The vincent boys

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Sinopse Ser a boa menina não é tão bom como deveria ser. Ashton Gray esta cansada de brincar disso para agradar seus pais, e para ser digna do príncipe azul da cidade, Sawyer Vincent. Talvez por isso ela tenha se permitido passar o tempo com o primo de Sawyer, Beau, enquanto ele está fora no acampamento de verão com a família. Beau não tem nada a ver com o namorado perfeito. Ele é o homem mais sexy que já viu, perigoso de forma que apenas havia sonhado, e o cara do qual deve permanecer afastada. Beau nunca invejou Sawyer e seus amorosos pais, sua casa grande e bonita ou sua posição como zagueiro. Ele o ama como a um irmão. Razão pela qual tem tentado todo o possível para manter distância da namorada de Sawyer. Mesmo que ele a tenha amado desde a idade de cinco anos, Ashton é a garota de Sawyer, portanto, está fora dos limites. No entando, quando Sawyer viaja no verão, Ashton, a garota pela qual Beau moveria céus e terras, decide que quer entrar em apuros. Apunhalar pelas costas a única pessoa que sempre o aceitou e o apoiou, é o preço para ter Ashton Gray em seus braços. Será que vale a pena perder seu primo por ela?... Caramba, sim.

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Prólogo Dez anos atrás... — Você percebeu alguma coisa diferente em Ash? — meu primo Sawyer perguntou enquanto subia na árvore para se sentar ao meu lado em nosso galho favorito com vista para o lago. Dei de ombros, não tinha certeza de como responder. Obviamente, ultimamente tenho notado coisas sobre Ash. A forma em que os seus olhos tendem a brilhar quando está rindo e suas belas pernas brilham quando está usando shorts. Mas de jeito nenhum confesso estas coisas a Sawyer. Ele diria a Ash e ambos morreriam de rir. — Não. — respondi sem olhar para Sawyer, com medo que ele pudesse ver a mentira em meu olhar. — Eu ouvi uma conversa entre meus pais no outro dia, falando sobre como eu e você começaremos a ver Ash diferente muito em breve. Ela disse que Ash está se tornando uma beleza e as coisas entre nós três começarão a mudar. — Eu não quero que isso aconteça. — Sawyer disse com uma voz preocupada. Eu não podia olhá-lo, em vez disso, mantive meus olhos no lago. — Eu não me preocuparia com isso, Ash é Ash. É claro que sempre foi bonita, eu acho, mas isso não é importante. Ela pode subir em uma árvore mais rápido do que qualquer um de nós, sabe preparar sua isca para pescar e sabe encher balões de água como uma profissional. Isso não vai mudar. Olhei furtivamente para Sawyer, meu discurso soou muito convincente, mesmo para os meus ouvidos. Sawyer sorriu e acenou com a cabeça.

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— Você está certo, quem se importa com quem tem o cabelo como uma espécie de fada? É Ash. Falando em balões de água, poderiam parar de escapulir à noite e jogá-los nos carros fora da minha casa, os meus pais vão descobrir um dia e eu não poderei ajudá-los. Sorri ao me lembrar de Ash, cobrindo a boca para silenciar seus risinhos furtivos ontem à noite, quando passou aqui para encher balões. Aquela garota gostava de quebrar as regras, tanto quanto eu. — Eu ouvi o meu nome. Melhor que vocês dois não estejam zombando de mim por causa deste sutiã estúpido que minha mãe me fez vestir. Estou cansada de piadas. Quebrarei seus narizes, se vocês não pararem. A voz de Ash me assustou. Ela estava parada na base da árvore, com um balde de grilos em uma mão e uma vara de pescar na outra. — Vamos pescar ou vão ficar olhando para mim como se eu tivesse duas cabeças?

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Capítulo 1 ASHTON — Por que não poderia ter vindo para casa sem ela? — estava sem vontade de bancar a maldita boa samaritana para Beau e sua namorada barata. Embora não estivesse aqui, Sawyer teria esperado que me detivesse. Com um gemido de frustração, eu desacelerei e parei ao lado de Beau, que havia colocado alguma distância entre ele e sua namorada que não parava de vomitar. Aparentemente “vomitona” não era uma palavra apropriada a ela. — Onde sua caminhonete está estacionada, Beau? — eu perguntei com o tom mais aborrecido que eu pude. Ele me deu aquele sorriso estupidamente sexy que ele sabia que fazia todas as mulheres da cidade se derreterem a seus pés. Eu gostaria de pensar que era imune, depois de todos esses anos, mas não era. Ser imune ao bad boy da cidade era impossível. — Não me diga que a perfeita pequena Ashton Gray está se oferecendo para me ajudar... — disse, pronunciando suas palavras e curvando-se para olhar pela minha janela aberta. — Sawyer está fora da cidade, portanto este privilégio cabe a mim. Ele não permitiria que você dirigisse bêbado até a sua casa e nem eu. Ele riu, enviando um arrepio de prazer à minha espinha. Deus. Até a risada dele era sexy. — Obrigado linda, mas eu posso lidar com isso. Assim que Nic parar de vomitar, vou colocá-la na minha caminhonete. — Eu posso dirigir três quilometros até sua casa. Você pode ir agora. — Você não tem um estudo bíblico em algum lugar que você deveria estar?

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Discutir com ele seria inútil. Apenas continuaria a fazer mais comentários sarcásticos sobre mim. Fiquei tão furiosa que não podia nem enxergar direito. Apertei o acelerador e me virei para o estacionamento. Como se eu pudesse sair e deixá-lo dirigir bêbado. Eu podia me enfurecer com um piscar de olhos e eu me esforçava muito para ser legal com todos. Examinei os carros estacionados à procura de sua velha Chevrolet preta. Assim que a vi, andei em direção a ele e estendi minha mão. — Pode me dar as chaves de sua caminhonete ou eu posso tomá-las. O que vai ser Beau? Quer que eu pegue nos seus bolsos? Um sorriso irônico tocou seu rosto. — Para ser sincero, eu acho que apreciaria se você procurasse em meus bolsos Ash. Por que não seguir com a opção número dois? O calor subiu no meu pescoço e meu rosto corou. Não era necessário um espelho para saber que eu estava corando como uma idiota. Beau nunca fez comentários sugestivos ou até mesmo flertou comigo. A única menina razoavelmente atraente na escola que era completamente ignorada. — Não se atreva a tocá-lo, sua vadia estúpida. As chaves estão na ignição da caminhonete. — Nicole, a namorada de Beau, levantou a cabeça lançando seu cabelo marrom escuro por cima do ombro e rosnando para mim. Seus olhos azuis injetados de sangue e ódio me olharam como se eu ousasse tocar o que era dela. Não respondi e olhei Beau. Em vez disso, virei e fui em direção à caminhonete, me lembrando de que eu estava fazendo isso por Sawyer. — Então vamos e entrem na caminhonete. — gritei para os dois antes de sentar no assento do motorista. Era difícil não se concentrar no fato de que esta era a primeira vez que eu estava na caminhonete de Beau. Depois de incontáveis noites que passei deitada no meu telhado com ele, falando sobre o dia em que nós pegaríamos nossas carteiras de motorista e dirigiríamos

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para todos os lugares, aqui estava eu, agora com 17 anos, sentada em sua caminhonete. Beau levantou e colocou Nicole na parte de trás. — Durma, a menos que você se sinta mal novamente, certifiquese de vomitar para o lado. — eu disse ao abrir a porta do motorista. — Pule para fora princesa. Ela está prestes a desmaiar, não se importará se estou dirigindo. Eu me agarrei ao volante, tensa. — Não vou permitir que você dirija. Você está arrastando as palavras. Não é necessário você dirigir. Ele abriu a boca para argumentar, então murmurou algo que soou como uma maldição antes de bater a porta e caminhar ao redor da frente da caminhonete para entrar no lado do passageiro. Ele não disse nada e eu olhei para ele. Sem Sawyer, Beau me deixava nervosa. — Estou cansado de discutir com as mulheres hoje à noite. Essa é a razão pela qual eu te deixarei dirigir. — ele murmurou sem articular errado desta vez. Não é de admirar que ele pudesse controlar o torpor. O garoto esteve se embebedando antes de a maioria das crianças da nossa idade experimentar sua primeira cerveja. Quando um garoto tinha um rosto como o de Beau, as meninas mais velhas notavam. Ele havia sido convidado para festas antes do restante de nós. Eu dei de ombros. — Você não teria que discutir comigo se não bebesse tanto. Ele soltou uma risada dura. — Você realmente é a filha perfeita do pastor não é Ash? Houve um tempo... Você era mais divertida, antes de você começar a beijar Sawyer, nós costumávamos ter bons momentos.

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Ele me olhou esperando uma reação. Sabendo que seus olhos estavam em mim, tornava difícil me concentrar na condução. — Você era minha parceira no crime, Ash. Sawyer era o cara bom. Mas nós dois éramos os manifestantes, o que aconteceu? Como você responde a isso? Ninguém conhece a garota que costumava roubar goma de mascar do Quick Stop ou sequestrar o jornaleiro para amarrá-lo para pegar todos os jornais e mergulhá-los em tinta azul, antes de deixá-los nos degraus das casas. Ninguém conhece a garota que fugiu de casa às duas da manhã para ir atirar metros de papel higiênico e balões de água em carros de trás dos arbustos. Ninguém poderia acreditar que tinha feito essas coisas se dissesse... Ninguém exceto Beau. — Cresci. — finalmente respondi. — Você mudou completamente, Ash. — Nós éramos crianças, Beau. Sim, você e eu nos metíamos em encrenca e nós excluíamos Sawyer dos problemas, mas nós éramos apenas crianças. Eu sou diferente agora. Por um momento, ele não respondeu. Ele se mexeu no banco e eu sabia que seus olhos não estavam focados em mim. Nós nunca tivemos essa conversa antes. Mesmo que ele estivesse desconfortável, eu sabia que era necessário. Sawyer sempre ficou no caminho entre Beau e eu, reparando nossos muros. Muros que desmoronaram e eu nunca soube por que. Um dia ele era Beau, meu melhor amigo. No dia seguinte, ele era apenas o primo do meu namorado. — Sinto falta daquela garota, você sabe. Ela era emocionante. Sabia como se divertir. A filha pequena perfeita do pastor que tomou seu lugar, fede. Suas palavras me feriram. Talvez porque vieram dele ou talvez porque eu entendia o que ele estava dizendo. Não era como se nunca tivesse pensado nessa menina. Eu o odiava por me fazer sentir sua

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falta também. Trabalhei muito duro para mantê-la trancada. Ter alguém que realmente quer soltá-la torna muito mais difícil mantê-la sobcontrole. — Prefiro ser a filha de um pastor a uma puta bêbada que vomita em si mesma. — disparei antes que eu pudesse parar. Uma risada baixa me surpreendeu e vi quando Beau se afundou suficientemente baixo em seu assento para que sua cabeça descansasse no couro desgastado, em vez da janela dura atrás dele. — Eu acho que você não é completamente perfeita. Sawyer nunca chamaria alguém desse nome. Será que ele sabe que você usa a palavra "puta"? Desta vez eu agarrei o volante com tanta força que os nós dos meus dedos ficaram brancos. Ele estava tentando me deixar com raiva e estava fazendo um trabalho fabuloso. Eu não tinha uma resposta para sua pergunta. A verdade é que Sawyer ficaria surpreso que eu tinha chamado alguém de puta. Especialmente a namorada de seu primo. — Relaxe, Ash! Não é como seu fosse dizer a ele. Eu continuo guardando os seus segredos por anos. Gosto de saber que a minha Ash ainda está aí em algum lugar, sob essa fachada perfeita. Eu me recusei a olhá-lo. Essa conversa foi para um lugar que eu não queria que fosse. — Ninguém é perfeito. — disparei. — Eu não finjo ser. Eu era uma mentira e nós dois sabíamos. Sawyer era perfeito e trabalhei duro para ser digna dele. A cidade inteira sabia que eu era curta em relação à brilhante reputação de Sawyer. Beau deu uma risada curta e dura. — Sim, Ash, você finge ser. Olhei na direção de Nicole. Beau, não se moveu. — Ela desmaiou. Você vai ter que ajudá-la. — sussurrei, com medo de que ele ouvisse a dor na minha voz.

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— Quer que eu ajude uma puta “vomitona”? — ele perguntou em um tom divertido. Suspirei e finalmente olhei para ele. Lembrava-me um anjo caído com a luz da lua lançando um brilho em seu cabelo loiro beijado pelo Sol. Suas pálpebras tinham cílios mais pesados e grossos do que o normal e quase escondiam a cor avelã debaixo delas. — Ela é sua namorada, tem que ajudá-la. — disparei soando irritada. Quando Beau me permitia observá-lo de perto, era difícil ter uma discussão com ele. Eu ainda podia ver o garoto que já havia pensado em se pendurar na lua, me olhando. Nosso passado sempre estaria ali nos impedindo de estar realmente perto de novo. — Obrigado por me lembrar. — disse alcançando a maçaneta da porta, sem quebrar o contato visual comigo. Deixei meus olhos caírem para estudar minhas mãos dobradas no meu colo. Nicole estava atenta na parte de trás da caminhonete se mexendo suavemente, lembrando-nos de que estava ali. Depois de alguns instantes em silêncio, ele finalmente abriu a porta. Beau levou o corpo sem vida de Nicole para a porta e tocou a campainha. A porta se abriu e ela entrou. Gostaria de saber quem abriu a porta. Era a mãe de Nicole? Estava preocupada que sua filha estava desmaiada de tão bêbada? Estava deixando Beau leva-la até seu quarto? Beau ficaria com ela? Deitaria na cama com ela e dormiria? Ele reapareceu na porta antes da minha imaginação se deixar levar muito longe. Uma vez que estava de volta no interior da caminhonete, dirigi para o estacionamento de trailers onde ele morava. — Então me diga, Ash! Sua insistência de levar para casa o bêbado e sua namorada puta é porque você é a eterna garota boa que ajuda a todos? Porque eu sei que você não gosta muito de mim, então eu estou curioso para saber por que você quer se certificar que eu chegue em casa em segurança. — Beau, você é meu amigo. É claro que eu gosto de você. Nós somos amigos desde que tínhamos cinco anos. Claro, já não passamos

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mais tempo juntos ou vamos aterrorizar vizinhos, mas ainda me importo com você. — Desde quando? — Desde quando o que? — Desde quando você se importa comigo? — Essa é uma pergunta estúpida, Beau. Você sabe que eu sempre cuidei de você. — respondi. Embora eu soubesse que ele não aceitaria uma resposta tão vaga. A verdade é que eu nunca falei com ele, Nicole estava geralmente envolvida em torno de qualquer parte de seu corpo e quando falava comigo era sempre para fazer algum comentário sarcástico. — Quase não repara na minha existência. — ele respondeu. — Isso não é verdade. Ele riu. — Nós nos sentamos ao lado do outro em história durante todo o ano e você quase nunca olha para mim. No almoço não me olha e me sento na mesma mesa que você. Estamos no campo após os jogos todo fim de semana e se alguma vez você dirige o seu olhar para mim é com uma expressão normalmente de desgosto. Então, eu estou um pouco surpreso que você ainda me considere um amigo. Grandes carvalhos rodeavam o estacionamento de trailers em que Beau tinha vivido toda a sua vida. A rica beleza das paisagens do sul pelo caminho de cascalho era enganosa. Depois de passar as grandes árvores, a paisagem mudava drasticamente: trailers resistentes com carros antigos em blocos e brinquedos maltratados espalhados pelo quintal, mais de uma janela estava coberta por madeira ou plástico. Não fiquei espantada com o que me rodeava. Até mesmo o homem sentado em seu pátio a alguns passos, em nada mais que sua cueca e um cigarro pendurado em sua boca não me surpreenderam. Conhecia este estacionamento de trailers muito bem, foi uma parte da minha infância. Cheguei a um ponto na frente do reboque de Beau. Seria mais fácil acreditar que era o álcool falando, mas eu sabia que não era. Não ficávamos sozinhos há mais de quatro anos. Desde o

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momento em que me relacionamento mudou.

tornei

a

namorada

de

Sawyer,

nosso

Dei um suspiro profundo, em seguida, olhei para Beau. — Eu nunca falo em sala de aula, para qualquer um que não seja o professor. Você nunca fala comigo no almoço, portanto não há nenhuma razão para olhar em sua direção, atrair sua atenção e te levar a zombar de mim. E no campo, eu não estou olhando com desprezo. Estou olhando para Nicole com desgosto. Na verdade você poderia ter algo melhor do que ela. — parei antes de dizer algo estúpido. Ele inclinou a cabeça para um lado como se estivesse me estudando. — Não gosta muito de Nicole, certo? Não há necessidade de se preocupar com o sentimento dela por Sawyer. Ele sabe o que tem e não vai estragar. Nicole não pode competir com você. Nicole? Sentimentos por Sawyer? Ela era normalmente exagerada com Beau. Eu nunca percebi que ela gostava de Sawyer. Eu sabia que tiveram alguma coisa na sétima série em um par de semanas, mas isso foi na escola secundária. Na realidade, não contava. Também estava com Beau. Por que ela estaria interessada em mais alguém? — Eu não sabia que ela gostava de Sawyer. — respondi, ainda sem saber se eu acreditava. Sawyer não era seu tipo. — Você parece surpresa. — Beau disse. — Bem, eu realmente estou. Quer dizer, ela tem você. Por que quer Sawyer? Um sorriso apareceu em seus lábios fazendo seus olhos cor de avelã se acenderem. Não queria dizer algo que pudesse interpretar mal, o modo pelo qual, obviamente, ele estava fazendo. Ele alcançou a maçaneta da porta antes de parar e olhar para mim. — Eu não sabia que minhas piadas te aborreciam Ash. Eu vou parar.

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Isso não era o que eu esperava que ele dissesse. Incapaz de pensar em uma resposta, eu me sentei ali, segurando seu olhar. — Vou colocar o seu carro de volta antes que seus pais vejam minha caminhonete em sua casa pela manhã. Ele saiu da caminhonete e o vi caminhando em direção à porta de seu trailer com um dos mais sexys ‘caminhar’ conhecido pelo homem. Beau e eu precisávamos ter esta conversa, mesmo que minha imaginação fosse enlouquecer por um tempo. Minha atração secreta pelo bad boy da cidade tinha que permanecer escondida. Na manhã seguinte, encontrei o meu carro estacionado na entrada da garagem como prometido, com uma nota nos limpadores. Fui até ela e um pequeno sorriso tocou meus lábios. "Obrigado por ontem à noite, senti sua falta. B.”

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Capítulo 2 Ashton, Olá baby. Desculpe estar respondendo o e-mail depois de tanto tempo. Nossa internet aqui não é muito boa e o serviço 3G é inexistente então o meu telefone é inútil. Estou sentindo muito sua falta. Penso em você todos os dias e me pergunto o que você está fazendo. Passamos a maior parte do tempo explorando. O caminho que pegamos ontem nos levou a uma cachoeira incrível. 8046.72 metros de altura e depois do calor, a água fria da cachoeira ficou muito boa. Continuo desejando que você estivesse aqui. É seguro dizer que o meu futuro não está na pesca. Eu estrago tudo. Cade me chuta o traseiro. Ontem, ele disse que precisava resistir no futebol americano. HAHA Estou me divertindo com o tempo que passo com ele. Obrigado por compreender o quanto eu precisava fazer isso. Ele precisa de mim. Seu irmão mais velho irá embora em um ano e eu vou estar em um telefone à longa distância, mas não vou estar aqui para ver a sua prática de futebol ou ajudar com a sua primeira paixão. Tento compartilhar tudo o que sei com ele. Eu te amo muito Ashton Sultey Gray. Sou o cara mais sortudo do mundo, Sawyer.

Sawyer, Percebi que o atraso na resposta era devido a problemas de internet. A conexão na montanha não podia ser tão boa. Pelo menos não em uma cabana afastada como estão. Sinto falta de você também. Que bom que está passando momentos de irmão mais velho com Cade. Eu sei o quanto isso significa para ele. Quanto a mim, eu tenho trabalhado um pouco na igreja. Não tenho muito a fazer com você fora. Não tenho ido ao campo nos fins de semana. A maior parte do tempo, limpo a igreja e depois alugo um filme. Leann e Noah estão oficialmente juntos. Quando ela não está trabalhando com ele. Então, isso me deixa sem ninguém. Eu costumava passar todo o meu tempo com você. Dê a Cade e Catherine um abraço por mim. Conto os dias para ver seu rosto novamente. Eu te amo muito,

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Ashton. Eu estava observando a tela do computador depois de clicar em enviar. A razão pela qual eu não mencionei Beau me incomodou um pouco. Hesitei em contar sobre o passeio que dei com Beau e Nicole até sua casa. Nunca falamos realmente sobre Beau. Sawyer falava, às vezes, quando estava preocupado. Praticamente toda sua vida tinha cuidado de Beau. Beau era filho de um dos irmãos Vincent, que viveu uma vida selvagem até o dia em que bateu sua motocicleta em um trailer. Beau estava no primeiro grau quando isso aconteceu. Lembro-me de seus olhos vermelhos depois de chorar por meses. Ele escapou de seu trailer e veio para a minha casa no meio da noite. Eu tinha saído pela minha janela e nós ficavamos sentados no meu telhado por horas pensando em coisas que poderíamos fazer para que ele se sentisse melhor. Normalmente essas ideias nos levavam a nos meter em apuros, que Sawyer tinha que nos livrar. Sawyer era o filho do bom irmão Vicent. O pai de Sawyer era o mais velho dos irmãos Vincent. Ele foi para a faculdade de direito e fez uma fortuna defendendo o caso Joe contra as companhias de seguros. O povo amava Harris Vincent e sua bonita, devotada, membro de ligas menores de tênis, esposa Samantha Vincent e, claro, seu talentoso filho mais velho. Esta cidade não é grande, e, como em qualquer pequena cidade do sul, todos sabem sobre a vida do vizinho. Seu passado era de conhecimento comum. O passado de seus pais não era nenhum segredo. Não, não tinha segredos em Grove, Alabama. Não era possível, bem, talvez no campo. Nas sombras escuras ao redor do campo aberto onde as crianças Mason celebravam suas famosas festas. Tenho certeza de que ali devia haver muitos segredos. Era o único lugar onde senhoras de idade não podiam te observar de suas varandas e os únicos olhos ao redor estavam ocupados em seus assuntos para perceber os seus.

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Em vez de ficar em casa com meu rosto colado a um livro, eu visitei no asilo a bisavó de Sawyer e Beau e me ofereci como voluntária para lavar os pratos na cozinha. Isto me levou toda a manhã. Minha avó tinha acabado de voltar de sua viagem à Savannah para visitar sua irmã e depois passei por sua casa para vê-la. Sempre sentia falta dela quando viajava. No instante em que a porta do meu carro foi fechada, a porta da frente de sua casa se abriu e ela saiu com um grande sorriso segurando um copo de chá doce gelado. Seu cabelo loiro prateado mal alcançava os ombros e eu mordi meu lábio para não sorrir de volta. Tivemos uma discussão antes de viajar pelo fato de que ela precisava cortar seu cabelo. Ele estava ficando longo demais para alguém de sua idade. Eu disse a ela e ela fez como se não pudesse entender o que eu estava falando. Acho que ela mudou de ideia. A piscadela que me deu disse que ela sabia o que eu estava pensando. — Bem, olha quem decidiu vir visitar sua avó. Eu estava começando a me perguntar se nestes dias ainda exigem um convite por escrito. — brincou ela. Eu ri e subi as escadas para abraçá-la. — Você chegou ontem. — lembrei a ela. Ela cheirou minha camiseta e se virou para mim. — Cheira a alguém que foi ao asilo para ver a avó de seu namorado antes vir ver a sua. — Oh! Isso. Estava fazendo hora para deixar você dormir um pouco mais. Eu sei que a viagem te esgota. Ela pegou minha mão e me levou para sentar-me ao seu lado no balanço da varanda. Os diamantes em seus dedos brilhavam com a luz solar. O vidro frio que estava segurando pressionou contra minhas mãos. — Aqui, beba isso. Servi logo estacionamento de trailers em frente.

que

vi

seu

carro

pelo

Aqui eu poderia relaxar. Era minha avó, ela não esperava que eu fosse perfeita. Só queria que eu fosse feliz.

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— Então, tem falado com esse seu namorado desde que ele saiu ou tem se divertido com outro cara enquanto estive fora? Engasguei com o chá e comecei a tossir conforme ela sacudia a cabeça. Como ela descobriu o que estava acontecendo quando ninguém mais sabia? — Bem, quem é ele? Ele fez você espirrar chá no colo. Pelo menos quero um nome e alguns detalhes. Balançando a cabeça, eu virei para ela para encontrar seus olhos. — Ninguém. Engasguei com o meu chá porque você me fez uma pergunta impensável. Por que enganar Sawyer? Ele é perfeito Vó. Ela suspirou e acariciou minha perna por cima. — Não há homem perfeito, minha menina. Nenhum. Nem mesmo seu pai, embora ele pense que é. Ela sempre brincava sobre meu pai ser Pastor. Ele tinha sido um pequeno "diabo" enquanto crescia, segundo ela. Quando me contava histórias sobre ele quando criança, seus olhos brilhavam. Às vezes, eu poderia jurar que sentia falta da pessoa que seu filho costumava ser. — Sawyer é tão perfeito como qualquer um. — Bem, o que eu sei é que passei na casa dos Lowry e seu primo Beau estava cortando a grama. — ela fez uma pausa e sacudiu a cabeça com um grande sorriso em seu rosto. — Menina, nenhum homem nesta cidade pode se comparar com Beau sem camisa. — VOVÓ! — dei-lhe uma palmada, horrorizada que minha avó tenha admirado Beau sem camisa. Ela sufocou. — O quê? Sou velha Ashton, não cega.

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Eu só podia imaginar como devia ser Beau sem camisa e suado. Quase desmaiei na semana passada, quando passei pela casa dos Green e ele estava cortando a grama sem camisa. Era difícil tentar não observá-lo. Disse a mim mesma que estava apenas olhando para a tatuagem em suas costelas, mas sabia que não era verdade. — Não sou a única mulher que notou. Apenas a única capaz de admitir. As outras só contratam o sujeito para cortar o seu gramado para sentarem em suas janelas e espiar. Por isso amava minha avó. Estar com ela sempre me fazia rir. Ela levava a vida do jeito que era. Não pretendia. Ela era minha avó. — Não sei como é Beau sem camisa. — eu disse, o que era uma mentira. — O que eu sei é ele não é nada além de problemas. A minha avó fez um som de desaprovação com a língua e usou seu pé para nos dar um bom empurrão. — Os problemas podem ser divertidos. É a rigidez e a rotina que fazem a vida tediosa e chata. Você é jovem Ashton. Não estou dizendo que vá lá e estrague sua vida, só que alguma emoção é boa para a alma. Uma imagem de Beau sentado, olhando para mim através de seus longos cílios curvados, no banco do passageiro de sua caminhonete na noite passada, fez meu pulso acelerar. Ele era mais do que um pouco de diversão, era letal. — Chega de rapazes, eu tenho um e não estou disponível. Como foi a viagem? Vovó sorriu e cruzou as pernas. Sandálias pretas de plataforma mostravam seus dedos dos pés pintados de rosa. Era difícil acreditar que era uma mãe rigorosa com meu pai. — Visitamos. Bebemos uísque. Fomos para alguns shows no teatro. — soava como a viagem de costume para a tia Tabatha. — Viu o papai de manhã?

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Ela suspirou teatralmente. — Sim, é claro, orou por minha alma. O menino não tem senso de aventura. Sorri dentro da minha xícara de chá. Vovó era muito engraçada. No momento em que eu entrava no meu quarto para trocar a roupa que cheirava spray desinfetante e pessoas de idade, meu telefone tocou avisando que eu tinha uma nova mensagem. Era Beau: “Encontre-me no buraco”. O buraco era o pequeno lago do lado oposto à casa de Sawyer. Engoli e comecei a escrever: "Não". Mas em vez disso escrevi: "Estarei lá em 15 minutos". Eu estava congelada pelo que tinha feito, mas não corrigi. Em vez disso eu me peguei observando a tela do telefone até ele responder: "Use traje de banho". Eu não respondi. Meu coração batia forte em meu peito e não me deixei pensar corretamente. Fiz a única coisa que sabia fazer. Deixei a garota má sair um pouco. O biquíni vermelho, que havia comprado para Sawyer me ver com ele, mas nunca usei por medo dele não aprovar, saiu do meu armário e veio até mim. Em poucos minutos consegui entrar em um short.

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BEAU Se eu tivesse tido tempo para me perguntar se a minha alma era tão negra como as pessoas diziam, saberia no momento exato que Ashton saiu do seu pequeno Jetta branco, parecendo um anjo do paraíso, que minha alma estava condenada ao inferno. Quando eu mandei uma mensagem dizendo para virmos, era para me lembrar de como ela era intocável. Pensei que ver o seu "Não", como resposta seria o "despertar" que eu precisava para parar de ficar obcecado com ela. Ao invés disso, ela aceitou e o pulso do meu coração estúpido e negro disparou ao vê-la. Vi a hesitação de seus pés quando seus belos olhos verdes encontraram os meus. O que eu mais queria era caminhar até ela e assegurar que eu seria bom. Apenas falar com ela e ver como seus olhos brilham quando sorri ou a maneira como ela morde o lábio quando está nervosa. Mas não poderia fazer o que eu desejava. Ela não era minha. Não tinha sido minha por um longo tempo. Ela não deveria estar aqui e eu não deveria ter lhe chamado. Então, ao invés de esclarecer as coisas como queria, eu fiquei encostado na árvore, olhando como demônio e esperando ela se virar e começar a correr. Ela começou a caminhar em minha direção e seus dentes brancos perfeitos pegaram seu lábio inferior entre eles. Várias vezes eu tive fantasias sobre esses lábios. Ela havia coberto suas longas pernas bronzeadas apenas com shorts que me fizeram querer ir à igreja no sábado apenas para agradecer a Deus por tê-la criado. — Ei! — ela disse, corando. Inferno, ela era fantástica. Nunca invejei nada que Sawyer tinha. O amava como a um irmão, era a única família que realmente amava. Ele estava lá ao meu lado em uma infância difícil, implorando aos pais para me deixar dormir em sua casa nas noites em que eu estava com muito medo de voltar para o escuro e vazio trailer. Ele sempre teve o que eu não tive: os pais perfeitos, casa, vida, mas nada disso

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importava, porque eu tinha Ashton. Claro, nós três éramos amigos, mas Ashton foi sempre minha. Ela sempre foi minha aliada, a pessoa que eu contava todos os meus sonhos e medos, minha alma gêmea. Depois, como tudo na vida perfeita de Sawyer, ele tinha também a minha garota. A única coisa que poderia chamar de "minha" tornou-se "dele". — Você veio. — eu disse, finalmente. Seu rubor se aprofundou. — Sim, embora eu não saiba por que. — Nem eu. — eu disse, já estávamos sendo honestos. Ela respirou fundo, e colocou as mãos nos quadris. Uma pose desnecessária quando um biquíni era a única coisa cobrindo sua frente generosa. A vista era muito estimulante para que pudesse distanciar meu olhar do decote. — Olha Beau, estou entediada e solitária sem Sawyer. Leann está trabalhando de garçonete no Hank's com Noah. Eu acho que... Eu queria que fôssemos amigos. Você foi o meu melhor amigo por oito anos da minha vida. Eu gostaria de voltar a isso. — Ok! — eu disse, agarrando minha camiseta e passando-a pela cabeça para tirá-la. — Vamos nadar. Não virei para ver se ela tirou os shorts minúsculos. Parte de mim queria observá-la sem ele, mas a outra parte sabia que o meu coração não conseguiria vê-la sem aquela coisa. Meu coração podia ser negro, mas ainda poderia sofrer um ataque. Corri e peguei a corda pendurada e por um momento eu era uma criança novamente voando sobre o lago. Quando a minha cabeça emergiu, eu me virei para a praia com a esperança de encontrar um vislumbre. Os shorts se foram e Ashton estava caminhando para a corda. Esta não era a primeira vez que a via em um biquíni, mas foi a primeira vez que eu havia me permitido apreciar a vista. Meu coração começou a bater contra o meu peito, mas eu não conseguia tirar os olhos de como ela agarrava a corda e balançava sobre a água e, em seguida, dava uma perfeita cambalhota.

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Levei três longas tardes para lhe ensinar a soltar a corda e pousar suavemente sobre a água. Ela tinha oito anos e estava empenhada em aprender a fazer tudo o que Sawyer e eu fazíamos. A cabeça de Ashton saiu da água e se inclinou para trás enquanto suas mãos acomodavam seus cachos molhados fora de seu rosto. — Não está tão fria quanto o esperado. — ela disse, com um sorriso de triunfo. — Hoje estamos a 35° e subindo, até o final do mês estará como a água de uma banheira. — fiz um esforço para não parecer hipnotizado pela forma como os cílios longos ficavam com os pingos de água. — Sim, eu me lembro. Passei tantos verões neste lago quanto você. — ela disse na tentativa de recordar a nós dois de quem estava nadando no lago neste momento. Eu queria que ela se sentisse confortável comigo. Se falar de Sawyer ajudasse, falaria sobre ele. Além disso, não faria mal me lembrar de quem ela era. — Ponto para você. Desculpe, esta nova Ashton não se encaixa com a Ash que eu conheci um dia. Geralmente me esqueço de que a namorada perfeita de Sawyer é a mesma garota que começava lutas comigo na lama da praia. — Eu gostaria que você parasse de agir como se eu fosse uma pessoa diferente, Beau. Eu cresci, mas ainda sou a mesma menina. Além disso, você também mudou. O velho Beau não me ignorava completamente porque estava ocupado demais se agarrando com sua namorada para perceber minha existência. — Não, mas o velho Beau não era sexy. — eu disse com uma piscadela e jogando-lhe água no rosto. Sua risada familiar fez meu peito doer um pouco. — Ponto para você. Acho que ter alguém como Nicole em cima de você distrai um pouco. Se eu soubesse que Ashton queria minha atenção em algum momento, teria colocado Nicole de lado e dedicado toda a minha

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atenção. Mas, na maioria das vezes, ela estava emaranhada nos braços de Sawyer e eu precisava de Nicole como distração. — Nicole não é tão modesta. — respondi, deixando-a se sentir culpada. A covinha, de que eu sempre fui fascinado desde o dia que eu conheci Ashton, apareceu enquanto ela me dava um sorriso grande. — Nicole não sabe a definição da palavra modéstia. Já a da palavra vulgar, eu tenho certeza que tem sua definição na ponta da língua. Era minha lista de desejos falando ou pareceu um pouco de ciúmes de Nicole? — Nicole não é tão ruim, apenas vai atrás do que quer. — disse eu, na esperança de provar a reação de Ashton. Um olhar de aborrecimento passou por seu rosto e começou ficar rígida. Não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios. Eu gostava que a incomodasse quando eu defendia Nicole. — Você tem mau gosto para mulheres Beau Vincent. — disse. Eu a olhei nadar para o cais para sentar na praia, dando-me a visão extremamente agradável de seu traseiro pouco coberto. Levei alguns minutos para lembrar o que estava falando. O corpo molhado de Ashton era a única coisa em que minha mente parecia se concentrar. Balancei a cabeça para limpar meus pensamentos e lembrei-me de seus comentários sobre o meu mau gosto para mulheres. — Suponho que Sawyer tem um gosto melhor, certo? — eu perguntei e nadei em direção a ela. Ela franziu o cenho e mordeu seu lábio inferior. Essa não era a reação que eu estava esperando. Eu queria fazê-la rir. — Talvez porque eu não o estupro em público, mas nós dois sabemos que ele pode ter algo melhor.

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O que diabos isso significa? — Isso é o que você pensa. — consegui parecer casual. Ela olhou para mim com um sorriso triste. O sol da tarde estava justo ao seu lado, fazendo com que os longos cachos louros ao redor da cabeça começassem a brilhar um pouco. O efeito a fazia parecer o anjo que parecia ser intocável a menos que você fosse o perfeito Sawyer Vincent. — Não sou cega, Beau. Não é que eu ache que sou feia. Sei que sou razoavelmente bonita. Tenho cabelo longo e minha pele não é ruim. Não tenho olhos grandes, azuis e longos cílios, mas meus olhos não são ruins. Não sou excitante ou chamativa. Sawyer é perfeito. Às vezes é difícil acreditar que me queira. Afastei-me temendo que a expressão incrédula no meu rosto dissesse mais do que ela precisava saber. Eu queria dizer como seus olhos verdes faziam com que rapazes quisessem defendê-la ou a maneira pela qual seus doces lábios rosados eram hipnotizantes, ou como essa covinha simples fazia com que meu pulso disparasse. Eu queria mostrar como essas longas pernas bronzeadas faziam com que os meninos ficassem loucos e quando usava essas blusas apertadas, eu lutava contra a vontade de cobri-la para que ninguém que a tenha visto quisesse ir para casa se masturbar com sua imagem em na cabeça. Mas eu não poderia dizer qualquer uma dessas coisas. Forçando meu rosto para parecer casual, eu a olhei. — Eu acho que você não está recebendo o crédito que merece. Sawyer não te elogiou pela maneira que te vê. — isso era tudo o que precisava dizer. Ela suspirou e olhou para suas mãos. Tive que virar a cabeça antes que meus olhos começassem a se mover além de seu decote. — Não sou sempre boa. Realmente me esforço para ser. Eu quero ser digna de Sawyer, de verdade, mas é como se esta outra dentro de mim estivesse tentando sair. Eu luto contra isso, mas não sou boa nisso o tempo todo. Sawyer tem de me manter na linha.

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Mantê-la sobcontrole? Obriguei-me a relaxar as mãos que tinham se fechado nos punhos. Sawyer a fez pensar que havia algo errado com ela? Certamente ele não sabia que ela se sentia assim. — Ash, eu acho que não tem sido mais que perfeita desde que você decidiu amadurecer. Claro, você costumava me ajudar a colocar sapos nas caixas de correio das pessoas, mas essa garota se foi. Você queria ser perfeita e você conseguiu. Ela riu amargamente. Permiti-me olhá-la. A covinha estava lá enquanto ela olhava a água. — Se você soubesse. — foi tudo o que disse. — Diga-me. — as palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse detê-las. — Por quê? — Porque eu gostaria de saber que você não é tão perfeita. Gostaria de saber que a garota que conheci ainda está aí em algum lugar. Ela riu de novo e apoiou a cabeça nos joelhos. — De jeito nenhum eu vou admitir meus erros para você. Considerando que a maioria deles está na minha cabeça e eu nunca os resolvi. — Não estou te pedindo para revelar todos os seus segredos, Ash. Eu só quero saber o que é que você pode ter feito de tão errado para acreditar que Sawyer tem que ser rigoroso com você. Suas bochechas ficaram rosa, mas ela manteve os olhos onde estavam. Depois de alguns minutos de silêncio, eu me levantei e me espreguicei. — Tudo bem. Na verdade, eu não preciso de você para me dizer que às vezes você se esquece de ir até o asilo toda semana. — eu comecei a andar com raiva de mim mesmo por soar como um idiota.

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— Essas são coisas que Sawyer tem que me ajudar a lembrar... Mas realmente não me referia a isso. Ela disse isso tão baixo que quase não a escutei. Eu parei e me virei para ela. Ela me olhava fixamente através de seus cílios molhados. — Eu sou como qualquer adolescente. Invejo Nicole porque ela pode ser quem quer ser. Eu não. Mas não é culpa de Sawyer. Eu nunca fui capaz de me opor a esses impulsos. Meus pais esperam que eu seja boa. — Quer ser como Nicole? — eu disse com horror. Ela riu e balançou a cabeça. — Não exatamente. Não desejo vomitar em mim mesma, e ser carregada bêbada até minha casa... ou ser conhecida como uma vagabunda. Mas por uma vez eu gostaria de saber o que se sente por dar mais do que um beijo. Ser tocada. — ela parou e voltou seu olhar para a água. — Talvez só para saber como é a excitação de sair escondida de casa ou saber o que é ser amada por alguém tão desesperadamente que não pode se controlar para me beijar. Talvez, apenas me sentir desejada. — ela parou novamente e colocou as mãos sobre o rosto. — Por favor, esqueça tudo o que eu disse. — ela deixou as mãos caírem de seu rosto e voltou seu olhar para mim, culpada. A expressão vazia em seus olhos estava me matando. Eu queria assegurar-lhe que nada estava errado com ela. Queria prometer que lhe demonstraria exatamente quão louco me deixava. Ela se levantou. — Então você sabe os meus segredos, Beau. Assim como nos velhos tempos. Eu sinto que isso nos faz amigos novamente hein? O sorriso em seus lábios tremia. — Sim, é verdade.

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Capítulo 3 ASHTON Vi quando a minivan dos meus pais deixava a calçada antes de pegar o telefone e enviar uma mensagem para Beau. “Você gostaria de vir e assistir um filme aqui em casa?” Meu coração começou a bater no meu peito. “E seus pais?” Respondeu imediatamente. “Eles vão estar fora por duas noites. Meu pai levou minha mãe para Birmingham para seu aniversário”. Meu celular tocou, me assustando, então eu o deixei cair. Eu lutava para pegá-lo, estava preocupada que talvez fosse Sawyer. Nunca seria capaz de esconder a culpa na minha voz se tivesse que falar com ele. Era Beau. — Alô. — eu disse ao telefone. — Vou deixar meu carro no parque e caminhar até sua casa através da floresta. Deixe a porta de trás aberta. Ele não quer que ninguém veja sua caminhonete aqui. Eu sabia que era para meu benefício. Provavelmente, a melhor coisa era que ele não estacionasse na frente da minha casa. Ele era apenas o meu amigo, mas... ele ainda era um garoto. Um garoto mal. Ashton Grey não traria garotos para casa enquanto os pais estão fora da cidade. — Tudo bem, se você quiser. — Certo. — sua voz profunda me fez tremer por dentro. — Então, vejo você em breve. — respondi. — Sim. — ele disse antes de desligar.

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Eu estava olhando para o telefone na palma da minha mão tentando descobrir por que o havia convidado para vir. Isto pode não ser uma boa ideia. Joguei meu telefone na cama e fui para o chuveiro. Não queria pensar que estava quebrando regras. Isso não poderia ser ruim. Era apenas uma pequena regra em comparação com regras gerais. Quero dizer, havia regras maiores que eu poderia quebrar. Além disso, precisava quebrar alguma regra antes de enlouquecer. Uma luz iluminou a porta de trás, o que causou agitação de borboletas frenéticas no meu estômago. Ouvi quando ele abriu e fechou o trinco da porta. Rapidamente deslizei em um vestido branco de verão depois de experimentar vários conjuntos informais, tinha que decidir o que me fazia parecer melhor. O vestido era curto, com alças que parecia casual suficiente para uma noite de cinema, acredito... Dava na mesma. Estudei meus pés descalços. Tinha acabado de pintar minhas unhas com esmalte rosa doce e decidi ficar sem sapatos. Que era ainda mais casual. Fui para a sala para cumprimentar o meu convidado. Parei de respirar quando vi Beau. De pé na cozinha. A cor preta sempre ficava bem nele, mas ao vê-lo de pé em minha cozinha com uma camisa preta e calças apertadas para montar, me deixou tonta. Notei que ele havia parado de respirar. — Hey. — me controlei mentalmente para soar tão casual quanto possível. Ele acenou com a cabeça e me deu um pequeno sorriso antes de caminhar para a geladeira e abri-la. — Estou com sede. Posso tomar uma coca-cola? — ele perguntou, virando-se para mim. — Hm, claro, claro. Eu também pedi pizza. Ela deve chegar em poucos minutos. No caso de sentirmos fome. Ele fechou a porta da geladeira e abriu a lata de Coca-Cola na mão, e em seguida tomou um gole.

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— Eu sempre tenho fome. — respondeu. — Bom. — eu não sabia mais o que dizer. Havia convidado Beau para assistir um filme em casa. Agora que ele estava aqui, tudo o que ele dizia soava como o paraíso e eu não sabia o que dizer. Ele caminhou na minha direção, sorrindo. — Relaxa Ash, sou só eu. Ele sacudiu a cabeça em direção à sala de estar. — Agora vamos ver que tipo de filmes você tem. Engoli em seco, virei-me e segui-o para a sala. Esta foi uma má ideia. Estava agindo como uma idiota. Não é assim que os amigos agem. Se eu queria ser sua amiga, tinha que começar a agir como tal, não como uma apaixonada louca. — Aluguei dois filmes. Se você não gostar de nenhum pode pegar qualquer um dos que eu tenho no meu quarto, mas esteja advertido que a maioria é de comédias românticas. Os alugados são, provavelmente, mais o seu estilo. Fiquei longe dele porque minhas bochechas estavam quentes e odiava a ideia de que ele me visse corar. Estava sendo muito boba. Alcancei os filmes de ação que tinha alugado e voltei a me sentar, quando ele se moveu atrás de mim, eu congelei. Meu corpo ficou em estado de alerta e tomei grandes goles de ar. — Deixe-me ver. — sussurrou em meu ouvido. Ele colocou os braços em volta de mim e me tomou os filmes das mãos. Quando nossas mãos tocaram, prendi a respiração. Por um segundo, ele parou nessa posição, em seguida, se mudou rapidamente. Meu comportamento louco o fez sentir-se desconfortável. — Boa escolha. Eu estava esperando para vê-los, mas Nicole e eu não costumamos ver filmes. — o nome de Nicole soou como um aviso para mim.

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Eu virei na ponta dos pés. — Bem, escolha um e coloque-o. Vou pegar o dinheiro antes de a pizza chegar. Mas primeiro, iria jogar água no rosto e me acalmar. Eu não esperei por sua resposta e saí da sala. A campainha tocou enquanto eu pegava o dinheiro da minha carteira. O entregador provavelmente seria alguém da escola. Beau atendendo a porta não parecia ser uma boa ideia. Corri para fora do meu quarto e topei cara a cara com Beau. Para ser mais exata, cara com peito. Um peito que cheirava muito bem. Fechei os olhos e respirei profundamente. — Vou esperar aqui, enquanto você paga. — ele disse em um sussurro. Balancei a cabeça e passei em torno dele. No momento em que abri a porta eu me senti aliviada que Beau tivesse se escondido. Era Jimmy Noles, um jogador do time de futebol. — Como vai, Ashton? — Jimmy perguntou com um grande sorriso. — Hm, bem, obrigada. — Acho que você está com saudade de Sawyer. — Sim, eu estou. — respondi balançando a cabeça e colocando o dinheiro em sua mão — Obrigada, fique com a gorjeta. Seu sorriso cresceu mais. — Genial, obrigado Ashton. Até mais. Eu sorri de volta e fechei a porta. Beau deu um passo e entrou na sala. — Isso cheira bem.

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Pensei o mesmo, mas acreditava que não poderia comer nada. Beau pegou a caixa de minhas mãos, aproximou-se do sofá e colocou a caixa sobre a mesa de café. — Vou trazer alguns pratos de papel. Ele começou a abrir a caixa. — Não há necessidade de trazer um para mim, mas eu poderia usar um guardanapo. Beau conseguiu comer a maior parte da pizza antes que eu conseguisse engolir um pedaço. Eu estava feliz que ele não se sentia desconfortável por meu comportamento tolo. Ele sentou-se no sofá, com os olhos no filme, depois de limpar as mãos com o guardanapo. Deixei meu prato sobre alguns exemplares de Jardim & Gun que o meu pai tinha comprado e estavam sobre a mesa de café. — Deixei dois pedaços de pizza. Você não pode estar cheia. Eu me virei para vê-lo. — Quer dizer que você não parou de comer porque estava cheio? — Não, só estava sendo educado. Eu nunca estou cheio. — disse sacudindo a cabeça. Recostei-me no sofá. — Coma tudo o que você quiser, eu estou cheia. Ao invés de se abaixar para pegar outra fatia, como eu pensei que faria, ele colocou toda sua atenção em mim. — Por que você me convidou esta noite, Ash? Meu rosto ficou pálido. Por que o convidei? Responder a essa pergunta não era algo fácil. Desde que ele entrou pela porta, eu tenho agido ridiculamente. Com Sawyer eu nunca ficava sem palavras. Beau me afetava. Agora, ele estava aborrecido até a morte com a filha do pastor enquanto

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poderia estar gastando seu tempo com sua namorada sexy e com tesão fazendo coisas que eu nunca tinha sequer ouvido falar. Eu o estava privando de uma noite emocionante. A ideia de que ele, provavelmente, veio à minha casa para me fazer companhia porque seu primo estava fora da cidade, me fez sentir-me terrível. Ele estava fazendo uma caridade e eu não podia falar sobre algo mais interessante. Bem, pelo menos lhe dei de comer. — Desculpe. Eu não quero ficar sozinha. Você pode ir. Eu sei que isso deve ser chato em comparação com o que costuma fazer. — consegui mostrar um pequeno sorriso. Ele franziu a testa e apoiou os cotovelos sobre os joelhos, sem desviar o olhar de mim. — Estar com você não é chato. É só que você está desconfortável. Se você quer que eu vá, eu vou. Tenho a sensação de que você está pensando que eu tenho outras coisas para fazer. Suspirei e lhe dei um pequeno sorriso. — Não, eu quero que você fique. Eu nunca trouxe outro homem para casa além de Sawyer e ele só vem quando meus pais estão aqui. Estou nervosa. Não que eu não te queira aqui. — Por que você se sente nervosa? — ele perguntou olhando para mim. — Eu não sei. — respondi honestamente. — Hm, eu acho que você está errada. — ele respondeu, sorrindo. — O quê? — Você já trouxe outros caras aqui. Eu vim aqui muitas vezes. Seu quarto parece igual. Eu sorri. Ele estava certo. Eu só precisava lembrar que este era o mesmo menino que costumava pular na cama comigo e assistir filmes. Ele diminuiu o espaço entre nós e relaxou descansando seu braço na parte de trás do sofá.

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— Eu não mordo, sou eu Ash. Eu prometo. Venha aqui e vamos ver o filme. Estudei o espaço entre seus braços e a ideia de me aconchegar contra ele era muito tentadora. Mas eu não acho que ele tinha isso em mente. Então, ao invés disso, eu me recostei no sofá, tomando cuidado para não tocá-lo. Sua mão não veio e me puxou contra ele. Ele permaneceu em seu lado do sofá e eu fiquei decepcionada. — Relaxe e assista ao filme. — disse com uma voz suave que nunca tinha ouvido dele. Isso fez sentir-me segura. O braço de Beau acabou caindo sobre meus ombros. Distraidamente começou a desenhar pequenos círculos na parte superior do meu braço. Era como se pequenas descargas elétricas estivessem zumbindo pelo meu corpo. Eu esperava que ele não percebesse que eu estava respirando com dificuldade. Fechei os olhos e fantasiei sobre colocar minhas mãos sob sua camisa e tocar sua pele macia e acariciar seu abdômen firme. Olhei através de meus cílios e vi que sua atenção estava no filme. Não tinha ideia de como fiquei louca. Aos poucos eu me aproximei dele, até que minha cabeça estava na curva de seus braços. O cheiro de sabonete Irlandês Spring ao ar livre encheu meus sentidos. Sawyer sempre cheirava a colina. Eu gosto de sabonete. Virei minha cabeça o suficiente para sentir melhor. Seu braço apertou ligeiramente em volta de mim. Ele não insinuou nada com isso, mas me senti tão bem. Virei meu corpo em direção a ele e fechei os olhos. Deixei minha imaginação voar e me perguntei como me sentiria sem essa camisa cobrindo seu tronco. — Ash. — a voz de Beau interrompeu as minhas fantasias. — Hm... — consegui responder sem que minha mão tocasse seu abdômen. — O que você está fazendo? — sua voz não soava bem. Havia um tom de pânico que me trouxe de volta à realidade. Engoli em seco quando percebi que tinha subido a perna sobre a coxa de Beau. A barra do meu vestido mal cobria minha calcinha. Para piorar as coisas, minha mão afundou sob sua camisa preta e sua pele estava macia e quente. O horror tomou conta de mim me fazendo tirar a mão da camisa e me sentar.

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— Oh meu Deus! — chorei. — Desculpe... eu não estava... desculpe. — eu não podia olhar em seus olhos. Não depois de ter estado sobre ele! Em vez disso, eu fiz a única coisa que conseguia pensar: corri para o meu quarto. Empurrei a porta com força suficiente para fechá-la em um golpe, mas não escutei o barulho. — Ash, espera. — a voz de Beau me fez estremecer. OH DEUS! Por que ele me seguiu? Não poderia simplesmente sumir? Eu não poderia voltar a vê-lo. — Desculpe... apenas vá embora, tudo bem. Cruzei os braços e olhei para fora da janela esperando ele sair. Seus braços me abraçaram por trás e eu gemi com a humilhação, isso só piorou as coisas. Ele só estava tentando me confortar. — Eu não sei o que está acontecendo na tua cabeça, mas pela maneira como agiu, imagino que é muito ruim. — ele apoiou a cabeça no meu ombro. — Você quer eu vá, eu vou. Mas eu quero que você entenda algo. Tinha um grande nó na minha garganta e eu sufocava as lágrimas nos meus olhos. Responder era impossível. — Eu iniciei o que aconteceu ali. Não você. Eu não estava preparado para essa reação. Pensei que você me empurraria para longe, mas... você se aproximou. — ele parou de falar e sua respiração era quente no meu pescoço, seus lábios tocaram meus ombros nus. Eu tremi e suas mãos percorreram meus braços para cobri-los. — Não deveria te tocar, mas não posso parar. — novamente sussurrou em meu ouvido. Eu queria contradizê-lo. Não foi culpa dele. Eu queria dizer que eu era a única que se deixou levar. Mas eu não podia lidar com qualquer coisa mais do que um gemido leve. — Eu não posso fazer isso, Ash. Deus sabe que eu quero, mas eu não posso. — e depois se foi.

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Eu me virei para vĂŞ-lo atravessar a porta. Queria chamĂĄ-lo de volta mais do que tudo no mundo, mas nĂŁo o fiz.

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Capítulo 4 O alerta de mensagem de texto me acordou. Esfreguei os olhos e tentei me concentrar antes de alcançar o meu telefone. A mensagem era de Beau. "Bom dia." O choque de ver seu nome no meu celular tão cedo me fez sentar rapidamente e então me deixei cair no travesseiro enquanto o acontecido da noite anterior vinha à mente. Eu quase podia sentir os lábios de Beau no meu ombro e senti um calafrio sob as cobertas. "Quando você acordar, me ligue". Apareceu na minha tela. Eu deveria ter ignorado. Deveria ignorá-lo e fingir que ontem à noite não aconteceu nada, mas a memória de sua respiração no meu ouvido e suas mãos acariciando meus braços jogaram todas as minhas boas intenções pela janela. "Estou acordada". Respondi a mensagem. Em menos de um minuto meu telefone tocou, eu tinha que tomar uma decisão rápida. Poderia ignorar sua chamada e salvar ambos de problemas futuros ou atender e esquecer as consequências. — Alô. — Hey. Sua voz me deixou feliz e respondi imediatamente. — Escute, sobre a noite passada... — comecei. — Eu quero ver você hoje. — me interrompeu. Meu coração pulou e sorri para o teto. Ele queria me ver.

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— Tudo bem. — eu disse rapidamente. — Você se importaria de vir aqui? — À sua casa? — perguntei. — Sim, eu preciso fazer algumas coisas que minha mãe quer, porque não vem para me fazer alguma companhia? Sentei-me na cama, sorrindo como uma idiota. — Estarei aí em 30 minutos. Já tomou café da manhã? — Não, ainda não. — Eu levo o café da manhã, então. — respondi. — Parece bom. — Bem, até mais. Ele hesitou um pouco e depois disse: — Vejo você em breve. Meu coração estava disparado e eu fui saltitando para a cozinha para fazer alguns biscoitos antes do banho. ***

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BEAU Peguei meu celular pela décima vez para ligar e cancelar, quando vi o Jetta de Ashton passando pelo caminho de cascalho, ótimo. Lutei sem sucesso contra todas as minhas boas intenções o suficiente para que ela viesse aqui. Isso estava errado. Ferir as pessoas não era algo que eu tivesse problemas, mas ferir Sawyer? Isso não estava em discussão. Ashton saiu de seu carro, usando outro pequeno vestido e carregando um prato de comida. Observei o balanço de seus quadris sob o tecido fino, até que ela chegou a mim, os cantos de sua boca formaram um pequeno sorriso tímido, decidi que eu não importava se eu estava jogando sujo. Sawyer não estava aqui e eu não via como eu poderia ajudar, ele deveria ter mantido seu traseiro em casa. — Fiz sanduíches de salsicha. — ela disse enquanto se aproximava da porta. — Hmm, eu estou faminto. — eu disse, segurando a porta aberta para ela passar, uma brisa agitou seus cabelos enquanto passava por mim. Por que cheiram tão bem? Fechei a porta e virei para beber o aroma. Ontem à noite quando a deixei, fui direto para Nicole. Lembrando a mim mesmo quem era, foi muito importante, Nicole tinha se mostrado bastante disposta, mas meu corpo parecia não esquecer como foi bom sentir o corpo de Ashton aconchegado contra o meu. — Não pensei que você fosse me ligar. — disse ela suavemente, enquanto estudava o prato de sanduíches que ela tinha. Devo ter tido um momento de fraqueza esta manhã quando eu acordei de um sonho incrivelmente bom, que ela protagonizou. Tudo o que eu pensava era estar perto dela novamente. — Eu odeio a maneira como as coisas ficaram ontem. Ela corou e olhou para mim.

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— Sinto muito sobre a maneira como agi. Inferno, inferno, inferno, eu não seria capaz de resistir a ela e empurrar Sawyer ao escuro e profundo esquecimento da minha mente, caminhei em sua direção, peguei o prato de sanduíches e os deixei sobre o balcão. — Eu lhe disse ontem à noite que eu comecei, era eu quem deveria pedir desculpas. Ela soltou uma pequena risada e olhou para seus pés. — Não, eu me lembro de que foi a minha perna que subiu no seu colo e minha mão que estava em sua camisa. Você havia deixado de me tocar completamente. Obrigada por tentar tirar a minha culpa, mas eu estava lá, Beau. Coloquei meus braços ao redor da cintura dela e a trouxe para mim. Agora, não me importava a quem ela pertencia. Eu a queria e não podia ver além da minha necessidade. — Olhe para mim. — sussurrei e deslizei o dedo em seu queixo, inclinando seu rosto para que pudesse ver seus olhos. — A única razão que eu não te agarrei e te coloquei sobre mim na última noite foi porque é a primeira vez na minha vida que eu quero algo que pertence a uma pessoa a quem eu amo. Comecei a te tocar na noite passada porque eu não conseguia manter as mãos longe de você. Pensei que se eu pudesse te tocar um pouco, seria capaz de lidar com isso. Mas depois não reagi da maneira que eu esperava. — parei e fechei os olhos. Deixar o olhar dela enquanto falava da reação ao seu contato foi difícil. Aqueles grandes olhos verdes inocentes absorvendo cada palavra que saía da minha boca. Deus! Ela era perfeita. — E minhas boas intenções foram desaparecendo rapidamente, se você tivesse seguido me tocando apenas mais alguns segundos, eu teria perdido. Eu estava pendurado por um fio, um fio muito fino. Ela se afastou do meu abraço e fez uma pequena careta.

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— Bem, obrigada por dizer isso. — ela se virou, caminhou até o balcão e começou a remover o plástico da bandeja. — Nós dois o amamos, ninguém quer prejudicá-lo, mas... nos atraímos. Temos uma história entre nós três. Nos últimos anos tem sido apenas Sawyer e eu. Eu não queria que fosse do jeito que aconteceu e eu acho que todos nós podemos ser amigos. Prometo manter minhas mãos no lugar e você vai prometer o mesmo. Ela me olhou por cima do ombro e se moveu para colocar os sanduíches em um prato encontrado no escorredor. Dizendo que faria qualquer coisa que pedisse, não era minha melhor jogada, eu concordei e fui pegar copos e suco de laranja para que pudéssemos tomar café da manhã juntos, como costumávamos fazer. *** — PARE, Beau! — Ashton gritou enquanto corria para o lado da caminhonete, longe da mangueira de água que tinha corrido em sua direção. — Mas você tem sabão em seus braços, eu só estou tentando tirá-lo. — eu disse, sua risada apertou algo dentro de mim e eu me forcei a não pensar sobre isso. — Claro, encharcando-me, prefiro o sabão nos braços, muito obrigada. — Vamos Ash, estava apenas tentando ajudar, eu prometo não fazer isso de novo, além disso, nem está usando uma blusa branca, eu não tenho nenhuma razão para te molhar. Ela caminhou até a frente da minha caminhonete com cautela, não confiava em mim, eu deixei cair a mangueira e levantei ambas as mãos. — Você vê, eu prometo. — assegurei a ela. Ela colocou a cabeça de lado e mordeu o lábio inferior. — Hmmm, de acordo.

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Eu a vi se aproximando lentamente do balde de água com sabão para pegar a esponja que havia caído. Antes que eu pudesse responder, me jogou uma úmida e ensaboada esponja na cara e riu antes de se virar e correr de volta para o outro lado da caminhonete. — Você pediu. — eu gritei e fui por outro lado para pegá-la. — Desculpe. — ela gritou, rindo. — Tarde demais para pedir desculpas, baby, eu vou te pegar. — Beau! Eu prometo! Por favor, não jogue. — ela agachou-se na parte de trás da caminhonete. — Bem, não é doce? — a voz de Nicole me pegou de surpresa, eu parei de perseguir Ashton e deixei a esponja molhada no balde antes de voltar para olhar para Nicole, inclinando-se contra o Camaro vermelho de sua mãe. Seu olhar furioso se dirigiu a Ashton, eu me virei para vê-la de pé pela cabine da minha caminhonete segurando uma esponja molhada, enquanto estudava Nicole nervosamente. A comparação entre elas era como o dia e a noite. Onde Nicole encaixava neste estacionamento descuidado, Ashton parecia totalmente fora de lugar. O velho Macklery saiu à porta da frente com uma cerveja na mão, gritando com sua esposa antes de bater a porta. Tudo ao meu redor deixava de existir quando estava com Ashton, não foi de estranhar que eu não tinha percebido que Nicole havia chegado, foi quando eu dei-lhe um olhar de advertência. — Não ouvi você chegando. Ela levantou as sobrancelhas e olhou furiosa para mim. Eu sabia por que ela tinha vindo, a apertada minissaia e blusa que amarrava no pescoço que apenas cobria os seios significava que ela veio à procura de ação. — Você estava se divertindo muito para perceber mais do que ela. Droga! Isso não era bom, Ashton era a única pessoa por quem Nicole se sentia ameaçada, não importava o quão bem Ashton sempre se comportou, Nicole a odiava e encontrá-la molhada de água e sabão

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com um fino e pequeno vestido, lavando meu carro não parecia muito inocente. Ashton estava malditamente sexy, toda molhada e ensaboada, um fato que sabia que não passaria despercebido por Nicole. Ela teria adorado ver Ashton se espatifar e depois se queimar, precisava dizer algo, mas não conseguia pensar no quê. — Oi Nicole, estou atrasada para sair, estou feliz que você tenha chegado para ocupar meu lugar. — Ashton disse, quebrando o silêncio tenso. Eu vi a preocupação em seus lábios franzidos, e se empurrar Nicole para dentro do Camaro e forçá-la a ir embora a fizesse sorrir e gargalhar de novo, eu o faria. Seus olhos se encontraram com os meus e ela me deu um sorriso brilhante, do tipo que sempre me dava, o tipo forçado, não os que eu tinha me acostumado nos últimos dias. — Sawyer vai saber que eu vim para ver como você estava e que entreti você em sua ausência como podia. Parece que você tem alguém que não hesitará muito em ACELERAR. — disse olhando para mim, então voltou sua atenção para Nicole e deu o mesmo sorriso forçado. — Divirtam-se vocês dois. — se despediu de Nicole. — Até logo. Observei enquanto Ash caminhava até seu carro e entrava toda molhada, eu queria correr atrás dela e pedir-lhe para não ir, mas eu sabia que era o caminho para salvar o nosso traseiro com Sawyer. Não tinha sido capaz de pensar no que dizer e havia deixado a explicação toda para ela. — Acho que é difícil acreditar que Sawyer pediu para que viesse para uma luta de água e sabão com você. — Nicole disse andando em minha direção. — Cale-se! — respondi e fui levantar a mangueira para terminar a lavagem do meu carro. — Que ódio, Beau, você que sabe se precisa de alguém para ser babá, mas ela não é sua preocupação.

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— Não me diga com quem eu posso ou não passar o tempo, Nicole. — Ah sim, você pode apalpar a namorada do seu primo e eu tenho que sentar e ver. — Eu não estava apalpando-a! Fomos lavar meu carro, somos amigos, Nicole, ela sempre foi minha melhor amiga, nossa amizade não é um problema e Sawyer está bem com isso. Ashton é muito boa para mim, ela sabe, eu sei, Sawyer sabe e você deveria saber. Nicole não disse nada, comecei a lavar a caminhonete esperando que a conversa terminasse. — Mas você gosta dela. Não soou como se fosse uma pergunta, mas uma declaração. — Sim Nicole, ela é a namorada do meu primo, é bonita e amável, tudo o que nós não somos. Todo mundo gosta dela, menos você. — Quero dizer que ela te agrada, que você gosta dela. A maneira como você a olha, você a quer. Havia um milhão de coisas que eu queria dizer, mas dizer qualquer uma delas teria sido o meu pior movimento, manter a boca de Nicole fechada era o mais importante. — Ela é a garota de Sawyer.

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Capítulo 5 ASHTON — Oh, vamos, será divertido! — me assegurou Leann pela enésima vez. Franzi a testa pelas suas costas enquanto ela saía do carro. De alguma forma ela conseguiu me arrastar até o campo de Mason. Quando me pediu para sair com ela esta noite, eu havia pensado que se referia a ver um filme e, quem sabe, ir às compras. Não tinha pensado que se referia a me levar até o campo. Parei de fazer furos em suas costas e dei uma olhada na caminhonete de Beau estacionada. Não tinha ficado sabendo de nada dele desde que o deixei com Nicole em seu trailer. A princípio, esperava uma mensagem de texto ou uma ligação, mas depois de vinte e quatro horas me dei conta de que não teria notícias dele. Nicole não parecia muito feliz com minha presença lá. Deveria ter previsto essa reação. — Vamos Ashton. — Leann abriu minha porta e sorriu. Seu cabelo castanho curto e cacheado quicava enquanto agitava seu braço até o campo. — Há uma vida fora de Sawyer Vincent. Eu te juro que tem. — brincou enquanto ajustava os óculos que tinham deslizado pelo nariz. Só Leann podia fazer com que os óculos parecessem chiques. — Eu sei. — ela não tinha ideia do quanto estava consciente disso. — Mas chegar ao campo sem Sawyer parece não ter sentido. Refiro-me a Noah, que estará aqui e eu ficarei segurando vela. — Besteira. Noah será nosso acompanhante. — ela me dedicou um sorriso e me puxou para a clareira. A fogueira e a música já estavam bombando. O cheiro da madeira de nogueira queimada enchia o ar noturno. Os diferentes grupos se reuniram em torno da iluminação da clareira, enquanto alguns casais já estavam caminhando até a intimidade das sombras no interior das árvores.

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Eu caminhava junto à Leann escutando sua conversa contínua sobre o novo caminhão que Noah tinha comprado. Estava tentando com muito esforço ignorar o que me rodeava e a todos ao meu redor, que fiquei surpresa quando Leann se sentou em um tronco e me puxou para seu lado. — Olhem quem eu tirei de seu esconderijo. — anunciou Leann ao grupo. — Ashton. Ela está viva. — disse Ryan Mason do outro lado do fogo e tentou se escorar em nós. Seu consumo de álcool, no entanto, fez parecer mais um passo de dança mal feito. — Faltava seu rosto bonito por aqui. — disse Ryan fazendo um gesto para que Leann se movesse e assim pudesse tomar seu lugar junto a mim. — Não vejo como é isso. Você só vem aqui quando está com Saw. Não tem amor para mim? — ele se inclinou e me olhou de lado. Podia sentir a cerveja em seu hálito e sabia que já tinha bebido mais de um copo. Esta era uma típica reação de Ryan à bebida. Ele flertava com todo mundo. — Este lugar é para casais e minha outra metade não está aqui. — forcei um sorriso em meus lábios para que permanecessem no lugar. Ele passou o braço ao redor da minha cintura e me segurou do seu lado. — Posso consertar isso para você, docinho. Vou me desfazer da cadela com quem estou se você me prometer que me seguirá até aquelas árvores. Lancei um olhar à Leann buscando sua ajuda e tudo o que consegui foi uma expressão de pânico em seus olhos. Ela começou a examinar a multidão. Sabia que estava procurando Noah para que viesse nos resgatar. — Hm, está bem Ryan. — eu disse e comecei a levantar. Eu não fui rápida o suficiente porque ele tinha as duas mãos em minha cintura e me puxou para seu colo antes que pudesse escapar. Meu coração batia forte e lutei contra o impulso de gritar.

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— A deixe ir, Ryan. Se Sawyer souber disso, ele vai te matar. — a ordem de Leann entrou em ouvidos surdos. Ryan riu entre dentes e passou sua mão na minha perna. Dei-lhe uma bofetada e lutei para me levantar de novo. — Sawyer não está aqui. — disse me segurando firmemente no lugar. — Ryan, deixe-a ir, cara. — exclamou Kyle Jacobson enquanto corria até nós. Por sorte, a voz de Ryan havia chamado à atenção de Kyle. Esticou a mão para pegar a minha e me levantou. Ryan começou a rir. — Só estava me divertindo um pouco. Ela é a única peça com um traseiro quente nesta cidade que eu ainda não tive. Sawyer a mantem toda para si mesmo. Kyle apertou minha mão. — O único traseiro que tem que se preocupar é o seu. Assim que Sawyer souber disso, vai te dar uma boa surra quando te pegar. Ryan se levantou e cambaleou um pouco, demonstrando o quanto havia bebido. — Ah! Eu só estava me divertindo um pouco. Não fiz mal a ela. Toda essa doce beleza virgem está em seu lugar. Vá agora e corra, pequena filha de pastor. — exclamou Ryan enquanto eu rastejava de novo até o carro de Leann. Não me virei para comprovar se ela estava me seguindo. Só sabia que tinha que escapar. Cheguei ao carro e puxei a fechadura para ver que estava trancado. As lágrimas que havia retido corriam pelo meu rosto. Respirei profundamente, deixando que o resto das lágrimas caísse livremente. Por que o comportamento de Ryan me deixou tão mal, eu não tinha certeza. Não era como se tivesse me feito algo. Meu estômago embrulhou e apertei as duas mãos contra ele, rezando para não vomitar. Sawyer havia sido meu escudo durante tanto tempo que

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não sabia como reagir diante de situações como esta. Odiava ser tão ingênua. A Ashton má saberia o que fazer. Deixei escapar um soluço e apoiei a testa contra a janela fria da porta do carro. Dois braços deslizaram ao redor da minha cintura e eu comecei a girar quando o cheiro de sabonete Irish Spring chegou ao meu nariz. — Sou eu. Agora você está salva. — com o som da voz de Beau, deixei escapar um soluço e me virei para me ajeitar em seus braços. — Sinto muito, eu não estava lá. Cheguei tarde demais. Mas te juro que Ryan Mason nunca chegará perto de você outra vez. — suas palavras me fizeram chorar mais forte e me agarrei à sua camiseta enterrando minha cabeça em seu peito. — Shhh, tudo bem, Ash. Deixe-me te levar até a caminhonete antes que alguém venha atrás de nós dois. — sussurrou em meu ouvido. Deixei que me levasse até sua caminhonete e me colocasse dentro dela. — Disse à Leann que cuidaria de você. — disse enquanto se metia na caminhonete. Sequei meu rosto e assenti com a cabeça. — Obrigada. Eu disse a ela que vir aqui era uma má ideia. Este lugar não é para mulheres solteiras. — tentei fazer com que minha voz soasse clara, mas não consegui. Beau subiu na caminhonete, logo se inclinou e abriu o portaluvas. Foi então que me dei conta do sangue que cobria os nós de seus dedos. Ofegando peguei sua mão. — Oh meu Deus! Uma risada baixa vibrou em seu peito enquanto pegava o trapo do porta-luvas e limpava o sangue da mão.

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— Não é meu sangue, Ash. — me tranquilizou. Pouco a pouco soltei seu pulso e o deixei terminar de limpar o que eu supus que era o sangue de Ryan. — Como eu já disse, Ryan não chegará perto de você outra vez. Assenti com a cabeça. Não estava segura do que tinha que dizer. Nunca tive alguém que lutasse por mim antes. Era uma sensação estranha. O calor correndo em mim enquanto olhava os nós dos dedos um pouco raspados de Beau serem limpos, foi surpreendente. Pelo jeito, eu gostava da ideia dele partindo a cara de Ryan. — Sinto muito não ter te ligado. — ele me disse. Tirei o olhar da mão de Beau e o olhei nos olhos. A expressão de preocupação neles disparou meu coração. — Não tem que pedir desculpas. Não tenho nenhuma razão para esperar que me ligue. Só espero que vir aqui não cause problemas entre você e Nicole. Era mentira, mas ele não sabia. — Não importa o que ela diga. Tomo minhas próprias decisões. Queria perguntar o que queria dizer com este comentário, mas não disse nada. — Quer ir para casa agora? — perguntou. Não queria ir se podia ficar com ele, mas a verdade só causaria mais problemas. — Hm, bom, não tenho para onde ir. Beau me olhou e um sorriso petulante saiu de seus lábios. Não podia deixar de sorrir em resposta. — Que tal uma partida de bilhar? — Bilhar?

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— Sim, bilhar. Há um pequeno lugar fora dos limites da cidade aonde vou para jogar bilhar. Assenti com a cabeça pouco a pouco antes de admitir. — Não sei jogar bilhar. Ele fez uma careta. — Estava esperando que dissesse isso. Beau entrou no pequeno estacionamento de cascalho de um bar. Motos, caminhões velhos batidos e alguns modelos antigos de carros esportivos chegavam ao espaço limitado. Olhei por cima de Beau. — Isso é um bar? Ele riu e se inclinou sobre mim para abrir a porta da caminhonete. — Sim, princesa, é. A cerveja e o bilhar andam juntos. Onde achava que íamos? Isto soava como uma má ideia. Na verdade, sabia que era uma má ideia. Hesitei enquanto Beau saía da caminhonete. Ele deu a volta e parou em minha porta, estendedo-me a mão. — Vamos Ash. Eu te prometo que ninguém aqui vai te morder. Engoli saliva nervosamente e coloquei minha mão na sua. Queria viver um pouco e isso era, sem dúvida, viver um pouco. — Vamos lá. — eu disse sorrindo. Ele apertou minha mão antes de me levar para dentro. Uma banda tocava uma versão muito ruim de Sweet home Alabama em um palco pequeno enquanto entrávamos. A fumaça de cigarro, a cerveja e perfume barato combinaram para tornar o cheiro desagradável. Lutei contra a urgência de cobrir meu nariz. Homens

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gordurosos com barrigas que caíam sobre suas calças jeans, tatuagens nos braços e mulheres vulgares empoleiradas em seus colos ou que se esfregavam neles enquanto dançavam, enchiam o lugar. Beau soltou minha mão e passou o braço ao redor da minha cintura. Inclinou a cabeça para baixo e sussurrou: — Tenho que mostrar posse aqui para manter os outros longe de você. Não tinha nenhuma reclamação, então assenti com a cabeça e me apertei contra ele. — Não vão nos barrar? Somos menores de idade. Beau começou a rir e me levou para uma mesa de bilhar vazia. — Nope. — lançou um olhar ao bar e deu a alguém uma leve inclinação de cabeça, logo agarrou dois tacos de bilhar e me entregou um. — Agora é o momento em que te ensino a jogar bilhar. O brilho maligno em seus olhos me fez querer concordar com tudo o que pedisse. — Beau, o que está fazendo trazendo a filha do pastor aqui? — perguntou uma senhora com o cabelo longo e negro e apenas alguma roupa enquanto colocava uma cerveja na frente dele. Ela voltou seu olhar para mim e eu vi os familiares olhos castanhos que me olhavam com preocupação. Esta é Honey Vincent, a mãe de Beau. Havia visto de relance quando aparecia em poucas ocasiões para pegar Beau na casa de Sawyer. Mas nunca tinha falado com ela. Era bonita, mesmo com toda a maquiagem carregada e a roupa barata. — Mãe, lembra-se de Ashton? — disse Beau antes de tomar um gole de sua cerveja. Sorri apesar de ela estar me estudando como se fosse um animal estranho de zoológico.

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— Olá, senhora Vincent. É bom vê-la de novo. Ela balançou a cabeça e uma mecha de cabelo longo e escuro caiu sobre seu ombro. — Desde quando a doce namorada de Sawyer começou a frequentar um bar na periferia? Fiquei tensa e lancei um olhar a Beau. — Mãe, é suficiente. Ashton e eu somos amigos. Temos sido durante a maior parte da nossa vida. Estou lhe fazendo companhia enquanto Sawyer está fora da cidade. Honey me olhou de cima abaixo antes de olhar para Beau e sacudir a cabeça. — Sim, isso é o que quer dizer a você mesmo filho, mas não é burro e pelo seu bem espero que ela também não seja. — logo tocou a bochecha de Beau com a mão e se virou para ir de volta para o bar. — Traga uma Coca-Cola para Ash. — gritou. Ela levantou a mão no ar e moveu suas unhas como uma forma de reconhecimento. — Sinto muito por ela, mas não é uma grande fã dos pais de Sawyer e qualquer coisa relacionada com eles é imediatamente questionável. Ela vai se acostumar depois que te conhecer. Não tinha certeza de que era suficientemente corajosa para conhecer Honey Vincent. Ela me lembrava de uma versão adulta de Nicole. Ao invés de compartilhar esses pensamentos, me limitei a assentir, Beau sorriu e se aproximou por trás de mim. — Agora, para sua primeira lição de bilhar. Vamos fazer uma série de rodadas de treino antes de jogarmos de verdade. — Beau dirigiu seu taco até abaixo e assentiu com a cabeça para o que estava na minha mão. — Vai bater na bola branca até as outras bolas e movê-las. — explicou. Peguei o taco, me inclinei sobre a mesa e tentei lembrar todas as vezes que havia visto as pessoas jogarem bilhar na televisão. Antes que pudesse pensar demais, o corpo quente de Beau se aproximou atrás

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de mim. Sua mão cobria a minha, me deixando tonta. Precisei de um segundo para lembrar-me de respirar. — Esta é a parte que estava esperando. — murmurou em meu ouvido enquanto ajustava minhas mãos no taco. O calor de seu corpo me dava vontade de me aconchegar contra ele. Tentei manter a concentração, mas podia sentir sua respiração quente em meu ouvido e seu quadril estava encostando-se à minha bunda. Seu peito esfregava nas minhas costas. — Você está tremendo, Ash. — sussurrou. Não sabia como responder. Não podia culpar o frio. Estava dentro de um bar quente, no meio do verão. — Agora, está pronta para dar a tacada. Sua voz enviou calafrios ao meu corpo e eu temia que, se assentisse com a cabeça olhando para ele, me jogaria em seus braços. Ao invés disso, deixei que me guiasse para dar a tacada. Um monte de bolas coloridas rodou sobre a mesa, mas eu não conseguia me concentrar. — Bom trabalho, teremos que decidir qual bola queremos que caia e preparar sua próxima tacada. Fechei os olhos e respirei, me estabilizando enquanto ele ficava de pé e saía de perto do meu corpo. Endireitei-me, rezando, para que meus joelhos não cedessem com meu peso. O olhar de Beau me fez corar. Um sorriso de satisfação apareceu em seus lábios e de repente queria saber como seus lábios se sentiriam grudados nos meus. Não podia tirar meus olhos dele. Mesmo quando seu sorriso sumiu, eu continuei olhando sua boca. — Vai ter que parar de fazer isso Ash. — sussurrou Beau com a voz rouca e diminuiu o espaço entre nós, pressionando seu corpo contra o meu. Eu consegui sacudir minha fascinação por seus lábios e o olhei nos olhos. Olhava para mim com um brilho faminto que não estava acostumada a ver. Mas eu gostei. Gostei muito.

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— Ash, eu estou me esforçando muito para ser bom. Ser bom não é comigo, mas Sawyer é importante para mim. Por favor, lembre que tenho meus limites e você olhando para a minha boca como se quisesse um pedaço me coloca, perigosamente, perto da borda destes limites. Engoli saliva nervosamente assentindo com a cabeça. Não podia falar no momento porque estava bastante segura de que lhe pediria que seguisse adiante com o que estava considerando. Deixei escapar um suspiro de frustração e logo me virei para ficar de frente para mesa de bilhar. — Agora, de volta aos negócios. Parece que as coloridas têm uma configuração melhor, então você pode ficar com as coloridas e eu ficarei com as listradas. Sua bola vermelha está no melhor lugar. Está quase no bolso para colocá-la no canto de lá, a bola branca está muito perto dela. Depois volte à sua posição. Esforcei-me para me manter focada no que ele estava me dizendo até que ele se moveu de novo atrás de mim para corrigir a forma em que estava segurando o taco. — Lento e fácil, Ash. Respirei profundamente, me estabilizei e bati na bola branca. Bateu diretamente na bola vermelha e a bola vermelha caiu na caçapa. — Consegui! — gritei e virei jogando meus braços ao redor do pescoço de Beau. Não me dei conta até que seus braços me rodearam e senti seu cheiro de sabonete, que isso não havia sido um sucesso. — Sim, você conseguiu. — disse rindo, depois beijou a parte superior da minha cabeça. Obriguei-me a soltar minhas mãos e a dar um passo para longe dele. — Bem, agora qual eu derrubo? — perguntei sorrindo para ele como se meu coração não batesse a toda velocidade em meu peito por seu abraço.

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Ele estudou a mesa e assentiu com a cabeça. — A azul está em um bom lugar. Dois jogos depois, consegui aprender o truque do jogo. Beau ficou muito concentrado olhando a mesa de jogo. Nunca tinha me dado conta que um homem inclinado sobre uma mesa de bilhar podia ser tão sexy, mas depois de ver Beau, havia decidido que este era um jogo sexy. Além do fato de que quando ele inclinava seu corpo alto e musculoso sobre a mesa, uma pequena carranca aparecia entre seus olhos quando se concentrava, o que me dava mais vontade de beijá-lo, ele também fez toda uma inclinação de quadril apoiado na mesa enquanto esperava eu tirar uma foto como se estivesse modelando para uma revista. — Não sei se gosto da Ash que precisava da minha ajuda ou da Ash que tem o controle. Por um lado posso chegar a te tocar e fazer do meu jeito. Mas por outro posso chegar a ver como se inclina sobre a mesa, e tenho que dizer que é uma vista muito excitante para mim. Mantive meu olhar na mesa ao invés de olhar em seus olhos. Ao ouvi-lo dizer que eu o excitava me deu vontade de sorrir como uma idiota. Não queria que tivesse a oportunidade de ver minha reação à suas palavras. — Está ficando tarde. Está pronta para ir? — perguntou Beau. Aproximei-me dele e entreguei o taco de bilhar. — Provavelmente deveria ir. — respondi. Ele assentiu com a cabeça, pegou os tacos e os guardou. Olhei para baixo, para a única cerveja que havia bebido durante a noite e me dei conta de que estava sendo cuidadoso comigo. — Vejo que está olhando a cerveja, se quiser pode conferir que está pela metade. Sorrindo, neguei com a cabeça. — Confio em você.

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Pegou minha mão e me conduziu até a saída. — Nos vemos mamãe. — gritou ao passar ao lado de sua mãe, que levava uma bandeja cheia de canecas de cerveja. Seu olhar se moveu dele para mim. Ela sorriu, me lembrando Beau. — Muito bem, tenham cuidado no caminho para casa. — respondeu ela. Não esperava este tipo de resposta de Honey Vincent. Não parecia ser o tipo de mãe que diria que tivesse cuidado, mesmo porque lhe serviu cerveja. A mão de Beau deslizou ao redor da minha cintura e me puxou para ele de novo. — Você está sendo observada por alguns homens bêbados. Só estou mantendo-os afastados. — disse em voz baixa enquanto saíamos para a rua. Dizer que não me importava de ser puxada para seu lado, não parecia uma boa ideia, então fiquei de boca calada. Assim que nos soltamos, estudei o caminho até o bar que havia passado o último par de horas. Não era tão assustador como pensei que seria um bar. Depois de jogar bilhar, havia me esquecido de todos os outros que estavam no lugar. Beau colocou sua caminhonete na estrada de duas pistas que levava para a cidade. As luzes do estacionamento diminuíram na distância enquanto nos dirigíamos para longe do bar e para mais perto de casa. Não estava disposta a ir para casa. Esta noite havia sido a mais divertida que jamais havia tido em um encontro. Mesmo que não tivesse sido um encontro de verdade. Eu ria quando estava com Beau. Muito mais do que em qualquer outro momento. Havia me esquecido o quanto Beau era divertido. Talvez por isso sempre o escolhesse para fugir quando era criança. Sawyer sempre nos mantinha na linha e eu o amava, mas Beau sempre me levava à excitação. — Obrigada por esta noite. Diverti-me de verdade.

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— Eu percebi. Gosto de ver você se divertir. Você é incrível quando deixa o muro ao seu redor cair. — Muro? — perguntei me virando para encará-lo. Ele não disse nada. Mas mantive os olhos fixos nele, esperando. — Seu muro perfeito. O que você mantém para que todo mundo veja. O que você usa para esconder a garota que conheço por trás dele. A garota que quer rir e se divertir. Perfeito não é divertido, Ash. Deixei a garota má com Beau, porque sabia que ele não ia rejeitar ou repreender. Ele sabia que uma parte de mim não se mostrava a mais ninguém. Claro que vovó sempre me deixava tomar minhas próprias decisões e abraçar a verdadeira Ashton, mas eu sempre mantive meu verdadeiro lado ruim escondido até dela. Eu queria discutir com ele e erguer meu muro para colocá-lo para fora, mas eu não consegui. Eu precisava dele para me deixar ser eu. Beau sempre havia sido a pessoa que me aceitava como sou. Assenti com a cabeça e fixei os olhos de novo na estrada em nossa frente. — Não posso ser essa garota o tempo todo. Meus pais, Sawyer, as pessoas da cidade, todos esperam uma boa garota. Não posso fazêlos ver este lado meu. Mas me sinto tão bem em deixá-la solta. Mesmo que seja por pouco tempo. Então, obrigada. Não olhei para o lado para ver sua reação, não era preciso. Sua mão buscou a minha e a segurou. Não eram necessárias as palavras porque ele entendia.

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Capítulo 6 ASHTON Acordei e encontrei minha mãe sentada na beirada da cama. Mesmo que minha visão estivesse embaçada pelo sono, era difícil não ver seus olhos vermelhos e os círculos escuros embaixo. — Mamãe? — perguntei, desejando alcançá-la e consolá-la. A menina dentro de mim estava aterrorizada de ver minha mãe tão obviamente triste. — Bom dia, coração. Lamento se te acordei, mas queria falar com você antes que seu pai volte para casa. Imediatamente meu estômago se embrulhou. — Ashton, querida, sua avó faleceu. Todos os outros pensamentos abandonaram minha mente. — O quê? Minha mãe soltou um pequeno soluço e pegou uma de minhas mãos. Seu pequeno aperto não me consolou. — À noite sua avó foi dormir. Quando seu pai chegou esta manhã para garantir seu aquecedor de água antes que fosse para a igreja, encontrou-a na cama. Foi um enfarto. Sacudi minha cabeça sem acreditar no que minha mãe estava me dizendo. Tinha que estar sonhando. Isto não podia estar acontecendo. Tinha planos com minha avó. Havia tantas coisas que ainda teríamos que fazer. — Querida, sei que era muito próxima de sua avó. Isso é dificl para todos, mas sei que especialmente para você. Tudo bem se chorar, estou aqui e te segurarei.

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Nunca tinha pensado que minha avó morreria. Ela era uma parte da minha vida. Meu escape do mundo que vivia diariamente. Ela me entendia de uma forma que meus pais nunca fariam. Minha avó não esperava que eu fosse perfeita, como faziam meus pais e Sawyer. Estando com ela eu era livre. Era como quando estava com Beau. Podia ser eu mesma e sabia que me amava. Um vazio cresceu dentro de mim enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto. Ainda precisava dela. Como ela pôde ir? Acabara de vê-la. Disse-me que ninguém podia ser tão perfeito como Beau sem camiseta. Nós rimos juntas. Acabara de ir à pedicure. Como pode estar morta? Não estava preparada para morrer. As unhas de seus pés eram rosa brilhante. Estava preparada para se divertir. Tínhamos planos para ver filmes juntas. Os braços de minha mãe me envolveram em um abraço. Toda minha vida havia encontrado consolo em seus braços, mas agora só me sentia anestesiada. Minha avó não estaria aqui para o dia do meu casamento. Nunca viajaríamos juntas naquele cruzeiro ou iríamos mergulhar nas Bahamas. Não estaria aqui para, algum dia, fazer biscoitos para os meus filhos. Onde encontraria um escape da pressão em minha vida? Como poderia viver sem ela? Ashton, De novo, me desculpe pelos atrasos dos meus e-mails. Depois de um dia inteiro de caminhada, caí quando voltava à cabana. Estou combatendo o cansaço, então posso te escrever. Hoje Cade e eu fizemos uma caminhada que nem minha mãe, nem minha irmã queriam provar, então papai ficou com elas. Era muito íngreme em alguns pontos. Era incrível. A vista de lá, quando chegamos, era impressionante e Cade viu seu primeiro urso pardo. Acho que tirou uma dezena de fotos. Aguente firme. Seu tédio está na metade do caminho. Estarei em casa em vinte dias. Te amo,

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Sawyer. Sawyer, Hey... Não queria lhe dizer pela tela de um computador que minha avó estava morta. Não podia dizer sobre lavar o carro com Beau ou jogar bilhar no bar. Minha visão estava nublada por chorar e conversar pelo computador era a última coisa que eu queria fazer. Apaguei minha resposta, peguei minha bolsa e fui até o carro. Podia mentir a mim mesma e dizer que não sabia aonde ia, que só precisava me afastar e dirigir. Mas no fundo sabia extamente aonde ia. Estacionei meu Jetta fora do celeiro do Jackson. Beau não estava em casa, mas sua mãe lançou um olhar para o meu rosto aflito e me disse onde podia encontrá-lo. Escutei o trator antes de vê-lo. Meus pés começaram a caminhar seguindo o som. Precisava que alguém me ajudasse a esquecer a verdade. Não precisava de um e-mail estúpido me contando sobre cachoeiras e ursos. Precisava de alguém aqui e a primeira pessoa que via na minha frente era Beau. Ele não me diria que tudo estava bem. Ele não tentaria me acalmar como uma criança. Eu precisava dele. No minuto em que me viu caminhando pelo campo, parou o trator. Seus olhos caíram em mim e eu comecei a correr. Podia sentir a umidade em meu rosto pelas lágrimas enquanto corria até ele. Ele desceu em um salto antes que eu o alcançasse. Beau me apanhou quando me ajeitei em seus braços. As lágrimas silenciosas se transfomraram em soluços pela primeira vez desde que minha mãe havia me dito que minha avó morreu. Ele não

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me perguntou. Sabia que n達o perguntaria. Esperaria que eu estivesse pronta.

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BEAU Puxei Ashton para meu colo enquanto me sentava debaixo de um carvalho velho. Seus braços apertavam meu pescoço enquanto soluçava contra meu peito. Estava com medo de perguntar o que estava errado. Ao invés disso, eu a segurei e esperei. Meu peito doía tanto com cada soluço que era difícil respirar fundo. Sentar aqui esperando que ela se acalmasse o suficiente para me dizer em quem tinha que dar uma surra por fazê-la chorar, não era fácil. Um soluço sacudiu seu corpo e eu a embalei com mais força contra mim. Meu coração se contraía com cada tremor de seu corpo. Mesmo quando éramos pequenos não gostava de vê-la triste. A única vez que um garoto feriu seus sentimentos no pátio de jogos, eu reagi empurrando o rosto do menino na terra. Fiquei dois dias suspenso, mas valeu a pena. Ninguém a incomodou de novo. Eles eram espertos. Seus soluços pouco a pouco começaram a diminuir para pequenos choramingos. Olhei fixamente como ela levantava a cabeça do meu peito suado. Seus olhos grandes me olharam e meu peito palpitou pela limitação. Se alguém a magoou, eu o mataria. Se Sawyer tivesse causado isso, ele pagaria. Primo ou não, ninguém tinha permissão para fazer Ashton chorar. — À noite, minha avó teve um enfarto. — sussurrou. Eu não esperava isso. — Sinto muito, baby. — Só me abrace. — respondeu. Eu a seguraria para sempre se pudesse. Com cuidado tirei o cabelo pregado em seu rosto pelas lágrimas e o coloquei atrás de suas orelhas. Ela olhou para baixo e ficou tensa quando, finalmente, se deu conta de que eu estava sem camiseta. Meu peito estava molhado não só de suor, mas de suas lágrimas. Comecei a dizer algo, mas as palavras ficaram paradas em minha garganta

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quando sua mão se moveu pelo meu peito e suavemente começou a secar as gotas de umidade. Parei de respirar. Sabia que era errado deixá-la fazer isso, mas não podia me importar menos. Moveu-se em meu colo até que se sentou montando sobre mim. Deixei minhas mãos caírem sobre sua cintura enquanto ela continuava tocando meu peito. Meu coração começou a golpear minhas costelas com tanta força, que eu sabia que ela podia senti-lo. Precisava parar isso. — Beau. — ela disse. Deixei de olhar suas mãos sobre meu peito e olhei fixamente seu rosto. Havia uma pergunta em seus olhos, podia vê-la. — Sim. — disse com a voz estrangulada. Suas mãos me deixaram e eu respirei profundamente para aliviar meus pulmões privados de oxigênio, suspirei quando me dei conta do porque ela tinha parado de me enlouquecer com suas carícias. Uma respiração profunda parou em minha garganta quando a parte de cima saiu. Sem tirar os olhos de mim, deixou cair sua blusa na grama ao seu lado. Havia pensado que nada poderia ser mais sexy que Ash de biquíni, eu estava errado. Ash em um sutiã de renda branco era de longe, a coisa mais sexy que já tinha visto. — Ash, baby, o que está fazendo? — perguntei em um sussurro rouco. Tentei me forçar a levantar o olhar e olhar seu rosto para saber em que estava pensando, mas não podia deixar de olhar seus seios. — Toque-me. — sussurrou. O fato de que era a garota de Sawyer parecia não importar mais. Não podia dizer não. Inferno, não podia dizer não. Tracei uma linha em sua clavícula até a curva de seus seios. Ela gemeu em voz alta e se deixou cair em meu colo fazendo pressão em minha ereção. Ia me deixar louco se continuasse. Como se ela pudesse ler meus pensamentos e quisesse me colocar à prova, mexeu seu traseiro em meu colo.

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— Oh, droga. — gemi antes de pegar seu rosto e atrair sua boca para a minha. No momento em que minha boca tocou a sua, meu mundo começou a girar. Não podia ter o suficiente. Tirei o sutiã e tinha minhas mãos cheias em minutos. O forte gemido de prazer que escapou de sua boca quase me deixou no limite. Perdi minha virgindade aos treze anos e houve muitas garotas desde então, mas nada me preparou para este sentimento. Ashton envolveu seus braços ao redor do meu colo e pressionou seu peito nu contra o meu, me fazendo estremecer pela primeira vez em minha vida. Beijei um caminho da sua boca até sua orelha, depois abaixo de seu pescoço. Havia cruzado a linha beijando-a e tocando-a. Precisava parar isso. — Por favor, Beau. — suplicou e se sentou sobre seus joelhos oferecendo seus mamilos duros e rosados à minha boca incrivelmente ansiosa. Eu estava fraco e estava mais excitado do que já havia estado em toda a minha vida. Por volta de uma hora depois, eu a segurei enquanto se sentava encolhida sobre meu colo. Estava esperando que o horror pelo que havia feito tomasse conta de mim. Mas, ter Ashton em meus braços não ajudava a lidar com o remorso que deveria sentir. Pelo contrário, finalmente, me senti vivo.

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ASHTON Abri a porta do carro e olhei para Beau. Meu coração batia selvagemente com sua visão. Queria ir até o fim, mas ele me parou. Um sorriso saiu dos meus lábios porque eu sabia que não tinha me parado porque estava ruim. Ou porque não queria. Havia parado só porque não tínhamos proteção. Beau tinha ficado tão louco quanto eu. Tinha me olhado com esses olhos lindos cor de avelã sem continuar escondendo seus sentimentos. — Pode sair essa noite? — me perguntou enquanto dava um passo até mim, o suficientemente perto para tocar minha cintura. A pele onde sua mão passou, estremeceu com antecipação. — Sim, mas será tarde. Tenho que ir à casa da minha avó. As pessoas estarão trazendo comida e todas essas coisas. Preciso te ver para me animar. Você me faz esquecer. Fugirei pela janela se precisar. Aproximou-se mais e eu o olhei baixar sua boca até a minha. Como antes, o chão sumiu dos meus pés com o toque dos seus lábios. Agarrei-me em seus ombros com medo de cair se me soltasse. Parou o beijo e moveu sua boca até meu ouvido. Estremeci e me aproximei mais. — Envie-me uma mensagem quando estiver pronta e eu te encontrarei no bosque atrás da sua casa. — ele sussurrou, então se afastou. Segurei na porta para me apoiar antes de assentir e entrar no meu carro. *** — Para onde você foi ontem à noite? — sussurrou Leann enquanto sentava na escada ao meu lado. Havia decidido me esconder nas escadas assim que a casa da minha avó se encheu de gente. Estavam me sufocando. Leann estava aqui com sua mãe e eu gostava, mas não estava com humor para conversar. Estudei sua expressão para ver se tinha alguma ideia de que Beau tinha me levado para jogar bilhar antes de me levar para

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casa. Enviei uma mensagem de texto para deixá-la saber que estava indo para casa porque minha cabeça doía e eu a dexei lá. — Beau se ofereceu para me levar para casa, então fui embora. Não estava com humor para sair depois do que Ryan fez. Ela se inclinou até mim, batendo no meu ombro. — Menina, você tinha que ver o caos sangrento que Beau fez no rosto de Ryan. Ele o atingiu. Estava furioso. Revirei meus olhos com suas palavras, encondendo a emoção que senti por ter Beau possessivo comigo. — Não revire os olhos. Não tem ideia do quanto ele estava zangado, atingindo o rosto de Ryan. Avisou-o que o mataria se voltasse a olhar em sua direção. Abri minha boca para responder quando o perfume intenso de uma mulher alta flutuou sobre mim. — Ashton querida, eu sinto muito. — a senhora Murphy, uma das mulheres da igreja que minha vó sempre dizia que precisava usar mais maquiagem para cobrir suas olheiras e menos perfumes porque estava contaminando a atmosfera, parou de frente para mim e estendeu suas mãos. Todos queriam me abraçar como se um abraço fosse fazer me sentir melhor. O costume da senhora Murphy de tomar banho de perfume barato me causava dor de cabeça. Então, dei um palmadinha na mão sem jeito esperando que não agarrasse e me puxasse para seus braços. Podia ver o lenço de papel usado que segurava e estava apavorada de ter que tocá-lo ou que me tocasse. — Obrigada senhora Murphy. — respondi. Ela bufou e tocou seus olhos com o lenço. — É tão difícil de acreditar. Refiro-me a que ela esteve na reunião auxiliar de senhoras à tarde. É horrível, muito horrível.

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Não precisava disso. Porque as pessoas pensavam que eu queria escutar sobre a última vez que viram minha avó, isso estava além de mim. Estava tentando esquecer. Queria fingir que minha avó e eu íamos ficar abraçadas na rede quando todos se fossem e falaríamos de coisas engraçadas que vimos ou alguém disse. Não precisava dos detalhes da última vez que cada um aqui viu minha avó viva. — Obrigada senhora Murphy. Ashton está levando as coisas da melhor forma que pode. Ela aprecia suas palavras, mas não está pronta para falar disso ainda. — as palavras de Leann eram perfeitas. A senhora Murphy me deu um último olhar triste e cabeceou antes se dirigir até alguém com quem pudesse falar. — Obrigada. — disse, me inclinando para Leann. Ela envolveu meus ombros com seu braço. — Para isso que servem as amigas. Assenti e apoiei minha cabeça sobre seu ombro. Sentiria sua falta este ano na escola. Nunca tive muitas amigas. Cresci com os meninos Vincent como meus melhores amigos. Não era boa para me relacionar com garotas. Leann havia sido minha primeira amiga, no primeiro ano. Era do segundo ano e me colocou embaixo de suas asas. — O que vou fazer este ano sem você? — Voce tem um príncipe encantado. Ficará bem. Além disso, só estarei a um telefonema de distância. As lágrimas ardiam em meus olhos. Havia perdido minha avó e agora perderia Leann. Meu mundo estava desmoronando tão rápido. Precisava de Beau agora. Ele daria sentido a tudo. Escutaria-me reclamar e me sentir miserável e não tentaria me fazer olhar o lado positivo. Envolvida em seus braços, era onde eu queria estar. Não aqui com um monte de gente na casa da minha avó e com uma cozinha cheia de ensopados e tortas.

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— Eu vou assistir um filme com Leann. — eu disse logo que entrei em casa. A última visitante na casa de minha avó finalmente havia ido, deixando-nos mais comida que poderíamos comer em um ano. Eu coloquei a panela com batata-doce em suas mãos no bar e me virei para olhar meus pais. — Você vai ver um filme tão tarde? — meu pai me perguntou de cara feia enquanto colocava vários bolos que havia levado para dentro. — É uma sessão de meia-noite, para filmes de vampiros ou algo assim. Ela não quer ir sozinha e eu preciso levar minha mente para longe dessas coisas. Minha mãe, que parecia melhor hoje à noite do que de manhã, sorriu. Ela parecia satisfeita que eu não estava planejando deitar na cama e chorar. Eu me pergunto como se sentiria se soubesse sobre a mudança, eu estava planejando ir para os braços do menino mau da cidade e lamentar. Não podia me preocupar com o que ela e meu pai pensariam. Ficar aqui olhando os olhos tristes de papai e o sorriso indeciso da minha mãe só me causaria mais dor. Quando eu estava com Beau, podia esquecer por um momento. — Tudo bem. Saia e se divirta um pouco. Está ficando muito tempo sozinha desde que Sawyer viajou. Não é bom ficar sozinha o tempo todo. — mamãe encorajou. Meu pai não parecia ser capaz de falar muito hoje. Olhar para ele me causou uma dor que abriu o meu peito e eu estava tentando me segurar. Olhei para a minha mãe. — Eu sei. Só preciso me acostumar com Sawyer longe. Eu não tinha percebido que passava tanto tempo com ele até que ele viajou. Minha mãe gostou da minha resposta. Ela amava Sawyer, mas sempre me lembrava de que não era uma boa ideia ter um relacionamento tão sério nesta idade. Eu ainda tinha a faculdade pela frente. A culpa pelo que estava fazendo com Beau diminuiu mais quando eu olhei para a minha mãe com um sorriso. Eu estava

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mentindo com quem estaria e o que estaria fazendo, mas estava fazendo o que, indiretamente, ela queria. Normalmente meu pai diria “tome cuidado e esteja em casa às 11”. Hoje, permaneceu em silêncio. Perdido em seu próprio mundo de dor. Eu dirigi um último sorriso e caminhei em direção à porta.

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Capítulo 7 Caminhei a curta distância da minha casa até o bosque. Eu não quis que meu carro ficasse no bosque para que todos vissem. Não seria preciso muita inteligência até perceberem que Beau estava estacionado lá antes e agora o meu carro vazio estava no seu lugar. Ninguém esperava que a filha do pastor pecasse, mas certamente eles adorariam descobrir que sim. Não que isso fosse exatamente um pecado. Bem, mentir para os meus pais era, mas Beau era primo de Sawyer e... Meu amigo. Estou certa de que alguns dos lugares onde Beau havia me tocado e beijado esta tarde se enquadravam na categoria de pecado, mas não me atrevi a me preocupar. No momento em que cheguei ao bosque, eu havia convencido a mim mesma de nossa inocência. O bosque estava deserto, exceto por uma caminhonete Chevy. Corri para o lado do passageiro e subi antes que alguém pudesse chegar. Beau riu de mim e meu ritmo cardíaco novamente acelerou. — Eu gosto quando você usa vestidos de verão. — disse antes de dar a partida na caminhonete e sair para a rua. Olhei para as bainhas do vestido curto de alças azuis que havia escolhido e um formigamento de antecipação percorreu todo o meu corpo. — Não voltarei pela cidade. Venha aqui. — disse acariciando o lugar ao lado dele. Acomodei-me o mais perto que pude, sem que minhas pernas tocassem o câmbio da marcha. — Isso não é perto o suficiente. Passe isso. — disse. Olhei para ele e ele afastou os olhos da estrada por um momento para encontrar o meu olhar. Meu coração fez um pequeno voo contra meu peito. Movi uma perna sobre o câmbio da marcha e a deslizei até que minha coxa estivesse contra a dele. De repente, fiquei

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tonta quando suas mãos pousaram sobre o câmbio de marcha entre os meus joelhos. — Até que horas eu posso te ter esta noite? — perguntou quebrando meus pensamentos. — Oh, hm, eles não disseram nada, mas normalmente não saio tão tarde. Eu disse a eles que ia ver um filme de meia-noite. — ele trocou de marcha, então descansou a mão na minha coxa. Eu estava começando a entender por que ele gostava de vestidos de verão. — Bem, nós teremos tempo de ir até à baía. — respondeu. Eu não havia ido até à baía há anos. Sawyer nunca quis dirigir por esses lados. Ele dizia que a água era desagradável, mas eu sempre pensei que era bonito. — Pensei que seria melhor, se não passássemos o tempo por aqui. Balancei a cabeça, porque eu sabia o que ele queria dizer. Ele não parecia preocupado com o fato de que estava fazendo coisas que não deveria com a namorada de seu primo. Isso me lembrou da imagem que eu tinha de Beau nos últimos anos. Ele jogou a seu favor. O sexy rebelde que pegava o que queria. Só que a imagem não parecia precisa. Eu tinha eliminado essa dúvida, hoje, enquanto eu chorava e babava sobre ele. Tinha parado de trabalhar só para me confortar. Alguém com motivos egoístas não faria isso. Além disso, se o que estávamos fazendo significava que ele tinha um coração negro, então eu também tinha. — Está franzindo a testa. O que está passando pela sua cabeça? — perguntou ele. Pensei em mentir já que estava me tornando uma mentirosa regular, mas não podia mentir para ele também. Isso era algo que eu tinha que falar antes... Muito antes de irmos por esta direção. — Como eu estou fazendo algo errado e eu me sinto culpada, mas nenhuma dessas coisas importa o suficiente para me fazer parar.

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A mão de Beau saiu da minha coxa e voltou para o câmbio de marcha. Estudei sua mão grande e bronzeada, me perguntando se era justo para alguém ter todas as partes do seu corpo perfeitas. Seu aperto no câmbio era tão forte que a cor de sua pele morena ficou um pouco pálida. Eu queria alcançar sua mão e acalmá-lo. Fazer com que a tensão desaparecesse, mas tínhamos que falar sobre isso. Ele não disse mais nada, nem fez um movimento para me tocar. Um nó doente de medo estabeleceu-se em meu estômago enquanto eu esperava para ver se ele virava e me levava de volta. Eu lembrei o quão ruim era o que estávamos fazendo e ele não estava bem com isso. Amava Sawyer e eu pensei que nunca tinha imaginado fazer algo assim para seu primo. Eu não era muito melhor. Eu deveria querer a Sawyer e eu o faço, mas não da maneira que deveria. Enquanto o silêncio se prolongava, esperava que Beau desse a volta com a caminhonete para me levar de volta ao estacionamento, mas manteve-se em direção à baía. Depois de alguns minutos, quando tinha certeza que não ia voltar, eu relaxei e esperei. Beau nos levou por uma estrada de terra e por entre os arbustos e as ervas daninhas, eu podia ver um espaço aberto mais à frente. Era terminada com um cais. Beau deu a volta e deu ré para que a parte de trás ficasse de frente para a água. — Onde estamos? — perguntei. — É um lote de um amigo. Ele comprou para construir quando saiu da Universidade. — respondeu e alcançou a porta para abri-la. Começava a deslizar-me, então podia sair pelo outro lado, quando a mão dele tocou na minha perna me fazendo tremer antes de olhá-lo. — Espere aqui. Eu vou arrumar ali atrás, então te pegarei e te levarei. A grama é alta e pode ter cobras. Balancei a cabeça e observei-o pular na grama. Cobras eram um pouco preocupantes, mas a ideia dele me levando causava outras ideias na minha cabeça, me mantendo ocupada enquanto esperava.

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Em poucos minutos ele estava de volta do lado de fora da porta aberta. Enroscou os dedos para que eu fosse até ele. Aproximando-me até que eu estava perto o suficiente para agarrar-me sob as pernas e ele me levasse. No momento em que me pegou, de repente eu me preocupei que eu podia ser muito pesada. Tentei não pensar sobre o meu peso, mas geralmente não havia garotos que me pegavam e me carregavam no colo. Felizmente o meu peso não pareceu ser um problema e ele me levou ao redor da caminhonete e me colocou na “cama” com facilidade. Ele tinha estendido várias colchas e um par de almofadas. Uma geladeira estava num canto mais distante. Eu me arrastei até o meio e sentei. Beau estava na porta de trás me observando. As sombras da luz da lua protegiam os seus olhos para que eu não pudesse ter certeza do que ele estava pensando. — Você vem? — perguntei quase com medo de sua resposta. — Sim, me deixe apreciar a vista um pouco. — respondeu. Um tremor de antecipação me percorreu quando ele se arrastou lentamente para dentro da cama na caminhonete. Ajoelhado na minha frente, se aproximou e pegou meu pé e colocou em sua coxa vestida de jeans. Fascinada vi como desabotoava minha sandália e colocava ao lado da geladeira. Ele colocou meu pé de volta sobre a manta e com a mesma atenção, lenta e cuidadosamente, removeu a outra sandália. Uma vez que meus dois pés estavam descalços, levantou o olhar para encontrar meus olhos. Um pequeno sorriso puxou os cantos dos lábios. — Eu gosto de unhas rosa. — disse olhando para os meus pés. Meu coração bobo golpeou contra o meu peito e soltei uma risada nervosa. — É algodão doce. A cor, eu quero dizer. — não podia sequer formar frases coerentes. — Eu gosto do algodão doce. Esses dedos do seu pé não podem ser mais doces.

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Sua mão quente pressionou meu pé mais próximo a ele enquanto se movia para sentar ao meu lado. Nenhum de nós falou enquanto observávamos a água quieta. Eu nunca estive tão nervosa na minha vida. Beau se virou para mim e depois se apoiou nas almofadas atrás de nós. Virei-me um pouco para olhar para ele. Será que quer que eu encoste também? Colocando o braço atrás de sua cabeça e estendendo o outro ao seu lado Beau sorriu para mim como se pudesse ler minha mente. — Venha aqui. — disse ele. Rapidamente, eu escorreguei e me enrolei junto dele apoiando a cabeça em seu peito. Havia uma paz em seus braços que nunca tinha experimentado com Sawyer. Era como se tivesse voltado para casa depois de anos de busca. — Eu amo Sawyer, Ash. — Beau disse calmamente. Soou como se estivesse tentando me convencer disso. — Em toda minha vida eu nunca invejei nada. Nem seu pai. Nem sua mãe. Nem o seu dinheiro. Nem mesmo suas habilidades atléticas. — ele parou e respirou. Meu coração doeu por ele. Eu apertei sua mão apoiada em seu estômago em um punho para chegar a alcançá-lo e acalmá-lo, como uma criança. — Até que um dia eu vi, do outro lado do campo de futebol, como ele te pegou e te beijou na boca. Não foi seu primeiro beijo. Eu podia ter apenas 14 anos, mas eu percebi, de alguma forma que havia sido deixado de fora de um segredo. Eu queria plantar meu punho na cara dele e arrancar seus braços. Quando dei um passo em direção a ele, ele me olhou nos olhos e eu vi os apelos silenciosos de perdão ou aceitação. Eu não sabia por quê. Tudo o que eu sabia era que você agora era de Sawyer. Minha melhor amiga foi embora. Eu o odiei e o invejei pela primeira vez, naquele dia. Ele finalmente havia ganhado um prêmio que eu acreditava ser meu.

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Fechei os olhos contra as lágrimas que ameaçavam derramar pelo meu rosto. Eu queria dizer que eu nunca me senti tonta quando Sawyer me deu um beijo ou como a terra não se movia com seu toque. Mas eu fiquei em silêncio, sabendo que não podia. Embora Beau fosse o que eu queria, eu sabia que nunca poderia tê-lo. Estas duas últimas semanas eram tudo o que teríamos. Sawyer voltaria para casa e eu ficaria com ele novamente. Não havia outra opção. Eu me virei e me apoiei no meu cotovelo até que estivesse olhando em seus olhos sombrios. Eu podia sentir seu coração martelando debaixo da minha mão. — Você é meu melhor amigo Beau. Nunca me tratou ou olhou de outra maneira, senão como um amigo. Depois que eu comecei a mudar e todos nós começamos a ter noção do sexo oposto, nunca pareceu importante o fato de que eu era uma menina. Sawyer sim. Talvez porque ele não havia sido meu parceiro no crime. Talvez porque a ligação que eu tinha com ele não era a mesma que eu tinha com você. Mas ele me via como uma menina. Eu acho que no fundo, eu estava esperando por você, mas quando ele me beijou, eu sabia que nunca seria você. Eu não era a pessoa certa para você. Beau estendeu a mão e cobriu um lado do meu rosto. — Eu estava muito ciente de que você era uma menina, Ash. Eu estava com medo porque a única pessoa no mundo que conhecia todos os meus segredos, também provou ser a garota mais bonita que eu já conheci. Meus sentimentos por você eram assustadores como o inferno. Inclinei-me e o beijei entre as sobrancelhas franzidas. — Neste momento. Aqui. Eu sou sua. Não de Sawyer. Não é ele que eu quero. Neste momento, a única coisa que eu quero é você. — escolhi minhas palavras com cuidado para ambos entendermos o que eu queria dizer. Ele me pegou pela cintura e moveu o seu corpo de modo que eu estivesse completamente encima dele. Abaixei minha boca na dele e suspirei quando suas mãos encontraram a ponta do meu vestido e a pressão quente de sua mão atravessou minhas coxas. Hoje à noite eu

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me entregaria a Beau porque era o que eu queria. Ele era o bad boy da cidade e eu era a filha do pastor. Não deveria acontecer desta forma. — Ash, eu te amo. Muito. Mas você merece coisa melhor do que isso. Inclinei-me e o beijei mais uma vez antes de me afastar o suficiente para sussurrar: — Não há nada melhor do que isso, Beau! Com as mãos, ele cobriu minha bunda e me puxou para que eu pudesse sentir sua evidente excitação com o calor entre minhas coxas. — Por favor, Beau. — chorei, sem ter certeza do que eu estava pedindo, mas sabendo que eu precisava de mais. — Segure-se em mim, baby. Serei cuidadoso com você. — a necessidade áspera em sua voz só me fez mais desesperada.

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Capítulo 8 BEAU Hoje era para eu cortar três gramados diferentes. No entanto, só liguei e reprogramei todos, momentos antes de Ashton sair do bosque para a minha caminhonete. Ontem à noite tudo mudou para mim. Precisava dizer exatamente como eu me sentia, mas não podia fazê-lo agora, não queria ter essa conversa, no entanto, só queria desfrutar de estar com ela. Nós íamos passar o dia na praia e nos misturarmos com os turistas. Sair juntos na cidade não era uma opção, pelo menos não até que Sawyer chegasse em casa e eu falasse com ele. Eu não podia deixá-la ir. Não agora. Desta vez não iria sentar e assistir Sawyer ter tudo, eu precisava de Ashton. Eu a amava de uma forma que eu sei que o meu primo nunca amaria. Ela abriu a porta do passageiro e entrou. Deus me ajude, ela estava com um short minúsculo e um top menor ainda, me dava um vislumbre de seu umbigo. A praia estava a quarenta e cinco minutos e ela ia me deixar louco, vestida assim. — Bom dia. — disse sorrindo enquanto deslizava para o meu lado e sentava montada no câmbio de marchas. Todas as preocupações sobre Sawyer fugiram da minha mente. — Bom dia, linda. — eu disse e me inclinei para beijá-la. Ela suspirou e imediatamente se aproximou de mim, correndo os dedos pelo meu cabelo. Reuni todo o meu autocontrole para me afastar. — Não quer sair daqui primeiro? — perguntei.

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Franziu os lábios como se tivesse tomado o seu brinquedo favorito e se sentou cruzando os braços sobre o peito. — Como você está se sentindo hoje? — perguntei, levando-nos para a rua. Sua covinha apareceu. Foi preciso toda minha força de vontade para manter-me dirigindo e não parar para beijar aquele doce ponto. — Eu estou bem... eu quero dizer, melhor do que bem. Eu... — fez uma pausa e eu olhei para ver seu rosto corar com um rosa brilhante. Eu não conseguia parar de rir do rubor inocente no seu rosto. Alcançando-a com cuidado, puxei uma de suas mãos pequenas que se retorciam nervosamente em seu colo e corri meus dedos por ela, enquanto os primeiros sinais de posse vieram sobre mim. — Você está com dor? — perguntei. Eu tinha ouvido falar que virgens ficavam normalmente doloridas depois. Se me lembro, Ashton era a primeira virgem com a qual havia estado. Ela começou a tremer e em seguida seu rubor se aprofundou. — Talvez um pouco. — Sinto muito. — eu disse, sentindo uma pontada de proteção para acompanhar a saudável possessão subindo dentro de mim. Ela estava convertendo meu interior em uma zona de guerra. Ela olhou para mim e sorriu timidamente. — Eu não. Deus, eu a amava. Ela passou os braços ao meu redor e colocou sua cabeça em meu ombro. Foi uma das poucas vezes em que eu odiei meu câmbio de marchas. Preferia permanecer assim, sem mover o braço. — Diga-me que passou protetor solar. — eu disse olhando para a sua pele ligeiramente bronzeada. O sol na praia era intenso, mesmo para o melhor bronzeado. Ela riu e concordou com a cabeça.

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Tudo estava bem com o mundo. Uma vez que saí da estrada sul, eu coloquei minhas mãos em suas coxas e aproveitei o passeio. Normalmente eu não gostava das praias turísticas. Mas hoje era diferente. Não me importava com as crianças gritando e jogando areia na minha cara enquanto corriam ou os desagradáveis bronzeados do Norte que alimentavam as malditas gaivotas. O sol estava escaldante e, enquanto Ashton estava contente em aproveitar o calor, eu insistia para ir para as ondas comigo. Vê-la rir e brincar quando mergulhou na direção oposta das ondas, me fazendo sentir como se nossos anos de diferenças houvessem desaparecido. Estava aqui e agora. O tempo perdido estava embaçado no meio. Estar com ela me fez sentir completo. Sempre havia nos mantido juntos, quando meu mundo estava desmoronando ao meu redor. — OH MEU DEUS, há uma água-viva. — seu grito foi seguido por uma cômica intenção de atravessar a água agitada em direção à praia. Eu segurei minha risada e a segui. Não tinha dúvidas que era uma água-viva. Era época delas, mas com seus grandes olhos e seu olhar de pânico, era tão linda que era divertido.

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ASHTON — Eu sempre soube que você seria irresistível quando parasse de agir como alguém que não é. — Beau sussurrou enquanto envolvia seus braços ao meu redor. Ele ainda estava ofegante por correr através das ondas. Soltei uma risadinha sem fôlego e descansei minha cabeça contra seu peito duro. — Não é fácil esconder a menina má em mim diante da única pessoa que sabe que ela existe. — respondi. Os braços de Beau se apertaram e ele respirou no meu pescoço enquanto descansava o queixo no meu ombro. — Não. Eu nunca vi uma menina má. Você não é má, Ashton. Você só estava fingindo ser outra pessoa por um longo tempo para fazer seus pais e Sawyer, felizes. A garota que você realmente é, é incrível. Você é gentil, mas tem coragem. Você é brilhante, mas nunca age como se fosse superior. No entanto, você é cuidadosa no modo como se diverte e é tão incrivelmente sexy, mas você não tem ideia disso. Era difícil me ver da forma que ele me descrevia, mas ouvi-lo dizendo essas coisas me fazia desejar que as coisas fossem diferentes. E eu não havia me contido com ele, em nada. Quando eu estava com Beau não tinha essa intenção. Era só eu. E ele, em vez da menina má, via algo desejável. Eu queria que o mundo me visse desta forma também, mas sabia que somente alguém como Beau acharia todos os meus defeitos e qualidades atraentes. — Fico feliz que você me veja dessa forma. Eu não estou dizendo que eu concordo, mas me faz feliz saber que você não vê meus defeitos. Beau ficou tenso atrás de mim por um momento antes de seus braços me deixarem. Eu podia sentir seu corpo se afastando de mim. — O que foi? — perguntei, virando para encará-lo.

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Ele se recusou. Eu esperei ele falar e depois de alguns minutos de silêncio, ele virou a cabeça para me estudar. — Por que você está com o Sawyer? Esta não era uma pergunta que eu estava esperando. Eu balancei a cabeça. — O que quer dizer? Ele passou a mão pelo cabelo, fechando os olhos como se estivesse lutando para não dizer o que estava na ponta da língua. —Você age como outra pessoa com ele. Alguém que você acha que combina com ele. Uma boa menina perfeita que segue todas as regras. No entanto, você quer quebrar cada uma delas, Ash. Você não é uma criminosa, apenas quer abrir suas asas um pouco e aproveitar a vida. Mas você o quer tanto que está disposta a negar a liberdade de ser você só para tê-lo. — ele fez uma pausa, mas continuou com seu olhar suplicante em mim. Eu queria que ele parasse de falar. Eu não queria ouvir essas coisas. Não era verdade. Eu era uma boa menina. Era o tipo de garota que alguém como Sawyer poderia amar. — Eu sou boa. — consegui dizer através da minha garganta. Eu me sentia estúpida dizendo aquelas palavras quando eu deveria estar em casa lamentando a morte da minha avó. Fechei os olhos tentando forçar meus pensamentos para longe dela. Não podia pensar sobre isso agora. Eu não estava preparada. — Não disse que você era má. Você é boa, Ash. Não está me ouvindo? Você tem o ouvido distorcido para o que é bom. Querer escapar com seu namorado e saber se você é desejável, desejar seu maldito namorado ou deixar um carro maldito em um estacionamento local não faz de você uma pessoa ruim. Faz de você um ser humano. As lágrimas ardiam em meus olhos. Eu queria acreditar nele. Tinha vivido com a culpa por muito tempo, porque eu queria fazer as coisas que diziam que estavam erradas.

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Mas este era Beau Vincent. Ele bebia muito e fazia aquelas coisas com as meninas em lugares públicos, coisas que nunca tinha feito na minha vida... Até que eu comecei a passar tempo com ele. Minha mãe sempre me disse que Lúcifer era bonito. — Eu pensava que a Ash que eu conhecia havia desaparecido por completo. Sofri por isso durante muito tempo. Então, um dia, no jantar, Halley se aproximou de Sawyer e flertou com ele na sua frente como se você não estivesse lá. Quando se virou para sair, ela tropeçou. Sawyer não viu, mas eu fiz isso. Um sorriso atingiu o canto de sua boca. Quando ela estava ali no chão, vi o pequeno sorriso que tocou seus lábios antes de se inclinar e ajudá-la, desculpando-se profusamente. Até então eu pensei que você estava perdida. Dei-me conta que a minha Ash estava debaixo de todo esse brilho e dessa cortesia em algum lugar. Depois daquele dia, eu comecei a olhar para você e desfrutar os momentos em que eu tinha um vislumbre da real Ash que saía enquanto ninguém estava prestando atenção. É por isso que eu disse aquelas coisas. Eu queria que você reagisse a mim. Queria que fosse esperta comigo. Esses momentos em que você não aguentava mais e explodia... Eu vivia para aqueles momentos. — Você era assim comigo porque você queria que eu fosse esperta para você? — perguntei. Ele concordou e se curvou para beijar a ponta do meu nariz. — Você realmente gosta do meu lado feio, Beau? — Nada sobre você é feio. Você é tão bonita por dentro como você é por fora, mas não vê isso. Isso é o que me mata. Sawyer é meu primo e eu faria qualquer coisa por ele. Mas ele é louco por ter te mantido num pedestal maldito. Eu quero ver a verdadeira Você. Que gosta de usar shorts, porque sabe que me deixa louco. A que corre no bosque para a minha caminhonete sorrindo como se nada mais importasse. — acariciou meu rosto com a mão. — A verdadeira Ashton Gray é perfeita e eu estou loucamente apaixonado por ela. Meu estômago se apertou. Eu tinha sentimentos por Beau. Compartilhamos esta história e agora tivemos este verão, mas pensava que o amor não era um fator em questão. Sawyer sempre estaria entre nós.

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Os lábios de Beau encontraram os meus e tudo desapareceu. Não me importava com todas as preocupações e argumentos no fundo da minha cabeça. Eu só queria ser eu. E em seus braços, eu sabia que eu poderia ser.

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Capítulo 9 Todos na cidade, de alguma forma, conseguiram entrar na igreja para prestar suas homenagens à minha avó. Eu não tinha sido capaz de falar ao olhá-la deitada ali, imóvel e pálida. Não tinha colocado sua maquiagem. Ela era uma especialista em maquiagem e sempre se arrumava bastante. Eu gostava de saber que tinha a avó de 70 anos mais bonita do mundo. Quando mamãe e papai não queriam que eu começasse a usar maquiagem ainda, mesmo depois das minhas orações e súplicas, vovó me levou para passar o fim de semana com ela para que ela pudesse me ensinar a arte de colocar "o rosto", como ela o chamava. Outra lágrima rolou por minha bochecha e eu estendi minha mão para pegar o lenço de papel que alguém tinha me dado antes. Por muitas vezes eu tinha ficado de pé na terceira fila com vovó, enquanto meu pai pregava. Escrevíamos notas de ida e volta até que mamãe lançasse para nós um forte olhar de advertência. Sempre nos fez rir. Vovó agiria como se estivéssemos mediante a colocação do papel. Na verdade, para alcançar este fim secretamente. Vovó era muito semelhante à Beau pelo fato de que ela abraçou a garota má em mim. Pensar em Beau fez com que outro nó se formasse em minha garganta. Eu estava começando a confiar demais nele. Sawyer estaria casa em breve e tudo mudaria. — Hey. — a voz profunda de Beau me assustou e eu olhei para cima para encontrá-lo de pé diante de mim. Eu não esperava que viesse esta noite. Além disso, o fato de que nunca colocou os pés na igreja, exceto no domingo de Páscoa e véspera de Natal, eu pensei que iria passar a noite fora com os amigos... Ou Nicole. — Olá. — eu disse em um sussurro rouco. — Não esperava que viesse... — parei de falei. Ele levantou suas sobrancelhas loiras e inclinou a cabeça ligeiramente para a esquerda quando franziu a testa. Notei que seu curto loiro cabelo, que geralmente tinha o look desgrenhado sexy, estava cuidadosamente penteado. Meus olhos se dirigiram para baixo sobre seus ombros largos e peito, parando no botão de cor azul claro

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em cima da camisa que eu tinha certeza, nunca tinha sido usada até esta noite. A camisa estava escondida em um par de calças caqui que também nunca o havia visto usar. Quando eu olhei de novo para encontrar seus olhos, sorri pela primeira vez em horas, apreciando seu evidente desconforto. — Você se arrumou. — eu disse baixinho, não querendo chamar a atenção para nós. Ele deu de ombros e olhou ao redor como se estivesse vendo quantas pessoas repararam sua tentativa de se arrumar. Quando seus olhos caíram sobre os meus novamente, se aproximou mais de mim. — Já foi vê-la? Seu sussurro suave provocou lágrimas provenientes de meus olhos novamente. Eu balancei a cabeça e respirei fundo para não quebrar e me jogar em seus braços para que me consolasse na frente de toda a cidade. Sua mão quente cobriu a minha e se aproximou mais de mim enquanto entrelaçava seus dedos com os meus. Confusa, dei uma olhada rápida ao redor da igreja, nesta ocasião, para ver quem estava nos assistindo. — Vamos Ash. Você vai se arrepender de não ir vê-la uma última vez. Você precisa fazer isso para terminar. Confie em mim. — havia tristeza em seus olhos quando me olhou, suplicante. — Eu não fui ver meu pai e lamento por isso. Até hoje. Sua confissão provocou uma dor em meu peito que pulsava cada vez mais forte, não só por mim e a minha perda, mas pelo menino que havia perdido tanto. De alguma forma eu precisava fazer isso. Deixei-o com cuidado e caminhei pelo corredor em direção ao caixão aberto contendo a única mulher que eu sempre contei que estaria aqui, não importava o que acontecesse. Nós tínhamos falado sobre o meu casamento e como ela iria arrumar meu cabelo e maquiagem. Nós tínhamos planejado as cores dos vestidos das damas de honra e buquês que eu usaria. Nós tínhamos falado sobre ela fazendo o vestido do batizado que meus filhos usariam no dia que fossem apresentados a esta igreja.

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Então, muitos planos foram feitos. Muitos sonhos foram lançados, sentadas em sua varanda bebendo chá doce e comendo biscoitos de açúcar. O caixão era de mármore branco com forro rosa. Ela adoraria. Ela amava rosa. O grande espaço de rosas brancas e rosas se prolongavam pela metade inferior da urna que ela teria amado. As rosas que ela mimava e cuidava a cada primavera e no verão haviam sido uma das alegrias de sua vida. Eu queria agradecer a todos que tinham enviado grandes arranjos florais cobrindo as paredes da igreja, especialmente aqueles com rosas. Uma gota quente caiu de meu queixo e bateu na minha mão. Alcançei com a minha mão livre e limpei meu rosto, mas foi inútil. Lágrimas corriam pelo meu rosto. Eu não tinha percebido que estava chorando. — Não vou te deixar, mas você precisa continuar de pé e dizer adeus. Eu vou estar aqui. — Beau sussurrou ao meu lado. Desde que tinha entrado por essas familiares portas duplas esta noite, tinha um caroço no meu peito tornando difícil respirar profundamente. Agora, enquanto estava aqui para dizer adeus à mulher que eu tanto amava, uma paz pousou sobre mim. Liberei o aperto da mão de Beau e dei um passo para frente. Ela estava sorrindo. Eu estava feliz que ela estava sorrindo. Ela sorria muito. Eles tinham usado sua maquiagem. Reconheceria esse batom cor de framboesa madura em qualquer lugar. O cheiro de rosas era forte, lembrando ainda mais as tardes que havíamos passado fora de sua casa, conversando. — Colocaram o seu vestido favorito. — sussurrei enquanto olhava para seu corpo. — E usaram sua maquiagem. Apesar de que você faria um trabalho melhor colocando-a. A sombra de olho é muito escura. Quem a colocou aparentemente não sabe sobre a regra de que menos é mais. Era estranho falar com ela dessa forma. Teria rido do comentário de maquiagem. Nós tínhamos inventado um sistema para dar aos estilistas do necrotério ou quem fosse colocar maquiagem no

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falecido uma lição da arte de colocar "o rosto". Os cantos da minha boca se levantaram. — Lembra quando falamos sobre como esperávamos que nos dessem na terra tempo suficiente para estar em nossos próprios funerais? Bem, se você já convenceu Deus dessa ideia e você está aqui em algum lugar escutando. — fiz uma pausa e engoli o soluço que ameaçava escapar. — Se você está aqui... Eu te amo. Vou sentir saudades. Vou pensar em você todos os dias e manterei todos os planos que tínhamos. Apenas prometa que você vai estar ali. Promete que vai convencer o “grande homem” a deixar você nos visitar novamente. Desta vez, um soluço chegou aos meus lábios. Cobri minha boca e deixei a cabeça cair enquanto as memórias tomavam conta de mim. Saber que esta era a última vez que a veria, rasgou meu peito. Um braço reconfortante me envolveu e dei um passo, enquanto ele me puxava contra seu peito duro. Beau não disse nada para me confortar. Ele simplesmente me deixou ter este último adeus da única maneira que sabia fazer. Quando as lágrimas diminuíram e a dor em meu peito pareceu aliviar, levantei a cabeça para ele. — Eu acredito firmemente que Deus não te arrasta direto para o céu. Eu acho que você pode dizer adeus. E sua avó não teria ido a lugar nenhum até que tivesse esse adeus. Eu ri e assenti. Ele estava certo, é claro. Nem mesmo Deus poderia movê-la, se não estivesse pronta. — Adeus Vovó. — sussurrei uma última vez. — Você está pronta? — perguntou Beau, entrelaçando os dedos com os meus. Virei-me e voltei para o corredor, enquanto ele assentia com a cabeça e falava com outras pessoas que estavam em seu caminho pelo corredor para dar suas condolências. Beau ficou em silêncio, pacientemente ao meu lado. Eu notei que várias pessoas olhavam curiosamente para o garoto mau da cidade de pé ao meu lado. Isso se espalharia por toda a cidade antes que a noite terminasse. De alguma maneira isso não importava agora. Beau tinha

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sido meu amigo desde que tinha puxado o meu cabelo no jardim de infância e em troca eu peguei sua mão e torci seu braço atrás de suas costas. Depois que a professora do pré-escolar nos colocou na detenção e ameaçou chamar nossos pais, Beau olhou para mim e perguntou: — Você quer se sentar perto de mim e do meu primo no almoço? Eles podiam falar. Beau havia me ajudado quando eu mais precisava. Pode não ser o cidadão perfeito, mas Vovó sempre disse que o perfeito era chato. Ela amaria que eu havia levantado o meu nariz para as beatas fofoqueiras em seu funeral. Olhei por cima do meu ombro sorrindo. Ela estava aqui em algum lugar e quase podia ouvir sua risada enquanto saía da igreja segurando a mão de Beau.

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Capítulo 10 ASHTON Não tem me respondido, isso significa que meu e-mail nunca chegou (o que é provável já que o acesso à Internet daqui não é confiável) ou algo está errado. Tentei ligar várias vezes, mas não se pode conseguir sinal aqui, não importa onde você esteja. Eu tenho boas e más notícias. A má notícia é que Catherine teve reações alérgicas a alguma planta desconhecida e explodiu em urticária, papai teve que levá-la para a cidade mais próxima. Ele voltou há uma hora e ela vai ficar bem, mas mamãe está pronta para ir para casa. Isso me leva à boa notícia. Estou voltando para casa. Estamos empacotando enquanto eu escrevo isso e logo que eu tiver sinal no meu telefone eu te ligo. Mantenha o seu telefone com você. Preciso ouvir a sua voz. Ligue também para Beau por mim e diga a ele que estou voltando para casa. Ele e eu podemos ir para a musculação uma semana antes dos treinos de futebol. Também diga a ele para dizer adeus à cerveja, eu preciso do meu melhor receptor em forma. Eu te amo, Sawyer Fiquei olhando para a tela do meu laptop por um longo tempo. Não tinha certeza do que fazer. A quem contar. Lentamente, eu fechei o computador e coloquei na cama. Acordei sabendo que tinha que lidar com as perguntas de meus pais esta manhã sobre a minha saída da igreja com Beau na noite passada. Era algo que eu temia, mas isso era muito pior. A tela no meu telefone acendeu antes que Eye of the tiger começasse a tocar pela primeira vez em três semanas. Sawyer havia colocado Eye of the tiger no meu telefone para ser seu toque. Atordoada, peguei o celular e apertei o botão OK antes de erguer até minha orelha. — Alô. — AHHH bebê, é bom ouvir sua voz. Você recebeu meu e-mail? Esperei até estar acordada para ligar. Estamos a duas horas de chegar. Meu pai vai me deixar em sua casa. Eu não posso esperar para ver você. Culpa, frustração, raiva, pânico, tudo parecia girar dentro de mim. Apertei meu telefone enquanto respirava fundo várias vezes.

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— Hm, uh, sim, acabo de ler o seu e-mail. Não posso acreditar que está voltando antes. A falta de entusiasmo em minha voz era inconfundível. Um momento de silêncio passou e o cérebro de Sawyer estava trabalhando rápido. — Você acabou de acordar? Não parece muito feliz que eu esteja voltando para casa. Esperava gritinhos de felicidade ou algo assim. Perfeito, o fiz suspeitar antes mesmo que ele chegue. Preciso corrigir isso. Não posso me intrometer entre Beau e Sawyer. Eles estão juntos como irmãos por toda sua vida. Nunca me perdoaria se eu quebrasse isso entre eles. O fato de que estava preocupada com a relação de Beau e Sawyer em vez da minha e Sawyer, me surpreendeu. — Desculpe, eu estou em choque. Acabei de acordar. A noite passada foi o velório da minha avó e o funeral é esta tarde. Foi um dia ruim. — O quê? Ash, bebê. Sua avó morreu? Oh Baby, eu sinto muito. Por que você não me contou? Eu tinha esquecido que ele não sabia. O e-mail que nunca escrevi passou pela minha mente. Ao invés de contar a ele sobre minha avó, eu corri para Beau. Será que isso teria acontecido se ao menos tivesse escrito o e-mail para Sawyer e tivesse ajudado minha mãe a lidar com todos os preparativos para o funeral? Gostaria que as coisas tivessem sido diferentes? — Não era algo que eu queria escrever em um e-mail. — expliquei, esperando que ele compreendesse ou pelo menos aceitasse minhas desculpas. — Estou voltando para casa. Vou rapidamente me trocar antes de ir com você para não ter que sair após o funeral. Eu posso te levar. Tudo vai ficar bem. Estarei aí em breve, eu prometo. Como se sentiria se eu lhe dissesse que está tudo bem? Beau já me ajudou a dizer adeus, me ajudou enquanto eu chorava. Minhas lágrimas estão secas agora, sei que minha avó está feliz com as ruas

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de luxo de ouro e uma mansão fabulosa. Ela sempre disse que Deus teria um jardim de rosas para ela cuidar. — Ash, você está bem? — Desculpe, eu estava pensando no funeral. Vejo você quando chegar. — Ok, eu te amo. Essas eram as palavras que dizíamos sempre ao desligar. Normalmente eu era a primeira a falar. Desta vez eu esqueci completamente. — Também te amo. — respondi obedientemente antes de desligar. Sim, eu o amava. Eu sempre amei, só não como deveria. No fundo, eu sabia que algo não estava bem entre nós. Até as últimas semanas com Beau, eu não era capaz de dizer o que estava faltando em nosso relacionamento. Com Beau, eu podia ser eu mesma e ele me amava assim. Sawyer amava algo que eu tinha que me esforçar para ser. Se Sawyer me conhecesse de verdade, a garota que ele pensou que deixei para trás na minha infância, nunca me amaria. Ele não poderia. Mas eu não posso estar com Beau. Eu nunca poderia escolhêlo acima de Sawyer. Isso iria quebrar uma longa amizade. Sawyer tinha sido a pessoa que cuida de Beau desde a infância. Ele tinha olhado por Beau e compartilhado sua riqueza com ele. Até mesmo agora, Sawyer olha por Beau em muitos aspectos. No ano passado, o treinador ia tirar Beau do time de futebol por aparecer de ressaca no treino, Sawyer implorou ao treinador e ele prometeu que se certificaria que Beau estaria pronto e sóbrio para os treinos e os dias de jogos. Beau precisava de Sawyer. Não posso me intrometer entre eles. Atirei o travesseiro que estava segurando, através do quarto e rosnei em frustração. Isso é ridículo. Eu sou ridícula. Como pude me deixar fazer isso? O que eu estava pensando? Deixei que me importasse demais com Beau Vincent. Eu não só me importo com ele, eu o amo. Essa é a pior coisa que eu poderia fazer na minha vida. Tê-lo significaria destruir a única família que se importava com ele. Ele teria todas as pessoas falando e

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odiando-o por roubar a garota de Sawyer. Isso é impossível. Toda esta situação estúpida. — Querida, você está acordada? — a voz do meu pai disse do outro lado da porta. Deixei escapar um suspiro. Esta é a conversa que eu temia. A conversa sem sentido. Em que ele não deveria sequer estar desperdiçando o fôlego. — Sim pai, entra. — respondi. A porta se abriu e lá estava ele, com um sorriso no rosto raramente dirigido a mim. Ele veio e ficou ao pé da minha cama. Seus braços estavam cruzados sobre o peito e podia sentir sua loção pósbarba. A mesma que usou toda a minha vida. — O que foi exatamente que aconteceu na noite passada? Foi direto ao ponto. Tinha-se que dizer. Sentei ereta na cama e o olhei diretamente. Precisava cobrir tudo isso, amolecê-lo. A aceitação de Beau na cidade e sua relação com Sawyer dependiam disso. — Eu suponho que você está se referindo a Beau Vincent? Como se tivesse que perguntar. Meu pai levantou as sobrancelhas, como se pensasse que eu estava perdendo minha cabeça ao pensar que poderia se referir a alguma outra coisa. — Sim, eu estou. Ashton. Suspirei. Balancei a cabeça e desviei os olhos para fazer parecer dramática. — Beau é meu amigo. Nós crescemos juntos. É primo e melhor amigo do meu namorado. Sawyer não estava aqui e eu estava passando por um dos momentos mais difíceis da minha vida e Beau estava aqui para me ajudar. Ele ama Sawyer. E sabia que era o que ele queria que fizesse. Beau sabe também que eu era muito ligada à minha avó. Ele costumava sentar-se na varanda da vovó para comer biscoitos comigo. Lembro que, na época que a mãe dele não era uma garçonete em um bar, isso não era um problema.

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A amargura em meu tom de voz era inegável. As sobrancelhas de papai franziram. Ele não gostou da minha voz, mas eu estava pensando em minha desculpa. Esperei calada rezando que ele acreditasse. Depois de uma eternidade, ele assentiu e suspirou profundamente. — Eu sei que isto tem sido difícil para você. Com Sawyer fora, sua mãe e eu ocupados com o funeral e parentes vindos de fora, não tivemos tempo para estar com você. Eu aprecio o fato de que Beau percebeu que precisava de alguém e aparecera. No entanto, Beau Vincent não é o tipo de rapaz que quero que você se relacione. É primo de Sawyer e quando Sawyer estiver por aqui, tudo bem, mas Beau não vem de boas raízes. Seu pai era um palhaço e sua mãe "white trash1". Você pode obter uma má reputação passando tempo com pessoas como ele. As más companhias corrompem os bons costumes, lembrese disso. Eu queria me levantar e gritar aos quatro ventos que ele não sabia nada sobre as raízes de Beau. Não importa quem são seus pais. Culpar as crianças pelos erros dos pais é errado. A Bíblia que lê todos os dias não fala sobre não julgar as pessoas e perdão? Mordi minha língua até sangrar para não gritar de frustração. — Quem te ligou tão cedo? — meu pai perguntou, olhando para o telefone no meu travesseiro. — Sawyer. — disse. Alívio tomou conta de seu rosto. Ele tinha de ir antes de eu perder minha sanidade. — Sério? Como ele está? — Ele está voltando, vai estar aqui para o funeral. Papai sorriu brilhantemente, fazendo-me um nó no estômago. — Bem, bem, estou contente por vir para o funeral de sua avó, é um bom menino. — com sua cara de satisfação, papai deixou o quarto fechando a porta atrás de si. 1

Lixo branco.

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Olhei para a porta fechada, como eu queria bater nele. Entrei com o carro pela estrada de cascalho antes de desligar o motor. A caminhonete de Beau era o único veículo fora de seu trailer. Sua mãe não estava aqui. Essa era a única coisa boa sobre essa visita. Eu tinha que fazer isso sozinha. Sawyer estaria na cidade em cerca de trinta minutos. Eu teria vindo mais cedo, mas depois da conversa com o meu pai nesta manhã, eu decidi que era melhor esperá-lo sair para a igreja. Meu peito doía, pressionei a palma de sua mão contra o meu coração para acalmar a dor. Deveria haver uma quantidade limite de angústias que uma pessoa possa ter em uma semana, com certeza Deus verá que eu estou em meu limite. Precisava de um milagre. Um riso amargo brotava ao pensar que Deus me ajudaria nesta situação, Deus não ajuda as meninas a ficarem com garotos maus. Mas Beau não era mau por dentro, não realmente. Ele age da única forma que sabe. Ele foi criado por uma garçonete de bar que pulava na cama de um homem para outra, independentemente de seu estado civil. Ninguém tentou ensinar a Beau o caminho certo a seguir. Por dentro, ele é fantástico. Ele era carinhoso, sensível, paciente, engraçado e compreensivo e me aceitava. Algo que ninguém fazia, exceto minha avó. A porta do trailer se abriu e Beau desceu o degrau de cima, de onde me via. Ele estava vestindo apenas calças na altura do quadril, até mesmo os seus pés estavam nus. Engoli as lágrimas, eu vim aqui para terminar isto e parecia que estava rasgando meu coração antes de dizer uma palavra. Tal como em câmera lenta, agarrei a fechadura do meu carro e fui para o cascalho, nossos olhos se encontraram quando ele fechou a porta. Uma carranca substituiu o sorriso em seu rosto sexy. Ele pode me ler, bem como sempre soube, eu acho. Quando éramos crianças, nunca tive de dizer quando estava com raiva. Ele sabia disso e tentava corrigi-lo antes que Sawyer soubesse que meus sentimentos foram feridos. Ele não se moveu, em vez disso, observou enquanto eu colocava o pé na frente do outro, querendo mais que nada no mundo não ter que fazer isso. Só dessa vez eu queria ser egoísta e tomar o que queria.

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Esquecer as consequências e me jogar nos braços de Beau. Eu queria dizer a ele que o amava. Eu queria beijar seu rosto aqui para todo o mundo, que tivesse o nariz pressionado contra a janela, ver. Queria reivindicar Beau como meu, mas eu não podia fazer qualquer uma dessas coisas. Nosso conto de fadas nunca funcionaria. Ele perderia Sawyer. As pessoas o odiariam ao invés de apenas falar que era como seu pai, meu pai nunca aceitaria isso, eu provavelmente seria trancada no meu quarto ou me mandaria para uma escola de mulheres. Não permitiria isso. Eu não podia deixar que Beau soubesse os motivos, ele era mais corajoso do que eu, lutaria por mim, perderia o pouco que tem nesta cidade estúpida por mim e para nada. Meus pais nunca o aceitariam, teria que deixá-lo ir. O que eu queria não era importante. O futuro de Beau era. — Algo me diz que esse não é o tipo de olhar que eu esperava quando vi que o pequeno carro branco vinha. — sua voz era apertada. Eu estava evitando que as lágrimas que ardiam em meus olhos, rolassem em minhas bochechas. Eu tinha que fazer isso, era o melhor, o melhor para Beau. — Hoje ele volta para casa. — eu disse através da espessura em minha garganta. Beau recuou e fez um gesto para eu entrar. Olhei para baixo e entrei no trailer pela segunda e última vez. Eu nunca poderia voltar, não com Sawyer. Eu nunca poderia esquecer o café da manhã que tinha na mesa da cozinha. As risadas e a maneira como ele movia sua mandíbula ao mastigar. Estava fascinada pela sua maneira de comer pela manhã. A porta se fechou atrás de mim e eu olhei para a mesa vazia. Uma caixa de cereais aberta e uma tigela vazia estavam sobre ela. O braço de Beau deslizou pela minha cintura, eu sabia que tinha que me afastar, mas não consegui. Este era o meu lugar. Estar em seus braços, era assim que encontrava a paz. Saber que esta seria a última vez que eu o tocaria assim, fez esse momento agridoce. Respirei fundo e seu cheiro me embriagou. Seu calor, a sensação de suas mãos no meu estômago.

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— Nós sabíamos que esse dia chegaria. Só chegou mais cedo do que eu pensava. Estive pensando sobre isso e eu quero que você deixeme falar com ele. Eu acho que posso. — Não. — eu disse, parando-o. Eu tinha que dizer algo antes que ele dissesse mais. Seus planos não tinham sentido. Não havia nada para planejar. Eu me virei para olhá-lo no rosto e, em seguida, ele colocou as mãos no meu cabelo. Assisti impotente, seus lábios descerem para tocar os meus. Sabia que eu tinha que parar, mas tudo o que eu podia fazer era beijálo avidamente. O gemido suave de seu peito fez meus joelhos tremerem. Espremendo meus olhos, me afastei. — Eu não posso ficar com você, Beau. Eu não abri meus olhos. Eu sabia que se eu o olhasse enquanto dizia o que eu tinha a dizer, morreria. Ele não disse nada e nem se aproximou para me tocar. Sabia que estava me esperando terminar. Tomei um suspiro trêmulo. — Eu amo Sawyer. Não posso machucá-lo, sinto muito. Havia muito mais que eu queria dizer. Tantas coisas que haviam sido praticadas no caminho, mas o caroço na minha garganta estava lutando contra mim. — Ok. — ele sussurrou. Lentamente, eu levantei minha cabeça e abri meus olhos para ver seu rosto. Ok, não era exatamente o que eu esperava dele. Ele tirou meu fôlego, enquanto assistia sua expressão, não parecia machucado, não parecia nem mesmo chateado. Ao contrário, ele parecia... Calmo. Eu estava lutando para não começar a chorar e ele estava completamente imperturbável. Ao invés de ser aliviado, meu coração se despedaçou.

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Tudo isso poderia ter significado tão pouco para ele? Ele disse que me amava, por que mentir sobre isso? Vi quando puxou o telefone da bolsa e começou a mandar mensagem para alguém. Eu queria gritar para que mostrasse alguma emoção, para que demonstrasse que se importava. Que era difícil para ele também. Pensei que lutaria por mim. Seus olhos castanhos me olharam. — Eu preciso fazer uma ligação. Se isso é tudo que você precisa... — ele assentiu com a cabeça em direção à porta. —... Para sair. Atordoada, passei por ele sem dizer nada. Nem disse adeus.

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Capítulo 11 BEAU Quando escutei o carro de Ash sair, atirei o telefone contra a parede. Ele caiu no chão em pedaços. Eu sabia como ele se sentia, destroçado, quebrado. Eu tinha certeza de que ela me amava, ainda que nunca tivesse dito as palavras, eu estava tão malditamente seguro que queria a mim e não ao meu perfeito e lustrado primo. Nunca antes em minha vida, eu tinha odiado Sawyer, mas agora, eu odiava. O odiava por tê-la. Eu o odiava por controlá-la. Eu o odiava porque tinha o seu amor. Um rugido encheu a sala e quase não reconheci o rosnado de raiva que saiu da minha boca. Não seria capaz de ficar aqui. Como os olharia? Como eu poderia ir para escola e vê-lo tocando-a? Abraçandoa. Oh Deus, beijando sua boca! Será que ela se importava que tivesse acabado de me destruir? Havia sido apenas um jogo para ela? Passar o tempo com o bandido, enquanto o príncipe não estava? — Maldita Ash. Meu celular quebrado começou a tocar. Receoso de que fosse ela, que poderia ter mudado de ideia, corri para ele e peguei a bateria colocando em seu lugar enquanto pressionava o botão de aceitar várias vezes antes de funcionar. A tela estava preta. — Alô? — Adivinha quem está de volta e está pronto para colocar o seu traseiro preguiçoso para levantar pesos amanhã de manhã? — a voz alegre de Sawyer vinha do outro lado da linha e eu lutei contra a vontade de jogar o telefone contra a parede. O que eu digo? Como finjo que estou feliz que esteja em casa? — Beau? Você está aí? — Sim, eu estou aqui.

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— O que há de errado com todo mundo? Alguém pode reagir com felicidade por eu voltar para casa mais cedo? Um raio de esperança manipulador passava pensamentos, ele certamente não falava de Ashton.

por

meus

— Tenho certeza que sua... Ash está feliz por voltar. — eu disse, me perguntei se ele tinha escutado que me detive ao chamá-la de sua namorada. Eu não estava pronto para aceitar isso. Ele soltou um suspiro de frustração. — Não, ela parecia distraída. Apenas me contou de sua avó. Cara, eu odeio não ter estado aqui. Acho que ela está chateada com isso e eu sendo egoísta, desejava que ela estivesse feliz em me ver. Você tem visto ela? Ela está indo bem? Eu tinha que ter cuidado, ela fez sua escolha. Isso não significa que não podia fazê-la mudar de ideia, mas eu tinha que ter cuidado. Eu tinha que protegê-la. — Ela não está chateada, nos encontramos algumas vezes. Ajudou Nicole e a mim quando tínhamos bebido muito, nos levou para casa. Também ontem à noite fui à igreja para oferecer meus pêsames. Lembro-me de sua avó, ela era boa para mim. Sawyer suspirou. — Obrigado cara, eu agradeço por ter ido. Sei que isso significa muito para Ash. Dei um soco na parede, não precisava que me agradecesse. Eu não tinha feito por ele. — Bem, então eu vejo você no funeral. Não, eu não estava pronto para vê-los juntos. Ver Sawyer tocando-a me zangaria cegamente no funeral de sua avó. — Eu tenho coisas para fazer. Ontem à noite eu fui, mas agora você está aqui, meu trabalho está feito.

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— Tudo bem, bem, obrigado novamente. Não estou brincando sobre a sala de pesos amanhã. Tenho que colocar a sua barriga de cerveja em forma. — Claro, vejo você mais tarde. Deixei cair as peças do telefone na mesa da cozinha. Eu precisava fazer um plano, pensar sobre isso. Arruinei tudo deixando-a ir? Será que ela queria que eu a impedisse? Ashton Gray me deixaria louco.

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ASHTON — Você realmente disse à Sawyer que ele era bem-vindo para jantar conosco? Meu pai estava de pé na porta do meu quarto. Voltei do funeral e fui imediatamente tomar banho para chorar em privado. Assim que desliguei a água, sequei minhas lágrimas e me esforcei para me controlar. O que a minha avó me diria para fazer? Diria que seguisse o meu coração? Ou veria o bem da minha decisão? Lembrei-me de como Beau reagiu às minhas palavras. O que eu esperava que ele fizesse? Deitasse chorando aos meus pés? Eu deveria estar feliz com a maneira que ele reagiu. Assim eu não tenho que me preocupar com a culpa de feri-lo. — Sim, ele vai estar aqui às seis. Levantei-me da posição reclinada em que estava. Papai pareceu satisfeito com a minha resposta. — Você esteve distante do mundo nestas férias, estou muito aliviado que Sawyer esteja de volta. Forcei um sorriso para meu pai não ver nada de diferente. Ele saiu, fechando a porta atrás de si. Deitei na cama, olhando para o teto e me perguntando como eu olharia no rosto de Sawyer com a culpa do que havia feito. Eu amo Sawyer. Minhas ações não fazem parecer isso, mas eu o amo. O problema é que eu não estou apaixonada por ele. Eu não sabia das diferentes formas de amor que você pode sentir por um garoto. Sawyer era tudo o que eu respeitava, era doce e carinhoso, nunca tive que me preocupar porque me deixaria ou me magoaria, era impossível não amá-lo. Infelizmente, sua namorada era uma farsa. Ele merecia saber a farsa que eu sou, mas como explicaria porque estava agindo assim? Por meus pais, pela maldita cidade. Eu não podia dizer nada a Sawyer. As fofocas em uma cidade pequena correm rápidas. Minha mãe ficaria devastada, meu pai ficaria furioso, os machucaria e por quê? Por um cara que nem se preocupou em contestar quando terminei com ele? Meu coração estava quebrando-se e ele estava escrevendo mensagem para alguém. Provavelmente Nicole. Só de pensar que Beau estava com Nicole, me dava náuseas.

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— Ei, deixe, eu limpo isso. Não tem visto Sawyer nas últimas semanas, vá, eu sei que querem passar tempo juntos. Este não era meu pai. Ele normalmente diria que nós deveríamos ficar aqui, em casa ou na varanda. Raramente queria que saíssemos para passar tempo juntos. Aparentemente estava mais preocupado com Beau do que pensei. Mas antes tivesse razão para desconfiar de Beau. Talvez seja a intuição de pai. Sawyer ficou de pé, com seu prato e copo na mão, sempre um cavalheiro. Não só passou a mão sobre a mesa. Também levou os pratos sujos para a pia. Samantha Vincent educou seu filho muito bem. Ou pelo menos é isso que minha mãe dizia. — Obrigado aos dois, o jantar estava delicioso. Sawyer sorriu para os meus pais e piscou para mim antes de levar os pratos para a máquina de lavar. Ele não era alto como Beau. Eu nunca tinha prestado atenção a isso. Eles tinham várias semelhanças físicas, mas eles eram muito diferentes. O cabelo castanho escuro de Sawyer era longo o suficiente para tocar seu pescoço e enrolar nas pontas. Seus lábios não eram tão carnudos como os de Beau, mas seus ombros eram mais largos. Eles sempre brincavam sobre quem tinha o braço mais forte quando se referiam a atirar balões, mas Beau, quando se tratava de dar golpes, era mais forte. Eu olhei para minha mãe, que sempre sorria tolamente quando Sawyer vinha aqui. A culpa em meu peito crescia. Ela nunca sorriria se Beau estivesse comigo. — É um menino tão bom. — disse ela. Forcei meu sorriso número cem da noite e assenti com a cabeça. Sawyer se aproximou de mim e pegou minha mão. — A trarei para casa as onze, senhor. — disse, olhando para meu pai. — Ah, não se preocupe com a hora. Eu sei que vocês têm muito que conversar.

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Sawyer parecia tão surpreso quanto eu. Se não o conhecesse tão bem, pensaria que estava tomando as pílulas para ansiedade da minha mãe. No momento em que Sawyer fechou a porta de sua caminhonete Dodge de um ano de idade, pegou minha mão e me puxou para ele. Não houve mudança na forma de me tocar. — Deus, eu senti sua falta. — ele sussurrou, antes de pegar o meu rosto e beijar-me suavemente na boca. Era tão bom quanto eu me lembrava, doce, suave e muito confortável. Enfiei meus dedos em seus cabelos e tentei algumas das novas formas de beijar para ver se sentia o mesmo que Beau me fazia sentir. Sawyer fez um som que me lembrou de um grunhido e colocou as mãos na minha cintura para me puxar para ele. Apesar disso, manteve-se... bom. Por fim, se afastou respirando pesadamente e encostou sua testa na minha. — Isso foi... Wow! Eu sorri, desejando poder dizer o mesmo. — Se eu tivesse sido forçado a ficar mais uma semana afastado, eu estaria perdido. Amo a minha família, mas estava tendo dificuldades, Ashton. A culpa dentro de mim se retorceu cruelmente. As lágrimas vieram aos meus olhos e eu descansei minha cabeça em seu peito. Ele era tão bom. — Ash, algo está errado. Eu podia ver lá dentro. Você parecia tão triste e seus pais muito diferentes. — Perder vovó foi um golpe duro. Um grande choque para todos. Eu acho que meu pai tomou alguns comprimidos para ansiedade da minha mãe, porque eu concordo que estava agindo estranho. Mas eu ainda estou tentando lidar. Desculpe ser tão depressiva em minha casa.

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Ele apertou o meu ombro. — Tudo bem, eu entendo. Ele saiu da estrada e foi para sua casa. Nós estávamos indo para o buraco. Não tinha que perguntar. Estava fora e segura. Provavelmente ligaria para seu pai para dizer onde estávamos e então poderíamos ir para lá, só para se certificar que tudo estava bem. Estacionarmos lá não era algo que faria. Isso arruinaria sua reputação e não podíamos permitir isso. Podia ouvir o sarcasmo nos meus pensamentos assim que fechei os olhos para me repreender. A menina má não voltaria à sua jaula sem lutar desta vez. A caminhonete nos levava ao redor quando fomos lentamente ao longo da terra úmida. Não havia luz no fosso, a luz da caminhonete iluminou o chão sujo e alguns animais correram. Assim que passamos pelas árvores, o luar brilhava sobre a água e Sawyer parou. Ele desligou o motor antes de olhar para mim. — Sinto muito que não estivesse aqui, Ash. Perder a sua avó dessa maneira deve ser difícil, você está com raiva de mim por não estar aqui? O que não era necessário: Sawyer se sentindo culpado quando não tinha motivos. Isso me fez sentir suja. — É claro que não estou brava com você. Eu gostaria que você voltasse para uma namorada feliz, você não merece isso. Ele acariciou meu joelho e observei sua mão, não era tão grande ou tão bronzeada como a de Beau. — Tudo bem, eu sei que a antiga Ash voltará quando o luto acabar. Eu parei e o olhei. Uma linha apareceu em sua testa. Algo o estava preocupando. Eu o conhecia quase toda minha vida e conhecia essa cara.

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— Algumas das senhoras da igreja mencionaram que Beau te segurava pela mão. — soltou uma risada. — Isso lhes preocupava e pensaram que eu tinha que saber. Ao invés de me assustar, fiquei com raiva. Fofoqueiras estúpidas. Isto era exatamente o que eu pensava que seria. Todo mundo pularia em Sawyer e rogaria pragas à Beau. Como se Beau precisasse que o odiassem mais do que já odiavam. Eu queria gritar de frustração. Ao invés disso, eu respirei fundo e contei até dez na minha cabeça. Às vezes contar até dez acalmava as coisas. Quando pensei que poderia responder sem raiva, eu disse a primeira coisa que me veio à mente. — Quando éramos crianças, Beau e eu éramos tão próximos como você e eu. Ele sentou na varanda de minha avó tão frequentemente como você. Ele comeu os biscoitos e jogou Uno com a minha avó tão frequentemente como você. Ela fazia parte da sua infância. Uma das poucas coisas boas. Sabia que você estava fora e que eu estava arrasada. Então foi à igreja e perguntou se eu tinha ido vê-la. Eu admiti que não e que não tinha certeza que pudesse. Então, ele me encorajou a ir e dizer adeus e disse que iria comigo. Acho que viu o medo em meus olhos e pegou a minha mão. Então nós caminhamos juntos para frente da igreja. Em seguida, ele se afastou e me deixou dar o último adeus à minha avó. Depois me pegou pela mão e saímos da igreja, porque ele, como você, sabe quando eu estou a ponto de perder o controle. E conhece tão bem a menina que tenho dentro de mim, que sabia que eu não queria desmoronar ali de modo que todos caminhassem ao meu redor. Ficamos em silêncio por alguns momentos. Ouvi a raiva na minha voz. Não há dúvida de que ele também. — Lembre-me de agradecer por estar lá com a minha namorada. Eu lhe devo uma. Já era hora de que nos déssemos conta de que éramos os melhores amigos de uma vida. Eu sempre me senti culpado que houvesse acabado. Depois, seguiu dizendo quão culpado ele se sentia. Eu só queria ir para casa e ficar sob os lençóis. Isso era muito para lidar agora. Culpa, frustração, raiva, dor, tudo isso me deixaria louca.

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Capítulo 12 Caminhamos em direção à fogueira. Decidi não dizer a Sawyer sobre o episódio estúpido sobre a bebedeira de Ryan. Aconteceu e não foi tão ruim. Claro que Ryan me tocar foi nojento, mas terminei o dia jogando sinuca com Beau, a lembrança dele sorrindo para mim enquanto eu jogava, me causava uma dor no coração. Sentia muito sua falta. Enquanto caminhávamos para a clareira, várias pessoas nos pararam para dar boas-vindas a Sawyer. Todo mundo queria falar de futebol. Eu sorria enquanto esperava pacientemente para ver Beau entre a multidão. Não o via desde que deixei seu trailer sem um adeus. Todas as noites, desde aquele dia, eu dormia segurando meu telefone para ver se ele me ligava, ou pelo menos me enviava uma mensagem. Mas não tinha feito. A ideia de que as coisas voltassem à forma como era antes, me assustava. Eu não podia estar com ele como eu queria estar, mas não queria perdê-lo para sempre. Minha raiva pela forma como eu tinha me despedido, havia diminuído. Agora eu só queria vêlo. Falar com ele. Queria que sorrisse para mim. — Venha, eu vi Beau e Nicole por ali. — Sawyer disse, enquanto colocava a mão nas minhas costas e me levava para um pequeno grupo de jogadores de futebol e suas namoradas. Eles estavam sentados nas portas traseiras de algumas caminhonetes e alguns velhos pneus de trator que foram trazidos aqui anos antes para sentar. Uma pequena fogueira queimava no meio, fazendo parecer quente. — Sawyer. O homem voltou. — Ethan Payne disse sorrindo, sentado no banco da sua caminhonete. Brooke Milry se aconchegou contra ele e acenou seus dedos com unhas néon, para nos cumprimentar. Eles terminaram na última primavera, mas, aparentemente, já voltaram ou estão nisto. As pernas dela estavam no colo dele, sua mão estava enfiada entre as coxas dela.

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— Diga-nos. Conte-nos como vai nos colocar em forma. — disse Toby Chifre, que joga no canto traseiro, porque interceptou um passe no campeonato estadual no ano passado para contornar dois defensores e fazer um touchdown que nos deu a vitória. Depois desse jogo seu status social foi elevado. O que explica por que a capitã das líderes de torcida, Kayla Jenkiss sentava em seu colo. Ela estava empenhada em conseguir chamar a atenção de Beau no ano passado. Aparentemente, desistiu. — Eu não sou o único que nos fez ganhar o jogo estadual no ano passado. — lembrou Sawyer enquanto me puxava para ele quando se recostava na caminhonete. — Acho que você está certo. Deveríamos assegurar que o treinador dê mais recepções ao nosso “estrela” receptor de canto. — disse Ethan. — Eu concordo. — disse Sawyer. Eles continuaram conversando sobre futebol, mas eu não conseguia prestar atenção. Beau estava diretamente na minha frente, não olhá-lo estava me custando toda minha força de vontade. Eu sorria e tentava não parecer fria, apesar de que eu não me sentia confortável com a mão de Sawyer na minha cintura. Sawyer se inclinou e beijou-me na têmpora, casualmente, enquanto falava. Ouvi algo sobre um ataque e mais tempo para o treino, mas toda a minha concentração estava em não olhar para Beau. — Terra, Ashton. — a voz de Kayla interrompeu meus pensamentos, eu levantei rapidamente a cabeça em sua direção. Ela parecia esperar uma resposta. — Hm, desculpe, eu não ouvi você. — eu disse, sentindo meu pescoço corar. Ela riu enquanto enrolava uma mecha de cabelo em seu dedo. — Eu perguntei se você quer ser uma menina com espírito este ano. Talvez este ano nosso quarterback aceite uma menina com espírito se puder escolher você. — uma menina com espírito é uma

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menina que as animadoras de torcida adicionam ao seu clube, de maneira que cada jogador tenha uma menina que faça mimos nos dias de jogos. Também extra oficialmente as meninas com espírito ajudam com a lição de casa, pedem uma pizza para o almoço e, às vezes massagens e outras coisas. A equipe principal sempre escolhe sua garota com espírito e outros participam de um sorteio para adquirir a sua. — Hm, sim, com certeza. — eu disse. Sawyer riu entre dentes. — Então Ash é minha. Kayla sorriu, mas parecia mais irritada que animada. — Estamos atribuindo dois meninos para cada menina este ano. Assim você terá outro cara para cuidar este ano. Os garotos, contudo, não escolhem, mas não acho que alguém te escolha porque você já é de Sawyer. Você vai ter que escolher um nome. Nicole riu e eu imediatamente fiquei tensa esperando seu comentário doloroso. Sem pensar olhei em sua direção e me arrependi imediatamente. Beau estava sentado no chão, encostado na roda de um trator, com as pernas dobradas e abertas. Entre seus pés, usando jeans, estava Nicole. Que tinha uma mão ao redor de seu pescoço e outra no joelho. Teria sido melhor me dar um golpe no estômago. Talvez atingir algumas vezes. O momento da dor seria uma distração bem-vinda para o peso que sentia no coração. Os olhos de Beau me olharam, depois de tudo que passamos juntos, eu esperava que mostrasse um pouco de... Oh... Eu não sei. Apenas algo. Mas, ele não parecia se incomodar absolutamente com nada. Era como se essas duas semanas nunca tivessem passado. Eu engoli o nó na garganta. — Você sabe Ashton, sempre me perguntei o que você faz tão bem para manter Sawyer em tão boa forma. Quero dizer, você deve estar escondendo um segredo. — disse Nicole, arrastando as palavras, mas alto o suficiente para que todos ouvissem. Até mesmo as pessoas que não estavam em nosso pequeno círculo.

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Isso revirou meu estômago. Eu espero não vomitar. — Não é uma coisa Nic, ela é perfeita em tudo o que faz. — a voz de Sawyer soou calma e amigável como sempre. Nicole resmungou: — Duvido, você só esqueceu o que se sente com um bom momento. Sawyer ficou tenso, com os braços apertados como que para me proteger. Eu sempre me perguntei o que fizeram Sawyer e Nicole na 7ª série. Às vezes eu tinha ciúmes quando ela o olhava como se o conhecesse de uma forma que eu não. Mas ele havia sido tão cuidadoso comigo para não fazermos nada mais que beijarmos, que eu acreditava que ele era tão virgem quanto eu era. "Era" é a parte importante aqui. — Cale a boca Nicole. — as palavras não eram de Sawyer. A voz profunda de Beau deu uma ordem. Nicole riu e balançou os seios para Sawyer. — Você se lembra de toda a diversão, certo Saw. Nós nos divertimos muito. — ela soltou. — Diabos Nicole, fecha sua boca. — Beau rosnou com raiva. Eu deveria estar com raiva que meu namorado não era tão inexperiente como eu pensava. O fato de que ele não foi capaz de manter suas mãos longe de Nicole, e não tinha problema em não me tocar, eu deveria me preocupar. Mas isso não aconteceu. Tudo o que eu sentia era alívio de ver que Beau tinha empurrado Nicole. — Qual é o problema? Não gostaria de saber como o seu primo me teve pela primeira vez? Hmmm... Não fique com ciúmes, bebê. Você é o único que vai entrar em minhas calças esta noite. — Nicole tentou ronronar, mas soou mais como um gemido. Sawyer se moveu atrás de mim e me puxou pelo braço. Eu senti os olhos de Beau em mim e olhei para trás. Então vi o Beau que eu achava que estava apaixonado por mim. Seus olhos diziam que estava arrependido no momento em que empurrava Nicole. Não me perdeu de vista quando Sawyer me levava da fogueira.

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Havia dor nesse olhar, que me perseguia em meus sonhos. Eu dei-lhe um sorriso triste antes de virar para seguir o meu namorado nas árvores. A luz do fogo desapareceu assim como os ruídos. A lua deslizava por entre os ramos das árvores, nos dando luz suficiente para não tropeçar em cima de um galho caído. — Ash, sinto muito. — Sawyer disse, me abraçando contra ele, uma vez que estávamos em sua caminhonete. — Ela é um ser humano desprezível e eu não sei a razão de sair com ela uma vez, gostaria que Beau se livrasse dela. — beijou minha cabeça como se fosse um bebê que precisava de conforto. Eu não tinha vontade de chorar. Mas eu queria saber por quê. Por muito tempo, eu pensei que ele não tinha pecado algum e que era eu que precisava ser domada, mas isso não era verdade. — Sawyer, você teve relações sexuais com ela? — perguntei, olhando-o diretamente. A culpa em seu rosto respondeu minha pergunta. Ele tomou o lado do meu rosto com sua mão. — Ash, foi há muito tempo. Ela foi minha primeira namorada, apesar de que ela era muito selvagem para ter 13 anos, claro que não teve sexo. — ele disse. — Você, obviamente, fez algo. Apenas me choca, isso soa como se você tivesse feito mais do que apenas beijar Nicole. Sawyer franziu a testa. Ele não esperava que eu expressasse meus sentimentos. Normalmente não o contradizia quando estava chateado. Nunca quis sacudir suas penas. Tornar a vida mais fácil para Sawyer sempre foi o meu mantra. Bem, a farsa que eu estava vivendo tinha ido embora. Não mais palmadinhas nas costas para ele. — Ashton, eu tomei algumas decisões ruins com Nicole. Ela me pressionou para fazer algumas coisas. Eu me dei por vencido. Mas você, você é diferente. Você é boa, não se trata de sexo entre nós. Como você pode estar apaixonado por alguém e não querer fazer sexo com aquela pessoa? Éramos humanos. Ele era um adolescente, pelo amor de Deus, ele tinha hormônios.

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— Você não está atraído por mim dessa maneira? Quer dizer, eu sei que não tenho o corpo de Nicole e não ganharia nenhum concurso de beleza, mas se você me ama, então pensei que fazer sexo comigo te atrairia. Três semanas atrás, eu não teria tido a coragem de dizer essas coisas. Estar com Beau me mudou. A expressão de Sawyer estava entre choque e confusão. — Ashton, eu te respeito. Você merece respeito. Você é tudo que eu sempre quis em uma mulher. Você não é apenas uma menina que eu estou para passar o tempo na escola. Eu penso em me casar com você algum dia. Casar com ele? O quê? Sério? Oh Deus. Ele sorriu com minha expressão de choque. — Eu te amo Ashton. Quero te ter para sempre. Você me atrai muito. Só não quero que a minha futura esposa perca a virgindade na traseira de uma caminhonete.

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Capítulo 13 O estacionamento da escola estava quase vazio. Havia apenas alguns carros estacionados. Reconheci a caminhonete de Sawyer e Beau. Ambos deveriam estar no treino. Eu poderia ter ido para casa há uma hora. Sawyer estava na sala de pesos e não havia respondido minha última mensagem. Ir para casa não era algo com que poderia lidar no momento. Minha tia Caroline e sua filha Lana chegaram ontem à noite em casa e ficariam por tempo indeterminado. Tio Nolan foi descoberto fazendo coisas que não deveria com sua secretária, em cima da copiadora, e tia Caroline deixou sua casa no Mississippi. Nós éramos o único lugar em que podia pensar, e isso não nos fazia os ganhadores da loteria. Minha tia Caroline chorava e contava a quem quisesse ouvir, o que encontrou meu tio fazendo. Ouvir a primeira vez foi bastante difícil. Na verdade, eu não queria estar sofrendo com os resumos. Ter Lana invadindo meu espaço pessoal já era mais que frustrante. Ela era tão educada e fina. Eu queria gritar ou possivelmente estragar seu cabelo e esbofeteá-la um pouco para que mostrasse alguma emoção. Leann já havia ido para a faculdade. Sawyer estava sempre ocupado com o futebol e Beau estava agindo como se eu não existisse. Em ocasiões como esta, quando eu estava tão só, era quando corria para minha avó para que voltasse tudo ao normal. A vida era tão injusta. — O que há de errado com o seu carro? A voz de Beau me assustou. Eu me virei e o vi a poucos metros de mim com seu capacete e suas ombreiras em uma mão e com a camiseta, que deve ter usado, na outra. Deus, porque ele tinha que andar sem camisa? Ele correu o olhar do meu carro para o meu rosto. Arrastei meus pés nervosamente. Não havíamos estado sozinhos há 16 ou 17 dias. — Você esteve parada aqui vendo o seu carro por cinco minutos. Suponho que algo esteja te incomodando.

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As lágrimas ardiam nos meus olhos. Estar tão perto dele e tê-lo me olhando e falando diretamente comigo era maravilhoso e incrivelmente doloroso. — Que foi Ash? Engolir o nó na garganta não ajudou. Mordi o lábio inferior e encolhi meus ombros. Ele ficou em silêncio por um momento. Podia ver a indecisão em sua face. Finalmente pegou minha mochila e tocou minha cintura. — Vem comigo. Você fala e eu escuto. Eu não discuti. Eu queria isso. Eu precisava disso. Deixei me levar em seu carro e abrir a porta do passageiro para que eu pudesse entrar. Primeiro não falamos. Eu trabalhava para manter minhas emoções sobcontrole enquanto ele levava sua caminhonete por um caminho familiar que levava ao nosso lugar na baía. — Você quer me dizer o que está te deixando com raiva? — perguntou ele. Ele me olhou por um segundo, mas rapidamente voltou a olhar para a estrada. Eu não tinha certeza de como responder à sua pergunta. Muitas coisas estavam erradas. Eu estava com Sawyer, agindo como uma pessoa que não era. Alguém que eu percebi que eu não gostava. A escola tinha começado e lá estava Beau todos os dias, nos corredores, no refeitório, na minha sala. Eu podia vê-lo, mas não tocá-lo. Isso estava me matando. Depois, é claro, lá estava a minha tia Caroline e Lana tendo o último refúgio que eu tinha. Minha casa. Meu quarto. — Vamos Ash, me diga o que aconteceu. — Meu tio enganou minha tia e agora ela e minha prima se mudaram para a minha casa. Lana está o tempo todo no meu quarto. Eu não tenho nenhuma privacidade. Minha tia fica chorando e contando a história de como ela encontrou o meu tio. Não há onde me esconder. Só quero correr para o bosque e gritar.

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Uma risada ao meu lado deveria ter me incomodado, tê-lo rindo da minha situação, mas sentia tanta falta desse som, que me fez sorrir. — A família pode ser um desastre. — disse ele, de forma sombria. Eu me perguntei se estava se referindo a Sawyer. Se ele se importava que eu estivesse com Sawyer? Eu não poderia saber. Eu queria acreditar que ele estava escondendo seus sentimentos por mim, mas me parecia muito improvável. Ele ria e flertava com qualquer rosto bonito da escola, como sempre tinha feito. — Assim, te encontrei em pé a poucos metros de distância de seu carro, olhando como se ele tivesse dentes e fosse morder, porque você não queria ir para casa. Eu estava pensando em admitir que estava sentindo sua falta, que lutava contra o desejo diário de subir no meu carro e dirigir até o bar para o qual ele havia me levado para jogar bilhar, esperando vê-lo lá. Ele bateu levemente no local ao seu lado e eu deslizei junto a ele sem hesitação. Sua mão encontrou a minha e a apertou. Pela primeira vez desde que Sawyer voltou, eu me senti completa. Estar com Beau me fazia acreditar que tudo ficaria bem. Que os problemas que nos mantinham separados, nem sempre importariam e tudo ficaria bem. Chegamos ao nosso pedaço de terra com vista para baía de Mobile. Tudo parecia diferente com a luz solar. Ele soltou a minha mão e começava a se afastar, quando seu braço deslizou atrás de mim para me atrair. Suspirei e encostei minha cabeça na curva de seu braço. Nenhum dos dois falou. Apenas ficamos ali, para ver o sol se por na água. Meus olhos começaram a fechar e sorri ao pensar como tudo era mais fácil com ele ali. — Ash. — a respiração de Beau fez cócegas no meu ouvido. Abri os olhos e levou um momento para me dar conta de onde eu estava. Abrindo os olhos, lentamente, me sentei.

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— Eu dormi. — eu disse. Beau riu. — Sim, você dormiu. — Desculpe, não era minha intenção. Beau tomou uma mecha do meu cabelo para colocá-lo atrás da minha orelha e sorriu com aquele sorriso que sempre fez meu coração vibrar. — Não se desculpe, eu não posso pensar em ter tido um momento melhor desde... Bem, a partir de... O que ele quis dizer com isso? Desde quando? Desde este Verão, quando éramos apenas nós? Antes que ele me deixasse ir de seu trailer, sem discutir? — Eu preciso te levar. Sawyer lhe enviou uma mensagem e te ligou várias vezes. A última vez que verifiquei, eu pensei que era hora de te acordar. Apesar de que desfrutei de você dormindo sobre mim. Meu coração bradou contra o meu peito. Ouvir ele me dizer coisas assim, me dava esperanças. Esperança para o que, eu não sei. Fui eu quem decidiu que isso não valia a pena. Ele me passou meu telefone. — Ligue de volta, isso vai ser difícil de explicar, sabe como é. Eu li as duas mensagens, perguntando onde estava. Ele parecia perturbado em sua última mensagem. O meu carro estacionado na escola o preocupava. O celular de Beau tocou, eu o observei franzir a testa. — É Sawyer. Peguei o telefone dele.

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— Deixe-me atender. Vou explicar de qualquer maneira. Também não fizemos nada ruim. — Alô. — Ash, onde você está? Por que atendeu ao telefone de Beau? Eu tenho tentado te ligar. — Desculpe, eu sei, eu estava prestes a te ligar, estava dormindo. Beau me encontrou no estacionamento. Eu não quis ir para casa e lidar com todo o drama. Ele se ofereceu para me ouvir e acabei caindo no sono. Ele me deixou dormir. Mas está me levando para o meu carro agora. Sawyer ficou sem palavras por um momento. Olhei para Beau, que estava me observando como um leão que percebeu o perigo e estava pronto para saltar. — Tudo bem, eu vou te esperar no seu carro. — finalmente respondeu. Não tinha certeza do que Sawyer estava pensando pelo tom de sua voz. Quase sempre poderia adivinhar seu humor por telefone. — Então eu te vejo em alguns instantes. — e devolvi o telefone para Beau. Ele fechou e acenou com a cabeça para o lado do passageiro de sua caminhonete. — Se ele está esperando, eu acho melhor você subir. Não tenho certeza que será muito compreensivo. Beau ligou a caminhonete e se dirigiu para a cidade. Relutantemente, eu deslizei até o outro lado do carro. Longe do seu calor. — Beau... obrigada. Eu precisava disso. Precisava... de você. Ele soltou um suspiro profundo e balançou a cabeça.

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— Dizer-me coisas assim tornam isso mais difícil para mim. Eu sempre estarei aqui para você. Mas, não me diga que você precisa de mim. — Mas eu não posso evitar, eu preciso de você. — Inferno, Ash eu não posso ouvir isso, não posso pensar nisso. Posso lidar com dizer não ao que eu preciso. Ao que eu quero. Mas eu não posso negar a você. — Você ama muito a Sawyer. Ele é como seu irmão. Poderia ferilo dessa maneira? Poderia perdê-lo por uma menina? Não posso deixar que você o faça. Um dia vai me culpar por me intrometer entre vocês dois. Nunca será capaz de me amar. Sempre seria um lembrete de como você perdeu Sawyer. Inclinei a cabeça para trás e fechei os olhos. Havia muitas razões por que eu nunca teria Beau. E cada vez que eu mencionava, uma abria mais uma ferida em meu coração. — Você está certa. — disse em um sussurro rouco. Escutar que ele concordava, era como ter uma espada enterrada no peito. Eu segurei um soluço e virei minha cabeça para o lado contrário. Nenhum dos dois falou novamente. Quando estacionou ao lado do meu carro, Sawyer estava no lado do passageiro da caminhonete de Beau, imediatamente abrindo a porta e me alcançando. — Sinto muito bebê. Estive tão focado no futebol que eu tenho te ignorado. Você acaba de perder sua avó e seus parentes estão invadindo sua casa. Puxou-me em seus braços e eu o deixei me abraçar. Nesses momentos, meu peito doía tanto que precisava de alguém para me manter junto. Mesmo se esse alguém não fosse Beau. — Obrigado Beau, você estava lá para ela quando eu não estava. Eu te devo uma. — disse Sawyer, acima de minha cabeça.

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Não olhei para Beau. Mantive meu rosto enterrado no peito de Sawyer. — De nada. — disse ele. Sawyer fechou a porta do caminhão e ouvi os pneus passarem pelo cascalho. O som de Beau me deixando com Sawyer. — Vamos para casa comigo. Estou fazendo um churrasco com meu pai esta noite e meus pais ficarão felizes de ter você lá. — disse Sawyer, virando para me encarar. Eu não podia dizer não. Eu não queria dizer não. Ir para casa significava mais Lana e mais tia Caroline. — Claro.

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Capítulo 14 BEAU — Olá, Beau. Eu me virei e vi Kayla passar ao meu lado, com uma prancheta nas mãos. Os corredores estavam cheios, todos parando em seus armários entre as classes, este era o momento para Kayla caçar-me com uma pergunta, era impossível escapar com esta multidão, sorriu para mim e lambeu os lábios, Kayla só era corajosa o suficiente para falar comigo quando Nicole não estava por perto. — Kayla. — respondi e continuei andando, forçando-a a se movimentar um pouco para seguir pela passagem, normalmente a prancheta e Kayla significavam que a líder de torcida tentaria te meter em alguma coisa. — Você não escolheu sua menina com o espírito. Esse comentário nem sequer merecia resposta, nunca escolho uma, alguém sempre acaba colocando uma, na realidade tinha muitas voluntárias dispostas em meu armário no dia do jogo, implorando satisfazer minhas necessidades. — Eu posso colocar o seu nome no saco, de modo que uma das meninas pegue seu nome ou você pode escolher, o resto da primeira equipe escolheu, a maioria das meninas tem dois garotos e se você quer alguma daquelas já escolhidas tem que reivindicá-la agora. Novamente, não havia razão para responder. — Bem, aqui está a lista das melhores ou mais populares disponíveis: Heather Kerr, Blair, Heidi, Noel, Heather Long e Amy... Ashton parou em frente ao seu armário, tentando não mostrar que estava ouvindo, eu podia vê-la me olhando com o canto do olho, o que chamou a minha atenção. A dor que havia tornado como lar o

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meu peito esses dias, apertou, lembrando-me porque eu estava ali, esse sentimento nunca iria embora? Quanto tempo doeria tanto vê-la? — Ah, e claro, Ashton. — finalmente o tom alegre de Kayla disse a palavra que poderia me sufocar. — O que tem Ashton? — respondi, desviando o olhar e baixando-o à Kayla. — Ela ainda está disponível, ninguém a escolheu exceto Sawyer, é claro. Não acho que alguém o faça, porque não receberiam qualquer tratamento especial dela, tudo que ela pode dar, dará a Sawyer. — Eu a quero. — Você? Sério? — Sim. — Mas você sabe que Noel tem algo para você e eu posso prometer que vai satisfazer todas as suas necessidades. — começou Kayla. — Eu quero Ashton. — repeti olhando-a irritado antes de virar e sair para o campo. Pedir Ashton poderia ser me abrir para mais dor, mas a ideia dela fazendo coisas por Sawyer era suficiente para me deixar louco. A ideia de tê-la fazendo seus biscoitos para alguém, decorando seu armário e fazendo cartões, me deixava furioso. Além disso, eu não estava indo bem em química e precisava de aulas, dessas em que o namorado não é convidado. — Isso foi um passe incrível. — Sawyer disse, enquanto reunimos nossos capacetes e nos lançávamos às linhas laterais antes de correr para a velocidade, não o vi quando passei da linha de 50 jardas para pegar as luvas que eu tinha tomado antes. — Estava um pouco mais atento hoje. — eu disse, trotando para pegar as luvas.

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Sawyer me seguiu, eu precisava de alguma distância dele, seu afeto fazia Ashton me afastar, é claro que ele não sabia. — Eu estava começando a me preocupar com você, nos últimos treinos parecia um pouco distante, mas hoje você está no seu ponto ideal. Uma semana atrás, os seus comentários teriam me feito sentir culpado, mas tê-lo beijando e tocando Ashton diariamente, tinha feito com que a minha culpa fosse substituída pela raiva, por que ele sempre tinha tudo? Toda a nossa vida ele tinha tudo, mas nunca me importei, nunca quis ou pedi nada, agora ele tem a única coisa que eu desejo mais do que o ar e nem sequer sabe, a garota por quem ele está apaixonado nem mesmo existe. — Acho que enferrujei neste verão. — murmurei. — Bem, você está de volta, você estava ótimo lá. — sorriu Sawyer. Seu telefone tocou e eu me forcei a olhar para outro lado enquanto checava a mensagem, odiava saber que provavelmente era Ashton enviando-lhe uma mensagem, odiava como eu queria saber o que ela estava dizendo, será que dizia que o amava? Estava lhe pedindo para se encontrarem em sua casa? Faria ela aqueles sons sexys? PARE! Tinha que parar de pensar neles como um casal. — Hey Beau. Você e Ashton ficaram mais próximos neste verão, quero dizer, ela descarregou todo o stress com você e já não tem mais esse gesto de desgosto quando menciono você, o que é bom, eu estou contente que as duas pessoas que mais significam para mim se lembrem que uma vez foram amigos. Como responder a isso? Apenas assenti. — Olhe, me faça um favor? Quer dizer, se você e Nic não têm nada para fazer à noite, é que eu disse para Ashton que a levaria para jantar e talvez assistir um filme, você sabe, afastá-la um pouco da família louca, mas meu pai acabou de me enviar uma mensagem, precisa que eu vá com ele para ver um amigo que estará na cidade no período da tarde e tem conexões no departamento de atletismo da universidade, é importante para meu pai, tem trabalhado muito duro

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para conseguir este encontro, mas eu não quero deixar Ashton plantada, você a levaria? Se não tiver nenhum plano com Nic, porque nós dois sabemos como se sente sobre Nic e eu não quero metê-la em uma situação desconfortável. Realmente acaba de pedir-me que convide Ashton para sair hoje à noite? Está louco? Não a merece, qualquer um que a deixe plantada por algo que seu pai quer, não devia ser capaz de tê-la. — Claro. — disse eu, ouvindo o tom da minha voz cortado, meu estúpido primo não tinha ideia do que estava me pedindo, estava me encaminhando para o inferno, talvez desfrutasse do caminho. — Ótimo, obrigado velho, seu lugar favorito é Seafood Shack, nos encontre lá as seis, eu posso beber e passar alguns minutos com vocês, até que tenha que ir com meu pai. Ela odiava o camarão frito desse lugar e chá doce sempre era amargo, era o lugar favorito de Sawyer e ela não lhe dava problemas ao concordar com ele que era o melhor lugar para comer, ele não a conhecia em nada. — Já que concordei em te ajudar, faremos isso do meu jeito, eu odeio esse lugar, eu quero levar a Princesa Ashton no Hanks. Os hambúrgueres são melhores do que qualquer coisa no Seafood Shack e ela realmente precisa provar o chá doce. Sawyer franziu o cenho, mas depois assentiu com a cabeça. — Ok, Ash é agradável, então vai ficar bem no Hanks Eu não a levei lá mais de um par de vezes, mas eu acho que ela poderia concordar com você nos hambúrgueres. Lembro-me dela preparar, com queijo, bacon e torradas, até mesmo faz alguns sons de prazer quando come um, uma das muitas coisas que eu não posso acreditar que ele não conheça dela. O cheiro familiar de graxa e hambúrgueres me saudou na porta quando entrei no Hanks. As mesas de fórmica vermelha estavam cheias, acenei para Hank, passei a grelha e retornei.

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Havia cabines isoladas atrás, não queria que o lugar inteiro percebesse cada movimento nosso, se teria Ashton para mim, eu queria aproveitar sem uma plateia. Fui em frente e pedi o chá de Ash e o queijo derretido que adorava quando Sawyer me enviou mensagem dizendo que estavam chegando, fiquei surpreso, mas concordei com isso, não achei que Ash faria, o fato de que aceitara, me colocou em um bom humor.

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ASHTON — Ali esta, no fundo. — Sawyer disse, pegando a minha mão e levando-me para o fundo do Hanks, meu coração disparou com o pensamento de estar sozinha lá com Beau. — Ei, cara, desculpe por chegarmos tarde. Eu tive que deixar flores no asilo. — Sawyer explicou e me incentivou a seguir em frente, eu escorreguei ao lado, na parede, e ele ao meu lado, Beau deslizou um copo de chá doce para mim. — Não temos muito aqui, e eu pedi o meu e o de Ash, mas não pedi para você, não tinha certeza do que você gostaria. — Beau disse. Meu queijo derretido favorito estava de frente para ele e o moveu para mim. — Vamos lá, sirva-se, eu comi tudo o que eu queria. Minhas bochechas se aqueceram ao me lembrar da última vez que eu compartilhei um queijo derretido, tinha estado no caminho de volta do nosso dia na praia. — Estou bem, mas obrigado, tenho apenas alguns minutos, porque eu tenho que ir com papai. — Sawyer disse. Beau olhou para mim rapidamente e então para Sawyer. — Boa sorte em sua reunião. — Obrigado, eu estou chateado, odeio ter que deixar assim minha menina, mas isso poderia ser muito importante para o meu futuro, eu aprecio que saia com ela esta noite. — Bem, você me deve uma, na verdade, me deve várias, também tomei a Ash como a minha menina com espírito de hoje, alguém ia fazer e eu achei que você não iria querer isso.

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Ele soava como se estivesse fazendo um favor a Sawyer, não era uma menina que precisava ser cuidada, não vim porque não suportava estar em casa, eu vim porque queria estar com Beau. — Diga-me quando você quiser cobrar os favores e obrigado por escolher Ash, é que poderia ter escolhido alguém para te fazer feliz, mas eu aprecio ter você de respaldo. — Sawyer soou como se fosse um grande sacrifício para Beau sair hoje à noite comigo e me ter como uma menina com espírito. — Eu me assegurarei de cobrá-los, quando precisar. — Beau disse com um sorriso na cara e de repente senti vontade de esbofeteálo. — Bem, eu tenho que ir. — Sawyer disse, inclinando-se para me beijar e eu virei o rosto para ver a parede atrás, fazendo com que seu beijo pousasse na minha bochecha. — Tentarei não ser muito difícil para seu primo. — eu disse com um inconfundível desconforto que dilacerava minha voz. Sawyer franziu a testa pelo meu tom, fingiu um sorriso, que sabia que eu iria acreditar, pareceu ser suficiente, assentiu e saiu. Esperei até que a porta foi fechada, para me virar para ver Beau. — Eu não sou uma menina que precisa ser cuidada, eu posso cuidar de mim mesma, tão logo ele deixe o estacionamento, eu irei para casa. Beau estava sentado lá, olhando para mim como se tivesse acabado de dizer que ele tinha ganhado um milhão de dólares. — Deus, como eu senti falta disso. — disse ele. — O quê? — Ver a verdadeira você, quase se solta na frente dele, eu podia ver a confusão no rosto dele quando você deixou escapar esse rosnado sexy em sua voz, demônios, foi sexy! Eu me sentei, olhando-o, totalmente confusa, ele me provocou, tinha me irritado de propósito?

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— Você está dizendo que estava me testando? Você tentou me irritar na frente dele? — perguntei, tentando controlar meu temperamento. — Uiii, lá vem de novo, mas desta vez o Sr. Perfeito não está aqui, então eu vou ver toda a força. Lágrimas em meus olhos se projetavam, imaginei esta noite tão diferente, ficando sozinha com Beau, com Sawyer sabendo e se sentindo bem com isso, parecia um sonho. Ao invés disso, Beau tinha decidido me tratar como uma aula, um show para desfrutar. — Eu não estou aqui para fins de entretenimento, Beau. Concordei com isto porque, tolamente, eu queria passar a tarde com você, eu sinto sua falta e eu pensei... pensei que você também concordou porque sentia minha falta. Um nó se formou na minha garganta, peguei minha bolsa, eu precisava sair de lá antes de ficar como uma idiota e começar a chorar, era uma débil emocional, não podia suportar que Beau me machucasse, era demais. — Ash, espera. — suas palavras me pararam, mas não olhei para trás, não hesitei ou me deixei aberta a sair mais machucada, me apressei para a porta.

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Capítulo 15 Minha casa estava a sete milhas e andar na escuridão não foi muito inteligente. Além disso, Beau imediatamente tinha me encontrado e conduzido ao meu lado, tentando me enfiar em sua estúpida caminhonete. Eu me virei e desci a estrada estreita pavimentada que levava para a escola. As luzes da rua iluminavam o caminho arborizado, o suficiente para evitar que fosse assustador. Estava a menos de uma milha do Hanks, poderia ir sentar na arquibancada do campo de futebol e fazer Sawyer me buscar quando acabasse. Meu telefone tocou e eu vi a mensagem. — Ash, desculpe. Por favor, me diga onde você está. Cliquei em ignorar e continuei andando pelo campo de futebol. Pouco antes de chegar à porta da frente, os faróis de um carro iluminaram a escuridão atrás de mim. Eu continuei andando. Se for Beau e tinha certeza que era, precisava ficar longe dele. Eu queria chorar e não queria fazer com ele por perto, observando. A porta de sua caminhonete bateu, ouvi seus pés correndo pelo chão. Nunca seria capaz de superar sua velocidade, mas eu poderia tentar. — Ash, eu sinto muito. Seus braços me rodearam antes que eu pudesse começar a correr. — Beau, deixe-me ir. Quero ficar sozinha. Chamarei Sawyer, ele pode me buscar logo e me levar para casa. — Não. — respondeu ele. — Não era uma pergunta que você poderia dizer sim ou não. Era uma exigência. Agora saia. — Ash, você tem que me ouvir. Eu não quis dizer nada que te disse. Estava apenas tentando ver o fogo atrás de seus olhos. Eu

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sentia falta dele e egoisticamente te provoquei, sabendo que você ficaria com raiva. Eu estava errado e eu sinto muito. Por favor. Ele enterrou a cabeça na curva do meu pescoço e respirou fundo. Se eu tinha qualquer intenção de continuar brava com ele, isso voou para fora da janela quando fez algo tão vulnerável quanto acariciar meu pescoço com o nariz. — Então você não considera isso como um trabalho de babá em que Sawyer te deve uma? — perguntei, em um tom muito mais suave do que tinha usado. — Deus, você sabe. — disse, ainda acariciando meu pescoço com o nariz. Ele emaranhou seus dedos com os meus. — E me pedir como a sua menina com o espírito como se fosse um grande favor que você fez para Sawyer? Porque eu posso recusarme a fazê-lo e você pode pedir a alguém. Ele parou e em seguida, fez uma trilha de beijos no meu pescoço para o meu ouvido. — A ideia de você fazendo coisas por Sawyer em dia de jogo é suficientemente ruim. Eu não posso te imaginar fazendo biscoitos para outro cara, decorando seu armário e beijando-a na bochecha durante uma manifestação de motivação. A única menina com espírito que eu quero é você. Virei-me em seus braços e olhei para ele. — Neste momento eu não estou muito forte emocionalmente. Com tudo o que está acontecendo em casa e depois ir para a escola e ver você... — parei a minha explicação. Dizer a ele o quanto odiava ver Nicole em seus braços e pendurada nele não era justo. Ele segurou meu rosto em suas mãos.

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— Eu sou o maior idiota do mundo por não pensar sobre isso antes. Tratar você como eu tratei. Ash me desculpe, por favor, me perdoe. Fiquei na ponta dos pés e beijei-o. — Você está perdoado. — sussurrei e me afastei com relutância — Deveríamos ir. — eu disse, então eu me virei para ir para a caminhonete. Apressei-me para sentar-me ao seu lado enquando ele saía do estacionamento. Baixei a vista para ver sua mão e percebi o aperto forte que tinha colocado no volante. Portanto, não era assim que era para ser hoje à noite. Estava de novo na caminhonete de Beau. Nós estávamos sozinhos e Sawyer concordou com isso. Suspirei e virei a cabeça para olhar pela janela e observar as árvores passarem, enquanto Beau dirigia de volta para o Hanks. — Nós estamos aqui. Já estarei de volta. — disse ele antes de saltar da caminhonete e ir. Ele voltou alguns minutos depois com um saco de viagem na mão. Vi novamente como entrava na caminhonete e me dava seu sorriso torto. — Cheeseburger com bacon e pão tostado. — me explicou enquanto me dava. — Obrigada. — eu disse, sentindo meu coração inchar só porque ele se lembrava do que eu gostava de comer aqui. — Eu não poderia deixar você ir para casa esta noite sem comer. Especialmente depois de ter certeza de que fomos a algum lugar para comer o que você realmente gosta. Eu não te salvei do Shrimp Shack para nada. Então essa foi a razão que Sawyer tinha trocado de lugar. Eu sorri e abri o saco. — Bem, você ainda me deve companhia enquanto eu como.

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Suas sobrancelhas arquearam. — De verdade... que você acha isso? — Com certeza. Eu me sinto enganada, se eu for forçada a comer sozinha. Ele assentiu e virou a caminhonete para a periferia da cidade, parecia que nós íamos terminar a noite com um jogo de bilhar. — Com Sawyer de volta na cidade não esperava vê-la entrar aqui novamente. — disse Honey Vincent quando Beau e eu fomos para o bar. — Só estou entretendo-a para Sawyer, mãe. Deixe-nos em paz. Suas sobrancelhas se levantaram e olhou para mim. — Então Sawyer está de acordo com você sair com Beau? Bom, caramba. Tinha certeza que teria um ataque dos infernos uma vez que soubesse que vocês dois andam pela cidade juntos. — Beau e eu somos amigos por tanto tempo quanto eu e Sawyer. Sawyer está contente que retomamos nossa amizade. — expliquei antes que Beau pudesse dizer algo sarcástico. — Aposto que ele não tem ideia que você está em um bar com Beau. Se soubesse que Beau te traz aqui, não estaria muito feliz que estivessem passeando. — Fique fora disso, mamãe. Estamos aqui para jogar bilhar. Deixei que Beau me levasse para longe de Honey antes que começassem a brigar sobre se Sawyer, aprovaria ou não, que eu estivesse aqui. Estava quase segura de que seria contra, mas isso havia se tornado algo meu e de Beau. Não estava disposta a deixar isso também. Voltei a olhar Honey enquanto Beau me guiava para a mesa de bilhar. A desaprovação em seus olhos era óbvia. Estudou-me por uns momentos antes de sacudir a cabeça e voltar a caminhar de volta para o bar.

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— Desculpe-me por ela. Havia se acostumado com você, mas a família de Sawyer não a agrada e ser sua namorada faz de você parte dela. Entendi as palavras não ditas. Porque havia ficado com Sawyer e não havia escolhido Beau, tinha um ponto contra mim. Aos seus olhos, eu estava traindo ela e Beau. — Tudo bem, eu entendo. — eu assegurei e peguei meu taco de bilhar. — Tudo bem, Ash, é hora de chutar esse seu traseiro gostoso. — Nos seus sonhos companheiro. — respondi, sabendo que eu não ganharia. Havia melhorado, mas não o suficiente para ganhar de Beau. Dois jogos depois, eu recebi uma mensagem de Sawyer. “Está em casa?” Levantei o olhar lentamente para encontrar com o de Beau. — É Sawyer e está perguntando se estou em casa. Beau colocou seu taco para cima e colocou a mão sobre a minha. — Diga que estou te levando agora. Não queria ir para casa agora, mas não havia outra explicação que podia dar a Sawyer. Respondi a mensagem. “Beau está me levando para casa agora.” Beau assentiu para a porta. — Vamos, temos que ir.

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Ele não estendeu sua mão para agarrar a minha, nem tocou minhas costas da forma que costumava fazer quando saíamos daqui. No caminho, caminhou ao meu lado sem me tocar, nem me olhar. Recebi outra mensagem de texto. “Diga para ele te levar para a minha casa. Todos já estão dormindo e estou na casa da piscina. Venha me ver. Eu te levarei para casa”. Isso não era algo que eu pudesse pedir a Beau. Ele havia sido maravilhoso comigo esta noite depois de nossa briga. Pedir-lhe que me deixasse na casa de Sawyer, era demais. Assim que estávamos na caminhonete brinquei com meu telefone, tentando decidir o que ia dizer a Sawyer. — Que foi Ash? O que ele disse para você começar a morder o lábio inferior? — suspirei e mantive meus olhos no telefone. — Quer que você me leve à sua casa da piscina. Não quero que o faça. Beau parou a caminhonete do lado da estrada e se virou para me olhar. — Por quê? Eu o olhei. — Porque sim. — respondi. Beau soltou um rosnado e golpeu suas palmas contra o volante, me fazendo pular. — Não posso fazer isso, Ash. Está me matando. Ter você tão perto e não poder te tocar, está me deixando louco. É sua Ash. É dele. Você tomou sua decisão e entendo que o escolheu. Não sou contra, mas, porra Ash, dói. Sentia como se meu peito houvesse sido aberto em um rasgo de novo.

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— Sinto muito Beau. Sinto ter te feito isso. Perdoe-me por tudo. Lamento não poder fazer melhor. Perdão. — Pare Ash. Não tem porque se sentir arrependida. Comecei isso e sou eu que tenho que terminar. Simplesmente não posso me separar de você. Deslizei, afastei o câmbio e descansei minha cabeça em seu ombro. Ele pousou seu braço ao meu redor e me pressionou contra ele. Fechei meus olhos enquanto ele beijava acima da minha cabeça. Nenhum de nós sabia o que dizer. Nós nos sentamos em silêncio, segurando um ao outro até meu celular nos avisar que havia chegado outra mensagem de texto. Comecei a me afastar, mas Beau me firmou contra seu lado e ligou a caminhonete. — Só me deixe te segurar mais um pouquinho. — sussurrou com a voz rouca enquanto voltava para a estrada. Quando estacionamos na rua de Sawyer, Beau beijou minha cabeça mais uma vez. — É melhor que vá agora.

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Capítulo 16 Lana estava sentada na borda da minha cama, folheando meu álbum de fotos das últimas férias de verão, quando finalmente cheguei em casa. Fechei a porta do meu quarto com um pouco mais de força do que necessário para esconder minha frustração, porque ela havia mexido nas minhas coisas de novo. Levantou sua cabeça rapidamente, surpreendida. Bem, espero tê-la assustado e que isso sirva para parar de mexer nas minhas coisas. — Oh. É... educadamente.

Ash,

enfim

está

em

casa.

respondeu

Essa menina não era real. Era como se falasse sempre com voz suave e nunca mostrasse nenhuma emoção. Era como se minha tia Caroline houvesse dado à luz um maldito robô. Estava de mau humor e vê-la se intrometer no meu espaço pessoal não o melhorou. — Espero que não se importe que tenha pegado seu álbum de fotos. Nossas mães estão falando em sussurros e me aborreci. Estou realmente feliz de que agora esteja aqui. Havia um sorriso verdadeiro em seus lábios, me fazendo sentir um pouco culpada por ter me aborrecido com ela. Refiro-me a que seu pai era um imbecil e sua mãe não estava tentando confortá-la. Ao invés disso, estava fazendo com que todos na casa revivessem a experiência uma e outra vez. A compaixão pelo que devia estar passando, ganhou do meu mau humor e me sentei ao seu lado. — Lamento ter te deixado com eles aqui tanto tempo. Estive com Sawyer mais do que pretendia. — não era exatamente verdade, mas isso era tudo que ela precisava saber. Um sorriso sonhador iluminou seu rosto e voltou seu olhar ao álbum em seu colo. Eu olhei e o vi aberto em uma foto de Sawyer, na praia. Seu peito bronzeado estava brilhando com água e tinha esse sorriso tonto em seu rosto que sempre me lembrava de quando éramos crianças.

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— Você é tão sortuda, Ash. Sawyer deve ser o garoto mais bonito no mundo. Lembro-me de desejar poder trocar de lugar com você quando éramos meninas porque você brincava com ele e seu primo o tempo todo. Desde criança já era tão cavalheiro e elegante. Cavalheiro e elegante? Quem usa essas palavras para descrever garotos? Minha mãe talvez. Sacudi minha cabeça e desejei cair na cama. — Ele não é perfeito. — respondi, assustando a mim mesma. Pela primeira vez na minha vida admiti que Sawyer Vincent tenha defeitos. Lana virou sua cabeça para me olhar. Suas sobrancelhas castanhas se levantaram, me questionando. — Ninguém é perfeito, Lana. Pareceu pensar um momento e logo voltou a olhar o álbum de fotografias. — Suponho que seja verdade. Antes pensava que meu pai era perfeito. — disse lentamente. Meu coração se retorceu um pouco pela dor na sua voz. Não sabia se queria falar dele ou esquecer. Como sua mãe fala disso o tempo todo, supus que ela queria esquecer. — Seu outro primo, qual é o seu nome? Bill ou Ben? — Beau. — disse curiosa sobre o que ela ia falar. — É verdade. Ugh, eu me lembro da vez que Beau me algemou na cerca de tela metálica onde o pai de Sawyer prendia os cachorros da casa. Estava aterrorizada de estar tão perto da entrada. Lembro-me de pensar que os cachorros que rosnavam, iam de alguma forma, morder minha mão através da cerca. Ri entre dentes lembrando e Lana se virou ao redor da cama e franziu a testa.

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— Não é engraçado. Você sabe que tenho este medo bobo de cachorros. E esse garoto mau me fez cantar “I’m a little tea pot” com todos os meus pulmões uma e outra vez. Falava-me para cantar cada vez mais alto se quisesse que me libertasse. E quanto mais alto cantava, mais os cachorros se enfureciam. Era horrível. — parou e um sorriso suave cobriu seus lábios substituindo o olhar anterior. — Depois Sawyer apareceu, repreendeu Beau e me soltou. Finalmente apareceu do nada nesse momento e deu uma desculpa que precisava de Beau para algo. — Vocês dois se lançaram a correr com suas risadas bobas. Sawyer se limitou a sacudir a cabeça enquanto observava como marchavam e se desculpou por seu primo. Ele era tão doce. Havia esquecido essa aventura. Tínhamos tantas que era impossível me lembrar de todas. Mas escutar Lana cantando me fez rir muito. Eu estava escondida atrás de um velho carvalho a poucos metros de distância. Beau me disse que me queria fora de vista, no caso de Sawyer aparecer. Eu tinha que tampar a boca com a mão para evitar dar gargalhadas ao ouvir o som de Lana cantando em voz alta, desafinadamente. — Tinha certeza que vocês dois terminariam juntos. Ainda está rindo do meu tormento sete anos depois. Vocês dois eram malvados. Levantei meus ombros e sorri para Lana. — Se eu me lembro corretamente, você me disse que eu era tão perfumada e fedida como um peixe velho e que nenhum garoto iria querer se casar comigo porque fedia, e meu cabelo era tão gorduroso como o de um cachorro sarnento. Lana ruborizou e cobriu sua boca. Obviamente havia esquecido essa parte. — Eu disse né? — respondeu, parecendo envergonhada. Assenti com a cabeça e ri de novo com a expressão em seu rosto.

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— Sim, você disse. Beau não gostou muito, então decidiu que faria algo para você pagar por me dizer algo assim. Essa é a razão porque te algemou e te fez cantar. Lana me deu um sorriso cúmplice. — Você estava escondida atrás de uma árvore e veio correndo quando Sawyer apareceu, né? O tempo todo que estive sendo torturada você estava escutando. Recostei-me e coloquei as mãos atrás da cabeça. — Sim, eu ouvi tudo. Uma almofada me golpeou na cabeça, me assustando e alcancei a que estava ao meu lado, para golpear minha prima que ria bobamente. Quem imaginava que Lana podia ser boba? — Meninas? — a voz da minha mãe nos interrompeu e seguramos as almofadas no ar, prontas para golpear uma à outra. Mamãe hesitou antes de entrar. Ela havia colocado seu cabelo loiro para trás em um rabo de cavalo e seu rosto estava sem maquiagem. Podia ver a tensão e preocupação em seus olhos. Essa bagunça com minha tia a esgotava emocionalmente. — Sim mamãe. — respondeu Lana, imediatamente deixando cair sua almofada, como se estivesse fazendo algo terrivelmente mau. Mamãe olhou para nós duas. Um sorriso brotou de seus lábios quando ficou evidente que estávamos nos divertindo, e não brigando. — Lamento interromper a guerra de almofadas. — disse. — Mas, preciso falar a sós com Ashton por um instante, se não se importa Lana. Lana imediatamente assentiu e saiu apressadamente pela porta. — Obrigada. — disse mamãe quando ela passou e Lana murmurou algo mantendo a cabeça baixa.

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Ocorreu-me que Lana pensou que eu estava me metendo em problemas e eu quis rir. A menina era paranóica. Coloquei a almofada que tinha na mão de novo na cama e me sentei na grande cadeira roxa que havia ao meu lado. — O que foi? — perguntei Minha mãe se sentou na borda da minha cama, quase como Lana estava. Com as costas eretas e as mãos em seu colo. Nunca tinha me dado conta de como minha mãe era diferente de mim. — Preciso que me faça um favor. Na verdade um favor para Lana. Amanhã à noite seu tio Nolan virá aqui para falar com sua tia Caroline enquanto seu pai e eu mediamos. Todos nós acreditamos que será melhor se Lana não estiver aqui para presenciar o que ele disser. Tenho certeza que será forte e emocional. Ela tem passado por muita coisa. Não vejo nenhuma razão para expô-la a este drama. Seu pai e eu queremos protegê-la, e se você pudesse sair com ela amanhã à noite, seria perfeito. Não tenho forçado com você desde que a escola começou de novo, e estivera longe de Sawyer quase todo o verão, mas agora preciso da sua ajuda. Estava de acordo de que, de nenhuma forma, Lana poderia estar aqui com os gritos que, seguramente, sairiam amanhã na reunião. Se me lembro, havia planejado ir à festa no campo com Sawyer. Talvez levar Lana não seria tão ruim assim. Teria mais possibilidades de olhar escondido para Beau com Lana ao redor. Poderia distanciar-me de Sawyer, usando minha necessidade de fazer que se sinta confortável como desculpa. — Claro, não tem problema. Eu a manterei fora esta tarde. Lana voltou ao meu quarto uma hora mais tarde. A solidão havia sido agradável. Eu havia checado meus e-mails e respondido um de Leann. Depois, encostei-me a minha cama e escutei minhas músicas favoritas. Quando Lana entrou silenciosamente em meu quarto, estava de pijama e mechas de seu cabelo molhado emolduravam seu rosto

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pálido. Sempre invejei seu cabelo ruivo. Podia viver sem uma pele pálida e sardenta, mas invejava seu cabelo. Caminhou até mim e tirou os fones dos meus ouvidos. — Hey. — disse, caminhando para cima do colchão duplo que havia no chão ao lado da cama. — Hey. — respondi, querendo saber o que havia posto essa expressão triste em seu rosto. Conhecendo minha tia, ela contou à Lana que seu pai viria amanhã à noite. A mulher era idiota como uma caixa de pedras. Como seu sangue estava relacionado ao da minha mãe? Ru não tinha a menor ideia. — Está tudo bem? — lhe perguntei quando retirou o edredon sobre seu colchão e deslizou para baixo das cobertas. Encolheu os ombros e logo virou sua cabeça para olhar cuidadosamente para mim. — Não acho que estou pronta para vê-lo. De alguma maneira eu podia entendê-la. Não tinha traído só sua mãe, tinha traído ela também. Eu estaria furiosa com meu pai por fazer algo assim. Mas, isso não me faria deixar de amá-lo e sentir sua falta. Lana não via seu pai há uma semana. Certamente sentia sua falta, ainda que seja pouco. — Alguma vez estará pronta para vê-lo? — eu disse, me perguntando se devia manter a boca fechada. Não respondeu imediatamente e pensei que não o faria. — Algum dia, mas não agora. — sussurrou contra o edredon que tocava seu queixo. Encostei-me sobre meu travesseiro. Meus pais poderiam me deixar louca com sua necessidade de que seja perfeita, mas ao menos nunca haviam me feito passar pela dor que Lana devia estar passando.

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Capítulo 17 BEAU Decidi terminar completamente as coisas com Nicole. Ela não estava levando as coisas bem, mas Nicole não estava acostumada a ser rejeitada. Dei um passo na clareira e o familiar cheiro de madeira queimada e a música alta me davam as boas-vindas. Escutei gritar meu nome várias vezes em cumprimentos, mas não prestei atenção a quem era. Não estava aqui esta noite para socializar. Havia vindo por uma razão. Havia outras coisas que poderia ter feito esta noite. Mas, outras coisas não incluíam dar uma olhada em Ashton. Meu mundo gira ao redor para vê-la. Se soubesse que ela ia a algum lugar, eu ia também. Estava a ponto de começar a considerar ir à igreja aos domingos. Eu sabia por ouvir Sawyer dizer, que Ash canta na maioria dos domingos na igreja. Não havia escutado sua voz doce cantando em anos. — É verdade? Você realmente rompeu com Nicole? Virei-me para ver Kyle Jacobs me cercando, sorrindo. Ele sempre teve uma queda por Nicole. Acabava de fazer a noite dele. — Sim. — respondi, pegando um copo e enchendo com a cerveja do barril. — Então ela pode brincar livre ou vai pegar os garotos que forem atrás dela? Tomei um gole da cerveja e ri em silêncio. Eu na verdade pagaria para alguém tirá-la das minhas costas. No momento em que percebesse que me desfiz dela porque estava apaixonado por Ashton, suas garram iam sair. Não podia deixar que prejudicasse Ash. — Cara, ela é uma ave livre, por favor, seja meu convidado. Kyle me deu um tapa nas costas.

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— Muito gostosa. Se ele soubesse. A menina tinha problemas para uma milha de distância. Assenti com a cabeça e continuei bebendo minha cerveja, explorando a multidão, procurando qualquer sinal de Ash. No momento que deu um passo na clareira segurando a mão de Sawyer, meu coração acelerou. Apenas vê-la, me deixou louco. Odiei ver sua mão em Sawyer, mas ela não prestava atenção nele. Ela me procurava na multidão, procurava a mim. Joguei meu copo na lata de lixo e fui até eles. Assim que saí das sombras, seus olhos encontraram os meus, e um sorriso de satisfação levantou os cantos de sua boca. O desejo fez meu estômago encolher, tornando difícil que eu não fosse até Sawyer e a tomasse como minha. Eu não deveria tocá-la. — Sawyer. — eu disse ao meu primo, assentindo com a cabeça antes de me permitir olhar Ashton um pouco mais. O jeans apertado que usava era justo, colava em seu quadril enquanto sua barriga lisa e bronzeada brincava de esconde-esconde com a bainha de sua camiseta azul claro. Eu sabia exatamente quão suave era sua pele nua sob meus dedos. Levantei meus olhos de sua barriga para seus olhos. — Ash. Olhei seu belo rubor, então, ela abaixou a cabeça e olhou a pessoa que estava de pé ao seu lado, através dos cílios. Segui seu olhar e vi a quem só poderia ser uma versão crescida de Lana. Ela sorriu para mim, mas eu podia ver que era forçado. Custou-me todo o meu autocontrole para conter uma risada. Eu havia atormentado a menina quando éramos crianças, mas ela era sempre tão humilde com Ash. — Beau, se lembra da Lana? Acho que uma vez você a algemou na cerca dos cachorros e a forçou a cantar alto para soltá-la. A introdução de Ashton me fez rir. Não pude parar a mim mesmo dessa vez.

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Lembro-me de ter visto a cabeça de Ashton, cheia de cachos loiros, me olhando atrás do tronco da árvore cobrindo e sua boca enquanto seus ombros sacudiam com a risada. Eu estava tão orgulhoso por vingar sua honra e fazer, ao mesmo tempo, ela rir. Encontrei o olhar de Ashton, desejando pela milionésima vez que as coisas houvessem sido diferentes e que ela fosse minha. — Lembro-me disso. Você atormentou tanto a Lana que é um milagre que ela não saiu gritando quando te viu esta noite. A voz de Sawyer me assustou. Esqueci que ele estava aqui. Não podia pensar em muito mais com Ashton me olhando tão docemente. Tossi e voltei minha atenção para Lana. — Ah, sim, mas acho que você pediu por isso. Costumava dizer algumas coisas bastante rudes a Ash e nunca deixei que ninguém se dirigisse a ela dessa forma. Lana me lançou um sorriso que dizia mais do que devia. Ashton havia lhe dito sobre nós dois? A ideia de que ela havia dito a alguém de nosso verão juntos, me fez mais feliz do que deveria. Queria que pensasse sobre isso. Queria que necessitasse dizer a alguém. Diabos, eu simplesmente a amava. — Onde está Nicole? — perguntou Sawyer, olhando sobre meu ombro como se esperasse que Nicole se agarrasse a mim a qualquer momento. Custou-me toda minha força de vontade não olhar para Ashton quando respondi. — Rompi com Nic. Não me importa onde está. Queria ver a expressão de Ash. — Uh, verdade? Não esperava isso. Não está grávida, ou está? — a acusação de Sawyer de romper com Nicole porque a engravidei esquentou meus nervos. Sempre pensava o pior de mim? — Não, só terminamos. — respondi em um tom duro que normalmente não usava com ele.

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— Há mais alguém? — perguntou Sawyer. Perguntei-me como ele reagiria se dissesse que sua namorada era esse alguém. Não duvidava que o perderia para sempre. Seu braço se envolveu ao redor da cintura de Ashton. Agora mesmo era difícil lembrar que ele era meu primo. Tudo o que eu podia me concentrar era no intenso desejo de arrancar o braço que a estava tocando. — Por que não vamos, nos juntamos ao grupo e paramos de interrogar Beau? Desta vez não pude deixar de olhar para Ashton. Um sorriso tocou seus lábios antes de se virar e olhar fixamente para Sawyer. — Tem razão, bebê. Posso interrogá-lo em outro momento. — respondeu Sawyer e me piscou um olho antes de conduzir Ashton até o grupo. Fiquei ali, incapaz de segui-los. Vê-la aconchegando-se ao seu lado era doloroso. Terminar com Nic havia sido justo porque a estava usando para aliviar o stress, mas agora não havia nenhuma distração para deixar de olhar Sawyer com Ash. — Isso não deveria ser assunto meu, mas o modo em que Ashton e você estão se olhando como se quisessem se comer, vai, mais cedo ou mais tarde, alertar seu primo. Ele é uma pessoa confiante, mas não acho que seja burro. Tirei meu olhar de Ashton e Sawyer e olhei para Lana, me olhando com a testa franzida e as mãos sobre os quadris. O que ela sabe? — Tem razão, não é assunto seu. — respondi bruscamente e me dirigi ao barril de cerveja. Precisava de outra bebida.

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ASHTON Sawyer estava se esforçando para ter certeza de que Lana se sentisse confortável com todos. Apresentou-a aos seus amigos mais próximos e foi buscar uma bebida para ela. Não me preocupava. Isso me dava tempo para olhar Beau sem distrações. Não ter Nicole perto dele era um alívio, mas também fazia quase impossível tirar meus olhos dele. Beau me pegou olhando e piscou um olho. Mordi fortemente meu lábio inferior para evitar rir. Deram-me uma cotovelada nas costelas que me fez arquejar e girei para encontrar a pessoa que me golpeou. Lana sorria inocentemente. — Está sendo muito óbvia. — me disse entredentes com um sorriso falso em seu rosto. Porém, eu entendi o significado. — Preciso ir até o carro pegar meu celular. Minha mãe provavelmente já me ligou dez vezes a esta hora. — disse Lana. — Irei com você. — respondi rapidamente, lançando um olhar para Sawyer que parecia satisfeito que estava sendo amável com minha prima. Eu costumava buscar esse tipo de aprovação de sua parte, mas desta vez me incomodou. Se não gostasse da minha prima, a trataria mal só para deixá-lo puto. Assim que estávamos seguras fora da clareira e fomos ao carro, Lana parou de andar e se virou para me fulminar com o olhar. — Tem aproximadamente dez minutos para juntar seus duendes antes que seu cavaleiro com a armadura brilhante venha nos buscar. Vou buscar meu celular e fazer umas ligações. Franzi a testa. — Do que você está falando? — Estou falando que tem que deixar de flertar com Beau enquanto o time inteiro de futebol está ao redor de testemunha. É

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como se vocês pensassem que são os únicos ali. Todos nós temos olhos, sabe? Ela se virou e foi até a parte do fundo do jardim de nozes, onde estavam os carros estacionados. — Ela tem razão, mas a culpa é minha. — a voz de Beau deveria ter me assustado, mas não fez. De alguma forma, eu sabia que ele acharia um modo de me encontrar sozinha. — Sim, provavelmente. — eu disse brincando enquanto me virava para encontrar seu olhar. Beau deu um passo para mim, depois levou a mão ao cabelo e murmurou uma maldição. — Queria ferir a mão que tinha em seu corpo, Ash. Sawyer, por quem deveria fazer qualquer coisa. Queria feri-lo. Se ele te tocar de novo na minha frente, vou explodir. Não posso com isso. Eliminei o espaço que havia entre nós e rodeei sua cintura com meus braços. Eu havia feito isso. Minha necessidade de estar perto de Beau havia criado esta situação impossível. — Sinto muito. — murmurei contra seu peito, desejando poder fazer com que tudo desaparecesse. Ele me olhou e me envolveu com seus braços, me arrastando contra seu corpo. — Não se desculpe. Só evite que ele te toque. Quando ele te toca, eu fico vermelho de raiva. Não posso evitar. Não quero ver mais ninguém te tocar. Afastei-me para olhá-lo. Sua mandíbula estava fortemente apertada. Saber que ele pensava em Sawyer com tal ferocidade me fez sentir tão culpada. Não queria me meter entre eles e de todo jeito, eu estava fazendo-o.

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— O que posso fazer para que isso fique bem, Beau? Não quero me meter entre vocês. Essa é a razão principal porque estou fazendo isso. Ele é sua família. — Beau enfiou os dedos no meu cabelo e acariciou minha cabeça. — Estando com ele. Deixando que ele te toque, que te segure, Deus, está me consumindo. Está evitando que Sawyer me odeie, mas está fazendo com que eu o odeie. Levantou seus braços e os colocou longe da minha cabeça enquanto eu dava um passo para trás. As lágrimas nublaram minha visão. — O que me sugere que faça, Beau? Diga-me. O que me sugere? Ele abriu a boca para me responder e a fechou enquanto seus olhos olhavam sobre meu ombro. Um flash possessivo atravessou seus olhos como se quisesse avisar a qualquer predador que estivesse perto do que era seu. Eu sabia ao me virar, a quem franzia a testa com tanta ferocidade. Não olhei para Sawyer. Não estava segura do que dizer. — O que está acontecendo? Ashton nunca grita com ninguém. Que merda você fez Beau? — É minha culpa. — a voz de Lana fez com que desfizesse minha postura derrotada e me voltasse para ela. — Que? — Beau e Sawyer disseram juntos. Lana deu um suspiro dramático e encolheu os ombros. — Beau flertava comigo e Ash não gostou. Pensa que ele não é suficientemente bom para mim ou algo assim. Eles começaram a discutir quando disse a Beau que me deixasse sozinha. Não podia acreditar no que tinha escutado. Lana acabava de mentir tão credivelmente por mim e Beau? Ela riu e mordiscou sua unha com um gesto bobo de paquera e sorriu com satisfação.

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Deixei de observar o olhar tímido de minha prima e me virei para estudar o rosto de Sawyer. Será que ele havia acreditado? Com certeza não. Ele olhava com o cenho franzido para Beau. — Beau, deixe a prima de Ash em paz. Ela não é uma das suas garotas de uma noite. Procure outra garota para substitui-la. Não há motivo para deixar Ash irritada por tudo isso. Inacreditável. Lancei um olhar para Beau e sua expressão me disse que estava muito furioso. Estava pronto para matar Sawyer. Fiquei entre eles dando as costas à Sawyer e suplicando a Beau silenciosamente. Articulei as palavras, “por favor”, e vi como sua raiva diminuía antes que se virasse e se enfiasse mais na plantação de nozes. Precisava me assegurar que ele estava bem, mas não podia fazer isso com Sawyer parado atrás de mim, esperando para voltar ao campo. De novo para fingir. De novo para ser miserável.

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Capítulo 18 Quando entramos em casa, acendi a luz. Lana caminhou ao meu redor e deixou cair sua bolsa em cima da cômoda, em seguida ficou na minha frente com o cenho franzido. Não havia dito nada na volta para casa. Havia me visto obrigada a manter uma conversa com Sawyer como se nada tivesse acontecido, enquanto ela se sentava em silêncio na parte de trás. Mas parece que agora estava pronta para falar. — Esta noite eu fiz por você, não porque acho que o que você está fazendo é certo ou errado, e sim porque acredito que precisa fazer uma ligação a não crucificação. Levantei as sobrancelhas para a sua explicação. — Sawyer é um bom garoto. Ele e Beau sempre foram próximos. Lembro-me como eram unha e carne quando vocês eram crianças. Invejava sua amizade com esses garotos, tinham algo especial. Algo único. Não podia ficar ali e deixar que tudo acabasse. Além disso, pelo olhar de Beau, temo que ele teria matado Sawyer se dissesse algo errado. Afundei-me na cama e coloquei a cabeça em minhas mãos. Isso era um desastre. Ela tinha razão. Eu estava arruinando uma amizade de toda uma vida. — O que eu faço? — perguntei, sabendo que não teria uma resposta mágica. Lana se sentou ao meu lado e bateu a mão nas minhas costas. O que me fez sentir pior. Aqui estava eu, tendo que terminar com dois garotos e ela havia estado comigo esta noite, porque seu pai traidor havia traído sua mãe detestável. No magnífico esquema das coisas, seus problemas eram muito maiores. — Escolha um e deixe o outro ir.

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Soava muito simples, mas era impossível. Ela não via isso? — Não posso. Qualquer um que eu escolha, um dos dois odiará ao outro e possivelmente, a mim. A escolha de um deles não vai resolver nada. — Tem razão. Não o fará. Precisa deixar os dois. Se os deixar, então um dia, todos terão a oportunidade de recuperar a amizade que está se destruindo. Odiava que suas palavras tivessem sentido. Tinha que terminar com Sawyer e nós três precisávamos nos afastar. Meu peito apertava com a ideia de me afastar de Beau, de não contar com seus braços em volta de mim e enterrar meu rosto em seu peito. Mas não podia contar com ele. Tê-lo, eventualmente significava perdê-lo. Ele nunca aceitaria a perda de Sawyer. Ele podia viver sem mim. Uma lágrima ardente caiu do meu queixo, levantei a mão e limpei o rosto. Eu havia feito toda essa bagunça, o certo era arrumá-la. — Tem razão. — sussurrei, olhando para frente. — Mas desejaria que não tivesse. Uma batida suave na porta me lembrou das outras coisas que aconteciam em casa esta noite. Estiquei a mão e apertei a de Lana antes da porta se abrir e sua mãe entrar. Seu cabelo era da mesma cor do da minha mãe e do meu. Mas, as semelhanças paravam por aí. Minha mãe era magra e baixa e minha tia era alta e gorda, e carregava uma carranca permanente. Ela nunca parecia feliz, mesmo antes de descobrir que seu marido a enganava. Ela não estava aqui quando chegamos em casa. Mamãe e papai também haviam desaparecido. Pelos sons que vinham da sala, parecia que todo mundo havia chegado. — Olá meninas. Bom, Lana meu amor vamos conversar um pouco. A mão de Lana apertou a minha antes de eu deixá-la ir e ficar de pé. Se minha tia deixasse que eu fosse com ela, eu seguraria sua mão durante a conversa. Lana tinha se tornado a amiga que eu precisava desesperadamente na semana passada. A porta de fechou atrás delas

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e eu me deitei na cama, sussurrei uma pequena oração por Lana. Deus sabe o que ela precisa com uma mãe como a sua. Estava cansada de despedidas. Lana e sua mãe estavam em nossa porta com as malas na mão. Minha tia estava voltando para casa, para um divórcio desagradável. Lana teria muito drama e dor pela frente. Pedi-lhe que ficasse conosco, podia deixar que seus pais se enfrentassem sem ela por perto, mas ela disse que sua mãe precisava dela nesse momento. De certa forma, eu a entendia, mas logo me perguntei se no seu lugar seria tão amável. Ela realmente era uma pessoa melhor. Eu era uma menina egoísta. — Vou sentir sua falta. — disse, desejando que minha voz não soasse tão triste. É estranho como se pode pensar que uma pessoa está arruinando sua vida e depois terminar sendo sua amiga. Estava tão chateada por ter que dividir meu espaço e escutar minha tia, que não tinha me dado conta que tinha uma amiga diante do meu nariz quando mais precisava. Ainda precisava dela. — Vou sentir sua falta também. Quero ser informada sobre sua... vida. — disse ela com um leve levantar de sobrancelhas. Assenti com a cabeça e me inclinei para abraçá-la. — Obrigada. — sussurrei em seu ouvido. — De nada. — sussurrou. — Estou tão contente de que as meninas se uniram de novo depois de todos esses anos. Vamos ter que voltar para visitar. Depois de passar o divórcio e tudo isso. Talvez possa usar meu dinheiro extra para levá-las em um cruzeiro. Não seria divertido? — disse minha tia. Precisei de toda a minha força de vontade para não estremecer com sua proposta, não havia possibilidade de viajar com essa louca e muito menos em um barco onde era impossível escapar dela. O sorriso no rosto de Lana me fez devolver o sorriso. Ela sabia bem que não havia possibilidade de eu ir em uma viagem com sua mãe.

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— Muito bem, entraremos em contato. — disse minha tia e se virou para ir até seu carro Lincoln Town. Olhei meu pai ajudá-la a colocar as malas no porta-malas e minha mãe abraçar e falar com sua irmã. Lana acenou do assento do passageiro. Minha casa ficou em silêncio e seria minha outra vez... Mas isso já não soava atrativo. Havia algumas coisas que não esperava ver, e Beau passeando na igreja em um domingo de manhã era uma delas. Acabar meu solo tinha sido fácil, meu olhos queriam comê-lo, sentado sozinho no último banco em seus jeans e com uma camiseta azul marinho esticada em seu peito forte. Sawyer não tinha notado seu primo já que estava na segunda fila da frente. Eu sentava nessa fila desde que eu era criança. Meus pais me esperavam, no primeiro ou no segundo banco. Eu não podia deixar de usá-lo. Sawyer nunca se queixou. Todo domingo ele estava ali me esperando terminar de cantar. Meu olhar desviou de novo para Beau, mesmo que soubesse que era uma má ideia. Ele era responsável por me fazer esquecer as palavras. Um sorriso lento de estímulo tocou seus lábios, a igreja de repente parecia ter cem graus. Meu rosto corou e arranquei meus olhos dele e da sua boca deliciosa. De alguma forma consegui terminar as palavras de “How great thou art” sem me perder. O coral começou a sair pelas portas laterais, normalmente fazia meu caminho de volta para o banco; hoje, no entanto, eu precisava de uma pausa. Fui para trás de Mary Hill e soltei um suspiro de alívio quando entrei no sol quente. — Você vai? — perguntou Jason Tibbs espremendo seu rosto cheio de espinhas na porta, franzindo o cenho para mim. Seu pai era o pastor associado, ele achava que nossa pobre relação lhe dava o direito de questionar minhas ações. Ao invés de insultá-lo, respirei fundo, em seguida forcei um sorriso e olhei em cima dele.

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— Não, estou com dor de cabeça. Preciso de um descanso. Ele sorriu abertamente mostrando gengiva demais e dentes tortos. Seu pai precisava levar seu filho ao ortodontista e ao dermatologista. — Bom, vou deixar a porta aberta, assim não tem que dar a volta no prédio quando quiser entrar. Assenti com a cabeça e disse um obrigatório: — Obrigada. A porta de fechou atrás dele em silêncio e eu sabia que teria pouco tempo até que as pessoas começassem a notar minha falta na segunda fila. — Está se escondendo aqui por minha causa? A voz de Beau me assustou, provocando um grito. Suas pernas longas comeram a grama quando fechou a distância entre nós. Não podia deixar de comê-lo com os olhos. Era simplesmente injusto alguém ficar tão bem em um par de Levi’s. — Já que não respondeu, quer dizer que sim. — disse com um sorriso em seu rosto, enquanto caminhava deixando só alguns centímetros entre nós. Ele sabia que eu sentia luxúria e gostou. Decidida a recuperar alguma dignidade, endireitei minha postura e passei o cabelo para trás dos meus ombros enquanto o olhava. — Sempre venho aqui para tomar um ar antes de me sentar para uma hora de pregação. — menti. Beau começou a rir e estendeu a mão para traçar uma linha da minha orelha até meus lábios. — Por que não acredito em você? — perguntou. Sua voz se aprofundou enquanto estudava minha boca. Tudo o que consegui foi um encolhimento de ombro. Seu polegar estava

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roçando delicadamente meu lábio inferior como se estivesse pedindo para entrar e eu me senti perdida. Estávamos de pé justo na frente da igreja de onde qualquer um podia sair e nos encontrar, mas tudo o que eu podia pensar era em colar meus lábios nos dele. Beau estava se transformando em uma necessidade e nada disso era positivo. — Beau, o que está fazendo? — minha voz saiu rouca. — Sim, Beau, eu gostaria de saber o mesmo. — disse uma voz que não era dele. Várias coisas aconteceram ao mesmo tempo. O polegar de Beau parou sua carícia, mas não deixou cair sua mão, podia sentir seu corpo ficar tenso pelo som da voz de Sawyer. O que deveria ter feito e o que fez, estava em duas diferentes estratosferas. Porque me afastar e colocar alguma distância entre Beau e eu seria o mais lógico e inteligente a fazer; pegar sua mão e agarrar seu braço e segurá-lo foi minha reação imediata. — Algum de vocês vai falar ou vão continuar se olhando feito bobos? A voz dura de Sawyer me despertou do tranze em que estava, soltei a mão de Beau e dei vários passos para trás. Se Sawyer esperava manter sua calma, então, teríamos que por um pouco de espaço entre nós. Os olhos de Beau perfuravam dentro de mim. Silenciosamente me suplicava, quase podia ouvir seus pensamentos. Em seguida olhou para seu primo. Este era o enfrentamento que havia esperado que nunca acontecesse. — O que está insinuando exatamente, Sawyer? — perguntou Beau em um tom mortalmente calmo, que eu sabia, ele nunca tinha usado. — Oh, eu não sei, talvez o fato de que vim buscar minha namorada e a encontrei sendo acariciada por você. Beau deu um passo à frente e um rosnado baixo retumbou seu peito. Corri e agarrei seu braço com as duas mãos, isso provavelmente não ajudava o gênio de Sawyer, mas impediu que levasse um murro.

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Os dois estavam em forma, mas Beau era o bad boy do pedaço. Não podia deixá-lo fazer algo que nunca se perdoaria. Sawyer me olhou fixamente. Só podia imaginar o que se passava em sua mente. O triste era que eu sabia que nem chegava perto da verdade, ele nunca imaginaria que tinha eu perdido minha virgindade com Beau na traseira de uma caminhonete. — Quer me dizer o que está acontecendo Ash? — havia dor em sua voz. Odiava saber que as palavras que tinha que dizer a ele não apagaria isso e, sim, deixaria a situação pior. Empurrei Beau para trás de mim quando me coloquei na frente dele. — Vá para casa Beau. Sawyer e eu temos que conversar e não quero que esteja aqui. Virar-me e ver sua reação era tentador, mas não o fiz. Ao invés disso, mative meus olhos em Sawyer, orando em silêncio que Beau me escutasse e fosse. Já era hora de terminar isso e salvar a amizade antes que fosse tarde demais. — Não quero te deixar sozinha. — respondeu com aço em suas palavras. — Beau, por favor. Não está ajudando as coisas. Só vá. Sawyer não tirava os olhos de cima de mim. Ele estava se esforçando para ler as entrelinhas. Eu teria que dizer a ele algumas verdades. Mas só o suficiente para impedir que destruíssem sua relação. O som da grama seca embaixo das botas de Beau me disse que havia concedido meu desejo e se dirigia à sua caminhonete. Havia ganhado essa batalha. Agora, a maior estava olhando para mim e eu não tinha ideia do que ia dizer.

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CAPÍTULO 19 — Comece pelo início Ash, e me diga tudo. Não havia como lhe dizer tudo. Olhei para a rua e vi como a caminhonete de Beau se distanciava. O silêncio era ensurdecedor enquanto Sawyer esperava que eu falasse. — Este verão, Beau e eu retomamos nossa amizade. Fomos próximos uma vez, sabe disso. — fiz uma pausa e respirei fundo — Ele me entende. Sabe quando estou cheia de lixo e sabe que não sou perfeita apesar de me esforçar muito para ser. Com Beau posso me deixar levar sem me preocupar em perder sua amizade. — Então isso é uma coisa de amigos, porque pela forma que ele estava acariciando sua boca e te comendo com os olhos acho difícil acreditar. — Tudo o que pode ser com Beau é amizade. E ele sabe disso. Beau é carinhoso. Toca um monte de bocas de garotas. Sawyer levantou as sobrancelhas como se achasse que o que eu estava dizendo era absurdo. — Não sei se estamos falando da mesma pessoa, mas Beau, meu primo Beau, não olha nostalgicamente para ninguém da forma que acabo de surpreendê-lo olhando você. Você é muito ingênua para enxergar isso, mas confie em mim bebê, ele te deseja e vou chutar o traseiro dele. Está bem, isso não era o que havia esperado. Culpar a mim, não Beau. Precisava redirigir sua raiva. — Está mal interpretando o que viu. Ele estava me falando sobre o que decidi fazer hoje. Ele acha que eu e você devemos ficar juntos para sempre. Eu não acho. Somos jovens e preciso de espaço. Não estou pronta para me casar com você algum dia. Isso me assusta. Há muita vida lá fora para aproveitarmos. Beau acha que estou cometendo um erro porque pensa que você foi a melhor coisa que me

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aconteceu. O que você viu foi seu primo tentando me convencer a não terminar com você. O olhar incrédulo e comovido que se aponderou do rosto de Sawyer era um pouco insultante. Por que era tão difícil acreditar que eu terminaria com ele? — Você está... terminando comigo? — negou com a cabeça e deu um passo para trás. Seu rosto havia ficado pálido, como se eu tivesse dito que ele nunca mais jogaria futebol. Isso não era o fim do mundo. — Eu finjo quando estou com você. Não sou a garota boa que acha que sou. Você ama uma Ashton falsa. Estou tentando ser digna de você há tanto tempo que estou esgotada. Não gosto de voltar os carrinhos estúpidos até o estacionamento e não gosto de me sentir como se tivesse que ser a boa samaritana com todos que eu cruzo. Às vezes, só quero correr e me preocupar comigo. Sou egoísta e intratável e uma grande farsa. Essa garota que você ama e quer se casar, não existe. Era como se eu tirasse um peso dos meus ombros. O ar se precipitou dentro dos meus pulmões e pela primeira vez em três anos, respirei fundo. — Isso é loucura. — disse Sawyer sacudindo a cabeça. Estava tão perto da liberdade agora, podia prová-la. Parada e escutando ele tentando me convencer de que não sabia do que eu estava falando, me chateou. Mas não podia controlar isso agora. A verdadeira Ashton estava de volta. — Não, é verdade. Quero ir ao parque e beijar tanto, até perder o sutiã embaixo dos bancos do carro. Quero jogar um pássaro em Nicole quando me olha nos corredores da escola. E quero usar meu biquíni vermelho e desfrutar do fato de que os rapazes estão me olhando. Não sou quem acha que sou. Nunca fui e nunca serei.

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Fechei o espaço entre nós dois, me coloquei na ponta dos pés e dei um beijo em sua bochecha. O cheiro familiar da sua colônia fez meu peito se apertar com a emoção. Eu sentiria sua falta, mas não o suficiente para ser outra pessoa para tê-lo. Olhou-me de maneira diferente agora. Pude notar em sua expressão. A emoção se agitando em seus olhos azuis quando finalmente viu quem sou de verdade, foi agridoce. Dei a volta e corri até o meu Jetta. Sem olhar para trás, fui embora. Pela primeira vez deixei a igreja antes que terminasse. Leann estava sentada na escada da entrada do dormitório antigo de tijolo, de três andares, em que havia sido colocada este ano, quando entrei no estacionamento. Pude vê-la mordendo a unha do polegar. Leann só mordia a unha do polegar quando estava nervosa. Tinha sido imprecisa em minha razão para vir quando liguei, assim que decidi aonde ia. Estacionei em uma vaga do estacionamento. Dizer tudo a alguém havia se transformado em algo essencial em minha viagem até aqui. Precisava liberar isso do meu peito. Uma batidinha na janela me surpreendeu e olhei para encontrar Leann ainda mordendo a unha do polegar e franzindo o cenho. Forçando um sorriso abriu a porta e deu um passo para trás, para que eu pudesse sair. — Juro que acredito que cresceram raízes em mim enquanto te esperava. — disse alcançando meu braço e me abraçando. — Não posso acreditar que está aqui e não posso acreditar que tenha deixado a igreja mais cedo sem dizer a ninguém aonde ia. Afastei-me e encontrei seu olhar. — Não te disse isso. Revirou seus olhos grandes castanhos, enganchou seu braço no meu e me puxou em direção ao dormitório.

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— Querida, no momento em que ficou evidente que não voltaria para a igreja, recebi uma mensagem da minha tia Linda e Kayla, em seguida Kyle publicou em seu mural no facebook. Gemi e apoiei a cabeça em seu ombro. Leann me deu uma palmadinha no braço e me levou para sentar em um banco colocado na sombra de um carvalho. Sentando, deu umas batidinhas no lugar vago ao seu lado. — Sente-se aqui. Esse suspense está me matando. Nunca tinha sido causa de fofocas. Isso deve ser bom. Eu mexi no assento de madeira e estudei as mãos no meu colo. Admitir isso era uma coisa. Olhar no rosto de Leann enquanto compartilhava meus erros com ela, era outra. Éramos amigas há três anos e nenhuma vez havia mencionado minha atração por Beau. — Você sabe que Beau e eu éramos próximos quando éramos crianças. — decidi começar por aí. Parecia o melhor lugar. — Oh, bom Deus! Quer dizer que isso tem alguma coisa a ver com Beau? Beau Vincent? Encolhi-me e assenti sem levantar o olhar para ela. — Sim, tem tudo a ver com Beau. — sussurrei. A mão de Leann cobriu a minha e entendi seu gesto como um consolo. — Este verão Beau e eu começamos a passar um tempo juntos. Você estava trabalhando ou com Noah e Sawyer tinha viajado. Pensei que seria bom retomar a amizade que Beau e eu compartilhamos uma vez. Leann apertou minhas mãos e continuei lhe explicando a forma que havia jogado bilhar no bar onde trabalhava sua mãe, fomos nadar no lago, vimos um filme em minha casa e logo parei sabendo que o que diria em seguida, ia ser difícil de ela entender. Depois de tudo, eu era a garota boa.

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— Nessa noite, na parte traseira de sua caminhonete, Beau e eu... nós... — engoli saliva e fechei os olhos. — Fizemos sexo. Leann deixou minhas mãos cairem e deslizou seu braço ao redor dos meus ombros em seu lugar. — Uau. — foi sua única resposta. — Eu sei. Não foi a única vez tampouco e... e eu ainda sei que não voltará a acontecer... acredito que... que o amo. Talvez sempre o tenha amado. Não, sei que sempre o amei. Quando estou com Beau sinto coisas que nunca senti com Sawyer. Posso ser eu mesma. Não tenho que fingir. Beau conhece meus piores defeitos. — O coração quer o que o coração quer. Não podemos evitar isso. — disse Leann. Suspirei e finalmente, levantei meus olhos, nossos olhares se encontraram. As lágrimas não derramadas embaçaram minha visão. — Mas eu arruinei a vida dele. Tudo o que ele tinha era Sawyer. Não se engane, eu fui atrás de Beau. Posso olhar para trás e ver isso agora. Tudo isso é culpa minha. Nunca devia ter me metido entre os dois. — solucei e enfiei a cabeça em seu ombro. — Beau poderia ter dito não. Sabia que estava destruindo sua relação com Sawyer em cada momento que passou com você. Não assuma toda a culpa por isso. — o tom severo de Leann só me fez chorar mais. Beau precisava de Sawyer. Ele podia não se dar conta disso, mas precisava. De alguma forma eu tinha que... — Como posso resolver isso? Como posso ajudar Beau a recuperar Sawyer? — Não pode resolver este problema por eles. Beau sabia o que estava fazendo, Ash. Ele te escolheu ao invés de Sawyer. Agora que deixou Sawyer ir, vai escolher Beau? Sequei minhas lágrimas em minhas bochechas e a olhei.

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— Escolher Beau fará com que todos em Grove o odeiem. Todos vão vê-lo como o garoto que afastou a garota de Sawyer. Não posso fazer isso. Leann deu de ombros. — Não acredito que Beau se importe com os outros. Deixou isso evidente quando decidiu andar às escondidas com a garota de seu primo, que era o que queria fazer. Tem que te amar Ash. Nunca nessa vida havia pensado que Beau faria algo para prejudicar Sawyer. Ele o ama. Então isso só pode significar que te ama mais. — se agachou e me deu umas palmadinhas no ombro. — A questão aqui é: você o ama com a mesma intensidade? Está disposta a dar as costas para sua família e as pessoas da cidade para tê-lo?

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Capítulo 20 BEAU — Beau, o inferno deve ter congelado. Sawyer Vincent está entrando em um bar. A voz da minha mãe foi alta e clara através do lugar vazio. Abaixei a cerveja. Estava dando uma de enfermeira desde que entrei há uns cinco minutos. Não tinha encontrado Ashton em nenhum lugar, então fui até o bar, na esperança de que ela também estivesse me procurando. — Não estou aqui para uma visita social, tia Honey. Vim para ter minhas costas apunhaladas pelo filho da puta do meu primo. Minha mãe deixou escapar um assovio e balançou a cabeça. — Tinha que ter pensado melhor antes de acreditar que sabia tudo sobre Beau e Ashton andando juntos pela cidade. — Cale-se mamãe. — eu disse sem olhá-la. Mantive meus olhos em Sawyer. O ódio em seus olhos era algo que jamais teria imaginado sendo dirigido a mim. Apesar de saber que eu merecia, ainda era difícil lidar com isso. Seu cabelo estava comprimido atrás de suas orelhas e seus dentes estavam tão apertados que podia ver a marca de sua mandíbula. — Ela está aqui? — perguntou Sawyer, enquanto dava um olhar ao bar vazio. Ele também havia pensado que ela viria até mim. — Não. — Ondo ela está?

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— Eu não sei. Sawyer assentiu em minha direção. Deus, eu queria bater nele. Eu só queria Ash. A verdadeira. A que eu conhecia. A que ele nunca seria capaz de amar. — Como pôde fazer isso comigo, Beau? É como um irmão para mim. A dor em seus olhos era como uma faca em meu estômago. Não era suficiente para fazer que me arrependesse de algo, mas doía como o inferno. — Você não a conhece, nunca conheceu. — Não a conheço? NÃO A CONHEÇO? Quem diabos você pensa que é, Beau? Ela tem sido minha por três anos. TRÊS ANOS. Vocês apenas se olharam por três anos. Eu fico longe um verão e quando volto, vocês estão juntos? Fez-se de amigo? O que aconteceu exatamente? Porque eu não engoli a merda que ela me disse do lado de fora da igreja. Devia lhe dizer a verdade? Ele merecia, mas eu não podia fazê-lo sem o consentimento de Ash. Era sua história também. — Nos aproximamos. Passamos tempo juntos. Lembramos que éramos muito próximos quando éramos pequenos. Parei e o olhei por um tempo. Havia algo que ele precisava saber. Uma verdade que era minha para poder dizer. Mas admiti-la, provavelmente, mataria qualquer possibilidade que tivéssemos de superar isso. Tudo se resumia a quem era mais importante. Meu primo, o único que estava ali para mim, independente do que acontecesse, meu melhor amigo. E Ash. A única pessoa sem a qual eu não podia viver. Não mais. — Eu a amo. No mesmo segundo, a mandíbula de Sawyer caiu e voltou a ficar tensa. Estava se preparando para pular em mim, eu pude ver em sua postura.

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— Você – a – ama. — repetiu furioso e incrédulo. — Você tem consciência de que eu pensava em me casar com ela um dia? E você Beau? Planeja se casar com ela? Se mudar com ela para o trailer da sua mãe? Talvez ela pudesse conseguir um emprego aqui, com a tia Honey, quando seus pais deixarem de lhe dar dinheiro. Meu punho colidiu contra seu rosto antes que ele soubesse o que estava acontecendo. Sawyer cambaleou para trás, com sangue escorrendo de seu nariz. Um rugido estalou em seu peito e ele pulou contra mim, me jogando no chão. Seu punho acertou minha mandíbula, só porque eu sabia que merecia. Mas este era o último que deixaria que me acertasse. O sangue que escorria do seu nariz, por cima de sua boca, conseguiu que fizesse tudo que estava em meu poder para me conter. Eu não queria acertá-lo de novo, mas eu seria amaldiçoado se deixasse ele me acertar. — Parem! Os dois! — gritou minha mãe por cima de nossos grunhidos, mas Sawyer não parava de tentar me acertar e eu não parava de bloquear seus golpes. — Você é um bastardo, Beau. Ela é uma boa garota. Não pode lhe dar o mesmo que eu. — as palavras de Sawyer fizeram que perdesse temporariamente a calma e que, novamente, meu punho acertasse um lado de sua cara. Diabos. Ele tinha que se calar de vez. — Cale-se Saw. — gritei, empurrando-o longe de mim e me colocando de pé. — É a verdade e ela sabe disso. Só é estúpida demais para perceber... Não terminou a frase antes que estivesse com as costas no chão, com minhas mãos apertadas em sua garganta. — Não a chame de estúpida. — eu adverti. Havia cruzado uma linha. Eu o amava, mas amava mais a ela.

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— É o suficiente, saia daí, Beau. Isso já foi longe demais. Estão deixando que uma menina arruíne a amizade de vocês. Nenhum de vocês se casará com ela. Ela é doce e bonita, isso eu concordo, mas não vale a pena desfazer de sua família por ela. Minha mãe se aproximou de nós, sua sombra cobriu o rosto de Sawyer. Diminuí o aperto em seu pescoço, ele já estava ficando azul, não dava para enxergá-lo direito. — Ele não é minha família. As palavras de Sawyer me doeram, mas eu me sentiria da mesma forma se ele tivesse afastado Ash de mim. Desfiz a chave e o liberei, me levantando de novo, pondo distância entre nós dois. Não tirei meus olhos dele. — Sinto muito menino, mas estar com raiva dele por causa dessa garota não removerá o sangue que também corre por suas veias. Vocês são e sempre serão parte da mesma família. Sawyer, colocou uma expressão desdenhosa no rosto enquanto se colocava de pé e limpava o sangue de seu nariz com a manga da camisa. — Não é mais do que o filho bastardo do irmão perdedor do meu pai. Não reagi. Ele queria que eu fizesse isso. Mas eu não lhe dei esse gosto. Minha mãe estalou a língua como fazia quando sabia algo importante que os outros não sabiam. Deixei meus olhos se fixarem nela por um segundo, para descobrir o que ela queria dizer. — Na verdade, Beau não é o bastardo do irmão do seu pai. Ele é o bastardo de seu pai. O sangue das veias dele é o mesmo que o seu. Não se confunda sobre isso. Fiquei paralisado enquanto as palavras de minha mãe se afundavam em minha consciência. Dei um passo para trás e me segurei na borda da mesa de bilhar, buscando apoio enquanto a olhava, esperando por um sinal de que ela mentia. — Não. — foi a única resposta de Sawyer.

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Não podia olhá-lo. Não agora. — Sim. Pergunte ao seu pai. Diabos, pergunte à sua mãe. Isso será divertido. Ela me odeia de qualquer forma. Bem, poderia fazer com que me odiasse um pouco mais por liberar esse “gato trancado”. Ela dizia a verdade. Eu notava em sua voz. Havia ouvido suas mentiras durante toda a minha vida. Sabia perceber a diferença. — Não. Você é mais do que nunca, uma puta estúpida. Meu pai nunca faria isso. Minha mãe riu e rodeou o bar para pegar uma toalha que jogou para Sawyer. — Limpa o sangue da sua cara e vai para casa. Quando se der conta de que eu estou dizendo a verdade, então você e seu irmão poderão resolver as coisas. Como eu disse, nenhuma garota vale tanto a pena para brigarem dessa forma. Provavelmente, você gostaria de perguntar ao seu pai sobre isso, também. Estou segura que ele tem uma opinião sobre o assunto. Tendo em conta que a maçã não cai longe da árvore. O que ela estava dizendo? Um sorriso amargo apareceu em seus lábios. — Não sei o que é pior. Saber que são “White trash” depois de tudo ou ter sua mãe tentando acusar meu pai. — cuspiu Sawyer antes de dar a volta e caminhar até a porta, que havia entrado quinze minutos antes.

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ASHTON — Bem, vovó eu estou de volta. É tempo de encarar a música. — eu disse enquanto colocava o caule da rosa, na lápide de seu túmulo na manhã seguinte. Levantei-me às quatro da manhã depois de passar a noite com Leann, para poder voltar a tempo de ir à escola. Não precisava adicionar uma falta injustificada em minha lista de transgressões. Meus pais provavelmente me deixariam trancada se isso acontecesse. Sentei-me no banco de madeira ao pé do túmulo, minha mãe havia tirado da varanda da minha avó e trazido para cá. — Meti os pés pelas mãos. Não estava aqui para correr para você, então fui até Leann, o que provavelmente só piorou as coisas. Até saí da igreja depois do solo do coral. Acho que meus pais ainda não sabem o motivo, mas também não acho que isso importa. Tomei um gole do café que havia comprado no caminho para a cidade. A escola começaria em uma hora, e voltar para casa neste momento, não era o melhor. — Tudo isso é por Beau. Eu o amo. Louco, não? Beau Vincent, é o bab boy da cidade e eu tinha que me apaixonar por ele. Eu, a namorada de seu primo e melhor amigo. Mas ele me deixa ser eu mesma. Como você. Ele não é mau como todo mundo pensa. Ninguém conhece seu coração. Não podem saber mais do que sua boca grosseira, o fato de que bebe cerveja, nem sua atitude rebelde para ver que é um garoto sem um pai. Ninguém se aproximou e tentou lhe ensinar algo melhor. O deixaram crescer sozinho. Não é justo. Todo mundo o julga sabendo que ele não tem nenhuma influência positiva em sua vida. Seu tio nunca se preocupou em cuidar dele, educá-lo ou sequer se interessou por ele. Acho que ele é maravilhoso, apesar da mãe ruim que o criou. Odeio como todo mundo julga a todos aqui. Eles chamam este lugar de “Cinturão da Bíblia”, mas na realidade vovó, eu acho que todos precisam ler suas bíblias um pouco mais. Lembro-me claramente de Jesus sendo amável com os pecadores, não os julgando. Beau só precisa de alguém que acredite nele e eu o faço.

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Tomei outro gole do meu café com leite e me recostei no banco. O cemitério da igreja estava em silêncio ao amanhecer. Um ônibus escolar passando perto, era o único sinal de vida. Meu telefone tocou, me alertando mensagem. Eu olhei e franzi a testa.

da

chegada

de

uma

“Onde você está e onde está Beau?” Era de Sawyer. Hesitei, insegura de como responder a ele. Mas a ideia de que Beau estivesse perdido, me chateou. “Estou no túmulo da minha avó. Não tenho visto Beau desde que saí da igreja ontem”. Esperei por uma resposta, mas não chegou. Peguei minhas chaves no banco e levantei. — Tenho que ir vovó. Eu te amo. — eu disse e deixei um beijo em sua lápide antes de voltar para o carro.

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Capítulo 21 Antes que pudesse fechar a porta do meu carro, Sawyer já estava na minha frente. Parecia que não havia dormido a noite toda e tinha um corte no nariz e uma contusão embaixo do olho. — O que aconteceu? — Onde ele está? — ordenou Sawyer, interrompendo minha pergunta. Neguei com a cabeça, olhando-o fixamente, tentando adivinhar porque ele estava tão decidido a encontrar Beau. — Eu te disse, eu não sei. Saí da igreja e fui ver Leann. Passei a noite em seu dormitório e voltei esta manhã. Sawyer murmurou algo que soou como uma maldição e meus olhos se abriram em choque. O sol caía sobre seu rosto e eu podia ver o inchaço em sua bochecha, abaixo da contusão. Parece que havia encontrado Beau ontem, em algum momento. — Beau sabia...? — me estiquei para tocar seu rosto, mas ele parou minha mão bruscamente, com uma careta de desgosto. — Não me toque. Fez sua escolha, Ashton, agora pode ficar com ela. Eu não sou seu para me tocar. Ele tinha razão, é claro. Limitei-me a assentir. A raiva iluminou seus olhos azuis. — Você fez isso sabia? Ele se foi por sua culpa. Arruinou sua vida. Espero que tenha valido a pena. — a voz de Sawyer se misturou com a raiva que brilhava em seus olhos. Uma coisa eu tinha certeza, ele me odiava. Não assenti dessa vez. Simplesmente me afastei. Doía-me demais ver o ódio em seus olhos dirigido a mim. Precisava encontrar

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Beau. Não ligar para ele ontem havia sido um erro, mas eu me negava a acreditar que havia saído correndo. Ele estava disposto a lutar por mim. Pela aparência ruim do rosto de Sawyer, eu podia saber que Beau o havia feito. Estava pronta para escolhê-lo no lugar de qualquer um. Tinha chegado a hora de jogar minhas preocupações ao vento e ir atrás do que eu queria. E eu queria Beau. Oito horas mais tarde, me encontrava fora do bar onde trabalhava Honey Vincent, olhando a porta. Nunca tinha estado aqui em plena luz do dia. A pintura descascada e as dobradiças ruins da porta não eram visíveis no escuro. Beau não tinha ido à escola hoje. Todos aqueles com quem eu havia falado alguma vez, se comportavam como se eu não existisse. Eu teria me importado se não estivesse tão preocupada com Beau. Havia lhe enviado mensagens de texto várias vezes, mas não tive resposta. Sawyer só havia me dirigido seu olhar furioso uma vez, quando estava indo até o vestiário do campo depois da escola. Caminhou até meu armário e mexeu a cabeça como se me culpasse pela ausência de seu primo. O medo de que ele tivesse razão havia ficado mais forte durante o dia. Eu deveria ter ligado para Beau ontem. Não, deveria ter ficado ao seu lado. Ao invés disso, ao primeiro sinal de luta, menti e corri, deixando-o em apuros. Eu sou uma pessoa horrível. A porta do bar se abriu e Honey saiu de lá quadril, olhando diretamente para mim. Seu cabelo estava em um lado de sua cabeça, em um rabo de usava um par de jeans apertados e uma camiseta primeira vez que via seu corpo tão coberto.

com a mão no longo e escuro cavalo baixo, e folgada. Era a

— Bom, entre de uma vez, pelo amor de Deus, quanto tempo vai ficar aí e estudar a porta? Ele não está aqui, assim, não pode esperar que ele escape.

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Beau não estava aqui também, mas talvez ela soubesse onde ele estava. Apressei-me para segui-la enquanto se virava e entrava. O bar era diferente às três da tarde. As cortinas estavam separadas, deixando que a luz solar entrasse no lugar e as janelas estavam abertas, permitindo que uma brisa fresca flutuasse pelo lugar. Quase removendo o odor de cerveja velha e cigarro... Quase. — Ele se foi ontem. Não voltou para casa também. Você arruinou tudo entre esses meninos, garota. Honey negou com a cabeça enquanto pegava os copos para limpá-los e os colocava sobre o bar. — Eu sei. Tenho que consertar isso. Ela sacudiu a cabeça e deixou escapar uma risada amarga. — Acho que seria bom, mas o estrago está feito. Esses garotos estiveram perto de espancar um ao outro ontem. Estavam loucos. Nunca pensei que veria uma menina se colocar entre eles, mas também é verdade que nunca imaginei que veria Beau de outra forma. Assim que ele começou a mostrar algum interesse, eu soube que tudo iria paro o inferno rapidamente. Você sempre foi a fraqueza do meu filho. Afundei-me em um banco no bar, perto dela. Meu estômago estava dando voltas pela culpa. O que havia feito a Beau? Como podia dizer que o amava e causar tanto dano a ele? O amor era egoísta. — Sou uma pessoa horrível. Voltaria atrás, se pudesse. Não posso acreditar que fiz isso a ele. Honey parou e levantou uma esculpida.

sobrancelha artisticamente

— Ele quem? — Beau. — respondi franzindo a testa. Um sorriso triste tocou seus lábios e negou com a cabeça.

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— Bom, acho que ele não é tão bobo quanto eu acreditava. Pensei que aquele garoto havia perdido tudo por uma menina que só o procurava para passar o tempo. Não acreditava que você se preocupava com ele também. Eu queria ficar com raiva, mas como poderia? Não havia feito nada para demonstrar que realmente me importava com ele. O amor arruína sua vida. — Sabe onde ele está? Só quero conversar com ele. Tenho que consertar isso. Honey suspirou e deslizou o copo de sua mão para a estante acima da sua cabeça, antes de encontrar meu olhar. — Não Ashton, eu não sei. Saiu daqui depois de acertar a cara do primo. Estava ferido e com raiva. Imagino que precisa de um pouco de tempo e então sairá de onde está escondido. Por agora, só se preocupe em concertar as coisas com Sawyer. Neguei com a cabeça. — Não se pode consertar meus problemas com Sawyer. Ele me odeia. Tudo o que posso esperar é que um dia ele entenda, mas não tenho tempo para lidar com ele. Honey apoiou seus cotovelos na bancada e me observou por um momento. — Está tentando me dizer que não voltará com Sawyer? Nem sequer está preocupada por perder o lindo futuro que ele planejava te dar? — Nunca tive um futuro com Sawyer. Eu sabia disso o tempo todo. Amo Sawyer, mas não estou apaixonada por ele. Nunca tive a intenção de ter um “felizes para sempre” com ele. Só preciso ver Beau. As únicas negociações que quero ter com Sawyer são sobre ele perdoar Beau. Honey assentiu. Estendeu a mão e me deu umas palmadinhas no braço.

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— Acredito que poderia chegar a gostar de você, menina. Como saber, que eu gostaria da filha do pastor. Que coisa mais louca. Tirou um sorriso dos meus lábios pela primeira vez durante todo o dia. Nesse momento ela me lembrava de Beau. A expressão divertida e os mesmos olhos cor de avelã. — Preciso falar com ele. Por favor, assim que vê-lo, fale para ele me ligar. Honey assentiu novamente e voltou a limpar os copos. Levantei e me dirigi até a porta. A carta que eu havia escrito estava no meu bolso. O plano era deixar em seu armário, mas nunca foi à escola. Eu o peguei, me virei e caminhei de volta até Honey. — Você poderia dar isso a ele quando o ver? — perguntei, deslizando pela bancada o papel dobrado. Ela estendeu a mão e levantou sem desviar o olhar dos meus olhos. — Claro querida. Eu me assegurarei que ele a receba. Os carros dos meus pais estavam do lado de fora quando finalmente resolvi voltar para casa, depois das cinco. Era hora de enfrentar as coisas. Ninguém me recebeu na porta, o que era um bom sinal. Dei um passo para dentro e fui parada pelo olhar penetrante do meu pai. Ele estava sentado na cadeira com a bíblia aberta em seu colo, enquanto me olhava por cima de seus óculos de leitura. Estava bravo, machucado e decepcionado. Pude ver tudo isso em seus olhos. Deixei cair minha bolsa sobre a mesa e me afundei na cadeira de frente para ele. — Alegro-me que finalmente pôde chegar em casa. Sua breve mensagem de texto me dizendo que estava bem e que passaria a noite com Leann não era exatamente reconfortante. Sua mãe está na cama com dor de cabeça pela preocupação. — Sinto muito papai. — respondi. Realmente sentia que estivessem chateados. Mesmo que eu fosse fazê-lo de novo em um instante.

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— Sente? Não parece sentir. Vou dizer que fico contente que tenha chegado à escola a tempo e que tenha encontrado tempo para ir ao túmulo de sua avó. Não se surpreenda. Eu a visito todos os dias e percebi a rosa fresca em sua lápide. Só você levaria uma rosa de seu próprio jardim. Ninguém mais teria pensado nisso. É uma menina boa, Ashton. Sempre foi, mas este verão aconteceu algo, e temos que consertar isso. Ele colocaria a culpa em Beau se soubesse. Queria que fosse culpa de outra pessoa. Nem sequer podia aceitar o fato de sua filha ser uma grande falsa. — Beau Vincent também está desaparecido. Todo mundo pensava que tinham fugido juntos. Mas então você me enviou a mensagem dizendo que estava com Leann e o orientador do dormitório verificou a informação quando liguei. Então não estava com Beau, mas é terrivelmente suspeito que ele esteja sumido também e que Sawyer tenha um olho roxo. O que aconteceu na igreja, Ashton? Ele estava perguntando, mas na realidade não queria saber a verdade. Nenhum pai queria escutar esse tipo de verdade. Balancei a cabeça. — Tive uma discussão com Sawyer e nós terminamos. Corri para ver Leann e fugir. Isso é tudo o que sei. Eu estava me tornando uma boa mentirosa. Não era algo que eu me orgulhava. Meu pai assentiu com a cabeça e fechou a bíblia em seu colo. — Bom. Não gostaria de escutar que você esteve envolvida em algo pior. Terminar com Sawyer é provavelmente algo bom. Vocês estavam sérios demais e você tem a universidade no ano que vem. Precisa estar livre de um garoto para que possa se concentrar em seu futuro. Levantou-se e deixou a bíblia sobre a mesa de centro. Seus olhos verdes encontraram os meus e ele me apontou o livro que acabava de deixar.

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— As boas companhias corrompem as boas maneiras. Se ler Provérbios todos os dias, saberá. O vi girar e se dirigir ao seu quarto. Eu realmente desejava que não me fizesse ler a bíblia. Tê-la tão presente toda minha vida havia me feito um pouco reticente a lê-la. Acreditava nela. Mas meu pai havia utilizado para seu benefício muitas vezes, omitindo as partes em que mostrava seus erros. Como julgar Beau sem conhecê-lo. Isso estava em Provérbios também.

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CAPÍTULO 22 BEAU Beau, Sinto muito, por não ter te ligado. Por fugir. Por Sawyer. Eu arruinei tudo para você. Fui tão egoísta. Não posso te explicar o quanto estou arrependida. Por favor, só me escute. Posso suportar qualquer coisa se souber que me ouvirá. Talvez o que fizemos seja ruim. Talvez devêssemos ter feito de outra forma, mas não me arrependi de nenhum momento que passamos juntos. Deu-me lembranças que sempre apreciarei. Não quero fazer isto mais difícil para você. Eu te deixarei partir por seu próprio caminho. Só me deixe saber que não me odeia. Te amo. Ashton. Passei o polegar sobre as palavras “te amo” enquanto olhava a carta de Ashton. Ela me ama. Ashton Gray me ama. Deixei que pensasse que tudo isso era sua culpa. O pânico em sua carta era claro. Ela pensou que eu a odiava? Não escutou nada que eu disse a ela? Minhas ações não disseram o suficiente? Sacrificaria qualquer coisa por ela. Como pôde pensar que eu a odiava? Nem sequer era possível. A dor permanente onde minha mãe havia rasgado meu peito e basicamente havia atirado longe, aliviou quando reli as palavras “te amo”. Agora mesmo precisava de seus braços ao meu redor, assim eu poderia chorar. Chorar pelo homem que havia sido o único pai que havia conhecido e perdido tão cedo. Chorar pelo irmão que nunca soube que tinha, mas, se me lembro, amava. Chorar pela única menina que eu amei, a única pessoa além de Sawyer por quem morreria e pela situação impossível em que estávamos. Eu a amo tanto. Escolhi-a ao invés de Sawyer e o faria de novo.

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Mas as coisas mudaram agora. Sawyer estava enfrentando a mesma dor que eu. Talvez mais, porque era seu pai, nosso pai, quem havia enganado sua esposa, quem havia me ignorado a vida toda, e que havia mentido para ele. Uma lágrima deslizou por meu queixo e rapidamente movi a carta para que minhas lágrimas não borrassem as palavras da folha. Precisava saber que alguém se importava. Alguém me amava. Dobrando a carta para poder ver as palavras “te amo” e seu nome, a apertei de novo em meu coração e apoiei minhas costas contra o feno. Esta noite não dormiria muito, mas teria as palavras de Ash para me manter quente.

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ASHTON O ensino médio sempre foi fácil para mim. Tendo Sawyer como namorado que me protegia da perseguição. Estava parada de frente ao meu armário e vi a palavra “puta” pintada com esmalte vermelho sobre a pintura azul clara que havia descascado durante os últimos três anos, era um momento de compreensão. Realmente não tinha ideia de como era estar no ensino médio. Talvez eu fosse uma puta. Já não era virgem e muito menos estava casada. Por acaso isso me fazia uma puta? Ninguém sabia sobre Beau e eu, portanto o fato de ter sido etiquetada como puta somente significava que eles estavam insinuando. Suspirei e rapidamente coloquei a combinação e abri meu armário. Senti-me aliviada de não ter furos de ventilação em meu armário. Não se sabe o que teriam tentado enfiar dentro dele. Podia escutar sussurros atrás de mim enquanto tirava meus livros para a primeira aula. Ninguém falou comigo ou me defendeu. Não esperava isso deles. Este era o terceiro dia de rejeição a Ashton. Eu não podia culpar Sawyer, porque ele não estava participando. Muito menos estava ao meu lado, mas ele não se unia a eles para se divertir. Todos o amavam e queriam defendê-lo. Se me ridicularizar fazia se sentirem como se tivessem cumprido a missão, eu podia suportar. Eram apenas palavras. Como se tivesse dito isso em voz alta, alguém me empurrou por trás contra meu armário. Eu bati a cabeça na porta fazendo que enxergasse um pouco borrado pelo impacto. Agarrei o lado da porta rezando para não acontecer do outro lado. A risada das meninas seguiu por trás de mim e eu fechei meus olhos até que a dor passasse. — Ai, por Deus! Vai ficar aí parada e aceitar isso? Lentamente virei minha cabeça para ver Kayla me olhando com uma expressão exasperada. Ela agarrou meu braço para me firmar. — Acho que chega um ponto que você pensa que merece isso ou o que seja, mas chega um momento que o suficiente é o suficiente.

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Precisa pará-los ou eles continuarão se excedendo com você. Tenha um pouco de garra, menina. — ela tomou os livros dos meus braços e fechou meu armário. — Vem, vou te levar para a enfermaria porque está com um olhar tonto e confuso nos olhos. Assim que digam que está bem, pode ir para a sala. Eu estava tonta e confusa. Por que Kayla estava me ajudando? Ela era uma animadora de torcida. Eu achava que seria a líder da tropa anti-Ashton. — Deveria ter pensado nisso antes de ter enganado o príncipe da cidade. Alguém como Sawyer tem muitos súditos leais. Você irritou todos eles. Eles te odeiam porque você o teve por muito tempo, e te odeiam porque o machucou. Se sentem vingados fazendo essa brutalidade com você. Então, ou você arranja um guarda-costas, ou, seja dura. Isto não vai desaparecer da noite para o dia. Pode durar todo o maldito ano. Kayla me levou pelo corredor até a enfermaria. — Eu sei. Pensei que se os deixasse colocar sua raiva para fora, talvez isso acabasse mais rápido. — expliquei. Kayla bufou. — Não vai passar. Para Sawyer ou para você. Onde está Beau? Se ele estivesse aqui, poderia parar tudo isso. Que ueria Beau. Sentia sua falta. Alcancei e toquei meu bolso para garantir que a carta que havia escrito a noite, estava ali. Tinha decidido entregá-la a Honey mais tarde. No caso de ela ser capaz de lhe entregar as cartas, queria ter certeza que ele sabia como eu me sentia. Não queria que estivesse sozinho. — Você realmente fez isso? Quero dizer, trair Sawyer com Beau? Achava difícil de acreditar que Beau tinha feito algo assim a Sawyer. Mas Sawyer não está falando e Beau sumiu.

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Eu não ia mais mentir. Sawyer sabia a verdade. Já não podia mais evitar esses sentimentos. Mentir causaria danos a Beau. Eu não podia negá-lo. — Sim, eu fiz. Kayla fez uma pausa e eu pensei que ela ia jogar meus livros no chão ou alguma outra reação dramática, mas, ao contrário, soltou um assovio baixo. — Você admite. Uau. Encolhi-me. — Todos sabem que terminei com Sawyer. Não há razão para mentir. Kayla levantou suas sobrancelhas. — Posso pensar em uma razão para mentir. O bando de malucos que pensam que tem que defender Sawyer, te transformando em um saco de pancadas. — Talvez, mas não vou mentir sobre Beau e eu. Ele não merece isso. Não tenho nada para me envergonhar exceto de arruinar sua relação com Sawyer. Kayla abriu a porta da enfermaria. — Você realmente é única. Não é de estranhar que os garotos Vincent briguem por você. Apesar do galo feio ao lado da minha cabeça, não houve nenhum outro dano. No entanto, eu estava começando a desejar que precisasse de pontos para ter uma desculpa para sair hoje. Na hora do almoço meus livros foram derrubados tantas vezes que eu perdi a conta. Kayla havia parado uma vez para me ajudar a recolhê-los dizendo outra vez que eu precisava de um guarda-costas. O zelador havia limpado meu armário e todos os estudantes haviam sido

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ameaçados de suspensão por serem pegos sujando a escola. Então haviam escolhido pregar notas com comentários cruéis em meu armário. Deixei de lê-las quando percebi que eram só outra forma de me castigar. Sawyer havia olhado silenciosamente as pessoas jogarem meus livros no chão o dia todo. Quando nossos olhos se encontraram, depois que limpei meu armário do último ataque de mensagens, ele não disse nada, só se afastou. Decidi que podia odiá-lo um pouco. Ele não era perfeito como eu pensava. Talvez eu o tivesse colocado em um pedestal também. O Sawyer que eu conhecia não ficaria parado enquanto alguém era intimidado dessa forma. Meus olhos foram abertos, enxergando outro lado dele. Um que era verdadeiro, porém, eu não gostei muito. Eu esperava impaciente para conseguir uma bandeja e ir para fora, para comer sozinha e ter um pouco de paz e tranquilidade. Aproximando-me da fila do almoço, ignorei todos ao meu redor. Isso havia se tornado meu mantra para não fazer contato visual. Pareceu ficar pior. Então, ao invés disso, tentei estreitar meu olhar. Por isso provavelmente não vi a Coca-Cola antes que fosse virada sobre minha cabeça. Gritei quando o gelo caiu sobre meu rosto e queimou meus olhos. Molhou minha blusa e meu cabelo e ficou pregado na minha cabeça. O refeitório explodiu em risadas. Nicole estava parada na minha frente com seu copo vazio e um sorriso satisfeito na cara. — Oops. — disse ela, bastante alto para que todos escutassem, antes de girar sobre seus calcanhares e andar até a multidão que a adorava. Fiquei ali, pensando em como lidar com isso. Kayla disse que teria que ser dura, mas a luta havia me abandonado. Só queria que Beau voltasse para casa. Estiquei minhas mãos, limpei a Coca-Cola dos meus olhos e alisei meu cabelo encharcado, colocando-o atrás do meu rosto. Então, sem dar-lhes a satisfação de qualquer reação, me dirigi de novo às portas duplas que levavam até o vestiário. Podia ir para casa agora. Isso era uma desculpa boa o bastante.

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A porta se abriu antes que eu chegasse até ela e meus olhos se encontraram com os de Sawyer. Os olhos azuis que alguma vez amei se abriram surpreendidos pelo meu aspecto. Isso não era culpa dele. Não mesmo. — Com licença. — eu disse tão corretamente como pude, dei um passo ao redor dele e me dirigi pelo corredor até o vestiário. Não olhei para trás, mesmo quando podia sentir seus olhos em mim. Talvez isso fosse o fim para ele. Por outro lado, talvez não.

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Capítulo 23 BEAU Querido Beau, Sinto sua falta. Sinto falta de seu sorriso. Sinto falta de sua risada. Sinto falta da maneira como você fica em um par de jeans. Sinto falta do brilho perverso em seus olhos quando planeja algo ruim. Sinto falta de você. Por favor, volte para casa. Penso em você todos os dias e todas as noites. Sabe, isso está me tirando o sono. À noite me deitei no telhado e pensei em todas as noites que havíamos deitado e olhado as mesmas estrelas. Antes que a vida fosse danificada. Antes que escolhesse o Vincent errado. Sawyer te perdoará. Acho que está começando a entender que o que nós tínhamos era amor, mas não amor de verdade. Ele não conhece a verdadeira Ashton e eu descobri que não conheço o verdadeiro Sawyer. As coisas que amava nele já não existem mais. Ele não é você. Nunca foi. Mas, só pode haver um bad boy ridiculamente sexy na cidade. Acho que é uma questão de quota. Estou brincando. Você não é mau, tem muitas qualidades boas. Eu te admiro. Queria que todos pudessem ver o Beau que eu vejo. Se eles apenas soubessem o quanto você é especial. Por favor, volte para casa. Não posso dizer isso o suficiente. Sinto sua falta. Te amo, Ashton. Ela sentia minha falta. Eu queria voltar e amá-la. Agarrá-la rapidamente e correr. Enfrentar meu tio agora, sabendo que nunca tentou ter nenhuma relação comigo, era algo que não poderia fazer ainda. Porém, eu queria Ashton. Ela poderia se esconder comigo. Se a perguntasse não teria dúvida em vir. Mas eu já tinha a colocado em uma confusão terrível. Não podia magoá-la de novo. Ela tinha a segurança de sua casa. Pais que a amavam. Não precisava perder isso. É importante.

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Ela era um presente. Um que nunca tive e que eu me condenaria se o arruinasse. Ao invés de ligar meu celular e ver as mensagens que ela tinha enviado, apertei a carta em meu coração e fechei os olhos. Por enquanto isso teria que ser suficiente.

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ASHTON — Não as deixe cair. As malditas coisas custam caro. — Honey me disse da cozinha. Segurei os copos de vidro e as canecas de cerveja antes de colocá-los em seu lugar, atrás do balcão. Comecei a vir aqui todos os dias depois do colégio para trazer uma carta a Beau e ver se Honey havia escutado algo dele. Minhas visitas frequentes haviam aumentado tanto que Honey começou a me colocar para trabalhar. Eu, com muito gosto, havia aceitado. Dessa forma poderia falar com alguém próximo de Beau e não teria que ir para meu quarto, sozinha. — Tank desconta cinco dólares do meu pagamento cada vez que quebro um copo. Mesmo sabendo que nenhuma dessas coisas custa cinco dólares cada uma. — ela se queixou, andando atrás do balcão da cozinha carregando outra prateleira de canecas e copos limpos. — Estou sendo cuidadosa. — lhe assegurei, pondo uma taça na prateleira abaixo do balcão. — Bom. Agora continue me contado sobre a história do armário. — me disse enquanto pegava um copo e começava a secar atrás de mim. — Eles só estão colocando bilhetes e cartas feias, me ameaçando e coisas assim. É estúpido. Depois que me empurraram contra o armário e bati com a cabeça, não tive mais nenhum machucado. — E esse filho da puta não faz nada para que deixem de te tratar assim? Dei de ombros, pensando em Sawyer olhando silenciosamente à distância. — Ele é como o pai, eu não sei por que me surpreende. Isso não vai ajudar ninguém quando Beau voltar. Quando meu menino vir que Sawyer deixou isso acontecer, vai ficar louco. Tinha esperanças que fizessem as pazes assim que Beau voltasse.

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— Não tenho a intenção de contar a Beau sobre isso. Ele não saberá e tenho esperança de que quando voltar, tudo terá diminuído. Assim não terá razão para ficar zangado com Sawyer. — Menina, você cresceu com Beau. Deveria conhecê-lo melhor. Ele não é um maricas. Além disso, alguém contará e quando o fizerem, o inferno se libertará. Suspirei e recolhi a bandeja na minha frente para levá-la de volta para a cozinha. — Sei que ele descobrirá, mas quero que façam as pazes. Não me perdoarei até que o façam. Honey balançou a cabeça. — Sim, bem, meu conselho é que fique longe dos rapazes. Sei que pensa que ama meu filho, mas os garotos Vincent são um problema. Eles têm problemas que você não conhece, precisam de tempo. A única coisa que você vai conseguir, é banguçar suas cabeças. Além disso, eles correm quando as coisas ficam difíceis, Beau é o melhor exemplo agora mesmo. Onde está ele enquanto você está sendo tratada como se tivesse a letra escarlate tatuada na testa? E Sawyer não é melhor, ele está deixando que uma menina pague o pato de tudo isso, sem dizer uma palavra. Amo meu garoto, mas ele não é o tipo de homem com quem você quer planejar seu futuro. Precisa seguir em frente menina. Encontrar alguém cujo sobrenome não seja Vincent. Já que esses dias eu era uma persona non grata, decidi que o melhor seria levar meu próprio almoço e comer escondida na biblioteca. Dessa forma, estaria bastante longe de Nicole e de CocaCola, para continuar seca e agradável. Ninguém pareceu notar minha ausência e ninguém se preocupou. Cinco minutos antes de tocar o sinal, guardei o saco vazio do meu almoço no meu bolso traseiro, e me dirigi ao armário. Os bilhetes haviam diminuído, o que era surpreendente. Havia feito um ponto para evitar ir ao meu armário, exceto na primeira aula da manhã e antes de ir para casa. Só coloquei todos os meus livros na mochila. Minhas costas doíam pelo peso, mas não me animava a ideia de voltar para um saguão cheio de gente que me odiava. O hematoma no meu

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ombro esquerdo não era nada comparado com ser empurrada contra um armário. — A princesa se rebaixou muito quando foi se esconder durante o almoço. — o tom divertido de Nicole me saudou quando me aproximei do meu armário. Levantei meus olhos para encontrar seu olhar. Não tinha certeza do porque ela me odiava tanto. Será que não achava que já paguei o suficiente pelo meu pecado contra ela? Ela parou entre meu armário e eu. Dar a volta nela e sair, seria estúpido. Ao contrário, esperei ela dizer o que veio falar. — Como se sente sendo a escória? Tive que morder a língua para não responder, eu não sabia, eu não era ela. Em uma briga, ela me acertaria o rosto. Além disso, não quis dar a ela a satisfação de ver que suas palavras me afetaram. — Não me ignore. — zombou dando um passo até mim. Ainda era eu mesma. O ódio que brilhava em seus olhos era um aviso para que pisasse com cuidado. — Só quero ir ao meu armário e depois irei embora. Não estou tentando causar problemas. Nicole gargalhou como uma bruxa transtornada. — Já causou problemas, puta. Ela estirou sua mão e puxou um monte do meu cabelo me causando lágrimas nos olhos pela dor repentina. — Pensa que é tão bonita e perfeita que simplesmente pode pegar o que quer. Bem, tenho notícias para você garota, não pode tomar o que é meu. Nicole eliminou o espaço entre nós duas e em um movimento rápido, me mandou voando de volta com um empurrão em meu peito. Genial. Ia me meter em uma briga no pátio da escola sem ter feito nada. Justo o que precisava. Meus pais ficariam furiosos se me suspendessem.

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Levantar-me parecia algo inútil. Mantive minha cabeça baixa e esperei algo acontecer. Não passou muito tempo. Com um puxão arrancaram minha mochila de meus ombros e jogaram meus livros em minha cabeça. Encolhi-me e soltei um grito abafado quando minha cabeça foi atingida pelos livros pesados, que carreguei durante todo o dia. — Isso foi suficiente. Movam-se. — a voz de Sawyer fez todas as risadas e conversas pelo pátio se calarem. — Deixe-a em paz Nicole. Seu problema é com Beau, não com Ashton. Não quero te ver tocá-la de novo, isso serve para todos vocês. Parem. Ninguém aqui sabe o que aconteceu e não é problema de ninguém. Parem de agir como um bando de malucos estúpidos e a deixem em paz. Os pés se arrastaram ao meu redor e as risadas se transformaram em sussurros enquanto a multidão fazia exatamente o que Sawyer havia dito. O príncipe atual havia falado. Havia demorado uma semana, mas finalmente terminou isso. Sua mão apareceu diante do meu rosto e eu a olhei por um momento, fixamente, antes de ignorá-la e me levantar por conta própria. Não o olhei nos olhos nem tampouco agradeci. Sua interferência havia demorado muito e minha gratidão expirou. Comecei a recolher meus livros. — Pelo menos vai me agradecer? — me perguntou Sawyer enquanto pegava minha mochila e abria. Encolhi-me e apenas o olhei por cima, antes de guardar os livros na mochila que ele manteve aberta. — Você causou isso a você mesma. Sabe disso. Essa foi a gota d’água. Tirei minha mochila de suas mãos e fulminei com o olhar aqueles olhos azuis que alguma vez pensei que eram bonitos. Agora me pareciam pálidos e chatos. — Ninguém merece o que eu passei todos esses dias. Poderia merecer sua raiva, mas não de toda a escola. Não fiz nada a eles. Então me perdoe se vejo que tive uma semana de perseguição incessante.

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Dei a volta e comecei a me dirigir até a porta. Havia tido o suficiente. — Ashton, espera. — Sawyer correu atrás de mim e segurou meu braço. — Por favor, espera. Escuta. — O quê? — disparei, sem querer que minha fuga fosse estragada. — Tenho algo que preciso te dizer. Só escute, por favor. Concordei, mas mantive meu olhar fixo nas portas através das quais, desesperadamente, queria fugir. — Eu me enganei. Deixando que te fizessem todas essas coisas durante toda a semana e sem dizer nada, fui maldoso. Sinto muito, de verdade. Em minha defesa, eu estou magoado, Ash. Não só te perdi, também perdi meu melhor amigo, meu primo, meu irmão. Tudo se acabou muito rápido e eu não pude fazer nada. Disse a mim mesmo que você merecia isso, que podia lutar suas próprias batalhas. Acho que esperava ver a garota rude que me eu me lembro de quando éramos crianças. Se pudesse ver isso, então entenderia por que você ficou com Beau. Mas você continuou reagindo da maneira que minha Ash reagiria. Nunca se defendeu, nem revidou. Apenas aceitou. Deus, doeu tanto. Eles estavam te machucando, a garota que amei toda a minha vida. Queria pular e te defender, mas a imagem de Beau te beijando, te olhando fixamente como se quisesse te comer inteira se repetia em minha cabeça e me deixava furioso de novo. — soltou um suspiro e o aperto em meu braço desapareceu. — Eu te amo. Conheço a verdadeira Ash também. Você pensa que não, mas quando nós éramos crianças eu sempre te tirava de problemas. Não pedi em namoro a perfeita Ashton quando tínhamos quatorze anos. Pedia a única que eu conhecia. Você mudou muito, não vou mentir. Estava orgulhoso da garota que você havia se tornado. Meu mundo estava completo. Tinha a família perfeita, a garota perfeita, o futuro perfeito... mas, eu me esqueci da garota que você foi uma vez. Beau não. Engoli, apesar do nó em minha garganta. Essa era a conversa que deveríamos ter tido quando Sawyer voltou para casa esse verão. Ao invés disso, eu fugi da verdade.

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— Nunca quis magoá-lo. — respondi, enquanto distanciava meu olhar para meus tênis. — Mas magoou.

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Capítulo 24 Uma simples e honesta resposta que foi como um soco em meu estomago. — Eu sei que você me odeia. Não te culpo. Mas Beau, Beau precisa de você, por favor, não o odeie também. Por fim, levantei os olhos para encontrar seu olhar, ele tinha a testa franzida e lentamente sacudiu a cabeça. — Não te odeio Ash, e não odeio Beau, eu gostaria que ele voltasse, quando saí do bar no domingo, não pensei que fosse sair correndo. Eu deveria saber, mas você estava aqui e eu sabia que ele não te deixaria. — Ele te ama, te magoou e não pôde enfrentar isso. Um sorriso triste apareceu em seus lábios. — Não Ash, ele não se foi por isso. Sawyer olhou de novo o corredor vazio. Já era tarde para ir para a classe, mas eu não me importava, de qualquer forma, pensava em ir para casa. — Vamos, tem algo que quero te contar. — disse Sawyer, dirigindo sua atenção para mim. Eu o segui para fora, até sua caminhonete. Era estranho entrar sem que ele abrisse a porta para mim e me ajudasse a sentar no banco, mas de alguma forma era o correto, devia ser assim desde algum tempo. Saímos do estacionamento e fomos para o sul, parece que tínhamos que sair da cidade para ter essa conversa. — No domigo fui atrás de Beau. Sabia que o encontraria jogando bilhar no bar, aonde sempre vai para relaxar. Quando eu cheguei, nós dissemos algumas coisas e brigamos. — Sawyer me olhou e sorriu. —

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Eu gostaria de dizer que Beau se deu mal, mas nós dois sabemos que estaria mentindo. Talvez eu tenha um braço bom para lançar quando falamos de futebol, mas quando falamos de brigar, ele ganha de mim de goleada. De fato, poderia ter me deixado mal. Mas ele passou a maior parte do tempo bloqueando meus golpes. — Sawyer parou e suspirou frustrado. Não tinha os visto brigar desde que tinham 10 anos e Sawyer havia acusado Beau de ser problemático, dizendo que estava me arrastando com ele. Beau deu uns golpes nessa tarde e Sawyer terminou perdendo um dente, que por sorte, era de leite e ainda nasceria o definitivo. — Minha tia Honey estava lá, só estávamos nós três, ela tentou separar a briga, mas não estávamos escutando. Eu queria ver Beau sangrar. Vocês dois negaram, mas eu sabia que ele a havia beijado. Judas! Ele é Beau, eu já sabia que, provavelmente, haviam feito mais que isso. Odiava saber que finalmente havia te perdido para ele, era algo que eu sempre temia, mesmo quando não se diziam muita coisa, ele te olhava e quando você achava que ninguém estava olhando, olhava para ele. Não sou um completo idiota. — Nunca acreditei que fosse, Sawyer. Menti sobre Beau porque esperava salvar sua relação com ele, realmente tentei me afastar de vocês. Sawyer riu, mas o sorriso não chegou aos seus olhos. — Realmente pensa que Beau ia deixar que você se afastasse? Não nesta vida. — Ele te ama. — respondi. — Eu sei. A questão é que ele ama mais a você. Comecei a sacudir minha cabeça. — Ash, Beau não teria me traído se não tivesse perdido a cabeça se apaixonando por você, não tente negar. — Certo. — concordei, talvez ele tivesse razão, eu queria que tivesse. — Então me trouxe aqui para falar o que, Sawyer?

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Sawyer se moveu até a ponta do estacionamento vazio e desligou o motor, esperei pacientemente enquanto colocava suas ideias em ordem. Uma sacola de plástico bailava ao vento, atravessando o estacionamento e eu a olhei, pensando que sabia perfeitamente como se sentia, estava em um caminho que não podia controlar, como eu. — Ash, Beau não é meu primo, ele é meu... é meu irmão. Fiquei ali, sentada, deixando suas palavras entrarem. Ele diz no sentido metafórico? Quer dizer, eu já sabia que Beau era como seu irmão. — Não entendo. — eu disse finalmente. — Eu mesmo ainda estou tentando entender, para falar a verdade. — Sawyer se virou no assento e ficou de frente para mim. — Quando estávamos discutindo no domingo e dizendo coisas que não queríamos dizer de verdade, Honey nos contou que meu pai não era só meu pai, mas pai de Beau também. — O que? — Honey foi namorada do meu pai na escola. Então meu pai foi para a faculdade e conheceu minha mãe, no primeiro ano de Direito. Ela era a filha de um de seus professores, se apaixonaram e se casaram. Já formado e trabalhando, voltou a Grove para abrir um escritório. Honey continuava aqui, aparentemente, armando caos e abalando corações. Ela e meu tio Mack costumavam sair juntos, então quando ela ficou grávida de Beau, se casou com Mack e todos acreditaram que era dele. Minha mãe ficou grávida de mim no mesmo ano. Ela não sabia de Beau e não desconfiou até que eu coloquei meu pai na frente dela no domingo à tarde. Meu pai e Honey transaram uma noite no bar, depois que minha mãe e ele tiveram um briga porque ela tinha gastado muito dinheiro em móveis. Tomaram algumas doses de tequila e meu pai disse que tudo o que ele se lembra é de acordar na cama de Honey. Seis semanas depois ela bateu na porta, dizendo que estava grávida. Ele não acreditou ou pelo menos não acreditou que era seu, então, meu tio Mack se casou com ela. Ele acreditou. Quando Beau nasceu, meu tio ameaçou meu pai de contar de sua noite com Honey para a minha mãe, se não ele fizesse o teste de

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paternidade. Ele fez e sim, Beau era seu. Meu tio disse que o criaria como seu. Estava apaixonado por minha tia. Tinha estado desde a escola. E a partir daí, você já conhece o resto, ele morreu e Honey tem sido a pior mãe do mundo e Beau teve que cuidar de si mesmo. Fiquei olhando pela janela, incapaz de olhar para Sawyer. Como seu pai podia ter feito algo assim? Ele sabia o quanto Beau havia sofrido. Descansei a cabeça contra o vidro e fechei os olhos. As lágrimas começaram a descer pelas minhas bochechas. Não era de surpreender que Beau deixasse a cidade, já era bastante desagradável não ser querido por sua mãe, e agora tinha que lidar com o fato de que também não era querido pelo pai. Mack Vincent só havia sido seu tio. As únicas lembranças de uma vida estável que Beau tinha, eram com Mack. — Beau não te abandonou, Ash. Só precisava de tempo para entender. — Onde ele está? — perguntei, enquanto um soluço escapava do meu peito. — Eu gostaria de saber. Sawyer não disse mais nada. A caminhonete se moveu e voltamos à cidade em silêncio. Sabia que devia dizer algo, mas não tinha palavras, não para isso. Sawyer parou junto ao meu Jetta e eu finalmente o olhei. — Sinto muito, sei que também tem sido difícil para você. Agora entendo porque não queria dizer nada a semana toda sobre o que estava acontecendo comigo, tem problemas maiores para lidar que uma pequena perseguição escolar. — alcancei sua mão e a apertei. — Obrigada Sawyer. Por me contar. Por ser um amigo. Por tudo. Um sorriso subiu no canto de sua boca. — Não é desculpa para ter te tratado como fiz esta semana, mas obrigado por tentar me deixar fora disso. — Agora eu entendo, é suficiente.

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Ele assentiu, soltei sua mĂŁo e pulei fora de sua caminhonete, esse havia sido nosso fim. A dor em meu peito pelo sofrimento de Beau, atravessava a paz que eu sabia, estava em algum lugar. Sawyer estava oficialmente para trĂĄs, era meu passado. Se eu pudesse encontrar meu futuro.

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Capítulo 25 A cabeça de Honey girou até mim no momento em que dei um passo até o bar. Deixei a porta fechada atrás de mim enquanto estudava a mulher que mentiu para seu filho toda a vida sobre quem ele era. Durante a semana passada, eu tinha apredido a gostar de Honey. Não concordava com sua maneira de criar o filho, mas sabia que ela amava Beau e isso era suficiente. Agora, eu queria ver o remorso em seus olhos. Algo que me dissesse que ela sabia que o havia prejudicado. — Pare de me olhar como se eu fosse um maldito experimento de ciências. O que me conta hoje? — disse Honey, enquanto dava um passo ao redor do bar e segurava meu olhar. Ela estava tentando ver o que eu sabia. Podia vê-la me analisando com seu olhar. — Por que não me disse a verdadeira razão de Beau ter fugido? Deixou-me acreditar que fui eu e Sawyer que o fizemos fugir. Ela levantou uma sobrancelha e suspirou. — Acho que Sawyer decidiu compartilhar as boas notícias com você. — Não considero o fato de que tenha mentido para Beau por toda sua vida, uma boa notícia. Honey pegou um banco do bar e se sentou nele, revirando os olhos como se estivesse sendo melodramática. — O que veio fazer aqui Ashton? Repreender-me. Acusar-me. Julgar-me. Faça isso. Como se eu não estivesse acostumada. Mas tenha certeza de visitar a casa de seu antigo namorado e repreender o pai de Beau também. Porque bebê, precisa-se de dois para dançar um tango.

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— Não estou aqui para te julgar ou qualquer uma dessas coisas. Estou aqui porque estou preocupada com Beau. Gostaria que tivesse me contado. Eu teria ido buscá-lo. — Não era minha história para contar. Assim que contei aos meninos, se tornou a história deles. Quando eles quisessem que alguém soubesse tomariam a decisão de contar, não eu. Além disso, como vai encontrar alguém que fugiu para não ser encontrado? Aproximei-me e sentei no banco vazio que havia ao seu lado. Honey sempre soube que Beau não estava se escondendo de seus problemas, que não estava fugindo. Ele estava encarando a bomba que havia sido jogada sobre ele e havia bagunçado sua vida. — Por que me deixou acreditar que ele estava fugindo de mim? De Sawyer? — perguntei, buscando em seu rosto algum sinal de remorso. — Porque era melhor assim. Você nunca vai ser nada mais que uma parede entre esses meninos e agora mesmo eles precisam um do outro, mais do que nunca. Pode ser que eu não seja uma mãe ideal, mas amo meu filho. Sei que ele precisa do irmão. Você é doce e honesta, e gosto de você, de verdade. Não é como eu pensava, mas não é boa para esses meninos. Precisam de você fora de suas vidas para seguir adiante e encontrarem uma maneira de lidar com isso. Ela tinha razão. Eu sempre seria a que estaria entre eles, concertando suas paredes. Eu amava Beau. Amava demais para deixálo ir. — Você está certa. — respondi. Honey me alcançou e acariciou meu braço carinhosamente. — Você é uma boa menina, com um coração enorme. Estou agradecida que ame meu Beau. Faz-me sentir bem que alguém como você possa amá-lo. Obrigada. Levantei-me e coloquei meus braços ao redor de Honey. Ela ficou rígida e depois relaxou e seus braços, lentamente, me rodearam.

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Perguntei-me se alguém, alguma vez a havia abraçado. Apertei-a durante um tempo antes de soltá-la. — Obrigada por me aguentar essa semana. — eu disse enquanto rasgava minha garganta. Seus olhos cor de avelã estavam úmidos quando me deu um sorriso triste. — Gostei da sua companhia. Antes que me tornasse um desastre choramingante, me despedi e me dirigi até a porta. — Ele está na cidade de novo, só para você saber. Entreguei-lhe suas cartas. Apertei a fechadura da porta e olhei fixamente para a porta velha de madeira. Tinha que deixá-lo ir. Perguntar onde estava e há quanto tempo estava de volta só seria pior. Com toda a força de vontade do meu corpo, girei a fechadura e abri a porta. Era hora de ir para casa. *** O barulho da minha porta foi seguido por um: — Ashton meu amor, você está aí? Olhei o relógio em minha mesa, eram oito da noite. Papai acabava de chegar em casa, o que era raro. — Sim. — respondi. Abriu a porta e entrou. As linhas de sua testa franzida brilhavam como se tivesse passado uma noite estressante, em algum lugar. — Você está bem? — perguntei, lembrando-me da última vez que um de meus pais veio chateado ao meu quarto.

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— Sim, estou bem. Só queria falar algo com você. — me respondeu e sentou na cadeira olhando para minha cama. Aparentemente essa ia ser uma longa conversa. Ele nunca se sentava aqui. — Tudo bem. — dei-lhe lugar. Seu estranho comportamento estava me deixando nervosa. — Você e Sawyer terminaram. Ele disse como uma afirmação, não uma pergunta. Então só assenti para confirmar. — Tem falado com ele depois, sobre alguma coisa? Talvez algo que esteja acontecendo em sua família. Como meu pai sabia? A menos... — Sim, hoje. — respondi esperando ver qual sua próxima pergunta. Papai limpou a garganta e se inclinou para frente, apoiando os cotovelos sobre seu colo. — O que ele te disse? Seu cenho franzido e que ele tenha chegado tarde significavam uma coisa. Esta noite papai teve terapia.

— Disse algo sobre Beau. Não ia dizer o segredo ao meu pai, poderia estar errada e ele podia não ter passado algum tempo com Sawyer e seus pais. — Ele te disse quem é o pai de Beau? Assenti sem estar disposta a dizer mais. Papai deixou escapar um suspiro e rescostou na cadeira.

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— Sawyer e a mãe vieram me ver esta noite. Não estão se dando bem com esta notícia, mas estou preocupado com Beau. Acho que ele é o mais afetado. Sabe onde ele está? Neguei com a cabeça. — Diria-me se soubesse? Porque eu acho que ele precisa falar com alguém. Fugir e se esconder não é saudável para ele, Ashton. — Não pai. Beau não tem me ligado, nem vindo me ver desde domingo de manhã. Mas... Ele está de volta. Honey me disse que voltou para a cidade. Eles se viram. Papai assentiu com a cabeça e esfregou as bochechas com a barba por fazer, seus olhos se enrugaram. Ele queria ajudar Beau. A ideia de meu pai ajudando Beau me animou. Queria me levantar e rodeá-lo com meus braços, mas fiquei quieta. Beau não queria sua ajuda. Eu não ia contar esse pensamento. — Ele está apaixonado por você? Movi a cabeça, mas logo parei. Não tinha certeza se estava ou não. Não havia me procurado. Não havia me ligado, nem mandado mensagem. Talvez estivesse apaixonado por mim, talvez se arrependesse de tudo. — Queria me desculpar com você pelas coisas que disse sobre ele na noite do velório de sua avó. Estava errado, não o conhecia. Sawyer me disse algumas coisas hoje à noite. Beau teve uma educação difícil, mas tem passado por muitas coisas. O julguei injustamente. Quando veio ao velório de sua avó e te levou até a frente, me surpreendeu. Não se encaixa com a pessoa que eu tinha rotulado. Uma pessoa mal educada não faz algo tão amável por alguém. Mas me assustou. Beau era o filho de um desordeiro dos infernos. Conheci Mack Vincent na escola e ele não era nada confiável. Não queria isso para você. Achava que o sangue de seu pai o havia contaminado de alguma forma. Pelo contrário, ele tem correndo em suas veias o sangue do cidadão mais admirado da cidade. Ao invés de cuidar disso, ele negou seu próprio filho. Mack amava esse menino. Lembro-me de

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vê-lo com Beau e me surpreender com o amor que tinha por seu filho. O fato de que Beau não era seu e ele sabia só me mostrou de novo o quanto estava errado. A bíblia nos diz, que não julguemos, eu o fiz. Lamento não ter confiado em você. Você viu a bondade de Beau que eu me negava a reconhecer. Dessa vez saí do meu lugar na cama e caminhei até meu pai. Sem uma palavra, me sentei em seu colo e apoiei minha cabeça em seu ombro como fazia quando era criança. — Tudo bem papai. Sei que tinha boas intenções, que estava tentando me proteger. Mas tem razão, Beau é especial. De alguma forma, o descuido que tem sofrido não afetou a bondade dele. Se chegar a conhecê-lo, você o amará. É difícil não amá-lo. — Você o ama? — Sim, e é porque o amo que o estou deixando ir. Não pode ficar comigo ao invés de salvar sua relação com Sawyer. Sempre os lembrarei da traição. Eu o entendo. Meu pai esfregou meu braço e me abraçou. — Não queria te ver magoada, mas tem razão. Não vejo outra maneira. Esses dois meninos tem um monte de trabalho a fazer para se curarem. Precisam um do outro. — Eu sei. — Mas mesmo assim dói. — respondeu meu pai. — Sim, mesmo assim dói.

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Capítulo 26 Toda noite eu dormia com meu celular apertado fortemente na mão. Para o caso de Beau ligar ou mandar mensagem. Sim, eu deixei que ele partisse, mas isso não significava que eu não estava preocupava com ele. Se pelo menos pudesse saber que ele estava em casa, em sua cama. Em contrapartida. As provocações haviam parado. Era como se todos tivessem algo novo para focar. Eu já não era mais o centro das atenções. Graças a Deus. Girei para me dirigir ao armário e meus pés desaceleraram quando meus olhos pousaram no corpo dolorosamente familiar que estava diante do meu armário. Meu coração acelerou quando vi seu olhar. Agora podia admirar abertamente sua bunda dentro de um par de calças jeans. Um sorriso apareceu em meus lábios, mas sumiu rapidamente ao descobrir o que ele estava fazendo. Beau estava tirando todos os bilhetes do dia anterior que estavam pregados em meu armário. Havia me cansado de tirá-los e com minha discussão com Sawyer ontem, eu tinha me esquecido completamente deles. Apesar de que não podia ver seu rosto, reconheci a postura chateada enquanto amassava cada bilhete e jogava no chão. Acabava de rosnar? Dei um passo cauteloso até ele. A tensão de seus ombros me advertiu de que não fizesse nenhum movimento brusco. Estava tenso com um arco, pronto para atacar. — Beau. — eu disse seu nome suavemente antes de chegar e tocar seu braço. O último bilhete amassado derivou de sua mão até o chão. Ele não me olhou. Ao invés disso, fechou os olhos com força. A marca de sua mandíbula só intensificava mais seus traços perfeitos. — Tudo bem, os bilhetes não me chateiam. — eu assegurei, buscando algo para dizer. Qualquer coisa para acalmar seu temperamento. — Ele os deixou fazer isso. Eu vou matá-lo.

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Suas palavras estavam tão densamente mescladas com raiva que comecei a me preocupar com a segurança de Sawyer, outra vez. — Não, já lhes disse para pararem. — assegurei, fechando o espaço entre nós dois. Beau finalmente abriu os olhos e girou sua cabeça. Seus olhos cor de avelã, tão cheio de emoção, estudaram meu rosto. — Quando? Porque não há dúvida de que não pararam. Deslizei minha mão por seu braço e segurei meus dedos ao seu redor. — Não me incomoda. É sério. Não me importo. Beau grunhiu e deu um murro na porta do meu armário. — A mim sim. Ninguém se dirige a você dessa forma. Ninguém, Ash. — se virou e franziu o cenho para o corredor cheio de estudanes. — NINGUÉM! — gritou. Sua mão se soltou da minha e a multidão se distanciou enquanto ele se afastava. Ia atrás de Sawyer. Em silêncio, rezei para que o deixasse viver. Então os curiosos olhos que observavam a saída de Beau, depois olhavam para mim. Não haveria mais bilhetes em meu armário. Beau estava de volta e estava certa de que acabava de aterrorizar todo mundo. Os pequenos bolos de papel em meus pés eram tudo o que sobrava da minha semana como excluída da sociedade. Inclinei-me para recolher os pedaços. Botas desgastadas pararam na minha frente e Jerrod se agachou ao meu lado. — Vou te ajudar. Não acho que a intenção de Beau era que limpasse isso. Sorri para ele. Ele havia visto tudo o que aconteceu esta semana, de longe, sem dizer uma palavra. Sabia que só estava

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ajudando agora porque tentava encontrar algo de redenção nos olhos de Beau. — Não quero que o zelador tenha que limpar. Não é sua culpa. — Vai matar Sawyer se souber que isso é o de menos que te fizeram essa semana. Suspirei sabendo que ele estava certo. Se isso fez que Beau ficasse furioso, então o grafite com esmalte e o incidente com a CocaCola, o deixaria cego de raiva. — Estou rezando para que ninguém conte. Jerrod parou e me estudou por um momento. Percebi que ele estava tentando ver se eu realmente quis dizer o que disse. — Você não quer se vingar? Neguei e me levantei, com as mãos cheias de papel. — Não, não quero vingança. Se esta semana era o que fazia falta para ajudar Sawyer a lidar com tudo, então valeu a pena. Mas acho que Beau não verá dessa forma. — Terminará se culpando por te deixar aqui. Joguei o papel no lixo e passei as mãos em meus jeans antes de voltar a olhar Jerrod. — Ele tinha suas razões. Tanto Sawyer como eu, sabemos. — Então Sawyer e você, já fizeram as pazes? Deixei escapar uma pequena risada. Sawyer e eu nunca estaríamos completamente reconciliados. Já havia passado muita água por debaixo da ponte. — Tão reconciliados como nunca estaremos. Jerrod assentiu com a cabeça como se entendesse.

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— E Beau? — perguntou, inseguro, como se tivesse falado sobre algo muito pessoal. — Beau e eu somos amigos. Isso era tudo o que precisava saber. Jerrod assentiu e colocou a mochila no ombro. — Lamento por esta semana. Deveria ter dito algo. Fiquei esperando que Sawyer intervisse. — Não se preocupe. Agora acabou. — Beau está de volta. — concordei então, com um último sorriso triste, ele se virou e se afastou. Fiquei fora da cafeteria observando as portas duplas. Beau tinha aparecido na aula de literatura hoje, mas se sentou do outro lado da sala e nenhuma vez olhou em minha direção. Eu sei por que o olhei durante toda uma hora e meia. Sawyer não foi à aula de física. Não havia bilhetes em meu armário e havia passado toda a manhã sem um comentário maldoso ou alguém colocando o pé para que eu tropeçasse no corredor. Apenas algumas pessoas falaram comigo. Era como se não soubessem como me tratar. Beau estava me ignorando. Era impossível não notar. Em algum momento, todo mundo ia relaxar e uma alma corajosa iria testar as águas. Realmente não queria que acontecesse no almoço. Meu almoço estava embalado e a biblioteca estava vazia. — Vai entrar? Virei-me para ver Kayla de pé, ao meu lado, com a mão na porta. Meu ritmo cardíaco acelerou e decidi que não. Não estava preparada para enfrentar a multidão no interior. — Acho que não. — Por que não? Ninguém vai tocar em um cabelo de sua cabeça depois da atuação de Beau esta manhã.

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Não estava pronta para contar com isso. — O que aconteceu? A voz de Beau me assustou e eu virei para vê-lo atrás de mim, com um brilho territorial em seus olhos. — Nada. — balbuciei e rapidamente dei um passo ao seu redor. Sua mão me alcançou e me agarrou o braço com suavidade, mas com firmeza suficiente para me parar. — Aonde você vai? A cafeteria é em outra direção. — À biblioteca. Desde que Nicole derramou Coca-Cola em sua cabeça durante o almoço, ela tem se escondido na biblioteca para comer. O deleite na voz de Kayla enquanto contava de Nicole era óbvio. Sabia que não estava dizendo isso a Beau por minha causa. Estava dizendo para que ele reagisse. O fogo que se acendeu em seus olhos colocou um grande sorriso no rosto de Kayla, antes que se virasse e se dirigisse até o interior da cafeteria. — Não vai se esconder na maldita biblioteca, Ash. Se alguém te olhar feio, me encarregarei disso. Beau estava me olhando pela primeira vez desde a parte da manhã. Absorvi o pequeno fragmento de atenção. Eu era patética. — Tudo bem. — respondi. Sem dizer que era impossível. Ele caminhou ao meu redor e abriu a porta. — Vamos. Entrei na frente dele e toda a sala ficou em silêncio. Possivelmente, isso podia ser pior que as gargalhadas e as risadinhas baixas. — Precisa de alguma coisa?— perguntou Beau agarrando meu cotovelo.

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Neguei com a cabeça, explorando a multidão, procurando um sinal de Sawyer. — Onde está Sawyer? — perguntei quando não vi nenhum sinal dele. — Em casa. Está com um traumatismo craniano. — O quê? — perguntei horrorizada. Beau franziu a testa. — Ele não deveria ter deixado que te maltratassem. Foi seu erro. Ele já sabe disso... agora. — Beau. — sussurrei, tirando o cotovelo de fora de seu alcance. Esta era a razão por que não podia ter o que queria. Por minha culpa Beau havia batido em seu primo. NÃO. Seu irmão. Não podia deixar que isso continuasse acontecendo. — Por que fez isso? Ele está bem? — Ele está bem. Pode ir vê-lo depois da escola. — fez uma pausa e apertou a mandíbula. — Não, retiro o que disse. É preciso que se mantenha afastada dele. Não estou seguro de poder lidar com o fato de que se preocupa com ele neste momento. Preciso de tempo. — Beau, eu... — Vá se sentar com Kayla. Ela está te apontando. Está segura, Ash. Virou-se e me deixou ali, de pé, observando como se retirava até o outro lado da cafeteria.

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Capítulo 27 Imaginei que, o que Beau não soubesse, não o machucaria. Sentei-me por horas em meu quarto, pensando se ia visitar Sawyer. Finalmente, minha consciência foi superior a mim e eu dirigi até lá. Enfrentar sua mãe estava no fim da minha lista de coisas que queria fazer. Nem este ano, nem nunca. Passei em frente à sua calçada e virei para o caminho que levava até o poço. Assim que estacionei o carro, mandei uma mensagem para Sawyer lhe dizendo que ia visitá-lo para ver como estava. Se ele quisesse me ver, responderia. Enquanto esperava, pensei que poderia desfrutar do nosso lugar favorito de quando éramos crianças, pela última vez. Subir em uma árvore não era tão fácil como antes, mas nesse momento, nosso galho favorito não era tão alto como costumava ser. Só precisou de um pequeno salto do tronco para que pudesse subir com segurança no galho que havia compartilhado com os meninos Vincent durante nossa infância. — Impressionante. Você faz parecer fácil. — a voz de Sawyer me assustou. Olhei até onde estava para encontrá-lo apoiado em uma árvore próxima. Seus cabelos escuros bailavam com a brisa, me lembrando com fascinação das vezes que costumava fazer o mesmo. Amava enfiar meus dedos nesse cabelo e enrolar seus cachos em meus dedos. — Já estava aqui quando me enviou a mensagem. — respondeu ele com um sorriso divertido. Minha expressão devia ter mostrado minha confusão. — Oh! — respondi. — A que devo esta visita? — respondeu, se levantando e caminhando para parar ao lado das minhas pernas. Tinha apenas que levantar o olhar para me olhar nos olhos.

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— Queria ver como estava. Beau disse que tinha uma contusão. Sawyer riu e fez a pedra que estava em sua mão, pular sobre a água. — Ele te disse como eu consegui essa contusão? — Sim. — respondi, me sentindo culpada. — Eu mereci. Tenho sido um merda com você a semana inteira. Sawyer acabava de dizer um palavrão? — Hm. Não sabia o que dizer. Ele estava certo, tinha sido, mas também não merecia que seu irmão batesse nele por isso. — Não deveria ter deixado que te dissessem todas aquelas coisas. Honestamente, Beau ter me dado uma surra foi um alívio. Estava castigando a mim mesmo por isso. Ter alguém que me castigou fisicamente foi uma liberação. — Que? — perguntei. Sawyer voltou seus olhos azuis para mim. — Ash, você foi minha namorada por anos. Mas antes disso, éramos amigos. Os melhores amigos. Nunca devia ter deixado que uma mudança de planos fizesse com que eu te desse as costas dessa forma. Você levou toda a culpa por algo que não era inteiramente sua. Era minha e de Beau. — Sua? Como? — Eu sabia que Beau te amava. Via a forma como ele te olhava. Também sabia que a amava mais que a mim. Vocês dois tinham um vínculo secreto que eu nunca fiz parte. Estava com ciúmes. Beau era meu primo e você era a menina mais linda que eu já tinha visto. Eu te queria para mim. Então te pedi em namoro. Sem sequer perguntar a Beau primeiro. Nunca perguntei como você se sentia sobre ele. Você simplesmente aceitou, e como mágica, o vínculo entre vocês se

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rompeu. Vocês nunca se falaram. Não havia mais conversas no telhado de madrugada, nem tirar vocês de problemas. Beau era meu amigo e você minha namorada. Foi como se a amizade de vocês nunca tivesse existido. Fui egoísta e ignorei a culpa até que ela desapareceu. Só às vezes quando o via te olhar com um olhar de dor, minha culpa se remexia dentro de mim. Misturada com medo. Medo de que você visse o que eu havia feito e fosse com ele. Medo de te perder. Estiquei-me até ele e passei a mão em seu cabelo. — Eu também te queria. Queria ser suficientemente boa para você. Queria ser a garota que você merecia. — Ash, você era perfeita do jeito que era. Fui eu quem te deixou mudar. Eu gostava da mudança. É uma das razões porque eu temia te perder. Dentro de mim, eu sabia que esse espírito livre que tinha, lutaria para se libertar. Passou. E o fato de que tenha ficado com Beau não me surpreende nem um pouco. — Sinto muito Sawyer. Nunca quis te magoar. Fiz uma confusão com tudo. Não terá que ver eu e Beau juntos. Eu me afastarei de suas vidas. Podem recuperar o que perderam. Sawyer se esticou até mim e pegou minha mão. — Não faça isso Ash. Ele precisa de você. — Não, ele precisa de você também. Hoje, quase não me olhou. Só falou comigo quando queria demonstrar a todos que deviam me deixar em paz. Sawyer soltou uma risada triste. — Não durará muito. Ele nunca foi capaz de te ignorar. Nem quando sabia que eu estava olhando. Agora mesmo, ele está lidando com muitas coisas. E está lidando com elas, sozinho. Não o afaste. Pulei do galho e abracei Sawyer. — Obrigada. Sua aprovação significa tudo para mim. Mas agora mesmo ele precisa de você. É seu irmão. Só serei um estorvo entre vocês lidando com tudo.

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Sawyer levantou seu braço e girou um cacho do meu cabelo entre seus dedos. — Mesmo assim fiquei mal por ficar com você sem pensar nos sentimentos de Beau, não posso evitar me arrepender. Passei três anos incríveis com você, Ash. Não sabia o que dizer. Eu também tinha passado, mas me arrependia de ter escolhido o garoto Vincent errado. Ele me deu um último sorriso triste, logo soltou meu cabelo e se foi.

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BEAU Sawyer não estava caminhando até o carro que ele havia dirigido até aqui. Estava vindo direto até mim. Deveria saber que ele sentiu que eu estava olhando. Não saí das sombras. Ao invés disso, esperei que me acompanhasse. Longe da vista de Ashton. Meu corpo estava tenso como a corda de uma guitarra. Quando ele a abraçou, eu não tinha certeza se seria capaz de me segurar para lançá-lo longe dela e jogá-lo no maldito rio, se tentasse se aproximar um pouco de sua boca. — Viu e ouviu o suficiente? — perguntou Sawyer, ficando atrás de mim para se virar e olhar Ashton. Ela já não estava olhando Sawyer ir. Tinha se virado para a água. A brisa brincava com seu cabelo loiro fazendo com que minhas mãos ansiassem por correr meus dedos por ele. — Sim. — respondi, odiando que ele estivesse tão hipnotizado por ela como eu. — Agora ela é toda sua, irmão. Encontramos nosso fim. Não precisava de sua bênção, mas Ashton sim. — Desde o momento em que a segurei, ela se tornou minha. Sinto ter feito isso, mas você nunca amou a verdadeira Ashton, eu sim. Sawyer assentiu. — Eu sei. — Farei o que for preciso para ser digno dela. Ela é tudo o que eu sempre quis. — Não mude por ela. Ela cometeu esse erro comigo. Ela está apaixonada por você. Do jeito que você é. Só seja você mesmo, Beau. Só seja você mesmo.

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Ela me amava. Ouvir estas palavras enviou um calafrio de prazer através de mim. Finalmente, eu havia ganhado a garota. — Ela tinha o Sr. Perfeito e me queria. Não tem sentido. — eu disse, sorrindo amplamente para Sawyer. Ele riu entre dentes. — Gosto não se discute. — me deu uma cotovelada nas costelas. — Vá pegá-la, cara. Ela está certa de que tem que sair de nossas vidas para que possamos consertar nossa relação. Seu coração está se quebrando. Pude ver isso em seus olhos. Ela está pronta para sacrificar sua felicidade com a intenção de fazer o que pensa que é melhor para você. Tire a menina dessa tristeza. Sair da minha vida. Nem no inferno. Dei uma palmada nas costas de Sawyer e saí para esclarecer as coisas com ela. Mas, primeiro eu ia devorar esses lábios cheios que estavam apertados em uma carranca.

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ASHTON Dois braços me envolveram. — Deus, você cheira tão malditamente bem. — a voz de Beau era abafada contra meu pescoço. Sua respiração quente fez que eu me arrepiasse. — Beau? — disse com a voz rouca. — Mmmmhmmm. — respondeu, beijando meu pescoço e mordiscando minha orelha. Girei minha cabeça para o lado para lhe dar melhor acesso quando deveria estar tentando detê-lo. Mas com seu calor me rodeando e suas mãos subindo pelos meus lados, decidi que não me preocuparia no momento. — O quê? — consegui dizer enquanto uma de suas mãos brincava com a parte de baixo do meu sutiã. Ele estava me sobrecarregando. Não podia pensar. — Eu te amo, Ash. — ele sussurrou em meu ouvido e beijou um caminho da minha orelha até meu ombro. — Uh. — eu guinchei. Seus polegares acariciaram a parte inferior de um dos meus seios e os meus joelhos começou a dobrar. Havia passado tanto tempo desde que havia me tocado. — Calma bebê. — ele murmurou, me empurrando de volta contra seu peito enquanto se recostava na árvore que tinha nosso galho especial. Sua perna se acomodou entre minhas coxas e eu tremi. — Não vou te deixar. Você é minha, Ash. Não posso viver sem você. — sua voz era baixa e feroz enquanto me segurava. — Mas Sawyer...

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— Sawyer está de acordo com isso. Falei com ele. Ele e eu estamos resolvendo as coisas. Mas, Ash, eu não posso continuar querendo você à distância. Te amar e não te ter. Terminaria na cadeia se alguém tentasse te tocar e que Deus me livre se você resolver sair com alguém. Girei em seus braços e apoiei minhas mãos contra seu peito duro. Amava seu peito. Especialmente quando estava nú. — Eu só quero você. — eu disse, olhando diretamente em seus olhos. Esses grandes e escuros cílios não deveriam ser tão ridiculamente sexys, mas eram. Beau enterrou suas mãos em meu cabelo e suspirou. — Bom, porque eu quero você. Agora. Para sempre. Só você. Ao pensar em um “para sempre” com Beau, enviou cócegas de felicidade através do meu corpo e disparou direto ao meu coração. O receio e o medo que havia sentido quando Sawyer disse que desejava se casar comigo algum dia, não tinham lugar aqui. Porque Beau era quem eu queria. Sempre havia sido Beau.

Continua...

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Tradução Marianna Freitas

Revisão e Formatação After Dark

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A série continua em: The Vincent Brothers

Ele pode ter renunciado a lutar por ela, mas Sawyer Vincent está muito longe de superar a perda da garota que amou a vida toda. Em vez de desistir de seu melhor amigo e da garota com quem pensou que iria passar o resto de sua vida, ele deu a Ashton e ao seu primo irmão Beau, a sua bênção. No entanto, acostumar-se a ver Ashton envolta nos braços de Beau, não é fácil. Para complicar tudo ainda mais, a prima de Ashton, Lana, está na cidade durante o verão. Doce, amável e com voz suave que penetra sob sua pele. Só o fato de estar perto dela o faz esquecer tudo sobre Ashton e seu coração partido. Lana é tudo o que ele queria que Ashton fosse, exceto que ela não é Ashton. Ela carece de confiança para se defender, confiança que Ashton carrega como uma coroa. Lana McDaniel viveu sua vida sob a sombra de sua prima. Enquanto Lana lutava com suas notas sem importar o quanto tentasse, sua mãe elogiava a inteligência de Ashton. Ela não tinha sido abençoada com o cabelo loiro e a pele perfeita de Ashton, mas isso não impedia que sua mãe lamentasse seu natural cabelo vermelho e sardas. Mas, nada disso teria importado se Ashton nunca tivesse tido Sawyer Vincent enrolado em seu dedo - o único garoto que Lana queria. Uma vez que Ashton Sawyer terminou com Sawyer, Lana tinha ficado muito certa que ele continuaria em frente. Determinada a fazer com que Sawyer finalmente a visse, Lana convenceu sua mãe a deixá-la passar o verão com Ashton. Mas Sawyer ainda está apaixonado por Ashton e Lana não será a garota rejeitada de nenhum abandonado. Não importa o quão saborosos sejam os beijos de Sawyer Vincent.

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