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Planos de Fuga – Uma Exposição (e um Livro) em Obras
Jochen Volz, Rodrigo Moura
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Planos de Fuga — Uma Exposição em Obras foi concebida a partir do convite do Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo para se pensar uma exposição site-specific em seu edifício, no centro histórico e financeiro da maior cidade da América do Sul. O termo site-specific (que pode ser traduzido como sítio específico) surge no contexto da renovação artística dos anos 1960 e 70, e sugere a criação de obras especificamente para contextos espaciais, físicos e funcionais, resultando numa arte cujo transporte para outras situações representa prejuízo de integridade e de significado. São obras que, de certo modo, se confundem com os locais para os quais foram criadas e deles se nutrem de maneira vital.
Para a exposição, cinco artistas — Carla Zaccagnini, Cristiano Rennó, Gabriel Sierra, Marcius Galan e Sara Ramo — apresentaram obras inéditas, criadas especificamente para diferentes espaços do edifício. Três artistas — Cildo Meireles, Renata Lucas e Rivane Neuenschwander — foram convidados a recriar obras cujos sentidos são ativados e potencializados no prédio do CCBB-SP. Obras inéditas no Brasil de três outros artistas — Claudia Andujar, Gordon Matta-Clark e Robert Kinmont — foram reunidas numa sala histórica, espécie de pequeno núcleo museológico que remonta ao interesse destes artistas pela paisagem, pela cidade e pela arquitetura.
Este livro, batizado a partir do título da exposição como Planos de Fuga — Um Livro em Obras, foi editado em parceria com Mauro Restife, 12º artista na lista de participantes da exposição, que não tinha obras no espaço expositivo e documentou o processo de realização da mesma. Restife fez a documentação da exposição de modo autoral, imagens que estão reunidas no segundo ensaio fotográfico deste livro. Durante as visitas ao centro da cidade, Restife desenvolveu outro trabalho, a que deu o nome de Planos de Fuga, cujas imagens estão no primeiro ensaio fotográfico do livro. Nestas imagens, ele registrou os personagens do distrito financeiro nos seus trajes de trabalho, elementos centrais de amplas perspectivas em que o centro de São Paulo aparece assustador — afirmando o interesse do artista na relação homem-paisagem.
A escolha de cada artista para a exposição respondeu a um interesse pelo edifício, por suas características arquitetônicas e por seu passado como instituição bancária de relevância histórica, seu presente como instituição cultural funcionando num edifício adaptado e seu entorno urbano. Assim, a inclusão de Restife na mostra, e a consequente edição deste volume, consiste numa aplicação lógica desse princípio a uma dimensão gráfica.
Da mesma maneira que o livro serve como catálogo da exposição, ele é uma monografia de Restife — o espaço que o artista ocupa é, assim, o do livro. E se o convite foi feito no sentido de atender a uma demanda prática — a documentação da mostra —, a resposta dada não só alarga a demanda original, ao agregar um novo trabalho autoral, mas também expande os limites da exposição, trazendo para ela o entorno do edifício e seus personagens.