História a várias mãos

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Ficha técnica:

Título: História a várias mãos Autoria (texto e ilustrações): alunos do 1.º CEB do 2.º ano do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, Cantanhede Orientação: Ana Clara Nora, Fátima Lopes, Gonçalo Alves, La Salete Andrade, Leonor Oliveira,Lídia Rodrigues e Lurdes Lourenço

Composição gráfica: Isabel Bernardo Edição: Serviço das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, Cantanhede 2017


História a várias mãos

Esta história resulta de um projeto curricular dos professores do Grupo de Ano os quais pretendem desenvolver com os alunos a escrita e a criatividade.

Nela participaram todos os alunos do 2.º ano das EB1 de Balsas, Corticeiro de Cima, Covões, Febres, Fontinha, S. Caetano e Vilamar. Os alunos de cada escola escreveram e ilustraram uma parte desta

história, no conjunto cheia de atitudes e valores.



Histรณria a vรกrias mรฃos


O Outono estava a chegar e as folhas já caiam lentamente, empurradas pelo vento. Os dias iam ficando menores e era tempo de regressar à escola. João estava sentado no carro do pai nervoso e ansioso por conhecer a nova

escola. O pai do João conduzia o carro com muito cuidado, respeitando os sinais de trânsito. O João olhava pela janela do carro e pensava nos novos colegas e na nova professora. Quando chegaram à escola, o pai tirou a cadeira de rodas e ajudou o João a sair

do carro. Ao chegar à sala do segundo ano, o pai despediu-se dele dando-lhe muita força e coragem para começar um novo ano letivo, nessa escola. Todos os colegas da turma olharam para ele, com ar muito sério. Nunca

imaginaram que o novo colega andasse numa cadeira de rodas. A professora apresentou logo o João aos outros alunos e todos eles ficaram curiosos por saber o que lhe tinha acontecido.


EB1 de Febres


Foi então, que a professora pediu aos alunos para se sentarem à volta do João. Todos ficaram entusiasmados, para ouvir a história de vida do novo amigo. Então, o João começou a narrar o seu trágico acidente: “Certo dia de inverno, o pai do João, a caminho do trabalho, despistou-se com o seu carro. O piso estava

molhado e o pai ia a grande velocidade. O carro embateu num pinheiro ficando o João e o pai inconscientes. Após terem sido levados para o hospital, o médico informou que o João estava paraplégico.” Quando chegou a hora do intervalo, o João e os colegas foram brincar.

O Pedro prontificou-se logo para levar a cadeira de rodas do novo amigo, para o recreio.


EB1 de Febres


A Sara e o Samuel convidaram o João para jogar bowling. A Inês, a Clara, o Paulo e o Tomás organizaram quatro equipas para jogar e o João ficou na equipa do Tomás.

No final do jogo, todos os colegas abraçaram o João e ele sentiu-se muito feliz, no meio de tantos amigos.


EB1 de Febres


EB1 de Febres


Já tinham passado dois meses e o João adorava andar nessa escola. Certo dia, o Paulo e o Samuel não apareceram na escola. Todos os colegas acharam estranho, pois eles não costumavam faltar às aulas.

A Cindy, que era uma menina francesa, disse que os tinha visto a caminhar em direção ao bosque. O que terá acontecido?


E foram mesmo para o bosque que era um lugar maravilhoso! Aí encontraram coelhos, esquilos, sapos, rãs, raposas e mais bicharada.

Caminharam, caminharam e mais à frente encontraram um lago onde nadavam alguns patinhos e um cisne branquinho. As águas desse lago eram tão límpidas e brilhantes que até se podia ver, no seu fundo, de areia branca, peixinhos vermelhos, pretos e cor de laranja. Os homens que viviam perto do bosque eram muito amigos da natureza. Separavam e colocavam sempre o lixo nos ecopontos corretos, reciclavam e não usavam pesticidas e herbicidas, que são venenos que matam os animais e as

plantas e fazem mal à nossa saúde. Por isso é que o bosque era um lugar maravilhoso, onde todos os seres vivos queriam viver e ser felizes.


EB1 de Balsas


Ninguém cortava as árvores e sempre que morria alguma, os homens plantavam outra no seu lugar. Os passarinhos faziam os ninhos no cimo delas e cantavam alegremente. Os coelhos, que viviam nas suas tocas faziam corridas, saltavam e pulavam. Os esquilos deliciavam-se com saborosas bolotas. E até brincaram

com os lagartos e as sardaniscas. As formigas trabalhavam muito, mas tinham ainda tempo para fazer travessuras. As borboletas esvoaçavam no céu azul. As abelhas voavam de flor em flor à procura do pólen e do néctar para fabricarem o doce mel. As flores embelezavam o bosque com as suas cores e feitios.


EB1 de Balsas


EB1 de Balsas


Ao verem tanta beleza, os meninos atĂŠ se esqueceram que tinha que voltar para a

escola, pois os colegas e a professora deviam estar preocupados com eles.


EB1 S. Caetano


Muito preocupados e aflitos, porque sabiam que não tinham tido uma atitude correta, decidiram pedir ajuda ao pato Tito, que por ali passava. Pediram-lhe um telemóvel para ligar para a escola, mas no bosque nem sequer havia telemóveis.

Então, pediram-lhe um papel e uma caneta, mas também não havia. O pato Tito arrancou uma pena branca da sua cauda e deu-lhes uma folha vermelha que tinha acabado de cair de um plátano. Sugeriu, que aí escrevessem o seu recado, mas não tinha mais como ajudar, pois não sabia onde era a escola.


EB1 S. Caetano


O Paulo e o Samuel agradeceram e escreveram o seguinte recado:

Estamos no bosque e estamos bem. Começou a nevar muito e só amanhã regressamos à escola. Paulo e Samuel

Ambos os meninos disseram: — E agora? Como fazemos? Quem nos leva o recado à escola?


EB1 S. Caetano


Ao longe avistaram a raposa Mimi. Ela era muito esperta e charmosa. Ao chegarem perto dela, pediram-lhe ajuda para entregar o seu recado à escola, mas a raposa não tinha como lá chegar. Sugeriu aos meninos que procurassem pelo bosque o pombo Correio. Ele era o mais veloz a entregar mensagens.

Procuraram… Procuraram… Procuraram…


EB1 S. Caetano


E lá estava ele, no cimo de um pinheiro. O Samuel e o Paulo pediram ajuda ao pombo correio. Muito rapidamente, agarrou a folha no seu bico e lá foi ele. Entretanto, a neve cada vez mais caía com mais força. O Samuel e o Paulo já estavam com muita fome e frio. Decidiram bater à porta da primeira casa que encontraram.


EB1 S. Caetano


Quando o dono da casa abriu a porta, os meninos ficaram muito espantados.

ERA O PAI NATAL. O Pai Natal convidou-os a entrar. Eles aqueceram-se na sua lareira e comeram uma bela sopa. De seguida, ajudaram o Pai Natal a fazer as prendas para os meninos do bosque.


EB1 S. Caetano


De repente, ouvira, um barulho no vidro da janela. Era o pombo Correio que trazia o seguinte recado:

Tomem cuidado. Não façam asneiras. Amanhã falamos.

Antes de irem dormir, o Pai Natal disse-lhes: — Não voltem a fazer isso! Devem avisar os adultos onde estão. Nunca

devem andar sozinhos. Ainda são crianças. — Sim Pai Natal, nós sabemos. Vamos pedir desculpas e cumprir o castigo que nos derem.


Na manhã seguinte, chegaram à escola de trenó…..


EB1 S. Caetano


Desceram do trenó que era puxado por lindas e robustas renas. Entraram na sala de aula e contaram à professora e aos colegas o que tinham

visto no bosque e o que lhes tinha acontecido. Disseram que na casa do Pai Natal estavam muitas prendas para todos os meninos do Mundo, mas os duendes estavam doentes e era preciso que alguém ajudasse a distribuir essas prendas.

O Paulo e o Samuel ajudaram na distribuição de prendas. Pelo caminho viram meninos que não tinham nada para comer, não tinham brinquedos, não tinham casas nem camas para dormir; dormiam na rua ao frio e à chuva em cima de uns caixotes de papelão.

Os meninos da escola e os professores ficaram muito comovidos com aquela história.


EB1 dos CovĂľes


EB1 dos CovĂľes


O Paulo e o Samuel não foram castigados como estavam a prever. Mas foram avisados para não voltarem a ir para o bosque sozinhos.

Combinaram que no dia seguinte iriam levar para a escola brinquedos, comida, roupas e outras coisas para os meninos que viviam na rua. Quando os pais do Paulo e do Samuel os foram buscar à escola e souberam que havia meninos que não tinham casa, decidiram construir uma casa onde esses

meninos pudessem morar. Os familiares dos outros meninos também iam ajudar. Combinaram que a construção iria começar na semana seguinte depois de reunirem os materiais necessários para a construção e a mobília: tijolo, areia, cimento, ferro, telhas, vidros, pregos, fechaduras, martelo, tábuas, camas,

colchões, sanitas, fogão, mesas, cadeiras, … Passadas quatro semanas a casa estava acabada e mobilada. Os meninos pobres iriam viver para lá com os seus pais. Todos ficaram muito felizes.


— Samuel acorda. São horas de te levantares para te preparares e ires para a escola. — Mas hoje é dia de escola, mãe? Eu pensava que hoje não havia escola e podíamos ir visitar os meninos que moram na casa que construímos.

— Qual casa? Quais meninos? Não sei de que estás a falar. Terás sonhado? O Samuel contou à mãe o sonho que teve durante a noite e como se sentia

contente por ter ajudado. Ficaram satisfeitos por ser um sonho bom e com um final feliz.


EB1 dos CovĂľes


EB1 dos CovĂľes


Nessa mesma noite, o Paulo também tinha sonhado com o Samuel.

Um autêntico pesadelo …


EB1 de Vilamar


O Paulo mexia-se e remexia-se sem parar, enquanto as lágrimas corriam em bica até à almofada. — Paulo acorda, tem calma, porque é que estás a chorar? O menino abriu os olhos, e a soluçar, disse:

— Mãe, tive um sonho horrível. Estou cheio de medo! — Vá lá, acalma-te e conta o que se passou… Ele respirou fundo e contou…


Num certo dia, a sua turma fez uma visita de estudo à serra, para conhecerem as espécies animais e vegetais que lá existiam. Enquanto observavam dois coelhinhos que brincavam alegremente, começou uma grande tempestade.

Os alunos correram, cada um para seu lado, à procura de abrigo. O Paulo e o Samuel fugiram para uma gruta. Depois de entrarem, viram: aranhas e muitas teias, morcegos suspensos no teto, fantasmas e esqueletos, bruxas a voar nas vassouras… e nós não sabíamos o que fazer…

— Foi mesmo terrível! Mas… chega aqui à janela. Acho que já sei de onde vieram essas ideias…. — Ah! Um desfile de Carnaval! E com os disfarces que vi na gruta! Também quero ir, posso?


EB1 de Vilamar


EB1 do Corticiero de Cima


O Paulo vestiu o seu fato de esqueleto e foi a correr para a escola, pois já tinha

perdido o autocarro. Quando chegou à escola o desfile estava para começar. Os seus colegas já estavam disfarçados de bruxa, morcego, fantasmas, aranhas, etc… Eram todas as personagens do seu pesadelo.

Entretanto chega o João, na sua cadeira de rodas, com uma caixa. — Amigos! Acho que esses fatos que vocês usam são mais adequados ao Halloween. Não o disse antes, pois queria fazer uma surpresa!


— Como a minha mãe é costureira, pedi-lhe que fizesse estes fatos de Carnaval.

— Oh João! Tu és demais! – Exclamou o Tomás. Começou a barafunda, pois todos queriam escolher o fato mais bonito, que havia na caixa. A Sara escolheu o fato de Princesa Sofia, a Clara foi de Pequena Fada, o Tomás

foi Palhaço de Circo, a Cindy foi de Elefante Cor-de-Rosa, o Paulo de Cédric e o João ficou com o último da caixa, o Alfa. A professora quando os viu assim vestidos ficou espantada e admirada. Ao fim de alguns instantes boquiaberta, começou a perceber que os seus alunos

estavam fantasiados com as personagens que apareciam nos manuais. Começou o desfile e os alunos do 3º e 4º anos, também começaram a reconhecer as personagens. Perguntaram de quem tinha sido essa ideia criativa.


EB1 do Corticiero de Cima


EB1 do Corticiero de Cima


O Pai Natal quis agradecer a ajuda do Paulo e do Samuel, decidindo mandar as suas renas para o desfile. Ordenou que voassem três vezes, puxando a cadeira de rodas do João, que

sobrevoou por cima do público. Assim, o João foi o Rei do Carnaval. O João agradeceu a todos o carinho demonstrado e disponibilizou-se para ajudar na festa de final de ano.


Entretanto chegou o final do ano letivo. Na escola vivia-se um clima de euforia, pois todos os professores andavam

atarefados com os preparativos para a festa das Marchas Populares”. Os meninos do primeiro e do segundo anos dedicavam-se à decoração da escola, enfeitando com balões, manjericos, fitas, serpentinas… Os alunos do terceiro e do quarto anos andavam a confecionar os belos fatos para a festa. Todos tinham uma tarefa

a cumprir! Finalmente o grande dia chegou! Tudo estava pronto para o encerramento. A música tocava, os meninos marchavam, o público aplaudia…e havia no ar um cheirinho a sardinha e febra assada.

Já exaustos, no finzinho da festa, o João e os colegas juntaram-se e deram um grande abraço prometendo uns aos outros continuarem a ser SOLIDÁRIOS.


EB1 da Fontinha


EB1 da Fontinha


EB1 da Fontinha


FIM




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