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Depoimentos
Quanto às declarações gravadas. Tentar consertar a transcrição do português falado tende a resultar num texto de sonoridade falsa. Foi do interesse desta pesquisa manter ao máximo a autenticidade da fala dos artistas entrevistados, para que fosse preservada um pouco da sua naturalidade. Mesmo assim, algumas palavras foram redigidas da forma aceita como correta, deixando para o leitor a compreensão de que se fala diferentemente do que se escreve. Isso é evidente em casos como quando se diz “prá”. Grafei “para”, o que não me parece uma intromissão, e penso que os artistas aprovariam. Entretanto, em momentos marcantes, definidores da personalidade do entrevistado, o falar pessoal foi mantido. Como na má concordância característica do falar sul-rio-grandense, por exemplo. Por ser tão usual dizer “tu vai”, “tu foi”, etc., pareceu-me franco manter a grafia dessa forma, ao menos quando ela é enfática. Se corrigidas as expressões, poderia ser transmitida a mesma sensação de artificialismo típica do falar correto (no dia-a-dia do Sul do Brasil isso é facilmente percebido na fala de alguns repórteres e apresentadores de televisão, que, penso, soa forçado e antipático). Caso o leitor prefira, pode, em pensamento, substituir o “tu” pelo “você”. Quando é dito “né” eu escrevo “não é”, se é essa a intenção implícita de fala do entrevistado. Mas se o “né” for enfático ou galhofeiro, ele é mantido. Interrogações entre colchetes [?] indicam que tenho dúvida se a palavra em questão foi corretamente entendida por mim (a maior parte das entrevistas foi colhida através de gravador portátil, às vezes com muito ruído, o que dificulta a audição). Reticências entre colchetes [...] indicam a supressão de um momento de fala informal que não interessa à entrevista.
Quanto aos textos redigidos. Dentro do possível foi preservada a forma gráfica original, inclusive no uso de maiúsculas, negritos, itálicos e sublinhados. Não houve qualquer tentativa de revisão desses textos, considerando-se a possível (ou provável) intencionalidade do gesto de redigir.