Fotolivro - Monóculos

Page 1

MONÓCULOS

HISTÓRIA, TÉCNICA E OLHAR



MONÓCULOS HISTÓRIA, TÉCNICA E OLHAR


FICHA CATALOGRÁFICA Cruz, Beatriz Pereira da Monóculos. História, técnica e olhar. / Beatriz Pereira da Cruz e Bruno Caires Ribeiro - 2015. 40 f.: il.; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, São Paulo, 2015. “Orientação: Prof. Dr. Adriano Miranda”. I. Fotografia II. Memória III. Caires, Ribeiro Bruno IIII. Título


MONÓCULOS Beatriz Cruz e Bruno Caires

HISTÓRIA, TÉCNICA E OLHAR





APRESENTAÇÃO O presente livro tem como objetivo apresentar entrevistas e reprodução acerca dos monóculos fotográficos disponibilizados de acervos pessoais aos autores do projeto. O intuito é expor a emoção das pessoas que com esse dispositivo tiveram contato nos anos 50 aos anos 80, época em que o objeto era mais popular. Monóculos eram produzidos a partir de filmes cromos, em câmeras analógicas de meio quadro. Os fotógrafos após baterem a fotografia, revelavam em mais ou menos 1 hora, recortavam os cromos e inseriam em um pequeno suporte colorido com uma lente de aumento, fazendo a fotografia aparentar ser maior quando observado contra a luz. Após os anos 90, o material para sua estrutura parou de ser fabricado, além do avanço da tecnologia ter crescido, onde as fotografias digitais se tornaram comuns. Então, fotógrafos monoculistas pararam com esse trabalho de produção de monóculos através do cromo. Hoje em dia, existem monóculos apenas através de imagens digitais, impresso em papel fotográfico e em quantidade bem menor. O livro é todo estruturado através de entrevistas.



“Fotografar é apropria-se da coisa fotografada. É envolverse em uma certa relação com o mundo que se assemelha com o conhecimento – e por conseguinte com o poder. (...) A fotografia brinca com a escala do mundo, pode ser reduzida, ampliada, cortada, recortada, consertada e distorcida. Envelhece ao ser infestada pelas doenças comuns aos objetos feitos de papel; desaparece; valoriza-se, é comprada e vedida; é reproduzida.” (Sontag, 1981: 04)



1. HISTÓRIA Reprodução dos monóculos fotográficos encontrados, seguidos de alguns dados e histórias das fotografias.


“Os fotógrafos ficavam em um espaço como se fossem umas barraquinhas formando um cenário, eles eram em muitos e falavam: “Olha a foto, olha a foto! Em uma hora!”. Os preços eram tabelados, as pessoas escolhiam um fotógrafo, e a maioria escolhiam o que estava com menos clientes, depois pagávamos pelo monóculo antes de ser fotografados. E para retirar eles deixavam os monóculos na frente de suas barraquinhas (cenário), em montes, porque eram muitos monóculos! E pessoas diferentes que faziam durante o dia. Então, os fotógrafos não sabiam distinguir os monóculos das pessoas, a própria pessoa tinha que procurar a fotografia. O monóculo chegava da revelação e começávamos a procurar um por um até encontrar os que nos pertenciam. Conforme eles fotografavam, em seguida levavam para o processo de revelação, nos químicos e já colocavam nos suportes de monóculos. O filme era cromo e a câmera fotografava 72 chapas. Hoje em dia o monóculo é difícil para se comprar, mas ainda pode ser encontrado. As fotografias de monóculos utilizando cromo, sumiram, podendo encontrar apenas alguns com pessoas mais velhas, que possuem um cuidado maior, consegue manter suas fotos guardadas e conservadas por mais tempo. Porém, muitas vão estragando com o tempo, como por exemplo o caso da maioria é juntar muitos fungos, as fotografias de monóculos duram muito pouco, porque a maioria não foram revelados, fixados e lavados o suficiente. Eram produzidos da maneira mais rápida para poder entregar o mais rápido possível. Na minha opinião, deveriam ter passado por mais um processo de fixação, pois o toque com as mãos que transpiram muito, e a respiração em cima da fotografia quando as pessoas, a fim de matar a curiosidade, abriam o monóculo para enxergar o cromo mais perto, causavam fungos com um tempo.” Ana Cires Ribeiro, 56 anos.

Fotografia tirada por Ne Meira, no dia 15 de agosto de 1916, no município de Livramento de nossa Senhora - BA. Festa da Padroeira Nossa Senhora do Livramento. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro




“Era uma tradição ir todos os anos na festa. Meus amigos e eu nesse tempo, éramos todos solteiros, íamos todos juntos em caminhões “pau de arara”. Assim que acabou a missa, na frente da igreja tiramos essa fotografia.” Manoel Joaquim Ribeiro

Fotografia tirada por Ne Meira, na Festa da Padroeira Nossa Senhora do Livramento, no dia 15 de agosto de 1974. Município de Livramento de nossa Senhora – BA. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro



Batizado na igreja São Sebastião “Eu queria guardar uma lembrança das minhas únicas afilhadas. Eu tenho a lembrança de quando meus filhos eram bebês, mas a memória vai se apagando e não lembro direito dos detalhes e as fotografias me ajudam a lembrar desses detalhes.” Ana Caires Ribeiro

Fotografia tirada por Rodrigues em Brumado – BA, dia 14 de agosto 1977. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro


Batizado na igreja São Sebastião. “Depois do batizado, nós iamos até o estúdio que ficava ao lado da igreja, para registrar o momento.”

Ana Caires Ribeiro

Fotografia tirada por Rodrigues em Brumado – BA, no mês de Fevereiro de 1978. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro


Fotografia tirada por Ne Meira, na comunidade Salitre Zona Rural,no ano de 1975, em Município de Dom Basílio – BA. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro


Fotografia tirada por Ne Meira, em Dom BasĂ­lio-BA, no mĂŞs de Abril de 1974. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro


Fotografia tirada na Gruta da MangabeiraItuaçu - BA,no mês de Setembro de 1974. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro



“Passamos a noite toda na novena marcada por muitos desentendimentos, e quando amanheceu houve a missa e depois fomos embora. E por volta das 11 horas da manhã tiramos essa foto. Nós íamos nas festas a cavalo, bicicleta ou a pé, dificilmente tinha algum caminhão que transportava o povo”. Manoel Joaquim Ribeiro

Fotografia tirada por Ne Meira na Missa Santa Bárbara, na comunidade do Boqueirão Município de Dom Basílio – BA, no dia 04 de dezembro de 1976. Acervo pessoal de Manoel Joaquim Ribeiro


“Os fotógrafos criavam pequenos cenários para fazer as fotos.” Ana Caires Ribeiro

Fotografia tirada por Ne Meira,na festa de São João, em Dom Basílio-BA, no dia 24 de Junho de 1977. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro


Fotografia tirada na festa de S達o Sebasti達o padroeiro da cidade de Brumado - BA, no dia 20 de Janeiro de 1975. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro



Casamento de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro

Ambas Fotografias tiradas por Ne Meira, em Livramento de Nossa Senhora - BA, no dia 18 de novembro de 1978.


Casamento de Diva Santos Caires e Turias Santos

Fotografia tirada em Livramento de Nossa Senhora - BA.


Fotografia tirada por Ne Meira em Livramento de Nossa Senhora - BA, no dia 15 de agosto de 1977.


Festa de Santa Bárbara Fotografia tirada na Comunidade do Boqueirão, em Dom Basílio-BA,no dia 04 de dezembro de 1976.


Festa de São João Fotografia tirada por Ne Meira em Dom Basílio-BA, no dia 24 de Junho de 1978.



Festa de São Sebastião Padroeiro da cidade “Após tirar muitas fotografias, nenhuma ficou boa! Queimou todas e acabei ficando com essa, umas das melhores daquele dia, para ficar de lembrança e não ficar tanto no prejuízo. Lembro que o fotógrafo me mostrou o filme todo preto. Funcionava assim, primeiro a pessoa pagava e depois tirava a fotografia, os fotógrafos davam um recibo para retirar depois, boa ou ruim. Se a fotografia não ficasse boa, a pessoa pagava para tirar outra novamente, ficava com a queimada ou sem a fotografia.” Manoel Joaquim Ribeiro

Fotografia tirada por Rodrigues em Brumado - BA, no dia 20 de Janeiro de 1974.


“Fui em uma Romaria que saiu de Jundiaí e comprei esse monóculo como lembrança desse dia.” Manoel Joaquim Ribeiro

Fotografia tirada em Aparecida do Norte-SP, no ano de 1973. Acervo pessoal de Ana Caires Ribeiro e Manoel Joaquim Ribeiro



Fotografia tirada em Jundiaí-SP,no ano de 1973.

“Essa fotografia, foi a primeira vez que eu vim para São Paulo.”

Manoel Joaquim Ribeiro


Festa de Nossa Senhora do Livramento Padroeira da cidade.

Fotografia tirada em Nossa Senhora do Livramento padroeira da cidade, no dia 15 de agosto.


“Na década de 70 era muito fácil encontrar um fotógrafo na rua, eles tinham mui-

tos serviços, pois a câmera fotográfica e a revelação era muito cara, então, as pessoas preferiam pagar o fotógrafo para tirar uma fotografia. Eu sinto muita falta dessas fotografias onde a gente pode tocar e apreciar, não gosto de depender de um computador para poder ver as fotografias digitais de hoje em dia. Eu tenho um albúm de fotografias de pelo menos os 6 primeiros aniversários do meu neto mais velho, Matheus, que hoje tem 13 anos. Já a neta mais nova, Giovana, de 1 ano, eu não tenho fotografia nem se quer impressa em uma folha de sulfite! É tudo no celular, computador, pen drive ou CD.” Fátima Maria Leonor de Oliveira, 62 anos.

“Essa é minha filha Regiane Alves de Oliveira. Ela tinha uns 3 anos mais ou menos. Muitos fotógrafos passavam na rua com uma ovelha colorida e seu banquinho para cativar as crianças a tirar fotografias.” Fátima Oliveira Fotografia tirada no mês de Junho de 1973. Acervo pessoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.



“Esse é meu marido Ruy Alves de

Oliveira, ele era taxista na época e trabalhava

com esse Opala vermelho.” Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Na época as pessoas procuravam um cenário mais legal para a fotografia, até mesmo os carros modernos da época.” Fátima Olveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Essa é minha filha Regiane ela tinha em média 2 anos e poucos.” Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Esse é meu cunhado Ezequiel, na época o meu sogro Álvaro sortudo ganhou um bom dinheiro na loteria e deu um carro para cada filho dele! Esse foi o que o Ezequiel ganhou e tirou a fotografia para não esquecer do seu presente.“ Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.




“Essa fotografia é muito especial pra mim, o meu segundo filho tinha acabado de nascer, o Ruy Junior, ele estava com uns 45 dias mais ou menos. E a Regiane que meu marido está segurando.” Fátima Oliveira


Essa é minha sobrinha Márcia, a mãe dela Sônia quem me deu esse monóculo para guardar de recordação. Ela tinha dois anos mais ou menos. Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1973. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


Na época em que os monóculos eram populares, fotografar crianças era comum, para guardar a recordação da infância.

Essa é minha sobrinha Elaine, ela tinha mais ou menos 1 ano. Eu ganhei esse monóculo da minha ex-cunhada, Sônia, mãe da Elaine, de recordação. Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1970. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Minha sobrinha Elaine com quase 3 anos mais ou menos, e a minha filha Regiane com 1 ano e poucos.” Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Esses são meus filhos, Regiane e Ruy Junior, na primeira festa Junina da escola da Regiane. O Ruy não estudava na mesma escola, mas foi na festa só para ser o par dela.”

Fátima Oliveira

Fotografia tirada em São Paulo - SP, São Miguel Paulista Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.



“O meu sogro Álvaro, era dono deste bar em Guarulhos - SP, que aparece na fotografia. E ele tinha um cliente que era fotógrafo de monóculos, então quando íamos visitá-lo, ele chamava o fotógrafo para nos fotografar, e para fazer a revelação demorava uma semana ou até 15 dias, pois lá não tinha laborátorio, ele levava para longe para revelar. E assim foi feito a maioria dos meus monóculos. Nesta fotografia, está o meu sogro Álvaro com a minha filha Regiane no colo, minha ex-cunhada Sônia, minha sogra Iracema, eu, minha sobrinha Elaine, meu marido Ruy, e meus dois cunhados Márcio e Ezequiel.” Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.


“Nesta fotografia está a minha irmã Cleide com a minha filha Regiane no colo, eu com o meu filho Ruy no colo, a minha sogra Iracema, o meu sogro Álvaro, meu cunhado Ezequiel, minha tia Irene e seus filhos. Foi tirado também em Guarulhos, com o amigo fotógrafo do meu sogro.” Fátima Oliveira

Fotografia tirada em Guarulhos - SP, Jardim São João, em 1972. Acervo pesssoal de Fátima Maria Leonor de Oliveira.




2. TÉCNICA Entrevistas com fotógrafos da época para um melhor conhecimento sobre a técnica dos monóculos fotográficos na época.


Entrevista em Aparecida-SP com o fotógrafo Colombano Ligeira, de 52 anos Meu nome é Colombano sou fotógrafo a 22 anos, eu trabalhava em um laboratório aqui na Aparecida que a gente mexia só com binóculo, aliás, é monóculo, né? O monóculo era o seguinte, era um filme de cromo, tinha aparelhinho colorido, e ali tinha dois banhos do revelador e o fixador, você pegava o filme no quarto escuro colocava no magazine e deixava no revelador. Quando o banho era novo, deixava uns 20 minutos mais ou menos, depois você lavava e depois colocava no fixador, e em questão de 1 hora, 1 hora e 15 saía o “binóculo”. Na época vou falar para vocês, o binóculo, a gente batia num domingo bom, mais ou menos uns 300 mil binóculos ao todo aqui na Aparecida. Era mais fim de semana, inclusive nós trabalhávamos aqui também nos hotéis, tinha estúdio dentro dos hotéis e a gente batia fotografia lá também, isso foi mais ou menos uns 20 anos. Depois que veio a digital, “minguou” de uma vez mesmo, nem mais a “casquinha” do binóculo você acha para comprar por aqui. Para conseguirmos o material tinha uma loja chamado “Santal Turvo” aqui, que vendia para a gente, e também íamos buscar em São Paulo, a gente comprava em grande quantidade, porque em São Paulo era mais barato e tinha o revendedor que trazia. Eu comecei a ser fotógrafo de monóculos de pai para filho, porque era quase o mesmo processo da máquina lambe-lambe, que aprendi também com o meu pai. Paramos de fazer porque ninguém queria mais tirar a fotografia, minguou mesmo hoje só a digital, e olha lá. O filme era muito mais caro, mas um rapaz chamado Romeiro já vinha para a Aparecida para tirar muitas fotografias, gostava muito de tirar foto, e aqui tinha muito atrativo também, inclusive, tinha um atrativo que era um painel que tinha a Basílica Nova e um avião, então, a pessoa entrava lá por dentro e colocava o braço e dando tchauzinho e nós fotografávamos. Tinha muito atrativo aqui, que ajudava a incentivar a tirar fotografia. Era mais como lembrança mesmo, e a gente escrevia na foto “Lembrança de Nossa Senhora Aparecida”. Sabe nessa época as máquinas eram muito caras, não era qualquer uma, hoje, se for analisar bem, aqui vem mais máquina e telefone com as pessoas que tira mais fotografias do que gente, tem pessoas que vem aqui com dois celulares e mais a máquina fotográfica. Depois que saiu os smartphones, que fotografa e filma também em HD, hoje já está ficando raro para a gente tirar fotos aqui. Sempre estamos acompanhando a tecnologia, inclusive até depois que foi acabando o monóculo, trabalhávamos com o filme mesmo, o de trinta e seis poses, tinha um rapaz chamado Santana que revelava para a gente aqui. Depois surgiu a polaroid, mas só que a polaroid era uma fotografia na minha opinião, um pouco feia, uma fotografia que ficava meio apagada, o pessoal preferia mesmo o cartão postal, mas depois que o Santana montou o laboratório aqui, as fotografias eram espetaculares, fotografia profissional mesmo. Ele revelou mais de vinte anos para nós aqui. Continuamos ainda com um bom resultado com a digital. Nós temos os cavalinhos que cativam para tirar a foto, são muitas promessas também, o pessoal vem cumprir aqui em Aparecida e querem tirar no painel da Nossa Senhora Aparecida, eles encostam no painel e nós batemos a fotografia, e eles ainda gostam de tirar fotografias da basílica velha.


Mesmo tendo como tirar uma boa foto com os celulares, algumas pessoas ainda fazem questão de tirar fotos com a gente, pois é uma tradição. Vem as famílias hospedadas em hotel, e falam: “Vamos juntar a família para tirar uma foto com o fotógrafo aqui” aliás, eles nem precisam, querem tirar por vontade própria mesmo, uma que ajuda a gente e outra porque levam uma lembrança também. Hoje temos uma impressora para facilitar, que faz a fotografia em um minuto, você pega o chip da máquina coloca no computador e a fotografia sai com um minuto. A sorte também é que nos anos 70 ou 74 mais ou menos, aqui éramos em 123 fotógrafos, hoje estamos em 18. Muitos se aposentaram, outros já faleceram, por que se fosse hoje os 123 fotógrafos nessa praça aqui ninguém comeria mais, eu acho que iria desistir dessa profissão, mas muitos já desistiram, mudaram de ramo, foram para alguma loja ou partiu para uma banca lá na feira. Então, só sobrou nós que estamos aqui hoje mesmo. Na época era assim, por exemplo, a gente chegava aqui 5h da manhã, tinha a primeira revelação que iria entregar as 9h da manhã, a próxima revelação iria entregar as 11h da manhã, depois tinha a última revelação as 2h da tarde. Não adiantava mais, por que era só gasto com o filme, por que se fosse bater dez fotos não compensava por causa do gasto da química e com o filme, não compensava mesmo. Quando você iria cortar perdia três poses e quando colocava o filme na máquina perdia mais três poses, perdia seis poses, o filme era 36 poses, então, não compensava, pois, o filme era caro. Se fosse para fazer duas fotos, tinha que colocar o filme e perdia três poses, para cortar perdia mais três poses e depois colocar, acabava ficando só para o outro dia. Que eu saiba os binóculos não podiam ser produzidos com outro tipo de filme, tinha que ser o filme de cromo mesmo. Por que até as fotografias de casamentos antigamente eram através de filme cromo, as fotografias profissionais eram produzidas de cromo, um ou outro fotógrafo que trabalhava com filme mais barato, que não era de cromo, por que você via a revelação assim no processo. A gente sempre trabalhou mais ou menos com a câmera profissional, não era de última geração, mas a gente usava o filme aqui de 100 ASA, e a gente fotografava no filme de 100 ASA, em um dia de sol quente a gente batia 125 por 11, no caso do tempo nublado batia 60 por 856, nessa faixa mais ou menos. As fotos eram espetaculares, até mesmo eu cheguei a trabalhar com filme 120 também, que a foto era feita no ampliador, só que a fotografia era em preto e branco, não era colorida, o colorido aqui começou nos anos 82, 83 mais ou menos.


Tinha um rapaz que trabalhava no laboratório aqui que revelava para a gente. Alguns fotógrafos faziam questão de fazer o serviço caprichado, já outros, meio que não estavam se importando muito, batia a fotografia de qualquer jeito, como se fossem na digital, mas naquela época tinha jeito de corrigir, por exemplo, se um banho tivesse cansado ele tinha que dá mais um tempo, se desse menos tempo, saía uma fotografia meio aguada, e quando o banho era novo, saía espetacular o monóculo. Na semana até que trabalhávamos com o banho meio velho, mas no sábado e domingo tinha que trocar o banho, senão perdia muito tempo, para fazer o monóculo, ao invés de gastar mais ou menos uma hora para revelar você gastaria 1h e 40, quase duas horas. Então, tinha o filme você cortava colocava na tampinha depois encaixava no binóculo. O binóculo vinha tudo de São Paulo, tudo encomendado, tudo de primeira, mesmo.

Colombano Ligeira 52 anos Aparecida, SP.


Entrevista em Aparecida-SP com o fotógrafo José Cláudio, de 75 anos Meu nome é José Cláudio, sou fotógrafo a 40 anos. Hoje em dia, depois de tantos anos como fotógrafo, é meio difícil para mim lembrar de todos os meus trabalhos, por conta que vai modernizando as coisas, vão mudando a cada dia. Primeiro trabalhávamos com o lambe-lambe, segundo os “binóculos”, depois passou para polaroid que era mais fácil de revelar e depois passou para digital que é até hoje. Tinha que pegar a “tabelinha”, o revelador, e revelar, depois passar para o fixador para fixar, depois tinha que dar as cores. A venda dos binóculos na década de 70 era barata, 5 reais mais ou menos. Então, na época o que era mais vendido era o “binóclinho”, até hoje ele é procurado, mas não fabricam mais o material. Hoje a fotografia digital está no lugar dele, mas muitas pessoas preferem a fotografia de monóculo ou revelada, do que a digital. Por isso, não deixam de fotografar com a gente. O filme para revelação de fotografia era um, dos binóculos era o cromo, depois de bater a fotografia, demorava uma hora para revelar e ficar pronto. Eu aprendi a revelar sozinho, ficava estudando como os outros fotógrafos faziam e depois fazia o mesmo o processo. Hoje em dia não vendo com a mesma intensidade dessa época, por que a grande maioria das pessoas tem celular, máquina digital. Alguns procuram o “binóclinho” e não tem, aí eu vendo conforme eles aceitam a digital, normal de agora. José Cláudio 75 anos Aparecida-SP


Entrevista em Aparecida-SP com o fotógrafo Pedro Manoel Freire, de 72 anos Minha carreira começou quando eu era menino, comecei na ladeira por que nós trabalhávamos em São Benedito, éramos em 125 fotógrafos, falecia um fotógrafo surgia outro, assim que começamos e hoje estou aqui na praça Graças a Deus. O monóculo é a maior maravilha para mim, a uns 20, 30 anos atrás, mais ou menos, nós trabalhávamos aqui na praça inteira, a maior parte que vendíamos eram os monóculos. Eu bati muita fotografia em monóculo e o lambe-lambe também, que era muito popular igual o binóculo. E o “binóclinho” nós, eu e meus companheiros fotógrafos, trabalhávamos em Iguapé, Trindade, Aparecida de São Manuel. Enfim, muitas cidades por fora. No processo para produção dos “binóclinhos” a gente batia 36 fotos, para poder começar a fazer a revelação, depois que batia as fotos a gente pegava a “cuinha” dava o banho branco, banho preto, banho vermelho, e ia passando até terminar o serviço, depois só entregar para o freguês, cortava as fotografias colocava no suporte colorido e entregava para o “povão”, muita gente mesmo. O valor naquele tempo era 5 reais por monóculo. O binóculo caiu, por que pararam de fabricar para nós, era para ter até hoje se fabricassem, por que dava muito dinheiro. Então, parou a fabricação, acabou do nada. Conforme o tempo vai passando, vai mudando o estilo, o lambe-lambe dava muito dinheiro, mas vai mudando o estilo de máquina e de fotografia. Hoje estamos com essas maquinas digitais, já trabalhamos com polaroid, com a stack, fazia a fotografia na hora, em dois minutinhos. A gente batia, revelava na hora e entregava para o freguês, cobrava uns 10 reais cada fotografia, a coisa mais linda do mundo. Agora infelizmente acabou. Agora procura essas máquinas que são muito boas, faz uma fotografia especial.


Mas o serviço nosso caiu muito, por causa, que vamos dizer... Todo mundo tem um celular, e o celular é uma máquina (câmera) também, usa como telefone e faz muitas fotografias também, isso atrapalhou bastante o nosso serviço. Hoje em dia ainda trabalhamos bem. Hoje batemos umas 80 fotos mais ou menos até agora, e até o final vou bater mais umas 50, por aí. Antigamente era muito mais, por que antigamente no lambe-lambe a gente batia uma meia dúzia, agora é um retrato só, um para um, um para outro. Hoje dá poucas fotos, agora, antigamente não. Aqui tinha uns oito caminhões de romaria, então era quatro, cinco dúzias de fotos. Isso tudo levantava a nossa vida, mas agora não. Agora eu pergunto quantas fotografias o freguês vai querer, e eles respondem: “Ah, bate uma foto só, está muito bom”. Mas gente lutando, lutando com a Nossa Senhora, a gente vence. A câmera não era tão cara, a gente tinha uma maquininha, a Yashica, pequenininha. Não era tão cara, cada um de nós fotógrafos que trabalhavam com binóculos, tinha duas, três máquinas pequenininhas. Até hoje tenho em casa guardada, por que não tem serventia mais, mas pelo menos tenho guardada de recordação, pelo tempo que nós trabalhamos. Naquele tempo, consegui construir a minha casa, graças a Deus, tudo deu certo, hoje não consigo fazer o que fazia antigamente, com o lambe-lambe e o binóculo. O filme era importado, ele vinha, os rapazes que traziam esse filme, era o Santana, o Pedro Bode, um senhor muito bom tinha um estúdio aqui na praça. O Santana faleceu, enfim nós trabalhamos muito com o binóclinho. João Souza, também trazia os filmes para nós, e também já faleceu, tem o Pereirinha também, que já faleceu. Aquele tempo antigo já foi quase todo mundo. A revelação era nossa mesmo, nos que fazíamos, a gente comprava e vinha o bandeirão para nós, tudo ensacado, tudo dentro do saquinho, depois pegava o saquinho para fixar, revelar, outro para dar o brilho, outro para clarear mais e assim vamos levando. Tinha o colorido, depois que terminava do colorido a gente entregava a fotografia para o freguês. Cortava o filme para depois começar a entregar as fotos, trabalhamos bastante em Iguape, Goiás, Trindade, Santa Rita. Demorava 1 hora para revelação, a gente batia e falava para o freguês: “agora só pega de tarde, ok”, batia 36 fotos mais ou menos, ou batia menos, e eles saiam tudo feliz da vida, a coisa mais linda do mundo. Trabalhei com o filme de negativo também, mas a gente trabalhava mesmo com o colorido que já vinha tudo pronto, vinha tudo lá dos Estados Unidos, era importado. O João de Souza que vendia para nós e comprava e fazia o banho e assim ia labutando com a vida, fazendo trabalhando, entregando para o freguês. O nosso lugar para revelar as fotografias, o nosso laboratório era em um quartinho escuro, fazíamos tudo ali. Pedro Joel Freire 72 anos



3. OLHAR Entrevistas com pessoas que tiveram contato com os monóculos na época em que eram populares, a fim de investigar as suas emoções.


Benedita Maria da Cruz 68 anos Naturalidade: Minas Gerais-BH Na minha época, o fotógrafo fazia a demonstração de como era feito o binóculo, muitos até mesmo chegavam a fotografar sem compromisso, e se o freguês gostasse, ele comprava e era isso que acontecia na maioria das vezes. O binóculo fez muito sucesso na época, por que era a nova tecnologia em fotografia do momento. As pessoas procuravam um lugar mais bonito para ser fotografado, eram tirados em praças e jardins nas ruas. A tecnologia de hoje em dia é boa, pois facilitam muitas coisas. Mas não gostaria que desaparecessem as fotografias reveladas e os binóclinhos. O binóclinho gera curiosidade nas pessoas, pois as pessoas deixam o que estão fazendo e prestam atenção apenas na fotografia do monóculo, fechando o outro olho. Hoje em dia quando observo uma dessas fotografias, tenho sensações de saudades. No monóculo, parece que as pessoas da fotografia estão mais perto de você, por que elas aparecem maiores. São lembranças que não voltam mais. O binóculo mais especial que tenho é de quando meu filho caçula tinha 6 meses, eu e meu marido tiramos uma fotografia de binóclinh junto com ele. Hoje meu filho tem 48 anos.




Fátima Maria Leonor de Oliveira 62 anos Naturalidade: São Paulo-SP

Os fotógrafos passavam de porta em porta oferecendo os binóculos. Na maioria das vezes eles traziam uma carrocinha com as ovelhas coloridas para cativar as crianças. Na minha região, a gente tirava as fotografias sempre em casa a gente escolhia um lugar mais bonito, como jardins. A tecnologia está cada dia mais avançada. Mas eu prefiro as fotografias de antigamente, de binóculos e reveladas. Nada melhor do que você folhear um álbum ou poder carregar a fotografia com você para qualquer lugar como o binóculo. Não precisa de computador, nem de pen drive para ver as suas fotos. Olha eu particularmente sempre prefiro as fotografias reveladas. Mas era mais cômodo eles tiravam e entregava prontas. Naquele tempo não tinha muita opção, por que a revelação era cara. Hoje observando os binóclinhos, essas fotografias antigas, eu sinto muitas saudades, adoro lembrar dos meus filhos pequenos. Para mim todas essas fotografias são especiais. Mas eu gostaria de voltar em uma fotografia que tinha uma porção de pessoas, todos familiares. Onde estava a minha sogra e meu sogro que era muito especial para mim. E hoje, Infelizmente não está mais entre nós.


Sila Emília Magoni 68 anos Naturalidade: São Paulo-SP “Geralmente, essas fotografias, nós tirávamos na escola, tirava a turma toda de professores e depois a professora com aluno, e aí a mãe que queria comprar, comprava. Os professores geralmente ganhavam de brinde que eles davam, era dessa forma, as que eu tenho era por intermédio da escola. Eles chegavam de surpresa, escolhiam um lugar no recreio, colocavam uma bandeira atrás na parede, a criança ficava sentada em uma mesinha, o professor do lado e tirava a foto, e aí quem quisesse comprar, comprava. Inclusive, eu gostei de ampliar uma fotografia que eu tirei com um aluno, eu ampliei bem grande, só que ela ficou um pouco assim, sem colorido, devido a ampliação ser grande, mas eu tenho ela até hoje. A minha máquina é uma máquina antiga de fotografia, até o professor fala para mim não trazer, por que ele brinca com as minhas colegas falando que é “xexelenta”, a minha Canon, ela tira fotografias maravilhosas, então eu não aderi a essa digital, uso essa Canon analógica e mando revelar 13x18, fica uma beleza. Eu tiro várias fotografias com ela por aí, até quando eu peço para alguém tirar para mim, quando eu viajo, elas olham, falam: “Você tem ainda essa máquina?”. Ela é pequenininha já tenho a dez anos, aí eles põem de longe, aí eu falei você tem que pôr bem perto dos olhos para poder ver, não é como a digital que você põe longe distante.Eu ainda gosto de revelar no papel. Prefiro no papel. A sensação que tenho hoje em dia ao observar um binóculo é de nostalgia, saudade são coisas do passado e eu dou muito valor a coisas do passado, gosto de recordar, o meu signo é de recordar o passado, dou muito valor. Meu signo é de “caranguejo”, ele anda para trás, então eu dou muito valor e minha memória é muito boa, quando eu vou na casa do meu irmão que eu conto as histórias, que ele teve quatro filhos, então eles brincam: “Bom, a gente não lembra disso pode ser até mentira”, “Nossa! Nós fizemos isso e aquilo mesmo?” Eu falo: “É isso mesmo”. Eu guardo todas as fotografias, dou muito valor as coisas assim do passado. Às vezes me faz lembrar quando eu era criança meu pai tirou uma fotografia eu e meu irmão no Trianon lá perto do Masp, tinha já esse jardim, então eu sentei num canteirinho eu e meu irmão, eu devia de ter uns três anos e meu irmão uns cinco, ai passando um tempo eu já era maiorzinha eu tinha cinco anos e ele sete anos, meu pai tirou no mesmo local. Então, eu tenho essa fotografia muito especial e tenho no álbum. Eu tenho um álbum de fotografias e alguns monóculos, desde quando minha mãe tinha quatro anos, estava numa caixa, então meu irmão comprou um álbum grande e nós fizemos toda aquela seleção desde de quando minha mãe tinha quatros anos, quando ela ficou mocinha, conheceu meu pai, casou, então nós fizemos sabe, era tantas fotos que depois comprei outro álbum e continuei, mas hoje não faço mais, ocupa muito espaço. Antigamente eu colocava as fotos em álbum, mas fica aquele volume naquele. Quando eu quero ver e só pegar e olhar.”




Marcílio Bonaldo 63 anos Naturalidade: Dois Córregos-SP “Eu achei em casa alguns binóculos que são do meu tio, ele é da Bahia, tem uma lá que ele está com a roupa do exército, ele serviu o exército, e uma outra que ele está no treinamento que está com uma arma na mão, eu até achei interessante, por que nunca tinha visto. Minha esposa falou que achava que tínhamos alguns binóculos, e ela achou essas três que são do meu tio e fora isso eu tinha umas que eu me lembro, das minhas crianças que a gente tirou algumas fotografias. A gente ia em lugar assim e estava sem máquina e naquele tempo quando minhas crianças eram pequenas a gente não andava com uma máquina a tira colo, então aparecia esse pessoal para tirar uma fotografia e vender depois, na praia por exemplo, na praia você está sem máquina, então, aparece um fotógrafo para tirar uma foto, e você tira da sua criança, ele passa vendendo como não era muito caro, eu acabava comprando e guardando. Essas fotografias são que você guardou de um momento especial, por que não tinha como você tirar uma outra foto diferente, eu prefiro claro fotografias que a gente possa apreciar, não gosto dessas fotografias digitais, que tira um monte e coloca tudo no computador. Hoje eu pego as melhores e revelo, coloco no álbum e monto um álbum, eu acho bem diferente, é até mesmo cansativo olhar aquelas fotografias no computador, é diferente ver em um álbum fotográfico ou em um monóculo, com a pessoa que está do lado explicando que lugares, pessoas e ocasiões. Então, eu normalmente faço isso.”


Maria Lúcia de Carvalho Marques 62 anos Naturalidade: São Paulo-SP “Os binóclinhos que eu tenho são de duas situações, uma situação foi no meu aniversário em casa, quer dizer era uma pessoa informal, um amigo que fotografou e me presenteou, e o que eu tenho também como referência são as fotos que eram feitas em escola. Na escola os fotógrafos tiravam a foto e depois ofereciam, como fazem até hoje, mandavam para casa para os pais ver e decidir se vai comprar. Todo mundo queria uma lembrança da escola. É monóculo que vocês chamam? A gente chama de “binóclinho”. Eu particularmente prefiro fotografias reveladas, não gosto de ficar no computador, eu quero a de papel, eu quero ali! Passar a mão, ver, voltar para trás, mostrar para todo mundo e comentar. No computador fica limitado e até no binóculo também, você pega um olha, outro e olha e alguém comenta, onde está a foto? Aí precisa ficar procurando, eu prefiro a de papel, para mim ainda é a melhor. Eu pelo menos não tenho muito desse saudosismo, gosto muito de ver as fotos do passado, agora com o passar dos anos acho que a gente vai ficando até mais saudosista, mas é de ver foto de pai, mãe de família, ah! Que legal! Mas não que eu gostaria de voltar no tempo. Essa de 15 anos é tudo o que eu tenho, na época ninguém se preocupou em tirar mais fotografias e essa pessoa fotografou e depois veio me trazer de presente, era pai de um amigo, mas eles eram muito amigos de casa, então foi uma surpresa, se não, não teria nada dos meus 15 anos, que foi feito na garagem de casa ainda, é bem gostoso de ver como era a roupa, carinha das pessoas. Por exemplo, essa dos meus 15 anos, tem amigas que eu tenho até hoje, quando achei aqui e essa que eu tenho da escola eu pus o celular e fotografei lá dentro e passei, olha que belezinha, isso era de um binóclinho, e essa de 15 anos, também fotografei algumas e mostrei para o pessoal, procure e olhe, para cada um se achar na fotografia e realmente tenho muita gente de lá, amigas, que são amigas até hoje, então foi divertido. Eu tenho também uma das meninas no circo, as meninas estavam do lado do pai, então ele tirou a fotografia e depois vem mais para o final da sessão e ofereceu o binóclinho, e a você olha e fala, olha que lindo que está, não vou deixar aqui.”




Pelo avanço tecnológico, os monóculos são objetos de um passado recente que não volta mais, se compararmos aos tipos de fotografias de hoje em dia. Porém, revive-los trás uma certa nostalgia de tempos agradáveis. Foi gratificante cultivar essa ideia de monóculos fotográficos. Reviver o tempo revelados nas imagens que estes aparelhos trouxeram fez com que as Sras. Maria Benedita, Fátima Maria, Sila Emília, Ana Caires Ribeiro, Maria Lúcia e os Srs. Marcílio Bonaldo e Manoel Joaquim Ribeiro, estampassem em seus sorrisos memórias agradáveis de um tempo que não volta mais.



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.