TMJ | Revista

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EXPRESSÃO

O pixo e o grafite como formas de arte e resistência

CULTURA

R$ 8,90 | nº 1 | nov. 2017

Conheça os Slams, rodas de poesia que estão tomando conta da cidade

LUDIMILLA INICIA TRANSIÇÃO CAPILAR:

“Chegou a hora de ser eu mesma”



EDITORIAL

, o t n u s s a e d e d u M

o t n u j o tam COLABORADORES

A TMJ tem como objetivo principal dar espaço para a galera se expressar. É uma forma com que os jovens da periferia de São Paulo saibam o que acontece na sua região e no mundo! Queremos que você leia e se identifique com os textos, aproveite as dicas e absorva as informações importantes, independente de onde more. Aqui você vai encontrar muita coisa legal, principalmente sobre cultura, resistência e expressão, irado né? Manos e manas, sintam-se a vontade para se inspirar através dessas matérias, boa leitura e nos encontramos novamente mês que vem! Tmj!

EQUIPE TMJ

JÉSSICA CORREIA @jesscorreia Com 22 anos, é formada em têxtil e moda pela Fatec e dá aulas de costura em programas sociais em SP. Na TMJ deste mês, assina o styling da IZA e da Ludmilla. PEDRO ALMEIDA @pedroalmeidafoto Fotógrafo autodidata de 19 anos do Jardim Ângela, vê na fotografia uma forma de expressão. Aqui na TMJ foi resonsável pelos registros das matérias “Pixo” e “Slams”.


ÍNDICE

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DIY - JEANS RASGADO

Aprenda a customizar suas calças, jaquetas, e o que mais der na telha!

IZA

Ela é linda, tem um estilo de diva pop e um vozeirão de silenciar a todos.

PIXO

Entrevistamos Cripta Djan, o pixador mais influente da cidade.

LUGARES PARA VER GRAFITE

Elegemos os melhores lugares de São Paulo para conhecer a arte urbana.

FAVELA SOUNDS

No mês da Consciência Negra, o Festival Favela Sounds valoriza cultura da periferia.

SLAMS

Eventos de “batalhas de versos” se firmam como espaço de literatura nas periferias.

LUDMILLA

Após lançar seu disco novo, Ludmilla fala sobre o inicio de sua transição capilar e sua relação com os cabelos.

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ÍNDICE

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INGLÊS EM CASA

Sites gringos e brasileiros para você estudar em todos os níveis e sem gastar nada.

DREAM TEAM DO PASSINHO

Conheça a história dos integrantes do grupo, que sairam da periferia e hoje fazem sucesso em todo o país.

ESTÉTICAS DAS PERIFERIAS

Evento reúne mais de 100 atividades nas periferias da cidade.

VIRADA SUSTENTÁVEL

Evento promove mais de 500 atividade para discutir uma nova economia, mais responsável e criativa.

ESTUDE NO YOUTUBE

Estudar pelo YouTube pode te ajudar, principalmente naquelas matérias mais difíceis.

RAEL

“Coisas Do Meu Imaginário”, do Rael, é indicado ao 18º Grammy Latino.

AGENDA CULTURAL

Fique por dentro dos eventos mais legais que acontecem esse mês.

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ARTE

DIY jeans rasgado

Aprenda a fazer em casa o jens rasgado, para customizar suas calças, jaquetas, e o que mais der na telha

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DECIDA ONDE VOCÊ QUER O RASGO

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CRIE A ILUSÃO DE QUE O JEANS ESTÁ GASTO

Coloque o jeans sobre uma mesa, como se fosse passá-lo. Com um lápis, marque os lugares que deseja rasgar. Se quiser, você pode usar uma régua para determinar a medida do rasgo.

Coloque o bloco de madeira dentro da perna da calça que você vai rasgar. Com o papel-lixa, palha de aço ou pedra-pomes, “rale” o tecido até ele ficar fino e frágil.

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ESCOLHA QUAL JEANS VOCÊ VAI RASGAR

O importante é que ele caia bem no seu corpo. Além disso, você não precisa rasgar aquele jeans novinho que acabou de comprar. Pode ser um do qual você goste e fique bem nele, mesmo tendo anos de uso.

PUXE OS FIOS DO JEANS

Use um estilete com cuidado para apenas puxar os fios da parte que você “ralou”. Assim as fibras ficarão soltas nessa área, deixando um pouco da perna à mostra. Puxe os fios brancos que teimam em sair do jeans.

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FAÇA OS RASGOS NO JEANS

Com uma tesoura, faça um pequeno corte na área gasta. Agora fica mais fácil de rasgar o resto usando as mãos. Evite fazer um corte muito grande com a tesoura, pois assim o corte vai ficar com um ar artificial. Pegue os fios e puxe-os um pouco para que pareça um rasgo natural. 5


A Z I

Ela é linda, tem um estilo de diva pop e um vozeirão de silenciar a todos quando canta suas canções cheias de balanço. Iza é uma das cantoras e compositoras mais legais que apareceram nos últimos tempos 6


MÚSICA

REPRESENTATIVIDADE Referência de moda e estilo, IZA revela que mudou sua forma de enxergar a si mesma com atrizes como Taís Araújo e Aisha Jambo. “A Taís foi uma das primeiras mulheres negras que eu vi de cabelo crespo. Quando eu era mais nova, meu rosto era mais magrinho, diziam que eu era muito parecida com a Taís [risos]! Eu não sabia quem era e fui procurar. Quando vi, pensei: ‘Oi? Jura? Tem uma mana negra em capa de revista e protagonista de novela?’. Ela e a Aisha Jambo. A Aisha apareceu em Malhação com um cabelo crespo que eu nunca tinha visto na vida! Quando eu vi aquilo... me incomodou! Eu nunca tinha visto uma mulher se sentir tão à vontade com o cabelo crespo”, afirma a cantora, que já falou tudo isso para as duas atrizes.

PRECONCEITO NA INFÂNCIA Iza conta que estudou em escola particular na infância. Nesse período, ela se lembra de ter sofrido discriminação. Nem sempre conseguiu manter a cabeça erguida. “Era ZERO velada! Vivi preconceito a vida inteira. Era a única menina negra da escola. Já fraquejei, óbvio. Quando a gente é criança ainda está em formação. Crianças podem ser muito cruéis às vezes. A gente leva muito em consideração o que os amiguinhos falam. Mas é uma coisa que já passou”, revela. Aos 12 anos, ela começou a alisar os cabelos. Alisou dos 12 aos 21 anos. Foi no início da vida adulta que percebeu que era vítima de uma sociedade racista e se “enfureceu”.

”Para mim, o natural era alisar o cabelo. Tinha alguma coisa errada comigo. Eu passei por isso como várias minas negras. Várias meninas de cabelos crespos. Eu nunca parei para questionar uma pessoa quando ela falava: ‘Nossa, mas seu cabelo é ruim’! Até meus 21 anos quando eu me enfureci, para não dizer outras coisas”, fala de maneira educada e firme. Essa consciência foi fundamental para o crescimento de sua autoestima e ela percebeu a beleza que existia em si. “Me olhei no espelho tentando entender isso tudo. Por que eu estava infeliz comigo. Quando eu entendi que era fruto de uma sociedade que me dizia todos os dias que tinha algo errado comigo... Foi brabo! Mas me deu força para entender que eu sou linda. Muito linda!”. E ela é mesmo.

"foi O preconceito que me deu forca ‚ para entender e acreditar que eu sou linda" 7


MÚSICA

"tem um monte de gente que se espelha no que eu digo. E' quase ‚ social" um servico

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TRANSIÇÃO CAPILAR

MISSÃO SOCIAL

Iza está deixando o cabelo crescer natural por baixo das tranças que usa, sempre variando no penteado. A youtuber Magá Moura foi uma das inspirações. Ela quer parar com a química nos fios e vai deixar o cabelo natural em breve. “Na internet a gente vê a menina que mora duas ruas de você. E ela está passando pelo mesmo problema que você. Ela está tentando achar um produto para o cabelo, encontrar uma base de maquiagem para a pele, fazendo misturinha para achar um nude para a boca. Meninas reais, do dia a dia, com as mesmas questões que você. Você se fortalece. Entende que não está sozinha”, comenta.

IZA tem o hábito de publicar fotos nas redes sociais acompanhadas de hashtags cheias de significado, como “negro é lindo” e “minha pele é linda”: “Já tive inseguranças e dúvidas. Meninas como eu precisam ouvir essas frases todos os dias, e não apenas da família, mas de pessoas que não as conhecem. Ainda é necessário discutir isso... Porém, temos ótimos exemplos de personalidades que representam


MÚSICA

as negras na mídia: Taís Araújo, Zezé Motta, Cris Vianna, Elza Soares e a rapper Karol Conka. Além de admirá-la como mulher e artista, a Karol é muito necessária nos tempos atuais. Gostaria de gravar um dueto com ela. Imagino até o clipe.” Com milhares de seguidores no Instagram, IZA afirma que chega a pensar “15 vezes” antes de postar algo no aplicativo: “Tem um monte de gente que se espelha no que eu digo. É quase um serviço social. Não posso agir como se ninguém estivesse prestando atenção. Não vou soltar qualquer coisa. Isso não existe, seria maldade. Presto atenção, ainda mais considerando as bandeiras que levanto.” No trabalho, o jogo é invertido. A carioca antecipa que no disco de estreia, sem um formato de lançamento definido, cantará, principalmente, sobre empoderamento (palavra recorrente em seu vocabulário): “Vou falar sobre o que uma mulher vive: amor, sexo, sedução, traição... Hoje tenho uma missão”

INFLUÊNCIAS IZA lançou um canal no YouTube, em agosto de 2014, para divulgar o seu trabalho. O pontapé foi com um cover da música “He can only hold her”, de Amy Winehouse. Depois vieram versões de “Stay with me”, de Sam Smith, “Hello”, de Adele, e uma mescla de “Flawless”, de Beyoncé, e “Rude boy”, de Rihanna. Na web, seu primeiro single, “Quem sabe sou eu”, ganhou lyric video estiloso. Ela, que descobriu o talento para cantar na infância ouvindo o álbum “I remember you”, de Brian McKnight, diz que o encontro com Leo Belicha foi providencial. Foi ele quem conseguiu traduzir em roupas (ela costuma circular por aí com peças assinadas por estilistas da nova safra nacional) o que a cantora realmente é. “Conversamos e pesquisamos muito, vimos mil referências — comenta IZA. — Mas eu já usava as tranças. Adotei-as para fazer a transição, que é sair do cabelo quimicamente tratado para o natural.”

pra ouvir

Use os QR Codes abaixo para conferir as músicas no YouTube

VIM PRA FICAR

PESADÃO 9




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ARTE

ix o

Entrevistamos Cripta Djan, o pixador mais influente da cidade de São Paulo, para entender o que o movimento do pixo pensa sobre arte, política e a diferença entre pixação e grafite

“Acho íntegro o cara que tem um trabalho na rua ter também um trabalho no mercado da arte. Mas o grande erro dos grafiteiros não foi quando o grafite entrou para o circuito das galerias, foi quando eles fizeram o contrário, transformaram a rua em galeria. Foi quando eles começaram a ganhar para pintar na rua. Aí você tá abrindo mão do que legitima seu trabalho, que é pintar na rua de forma ilegal, transgressora. É por isso que o que tem de mais conceitual na arte contemporânea hoje é o pixo.” Quem explica isso é Ivson Silva, mais conhecido como Djan Ivson, ou como Cripta Djan, o homem que, aos 20 anos, já era um dos pixadores mais conhecidos da cidade. E é em seu local de trabalho em que ele me recebe para falar sobre pixação, grafite, políticas públicas, arte, transgressão, mercado, dinheiro, futuro e mais algumas coisas. Durante a conversa, Djan se posiciona contra a iniciativa da Prefeitura de São Paulo de convidar grafiteiros para formar uma espécie de política pública do grafite; defende a entrada da arte de rua no mercado da arte, mas critica os grafiteiros que se apropriam da linguagem do pixo; e conta como uma guerra de egos entre pixadores se transformou na arte transgressora mais conceitual do século 21 – podendo virar também a mais politizada.

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"O pixo e o que tem de mais conceitual na arte contemporanea " 13


O QUE É O PIXO EM SÃO PAULO HOJE? A maioria dos moleques ainda quer ser pixador. Na minha época, tinha que ralar mais, colocar o seu nome em todos os lugares. Hoje tá mais tranquilo. Ainda tem um choque de geração, mas não tem mais agressão, violência entre os pixadores. A morte dos nossos amigos nos uniu bastante, amadureceu o movimento. Essa geração é mais madura, tem mais conhecimento, tem internet para se politizar. Ainda é pouco, mas o caminho é esse. Já passamos da fase da violência e da fase da disputa de espaço. Agora é um momento novo, do pixador politizado. Esse é o futuro do pixo. Se for para sair na rua, é para fazer alguma ação coletiva, que vai ter repercussão. Mas a polícia tá com um procedimento cada vez mais violento com a gente.

Criar um diálogo com a prefeitura não é uma forma de evitar a repressão violenta? Não tem como evitar. A gente tá sujeito em todo rolê. Saiu de casa com tinta, tá sujeito. Por isso que hoje em dia é só protesto, porque pelo menos vamos estar correndo risco por algo que vai fazer barulho, em prol de alguma coisa. Não tem mais brincadeira, porque numa dessas você pode ficar lá preso. A polícia está forjando formação de quadrilha, furto. Os meninos são pegos pixando e assinam 157. Então o que você pensa dessa iniciativa da Prefeitura, de criar uma comissão com os grafiteiros? É uma bosta. Correr com o poder público é abrir mão da sua liberdade. Não vejo isso como conquista, você pintar num espaço que foi determinado pra você pintar. Os grafiteiros, infelizmente, transformaram o grafite em um emprego. Eles não estão preocupados com conceito, não têm nenhum discurso político. O trabalho dos caras é decorativo. Eles querem criar assumidamente o antídoto do pixo. Eles não querem ser o antídoto, mas acabam sendo e não tão nem aí. Eles querem ganhar o deles e ponto. Eles acham que é conquista, mas não é, porque os caras só vão atrás deles quando é do interesse.

"parece que O grafite virou um antidoto " contra a pixacao_ / /

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ARTE

COMO É A RELAÇÃO DOS GRAFITEIROS E PIXADORES HOJE? Até essa época dos ataques a gente se dava muito bem. Mas, nós desmascaramos a academia, a galeria e faltava a rua, faltavam os grafiteiros. Nós queríamos atropelar tudo que fosse autorizado e financiado. Não tem como você correr com a polícia e com o crime, você tem que se decidir. Os caras corriam com o Estado e queriam ficar correndo com a rua? O Estado combate a rua, irmão. Nossos interesses entraram em conflito. Por isso a gente separou o joio do trigo, rachou de vez. Mas, assim como os grafiteiros, hoje você ganha a vida no mercado da arte. Como é isso? Eu faço telas que refletem o que eu faço na rua, mas com uma roupagem apropriada para o mercado. É um desafio, uma forma de estar invadindo, como foi entrar na arte contemporânea. A ideia é valorizar o pixo e eu espero que meu trabalho abra as portas para os pixadores no mercado da arte. Porque, olha só, o pixador não vai trabalhar com o poder público na rua. O grande erro dos grafiteiros não foi entrar para o circuito das galerias, foi quando eles fizeram o contrário, transformaram a rua em galeria. Foi quando eles começaram a ganhar para pintar na rua. E aí você tá abrindo

mão do que legitima seu trabalho, que é pintar na rua de forma ilegal, transgressora. Você não pretende expor em galeria, então. Pretendo fazer exposições, mas não em galeria. Talvez numa ocupação, numa residência artística. Por enquanto eu tô vendendo só para colecionadores. Eu quero levar o pixo ao nível de arte erudita. É isso, sabe. É isso o que a gente tá fazendo desde 2008. E se você conseguir fazer isso, o que pode render? Minha meta é ajudar o pixo. Fazer vídeo, organizar manifestação. Se eu chegar na condição financeira que Osgemeos tem hoje, por exemplo, vai dar para cuidar tanto da minha família quanto do movimento. Minha ideia é criar uma espécie de ONG. Usar o pixo para introduzir o pixador no conhecimento político, filosófico e artístico. As vezes o cara tem vocação para outras coisas da arte..

d jan Pixador desde 1996, é um dos maiores defensores do pixo como intervenção social e artística da cidade. Hoje, aos 30 anos, é considerado pelos pixadores um dos maiores líderes do movimento. Já participou de exposições e intervenções dentro e fora do país e foi convidado para expor na Bienal de São Paulo em 2010 e na de Berlim em 2012. Desde 2004, grava, produz e distribui filmes sobre pixação, sob os títulos “Escrita Urbana” e “100 Comédia”, e foi coautor do documentário “Pixo”, lançado em 2009.

Use o QR Code para conferir o trailer de “Pixo”

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ARTE

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SP para con res lugares de

CAMBUCI Berço de uma das duplas mais famosas do graffiti, OsGemeos, o bairro do Cambuci segue “esquecido” pelos turistas, mas é um lugar histórico para a arte urbana. Ali estão alguns dos primeiros desenhos dos artistas, além de muitos outros, como Nunca e Nina Pandolfo, que fizeram dos muros do tradicional bairro seu canvas. Comece o passeio pela Rua Lavapés com a Justo Azambuja.

CENTRO A região central de São Paulo é um tanto caótica, mas mesmo com tantos defeitos, cabe muito amor em cada esquina. Alvo de pichadores desde que o spray chegou às mãos da moçada, os prédios. fachadas e muros do Centro também abrem espaço para os grafites, ganhando ainda mais notoriedade com a criação do O.bra Festival, focado em espalhar arte urbana neste trecho tão importante. 16


ARTE

FAVELA GALERIA No extremo oriental da zona leste de São Paulo está o bairro São Mateus, região periférica que carece de equipamentos culturais. Eis que, através dos próprios moradores, surgiu uma iniciativa que traz novos ares para a região. O coletivo OPNI começou a colorir os muros com desenhos inspirados em pessoas da vizinhança e passaram a convidar também alguns artistas de outras zonas da cidade para injetar arte no que antes era cinza. A diferença é tanta, que o grupo notou interesse de muita gente em pintar também e, quem sabe, se formem novos artistas.

VILA MARIANA Entre os prédios residenciais e o comércio que vai do moderninho ao tradicional, o bairro está recheado de grafites, seja nos arredores do bar Veloso, onde há uma das coxinhas mais famosas (e saborosas) da capital, da Rua Joaquim Távora ou da Rua França Pinto, que tem uns murais bem bacanas já quase chegando na Av. Pedro Álvares Cabral. Outro ponto interessante da região, mais para o lado da Ana Rosa, é a Vila das Cores, uma simpática viela onde os grafiteiros fazem a festa.

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ARTE

BIXIGA O reduto italiano e tradicional de São Paulo está cada vez mais colorido. Isso porque, além das antigas construções serem pintadas com cores vivas, os muros do bairro são “invadidos” pela arte urbana anualmente com o Dia do Graffiti, evento de rua que reúne grafiteiros, intervenções, música e outras manifestações culturais.

GRAJAÚ Um dos mais distantes da região central de São Paulo, o Grajaú passou muito tempo de sua existência sendo mal falado. Mas o que poucos sabem é que ali está, talvez, o bairro com maior número de grafites por metro quadrado. Entre os destaques está o mural de Alexandre Orion, na parte externa do CEU Navegantes. Chamado de “Apreensão”, o desenho realista foi feito a partir de fuligem da própria cidade, por meio de uma técnica que mescla poluição e base acrílica incolor.

MAAU Ao sair da estação Carandiru do metrô, uma surpresa: 33 colunas coloridas exibem obras de alguns dos principais artistas urbanos da cidade. O projeto do Museu Aberto de Arte Urbana começou em 2011 após a detenção de alguns grafiteiros no local, que não tinha autorização legal para se expressar com seus sprays. Então, após acordo com a Prefeitura, o coletivo formado por nomes como Chivitz, Binho Ribeiro, Minhau, Speto, Presto, Markone, Onesto, Zezão, Enivo e Highraff, mantêm a região muito mais viva e inspiradora, logo ao lado do Parque da Juventude. 18


CULTURA

No mês da Consciência Negra, o festival Favela Sounds valoriza cultura da periferia

Pelo segundo ano consecutivo, será realizado o Favela Sounds – Festival Internacional de Cultura de Periferia, trazendo uma programação completamente gratuita.

PROGRAMAÇÃO A programação do evento é dividia entre Ralação (uma série de oficinas sobre fotografia, comunicação e técnica de áudio), Papo Reto (debates sobre arte nas periferias, os movimentos de migração no mundo e questões de gênero) e O Baile (que são as apresentações musicais). A Ralação é entre 30/11 e 4/11 e acontece em diferentes Sescs de SP. O Papo Reto é nos dias 3 e 4, no Memorial da América Latina, mesmo local e data em que acontecem os shows. O Favela Sounds conta com apoio da Lei de Incentivo à Cultura e, entre as ações socioeducativas do evento, está um show de Vera Verônika para menores presos e mesas sobre temas como xenofobia, migração e direitos

Favela Sounds

LGBTQ. Além disso, a feira gastronômica do evento será administrada pelos refugiados que vivem em São Paulo.

SHOWS O objetivo, conforme informa a organização do evento, é dar destaque aos “expoentes da música de Favela do Brasil e do mundo”. Estão no line up do festival o trio Abronca (RJ, na foto), Xande de Pilares (RJ), Titica (Angola), Linn da Quebrada (SP), Tati Quebra Barraco (RJ), Dama do Bling (Moçambique), Wesli Band (Haiti/Canadá), Baco Exu do Blues (BA).

Anota aí! De 30 de novembro a 4 de dezembro, no Memorial da América Latina e Sescs de São Paulo. Entrada gratuita.

Mais informações: favelasounds.com.br

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Slams

Eventos de “batalhas de versos” se firmam como espaço de literatura nas periferias. Descubra o que são os slams e como eles estão popularizando a poesia

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CULTURA

Nos " slams, todos podemos fazer poesia e usar a palavra para nos manifestarmos" O QUE SÃO OS SLAMS Os slams são campeonatos de poesia falada. Normalmente, os participantes têm até três minutos para apresentarem sua performance - uma poesia de autoria própria, sem adereços ou acompanhamento musical. O texto pode ser escrito previamente, mas também pode haver improvisação. Não há regras sobre o formato da poesia. O júri é escolhido na hora e dá notas de 0 a 10, que podem ser fracionadas, explica Jéssica Balbino, escritora e pesquisadora de literatura marginal e hip hop. Entre todos os competidores, a maior nota vence.

A ORIGEM DA CULTURA DOS SLAMS O slam foi criado nos anos 1980 em Chicago, nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que a cultura hip hop tomava forma. Também conhecido nos Estados Unidos como Spoken Word, ou palavra falada, o gênero ganhou força com a aceitação de adolescentes e poetas independentes, que viram nessa forma de fazer literatura um campo maior de possibilidades de inovação e arte. É difícil traduzir o termo Slam, que refere-se a um grande barulho, como o causado por uma porta que bate com o vento forte. Dessa forma, podemos nos referir ao campeonato como uma batalha de

poesias agitadas e fortes, o slam trouxe uma renovação para os encontros de leitura de poesia, popularizando-se rapidamente e logo se propagando por todo o mundo, sendo sempre realizados em ambientes públicos como praças ou centros culturais. O slam só chegou ao Brasil mais tarde, nos anos 2000. O campeonato ZAP, Zona Autônoma da Palavra, foi o primeiro deles, trazido pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, um Coletivo Paulistano de Teatro Hip-Hop. Atualmente, existem em torno de 30 slams como o “ZAP” no Brasil. São Paulo tem o maior número de slams do país, como o Slam Interescolar e o Slam da Guilhermina, bairro da zona leste da cidade. Mas há competições em todo país: 21


CULTURA

A POESIA FALADA E A LITERATURA PERIFÉRICA No Brasil, os slams são próximos de outro espaço da literatura das periferias: os saraus. O público das duas manifestações culturais muitas vezes coincidem, e há, em ambos, uma interação muito grande entre os participantes. “Mas o slam dialoga mais com o público mais jovem, talvez pelo caráter competitivo, talvez pelo caráter performático, mas existe uma crescente no público, o que é muito bacana, porque justamente exercita o ouvir”, diz Jéssica Balbino. Segundo a pesquisadora, o slam contribui na autorrepresentação de minorias, como mulheres, negros, lésbicas e gays e moradores das periferias em geral. “Para competir no slam, a pessoa não precisa ter livro publicado, ser rapper, ser artista, nada. Vale para donas de casa, taxistas, vendedores, etc. No sarau também, claro. Existe algo de: todos podemos fazer poesia. Todos podemos usar a palavra para nos manifestarmos”

MULHERES TÊM SLAMS EXCLUSIVOS A slammer Luz Ribeiro venceu a edição de 2016 do Slam BR, realizada no Itaú Cultural no dia 15 de dezembro, e faz parte da organização do “Slam das Minas” de São Paulo, um espaço exclusivo das mulheres cis e trans nas competições de poesia falada. Quando Luz começou a participar dos slams, em 2012, os homens eram maioria na competição. “Eu me recordo de ser a única mulher em muitas competições, ou de ter só mais uma”, diz a poeta. “O ‘Slam das Minas’ surgiu para ser um lugar onde as mulheres se sentissem à vontade para falarem seus textos. Acho que ele recria esse lugar em que a mulher tem direito de fala”. O “Slam das Minas” de São Paulo, do qual Luz faz parte, já existia antes no Distrito Federal. Na capital paulista, a competição é itinerante e acontece ao menos uma vez por mês. Jéssica Balbino identifica, por meio de sua pesquisa “Margens”, uma participação maior das mulheres no cená-

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rio da literatura periférica nos últimos anos. “As mulheres ainda publicam menos. Porém, nos últimos cinco anos, isso vem mudando. Identifiquei um número bem maior de mulheres na cena, publicando seus livros, se identificando como poetas, participando de saraus e de slams”, diz. Dos seis representantes brasileiros que já participaram da Copa do Mundo da França de Poesia Falada, a única mulher a competir foi Roberta Estrela D’Alva.

Playlist

Selecionamos vídeos de seis performances de slammers brasileiros para você conferir.

Use o QR Code para acessar a playlist


CULTURA

COMPETIÇÃO

INCLUSÃO

O Slam Poesia parte do princípio de que todo indivíduo é capaz de emitir uma opinião válida sobre arte, não necessitando de uma formação acadêmica ou técnica para isso. Então, cinco juízes devem ser selecionados entre os membros da plateia, que dão notas de zero a dez. A nota mais alta e a mais baixa são eliminadas, se classifica para a próxima fase aquele que obtiver maior média entre as três notas restantes. Na maioria das vezes o vencedor ganha livros de presente. Mensalmente um Slam consagra um vencedor que, em dezembro, disputa, contra outros vencedores mensais, o direito de representar seu Slam no torneio nacional, o Slam BR. O evento acontece também em dezembro, na capital paulista, e reúne poetas de Slams realizados em todo o país. O campeão nacional ganha uma vaga na Copa Mundial de Poesia, realizada na França, costuma reunir artistas de vinte países.

A proximidade com o transporte público é uma estratégia interessante, pois os Slams normalmente ficam bem no campo de visão dos transeuntes que saem ou entram na estação de Metrô, muitas pessoas que estão voltando ou indo para o trabalho param por alguns instantes para observar a roda formada, ou uma performance poética inflamada de algum poeta, os espaços que eram apenas zonas de transição viram espaços de permanência e fruição artística. Outra regra não explícita é a de que a batalha deve obrigatoriamente terminar antes do horário de fechamento do Metrô, já que muitas vezes tanto o público como os competidores são oriundos de bairros distantes. Com essa medida ninguém é prejudicado, e os concorrentes participam da competição sem preocupação, tal medida contribui para a não exclusão de pessoas que moram longe dos locais onde acontecem os eventos.


MÚSICA

Ludm

Após lançar seu disco novo, Ludmilla fala sobre o inicio de sua transição capilar e sua relação com os cabelos

CARREIRA

A DANADA SOU EU

Cinco anos após surgir na mídia como MC Beyoncé, Ludmilla já firmou seu nome de batismo no mainstream. Mesmo depois de moldar suas letras de funk com teor de “baile de favela” para “rádio de família”, seu próximo objetivo é virar a danada da música brasileira. A cantora de 21 anos se rende de vez ao que batizou de “funk pop” e acaba de lançar o segundo disco da carreira, “A Danada Sou Eu”. “Meu estilo é funk pop. Antes de assinar com uma gravadora eu vivia em um mundinho muito limitado”, explica a cantora. Ludmilla foi artista do império do funk carioca Furacão 2000 e chegou a assinar como MC Ludmilla antes de tirar a sigla do nome e assinar com a Warner, onde gravou seu primeiro disco, “Hoje”, em 2014. A cantora, que já participou como concorrente no programa “Ídolos”, recentemente foi assisnte de Rick Bonadio no reality show musical da Band, “X Factor”.

Mais confiante do que há dois anos, Ludmilla conta em entrevista ao UOL que o nome do segundo disco foi uma sugestão dela, levada diretamente ao presidente da gravadora. “Sentamos com o presidente para escolher o nome do novo álbum e eu falei: ‘Quero que seja ‘A Danada Sou Eu’’. Ele ficou todo bobo, pois eu nunca vou lá e escolho assim. Agora estou muito envolvida, estou adorando participar de tudo.”. Sexy e empoderada depois de algumas cirurgias plásticas e mudanças no visual inspiradas nas divas Beyoncé e Rihanna, a artista ainda não se sente pronta para mudar o foco das suas canções como fez a norte-americana em seu mais recente álbum,”Lemonade”. “Hoje faço música para levar a alegria às pessoas, por entretenimento”. Seguindo essa linha, Ludmilla diz não se importar com as mudanças pela qual passaram algumas letras para agradar em vez de chocar. Com o segundo disco saindo do forno, a cantora promete “uma nova Ludmilla, mas com a essência da antiga”. No dicionário da nova Lud (como é chamada pelos fãs e pela família) as definições de danada foram alteradas para botar o que o que quiser, falar o que tá com vontade de falar, vestir o que quer vestir, e se sentir bem. “Fazendo essas coisas eu me sinto super bem. Eu não volto pra casa com arrependimento.”.

¨Uma nova Ludmilla, mas com a essência da antiga¨ 24


milla

MÚSICA

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TRANSIÇÃO CAPILAR A cantora Ludmilla revela que está em transição capilar – processo que consiste em recuperar a forma natural dos fios e abandonar de vez a química. Com a necessária queda de diversas regras capilares, o número de mulheres que passam por esse momento é cada vez maior. “Eu acho isso maravilhoso, transformador. As mulheres estão mais corajosas e se aceitando como naturalmente são”, diz a cantora em entrevista à TMJ. Os fios naturais muitas vezes têm uma história de delicadeza e força: o primeiro alisamento da cantora, por exemplo, foi feito aos sete anos de idade, sendo essa escolha uma etapa importante em sua vida. Ela tem o acompanhamento da Salon Line, que produz cosméticos experts em tratamento para cabelos crespos, cacheados e em transição, da qual ela é a nova embaixadora. Confira como está sendo este momento para a cantora e sua motivações.

Como é a sua relação com o cabelo? O que ele significa para você? É uma relação de amor, ele me deixa confiante, melhora minha autoestima. Sempre me importei com o cabelo, desde criança, mas não aceitava os meus cachos. Estudava em colégio particular, e sofria preconceito por não ter o cabelo liso, não entendia por que eu era diferente. Hoje eu sei que ser diferente é maravilhoso, libertador.

¨Descobri que não preciso seguir padrões para ser quem eu sou¨

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Desde quando você era adepta do alisamento, por que decidiu iniciar a transição e de onde veio essa ideia? Há um ano eu resolvi passar pela transição capilar. Cortei meu próprio cabelo curtinho e tirei toda química fora. Desde criança eu não usava meu cabelo natural, nem sabia muito bem como ele era. Resolvi passar pela transição para redescobrir a minha beleza natural, meu cabelo estava muito quebrado e sem vida. Como já conhecia os produtos da Salon Line, tomei essa decisão para que meu cabelo crescesse de forma saudável. Não quero mais ser refém das laces, apliques e acessórios, amo mudar, mas chegou a hora de ser eu mesma também. Alguma mulher te inspirou a tomar essa decisão? Não me inspirei em ninguém especificamente. Mas vejo tantas mulheres com o cabelo black power ou cacheados e acho tão lindo, estiloso, e isso me fez pensar. É uma decisão muito difícil, precisa ter muita paciência porque o processo é demorado, mas com certeza vale a pena.


MÚSICA

Você já sofreu preconceito pelo seu cabelo natural? Sim, muitas vezes, principalmente na época do colégio. Descobri que ele é diferente, e que eu não preciso seguir padrões para ser quem eu sou. Respeitar as diferenças deveria ser um sentimento obrigatório na nossa sociedade. Infelizmente o preconceito existe, mas tenho fé que um dia isso irá mudar. Quais são suas expectativas para o período? Tem algum receio? Eu sou mulher, eu sou vaidosa. Uso apliques, laces, lenços, isso tudo porque ainda estou me descobrindo, me transformando! Foi assim que escolhi passar por essa fase. A expectativa é muito grande, não é um período muito fácil. Tem todo um processo para a recuperação do fio, tem que hidratar, nutrir e fazer a reconstrução dos fios. Não é só cortar e esperar crescer, requer muito trabalho e paciência para que o cabelo cresça saudável e bonito. Então é natural ficar ansiosa, ficar imaginando como ele vai ficar, quanto tempo vai demorar, qual será o resultado. Mas meu cabelo vai crescer e eu tenho certeza que vou arrasar com o meu black!

Dicas para a sua transição

Pensando em começar a transição capilar? Separamos algumas dicas para te ajudar nesse processo. 1. APROVEITE O VOLUME DA RAIZ Faça topetes para disfarças as diferente texturas do seu cabelo. 2. FAÇA TEXTURIZAÇÕES Você pode estilizar a parte lisa com diversas técnicas, como coquinhos, tranças e babyliss. 3. ABUSE DOS ACESSÓRIOS Faixas, turbantes, tiaras, bandanas e laços podem salvar o cabelo em um dia difícil. 4. TIRE O FOCO DO CABELO O cabelo não tá legal? Capriche no look, nos acessórios, na make, no sorriso e se jogue. 5. TENHA PACIÊNCIA A transição é um período que vai passar. Use esse momento para se conhecer melhor e se descobrir, e lembre-se que vai valer a pena!

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EDUCAÇÃO

Sites gringos e brasileiros para você estudar em todos os níveis e sem gastar nada

ZAP ENGLISH

www.zapenglish.com

O site é bem focado na gramática e ótimo para quem não tem nenhuma intimidade com a língua. Com o ensino básico, através do alfabeto, números e verbos, passa pela pronúncia, vocabulário, frases, gramática, músicas e comerciais.

ENGLISH ONLINE

www.english-online.org.uk/course

O site English Online oferece testes para que você saiba em qual nível está sua língua e também disponibiliza cursos para crianças, iniciantes e diferentes níveis e focos de aprendizagem.

LEARN ENGLISH ONLINE www.learn-english-online.org/

O Learn English Online é um site bem estruturado e dividido em lições que, por sua vez, também são divididas por níveis e etapas de ensino.

INGLÊS EM CASA CIG - CURSO DE INGLÊS GRÁTIS www.cursodeinglesgratis.org

O CIG é um site que oferece lições e artigos gratuitos para estudantes de inglês. Ele não é um curso tradicional com aulas, exercícios, provas, etc., mas sim uma fonte de material gratuito e de qualidade. Esse material está divido em vários cursos/seções separados em um grande índice na página inicial e cada um desses cursos/seções conta com várias lições.

USA LEARNS FREE ONLINE ENGLISH www.usalearns.org

EUA Learns tem três cursos de inglês focados em diferentes níveis. Os cursos incluem vídeos e atividades interativas de aprendizagem que ajudam a praticar e melhorar as habilidades na compreensão auditiva, vocabulário, gramática, ortografia, pronúncia, leitura, escrita, fala e habilidades para a vida. 29


MÚSICA

M A E T M DREA O H N I S S DO PA

Com mais de 6,5 milhões de visualizações on-line, o DTP é um dos grupos mais famossos de passinho no Brasil Conheça a história dos integrantes do grupo, que sairam da periferia e hoje fazem sucesso em todo o país

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MÚSICA

LELLÊZINHA Única menina do DTP e atriz de malhação, tem apenas 17 anos. Essa DIVA do mundo real mora na zona oeste do Rio, estuda em escola pública, anda de ônibus e usa seu black power como uma coroa. Ela ganhou visibilidade ao postar vídeos de dança nas redes sociais; entrou pro grupo onde canta e dança e, ao ser descoberta num show, passou no teste pra participar do folhetim jovem da maior emissora brasileira. “Agora só falta o príncipe!”, completou Lellêzinha, aos risos, antes de emendar: “Quero fazer shows pelo mundo com o Dream Team e interpretar bons personagens na TV e no cinema. Coloca parceria com a Beyoncé e cinema mundial como sonhos!”, disse a menina cuja risada é tão livre quanto a capacidade de sonhar.

PABLINHO

DIOGO BREGUETE

É exatamente com otimismo e alegria que Pablinho se destaca na multidão da maior favela da América Latina, a Rocinha. O corpo rasgado, as muitas tatuagens e o style ousado chamam atenção. Mas é nas danças urbanas, em especial o passinho, que o jovem – no alto de 1m64 – vira um gigante capaz de conquistar fãs em todo o Brasil. O talento transborda e o dançarino também faz bonito nos vocais do grupo.

É um jovem de 24 anos negro e estiloso que mora na favela Cachoerinha. Casado com sua primeira namorada, com quem tem dois filhos, ele trabalhou como zelador antes de conseguir viver de seu maior talento: a dança. Em poucas palavras, com um sotaque e um ritmo da favela, o integrante do Dream Team do Passinho conquista a todos com sua simplicidade, alegria e bondade. São exatamente essas características que brilham em seus olhos quando ele fala do pai, o mestre sala Ballet, ganhador de estandarte de ouro pela Lins Imperial. Breguete é capaz de falar por horas sobre a postura, a elegância e popularidade do seu velho. Isso pra ele é muito mais importante do que o pai ter morrido em seus braços ao ser vítima de uma bala perdida na guerra civil

RAFAEL MIKE Já Rafael Mike é da geração que permanece jovem aos 35 anos. O mais novo morador do Rio nasceu e foi criado em Nova Iguaçu. Foi na baixada fluminense que ele manteve por muitos anos uma iniciativa cultural que reunia artistas, músicos e gente interessante em seu quintal. É com essa pegada de generosidade que o cantor, diretor musical e compositor das músicas do Dream Team do Passinho incentiva a criação e performance musical dos outros integrantes.

HILTINHO Hiltinho é daqueles cariocas bem típicos: os cariocas que não nasceram no Rio. Na verdade, Hiltinho mora em Nova Iguaçu, cidade da baixada fluminense. O jovem, que acabou de completar 18 anos, é alto, magro e parece ter o corpo milimetricamente moldado em mármore preto. Filho de uma empregada doméstica, Hiltinho é artista, estudante do ensino médio e jogador de vídeo game. Assim como muitos moleques, ele conheceu o passinho no Youtube; treinava a dança na pequena sala de sua casa e se tornou um dos melhores dançarinos do mundo. 31


CULTURA

Evento reúne mais de 100 atividades nas periferias da cidade

s a d s a c Estéti

s a i r e f i Per

Em novembro acontece a 7ª edição do Encontro Estéticas das Periferias exaltará a produção das periferias com mais de 100 atividades espalhadas por 17 territórios da cidade.

PROGRAMAÇÃO As atrações são pensadas de forma conjunta por meio de uma curadoria coletiva, formada por mais de 30 coletivos de todas as zonas de São Paulo – norte, sul, leste e oeste – que se reúnem de maneira voluntária para organizar a programação. Para Eleilson Leite, coordenador geral do Estéticas, somente desta forma é possível conceber um evento que dialogue de fato com as produções locais. Entendendo que as periferias apresentam formas de resistência e alternativas coletivas, os territórios apostam em circuitos econômicos comunitários, desafiando a lógica das grandes cidades. Além disso, fomentam a criação e a atuação por meio de redes, trazendo a discussão de direito à cidade e de cidades colaborativas a partir de suas experiências teóricas e práticas, que se vivenciam no cotidiano e nos apontam outras formas de relacionar-se e de fazer política. 32

Anota Aí! De 04 a 13 de novembro, em diversos locais da cidade. Entrada gratuita.

Mais informações: esteticasdasperiferias. org.br




EDUCAÇÃO

Evento promove mais de 500 atividade para discutir uma nova economia, mais responsável e criativa

VIRADA

SUSTENTÁVEL Durante quatro dias, a cidade de São Paulo mergulha numa programação toda especial para receber o maior festival de mobilização e educação sobre sustentabilidade no Brasil, a 7ª edição da Virada Sustentável.

PROGRAMAÇÃO Com seus principais destaques distribuídos na Unibes Cultural, Parque Ibirapuera e Centro Cultural São Paulo, além de ações em dezenas de outros locais na cidade, a Virada envolve cocriação, articulação e participação direta de organizações da sociedade civil, órgãos públicos, escolas e universidades, empresas, coletivos e movimentos sociais. O evento, que reuniu cerca de 1,2 milhão de pessoas em mais de 800 atividades na edição 2016, promove uma série de ações como exposições, shows, palestras, aulas de meditação e conteúdos especiais.

EVENTOS São destaques da programação, a Feirinha Positiv.a, que oferece na Livraria da Vila uma série de produtos orgânicos e ecológicos; o Circuito Agroecologia e Alimentação Sustentável, com palestra e oficina promovida pelo Projeto SustentABC; uma edição especial da Meditação no Escuro, com Trovadores Urbanos e participação especial da Monja Coen Roshi; entre outros.

ANOTA AÍ! De 14 a 17 de dezembro, na Unibes Cultural, Parque do Ibirapuera, CCSP e outros locais da cidade. Entrada gratuita.

Mais informações: viradasustentavel.org.br

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EDUCAÇÃO

O fim do semestre está chegando e os principais vestibulares também. Estudar pelo YouTube pode te ajudar, principalmente naquelas matérias mais difíceis

n e d Estu b u t u o Y

Nem sempre o melhor método de estudo é focar a concentração nos livros. Para dar aquela impulsionada nos estudos, vale de tudo, inclusive passar algumas horas no YouTube. Mas atenção, não é para ver vídeos de gatos, e sim acessar um mundo de videoaulas gratuitas disponibilizadas por uma série de instituições e professores. Para facilitar a sua tarefa, separamos cinco canais que valem a pena seu clique. 36


no be

EDUCAÇÃO

YOUTUBE EDU Este canal, lançado pelo próprio Google, reúne um pouco de tudo: você pode encontrar conteúdo dividido por disciplina e tema, o que facilita a busca. Há desde videoaulas propriamente ditas até resolução de questões e curiosidades. São milhares de vídeos de várias plataformas diferentes – inclusive, de algumas das que recomendamos acima.

DESCOMPLICA

ME SALVA!

O canal do Descomplica, cursinho de aulas online, é gratuito e realiza também transmissões ao vivo. Além dos vários vídeos separados por matéria, também há os que tratam de temas de Atualidades, essencial para quem vai prestar o Enem.

Neste canal, também há conteúdo de ensino superior, mas você deve procurar mesmo as videoaulas para ensino médio. As aulas contemplam todas as disciplinas e têm também resolução de exercícios, inclusive de simulados. Se quiser dar uma relaxada, há também vídeos de curiosidades.

AULALIVRE.NET

OFICINA DO ESTUDANTE

Também um portal de cursinho a distância, o Aulalivre.net oferece vídeos gratuitos na plataforma do YouTube. São pequenas dicas para cada disciplina, e também vídeos mais longos com recomendações para quem precisa fazer planejamento de estudos.

Os vídeos são realizados pelo cursinho Oficina do Estudante, contemplando todas as disciplinas. Toda semana, tem vídeo novo de cada uma das áreas. Como o conteúdo é voltado exclusivamente para o vestibular, é aposta certa! 37


“Coisas Do Meu Imaginário”, do Rael, é indicado ao 18º Grammy Latino

RAEL

COISAS DO MEU IMAGINÁRIO

Quarto título da discografia de Rael (descontados os singles), o álbum Coisas do meu imaginário é o primeiro álbum do cantor e compositor paulistano Israel dos Reis com produção de Daniel Ganjaman, o homem por trás da emersão do rapper Criolo em 2011 dos periféricos guetos do hip hop da cidade de São Paulo (SP) para o mainstream da música brasileira 38


MÚSICA

INDICAÇÃO Coisas do meu imaginário concorre em uma das categorias principais, a de “Melhor Álbum de Música Urbana”, competindo com artistas como Residente (do Calle 13). “É louco porque, quando eu tava fazendo o disco, é óbvio que não tava pensando em ganhar prêmios. Mas hoje, quando recebi essa notícia, fiquei relembrando de todo processo de gravação, das noites em claro, e me sinto, de certa forma, recompensado, honrado mesmo por ser o único brasileiro na categoria em meio a tanta coisa boa que ouvi daqui nos últimos

tempos. E tô feliz de ver que o trampo, ao qual não só eu mas outras pessoas ao meu redor se dedicaram tanto, está sendo visto por aí e rendendo frutos” comentou Rael à TMJ Ele também foi indicado em outra categoria internacional, a de “Melhor Canção Urbana”, por dividir com Emicida a composição da faixa “A Chapa É Quente!”, lançada pelo projeto Língua Franca. Para Rael, as indicações tem uma importância simbólica para o cenário da música brasileira contemporânea: “Por mais espaço que a gente venha conquistando, não é raro ouvir das pessoas que rap é uma coisa e música é outra, que rap não é música. Mas uma indicação em uma premiação dessa dimensão torna desnecessário a gente ter que ficar provando algo. O nosso rap é essa música brasileira contemporânea que a gente faz com muito orgulho, muito amor e do nosso jeito. E as pessoas estão olhando pra ela”.

“Fiquei relembrando de todo o processo e me senti recompensado”

PARA OUVIR Use o QR Code para ouvir o álbum “Coisas do meu imaginário”

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CULTURA

Fique por dentro dos eventos mais legais que acontecem esse mês

a d n e g A l a r u t l Cu SARAU DA MADRUGADA A noite começa com Roda de Capoeira do grupo Semente do Jogo de Angola, esquenta com o Samba de Roda e rola até tarde, com microfone aberto e apresentações. Bebidas e lanches são vendidos no local. 24/11, 20h, na sede do grupo de capoeira Semente do Jogo de Angola. Entrada gratuita.

SHOW RIMAS & MELODIAS Coletivo formado por manas que rimam e manas que cantam. Juntas desde o fim de 2015, promovem um diálogo potente entre rap, R&B e neo soul, fortalecendo a presença feminina -sobretudo a negra- no hip hop, no cenário musical e na sociedade. 08/12, 21h30, no Sesc Belenzinho. Entrada: R$ 10 (meia) 40

SLAM DA GUILHERMINA O Campeonato de poesias faladas reune poetas freqüentadores de saraus e M.C.’s, tem características próprias e se divide em dois momentos: Recital livre e a Batalha. 15/12, 20h, no metro Guilhermina-Esperança, na praça ao lado esquerdo da catraca. Entrada gratuita.

MULHERES EM CENA Projeto com objetivo de apresentar filmes que abordem temas sobre igualdade de gênero, direito das mulheres, diversidade sexual e destacar filmes dirigidos por mulheres 18/12, 15h, na Fábrica de Cultura Capão Redondo. Entrada gratuita

OFICINA DE LAMBE-LAMBE A oficina tem como objetivo a criação de cartazes que por meio de diálogos, roda de conversa, expressem suas ideias sobre os questionamentos socializados. 20/12, 15h, na Fábrica de Cultura da Brasilândia . Entrada gratuíta




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