ARThetic - Edição 01

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´ Sumario

4. Editorial 8. Tela em branco 10. desvendART 26. Moldura 30. Pagina magica ´ ´


/editorial

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tempo nos diz muito. As vezes nos perdemos na mesmice cotidiana que somos obrigados a viver para poder lidar com nossos compromissos e aí acabamos perdendo tempo... Ou estaríamos aproveitando o tempo que temos? O tempo é um tanto quanto relativo, viajamos por um passado, pois nele encontramos as informações que precisamos. Buscamos, na atualidade, a ressignificação do que já existiu, e o que é isto senão viver em dois tempos ao mesmo tempo? A circularidade do tempo faz coisas como a arte serem difíceis de se colocar em caixinhas específicas. Elas são, ao mesmo tempo, o que passou e o que ainda será criado, pois não há atual sem passado. Não há tempo para redundâncias, para criações espontâneas. Mas isto é por que aprendemos com o que passou? Ou porque estamos todos, tal qual um coelho, conferindo incessantemente nossos relógios de bolso para nunca estarmos atrasados?

O

r it e u er n s i abb g th as hro ick d, a e J in led d t sn ead An Th hiffl urb An ent s h t ! b w w i o k e me n d , tw ad ith bac Ca A ne bl d w g ! O al an hin wo orp ad, mp e, t e v de alu th On Th t it nt g in sla m lef e we He H hou ar t t my has to y! n d ome da “A C us bjo hor fra He c

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Hugo Virgínio

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e thy th sli e in s, e. ch! the bl ove rab gim rog utg cat n d bo s o ! hat e a the ath son s t re e r my claw n we om m ck, he shu o he rw e, t n d ch!” dt bbe bit , a at ht— An Ja hat bird ersn d; soug the s t ub n d han he re aw bj Ba in oe wa e j Ju ous rd e f ree “Be Th the mi swo om t ht. re fru al nx um ug t a o , p m m wa e h e vor he Tu n t od, am od, Be Th o t i s e fl t i h o s f k h ime y t hile he s o y w too ng t e b aw ht eye lge He Lo d h ood oug th tu e i hr t h e t s t w t h res n d sh k, h t e! nd ffi woc ug am So A h a sn c o r r e t ug rnu

“Jabberwocky” (1983) - Lewis Carroll



Arte: Luiz Augusto BasĂ­lio


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A arte sempre presente

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Hugo Virgínio

xiste uma tendência na sociedade a dizer que a evolução sempre mudará totalmente a estrutura das coisas. Vemos ideias utópicas e distópicas que sempre nos colocam vivendo dentro de uma sociedade totalmente reestruturada e com quase nenhuma conexão com a atualidade. E até onde isso é uma verdade? Até isso mostra a nossa vontade de nos distanciarmos da nossa atualidade? Somos incomodados com a arte. Ela nos coloca para refletir o que estamos vivendo. Vemos, então, que o incômodo não é recebido. A verdade é que a sociedade ainda sonha com a chegada do nosso “american dream”, onde nada será capaz de abalar os valores tão bem estruturados que vivemos. Mas, a partir daqui, conseguimos ver um ponto que se repete quando falamos sobre arte. O desejo de nos manter dentro de um pa-


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E´ na arte que o homem se ultrapassa definitivamente Simone de Beavouir

drão de perfeição muito difundido pela lógica mercadológico, que sempre nos vende o que fará a nossa vida extremamente melhor, faz com que olhemos com receio para os movimentos que em teoria querem nos fazer olhar de maneira mais crítica, ou, até mesmo, o outro lado da situação. A arte é atemporal. Ela conserva ou ressignifica elementos que foram utilizados em momentos e movimentos anteriores. Ela consegue ser várias coisas simultaneamente. Agora, por que essa possibilidade de algo plural assusta tanto a sociedade? Talvez, o problema da arte seja como a sociedade a recebe. Ou talvez o tempo ainda não se tenha feito perceber. O trabalho contínuo do tempo de renovar as ideias e fazer com que reestruturemos o passado para que ele nos seja mais “agradável” faz com que as coisas, antes inaceitáveis, nos sejam totalmente plausíveis.


Arte: Luiz Augusto BasĂ­lio

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da Amanda Veloso

Reprodução/Inter net

O termo Arte Pop foi u em 1954 por Lawrence Alloway, crítico de arte. É o da na observação da sociedade. Surge na Inglaterra logo após o sionismo, desmistificando a ideia de que arte não pode ser cópia e York, nos EUA. O que era considerado brega se tornou icônico pe ma, Jasper Johns, Rosalyn Drexler, Evelyne Axell e principalmente A sa, consumismo exagerado dos norte-americanos e o culto às celebri Caracterizado por utilizar cores fortes, colagens, serigrafia, pela ide também esses objetos que estão ao redor passam a ser a principal inspira não é menos adequado para um quadro do que óleo sobre tela.” Alguma cessariamente em um processo pessoal, entre o artista e a arte. A prime sopa Campbell de diversos sabores (o que ele consumia diariamente), em Marylin Monroe imortalizada em telas serigrafadas depois do seu suicídi ao olhar repetidamente o vazio se instala. Ele gostava de Já Jasper Johns s Reprodução/Inter net

artista depois de sair do exérci envolvem a repetição da bandei é muito característico das histó Há uma grande discussão em pode ser considerada ou não ar arte é tudo aquilo que propõe um obras, e como disse o filósofo a sas obras já nos fazem refletir so sua natureza, automaticamente Nos dias atuais ainda vivemos i mento da pop arte, por exemplo: o o clipe de “This is How We Do” da marca Moschino fez uma coleção pas pop, entre outras tantas refer


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usado a primeira vez o movimento feito sobre a cultura popular, baseatérmino da Segunda Guerra Mundial, como oposição ao exprese que é apenas para um grupo seleto, e tem seu “boom” em Nova elas mãos de grandes artistas, como: Roy Lichtenstein, Yayoi KusaAndy Warhol. Traz críticas, principalmente, sobre a cultura de masidades, para dentro das galerias de arte mais renomadas do mundo. eia de que a arte deve ser acessível como uma lata de sopa ou Coca-Cola e ação dos quadros. O próprio Robert Rochenberg disse: “Um par de meias as obras eram produzidas em larga escala, e por várias pessoas e não neeira criação de Andy Warhol foram 32 quadros apenas com a imagem da m tamanho ampliado. A fascinação de Warhol pela morte fez a imagem de io, a explosão de cores e a repetição, à primeira vista parece um culto, mas e retratar como a sociedade transformava as coisas/pessoas. se aventurou como

Reprodução/Inter net

ito, e suas obras quase sempre ira americana. Esse movimento órias em quadrinhos da época. m torno da Arte Popular, se ela rte “de verdade”. Por definição, m questionamento por meio de americano Arthur Danto, se esobre o que é arte e questionar a elas já cumprem o seu papel. intensamente o legado do movio artista brasileiro Romero Brito, Katy Perry e “Bang” da Anitta , a o de roupas em 2014 com estamrências presentes nas decorações.

Reprodução/Inter

net


Arte:’ Júlio Rocha



Nem só de preto se vive o AESTHETIC Ana Luísa Medeiros


Reprodução/Internet

O Aesthetic foi um movimento artístico que ocorreu durante o Século XIX na Europa. Essa corrente valorizava o estético em detrimento dos temas sociais, ou seja, representa um pouco das mesmas tendências que o Simbolismo.

Sendo assim, o importante era a arte em si e não suas finalidades didáticas ou os valores sociais que ela poderia pregar. Por mais que o esse gênero tenha ocorrido há dois séculos atrás, ele continua bem presente nos dias atuais. A sua popularização entre os jovens do século XXI pode ser relacionada com a ascensão do Tumblr, rede social de compartilhamento de frases e fotos, que lançou muitas tendências a partir de 2009. Outra rede social que também influencia a adesão a esse estilo é o Pinterest, onde há o compartilhamento apenas de imagens, que são utilizadas para inspirar as pessoas em áreas que marca interesse.

Mas o Aesthetic sofreu com algumas transformações. Hoje, a arte vai além do preto. São utilizados tons claros, cores como verde-água, azul turquesa, rosa claro e violeta, além de utilizar de elementos que deem um teor psicodélico ao produto. Essa reformulação do movimento artístico proporcionou, inclusive, o de um ramo da fotografia que o utiliza: o Snapshot Aesthetic. As fotos, com teor conceitual, buscam retratar o cotidiano, capturando momentos comuns de qualquer pessoa. A imagem não se preocupa com imperfeições, ela realmente tenta mostrar a realidade da vida e não parece ser pensada ou composta. Outra característica “nova” atribuída a esse movimento é a montagem. Há a relação de imagens do século XIX com imagens do século XXI. Assim, coloca-se uma foto aesthetic com uma foto atual mais cult e descontraída. Isso faz com que esse gênero se torne ainda mais presente no cotidiano das pessoas modernas e aproxime a uma cultura de períodos passados, mesmo que proponha alterações nela. Com essa ascensão, há o desejo de muitos jovens corresponderem ao “modelo” apresentado na corrente. Assim, existe a tentativa de reprodução do que se vê, como uma padronização de estilos. Porém isso pode trazer a ideia de representação de um grupo social, característica que, inicialmente, o movimento não se importava. Assim, pode-se dizer que, na arte, os movimentos artísticos continuam em vigor mesmo depois de muito tempo, por mais que sofra algumas alterações dependendo do contexto social que estiver inserido. Mas, que o importante é continuar percebendo a sua importância. A arte resiste, a arte modifica. O aesthetic não é (mais) só preto.

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Arte: Júlio Rocha



Vapo

Em 2010 surge um dos ritmos que se tornou também um movimento artístico próprio. Nascido na internet, o Vaporwave se trata de nostalgia, simplicidade, sátira e melancolia. Uma forma etérea de trazer de volta elementos pretéritos, agora perdidos e distantes. Uma crítica ao capitalismo e ao consumismo, às promessas do mercado e à própria frivolidade de sua essência e construção.

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O pass no fu

Quase que de uma forma hipnótica, as artes gráficas resgatam elementos pops dos anos 80/90, mas também trazem outras representações, tanto como os bustos greco-romanos, como elementos mais próximos ao cotidiano de alguém em 2019, como marcas de roupa e de bebida. Surgiu um pouco tímido, mais encantador do que de fato crítico, seja ilustrando capas de trabalhos de artistas do nicho ou nas representações feitas pela MTV, por exemplo. O que, de toda forma, aprofundou as raízes de um movimento tão recente, permitindo sua popularização, acesso e degustação facilitada. Pudera, um estilo gerado e nutrido pela internet é tão próximo da experiência que cria no virtual um mundo onírico inexistente.

O termo Vaporwave designava so que eram anunciados apenas para car vendas, mas que nunca chega ser lançados. O Vapor desperta a e tiva pelo novo naquilo que já foi e mo nas obras de artistas como o a no Felipe Pantone, que usa de ele digitais para construir suas peças ainda é possível perceber essa redun da máquina e sua promessa de sat


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sado uturo Luiz Augusto Basílio

oftwares alavanavam a expectaé. Mesargentiementos físicas, ndância tisfação.

É uma espécie de necromancia contemporânea, um despertar de vultos que podem, inclusive, serem distantes da experiência vivida do consumidor. É tentar fazer contato, ressignificar, despertar algo que prometeu ser eterno. É usar do contemporâneo para fugir do mesmo, cercado de silêncios e artistas fantasmas. O anonimato e a mística que regem um mundo solitário e transitório, crescente e finito.

Cores pulsantes, neons ou mesmo pastéis, se amontoando em mosaicos bizarros, mas estéticos, alguns até bem organizados e minimalistas, ganham vida própria e preenchem lacunas relacionais e identitárias que nem todas as pessoas tem ciência da existência. A tecnologia encurta o tempo e aproxima o espaço, mas possui de tal forma os usuários que a sensação é de controle, não mais de imersão e escolhas.

Arte: Luiz Augusto Basílio



Arte: Luiz Augusto BasĂ­lio


Arte

digital Matheus Garcia

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Você sabe o que é uma mesa digitalizadora ou para que ela serve? A mesa digitalizadora (que existe em diversos formatos e preços) faz com que o seu traço seja transferido para o computador ao deslizar a caneta sobre a superfície da tablet. Ela também pode ser usada como mouse, mas ficou famosa no meio artístico. Isso porque ela oferece uma praticidade maior na hora de desenhar. As mesas digitalizadoras não eliminam o papel e o lápis, mas sim expandem esse universo, que já era vasto. Pois tudo está agora ao alcance do artista. Referências, cores, aplicativos de edição etc. Mas como começar a desenhar usando a mesa? Para isso, você irá precisar de um aplicativo. Ele pode ser o Photoshop, o Paint Tool Sai (que é gratuito por um certo período de tempo), o FireAlpaca ou até mesmo o Paint. É óbvio que existem muitos outros, mas esses são mais famosos, e oferecem um ótimo desempenho. Na hora de criar, cada artista faz uso dos programas de formas diferentes, mas caso você queria aprender mais sobre cada programa ou como desenhar, existem diversos tutoriais gratuitos na internet. Usar a mesa pode ser difícil no começo, pois é algo novo e requer que o artista vá se acostumando ao longo do


tempo a desenhar com ela. E depois que se pega o jeito é possível que você não queira voltar para o papel por um bom tempo. Trazendo para o pessoal, minha experiência com ilustração digital foi a melhor possível. Ao desenhar no papel me sentia limitado, como se estivesse com medo da folha em branco, de errar. E usando minha mesa digitalizadora (One By Wacon) me sinto mais livre e confortável para criar. Visto que, posso modificar o desenho com apenas alguns cliques. As mesas digitalizadoras também auxiliam quem ganha dinheiro com a arte. E caso você queria se profissionalizar e trabalhar com isso, é importante que conheça artistas e crie plataformas para se divulgar. Um Instagram, Facebook, Twitter, Blog etc. você escolhe a que mais lhe agradar. Dentro delas encontram-se grupos, hashtags, páginas que servem para divulgação de trabalhos artísticos. Existem também artistas com mais visibilidade que, de vez em quando, divulgam os trabalhos de pessoas com menos alcance (é muito comum no Twitter). Portanto, caso queira se aventurar nesse vasto mundo da arte digital, indico pesquisar valores e modelos que se encaixem no seu bolso e estilo. Boa sorte!


Quadro “O Abaporu” - Tarsilla do Amaral/Internet


/Moldura

Tarsila do Amaral: Tarsila Popular Vinicius Zagoto O ‘Abaporu’ (1928), uma das obras mais conhecidas da brasileira Tarsila do Amaral (1886-1973), retornará ao Brasil para fazer parte da exposição “Tarsila Popular” a ser exibida no MASP (Museu de Arte de São Paulo), a partir do dia 5 de abril. A obra que chegou a ficar onze anos longe da capital paulista volta agora, mas sob empréstimo do MALBA (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Atualmente, a tela pertence ao argentino Eduardo Constantini, que fundou a instituição e adquiriu a pintura em um leilão por cerca de R$ 9 milhões. O ‘Abaporu’ foi um presente de Tarsila ao marido, ao escritor Oswald de Andrade. Inspirador do Manifesto Antropofágico, o quadro retrata, segundo a artista, “uma figura monstruosa solitária, de pés enormes, sentada na planície verde, com o cotovelo apoiado no joelho e a mão segurando a cabeça minúscula”. A exposição fica aberta no MASP, de 5 de abril a 23 de junho de 2019. Os ingressos custam R$ 40 (entrada) e R$ 20 (meia-entrada), já os horários abertos são: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); terça-feira: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30).

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Marc Ferrez: Território e Imagem Hugo Virgínio

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A exposição, que ocorre no Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS-SP), vai contar com mais de 300 peças de acervo e de outras instituições para mostrar ao público a produção de Marc Ferrez (1843-1923). O fotógrafo brasileiro do século XIX registrou diversas regiões do país enquanto fotógrafo oficial da Comissão Geológica do Império do Brasil (1875-1878), além das regiões sul e sudeste das quais registrou a construção das grandes rodovias ferroviárias que estavam nascendo naquele momento, marcando, com elas, a modernização do império. Todos os equipamentos em exposição mostrarão as ferramentas e os resultados de Marc Ferrez, que tinha, por uma de suas características, a constante busca por um aperfeiçoamento das técnicas que poderiam ser aplicadas em suas obras e como estas mesmas técnicas garantiriam um olhar e uma nova linguagem às suas produções. A exposição, que teve abertura no dia 26 de março, é de entrada franca e está disponível à visitação das terças aos domingos das 10h às 20h (na quinta das 10h às 22h) até o dia 21 de julho.


Foto Marc Ferrez/Acervo IMS


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Expediente Diagramação:

Hugo Virgínio Luiz Augusto Basílio

Ilustrações:

Luiz Augusto Basílio Júlio Rocha

Matérias:

Amanda Veloso Ana Luísa Medeiros Hugo Virgínio Luiz Augusto Basílio Matheus Garcia Vinícius Zagoto

Direção:

Hugo Virgínio

Orientação:

Profa: Eugene Francklin



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