TFG DPM 2015 Bárbara Mendonça - Rizoma, Sistema de mobiliários urbanos

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RELATORIO

RIZOMA Trabalho Final de Graduação em Design de Produtos, de Bárbara Rangel de Carvalho Braga de Mendonça Dezembro /2015, Escola de Design - UEMG.


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS - ESCOLA DE DESIGN GRADUAÇÃO EM DESIGN DE PRODUTO

BÁRBARA RANGEL DE CARVALHO BRAGA DE MENDONÇA

RIZOMA - SISTEMA DE MOBILIÁRIO URBANO

BELO HORIZONTE 2015


BÁRBARA RANGEL DE CARVALHO BRAGA DE MENDONÇA

RIZOMA - SISTEMA DE MOBILIÁRIO URBANO Projeto de conclusão apresentado à banca do Curso de Design de Produto, da Universidade do Estado de Minas Gerais - Escola do Design, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Design de Produto. ___________________________________ Prof. Dr. Róber Dias Botelho __________________________________ Prof. M. Sc. Pedro Nascimento ___________________________________ Prof. M. Sc. Érico Franco Mineiro Orientador: Prof. M. Sc. Igor Goulart Toscano Rios, Departamento de Planejamento e Configuração da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais - DEPC – UEMG Coordenador: Prof. M. Sc. Paulo Miranda de Oliveira

BELO HORIZONTE 2015

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PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO

RIZOMA - SISTEMA DE MOBILIÁRIO URBANO

"Os olhos que se extasiam ante a cidade perdem paulatinamente sua avidez na medida em que se embaçam pelo hábito de ver a cidade na repetição do cotidiano". (Lucrecia D'Alessio Ferrara, Lugar na cidade:Conhecimento e Diálogo, 2002)

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RESUMO A convivência urbana tornou-se tema de reflexão para os responsáveis das principais capitais do mundo, que enfrentam um adensamento populacional e compactação das cidades, interferindo na sua integração com o cidadão e criando barreiras a sua identificação espacial com o local. Este assunto requer estudos relacionados ao mobiliário urbano e ao espaço público, visando à articulação dos atores sociais envolvidos neste sistema, para que seja possível estimular a convivência nas cidades. Apesar dos problemas de mobilidade relacionados ao aumento do fluxo de veículos nas vias, o pensamento urbanístico contemporâneo entra em contraponto ao modelo vigente, propondo o aumento do tempo de permanência do cidadão nas ruas e o compartilhamento das vias entre veículos, bicicletas e pedestres, contribuindo para a realização dos percursos diários a pé e por transportes alternativos. Com base neste panorama, a configuração do cenário atual deve receber adaptações urbanas na esfera pública dos espaços de compartilhamento social, considerando o aumento de investimento em desenvolvimento tecnológico. Frente ao aparecimento das novas demandas sociais sentidas no espaço, a utilização das áreas residuais dos passeios pode atender soluções potenciais visando o baixo impacto na paisagem urbana dos projetos de um cenário futuro. Sendo assim, o presente documento tem como objetivo apresentar uma solução conceitual de mobiliários modulares multipropósitos, conformáveis ao espaço residual das interseções urbanas, permitindo sua flexibilidade de uso por seus diferentes tipos de usuários, buscando novas características de organização e usos integrados. Palavras-chave: Design, Integração dos espaços públicos, Mobiliário Urbano.

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Sumário PARTE 1 - PESQUISA INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 8 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................... 10 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 11 ESFERA URBANA ................................................................................................................... 12 LEGIBILIDADE DOS ELEMENTOS .................................................................................... 13 CONFIGURAÇÕES CONSTRUÍDAS .................................................................................. 14 DENSIDADE DOS ESPAÇOS ............................................................................................. 15 VITALIDADE DOS ESPAÇOS ............................................................................................. 15 ARROGÂNCIA DO ESPAÇO .............................................................................................. 19 APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS ........................................................................................ 21 Óbices de impedimento .................................................................................................. 26 O ESPAÇO MAIS CORPORATIVO E MENOS PUBLICO .................................................. 29 ESFERA FABRIL ...................................................................................................................... 33 MOBILIÁRIO URBANO ...................................................................................................... 33 CONCEITOS NO MOBILIÁRIO URBANO ......................................................................... 34 ESFERA EMPRESARIAL ......................................................................................................... 39 A. ANÁLISE EM MOBILIÁRIO MODULAR ........................................................................ 39 B. ANÁLISE PARA SISTEMAS DE PLATAFORMAS........................................................... 46 C. MOBILIÁRIO INCORPORADOS AO PROJETO URBANO ........................................... 52 D. APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO .............................................................. 57 OBJETIVO ................................................................................................................................... 64 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 64 OBJETIVO ESPECÍFICO.......................................................................................................... 64 METODOLOGIA ........................................................................................................................ 65

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DESCRIÇÃO DA PESQUISA .................................................................................................. 65 CRONOGRAMA ......................................................................................................................... 67 SÍNTESE ..................................................................................................................................... 69 CONCEITO ............................................................................................................................. 69 CONCEITO URBANÍSTICO.................................................................................................... 70 CONCEITO SEMÂNTICO ....................................................................................................... 71 CONCEITO FUNCIONAL ....................................................................................................... 74 BRIEFING ................................................................................................................................... 75 MATERIAL .................................................................................................................................. 77 CONCRETO PÓS REATIVO ................................................................................................... 77 Sistema de processamento ................................................................................................ 79 Sensações do material ........................................................................................................ 80 SOLUÇÃO FINAL - RIZOMA ..................................................................................................... 81 DESCRIÇÕES .......................................................................................................................... 81 CONFIGURAÇÕES ................................................................................................................. 85 Esquinas de interseções e Zonas peatonais ................................................................ 85 ANEXO I - PAINEL IMAGÉTICO DOS ESPAÇOS RESIDUAIS .............................................. 86 ANEXO II – PAINEL ICONOGRÁFICO DE ESPAÇOS PARA CICLISTA ................................ 86 ANEXO III - PAINEL SEMÂNTICO DO ESPAÇO URBANO .................................................. 87 ANEXO IV - DESENVOLVIMENTO DO PROJETO ................................................................ 88 DETALHAMENTO TÉCNICO ................................................................................................. 93 REFERENCIAS ............................................................................................................................ 94

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PARTE 1 - PESQUISA

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INTRODUÇÃO Com o interesse de explorar o universo dos espaços públicos urbanos, a configuração do cenário atual é questionada quanto ao seu caráter influenciador na integração com o cidadão. Tendo em vista o crescimento populacional, e a proporcional compactação das cidades, a essência qualitativa dos projetos urbanísticos deve ser enaltecida frente à sua compensação humana. A partir desse ponto de vista, os elementos fisicos presentes no cotidiano dos cidadãos podem ser reconhecidos como parte integradora das cidades. Nesse contexto, o presente trabalho defende a diversificação de plataformas para uso de seus cidadãos, oferecidas pela cidade. O oferecimento de uma estrutura qualificada para o cidadão favorece sua relação simbiótica com o meio. O espaço, então, é capaz de influenciar o convívio social da mesma forma que este pode alterá-lo reciprocamente, recriando-o e potencializando as interações preeminentes dos projetos urbanísticos arquitetônicos. Porém, nem sempre o valor dessas interações consegue ser explorado. A adequação dos espaços agradáveis para se viver não depende de sua densidade demográfica, mas dos valores subjetivos transmitidos pelos elementos fisicos e virtuais que o compõem (GEHL, 2014). A partir das justificativas que norteiam o tema de projeto, o presente trabalho busca investigar como são vistas as adaptações urbanas na esfera pública dos espaços de compartilhamento social. Consideram-se rapidamente sua esfera política, fabril

e

empresarial,

para

relacionar

os

potenciais

investimentos

em

desenvolvimento tecnológico frente ao aparecimento das novas demandas sociais sentidas no espaço. O objetivo de desenvolver um sistema de mobiliário, norteado pelo ponto de vista de vários autores em urbanismo, pretende promover a aproximação no diálogo sobre a rápida expansão do meio urbano, ao explorar os limites disciplinares do Design. Partindo do mobiliário urbano como objeto de estudo, é possível aproximar os conteúdos de interesse ao Design, Arquitetura e Urbanismo, e que tratam as modificações na dinâmica e configuração dos espaços de socialização

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no meio urbano. O trabalho pretende, também, promover uma solução potencial visando o impacto dos projetos atuais para um cenário fouturo. Este documento foi dividido em duas partes: uma tratando uma análise do referencial teórico, dividido em três partes a saber, e outro apresentando o desenvolvimento do projeto em questão, de forma a facilitar a leitura e entendimento da complexidade que envolve o projeto em mobiliário urbano. Na primeira etapa, o referencial trata: 1. As esferas urbanas, relacionando as questões relacionadas ao ambiente que compõe grandes cidades contemporâneas e seu desenvolvimento, examina a organização da cidade, pontuando suas influências sociais fundamentadas a partir de conceitos de legibilidade da paisagem urbana à apropriação desses espaços, pela perspectiva urbanística indicativa em que importam o acolhimento humano; 2. A esfera fabril, no que tange o desenvolvido o conceito de mobiliário urbano a partir das possibilidades de sua composição formal; 3. A esfera empresarial, onde é ilustrado a análise de diferentes abordagens projetuais em soluções reais de mobiliário urbano, adaptadas pelo desdobramento metodológico combinativo das linhas de pensamento em projetos urbanísticos. Na segunda etapa, o projeto se divide em sua síntese, onde são comentados os conceitos urbanísticos, semânticos e funcionais; briefing, material e o próprio desenvolvimento de ideias e alternativas, bem como a solução final concebida para responder ao projeto. A plataforma Rizoma é comentada e ilustrada em algumas possíveis configurações, detalhamento e referencial teórico utilizado para todo o projeto.

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JUSTIFICATIVA A convivência urbana tornou-se tema de reflexão para os responsáveis das principais capitais do mundo, que enfrentam um adensamento populacional e compactação das cidades, interferindo na sua integração com o cidadão e criando barreiras a sua identificação espacial com o local. Este assunto requer estudos relacionados ao mobiliário urbano e ao espaço público, visando à articulação dos atores sociais envolvidos neste sistema para que seja possível estimular a convivência nas cidades. A relevância deste projeto é marcada frente a um olhar sobre os modelos de urbanização, mobilidade e desenvolvimento econômico. Entre os temas que permeiam o embasamento deste projeto se destacam o adensamento urbano, a apropriação territorial, a dimensão humana dos espaços urbanos e a relação de uso dos óbices de impedimento urbano. Assuntos que, se impõem como uma questão central para a organização das cidades. A importância de tratar projetos de Design em mobiliário urbano como potencializadores do bem estar social, está relacionada de forma direta a criação do imaginário das cidades, a partir do reconhecimento identitário individual do usuário. No entanto, como é colocado ao longo do texto, é possível perceber que as manifestações sociais são cada vez mais distanciadas, no ambiente físico, de seu caráter orgânico. As práticas urbanas contemporâneas envolvem o julgamento da efemeridade como título de debate a nível intectual e cultural das relações sociais. Como sugestão deste desdobramento, o projeto trata como urgente a integração tátil qualificada do mobiliário urbano no contexto das interações cotidianas, reforçada por práticas que devolvam a dimensão humana para as ideologias dominantes de planejamento.

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REFERENCIAL TEÓRICO “As cidades influem no modo de vida das pessoas, da sociedade

humana,

incontroláveis.

Como

produzindo resultado,

o

transformações homem

acaba

perdendo, gradativamente, o contato com suas origens, e aceitando de forma passiva a degradação da qualidade de vida que alguns centros urbanos do mundo produzem” (VARESIO, 1988, p.35).

O presente projeto foi desenvolvido na condição eminente de idealização das cidades - no passado, nos dias de hoje e para o futuro. Atualmente essas ideias atravessaram as barreiras nacionais, sendo improvável encontrar qualquer lugar, hoje, que não seja o produto de signos de outros países ou grupos sociais. Contudo, no processo de operacionalização dessa concepção, articulam-se fortes tradições locais que transformam a maneira como essas cidades são configuradas (SANTOS, 2010). A cidade é uma confluência de fatores que impulsionam a formação de uma nova dinâmica de processos e modelos sociais, culturais e econômicos. Entre eles sobressaem-se a globalização, as novas mídias, a falência dos modelos econômicos tradicionais em promover o desenvolvimento e a valorização do conhecimento como ativo econômico diferencial (REIS, 2012). Em uma série de países com economia estagnada ou emergente, ocorreu uma replicação do conceito de urbanização que foi absorvido a partir de diferentes iniciativas: construído pelo governo nacional ou municipal - como pode ser visto na China; ações privadas e reguladores de desenvolvimento - encontrado nos Estados Unidos; criação de planos urbanísticos de iniciativa público privado - identificado na Colômbia; ou iniciativas com propósito específico para determinados fins - as novas cidades do Reino Unido[1]. [1] Alguns projetos que são desenvovidos nos países citados podem ser encontrados nos endereços: China: Disponível em: <http://eu-chinasmartcities.eu/>; <http://www.chinabusinessreview.com/smart-city-development-in-china/>; Estados Unidos: Disponível em: <https://tpg.com/portfolio>; Colombia: Disponível em: <www.dnp.gov.co>; Reino Unido: Disponível em: <http://www.tcpa.org.uk/data/files/TCPA_New_Towns_Study_Stage_1_An_Introduction_EMBARGOED.pdf>

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No

entanto,

o

desenvolvimento

das

cidades

não

é

acompanhado

necessariamente pelo progresso ótimo das configurações urbanas. Principalmente pautado pelos variados campos de conhecimento e organizações envolvidos, as cidades representam a essência de um fenômeno urbano histórico moldado pela lógica de diversidade e complexidade. Como uma tentativa de organizar algumas ideias interligadas pelo tema no que refere ao projeto, serão apresentadas as esfera urbana, fabril e empresarial do mobiliário urbano.

ESFERA URBANA A cidade, por Milton Santos (SANTOS apud NASCIMENTO, 2010), é um sistema configurado por objetos e ações. Os objetos são "elementos técnicos que constituem a cidade, intencionalmente concebidos, fabricados e localizados para o exercício de certas finalidades, constituindo as bases materiais para as ações representativas de uma época". Os objetos são o resultado das manifestações sociais em fluxos, e por isso também a configuração espacial dos objetos corresponde ao resultado de tais manifestações. Nesse sentido, NASCIMENTO (2010) complementa que "sendo elas técnicas e/ou funcionais, tendem a ser formatadas e materializadas pelas forças produtivas que regulam o espaço". Afinal, quais as reflexões que devemos tomar acerca do espaço que estamos contruindo, reapropriando e resignificando todos os dias? Dentro das dinâmicas sociais, a paisagem de uma cidade traduz as interações e aproximações com o espaço físico. A justaposição de edificações, meios de transporte, e organização do espaço, entre outros, fazem parte de um conjunto de elementos que representam a experiência com o local e possibilitam sua identificação com o mesmo. O comportamento se extende de forma efêmera, e não por acaso, tratamos efemeramente nossa relação com as coisas, que pelo filósofo Zygmunt Bauman, representa o que ele chama de sociedade líquida. No entanto é de curiosidade da autora entender porque a nossa dependência se tornou tão inapropriada para conformar interações coletivas. E por isso, torna-se interessante averiguar a partir da

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apropriação dos espaços urbanos um meio de garantir o aproveitamento dos recursos espaciais disponíveis e possibilidades de representação social. Nem sempre pode se considerar a urbe como fruto de um crescimento ordenado: As cidades planejadas contam-se nas pontas dos dedos. Os modos de vida dos diversos tipos de associação humana influem no ordenamento (ou desornamento) urbano. Em contrapartida, a ordem urbana também condiciona os indivíduos, numa interação permanente (VARESIO, 1988).

LEGIBILIDADE DOS ELEMENTOS No ponto de vista do filósofo Peixoto, a configuração atual impede o mapeamento mental das paisagens urbanas. As cidades não permitem mais que as pessoas tenham, em sua imaginação, uma localização correta e contínua com relação ao resto do tecido urbano. A experiência fenomenológica do sujeito individual não coincide mais com o lugar onde ela se dá. Essas coordenadas estruturais não são mais acessíveis à experiência imediata do vivido e, em geral, nem conceituadas pelas pessoas. Dá-se um cola da experiência, pressuposto das intervenções artísticas que visavam um reordenamento do espaço urbano e da sua apreensão pelo observador passante (PEIXOTO, 1991, p. 417).

Kevin Lynch foi, um urbanista e escritor que fez observações precursoras no pensamento interacional dos indivíduos sobre a paisagem urbana. A seu tempo, envolveu os modelos de observação, percepção e transição das pessoas, buscando entender como a forma física das cidades e regiões são a base conceitual para uma boa organização urbana. O autor desenvolve o conceito de legibilidade urbana a partir da imaginabilidade evocativa dos elementos que compõe o espaço, ao passo que estes interferem na experiência do usuário como domínio sensorial do espaço. Segundo ele, a identidade, significado e estrutura são componentes da imagem ambiental: identidade no sentido de unicidade, o reconhecimento do lugar como entidade separável, individual; significado, porque esse objeto ou lugar deve ter algum significado para o observador, seja ele prático ou emocional; estrutura referese à relação espacial e interação com o usuário. O autor explica seu ponto de vista a partir de quatro elementos que diferenciam a legibilidade de padrões recorrentes nas configurações estruturais das cidades: os caminhos (paths) são as linhas que um

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observador geralmente segue - ruas, pistas, avenidas; as bordas (borders) tratam-se de linhas referenciais marginais, compostas por elementos lineares, cercando praças, muros e parques que interrompem a continuidade; os nós (nodes), podem ser representados pelos pontos estratégicos de fluxo, como cruzamentos e esquinas de interceção; e finalmente os indicadores (markers), são os pontos de referência externos, edifícios, lojas, montanhas (LYNCH, 1997).

CONFIGURAÇÕES CONSTRUÍDAS Ao longo da história da formação das cidades, as áreas construídas demonstraram ser o reflexo das necessidades e da cultura de uma comunidade. E a concordância do desenho da cidade com os elementos inseridos nele ainda podem reforçar a aproximação entre as comunidades envolvidas. A adequação ao propósito é um termo bem complexo, como abordado por CARDOSO (2012). No entanto, quase toda a discussão sobre funcionalidade no século XX, segundo o autor, partiu da premissa oculta de que se pode julgar a adequação do objeto apenas ao examiná-lo com o olhar. Assim, a ideia de que a aparência, ou a configuração visual, de um artefato seja capaz de expressar conceitos complexos como, por exemplo, sua adequação a um determinado propósito é uma das grandes questões permanentes do design, arquitetura e da arte (CARDOSO, 2012, pág. 29-30). Para LYNCH (1997), a ideia de que os espaços sociais propulsionam espaços ótimos de interação pode ser comprovada desde a criação do conceito de Ágoras, na Grécia antiga, com o estímulo da importância dos espaços públicos. Com uma configuração hierarquizada de espaços residenciais e áreas comuns, eram evidenciadas transações comerciais e inter-relacionais, onde os cidadãos podiam dialogar e participar dos eventos em casa de reunião de apoio ao governo democrático. Ao longo do tempo, porém, esse pensamento mudou, e o planejamento urbano

e

arquitetônico

das

cidades

direcionaram

seus

esforços

para

o

desenvolvimento tecnológico e estrutural alterando a cidade para a forma como à encontramos hoje.

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DENSIDADE DOS ESPAÇOS Tradicionalmente, o espaço urbano funcionava ao nível das atividades cotidianas, mas com o crescimento acelerado do tráfego de automóveis, por exemplo, a competição pelo espaço se intensificou. Apesar da tendência negativa do aumento do uso do automóvel, por volta de 1960, alguns desenvolvimentos positivos surgiram como reação à falta de interesse pela vida urbana. A preocupação com a dimensão humana no planejamento urbano foi restaurada como uma exigência distinta e forte por melhor qualidade de vida urbana. De acordo com Jan Gehl, em seu livro Cidade para pessoas, a dimensão humana deve ser transmitida pelos espaços urbanos, e é possível estabelecer uma configuração de comportamento induzido padrão para estimular a reunião de pessoas e acontecimentos nas áreas construídas. O autor acredita que as funções da cidade podem ser distribuídas a ponto de diminuir as suas distâncias e aumentar a possibilidade de desenvolver novas áreas urbanas, pela aproximação de uma massa crítica de pessoas. Faz necessário, segundo ele, integrar várias funções nas cidades para garantir versatilidade, riqueza de experiências, sustentabilidade social e uma sensação de segurança nos diversos bairros. O autor estabelece a importância de reforçar, nos espaços públicos, estímulos para permanências mais longas, na intenção de provocar a sensação de vitalidade sentida pela presença de algumas pessoas por pouco tempo. "De todos os princópios e métodos disponíveis para reforçar a vida nas cidades, o mais simples e o mais eficaz é convidar as pessoas a passar mais tempo no espaço público." (GEHL, 2014).

VITALIDADE DOS ESPAÇOS Assim como as cidades podem convidar as pessoas para uma vida na cidade, há muitos exemplos de como a renovação de um único espaço, ou mesmo a mudança no mobiliário urbano e outros detalhes podem convidar as pessoas a desenvolver um padrão de uso totalmente diferente (Fig. 1, 2). A conclusão de que se oferecido um melhor espaço urbano o uso irá aumentar é aparentemente válida, até mesmo a partir da inserção de um único assento em espaços públicos integrados ou isolados ao planejamento urbano. Tal conclusão também é valida em várias culturas e partes do mundo, independente da percepção de distância social entre os indivíduos

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de cada sociedade. O físico pode influenciar o padrão de uso em regiões e áreas urbanas específicas. Para o urbanista NOGUEIRA (2003, p.26), "los espacios públicos se caracterizan por su configuración y por su tratamiento, que expressa um determinado compromiso entre sus diversos papeles". O autor posiciona que a continuidade espacial das cidades é considerada por seus indivíduos quando e, sempre que, os elementos urbanos são instalados em continuidade no plano da rua, indiferente a variação na configuração dos seus edifícios, que terão um relacionamento variado com o espaço. E reitera que é esta continuidade que torna possível a expressão e a percepção interna da forma da cidade, ao passo que provêm de espaços de representação e identificação social, bem como para o uso do ócio do cidadão. A vitalidade da área urbana do entorno é produto do equilíbrio das funções das atividades oferecidas nos espaços de transição e as dimensões culturais e socioeconômicas que permitam a apropriação destas pelos cidadãos. Em um contexto de esfera pública, a atratividade dos espaços que possuem elementos urbanos convidativos a qualquer grau de interação com o usuário, pode estimular uma relação simbiótica entre o ambiente e o cidadão (Fig. 1,2). Assim, o ambiente transforma o usuário pela flexibilidade interacional que oferece durante o tempo de Fig. 1, 2

Fig. 1. Centro Histórico ao redor do rio Raffles em Cingapura. Disponível em: <https://www.pinterest.com/pin/291397038363270267/>,

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Fig. 2 Restauração do rio Cheonggyecheon, Coréia do Sul. Disponível em: <http://lovesouthkorea.tumblr.com/post/78734727365/cheonggyecheon-stream-in-seoul-source

vivência, e o usuário por sua vez, transforma o ambiente pelo padrão das atividades realizadas nele (GEHL, 2014). Nesse sentido, o objeto representa e reserva um valor intrínseco à estrutura da cidade de forma tão articulada à vitalidade urbana que, um espaço ausente, desses elementos, não poderia fazer isso sozinho. O valor do produto isolado, na verdade, desaparece durante a interação com o usuário em consequência da relação simbiótica e mutualística dos espaços. A interação do mobiliário com o espaço é norteada por conceitos, na qual a temporalidade presente no ritmo da configuração dos espaços é o principal deles. A sugestão do espaço urbano está relacionada com o tratamento dos espaços de transição da cidade, promovendo o aproveitamento do tempo a partir de um nível de interação suave e contínuo (GEHL, 2014). Ocorrem então reafirmações da identidade do lugar, em contraposição ao caráter abstrato do espaço. Na impossibilidade de apreender as novas e amplas configurações espaciais, recorre-se a uma estetização do particular. O revival da estética do lugar é típico do impacto da reestruturação flexível contemporânea sobre a espacialidade metropolitana. A tendência é desvincular o espaço urbano, tornado autônomo, das funções, incorporando estratégias estéticas independentes de qualquer determinação (PEIXOTO, 2014).

Ainda de acordo com GEHL (2014), a temporalidade das interações urbanas entre o cidadão e a cidade é simplificada de acordo com as oportunidades experienciadas nas ruas. A experiência entre indivíduos é orgânica e passível a transformações

frequentes,

e

por

isso

a

necessidade

de

influenciar

o

desenvolvimento de mobiliários urbanos voltados para o cidadão no espaço permeável entre suas atividades de trabalho e habitação (Fig. 3). O meio urbano, segundo o autor, pode ser visto não somente como palco de atuação cotidiana, mas uma extensão importante dos espaços revelados nas nossas atividades profissionais e residenciais. São estes, definidos como espaços de transição. Eles são importantes pontos de referência no nosso imaginário cotidiano e assim nossa relação de equilíbrio com as dinâmicas urbanas. O espaço de transição da cidade envolvem tudo aquilo que pode ser experienciado de perto, por uma interação espacial direta ou indireta com todos os objetos e elementos presentes nelas. Eles limitam o campo visual e definem

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um espaço individual, contribuindo para a sua consciência de 'lugar'. O espaço individual oferece um sentido de organização, conforto e segurança para o cidadão. Fig. 3 – O espaço permeável entre os espaços comerciais e residenciais

Fig.3 Continuidade de mobiliários na extensão dos espaços de maior convivência. Fonte: Da autora. Rua das Estrelas, Hong Kong, 2014.

Os espaços de transição podem ser analisados de acordo com suas configurações: em um primeiro extremo, a "transição suave" é tida onde há muito para se ver e tocar, proporcionando muitas e boas razões para o pedestre diminuir o passo ou mesmo parar; o outro extremo, então, seria o espaço que não favorece a troca de experiências, definido por ele como uma rua com "transição rígida", uma situação diametralmente oposta a anterior - onde os pisos térreos são fechados e o pedestre caminha ao longo de fachadas de concreto ou alvenaria - sendo sugeridas poucas ou nenhuma opção de vivência. Essa diferenciação dos espaços é considerada de forma inconsciente pelo pedestre para a escolha daquela determinada rua em seu trajeto. O reconhecimento dos locais sem espaço de transição são definidos por GEHL (2014) como sendo aqueles que cumprem sua função de forma mais empobrecida, que não se fazem atraentes por não proporcionarem o relacionamento interacional do cidadão com a vida na cidade. Essa é a zona onde as atividades realizadas dentro das edificações não podem ser levadas para o espaço comum da cidade, até que

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sejam diretamente reforçadas por um - ou mais de um - espaço atraente de transição, muitas vezes potencializados pelos próprios elementos urbanos.

ARROGÂNCIA DO ESPAÇO A distribuição desigual do espaço público, em relação aos pedestres, ciclistas e condutores de automóveis é um assunto que o especialista em mobilidade urbana Andersen Mikael Colville, qualifica como a “arrogância do espaço” (Fig. 4). Do ponto de vista desse planejador urbano, e fundador do “Copenhagenize”, a arrogância do espaço é um termo aplicável às ruas que são dominadas pela engenharia de trânsito do século passado, marcadas pelo compartilhamento desigual entre carros e pedestre. Isto é, aquelas que estão planejadas prioritariamente para automóveis. Fig. 4 – A arrogância do espaço

Fig. 4: A arrogância do espaço, Mikael Colville-Andersen. Disponível em: <http://www.copenhagenize.com/2015/11/copenhagenizing-paris.html >

Para exemplificar seu posicionamento, Andersen analisou a quantidade de espaço que possui cada um dos grupos de atores sociais urbanos a partir de fotografias do espaço público. Dessa forma foi possível mapear algumas ruas através da comparação de cada segmento e função urbana, além do espaço morto e dos edifícios, a serem identificados por diferentes cores. Embora não seja um levantamento exato, o especialista assegura que esta ferramenta permite ter uma

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ideia que o uso do espaço público destinado aos pedestres não está de acordo com sua demanda. E ao contrário do que poderia ser definido como ponto de referência urbana, poucos espaços oferecem a oportunidade de parar e não podem ser lidos a partir de sua função de permanência por os seus cidadãos. As atividades estacionárias públicas ficam então restritas a espaços pré delimitados, como parques e praças locais, e por isso podem ser consideradas pouco diversificadas. O pensamento urbanístico estratégico de projetar as ruas deve ser coletivamente estabelecido de forma coerente e legível ao pedestre, segundo os estudos do grupo Aldgate Connections. O ideal em projetos desse tipo é partir do comportamento do pedestre para posteriormente construir o entrono (fig. 5). As configurações de trânsito complexas, em relação à segurança do pedestre e a conformidade dos sinais de trânsito, afetam a probabilidade de manter cruzamentos seguros. Fig. 5 As três estapas de planejamento urbano

Fig. 5 – Espaço aberto e planejamento de trilhas (Ope space and trails plans). Fonte:Aldgate Connections Study – Tower Hamlets Council. Disponível em: <http://www.towerhamlets.gov.uk/idoc.ashx?docid=3821e4a0-34f0-4aa2-b0b197c9cb25ba65&version=-1>

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APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS Para tentar ilustrar melhor a relação dos espaços públicos com as pessoas, em simbiose, basta acompanhar a interação de algumas pessoas pelas ruas: as pessoas regulando os limites do espaço, as mães, preocupadas detendo seus filhos a não se distanciar do seu campo de visão, e muitas vezes utilizando os mobiliários urbanos e espaços de contato como um ponto de referência de limites; e os espaços detendo os limites das pessoas: regulando a função de uso do objeto naquele espaço, temos a necessidade das vias e calçadas de ditar o nível de interação dos usuários com os aparelhos urbanos (CARDOSO, 2012).

De acordo com GOOFFMAN (1966), as ruas tem o direito de serem consideradas lugares voltados para aumentar a riqueza e variedade de usos do espaço público. Partindo de suas observações foi possível relacionar diferenças na interações do plano das ruas, que pela mobilidade urbana do pedestre e dos automóveis, favorece duas funções básicas e antagônicas de expressões sociais e circulação. O que distingue atualmente o propósito das ruas é forma como são promovidas as interações sociais, cada vez menos associada ao conceitos humanísticos. Nos identificamos com o que se torna fácil, agradável e estimula a planejar o futuro de forma mais consciente, relevante e assim tornam-se mais humanos. Sendo assim, podemos estabelecer um comparativo entre a função das cidades quanto a esfera de troca e de mobilidade (Tabela 1). Com uma perspectiva mais atual do espaço urbano, NASCIMENTO (2010) propõe uma abordagem mais subjetivada dos espaços de convivência e relacionam que o lugar da vida comum está onde o corpo experiência a realidade cotidiana e a compartilha com o outro. Os vários autores entendem que: As ruas e calçadas, bem como os resíduos urbanos, não precisam ser pedestrianizados ou redesenhados, mas potencializados para que abriguem suportes ou marcos físicos para as práticas sociais casuais e compartilhadas – encontro, descoberta, convívio, manifesto ou entretenimento – bem como para os usos imediatos próprios do cotidiano – sentar, descansar, guardar objetos, conversar, beber água, trocar informações (NASCIMENTO, 2010, p.7).

Possivelmente a tendência mais forte do urbanismo contemporâneo é a busca e o resgate da escala humana perdida nos tempos do urbanismo moderno. "Usufruir da cidade através das práticas sociais, lazer, manifestações da vida urbana e consequentemente uma melhor habitabilidade do ambiente urbano, podem ser dadas em diferentes áreas de conhecimento" (DARODA, 2012). 21


Tabela 1 – Esfera de troca e mobilidade ESFERA DE TROCA

ESFERA DE MOBILIDADE

Expressões sociais

Movimentações sociais

Definida culturalmente

Regulado

Pessoal

Impessoal

Propósito múltiplo

Propósito Único

Imprevisível

Previsível

Regras Sociais

Controlado pelo Estado

Contextual

Sistemático

Contato visual, limites físicos

Sinalizado, com marcações de trânsito

Retoma o conceito de "polis"

Enfatiza o conceito de "cities"

Tabela 1 – Esfera de troca e mobilidade

Quase todos os grandes centros populacionais urbano estão reconfigurando sua malha urbana para adaptar-se às novas necessidades enfrentadas pelos seus cidadãos. A fim de melhorar o fluxo das vias, a aplicação de ciclovias pode ajudar a tornar o transporte não motorizado em uma realidade para as opções de mobilidade urbana. No entanto, os líderes governamentais devem primeiramente melhorar os projetos de apoio ao ciclista e ao pedestre, de modo que não sejam afetados negativamente com a alteração do fluxo de entrada e saída das vias (ALDGATE). Nesse sentido, a organização City Fix desenvolveu uma análise de aprimoramento da infraestrutura urbana das vias de forma que os municípios consigam dimensionar os requisitos atuais em sua totalidade e organizar as ações conforme suas demandas e potencialidades. As orientações não fornecem definições técnicas detalhadas, uma vez que pretendem ser adaptáveis às cidades com distintos

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portes e complexidades, mas suas propostas envolvem os pontos de maior

importância para o comércio e as zonas de fluxo intenso de entrada e saída dessas regiões. As ruas em equilíbrio com o pedestre podem se apresentar de duas formas: 1. de tráfego limitado ou fechada para os carros - tornando-se âncoras para a atividade centrada no homem, categorizando-se como uma rua peadonal; 2. uma ruas ativa para todos os atores sociais envolvidos nela, com uma infraestrutura mais atraente a convivência entre todos. Dessa forma, seria estabelecido certas condições a serem seguidas: 1. RUAS SEM CARROS: Composta por trilhas pavimentadas para caminhadas e passeios de bicicleta e academias ao ar livre. A construção de tal rua pode atrair a abertura de loteamentos inativos para serem construídos também quintais, pequenos parques, ou uma rua em estilo Boulevard. A fim de ser utilizado para fins além de recreação, é importante que esses caminhos conectem-se a destinos como empresas e escolas, e paradas de transportes públicos. 2. RUAS ATIVAS: Ampliar o espaço confortável ao pedestre e ciclista nas vias, delimitando o espaço útil ocupado por carros. Por isso é necessário pensar o espaço mínimo para acomodar o pedestre na calçada e o ciclista na via de asfalto, ou ambos na calçada, de modo que seja possível para ambos moverse com eficiência, confortavelmente, livre de obstruções, e mais importante, com segurança. São várias as formas de encontrar equilíbrio para o fluxo de veículos e pedestres nas ruas. Uma rua balanceada, segundo EMBARQ (Fig 7), deve buscar atender algumas instalações convenientes aos ciclistas, conectando as ciclovias com a malha urbana das cidades, bem como pontos seguros para atravessar as ruas, tornando possível a ativação da mobilidade compartilhada mesmo em ruas largas. Para os pedestres, em vias muito largas, há também a opção de instalação de ilhas de passeio. Dentre as configurações que podem alterar estas vias urbanas em atendimento ao pedestre, estariam os “gargalos” (neckdows), no eixo lateral das vias, e “medianas” (pedestrian refugie islând and medians), no eixo central das vias, formando ilhas de repouso para os pedestres.

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Fig. 6 Equilíbrio nas ruas

Fig.6 Zonas de uso dos passeios. Fonte: EMBARQ. Disponível em: <http://www.wricities.org/sites/default/files/TOD_Guide_Urban_Communities_English_EMBARQ.pdf>

O objetivo do “gargalo” (neckdow) é reduzir a largura da via nos pontos de travessia das interseções, fazendo com que os carros reduzam a velocidade nas conversões e ao mesmo tempo, diminuindo a distância que os pedestres tem de percorrer e atravessar (Fig. 8). Geralmente esse faz parte de um conjunto de estratégias de engenharia de tráfego. Fig. 7, 8 Possibilidade de extensão dos passeios

Fig. 7, 8 Gargalo ou Neck Down. Disponível em: <contextsensitivesolutions.org>.

O objetivo das “medianas” (pedestrian refugie islând and medians) é oferecer um lugar para o pedestre parar enquanto atravessa a rua. Eles são muitas vezes localizados no eixo central das vias ou, entre uma ciclovia e pista de veículos, formando ilhas de visibilidade e segurança para os pedestres (Fig. 9). A importância deste tipo de configuração é possibilitar que o pedestre possa reduzir suas distâncias de trajeto, dividindo a travessia das ruas em dois momentos.

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Fig. 9

Fig. 9 Cruzamento em frente a uma escola primária nos Estados Unidos, com marcações de faixas de travessia e uma ilha de refúgio de pedestres na mediana da rua.

Recentemente outras propostas atrativas foram desenvolvidas. Idealizada pelo urbanista Nick Falbo em 2013 (Fig. 10), envolvem estratégias de desenho urbano que visam aumentar a largura das calçadas, com a atribuição de ilhas de segurança ao ciclista, que possibilitam uma maior visibilidade das vias de fluxo de automóvel. Fig. 10 Proteção de Interseções

Fig. 10 Esquema de como funcionam as Interseções Protegidas (Protected Intersections) Disponível em: <www.protectedintersection.com>; <https://vimeo.com/86721046>

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Óbices de impedimento Em ruas com alto tráfego ou veículos em movimento são necessárias a utilização de barreiras físicas e visuais que separam e protegem os pedestres e ciclistas do tráfego de automóveis. A sinalização gráfica de trânsito, com o uso de faixas pintadas e adesivos catadióptricos nas vias, por exemplo, é um investimento de baixo custo para direcionar o fluxo de pessoas e carros. Os

também

chamados

óbices

de

impedimento

são

parte

de

um

gerenciamento urbano de fluxo, e são normalmente adaptáveis aos diferentes modelos de malha urbana, específicos a cada configuração da malha local (Fig. 11, 12, 13, 14). Especialmente onde o estacionamento nas vias laterais não são permitidos, o grupo City Fix sugere que as calçadas sejam protegidas por faixas de vegetação, cujas superfícies permeáveis também ajudam com a drenagem durante as chuvas. Fig. 11, 12, 13, 14 Óbices de impedimento em diferentes lugares do mundo

Fig.11 Na holanda tem-se o uso eficiente dos passeios públicos em relação as vias, com o aproveitamento do espaço para estacionamento de bicicletas, que também serviu como um elemento divisor. Fig.12 Postes em Nova Iorque dividem as vias de carros, enquanto canteiros de plantas possibilitam a divisória dos ciclistas com os pedestres. Fig.13 United states federal Courthouse – Seattle Fig.14 Canteiros modulares de cimento em Austin, Texas;

Os óbices de impedimento foram pensados como alternativa de evitar conflitos com o tráfego de veículos em qualquer velocidade e criar meios seguros

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para os ciclistas e pedestres atravessarem as ruas. Eles incluem elementos de parada verticalmente para cruzamentos como: mini-rotundas, lombada ou saliência redutoras de velocidade. Após instaladas, enquanto apropriadas pelos cidadãos, a configuração imposta será evidenciada quanto as suas necessidades pontuais de execução operacional, proporcionando a visualização de possíveis melhorias. Tais soluções são mais interessantes como testes e protótipos dentro das interações cotidianas, sendo possíveis de serem consertadas e assim, desenvolvidos projetos mais elaborados e bem resolvidos de estruturas dedicadas para o desvio e dispersão do fluxo urbano. A situação frequente, ilustrada na Fig.15 é circunstanciada pela instalação temporária de grandes blocos rotomoldados que servem de bloqueio de carros para vias de pedestres ou de ciclovias. Eles são simples, versáteis ao poderem ser aplicados em diversos locais, e assim ajudam a organização de tráfego em situações mais complexas. Seu tamanho sugere uma fácil visualização do motorista, porem são usados incorretamente sem maiores modificações da iniciativa pública. Fig. 15 Ressignificação do espaço em Registros urbanos

por pedestres. Belo Horizonte, 2015. Fonte: Da autora.

Fig. 15 Apropriação de bloqueadores de tráfego

Sua utilização como assento é não somente um risco à sinalização de trânsito, como também à segurança dos cidadãos que os apropriam de forma irregular. Neste caso, a sua instalação é justificável pela temporalidade a que o mesmo se propõe, mas ao passo que este é usado incorretamente pelos cidadãos, podem sofrer esforços físicos que inviabilizam sua correta aplicação de uso como barreira de trânsito. Com a anulação de todas as suas possíveis funções o mobiliário é invalidado e inutiliza o espaço que ocupa.

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Necessário, no entanto, o estudo da sua instalação em relação as verdadeiras necessidades locais, que reflitam na superposição com o ambiente as características exigidas pelos mesmos. Uma das soluções propostas em Nova Iorque para promover a segurança, como motivo de design em mobiliário foi o 'NOGO' (Fig. 16). Fig. 16 Antes e depois, NOGO mobiliário urbano

Fig. 16 O projeto foi resultado de uma competição aberta em projetos arquitetônicos com o requisito projetual principal de extinguir a presença incômoda de caminhonetes e barricadas de concreto e barreiras metálicas.

Roger Marcel architecture em colaboração com o Ministério de urbanismo e com a Corporativa Privada de Desenvolvimento da parte baixa de Manhattan, propuseram novas soluções para o atendimento de melhorias de segurança e embelezamento da paisagem urbana no distrito financeiro da cidade incluindo o perímetro da Bolsa de Valores. O resultado posiciona uma nova tipologia de mobiliário com características esculturais integrados a paisagem local, considerada um ponto de referência cultural, histórica e financeira. O sistema criado foi instalado no cruzamento de Wall Street 28


com Broadway, proporcionando comodidades ao pedestre a nível da rua e atuando como um elemento flexível de segurança.Para evitar conflitos estruturais, o projeto pressupõe uma instalação associada ao nível subterrâneo da rua, compondo-se com sua infra-estrutura urbana.

O ESPAÇO MAIS CORPORATIVO E MENOS PUBLICO Segundo Silva (2008), "a negação do espaço coletivo enquanto público está presente no modelo adotado por inúmeras propostas de intervenção baseadas na circulação viária como elemento fundamental para organizar o funcionamento da cidade." Ou seja, a hierarquia das vias acima do pedestre ainda é, desde a década de 70, uma sequência de tomada de decisões que limitam o estímulo à criação de espaços de convivência a partir de suas dinâmicas naturais no espaço. Não por acaso, em seus breves comentários sobre o urbano, Foucault notou que a escola americana (de urbanistas de Chicago) tinha captado a tendência biopolítica das cidades: a proposta seria “não esquadrinhar o espaço a partir de um marco zero, mas compreender e estar inserido nos fluxos produzidos pelo próprio urbano” (NEGRI, 2008). Propondo assim a reapropriação de espaços sem a necessidade de novos investimentos estruturais, mas potencializando-os a partir de pequenas alterações em um ambiente que promova atividades para além do bem estar. Em uma abordagem mais atual, GEHL (2012), reforça a importância de oferecer espaços para desfrute, com elementos urbanos que possam ser aproveitados em uso direto do cidadão, como assentos, mesas, entre outros objetos de uso direto, bem como os móveis que irão compor tal interação indiretamente, como lixeiras, pontos de iluminação, etc. No entanto, são sucessivos os projetos urbanísticos que demonstram baixo interesse no contingente inter-relacional ao passo que ausentam tais facilidades (de seus requisitos projetuais ou) na entrega de soluções que deem suporte às experiências do usuário como produto. Dessa forma, pode ser entendido que o espaço urbano cria um cenário representativo do contexto a partir dele mesmo. E por ser a própria representação da cultura, deveria sugerir um nível de auto-realização comportamental no âmbito de

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trazer referências identitárias ao usuário, que para isso, necessita de espaço para acomodar o contemplativo e o participativo, pois são essas as circunstancias que nos trazem de volta para um estado de reconhecimento do ambiente ao redor. No entanto, a cidade pensada como monumento não funciona na escala humana. Assim, os termos urbanísticos não devem ser entendidos como os termos sanitaristas que prevalecem em nosso cotidiano. DARODA (2012) questiona o fato de que hoje, o espaço está cada vez mais corporativo e menos público, propiciando a ausência da prática de um espaço urbano humanizado em uma relação de contato com a cidade por meio de barreiras e enclaves. Esses espaços são caracterizados, segundo AUGÉ (1994), como "nãolugares", ou seja, espaços vinculados a finalidades específicas, que excluem a possibilidade de encontro e de sociabilidade. A hipótese defendida por AUGÉ (1994) é a de que "a super-modernidade é produtora de não-lugares, isto é, de espaços que não são em si lugares antropológicos [...]" (AUGÉ, 1994, P.73). Nesse sentido, PEIXOTO (2014) inicia uma reflexão sobre a imposição das formas urbanas, que são diretamente vinculadas à experiência e à observação individual. "Impõe-se então uma retórica da imagem, mediadas por um aparato publicitário que tende a tudo converter (o espaço urbano) em cenografia e simulacro. Haveria alguma alternativa a essa política da espacialidade estetizada?". Com isso, entende-se que o discurso político para legitimação dos investimentos no setor urbanístico é muitas vezes exagerado e ofuscado pelo marketing gerador do empreendimento. No entanto, NOGUEIRA (2003) contradiz esse pensamento ao afirmar que os espaços privados comportam lógicas diferentes das configurações encontradas nos espaços públicos, o que explicita mais claramente a sua função socializadora. Muitas vezes, os projetos lançados pelo governo se sustentam em justificativas neoliberais, porém embasadas pela herança ideológica modernista, que segundo SILVA (2008), faz uso de “uma racionalidade funcionalista do modernismo como deveria ser, não como ela é”. Este processo de modernização abstrato, distante, autoritário, que participa de um imaginário coletivo colonizador não mais interessa ao que é entendido pela população por negar quintais nas cidades, ou o jornal disposto

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nas calçadas das bancas de revistas, reduzindo-se a lugares impessoais com pouca disposição para o coletivo. Quando mantidas pelo Estado, as ações em espaço público são muitas vezes superfaturadas ou simplesmente abandonadas - não havendo o cumprimento de todas as propostas estabelecidas ou pelas formulações de projetos não exequíveis financeiramente apesar de terem sido aprovados em sua fase inicial (moça do mestrado de turismo). O cenário favorece ao Estado estimular a privatização dos espaços, forçando o lobby dos comerciantes. As incorporadoras se apropriam disso e descaracteriza a região, “requalificando-a” de acordo com o que promoverá mais rentabilidade, ou simplesmente aproveitando-se do baixo índice imobiliário, gerado muitas vezes como consequências do próprio abandono do Estado, que torna o imóvel barato para as construtoras. O espaço urbano torna-se privado com interesses públicos. A questão sobre a imagem corporativa das cidades está associada aos novos modelos de financiamento de qualificação de projetos urbanísticos. Sendo um assunto muito atual e complexo, relacionado intrinsecamente ao ambiente político, não cabe a discussão do presente trabalho, analisar os modelos de financiamento de tais projetos. No entanto, cabe pontuar que independente das boas soluções evidenciadas pelas associações e parcerias público-privado, as propostas de revitalização urbanística são urgentes em nível de reconfiguração dos pontos de atratividade do espaço e o oferecimento de vitalidade urbana. A intenção de promover melhorias diretas no padrão de vida da população deve fomentar o discurso dialético consequente da ausência de atendimento das necessidades sociais envolvidas nos ambientes urbanos. Comparado a outros investimentos sociais - particularmente os de saúde e de infraestrutura de veículos - o custo de incluir a dimensão humana no ambiente urbano é tão modesto, que os investimentos nessa área são possíveis a cidades do mundo todo, independente do grau de desenvolvimento e capacidade financeira (GEHL, 2014, p.6). A proposição das intervenções urbanísticas nos dias de hoje, vem como reação a uma necessidade de reflexão do espaço. A multiplicidade dessas operações dá novos significados às formas de aproveitamento do uso, estrutural e utilitário, do espaço urbano pelo cidadão. 31


Nesse contexto, o poder público tem cada vez mais a responsabilidade de licitar

projetos

de

regeneração

cultural

que

considerem

as

alterações

comportamentais renovadoras do meio urbano. No presente momento, está sendo realizada a revisão do Plano Diretor de Belo Horizonte no intuito de torná-lo mais participativo, com a repercussão da sociedade civil (PBH). Assim, entende-se que o número de investimentos nas áreas urbanas e a aceleração constante de projetos de renovação e revitalização devem estar de acordo com a organicidade das práticas sociais locais. Em 2003, o Código de Posturas urbanas de Belo Horizonte foi lançado como outro instrumento que visa assegurar que todos tenham acesso à informações e regras, definindo claramente direitos e deveres na utilização do espaço urbano. E não por acaso, em 2011, a Prefeitura de Belo Horizonte, ainda buscando minimizar o distanciamento da sociedade civil com os processos decisórios, iniciou o programa BH VIVA e Orçamento Participativo (PBH). Apesar dos problemas de mobilidade relacionados ao aumento do fluxo de veículos nas vias, é possível ver internamente em nosso país o pensamento urbanístico contemporâneo entrando em contraponto ao modelo modernista. Ao propor o aumento do tempo de permanência do cidadão nas ruas e o compartilhamento das vias entre veículos, bicicletas e pedestres, contribui-se para a realização dos percursos diários a pé e por transportes alternativos. No Brasil, A Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU), instituída em abril de 2012 pela Lei Federal n. 12.587, é um dos instrumentos de desenvolvimento urbano no Brasil e tem como finalidade a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e da mobilidade de pessoas e cargas. A lei estabelece o Plano de Mobilidade Urbana como ferramenta para efetivação dos princípios, diretrizes e objetivos dessa política. O Plano de Mobilidade Urbana, realizado no âmbito municipal e integrado ao Plano Diretor, deve incorporar os princípios da mobilidade sustentável, com foco no transporte coletivo e não motorizado. A partir de abril de 2015, o Plano passou a ser requisito para receber recursos orçamentários federais destinados à mobilidade urbana em todos os municípios com mais de 20 mil habitantes e os demais obrigados por lei à elaboração do Plano Diretor, como os integrantes de regiões metropolitanas, de áreas de interesse turístico ou de significativo impacto ambiental, totalizando 3.065 cidades (EMBARQ, 2015).

No contexto político estabelecido, se faz necessário abordar o espaço urbano para além do seu planejamento. Assim como estabelecido pelo teórico Henri Lefrebue, “a força das metrópoles está na reinvenção permanente da vida social e não na matemática dos planejadores” (1968), dos engenheiros e economistas, 32


empreiteiros e governantes. É nesse diálogo que o design pode ser uma estratégia para aproximar o que é tangível do ponto de vista humano, minimizando as diferenças promovidas pela regionalização dos espaços.

ESFERA FABRIL MOBILIÁRIO URBANO

Sendo alvo de interesses cada vez maiores dentro do plano político da cidade, o presente trabalho direciona o estudo de mobiliário urbanos, apropriando-se do Design como ferramenta de inovação para solucionar as dinâmicas de apropriação do espaço urbano. O estudo do design aplicado ao mobiliário urbano deve atravessar todas as etapas de planejamento e de projetos urbanísticos para explorar e ilustrar o valor das interações sociais no ambiente público, como um sistema. Podemos dizer que o urbano não se difere de outros tipos de design. Em qualquer processo de design, desde uma colher a um avião, uma maçaneta a um prédio, devem ser requeridos: sua funcionalidade, racionalismo e emotividade. A legislação brasileira, por meio da Lei 10.098/2000, define o termo mobiliário urbano como “conjunto de objetos presentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação” (BRASIL, 2000). A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) considera como mobiliário urbano “todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público em espaços públicos e privados”. E reintegra o conceito de equipamentos urbanos como sendo "todos os bens públicos ou privados, de utilidade pública, destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização do poder público, em espaços públicos e privados" (ABNT, 1986). Conforme o Código de Posturas da Prefeitura de Belo Horizonte, a definição de mobiliário urbano é: "mobiliário urbano é o equipamento de uso coletivo instalado em logradouro público com o fim de atender a uma utilidade ou a um conforto 33


públics." Hoje a gestão do mobiliário urbano está distribuída entre diversas pastas do executivo municipal e a gestão da Comissão de Mobiliário Urbano é feita pela Secretaria Municipal Adjunta de Planejamento Urbano (PREFEITURA DE BH, 2015). Com a intenção de ampliar a definição do termo, LYNCH (1997) utiliza o termo para designar qualquer elemento físico de uma cidade perceptíveis ou não. Já FERRARI (1977) prefere envolver a definição de mobiliário urbano como um conjunto de elementos que se encontram em lugares públicos ou em espaços visíveis desses lugares. O mesmo autor complementa que os mobiliários tem a função urbana de habitar, trabalhar, recrear e circular. Ou seja, são equipamentos essenciais para as dinâmicas que ocorrem no espaço urbano, já que as manifestações necessitam de um cenário físico para que possam ocorrer. Desta forma, KOHLSDORF (1996, p.160- 161), trata o mobiliário urbano como integrante dos elementos complementares do espaço urbano, afirmando que esses elementos possuem “características de maior mobilidade e menor escala” e muitas vezes são “os principais responsáveis pela imagem dos lugares”.

CONCEITOS NO MOBILIÁRIO URBANO Em busca de um melhor entendimento organizacional a cerca dos problemas de projeto em design relacionados ao presente trabalho, buscou-se estruturar um método de solução mais sistemático que possibilitasse o aprofundamento do estudo em mobiliários urbanos. Conforme o foco dos conceitos utilizados em cada desenvolvimento de projeto, foi feita uma análise de casos em virtude do foco almejado na diferenciação de mobiliários modulares, flexíveis, sistemas e plataformas urbanas. O projeto do intangível, relacionado na interpretação metodológica explanada por Sanches, define que: O ajuste do ferramental metodológico à diversidade de situações de projeto, estimula uma postura proativa, na qual o estudante usará o pensamento sistêmico para conciliar a visão panorâmica com o foco dirigido. [...] A aplicação da síntese imagética pode ser inserida como meio de organização cognitiva em mais de uma fase de projeto, com o propósito

de

concretizar

abstrações,

sintetizar

comunicar ideias no trabalho (SANCHES, 2012, p. 402).

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parâmetros

ou


As ferramentas de projeto, como denominado por BAXTER (1998), podem aglutinar tais procedimentos didáticos. Eles foram parte do desenvolvimento de raciocínio de composição visual, centrado na conceituação dos elementos e princípio da sintaxe visual, na construção de uma linguagem em produtos de mobiliário urbano. Tais ferramentas como etapa de projeto se relacionam dentro de uma rede de interações de estudo, juntamente com o pensamento de sequência lógica já abordado anteriormente. Justifica-se a isso o fato de seu conteúdo não estar contido no capítulo que referencia os caminhos metodológicos de projeto (BAXTER apud SANCHES, 2012). Para praticar a capacidade de reconhecer e decompor, o procedimento usado para a análise de mensagens visuais fundamentou-se nas indicações de OLIVEIRA (OLIVEIRA apud SANCHES, 2012). A autora sugere o reconhecimento da estrutura básica que sustenta o conceito analisado, partindo em seguida para a identificação das partes que a compõem, para que seja compreendido a articulação das relações estabelecidas entre tais elementos, as quais são chamadas por ela de procedimentos relacionais (OLIVEIRA apud SANCHES, 2012, p. 405). Este modelo de entendimento foi empregado no direcionamento de projetos de mobiliário urbano que envolvem soluções projetuais conceituadas a partir da ideia de modularidade (Fig. 17) e plataforma (Fig. 18), presentes em sua estrutura básica. Fig. 17 Assentos modulares

Fig.17 Assentos modulares de concreto da marca italiana Escofet. Fonte: Disponível em: <http://www.escofet.com/pages/proyectos/ficha_proyectos.aspx?IdP=80>

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A de linguagem na interpretação da decomposição de imagens, como proposto pela ferramenta, foi aplicável no presente trabalho para a percepção de indicadores que estabelecessem a relação de observação do ambiente social do usuário, a partir da interação com os diversos estímulos percebidos nesse contexto (SANCHES, 2012). Fig.186 Sistema de Plataformas em mobiliário urbano

Fig. 18 Plataformas fornecem uma solução de estar, sem restringir a forma de uso pelo usuário, aumento as possibilidade de atividades realizáveis. Fonte: Disponível em: <http://www.streetlife.nl/en/productselector/product/podium-isles>

A análise comparativa realizada entre os projetos similares pode ser caracterizada a partir de ambos os conceitos de promover padrões no espaço urbano, e fazer uso de elementos racionalizado estes. A intenção do uso da ferramenta não foi definir uma dissociação rígida ou definitiva entre os conceitos analisados, principalmente por ser uma extensa análise no âmbito do design. A ferramenta serviu para estabelecer um plano comum de representação para os produtos de mobiliário urbano e evidenciando os parâmetros comunicativos e de uso mais adequados ao universo do cidadão. Interessante constatar que durante a tarefa, foi efetivamente proveitoso entender a diferenciação do pensamento de design de produtos quanto aos seus atores sociais envolvidos. 36


De acordo com os requerimentos de projeto propostos por CÂMARA, LANA, ASSUNÇÃO et al. (2002), o uso de ferramentas metodológicas para a realização da análise de valor dos mobiliários urbanos tem como principal objetivo sintetizar a melhor maneira de satisfazer o cliente, através de análise da função, de valores, de organização da ação e busca da metodologia para o desenvolvimento de projetos. Como uma estratégia mercadológica competitiva, o projeto de produto pode ser solucionado a partir de uma proposta de otimização de seu processo produtivo e de instalação, que seria definido com um uso anterior à sua instalação no espaço urbano, ou a partir de sua experiência de uso direta com o usuário final, durante sua apropriação, considerando o direcionamento de facilidades ao ambiente em que o produto

estará relacionado.

Não

cabe ao

projeto

em

questão

identificar

individualmente a consequência destas estratégias no processo decisório nas organizações. Mas sim explorar a expressividade conectiva dos projetos de design com o enfoque em tais configurações. O trabalho em questão buscou fundamentar tal análise de valor de modo a conhecer intimamente as funções de uso, estima e da tecnologia, suas especificidades e como essas três funções interagem. Ao contrário da proposta sugerida por CÂMARA LANA, ASSUNÇÃO et al. (2002), o presente trabalho não desenvolve o pensamento buscando a análise de valor econômico, relativo ao valor de mercado, presente na seleção de materiais e processos do produto, mas sim, os outros valores associáveis, entendido como valores relativos ao uso e estima do produto. Para melhor compreensão, foi ilustrado (Tabela 2) a estrutura da ferramenta comparativa utilizada quanto a adaptação do mobiliário ao tempo e contexto:

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Tabela 2: Elementos subjetivos de ambientação dos módulos e plataformas em mobiliário urbano MÓDULO

PLATAFORMA

Participação limitada

Participação colaborativa

Incentiva uma função

Incentiva muitas funções

Adequação configurável no espaço

Adequação conformável no espaço

Estrutura desacoplada a Infraestrutura

Estrutura acoplada a infraestrutura

Repetição de elementos independentes

Inventividade de elementos dependentes

Uniformidade isolada

Diversidade contínua

Monotonia

Variedade

Restrições produtivas bem resolvidas

Restrições produtivas pouco exploradas

Tabela 2: Da autora, 2015.

Ao contrapor os elementos subjetivos no desdobramento comparativo de tais conceitos projetuais compositivos nos mobiliários urbanos, foi identificado que os elementos constitutivos para a geração estético formal envolvem, ambas, soluções flexíveis ao espaço, atendendo às necessidades urbanas em constante transformação (Tabela 3). No entanto, se diferenciam em sua metodologias e estratégias de redesenhar, desenvolver e revitalizar o produto ao longo do tempo. Tabela 3: Elementos subjetivos característico dos módulos e plataformas em mobiliário urbano MÓDULO

PLATAFORMA

Simplicidade

Afetação icônica

Ilusão estática

Ilusão de movimento

Partes equivalentes coordenadas

Partes subordinadas a um conjunto

Função de uso evidenciada formalmente

Função de uso evidenciada na performance

Estética elegante, equilibrada

Estética por vezes monumental

Impacto sereno

Impacto Intenso

Tabela 3: Pela autora, 2015.

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Enquanto os sistemas de plataformas urbanas podem ser compreendidos por uma configuração passível de receber novos componentes agregados a ele, como resposta às novas oportunidades de mercado, os sistemas modulares são comprometidos pela influência dos mobiliários não relacionados em sua família de produtos e inseridos em um espaço comum. Nesse sentido, as soluções modulares, explicitamente utilizam e reutilizam idéias e materiais com o potencial de otimizar a eficiência de costumização em massa, a partir de múltiplas variações produtivas e de manutenção de baixo custo. O conteúdo de conhecimento criado buscou em primeira instância a compreenssão de conceitos incorporados ao posicionamento estratégico do design de mobiliário urbano no atendimento das necessidades urbanas. Após o reconhecimento de que a base conceitual existente no design de produtos e suas estratégias relacionadas dependem das configurações do cenário físico no qual o produto se destina, o presente documento dá continuidade ao estudo de mobiliários urbanos pelo reconhecimento e análise de casos projetuais reais.

ESFERA EMPRESARIAL Para o presente trabalho, foi feita a análise de diferentes abordagens projetuais em soluções reais de mobiliário urbano, adaptadas pelo desdobramento metodológico combinativo das linhas de pensamento em projetos urbanísticos. Neste tópico foram listados exemplos de transições flexíveis de mobiliários utilitários na paisagem urbana, associando soluções estéticas e formais a estrutura urbana oferecida. A. ANÁLISE EM MOBILIÁRIO MODULAR A. LAB22, REINO UNIDO Alguns dos projetos do estudio LAB22 seguem uma máxima formal para a realização de projetos em mobiliário urbano (Fig. 19, 20). Como pode ser visto nas figuras abaixo, o projeto Tsumi e Alcorque faz uso da proópria estrutura do produto para sugerir sua apropriação estrutural ao espaço, seguida pela forma do assento, em uma tentativa de oferecer linearidade na integração com o espaço.

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Fig 19, 20. Mobiliários da empresa Lab22

Fig. 19 Disponível em: <http://www.lab23.it/en/prodotti/tsumi/> e Fig 20 Disponível em: <http://www.lab23.it/en/prodotti/alcorque/>

2. JOYNOUT, ISRAEL Fig. 21 Mobiliário da empresaJoynout

Fig. 21 “O giro”(The loop), óbice urbano Fonte: Disponível em: <www.joynout.com>.

Desenvolvido pelo estúdio Joy n Out, The Loop é uma estrutura desenvolvida para limitar áreas do espaço urbano, criou uma padronagem metálica como solução projetual à monotonia repetitiva dos módulos tradicionais (Fig. 21). A repetição de um único elemento metálico, subjetivamente, sugere um formato espiral para os passeios públicos, permitindo também a adição de elementos naturais e orgnânicos, com um espaço entre suas junções para flores em contraste com a sua própria estrutura. A proposta é manter o ambiente seguro e ao mesmo tempo elevar a estima de valor da rua.

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3. AUDI, NOVA IORQUE O projeto de parklet da empresa automobilística Audi foi instalado na Powell Street, uma área comercial bem popular na zona sul da cidade da união em Nova Iorque (Fig. 22, 23, 24, 25). Fig. 22, 23, 24, 25 Mobiliário da empresa Audi

Fig. 22, 23, 24, 25 Mobiliário urbano em parklet temporário em Nova Iorque Fonte: Disponível em: <http://www.dwell.com/outdoor/slideshow/powell-st-parklet?slide=5&c=y&paused=true#5>.

-Giorgioni-RIQUALIFICAZIONE-DI-VIA-SAN-ROCCO>

A iniciativa da empresa automobilística Audi, entregou o projeto a partir de um concurso aberto ao público, que como único requisito era desenvolver mobiliários urbanos que representassem o valor de marca da Audi. Instalada em ambos os lados da rua, provocando o adensamento das vias de carro e amplicando a área de circulação do

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pedestre, o projeto com inspiração no modelo de carro Audi A7, terá a duração de 5 anos. Nas oito seções destribuídas nos espaços dos parklets, é possível encontrar uma vasta gama de tipologias de mobiliários disponíveis para o uso do cidadão, incluindo bancos, apoios, grades, e outros elementos como painéis solres, iluminação e canteiro. 4. KONTORFREIRAUMPLANUNG, ALEMANHA Fig. 26, 27, 28, 29 Mobiliário urbano do escritório de Kontor Freiaumplanung

Fig. 26, 27, 28, 29 Disposição dos mobiliários na Alemanha. Fonte: Disponível em: <http://www.kontorfreiraumplanung.de/dom/projekte.php>

O arquiteto Kontor Freiraumplanung criou em Neugestaltung Gertrudenkirchhof, Hamburgo, Alemanha, um banco longo, de módulo único, que atravessa o espaço público em toda sua extensão, e projeta iluminação durante a noite (Fig. 26, 27, 28, 29). O projeto foi o resultado de uma associação público privada em 2006, promovendo o reaproveitamento de um espaço vazio em oferta de mobiliários, e ainda fazendo a ligação física nos diferentes pavimentos oferecidos pela praça, aumentando a atratibilidade da praça.

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5. BMW & DESIGNWORKSUSA GROUP, ESTADOS UNIDOS Fig. 30 Mobiliário da BMW

Fig. 30 Mobiliário realizado em conjunto com Landscape Forms e a Designworks USA. Fonte: Disponível em: <http://www.contemporist.com/2009/09/19/metro40-street-furniture-by-bmw-group-designworksusa/>

O projeto foi resultado de uma parceria entre a Landscape Forms e a Designworks USA (Fig. 30). Uma empresa é especializada em promover melhorias nos mobiliário urbano e a outra com expertise em traduzir valores de marca e benefícios de mercado de empresas em produtos com apelo emocional. Justas com o compromisso de atingir excelência no uso sustentável de materiais, estruturais e processos associados à empresa automobilística BMW, exibidos no projeto Metro40. 43


O presidente do projeto, Verena Kloos, destaca a importância em tornar as cidades mais confortáveis e esteticamente agradável para os cidadãos. Segundo ele, a exploração das dinâmicas sociais foram consideradas no mobiliário Metro40, que busca promover um impacto direto no estado de espírito dos cidadãos, desde espaços que poderiam ser anônimos, mas que a partir do mobiliário podem transmitir um impacto pessoal que melhora a qualidade da vida diária. A identidade funcional e estética do Metro40 considera a multiplicidade de ambientes onde ele deve aparecer em sincronia com os seus arredores, como se estivesse participando do seu habitat natural, e criando uma nova categoria de mobiliário em locais de tráfego. 6. JOYNOUT, ISRAEL Fig. 31 Mobiliário da empresa Joynout Studio

Fig. 31 Mobiliário foi inspirado no fluxo da água. Disponível em: <http://www.contemporist.com/2015/06/27/publicseating-inspired-by-water-running-down-a-creek/>

Assaf Israel, designer industrial, criou o sistema de assentos D&A para a Joynout Studio inspirado em fluxos de água descendo um córrego. O projeto deu enfoque ao mobiliário urbano utilizado dentro do Campus da universidade, a partir do entendimento de que os assentos disponíveis eram, em sua maioria, apertados, não convidativos e ofereciam ao usuário formas limitadas de interação. A pesquisa destacou a necessidade entre os estudantes de um novo sistema de assentos que reunissem pessoas diferentes de modo mais convidativo. A conceituração do projeto foi inspirada na situação de reunião espontânea e informal consequente dos momentos de pausa e descanso em atividades física com a natureza. O designer

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busca criar a mesma atmosfera evocativa para a interação entre os usuários com um sistema de três módulos, dois metros cada, que podem ser rearranjados criando diferentes tipologias do sentar e assim encorajando a socialização com as pessoas a sua volta ou o seu entorno. 7. ROGIER MARTENS, HOLANDA O projeto foi iniciativa do designer Rogier Martens, do estúdio holandês Aandeboom, com base em observações empíricas questionando o despendimento das instalações de mobiliários nos espaços públicos (Fig. 32). Fig. 32 Mobiliário por Rogier Martens

Fig. 32 Experimentação das potencialidades do espaços disponíveis. Fonte: Acessado em: <http://www.rogiermartens.nl/#/treebench/>

O assento é estruturado diretamente nos próprios elementos disponíveis no ambiente - na árvore, paredes, postes, etc - por meio de uma corda de segurança. Contrariando a necessidade de um apoio direto ao chão, e resignificando a apropriação dos espaços, o autor valoriza a função do assento sendo tão necessária quanto às outras atividades possíveis de serem desenvolvidas em um espaço aberto como parques e jardins públicos. Seu caráter provisório foi restrito a duração de 6 meses por ocasião do crescimento da árvore que for instalado. 8. ROGIER MARTENS, HOLANDA O POP-UP é um mobiliário modular que pode ser estentido pelo pedestre a um pavimento utilitário acima do nível do chão (Fig. 33). O projeto foi resultado colaborativo entre os designers Carmela Bogman e Rogier Martens, intalado como o primeiro mobiliário "pop-up" na cidade de Utrecht, Holanda. Apesar do nome sugerir um sentido provisório, o objeto associa-se a temporalidade interativa do usuário em uma apropriação permanente. A flexibilidade de uso pode ser vista no poder

45


decisório do cidadão em usufruir ou não da estrutura, bem como a forma como esse uso será dado. As placas de metal podem ser ajustadas para atingir diferentes alturas que atendam as necessidades e interesses dos usuários, e assim, conformar-se como um banco, uma plataforma de apoio, um espaço de estar ou apenas um passeio sem obstruções. Fig 33 Mobiliário por Rogier Martens

Fig. 33 Disposições dos diferentes planos propostos pelo móvel. Disponível em: <http://www.rogiermartens.nl/#/pop-up/>

B. ANÁLISE PARA SISTEMAS DE PLATAFORMAS 1. URBANEDGE, GUSTAFSON GUHRIE NICHOL, ESTADOS UNIDOS Projetado por Gustafson Guhrie Nichol (GGN) e produzido em colaboração com a Landscape Forms, UrbanEdge é uma coleção de móveis e elementos de paisagismo desenvolvidos para os espaços urbanos (Fig. 34). O projeto responde à procura de espaços públicos ao ar livre com um interesse em um uso menos formal, mais acolhedor e eficaz nos locais urbanos. Os elementos do projeto são multifacetados,

apresentando

várias

possíveis

combinações

que

realcem

funcionalidade e facilidade dos espaços com uma vasta opções de atividades.

46

a


Fig. 34 Mobiliário por Gustafson Guhrie Nichol, Estados Unidos

Fig. 34 Mobiliário “Extremidade urbana” (Urban Edge), uma composição de plataforma modular. Fonte disponível em: <http://www.archdaily.com/241066/urbanedge-gustafson-guhrie-nichol>

O maior interesse de projeto, na verdade, foi abarcar as bordas e cantos inativos das vias de passagem, orientadando e configurando uma interface entre o espaço público e as vias de tráfego urbano. Os elementos centrais são os assentos e a mesa, instalados dentro de espaços definidos de modo a melhorando a experiência do lugar. O conjunto de mobiliários foi criado pelos designers para designers, e centra-se na funcionalidade dos espaços e na facilitação de um vasto leque de atividades.

2. INZIR, CATERINA MENDOLICCHIO, ITÁLIA O projeto InZir adaptou a configuração morfológica das redes digitais para descrever, a partir de um mobiliários urbano modular, a ligação idetitária dos seus usuários. O projeto proporciona, a partir de um totem digital de realidade aumentada

47


e um scanner de QR Code, além de pontos (hot-spots) de rede Wif-fi, o acesso a informações e eventos do território em que foi instalado, promovendo níveis de interação e realimentação de dados, filtráveis ao tipo e necessidade do usuário final. O mobiliário em si foi desenhado na intenção de qualificar tal interação do meio digital com o meio físico (Fig. 35). Fig. 35 Mobiliário urbano conceitual de Caterina Mendolicchio

Fig. 35 As diferentes disposições de uma plataforma modular nas ruas. Fonte: Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/20513669/InZir-Mobile-App-and-responsive-Urban-Furniture>

Dessa forma, envolvem módulos base como abrigos físicos, pontos de descanso com assentos em diferentes formatos e bicicletários, que embora sejam executados em uma série de módulos, devem ser instalados em diferentes formatos e distanciamentos que conformem o espaço entorno gerando visibilidade para os edifícios históricos. 3. BUS STOP SYMBIOSIS, LIKE ARCHITECTS, PORTUGAL Como uma larva parasita instalada temporariamente em um destrito histórico de Largo dos Lóios, Oporto, Portugal, em 2010, o projeto de produto para pontos de ônibus pode ser considerado também como instalação de arte. Foi desenvolvido pelo estudio Like Architects ("como arquitetos", em sua tradução literal em português). A partir de uma interpretação lúdica e interativa, o projeto chama a atenção a estrutura já existente do abrigo de ônibus, ao adicionar um novo elemento a ele, e consequentemente em toda a paisagem visual da rua (Fig. 36).

48


Fig. 36 Mobiliário urbano do escritório Like Architects

Fig. 36 A simbiose do mobiliário incorporado ao espaço. Fonte: Like Architects, Disponível em: <http://www.likearchitects.net/#/projects/bus-stop-symbiosis/>

A intenção dos projetistas eram reforçar os efeitos da simbiose urbana, onde é possível que dois organismos se beneficiem da interação compartilhada. Os módulos irregulares de madeira foram associados para ampliar o espaço disponível para sentar, a partir de uma reformulação contemporânea da região histórica, entretendo o tempo de espera dos pedestres passantes por meio do caráter provocativo de design. 4. UILIUILI BENCH, PIOTR ZURAW, POLÔNIA Ao

considerar

o

espaço

da

universidade

propício

para

executar

experimentações de soluções inovadoras que propulsionem o encontro e um lugar de repouso entre alunos. A peça Uiliuili foi desenvolvido pelo arquiteto Piotr Zuraw, que tentou transmitir a partir de uma forma curiosa a reflexão sobre como os mobiliários urbanos podem incentivar comportamentos não convencionais (Fig. 37). Nesse sentido, o mobiliário trás inúmeras possibilidades de uso, abertas a escolha do usuário. Executada em madeira de faia e aço, em 10 metros de comprimento e 3 metros de largura, foi desenvolvida a partir de conceitos ergonômicos e sensoriais, com a preocupação em ser instalada de modo que seu peso visual não seja dominante no espaço.

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Fig. 37 Mobiliário experimental de Piotr Zuraw

Fig. 37 Estudo ergonômico proposto pelo mobiliário urbano. Fonte: Banco Uiliuili. Disponível em: <http://www.zurawarchitekt.pl/uiliuili>; A construção do banco pode ser assistida em <https://vimeo.com/103992350>.

5. AMEBA, PAOLA MORA, MÉXICO Exigindo baixa manutenção por ser fabricado de compósito de concreto com Polímero de Vinila, o Ameba possui diversos perfis variáveis que podem ser ajustados de acordo com o contexto a ser inserido e função desemprenhada. O resultado final é um banco externo que conta com um painel solar alimentador de iluminação e outros dispositivos eletrônicos (Fig. 38).

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Fig. 38 Mobiliário por Paola Mora

Fig. 38 Mobiliário Ameba. Fonte: Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/Mobiliario-paraexterior-(banca)/9121777>.

6.EPIPHYTE TRAVELING PAVILION, MARVIN BRATKE, ALEMANHA Epiphyte (epífita, na tradução literal do português) é uma plataforma modular temporária auto-suficiente desenvolvida para atuar em diferentes lugares do mundo durante as estações de verão. O projeto busca explicar o sistema ecológico de circulação de ar, a partir da experiência do usuário com seu espaço (Fig. 39). Possui um sistema de captação fotovoltáica de energia solar e coleta água das chuvas em sua estrutura básica, para promover a despoluição do ar, que é filtrado, limpo, vaporizado e usado para resfriar o seu entorno, criando um espaço de ambientação. O designer Marvin Bratke, intencionalmente escolheu a cidade de Munique, votada como uma das cidades mais habitáveis pelo Monocle em 2010, para refletir o caráter comportamental orgânico possível de ser dialogado pela fusão de conceitos de arquitetura e futurismo, através do qual qualquer organismo interage com seu ambiente natural ao imitar tais interações naturais de forma sustentável. Por este motivo também, a plataforma pode ser considerada uma estrutura adaptável a qualquer ambiente, concomitante às alterações crescentes da paisagem urbana.

51


Fig. 39 Mobiliário urbano de Marvin Bratke

Fig. 39 Mobiliário Epífita. Fonte: Disponível em: <https://www.behance.net/gallery/5347145/Epiphyte-Pavilion>

C. MOBILIÁRIO INCORPORADOS AO PROJETO URBANO Propostas de resignificação do espaço urbano por meio de mobiliários que dialogam de forma quase natural com a paisagem construída da cidade. 1. HUTTERREIMANN E CEJKA, ALEMANHA Fig. 40 Mobiliário de Hutterreimann e Cejka

Fig. 40 Mobiliário para o espaço de exposição de Horticultura na Alemanha, 2006. Fonte: Disponível em: <http://www.landezine.com/index.php/2010/12/wernigerode-horticultural-show-2006-by-hutterreimann-cejkalandscape-architecture/>

O projeto estruturado pelo estúdio de arquitetos Hutterreimann - Cejka Landschaftsarchitektur, em colaboração com o Lab Architektur e Jens Schmahl, na cidade de Wernigerode/Harz, na Alemanha, desenvolveu em 2006 um projeto de urbanismo direcionado para a requalificação de uma praça industrial desativada (Fig. 52


40). O local original estava cercado por edifícios industriais e fazendas, apartamentos pré-fabricados e loteamentos menores, desarticulados dentro da paisagem existente. A região era marcada ainda mais com a separação do espaço por uma lagoa não apropriada. O projeto propunha dar visibilidade as qualidades potenciais daquele espaço, sem extinguir os vestígios históricos ainda presentes, direcionando-o para o atendimento de feiras de horticultura. Dentre as várias modificações propostas, desenvolvidas para oferecer pontos de comforto ao usuários presentes durante e posterior às feiras, foram criados aquários, showrooms, jardins temáticos, entre outros, todos interligados em uma rede de acessos duplamente qualificados como estrutura e utilitário. 2. PROJECT FOR PUBLIC SPACES , ESTADOS UNIDOS Fig. 41 Mobiliário da organização Project for Public Spaces

Fig. 41 Praça Gansevoort, Estados Unidos. Fonte: Disponível em: <http://www.pps.org/projects/gansevoortplaza/> Fonte: Gansevoort Plaza completa. Disponível em: <http://www.pps.org/projects/gansevoortplaza/>

Em 2005, a organização Projetos para Espaços Publicos (Project for Public Spaces - PPS), em colaboração com o coméricio local, moradores e líderes das organizações da comunidade, trabalharam juntos na elaboração de soluções para a área de desenvolvimento precoce na cidade de Meatpacking, em Nova Iorque (Fig. 41). O processo foi conduzido a partir de encontros mensais que abordavam os principais temas colocados pelos mesmos, de modo a criar uma visão das oportunidades que tal espaço poderia ter no futuro. A principal questão era a falta de equipamentos sociais que oferecessem comforto aos cidadãos com mobiliário dedicado para sentar.

53


Fig. 42 Mobiliário da organização Project for Public Spaces

Fig. 42 Praça Gansevoort, Estados Unidos. Fonte: Disponível em: < http://www.pps.org/projects/gansevoortplaza/>

Além disso, foi identificado que a grande oferta de taxis, vias largas e padrões de tráfego confuso resultavam em congestionamentos desnecessários, bem como a exposição do cidadão a situações de risco no trânsito, como pedestre ou motorista. Algumas recomendações determinadas em sociedade para melhorar tais condições incluiam: o estreitamento de algumas ruas, criando zonas dedicadas de carga e descarga de mercadorias, de modo a aumentar a eficiência da movimentação e transporte; instalação de lugares públicos aonde fosse possível sentar, além de atrair investimentos para estabelecimentos comerciais no envolto, como cafeterias e confeitarias; E a modelagem de um paisagismo com a flexibilidade de cediar eventos temporários no centro das vias envolvidas. Como resultado deste processo de estudo e visão, os líderes comunitários criaram o Greater Gansevoort Melhoria Urbana Projeto (GGUIP). A GGUIP contratou a Associação de Planejamento Regional e a Companhia Sam Schwartz para simular o novo modelo do tráfego a partir das sugestões tidas para o espaço urbano. E para que fosse tido a melhor reformulação do tráfego local, a área de estudo foi ampliada, não se limitando mais ao encontro das principais ruas da reginão, como restrito inicialmente. O projeto foi implementado durante a primavera de 2008 com a recuperação radical do espaço público protegido por canteiros, módulos de concreto e formas geométricas que fossem possíveis de sentar (Fig. 42). esses espaços passaram a abrigar atividades como aulas de yoga pela manhã, e virou um local popular para os trabalhadores locais usarem seu tempo de almoço ou fazer suas refeições. O projeto irá reconfigurar ruas para melhorar o fluxo de tráfego e substituir o calçamento de 54


modo a responder melhor às necessidades da comunidade, com frequentes adaptações. 3. MARTHA SCHWARTZ, REINO UNIDO Considerado o exemplo do como um projeto pode marcar história, pelas fronteiras de um estilo medieval e moderno, Martha Schwartz Partners está comprometida com o projeto de paisagens urbanas em Manchester Exchange Square. O espaço que abrigada um cítio industrial no Reino Unido, foi reconstruído totalmente após a implosão das edificações relacionadas. O espaço foi revitalizado e associado aos bairros adjacentes. (Fig. 43) O zoneamento urbanístico foi associado a dois planos diferenciados apliando o diálogo com a zona comercial e cultural existente, como a base para a criação de uma cidade mais sustentáveis que são saudáveis em todos os aspectos e setores da vida urbana. Fig. 43 Projeto urbanístico de Martha Schwartz

Fig. 43 Integração na transição entre o velho e o novo centro histórico. Fonte: Disponível em: <http://www.asla.org/ContentDetail.aspx?id=33801>

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4. FIELD OPERATION, ESTADOS UNIDOS Fig. 44 Mobiliário do escritório Field Operation

Fig. 44 The High Line, em Nova Iorque. Fonte: Disponível em: <http://www.fieldoperations.net/projectdetails/project/highline.html>

Apesar da amplitude do projeto de revitalização proposto na antiga linha férrea da zona Leste de Manhattan, Nova Iorque, ressignificando o lugar inativado, é necessário considerar o projeto The High Line como uma das maiores iniciativas recentes que deram forma ao desenvolvimento metodológico (Fig. 44). Idealizado em 1999 por Joshua David e Robert Hammond, mesmo sem nenhuma experiência anterior

em

planejamento

e

desenvolvimento

colaborativo,

os

visionários

desenvolveram a criação de um imaginário coletivo dos cidadãos locais sobre o que as pessoas gostariam de ter, ver e experenciar no espaço a ser reapropriado. Durante os quase dez anos de projeto, foi realizado um concurso de ideias, coletânea de todo um material histórico da estrutura - que anteriormente também relacionava-se a empreendimentos

comerciais

-

montagem

de

exposições

fotográfcas,

desenvolvimento de uma associação de apoiadores ao desenvolvimento e ativação do espaço, entre várias outras atividades para promover o processo de ressignificação antes mesmo da idealização formal do projeto. E com isso, o desenvolvimento do projeto em colaboração com a sociedade civil, oficiais selecionados, artistas, comerciantes locais e líderes em movimentos urbanisticos e arquitetônicos, se direcionaram estrategicamente em opções que otimizasse o aproveitamento máximo da mata resiliente originária após a desativação do espaço, bem como a articulação formal de elementos que remetessem a linha de trem presente anteriormente. Dessa forma, podem ser identificados diferentes tipologias de mobiliário responsáveis pela

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criação de uma identidade semântica nova integralmente incorporada ao espaço provecto, direcionado ao bem estar comum da população e paisagem da cidade.

5. STANTON WILLIAMS, REINO UNIDO Desenvolvida pelo estúdio de arquitetura Stanton Williams a partir de um concurso internacional para a criação de uma nova praça, Tower Hill de Londres, o projeto promoveu uma renovação completa, dotando-se de standards de instalações internacionais, incluindo um centro educativo, postos de vendas, espaços para espetáculos ao ar livre , uma loja e até um café. O diferencial principal do projeto foi o alencamento de elementos que atuassem juntamente com o entorno (Fig. 45). Foram construídos bancos baixos integrados a iluminação do caminho em que configura sua instalação. A nova praça está livre de uma organização desordenada, desimpedindo que os espactadores desfrutem da paisagem urbana sem o uso de postes ou elementos verticalizados. Fig. 45 Mobiliário de Stanton Williams

Fig. 45 Praça Tower Hills, Londres. Fonte: MINGUET, Josep M. Arquitetura da paisagem e Mobiliário urbano. Bridget Vranckxx, Instituto Monsa de Ediciones, Barcelona, 2007.

D. APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO CONSTRUÍDO A cidades vem sofrendo um processo de modernização e desenvolvimento crescente e desgovernado de maneira tal que nem sempre o espaço público pode ser adquirido ou experimentado pelo cidadão. Por conta disso, muitos projetos tem sido 57


desenvolvidos visando a exposição da necessidade por mobiliários que sugiram mais conveniência aos cidadãos, muitas vezes por meio da própria estrutura das cidades, em pequenas ações que questionam o reconhecimento do uso dos mobiliários pelos pedestres e também a auto imagem das cidades. Em vista da argumentação do presente trabalho, foram selecionados alguns projetos, conhecidos a seguir. 1. BANCOS DE GUERRILHA, OLIVER SCHAU, ALEMANHA Fig. 46 Mobiliário de Oliver Schau

Fig. 46 Guerrilha urbana. Fonte: Disponível em: <http://www.spiegel.de/kultur/gesellschaft/ausgezeichnetes-designstadt-erobern-mit-guerilla-bank-a-801842.html>

Em Hamburgo, o mobiliário urbano público foi resignificado com tubos corrugados para drenagem, instalados na infra-estrutura existente em Hamburgo, realizada pelo mestrando em design de produtos, Oliver Schau. O designer percebeu uma lacuna nos mobiliários urbanos vigentes, a partir da compreensão básica de devolver aspectos sociais de uma cidade que não foram relacionados no projeto urbano inicial (Fig. 46). O projeto recebeu o prêmio de design de Hamburgo (Design Award HFBK) por sua proposta de guerrilha e ao mesmo tempo como ferramenta de conquistar espaços urbanos que careciam de um assento. O mobiliário proposto tem caráter intervencionista e experimental, sendo portanto temporário, mas ainda à prova de intempéries, barato e flexível. 2. REPROGRAMANDO A CIDADE, COLABORATIVO DE DESIGNERS MUNDIAIS A mostra "Reprogramando a cidade: Oportunidades para a Infraestrutura urbana" (Reprogramming the city: opportunities for urban insfrastructure) apresenta uma visão global de projetos que dialogam como os elementos de infra-estrutura tradicionais existentes em cidades ao redor do mundo estão sendo redesenhados, readaptados e reimaginados para melhor servir os cidadãos no século 21. Ao integrar

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mais de 40 exemplos de reutilização criativa e redefinição da infra-estrutura urbana, que vão de objetos físicos a sistemas mais funcionais, os projetos estimulam a ampliação e aproximação das superfícies da cidade. Segundo o idealizador do projeto, Scott Burnham, a cidade tem uma grande oferta de competências inexploradas. "As estruturas, superfícies, objetos e sistemas que sustentam suas operações diárias têm o potencial executar uma função alternativa, ou assumir uma função inteiramente nova no mecanismo da cidade". As pessoas estão encontrando mais e melhores maneiras de usar cabines telefônicas, quadro de avisos, andaimes, escadas de concreto, abrigos de ônibus e até mesmo parquímetros. 2.1 THE CASCADE Fig. 47 Mobiliário pelo Instituto Edge Design, Hong Kong

Fig. 47 A cascata (The Cascade) em área central de Hong Kong. Fonte: http://thisbigcity.net/eight-projects-findingimaginative-ways-to-use-infrastructure-in-cities/

Criada pelo Instituto de design Edge (Edge Design Institute), a escadaria localizada em uma área central de Hong Kong recebeu uma estrutura monolítica temporária entitulada de Cascata (The Cascade). O projeto transformou uma área em desuso em uma área comum com elementos estruturais assimétricos que abrem espaço para aplicações paisagistas, assentos e elementos esculturais, no âmbito de resignificar e reintegrar o espaço urbano com engajamento social (Fig. 47). O espaço também propõe um sistema de iluminação que envolve o espaço à noite estrategicamente para torna-lo uma atmosfera mais convidativa, revalidando a estrutura de cimento anterior em um ambiente mais seguro e sociável.

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2.2 SOFTWALKS Inspirado pela interação com ambientes urbanos que é promovida por cafés e pela robustez e onipresença de andaimes (ou 'vertentes' calçada), um grupo de designers nova-iorquinos propõem a apropriação dos andaimes utilizados por prédios em construção, que normalmente obstroem os passeios, convertendo-os para uma utilização funcional temporária do cidadão passante. Pela adição de alguns componentes essenciais que criam um local de repouso minimamente confortável (Fig. 48). O uso de andaimes por um período de tempo longo pode ter um efeito negativo sobre as empresas, comunidades e a cultura da calçada (Fig. 49). Como oportunidade de mudar isso, os componentes do "kit parque", como pode ser descrevido, desenvolvidos pelo projeto, são inseridos nos canteiros de obras ativos que não ofereçam risco ao pedestre. Fig. 48 Mobiliário parte do Coletivo de Designer Internacionais de Scott Burnham

Fig. 48 Conjunto de partes e sua representação. Fonte: Disponível em: <http://thisbigcity.net/convertingconstruction-sites-public-spaces/> Fig. 49 Disposição do mobiliário

Fig. 49 A aplicação do projeto nos andaimes. Fonte: Disponível em: <http://thisbigcity.net/convertingconstruction-sites-public-spaces/>

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3. TERRAÇOS URBANOS, DAMIEN GIRES, FRANÇA Terraço Urbano é um projeto de criação do designer Damien Gires, do estúdio de móveis francês

LePlanB, que se propõe a recuperar o espaço urbano para

pedestres (Fig. 50). Os aparelhos de assento são de alumínio pintados, enquanto os apoios são de papelão reciclados comprimidos, coloridos por impressão. Ambos são leves, empilháveis, expressam uma estética robusta e foram concebidos para serem instalados sobre os elementos que bloqueiam o estacionamento de carros (como postes e portões). Fig. 50 Mobiliário por Damien Gires

Fig. 50 Aplicação dos Terraços Urbanos Fonte: Disponível em: < http://www.leplanb.com/design/urban-terrasse/>

Eles revestem elementos da paisagem urbana que, aparentemente, não oferecem uma função adicional ao pedestre. Sua natureza nômade possibilita ser empregado em frente a lojas ou aos pés de escritórios, escolas, parques e praças, ou em qualquer passarela que permita a desaceleração do fluxo e descanso (Fig. 51). Fig. 51 Mobilário por Damien Gires

Fig. 51 Aplicação dos Terraços Urbanos. Fonte: Disponível em: < http://www.leplanb.com/design/urban-terrasse/>

Selecionado como Prêmio Inovação da cidade de Paris em 2010, o projeto pode ser visto durante grandes eventos públicos: Tour de France, Greater Maratona de Paris, 61


Desfile de moda 14 de julho, White Nights, ou na organização de ações de comunicação ao ar livre realizado por agências e marcas locais. 4. STAIR SQUARES BY MARK REIGELMAN Fig. 52 Mobiliários por Mark Reigelman

Fig. 52 Disposição dos mobiliários Fonte: Disponível em: <http://www.markreigelman.com/index.php#mi=2&pt=1&pi=10000&s=0&p=9&a=0&at=0>

O designer de produto Mark Reigelman promoveu a instalação temporária de módulos de aço entre os degraus da escadaria do Brooklyn Borough Hall, um edifício governamental nova-iorquino de arquitetura clássica (Fig. 52). O projeto foi desenvolvido a partir de um estudo realizado em interações humanas com mobiliário público do Centro de Artesanato, Criatividade e Design de Nova Iorque. As peças de mobiliário públicas "são projetados não só como um ativo estético, mas também como um ativo funcional. Sendo estrategicamente integrados na paisagem urbana e incorporadas ao cotidiano." Trabalhadores próximo ao local podiam tirar proveito do

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espaço criado para realizar suas refeições rápidas, enquanto os passantes podiam obter uma pitada de cor durante a caminhada ao lado do prédio do governo. 5. MOLDE DE APOIO, POR MARUJA FUENTES Fig. 53 Mobiliário por Maruja Fuentes

Fig. 53 Disposição dos mobiliários. Fonte: Disponível em: < http://www.psfk.com/2008/05/icff-review-eco-friendlyleaning-molds-by-maruja-fuentes.html >

Molde de Apoio é um sistema de mobiliário de parede criado para espaços públicos onde, em vez de estar, um indivíduo pode confortavelmente encostar-se contra ela para apoio. Os painéis são compostos por dois moldes idênticos feitos de ABS reciclado. Estas peças se encaixam como um quebra-cabeça. Juntos, eles podem transformar um espaço, criando padrões infinitos (Fig. 53). Eles também podem ser 63


utilizados individualmente ou numa composição. Cada módulo é livre de nervuras estrutural interna que lhes permite serem empilhados firmementes, promovendo a redução do tamanho do recipiente necessário para o transporte. Com uma instalação adequada, cada painel 'estar' pode sustentar uma carga £450. As instalações foram concluídas em Porto Rico em 2008.

OBJETIVO OBJETIVO GERAL O objetivo principal do projeto é promover soluções sustentáveis para espaços públicos a partir de sistemas de mobiliários flexíveis que ofereçam novas configurações de uso para o aproveitamento qualificado da cidade e melhoria do convívio social, além da otimização do fluxo de tráfego de pessoas nas interseções da cidade. As ressignificações dos espaços disponíveis nas interseções das vias pela inserção do mobiliário propõe também a criação de pontos de relacionamento efetivo da gestão pública com investimentos privados que tenham o interesse em aumentar a cadeia de relacionamentos de clientes com cunho social - humanístico.

OBJETIVO ESPECÍFICO ·

Oferecer uma extensão à estrutura urbana física vigente, direcionada para a convivência e segurança do pedestre;

·

Desenvolver um objeto centrado na otimização do convívio social evitando conflitos com a infra-estrutura urbana;

·

Fomentar o pensamento em medidas de segurança nas áreas de densidade da cidade para todos os atores sociais urbanos;

·

Promover soluções que eliminem ou minimizem o impacto das barreiras urbanas nos pontos de interseção;

·

Estimular a experiência de uso do pedestre em pequenas plataformas que possibilitem o exercício de múltiplas atividades;

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METODOLOGIA A pesquisa, com foco documental e bibliográfico, tem caráter exploratório e qualitativo de uma análise e pesquisa acerca de alguns assuntos atuais que envolvem a nossa relação com a cidade. Será desenvolvida conjugando estudos da bibliografia pertinente, além de pesquisa de campo, em uma abordagem de análise de dados quantitativos e qualitativos buscando compreender a adaptação dos mobiliários urbanos e seus ambientes urbanos ao longo de seu desenvolvimento e expansão. A pesquisa envolve materiais dos mais diversos blogs de arquitetura, urbanismo e design, além de livros e artigos científicos, relatórios oficiais, de forma a transmutar as informações disponíveis em argumentação de apoio ao projeto de mobiliário urbano, tendo em vista a fragilidade do atual momento de organização das cidades e posicionamentos quanto ao que seria a melhor forma de nos apropriarmos dela. O aluno participará de todas as etapas previstas no projeto, sob orientação, do professor/orientador da pesquisa, de acordo com a metodologia abaixo (nove meses), permitindo ao orientador delegar-lhe atribuições de acordo com o perfil de um aluno do curso de graduação em Design de Produto. O retorno para o aluno consistirá no seu crescimento no universo dos procedimentos acadêmicos e científicos, primeiro passo para a dedicação à pesquisa científica, com um futuro mestrado ou doutorado.

DESCRIÇÃO DA PESQUISA Neste tópico são apresentadas as condição norteadoras do processo metodológico de Design para a identificação da oportunidade do desenvolvimento de um novo produto. Pesquisa documental e bibliográfica – 04 meses A pesquisa, com foco documental e bibliográfico, tem caráter exploratório e será desenvolvida conjugando estudos da bibliografia pertinente. Consistirá em uma revisão da literatura da teoria urbana e de design de produtos, indicadas pelo orientador segundo cronograma geral e detalhamento mensal, conforme referência bibliográfica anexa, que poderá ser complementada ao longo da pesquisa de modo a atender ao objetivo geral e aos objetivos específicos.

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A pesquisa bibliográfica consistirá em um estudo sobre a cidade, seu histórico, seus espaços e sua cultura irão contextualizar os ambientes sociais públicos. Será feito um levantamento de informações textuais, registros públicos e iconográficos referentes ao mobiliário instalado para serem adaptados em uma posterior apropriação urbana na cidade de Belo Horizonte. Fazer um levantamento de tipologias de mobiliários e espaço, identificar os locais potenciais que foi aplicado investimento urbano e reflexão sobre os desafios que os esforços públicos participam para direcionar a imagem da cidade e sua apropriação pela população. Projeto de Design – 04 meses Esta etapa se refere aos processos metodológicos referentes ao projeto de produto de Design em si. Consistirá na criação de roteiro para o desenvolvimento conceitual a partir de uma geração de idéias e propostas, análise de mapa mental; aprofundamento dos benefícios funcionais, usabilidade, semântico, estético e simbólico, definição dos parâmetros a serem testados, definição do método de aplicação; prototipagem, testes de aplicação, teste de campo - o que as pessoas leem do projeto, ferramentas virtuais de pesquisa, pesquisa presencial, organização dos resultados, análise qualitativa e quantitativa do resultado obtido, revisão e registro do comportamento dos usuários nos espaços públicos e suas possíveis interações e implementações ao mobiliário existente de Belo Horizonte. Conclusões finais e elaboração de relatório final – 01 meses Processo de discussão das conclusões visando ampliar a capacidade de análise, associação de informações e síntese, para uso posterior em projetos de pós graduação.

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CRONOGRAMA Tabela 4 - Cronograma do Projeto

CRONOGRAMA

Mês

PRIMEIRA ETAPA IDENTIFICAÇÃO

Março

VALIDAÇÃO

Março

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA PROJETUAL

Março

Revisão bibliográfica

Março – Junho

Revisão documental

Março – Junho

Conceito

Junho

APRESENTAÇÃO 1

Julho

SEGUNDA ETAPA Produto do Projeto – soluções e Agosto – Setembro propostas Geração de Ideias Geração de Alternativas

Setembro

Elaboração de testes de conceito

Outubro

Análise dos resultados

Outubro

Modelagem, avaliação e testes

Novembro

Detalhamento do produto e processo

Novembro

Desenvolvimento do manuscrito

Novembro

DEFESA FINAL

Dezembro

Publicação Tabela 4: Da autora, 2015.

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Agosto

Janeiro


PARTE 2 – PROJETO

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SÍNTESE A partir da problematização dos mobiliários que hoje são utilizados apenas como óbices de impedimento, este trabalho propõe uma nova solução que agregue novas possibilidades de uso deste elementos pelos pedestres. Considerando as novas demandas sociais sentidas no espaço, foi necessário verificar as tipologias de assentos e apoios urbano relevantes a criação de um sistema com multipropósitos. Assim, foi considerado : ·

a configuração do cenário atual, que deve receber adaptações urbanas na esfera pública dos espaços de compartilhamento social;

·

o baixo impacto na paisagem urbana dos projetos de um cenário futuro (conformáveis) ao espaço residual das interseções urbanas;

·

a flexibilidade de uso por seus diferentes tipos de usuários, buscando novas características de organização e usos integrados.

CONCEITO O principal conceito do projeto é tratar o espaço resiliente presente nas quinas dos passeios das interseções urbanas, criando uma nova proposta de uso para os óbices urbanos. Assim, estará sendo sugerido sua performance potencial direcionada para o convívio entre ps cidadãos e a identificação com o local para o pedestre em deslocamento. Este conceito nasceu a partir do embasamento teórico apresentado e reflexões pessoais a cerca do potencial reconhecimento interacional do cenário urbano. Há, em todas as esquinas, resquícios do que foi nossa história. Não olho para frente porque não há nada lá – a vida está no entorno, em toda parte do espaço que não costumamos olhar. Atento para os desenhos das calçadas. Para as formas assumidas pelas sombras de tantos outros. Disformes, desconexas, inexistentes. Invocam imagens de um rosto familiar, de uma felicidade breve, de segundos rápidos demais. A cidade nos envolve e, embora jamais vejamos um ao outro, nossos olhos se encontram. Em silêncio e ruído. Num momento que só acontece uma vez. Nos segundos que antecedem o movimento das pessoas ao redor, que se mechem

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em dança e mudam toda a configuração da multidão. Uma linha invisível une nossos olhares, mas o que eles enxergam é difícil dizer. http://thecityfixbrasil.com/2015/11/10/mobilidade-em-1-instante-nao-olhepara-frente/#sthash.GxgzfFbR.dpuf”

CONCEITO URBANÍSTICO Inspirando-se no projeto The infinite Birdge Art Concept desenvolvido por Domus web studio Gjode e Poulsgaard Arkitekter(fig. 54, 55), onde uma ponte circular contínua é responsável em dar um outro ponto de vista da cidade aos moradores locais que fizerem uso dela, faz parte do projeto a proposta de experimentar o entorno e estar alerta a relação da cidade e paisagem urbana. De forma que seja possível estimular uma conexão entre o que é sensível ao momento presente e a história local pela participação e observação de seu entorno a partir de pontos esquecidos. Ou seja, o imaginário dos usuários quanto a cidade pode ser percebido a partir do uso interativo com o mobiliário urbano, que além de suas funções básicas, deve estimular o usuário a observar o seu entorno, olhar para os prédios, na tentativa de diminuir o efeito psicológico da velocidade e da densidade dos carros que estão em fluxo nas vias. Figura 54, 55: Ponte infinita

Fig. 54, 55: A ponte infinita propõe poeticamente uma moldura à paisagem urbana (The infinite Bridge) Disponível em: <http://www.designboom.com/art/gjode-povlsgaard-arkitekter-the-infinite-bridgesculpture-by-the-sea-07-07-2015/>.

A partir da analogia entre o que e como podem ser aproveitados os ambientes externos em integração com o cidadão local, foram consideradas as configurações

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que possibilitam ao pedestre interagir com o os óbices de impedimento. Nesse contexto foram elaborados questionamentos que auxiliassem o pensamento de como transformar espaços de transição em permanência, e mais a fundo, como estimular o uso dos espaços residuais presentes nos espaços de transição. Se por um lado foi percebido que não é necessário estabelecer o uso e atratividade para o objeto, ele de alguma forma deve interferir na proposição de acomodar as atividades sociais que ali serão estabelecidas. Mas ainda assim, o palco de atividades criado não deve até o ponto que essa permanência vire obstrução. O conceito foi sendo desenvolvido no âmbito de tornar o espaço residual ao mesmo tempo reaproveitável como espaço de convivência e também, mantido como espaço de fuga da obstrução proporcionada pelo alto número de pedestres passantes. Assim como as alterações configurativas promovidas nas vias, explicitadas no capítulo sobre a esfera urbana, o projeto em questão busca transbordar o conceito de configuração de fluxo para o passeio. E a partir daí balancear um princípio de não conflito entre os diferentes modais, com convite à coexistência de forma a atender melhor os usos disponíveis aos pedestres, o projeto propõe também balancear um princípio de não conflito com os óbices de impedimento. Ou seja, o desenvolvimento de mobiliário urbano transcende seu desenvolvimento como objeto isolado, propondo com ele a reconfiguração do fluxo no passeio assim como foi reconfigurado o fluxo de veículos de modo a tornar o ambiente mais sociável. Dessa forma serão efetivos os benefícios gerados pela relação simbiótica do ambiente e as dinâmicas inter relacionais, promovendo a realização de funções individuais agradáveis a convivência coletiva. A proposta então se propõe a reconfigurar o caminho das pessoas em fluxo, por meio de propostas de uso social/urbana com a possibilidade de desfrutar o espaço cênico do seu meio interacional, considerando a variedade de comércio estabelecido nas principais interseções de uma cidade.

CONCEITO SEMÂNTICO Num rizoma, ao contrário, cada traço não remete necessariamente a um traço lingüístico: cadeias semióticas de toda natureza são aí conectadas a modos de codificação muitos diversos, cadeias biológicas, políticas, econômicas, etc,..., colocando em jogo não somente regime de signos diferentes, mas também estatuto de estado de coisas. Os agenciamentos coletivos de enunciação

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funcionam, com efeito, diretamente nos agenciamentos maquínicos, e não se pode estabelecer um corte radical entre os regimes de signos e seus objetos. (DELEUZE & GUATTARI, 2000, p.15)

Partindo de uma metodologia específica para desenhar este conceito, foram estimulados diversos alcances como possibilidade de experiência pelo usuário (Tabela 5). Antes disso, questionava-se se o espaço urbano então serviria para todos, pois, como podemos aproveitar a função do espaço urbano? E até quando é possível criar um projeto adaptável a um nível local? Será que a experiência não deveria tomar envolvimento da forma do ambiente a nível local? Tabela 5: Conceitos desenvolvidos ao longo do processo e refinamento das ideias Níveis de convivibilidade e ambiência = contexto flexível das interseções, espaços para pedestres e atingimento com mobiliário

a poetização da afetação estética no meio

natureza como conceito na acomodação do formato de cidade

a evidência cartográfica, dos caminhos à topografia

Prever o uso adaptativo de corpos incontroláveis, imprevisíveis, inconstantes Tabela 5: Níveis de experiência para a conviviabilidade e ambiência

Até que foram percebidos o potencial espaço de socialização nas ilhas de Refúgio, sendo por isso um espaço de associação aos espaços residuais das esquinas, que por sua vez. Já eram considerados como de esconderijo aberto. Nesse perfil, seria requerido a experiência de receber e ser sempre convidativo, conectando entre si o relaxamento e permanência linearmente com o espaço em fluxo. A linearidade seria destacada pela integração de uma mesma proposta aberta a diferentes pontos do cruzamento. Em algumas associações quanto as relações funcionais e urbanísticas que estavam sendo desenvolvidas paralelamente, foram relacionados principalmente a função de retroalimentação das plantas e suas formas de conexão. No sentido da criação de experiência, os conectores foram associados ao que cumpre a função de maior contato com o usuário. Na biologia, um rizoma é uma estrutura componente em algumas plantas cujos brotos podem ramificar-se em qualquer ponto e transformar-se em um bulbo ou um tubérculo. Este rizoma pode funcionar como raiz, talo ou ramo, independente

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de sua localização na planta (Fig. 56). Em botânica, chama-se rizoma a um tipo de caule que

cresce horizontalmente,

geralmente subterrâneo,

mas

podendo

também ter porções aéreas (VIDAL, 1990). “Diferentemente de uma árvore, portanto, o rizoma tem a capacidade de conectar um ponto a qualquer outro. A multiplicidade, portanto, refere-se ao fato de que ela própria é constituinte do rizoma.” (RAMOS & MEIME, 2015). Fig. 56 Fixação de raízes no solo

Fig. 56 Ilustrações destacando as raízes pivotantes de diferentes espécies.

A aproximação com o movimento da internacional situacionista partiu da identificação da semelhança entre os conceitos encontrados por trás da relação biológica de mimetismo, valorizando a apropriação, conformando-se ao longo de seu desenvolvimento. Segundo a autora SILVA (2008), o movimento tinha como princípio uma apropriação do espaço que ultrapassasse a lógica da definição de funções. Para os situacionistas, era preciso explorar o espaço e suas possibilidades contrapondo-se à passividade diante dos usos pré-definidos, decorrentes da estruturação capitalista da cidade. Henri Lefebvre, que foi ligado ao grupo até o início dos anos 60, ressalta a possibilidade de criar situações como uma experiência que é capaz de revelar a cidade: A ideia deles (e isto também estava relacionado às experiências de Constant) era que na cidade alguém poderia criar situações novas, por exemplo, ligando

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partes da cidade, bairros que eram espacialmente separados. (...) a experiência consistia em interpretar aspectos diferentes ou fragmentos da cidade simultaneamente, fragmentos que podem ser vistos só sucessivamente, da mesma forma que existe pessoas que nunca viram certas partes da cidade (LEFEBVRE, ).

Trabalhar o conceito do rizoma então sintetiza a proposta de ambientação dos mobiliários,

transformando

o

cenário

físico

e

ampliando

o

potencial

das

experimentações interacionais de convivência.

CONCEITO FUNCIONAL A partir do entendimento dos mobiliários dispostos em módulos e plataforma, foi proposto uma básica de propor interatividade de módulos encaixados para montar uma plataforma flexível. Assim, seria possível transformar o espaço em uma variedade de pisos multifuncionais para usar em diferentes propósitos por quem trabalha e vive na região. Com a criação de espaços autônomos, a extremidade de uma forma, vira a ligação de outra, por uma repetição formal que proponha tal conexão, não se diferenciando qual módulo deve estar na parte interna ou externa, ampliando as possibilidades de organização feitas por quem é responsável pela instalação do mesmo no espaço adequado. Assim são propostos pelo projeto a disruptura conectiva dos módulos rizomáticos, passível de ser adequada à escala urbana de diferentes lugares. Os elementos são concebidos como um sistema de apoio neutro, que permite ser configurado de, forma homogênea e concentrada ou heterogênea e dispersa, estabelecendo diferentes relações com o usuário.

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BRIEFING Os requisitos do projeto em questão considerados são os seguintes: Objetivos do projeto: ·

Promover soluções sustentáveis em mobiliário urbano para espaços públicos;

·

Desenvolver um sistema de mobiliário ou plataforma adaptável a cidade

direcionado para as necessidades da comunidade; ·

Propiciar um sistema mais eficiente e efetivo otimizando a permanência e uso;

·

Não impedir o fluxo do ambiente de entorno;

·

Evitar conflitos com a infra-estrutura urbana;

·

Estimular a experiência de uso do pedestre que possibilitem o exercício de

múltiplas atividades; Objetivos de comunicação: ·

Envolver questões psicológicas de valor de segurança, conforto, convivência, contemporaneidade.

·

Oferecer uma extensão espacial à estrutura urbana física vigente;

·

Fomentar ações criativas em medidas de segurança nas áreas de densidade;

·

Minimização do impacto das barreiras urbanas nos pontos de interseção;

Requisitos de performance: ·

Proporcionar várias tipologias de mobiliário para atividades diversas

·

Uso de materiais de resistência às mudanças climáticas, resiliência, sustentabilidade;

·

Manter a segurança do usuário durante o uso;

·

Resistência às intempéries naturais;

·

Sistema produtivo de alta escala;

Atributos simbólicos: ·

Estética convidativa e afetação mínima com o ambiente construído da cidade após sua instalação.

·

Receber o compartilhado e o individual em esquinas de interseções ou espaços peatonais;

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·

Ser orgânico, linear e promover uma sensação agradável ao olhar e ao corpo,

·

Diminuição da sensação de hierarquia do passeio;

·

Possibilitar a atribuição de outros elementos urbanos de apoio, como pontos de bicicleta, lixeira, iluminação, etc.

Requisitos ergonômicos: ·

Altura média do assento deve, com base no estudo de dimensionamento básicos de PANERO (2002);

·

Considerar as relações de proxemia, como defendida por Hall (1986), no dimensionamento da distância social entre os indivíduos (Fig.63).

·

Disposição mínima para assento dos módulos de 2 m de diâmetro, a partir de onde sejam formadas as superfícies planas de no mínimo 0,40 m de largura por 0,45 m de altura (ELY, 2005).

Figura 57: Zonas de espaço pessoal

Fig. 57: Distâncias de espaço social. Fonte disponível em: FILHO, José Jorge Boueri. Antropometria Aplicada à Arquitetura, Urbanismo e Desenho Industrial. Manual de Estudo, Volume I. São Paulo – Estação das Letras e Cores, 2008. Disponível em: <http://www.estacaoletras.com.br/pdfs/ebook_antropometria.pdf >.

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MATERIAL CONCRETO PÓS REATIVO O Concreto Pós Reativo ou concreto de ultra desempenho (Ultra High Performance Concrete) é um tipo de concreto desenvolvido na década de 1980 pela empresa Escofet, usado para aplicações especiíficas que exigiam força e resistência superior à corrosão – como âncoras marinhas, cais e estruturas sísmicas. E ao longo dos últimos 30 anos, o seu uso foi expandido para aplicações que exijam perfis estreitos, sendo usado principalmente na arquitetura em vãos de pontes e fachadas de edifícios. Este concreto, também entitulado como Slimconcrete®, é definido pela sua excepcionalmente alta resistência e durabilidade. Com parceiros de pesquisa científica da Escofet no Centro Tecnológico IMAT - Construção e na Universidade da Catalunha, a empresa, que detém sua patente, utiliza seu potencial ilimitado para desenvolver produtos para as indústrias de arquitetura, paisagem e design de produto. Fig. 58 Mobiliário urbano “Rio”, de André Lompreta - De Fournier & Associados, 2012

Fig. 58 O uso do Slimcroncrete em mobiliários urbanos possibilita a estruturação de objetos com espessuras muito finas sem estruturação metálica interna. Disponível em: <http://escofet.com/pages/productos/ficha_productos.aspx?IdP=171&FA=>

A organização das partículas de concreto foi alterada para criar fortes ligações químicas e menor absorção de água, garantindo uma resistência à compressão elevada, resistência à tração e à flexão. O material resultante exibe uma bela superfície com pigmento integral que resiste a água, sal e contaminantes ambientais

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corrosivos. O material pode ser determinado como um concreto com resistência estrutural superior, resistência ao desgaste e assim maior durabilidade, menor peso e menor custo de ciclo de vida. Além de ter sido possível converter a saturação de cor em uma ampla variedade de formas e padrões. Fig. 59 Disposição dos agregados de fibras metálicas.

Fig. 59 Estudo computadorizo 3D da tomografia do concreto pós-reativo ( UHPC ) pelo Dr. Juhyuk Moon ( Universidade Stony Brook, EUA). Fonte disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=MIM4r59y4bQ>;

As propriedades técnicas do UHPC são definidas como: concreto de consistência fluida/líquida, com um teor de cimento 700 kg/m3 mínimo com agregados de fibras orgânicas, inorgânicas ou metálicas de Silício, menores do que 1mm (Fig. 59). O material resiste a forças compressicas de 90-150 MPA e resistência a flexâo de 16-35 MPA de acordo com as especificaçãos descritas em UNE-E 12390/2001 (ESCOFET). Tabela 5: Demonstração da resistência do material

Tabela 5: Demonstração da resistência do material aplicada a um produto. Disponível em: <http://issuu.com/samsonurbanelements/docs/slim_concrete_escofet/1>

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Sistema de processamento São várias as possibilidades em impressão 3D facilitadas pelos pesquisadores de engenharia, mesmo em concreto, várias máquinas já foram desenvolvidas, com a guarda de patentes (Fig. 60). Sua viabilidade construtiva possibilita o deslocamento da máquina impressora diretamente ao local que será instalado o mobiliário. A impressão de objetos paramétricos, com variações de geometria e aplicações intermináveis só é possível graças a esta tecnologia, que também tem como benefícios o aceleramento da produção em concreto, reduzindo custos de produção em série a quase zero, já que não faz uso de moldes ou matrizes convencionais. ·

Dentre as vantagens desse processo produtivo encontram-se:

·

Alto potencial de resistência do material;

·

Custo benefício, relacionado a manutenção do produto;

·

Produção rápida;

·

Sem necessidade de moldes de produção;

·

Impermeável, com resistência à fogo e raios Ultra violetas; Fig. 60 Teste Experimental na faculdade de Loughborough Design School

Fig. 60 Bench Design Project – Pesquisas sobre mobiliários urbanos impressos tridimensionalmente. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=qTFUTI39uhE>.

Em colaboração com a empresa de impressoras 3D, Voxeljet e a Universidade de Kassel, G.tecz, fornecedora de concreto desenvolveu o “Impressora 3D de Concreto”. A empresa afirma ser a primeira versão no mundo que imprime em concreto à base de água. A mistura é realizada durante o processamento, de epóxi ou outros

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materiais

de

liga,

que

facilitam

a

impressão

atingir

camadas

de


600x400x400mm de volume. A tecnologia é única e é otimizado para as impressoras da Voxeljet. Fig. 61 Mobiliário de concreto impresso em 3D.

Fig. 61: 3D Additive Manufacturing. Fonte: G-tecZ Engineering. Disponível em: <http://www.gteczengineering.com/innovations/3d-printer-concrete/>

Sensações do material ·

Textura em acabamento padrão (Mediablast);

·

Disponível em 4 cores a saber: cinza, preto, bege e esverdeado;

·

Temperatura fria;

·

Suavidade superficial;

·

Facilidade de manutenção, superfície lisa e re-circulada. Fig. 62 Amostras de concreto pós reativo

Fig. 62 Textura desenvolvida pela empresa TAKTL. Disponível em: <http://www.taktl-llc.com/Textures>

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SOLUÇÃO FINAL - RIZOMA DESCRIÇÕES O mobiliário urbano “Rizoma” é uma solução conceitual de mobiliário modular multi-propósito, conformável ao espaço residual das interseções urbanas, permitindo sua flexibilidade de uso por seus diferentes tipos de usuários, buscando novas características de organização e usos integrados. Fig. 63 – Sistema de mobiliários Rizoma

Fig. 63 – Vista do conjunto montado da solução final do projeto. Da autora, 2015.

Eles podem ser identificados a partir de dois módulos básicos: Módulos em ‘C’ – extremidades com faces côncavas, convexas e mistas, superfície plana regular em duas possibilidades de altura, sendo elas 450mm ou 900mm (Fig. 61).

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Ambos os módulos tem largura exata de 540mm e suas extremidades curvas promovem um raio côncavo ou convexo de 550mm, que se encaixa entre si a partir da sua justaposição. O comprimento do módulo independente é de 2,5m, enquanto o raio externo total dos módulos posicionados é de 1,2m. Módulos em ‘S’ – extremidades com faces côncavas e convexas, superfície orgânica e curva que transitam entre as alturas totais de 450mm e 900mm para cada lado de sua extremidade (Fig. 62). Ambos os módulos tem largura mínima de 376mm, e máxima de 600mm. Nesse sentido a largura de suas extremidades são todas com o mesmo raio de 550mm para que possam se unir. O comprimento do módulo independente é de 2m, enquanto o raio externo total dos módulos posicionados é de 1,6m.

Adaptado para se enquadrar aos diferentes tipos de esquinas com espaços residuais ou zonas peatonais – ruas fechadas para pedestre, é de intenção do projeto propiciar espaços que funcionem na escala urbana, estimulando a convivência dos usuários com a cidade em sintonia com o pensamento criativo das vias e funções de uso dos quarteirões que o acomodam. Ele visa atender ao fluxo de pessoas, promovendo espaços de curta permanência. Suas estruturas modulares, baseadas em atividades sociais tais como conversar, relaxar, apoiar, ler e comer, busca encorajar os usuários a colaborar e interagir com o espaço. O projeto se propõe a atender mais de uma função, a partir de estruturas modulares, flexíveis a diversas configurações no ato de sua instalação. O projeto permite que a cada novo espaço sejam reconfigurados sua organização sequenciada para atender às necessidades específicas de cada espaço disponível para sua instalação. Sua modularidade e extremidades com faces côncavas e convexas possibilitam a ampliação de sua extensão sistemática (rizoma) por meio de um encontro formal entre os elementos modulares, que pode ser facilmente retirada e realocada mediante a sua instalação para acomodar necessidades futuras. Para isso, os módulos são previstos em duas alturas, sendo uma o dobro da outra, que podem ser utilizadas em diversas tipologias: como bancos ou assentos, apoios de pequenos pertences, apoio da lombar, e também atuam como barreiras (corredores contínuos) que define um novo fluxo de passagem nas calçadas. Os dois módulos distintos, se replicam a si mesmo, em diferentes versões - espelhando e

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Fig. 64 - Módulos em C

Fig. 64 Vista superior módulo em C, Da autora, 2015 Fig. 65 – Módulos em S

Fig. 65 – Vista superior módulo em S, da autora, 2015.

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invertendo seu posicionamento – ao encontrar o sentido lógico do olhar a partir de uma linha estrutural contínua que sustenta os elementos, fixados na calçada (no chão), com um encontro interno suavemente arredondado. O desenho de suas paredes estruturais foi conformado em um ângulo tal que é possível acomodar as pernas ao sentar em ambos os lados de sua superfície. Em um olhar mais atento, a própria superfície plana promove uma angularidade mínima para que seja mais confortável ao usuário o sentar, e não haja acúmulo de água das chuvas. Além disso, suas quinas arredondadas são continuadas internamente por um recuo mínimo em sua face interna, dando espaço para pinga-gotas, e diminuindo sua exposição à água das chuvas. (Prever sistema de drenagem da água da chuva em pontos adequados, de modo que não molhe ou respingue nos usuários.) Como sugestão adaptativa às mudanças tecnológicas e urbanísticas, os métodos construtivos adequados a essa solução é dado por impressão 3D de cada módulo individual, com os materiais adequados a resistência às intempéries do ambiente externo, como o concreto pós reativo. Após sua instalação o mobiliário é pensado para lidar com mudanças de longo prazo, principalmente por este ser chumbado no chão. Alto tempo e baixo custo de manutenção. A proposta do projeto é que no momento que este mobiliário se torne desnecessários para os novos contextos urbanos, não sejam desperdiçados nenhum investimento no processo de fabricação do mesmo. Dessa forma, o investidor pode aplicar outros projetos a serem impressos pela impressora 3D.

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CONFIGURAÇÕES Esquinas de interseções e Zonas peatonais Fig. 66 Esquinas de interseções

Fig. 66 O mobiliário fica localizado na lateral, não corrompendo a travessia. Render digital, da autora, 2015. Fig. 67 Esquinas Peatonais

Fig. 67 Render digital da Peatonal San Nicolas, adaptado pela autora, 2015.

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ANEXO I - PAINEL IMAGÉTICO DOS ESPAÇOS RESIDUAIS Fig. 67 Painel Semântico - Interseções urbanas com proteção a ciclistas.

ANEXO II – PAINEL ICONOGRÁFICO DE ESPAÇOS PARA CICLISTA Fig. 68 Painel Iconográfico - Interseções urbanas com proteção a ciclistas.

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ANEXO III - PAINEL SEMÂNTICO DO ESPAÇO URBANO

Fig. 69 Painel Semântico das cidades urbanas

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ANEXO IV - DESENVOLVIMENTO DO PROJETO Para projetar mobiliários de modo que a proposta de usabilidade seja facilitada pelo seu principal usuário, o pensamento conceitual que propõe a linguagem estética do objeto deve ser transmitido a partir de sua performance. Ou seja, a performance do objeto deve estabelecer os meios de tradução conceitual do produto. De modo que a solução final venha a contribuir na indução de um comportamento tal que aguce a percepção do seu entorno a partir do uso e da experimentação. Características formais que transmitam reintegre o caráter humano do ambiente em que está inserido. Aproveitando-se da vocação dos próprios espaços como estímulo criativo para reatribuir potencialidades hiper-locais aos espaços. Seria possível então falar de uma humanização formal? Fig. 70 Painéis de apoio à metodologia de pesquisa

Fig. 70 Mapa de atributos, Da autora, 2015.

Nos simbolismos da expressividade e equilíbrio, o projeto buscou a partir das dinâmicas da natureza destacar a relação entre envolvimento e isolamento (Fig. 70). Estes são também reconhecidos pela autora como sendo atributos naturais das dinâmicas do ambiente urbano, abrindo espaço para a poetização simbólica da metalinguística. Isolamento e envolvimento estariam em dualidade: Isolamento quanto aos aspectos que foram desintegrados do contexto urbano pelas vias de mobilidade como o ar, o som e até mesmo a luz, destacando a importância da arborização do espaço, abafamento de ruídos, projeção de sombras; envolvimento entre pessoas envolvimento corporal, possibilita novas interações com o meio. A dualidade de como seriam as mudanças adaptativas quanto a sua posição direcional, primeiro sendo pensado horizontalizado, depois buscou verticaliza-lo, até encontrar um termo adaptativo que possa ser modificado na sua totalidade. Alternando, semioticamente, seu reconhecimento e semelhança à transição dos passantes e a função não determinada.

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Por isso a abordagem que teve melhor potencial para ser aplicada no desenvolvimento do conceito do projeto em questão foi encontrada pela associação de Design e Biomimética. Investigando a partir da perspectiva da cidade como organismo, as possíveis articulações com o tema (DETANICO & TEIXEIRA, 2010) de impacto direto na performance e viabilidade mecânica. O mimetismo da planta crescendo organicamente na superfície de uma estrutura construída, poderia por si só, ser relacionado também às influências da Arte Povera. A ideia de receber o material natural com o crescimento da planta, possibilitando que o usuário acompanhe a articulação da própria memória fluída da cidade, visto que seria destacado o efeito visual das plantas em crescimento, aproximando o ambiente urbano da natureza. O projeto se desenvolveu na busca por uma plataforma orgânica que estimulasse o olhar externo, transcrevendo uma dinâmica convidativa a partir de pequenas estruturas estáticas em repetição. Apesar do volume espacial que o conjunto montado poderia ocupar no espaço, deveria ser proposto um equilíbrio dinâmico nos módulos individuais que mantivesse sua personalidade leve. Desta forma, pensar o objeto sendo inserido no espaço, verticalmente, a partir de uma instalação por chumbamento faria mais sentido para o conceito atribuído, criando novas possibilidades de trabalhar o contrapeso visual e físico da peça. As fórmulas orgânicas se apresentaram como as mais interessantes propostas conectivas. No sentido de propor uma maneira diferenciada de encaixe, expressivo ao projeto, elas garantem um entendimento específico da proposta pelo ponto de vista conceitual. Os encontros curvos também conferem benefícios ao estilismo e a ambientação urbanística, exatamente por não se articularem de forma rígida com o espaço. Enquanto para o design significaria também uma relação metalinguística entre a proposição biológica associativa de rizomas, e seu contraste com o uso do concreto como material. Da perspectiva da semiótica, o produto também se propõe em articular tais contrastes a partir de um mobiliário permanente, para ser recebido por manifestações sociais fluídas no cenário urbano das mais diversas formas possíveis. Ao longo do desenvolvimento do projeto, enquanto desenhando alternativas, havia tentado considerar a peça sem articular com a composição dela. Bem, era assim que eu pensava o mobiliário anteriormente. E para diminuir a lacuna do que me incomodava e ainda era invisível, naturalmente passei a forçar o uso das palavras 89


para justificar cada processamento da ideia, de modo a criar um diálogo mais sincero entre o que estava sendo proposto e o que estava sendo criado de fato. Mas a naturalidade estaria apenas no pensar o mobiliário ambientado. Este, inclusive, é expressivamente um posicionamento que identifica um determinado caráter ao projetista – a autenticidade de suas propostas deve ser condicionada a sua própria autenticidade metodológica. Pois ao invés de adicionar as mesmas listas, desenhos, e metodologias repetidas - que apenas são mais do mesmo - a tentativa de desconstruir e reconstruir um pensamento linear que promova o desenvolvimento do seu mesmo sentido em todas as fases é realizar o que importa ao design. A partir delas foi criado um mapa de narrativas do modo de comportamento experimental ligado às condições de apropriação da sociedade urbana: técnica de passagem rápida por ambientes variados. Foram coletadas algumas informações de como as pessoas veem, usam e pensam sobre variados espaços ao longo de percursos feitos a pé pelo hipercentro de Belo Horizonte. A escolha do hipercentro como local de pesquisa deveu-se a facilidade de acesso e ao fato de este ser um espaço de mais alta Circulação e fluxo de pessoas, veículos, usos distintos encontrados na cidade de Belo Horizonte. Ou seja, a grande densidade de pessoas torna as dinâmicas sociais mais intensas, inspirando ainda mais a proposta de se trabalhar com os espaços residuais pela possibilidade de configurar novos valores para os que ali transitam. Foi possível estabelecer um diagnóstico, ainda que superficial, porém colaborativo, das práticas daquele espaço que favorecessem a passagem e permanência com sentido para o espaço. As amostras foram feitas sem preocupações formais, visto o caráter experimental do projeto em questão, no entanto elas serviram como teste dos conceitos levantados, ampliando o valor percebido das considerações teóricas. A partir de questionamentos informais e adaptados a cada indivíduo entrevistado, foi possível perceber os diferentes imaginários que cada um construiu sobre o mesmo espaço, que se feito corretamente poderia induzir a pesquisa a identificação e reconhecimento da identidade local.

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(Add fotos com ro brow e cara se apoiando na grade na p.7 e MOVE com banquinhos de óbices de plástico, moça do lixo, etc) - o reconhecimento nos comportamentos individuais com os objetos urbanos, funções independentes de seu uso prático racional.

Dessa forma buscou-se ter uma visão do espaço urbano, experimentando as possibilidades visuais e sugerindo a partir disso transformações com pequenas formas de envolvimento para ir atraindo interesse do público aos poucos. As articulações e hierarquias observadas podem ser melhores percebidas no processo visual da geração de alternativas anexada neste documento. Foi dada especial atenção para a questão do que seria o uso social e local. A possibilidade de aproveitamento do entorno - que encontra-se frio, apesar de árido e mesmo com muita movimentação ainda é percebido de forma impessoal. Para recompor a narrativa do espaço devem ser considerados principalmente o sentimento de pertencimento do usuário. Estes dizem respeito à escolha dos materiais. Fig. 71 Mapa de sensações e análise do potencial, oportunidade e necessidades do projeto.

Fig. 71. Metodologia aplicada ao projeto, Da autora, 2015.

E nas vias de significado que fazem referência ao projeto, a prática metodológica do design transformou-se - por feedback - ao passo que o próprio ato de projetar estimulava novas necessidades de visualização das ideias em articulação

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(Fig. 71). A partir das configurações que foram sendo sugeridas, não eram suficientes as proporções e efeitos visuais do desenho em perspectiva. Este, sempre era sutilmente uma alteração ou exagero do que estava sendo pensado, ao se pensar no novo. Mais difícil seria, ao longo desse desenvolvimento, propor simultaneamente a viabilidade construtiva de tais conceitos abstratos, que se propunham quando factíveis um novo elemento identitário por uma atmosfera de um cenário hipoteticamente amadurecido para recebê-los no futuro. As maquetes são exemplo de aplicação em volume e/ou escala da proposta idealizada. A primeira maquete, com uma chaise nas extremidades laterais, desenvolve-se em um banco de sentar a partir das proporções ergonômicas reais. Com ela foi possível ver que o encontro dos módulos propostos resultaria em encontros sem uso, de quinas não aproveitáveis pelo usuário, e assim não recomendadas ao projeto. A segunda maquete foi uma tentativa de aperfeiçoar os erros da proposta anterior, porém acabou sendo perdido o elo conceitual principal no ato de construção, e não foi possível estabelecer todas as características de conexão entre as peças. Por isso ela foi válida por tornar visível o que não deveria ser continuado no desenvolvimento projetual. O interessante, contudo, seria se esses volumes desenhados ou montados dissessem respeito ao seu funcionamento. Assim, foram retomados os conceitos básicos de continuidade e conectividade que geraram significado a proposta até então e aplicados a eles os valores ergonômicos que o dariam forma. As curvas de encontro e proporções ergonômicas mínimas de todos os modelos foram decididas a partir do desenho manual em escala real, com grandes formatos de papel manteiga, até que fosse adaptada a linguagem de desenho proposto anteriormente. A partir deste momento os desenhos tridimensionais foram pensados. E quando modelados, as curvas ganharam mais significado na junção das faces requeridas, trazendo mais organicidade e leveza entre um ponto e outro.

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DETALHAMENTO TÉCNICO

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UEMG - Universidade do Estado de Minas Gerais Design de Produtos - Representação Tridimensional

PERÍODO:

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quadros

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ilustrados

de

fanerógamos.

(3


98


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