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OLHOdePEIXE
Revista Olho de Peixe é o
Pensar Fotografia – uma experiência em edição, ensaios fotográficos e design gráfico.
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Nº 7 - 2019
Edição e Direção de Arte
A. ASSAOKA
Edição de Fotografia
A. ASSAOKA
Produção NEIVA CARDINS
Revisão REVISA JÁ
Tradução TRANSCRITO JÁ
Pré-impressão ELTON GOMES
Impressão GRÁFICA LCR
O DESAFIO DE ANDAR E PERDER-SE POR CAMINHOS INSEGUROS
A fotografia que move novos olhares, que se arrisca e se permite perder-se. A abrir a mente para ver o que ainda não viu, a pensar o que ainda não pensou e a criar o que ainda não criou.
Desconstruir e construir numa reflexão que propõe posturas não convencionais. A expressão fotográfica fundamentada no conflito e na irregularidade. Renoir dizia que “a regularidade, ordem, desejo de perfeição (que é sempre uma falsa perfeição) destroem a arte”. Para Baudelaire, “o que não é um pouco distorcido não tem apelo emocional; disso se segue que a irregularidade – isto é, o inesperado, a surpresa e o espanto, são uma parte essencial e característica da beleza”.
O desafio de juntar várias peças num anagrama para contar uma história lógica (ou ilógica). Diferente do cinema, a fotografia se revela em flashes, mosaicos, conexões que permitem que cada um de nós crie sua própria estória, e sinta emoções guardadas nas suas lembranças.
Onze (um time completo) fotógrafos iniciantes, e alguns nem tanto, aceitaram caminhar por essas veredas inseguras, às vezes tortuosos, e como diz Antonio Machado em Cantares: “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”, botaram o pé na estrada.
Agradecimentos:
Museu Dragão do Mar, Porto Iracema das Artes, Valéria Laena, Tiago Santana, Iana Soares, Celso Oliveira, Osmar Gonçalves, Antonello Veneri, Michele Correia.
Quarteto Foto Editorial
Rua Dr, Gilberto Studart, 1520
Fone: 85 99777-3433 ka.assaoka@gmail.com
Tiragem: 120 exemplares
Fortaleza, julho de 2019
O que vemos aqui, na publicação, são somente os primeiros passos desse caminho, desse caminhar.
Mas a discórdia já foi plantada.
10
DÁRIO GABRIEL
Ele vai fotografando, talvez porque ainda busca o que tem nele. Há um avesso que ainda tateia. Pode ser que todas as imagens capturadas, reveladas e “amostradas” sejam desejos de sempre completar algo. De se misturar com alguém. Há vaidade, há necessidade de olharem para ele também, há generosidade de dividir o que olha e como olha. Fotografar vai ser sempre um pedaço dele que leva também o teu olhar.
16
JULIANA OLIVEIRA
Dentre tantas definições possíveis, a fotografia pode ser, inclusive, caminho. Nesse rumo, fotografar tornou-se um processo pessoal, intransferível e inevitável; é a busca por identidade e o contentamento de dar luz a si mesma.
24
MICHELE CORREIA
É fortalezense e mora na Holanda. Contadora de formação, sua história de amor com a fotografia é antiga, mas só se concretizou em 2016, “no tempo certo” ela diria, para encontrar as pessoas certas. Vem se descobrindo e se reinventando dia após dia e em todos eles a fotografia está presente, seja em forma de clique ou de sentimento. Para Michele, a fotografia é um mergulho no autoconhecimento.
30 NEIVA CARDINS
O pensamento filosófico nos mostra uma condição cíclica da vida. Na teoria dos setênios, Neiva está no início de um novo ciclo, acreditando estar mais consciente do mundo e de si mesma, tenta encontrar o lado humanístico e existencial da vida através da arte. Vivencia de forma tranquila e positiva um novo desafio: a fotografia! Neste novo universo, busca utilizar sua energia de forma madura, profunda e espiritual.
38
KLEITON EVANGELISTA
Economista por formação, iniciou-se em fotografia no ano de 2012. Na elaboração de seus projetos visuais estão presentes conceitos regentes como dignidade, honestidade, leveza, força e poesia. Seja na fotografia de espetáculos, do cotidiano ou, ainda, do documental, fica evidente seu interesse pelo aspecto mais humano.
44
ROSANA CHAVES
Pisciana, 55 anos, tem formação acadêmica na área da Educação. Aos 21 anos ganhou sua primeira câmera e nunca mais parou de fotografar. Não tinha pretensões de “ser uma fotógrafa” até dois anos atrás, quando começou a estudar e a se dedicar à fotografia. E foi na fotografia que ela encontrou espaço para falar de belezas despercebidas. Fotografar é alimentar a alma.
48
LEANDRO CASTRO
Fortalezense, nasceu em 1979. Analista de sistemas, estudou fotografia em 1994 na Universidade Federal do Ceará. Através da fotografia, desenvolveu habilidades para manipular e capturar luzes e sombras, eternizando os segundos mais valiosos de um olhar único.
52
SEMMADA ARRAIS
Odontologia, foi a profissão que abraçou até deixar o Brasil no final de 2011. A Tunísia tornouse então seu lar durante sete anos.
A impossibilidade de trabalhar na sua profissão, a curiosidade por um país tão singular e a necessidade de se redescobrir aos 40 anos, a levaram à fotografia, antiga paixão de adolescência. A fotografia revirou-a ao avesso. Hoje, de volta à Fortaleza, a fotografia lhe possibilita novas vivências e maneiras de enxergar e compreender o mundo.
58
SUELENA MOREIRA
Paraibana, radicada em Fortaleza, é fotógrafa documental. É através da fotografia que ela explora um mundo de possibilidades, e as pessoas que vai encontrando nesse caminho são suas fontes inesgotáveis de inspiração.
66
TONY FERREIRA
Filho de Uruburetama é fotógrafo autoral. A paixão pela fotografia virou caso de amor eterno. Com luz e sombra, procura expulsar seus demônios e, através da fotografia, conhecer pessoas misturando-me a elas na plasticidade do instante captado, que incomoda, acomoda e vai muito além da imagem
72 CLÁUDIA XAVIER
Fotografia, na vida de Cláudia, é uma magia. Ama olhar, ver, sentir e captar o instante para sempre, e essa relação vai além dos sentimentos e afasta, literalmente, os seus fantasmas.
ADEMAR ASSAOKA
A fotografia é a sua arte, não como fotógrafo, que diz não ser, mas como editor. Como se diz: lê imagens. Meio calado por natureza, expressa-se melhor construindo enredos para outros olhares. Agora quer passar seus saberes, de grande valia, para outros, e com a Olho de Peixe ele reencontra seu melhor veículo de expressão.
ALÉM DA TEORIA DA MONTAGEM DE EISENSTEIN: PRINCÍPIOS GERAIS DA CONSTRUÇÃO
DE OBRAS DE ARTE.
Eisenstein é, ao mesmo tempo, herdeiro e fundador de uma corrente de estudos semióticos conhecida por semiótica russa ou semiótica da cultura. Essa corrente “têm como objeto central das pesquisas a série sígnica ou o texto sequencial, sob um ângulo acentuadamente diacrônico e evolutivo”.
O cineasta russo direcionou seus estudos sobre arte no espírito da biônica moderna, “ciência que estuda alguns princípios gerais da construção de sistemas biológicos com a finalidade de transferi-los para a construção de outros sistemas”. Eisenstein procurava operar a transposição das leis que regem a constituição dos fenômenos naturais, orgânicos, para a construção de obras não-naturais, artificiais, como as obras de arte. Este aspecto é fundamental para a compreensão do pensamento de Eisenstein, na medida em que permeia sua teoria da montagem.
O sistema dialético encontra sua origem, para Eisentein, na cisão da consciência primitiva entre o pensamento lógico e o pré-lógico, projetando-se como problema fundamental da arte e da filosofia sob diversas formulações de opostos derivados deste primeiro. O conflito é essencial, para Eisenstein, pois é ele quem determina o princípio dinâmico das coisas: sem o conflito de opostos, não há movimento. E, para Eisentein, assim como para os construtivistas, a noção de movimento e dinamismo é fundamental para a definição da vitalidade (e mesmo de uma verdade) da arte. Cabe, desse modo, ao artista, a tarefa de realizar a síntese dos opostos na forma de conflito dinâmico na arte. O princípio do conflito encontra sua principal formulação na teoria de Eisenstein na noção de montagem. A montagem é o fenômeno de colisão ou justaposição entre partes independentes ou até mesmo opostas que geram novos conceitos e não se restringe a sua aplicação no cinema. Para o cineasta russo, a montagem é um princípio presente em toda a criação artística e, numa perspectiva mais ampla, poderia ser estendido a todo movimento de vida natural e humano. Eisenstein considerava a arte um dos métodos e caminhos do conhecimento. Para ele, as obras seriam construídas de acordo com as normas do pensamento que a produz,