jakaterina Porohina. Fonte: <issuu.com/katya_porohina/ docs/sws21_thesis_booklet_s_-_160704>.Acesso em 20 maio 2019 [08] Fonte: < www.bhfab.city/frentesdeacao>. Acesso em 31 out 2019 [09] Adaptado e traduzido pela autora. Fonte: Diez, 2018 [10] Idem [11] Idem [12] Adaptado de Ciro Ruiz Vicente da Silva. Fonte: <https://www. researchgate.net/figure/Mapa-da-localizacao-de-Campinas-e-municipiosda-RMC-fronteiricos_fig1_327630704>. Acesso em 31 maio 2019 [13] Fonte: eleborado sobre imagem do Google Earth (2019) [14] Fonte: <http://www.ibes.med.br>. Acesso em 5 out 2019 [15] Fonte: eleborado sobre imagem do Google Earth (2019) [16] Fonte: eleborado sobre base CAD da prefeitura de Campinas [17] Fonte: autora [18] Idem [19] Idem [20] Idem [21] Fonte: <http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/>. Acesso em 1 jun 2019 [22] Fonte: autora (arquivos climáticos INMET 2016) [23] Fonte: <https://portuguese.alibaba.com/product-detail/garden-electricoutdoor-waterproof-patio-heater-60511989815.html>. Acesso em 5 out 2019 [24] Adaptado pela autora. Fonte: <http://projeteee.mma.gov.br/ estrategias-bioclimaticas/>. Acesso em 1 jun 2019 [25] Fonte: <https://www.archdaily.com/615739/cordoba-cultural-centercastaneda-cohen-nanzer-saal-salassa-tissot>. Acesso em 10 out 2019 [26] Idem [27] Idem [28]Idem [29]Fonte: <www.danielcorsi.com/projeto/museu-exploratoriode-ciencias-da-unicamp>. Acesso em 10 maio 2019 [30] Idem [31] Idem [32] Fonte: <www.vitruvius.com.br/revistas/read/ projetos/09.106/2978?page=2>. Acesso em 10 maio 2019 [33] Idem [34] Idem


[35] Fonte: <https://www.archdaily.com/119384/ad-classics-carpentercenter-for-the-visual-arts-le-corbusier>. Acesso em 10 maio 2019 [36] Idem [37] Idem [38] Idem [39] Idem [40] Fonte: <https://www.archdaily.com.br/br/797290/maat-ala?ad_medium=gallery>. Acesso em 10 out 2019 [41] Fonte: autora [42] Fonte: <http://lisboa.convida.pt/images/POIs/MAATConVida2016-01a.jpg>. Acesso em 10 out 2019 [43] Fonte: <https://www.archdaily.com.br/br/797290/maat-ala?ad_medium=gallery>. Acesso em 10 out 2019 [44] Fonte: autora [45] Idem [46] Idem [47] Idem [48] Idem [49] Idem [50] Idem [51] Idem [52] Idem [53] Idem [54] Fonte: <http://www.opolab.com/>. Acesso em 10 out 2019 [55] Fonte: autora [56] Idem [57]Fonte: <https://archdesign.utk.edu/study/studios-learninglabs/fab-lab/>. Acesso em 31 maio 2019 [58] Adaptado da planta. Fonte: <https://archdesign.utk.edu/study/ studios-learning-labs/fab-lab/>. Acesso em 31 maio 2019 [59] Fonte: <https://archdesign.utk.edu/study/studioslearning-labs/fab-lab/>. Acesso em 31 maio 2019 [60] Idem [61] Idem [62] Fonte: <www.archdaily.com/521475/kashiwa-no-ha-open-innovationlab-naruse-inokuma-architects>. Acesso em 31 maio 2019 [63] Idem [64] Idem [65] Idem [66] Idem [67] Idem [68] atĂŠ [114] Fonte: autora


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EYCHENNE, Fabien; NEVES, Heloisa. Fab Lab: A vanguarda da nova revolução industrial. São Paulo: Editorial Fab Lab Brasil, 2013. FAB CITY CURITIBA. Curitiba Fab City, [s.d.]. Disponível em: <https:// curitibafab.city/>. Acesso em: 15 de maio de 2019. FAB FOUNDATION. Ideal lab layout, 2019. Disponível em: <https:// www.fabfoundation.org/>. Acesso em: 15 de maio de 2019. Instituto Faber-Ludens. Design Livre. São Paulo: Clube dos Autores, 2012. LEITE, Raquel. Oficinas em rede. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2016. NEVES, Heloisa. Maker innovation. Do open design e fab labs ... às estratégias inspiradas no movimento maker. Tese (Doutorado em Design) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014. NEVES, Heloisa; RAGUSA, Juliana. Fab Educação. We Fab, 2014. Disponível em: <https:// issuu.com/tanta... /docs/fab_educa____o_wefab>. Acesso em: 15 de maio de 2019. PROJETEEE. Estratégias bioclimáticas, 2019. Disponível em: <http://projeteee. mma.gov.br/estrategias-bioclimaticas/> . Acesso em: 15 de maio de 2019. RAWORTH, Kate. Economia Donut: uma alternativa ao crescimento a qualquer custo. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2019. RESNICK, Mitchel. Lifelong Kindergarten: Cultivating Creativity Through Projects, Passion, Peers, and Play. 1. ed. Cambridge, MA: MIT Press, 2017. UNIVERSITY OF BRISTOL. FabLab Guide - how to set up your lab and maximise its impact , 2018. Disponível em: <https://issuu.com/j_ johns/ docs/bu_fablabs_document_final>. Acesso em: 15 de maio de 2019.



O Ciclo Fab Lab é um Laboratório de Fabricação Digital proposto para a Unicamp que serviria tanto à comunidade acadêmica quanto ao público externo. Um espaço onde o “fazer” é caminho para o aprendizado e desenvolvimento de novos conhecimentos, tecnologias e processos colaborativos; espaço para compartilhamento de experiências e cooperação.

PROGRAMA A área total do programa é de 2900 m². O projeto prevê atender aproximadamente 100 pessoas nos espaços de criar/testar, 100 nos espaços de imaginar/refletir e mais 300 no espaço de compartilhar, totalizando 500 usuários.

PARTIDO O edifício se insere no terreno com o objetivo de ser uma continuidade do caminho de pedestres que atravessam a quadra ou saem para ver o pôr do sol. Por conta disso, o eixo de circulação da quadra é também o eixo principal do edifício. O pavimento Compartilhar está no mesmo nível do eixo de circulação da quadra, para atrair visitantes às exposições, mesmo que eles estejam só de passagem pelo edifício. Este eixo de circulação também permite que o pedestre observe as atividades que estão sendo desenvolvidas nos outrs pavimetos.

Ciclo Fab Lab visto da esquina entre a rua Oscar Niemeyer e a rua Daniel Hogan

LOCAL

QUADRA

IMPLANTAÇÃO 220m

R. Walter August Ha

dler

2% 10% 0%

130m 10%

R. O

sca

rN

iem

eye r

170m

275m

An Av. Dr.

dré To

sello

l Hogan

R. Danie

0%

Quadra selecionada para o projeto, com indicação da melhor vista, caminho solar, em amarelo, e direção predominante dos ventos, em azul claro. As direções de subida das ruas adjacentes são representadas em linhas tracejadas com as respectivas declividades.

Quadra com indicação do eixo para circulação de pedestres e o terreno do projeto (Esc. 1:5000)

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil,

Implantação do Ciclo Fab Lab na quadra, com proposta de alocação para edifícios vizinhos (Esc. 1:5000)

CICLO FAB LAB Laboratório de Fabricação Digital na Unicamp

Arquitetura e Urbanismo

Área do hids, destaque em linha contínua amarela para o Parque Científico e Tecnológico da Unicamp e em linha vermelha para a quadra do Ciclo Fab Lab

Áreas próximas à quadra do projeto (destacada em vermelho), com indicação dos restaurantes universitários e Biblioteca Central

A localização proposta para o projeto é em uma quadra do Parque Científico e Tecnológico da Unicamp. Tal parque está inserido no Polo Estratégico de Desenvolvimento denominado Unicamp/CIATEC II de Campinas/SP

UNICAMP

Bárbara de Holanda Maia Teixeira

Orientadora: Profa. Dra. Gabriela C. Celani

Campinas | novembro 2019

1/4


DIAGRAMAS

ELEVAÇÕES esc. 1: 250

IMPLANTAÇÃO O edifício foi planejado para ter acesso em vários níveis do terreno. Os diferentes pavimentos foram pensados para se acomodarem no terreno tentando minimizar os cortes e aterros. O piso do pavimento Compartilhar possui uma leve declividade, para possibilitar uma total integração dele com o caminho na diagonal da quadra.

terreno

área do projeto

ELEVAÇÃO LESTE

ajuste à topografia

SETORIZAÇÃO O ponto de partida para este projeto é a teoria da “espiral do pensamento criativo” criada por Mitchel Resnick. Pesquisando sobre as formas de aprendizagem de crianças no jardim de infância, Resnick resume o processo criativo em cinco etapas cíclicas: imaginar, criar, testar/brincar, compartilhar e refletir. O programa do Ciclo Fab Lab está setorizado em três grandes áreas, nas quais os usuários podem circular livremente durante o processo de criação e desenvolver o pensamento criativo

ELEVAÇÃO SUL

espiral do pensamento criativo

os três setores do Ciclo Fab Lab

distribuição dos setores na volumetria

PLANTA esc. 1: 250 PAV. CAFÉ +8,50 m

ELEVAÇÃO NORTE

BRISE

BRISE

BRISE

VERTICAL

VERTICAL

VERTICAL

DE ABRIR

DE CORRER

FIXO

ELEVAÇÃO OESTE

CIRCULAÇÃO Os eixos de circulação vertical foram pensados para oferecer fluidez entre os níveis do projeto e diversificar as opções de percursos dentro e fora do edifício.

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil,

CICLO FAB LAB Laboratório de Fabricação Digital na Unicamp

Arquitetura e Urbanismo UNICAMP

Bárbara de Holanda Maia Teixeira

Orientadora: Profa. Dra. Gabriela C. Celani

Campinas | novembro 2019

2/4


PLANTAS esc. 1: 250

CORTES esc. 1: 250

PAV. COMPARTILHAR +2,50 m até +3,50 m PAV. IMAGINAR/REFLETIR +5,00 m detalhe cobertura

CORTE AA

CORTE BB

DETALHES detalhe

canaleta de

pedrisco gabião

muro de

drenagem

gabião

PAV. CRIAR 0m

CORTE CC corte: detalhe muro de gabião (sem esc.)

canaleta de drenagem

fundação para conexão entre a cobertura e o solo

corte: detalhe do encontro da cobertura com o solo (sem esc.)

CORTE DD INDICAÇÃO DOS CORTES

D

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo

(planta de cobetura sem escala)

A B

C

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo UNICAMP

Bárbara de Holanda Maia Teixeira A B D

CICLO FAB LAB Laboratório de Fabricação Digital na Unicamp

Orientadora: Profa. Dra. Gabriela C. Celani

C

Campinas | novembro 2019

3/4


Entrada do estacionamento Vista esquemática do Ciclo Fab Lab sem a cobertura

Corte perspectivado

Fachada Sul

Vista da saída do elevador ao sul

Vista da saída do elevador ao norte

Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo Faculdade de Engenharia Civil,

CICLO FAB LAB Laboratório de Fabricação Digital na Unicamp

Arquitetura e Urbanismo UNICAMP

Bárbara de Holanda Maia Teixeira

Orientadora: Profa. Dra. Gabriela C. Celani

Campinas | novembro 2019 Vista para o acesso da cobertura e o edifício da FEC-AU ao fundo

Laboratórios e área de trabalho do pavimento Criar

4/4


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