Maquiné

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Esta publicação tem o objetivo de registrar culturalmente como Memória e Patrimônio a comunidade de Maquiné ao destacar suas histórias e conquistas sociais. Um registro nos seus aspectos informativos, geográficos, fotográficos e também afetivos, sintetizados em livro como um porta-voz da comunidade. Tal iniciativa possibilita uma interlocução com o leitor sobre a história e as possibilidades do local, além de sensibilizar entidades públicas, privadas e informar os próprios moradores que ali vivem sobre suas raízes e a realidade local de Maquiné.

Trabalho de Conclusão de Curso Bacharelado em Design Gráfico Universidade do Estado de Minas Gerais João de Oliveira Bastos, 2016. Belo Horizonte 64p. : il., foto., color., ; 20 cm


Dedico este trabalho aos familiares da vila de MaquinĂŠ e a todos aqueles que tĂŞm se dedicado a tornĂĄ-la um lugar melhor.


apresentação


Este trabalho começou espontaneamente, numa certa afluência, palavra que foi uma boa referência ao imaginar todas as perspectivas do lugar. De fato, Maquiné se localiza em meio a afluentes da Bacia do Rio das Velhas, mais especificamente à beira do Córrego Santo Antônio, uma das pequenas ramificações da bacia. Deste fluxo de afluências e da boa vontade que foram se somando entre as várias colaborações, entre as várias experiências de solidariedade e de construção, fez-se nascente, ideias muito necessárias às conquistas de Maquiné. Analisando de que forma seria possível contribuir com a qualidade de vida local, coube a mim realizar este projeto - uma pequena ramificação dessa história. A documentação do projeto e da comunidade, embora de fácil acesso,

encontrava-se ainda desorganizada e fragmentada. Percebi, então, que o essa história precisava de suportes para ser registrada. Tendo em vista esse conteúdo disponível, optei pela linha editorial. Esse registro será importante para que essa comunidade tenha o entendimento da dimensão de suas conquistas e, sem dúvida, servirá também como um porta-voz da comunidade. A importância desse registro é, também, a possibilidade de ampliação de recursos, por meio da captação pública e privada, considerando que a fonte de recursos das benfeitorias realizadas em Maquiné devem-se às oportunidades externas. Nesse cenário, é urgente aperfeiçoar o registro da comunidade. Poder guardar essa história e ir em busca de incentivos futuros foi a direção desta publicação.


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a ocupação 1986-2002 2003-2007 2007-2009 2010 2011 2012

página


44 46 48 50 60 62

2013 2014 2015 2016

projeto bem cuidar

agradecimentos


a ocupação

“A estrada acabou se formando pelo mesmo caminho que se passava com animais, cavalos em tropa e carros de boi.”

“Maquiné nasceu na mão dela”, diz uma das irmãs de Maria do Carmo Ferreira. Aproximadamente em 1986, um movimento de ocupação iniciou-se numa propriedade da família de Antônio Eugênio Severino, marido de Do Carmo, esta que, ao se mudar para a localidade, encontrou a área sem nenhum morador. “Era tudo mato!”, como ela mesma diz.

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FOTO: ARQUIVO MORADORES

Depois que Maria do Carmo veio de Sabinópolis e casou-se com o dono das terras, a família dela também sempre esteve presente na região e se estabeleceu no local, aproximadamente em 1994, com as doações e vendas realizadas pelo herdeiro, que compartilhou sua terra, inicialmente com a família. Somaram-se 12 irmãos e seus pais, D. Raimunda Lucas Joana, 83 anos, e Sr. Lourenço Ferreira dos Anjos,

ANTÔNIO EUGÊNIO SEVERINO E FAMÍLIA

86 anos, que, até hoje, são referência para a comunidade. Antônio Severino possuía um barracão em uma terra que foi passada de pai para filho, a uns 5 km da BR 381, região de Sabará. A estrada acabou se formando pelo caminho que se passava com animais, cavalos em tropa, carros de boi com as pescadas, mantimentos, ao fazer as compras. À época, já havia carros rodando na região, mas o uso do animal era o mais comum para os primeiros moradores.

Por perto, existia um lugar onde se trabalhava com ferro e tinha um “maquinismo”, que pode ter inspirado o nome Maquiné. A grande família tornou-se Maquiné! E o córrego não tinha nome, “ninguém nunca tinha dado nome para este curso d´água”, diz Do Carmo. Atualmente, os moradores lutam na justiça pelo direito de propriedade regularizado por meio da Lei de Usucapião. 9



Km 439-BR 381

maquiné Ravena Borges Mestre Caetano

Carvalho de Brito Roça Grande

SABARÁ

Maquiné localiza-se a 4,5 km do Distrito de Ravena, município de Sabará, dos quais 2,5 km são estradas vicinais e 2,0 km são um trecho da rodovia BR 381, com acesso na altura do km 439. Trata-se de uma comunidade rural, que experimentou uma produção agrícola significativa, mas que, atualmente, a sobrevive e se sustenta pela prestação

Maquiné está localizada a 4,5 km do Distrito de Ravena. Trata-se de uma vila que experimentou uma produção agrícola, mas atualmente sobrevive por meio da prestação de serviços.

de serviços, em sua maioria autônomos e informais - diaristas, trabalhador rural braçal, servente e pedreiro. Nos últimos anos, outras oportunidades de trabalho formal vêm surgindo, como auxiliar de serviços gerais, atendente, caixa de supermercado, eletricista etc. A localidade possui, também, uma população flutuante formada por sitiantes que foram chegando com o tempo e se estabelecendo no entorno. Tais sitiantes, entretanto, não mantêm, em geral, uma interação com a população da vila e não têm uma atuação junto ao coletivo. 11




QUINTAIS DE MAQUINÉ

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RUAS DE MAQUINÉ


VISTA SUPERIOR DA COMUNIDADE

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A única possibilidade de acesso a servi-ços públicos, tais como educação básica e atendimento primário em saúde, está em Ravena, sendo precária e limitada, pois é necessário o deslocamento da população local ou do Agente Comu-

faixa etária de 17 a 35 anos

população aprox. 150 famílias

nitário de Saúde. Entretanto, o transporte público coletivo é inexistente. Também não há serviços de outras instituições, como, por exemplo, correio, nem espaços coletivos que proporcionem convivência. A ausência do transporte coletivo, prejudica a mobilidade da população entre Sabará e Ravena, o que corrobora para o seu isolamento geográfico, dificultando para a população a realização de

A ausência de serviços públicos como transporte, dificulta inserção dos moradores no mercado de trabalho. 20

seus ideais de formação e de inserção na cadeia produtiva de trabalho, em seu município. Sendo assim, o acesso mais viável para moradores de Maquiné é Belo Horizonte.


renda média mensal

+DE 10 SALÁRIOS

ATÉ 10 SALÁRIOS

escolaridade

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ATÉ 5 SALÁRIOS

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ATÉ 3 SALÁRIOS

67%

ATÉ 1 SALÁRIO

30%

FUNDAMENTAL INCOMPLETO

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FUNDAMENTAL COMPLETO

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MÉDIO INCOMPLETO MÉDIO COMPLETO

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SUPERIOR INCOMPLETO

0%

SUPERIOR INCOMPLETO

3%

*Dados de 2012

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Alegando ser uma área desordenada, a prefeitura não disponibilizava serviços no local, e Maquiné sempre usou os próprios recursos. Moradores queimavam o lixo, faziam múltiplas fossas irregulares, paravam de estudar e iam para a capital em casos de tratamento de saúde mais graves. O crescimento desordenado de Rave-

ÁGUA DE BAIXA QUALIDADE

na, gerou impactos ambientais: crescimento populacional associado ao mau uso dos recursos naturais e ausência de serviços públicos, como coleta de lixo e saneamento. Agora, a comunidade utiliza água imprópria para o consumo, em função do lançamento de esgoto e lixo nas margens de rios locais. Além disso, o posto de gasolina da BR 381 despeja dejetos químicos no córrego da região. O solo e a água das cisternas também se contaminavam com as fossas irregulares, feitas ao ar livre, que transbordavam com as chuvas e entravam nas residências. Mais recentemente, além da má qualidade da água, os moradores passaram a conviver com a baixa quantidade disponível, pois o curso d’água reduziu significativamente. 22

Uma vez que a prefeitura não disponibilizava serviços no local, alegando ser uma área desordenada, a comunidade de Maquiné sempre usou os seus próprios recursos


FOTOS: ARQUIVO ASCOSUL

ÁGUA COM ASPECTO TURVO E CONTAMINADA


hidrografia

Maquiné está inserida na microbacia do Córrego Santo Antônio, pertencente à Bacia do Ribeirão Vermelho, um dos afluentes do Rio das Velhas.

Vila maquiné Córrego Santo Antônio UTE* nº 8 · Poderoso Vermelho Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas

*O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH - RV) é o órgão que faz a gestão das águas do Rio das Velhas. Para ampliar a participação popular e institucional além de ampliar o alcance do Comitê, foram elaboradas 23 unidades de planejamento, chamadas de UTE, para administração dos principais afluentes. Cada uma tem seus subcomitês, com o objetivo de propiciar uma gestão participativa, descentralizada e sistêmica por toda a bacia. É a forma de dar voz ao morador para que a gestão das águas contemple as demandas, os problemas locais e as soluções para melhoria da preservação das águas para diversos usos, no campo e nas cidades.

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550000

600000

650000

700000

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500000

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Nascentes Rio Itabirito Águas do Gandarela Águas da Moeda Ribeirão Caeté / Sabará Ribeirão Arrudas Ribeirão Onça Poderoso Vermelho Ribeirão da Mata Rio Taquaraçu Carste Jabo / Baldim Ribeirão Jequitibá Nome a definir Ribeirões Tabocas e Onça Santo Antônio / Maquiné Rio Cipó Rio Paraúna Ribeirão Picão Rio Pardo Rio Curimataí Rio Bicudo Guaicuí

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UTE's

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comunidade de maquiné

UTE nº8 Poderoso Vermelho Microbacia Hidrográfica do Córrego Santo antônio 26




DONA RAIMUNDA E SENHOR LOURENÇO CUIDANDO DA HORTA.

Além de lidar com tais problemas sociais, Maquiné possui também precárias condições de saúde ambiental, como já relatado. A água, antes abundante e de qualidade, encontra-se poluída e inadequada para consumo humano. No entanto, a única alternativa das famílias inseridas nesse contexto é consumir esta água, sem tratamento ou captações adequadas, o que causa sérios problemas de saúde. Apesar desse quadro, a matriarca da comunidade, D. Raimunda, dá o exemplo, cultivando uma grande e bela horta, seguida por alguns moradores. Tal produção não é explorada para venda, sendo uma prática que compõe o traço cultural da comunidade.

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IMPORTANTES NASCENTES QUE ESTÃO AMEAÇADAS NA REGIÃO.


FOTOS: ARQUIVOS CBH-RV


uma história de conquistas

FOTOS: ARQUIVO MORADORES

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Primeiras ocupações e chegada dos sitiantes que ajudaram a dar forma à vila

1920


86 02


Criação e atuação da ASCOSUL, entidade que iniciou um processo de organização local em Maquiné em busca de direitos sociais

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2020


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A ASCOSUL (Associação Beneficente e Comunitária da Região Sul de Ravena), foi fundada em 2003 por iniciativa de um sitiante do entorno da comunidade, senhor José Mateus Ribeiro. Com o apoio de colaboradores da UDV (União do Vegetal) - uma casa espiritual presente na região –, Giordani, Eduardo, Otto e Élson, juntamente com D. Margarida, outra sitiante, criaram a primeira associação comunitária da região, para atender os moradores de Maquiné, com escolas e creches e também criar um posto policial. Redigiram um estatuto, criaram o slogan e logotipo e integraram a diretoria da entidade por um tempo. Essa foi uma forma de se aproximar da comunidade. Nessa época, os moradores de Maquiné não se viam como pessoas com direitos a serviços públicos. Daí, a ASCOSUL viria a favorecer o processo de organização comunitária e produtiva, e atuou até 2007.

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A associação ficou desativada, pois as lideranças, diante das dificuldades, não deram continuidade ao trabalho local Neste período, colaboradoras da UDV, como Derza e Áurea, passaram a atuar em Maquiné.

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2020


FOTOS: ARQUIVO ASCOSUL

07 09

AÇÕES DA UDV

A partir daí, a UDV esteve presente realizando atividades beneficentes e de cunho assistencial, educativo, espiritual, recreativo, que sempre são muito bem vindas pela comunidade: Bazar, Dia do bem, Oficinas de artesanato, Natal solidário, Festa do Dia das Crianças, Palestras Socioeducativas, realizadas por profissionais da instituição.

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Percebeu-se a necessidade de haver uma instituição representativa da comunidade para articular captações de recursos No início de 2010, a assistente social Márcia Romero passa a integrar a UDV, razão pela qual passou a ter contato com a dura realidade de Maquiné. Inicia contatos institucionais, buscando colaborar com as soluções de tais necessidades tão básicas. 38

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A UDV, então, assume os custos da análise da água dos córregos pela COPASA .

Busca de transporte escolar para o EJA noturno.

Reuniões foram instauradas para discutir os problemas mais comuns, devido à situação ambiental e sanitária da região, tais como verminoses e doenças de pele, hipertensão e diabetes nas pessoas idosas.

Negociações com a Secretaria de Desenvolvimento Social de Sabará/CRAS (Centro de Referência em Assistência Social) no sentido de levar os serviços, programas e benefícios até a população.

Definição junto à prefeitura da solução para a problemática da água: um poço artesiano, apesar de não haver recursos disponíveis. O envio, pela prefeitura, de caminhões pipa para abastecer as famílias nunca ocorreu, apesar das promessas.

A partir de então, percebeu-se a necessidade de haver uma instituição representativa da comunidade para articulação e apresentação de projetos para acessar e captar recursos técnicos, humanos, materiais e financeiros, junto a órgãos públicos e privados, visando a uma melhor qualidade de vida para Maquiné. Assim, Márcia tomou conhecimento da existência da ASCOSUL e passa a trabalhar no sentido de sua reativação, regularização e fortalecimento. Nesse cenário difícil, o Projeto Manuelzão, atual Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-RV), felizmente coloca a comunidade de Maquiné na sua área de atuação, porque ali se localiza o Córrego Santo Antônio, integrante da Bacia do Rio das Velhas. Com o projeto, seria possível tratar da questão da água e, consequentemente, do saneamento. Esse processo iniciado junto ao Projeto Manuelzão consolidou a reativação da ASCOSUL. 39


Após a presença do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas (CBH-RV), a sensibilização da comunidade cresceu para as questões ambientais por meio de conversas e expedições

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FOTO: ARQUIVO ASCOSUL

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EXPEDIÇÃO COM O CBH-RV

Com a atuação do CBH-RV, a sensibi-

partir da construção de uma fossa pi-

lização da comunidade para as ques-

loto, houve um aprendizado coletivo,

tões ambientais cresceu, trazendo uma

que constou das seguintes atividades:

nova consciência também social. De-

visita à experiência da comunidade de

vido às novas formas de mobilização

Muniz, que doou 5 fossas; expedição

do CBH Velhas, outros colaboradores e

para reconhecimento da bacia e para

moradores se mostraram presentes no

mostrar a importância de preservação

processo de discussão, somando esfor-

do córrego; mobilização dos sitiantes

ços com a EMATER, agente de saúde de

para conhecerem a proposta; constru-

Ravena e mulheres líderes da comuni-

ção da primeira fossa em formato de

dade.

oficina, que abordou a dimensão desta

As reuniões com a comunidade para apresentação do projeto de trabalho resultaram na proposta de construção de fossas sépticas econômicas. O processo tornou-se muito rico, pois, a

prática como forma de descontaminação do solo; mobilização das parcerias, inclusive com a presença do Frei Betto, visando à arrecadação de recursos, junto a pessoas físicas. 41


O projeto de ampliação das fossas sépticas econômicas é apresentado e aprovado na 4ª Chamada Pública da AngloGold

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A ASCOSUl é reativada, e a equipe de mobilização elabora o Projeto de Instalação das Fossas Sépticas, para construção supervisionada pela EMATER. O projeto, de 68 fossas econômicas para substituir as perigosas fossas irregulares e abertas sem técnicas apropriadas,

é

apresentado

e

aprovado na 4ª chamada Pública da AngloGoldAshanti. Assim, além das parcerias com EMATER e CBH-RV, a ASCOSUL contou com a FOTO: ARQUIVO ASCOSUL

FOSSAS IRREGULARES ERAM USADAS EM MAQUINÉ

captação de parte dos recursos a partir desta chamada pública da Anglo.

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A criação da Associação Mãos Amigas, formada por mulheres, visou impactar também em uma menor produção de lixo na vila.

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Sete moradores foram treinados e construíram as fossas com a supervisão do instrutor da Emater.

FOTO: ARQUIVO ASCOSUL

A comunidade toma assento no Conselho Municipal de Assistência Social com a participação da usuária Genessi Ferreira dos Anjos e da ASCOSUL. FOTO: ARQUIVO ASCOSUL

O Mutirão de limpeza do córrego suscitou, em um grupo de moradoras, o desejo de trabalhar a partir dos resíduos sólidos que poluíam o ambiente e as águas de Maquiné. A ASCOSUL apoiou a iniciativa e mobilizou a REDESOL ( Cooperativa Central Rede Solidária de Trabalhadores de Materiais Recicláveis de MG), ligada ao Forum Mineiro Lixo e Cidadania, que assessorou a criação da Associação Mãos Amigas de Trabalhadores de Materiais Recicláveis da Comunidade de Maquiné, formada por mulheres e visou impactar também em uma menor produção de lixo. Com esse novo apoio, a associação dá os primeiros passos, como a negociação de um galpão, a capacitação do grupo para atuar na área, bem como a organização da associação.


Algumas iniciativas são realizadas, sempre buscando melhores condições humanas e melhor assistência social na comunidade.

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Realização de pesquisa de interesse junto aos jovens de Maquiné para identificar áreas de qualificação e profissionalização.

Projeto de alfabetização de adultos pelo método Paulo Freire, em parceria com a Petrobrás, com alfabetização de 5 moradores, dos quais 2 deram continuidade aos estudos no EJA - Educação de Jovens e Adultos.

Prefeitura inclui Maquiné no programa de apoio aos pequenos produtores do Governo Federal, por meio da instalação de um Banco de Alimentos, semanalmente, na comunidade.

Transporte escolar para deslocamento de estudantes de Maquiné e Ravena para a escola Irene Pinto, há 15 km de distância, para iniciarem ou concluírem o 2ª grau, por meio do EJA.

REUNIÃO DE MORADORES

FOTO: ARQUIVO ASCOSUL


Projeto Salão Escola de Cidadania é aprovado na 6ª Chamada Pública da AngloGoldAshanti

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Com o início do processo de coleta seletiva no município de Sabará, que pelas normas do Ministério da Cidades, tem que apresentar envolvimento de catadores, a Prefeitura de Sabará convidou a Associação Mãos Amigas a fazer a triagem e comercialização do material coletado. Após uma adequação estatutária, que contou com mais uma colaboradora, a advogada do IN – SEA, Dra Rosário, a Associação passou a ter a seguinte denominação e abrangência: Associação Mãos Amigas dos Catadores de Recicláveis de SABARÁ, cuja presidente é Genessi Ferreira dos Anjos.

Aprovação do Projeto Salão Escola de Cidadania, para profissionalização na área de beleza, na 6ª Chamada Pública de Projetos da AngloGoldAshanti. Houve a preparação de local para funcionamento do curso de cabeleireiro e futuro salão de beleza, espaço cedido pela moradora da comunidade Sirlene Ferreira Barbosa. Foram mobilizados recursos financeiros, materiais e humanos para adequar o espaço e atender ao curso. A UDV fez doação em espécie, a Regional de Ravena doou telhas de amianto, cimento, areia e brita. Com a venda de um bazar, com doações da Fundação Sara, compraram-se outros materiais, e a comunidade entrou com a mão de obra.

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A partir das ações do projeto, iniciou-se um intenso trabalho de mobilização. O olhar deslocou-se para além das necessidades, instalandose nas potencialidades Houve uma mudança radical na direção do trabalho. O olhar se direcionou para as potencialidades do lugar, que são enormes. A vila está localizada em um ambiente muito arborizado, à beira do Córrego Santo Antônio, cercada de bananeiras, plantas comuns na região de Ravena - um território com aspectos naturais magníficos e é para esse potencial que o projeto foi direcionado. 50

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A implementação do Projeto Salão Escola de Cidadania, com o Curso de Cabeleireiro, foi um grande aprendizado para a ASCOUL. As dificuldades operacionais e conceituais enfrentadas, que levaram ao insucesso do projeto, depois de anos de avanços, mostraram, por outro lado, outros caminhos a seguir.

Conquista de recursos para construção do poço artesiano com objetivo de fornecer água a toda a comunidade, a partir da mobilização da vereadora Terezinha e emenda parlamentar do Deputado Estadual André Quintão.

É essencial que os moradores percebam a capacidade e o valor do espaço que é Maquiné e de sua história, a ser relembrada e registrada - tudo o que já passaram, tudo que já melhorou na comunidade e o futuro a ser construído no presente, com as crianças à frente. Trabalhos de mobilização local, buscando um certo fortalecimento de vínculos, trouxeram muita disposição para buscar soluções dos problemas latentes e melhoria da qualidade de vida do local.

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Apesar da falta de recursos, a possibilidade de desenvolvimento da localidade é visível. Sabemos que sim, é possível continuar as benfeitorias na comunidade, trazer a Maquiné mais cidadania, direitos, possibilidades, interesse, orgulho e outras virtudes. Nos encontros quinzenais com as crianças, conduzidos por Roque Antônio, o Roquinho, a partir da brincadeira, do tato, da conversa e do lúdico, tem-se construído um contato, entre moradores e colaboradores e entre moradores e suas famílias. Contato esse que se tem estendido em busca da valorização do espaço - território em que vivem - e do redescobrimento da história e do desenvolvimento da vila.


VÍNCULOS LOCAIS, BRINCADEIRAS, CONVÍVIO, PARTICIPAÇÃO E AUTONOMIA



FOTOS: ROQUE ANTÔNIO JOAQUIM

São grandes as perspectivas do território de ter uma melhor qualidade de vida e de ser mais valorizado pelos próprios moradores. Neste momento, pode-se retomar a parceria com o CBH Velhas para realização de atividades de proteção e de melhoria ambiental. Com a colaboração do Sr. Toinho – Antônio Gonçalves Severino -, foram feitas expedições ao longo do córrego e também nas suas nascentes para planejamento de atividade de recuperação dessa APP (Área de Preservação Permanente). Esse movimento resultou em uma proposta dos colaboradores, cujas ações são discutidas e planejadas com as crianças e com os adultos de Maquiné. Os encontros quinzenais para brincadeiras, convívio e participação criam protagonismo e autonomia das crianças e adultos e construções coletivas. 55


O Mutirão de limpeza do córrego, de revitalização da pracinha e de replantio de árvores no córrego santo Antônio, com colaboração da Empresa CONSITA, CBH Velhas, ASCOSUL, João José, instrutor de jardinagem do SENAR e moradores.

Festa Julina organizada pelas crianças que trouxe muitos adultos para participar.


REVITALIZAÇÃO E REPLANTIO DA ÁRVORES NO CÓRREGO SANTO ANTÔNIO


DIFERENTES GERAÇÕES EM FRENTE AO JARDIM REFORMADO

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Assim nasceu um projeto como novo mote de captação de recursos:

Este projeto propõe um conjunto de ações que possam dar continuidade ao processo de fortalecimento do senso de pertencimento e da construção de novo panorama social e cultural de Maquiné. As ações serão continuadas por meio de processos de diálogo e cooperação,

envolvendo

parcerias,

sendo de fundamental importância para todo o processo de construção da cidadania em Maquiné e para a credibilidade da ASCOSUL no processo de organização comunitária.

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bem c de ma


uidar quiné

AMBIENTAL _ Revitalização do Córrego Santo Antônio _ Projeto de implantação do Poço artesiano e distribuição de água - definição de endereços; _ Nomeação das Ruas da Comunidade, a partir de uma pesquisa da fauna e flora locais com as crianças e adultos

GERAÇÃO DE RENDA

SÓCIO COMUNITÁRIO

MEMÓRIA E PATRIMÔNIO

_ Turismo Sócio-ambiental

_ Implantação do Espaço de Convivência e Parquinho

_ Registro editorial, por meio desta publicação

_ Ações de construção e fortalecimento de vínculos

_ Registro, sistematização, edição e exibição de vídeos sobre a história da comunidade

_ Formação profissional (cursos diversos) _ Venda de produtos de hortas e outros, em barraquinhas às margens da rua

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agradecimentos 62

Cristina D. Raimunda Élio Genessi Josy João José Leo Ladeira Márcia Do Carmo Roquinho Toinho Sirlene Suzana


ficha técnica

TÍTULO

Maquiné INICIATIVA

Ascosul

ORGANIZAÇÃO E PROJETO GRÁFICO

João Bastos

REDAÇÃO E REVISÃO

Cristina Oliveira Joseane Lemos TEXTO HISTÓRICO BASE

Arquivos Ascosul FOTOGRAFIAS

João Bastos, Roque Joaquim

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