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LEITURAS COLORIDAS
Ficha técnica
Título: Leituras coloridas - Fábulas | 2
Autores: Alunos das turmas 5.º A e 6.A Ilustrações: Alunos das turmas 5.º A e 6.A
Orientação: professora Ilda Camarneira Oficina de escrita da disciplina de Português
Edição: Serviço das Bibliotecas Escolares Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, 2016
fábulas
LEITURAS COLORIDAS
APRESENTAÇÃO Este pequeno projeto é o resultado de um trabalho de oficina de escrita realizado com as turmas do 5.º e 6.ºA na disciplina de Português. Para além de motivar os alunos para a escrita, pretendeu-se que os alunos realizassem a ilustração dos textos refletindo as sensações e impressões coloridas resultantes da leitura dos mesmos. Deste trabalho partilhado resultaram as Leituras Coloridas…
Devagar se vai ao longe
Certo dia, uma lebre passeava nos trilhos da floresta quando viu uma tartaruga a passar lentamente à sua frente. A lebre começou a gozar com ela, correndo à sua volta, irritando-a. A tartaruga já estava farta da lebre porque sempre que esta a via, acabava por fazer troça da sua passada lenta e pesada. Então, um dia a tartaruga disse: − Desafio-te para uma corrida. − Na boa! Eu ganho-te com uma perna às costas e de olhos fechados. Basta dizeres a que horas, quando e onde, que estarei lá à tua espera! −
respondeu a lebre muito convencida das suas capacidades.
E assim foi.
No dia seguinte, elas estavam prontas para o desafio. Mal se ouviu o sinal de partida jĂĄ a lebre estava a meio do caminho. Convencida de que a tartaruga nĂŁo a conseguia ultrapassar, pensou em fazer uma sesta.
Passadas muitas e muitas horas, a tartaruga na sua passada vagarosa jĂĄ estava quase na meta, ultrapassando a lebre, sem que esta desse conta.
Quando a lebre acordou da sua sesta, avistou ao longe a tartaruga. Furiosa e admirada, ela correu até não poder mais, mas não conseguiu chegar primeiro do que a tartaruga. Quando a tartaruga já gritava vitória, a lebre desiludida por ter perdido com um ser tão lento, ficou transtornada e percebeu que não devemos subestimar as capacidades dos outros. Moral: devagar se vai ao longe.
A galinha de ovos de ouro
Era uma vez uma galinha que parecia ser uma galinha igualzinha às outras: vivia numa
capoeira,
comia
farinha,
depenicava o milho e comia couves.
Passava a tarde na conversa com as amigas galinhas: – Cocorocó – dizia a galinha velha. – Cóquiriqui – cantavam as galinholas. – Cócórócucu – rematava o senhor galo vaidoso.
A galinha orgulhava-se de cumprir, diariamente, a sua tarefa de galinha poedeira, assim, não havia dia
em que não pusesse orgulhosamente um ovo fresquinho no ninho. Certo dia, o dono das galinhas foi à capoeira recolher os ovos. Sorrateiramente, ia ao ninho de modo a não incomodar a senhora galinha, o senhor galo e as meninas galinholas. No momento em que recolhia os ovos, descobriu algo muito estranho: – Um ovo de ouro! Estou rico! Estou rico! – exclamou espantado. Foi assim que o homem descobriu que a galinha desta história era, na verdade, muito,
muito especial, pois punha ovos de ouro pesados e reluzentes. Verdadeiras relíquias!
O homem não cabia em si de contentamento e logo se tornou muito ganancioso! A partir daí, todas as manhãs, mal o sol tinha nascido, lá estava ele à espera que a galinha pusesse mais um ovo,
mais um ovo de ouro.
Cada dia que passava, o homem tornava-se mais impaciente, pois estava insatisfeito com a riqueza que a galinha lhe dava, querendo mais e mais…
– Só um ovo de ouro de cada vez? – dizia zangado. E a galinha, querendo agradar ao dono, esforçava-se, mas só conseguir pôr um único ovo de ouro de cada vez, um por dia, nem mais, nem menos!
– Cacaracacá! – Cantava a galinha e lá aparecia mais um ovo no ninho da capoeira. Um dia, o homem, muito ganancioso, esgotou a sua paciência e teve vontade de ficar rico mais depressa.
Como achava que dentro da galinha havia um tesouro e que a sua barriga da galinha estava cheia de ovos valiosos, decidiu matá-la! – Vou ficar muito muuuito rico! Vou matar a galinha. Vou abri-la e recolher muitos ovos de ouro. Já estou farto de esperar! Mal o pensou, logo o fez, e também logo se arrependeu, pois, quando viu a galinha por dentro, percebeu que ela era igualzinha a todas as outras galinhas da sua capoeira e que lá dentro, afinal, não havia tesouro. Agora, restava-lhe fazer uma canja, uma canja com a galinha de ovos de ouro, para matar a fome. Quem tudo quer, tudo perde.
O leĂŁo e o rato
Numa certa tarde de verão, bastante quente, onde nem uma folha mexia, todos os animais descansavam ao fresquinho das árvores verdes e frondosas. Um dos animais era um Leão que dormia descansado na sua caverna. De repente, rápido como uma flecha, um Ratinho atravessou, pelo escuro, a gruta do Leão. – Um Ratinho? – interrogou o Leão. – Eu? Eu? – gaguejou o Rato. – Queres mexericar a minha casa…? – indagou altivo o Leão. E o Rato, cheio de medo, disse: – Na-na-ão est-ta-va a mex-xi-xi-ricar na tua casa. Eu estava à procura de mini-mi-migalhas e não reparei que estavas aqui dentro…. – Gostavas de conhecer o meu estômago? – perguntou o Leão.
– Não, por favor! Não preciso. Deixa lá isso…! Eu posso imaginar como é o teu estômago. – respondeu o Rato, tremendo de medo e já se imaginando a ser engolido por aquela boca enorme. – Hummm? – rugiu pensativo o Leão. – Vá lá! Deixa-me ir e prometo que um dia ser-te-ei útil. – disse, ainda a medo, o Rato.
A sorte do Rato foi que o Leão estava tão ensonado…e sem fome…que decidiu continuar a sua sesta e deixar o Rato ir à sua vida.
Algum tempo depois, o Leão foi caçar. O Leão, vaidoso, nem se apercebeu que à sua frente estava uma armadilha…e lá caiu! – Socorro, uma armadilha! Estou preso! - gritou aflito. O Rato que passeava nas redondezas ouviu o Leão e logo se apercebeu do que tinha sucedido. – Tenho de ir salvar o Leão. - pensou o Ratinho. Quando chegou ao local onde se encontrava o Leão, o Rato apercebeu-se que ele estava preso numa corda. O Rato tentou ajudar o Leão roendo a corda. Roeu, roeu e roeu…e finalmente conseguiu!
– Está contente, Senhor Leão? – perguntou o Rato. – Sim, estou-te muito grato. – respondeu O Rato fez uma vénia ao Leão e desapareceu na floresta. Moral: não devemos julgar alguém pelo seu tamanho ou aparência.
O cĂŁo e o gato
Era uma vez um Gato muito vaidoso e passeador, que era amigo de um Cão muito simpático e trabalhador. O Gato passava os dias nas compras e cada vez que encontrava o seu amigo Cão atarefado e a trabalhar, gozava com ele. Um dia, logo pela manhã, o Gato saiu da cama para ir passear, quando ia a sair de casa encontrou o Cão a caminho do trabalho. Então, o Cão perguntou-lhe: – Onde vais, Gato? E o Gato, todo arrogante, disse altaneiro: – Vou dar o meu passeiozinho da manhã! E talvez comprar uma sombrinha nova para me abrigar do sol quando vou nos meus passeios. E o Cão disse-lhe: – Então, desejo-te um bom dia!!! – E um bom dia de trabalho para ti! - respondeu o gato manhoso. Sem compreender que interesse teria passar o dia a trabalhar, quando se pode desfrutar de um passeio e de umas comprinhas.
Então, lá foi o Gato com o seu ar altivo, de nariz empinado, pela calçada da vila e foi cumprimentando os outros animais: – Bom dia, Senhor Galo! Bom dia, Senhora Raposa! Como vai, Senhora Doninha! Viva, Senhor Ovelha!
Passou o dia em amena conversa com os animais que encontrava a caminho do trabalho e comprou luxos novos: uma sombrinha nova, um sabonete para o banho e um par de botas de verniz e veludo. Quando chegou a casa, lembrou-se que não tinha nada para comer: tinha gasto o dinheiro em futilidades e agora nem uma migalha tinha para saciar a fome.
De repente, da janela de sua casa viu passar o Cão. – Boa tarde, senhor Cão! Como foi o seu dia de trabalho? – Muito cansativo, mas ainda tive um tempinho para fazer umas comprinhas. Levo aqui uns bolinhos, um queijo da serra e umas sardinhas. – É servido?
O Gato, cheio de fome, não resistiu e aceitou a oferta do Cão.
O cavalo e o burro
Era uma vez um agricultor muito trabalhador e abastado. Andava sempre ocupado na sua faina: fazia as sementeiras, fazia as colheitas e levava grandes fardos aos mercados e às feiras … Certa manhã muito ensolarada, o homem preparou uma grande carga de sacos de batatas para levar à feira. De seguida, chamou o burro e o cavalo para puxarem a carroça. Quando o cavalo ouviu o que ele tinha dito, para não se cansar, fingiu-se de doente. Quando o seu dono o viu neste estado, disse-lhe: – Estás doente, meu amiguinho? Assim não podes ir à feira. Fica em casa a descansar! O cavalo só relinchava com manha. O dono, então, teve outra ideia. – Já sei! Se o cavalo não pode levar a mercadoria, vai ser o burro a transportá-la. – disse com entusiasmo.
O pobre burro tĂŁo sacrificado
que foi com o calor e com o peso da carga, morreu no meio do caminho.
O dono chorando de pena, teve, afinal, de colocar o cavalo a puxar a carroça. Eis quando o cavalo pensou: “Se tivesse ajudado o meu amigo burro e partilhado o trabalho com ele, agora
não estaria sozinho a carregar a carroça!”
Moral “Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti”.