Cadeia produtiva da soja

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CADEIA PRODUTIVA DA SOJA 1) INTRODUÇÃO A soja (Glycine max (L.) Merril) é uma leguminosa herbácea anual cujo alto teor proteico de seus grãos (38%) e sua fácil adaptação aos diversos tipos de clima e fotoperíodo, devido a suas inúmeras variedades a colocam entre as principais oleaginosas do mundo, estando entre as mais cultivadas. A soja é a cultura agrícola brasileira que mais cresceu nas últimas três décadas e corresponde a 49% da área plantada em grãos do país. O aumento da produtividade está associado aos avanços tecnológicos, ao manejo e eficiência dos produtores. A transformação industrial dos grãos da soja possibilita a obtenção do óleo, da torta (resíduo da trituração dos grãos) e de farinha, e a partir destes, produtos como: lecitina de soja, óleo alimentício, margarina, gorduras emulsionadas, leite de soja, queijo de soja, molho de soja e as proteínas vegetais texturadas (PVT) que são bastante utilizadas em substituição da carne. Ultimamente, outros usos da soja têm sido revelados no campo da medicina (combate ao alcoolismo, tratamentos de câncer de mama e próstata), e na produção de tintas, colas e protetores solares. Cultivada especialmente nas regiões Centro Oeste e Sul do país, a soja se firmou como um dos produtos mais destacados da agricultura nacional e na balança comercial, segundo o ministério da agricultura. No cerrado, o cultivo da soja tornou-se possível graças aos resultados obtidos pelas pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com produtores, industriais e centros privados de pesquisa. Os avanços nessa área possibilitaram também o incremento da produtividade média por hectare, atingindo os maiores índices mundiais. 2) UTILIZAÇÕES DA SOJA 2.1) Alimentação Além do grão como alimento funcional, a soja é utilizada para a produção de produtos como chocolate, temperos prontos e massas. Derivados de carne também costumam conter soja em sua composição, assim como misturas para bebidas, papinhas para bebês e muito alimentos dietéticos. Do óleo extraído do grão (aproximadamente 15% da produção de soja em grão são destinados à fabricação de óleo), são produzidos óleo de cozinha, tempero de saladas, margarinas, gordura vegetal e maionese. Do processo de obtenção do óleo refinado de soja, obtém-se a lecitina, um agente emulsificante (que “liga” a fase aquosa e oleosa dos materiais), muito usado para se produzir salsichas, maioneses, sorvetes, achocolatados, barras de cereais e produtos congelados. Outro segmento de produtos alimentícios que aproveita a soja é o de bebidas prontas – leite e sucos de frutas à base de soja. 2.2) Alimento animal Indiretamente, sempre que comemos carnes estamos ingerindo soja. No Brasil, 80% do farelo de soja, junto com o milho, compõem a ração fabricada para a alimentação animal. É a transformação da proteína vegetal (grão) em proteína animal (grão mais carne).


2.3) Saúde Produtos feitos à base de soja são indicados a indivíduos com intolerância à lactose. Pesquisas associam o consumo da soja à diminuição de doenças cardiovasculares e à redução da incidência do enfarto e derrame cerebral. Seus antioxidantes ajudam no ganho de massa magra e contribuem para proteger o organismo do envelhecimento causado pelos danos celulares. Durante a menopausa, a soja é considerada uma alternativa natural para a reposição hormonal. Além disso, o consumo em forma de grão ou farinha integral possibilita a absorção dos elementos bioativos importantes para as mulheres. 2.4) Uso industrial Indústrias de diferentes setores utilizam soja como matéria-prima em seus processos de produção. Exemplo: indústrias de cosméticos, farmacêutica, veterinária, de vernizes tintas e de plásticos. A soja também é muito usada pela indústria de adesivos e nutrientes, adubos, formulador de espumas, fabricação de fibra, revestimento e papel emulsão de água para tintas. 2.5) Biodiesel Na história comercial mais recente, pela segurança e abundância em termos de oferta, o óleo de soja se tornou a principal matéria-prima para a produção do biodiesel, o combustível renovável que contribui para reduzir a emissão de gases poluentes no meio ambiente. O biodiesel é composto por diesel de petróleo e óleo extraído de várias oleaginosas. O óleo de soja representa mais de 80% da demanda total da fabricação de biodiesel no Brasil. 3) PANORAMA DO MERCADO INTERNACIONAL Originária do sudoeste asiático, a soja obteve expressão econômica a partir de meados do século vinte graças às suas vastas aplicações industriais. O seu cultivo se expandiu da China para países do ocidente e é a principal oleaginosa da atualidade, participando com aproximadamente 57% da produção média mundial de grãos fornecedores de óleos. É a cultura que mais cresceu em área e importância econômica durante as últimas décadas. A evolução da produção mundial da soja é surpreendente. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial passou de 159,83 milhões de toneladas obtidas no final dos anos 90, para o volume recorde de 264,12 colhido na safra 2010/11, um incremento de 65% no período. Passou a ser a principal planta oleaginosa do comércio mundial, relegando a segundo plano, ou até substituindo, o uso de outros óleos de origem vegetal ou a gordura animal. A área cultivada com a oleaginosa apresentou um crescimento de 52%, passando dos 69 milhões de hectares cultivados há quinze anos, para os atuais 104,7 milhões. O rendimento médio no final da década de 90 era de 2.192 kg/ha. Na safra passada o mundo colheu um recorde de 2.572 kg de soja por hectare (tabela 01).


Os Estados Unidos têm se mantido na primeira colocação do ranking da produção mundial de soja. Nos últimos anos haviam diminuído a sua participação, entretanto, diante do aquecimento atual do mercado, voltaram a aumentar a área, apesar de sua histórica preferência pelo cultivo do milho para alimentação animal e, mais recentemente, produção de etanol. Os norte-americanos colheram uma safra recorde no ciclo 2009/10. A produção foi 91,42 milhões de toneladas e o rendimento também foi recorde, 2.958 kg/ha. Na safra 2010/11, a produtividade também foi muito boa (2.922 kg/ha) e a produção foi a 2ª maior da história daquele país. Na atual safra, 2011/12, semearam área de 29,82 milhões de hectares. É a menor área plantada desde a temporada 2007/08, quando foram cultivados 25,96 milhões de hectares. A cultura da soja ocupa um papel fundamental no agronegócio da América do Sul. Juntos, o Brasil, a Argentina e o Paraguai, respondem por 50% da produção mundial. O Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial e pode passar à primeira em futuro próximo, caso mantenha a atual tendência de crescimento (Figura 2). Figura 1: Soja- Principais países produtores – Safra 2007/08 A 2011/12 (Em milhoes t) Os norte-americanos detêm a maior parcela nas exportações de soja em grão, respondendo por 42% desse mercado, seguidos pelo Brasil, Argentina e Paraguai, que juntos respondem por 52%. O comércio mundial de soja em grão teve crescimento expressivo nos quinze últimos anos. O USDA estima que deverão ser comercializadas na próxima safra perto de 97,7 milhões de toneladas, 144% acima do volume exportado no final da década de 90, quando o mundo negociava em média 40 milhões de toneladas por ano (Figura 03). Figura 2: Soja (Grão) – Principais Exportadores (Em milhões de t).

A China e a União Europeia continuam sendo os grandes importadores de soja em grão. Os chineses, que há menos de uma década compravam menos que os europeus, tornaram-se os principais consumidores a partir da safra 2002/03 e atualmente respondem por 59,8% das importações de soja, quase cinco vezes a mais do que a União Europeia compra, e tendem a aumentar ainda mais a sua participação nos próximos anos.


A concentração das importações em único país, a China, deixa o mercado vulnerável e intensifica o risco econômico do produtor, fator este que aumenta a necessidade de usar mecanismos de mercado futuro (tabela 02).

Nas safras 2007/08 e 2008/09, o consumo superou a produção e repercutiu em diminuição dos estoques, com reflexo nas cotações que tiveram aumento considerável, no entanto, nas safras 2009/10 e 2010/11, a produção voltou a superar a demanda, fato que, segundo o USDA, não deverá se repetir na temporada atual, refletindo diretamente em diminuição dos estoques (Figura 3). Figura 3: Soja (Graõ) – Oferta de demanda mundial (Em milhões de t)

O farelo de soja tem sido destinado principalmente para a produção de ração animal. Nos últimos anos, a produção mundial de farelo de soja tem superado o consumo, fazendo com que ocorra uma recomposição dos estoques que, mesmo assim, podem ser considerados baixos, relativamente ao consumo, dentro de uma série histórica mais longa (Figura 4). Figura 4 - Farelo de soja – Oferta de demanda mundial ( Em milhões de t)

O óleo de soja é utilizado na indústria química e alimentícia, competindo com outros óleos considerados mais nobres como do girassol, do milho e da canola. A busca de substitutos para o petróleo e outras opções que reduzem a liberação de poluentes na atmosfera deram nova importância aos produtos agrícolas, mediante diferentes possibilidades, entre elas: a produção de óleos ou de etanol para uso como combustível, puros ou em mistura com derivados de petróleo. A destinação de produtos que poderiam ser usados como alimento, como por exemplo, o uso do milho e da soja na produção de combustíveis, reflete em aumento na demanda de outros produtos, como o trigo. O aquecimento da demanda resulta em redução nos estoques mundiais e aumento nas cotações. O uso do óleo de soja é obrigatória em mistura ao óleo diesel, conforme leis aprovadas nos EUA, em países da Europa e no Brasil. Da mesma forma que o farelo, o óleo de soja apresenta produção e consumo crescente, com o estoque relativo no menor percentual dos últimos anos, sendo um dos


fatores que podem ajudar na manutenção das cotações da soja em grão nos patamares atuais. Figura 5: Óleo de soja: Oferta de demanda mundial (Em milhões de toneladas). Para a temporada 2011/12, o USDA está estimando um consumo menor do que a produção, o que refletirá em aumento nos estoques, porém ainda devem permanecer em percentual considerado baixo em comparação com o patamar normal. A demanda mundial de alimentos tem sido crescente, seja para consumo humano, ração animal, indústrias diversas, ou para combustível, abrindo mais espaço para a soja, que é a principal substituta para diversos outros grãos, devido à sua versatilidade. O panorama mundial do quadro de suprimento total de grãos indica que a tendência de consumo é crescente, e tem-se mantido ao longo dos anos, porém o índice de aumento da produção também tem crescido, com isso amenizando um pouco esse quadro de demanda e oferta ajustado. Figura 6: Grãos- Oferta de emanda mundial (Em milhões de t). 4) PANORAMA DO MERCADO NACIONAL 4.1) Histórico As primeiras indicações do plantio da soja no Brasil datam do início do século XX. A soja, em forma de forragem, era destinada para alimentação animal. A partir da década de 60, o cultivo desta leguminosa se estabeleceu como uma cultura economicamente importante para o Brasil. Os benefícios do Governo Federal na política de subsídios ao trigo ocorridos entre os anos 50 e 70, acabaram beneficiando diretamente a soja, como opção de cultivo de verão, sucedendo o trigo plantado no inverno. O uso da terra para o plantio na mesma área, no verão, a disponibilidade de mão de obra, bem como o parque de máquinas, impulsionaram a expansão da cultura na região Sul do Brasil. Daí em diante começou o plantio em escala comercial, com a utilização mais intensa de insumos (agrotóxicos e fertilizantes) período conhecido como “Revolução Verde”. Entre as décadas de 60 e 90, o plantio da soja concentrava-se no Sul do país. Com os órgãos de pesquisa desenvolvendo cultivares adaptadas ao solo e clima do Centro-Oeste, a cultura expandiu-se pela região, notadamente no Mato Grosso, atualmente o maior produtor, respondendo em média por 28% da produção nacional nas últimas três safras. O Rio Grande do Sul foi o maior produtor nacional de soja no período compreendido entre a década de 60 até meados da década de 90. De 1996 a 1999 o Paraná assumiu esta posição. Desde início dos anos 2000 o Mato Grosso lidera o ranking da produção brasileira. A nova fronteira agrícola do Brasil está localizada nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Segundo o Ministério da Agricultura e EMBRAPA, a região composta por esses Estados é denominada MATOPIBA. A partir do início dos anos 90 a soja foi migrando para essas Unidades da Federação e consolidou-se a partir dos anos 2000. 4.2) A Produção de Soja Nacional O complexo da soja compreende uma cadeia produtiva que envolve desde produção interna voltada para a exportação do produto bruto, até a transformação do produto voltada para a indústria esmagadora que processa a soja em farelo ou óleo para a exportação ou para consumo interno. A partir dos anos 1990, a agricultura brasileira passou por um processo de modernização, contribuindo para que a cultura da soja passasse por uma reestruturação ao


longo da sua cadeia, devido à introdução de novas tecnologias. Esse processo aumentou a participação da cadeia agroindustrial da soja para a economia do Brasil, tornando-a essencial para o crescimento da renda, emprego e das divisas da exportação. No período de análise (Gráfico 1), o Brasil passou por um processo de incremento da produtividade pela utilização de tecnologias mais avançadas, fazendo com que o setor alcançasse um maior crescimento e dinamismo.

O Brasil é o segundo maior produtor, processador mundial da soja em grão do mundo e o segundo exportador mundial de soja, farelo e óleo, garantindo ao país um papel de grande potencial para o produto. Apesar das vantagens brasileiras para a produção, como a grande disponibilidade de recursos naturais favoráveis do país, o Brasil apresenta desafios que se ultrapassados poderiam resultar numa maior potencialidade do complexo de soja brasileiro, sendo fundamental para um mercado inserido numa concorrência agressiva e altamente excludente.


4.3) Estimativas para Safra 2012/13 Com o plantio encerrado em dezembro/12, a quarta pesquisa da safra 2012/13 indica uma área de plantio em 27,35 milhões de hectares. Este resultado corresponde a um crescimento de 9,2%, ou 2,3 milhões de hectares superior à safra 2011/12, quando foram cultivados 25,04 milhões de hectares, constituindo-se na maior área cultivada com a oleaginosa. A produção nacional, estimada em 82,68 milhões de toneladas, também recorde, é 24,5%, ou 16,3 milhões hectares superior ao volume colhido na safra anterior Para a produtividade (quilos por hectare), foi adotada, ainda, a média dos últimos três anos, descartando-se as safras atípicas e adicionando o avanço tecnológico, exceção nos Estados da região Centro-Oeste, da Bahia e do Rio Grande do Sul, onde as lavouras estão em estágios mais avançados, nestas regiões foram adotadas as produtividades obtidas na pesquisa de campo. Confirmando-se a área prevista e as condições climáticas favoráveis às lavouras, o que vem acontecendo até o momento, a produção poderá ser superior ao total estimado. O incremento na área cultivada é observado em todas as unidades da federação, destacando-se o Estado de Mato Grosso, onde se prevê um crescimento de 698,1 mil hectares, seguido do Rio Grande do Sul, 421,4 mil hectares, Paraná, 252,0 mil hectares, e Goiás, com crescimento de 243,3 mil hectares. No final do mês de dezembro, com a área totalmente semeada, as lavouras, em nível nacional, encontravam-se nos seguintes estágios: 1,4% em germinação, 47,4% em desenvolvimento vegetativo, 36,3% em floração, 14,6% em frutificação e 0,3% colhidos. O clima tem sido favorável na maioria dos estados brasileiros, com isto, os problema climáticos que ocorreram em dezembro, safra 2011/12, não se repetiram em 2012. Assim, as primeiras colheitas que ocorrerão em janeiro, safra 2012/13, deverão vir com alta produtividade, o que provavelmente se repetirá no restante da safra; estimando se, então, um incremento de produtividade de 14%, em relação à safra 2011/12.


Com a produção recorde estimada em 82,68 milhões de toneladas, o mercado espera uma pequena queda nos preços internacionais, mas mesmo assim, muito superior ao preço praticado em janeiro do ano passado. O estoque final da safra 2011/12 de grãos foi o menor dos últimos anos, em consequência, principalmente, de uma quebra de safra ocorrida, de uma grande exportação de 32,46 milhões de toneladas e do esmagamento estimado em 33,80 milhões de toneladas. Em contra partida, na safra 2012/13, o estoque final deverá ser bastante folgado, estimado em 4,82 milhões de toneladas, o que dará uma exportação estimada em 36,41 milhões de toneladas e um esmagamento também estimado em 32,85 milhões de toneladas.

4.4) O Farelo e Óleo de Soja no Mercado Nacional Durante os últimos anos houve gradativo aumento na produção nacional de farelo de soja, com queda em 2009 e expansão em 2010. O volume exportado manteve-se acima de 12,0 milhões toneladas e o consumo interno tem mostrado tendência de crescimento, tendo superado o patamar de 12,0 milhões toneladas. A demanda tende a se manter aquecida, tanto para o mercado externo, como para o mercado interno, na produção de ração para a avicultura e a suinocultura, visto que estes setores estão em franca expansão.


Nos últimos anos observa-se um aumento no esmagamento de soja, resultando numa maior produção de óleo. O consumo nacional também vem crescendo, porém a redução do volume exportado vem refletindo em aumento dos estoques.

4.5) Exportações Brasileiras O complexa soja (grão, farelo e óleo) lidera as exportações do agronegócio brasileiro. Nos últimos três anos as exportações do Agronegócio geraram, em média, receita de US$ 71 bilhões/ano. O complexo soja respondeu por 24% deste total. Impulsionada pela demanda chinesa e pelos altos preços no mercado internacional, o país exportou, em média, nos últimos anos, cerca de 27 milhões de toneladas anuais de soja em grão, o que corresponde a 42% da produção brasileira. Na tabela abaixo, observa-se a evolução das exportações brasileiras de soja (grão) nos últimos anos. O volume aumentou 22,4% entre 2007 e 2010. Com esse desempenho, as vendas do grão para o exterior atingiram um valor médio de US$ 11,46 bilhões/ano. O preço da tonelada de soja em grão apresentou um aumento de 75% no período, reflexo das altas cotações no mercado internacional.


As exportações brasileiras de soja em grão estão concentradas para a China e alguns países da Europa que responderam por 88% das exportações em 2010. A China é a principal cliente da soja brasileira e a venda para este país aumentou 77% no período de 2006 a 2010.

Tabela 9: Exportação do Complexo Soja em 2010 (grão, farelo, óleo). Total das exportações US$ 17,1 bilhões Exportação de grão US$ 11,0 bilhões (29,1 milhões t) Exportação de farelo US$ 4,7 bilhões (13,7 milhões t) Exportação de óleo US$ 1,4 bilhões (1,6 milhões t) Fonte: MDIC (Sistema Aliceweb) 5) CUSTOS DE PRODUÇÃO 5.1) Custo de produção por região e evolução dos preços


Baseado em dados do IMEA (Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária), podemos comparar os custos de produção das safras 2012/2013 e a estimativa para a safra 2013/2014 para a soja convencional, nas principais regiões produtoras do Brasil, sendo que o estado do Mato Grosso, principal estado produtor, apresenta uma análise especial, por apresentar sozinho a maior produção do país quando comparado com as demais regiões. Podemos observar de acordo com as tabelas abaixo que na safra de 2012/2013 o custo de produção mais alto foi apresentado pela região Nordeste com o valor de R$1.993,33/ha, seguido do Médio Norte, Mato Grosso, Oeste, Sudeste e Centro-oeste com o menor custo de produção (RS1.737,98/ha). Na safra 2013/2014, a estimativa do custo de produção para as principais regiões foram Sudeste com custo de R$ 2.670,09/há, seguido do Centro-Sul, Mato Grosso, Médio Norte, Oeste e Nordeste (R$2.209,61). Comparando os custos de produção as duas safras observamos que que o custo de produção teve um aumento na safra 2013/2014 devido principalmente a um aumento no preço dos insumos como os fertilizantes. O aumento foi de aproximadamente 17%.


De acordo com o CEPEA/ESALQ para o estado do Paraná,segundo maior produtor, podemos observar a evolução do preço da soja ao longo dos anos (Gráfico 1), apresentando um recorde de preço no ano de 2012,que se deve principalmente a maior valorização da soja frente no mercado internacional e nacional.


A cotação da soja no momento atual é representado pela tabela do CEPEA/ESALQ, estando próximo de R$60,00.

6) COMPETITIVIDADE DO BRASIL NO MERCADO INTERNACIONAL A competitividade no mercado mundial do complexo da soja (grãos, óleo e farelo) e, consequentemente, os resultados obtidos são desdobramentos do desenvolvimento de pesquisas e tecnologias inovadoras que geram bons resultados, do ponto de vista financeiro, aos produtores. Este complexo é responsável por quase 9% das exportações do país, registrando US$ 17,115 bilhões em vendas em 2010 contra US$ 5,297 bilhões em 2001, perfazendo uma alta de 227% no período. Resultados como esse posicionam o Brasil no terceiro lugar mundial em exportações de produtos agrícolas, atrás dos Estados Unidos e da União Européia. O Brasil ocupa hoje uma posição estratégica para as empresas esmagadoras de soja com atuação global, visto que o País se destaca atualmente como o segundo maior produtor da oleaginosa do mundo. O preço da matéria-prima é formado no mercado internacional, por meio da Bolsa de Chicago, havendo grande influência em relação à oferta de soja dos três maiores produtores mundiais: Estados Unidos, Brasil e Argentina.


Como grande parte da produção mundial de grãos se divide entre América do Norte e América do Sul, com épocas de safras distintas, os grupos internacionais buscam estar presentes nas duas regiões, garantindo, assim, um fluxo de atividade estável ao longo do ano. A competitividade está relacionada à produtividade, a custos e escalas. O Brasil mostra-se muito competitivo no que tange à disponibilidade de áreas cultiváveis, custo da mão-de-obra e no tamanho e potencial do crescimento interno. Em contrapartida, os Estados Unidos se torna mais competitivos nos quesitos: nível tecnológico e fatores sistêmicos. Outro importante indicador da competitividade da soja brasileira diz respeito às suas características qualitativas. Segundo um estudo elaborado por Hill et al. (1996), citado por Lazzarini e Nunes (1998, p. 276), a soja brasileira apresenta vantagens em relação à Argentina e aos Estados Unidos, por ter maior teor de óleo e proteínas e um menor teor de impurezas. No entanto, o estudo constatou desvantagens da soja brasileira perante os concorrentes, por apresentar maior teor de umidade, ácidos graxos livres (prejudiciais ao processo de refino) e grãos avariados. Outro importante indicador que deve ser levado em conta diz respeito ao ritmo de esmagamento, que, no Brasil, apesar de ter registrado uma taxa de crescimento de 3,3% ao ano, na última década, é inferior ao da Argentina e ao do mundo, que registrou, no mesmo período, uma taxa média de crescimento anual de 5,2%. Com o ritmo de esmagamento menor, tanto a produção de farelo de soja quanto a produção de óleo de soja degomado registraram, na última década, uma taxa de crescimento inferior à taxa de crescimento mundial. Em contrapartida, as exportações brasileiras de soja em grãos foram as que mais cresceram nos últimos dez anos. Isso ocorre porque a competição no mercado de óleos é bastante acirrada, tendo sido registrado um aumento expressivo na produção da Argentina e do Leste Asiático. As principais vantagens competitivas do Brasil na produção de soja são: • Possibilidade de ganhos de escala; • Alta produtividade; • Mão-de-obra barata; • Oferta hídrica abundante; • Tecnologia de ponta. No entanto, as principais desvantagens são: • Juros altos; • Infra-estrutura deficiente; • Escassez de crédito; • Má gestão dos produtores rurais. Figura 8: Exportações do complexo soja entre 2001 e 2010.


Fo nte: Abiove / WWF-Brasil A China, seguida pela Holanda, França, Espanha, Alemanha, Tailândia, Itália, Irã, Reino Unido e Coréia do Sul foram os países que mais compraram soja brasileira no período de 2001 á 2010. Juntos, esses países desembolsaram US$ 89 bilhões por 301 milhões de toneladas. Figura 9: Principais destinos da soja brasileira entre 2001 e 2010

Fontes: Conab, AliceWeb e IBGE 6.1) O cenário das projeções atuais do mercado da soja


O primeiro aspecto que preocupa as economias de todo o mundo atual é a recente crise de economias européias que tem absorvido integralmente a atenção dos países da comunidade européia. De acordo com Homem de Melo (janeiro de 2012) os países que têm quadros piores são a Itália, Grécia, Espanha e Portugal. Sem dúvida, o baixo crescimento dos países mais afetados devem afetar as exportações de produtos brasileiros. Outra parte do cenário atual e que deve afetar a agricultura a médio e longo prazos refere-se ao plano para a organização de uma nova visão para a Agricultura. Os principais pontos da proposta baseiam-se em segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e crescimento econômico. O conjunto dessa base de sustentação proposta, deve ter a longo prazo efeitos significativos no crescimento da agricultura dos países. Tabela 10: Exportação brasileira do complexo soja por países destino. CO M P L EX O DE S O J A Exportações Brasileiras, por Países de Destino

Países de Destino

Quant(t)

2009 Valor FOB US$1000

2010 Quant(t)

2011 Valor FOB US$1000

Quant.(t)

Valor FOB US$1000

Jan-Dez/12 Valor FOB US$1000

Quant.(t)

GRÃO Alemanha China Espanha França Itália Japão Países Baixos Outros

1.116.132 15.939.968 2.114.646 384.243 728.165 586.781 2.366.889 5.325.882

453.783 6.342.965 791.909 150.703 278.508 245.863 974.310 2.186.242

355.219 19.064.458 1.874.991 105.886 568.700 507.332 1.437.354 5.159.215

134.551 7.133.441 740.227 45.026 213.133 192.576 550.551 2.033.496

370.819 22.104.719 2.369.270 221.774 150.662 536.111 1.520.683 5.711.523

189.032 10.957.102 1.192.918 107.530 73.269 253.805 710.252 2.843.378

522.354 22.885.887 2.155.811 506.775 135.621 548.339 1.036.919 5.124.710

284.638 12.028.318 1.130.224 281.400 73.644 297.346 550.154 2.809.478

Soma

28.562.705

11.424.283

29.073.156

11.043.000

32.985.560

16.327.287

32.916.417

17.455.200

1.153.760 1.635 81.447 575.381 2.439.303 361.053 275.293 2.571.265 932.554 3.861.298

437.098 640 35.648 210.355 889.180 130.426 106.831 979.114 347.922 1.455.437

1.225.669 204.760 586.158 2.330.689 262.993 268.424 3.398.306 1.324.428 4.067.173

442.137 76.927 190.101 789.389 84.377 92.883 1.211.869 468.738 1.362.952

1.366.110 20.538 166.563 612.790 2.053.273 409.844 267.332 3.914.624 1.413.457 4.130.638

574.733 9.056 69.639 224.760 770.147 155.753 106.157 1.640.446 563.098 1.584.072

1.673.952 16.384 141.715 399.991 1.818.715 695.224 601.139 4.000.479 1.351.259 3.590.184

779.865 6.526 66.827 169.310 807.547 341.348 268.869 1.967.613 624.350 1.563.202

12.252.990

4.592.651

13.668.599

4.719.373

14.355.169

5.697.860

14.289.042

6.595.457

ÓLEO BRUTO, REFINADO E DezROS Bangladesh 123.526 China 529.105 Hong Kong 17.709 Índia 169.844 Irã, Rep. 72.100 Países Baixos 5.732 Outros 675.634

97.282 406.951 13.343 132.289 48.512 3.743 531.805

37.500 935.965 12.500 85.372 85.963 232 406.229

32.851 786.420 11.028 71.721 81.870 305 368.234

106.700 643.179 20.152 141.950 65.345 2.961 761.127

129.476 763.682 23.420 173.573 79.884 3.918 955.317

94.484 787.531 29.757 314.489 116.978 144 413.762

109.498 924.397 35.882 363.933 136.952 209 500.465

1.233.925

1.563.761

1.352.429

1.741.413

2.129.270

1.757.144

2.071.337

FARELO Alemanha China Dinamerca Espanha França Irã, Rep. Itália Países Baixos Tailândia Outros Soma

Soma

1.593.649

FONTE: SECEX NCM: Soja Grão: 1201.10.00 a 1201.90.00 Farelo: 2304.00.10 a 2304.00.90 Óleos: 1507.10.00 a 1507.90.90

As estimativas para soja – grão – indicam uma produção brasileira de 88,9 milhões de toneladas em 2021/2022. Essa projeção é 17,8 milhões de toneladas maior em relação ao que o Brasil produziu na safra de 2011/2012. Segundo a Abiove (contato 18/01/2012), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA estima uma necessidade de importações mundiais de 30 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, projeta, aumento de apenas 10 milhões de toneladas para a safra local e 8 milhões de toneladas para exportação. O restante viria do Brasil e Argentina e outros da América do Sul. Teríamos de aumentar nossa produção entre 20 e 22 milhõesde toneladas. Historicamente a produção brasileira de soja tem crescido a uma taxa anual de 5,8%.


toneladas. Representam um aumento de 10,8 milhões de toneladas em relação à quantidade exportada pelo Brasil em 2011/12. A taxa anual projetada para a exportação de soja em grão é de 2,8%. Tabela 11: Projeção da produção, consumo e exportação entre os anos de 2011 e 2021.

O farelo e o óleo de soja mostram moderado dinamismo nos próximos anos. Nas exportações o farelo deve crescer a 12% ao ano e o óleo de soja, 0,7% ao ano. A relação entre consumo e produção de óleo de soja prevista para os próximos anos é por volta de 78,0%. Tabela 12: Projeção da produção, consumo e exportação entre os anos de 2011 e 2021.

Tabela 13: Projeção da produção, consumo e exportação entre os anos de 2011 e 2021.


Da produção prevista de óleo de soja para 2012, estima-se que 22,0% da produção total de óleo de soja deverá ser destinada à exportação e para o farelo de soja será destinado para exportação cerca de 50,0% do farelo produzido. Figura 10: Principais destinos das exportações em 2010

F Fonte: MDIC/SECEX, 2010 Na tabela 14 observa-se a evolução das exportações brasileiras de soja (grão) nos últimos anos onde o volume aumentou 22,4% entre 2007 e 2010. Com esse desempenho, as vendas do grão para o exterior atingiram um valor médio de US$ 11,46 bilhões/ano. O preço da tonelada de soja em grão apresentou um aumento de 75% neste período de 2007 à 2011, isso foi reflexo das altas cotações no mercado internacional. Tabela 14: Soja (grão) – exportações brasileiras – 2007 a 2011.

Com relação às exportações globais em 2013, a previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta um crescimento de 3,8% sobre o ano anterior, atingindo 94,0 milhões de toneladas. O Brasil aparece como o maior exportador mundial, após um crescimento de 3,4 milhões de toneladas no volume estimado pelo USDA em maio. O País deverá exportar 37,6 milhões de toneladas em 2012/2013, o que representa um aumento de 2,5% em relação ao ano de 2011/12. Outro


motivo que leva o Brasil ao primeiro lugar no ranking mundial é a retração do comércio de soja nos EUA. O USDA prevê uma exportação de 30,2 milhões de toneladas, menor volume desde 2005/2006. Esse desempenho esperado indica uma redução de 17,8% em relação ao ano anterior. Para a Argentina, que ocupa a terceira posição em exportações, espera-se um volume 3,4 milhões de toneladas acima da expectativa do primeiro relatório, atingindo 13,5 milhões de toneladas (73,1% superior ao ano anterior). Na quarta posição aparece o Paraguai, com uma exportação de 5,4 milhões de toneladas, indicando um crescimento de 74,2% sobre o ano anterior. Este conjunto de previsões para as exportações revela uma expectativa de que a retração dos EUA provocaria um aumento da participação de Argentina e Paraguai, enquanto o Brasil não poderia explorar essa oportunidade de expansão das exportações, em razão do elevado consumo interno de soja. Em relação ao Brasil, as perspectivas ainda são positivas, tendo em vista as condições de preço para o próximo ano. Embora não se espere um crescimento expressivo da dada a fragilidade das economias desenvolvidas, os países emergentes ainda representam um destino com razoável dinamismo para o consumo de soja. A estrutura produtiva de soja no Brasil continua sólida e com razoável saúde financeira, tendo sido beneficiada por uma consistência nas políticas agrícolas expressas nos planos de safra dos últimos anos. Um outro fator positivo para a safra atual e do próximo ano é a desvalorização cambial do real em relação ao dólar, que também favorece a receita dos exportadores, ainda que gere algum impacto nos insumos de produção. 7) LOGISTICA O Brasil é um país beneficiado por seu ambiente produtivo, porém a entrega dos produtos ao mercado consumidor ainda é pouco eficiente, tornando necessária a implantação de uma logística agroindustrial como meio para possibilitar a chegada dos produtos aos clientes pelo menor preço, na hora, local e forma desejada. Em um mercado competitivo como o das commodities, a otimização dos sistemas, sejam produtivos, financeiros ou logísticos, deixou de ser uma opção de maior rentabilidade e tornou-se uma necessidade crescente, em decorrência da volatilidade dos retornos sobre o capital investido. A logística é a parte do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, de forma eficiente e eficaz, a expedição, o fluxo reverso e a armazenagem de bens e serviços, assim como do fluxo de informações relacionadas, entre o ponto de origem e o ponto de consumo, com o propósito de atender às necessidades dos clientes. Figura 11: Fluxo da logistica


Magee (1997) e Alvarenga e Novaes (2000) classificam os elementos do sistema logístico da seguinte forma: • Estoque de produtos, elementos reguladores entre transporte, fabricação e processamento; • Aquisição e controle de matéria-prima; • Meios de transporte e de entrega local, envolvendo todas as etapas do transporte e essenciais quanto ao custo, a velocidade e a segurança; • Capacidade de produção e conversão para enfrentar as flutuações da demanda; • Armazenamento nas fábricas, locais e regionais; • Comunicação e controle, fundamentos da administração do sistema, em que se baseiam a tomada de decisões; • Capacitação dos recursos humanos. Com respeito à execução das tarefas logísticas, Ballou (1993, 2001) e Ching (1999) as classificam em duas categorias: primárias e secundárias. As primárias são aquelas sem as quais a logística não acontece; são as que contribuem com a maior parcela do custo total logístico. Essas atividades são: • Transporte: é a atividade mais importante para a maioria das empresas, simplesmente porque ela absorve de um a dois terços dos custos logísticos. É essencial, pois nenhuma empresa moderna pode operar sem providenciar a movimentação de suas matériasprimas ou de seus produtos acabados. • Manutenção de Estoques: normalmente não é viável providenciar entrega instantânea aos clientes. Para se atingir um grau razoável de disponibilidade de produto é necessário manter estoques, que agem como amortecedores entre a oferta e a demanda. Os estoques são responsáveis por aproximadamente de um a dois terços dos custos logísticos, tornando-os uma atividade chave da logística. Enquanto o transporte adiciona valor de “lugar” ao produto, o estoque agrega valor de “tempo”. Para agregar este valor dinâmico, o estoque deve ser posicionado próximo aos consumidores ou aos pontos de produção. • Serviço ao cliente: padrões de serviço ao cliente fixam o nível de produção e o grau de rapidez ao qual o sistema logístico deve responder. Os custos logísticos aumentam proporcionalmente ao nível de serviço oferecido ao cliente. • Processamento de pedidos: os custos de processamento de pedidos tendem a ser pequenos quando comparados aos custos de transportes ou de manutenção de estoques. A importância se deriva do fato de ser um elemento crítico em termos de tempo


necessário para levar bens e serviços aos clientes. É uma atividade primária que inicializa a movimentação de produtos e a entrega de serviços. As atividades secundárias que apoiam as primárias contribuem para a disponibilidade e a condição física de bens e serviços. Elas são: • Armazenagem: refere-se à administração do espaço necessário para manter estoques. Envolve problemas como localização, dimensionamento de área, arranjo físico, recuperação do estoque, projeto de docas ou baias de atracação e configuração do armazém; • Manuseio de materiais: Está associada com a armazenagem e também apoia a manutenção de estoques. É uma atividade que diz respeito à movimentação do produto no local de estocagem. São problemas importantes: seleção do equipamento de movimentação, procedimentos para formação de pedidos e balanceamento da carga de trabalho; • Embalagem de proteção: um dos objetivos da logística é movimentar bens sem danificá-los além do economicamente razoável. Bom projeto de embalagem do produto auxilia a garantir movimentação sem quebras. Além disso, dimensões adequadas de empacotamento encorajam manuseio e armazenagem eficientes; • Obtenção: É a atividade que deixa o produto disponível para o sistema logístico. Trata da seleção das fontes de suprimento, das quantidades a serem adquiridas, da programação das compras e da forma pela qual o produto é comprado. É importante para a logística, pois decisões de compra têm dimensões geográficas e temporais que afetam os custos logísticos. A obtenção não deve ser confundida com a função de compras; • Programação de produtos: Enquanto a obtenção trata do suprimento de firmas de manufatura, a programação do produto lida com a distribuição. Refere-se primariamente às quantidades agregadas que devem ser produzidas e quanto e onde devem ser fabricadas. Não diz respeito à programação detalhada de produção, executada diariamente pelos programadores de produção; • Manutenção de informação: Nenhuma função logística dentro de uma firma poderia operar eficientemente sem as necessárias informações de custo e desempenho. Tais informações são essenciais para correto planejamento e controle logístico. Manter uma base de dados com informações importantes (localização dos clientes, volumes de venda, padrões de entregas e níveis dos estoques) apoia a administração eficiente e efetiva das atividades primárias e de apoio. De acordo com os autores Bowersox e Closs (2001) e Ballou (2001), a empresa que é capaz de desenvolver um sistema logístico eficaz tem a vantagem de ser vital no futuro. 7.1) A logística da soja brasileira A logística da soja deve ser criteriosamente estudada e planejada para diminuir os custos do produto, visto que esta leguminosa percorre grandes distâncias até chegar aos equipamentos de distribuição e comercialização. A logística de movimentação da soja se inicia com a coleta da produção por via rodoviária. Uma parte segue para os portos de exportação diretamente, ou para as hidrovias ou ferrovias enquanto a outra parte segue para as unidades industriais que produzem o farelo e o óleo de soja. O transporte de soja ocorre através de rodovias, ferrovias e hidrovias. No agronegócio, o sistema interligado de transporte favorece sua vantagem competitiva para a exportação. Paula e Faveret (2000) compararam as distâncias percorridas desde as regiões produtoras até o porto (1400 km) do Brasil e Estados Unidos. O frete no Brasil custa em torno de US$ 50, enquanto o produtor do Mississipi-EUA despende


somente US$ 6,60, segundo dados da CVRD (2005). A Tabela 15 ilustra comparativamente a matriz de transportes para a soja entre os principais exportadores. Tabela 15: Matriz de transportes para a soja entre Brasil, Argentina e EUA.

De acordo com Dalto e Saliby (2001), o custo do frete por tonelada de grãos em geral, em trecho médio de mil quilômetros é de US$ 32,00 pelo modal rodoviário; US$ 15,00 a US$ 18,00 por ferrovia e apenas US$ 7,00 a US$ 8,00 na hidrovia (Dalto; Saliby, 2001). 7.2) Rede de Transportes O estudo de Paula e Faveret (2000), apresentam os principais corredores de transporte multimodais no Brasil. Estes corredores visam a integração e a racionalização das rotas com o uso conjunto de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. 7.2.1) Corredor Noroeste O corredor multimodal de transporte do Noroeste abarca a área de atuação do Grupo André Maggi, por meio da sua empresa Hermasa S/A, utilizando os Rios Madeira e Amazonas e as rodovias BR-364 (entre Porto Velho-RO e o Noroeste do Mato Grosso). A Hermasa, articulando investimentos próprios do grupo Maggi, do governo de Amazonas e linhas de financiamento do BNDES, construiu dois portos modernos no corredor (Itacoatiara e Porto Velho). O corredor do Noroeste envolve também a rodovia que interliga Cuiabá – MT a Santarém – PA, que se encontra fora do escopo do projeto do grupo Maggi. 7.2.1.1) Hidrovia A Hidrovia do Madeira está localizada na região norte do país sendo utilizada, principalmente, para o transporte de grãos provenientes dos estados de Rondônia e Mato Grosso, que chegam por rodovia no terminal hidroviário de Porto Velho (RO) e seguem pela hidrovia até o terminal de Itacoatiara (AM). Em seguida navegam Rio Amazonas rumo ao oceano Atlântico. No ano de 2000 transportou 959 mil toneladas. 7.2.1.2) Rodovia A BR-364, principal rodovia de Rondônia, interliga o Noroeste de Mato Grosso e o Porto Velho-RO. Ainda em fase experimental, a produção do Estado de Roraima é escoada até Manaus pela BR-174. 7.2.1.3) Ferrovia A Ferronorte detém 40% de participação no transporte de soja da região CentroOeste, mas considerando as previsões de crescimento para as próximas safras, a ferrovia deve alcançar uma participação de 50% nos próximos cinco


anos. A Ferronorte ainda é uma ferrovia em construção com o objetivo de ligar o Centro – Oeste e a Amazônia às regiões Sul e Sudeste. Sua malha ferroviária, quando concluída, totalizará 5 mil km de extensão em bitola larga. 7.2.2) Corredor Centro Norte Envolve cerca de 80 milhões de ha, distribuídos por todo o estado do Tocantins, sul do Maranhão (região de Balsas) e Piauí, leste de Mato Grosso, noroeste de Goiás, sudeste do Pará. Os principais modais de transporte envolvidos neste corredor são: Rios Araguaia, Rio das Mortes (afluente do primeiro) e Rio Tocantins; Rodovia BR-010 (Belém – Brasília); Ferrovias Norte-Sul e Carajás; Portos de Ponta da Madeira e de Itaqui – MA. 7.2.2.1) Hidrovia A hidrovia Tocantins-Araguaia já recebeu alguns investimentos, porém ainda não está operacional. A diretoria de infra-estrutura aquaviária, ligada ao Ministério dos Transportes, vem adotando medidas de implantação desta hidrovia que hoje se encontra embargada pela justiça federal. Ela foi planejada para o transporte de grãos da região Centro-Oeste para o porto de Belém (PA) ou ligando a região até o terminal hidroviário Porto Franco (MA) e seguido por ferrovia até o porto de Itaqui (MA). Em Xambioá existe infra-estrutura para transbordo e armazenagem, construída pela companhia Vale do Rio Doce. 7.2.2.2) Ferrovias A ferrovia Norte-Sul é um projeto em construção com 2.066 km de extensão em bitola larga, interligando as regiões Norte e Centro-Oeste e fazendo conexões com a estrada de ferro Carajás e a FCA (Ferrovia Centro Atlântica). Por enquanto, apenas está construído e operando o primeiro trecho com 226 km de extensão. A ferrovia serve hoje ao escoamento da produção de Balsas (Maranhão). A produção do polo é transportada por via rodoviária até Imperatriz (600 km), onde é feito o transbordo para a ferrovia, que leva os produtos até o porto de Ponta da Madeira (MA) e daí até os portos europeus. O volume em 2000 ficou em torno de 500 mil toneladas. Destaca-se o projeto de ampliação da Norte-Sul, que ligará Goiânia (GO) a Belém (PA), impulsionando assim a hidrovia Tocantins- Araguaia que interliga as regiões produtoras com a ferrovia. 7.2.2.3) Rodovias As principais rodovias do Centro-Oeste são BR-163 e BR-364. A primeira liga as áreas produtoras de Mato Grosso ao porto de Paranaguá (PR). Já a BR-364 interliga o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul a Rondônia e também ao porto de Santos (SP). Projeta-se a pavimentação da BR-163 até o Pará. Este projeto possibilitará escoar a produção do Centro-Oeste pelo rio Amazonas rumo aos principais mercados internacionais com ganhos expressivos. 7.2.3) Corredor Nordeste As regiões do cerrado de Minas Gerais, oeste da Bahia, interior de Pernambuco e sul do Piauí são servidas pelo corredor Nordeste. Sua base é o rio São Francisco e afluentes (especialmente a extensão navegável de Pirapora – MG e Petrolina /Juazeiro – BA). A malha rodoviária de Pirapora é a partir de Petrolina /Juazeiro até Recife e Fortaleza. Este corredor pode também se interligar ao Centro–Leste via Pirapora. 7.2.3.1) Rodovias


A produção do Estado da Bahia pode ser escoada pelas rodovias de ligação BR 430 e BR-415 até o porto de Itaqui (MA). No Piauí e Maranhão, utiliza-se a rodovia BR-230 até Estreito (MA), onde há uma ligação com a Ferrovia Norte- Sul, que se liga à Estrada de Ferro Carajás de onde segue para o porto de Itaqui em São Luís (MA). 7.2.4) Corredor Centro–Leste Este corredor tem área de influência no entorno do Distrito Federal e noroeste de Minas. 7.2.4.1) Hidrovia A hidrovia Tietê-Paraná é utilizada para o transporte de grãos da região centrooeste, principalmente o estado de Goiás, com destino ao terminal hidroviário de Pederneiras (SP) e Panorama (SP), seguindo destes terminais até o porto de Santos. Esta hidrovia liga São Simão (Goiás) no Rio Paraná, até Pederneiras (São Paulo) no Rio Tietê, como também até Itaipu (Paraná), numa extensão de 600 km. O volume transportado em 2000 foi de 930 mil toneladas, sendo 60% com destino ao trecho do Rio Tietê e 40% dirigidos à Bacia do Prata na Argentina. 7.2.4.2) Ferrovia De propriedade da companhia Vale do Rio Doce, a Ferrovia Centro Atlântica (FCA) e a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), atuam nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. Em 2000 as duas ferrovias movimentaram cerca de 2,34 milhões de toneladas de soja. O acesso aos corredores de exportação é crucial para determinar a competitividade da soja no mercado internacional. No caso do corredor Centro-Norte, a vantagem reside na possibilidade de expansão da área agrícola em seu entorno. O interesse do corredor Centro-Leste para a indústria da soja depende da expansão do modal ferroviário até Goiás, onde se encontram importantes áreas de produção agrícola. Finalmente, o corredor Centro Leste permite trazer a soja em grão das regiões produtoras de Centro-Oeste para áreas próximas dos maiores consumidores do país, possibilitando ainda o acesso ao porto de Santos. A malha viária dos modais de transporte utilizados para o escoamento da soja brasileira e os principais portos envolvidos na movimentação da soja com destino ao mercado interno e externo. Figura 12: Malha viária e principais portos utilizados para o escoamento da Soja Brasileira.


Fonte: FNP (2006). 7.3) Sistema de armazenagem Armazenagem é a atividade de administrar o espaço físico para o recebimento/expedição e a manutenção de estoque dos materiais. O custo de armazenagem refere-se ao custo associado à administração e operacionalização deste espaço e não ao custo do material em si, imobilizado em estoque. Frederico, 2004 afirma que os armazéns são de fundamental importância em todo o processo logístico dos circuitos agrícolas: na produção, na comercialização, na industrialização, no consumo, no atacado e varejo e nos estágios de exportação e importação Dessa forma, a falta de infra-estrutura de armazenamento, quantitativas e qualitativas, pode-se constituir em um sério problema para os circuitos espaciais produtivos. 7.3.1) Sistema de armazenagem da soja Os grãos de soja, ao serem colhidos, são levados para unidades armazenadoras, onde são limpos, passam por redução das impurezas aos níveis recomendados para armazenagem; são secos, passam por redução do teor da umidade; e se necessário: sofrem um tratamento fitossanitário, eliminação de fungos e carunchos. Ao ficarem armazenados, os grãos são permanentemente refrigerados, o que garante sua qualidade. Terminada a colheita, a maioria dos agricultores, principalmente os menores produtores que não possuem armazéns próprios, buscam a venda da sua produção, independentemente do preço que esteja vigorando no mercado, eliminando dessa forma, condições de barganhar melhores preços pelo produto colhido. Os produtores perdem, também, pelo aumento dos custos de transportes. Como todos os agricultores têm que


escoar a colheita na mesma época do ano, acabam competindo pelo serviço de transporte; isso faz o preço do frete disparar na época da colheita (Corrêa, 2006). Além do aumento do frete, os produtores ficam à mercê das grandes empresas exportadoras que controlam a maior parte da capacidade de armazenamento a granel. Ao armazenarem a soja dos produtores, essas empresas lucram em diversos aspectos: primeiro, conseguem reduzir os seus custos de frete junto às empresas transportadoras; segundo, os produtores possuem um menor poder de barganha sobre a venda da produção por dependerem dos silos para o armazenamento dos grãos e terceiro, os grãos entregues pelo produtor nos armazéns podem conter no máximo 8% de grãos fora do padrão para poderem receber o preço normal. Caso o produtor entregue a produção acima da porcentagem, as empresas exportadoras descontam no preço pago; mas se o produtor entregar sua produção abaixo dessa porcentagem ele não recebe nenhum valor adicional. Ao colocarem os grãos nos silos, as empresas misturam o excesso de grãos fora do padrão com o excedente dos grãos normais e vendem a produção com no máximo 8% de grãos fora do padrão. Recentemente alguns produtores têm conseguido construir silos próprios nas propriedades, mas a maioria continua a realizar financiamentos para investir primeiro na mecanização da lavoura, na adubação, na compra de tratores e colheitadeiras, relegando a estrutura de armazenagem ao segundo plano. O elevado gasto com a implantação, a imobilização de capital e a burocracia para obter financiamento são algumas das justificativas colocadas pelos produtores para adiar o investimento na estocagem da safra. Por outro lado, as principais razões que justificariam a instalação de um sistema de armazenagem na propriedade seriam: independência do produtor, preços mais atrativos, facilidade de entrega, menor custo de frete, aproveitamento de resíduos para araçoamento animal, menores descontos, possibilidade de valorização adicional do produto nos momentos de entressafra e não necessidade de tomar proteção, através de descontos, para eventuais quebras técnicas. Se todos estes fatores forem efetivamente calculados, os especialistas afirmam que, para uma propriedade média, num período entre três e cinco anos, é possível saldar o investimento da unidade. Isto proporciona uma vantagem competitiva frente aos demais produtores e frente ao mercado, uma vez que, quando pronto, o produto pode seguir diretamente para a indústria ou para a exportação (Corrêa, 2006). No armazenamento da soja, são utilizados dois tipos básicos de silos: os verticais e os horizontais. Os silos verticais podem ser elevados ou apoiados diretamente no solo com base plana. Os silos verticais são assim denominados devido a sua altura ser maior do que seu diâmetro, podendo ser construídos com concreto armado ou em chapas de aço. Os silos horizontais ou armazéns graneleiros podem ter formato retangular e circular. Os retangulares subdividem-se em tipos de fundo “V” e fundo plano. Os fatores que determinam a escolha de um determinado tipo de armazém e/ou silos são a sua finalidade e disponibilidade financeira do investidor. A montagem de unidades de armazenagem nas propriedades rurais proporcionaria um ganho ao produtor, sobretudo graças à redução do frete e à possibilidade de negociar a safra por um preço melhor. 7.4) Otimização dos custos logísticos da soja brasileira A otimização dos custos logísticos da soja brasileira, podem representar um grande aumento da competitividade nacional, trazendo maiores recursos ao país e criando um ciclo virtuoso desenvolvimentista a partir do produto. O cenário do alto custo logístico


do setor é caracterizado pela predominância da movimentação da commodity de baixo valor, por longas distâncias até a chegada no comprador. O principal modal de transporte utilizado na soja é o rodoviário, de acordo com dados da Associação Nacional de Transportadores de Cereais Apud Reis et al (2008), movimentando em 2001 mais de 69% da safra. Fato negativo ao setor, já que ele é o mais oneroso a longas distancias. Desse modo, seria necessário fornecer arranjos logísticos que contemplassem o transporte hidroviário e ferroviário, modais de transporte eficientes em grandes distâncias. Caixeta-Filho (1996) afirma que a predominância do modo rodoviário pode ser explicada pelas dificuldades que outras categorias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos aumentos de demanda em áreas mais afastadas do país, as quais não são servidas por ferrovias ou hidrovias. Lício (1995), ressalta a importância da viabilização e integração dos corredores de transportes (rodovia, ferrovia, hidrovia) como meio a aumentar a competitividade dos produtos, integrando áreas de produção, centros consumidores e o mercado internacional. No transporte da soja até o porto, a intermodalidade ainda é pouco utilizada em virtude de a mesma ser a granel, fator que dificulta o transbordo da carga na troca de veículos transportadores, sejam eles segmentados ou sucessivos, neste sentido o estudo propõe a unitização da carga, utilizando big-bags ou containers, no transporte da soja para potencializar o seu transbordo e minimizar as perdas que ocorrem no mesmo. Com a finalidade de aproximar-se dos valores ótimos e garantir maior atratividade para empresas brasileiras no mercado internacional da commodity. Conforme Goebel (2002), A unitização corresponde à transformação de mercadorias com pequenas dimensões em uma única unidade com dimensões padronizadas, o que facilita as operações de armazenagem e movimentação da carga sob a forma mecanizada. Há vários tipos de unitização. As formas primárias de unitização permitem aproveitar a infra-estrutura existente e incluem a utilização de paletes, slings, big-bag e container’s. Utilizar a unitização para escoar a safra de soja brasileira pode prover outras melhorias ao setor, diminuindo o gargalo portuário pertinente a todas as safras, que é uma enorme fila do lado interno do porto formada por caminhões esperando para descarregar e outra enorme no lado externo formada por navios graneleiros esperando serem carregados com a commodity. Este gargalo é gerado pelo fato dos navios graneleiro terem de esperar centenas de caminhões chegarem com soja para que eles possam partir em direção do seu destino final. Este trasittime gera um custo logístico não apenas para a soja, mas para toda região portuária que sofre com o gargalo. Conforme Rios et al.(2004), a demanda por cargas unitizadas vem crescendo fortemente no comércio internacional, principalmente por carga conteinerizada que tem crescido de maneira significativa em todo o mundo, sendo que, atualmente, mais de 80% da movimentação feita por via marítima efetua-se por meio de contêineres. Isso se deve às facilidades que tal modalidade apresenta no transporte de cargas em carga geral, como a simplificação das movimentações e transbordos, a diminuição do risco de avarias às cargas e a redução dos índices de roubo. 8) CENÁRIOS E METAS NO HORIZONTE ATÉ 2010-2015 8.1) Premissas macroeconômicas e demográficas


Consideramos como premissas as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto e crescimento demográfico, realizadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em seu estudo de Baselines Projections, para projetar os cenários de oferta e demanda mundial. A partir daí, pode-se unificar as comparações das projeções de produção, realizadas no presente estudo, diante das projeções do órgão norte-americano. Segundo o USDA, no período de 2006 à 2015 o PIB mundial deverá crescer a uma taxa média anual de 3,2%, enquanto a taxa projetada para o Brasil é de 3,9%. A população mundial deverá crescer, no mesmo período, em um ritmo anual de 1,1%, totalizando 6,87 bilhões de pessoas em 2015. Tabela 16:. Mundo: projeções do crescimento médio anual do PIB real e da população, no período de 2006 a 2015 (percentagem)

Região Mundo América do Norte América Latina Brasil Europa Ex-União Soviética Ásia e Oceania Oriente Médio África

População 1,1 0,9 1,1 0,9 0,1 0,1 1,1 1,7 1,8

PIB real 3,2 2,9 3,9 3,9 2,4 4,8 3,9 4,6 4,3

Fonte: USDA.

8.2) Balanço de oferta e demanda mundial Partindo da análise macro para a análise micro, as projeções de longo prazo para a soja, num contexto mundial, mostram que nestes dez anos a demanda total por soja deverá crescer 3,2%, passando do nível de 268 milhões de toneladas para 384 milhões de toneladas em 2015. O esmagamento mundial deverá crescer do atual patamar de 174,8 milhões de toneladas para 253,9 milhões de toneladas. Para atender a tal demanda, a projeção para os próximos dez anos mostra a incorporação de 71,5 milhões de toneladas na produção mundial de soja. Desse total, 66,4 milhões de toneladas de aumento na produção deverão vir dos países exportadores (Brasil, Argentina e EUA) e 4,9 milhões de outros países. Os países importadores deverão ter sua produção reduzida, dentro do horizonte considerado, em 0,9 milhões de toneladas. Dentre os países exportadores, a produção no Brasil deverá crescer 56,6 milhões de toneladas. Já para a Argentina, a projeção de crescimento é 10,5 milhões de toneladas. Os EUA, ao contrário, terão redução de 0,7 milhões de toneladas. No item importação, projetou-se o crescimento de 32,5 milhões de toneladas no volume transacionado com a China, aumentando em 18,2 milhões de toneladas o volume importado de soja, entre 2004/2005 e 2014/2015. Para a União Européia, a projeção dessa edição mostra um acréscimo de 4,7 milhões de toneladas no volume de soja importada. Para os demais países, o volume de importação de soja deverá crescer 8,4 milhões de toneladas no período considerado. Para a projeção do esmagamento total de soja, temos que o crescimento nos países exportadores deverá ser maior que nos países importadores. Nos países exportadores, a demanda por soja para esmagamento deverá crescer 45 milhões de


toneladas, ao passo que, nos países importadores, espera-se que a demanda por esmagamento cresça apenas 23,4 milhões de toneladas, em especial, na China. Diante das projeções de oferta e demanda mundial de soja, nota-se a redução no nível do estoque de passagem, ao longo dos períodos. O pressuposto para a redução constante do nível de estoque de passagem é que os meios de transporte tendem a ganhar eficiência, em longo prazo, redundando numa menor necessidade de estoques de segurança. Tabela 17: Mundo: projeções do balanço de oferta e demanda de soja em grão (mil toneladas) Item Oferta Estoque inicial

2004/05

2005/06

2006/07

2007/08

2008/09

2009/10

2010/11

2011/12

2012/13

2013/14

2014/15

35.006

44.456

44.917

50.768

50.730

51.221

50.467

49.674

49.396

48.990

42.818

Produção Importação

214.425 63.853

216.717 66.603

230.036 73.443

236.800 77.675

246.696 81.717

252.879 84.177

259.325 86.605

265.724 88.690

272.718 91.145

279.354 95.757

285.903 96.347

Oferta total Demanda Esmagamento

313.284

327.776

348.396

365.243

379.143

388.277

396.398

404.088

413.260

424.102

425.068

174.822

184.596

195.381

206.660

215.401

222.399

227.705

233.379

239.689

248.031

253.867

Outros usos Consumo Doméstico

29.318 204.140

29.563 214.159

29.940 225.321

31.008 237.667

32.027 247.428

32.760 255.159

33.407 261.111

34.076 267.455

34.879 274.568

36.629 284.660

37.471 291.339

Exportação Demanda total

64.266 268.406

67.675 281.834

72.307 297.628

76.846 314.513

80.494 327.922

82.651 337.810

85.613 346.724

87.236 354.691

89.701 364.269

96.623 381.283

93.282 384.620

Estoque final Estoque/ Consumo(%)

44.87 16,7

45.942 16,3

50.768 17,1

50.730 16,1

51.221 15,6

50.467 14,9

49.674 14,3

49.396 13,9

48.990 13,4

42.818 11,2

40.448 10,5

Fontes: USDA e Céleres.

Projeções: Céleres.

8.3) Balanço de oferta e demanda nacional Chegando ao detalhe das projeções de oferta e demanda brasileira de soja para os próximos dez anos, consideramos a incorporação de 12,5 milhões de hectares de área plantada no País, que passará de 23,2 milhões de hectares em 2004/05 para 35,7 milhões de hectares em 2014/15 (+4,4% ao ano). No mesmo período, a produtividade média nacional deverá atingir 3.032 quilos por hectare em 2014/15, contra os 2.561 quilos por hectare da média das últimas cinco safras. Nesse caso, consideramos a produtividade média de cinco safras para ‘esterilizar’ o efeito da drástica queda de produtividade média de 2004/05, cujo número final ficou em 2.230 quilos por hectare. Assim, temos o crescimento anual de 1,7% na produtividade média da soja. Como efeito disso, a produção brasileira de soja deverá passar dos 51,7 milhões de toneladas obtidos na safra 2004/05 para 108,3 milhões de toneladas na safra 2014/15, um aumento absoluto de 56,6 milhões de toneladas (+7,7% ao ano). Ou seja, mais do que o dobro do nível atual. Tabela 18: Brasil: projeções do balanço de oferta e demanda de soja em grão Item Soja em grão Área colhida (mil/ha) Produtividade (Kg/ha) Produção (mil t) Oferta (mil t)

2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 23.183

22.900

24.080

25.348

27.567

29.065

30.401

31.788

33.175

34.472

35.713

2.230

2.688

2.825

2.849

2.875

2.902

2.928

2.954

2.981

3.007

3.032

51.697

61.566

68.016

72.217

79.246

84.336

89.014

93.912

98.892

103.648 108.295


Estoque inicial 3.041 Produção 51.697 Importação 525 Oferta total 55.263 Demanda (mil t) Esmagamento 29.250 Exportação 20.300 Sementes e 2.893 outros usos Demanda total 52.443 Estoque final 2.820 Total (mil t) Estoque / 5,4 Consumo (%)

2.820 61.566 200 64.586

4.473 68.016 500 72.989

6.325 72.217 500 79.042

6.547 79.246 500 86.293

7.572 84.336 500 92.407

8.091 89.014 500 97.605

8.588 93.912 500 103.000

9.074 98.892 500 108.466

9.599 103.648 500 113.747

10.039 108.295 500 118.834

32.100 25.000 3.013

34.668 29.625 2.371

37.615 32.380 2.500

40.812 35.294 2.614

43.465 38.118 2.734

45.377 40.786 2.853

47.646 43.315 2.965

49.838 45.957 3.071

51.732 47.795 4.181

53.801 50.185 4.368

60.113 4.473

66.664 6.325

72.494 6.547

78.721 7.572

84.316 8.091

89.016 8.588

93.926 9.074

98.866 9.599

103.708 108.354 10.039 10.481

7,4

9,5

9,0

9,6

9,6

9,6

9,7

9,7

9,7

9,7

Em uma análise mais detalhada do quadro de oferta e demanda projetado para a soja no Brasil, temos que as importações foram consideradas constantes em 500 mil toneladas por ano, assumindo que indústrias do Paraná continuarão a comprar soja no Paraguai, por conta de benefícios de ordem logística e tributária. Assim, o crescimento da oferta total está totalmente baseado no crescimento da produção doméstica. Quanto à demanda, o esmagamento de soja no Brasil deverá passar de 29,3 milhões de toneladas, em 2004/2005, para 53,8 milhões de toneladas, em 2014/2015. Como a capacidade instalada para o processamento de soja no Brasil está no patamar de 34 milhões de toneladas por ano, podemos inferir que será necessária uma expansão de 66%, em dez anos, para fazer frente à demanda doméstica e externa dos derivados da soja. Para a exportação, a projeção aponta crescimento de 29,9 milhões de toneladas, passando de 20,3 milhões de toneladas para 50,2 milhões de toneladas em 2014/2015 (+9,5% ao ano). Com tal ritmo de crescimento, projeta-se que haverá uma discreta alteração na relação entre exportação e esmagamento, em comparação com a produção doméstica. Embora se considere que a parcela de esmagamento ainda será maior que a exportação no final do período, foi considerada uma tendência de crescimento mais acelerado da exportação, em comparação com o esmagamento doméstico. Por isso, dos níveis de 2004/2005, quando 56,6% da soja produzida no País foram processadas internamente e 39,3% foram exportadas diretamente, deveremos passar, em 2014/2015, para 49,5% que serão processados domesticamente, e 46,3% que serão exportados. Evidentemente, o crescimento e manutenção do perfil de processamento da soja no Brasil, nestes dez anos, consideram a eliminação, mesmo que gradual, das fragilidades e ameaças que cercam a indústria processadora de soja. A projeção de crescimento da exportação de soja também parte do princípio de que serão solucionados ou minimizados os problemas de infra-estrutura de logística nos portos e ferrovias brasileiros. A análise regional da expansão da produção de soja nesse estudo mantém a região Centro- Oeste como principal direcionador do crescimento da produção de soja no Brasil. Comparado com 2004, consideramos que o impacto da crise de rentabilidade da safra 2004/2005 resulta em um período de retração em 2005/2006, com ligeira expansão em 2006/2007, para depois recuperar o ritmo previsto de expansão. Isso significa que nas projeções feitas em 2004 os níveis de produção previstos foram postergados em um ano. Na análise regional, a produção de soja no Brasil deverá crescer 30,6 milhões no Centro- Oeste, seguidos por 14,6 milhões de toneladas no Sul, 5,1 milhões de toneladas no Nordeste, 4,4 milhões de toneladas no Norte, e 1,9 milhão de toneladas no Sudeste.


Assumindo tal perfil de expansão da produção, em 2014/2015 a região Centro-Oeste deverá responder por 54,7% da produção nacional, seguido do Sul, com 25,1%; pela região Nordeste (8,6%), Sudeste (6,3%) e Norte (5,3%). A análise das projeções de expansão da área plantada mostra que a maior expansão absoluta no plantio de soja deverá ocorrer no Centro-Oeste (+8.130 mil hectares), seguido pelo Nordeste (+1.741 mil hectares), Norte (+1.435 mil hectares), Sul (+866 mil hectares) e Sudeste (+358 mil hectares). O total absoluto dessa expansão é de 12.530 mil hectares. Em termos de participação regional na área plantada, teremos a região CentroOeste, com 53,1% da área total, seguida pela região Sul (26,3%), Nordeste (8,9%), Sudeste (6,3%) e Norte (5,4%). Figura 13: Brasil: projeções da área plantada com soja em grão, por região (milhões de hectares)

8.4) Região Centro-Oeste 8.4.1) Mato Grosso: Maior produtor de soja e principal direcionador do crescimento no cenário considerado neste estudo, o Mato Grosso vive um período nítido de ajuste das estruturas produtivas. Após um ciclo de grandes investimentos na expansão horizontal da produção e em tecnologia, os resultados financeiros da produção de soja em 2003/2004 e 2004/2005 minaram a capacidade de investimento em curtíssimo prazo. Por conta disso, o presente estudo considera que haverá uma redução das taxas de ocupação de novas áreas agrícolas no curto prazo. O impacto disso no ritmo de desmatamento, por exemplo, já foi sentido em 2005. O crescimento projetado para a produção de soja no Mato Grosso fica condicionado a: • Redução gradual do gargalo de logística que existe no Estado, por meio da melhoria das condições de transporte das Rodovias BR-163 e BR-158, além do contínuo investimento na Ferronorte, até que ela atinja, pelo menos, a cidade de Rondonópolis, dentro do horizonte de análise considerado;


• Reestruturação do setor produtivo da soja no âmbito das fazendas, em que se espera um aumento considerável na área média plantada no estado. Os ganhos de escala são essenciais para justificar a exploração comercial/empresarial da soja no Mato Grosso; • Melhoria da estrutura de armazenagem de soja, tanto no nível da fazenda quanto fora; • Desenvolvimento e aplicação de novos mecanismos de financiamento para a produção de soja, principalmente na escala empresarial, com participação do setor privado; • Investimentos em pesquisa, principalmente na busca por variedades resistentes ou tolerantes à ferrugem da soja. E também em variedades geneticamente melhoradas, adaptadas ao estado, visando à otimização do uso de insumos agrícolas, principalmente defensivos. Assumindo que as condições citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no estado deverá passar dos atuais 6 milhões de hectares para 9,7 milhões de hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 3,7 milhões de hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 17,4 milhões de toneladas obtidas em 2004/2005 para 30,6 milhões de toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 13,2 milhões de toneladas. 8.4.2) Mato Grosso do Sul: No Mato Grosso do Sul, a atividade produtiva da soja tem sido vítima dos problemas climáticos, principalmente no sul do estado. A ocorrência desses fenômenos, concomitantemente com a redução dos preços agrícolas, levaram a um considerável endividamento dos produtores. O crescimento projetado para a produção de soja no Mato Grosso do Sul fica condicionado a: • Aumento da competitividade de áreas de soja para a produção de cana-de-açúcar; • Maior integração lavoura-pecuária, no sentido de buscar ganhos de produtividade; • Melhoria da logística de escoamento por meio da Ferroeste e do acesso ao porto de Paranaguá. A área plantada com soja no Mato Grosso do Sul deverá passar dos 2 milhões de hectares para 3,3 milhões de hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 1,3 milhão de hectares. Como resultado, estima-se que a produção de soja passe das 3,7 milhões de toneladas obtidas em 2004/2005, para 10,1 milhões de toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 6,4 milhões de toneladas. 8.5) Região Sul 8.5.1) Paraná: O Paraná, segundo maior produtor de soja da atualidade, deve manter sua competitividade no horizonte desta análise. A facilidade logística, a estrutura processadora existente no estado e a presença da indústria de produção de carnes asseguram a demanda e a formação de uma sólida base de preços no estado. A adoção da biotecnologia deverá resultar em condições mais favoráveis para manter a competitividade do Paraná. A exemplo do Rio Grande do Sul, o sistema de produção no Paraná tem características que se beneficiam claramente da tecnologia de tolerância ao herbicida existente atualmente. O crescimento projetado para a produção de soja no Paraná fica condicionado a: • Aumento do nível de tecnologia, por meio do uso de variedades geneticamente melhoradas, como forma de manter a competitividade local;


• Atendimento da demanda local por farelo e óleo de soja; • Atendimento da oportunidade exportadora, via Paranaguá. Assumindo que as condições citadas anteriormente sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Paraná deverá passar dos atuais 4,1 milhões de hectares para 4,7 milhões de hectares, em 2014/2015, com variação absoluta de 600 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe dos 9,6 milhões de toneladas obtidas em 2004/2005 para 15,3 milhões de toneladas, em 2014/2015, com variação absoluta de 15,3 milhões de toneladas. 8.5.2) Rio Grande do Sul: Nos últimos anos, a competitividade da produção de soja no Rio Grande do Sul está sendo assegurada pela sólida base de preços existente no estado, por conta da logística e proximidade com o porto de Rio Grande. A manutenção das condições de produção no estado depende, essencialmente, de um choque tecnológico como forma de melhorar a produtividade e, assim, fazer frente à reduzida escala de produção verificada no âmbito das fazendas. O crescimento projetado para a produção de soja no Rio Grande do Sul fica condicionado a: • Aumento do nível de tecnologia utilizado na produção de soja local, como forma de melhorar a competitividade; • Atendimento da demanda local por farelo e óleo de soja; • Atendimento da oportunidade exportadora, por meio do porto de Rio Grande; Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Rio Grande do Sul deverá passar dos atuais 4,1 de hectares para 4,4 milhões de hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 300 mil hectares. Como resultado, se prevê que a produção de soja passará das 2,4 milhões de toneladas obtidas em 2004/2005 para 11,0 milhões de toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 8,5 milhões de toneladas. 8.5.3) Santa Catarina: Com disponibilidade restrita de área para a expansão da produção e com forte concorrência com o milho para o atendimento da demanda local da indústria de ração e carne, a manutenção da produção de soja em Santa Catarina, a exemplo do Rio Grande do Sul, depende de um choque tecnológico. O crescimento projetado para a produção de soja em Santa Catarina fica condicionado a: • Manutenção da produção de soja local para atender às indústrias processadoras instaladas no estado; • Atendimento da demanda local por farelo de soja. A projeção considerou que a produtividade média passará de 2.272 kg/ ha para 2.932 kg/ha, ao longo de dez anos (+2,6 % ao ano). Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 559 mil toneladas obtidas em 2004/05 para 946 mil toneladas em 2014/15, com variação absoluta de 387 mil toneladas. 8.6) Região Sudeste 8.6.1) Minas Gerais:


A produção de soja em Minas Gerais apresenta duas realidades distintas, a primeira para as áreas localizadas principalmente na região do Triângulo Mineiro, onde a produção de soja enfrenta grande concorrência com a produção de cana-de-açúcar. Nessa parte do estado, os retornos providos pela produção de cana deslocam a produção de soja de tal forma que a oleaginosa tende a ser utilizada apenas nos dois primeiros anos da conversão das terras de pecuária para a agricultura. Outra aplicação para a soja acaba sendo durante a reforma dos canaviais, como rotação de cultura. O outro contexto é o da região do Alto Paranaíba e Noroeste do estado, onde a produção deverá crescer substancialmente nos próximos anos. Essa nova região carece ainda de uma melhor infraestrutura de armazenamento e escoamento da produção rumo aos mercados consumidores, sejam esses internos ou externos. Nas regiões da fronteira agrícola de Minas Gerais, é provável que a soja passe a enfrentar também a concorrência com o algodão. O crescimento projetado para a produção de soja em Minas Gerais fica condicionado a: • Ocupação de novas áreas de produção no Noroeste do estado; • Expansão da operação logística pela ferrovia Vitória – Minas; • Manutenção da tecnologia de rotação de cultura da cana-de-açúcar com o uso da soja, principalmente nas áreas do Triângulo Mineiro, onde a cultura da cana-de-açúcar está se expandindo; • Fornecimento para a indústria de carnes (aves e suínos) instalada no estado. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja em Minas Gerais deverá passar dos atuais 1,1 milhão de hectares para 1,4 milhão de hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 0,3 milhão de hectares. Como resultado, estima-se que a produção de soja passe das 3 milhões de toneladas obtidas em 2004/2005 para 4,2 milhões de toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 1,2 milhão de toneladas. 8.6.2) São Paulo: Pela concorrência com a cana-de-açúcar, a produção de soja em São Paulo fica restrita a áreas onde a topografia e/ou escala de produção não atende aos requisitos da indústria sucroalcooleira. Nesse caso, não se pode esperar grandes taxas de crescimento para a produção de soja em São Paulo. A aplicação da oleaginosa fica restrita às regiões onde haverá a conversão de pastagens em terras agrícolas e na rotação de cultura da cana-de-açúcar. O crescimento projetado para a produção de soja em São Paulo fica condicionado a: • Manutenção da tecnologia de rotação de cultura da cana-de-açúcar com o uso da soja; • Fornecimento para a indústria de carnes (aves e suínos) instalada no estado; • Uma alternativa para a produção no oeste do estado, reformando ou substituindo áreas de pastagem. Considerando que as condições antes mencionadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja em São Paulo deverá passar dos atuais 784 mil hectares para 870 mil hectares, em 2014/2015, com variação absoluta de 86 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 1,8 milhão de toneladas obtidas em 2004/2005 para 2,6 milhões de toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 769 mil toneladas. 8.7) Região Nordeste


8.7.1) Bahia: A produção de soja tem crescido de forma contínua na Bahia, por conta da conversão de áreas de Cerrado. Apesar desse crescimento, a região produtora de soja na porção oeste do estado tem apresentado níveis melhores de competitividade para a produção de algodão, seja em termos qualitativos ou quantitativos. Por isso, a longo prazo foi considerado que a incorporação de áreas de cerrado para a agricultura passa pela soja apenas como uma ponte para a produção de algodão. Mesmo assim, projeta-se que haverá um expressivo crescimento na produção de soja nesse estado. Outro aspecto que chama a atenção no oeste da Bahia, é a possibilidade de diversificação das culturas. Na logística é necessário que ocorra algum grau de melhoria, principalmente para o escoamento da produção rumo ao mercado externo. A estrutura existente hoje não comportaria taxas mais expressivas de crescimento nos próximos anos. O crescimento projetado para a produção de soja na Bahia fica condicionado a: • Fortalecimento da cultura do algodão, que, por consequência, deve permitir a consolidação da produção de soja; • Melhoria nas características documentais da posse de terras, principalmente no Noroeste do estado; • Melhoria do sistema de logística, com futura integração com a hidrovia Tocantins; • Consolidação das zonas produtivas no Oeste e Sudoeste do estado; • Atendimento da demanda doméstica na região Nordeste para o farelo e óleo de soja. Se cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja na Bahia deverá passar dos atuais 878 mil hectares para 1,8 milhão de hectares em 2014/ 2015, com variação absoluta de 913 mil hectares. No mesmo período, a produtividade média deverá passar de 2.557 kg/ha para 2.864 kg/ha em dez anos (+1,1% ao ano). 8.7.2) Maranhão: Após a Bahia, o estado do Maranhão é o que tem apresentado melhores taxas de crescimento para a produção de soja no Nordeste. Além desse aspecto, o nível de produtividade do grão no estado também tem apresentado relativa estabilidade, com tendência de crescimento. A implementação da primeira unidade de processamento de soja no estado deverá atuar como fator de melhor regulação do mercado local. Até então, a liquidez para a comercialização da oleaginosa dependia essencialmente do fluxo de comercialização. Porém, por ser uma região que ainda está na fase de investimento, os problemas de crédito e cumprimento de contratos ainda são uma realidade. No que tange à logística de escoamento da produção, o Maranhão tem uma das melhores posições competitivas por conta da existência do sistema ferroviário que leva ao porto de Itaqui. O crescimento projetado para a produção de soja no Maranhão fica condicionado a: • Consolidação das zonas produtivas no sul do estado; • Implementação e consolidação do parque de processamento de soja no terminal de porto Franco; • Aumento do grau de concorrência na compra de soja no estado; • Ganhos de eficiência e escala na operação do corredor Porto Franco – Itaqui, melhorando a oferta de navios para o carregamento da soja.


Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Maranhão deverá passar dos atuais 381 mil hectares para 1.061 mil hectares, em 2014/2015, com variação absoluta de 680 mil hectares. Como resultado, estima-se que a produção de soja passe das 1.048 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 3.170 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 2.122 mil toneladas. 8.7.3) Piauí: Após dois anos de condições climáticas menos favoráveis, os aspectos financeiros e econômicos dos produtores de soja no Piauí melhoraram sensivelmente. No entanto, os preços inferiores de 2004/2005 comprometeram viés de recuperação econômica dos produtores. A implementação de uma unidade de processamento da Bunge na cidade de Urussuí deve ser vista como positiva, pois irá prover liquidez comercial em um maior número de meses do ano. No aspecto logístico, são necessários investimentos na infraestrutura de estradas, principalmente nas vicinais. O crescimento projetado para a produção de soja no Piauí fica condicionado a: • Consolidação das zonas produtivas no Sudoeste do estado; • Fortalecimento do parque processador de soja no Sul do estado; • Melhoria da estrutura de logística e distribuição da produção em direção ao porto de Itaqui, para o mercado externo, e por intermédio da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), visando atender ao mercado interno, na região Nordeste. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Piauí deverá passar dos atuais 196 mil hectares para 343 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 147 mil hectares. Como resultado, a produção de soja deverá passar das 557 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 979 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 422 mil toneladas. 8.7.4) Tocantins: Na região Norte, o estado do Tocantins é o que apresenta grande potencial de expansão na área cultivada com soja. Pesam a favor desse estado, condições climáticas favoráveis à produção de soja, bases de preço mais forte que em outras regiões, preços das terras relativamente mais baratos que na Bahia ou em Mato Grosso, logística favorável ao escoamento e, recentemente, a implementação de unidades processadoras do grão. Porém, há fatores negativos no Estado, como a disponibilidade limitada de fazendas com maiores extensões (restringindo a escala de produção) e condições de relevo não tão favoráveis como na Bahia. O crescimento projetado para a produção de soja no Tocantins fica condicionado a: • Consolidação dos canais de escoamento da produção pela Ferrovia Norte-Sul; • Criação e consolidação de um parque de processamento de soja no Norte do estado, próximo à ferrovia; • Equalização e capitalização dos produtores do estado, principalmente na região Centro- Norte; • Avanço da produção de soja sobre áreas de pasto degradado; • Compatibilização da legislação ambiental com as práticas produtivas da soja, com o


intuito de promover o crescimento sustentável da produção nesse estado. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Tocantins deverá passar dos atuais 347 mil hectares para 902 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 556 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 912 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 2.608 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 1.696 mil de toneladas. 8.8) Região Norte 8.8.1) Rondônia: Junto com Tocantins, Rondônia é o estado com maior potencial para despontar na produção de soja, em curto prazo. A facilidade logística, com o escoamento através do Rio Madeira, é um grande diferencial para assegurar bases de preços melhores para a soja no estado. No entanto, é necessário que o grau de concorrência na comercialização de soja no estado melhore para que o benefício da logística seja transferido, mesmo que em parte, para os produtores. Da mesma forma, é preciso igualar as práticas de produção de soja com o discurso ambientalista, de forma a minimizar a pressão de organizações não governamentais. O crescimento projetado para a produção de soja em Rondônia fica condicionado a: • Consolidação das zonas de produção na porção sul do estado e ao longo da BR-364; • Expansão dos programas de integração agricultura-pecuária, resultando na conversão de áreas de pastos degradados em áreas agrícolas; • Compatibilização da legislação ambiental com as práticas produtivas da soja. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja em Rondônia deverá passar de 67 mil hectares para 256 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 189 mil hectares. Como resultado, estima-se que a produção de soja salte das 201 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 787 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 587 mil toneladas. 8.8.2) Roraima: A produção de soja em Roraima tem o potencial de ocupar uma posição de destaque na região Norte, desde que sejam equacionadas as questões relativas ao escoamento e acesso ao mercado. Nesse caso, atender ao mercado do Caribe é, sem dúvida, uma alternativa. Porém, é necessário que a escala de produção no estado cresça, para que se justifique a instalação de uma unidade de processamento de soja, visando garantir o abastecimento dos mercados locais com óleo e farelo de soja. O crescimento projetado para a produção de soja em Roraima fica condicionado a: • Consolidação das zonas de produção no entorno de Boa Vista; • Melhoria das condições de comercialização da produção, tanto no mercado doméstico quanto no mercado externo, com enfoque no mercado caribenho e andino; • Implementação de uma unidade de processamento de soja em médio prazo (cinco anos); • Compatibilização da legislação ambiental com as práticas produtivas da soja, com o intuito de promover o crescimento sustentável da produção nesse estado.


Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja em Roraima deverá passar dos atuais 20 mil hectares para 321 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 301 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja aumente de 56 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 988 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 932 mil toneladas. 8.8.3) Pará: A área cultivada com soja no Pará aumentou substancialmente, embora a base ainda seja pequena. No futuro o crescimento se dará essencialmente na conversão e recuperação de áreas destinadas a pastagens. O crescimento projetado para a produção de soja no Pará fica condicionado a: • Ocupação das áreas de pecuária degradadas, principalmente no sul do estado; • Consolidação dos canais de escoamento da produção, em primeiro lugar, com conexão em Porto Franco, com destino a São Luiz – MA. Posteriormente, considera-se o transporte pela Hidrovia Tocantins, através da eclusa de Tucuruí; • Compatibilização da legislação ambiental com as práticas produtivas da soja, com o intuito de promover o crescimento sustentável da produção nesse estado. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Pará deverá passar dos atuais 62 mil hectares para 266 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 266 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 179 mil toneladas obtidas em 2004/2005 para 789 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 610 mil toneladas. 8.8.4) Amazonas: O crescimento projetado para a produção de soja no Amazonas fica condicionado a: • Consolidação das zonas de produção no entorno de Humaitá; • Compatibilização da legislação ambiental com as práticas produtivas da soja, com o intuito de promover o crescimento sustentável da produção nesse estado. Assumindo que as condições antes citadas sejam cumpridas no horizonte de análise, a área plantada com soja no Amazonas deverá passar dos atuais 3 mil hectares para 189 mil hectares em 2014/2015, com variação absoluta de 186 mil hectares. Como resultado, projeta-se que a produção de soja passe das 9 mil toneladas em 2004/2005 para 561 mil toneladas em 2014/2015, com variação absoluta de 552 mil toneladas. 8.9) Projeções de balança comercial Considerando os aspectos relacionados à competitividade do complexo da soja brasileira para a exportação, no final desses dez anos o País terá condições de produzir um saldo de balança comercial de US$ 19,6 bilhões. Desse total, a soja deverá responder por 57%, e o farelo de soja, por 27,4%. Tabela 19:. Brasil: projeções da balança comercial do complexo soja (US$ milhões) Item

2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15

Importações

156

66

182

182

182

182

182

182

182

182

182

Soja

120

46

115

115

115

115

115

115

115

115

115


Farelo

32

17

29

29

29

29

29

29

29

29

29

Óleo

3

3

38

38

38

38

38

38

38

38

38

Exportações

8.654

9.961

11.640

12.804

14.005

15.203

16.151

17.110

18.111

18.878

19.762

Soja

4.659

5.738

6.799

7.431

8.100

8.748

9.360

9.941

10.547

10.969

11.517

Farelo

2.798

2.983

3.337

3.668

3.998

4.357

4.567

4.795

5.035

5.236

5.446

Óleo

1.198

1.241

1.504

1.706

1.907

2.098

2.223

2.375

2.529

2.673

2.799

Saldo

8.499

9.895

11.458

12.622

13.822

15.021

15.968

16.928

17.928

18.696

19.579

Fonte: Céleres.

8.10) Tendências para a produção de soja de 2011/12 à 2021/22 Atualmente a produção de soja no Brasil é liderada pelos estados de Mato Grosso, com 29,2% da produção nacional; Paraná com, 18,4%; Rio Grande do Sul com 14,0%, e Goiás, 10,8%. Mas, como se observa no mapa, a produção de soja está evoluindo também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, que em 2012 respondem por 10,4% da produção Brasileira. Como mostra a figura 14. Figura 14:

As estimativas para soja grão indicam uma produção brasileira de 88,9 milhões de toneladas em 2021/2022. Essa projeção é 17,8 milhões de toneladas maior em relação ao que o Brasil deve produzir na safra de 2011/2012. Segundo a Abiove (contato


18/01/2012), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA estima uma necessidade de importações mundiais de 30 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, projeta, aumento de apenas 10 milhões de toneladas para a safra local e 8 milhões de toneladas para exportação. O restante viria do Brasil e Argentina e outros da América do Sul. A taxa de crescimento anual prevista para a produção é de 2,3% no período da projeção, 2011/12 a 2021/2022. O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 49,6 milhões de toneladas no final da projeção, representando 55,8% da produção. O consumo projeta-se crescer a uma taxa anual de 1,9%. Deve haver um consumo adicional de soja em relação a 2011/12 da ordem de 8, 8 milhões de toneladas. Como se sabe, a soja é um componente essencial na fabricação de rações animais e adquire importância crescente na alimentação humana. As exportações de soja em grão projetadas para 2021/2022 são de 44,9 milhões de toneladas. Representam um aumento de 10,8 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2011/12. Tabela 20: Produção, Consumo e Exportação de SOJA EM GRÃO (mil toneladas) Ano Produção Consumo Exportação Projeção Linf. Lsup. Projeção Linf. Lsup. Projeção Linf. 2011/12 71.100 64.172 78.028 40.810 37.333 44.287 34.139 37.333 2012/13 72.949 63.814 82.084 41.861 36.984 46.738 35.277 36.984 2013/14 74.632 64.062 85.203 42.673 36.941 48.406 36.347 36.941 2014/15 76.451 64.436 88.467 43.536 36.981 50.091 37.417 36.981 2015/16 78.228 64.969 91.488 44.404 37.127 51.681 38.488 37.127 2016/17 80.006 65.612 94.399 45.263 37.335 53.190 39.560 37.335 2017/18 81.789 66.338 97.240 46.125 37.593 54.657 40.632 37.593 2018/19 83.570 67.131 100.008 46.987 37.892 56.083 41.704 37.892 2019/20 85.351 67.981 102.720 47.849 38.223 57.475 42.775 38.223 2020/21 87.132 68.878 105.386 48.711 38.582 58.840 43.847 38.582 2021/22 88.913 69.816 108.010 49.572 38.964 60.181 44.919 38.964 Fonte: Elaboração da AGE/Mapa e SGE/Embrapa com dados da CONAB. * Modelos utilizados: Para produção, consumo e exportação modelo Espaço de estados.

9) FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO 9.1) Fatores críticos em relação à demanda

Lsup. 44.287 46.738 48.406 50.091 51.681 53.190 54.657 56.083 57.475 58.840 60.181


O crescimento da demanda doméstica por rações para atender ao setor de carnes deve ser um importante fator de aumento do consumo de soja no Brasil. O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 49,6 milhões de toneladas até o ano de 2022, representando 55,8% da produção. O consumo projeta-se crescer a uma taxa anual de 1,9%. Deve haver um consumo adicional de soja em relação a 2011/12 da ordem de 8,8 milhões de toneladas. Como se sabe, a soja é um componente essencial na fabricação de rações animais e adquire importância crescente na alimentação humana. A ABIOVE( Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) estima um consumo de soja em grão de 52,9 mil toneladas, pouco superior ao apresentado neste relatório. A Associação acredita que o processamento local será maior em função do acréscimo da produção doméstica de carnes e biodiesel. 9.2) Fatores críticos em relação à oferta

As estimativas para soja grão indicam uma produção brasileira de 88,9 milhões de toneladas em 2021/2022. Essa projeção é de 17,8 milhões de toneladas maior em relação ao que o Brasil deve produzir na safra de 2011/2012. Segundo a Abiove (contato 18/01/2012), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA estima uma necessidade de importações mundiais de 30 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, projeta, aumento de apenas 10 milhões de toneladas para a safra local e 8 milhões de toneladas para exportação. O restante viria do Brasil e Argentina e outros da América do Sul. Teríamos de aumentar nossa produção entre 20 e 22 milhões de toneladas. As exportações de soja em grão projetadas para 2021/2022 são de 44,9 milhões de toneladas. Representam um aumento de 10,8 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2011/12. A taxa anual projetada para a exportação de soja em grão é de 2,8%. 9.3) Fatores críticos relacionados à sanidade agropecuária


No caso específico da soja, os fatores críticos relacionados à sanidade agropecuária estão, em grande parte, associados aos problemas sanitários das aves e dos suínos. As cadeias produtivas de carne de frango e de carne suína no Brasil são muito competitivas no âmbito mundial. O Brasil destaca-se como o maior exportador de carne de frango e o quarto maior exportador de carne suína. No momento, a grande ameaça para essas cadeias produtivas – e que pode afetar diretamente a cadeia produtiva da soja – são os problemas sanitários. A gripe aviária que assola os países da Ásia e que já chegou ao continente europeu é o principal temor do setor produtivo avícola. A febre aftosa detectada em 2005 no estado do Mato Grosso do Sul e no Paraná acabou por afetar a cadeia produtiva de carne suína. Caso o Brasil seja eficiente em seu controle sanitário, há uma grande perspectiva de aumento de seu market share nas exportações mundiais de carne de frango. Segundo projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações mundiais de carne de frango deverão totalizar 8,40 milhões de toneladas em 2014, e o Brasil deverá responder por 42% desse total. Diante dos riscos sanitários, os conceitos de rastreabilidade tornam-se cada vez mais importantes. O processo que hoje é exigido pelos consumidores europeus para a importação de carne bovina deverá se estender também às carnes de frango e suína. As empresas exportadoras de carne de frango já costumam trabalhar com o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), visando à construção de uma imagem de segurança alimentar. Mas dado o risco que envolve toda a cadeia, a origem da matéria-prima dos insumos básicos da avicultura também deverá ser monitorada. Nesse aspecto, encaixam-se os grãos. 9.4) Fatores críticos para o comércio exterior Com uma posição já dominante no comércio exterior dos produtos do complexo da soja, há fatores críticos aos quais o Brasil deve se ater para manter ou mesmo conquistar fatias adicionais do mercado, nos aspectos relacionados à preservação da identidade dos produtos e também nos seus aspectos qualitativos. A aprovação da legislação de biotecnologia no Brasil, autorizando o cultivo comercial da soja transgênica, leva à necessidade de os agentes locais investirem recursos na implementação de mecanismos, institucionais e de infra-estrutura, que visem atender às necessidades específicas que o mercado internacional deverá exigir de agora em diante. Do ponto de vista institucional, os agentes do complexo da soja deverão se ater, com grande atenção, às discussões relativas à implementação do Protocolo de Cartagena. Dos principais países produtores e exportadores de commodities agrícolas, apenas o Brasil ratificou tal protocolo, que versa sobre as obrigações legais das partes envolvidas no comércio dos Organismos Vivos Modificados geneticamente (OVM). Estudos preliminares mostram que a observância das regras previstas atualmente nesse protocolo implicará em aumentos dos custos de transação nas operações de compra, venda e transporte dos OVM, incluindo a soja e seus derivados, em especial o farelo. O estabelecimento de relações contratuais entre as partes envolvidas no comércio dos OVM cria novas responsabilidades operacionais e jurídicas que trazem consigo os aumentos de custos. Aumentam os gastos com controles e testes de pureza, com a rotulagem dos produtos e, também, com a redução da eficiência do sistema, uma vez que o tempo médio das operações de transporte, carga e descarga dos OVM tende a aumentar por conta dos novos procedimentos exigidos. Sob tais circunstâncias, a fragilidade pré-existente na logística brasileira deixa sob ameaça a competitividade do


complexo da soja brasileiro. A infra-estrutura de transporte e armazenamento existente no Brasil também dificulta as operações de segregação e preservação de identidade da soja e dos seus derivados. Os sistemas de escoamento existentes no País, em especial o corredor de exportação do Porto de Paranaguá, foram concebidos para operar em grande escala, visando a custos menores, e o que se propõe agora é exatamente reduzir a escala de operação. Nesse sentido, surge a oportunidade para novos canais de escoamento da soja e seus derivados, principalmente na região Nordeste e Norte do País. Além disso, estruturas portuárias como as de São Francisco do Sul, Imbituba e Sepetiba passam a despertar o interesse de agentes do setor privado, envolvidos com a exportação dos produtos do complexo da soja. Porém, investimentos mais consistentes na modernização e criação de novas estruturas de escoamento estão condicionados a uma solução institucional que dê segurança aos investidores e, nesse caso, a regulamentação e operacionalização das parcerias público privadas é um passo fundamental. No campo externo, um fator que também deve ser considerado crítico é a divulgação da soja brasileira no exterior. Apenas a Associação dos Produtores de Soja dos EUA faz algum trabalho de promoção e divulgação do grão. Considerando que existem diferenças qualitativas substanciais entre a soja produzida no Brasil e a produzida nos principais concorrentes, há um claro potencial para ganhos de mercado, caso haja melhor divulgação desses atributos do ponto de vista comercial. 10) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRANDÃO, P. A. S.; REZENDE, G. C. de; MARQUES, R. W. C. Crescimento agrícola no Brasil, no período de 1999-2004: explosão da soja e da pecuária bovina e seu impacto sobre o meio ambiente. Ipea: Texto para discussão. Rio de Janeiro, 2005. GASQUES et al. Competitividade de grãos e de cadeias selecionadas do agribusiness. Brasília: Ipea, 1998. 161p. LAZZARINI, S. G.; NUNES, R. Competitividade do sistema agroindustrial da soja. In: FARINA, E. M. M. Q. Competitividade da agroindústria brasileira. Pensa-Ipea, CDROM, 1998. NOGUEIRA, J. M. Economia política e o futuro do setor da soja. In: NOGUEIRA, J. M. Estudo da sustentabilidade da soja no Brasil. Fundo Mundial da Natureza, 2002. p. 1-29. PORTER, M. E. A análise estratégica da integração vertical. In: PORTER, M. E. Estratégia competitiva: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986. p. 278-298. Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais - ABIOVE. Complexo Soja Exportações. Fev. 2010. Disponível em: <www.abiove.com.br/exporta_br.html> Acesso em: 02/02/2013. Associação dos produtores de soja do estado de mato grosso – APROSOJA. O agronegócio faz a sua parte, Fev. 2010. Disponível em: <http://www.expressomt.com.br/noticia.asp?cod=53473&codDep=6> Acesso em: 02/02/2013.


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E DO RURAL 2011/12

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