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TALENTO
Carreira
10 passos para ser um foto-samurai
A fotografia consiste em revelar um mundo completamente novo dentro daquilo que é rotineiro e familiar. Por J.C.França
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uas questões, no momento, me parecem fundamentais na prática fotográfica. Uma delas é a questão da simplicidade; a outra é a comparação com outras filosofias e modos de interpretar a realidade. Vamos a elas...
Simplicidade e o mínimo denominador comum (wabi )
É instigante pensar a respeito do significado da palavra simplicidade. A sensação que eu tenho é que a maior parte das pessoas passa por momentos difíceis ao tentar defini-la, entendê-la ou aplicá-la em sua vida, trabalho ou produção artística. Ao mesmo tempo vejo que, para outras pessoas, simplicidade é sinônimo de simplismo. Nestes momentos em que paro para pensar a respeito desta palavrinha e da força que ela tem sobre nossa existência, percebo que é bobagem reinventar a roda. E recorro àquela escola do pensamento que mais estudou e vivenciou esta palavra: o Zen Budismo. Ponho-me a lembrar que o Zen enfatiza a tranquilidade gerada dentro da simplicidade. Lembro-me dos exemplos que comparam o estado em que nossa mente deveria estar quando criamos (ou fotografamos): igual a um céu de brigadeiro. E lembro que os mestres Zen enfatizam que devemos estar sempre abertos para o que está à nossa volta. Em um estado de eterno deslumbramento, mesmo (e talvez principalmente) com aquilo que estamos familiarizados. A fotografia para mim é quase como uma declaração Zen. Pois não é exatamente esta uma das missões do fotógrafo – em cada clique, ver o mundo como algo completamente novo, mesmo quando
CONHEÇA MELHOR...
J.C.França Web: www.usina-de-imagens.com Especialidade: Produção e finalização de imagens digitais para publicidade. Currículo: Fotógrafo e tecnoartista, pioneiro da imagem digital de grande formato no Brasil. Fez sua primeira captura eletrônica em 1995, quando a técnica ainda era totalmente desconhecida do público em geral. Egresso da FAU-USP, ECA-USP, Royal College of Art em Londres e Miami Ad School.
apontamos a câmera para o rotineiro e familiar? Nos últimos tempos passei a levar em conta que, além da difícil tarefa de buscar o simples (e como isto é complexo!), também existe o extenuante desafio de buscar o mínimo denominador comum em todas as coisas. Ora, alguém poderia dizer que isto é o mesmo que nivelar por baixo. Afirmo que não: procurar o mínimo denominador é a essência e o objeto maior da busca pela simplicidade. Significa que podemos abrir mão do excesso se soubermos usar com equilíbrio, parcimônia e humildade aquilo que está à nossa volta neste instante. Significa que não precisamos esperar o contexto mundial, a conjunção dos astros e o resultado do Campeonato Paulista de Futebol estarem a nosso favor para tomarmos decisões sobre como queremos expressar nossa visão de mundo. E por último, significa que podemos democratizar nossa visão e conhecimento através de processos simples, porém efetivos. Um exemplo. Imprimir uma foto em papel barato, tipo papel-jornal, e ver as falhas, a textura rústica e as imperfeições surgindo à nossa frente, pode ser um excleente exercício, além de poder vir a ter grande apelo visual. Não imprimimos no papel mais barato por economia, mas sim por buscarmos chegar à alma dos processos. Afinal, se a arte só pode se manifestar através de materiais caros e raros, algo está se perdendo. O que eu disse acima não significa que estamos “barateando” ou desvalorizando nossa produção, pois conseguir bons resultados com matérias-primas mais “toscas” é muito mais dificil. Experimente você mesmo... Para os japoneses, este processo é tão essencial que tem um nome: wabi. Que significa algo como “a beleza se manifestando através do despretensioso, simples, inacabado e transitório”. Nossa língua, assim como o inglês, não possui um vocábulo similar. Segundo o filósofo-escritor Alain de Botton, esta inexistência diz muitíssimo a respeito de nossa filosofia (ou a ausência desta) e valores estéticos. A conexão entre a beleza e valores de toda espécie é um fato que jamais deveríamos esquecer quando olhamos através do visor da câmera.
A espada e a câmera
Sempre trago na mente, como referência, o modo de vida dos samurais. E devido à minha ignorância em relação a estes, aliado ao fato de que o idioma japonês, para mim, é como se fosse um dialeto
alienígena (do qual um dia ainda aprenderei os rudimentos, se convencer algum amigo nele fluente a me ensinar), procuro devorar o que existir de literatura (em inglês ou português) a respeito. Um deles é o romance épico Musashi, de Eiji Yoshikawa. São quase 2 mil páginas fascinantes, que li ininterruptamente. Ao final da leitura, cheguei à conclusão que o ato de fotografar está intimamente relacionado ao treinamento físico e mental pelo qual passa um samurai. Além disso, percebi que a câmera, assim como a espada, é feita para cortar e perfurar. No caso da câmera, o que estamos cortando é uma fatia do mundo físico. Precisamos ser tão precisos no corte com a câmera quanto um samurai o é com a espada. Então percebi que, se pensarmos a fotografia apenas como um processo mental, esquecemos de algo fundamental: que é necessário preparar o corpo para sintonizar com a mente. Daí a pensar em desenvolver um método para desenvolver o instinto de fotógrafo, unindo corpo e mente, foi um passo. Baseado nesses pensamentos, resolvi escrever as seguintes dez dicas, as quais dividirei com você, leitor, ao longo das próximas edições...
Os dez passos ATENÇÃO! O uso deste método irá provocar transformações irreversíveis em seu modo de fotografar, além de efeitos colaterais violentos em seu modo de ver o mundo. Use sem cautela! Caso você prefira continuar fotografando e vendo as coisas da forma a que está acostumado, por favor interrompa agora a leitura deste artigo. Resumidamente, os passos são:
1 Siga as regras, rompa as regras. 2 Seja comum e original. 3 Seja simples e complexo. 4 Seja humilde e arrogante. 5 Pense no agora e no futuro. 6 Conte uma história, mas não conte o final. 7 Lembre-se de tudo, agora esqueça. 8 Siga a moda e fuja da moda. 9 Não explique sua foto, deixe-a falar sozinha. 10 Evite o Photoshop até onde for possível. Se você chegou até aqui, aguardo você na próxima edição.
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Carreira
CARTA 20: O JULGAMENTO
Esta foto representa a carta 20 do Tarot (O Julgamento) e faz parte de uma releitura fotográfica do secular jogo de cartas, utilizando bonecos e objetos em um contexto contemporâneo © J. C. França
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TALENTO
Carreira
Siga as regras, rompa as regras É o primeiro dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
Leia o manual de sua câmera, de ponta a ponta
4F WPDĂ? Ă? EBRVFMFT RVF BEPSB FYQFSJNFOUBS NFYFS F UFOUBS BUĂ? EFTDPCSJS DPNP GVODJPOB DBEB CPUĂ?P[JOIP da sua câmera, este exercĂcio pode soar como tortura. Pois a primeira etapa consiste em ler de GPSNB DVJEBEPTB MFOUB F EFUBMIBEB DBEB EFUBMIF EP manual da sua câmera. Mesmo que vocĂŞ se considere um especialista no equipamento que possui, vĂĄ em frente. &YJTUF VNB mOBMJEBEF FTQFDĂ“mDB OFTUF FYFSDĂ“DJP /Ă?P UFOIB QSFTTB FN UFSNJOBS B MFJUVSB F QSPDVSF absorver o mĂĄximo possĂvel das informaçþes ali contidas.
Leia novamente
%FTUB WF[ B TVB MFJUVSB WBJ TF DPODFOUSBS FN descobrir como o manual poderia ter sido escrito, BT GBMIBT F EFGFJUPT EF RVFN P SFEJHJV F DPNP WPDĂ? o escreveria. Robert Pirsig, o grande gĂŞnio que escreveu o livro Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas, diz algo assim a respeito de manuais: “Existe um tipo de detalhe do qual nenhum manual fala a respeito, mas que ĂŠ uma caracterĂstica comum a qualquer mĂĄquina. Estamos falando da relação entre qualidade, satisfação e aquele que lida com a mĂĄquina. Tal relação ĂŠ tĂŁo intrincada quanto a prĂłpria mĂĄquina com a qual lidamos.â€?
Ou seja, a sua interpretação pessoal sobre o manual e a eventual tentativa de reescrevê-lo acabam por criar uma nova relação entre o fotógrafo e seu equipamento.
Continue lendo outras vezes, atÊ saber de cor todos os recursos de sua câmera
Neste momento, vale tanto o manual quanto outras fontes de informação especĂficas sobre o seu equipamento. Isso inclui fĂłruns de usuĂĄrios, os testes da DPBR, reviews no site da Amazon etc. /Ă?P BCBOEPOF FTUB BUJWJEBEF BOUFT EF DPOIFDFS TVB câmera de forma absoluta.
Experimente todos eles, de forma disciplinada, testando, comparando e anotando resultados
² IPSB EF FOUSBS FN BĂŽĂ?P 5BM RVBM VN DJFOUJTUB ou pesquisador, elabore e faça testes de todos os recursos que sua câmera possui. Compare os SFTVMUBEPT TFNQSF BUSBWĂ?T EF JNBHFOT F BOPUBĂŽĂœFT por escrito. É essencial aplicar o mĂĄximo de rigor
Disciplina: por quĂŞ? Vejamos o que tĂŞm a dizer dois profissionais que sĂł alcançaram seu conhecimento e habilidades atravĂŠs da disciplina Daniela Wahba ĂŠ instrutora de Iyengar Yoga. Daniel Cohn ĂŠ professor de AikidĂ´ em 4Âş grau. Ambos sabem, com muita precisĂŁo, o que ĂŠ ser disciplinado. Perguntei a eles qual ĂŠ o papel da disciplina para alguĂŠm alcançar os resultados desejados em qualquer ramo ou atividade. Daniela: “A disciplina ĂŠ a ferramenta para se elaborar qualquer atividade. Com o tempo, a disciplina acaba por se transformar em prazer, o qual alimenta a paixĂŁo pela busca da perfeição. A satisfação daĂ obtida gera resultados, que por sua vez realimentam essa busca. Produção, criação e perfeição: graças Ă disciplina, estamos aptos a criar um cĂrculo virtuoso.â€? Daniel: “A disciplina coloca vocĂŞ em condição de maior concentração, a qual faz com que vocĂŞ adquira gosto pelo que faz. Concentração e gosto acabam por levar ao desenvolvimento, enquanto a dispersĂŁo atrapalha o desenvolvimento e cria transposição, distração, desfoque.â€?
*Kon’nichiwa = “Bom diaâ€? em japonĂŞs
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on’nichiwa*, aprendizes de samurai! Bem-vindos ao primeiro passo. Conforme prometido na edição anterior, começamos aqui o nosso treinamento para que vocĂŞ se torne um fotĂłgrafo preparado para cortar pedaços da realidade visual com sua câmera, da mesma forma que um samurai usa sua espada. Os objetivos desta primeira dica (ou primeiro exercĂcio) sĂŁo: t&YFSDJUBS DPSQP F NFOUF OBT IBCJMJEBEFT UĂ?DOJDBT necessĂĄrias para se fotografar. t%FTFOWPMWFS OB NFOUF EP GPUĂ˜HSBGP B TFHVSBOĂŽB necessĂĄria Ă prĂĄtica fotogrĂĄfica. $PNP EJTTFNPT BOUFSJPSNFOUF Ă? FTTFODJBM RVF os exercĂcios sejam praticados com total disciplina (leia o box antes de continuar). 1PSUBOUP UFOIB FN NFOUF RVF PT SFTVMUBEPT obtidos sĂŁo proporcionais Ă disciplina que somos capazes de praticar em nossos exercĂcios. Preliminares suficientes, vamos Ă ação!
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Š J. C. França
Foto-samurai em 10 passos
neste momento. VocĂŞ estĂĄ, praticamente, criando um novo manual para o seu equipamento, sĂł que desta vez personalizado e customizado.
Crie seu prĂłprio manual com os resultados obtidos
A partir dos dados obtidos na etapa anterior, crie VNB QMBOJMIB CFN CPOJUB F BHSBEĂˆWFM EF TF WFS "MHP RVF WPDĂ? QPTTB UFS PSHVMIP EF NPTUSBS BPT PVUSPT Se necessĂĄrio, peça a ajuda de um amigo designer PV FTUVEF VN QPVDP P BTTVOUP BUĂ? DIFHBS B VN SFTVMUBEP TBUJTGBUĂ˜SJP %Ă? VNB MJOEB GPSNBUBĂŽĂ?P B FTUB QMBOJMIB EF NPEP RVF FMB TF USBOTGPSNF OP TFV novo manual.
Releia o manual que vocĂŞ criou atĂŠ conhecĂŞ-lo de cor
Muito bem, vocĂŞ criou um lindo manual DVTUPNJ[BEP "HPSB Ă? OFDFTTĂˆSJP RVF FTUB informação saia do papel e atinja em profundidade os seus neurĂ´nios. Leia e visualize ad nauseam seu NBOVBM 5SBOTGPSNF B MFJUVSB FN VN NBOUSB /Ă?P UFOIB SFDFJP TF B DPJTB UPEB QBSFDFS VNB lavagem cerebral. Coragem, estamos quase no final. Lembra-se do que falamos sobre disciplina?
ApĂłs conhecĂŞ-lo de cor, rasgue-o e queime-o
O seu manual customizado jĂĄ deve estar, neste
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NPNFOUP QPS JOUFJSP FN TFV DĂ?SFCSP 0 QBQFM QBTTB a ser desnecessĂĄrio. Pratiquemos, pois, o desapego. ² IPSB EF JODFOEJBS FTUF MJWSJOIP RVF BDPNQBOIPV vocĂŞ em todos os momentos nos Ăşltimos dias. Faça deste ritual um momento de concentração, serenidade e segurança. VocĂŞ acaba de passar por VN UFTUF EJGĂ“DJM F DIFHPV MĂˆ
Jogue fora ou guarde em local inacessĂvel o manual de sua câmera É importante que, a partir deste momento, vocĂŞ se esqueça de que existe um manual oficial. SĂł existem vocĂŞ e sua câmera, e vocĂŞ estĂĄ tecnicamente apto a utilizĂĄ-la.
Rompa as regras
$IFHPV B IPSB EF BHJS DPNP VN TBNVSBJ "HPSB RVF vocĂŞ sabe de cor cada especificidade, cada questĂŁo UĂ?DOJDB EP TFV FRVJQBNFOUP WPDĂ? QPEF SPNQFS DPN UPEBT BT SFHSBT RVF MIF FOTJOBSBN EF GPSNB consciente, e enfrentar o acaso. Cada movimento, cada enquadramento, cada decisĂŁo que vocĂŞ UPNBS FTUĂ?P CBTFBEBT OP TFV DPOIFDJNFOUP F OĂ?P apenas em um golpe de sorte ou tentativa-e-erro. SĂł estamos aptos a romper as regras quando sabemos EB TVB FYJTUĂ?ODJB F BT DPNQSFFOEFNPT %P DPOUSĂˆSJP Ă? VNB SPMFUB SVTTB & B GPUPHSBmB Ă? NVJUP SĂˆQJEB F dinâmica para que possamos nos dar ao luxo de arriscar momentos crĂticos...
As regras e o manual agora fazem parte do seu inconsciente e vĂŁo guiar vocĂŞ nas decisĂľes. VocĂŞ WBJ TFOUJS RVF P UFNQP BOEB NBJT EFWBHBS F RVF Ă? possĂvel capturar com sua câmera cenas que antes QBSFDJBN TJNQMFTNFOUF QBTTBS QPS WPDĂ? & RVF B luz estĂĄ sob seu controle. 5FSNJOBNPT BRVJ P QSJNFJSP QBTTP $PN B certeza de que vencemos um inimigo poderoso: B GBMUB EF DPOIFDJNFOUP UĂ?DOJDP & RVF FTUBNPT uma etapa mais prĂłximos de nos tornarmos verdadeiros foto-samurais. "UĂ? B QSĂ˜YJNB Web: www.usina-de-imagens.com
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
2º¡ PASSO “Seja Mas ao mecsomum. m mpo seja originoate lâ€?
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TALENTO
Carreira
Seja comum, seja original É o segundo dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
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anzai, jovens samurais! Bem-vindos ao segundo passo. Ao completarem a etapa da edição anterior, vocĂŞs ultrapassaram a barreira mais difĂcil e que mais dificulta o progresso: o domĂnio do corpo e mente em relação ao instrumento utilizado. Seja este a espada ou a câmera. EstĂŁo, portanto, preparados para começar a utilizĂĄ-lo em situaçþes mais complexas. Os objetivos deste segundo exercĂcio sĂŁo: t &YFSDJUBS B NFOUF FN QBESĂœFT DPNVOT F JODPNVOT t %FTFOWPMWFS P PMIBS GPUPHSĂˆmDP OP TFOUJEP EF buscar algo alĂŠm do cotidiano e banal. Voltamos a repetir: ĂŠ essencial que os exercĂcios sejam praticados com total disciplina (vocĂŞs com certeza leram o box da edição anterior, nĂŁo ĂŠ mesmo?). "MĂ?N EB EJTDJQMJOB Ă? OFDFTTĂˆSJP RVF IBKB B vontade contĂnua de atingir resultados cada vez NFMIPSFT /Ă?P FYJTUFN MJNJUFT QBSB P OPTTP PMIBS portanto nĂŁo existem limites para aquilo que podemos transformar em imagem. Hora de entrar em ação!
Comum e original:
Afinal de contas, qual ĂŠ o sentido? Resolvi conversar com alguĂŠm acostumado a mergulhar no sentido mais profundo de cada palavra. Beatriz di Giorgi ĂŠ poetisa e mestra do vocĂĄbulo. Sua definição de si mesma: “No momento uma frasista. Meu filho diz que sou advogada, poeta e um pouco louca.â€? Segundo ela:
“Comum ĂŠ tudo aquilo que jĂĄ viveu bastante nas bocas, original ĂŠ algo que acaba de nascer.â€?
Seja comum Escolha uma foto qualquer Pegue suas revistas e livros, novos e antigos, e vĂĄ Ă‹ DBĂŽB EF VNB JNBHFN RVF TFKB JOUFSFTTBOUF %Ă? QSFGFSĂ?ODJB B BMHP DPNVN F DPOIFDJEP EF UPEPT "MĂ?N EJTTP FTDPMIB BMHP RVF TFKB WJĂˆWFM F QPTTĂ“WFM EF TF SFQSPEV[JS 6NB GPUP EP %BWJE -B$IBQFMMF por exemplo, ĂŠ praticamente um desafio impossĂvel B OĂ?P TFS RVF B TVB DPOUB CBODĂˆSJB TFKB DIFJB EF dĂgitos...). Esta imagem comum serĂĄ a matriz do OPTTP USBCBMIP ² BUSBWĂ?T EFMB RVF JSFNPT USBCBMIBS nosso corpo e nossa mente e condicionarmos nosso PMIBS B FOYFSHBS BMĂ?N EBT BQBSĂ?ODJBT
Faça uma foto procurando copiĂĄ-la do modo mais fiel possĂvel &TUF Ă? P NPNFOUP EB BĂŽĂ?P %FWFNPT QFHBS OPTTP equipamento, pensar a imagem, produzi-la e reproduzi-la como se fĂ´ssemos fotocopiadoras.
/PTTB GPUP EFWF TF BQSPYJNBS P NĂˆYJNP RVF QVEFSNPT EB SFGFSĂ?ODJB RVF FTDPMIFNPT Repita atĂŠ conseguir um resultado satisfatĂłrio. 4FNQSF Ă? QPTTĂ“WFM NFMIPSBS VNB DĂ˜QJB $POUJOVF USBCBMIBOEP F UFOUBOEP TF BQSPYJNBS DBEB WF[ NBJT EP PSJHJOBM FTDPMIJEP /Ă?P TF EĂ? QPS TBUJTGFJUP NVJUP GBDJMNFOUF 4FNQSF IĂˆ VN EFUBMIF B TFS BQSJNPSBEP 1FĂŽB BKVEB F PQJOJĂ?P EPT BNJHPT F DPOIFDJEPT O objetivo final desta etapa ĂŠ tornar irmĂŁs gĂŞmeas a imagem de referĂŞncia e aquela que vocĂŞ produziu.
Seja original ApĂłs conseguir um resultado satisfatĂłrio, prepare-se para fazer outra foto 6GB WPDĂ? BDIPV RVF B DPJTB UFSNJOBWB OB DĂ˜QJB Pelo contrĂĄrio, era apenas um descondicionamento do seu corpo e mente. Agora ĂŠ que as coisas vĂŁo começar de verdade...
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Desta vez, interprete a foto que vocĂŞ copiou $IFHPV B IPSB EF GB[FS BT DPJTBT EP TFV KFJUP A foto anterior serĂĄ o ponto de partida de sua viagem. %FJYF B NFOUF MJWSF EF QSFDPODFJUPT F JOUFSQSFUF B imagem que vocĂŞ clonou do jeito que quiser. Seja PVTBEP QFOTF BEJBOUF OĂ?P UFOIB OFN NFEP OFN WFSHPOIB /Ă?P FYJTUFN MJNJUFT OFTUF NPNFOUP B nĂŁo ser aqueles impostos pela sua imaginação. E que devem ser rompidos neste exato momento. -FWF P UFNQP RVF GPS OFDFTTĂˆSJP F QSPEV[B quantas imagens quiser. Mas nĂŁo se esqueça que apenas uma delas vai sobreviver. Avalie com IPOFTUJEBEF RVBM EFMBT UFSĂˆ P NĂ?SJUP F QSFQBSF TF para a prĂłxima etapa...
Coloque as duas fotos uma ao lado da outra e avalie, com honestidade, de qual delas vocĂŞ gosta mais Este ĂŠ o momento de entrar em campo e sentir a
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SFBĂŽĂ?P EB UPSDJEB " PMIBS BT EVBT JNBHFOT MBEP B lado, vocĂŞ estĂĄ na posição privilegiada e Ăşnica de TFS P ĂžOJDP TFS IVNBOP EFTUF VOJWFSTP RVF DPOIFDF BNCBT NFMIPS EP RVF OJOHVĂ?N 4FKB QPSUBOUP IPOFTUP DPOTJHP NFTNP F BWBMJF TF WPDĂ? VMUSBQBTTPV B DĂ˜QJB PV TF BJOEB UFN DIĂ?P QFMB GSFOUF 4F WPDĂ? DPODMVJS RVF B DĂ˜QJB FTUĂˆ NFMIPS EP RVF P TFV original, passe para a prĂłxima seção, abaixo.
Repita o exercĂcio atĂŠ gostar mais da sua interpretação do que da cĂłpia A missĂŁo nĂŁo termina enquanto a foto que vocĂŞ DSJPV OĂ?P GPS NFMIPS EP RVF P QSJNFJSP DMPOF 4FKB inclemente e impiedoso com vocĂŞ mesmo e com suas imagens, tal qual o samurai quando puxa a FTQBEB EB CBJOIB QBSB EFTGFSJS P HPMQF GBUBM Temos um inimigo a liquidar: o mĂŠdio, o comum, P KĂˆ WJTUP ² VN JOJNJHP QPEFSPTP EP RVBM OĂ?P podemos ter piedade. Terminamos aqui a segunda dica. E desta vez
fomos vitoriosos contra um inimigo poderoso: a banalidade. JĂĄ somos bem mais foto-samurais do que imaginamos! AtĂŠ a prĂłxima! Web: www.usina-de-imagens.com
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3º¡ PASSO “Seja Mas ao messimples. o temp seja comm plexoâ€? o
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Carreira
Seja simples, seja complexo É o terceiro dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
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oshi-moshi*, foto-samurais! Bem-vindos ao terceiro passo. Neste momento, corpo e mente de cada um de vocĂŞs jĂĄ começam a dialogar em busca de imagens que traduzam aquilo que vocĂŞs querem dizer. O esforço nĂŁo ĂŠ mais puramente mental: o cĂŠrebro jĂĄ sabe que pode contar com todas as cĂŠlulas do corpo para pensar fotograficamente. Em vista disso, iniciamos uma etapa crucial, que farĂĄ muita diferença na forma de ver e pensar o mundo e, consequentemente, afetarĂĄ de forma direta as imagens produzidas. Os objetivos do terceiro passo sĂŁo: t &YFSDJUBS B NFOUF B QFOTBS FN FTUSVUVSBT WJTVBJT TJNQMFT PV DPNQMFYBT t %FTFOWPMWFS P PMIBS GPUPHSĂˆmDP B mN EF RVF este consiga discernir a estrutura subjacente em cada imagem.
Vamos falar de algo realmente complexo? Renata Schulz, scouter de uma agĂŞncia de modelos no JapĂŁo, conhece o suficiente da lĂngua e dos costumes japoneses para nos responder algo que, a princĂpio, pode soar como um paradoxo: Renata, como ĂŠ possĂvel ao povo japonĂŞs cultivar a simplicidade (wabi-sabi ) e ao mesmo tempo possuir trĂŞs alfabetos diferentes e algo em torno de 50 mil caracteres?
“Penso que a escrita japonesa pode ser definida como uma fusĂŁo, como a uniĂŁo da sensibilidade humana e a arte. Nesse sentido, os japoneses buscam a simplicidade dentro do complexo, pois escrever um ideograma japonĂŞs pode ser algo complicado, mas o ideograma em si ĂŠ de fĂĄcil compreensĂŁo.â€? Obrigado, Renata. Imagino que o ideograma e a fotografia ainda tenham muito a conversar...
Nesta altura do campeonato, vocĂŞ jĂĄ sabe que a disciplina ĂŠ essencial para se atingir bons resultados, correto? TambĂŠm jĂĄ sabe que nĂŁo FYJTUFN MJNJUFT QBSB B OPTTB WPOUBEF EF QSPEV[JS imagens que rompem o convencional. AlĂŠm EB EJTDJQMJOB Ă? OFDFTTĂˆSJP RVF IBKB B WPOUBEF DPOUĂ“OVB EF BUJOHJS SFTVMUBEPT DBEB WF[ NFMIPSFT /Ă?P FYJTUFN MJNJUFT QBSB P OPTTP PMIBS QPSUBOUP OĂ?P FYJTUFN MJNJUFT QBSB BRVJMP RVF QPEFNPT transformar em imagens fora do comum, nĂŁo ĂŠ? &OUĂ?P Ă? IPSB EF QSPTTFHVJSNPT
Seja simples
4FS TJNQMFT Ă? NVJUP DPNQMJDBEP & NVJUP EJGFSFOUF de ser simplĂłrio. Alcançar a simplicidade significa destacar e manter apenas o essencial, sem prejuĂzo do que queremos dizer. Significa tambĂŠm força e capacidade de entendimento que vĂŁo alĂŠm do usual. Façamos, por um instante, um voo rasante pela terra EPT TBNVSBJT EF POEF WPMUBSFNPT DPN B QBMBWSJOIB DIBWF BCBJYP
䞘 寂 Wabi-sabi
7BNPT SFMFNCSBS BRVJMP RVF WJNPT IĂˆ BMHVNBT FEJĂŽĂœFT " FYQSFTTĂ?P KBQPOFTB wabi-sabi, sem similar ou tradução direta em nossa lĂngua, representa alguns conceitos diferentes, entre eles: t #FMF[B JNQFSGFJUB QSPWJTĂ˜SJB F JODPNQMFUB t " CFMF[B TF NBOJGFTUBOEP BUSBWĂ?T EP despretensioso, simples, inacabado e transitĂłrio. &TUFT TFSĂ?P OPTTPT HVJBT BP MPOHP EFTUF FYFSDĂ“DJP
Simples nĂŁo ĂŠ simplĂłrio Enquanto ser simples ĂŠ buscar a essĂŞncia, ser simplĂłrio Ă? mDBS OP NFJP EP DBNJOIP 2VBOUP NBJT simples o resultado final que desejarmos, mais DPNQMFYP TFSĂˆ PCUĂ? MP &N DPNQFOTBĂŽĂ?P TF GPSNPT vitoriosos, teremos conseguido captar a essĂŞncia de algo, o que nos permitirĂĄ, sem sombra de dĂşvida, mostrĂĄ-la de forma que todos entendam.
Complexo nĂŁo ĂŠ complicado Esta ĂŠ uma confusĂŁo tĂpica. Segundo o dicionĂĄrio, complexo ĂŠ aquilo que encerra muitos elementos ou partes, enquanto complicado significa algo difĂcil de compreender. Vou tentar colocar a questĂŁo do meu ponto de vista: para mim, complicado ĂŠ tudo aquilo que ainda estĂĄ muito longe da “perfeiçãoâ€?.
“Ser simples nĂŁo ĂŠ 0V TFKB OĂ?P IĂˆ OBEB EF JOUFSFTTBOUF FN TF produzir tal resultado. Por outro lado, o mundo Ă? DPNQMFYP F DBCF B OĂ˜T USBEV[JS B SFBMJEBEF FN JNBHFOT TFN DPNQMJDBS PV EFJYBS EĂžWJEBT %JSJB RVF DPNQMJDBS EFTWBMPSJ[B P TFV USBCBMIP FORVBOUP RVF TJNQMJmDBS NFTNP RVF FTUF TFKB DPNQMFYP P torna mais valioso.
O exercĂcio $IFHPV B IPSB EF DPMPDBSNPT FN QSĂˆUJDB UPEB FTUB teoria aparentemente complicada. Estas sĂŁo as FUBQBT EP FYFSDĂ“DJP UĂ?P TJNQMFT RVF OĂ?P OFDFTTJUBN EF FYQMJDBĂŽĂ?P t 1SPDVSF VN PCKFUP Ă‹ TVB WPMUB RVF OĂ?P TFKB OFN atraente, nem bonito, nem interessante. t $POUFNQMF QPS BMHVN UFNQP FTUF PCKFUP BUĂ? TFOUJS o que nele incomoda. t "HPSB DPOUFNQMF P OPWBNFOUF F QSPDVSF OFMF BMHP que agrade vocĂŞ.
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ser simplĂłrio. Ser simples significa alcançar a essĂŞnciaâ€? t 'BĂŽB VNB GPUP SFTTBMUBOEP BRVFMF QPOUP RVF o agrada. É importante dedicar toda a energia possĂvel a fim de produzir uma imagem muito bela, porĂŠm simples.
O exercĂcio
t (VBSEF DPN WPDĂ? P PCKFUP EP FYFSDĂ“DJP BOUFSJPS t 1SPDVSF Ă‹ TVB WPMUB VN PCKFUP RVF TFKB NVJUP bonito, interessante ou prazeroso de se ver. t "HPSB KVOUF PT EPJT PCKFUPT BDJNB FN VN GPUP TĂ˜ EFJYBOEP CFN DMBSB B QPMBSJEBEF FOUSF FMFT t 'BĂŽB RVBOUBT GPUPT GPSFN OFDFTTĂˆSJBT MFWF BT UFOUBUJWBT BP FYUSFNP Neste momento partimos para a segunda etapa do t 4Ă˜ JOUFSSPNQB RVBOEP DPOTJEFSBS B GPUP nosso treinamento. JĂĄ sabemos como lidar com o realmente satisfatĂłria. TJNQMFT JSFNPT QSBUJDBS P DPOIFDJNFOUP BERVJSJEP Terminamos aqui a terceira dica. Aprendemos QBSB QSPEV[JS BMHP DPNQMFYP "P NFTNP UFNQP FN a lidar com a essĂŞncia da imagem, aquilo que a RVF EFTFOWPMWFSFNPT OPTTB IBCJMJEBEF FN DSJBS DPOFYĂœFT FOUSF DPOUFYUPT EJTUJOUPT TFN BCSJS NĂ?P EF define e tambĂŠm a torna especial. "HVBSEP WPDĂ?T OP QSĂ˜YJNP QBTTP DPOTFHVJS DSJBS VNB GPUP MJOEB F RVF FYQSFTTF DPN muita precisĂŁo aquilo que queremos dizer. 4JHB Ă‹ SJTDB P FYFSDĂ“DJP B TFHVJS MFNCSBOEP RVF J. C. França ĂŠ fotĂłgrafo publicitĂĄrio, pioneiro no Brasil raramente conseguimos bons resultados na primeira em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens tentativa. E que todo samurai que se preze passa a de realidade virtual de objetos e panoramas. vida treinando... Web: www.usina-de-imagens.com
Seja complexo
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
4º¡ PASSO “Seja Mas ao mehsumilde. mo tempo seja arrog anteâ€?
*Moshi-moshi = “AlĂ´â€? ao telefone em japonĂŞs
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Foto-samurai em 10 passos
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TALENTO
Carreira
Seja humilde e arrogante É o quarto dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
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hayoˉ gozaimasu*, foto-samurais! Bem-vindos ao quarto passo. É quase certo que cada um de vocês, após acompanhar com disciplina e afinco as etapas anteriores, já se sente dono de um outro olhar. Mais seguro, objetivo, preciso e elegante. É natural que seja assim. Mas é importante compreender que ainda estamos a menos da metade de nossa caminhada. E que ainda há muito a se desenvolver. De todo modo, a cada etapa que vencemos, nos aproximamos mais do nosso objetivo final, que é a transformação de nossos pensamentos, juntamente com a realidade que nos cerca, em imagens que revelem histórias e narrativas. O quarto passo tem como objetivos: t"NQMJBS P VOJWFSTP EP GPUØHSBGP EBOEP B FTUF B
Existe um “caminho do meio” entre a humildade e a arrogância? Foi o que perguntei a Francisco Viana – escritor, filósofo e autor do livro Marx e o Labirinto da Utopia. Recebi esta brilhante resposta:
“Sim. E este caminho se chama confiança. Quando se tem confiança em si próprio, pode-se ouvir o outro e a si mesmo sem se sentir humilde, o que pode ser negativo, no sentido de inibir a vontade de fazer. Nem arrogante, o que pressupõe a falsa crença numa superioridade impossível. Quem é confiante sabe das suas fragilidades e forças, sabe que o real saber encontra-se na vontade de aprender. Sabe que os homens existem para evoluir, progredir, avançar. Como? Tendo confiança para dizer: não sei, preciso aprender. Sei, preciso evoluir. Esse o caminho. Como posso aprender sempre? Esse o método. O humilde, pelo contrário, se sente ofuscado diante de um saber maior. O arrogante entende que sabe tudo. O ponto de equilíbrio pressupõe um exercício dialético entre o saber e o aprender para criar avanços superiores. Criar o novo, o progredir.”
consciência de um contexto de imagem muito mais amplo. t%FTFOWPMWFS B TFHVSBOÎB NFOUBM OFDFTTÈSJB BP fotógrafo, a fim de romper inibições visuais. Neste momento de nosso treinamento, existe uma tendência a nos considerarmos poderosos com nosso equipamento fotográfico. Capazes de captar cenas incríveis e de expressar toda a nossa emoção. Tal sentimento, porém, deve ser dosado com o rigor que disciplinamos nas etapas anteriores (vocês com certeza devem se lembrar o quão importante é a disciplina em nosso treinamento, não é mesmo?) Portanto, vamos nos exercitar visualmente para que possamos adquirir controle sobre nosso ego. E fazer com que este nos ajude ao invés de atrapalhar. Mãos e câmeras à obra!
Seja humilde
Atenção! Na primeira parte deste passo haverá o risco de nos sentirmos reduzidos a pó. Mas na verdade a intenção é nos posicionarmos diante deste mundo, o vasto mundo das imagens.
Vá até uma boa livraria de arte ou biblioteca, ou entre no Flickr, Instagram ou algo do gênero Não importa a origem da sua fonte de inspiração, mas sim aquilo que ela pode fornecer. Escolha aquela mais adequada às suas necessidades, ou utilize todas ao mesmo tempo; não faz diferença.
Folheie com calma e profundidade no mínimo 500 imagens diferentes É importante saturar nossos canais mentais com uma quantidade alucinante de imagens, em sequência e sem parar. Mais ou menos como ir a um banquete onde todos os pratos são muito bons e queremos provar de tudo. Tal processo dilata nossos horizontes mentais, porém cobra seu preço, como veremos a seguir.
e tantos caminhos potenciais. Este é o momento em que nossos consciente e inconsciente (além do nosso olhar) começam a sentir a necessidade de criar âncoras com o mundo visível, pois é como se estivéssemos no meio de um pesadelo visual, onde tudo é permitido mas nada possui consistência. Este sentimento de “overdose visual” será um dia coisa do passado, parte de uma etapa na sua escalada como foto-samurai. Haverá um tempo em que milhares de imagens absorvidas ao mesmo tempo não incomodarão. Mas neste momento é importante que tal fenômeno ocorra, e do modo mais intenso possível.
Pare por um instante e reflita sobre a pequenez do seu próprio trabalho "QØT B JOEJHFTUÍP QBSF F QFOTF TPCSF P TFHVJOUF fato: diante de tantas possibilidades, talentos e potenciais, como fica meu mundo? Ele parecia tão vasto, mas se reduziu a um pequeno ponto em um oceano de possibilidades. E agora, devo recorrer a um bote salva-vidas? Ou nadar no meio deste turbilhão visual? "QSPWFJUF UPEP P UFNQP EF RVF EJTQVTFS neste momento, e também nos próximos dias e horas, para refletir sobre a insignificância que podemos nos tornar diante do universo e do repertório de imagens existentes à nossa volta neste planeta. Considere como algo absolutamente normal, ao longo do processo, o surgimento de uma ligeira depressão. Isto é bom: significa que sua reflexão está fazendo efeito.
Seja arrogante
Chegamos à segunda parte do exercício. Sabemos (e sentimos na pele) que somos pequenos. Talvez até insignificantes. Mas isto irá mudar a partir deste instante. Prepare-se!
Não pare antes de se sentir com “indigestão visual”
Pare na frente do espelho e reflita no fato de que não existe outro ser, em todo o Universo, idêntico a você
Chegamos a um momento importante em nosso treinamento. Recebemos uma quantidade de informação maior do que estamos aptos a digerir mentalmente. É importante que tal sensação seja angustiante e nos provoque um certo mal-estar. Devemos nos sentir incomodados com o excesso de informação, perturbados com tantas referências
"DSFEJUP RVF FTUB FUBQB TFKB BVUPFYQMJDBUJWB F possamos tomar a frase acima como verdadeira em quaisquer circunstâncias – muito embora a física quântica possa afirmar que, em teoria, deve haver outro ser idêntico a você em algum lugar deste imenso Universo (talvez a uma distância tão grande que não conseguimos nem mesmo imaginar
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Foto-samurai em 10 passos
Š J. C. França
“Seu mundo ĂŠ pequeno diante do vasto oceano de QPTTJCJMJEBEFT "P NFTNP UFNQP Ă? ĂžOJDP F FTQFDJBMw
VĂĄ atĂŠ uma boa livraria de arte ou biblioteca, ou entre no Flickr, Instagram ou algo do gĂŞnero Mais uma vez iremos pesquisar imagens, desta vez de forma distinta da anterior.
Escolha uma imagem que vocĂŞ considere excelente De todo o repertĂłrio visual que vocĂŞ pode absorver ao longo do exercĂcio, ĂŠ necessĂĄrio que haja a escolha consciente de apenas uma imagem. Parece simples, mas nĂŁo se deixe iludir. Tal escolha pode levar algum tempo e exigir um tremendo esforço de sua parte.
Agora vå e produza uma foto que, em sua opinião, seja muito melhor É neste ponto que a unicidade da sua visão se farå WBMFS "QPJBEP OPT DPOIFDJNFOUPT BERVJSJEPT OBT
etapas anteriores, cabe ao seu olhar, neste momento, traduzir a realidade de forma Ăşnica e inesquecĂvel, em uma imagem que poderĂĄ ser lembrada ao longo de sua existĂŞncia. Considere este como um dos exercĂcios mais importantes de toda a sua vida de fotĂłgrafo. E coloque todas as suas energias para executĂĄ-lo.
aqueles que passaram pelo mesmo processo. Ufa, terminamos aqui o quarto passo! "QSFOEFNPT CBTUBOUF TPCSF B BSUF EP EJĂˆMPHP DPN os seres mais importantes de nossas vidas: nĂłs mesmos. "HVBSEP WPDĂ?T FN CSFWF
NĂŁo importa se levarĂĄ um dia ou um mĂŞs, nĂŁo pare enquanto nĂŁo conseguir finalizar este exercĂcio
J. C. França Ê fotógrafo publicitårio, pioneiro no Brasil em tÊcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com
" EJTDJQMJOB UBOUBT WF[FT FOGBUJ[BEB BP MPOHP EF nossas etapas, aqui se farĂĄ valer de forma crucial. Pois nĂŁo poderemos prosseguir sem produzir esta imagem Ăşnica e inesquecĂvel. Os prazos, neste momento, nĂŁo fazem sentido. Pois nosso intento vai alĂŠm da temporalidade. O importante ĂŠ que a imagem Ăşnica seja produzida. Para alguns isto ocorrerĂĄ rapidamente, para outros levarĂĄ um tempo enorme. Nao se preocupe, isto nĂŁo farĂĄ a mĂnima diferença. Cada um de nĂłs tem um processo Ăşnico e especial. É essencial que possamos aprender como funcionamos e qual ĂŠ a nossa velocidade especĂfica. Convido os leitores a enviarem suas imagens Ăşnicas para a seção Contato desta revista (aos cuidados de editor@fotografodigital.com.br) e compartilharem suas visĂľes especiais com todos
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
*Ohayoˉ gozaimasu = “Bom diaâ€? em japonĂŞs
o tamanho do nĂşmero de anos-luz necessĂĄrios para se chegar atĂŠ ele). Na prĂĄtica, portanto, vocĂŞ ĂŠ Ăşnico. E tal unicidade ĂŠ essencial para qualificar sua obra e sua visĂŁo do mundo, tal qual uma impressĂŁo digital. Reflita sobre este fato atĂŠ que isto se transforme em algo forte, um tĂ´nico que vai alimentar sua forma de ver e registrar o mundo visĂvel.
5º¡ PASSO “Pense no a gora; pense no futu roâ€?
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Carreira
Pense no agora e no futuro
É o quinto dos dez passos da nossa série especial que ensina a ser um foto-samurai. Por J.C.França
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Pense no agora
anzai*, foto-samurais! Bem-vindos ao quinto passo, no qual vamos começar “O ontem é apenas a recordação de hoje e amanhã, a utilizar uma variável fundamental em o sonho de hoje.” — Gibran Khalil Gibran todo o processo fotográfico: o tempo. A fotografia é a essência do instante. Para registrar o momento é preciso vivê-lo. Ou É por isso que a ênfase no aqui e agora, tão forte pelo menos estar nele. E para isso, precisamos em diversas práticas que visam aperfeiçoar o ser transformá-lo em algo da melhor qualidade. Vamos, humano (Yoga e artes marciais, por exemplo), então, eliminar de nossa vida tudo aquilo que não deveria servir de parâmetro a nós, fotógrafos. seja o melhor. Pois sem viver este momento não poderemos registrá-lo com intensidade máxima. Junte uma boa quantidade de fotos suas Por outro lado, é necessário ao fotógrafo que (no mínimo umas 500 imagens) desenvolva uma espécie de “sexto sentido” e Quantidade = Qualidade. possa pensar alguns segundos à frente, pois se Procure se cercar da maior número possível de imaginarmos nossa vida como um continuum, imagens que você tenha produzido. Recentes ou talvez este momento mágico de intensidade máxima antigas, não importa. O que vale é a quantidade. esteja apenas por acontecer – e nós precisamos estar Pois como podemos estabelecer critérios de preparados para ele. qualidade sem abundância? E como podemos estar preparados para o futuro, seja ele próximo ou distante? Uma das formas é purificar nosso olhar, manter nossa mente livre e desimpedida e, ao mesmo tempo, armazenar um estoque de informações da melhor qualidade. Precisamos, portanto, efetuar uma faxina em nossos pensamentos e nossos arquivos. O quinto passo tem como objetivos: t %FTFOWPMWFS B QFSDFQÎÍP UFNQPSBM EP GPUØHSBGP FN relação às imagens. t 1SPWPDBS P QFOTBNFOUP FN SFMBÎÍP Ë QFSNBOÐODJB transitoriedade e essência da imagem fotográfica. t 'PSÎBS B BRVJTJÎÍP EF IÈCJUPT TBVEÈWFJT FN SFMBÎÍP à catalogação e gerenciamento de imagens. Lembre-se: a fotografia sintetiza o tempo. A partir do momento em que adquirimos maior controle sobre aquilo que é e também o que pode vir a ser, nos tornamos mestres do nosso olhar. Iniciemos, pois, nossa jornada! Importante! Se você já é um praticante das etapas a seguir, este é o momento de rever seus métodos e aprimorá-los. Revise seu material existente e também o modo como o mantém. Procure alternativas para melhorar ainda mais seu sistema de catalogação.
Edite-as sem dó nem piedade Seja cruel consigo mesmo. Não aceite nada que não considere da melhor qualidade. Não tenha pena das imagens, pois elas também não pensarão em você no futuro. É importante que esta exercício seja feito em clima de total concentração, sem telefones tocando, pessoas falando ou quaisquer outros tipos de ruídos externos. Exercite o corte e a edição da mesma forma que um samurai utiliza sua espada: buscando um objetivo, sem teorizar. Seu objetivo, no caso, é ter as melhores imagens possíveis. Ao final do exercício, você pode efetuar uma variante: chame alguém da sua confiança e peça a esta pessoa para repetir a edição. Não dê a ela nenhuma dica das imagens que você escolheu. Compare os resultados e medite sobre isso.
Deixe apenas aquilo que possa ser considerado muito bom; delete o resto Após o exercício imaginário de crueldade, contemple por um instante o resultado do seu trabalho. No final, deve sobrar no máximo 1/3 do que havia anteriormente. Caso você esteja sendo muito bonzinho consigo mesmo, repita a dose e elimine mais coisas.
Pense no futuro
%F OBEB BEJBOUB QSPEV[JSNPT JNBHFOT GBOUÈTUJDBT se nos esquecermos que elas existem, ou se não tivermos acesso imediato a elas. Todos vocês já sabem de cor o quão importante é a disciplina na vida de um fotógrafo, não é mesmo? %FWFNPT QPSUBOUP PSHBOJ[BS OPTTP QBUSJNÙOJP visual da melhor e mais eficiente forma possível. Cada um de nós possui seus próprios métodos, baseados em nossa forma peculiar de organizar pensamentos e estruturas. Mas não estamos sozinhos no mundo, e muita gente antes de nós já pensou sobre a questão do gerenciamento de imagens. Neste exercício, é importante que sejamos humildes e aceitemos as regras já
Você tem medo desta tecla?
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Parece uma questão simples, não é mesmo? Na prática, nem tanto. Perguntei ao mestre Stephen Shore se, de vez em quando, ele não tem receio de jogar fora alguma imagem e, mais tarde, se arrepender. Recebi uma resposta enigmática:
“That’s not really how I edit.” Para mim, música e fotografia são almas gêmeas. Resolvi então fazer a mesma pergunta para Christianne Neves, pianista, compositora, arranjadora e diretora musical. Só que desta vez trocando edição de fotos por edição musical. Ela me disse:
“Sinceramente, no meu caso, não tenho este receio. Já fiz vários takes improvisados e que acabaram por se tornar os solos definitivos. Não edito solos, pois priorizo o espontâneo.”
Š J. C. França
Foto-samurai em 10 passos
“Adquirindo controle sobre aquilo que ĂŠ e o que pode vir a ser, nos tornamos mestres do nosso olharâ€?
Escolha um programa de gerenciamento de imagens NĂŁo pretendo influenciar sua escolha. Existem diversas alternativas para todas as plataformas. "UĂ? NFTNP P 'MJDLS Ă? VNB FYDFMFOUF FTDPMIB
Importe as imagens do exercĂcio anterior para esse programa Aqui começamos a transformar nossas estruturas mentais abstratas em resultados concretos. Nossas imagens passam a existir em um corpo, um contexto mais amplo, onde podem interagir conosco e tambĂŠm com o mundo.
Organize as imagens em grupos relevantes e que possam ser considerados permanentes Prioridades e valores são muito pessoais. Seja preciso e honesto nas suas, pois esta organização irå durar um longo tempo.
Crie tags, metadados e comentĂĄrios para todas as imagens
A partir de agora, edite suas imagens sem dĂł nem piedade
Cada imagem conta uma histĂłria. Mas como poderemos ter acesso ao enredo? Precisamos do auxĂlio da palavra. É para isso que os metadados das imagens foram criados. Seja sintĂŠtico e preciso em alguns momentos, prolixo em outros. O importante ĂŠ que vocĂŞ ou qualquer outra pessoa possa acessar a imagem certa na hora certa. Ao final desta etapa, seu trabalho passa a ter um corpo, onde cada cĂŠlula ĂŠ uma das imagens ali inseridas.
Comece a ser mais cruel em relação ao que produz. NĂŁo deixe seu olhar se intoxicar por imagens diluĂdas, e nĂŁo se deixe seduzir pela quantidade. No final das contas, o que deve prevalecer ĂŠ a qualidade.
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
6º¡ PASSO “Conte uma mas nĂŁo con histĂłria, te o finalâ€?
NĂŁo guarde nada que nĂŁo seja considerado muito bom Tal medida, alĂŠm de benĂŠfica para a sustentabilidade do planeta, ĂŠ excelente para a sua mente se manter lĂmpida e cristalina.
Adquira a disciplina e o hĂĄbito de manter seus arquivos de fotos sempre organizados Ooops, a palavrinha mĂĄgica (disciplina) de novo em ação! Assim como precisamos nos alimentar diariamente para manter nosso corpo sĂŁo, o seu corpo de imagens deve passar por manutenção periĂłdica e estar sempre organizado. NĂŁo se deixe levar pela preguiça, procure sempre pensar nos benefĂcios de tal prĂĄtica. Leves e com qualidade mĂĄxima, terminamos aqui o quinto passo! AtĂŠ muito em breve! J. C. França ĂŠ fotĂłgrafo publicitĂĄrio, pioneiro no Brasil em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL 71
*Banzai = “Viva!â€? em japonĂŞs
existentes, adaptando-as quando necessĂĄrio para o nosso padrĂŁo, porĂŠm sem desvirtuĂĄ-las. O tema “gerenciamento de imagensâ€? ĂŠ vasto. PoderĂamos escrever diversos livros a respeito. Mas nosso objetivo ĂŠ simplificar. Um samurai nĂŁo deve carregar mais peso do que o necessĂĄrio. Portanto deixo a vocĂŞ, leitor, a tarefa de pesquisar a fundo esse tema.
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Carreira
Conte uma história mas não conte o final Chegamos ao sexto dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
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oÂŻkoso*, foto-samurais! Bem-vindos ao sexto passo, onde vamos continuar nossa saga pela variĂĄvel que passou a fazer parte das nossas imagens: o tempo. A arte de contar histĂłrias... Algo tĂŁo fundamental e atĂĄvico na histĂłria do ser humano, desde o inĂcio dos tempos. Segundo alguns, a base de nossa civilização. Talvez sejamos todos contadores inatos de histĂłrias, mesmo sem saber. A narrativa percorre nossas vidas como um fio condutor, cheio de nuanças e sutilezas.
Qual ĂŠ a parte mais difĂcil na hora de se contar uma histĂłria? Desta vez a questĂŁo foi para Kelly Orasi, atriz, contadora de histĂłrias e uma das fundadoras do NĂşcleo Trecos e Cacarecos de teatro (www.trecosecacarecos.com.br):
Uma das partes mais delicadas e que exige muita atenção ĂŠ a de conduzir o fluxo imaginĂĄrio do ouvinte. O contador de histĂłrias precisa valorizar a capacidade humana de criar sua prĂłpria imagem. A escolha das palavras ĂŠ fundamental para que o fluxo imaginĂĄrio seja conduzido sem interrupçþes. Em uma narrativa oral, se o fluxo imaginĂĄrio ĂŠ interrompido, o fio da histĂłria se rompe e serĂĄ quase impossĂvel reconstituĂ-lo. Cabe ao contador descobrir a forma de conduzir a histĂłria, consciente que todo o seu repertĂłrio estarĂĄ a serviço desta. Neste caso, a sutileza ĂŠ um ingrediente indispensĂĄvel. Ele perde sua função de condutor da imaginação quando traz em sua narrativa uma poluição de gestos e recursos ilustrativos, os quais impedem o ouvinte de criar sua prĂłpria imagem. Portanto, antes de contar ĂŠ preciso ouvir a histĂłria, estar livre de ansiedades artĂsticas e pessoais para estar Ă disposição do que a histĂłria tem a dizer. Obrigado, Kelly. Que as suas palavras possam servir de inspiração para os foto-samurais deste planeta.
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A fotografia, ĂŠ claro, nĂŁo estĂĄ de fora deste processo. Pois o que ĂŠ fotografar senĂŁo contar a histĂłria daquele momento, do momento anterior ou mesmo do que irĂĄ ocorrer a partir dele? Existe aĂ um paradoxo: se as narrativas sĂŁo como florestas, a fotografia ĂŠ como uma ĂĄrvore. Como se faz para refletir o todo em cada uma das partes? Talvez aĂ resida um dos maiores e estimulantes desafios da prĂĄtica fotogrĂĄfica, aquele que nos coloca frente a frente com teorias cientĂficas e matemĂĄticas que tentam decifrar o nosso Universo, tais como a dos fractais. SerĂĄ que cada um de nossos fotogramas seria capaz de falar do todo, apesar de ser apenas uma parte? Esta ĂŠ a questĂŁo que iremos abordar desta vez. O sexto passo tem como objetivos: t %FTFOWPMWFS OP GPUĂ˜HSBGP B DBQBDJEBEF narrativa visual. t &YFSDJUBS B NFOUF OP QFOTBNFOUP F FTUSVUVSBT narrativas nĂŁo-verbais.
Os exercĂcios Cabe Ă fotografia, entre tantas outras coisas, dissecar e sintetizar o mundo visĂvel, o qual se transforma a cada instante. Nossas imagens podem e devem mostrar tal metamorfose. Vamos adiante!
ExercĂcio de aquecimento Comecemos com um alongamento mental. Vamos ver como outras pessoas contam histĂłrias atravĂŠs de imagens. VĂĄ atĂŠ a pĂĄgina de lutman123 no Flickr (http://bit.ly/etapa-6) e estude bem o ensaio 365 Year in Pictures. Imagine sĂł: um ano inteiro dedicado a contar uma Ăşnica histĂłria, que na verdade inclui outras trezentas e sessenta e cinco. Acho um excelente começo para o nosso aquecimento.
Escolha uma história para contar Esta etapa Ê essencial, pois define a linha-mestra de todo o processo. A história escolhida define, de certo modo, a personalidade daquele que resolve narrå-la. É importante escolher algo que, em sua essência, tenha relação com a nossa própria história ou represente nossos desejos e aspiraçþes. Assim, a possibilidade de colocarmos um pouco de nossa alma no processo aumenta. Tente simplificar na escolha (neste ponto, vocês jå entenderam o valor da simplicidade, não Ê mesmo?). Não adianta tentar
traduzir Guerra e Paz em imagens neste momento, pois isto vai demandar anos de trabalho. Sugiro que todos pesquisem o magnĂfico trabalho de Joan Fontcuberta (www.fontcuberta.com), fotĂłgrafo e artista conceitual. AlĂŠm da competĂŞncia visual, ele sabe escolher muito bem as histĂłrias que deseja contar. Se a histĂłria for sua, coloque-a no papel, para que esta vire um roteiro ou script.
Faça uma sequĂŞncia de imagens que traduzam a histĂłria OK, temos o roteiro definido. Hora de gerar imagens e traduzir visualmente aquilo que as palavras nos forneceram. Para isto, existem trĂŞs possibilidades diferentes: t 6UJMJ[F BT JNBHFOT PSHBOJ[BEBT OB FUBQB t 'BĂŽB OPWBT GPUPT t 6UJMJ[F UBOUP OPWBT GPUPT RVBOUP BRVFMBT KĂˆ BSNB[FOBEBT OB FUBQB Posso resumir esta parte em trĂŞs palavras: nĂŁo ĂŠ fĂĄcil. %F JOĂ“DJP B QSJNFJSB JNBHFN provavelmente serĂĄ a mais complicada de se obter. O antĂdoto para isto ĂŠ simples: fotografe qualquer coisa que vier Ă mente, mesmo que seja absurda. As primeiras imagens servem para gerar um clima EF DPODFOUSBĂŽĂ?P F QSFQBSBĂŽĂ?P QBSB B DBĂŽB %FJYF P olho fluir pelo mundo Ă sua volta, atĂŠ o momento em que ele conseguir associar os detalhes outrora insignificantes ao contexto especĂfico da sua narrativa. Em um determinado momento, de modo quase mĂĄgico, tudo aquilo que nos cerca parece servir EF SFGFSĂ?ODJB QBSB P RVF WBNPT EJ[FS %BĂ“ UVEP se torna simples, e cabe a nĂłs escolher a melhor luz e ângulo.
Edite as imagens atĂŠ que a histĂłria provoque curiosidade 'PUPHSBGBS Ă? BQFOBT B QPOUB EF VN JDFCFSH DIBNBEP contexto %F RVF BEJBOUB QSPEV[JS JNBHFOT TF FMBT nĂŁo transmitirem aquilo que nos propomos a dizer? O contexto passa a ser a nossa habilidade em atrair o espectador, chamĂĄ-lo para a nossa historinha, fazĂŞ-lo mergulhar na realidade, ficção ou ambos. Nossas imagens dependem do contexto para adquirir vida, cabe a nĂłs semeĂĄ-lo e cultivĂĄ-lo. NĂŁo seja preguiçoso. Utilize a disciplina (nossa companheira desde o inĂcio e parte indelĂŠvel de nossa postura como fotĂłgrafos) e seja persistente. Tente muitas versĂľes diferentes, atĂŠ exaurir as possibilidades. Lembre-se: sem a curiosidade dos espectadores a nossa histĂłria, por mais brilhante que seja, nĂŁo irĂĄ florescer.
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
7º¡ PASSO “Lembre-se de agora esque tudo; çaâ€?
Agora suprima as imagens que contam o final da história Vamos nos utilizar de um pequeno truque para tornar o processo mais enriquecedor e divertido. Guardaremos na manga algumas das imagens, aquelas que fecham o roteiro e são responsáveis pelo sentido de toda a história. Vamos esconder tais imagens do público, a fim de permitir que este possa utilizar sua própria criatividade e decifrar o mistério. Agora estamos prontos para encarar o resto da humanidade.
Peça para algumas pessoas tentarem adivinhar o final Consulte o maior número de pessoas possível, pedindo a elas que digam o final da história.
DYEING BIRD
A imagem de uma bela modelo ou a história da tragédia ecológica ocorrida no Golfo do México? Modelo: Aline Dullius Stylist/make-up artist: Simone Tinelli © J. C. França
Prepare-se para ser surpreendido. Tanto pelo fato de as pesssoas conseguirem conectar os pontos quanto pela possibilidade de elas criarem finais completamente inusitados. Procure anotar ou gravar o que as pessoas dizem; isto será útil mais adiante.
Se alguma destas pessoas sugerir algo diferente e original, faça novas fotos e crie esse novo final É quase certeza que irá surgir algo diferente em relação àquilo que havíamos anteriormente planejado. Nossa história terá novos e inéditos desdobramentos. É nosso papel registrá-los e criar algo que surpreenda a todos, incluindo a nós mesmos. Pois com este ato aparentemente trivial nós conseguimos entender, em profundidade e de forma quase inconsciente, a
multiplicidade de interpretações que a fotografia e as artes em geral são capazes. Abrace este novo final como se fosse criado por você. Afinal de contas, é a pura verdade: suas imagens deram origem ao contexto que provocou tal interpretação. Tenha em mente o fato de que tanto o seu final quanto aquele sugerido por um terceiro possuem exatamente o mesmo peso. Terminamos aqui o sexto passo, cheios de histórias para contar! Aguardo vocês na próxima! J. C. França é fotógrafo publicitário, pioneiro no Brasil em técnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com
*Yo¯koso = “Bem-vindo” em japonês
Foto-samurai em 10 passos
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Carreira ESQUECER... “...É como colocar uma pedra sobre o assunto. Ou a imagem” © J. C. França
Lembre-se de tudo, agora esqueça Sétimo dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
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enkidesuka*, foto-samurais? Bem-vindos ao sétimo passo, no qual iremos nos dedicar às artes da lembrança e do esquecimento seletivos. Dependendo daquilo que estamos a fazer, o esquecimento pode ser considerado um problema ou falha. Devemos nos lembrar, porém, que se não houvéssemos aprendido a esquecer ao longo da evolução, provavelmente ferveríamos nossos cérebros em um curto intervalo de tempo. Para aquele que lida com imagens, cultivar o esquecimento seletivo pode ser um excelente caminho para renovar conceitos e ideias visuais. É importante ter em mente que, obviamente, só podemos nos dar ao luxo de esquecer aquilo que lembramos. O que torna as lembranças tão valiosas quanto o ato corajoso de se livrar delas.
O sĂŠtimo passo tem como objetivos: t %FTFOWPMWFS OP GPUĂ˜HSBGP B DBQBDJEBEF EF SFOPWBS seu prĂłprio trabalho. t 'PSĂŽBS B SFDJDMBHFN NFOUBM B mN EF TF BERVJSJS novos padrĂľes visuais, intercalando-os com as referĂŞncias existentes.
Lembre-se de tudo A expressĂŁo “memĂłria fotogrĂĄficaâ€? ĂŠ bastante TJHOJmDBUJWB FN OPTTP MJOHVBKBS 4FN BEFOUSBS OP NĂ?SJUP EF TVB FYJTUĂ?ODJB PV TJHOJmDBEP DSFJP podermos considerar que a capacidade de armazenar impressĂľes do mundo visĂvel de forma nĂtida e precisa ĂŠ uma qualidade que pode e deve ser estimulada. O que ĂŠ importante para nĂłs, foto-samurais, ĂŠ lembrar que, segundo os especialistas, o armazenamento de informaçþes se dĂĄ por um encadeamento de estĂmulos multissensoriais. Mas nossa câmera nĂŁo possui o mesmo aparato nem os recursos deslumbrantes do nosso cĂŠrebro. Portanto, cabe a nĂłs transformar e sintetizar todos estes estĂmulos em algo que possa caber em uma imagem. Vamos, entĂŁo, iniciar nossa prĂĄtica!
Escolha algumas das suas fotos favoritas de outros fotĂłgrafos (pelo menos umas dez) Pare por um instante e comece a lembrar visualmente as suas fotos favoritas de outros autores. Procure projetĂĄ-las em sua mente, senti-las vĂvidas e QSFTFOUFT 'PSDF B NFNĂ˜SJB B mN EF TF MFNCSBS EP maior nĂşmero possĂvel de imagens. Depois disso, localize-as no mundo fĂsico e coloque-as Ă mĂŁo.
Coloque-as todas abertas ao mesmo tempo, de forma a poder visualizar tudo de uma sĂł vez 'BĂŽB VNB FTQĂ?DJF EF QBJOFM DPN BT JNBHFOT escolhidas anteriormente. Tanto faz se impressas ou em forma de arquivo digital na tela, o importante Ă? RVF UPEBT FTUFKBN MBEP B MBEP 4F OFDFTTĂˆSJP WĂˆ atĂŠ um local onde haja um enorme monitor (que tal um pulo atĂŠ uma loja de eletrodomĂŠsticos bacana, seguida de uma conversa com o vendedor sobre um teste de qualidade das TVs de LED para uma futura compra?). É importante que os seus olhos possam ver todas as imagens ao mesmo tempo.
Procure fotos suas que, em sua opiniĂŁo, correspondam Ă s fotos acima Esta etapa pode se tornar difĂcil ou, pelo contrĂĄrio, ser muito simples. Tudo depende da sua produção e tambĂŠm da habilidade em descobrir relaçþes TJHOJmDBUJWBT FN DPJTBT BQBSFOUFNFOUF EFTDPOFYBT %FEJRVF TF DPN BmODP B FTUF NPNFOUP NFTNP que ele provoque um pouco de “dorâ€? cerebral, semelhante Ă quela que sentimos nos mĂşsculos no dia seguinte a um exercĂcio puxado.
Coloque-as lado a lado ApĂłs a visualização da etapa anterior, ĂŠ necessĂĄrio que haja uma espĂŠcie de “jogo da memĂłriaâ€?, no qual as imagens se correspondem mas nĂŁo sĂŁo iguais. Nesta versĂŁo que inventamos do jogo, a combinação se faz entre as fotos de outros fotĂłgrafos e as suas fotos.
Dedique o måximo de energia a esta etapa e procure achar relaçþes ocultas entre as imagens. Lembre-se de que existe a grande possibilidade de as fotos de terceiros terem sido fonte de inspiração para o seu trabalho, mesmo que de forma inconsciente. Após mergulhar de cabeça nesta etapa, você irå perceber que existe toda uma gama de impressþes, sensaçþes e relaçþes as quais você nunca havia parado para refletir.
Escreva um texto para cada par de imagens, dizendo porque vocĂŞ as colocou lado a lado Para que o exercĂcio adquira força, ĂŠ importante explicar a vocĂŞ mesmo as razĂľes da escolha. Pois esta pode parecer arbitrĂĄria ou sem sentido para terceiros sem uma explicação. A partir do momento FN RVF DPOTFHVJSNPT VNB EFmOJĂŽĂ?P EP OPTTP processo mental em palavras, nĂŁo sĂł entenderemos melhor como funcionamos, como tambĂŠm estaremos aptos a explicar este processo para o mundo que nos cerca. O que nos trarĂĄ, como recompensa, enorme alĂvio e paz interior.
Esqueça-se de tudo Acabamos de passar um bom tempo no processo de expandir nossa memória. Agora faremos o contrårio: esvaziaremos o espaço e deixaremos que este seja preenchido com novas imagens e possibilidades. Parece fåcil, não Ê? Prepare-se, não Ê bem assim...
Leia os textos que você escreveu acima, vagarosamente e para si mesmo em voz alta, olhando para as imagens correspondentes &TUB FUBQB WJTB mYBS VN QPVDP NBJT B SFMBÎ�P DSJBEB anteriormente. Procure desfrutar o sabor da sua criação, as palavras que você mesmo escolheu para aquilo que Ê único e não terå similar em lugar algum.
Agora embaralhe os textos com as imagens e sorteie uma imagem e um texto ao acaso Agora vamos colocar em ação uma força poderosa. Embora pareça apenas uma brincadeira, estamos a lidar com um dos pilares da criatividade: a capacidade de criar novas e inesperadas associaçþes. O acaso Ê nosso amigo, pois ele irå permitir que desejos inconscientes ou forças randômicas, das quais não entendemos muita coisa, possam entrar em ação. Talvez um pouco parecido com a ação de ler as cartas do Tarot ou jogar moedas para consultar o I Ching.
Leia novamente o texto, olhando para o par de imagens Uma vez criada a nova associação, ĂŠ necessĂĄrio mYĂˆ MB BUSBWĂ?T EF OPWB MFJUVSB F UBNCĂ?N VN QPVDP de contemplação. Estamos a lidar com a essĂŞncia da criação, e nĂŁo apenas fazendo um exercĂcio.
Veja se consegue encontrar algum sentido entre o texto e o par de imagens Tenho certeza de que você irå encontrar não apenas um, mas muitos sentidos nas novas associaçþes.
O que ĂŠ mais simples, lembrar ou esquecer? Quem nos respondeu foi Luiz Alberto Py, renomado psiquiatra e psicanalista da Cidade Maravilhosa:
Para mim, ĂŠ esquecer. Felizmente, tenho uma pĂŠssima memĂłria. É tĂŁo bom poder esquecer e deixar as boas lembranças eventualmente fluĂrem quando fazem parte do aqui e agora... Obrigado, Py! Desejo que todos os foto-samurais que nos leem neste momento possam se inspirar em suas sĂĄbias palavras.
E que tais sentidos farão surgir novas ideias, criaçþes e desejos. Não perca tempo! Comece imediatamente a produzir imagens baseadas nestes novos insights.
ApĂłs o exercĂcio, delete os textos e imagine que vocĂŞ estĂĄ apagando de sua memĂłria todas as imagens utilizadas acima Por maior que seja a tentação de se manter nesta nova zona de conforto, ĂŠ necessĂĄrio prosseguir com o exercĂcio e excluir de nossa memĂłria todas as imagens, associaçþes e textos que utilizamos. %FTDBSUĂˆ MPT EF GPSNB FmDJFOUF F DSVFM & DPOmBS em nossa habilidade de gerar novos contextos e associaçþes no momento em que quisermos, de forma quase intuitiva. VĂĄ em frente e sinta sua memĂłria se esvaziar. Aproveite a sensação de alĂvio e paz, consequĂŞncia natural do processo. E prepare-se para fazer todo o exercĂcio novamente, durante todos os dias da sua vida, sĂł que agora de verdade... Terminamos aqui o sĂŠtimo passo, com a memĂłria “musculosaâ€? e em plena forma! Aguardo vocĂŞs na prĂłxima! J. C. França ĂŠ fotĂłgrafo publicitĂĄrio, pioneiro no Brasil em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
8º¡ PASSO “Siga a mo e fuja da moda daâ€?
DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL 69
*Genki desu ka? (guĂŞnki dĂŞss cĂĄ) = “Tudo bem?â€? em japonĂŞs
Foto-samurai em 10 passos
TALENTO
Carreira
CARPE DIEM
O efêmero transformado em permanência: eis a grande magia fotográfica
© J. C. França
Siga a moda, fuja da moda Oitavo dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
68 DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL
A
isatsu*, samurais, bem-vindos ao oitavo passo! Nossa missĂŁo de hoje ĂŠ refletir sobre um aspecto essencial da vida contemporânea e tambĂŠm da fotografia. Este aspecto pode ser tanto algo que torna nossas vidas mais ricas e agradĂĄveis quanto um tormento fĂsico, social e mental. O fato: seguimos determinadas regras (Ă s vezes sutis ou invisĂveis) para que sejamos aceitos no meio social. Isso acaba por criar, de forma quase inconsciente, tensĂŁo e preocupação de um lado de nossos seres. Mas tambĂŠm pode trazer espasmos de criatividade e tornar tudo agradĂĄvel por algum tempo – ou seja, atĂŠ que mude a moda! A fotografia, ĂŠ claro, nĂŁo poderia ficar de fora deste processo. Pois o pĂŞndulo que rege os gostos e preferĂŞncias do mundo se aplica a quase tudo Ă nossa volta.
Nossos objetivos como fotĂłgrafos de olhar independente e imparcial se manifestam em duas frentes: t 'B[FS DPN RVF UBJT PTDJMBĂŽĂœFT EF HPTUP F GPSNB OĂ?P afetem nosso conteĂşdo de modo irreversĂvel. t 5SBCBMIBS QBSB RVF QPTTBNPT GVHJS EP SJTDP EB ditadura que a moda pode nos impor. O oitavo passo tem como objetivos: t 'PSĂŽBS B SFnFYĂ?P TPCSF FTUJMPT F UFOEĂ?ODJBT t%FTFOWPMWFS B TFHVSBOĂŽB NFOUBM EP GPUĂ˜HSBGP para romper com estilos e tendĂŞncias de forma consciente.
Siga a moda
Tente achar pontos em comum entre as imagens As cores e formas irĂŁo, inevitavelmente, seguir um padrĂŁo comum em cada estação. Procure descobrir onde estes pontos se manifestam nas imagens que estĂŁo sendo visualizadas; tente entender o nĂvel de sutileza com que os padrĂľes sĂŁo FYQPTUPT PV JNQPTUPT A partir do momento em que as imagens passarem a ter pontos em comum, nosso FOUFOEJNFOUP EP DPOUFYUP JSĂˆ TF UPSOBS NVJUP mais amplo. Seremos capazes de reproduzir tais padrĂľes em nosso prĂłprio trabalho, mesmo que de forma inconsciente.
Tente entender se tais pontos em comum tornam a imagem mais interessante Munidos do conhecimento que adquirimos acima, estamos aptos a ir alĂŠm em nossa jornada. Pois agora utilizaremos aqueles elementos que a moda OPT EJUPV FN OPWPT DPOUFYUPT NBJT QSPGVOEPT e atemporais. Criaremos nosso espaço amplo dentro deste mundinho. E para isto utilizaremos os elementos visuais como blocos de montar. Antes disso, porĂŠm, precisamos fazer a lição de casa: adquirir um entendimento aprofundado dos pontos que unem as imagens de diferentes origens, fotĂłgrafos, revistas e produtores. NĂŁo siga adiante sem estar de pleno domĂnio deste conhecimento.
Fuja da moda
É possĂvel ignorar a moda? Fiz essa pergunta a duas profissionais que dependem inteiramente das suas caprichosas idas e vindas. Tive sim e nĂŁo como resposta.
Sim, ĂŠ 100% possĂvel ignorar a moda: basta ter um tanque de problemas fundamentais para resolver a cada dia. Siva Rama Terra, makeup designer
NĂŁo. Por mais abstraĂda que seja a pessoa, a moda ĂŠ onipresente e no mĂnimo desperta curiosidade. MaitĂŞ Chasseraux, figurinista Obrigado a ambas.
OFTUF QSPDFTTP 5BMWF[ BUĂ? BDBCF QPS EFTDPCSJS BMHP que atravessa todas as ĂŠpocas e muda apenas a forma de se manifestar...
Tente abstrair as tendĂŞncias da moda e ver o que resta de essencial nas imagens mais interessantes Ao descobrir a essĂŞncia destas imagens, aparentemente guiadas pelo ciclo da moda e do mercado, estamos dando a nĂłs mesmos a oportunidade de entendermos nossa prĂłpria personalidade fotogrĂĄfica. E de criarmos a simbiose entre aquilo que esperam de nosso trabalho e o que OĂ˜T SFBMNFOUF EFTFKBNPT FYQSFTTBS É muito importante que, ao voltarmos Ă superfĂcie depois deste mergulho nas imagens, possamos trazer conosco a pesca: um entendimento amplo de como o processo funciona e de como podemos utilizĂĄ-lo a nosso favor. Continue mergulhando, atĂŠ que o entendimento possa vir Ă superfĂcie. Quando isso ocorrer, haverĂĄ serenidade. E o seu olhar nunca mais serĂĄ o mesmo. 5FSNJOBNPT BRVJ P PJUBWP QBTTP EF CFN DPN B NPEB "HVBSEP WPDĂ?T OB QSĂ˜YJNB
Calma, pessoal, nĂŁo estou fazendo apologia ao consumo nem dizendo que devemos nos tornar FTDSBWPT EP RVF PT PVUSPT QFOTBN 0 FYFSDĂ“DJP tem como finalidade desenvolver o “faroâ€? para as tendĂŞncias. Precisamos estar sempre preparados para aquilo que irĂĄ surgir como padrĂŁo estĂŠtico ou de comportamento, pois mesmo que nos achemos imunes Ă s mudanças induzidas pela moda, por ela seremos inevitavelmente influenciados.
Muito bem, vejo que vocĂŞ chegou atĂŠ aqui! Isso significa que adquiriu o pleno domĂnio daquilo que conversamos no tĂłpico anterior. &YJTUF VNB EJGFSFOĂŽB TJHOJmDBUJWB FN TVB WJTĂ?P do mundo neste momento. E que serĂĄ muito ĂžUJM OBT QSĂ˜YJNBT FTUBĂŽĂœFT o RVBOEP B NPEB inevitavelmente, se transmutarĂĄ. Pois vocĂŞ serĂĄ capaz de apreender rapidamente aquilo que estĂĄ por vir, utilizando tais elementos para contar a sua histĂłria.
Procure folhear o maior nĂşmero possĂvel de revistas recentes com fotos sofisticadas
Procure folhear o maior nĂşmero possĂvel de revistas antigas, de dĂŠcadas atrĂĄs
&YJTUF VN EFUFSNJOBEP FTUBEP EF FTQĂ“SJUP JOEV[JEP QFMP DPOTVNP FYDFTTJWP EF JNBHFOT OP RVBM P nosso cĂŠrebro começa a elaborar seus parâmetros de valores baseado apenas nas memĂłrias mais SFDFOUFT " JOUFOĂŽĂ?P EFTUF FYFSDĂ“DJP Ă? JOEV[JS FTUF estado, fazendo com que possamos ver o mundo com os Ăłculos das tendĂŞncias e formas atuais. 1SPDVSF NFSHVMIBS EF DBCFĂŽB OP FYFSDĂ“DJP F absorver cada nuança e detalhe, as cores e formatos, as relaçþes entre as partes e o todo. Amplie o FYFSDĂ“DJP DPN VNB WJTJUB B MVHBSFT CBEBMBEPT WFKB como as pessoas se vestem, as cores que utilizam e os acessĂłrios que carregam. Procure pensar o mundo sob uma perspectiva FTUSFJUB DPNP TF UVEP RVF FYJTUJTTF GPTTF BQFOBT aquilo que a moda ditou nesta estação. 'BĂŽB P FTGPSĂŽP RVF GPS OFDFTTĂˆSJP QBSB entender como a fotografia traduz esta perspectiva. 5PSOF P TFV NVOEP NVJUP CFMP F NVJUP FTUSFJUP por algum tempo.
Vamos acionar o tĂşnel do tempo e ver o que a moda em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens andou aprontando lĂĄ atrĂĄs... de realidade virtual de objetos e panoramas. %FMJDJF TF DPN B TFOTBĂŽĂ?P EF EFDBEĂ?ODJB F Web: www.usina-de-imagens.com nostalgia que as revistas e livros antigos podem nos proporcionar. Mergulhe no olhar e nos sentimentos daqueles que julgavam estar fazendo algo sofisticado e importante na ĂŠpoca. Sinta o efĂŞmero em toda a sua plenitude. 1SBUJRVF FTUF FYFSDĂ“DJP BUĂ? DPOTFHVJS FGFUJWBNFOUF viajar mentalmente para qualquer outra ĂŠpoca da histĂłria da moda.
Tente achar pontos em comum entre as imagens antigas e aquelas das revistas atuais Chegou o momento de juntar os pontos e aliar a subjetividade do presente (pois ĂŠ muito difĂcil nos abstrairmos daquilo que ocorre neste momento) com aquilo que um dia jĂĄ foi dominante. 5FOIP DFSUF[B RVF WPDĂ? UFSĂˆ NVJUBT TVSQSFTBT
J. C. França Ê fotógrafo publicitårio, pioneiro no Brasil
NA PRĂ“XIMA EDIĂ‡ĂƒO:
9º¡ PASSO “NĂŁo expliq u deixe-a falare sua foto, sozinhaâ€?
DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL 69
*Aisatsu ćŒ¨ ć‹ś = “Saudaçþes!â€? em japonĂŞs
Foto-samurai em 10 passos
TALENTO
Carreira
Não explique sua foto, deixe-a falar sozinha
NA PRÓXIMA EDIÇÃO:
10º· PASSO “Evite o Photosh até onde for pos op sível”
Nono dos dez passos para ser um foto-samurai. Por J.C.França
64 DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL
Y
oi gogo*, samurais, bem-vindos ao nono passo! Nossa tarefa, desta vez, ĂŠ fazer com que nossas fotos adquiram vida prĂłpria. E assim possam falar sem necessitar de tradutores. Parece fĂĄcil, nĂŁo ĂŠ? A boa notĂcia: realmente ĂŠ fĂĄcil. É claro que, se nĂŁo conseguirmos transformar nossas imagens em discurso sem precisarmos de palavras, isso provavelmente significa que talvez seja a hora de arquivĂĄ-las e pensar em novas imagens ou formas de expressĂŁo. Portanto, a missĂŁo que nos cabe ĂŠ condensar, em cada imagem, a maior quantidade possĂvel de informação (lembrando sempre do princĂpio da simplicidade), para que o discurso desta possa ser tĂŁo forte que nĂŁo necessite de nossa intervenção e paternalismo.
Como falar sem usar palavras? Fiz a pergunta a Marialena Maggi, terapeuta holĂstica, pesquisadora e professora de geometria sagrada. Eis sua resposta (excepcionalmente por palavras):
“Aprendendo a usar o ouvido interior e reconhecer que todo som, cor e pensamento tĂŞm uma frequĂŞncia vibratĂłria que pode ser interpretada desde o ponto central do nosso ser: o coração.â€?
O nono passo tem como objetivos: t %FTFOWPMWFS OP GPUĂ˜HSBGP P FOUFOEJNFOUP EP QSPDFTTP OĂ?P WFSCBM Sentiu a diferença entre ser escravo de suas inseguranças t 'PSĂŽBS B NFOUF B QFOTBS FN UFSNPT OĂ?P WFSCBJT (e consequentemente dever explicaçþes a todos que o cercam) e o estado Zen da indiferença e confiança supremas? SĂŁo situaçþes muito distintas. Espero que o grito de liberdade tenha funcionado e vocĂŞ esteja pronto para o prĂłximo ato, que ĂŠ... Talvez seja conveniente repetir o tĂtulo acima, com um pouco mais de ĂŞnfase:
NĂŁo explique sua foto
NĂŁo explique sua foto! Estamos entendidos? Ou ĂŠ melhor dizer mais uma vez?
NĂŁo explique sua foto!
Š J. C. França
Só para confirmar, estamos de acordo quanto à frase anterior? Eu sei, a tentação Ê grande. Quando exibimos nosso trabalho e recebemos – por alguma fração de segundo que seja – um silêncio denso e misterioso por parte do interlocutor, nossa primeira reação Ê tentarmos nos exprimir verbalmente em relação àquela imagem. No exato momento em que abrimos a boca ou escrevemos a respeito de nosso trabalho, roubamos do espectador toda e qualquer chance de enriquecer nosso trabalho e entendimento do mundo. Aguarde sempre a manifestação do público – mesmo que esta seja muda. Não existe nada mais eloquente do que um denso silêncio, compartilhado entre dois ou mais seres humanos.
Prometa a vocĂŞ mesmo que NUNCA MAIS irĂĄ tentar explicar uma foto sua para alguĂŠm Devemos partir do pressuposto de que nĂŁo somos crĂticos de arte e sim fotĂłgrafos. Portanto, nĂŁo cabe a nĂłs explicar a imagem, mas sim criar e mostrar ao mundo o fruto de nossa visĂŁo. Delegue esta tarefa; existem incontĂĄveis pessoas no mundo esperando pela chance de comentar ou criticar seu trabalho.
Repita a frase abaixo Chegou o momento de liberação suprema! Repita a frase abaixo, a plenos pulmþes e com muita consciência e intensidade:
Nunca mais explicarei minhas fotos para alguĂŠm!
Brinque com sua liberdade
Agora ĂŠ o momento de se divertir com sua independĂŞncia em relação aos rĂłtulos, estereĂłtipos e inseguranças. Escolha uma de suas fotos favoritas e crie trĂŞs descriçþes/ explicaçþes diferentes para ela. Todos os textos devem ser sem sentido ou confusos e emaranhados. Por exemplo, para a foto que acompanha esta matĂŠria, poderĂamos criar algo como: “A representação pictĂłrica dos cĂrculos concĂŞntricos em sobreposição aos quadrados e retângulos define a tentativa humana de se encaixar o cosmos dentro dos estritos padrĂľes semiĂłticos que caracterizam o pensamento ocidental, principalmente dentro da contemporaneidade pĂłs-moderna, a qual permeia nossa intuição ao se manifestar em locais inesperados.â€? Agora imprima trĂŞs etiquetas, cada uma delas contendo uma das descriçþes; coloque-as ao lado da imagem e faça uma minipesquisa com amigos e conhecidos. Pergunte a eles qual dos trĂŞs rĂłtulos representa a foto que estĂĄ Ă frente deles. Repita a brincadeira o maior nĂşmero de vezes possĂvel. Se quiser tornar as coisas ainda mais interessantes, escolha outras fotos e utilize nelas as etiquetas jĂĄ criadas. E sinta na pele como ĂŠ divertido e absurdo tentar explicar seu prĂłprio trabalho...
Deixe-a falar sozinha Se vocĂŞ chegou atĂŠ aqui, significa que conseguiu se libertar definitivamente da prisĂŁo do verbo. E que estĂĄ seguro a ponto de contar apenas com as suas fotos e aquilo que elas estiverem aptas a expressar. A partir desta situação, a qual pode parecer um pouco solitĂĄria, estamos aptos a enxergar toda a planĂcie e focalizar nossa visĂŁo para o essencial, aquilo que realmente importa e faz diferença. Daqui por diante, lembre-se que boas explicaçþes servem apenas para sufocar a sua visĂŁo do mundo. A qual vale muito mais do que apenas mil palavras. E curta a paz do silĂŞncio eloquente. Terminamos aqui o nono passo – econĂ´micos com as palavras, mas ricos de significado! Aguardo vocĂŞs para a Ăşltima e definitiva etapa! J. C. França ĂŠ fotĂłgrafo publicitĂĄrio, pioneiro no Brasil em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL 65
*Yoi gogo, subete no = “Boa tarde a todos!â€? em japonĂŞs
Foto-samurai emem 1010 passos Foto-samurai passos
TALENTO
Carreira
Evite o Photoshop atĂŠ onde for possĂvel ÂŽ
Último passo para ser um foto-samurai. Por J.C.França
S
ayonara*, jovens samurais! É com alegria e ligeira melancolia que me despeço de vocĂŞs, ao escrever o derradeiro elemento desta longa jornada. Bem-vindos ao dĂŠcimo passo! Nossa caminhada de hoje vai abordar a ferramenta contemporânea mais poderosa de todo o universo das imagens, depois dos nossos olhos: o software de tratamento de imagens. Podemos comparĂĄ-lo a uma espada Jedi, tal o seu poder de salvar ou destruir aquilo Ă sua frente. Milhares de pĂĄginas e documentos digitais jĂĄ foram escritos sobre o uso do Photoshop. Outras milhares ainda virĂŁo ao mundo. Somadas, equivalem a toneladas de papel e terabytes de espaço em disco. Nossa tarefa, portanto, ĂŠ transitar nesta selva de informação como verdadeiros fotosamurais, utilizando os atalhos que tornem nosso caminho mais simples e eficiente. NĂŁo serĂĄ possĂvel escrever um tratado ou manual sobre a manipulação de imagens. Apenas irei enfatizar alguns poucos tĂłpicos de interesse comum, e que podem agregar qualidade Ă imagem. Nosso objetivo ĂŠ produzir imagens que falem aos olhos e ao coração; em nenhum momento desejamos mostrar virtuosismo no uso das ferramentas, pois o resultado do nosso trabalho jĂĄ traz, implĂcito, tal caracterĂstica. O resultado final de uma imagem manipulada, quando bom, se equipara Ă carreira do melhor espiĂŁo do mundo. NinguĂŠm jamais saberĂĄ quem ele foi, pois sua missĂŁo era justamente ficar oculto. No uso do Photoshop aplica-se esta mesma regra: O bom resultado ĂŠ aquele onde a manipulação nĂŁo ĂŠ cogitada e nem chama atenção. O dĂŠcimo passo tem como objetivos: t %FTFOWPMWFS OP GPUĂ˜HSBGP P IĂˆCJUP EF QFOTBS a imagem como processo autĂ´nomo. t &YFSDJUBS IĂˆCJUPT TBVEĂˆWFJT OP VTP EBT ferramentas de edição de imagens.
Photoshop: cuidado ao abrir! NĂŁo conheço ninguĂŠm que ande com a lâmina de um canivete suĂço aberta em seu bolso. Se tal fato acontecer, ĂŠ quase certo que irĂĄ se machucar. %P NFTNP NPEP BP VUJMJ[BSNPT FTUF WFSEBEFJSP canivete suĂço da imagem digital, precisamos tomar algumas precauçþes. O Photoshop ĂŠ uma ferramenta fantĂĄstica. Pode transformar qualquer usuĂĄrio em semideus. Mas tambĂŠm pode levar sua reputação Ă ruĂna. Como toda ferramenta poderosa, deve ser utilizada com muito cuidado. 74 DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL
Pontos crĂticos do Photoshop Unsharp Mask O sensor de imagem da sua câmera nem sempre trarĂĄ as imagens com a resolução ou qualidade desejadas. Nossa intervenção ĂŠ importante para ajustar o contraste relativo das bordas e superfĂcies dos elementos de nossa imagem e, consequentemente, obter um efeito de nitidez. É necessĂĄrio, contudo, ser cuidadoso em tais ajustes. Pois esta mĂĄscara, se mal aplicada, pode destruir a imagem. t 1SPDVSF TFNQSF RVF QPTTĂ“WFM NBOUFS P "NPVOU (intensidade) entre 70 e 150. Utilize-o seletivamente em close-ups e rostos (ajustando apenas os olhos, MĂˆCJPT F DBCFMPT QPS FYFNQMP t $VJEBEP DPN P WBMPS EP 3BEJVT SBJP EP FGFJUP acima de 1.3 pode estragar a imagem). t 6UJMJ[F VN 5ISFTIPME MJNJBS EF OP NĂ“OJNP
Filtros e efeitos “charmososâ€? A tentação de se utilizar plug-ins e filtros de nomes sedutores ĂŠ grande. Mas lembre-se que a imagem deve ser mais forte do que os seus penduricalhos.
t 6UJMJ[F PT BQFOBT TF BDSFTDFOUBSFN WBMPS Ë JNBHFN t +BNBJT PT VUJMJ[F HSBUVJUBNFOUF t 2VBOEP FTUJWFS TP[JOIP QPS�N VTF F BCVTF EFMFT para sentir as diferenças de resultados. t .BT EFMFUF UPEPT OP mOBM t 1SPNFUB B TJ NFTNP O�P NPTUSBS PT UFTUFT para ninguÊm.
Ajustes de cores 2VBOEP JOJDJFJ NJOIB KPSOBEB EJHJUBM FN o ajuste e calibragem de câmeras, monitores e impressoras era equivalente a um pesadelo recorrente. Hoje tudo ficou mais fĂĄcil. Mesmo assim, nĂŁo devemos nos esquecer da diferença entre o NPOJUPS iDBMJCSBEPw QBSB BTTJTUJS B %7%T F BRVFMF utilizado para anĂĄlise do material fotogrĂĄfico antes da impressĂŁo grĂĄfica. SĂŁo duas realidades muito distintas e de parâmetros bem distantes um do outro. t 4F P TFV NPOJUPS OĂ?P UJWFS VN NĂ“OJNP EF calibragem, esqueça! t 1SPDVSF PMIBS QBSB B JNBHFN QPS QPVDP UFNQP e descansar os olhos em algum ponto distante. t "KVTUBS B DPS Ă? UĂ?P EJGĂ“DJM PV GĂˆDJM RVBOUP reconhecer bons vinhos. t 5FOIB QBDJĂ?ODJB F OĂ?P FTQFSF SFTVMUBEPT B curto prazo.
â€œĂ‰ melhor nĂŁo usar o Photoshop numa imagem do que usĂĄ-lo de forma inconsequenteâ€? Interpolação Muitas vezes nossa foto precisa se transformar em um pĂ´ster. Ou talvez seja necessĂĄrio aproveitar uma pequena parte da imagem, o que implica em ampliĂĄMB GPSĂŽBOEP PT QJYFMT B GB[FS BMHP QBSB P RVBM OĂ?P GPSBN QSPKFUBEPT &YJTUFN QMVH JOT NVJUP FmDJFOUFT para nos ajudar nesta hora. Mas, de todo modo, ĂŠ importante considerarmos a necessidade de se ampliar um arquivo “na unhaâ€?. t .VJUP DVJEBEP BP BNQMJBS B JNBHFN $BTP QSFDJTF realmente aumentĂĄ-la, aplique o Unsharp Mask somente no final. t 1PEF TFS NFMIPS BNQMJBS FN FUBQBT EP RVF VNB WF[ TĂ˜ 1PS FYFNQMP TF QSFDJTBS BNQMJBS B JNBHFN FN FYQFSJNFOUF GB[FS USĂ?T BNQMJBĂŽĂœFT EF
MĂĄscaras e recortes Aqui separamos o joio do trigo. Se vocĂŞ jĂĄ precisou recortar uma figura humana de uma paisagem, ou se jĂĄ passou pela tortura de recortar uma ĂĄrvore, vai entender do que estou falando. É no recorte que o foto-samurai revela boa parte de sua destreza, habilidade e paciĂŞncia. t " CPB NĂˆTDBSB PV SFDPSUF Ă? EFNPSBEB t 4FNQSF TF VTB B DBOFUJOIB DPN FYDFĂŽĂ?P EP cabelo, mas isto ĂŠ outra longa histĂłria). t 2VBMRVFS USVRVF QBSB UFOUBS HBOIBS UFNQP &YUSBDU QPS FYFNQMP TĂ˜ WBJ UPSOBS P TFV trabalho inferior. t -FNCSF TF RVF QBSB GB[FS VN CPN SFDPSUF EF cabelo ĂŠ necessĂĄrio praticar muito, muito mesmo.
Uma fĂĄbula &ODFSSP OPTTP ĂžMUJNP QBTTP DPN VNB TVQPTJĂŽĂ?P & QFĂŽP B UPEPT RVF SFnJUBN TPCSF FMB TFNQSF RVF apertarem o disparador. *NBHJOF RVF OFTUF FYBUP NPNFOUP P QSPHSBNB EF NBOJQVMBĂŽĂ?P EF JNBHFOT NBJT QPQVMBS EP NVOEP TVNJV EFTUF QMBOFUB 0T NPUJWPT OĂ?P OPT JOUFSFTTBN NBT TJN BT DPOTFRVĂ?ODJBT 0 RVF WPDĂ? GBSJB "UĂ? RVF QPOUP TVB WJEB QBTTPV B EFQFOEFS EFMF 2VBJT TFSJBN BT BMUFSOBUJWBT 5FOUFJ JNBHJOBS VN NVOEP TFN 1IPUPTIPQ F OĂ?P DPOTFHVJ $IFHVFJ Ă‹ DPODMVTĂ?P EF RVF BT JNBHFOT QPEFN TFS UĂ?P WJDJBOUFT RVBOUP RVBMRVFS PVUSP DBVTBEPS EF WĂ“DJP /FTUF DFOĂˆSJP EFTPMBEPS POEF QBTTB B TFS JNQPTTĂ“WFM FTDPOEFS PV SFBMĂŽBS BUSJCVUPT DPSFT F GPSNBT B JNBHFN QBTTB B EFQFOEFS TPNFOUF EF TJ NFTNB FN VN QSJNFJSP NPNFOUP 3FTUBN BP DSJBEPS EVBT BMUFSOBUJWBT t 1SPEV[JS P NFMIPS PSJHJOBM QPTTĂ“WFM t "DFJUBS B WJEB DPNP FMB Ă? NVEBOEP BTTJN P QBSBEJHNB FTUĂ?UJDP EB IVNBOJEBEF ² NVJUP QSPWĂˆWFM RVF OB BVTĂ?ODJB EP OPTTP FEJUPS EJHJUBM EF JNBHFOT BMHVOT DPNFĂŽBTTFN B DSJBS PVUSPT UJQPT EF NBOJQVMBĂŽĂ?P VUJMJ[BOEP TQSBZT FTUJMFUFT MĂˆQJT DBOFUBT BOJMJOBT FUD 'PUPDPMBHFN GPUPNPOUBHFN F DPJTBT EP HĂ?OFSP %JBOUF EJTUP UFSĂ“BNPT EPJT OPWPT DBNJOIPT t "MHVĂ?N DIFHBSJB Ă‹ DPODMVTĂ?P EF RVF WJWFNPT CFN
melhor sem manipular a imagem. t 0VUSPT BDIBSJBN RVF P RVF NVEB Ă? B SFMBĂŽĂ?P DPN B SFBMJEBEF FTUF JOFGĂˆWFM TVCTUBOUJWP RVF QFSTFHVF PT GPUĂ˜HSBGPT 5BMWF[ EFQPJT EF BMHVOT BOPT BMHVĂ?N DSJBTTF VN OPWP QSPHSBNB DPN OPWPT NĂ?UPEPT EF NBOJQVMBĂŽĂ?P EB JNBHFN &TUF QSPHSBNB JSJB TF UPSOBS DBEB WF[ NBJT TPmTUJDBEP F WPMUBSĂ“BNPT B UFS BMHP DPNP P RVF UFNPT IPKF 0V UBMWF[ EFTDPCSĂ“TTFNPT RVF QPEFNPT WJWFS BQFOBT DPN P SFBM F BCSĂ“TTFNPT NĂ?P EF UPEB F RVBMRVFS BSUJmDJBMJEBEF /P mOBM UFSĂ“BNPT QSPWBWFMNFOUF EPJT HSVQPT EJTUJOUPT EVBT GBDĂŽĂœFT "NCBT DPN DFSUF[B JSJBN EJTDVUJS CSJHBS F DSJBS JHSFKBT %FQPJT TVSHJSJBN TVC GBDĂŽĂœFT .BJT UBSEF BT TVC TVC GBDĂŽĂœFT & OP NFJP EF UPEB FTUB EJOÉNJDB UFSĂ“BNPT VNB Ă“OmNB QBSDFMB RVF UFSJB BQSPWFJUBEP B PDBTJĂ?P QBSB SFnFUJS TPCSF B JNBHFN OĂ?P DPNP SFTVMUBEP NBT DPNP QSPDFTTP 3FTVNJOEP OBEB UFSJB NVEBEP TFN P 1IPUPTIPQ 5FSNJOBNPT BRVJ P EĂ?DJNP QBTTP F JOJDJBNPT nossa viagem ao eterno e desconhecido mundo das imagens. Aguardo vocĂŞ por aĂ! Para fazer parte do clube, basta acessar XXX GPUPTBNVSBJ DPN CS J. C. França ĂŠ fotĂłgrafo publicitĂĄrio, pioneiro no Brasil em tĂŠcnicas de fotografia digital (desde 1995) e imagens de realidade virtual de objetos e panoramas. Web: www.usina-de-imagens.com
O que vocĂŞ faria se nĂŁo existisse o Photoshop? Fiz a pergunta a Mario Amaya, fotĂłgrafo e editor. Ele me respondeu:
“A resposta seria diferente em ĂŠpocas diversas. Em 1993, quando conheci o Photoshop, teria dito que se ele nĂŁo existisse eu inventaria meu prĂłprio software editor de imagem. Em 1999, diria que continuaria a ser desenhista em vez de fotĂłgrafo, a fim de poder criar qualquer imagem surreal que imaginasse. Hoje, digo que faria as fotos exatamente da mesma maneira sem edição no computador, pois a essĂŞncia da fotografia como a entendo hoje ĂŠ a captura precisa no instante do clique.â€? Mario, sua resposta sintetiza todos os dez passos em poucas sĂlabas. Obrigado!
DIGITAL PHOTOGRAPHER BRASIL 75
*Sayonara = “Adeusâ€? em japonĂŞs
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