E SE FOSSE
SUSTENTAVEL? uma analise critico-propositiva do empreendimento Greenville
trabalho final de graduação apresentado ao curso de arquitetura e urbanismo da universidade federal da bahia como requisito à obtenção do título de arquiteta e urbanista • abril 2017 autora: Beatriz Kauark Fontes • Orientador: Mauricio Chagas • coorientadora: ana fernandes 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA 2016.2
“LAS UTOPIAS SON REALIDADES FUTURAS.” ERNESTO SABATO.
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CARTA DE AGRADECIMENTO Há muito sobre o que agradecer, e para quem agradecer, só tenho a dizer que nesses últimos anos tive a sorte de me cercar de lindas pessoas. Acredito que cada pessoa que passou por minha vida, deixou uma marquinha que contribuiu para este momento. Este trabalho não é apenas uma conclusão de curso mas também um encerramento de ciclo. Primeiramente, gostaria de agradecer a Maurício e Ana por aceitarem ser meus orientadores e embarcar nesta aventura comigo. Obrigada a Maurício por me acompanhar e me inspirar desde 2011, e a Ana pelo voto de confiança e vastos conhecimentos. Obrigada a Quildo, Peu, Mai, Jel, Rafibhia, Nicholas pelas altas risadas e companhia. Obrigaa a seu Flô, Rudolf e Melzinha por todos os ensinamentos nesses dois últimos anos na Ffa. Obrigada a Tia Vinha por todo o carinho, atenção e conselhos arquitetônicos. Obrigada a Tia Bela, Tio Mansur, Tia Cicely e Tio Cesar por me acolherem em suas casas e me receberem de coração aberto quando cheguei em Salvador. Obrigada a Da Ró, por estar sempre comigo pro que der e vier, e est;a sempre ao meu lado seja para fazer um dengo ou dar um puxão de orelha.
Obrigada a Branquita pela companhia, paciência e carinho sempre (principalmente nesses últimos dias). Uma surpresinha que a vida pós de novo em meu caminho. Um obrigadão bem especial a Gebilina, Sonita e Xuqinha, três presentes que está faculdade me trouxe e que já não sai mais do coração por nada! Obrigada pelas risadas, pirraças , apoios e carinhos. Não seria a mesma sem vocês. Agora, um grande obrigado a minhas irmãs (quase cópias) e a cunha, meu agregado favorito, que estão sempre comigo , aturando minhas bangunças, dramas e confusões. Por último, mas nem um pouco menos importante (pelo contrário), obrigada a meus pais. Obrigada a meu pai por sempre me ensinar a importância dos estudos e nunca medir esforços para nossa educação. A minha mãe, meu exemplo de mãe, mulher e profissional que sempre me inspirou toda a minha vida e me inspira até hoje, um muito obrigada. Muito obrigada por me mostrar a arquitetura e me fazer encantar por ela. Espero um dia ser metade da pessoa que você foi. Te amo.
Com Carinho, Bia
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1 06
INTRODUção OBJETIVO DO TRABALHO
Í INDICE
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E SE FOSSE SUSTENTáVEL? DIRETRIZES DE PROJETO PROGRAMA ESTUDO DE MASSAS PROPOSTA
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ESTUDOS DE CASOs BEDZED VAUBAN GARE DE RUNGIS GREENVILLE
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SUSTENTABILIDADE
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CONTEXTO CONCEITO E SIGNIFICADO CETICISMO
SUSTENTABILIDADE URBANA POR QUE A SUSTENTABILIDADE URBANA? COMO INCORPORá-LA AO URBANISMO? CONCEITO, PRíNCIPIOS E DIRETRIZES
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CONCLUSÃO E BIBLIOGRAFIA CONSIDERAÇÕES FINAIS SITES LIVROS TEXTOS ARTIGOS
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BAIRRO DO VALE ENCANTADO DESENHO URBANO CORTES PERSPECTIVAS
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1INTRO~ DUCAO No mundo de hoje um dos termos que mais se ouve falar é sustentabilidade. É um discurso que está presente em quase todos os ramos, usado para caracterizar todo tipo de bem, tornando-se algo usual, comum. O que seria muito bom se o uso inadequado do termo não tivesse gerado descrença em relação a este. O termo sustentabilidade e desenvolvimento sustentável surgiu como uma solução a crise sócio ambiental que o mundo vivia na segunda metade dos anos noventa, e hoje é tratado mais como uma mercadoria e uma jogada de marketing para agregar valor a um produto, do que realmente como uma ferramenta para preservar nosso planeta. Infelizmente na área da arquitetura e do urbanismo não é diferente. Apesar de já existirem diversos exemplos bem-sucedidos de como aplicar a sustentabilidade
tanto na arquitetura como no urbanismo, a apropriação do termo, apenas como uma propaganda para impulsionar a venda de imóveis e empreendimentos sem realmente adotá-la é ainda bastante comum. Este trabalho, então, vem com o intuito de criticar esta apropriação inadequada do termo sustentabilidade pelo mercado imobiliário, através do estudo de caso do empreendimento Greenville considerado aqui como exemplo de “greenwashing”, e levanta o questionamento, e se realmente o bairro fosse projetado sustentavelmente, como seria? Busca-se aqui entender mais a fundo o conceito e as discussões geradas por este tema, além de responder a questionamentos pessoais da autora de: como surgiu a sustentabilidade? O que ela representa? E como podemos transportá-la para o meio urbano?
De baixo para cima: Charge urbana, por Claudius; Calvin e Haroldo, por Bill Warterson; Mafalda, por Quino
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2 SUSTentAB
Contexto
Segundo Leornardo Boff, o conceito de desenvolvimento sustentável foi usado pela primeira vez na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1979. Porém este termo possui uma pré-história de quase três séculos. O mundo já vinha sendo explorado de forma insustentável desde a época em que as potências coloniais desmatavam suas colônias para abastecer sua produção industrial, e em 1713, Hans Carl von Carlowitz já observa a escassez do mundo e remetia a uma administração sustentável como resposta. Entretanto somente a partir de 1950, com o fim dos conflitos mundiais da primeira metade do século XX, que o conceito de sustentabilidade se desenvolve. É neste período que diversos avanços tecnológicos ocorrem, provocando mudanças drásticas essenciais na maneira como a humanidade enxerga o planeta. Em 1957, é lançado à atmosfera o primeiro satélite artificial, que permite entender pela primeira vez toda a magnitude e totalidade do planeta Terra. Para Rogers, 1997, este lançamento marca o começo de uma nova consciência global em que o mundo vê a beleza da nossa atmosfera, mas também passa a enxergar sua fragilidade. O lançamento do satélite traz, além de imagens da situação em que estava o planeta, dados que confirmam as manchas de poluição e desmatamento causados por uma incessante exploração dos recursos naturais. Recursos estes finitos. O mundo, aqui, também se torna cada vez mais globalizado com os avanços dos serviços de comunicação e meios de
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transporte. “A globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista... Com essa grande mudança na história, nos tornamos capazes, seja onde for, de ter conhecimento do que acontece com o outro. Nunca houve antes essa possibilidade de ter em mãos o conhecimento instantâneo do acontecer do outro, oferecida pela técnica à nossa geração. Essa é a grande novidade, chamada de unicidade do tempo ou “convergência dos momentos.” (Milton Santos, 2001, Por uma outra globalização.) Portanto o que, até o presente momento era de preocupação e conhecimento dos cientistas e estudiosos, com a revolução técnico-científica que o mundo vivia, torna-se conhecimento público. Não só as questões ambientais como toda a condição de vida do planeta se torna pública. Os conflitos armados, as condições precárias resultantes da revolução industrial e exploração colonial, as discriminações sociais e raciais, são expostos. Todos esses avanços e conhecimentos se dão no período logo após os ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki, onde o mundo vivia em estado de bipolarização e alerta devido a Guerra fria. A consciência de que não só os recursos, mas também o mundo é finito nunca foi tão presente. É neste contexto que surge a contracultura, diversos movimentos sociais, criticando o modelo de vida do planeta, e entre estes movimentos está o ambiental. O período não poderia ser mais apropriado para estas discussões e reflexões, e pouco a
pouco o debate sobre as questões ambientais e sociais foram se acentuando culminando nas Grandes Conferências mundiais. É, então, como resposta, a escassez mundial, falta de qualidade de vida, avanços tecnológicos e conscientização social que surge a sustentabilidade.
BILIDADE “
Uma vez que você esteve no espaço, você percebe como a Terra é pequena e frágil. Valentina Tereshkova primeira mulher a ir ao espaço.
Fonte: https://www.nasa.gov/multimedia/imagegallery/iotd.html.
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Conceito Como visto anteriormente a situação ambiental do planeta já vinha sendo discutida desde os anos 70, se tornando parte de programas e ações governamentais por todo o mundo. Contudo desponta em escala global apenas em 1972 com a Conferência Internacional para o Meio Ambiente Humano da Organização das Nações Unidas, em Estocolmo. Tendo como pauta a vulnerabilidade de nosso planeta, de seus ecossistemas e recursos naturais, traz a problemática “homem x natureza” e conecta os problemas ambientais com o crescimento urbano e populacional, além de questionar a exploração de nossos recursos. A Conferência de Estocolmo, representa o pontapé inicial para as discussões ambientais e o desenvolvimento do conceito de sustentabilidade. A partir desta, diversos programas e estudos foram realizados. Entretanto, foi apenas em 1987, através do Relatório Brundtland, que veio a tona a primeira noção de sustentabilidade. Conceito ainda hoje considerado o mais difundido, traz pela primeira vez em conjunto a eficiência econômica, o bem-estar social e o manejo ambiental. O relatório Bruntland (ou Nosso Futuro comum, como também é conhecido) afirma: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras também atenderem as suas.” RELATÓRIO NOSSO FUTURO COMUM, 1987
Ou seja, para ser sustentável o desenvolvimento deve ocorrer de tal maneira que não haja mais a exploração predatória dos recursos naturais, que haja o entendimento de que o planeta e seus recursos são finitos e que não são de direito apenas da geração presente, mas de todas as outras que estão por vir.
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O relatório foca em questões sociais, trazendo a pobreza não só como uma questão social, mas também como uma questão ambiental. A pobreza está diretamente relacionada com o ambiente em que o ser humano está inserido, ela é trazida como um dos fatores contribuintes para a degradação ambiental e passível de ser evitada. Para solucioná-la, o relatório defende que o principal foco da humanidade deve ser o suprimento das necessidades básicas e dos direitos humanos, especialmente nas cidades e aglomerações urbanas, por isso são também discutidas no relatório questões como o uso do solo sua ocupação e o ordenamento do crescimento urbano. Segundo ele, o grande problema está no desequilíbrio entre o número de pessoas habitando o mundo com a quantidade de recursos ambientais: há mais pessoas do que recursos. A comissão também deixa claro que para alcançar o desenvolvimento sustentável deve-se agir em escala local e pensar em escala global, e que a participação efetiva da sociedade na tomada de decisões, é essencial para o desenvolvimento urbano. O desenvolvimento sustentável é trazido como solução para os problemas do mundo, uma esperança diante da crise mundial. O relatório obteve sua consolidação somente em 1992 com a Agenda 21, na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92, onde o termo sustentabilidade e desenvolvimento sustentável foram extremamente difundidos. A partir deste momento a sustentabilidade passa a ser tema de diversas discussões. As lacunas presentes no relatório Brundtland e a forma genérica como o desenvolvimento sustentável é tratado gera diversas críticas e permite ao termo sustentabilidade diversas interpretações, dando margem para que este seja apropriado conforme for conveniente. O relatório anseia a proteção do meio ambiente, a eficiência
econômica e a justiça social, Idéias tão amplas que quando a sustentabilidade é discutida ou defendida por certos grupos e afins, tem seus aspectos mais convenientes enaltecidos ou defendida por certos grupos e afins, tem seus aspectos mais convenientes enaltecidos. Ambientalistas enaltecem a proteção ambiental; indústrias e o mercado consumidor em geral, o desenvolvimento e a eficiência econômica, e assim por diante. Além disso, de acordo com Corbella, 2012, o desenvolvimento sustentável para o relatório Brudtland busca estabelecer efetiva possibilidade de uma ordem social ecológica e democrática, sem que isso implique necessariamente na mudança do modelo econômico. Entretanto, uma ordem social ecológica e democrática parece incompatível com uma ordem de mercado que busca o lucro e a acumulação sem controle. Dilema este que, segundo o mesmo autor, origina-se da noção convencional de desenvolvimento onde o crescimento econômico e o nível de produção são os fatores que diferenciam um país desenvolvido de um país subdesenvolvido ou em desenvolvimento, não a qualidade de vida. O relatório peca ao tratar como principal causa dos problemas globais o excessivo crescimento urbano e a miséria nos países de terceiro mundo, aliviando a culpa dos países desenvolvidos com sua alta taxa de poluição e consumismo. “(...) Este relatório, Nosso Futuro Comum, não é uma previsão de decadência, pobreza e dificuldades ambientais cada vez maiores num mundo cada vez mais poluído e com recursos cada vez menores. Vemos, ao contrário, a possibilidade de em uma nova era de crescimento econômico que tem de se apoiar em práticas que conservem e expandam a base de recursos ambientais. E acreditamos, que tal crescimento é absolutamente essencial para mitigar a grande pobreza que se vem intensificando na maior parte do mundo em desenvolvimento.” RELATÓRIO N.F.C, 1987
Todos esses fatores tornam o conceito de desenvolvimento sustentável vulnerável, passível de ser manipulado e usado como uma mercadoria ou argumento de enaltecimento de empreendimentos duvidosos. Governos, mídias e principalmente o mercado passam a usá-lo a seu favor.. Cria-se uma onda de produtos e medidas sustentáveis que nem sempre correspondem de fato ao conjunto de práticas que a sustentabilidade pressupõe. A economia verde entra em vigor, uma economia que busca seguir as novas exigências ambientais ao mesmo tempo que aumenta a produtividade e a competitividade entre empresas. O meio ambiente passa a ser um produto a ser vendido, ser “verde” agrega valor à mercadoria uma vez que pressupõe uma responsabilidade ética por trás. Este fato faz com que empresas e indústrias adotem a sustentabilidade superficialmente e que se interessem mais em divulgar suas ações do que se comprometer com elas. É criado um marketing verde que é responsável por vender um produto mais ecologicamente
correto e trazer esta imagem para as empresas, mesmo que estas sejam no máximo ecologicamente melhores e não de fato ecologicamente corretas. De acordo com Redcli (2006), a sustentabilidade foi usada como um “sufixo” para qualquer coisa desejável. Sustentabilidade não exige apenas uma mudança no processo de fabricação ou usar um material que possa ser reciclado ou reaproveitado, é todo um novo processo de vida que deve estar presente em todas as etapas do produto (desde alimentos a moradia). É necessário um processo de análise profunda de todas as etapas para que estas sejam economicamente eficientes, socialmente justas sem que ocorra a degradação ambiental. Quando uma empresa ou indústria vende a ideia de ser sustentável, mas acaba por possuir ações contraditórias, passa não mais a ser um Marketing verde, e sim uma falsa propaganda ao consumidor, denominada Greenwashing. O greenwashing é o responsável pela grande descrença atual na sustentabilidade, uma consequência que prejudica as empresas em geral (aquelas que realmente buscam fazer a
diferença e as que não fazem) e principalmente a própria causa. A falsa propaganda faz com que consumidores se iludam ao achar que estão escolhendo produtos benéficos para o planeta, enquanto estão apenas comprando um produto normal ou até mesmo poluente. Empresas que praticam o greenwashing quando descobertas passam a ser malvistas pelos consumidores além de correrem o risco de responderem judicialmente por seus atos. De acordo com Martins (2011), os dados do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável apontam que 85% dos brasileiros não acreditam no discurso sustentável das empresas. O CONAR, Conselho Nacional de Autoregulação Publicitária, vem realizando medidas contra esse tipo de propaganda, mas ainda não são totalmente eficientes. Em 2011 ele adicionou ao Códi-go Brasileiro de Autoregulação Publicitária diversas regras detalhadas para a regulamentação da propaganda e a punição de empresas que utilizem a sustentabilidade em vão. Entretanto há ainda diversas empresas que praticam o greenwashing no brasil.
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SUSTENTABILIDADE X RESILIENCIA Com o número de catástrofes naturais aumentando cada vez mais, um outro termo bastante recorrente nos dias de hoje é resiliência, especialmente quando se refere a cidades. De acordo com o dicionário o termo resiliência se refere a capacidade de um sistema se recobrar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças, ou seja, levando ao pé da letra uma cidade resiliente é aquela que consegue se adaptar as adversidades que podem acomete-la. Entretanto o termo é mais abrangente que isto. As adversidades aqui tratadas não abrangem apenas as de âmbito ambiental, mas toda e qualquer tipo de adversidade, seja ela social, econômica, espacial ou ambiental. Uma cidade pode ser resiliente em relação a uma onda de violência que é acometida a esta, a um êxodo urbano, a uma falência econômica ou até mesmo a um desmoronamento de terras.
Uma cidade resiliente é aquela que está preparada para superar toda e qualquer desafio imposto a ela, independente do tempo que ela leve, seja 10, 100 ou 1000 anos. Segundo McGrath, resiliência é a ferramenta com que sistema urbanos podem alcançar a sustentabilidade. Sustentabilidade e resiliência estão intrinsecamente conectados. Se sustentabilidade é o objetivo então resiliência apresenta os mecanismos e as dimensões que os profissionais podem endereçar. Portanto, toda cidade sustentável deve ser resiliente, deve ter a capacidade de se adaptar, mas nem toda cidade resiliente é necessariamente sustentável. Uma cidade sustentável deve adotar princípios de preservação ambiental, justiça social e eficiência econômica, quando uma sociedade alcançar esses três princípios eficientemente ela não só se torna sustentável como também resiliente
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Freitas (2014) em seu texto “O marketing verde, algumas contradições do discurso ambiental”, cita algumas empresas julgadas pela Conar de apresentarem propagandas falsas ou que não é possível comprovar a veracidade das mesmas, como a Bombril, a Monsanto , a Nestlé e a Coca-cola. Na arquitetura e no urbanismo, além de todas as propagandas duvidosas, ainda há os questionáveis selos sustentáveis ou ecologicamente corretos que vêm surgindo no mercado. Este selos despontam com o intuito de classificar e certificar empreendimentos e edificações sustentáveis, no entanto são limitados e em geral abordam apenas questões ambientais da sustentabilidade, não levando em conta fatores sociais ou econômicos. De acordo com Sobreira (2009) uma outra crítica feita a esses selos é o fato de priorizarem novas tecnologias e produtos orientados pelo mercado e dar pouca ênfase ao projeto arquitetônico ou urbano. Não há uma análise da qualidade arquitetônica ou urbanística executada, apenas uma “receita de bolo” a ser seguida pelos profissionais da área que buscam a certificação, engessando o pensamento arquitetônico e não incentivando aqueles que pensam fora dos padrões. Sobreira ainda traz o exemplo da arquitetura de Lelé que, em muitos aspectos pode ser considerada sustentável, mas que não alcançaria de forma alguma a maior pontuação no selo Leed, por exemplo. Os selos e certificações são também produtos dessa onda “verde” que chega ao mercado, basta observar que em sua grande parte são ofertados por empresas com fins lucrativos. Contradições como essas tornam o caminho da sustentabilidade muito mais árduo, questionando sua execução na prática, tornandose quase utópica. De acordo com alguns autores sobre o assunto como Lima (1997), Sachs (1996) e Acserald (1999), sustentabilidade nada mais é do que uma noção, um conceito ainda em construção, uma vez que representa um conjunto de necessidades futuras desconhecidas e genéricas.
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Acserald (2001, p.81) ainda vai mais longe e afirma que é “sustentável hoje aquele conjunto de práticas portadoras da sustentabilidade no futuro”, algo que é inexistente, que ainda não se consegue compreender. Como suprir as necessidades do presente ou do futuro sem saber quais seriam elas? Sustentabilidade se torna então a utopia do século XXI, mas é uma utopia que busca respostas para o mundo de hoje e um caminho a ser seguido de grande importância. Os prós que o desenvolvimento sustentável proporciona são maiores que suas perdas, e é um processo de mudança necessário no mundo atual, especialmente no meio urbano.
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Greenwashing 1 Selo Aqua. HQE e Leed de construção Sustentável;
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2 Propaganda Nestlé faz bem; 3 Divulgação da Coca-cola sobre reaproveitamento de água;
4 Propaganda do empreendimeto Greenville, em Salvador.
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2
Impacto do Greenwashing no Brasil Apesar do Brasil está entre os países que menos sofrem greenwashing, atualmente, em nosso país, 8 a cada 10 bens de consumo são afetados por ele. Os bens de arquitetura e construção são a segunda categoria de produtos em que a falsa propaganda verde se faz mais presente.
30%
Cosmeticos e higiene Arq. e construcao
25%
Produtos de Limpeza
15%
Eletroeletronicos
13%
Brinquedos
10%
Materiais de escritorios e escolar
7%
Consumidores que acreditam em produtos e serviços socialmente responsáveis (%) 81%
80%
79%
78%
76% 72% 2009
2010
2011
2012
2013
2014
devido ao efeito do greenwashing: Em 5 anos, existem
5xmais
PRODUTOS COM APELO AMBIENTAL
22%
caiu
o número de empresas que ofertam produtos sustentáveis
13%menos de consumidores nao acreditam mais nas propagandas verdes.
Fonte: Market Analysis Inst.
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3 SUSTENTABILIDADE NO URBANISMO
Crianรงa em meio urbano em estado insustentรกvel. Rio de Janeiro.
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Fonte: Elle Canada Magazine
POR QUE SUSTENTABILIDADE URBANA? Richard Rogers, em seu livro Cidades para um pequeno planeta (1997, pg 13), afirma que a “sobrevivência da sociedade sempre dependeu da manutenção do equilíbrio entre as variáveis de população, recursos naturais e meio ambiente. O desleixo para com este princípio foi desastroso e as consequências, fatais para as antigas civilizações”. Em um mundo com mais de 50% da população mundial vivendo nos meios urbanos e um exôdo rural constante, as cidades são forçadas aos extremos, sofrendo uma intensa transformação, não se adequando as regras de expansão atuais, pecando na oferta de infraestrutura básica e na garantia dos direitos humanos. Nos países subdesenvolvidos as cidades enfrentam a miséria, um extremo processo de favelização, segregação, crescimento desordenado, destruição do meio ambiente e muitas vezes descaso dos gestores urbanos; enquanto que nos países desenvolvidos a urbanização é marcada pelo aumento de automóveis, expansão para os subúrbios, crescimento de estradas e desperdícios de recursos. O modelo americano de cidade dispersa é um dos que mais provoca o desmatamento, o aumento da demanda por consumo e energia, emissão de gases danosos e a produção excessiva de resíduos. Para Rogers, a urbanização é um dos principais responsáveis pela degradação do meio, pela pobreza e injustiças sociais em todo o mundo. No Brasil, de acordo com Maricatto (1979), o processo de urbanização foi bastante intenso nas últimas décadas, principalmente na segunda metade do século XX. O Brasil foi, em sua essência, um país agrícola onde a urbanização é um processo novo e moderno (como em muitos países subdesenvolvidos) e que se intensificou apenas a partir da década de 70, após a industrialização do país e os incentivos getulistas ao transporte, comunicação e energia. A população urbana brasileira
passou de 26.3% em 1940 para 81.2% em 2000, enquanto a população nacional triplicava, a urbana se multiplicava sete vezes. Em dados absolutos, as cidades brasileiras tiveram que absorver cerca de 125 milhões de habitantes em apenas 60 anos. E essa acomodação não se deu de forma a melhorar as condições de vida, pelo contrário, a exclusão e desigualdade social apenas aumentaram durante esse período. Apesar das taxas de natalidade e expectativas de vida do país terem melhorado, a violência das cidades, desemprego e pobreza chegaram a níveis recordes em metrópoles brasileiras. Maricatto também discorre sobre o aumento da violência estar relacionado de maneira intrínseca às metrópoles. No Rio de Janeiro, a esperança de vida ao nascer sempre foi maior do que na região nordestina, mas a quantidade de mortes por assassinato nesse estado faz com que ambos os índices se aproximem: entre 1990 e 1995 a expectativa de vida de um homem brasileiro médio era de 63,61 anos; no Nordeste era de 61,16 e no Rio de Janeiro ficou em 61,51 anos (Simões, 2000). As cidades de todo o mundo sofrem com situações precárias semelhantes as cidades brasileiras, na região da América latina por exemplo segundo o relatório Cidades do Caribe, 2012, das Nações Unidas, 74 milhões de habitantes urbanos dessa região (16%) ainda carecem de saneamento adequado. Em geral, a situação é um pouco melhor nas grandes cidades do que nas pequenas, mas em todos menos de 20% das águas residuais é tratada antes de seu descarte, com o consequente perigo sanitário e ambiental. Cerca de 111 milhões de pessoas, ainda vivem em situações precárias e 124 milhões de pessoas vivem nas cidades em estados de pobreza. Contribuintes para a crise ambiental, as cidades e seu ordenamento e crescimento estão diretamente relacionados com os objetivos da sustentabilidade. Entretanto,
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perspectivas do crescimento urbano segundo a onu
Desde 1988, a organização das nações unidas vem estudando as populações rurais e urbanas de todo o mundo com a finalidade de documentar as estimativas e projeções populacionais para melhor entender o processo de urbanização que vem ocorrendo no mundo desde a era industrial. A conclusão tirada dos dados da revisão do relatório de 2014 , indicam um crescimento cada vez maior das populações urbanas. De acordo com ele:
pela
1o vez
O MUNDO É PREDOMINANTEMENTE URBANO, COM MAIS DA METADE DA POPLAÇÃO VIVENDO EM AGLOMERADOS URBANOS. PAÍSES DO HEMISFÉRIO SÃO OS QUE POSSUEM
SUL
MAIOR CRESC. DESDE 1950 2/3 DA POPULAÇÃO MUNDIAL DEVE AUMENTAR ATÉ 2050
90%
NA
AFRICA & ASIA
O BRASIL
É O QUARTO PAIS COM A MAIOR POPULAÇÃO URBANA EM 2014, MAS DEVERÁ PERDER O POSTO PARA
INDONESIA EM 2050.
124milhoes
de habitantes urbanos vivem na
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pobreza
devido ao sistema capitalista, que traz o consumo e acumulação do capital como princípios, as cidades acabam sendo influenciadas e/ou geridas pelo mercado, e pelo lucro, se distanciando das questões sociais de coletividade e bem estar. É necessário buscar retomar a noção de cidadania e o sentimento de pertencimento perdidos em cidades que privilegiam a necessidade individual e o indivíduo. Diante deste cenário, Romero (2011) discorre que o sistema econômico vigente desconsidera os prognósticos futuros de escassez de recursos, energia e limitação espacial das cidades, e que as cidades sustentáveis são essenciais para a permanência do homem e sua qualidade de vida futura. A sustentabilidade urbana deve-se basear, de acordo com Acselrad (1999) na capacidade das políticas urbanas se adaptarem à oferta de serviços, à qualidade e à quantidade das demandas sociais, buscando o equilíbrio entre as demandas de serviços urbanos e investimentos em estrutura. Barbosa (2008) ainda acrescenta a necessidade do uso racional dos recursos naturais, a boa forma do ambiente urbano baseado na interação com o clima e os recursos naturais, além das respostas às necessidades urbanas com o mínimo de transferência de dejetos e rejeitos para outros ecossistemas atuais e futuros. “Em nenhum outro lugar a implementação da sustentabilidade pode ser mais poderosa e benéfica do que na cidade. De fato, os benefícios oriundos dessa posição possuem um potencial tão grande que a sustentabilidade do meio ambiente deve transformar-se no principal orientador do desenho urbano ” (ROGERS, 1997,pg 15).
1800
1950
3%
29%
2008
2050
50%
65%
CONCEITO ADOTADO Para que a sustentabilidade possa ser adotada como princípio norteador do desenho urbano é necessário definirmos uma visão a ser seguida, uma vez que, desde o surgimento do desenvolvimento sustentável, ainda não há um consenso a respeito do conceito exato do termo, mesmo que haja uma grande concordância que este tem como objetivo atingir viabilidade econômica levando em conta a preservação ambiental e justiça social. O conceito aqui adotado busca levar em conta essas três premissas igualmente e segue uma linha baseada no pensamento da “perspectiva doméstica” adotado pelo sociólogo Wolfgang Sachs. Em seus estudos sobre a sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável, Sachs identifica três diferentes perspectivas presentes no discurso da sustentabilidade: a perspectiva da competição, focada no desenvolvimento econômico, busca preservar os recursos naturais para a exploração comercial, utilizando a questão ecológica como mercadoria; a perspectiva do astronauta, que traz o planeta como algo finito e foca no equilíbrio das recursos naturais mas de maneira quantitativa excluindo a questão social; e por fim a perspectiva doméstica, aqui utilizada. A perspectiva doméstica é aquela em que, segundo Corbella, o desenvolvimento sustentável é visto como um modo de subsistência no planeta, em que se delimita o desenvolvimento predatório e busca-se sociedades voltadas para o meio local, descentralizadas e sem o acumulo de riquezas
como principl objetivo. W. Sachs defende uma diminuição da produção capitalista e que este fato não diminui a qualidade de vida. É uma visão que consegue incorporar a preocupação com o meio natural e sua preservação, com um desenvolvimento econômico socialmente justo que não defenda o consumismo e o acúmulos exacerbado de bens. Esta linha de pensamento também se aproxima muito das três linhas defendidas por Acselrad em 2001, a da equidade, ética e autossuficiência, que se baseia na auto-regulamentação e mercado local ao invés do global, na participação da comunidade e senso coletivo democrático além dá ética como reguladora do uso dos recursos para que haja a continuação da vida na Terra. Assim, este trabalho adota esta perspectiva como base e busca através desta determinar os principais elementos urbanos que dão forma a uma sociedade sustentável, com a finalidade de buscar a visão de um mundo mais justo tanto socialmente quanto ambientalmente, sem afetar seu desenvolvimento e focado no bem-estar dos seres vivos.
POPULAÇAO: 5 MILHÕES < 1 BILHÃO
8
AFRICASENOCEANIAENDO
6
ASIANDO
4
AMERICA LATINANDO
2
EUROPA E A. DO NORTE-
SENDO
0 -2 PAÍSES DE BAIXA RENDA
PAÍSES DE MÉDIA RENDA BAIXA
PAÍSES DE MÉDIA RENDA ALTA
PAÍSES DE ALTA RENDA
Fonte: World Urbanization Prospects, United Nations 2014 Revision.
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dA TEORIA A como implementar a PRATICA: sustentabilidade no desenho urbano? Para traduzir o conceito de sustentabilidade para o meio urbano é importante primeiramente destrinchar sua teoria focando em seus principais elementos (a preservação ambiental, a viabilidade econômica e a justiça social) e então admiti-los como princípios norteadores do desenho urbano, para que, a partir deles, sejam identificadas e determinadas as diretrizes urbanas e posteriormente os elementos que dão forma ao desenho urbano.
1. Assim sendo, seguindo este raciocínio, tem-se a preservação ambiental como primeiro princípio do urbanismo sustentável. Ao se trazer a preservação ambiental como princípio norteador, tem-se como objetivo criar um desenho urbano que respeite os limites da natureza, criando um ambiente de equilíbrio entre o construído e o natural, buscando a preservação da fauna e flora locais, minimizando ao máximo a degradação destes. Tendo este objetivo em vista, entende-se por diretrizes as seguintes características abaixo:
DA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL: •
• • • • • • • • • • •
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Gestão apropriada dos recursos naturais e utilização de recursos renováveis, sem que haja a exploração predatória, incentivando o consumo de subsistência; Recuperação de solos degradados através de métodos de reflorestamento ou fitorremediação; Respeito à topografia local, e baixa movimentação de terra; Preservação dos leitos d’água existentes e suas margens conforme o código florestal, e manutenção da qualidade da água; Preservação do ecossistema local; Recuperação de áreas desmatadas e criação de novas áreas verdes e arborizadas; Tratamento e disposição adequada dos dejetos, evitando ao máximo a troca de produtos entre os ecossistemas; Reaproveitamento e tratamento da água em conjunto com a captação de águas da chuva; Produção e utilização de energia limpa renovável, dando preferência a fontes locais; Conscientização ecológica da comunidade e atividades de integração com o meio natural; Utilização de solos já disponíveis, desmatados ou já previamente utilizados; Uso de meios de transportes coletivos e não poluentes, principalmente incentivo ao pedestre;
• •
Utilização de mão de obra e matéria prima local; Produção sustentável e medidas contrárias ao desperdício.
2. O segundo princípio norteador - a justiça social foca em alcançar uma sociedade que seja justa para todos, que seja guiada pelo bem-estar do coletivo (não pelo indivíduo), que ofereça oportunidades igualitárias, respeitando culturas, gêneros, raças, classes sociais e faixas etárias. Uma sociedade que esteja focada no bem-estar e qualidade de vida dos seres vivos e não no consumismo, e que pregue a diversidade e aceitação. Então:
DA JUSTIÇA SOCIAL: • • • • • • • •
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Busca pelo fim da pobreza, do desemprego e das desigualdades sociais; Incentivo à vida coletiva e espaços públicos, rua para todos; Criação de espaços de integração e cooperação comunitárias. Estímulo ao senso de pertencimento e participação na sociedade; Promoção da diversidade populacional e cultural; Integração e valorização de culturas e costumes locais; Incentivo à educação e ao desenvolvimento humano; Garantia à acessibilidade e melhores condições de vida com a implementação dos direitos humanos de moradia, infraestrutura básica e segurança; Preservação dos direitos coletivos, e preferência do bem estar coletivo sobre o individual.
3.
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Por fim, adota-se a viabilidade econômica sob o viés sustentável como princípio norteador. Entende-se o termo como economia próspera e justa, onde há o balanceamento dos insumos investidos na produção. Ou seja, uma economia que busca o uso adequado dos recursos disponíveis, sem que haja o esgotamento destes, e que por isso prioriza a utilização de recursos renováveis sem desperdícios. Busca também a garantia de dignas condições de trabalho, remuneração justa e adequada, adoção de tecnologias sustentáveis compatíveis e garantia dos direitos trabalhistas para que haja desenvolvimento econômico e social. Conforme ADISESHIAH (1977), não há real desenvolvimento econômico sem desenvolvimento social. Segundo ele, o progresso pode ser medido pelo número de pessoas que são elevadas acima da linha de pobreza pela educação, infraestrutura e empregos ofertadas a elas, além do crescimento econômico e progresso cultural.
“
...Desenvolvimento então deve ser concebido de forma holística, orgânica, dinâmica, de maneira valorativa. Seu planejamento requer uma abordagem centrada no ser ADISESHIAH, 1970
DA VIABILIDADE ECONÔMICA: •
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Assegurar os direitos a educação, saúde e habitação. Geração de empregos e oportunidades de trabalho.
Ao listarmos as diretrizes acima, percebe-se que algumas se entrelaçam, indicando uma conexão e cumplicidade entre os princípios. Não há como alcançarmos um sem levar o outro em consideração, não há como pensar em desenvolvimento econômico, por exemplo, excluindo a justiça social e a preservação ambiental, e vice-versa. Os três princípios da sustentabilidade estão conectados intrinsecamente, não sendo possível trabalhá-los isoladamente, e o desenho urbano deve refletir isto. O urbanismo sustentável não deve apenas conter características desses três princípios norteadores isoladamente, mas deve ser baseado na junção deles.
VIABILIDADE ECONÔMICA
SUST. PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
JUSTIÇA SOCIAL
Incentivo à economia colaborativa e familiar com estímulos à autogestão, na forma de cooperativas, mutualidades e associações, além de incentivar micro e pequenos negócios. Estímulo ao comércio e produção local, através do apoio a produtores, pequenos empreendedores e comerciantes da região. Utilização de matéria prima local e renovável. Cuidado com os recursos naturais e com o uso eficiente destes. Reciclagem e reaproveitamento de água e dejetos. Apoio à criação de instituições sociais de cooperação e associação comunitária. Criação de instituições de ensino e profissionalizantes. Busca pelo bem-estar coletivo. Garantia dos direitos trabalhistas e proteção ao trabalhador.
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ESTUDOs de casos BEDZED - VAUBAN - GARE DE RUNGIS - GREENVILLE
Com base neste estudo sobre a sustentabilidade e princípios desenvolvidos a partir do conceito adotado, foram escolhidos projetos de bairros ao redor do mundo, que são considerados e/ou divulgados como sustentáveis, para estudo e análise mais profunda de como seria um bairro sustentável e como identificar uma falsa propaganda verde. Os projetos escolhidos, então, são quatro diferentes empreendimentos: BedZed , na Inglaterra, Vauban na Alemanha, Gare de Rungis em Paris e o Greenville em Salvador. São analisados a maneira como abordaram as questões de preservação ambiental, desde a escolha do térreno até as medidas para economia dos recursos naturais, questão sociais, que vão desde inclusão do bairro na cidade como a própria diversidade e senso de comunidade dentro dele, e aspectos de eficiência econômica, que vão desde as escolhas de materiais à funcionalidade do projeto e atividades econômicas ali desenvolvidas. Para isto o estudo é dividido nas categorias de
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localização, materiais, conforto térmico, sistemas de água, saneamento, energia, transporte e coleta, senso de comunidade e desenho urbano, para analisar ao final o que o empreendimento alcançou e quais foram de fato as experiências bem-sucedidas. Dos quatro exemplos estudados o Greenville é trazido em meio aos outros empreedimentos como exemplo de “greenwashing” e falsa propaganda para demonstrar como o mercado imobiliário se apropria inadequadamente do termo sustentabilidade para o próprio lucro. Todos os três casos de projetos sustentáveis foram selecionados por serem considerados casos bemsucedidos, se encontrarem em diferentes realidades ao redor do mundo, terem sido elaborados em diferentes épocas e trazerem diferentes experiências críticas para a discussão da sustentabilidade urbana. O Greenville é o projeto mais recente dos que aqui são apresentados, e foi escolhido por estar inserido na esfera urbana de Salvador e se vender como sustentável e ecológico.
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o
primeiro dos exemplos apresentados é BedZED (Beddington Zero Energy Development), um bairro planejado no subúrbio de Londres concluído em 2002 por iniciativa privada da organização ambiental independente Bioregional Development Group em conjunto com a organização não governamental Peabody Trust, e o apoio da prefeitura e poder público. Foi um projeto sustentável experimental na Inglaterra construído com o intuito de se tornar um exemplo de empreendimento com zero emissão de carbono. BedZed se destaca não só por criar uma arquitetura passiva, mas principalmente por propor um novo estilo de vida sem perder a modernidade e mobilidade da vida urbana. O empreendimento concilia uma população de 220 habitantes e 100 trabalhadores em 1,7ha composto de: 100 habitações, 2500 m² de áreas comerciais e de escritórios, 6500m² de áreas verdes compartilhadas, campo esportivo, praça central, centro comunitário, creche, áreas destinadas a hortas e central de abastecimento de energia. Para incorporar a sustentabilidade e a redução da pegada ecológica no empreendimento são adotadas medidas específicas desde a concepção do projeto até seu funcionamento, como a escolha do terreno, dos materiais de construção, sua forma de produção e a escolha de sistemas de infraestrutura do bairro. São esses aspectos que são aqui analisados.
LOCALIZAÇÃO Seguindo o princípio da preservação ambiental, BedZed foi construído em um terreno que já havia sido previamente utilizado e degradado, ao invés de utilizar um terreno intocado. O local havia sido um depósito de dejetos para uma antiga empresa de saneamento básico, e teve seu solo contaminado por substâncias tóxicas deixando-o inabitável após a saída da empresa do local. Os empreendedores apropriam-se, então, deste vazio urbano para a construção do empreendimento, recuperando seu solo e utilizando plantas nativas para restaurar a fauna e flora local. A vegetação existente é mantida e são implementadas plantas de cheiro para atrair morcegos e insetos, poleiros e estações de nidificação para atraírem pássaros, os canais existentes são transformados em elementos d’agua e tem suas margens reflorestadas para atrair ratazanas e outros pequenos animais. O terreno é localizado em área urbana já consolidada que apresenta em seu entorno próximo uma vasta infraestrutura com estabelecimentos comerciais, escolas, centros religiosos e esportivos, e de fácil acesso pelo transporte público, com pontos de ônibus e ciclovia em seu perímetro e estação de trem a 15 minutos de caminhada.
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MATERIAIS Para os materiais utilizados houve o cuidado de empregar aqueles que gerassem pouca ou quase nenhuma emissão de carbono. Foram todos pensados para serem renováveis, reciclados ou reutilizados, além de transportados de um raio de no máximo 50km do local do empreendimento. As esquadrias e os assoalhos são de madeira reflorestada certificada, a estrutura metálica é recuperada de uma antiga obra e reutilizada no empreendimento, as lajes são de concreto reciclado pré-fabricado e os agregados miúdos provenientes de uma região próxima do local. Entretanto, nem todos os materiais foram capazes de atender a todos esses requisitos e ainda se apresentarem como o mais adequado e eficiente para a obra. Durante a escolha de materiais houve a preferência por alguns materiais que o transporte ou a produção não eram os mais adequados, porém, a sua eficiência e durabilidade durante o uso justificava seu emprego. Os vidros das janelas, por exemplo, foram importados da Dinamarca, mas apresentavam menor transmissão de calor e melhor qualidade do que outros vidros locais, reduzindo as emissões de carbono não durante a sua produção e transporte, mas após sua instalação. Nessa situação, os benefícios à longo prazo do vidro escolhido foram maiores que a desvantagem da fabricação em outro país e, consequentemente, seu transporte.
CONFORTO TÉRMICO BedZed propõe sistemas de água, eletricidade, aquecimento e saneamento alternativos independente do sistema urbano existente, com o intuito de consumir o mínimo possível dos recursos naturais e utilizar ao máximo recursos renováveis e locais. Para isso, projeta suas unidades de forma passiva, onde os edifícios utilizam sistemas de isolamento térmico, luz solar e ventilação natural para o aquecimento, iluminação e ventilação. Sendo de uso misto, os edifícios são dispostos de tal maneira que as casas, que normalmente são menos habitadas durante o período do dia e, portanto, precisam de mais aquecimento, são voltadas para o sul recebendo maior quantidade de luz do sol e calor durante esse período. Já a área comercial, onde há maior movimentação de pessoas durante o dia e não requer tanto calor, são voltadas para o norte. Há ainda em todos os apartamentos varandas fechadas na fachada sul para agirem como estufas e absorverem calor durante o dia e libera-lo no período da noite. Para a ventilação, foi criado um sistema de efeito chaminé, composto por “cowls”, elementos externos de dois tubos para a captação de ar fresco e eliminação de ar quente. As chaminés ainda se movimentam conforme a direção do vento para maior otimização e a quantidade de ar que entra e sai por ela é controlada pelo usuário. Em conjunto com esse sistema, a planta arquitetônica foi projetada
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LEGENDA: PONTO DE ÔNIBUS ESTAÇÃO DE TREM RESTAURANTES E COMÉRCIO E SERVIÇOS PARQUE ESCOLA CENTRO RELIGIOSO HORTA/POMAR FOTOS: 1 - Entorno 2 - Cowls 3 - Foto Área 4 - Material Isolante
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para possuir uma ventilação cruzada, para que seja possível aumentar a ventilação durante a época do verão.
SISTEMA DE ÁGUA E SANEAMENTO O sistema de água é composto por um sistema de captação de água da chuva, através de calhas e tetos verdes que recolhem a água para um reservatório subterrâneo, que então é filtrada e utilizada em vasos sanitários e áreas externas juntamente com águas reutilizadas de banheiro e cozinhas. Toda água é tratada e passa por um sistema de filtragem antes de ser reutilizada ou descartada. Também foram incorporados no projeto elementos de redução do uso de água afim de evitar o consumo exacerbado e o desperdício. São adotados equipamentos hidrosanitários mais econômicos, como torneiras sprays, vasos sanitários e máquinas de lavar que consomem 50% a menos de água e chuveiros anti-desperdício. Em termos de sistema de drenagem são utilizadas as valas existentes como rede em vazão de água e área de descarte.
ENERGIA Apesar de BedZed ainda estar conectada com a rede elétrica existente para evitar eventuais problemas, o empreendimento possui sua própria rede de geração de energia composta por um sistema de cogeração de energia elétrica e térmica e placas de captação solar. O sistema de cogeração funciona com a queima de biomassa (neste caso madeira) para a geração de gases que alimentam o gerador, produzindo tanto energia elétrica como calor para o aquecimento das habitações e de água. Qualquer vestígio de gás remanescente é limpo antes de ser liberado para a atmosfera. Já as placas fotovoltaicas compõem uma área de 800m² de captação de energia solar, dispostas em coberturas, fachadas e vidros fotovoltaicos, complementando o sistema para suprir a demanda de energia do projeto, para total independência da rede elétrica da cidade.
SISTEMA DE TRANSPORTE Para reduzir a emissão de carbono com o deslocamento dos habitantes, as medidas adotadas por BedZEd vão desde a incorporação do uso misto com áreas de trabalho e comércio dentro do empreendimento, como a inserção do projeto dentro de uma malha urbana existente com grande oferta de transporte coletivo. Apesar do bairro ser suburbano, BedZEd fica a uma distância de 2min andando de um ponto de ônibus, 10 minutos da estação de trem local, e possui ciclovias de acesso. Há um grande incentivo a utilização de bicicletas e desencorajamento do uso de carros, com a redução do número de vagas, e a criação do clube do carro que incentiva
o compartilhamento de carros e a carona solidária, para evitar ao máximo o uso de automóveis de forma privativa. Ainda há o incentivo do uso de carros elétricos com estações de recarga grátis e vagas especiais para estes.
SISTEMA DE COLETA Infelizmente devido ao porte do empreendimento, não há justificativas para uma estação de processamento de lixo local, mas foram implantadas outras medidas para reduzir a quantidade de dejetos. Há o incentivo ao uso de produtos menos poluentes e menos geradores de lixo, containers de separação de lixo, e diversos cursos de como reciclar e como separar os mateirais, além de cursos de compostagem. A reciclagem é realizada pelos próprios moradores, onde 60% do lixo produzido no local é reciclado e 27% é compostado. Apenas 13% dos dejetos são levados para o depósito de lixo municipal.
COMUNIDADE Incentivando a diversidade e oportunidades iguais, ¼ dos apartamentos são subsidiados pelo governo, ¼ destinado para moradias de baixa renda e a outra porção foi destinada a profissionais sociais, como professores, assistentes sociais, policiais, bombeiros, entre outros. No complexo ainda foram projetados quatro principais espaços para a interação social: o centro comunitário (o espaço mais utilizado do bairro), que desenvolve atividades para a comunidade em conjunto com os próprios moradores, como feiras, atividades de exercício físico, cursos e eventos sociais; o campo esportivo que atende a atividades ao ar livre e esportivas de maior porte; lotes comunitários destinados a hortas comuns, interação comunitária ou espaço para crianças brincarem; e a praça central que é usada como local de socialização e pequenas atividades como conserto de bicicletas, brincadeiras e pequenas vendas. Segundo o relatório “BedZed, Seven years on”, um dos maiores benefícios descritos pelos moradores do bairro é o sentimento de pertencimento e comunidade. Uma pesquisa ralizada em 2004 pela Peabody Trust mostra que os habitantes conhecem ao menos 20 outros moradores locais enquanto a média da região é 8 vizinhos apenas. O sentimento de pertencer a uma comunidade foi um dos aspectos mais mencionados pelos moradores. FOTOS: 5 - Sistema de tratamento d`água. 6 - Crianças da comunidade compostando. 7 - Passagem interna com vista para os vidros fotovotáicos e jardns internos. 8 - Rua para pedestres 9 - Área comunitária.
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BedZed - PLANO GERAL
DESENHO URBANO Em termos de desenho urbano, os 1.7 hectares ocupados por BedZed são divididos em dois quarteirões principais, divididos internamente por vias de pedestres, e o campo esportivo. Apesar do carro ser desencorajado eles são permitidos no empreendimeto e áreas de estacionamento são encontradas circundado os quarteirões, criando vias automobilísticas em seu entorno, mas sempre dando preferência ao pedesttre.
Via para pedestres Area residencial Area de uso misto
Os lotes foram desenvolvidos em prédios de 3 a 4 pavimentos, os de uso misto, possuem áreas comerciais nos pavimentos inferiores e residenciais nos superiores.
BEDZED:
Da Área Construída:
Área Total - 1.7ha Área Verde - 40% Área Construída - 60%*
Área Pública - 30% Área Comercial - 14% Área Residencial - 56%
*Excluindo áreas do sistema viário.
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campo esportivo de 15M
CONSIDERAÇÕES FINAIS BedZed é considerado um dos empreendimentos sustentáveis de maior sucesso por agregar não só a questão ambiental como também aspectos sócioeconômicos, mas ainda existem melhoras a serem feitas. Durante a concepção do projeto, por exemplo, não se antecipou espaços comerciais serem transformados em habitações alterando a dinâmica energética do bairro, assim como houveram problemas na manutenção e gerenciamento do sistema de cogeração de energia não se mostrando muito adequado para a escala do empreendimento. O sistema de reutilização de águas também apresentou defeitos em épocas de muita chuva, e está atualmente sendo revisado. Uma das grandes surpresas trazidas por esse projeto é o relato de moradores mais leigos a respeito da dificuldade em aproveitar totalmente o empreendimento por falta de conhecimento pleno da arquitetura. O sistema de ventilação quando usado corretamente se mostrou bastante eficiente, no entanto nem todos os moradores inicialmente sabiam como usá-lo e acabavam passando por desconforto. As hortas separadas por uma ponte, causaram dúvidas a respeito daquele espaço, a quem pertencia, se era comunitário ou não e isto as fez serem pouco utilizadas. Devido a estes defeitos, BedZed não consegue ainda atingir 100% de sua meta. Mas em pesquisa realizada 7 anos após a sua construção, mudanças significantes no estilo de vida dos moradores e no consumo de recursos naturais já são perceptíveis. Quando comparada com a média inglesa de habitações, Bedzed consegue reduzir em:
68%
EMISSÃO DE CO2
58%
ENERGIA TÉRMICA
64%
ENERGIA ELÉTRICA CARROS PRIVADOS
45% 81%
CONSUMO DE ÁGUA
DEJETOS
43%
Além de apresentar estatísticas de conforto e consciência socioambiental, onde 84% das moradias são consideradas frescas e agradáveis, 66% dos moradores utiliza as áreas comuns e outros 50% reciclam e compostam. Bedzed hoje é considerado um exemplo para diversos outros empreendimentos e as lições com ele aprendidas demonstra que através do design é possível viver de forma mais sustentável sem perder a qualidade de vida.
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VAUBAN
41ha, Freiburg, Alemanha, 1993 – 2006 Projeto: Kohlhoff & Kohlhoff Agentes: Forum Vauban , governo municipal, regional e capital privado.
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auban está localizado na cidade de Freiburg, na Alemanha a 3km do centro em uma área de 41ha, próxima a Floresta Negra. O principal objetivo do projeto, diferentemente de BedZed (que buscava criar um bairro com zero emissão de carbono), é criar através da cooperação mútua do estado, comunidade e setor privado um bairro que atenda os requerimentos ambientais, sociais e econômicos da sustentabilidade. O bairro é de uso misto e abriga cerca de 5 mil pessoas em 2 mil habitações, que estão dividas entre habitações de “co-housing” (habitações de propriedade compartilhada), cooperativas de construção (onde o desenvolvimento das habitações é dividido entre os próprios habitantes em conjunto), 10% de habitações sociais e habitações estudantis, além das habitações que seguem o modelo tradicional. No local ainda são gerados cerca de 600 empregos em estabelecimentos comerciais, instituições e pequenas empresas. Vauban teve seu projeto iniciado em 1993 e construção em 1998, e possuiu três fases de planejamento para se tornar o que é hoje. A cidade de Freiburg já é conhecida por suas iniciativas ambientais e incentivo a um modelo urbano mais ecológico, entretanto até para a própria cidade este projeto pode ser considerado uma nova forma de empreender, onde a comunidade e a sustentabilidade vem em primeiro lugar, não o capital.
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LOCALIZAÇÃO O bairro encontra-se em uma localização privilegiada, estando inserido em uma das cidades mais ensolaradas e quentes da Alemanha e próximo a Floresta Negra. Assim como BedZed, Vauban fica no subúrbio e em um terreno previamente utilizado, um antigo quartel militar francês que havia sido desocupado em 1992, e se encontrava em estado de abandono. A ocupação e desenvolvimento desta área foi possível graças a um conjunto de medidas de planejamento urbano, em 1993, que permitiu as administrações autárquicas o desenvolvimento de novas zonas e financiamento de suas infraestruturas através de vendas de parte de seus respectivos terrenos, e compra de terrenos da união a um valor abaixo do mercado. A cidade de Freiburg então adquire o desocupado quartel para a criação de um bairro heterogêneo que adapta parte das construções existentes as novas funções, além de determinar os lotes possíveis de expansão, preservando a fauna e flora local (muito poucas árvores foram abatidas durante o processo de construção). A área do bairro consiste praticamente daquela do antigo quartel, estando totalmente inserido na malha urbana de fácil acesso, ele dispõe de diversos serviços ao alcance de 15min de caminhada, e está intrinsecamente conectado com a cidade através do sistema de transporte público.
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LEGENDA: PONTO DE ÔNIBUS ESTAÇÃO DE TREM RESTAURANTES E COMÉRCIO E SERVIÇOS PARQUE ESCOLA CENTRO RELIGIOSO
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HORTA/POMAR
FOTOS: 1 - Entorno 2 - Antigo quartel
3 - Foto Área Atual 4 - Disposição das edfs.
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FOTOS: 5 - Reunião de bairro do Forum Vauban 6 - Discussões de Planejamento. 7 - Rua Arborizada. 8 - Feira semanal. 9 - Área verde projetada pelos moradores. 10 - Edificaçã em madeira. 11 - Painéis Solares.
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COMUNIDADE
MATERIAIS
Ao analisar BedZed, o senso de comunidade é facilmente percebido, tendo este sido formado após a realização do projeto. Entretanto Vauban ocorre o contrário, a própria comunidade que dá origem ao projeto. Vauban surge da participação comunitária, sendo este processo participativo um dos maiores destaques do empreendimento. Tudo ocorre após a implementação do conjunto de medidas de planejamento acima mencionadas. A cidade de Freiburg é obrigada a desenvolver projetos com a participação popular, mas ainda o faz superficialmente. Quando esta começa a desenvolver habitações sociais e estudantis no antigo quartel de Vauban, em conjunto com a União de estudantes e a organização SISU (iniciativa deo bairro auto-organizado e independente), há muito atrito e dificuldade de integração entre as frentes. Insatisfeitos com o processo participativo sugerido pela prefeitura, habitantes locais se juntam para criar o Forum Vauban. O Fórum é uma organização participativa formada por membros da comunidade, escolhidos para representá-la e para assegurar que os de desejos destas sejam atendidos. O Fórum age como mediador entre prefeitura e comunidade e se torna coordenador de todo o projeto, definindo a partir daí as linhas mestras e princípios do planejamento urbano. O Fórum se baseia nas ideias e solicitações da comunidade além de adotar uma política que utiliza o plano do bairro como meio de educação e conscientização da população, promove então diversas iniciativas de participação, como concursos de ideias, reuniões de vizinhança e discussões públicas. Todo o projeto é pensado e discutido pela população local e futuros moradores. Duas das medidas mais importantes implementadas pelo Fórum foi o sistema de pontos em 1997, e a regularização das cooperativas de construção compartilhadas logo na fase incial, que privilegia necessidades do coletivo sobre o individual. O sistema de pontos funciona de forma a priorizar, por exemplo, a venda de lotes para cooperativas de construção compartilhada e a construção de edificações multifamiliares em detrimento de imobiliárias e edificações unifamiliar, além de incentivos a formas de construções mais sustentáveis. Enquanto as cooperativas de construção compartilhadas permitem a convivência mútua de diversos estilos de vida e classes sociais em um mesmo local. O forte senso comunitário presente no bairro contribuiu para que diversas atividades de cunho social se desenvolvessem na região. O bairro conta com cooperativas alimentícias, hortas urbanas, feiras de produtores locais, centro para mães e gestantes, escolas, creches e grandes áreas verdes e de lazer.
Devido a sua grande escala e princípio de heterogeneidade, as edificações em Vauban foram desenvolvidas de variadas maneiras, mas todas tendem a seguir padrões determinados durante o planejamento do bairro. Em relação aos materiais, não se foram determinados materiais específicos a serem utilizados, mas houve grande incentivo a utilizar materiais locais (de até um raio de 50km), renováveis ou reaproveitados. A maior parte dos edifícios novos foram construídos com estrutura de madeira, que além de ser renovável utiliza menor quantidade de energia em sua produção, quando comparados com o concreto e cimento. Uma outra preocupação dos habitantes do bairro foi na escolha das tintas, por serem ricas em derivados de petróleo e, portanto, extremamente poluentes, acabaram optando por tintas mais orgânicas e de cores opacas.
CONFORTO TÉRMICO Todas as edificações possuem isolamento térmico, com paredes insuladas com dupla camadas, vidros triplos, ventilação controlada, casas ramificadas (para facilitar o aquecimento) e voltadas em sua maioria para o sul (para melhor proveito do sol). A região em que Vauban está inserida se tornou um núcleo de empresas de isolamento térmico devido à alta procura por materiais isolantes. São utilizados e produzidos localmente isolamentos de poliestireno extrudido, painéis de fibras de lã ou lã mineral. É bastante comum as paredes das edificações possuírem revestimento exterior de até 15cm apesar de não aparentarem. O fato do bairro ser extremamente arborizado também contribui para o conforto térmico local, razão para que a arborização da região fosse tão bem enfatizada e não tratada apenas como estética.
ENERGIA Com sua localização estratégica no “cinturão de sol” Alemão, a principal forma de geração de energia é a solar. Grande parte das edificações utiliza energia solar para a produção tanto de energia elétrica como para o aquecimento de água. Os painéis solares estão distribuídos em redes coletivas e privativas, e encontram-se principalmente na cobertura de grandes edificações ou conjuntos habitacionais. Em termos de eficiência energética nas edificações, todas seguem o modelo de casas passivas ou energeticamente positivas, ou seja, casas que consomem uma baixíssima quantidade de energia ou casas que chegam a ser autossuficientes nesse
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aspecto, a ponto de fornecer energia elétrica para a rede municipal. Para que atinjam esses objetivos incentivam o uso de técnicas simples, soluções projetuais, e produção de energia local. Como suporte ao sistema de energia solar, há uma central de co-geração de energia térmica, alimentado por restos de madeira (que antes seriam descartados) provenientes de limpeza da Floresta Negra. Esta central é principalmente destinada ao aquecimento de água da região, sendo quase desnecessária sua utilização para geração de energia elétrica. Vauban já ultrapassou em muito a meta prevista de produção de energia, sendo autossuficiente neste quesito.
SISTEMA DE ÁGUA E SANEAMENTO Na captação de água, Vauban apresenta um caso à parte, devido a sua privilegiada localização suas águas vem diretamente da Floresta negra que estando a um nível acima do bairro se mostrou mais energeticamente econômica do que a captação de água de chuvas. Formas manuais e mecânicas, entretanto ainda foram encorajadas sendo possível encontrar alguns macacos hidráulicos e afins. Apesar das águas da chuva não serem captadas, um sistema de drenagem direta desta para o solo cobre certa de 80% do bairro, através de valas e pavimentações permeáveis, evitando seu excesso e possíveis alagamentos. As águas utilizadas pelos moradores são filtradas por um sistema anaeróbico em conjunto com dejetos sólidos (conforme visto a seguir) e o restante das águas (águas cinzas) são lançadas a um sistema de planta micrófilas e retornadas ao seu ciclo natural.
SISTEMA DE COLETA Os dejetos produzidos são descartados e separados em duas categorias: orgânicos e não orgânicos. Todos os dejetos orgânicos produzidos são tratados no sistema anaérobico ( junto com as águas pretas), onde são digeridos por bactérias, produzindo biogás o uso na coznha. Os dejetos não orgânicos são separados para reciclagem fora do perímetro do bairro. Algumas casas e famílias praticam a compostagem e utilizam o composto para adubar e fertilizar seus jardins.
SISTEMA DE TRANSPORTE Um importante ponto de Vauban é o fato de ser um bairro com baixa densidade de carros. Os automóveis são extremamente limitados no local, havendo grande desincentivo para o uso deste, como taxas pagas, estacionamentos distantes e pontuais além de poucas vias para seu uso. Os carros são apenas permitidos nas três vias principais que cortam o bairro (em amarelo, sendo todas as outras com acesso limitado (apenas para carga e descarga dos moradores) ou sem acesso nenhum. As vias em
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que há o acesso restrito de carros (cinza claro) são conhecidas por “play streets”, vias onde as crianças podem brincar livremente sem perigos provocados por automóveis. Ainda assim, caso o automóvel seja permitido, este deve rodar a uma velocidade andável (5km/h) com a velocidade máxima sendo 30km/h nas ruas principais. Portanto o bairro se torna dividido em três zonas, onde os carros são permitidos (ruas pricipais), aquelas que possuem estacionamento próxima a eles (“parking free” mas “car friendly” paralelas as vias principais) e as que não possuem nenhum vestígios de carros (“car free”, no subúrbio). Para incentivar o uso de transportes alternativos o bairro conta com um sistema de transporte público efiente, conectado a rede de transporte púclico municipal. Com apenas 20 minutos os habitantes são capazes de chegar ao centro da cidade utilizando o transporte público. O bairro possui sua própria linha de VLT, com três paradas que atravessa a rua principal, e diversos pontos de ônibus. Conta também com um sistema de uso de carro coletivo para casos de necessidades, diversas ciclovias e pontos de bicicleta. Todas as ruas do empreendimento são pensadas para bicicletas, sendo esta uma das principais formas de deslocamento da cidade. A escolha de uma vida com o uso de carro restrito traz mais vida ao bairro, uma vez que mais pessoas são obrigadas a ocupar e atravessar as ruas. O bairro se tornou mais seguro e amigável, atraindo muitas famílias com crianças, universitários e idosos. A decisão não foi tomada de maneira fácil até mesmo porque a legislação alemã prevê uma vaga por habitação e o bairro abrange pessoas com diversas mentalidades. Contudo, a solução de zonear o bairro nas três zonas e dividir a responsabilidade e taxas municipais de maneira justa (quem possui carro paga por maiores taxas do que as pessoas que não tem), tem funcionado muito bem até hoje.
DESENHO URBANO O desenho urbano toma como partido o desenho do antigo quartel militar, se desenvolvendo de leste a oeste. Seu principal acesso, seja por carro, ônibus ou VLT, se dá através da Avenida Wiesental, ao leste do empreendimento, que se ramifica em três vias maiores que permitem a passagem de automóveis (vias amarelas). O traçado urbano ainda é composto por outras vias menores, “as ruas de brincar”, que são de exclusividade do pedestre, ciclistas e crianças; áreas verdes dispostas entre os quarteirões; um parque linear ao longo do riacho de São Jorge mais ao sul; e uma linha de VLT próximo a este que define a rua principal do bairro. FOTOS: 12 - Vala de Drenagem. 13 - Trilhos de VLT. 14 - Esquema do Desenho Urbano. 15 - “Play streets”. 16 - Rua Restrita a carros.
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O bairro é inteiramente de uso misto, mas as zonas oeste e sul são predominantemente residenciais e livres de estacionamento/uso de carros. A oeste da Av. Wiesental encontra-se os prédios preservados do quartel, e os estacionamentos estão dispostos em edifícios pontuais nas extremidades das vias principais. Ao centro de cada bloco residencial há pátios internos com áreas verdes preservadas e áreas não cercadas para pequenas plantações (hortas e pomares). As edificações ficam entre 4 a 5 pavimentos e em sua maioria foram realizadas por construção compartilhada. O bairro ainda é composto por um supermercado, lojas de conveniências e pequenas vendas, cafés, restaurantes, padaria, escritórios, centro médico, farmácias, escola, um centro cívico e uma praça principal (praça Alfred-Doblin) usada para eventos comunitários como feiras e exposições. A preservação da flora e implementação de novas espécies obteve destaque durante o planejamento do bairro, houve um catálogo minucioso das espécies ali presentes para evitar a retirada das mesmas e a implantação de novas espécies entre as novas e existente edificações, culminando em espaços verdes e vias extremamente arborizadas. Uma outra determinação do planejamento do bairro foi a criação de coberturas verdes e ajardinadas, uma medida largamente adotada pelos morados, estando presente em praticamente todas as edificações e em qualquer cobertura em que seja possível sua adoção (coberturas de garagem, bicicletas, pergolados e afins). A topografia também é preservada ao máximo, assim como os leitos d’águas presentes. O fato da maioria das vias não terem sido planejadas para automóveis também altera o desenho urbano. Uma vez que as ruas são destinadas para os pedestres, não há necessidade de passeios, logo permanecem livres. Como este espaço pertence ao município, é permitido a utilização para o morador, o que fez com que muitos criassem hortas, jardins ou parquinhos infantis, onde antes seriam pavimentos. Por fim, já mencionado mais acima, o modelo adotado de construção compartilhada, além de proporcionar melhoria da relação custo/benefício dos diversos espaços e soluções habitacionais contribuiu muito para a diversidade da paisagem urbana local. Em Vauban, as moradias isoladas e unifamiliares são raras, 80% dos projetos residenciais foram desenvolvidos por diferentes grupos de construção compartilhada e trazem diferentes estilos ao empreendimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Vauban mostra-se um dos bairros sustentáveis de maior sucesso, entrentando não se pode ignorar que o meio em que ele está inserido tem influência sobre seu resultado. Além dos benefícios ambientais de sua localização, Vauban está no centro do coração ecológico da Alemanha, uma cidade conhecida por seu ativismo social e ambiental e que incentiva inciativas como estas.
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O bairro apesar de possuir investimentos privados para a sua execução é uma obra majoritariamente de iniciativa pública e da população, o bairro floresce em meio a uma mentalidade ambiental já existente e trai uma população específica. Alguns fatores que não foram previstos pelo planejamento é o crescimento populacional do bairro, e em especial o crescimento de suas crianças, o que exige uma maior infraestrutura e vagas escolares de diversos anos. Recentemente vêm ocorrendo também algumas tentativas de estacionamento ilegal em áreas proibidas, que vêm sendo combatidas intensamente pelos moradores. Sem um sistema prévio de punição formal, somente agora foi pensado um sistema de multas e repreensões. No entanto, não se pode negar os benefícios e aprendizados adquiridos com esta experiência. Infelizmente, por motivos burocráticos o Fórum não é mais ativo desde 2004, mas forneceu o ponto de partida para as organizações sociais que atuam em Vauban. A comunidade do bairro permanece ativa e presente até hoje através da Associação de Bairro de Vauban, e seu sistema participativo é considerado ao redor do mundo como um exemplo de boas práticas, tendo hospedado a conferência Urban Visions em 1999 e sido reconhecido pelo programa Habitat das Nações Unidas.
VAUBAN: Área Total - 41ha Densidade - 122 habitantes/ha Estacionamento - 0.5 vagas/habitação Total de Vagas - 800 vagas no bairro Da área construída: Área Residencial- 45,8% Área de Uso misto - 5,4% Área Comercial - 7,6% Área de uso comunitário e/ou inst - 4,5% Sistema Viário - 18,8% Área Verde - 13,6%* Espaços públicos - 4,6% *Áreas Verdes exclusivas, há espaços verdes no sistema viário, assim como na área residencial e espaços públicos.
GARE DE RUNGIS 5ha, Paris, 2002 – 2015 Projeto: Pierre Riboulet Agentes: iniciativa pública
G
are de Rungis é um empreendimento desenvolvido pela prefeitura da Cidade de Paris com o objetivo de criar um plano piloto de bairro compacto que segue os princípios da sustentabilidade e serve como área de conexão para aquela região da cidade. Ele é composto por um programa de edifícios residenciais de uso misto, com comércios em seu andar inferior, edifícios comerciais, creche, habitações de interesse social destinadas a habitação estudantil e acadêmica, residência de idosos, praça e jardins. O eco distrito foi desenvolvido pela SEMAPA, Secretaria da sociedade, gestão de projetos e desenvolvimento de Paris que se juntou posteriormente a ARENE, Agência Regional do Ambiente e Novas Energia.
LOCALIZAÇÃO Gare de Rungis está localizado no 13 ° distrito, em uma malha urbana também já consolidada: uma antiga estação de mercadorias da linha ferroviária
Petite Ceinture. A estação encontrava-se abandonada, se apresentando como um vazio urbano, que teve seu terreno reconstituído para a construção do novo projeto. O terreno possui uma área de 4 hectares e ainda está conectado com a linha férrea, e linhas de ônibus municipais, sendo de fácil acesso por transporte público. O empreendimento ainda está localizado próximo a cidade universitária, com diversos serviços disponíveis a 15 minutos de caminhada ou menos, como um hospital, estádio esportivo, escolas, parques municipais e afins. Essa inserção do novo distrito em uma área já consolidada e compacta foi uma das principais preocupações durante o projeto.
DESENHO URBANO O desenho urbano, se dá de forma bem simples, e parte de três principais premissas: criar conexões com o entorno, puxando o fluxo das ruas para seus
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LEGENDA:
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PONTO DE ÔNIBUS
PARQUE
ESTAÇÃO DE TREM
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RESTAURANTES E
CENTRO RELIGIOSO
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HORTA/POMAR
FOTOS: 1 - Entorno 2 - Estado do Terreno antes 3 - Habitação Estudantil 4 - Jardim Charles Trenet
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seus espaços públicos; assegurar o uso misto e a diversidade do espaço; e ser desenvolvido ao longo de uma grande área verde, promovendo a biodiversidade local. Os prédios são dispostos de forma variada ao longo do bairro, são compactos, de médio porte e multifamiliares. As vias, de pequeno porte, com diversos equipamentos urbanos e áreas de estar dispostas entre elas, e se conecta com o jardim que ocupa cerca de um quarto do espaço do terreno, em local de destaque e funciona como principal área polarizadora de fluxos. O desenho urbano também se apropria dos desníveis e declividades do solo, utilizando este para criar diversas perspectivas para o usuário.
CONFORTO TÉRMICO Em termos de conforto térmico o bairro já ganha uma grande vantagem por se desenvolver ao longo de uma área verde, mas ainda assim toda área de vegetação existente foi mantida e em todas as ruas do bairro foram plantadas árvores e arbustos de espécies nativas. Foram utilizados materiais claros, refletores e incentivado o uso de materiais e sistemas de isolamento térmico nas edificações.
MATERIAIS Percebe-se a preocupação com a escolha de materiais locais, reaproveitados ou já existentes no terreno como areia e pedras recuperadas utilizadas na antiga estação. São usados ainda nas edificações materiais isolantes e com alto desempenho técnico, como lã de rocha e concreto reciclado. A habitação estudantil, por exemplo possui fachada revestida de alumínio fosco, e utiliza materiais isolantes que conseguem reduzir em até 30% o consumo de energia gasto com aquecimento, a habitação para idosos chega a economizar 36% e possui suas fachadas recobertas por um revestimento de zinco.
ENERGIA Em conjunto com a ARENE, a SEMAPA, propõe uma abordagem proativa para o sistema de energia. Para isto é proposto a utilização de energia renovável com a utilização de painéis fotovoltaicos para a captação de energia solar e painéis solares térmicos para o aquecimento das águas. Pela primeira vez visto, é limitada a quantidade de energia utilizada pelos edifícios, 50 kW / H / m² / ano. Todo edifício possui sua própria captação de energia solar, com painéis fotovoltaicos em suas coberturas, infelizmente não são ainda autossuficientes, mas em conjunto com a rede de captação do bairro atendem suas demandas. Há ainda três pequenas turbinas eólicas no ponto mais alto do jardim, para incentivar esse tipo de energia renovável.
ÁGUA E SANEAMENTO O empreendimento não possui porte suficiente para ter seu próprio sistema de água e saneamento, mas ele traz medidas para a captação de água de chuvas, afim de reutiliza-las, diminuindo a dependência da rede urbana, reduzindo o consumo e diminui o volume de águas que seria descartado para o esgoto. Foi imposto esta obrigação a todos os empreendedores e empresas de desenvolvimento do bairro criando uma rede central de captação de água pluvial. A água de chuva é armazenada e utilizada para regas das áreas verdes e nos espaços sanitários dos edifícios. Houve também a preocupação com o descarte e acumulo dessas águas, sendo criado tanques de armazenamento para não sobre carregar o sistema de escoamento em épocas de tempestades, visto que épocas como esta são comuns na cidade de Paris. Estes aspectos reduziram em até 30% o consumo de água.
SISTEMA DE TRANSPORTE Gare de Rungis foi pensado para ter o transporte coletivo (seja o trem ou ônibus) como meio de transporte principal e o pedestre como elemento de maior importância, por isso a localização e sua conexão com a malha de transporte municipal foi tão importante. O distrito é composto por pontos de ônibus em suas extremidades, e um sistema viário pensado para os pedestres, com vias exclusivas destes e duas vias compartilhadas que corta o projeto. Há também ciclovias e suporte para bicicletas ao longo de toda a área. As vias para automóveis acontecem principalmente no perímetro do bairro, possuindo apenas uma via de carros que corta Gare de Rungis, e ainda assim está destinada apenas a carros de serviços (carro de lixo, ambulância, incêndio...) e veículos de moradores locais. Há ainda a presença de ciclovia e um pequeno estacionamento para um número limitado de carros e um sistema de carros compartilhados para incentivar o não uso do transporte individual. Em alguns edifícios podem ser encontrados bolsões para carros elétricos, incentivando esta modalidade automobilística, caso o transporte individual seja necessário. Como conexão com o entorno ainda são propostas passagem elevadas de pedestres que cruzam o anel viário e ligam o distrito com a ferrovia.
COMUNIDADE O bairro tem a proposta de priorizar o bemestar coletivo e espaços socialmente justos, para isso todos os espaços públicos e vias são inclusivos, criando espaços de estar ao longo de todo o bairro, possuindo vias de no máximo 5% de elevação,
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trazendo uma diversidade de usos, tipologias, classes sociais e faixa etária. O bairro também propõe o uso dos espaços públicos e comerciais como áreas de interação e apresenta equipamentos urbanos de uso coletivo, como parque infantil, campo esportivo, horta comunitária, creche e o centro sócio cultural Maison 13 Solidaire. Ele ainda separa 5% de suas habitações para trabalhadores locais e contou com a presença popular durante seu planejamento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS O Gare de Rungis é um bairro novo na cidade de Paris e ainda em experimentação, possui algumas características a serem estudadas mais a fundo, e possui grande parte de suas residências voltadas para pessoas que fazem parte do meio acadêmico. Mas o fato do empreendimento ter sido uma iniciativa inteiramente da prefeitura de Paris, mostra um grande avanço no pensamento do poder público em relação ao tema da sustentabilidade. Com suas medidas de eficiência energética, o empreendimento consegue alcançar significativa redução de consumo de energia, a captação de água da chuva economiza 50% do consumo de água, e ainda promove a valorização da biodiversidade, a regulação térmica do local e incentiva um estilo de vida com menos carros. Por esses motivos o bairro pode ser considerado como um exemplo de experimento bem-sucedido e se torna um modelo a ser seguido pela cidade de Paris.
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GARE DE RUNGIS: Área Total - 4ha Densidade - 125 habitantes/ha Estacionamento - 0.25 vagas/habitação Da área construída:* Área Residencial- 32.5% Área Comercial e de Serviços- 52.5% Área de uso comunitário e/ou inst - 3.5% Espaços públicos - 12.5% *Sem contabilizar o sistema viário.
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FOTOS:
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5 - Centro Socio Cultural 6 - Campo Esportivo 7 - Diagrama doo Desenho Urbano
GREENVILLE
45ha, Salvador, Brasil, 2009– 2015 Projeto: W Arquitetura Agentes: Iniciativa Privada, PDG
O
último dos casos aqui estudado, é o empreendimento Greenville, situado na periferia da cidade de Salvador. Um empreendimento que foi vendido e divulgado como sustentável, mas que deixa muito a desejar, sendo considerado mais um exemplo de greenwashing do que exemplo de sustentabilidade. O Greenville é juridicamente um bairro, de uso misto (residencial e comercial) setorizado, composto por diversos condomínios fechados destinados à classe média alta e classe alta. O projeto inicial foi divido em duas etapas, o Greenville Oeste e o Leste, que somaria uma área total de aproximadamente 90 hectares, por motivos financeiros, apenas o Greenville Oeste (45ha) foi parcialmente completado. Dentro do Greenville Oeste estava previsto a construção de 12 lotes, 9 residenciais 3 comerciais, sendo que apenas 5 residenciais foram desenvolvidos, sem previsão de entrega das áreas restantes. Nos 5 lotes, encontramse construídas 18 torres verticais, com 1622 unidades e aproximadamente 6500 pessoas. Se os outros lotes forem desenvolvidos o bairro chegaria a abrigar 32 torres com 2.900 unidades habitacionais e quase 11mil habitantes.
O maior destaque divulgado pelo empreendimento é o fato dele se localizar em meio a uma das maiores reservas restantes de mata atlântica de Salvador, e promover uma vida em “contato com a natureza”. No entanto o empreendimento não menciona que apesar de manter os 40% de área verde previstos por lei, ele desmata 60% de área verde para sua implementação, além do fato de que a arquitetura e urbanismo local não dialoga em nada com vegetação existente.
LOCALIZAÇÃO O Greenville está localizado em uma área da cidade de Salvador que teve seu desenvolvimento intensificado após a controvérsia Lei de Reforma Urbana de 1968, que determinou novos eixos de expansão e modificou a estrutura fundiária da cidade, permitindo o avanço da Avenida Paralela e a maior expansão da cidade para este lado. O empreendimento está situado em uma área verde virgem antes pertencente a região do parque municipal Vale Encantado, parque este que está até hoje previsto por
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GREENVILLE LESTE
GREENVILLE OESTE
LEGENDA:
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PONTO DE ÔNIBUS
RESTAURANTES E BARES
PARQUE
ESTAÇÃO DE TREM
COMÉRCIO E SERVIÇOS
ESCOLA
CENTRO RELIGIOSO HORTA/POMAR
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FOTOS: 1 - Entorno 2 - Terreno em construção 3 - Terreno hoje 4 - Vista aérea 5 - Vias
lei mas que nunca obteve sua exata área delimitada, o que facilita a aprovação de construções e especulação imobiliária tanto em seu entorno como em dentro de seu “limite”. Atravessando esta área, encontra-se o Rio Tropogy, ou Rio Passa Vaca, que ainda está em uma parte preservada da mata atlântica por ser responsável por delimitar uma área permanente de preservação, conforme determinado pelo o código florestal. O rio encontra-se poluído e quase não se nota sua presença no bairro, está quase que escondido. Nenhuma medida para sua limpeza, preservação ou conscientização da comunidade foi realizada. Além de estar situado em uma área de Mata Atlântica o bairro encontra-se em uma região quase exclusivamente residencial, com pouquíssimos serviços disponíveis, e todos acessados apenas a uma distância a carro. Em um raio de 500m não se pode encontrar nenhuma área de serviços, o serviço mais próximo pode ser considerado a Universidade Católica de Salvador que está a mais de 1km de distância. Mesmo a essa distância são ainda poucas as opções que podemos encontrar: a universidade; uma escola profissionalizante; posto de gasolina, o parque Pituaçu (apesar de sua entrada se situar mais adiante), o estádio Roberto Santos, e alguns pontos pontuais de pequeno comércio.
MATERIAIS Os materiais utilizados na obra são materiais tradicionais da indústria imobiliária brasileira, concreto, vidros temperados, revestimentos cerâmicos e afins. Não há nenhum registro de que houve preocupação com os benefícios ecológicos e sociais que os materiais pudessem trazer, nem da distância que este viajaria. Nas áreas visitadas há uma grande área pavimentada, sendo sua maioria permeável o que traz benefícios para o terreno.
provenientes das altas torres residenciais que chegam a ter até 30 andares. Ainda assim, o alto índice de pavimentação causa ainda mais calor nas ruas. Os apartamentos são dispostos de maneira diversa no terreno, possuem tamanhos variados, de 88m² a 276m², e não houve nenhum estudo sobre a temperatura ou ventilação deles, mas o fato da maioria das unidades possuírem ar condicionado (inclusive na sala e ambientes coletivos) diz algo á respeito.
ÁGUA E SANEAMENTO Embora o bairro possua uma escala que permite (e é desejável) um sistema de água e saneamento o Greenville não os possui, estando ligado à rede municipal de Salvador. As águas de chuvas também não são captadas para serem reaproveitadas.
SISTEMA DE COLETA Em relação aos dejetos ele também utiliza o sistema municipal, um sistema de aterro sanitário que já está à beira de seu limite, sem nenhuma usina de reciclagem, e as poucas cooperativas que existem não conseguem reaproveitar nem 10% do lixo produzido na cidade. No bairro não foi encontrado nenhum sistema ou programa de incentivo a reciclagem, compostagem ou ao não desperdício.
SISTEMA DE TRANSPORTE
A rede de energia do Greenville é conectada com a da grade municipal, não possuindo nenhuma forma de energia renovável no local, nem aquecimento solar para as águas. Tirando o sistema de automação dos elevadores dos prédios, que não apresenta grandes mudanças, não foi encontrado nenhum outro mecanismo de economia de energia ou conscientização dos moradores.
O principal sistema de transporte é o automóvel. O empreendimento valoriza tanto este meio de transporte que todas as unidades de habitação possuem garagens privativas, chegando a ser até 4 garagens por unidade 3 pavimentos inteiros por torre, além das garagens privadas para visitantes e as públicas nas vias. O bairro é acessível por meio de transporte coletivo apenas em sua entrada, o transporte público não entra em suas mediações, dificultando o acesso de quem não tem carro, o que acaba sendo uma forma de segregação entre classes sociais. Apesar da Av. Pinto de aguiar já possuir uma ciclovia, está não entra no bairro. As vias possuem calçadas estreitas e pouco arborizadas, quase não se vê pedestres transitando. O desenho urbano setorizado também não contribui, não incentivando a presença do pedestre no local. Se tudo está longe por que irão utilizar a rua, senão para passar de carro?
CONFORTO TÉRMICO
COMUNIDADE
Apesar de estar em meio a uma reserva natural de mata atlântica pouco foi mantido de sua fauna, sendo as árvores e vegetação encontradas no bairro não nativas daquela região, de espécies pouco robustas (oferecendo pouca área sombreada) e ainda estão em processo de crescimento. As áreas verdes são principalmente compostas por grama. A sombra encontrada nas vias e espaços públicos são
As características urbanas e arquitetônicas do empreendimento,- como transporte exclusivo para carros, condomínios fechados, áreas de lazer privativa, valor aquisitivo dos apartamentos, serviço pay-per-use, entre outros, deixam claro que o mesmo foi projetado para uma determinada classe social. São apartamentos luxuosos que se preocupam
Energia
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mais em prover um conforto individual do que o bem-estar coletivo. Não há um senso de coletividade ou pertencimento. Cada condomínio é cercado e tem suas próprias infraestruturas e caso os moradores desejem usufruir é necessário o agendamento e reserva destas, não havendo interação com vizinhos. Apesar de habitarem um só bairro, cada condomínio busca ter sua própria identidade e seu próprio mundo dentro dele, afim de manter os seus critérios de diferenciação entre si, e sofisticar o seu afastamento e a sua auto segregação.
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Há ainda uma segregação de classes, algo usual na cidade de Salvador, mas que aqui é enaltecido. Além do fato do empreendimento ser feito para apenas uma determinada classe social, visitantes e prestadores de serviços que não possuam veículos são obrigados a acessarem os condomínios fechados através de portarias enjauladas (depois de uma longa caminhada ao sol em vias não projetadas para eles), e ainda são sujeitos a revistas antes da saída após o expediente. Não há diversidade das classes sociais e está heterogeneidade nitidamente não é bem-vinda. Em relação a conscientização e relação da comunidade com o meio ambiente, não foram encontrados nenhum programa, iniciativa ou ações beneficentes que remetessem a este. O Rio Passa Vaca encontra-se intocado e escondido em sua área de App, isolada e “gradeada”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS O Greenville foi divulgado amplamente como um bairro sustentável, entretanto ao analisar seus aspectos projetuais pode-se chegar à conclusão de que foi claramente uma falsa propaganda. O empreendimento não apresenta nenhuma medida sustentável, seja de âmbito econômico, social ou ambiental. Somente o fato de estar inserido em um terreno virgem de mata atlântica e desmatar 60% de sua fauna já o contradiz totalmente, além do fato de estar inserido no que seria uma área de proteção ambiental (o parque do Vale Encantado). O antropólogo Pellissier, em estudos, afirma que, o conceito de natureza e as áreas verdes ajudam os ricos moradores do Greenville na sofisticação dos seus mecanismos de distinção e de segregação. A natureza é vendida como área de contemplação, de status, assim como o nome sustentabilidade. É chic ser “sustentável”. Os lotes comerciais até o presente momento não foram desenvolvidos nem projetados, questionando a intenção de sua construção. Hoje o Greenville é exclusivamente de uso residencial. O empreendimento pode ser chamado de muitas coisas, homogêneo, segregador, dependente de um meio de transporte individual e poluente, isolado, mas com certeza não sustentável.
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FOTOS: 6 - Esquema de Implantação 7 - Arborização das Vias
8 - Vista das Torres 9 - Espaços de Lazer Privados
GREENVILLE:
Área Total - 45ha Área Passível de Intervenção- 25ha Área Preservada (App) - 20ha Densidade - 260 habitantes/ha Total de Habitantes - 11 mil pessoas Estacionamento - 3 vagas/habitação Total de Vagas - 11 mil vagas no bairro Da área construída: Densidade Residencial Bruta - 480 hab/ha Densidade Residencial Líquida - 1000 hab/ha Área Residencial- 48% Área Comercial - 8% Sistema Viário - 12% Área Verde - 30%* Espaços públicos - menor que 2% *Áreas Verdes localizadas fora das áreas de preservação permanate do Rio Passa Vaca.
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Exemplos de materiais de divulgação com apelo ambiental e/ou sustentavel utilizado durante a venda do Greenville. 45
RESUMO
localização
BEDZED (1.7ha)
gare de rungis (4ha)
vauban (41ha
greenville (45ha
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agente
tipologia
usos
# de habitações
demografia
programa
hab. social
hab. social
entorno
meio de vagas de transporte automรณveis
tipos de vias
energia renovรกvel
reaproveit. de รกgua
reciclagem de dejetos
edfs. passivos
materiais locais e sustentรกveil
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E SE FOSSE SUSTENTAVEL?
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Ao confirmar que o empreendimento Greenville não é sustentável, faz se a pergunta, e se o empreendimento fosse sustentável (como foi divulgado), como seria? Primeiro, o empreendimento jamais seria realizado no terreno escolhido. Desmatar uma área verde existente para a construção de um bairro não se enquadra nos parâmetros da sustentabilidade. Ao invés, dever-se-ia buscar alocar o bairro em um vazio urbano ou um terreno previamente utilizado, para dar lhe um novo uso e reviver uma área abandonada e/ou esquecida da cidade. Reutilizar, reaproveitar e reciclar. Além do fato do terreno estar localizado em uma área sem muita infraestrutura de serviços urbanos, em uma área de subúrbio, de difícil acesso de transporte público e próximo a uma área de preservação permanente de uma bacia hidrográfica. Mas com a finalidade de estudar uma nova proposta urbana para o bairro e criticar o modelo utilizado atualmente, adotaremos o mesmo terreno como objeto de estudo.
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DIRETRIZES PROJETUAIS Excluindo este aspecto, o novo bairro proposto deverá seguir completamente os princípios e diretrizes da sustentabilidade, criando um desenho urbano economicamente eficiente, socialmente justo e ambientalmente correto. Portanto o bairro deverá ser/ter: •
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Uso misto – afim de favorecer atividades econômicas locais, gerando um diversificado fluxo de transeuntes, contribuindo para o abastecimento das residências e suprimento de suas necessidades, além de diminuir a necessidade de locomoção para lugares distantes (e consequentemente a utilização dos automóveis). Compacto - Densidade residencial bruta entre 100 a 450 hab./ha para maximizar o uso da infraestrutura instalada, diminuindo o custo relativo de sua implantação e reduzindo a necessidade de sua expansão para áreas periféricas. Altas densidades reduzem necessidade de viagens já que a concentração de pessoas favorece as atividades econômicas como comércio e serviço a nível local, encorajam o pedestrianismo e viabilizam a implantação de sistema de transporte coletivo. Diferentes tipologias, tamanhos e forma de posses de habitações– trazendo a heterogeneidade tanto de classes sociais, culturas e faixas etárias. Edifícios Multifamiliares promove a diversidade, exige menor infraestrutura e promove a economia de recursos. Autossuficiente, conectado a malha urbana - o bairro deve ser considerado como a unidade básica de planejamento, mas que faz parte de um conjunto maior, não se distanciando da cultura e realidade da cidade que está inserido.
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Um bairro de modelo tradicional – onde os usos se encontram misturados e diversificados, não setorizados ou isolados . Projetado com a topografia local – evitando grandes movimentações de terras e grandes impactos ao terreno, com vias e edificações se adaptando a este. De fácil acesso e circulação – tanto por meios de transporte coletivo como individual, com serviços disponíveis e distancia da via principal de um raio de distância vencido confortavelmente para pessoas com e sem deficiência (até 500m). Arborizado – proporcionando ao habitante ou usuário uma infraestrutura adequada termicamente, com utilização de plantas nativas. Composta por uma rede viária que priorize o pedestre – proporcionando segurança ao transeunte, com velocidade máxima permitida de 30km/h nas vias que são permitidas a passagem de automóvel. Áreas nobres reservadas para praças e espaços públicos e de lazer – como praças, parques, centros comunitários para levantar a importância desses espaços e sirvam de áreas de respiro e quebra de densidade. Estes espaços devem estar O transporte coletivo como principal meio de locomoção – para que haja menos tráfego, menos espaços ocupados por automóveis privativos e seja menos poluente. Vias exclusivas de pedestres – incentivando a vida nas ruas e um bairro mais saudável. Central de manejo dos recursos naturais e disposição de dejetos. Sistema de filtragem de Saneamento – filtragem de toda água cinza e negra e reaproveitamento destas, promovendo um descarte seguro para o meio ambiente. Forma de energia alternativa e limpa – afim de gerar menos poluentes e buscar ter produção local evitando maiores gastos na infraestrutura. Ciclovias conectadas a malha viária promovendo uma forma alternativa de locomoção. Praças projetadas para crianças e animais de estimação – para trazer maior movimento e fluxo nos espaços públicos. Espaços de uso comunitário – promovendo a interação e cooperação da comunidade. Malha urbana diversificada– com a finalidade de criar um bairro permeável e não monótono. Edificações Eficientes – edificações que necessitem consumir o mínimo possível de energia, sendo termicamente confortáveis, bem ventiladas e iluminadas, sendo a eficiência atingida por inovações tecnológicas ou técnicas vernaculares projetuais. Utilização de materiais locais, renováveis e reaproveitáveis, não tóxicos e limpos – incentivando a economia local, aproveitando os recursos disponíveis, causando menos poluentes com transportes e menor impacto ao meio ambiente.
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PROJETO A proposta então é criar um bairro que atenda a todas essas especificações e que sirva de polo de serviços e conexão para aquela região, uma vez que o terreno se encontra em uma área predominantemente residencial formada por bolsões (sem saída) e avenidas.
PROGRAMA Com base nos estudos anteriores, as diretrizes projetuais e as necessidades do local o programa se define em: • • • • • • •
Residencias com Hab Estudantil; Áreas Comerciais Áreas Institucionais Edificações de Uso Misto Aréas de Uso Comunitário Espaços Públicos Garagens Comunitárias
Sendo que as edificações residenciais devem ser multifamiliares com múltiplas tipologias e padrões familiares como habitação para pessoas de terceira idade, famílias com crianças, sem crianças, solteiros e afins, sendo que 15% das habitações devem ser destinadas a habitação social. As áreas de uso Comerciais são divididos em 3 tipos: •
Micro – pequenos comércios de ruas e áreas públicas como bancas de revistas, de frutas e lanches, que podem ser localizadas no espaços públicos.
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Pequeno – comércio de bairro, como padarias, salão de beleza, loja de conveniências, restaurantes, lavanderias, agência de correio, etc.
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Médio – comércio de serviços, consultórios, escritórios, creches, local de culto, supermercado, bancos, lojas de maior porte, casa lotérica, etc.
Dentre as áreas Institucionais propõe-se instituições de ensino, instituições profissionalizantes e instituições a serviço do próprio bairro como: uma central de manejo dos recursos naturais, uma central de energia renovável e uma central de captação e filtragem de água e saneamento básico. As áreas de uso misto devem possuir dois usos, residencial e comercial. A área comercial deve se concentrar até os dois primeiros pavimentos das edificações sendo os superiores destinados ao outro uso. As áreas comunitárias serão áreas destinadas a espaços de cooperativa e interação comunitária que são de uso da comunidade, elas serão destinadas a
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um centro comunitário, uma cooperativa alimentícia, uma cooperativa de reciclagem. As garagens comunitárias aqui veem com o intuito de absorver a demanda existente de carro, proporcionando vagas de garagem (pagas, com a verba voltada para sua manutenção) para moradores e visitantes que necessitem sua utilização. Entretanto, é proposto que esses edifícios sejam multifuncionais, com atividades diversas em seus pavimentos superiores. Essas atividades podem ser temporárias como hospedar eventos, congressos e afins ou permanente como contar com quadras esportivas, restaurante e cafés. Os espaços públicos são as praças e parques do bairro, que servem como espaço de respiro e lazer para a comunidade, além de espaços de conexões, entre vias e ciclovias. Devem ser composos por parques infantis, área de exercício físico, de estar e áreas verdes.
DENSIDADE DEMOGRÁFICA “A densidade é um referencial importante para se quantificar por meio de princípios técnicos e financeiros a distribuição e o consumo de terra urbana, infraestrutura, serviços públicos, entre outras funções dispostas numa área residencial. De forma geral, diversos autores destacam que quanto maior a densidade, e resguardados certos limites, melhor será a utilização e a maximização da infraestrutura e do solo urbano. ” Silva, Silva e Alejandro (2016). A utilização de uma densidade ineficiente pode prejudicar a qualidade de vida urbana, se for rarefeita pode provocar deslocamentos desnecessários e alto custo de infraestrutura além de isolamentos, já se for exacerbada pode diminuir a produção urbana, causar desconforto, enclausuramento e perda de intimidade. Existem diversos estudos a respeito da densidade ideal, segundo Mascaro (1986), por exemplo, a densidade bruta ideal para um bairro deveria estar entre 450 a 540 hab/ha, a Organização das Nações Unidas também traz o valor de 450hab/ha como valor ideal. Já Zmitrowicz & De Angelis Neto trazem a densidade média de 60 famílias por hectare (cerca de 200 hab./ha) como ideal. Neste caso, para determinar a densidade do novo bairro, foram estudados os projetos anteriores, e trazendo o estudo para a realidade em que o bairro está inserido, foram comparados com alguns adensamentos da cidade de Salvador, a fim de encontrar uma densidade que seja confortável com uma infraestrutura urbana viável. Foram listados com essas características, segundo o Ibge, os bairros da Barra (135hab/ha); Rio Vermelho (107hab/ ha), Graça (214hab/ha), e Vila Laura (173hab/ha). Também foram trazidos para estudo realidades conhecidas pela autora e considerados confortáveis
TIPOLOGIAS DE GABARITOS: por esta , o bairro Candeal (200hab/ha), o bairro de Chealsea na cidade de Nova Iorque (190hab/ha) e a ilha de Manhattan (182hab/ha). Assim, é adotado como densidade bruta para o bairro o intervalo de 200 a 300 hab/ha.
Térreo + 1
Térreo + 3
Térreo + 5
Térreo + 7
GABARITO O relatório de 2007 do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos, discorre a respeito da dificuldade de prédios acima de 4 pavimentos se tornarem autossuficientes energeticamente, indicando que não só socialmente, mas também economicamente e ecologicamente é preferível edificações de menor gabarito do as de grande porte. Edificações mais baixas também proporcionam maior conexão com as vias e espaços em seu entorno, contribuindo para uma maior sensação de segurança e vida nas ruas, além de provocarem menor sombreamento. Fica então estabelecido para o novo bairro o gabarito máximo de 8 pavimentos (térreo + 7), por ser considerado uma altura que ainda se conecte com a rua e que possa atingir a suficiência energética quando conectado a uma rede auxiliar de energia (a central de energia renovável do bairro). São criadas também 3 tipologias de gabarito, criando diversidade de volumetrias:
ESQUEMA DE FLUXOS: Lote Ins tucional:
Dia
Noite
Sem a necessidade de elevador - Térreo +1 Elevador como item opcional – Térreo + 3 Necessitam de elevador – Térreo + 5 e Térreo + 7.
DISPOSIÇÃO DO PROGRAMA Ao avaliar os usos de loteamentos definidos no programa, foi estudado as possíveis relações desenvolvidas entre si, suas demandas de uso e sua relação com o sistema viário, com o propósito de entender essas relações e estudar como elas poderiam ser transportadas para o desenho urbano. São identificadas 4 tipos de usos: Tipo 01 - As que geram fluxo de pessoas e mobilidade durante o decorrer do dia que seriam os loteamentos institucionais, que atraem as pessoas para o trabalho. Tipo 02 – As que geram fluxos e mobilidades durante horas pontuais do dia e noite, os loteamentos residenciais, em que as pessoas saem para trabalhar no início do dia e retornam à noite com alguma movimentação durante o período do almoço. Tipo 03 – As que geram fluxos e mobilidades espontâneas durante o dia e noite, como os loteamentos comerciais, habitações estudantis, loteamentos comunitários. Tipo 04 – As que não só geram fluxos e mobilidade espontaneamente como também áreas de estar, os espaços públicos.
Lote Residencial:
Dia
Noite
Uso Misto / Comercial:
Espaços Públicos
Dia & Noite
Dia & Noite
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Seguindo este pensamento as tipologias devem estar dispostas de tal forma que crie fluxo de pessoas e movimentos nas vias durante o máximo de tempo possível. Então os loteamentos institucionais devem estar mais afastados das vias principais, provocando o deslocamento das pessoas dessas vias até a extremidade do bairro; já as residenciais devem estar alocadas a partir da via principal até o centro do bairro criando fluxo opostos aos provocados pelo loteamento institucional; os loteamentos comerciais, de uso misto e habitação estudantil devem estar dispostos uniformemente por todo o bairro trazendo vida as vias durante o resto do dia; os espaços públicos que devem estar no miolo do bairro (entre as vias principais e a es extremidades) causando bolsões de respiro e áreas de estar; e os edifícios garagens, por mais que também seja proposto serem de uso misto, devem estar dispostos nas extremidades das vias principais, em locais de chegada evitando o maior trânsito de carro pelo bairro.
PLANTA DE LOCALIZAÇÃO
ESQUEMA DE DISPOSIÇÃO DOS LOTES
MT
CC
MT
COM
COM MT
INST.
O terreno utilizado é o correspondente ao Greenville Oeste, ele possui uma área total de 45ha, e está localizado no Bairro de Patamares delimitado pela Avenida Pinto de Aguiar. Está localizado em uma área determinada pelo PDDU municipal como zona predominantemente residencial e de macrozona de manutenção da qualidade urbana, sendo uma região com limitada oferta de comércio e serviços.
CC
MT
COM COM MT
RESID.
GC
CC
HE
VIA DE PEDESTRES VIA PARA CARROS GC - GARAGEM COMUNITÁRIA CC - USO COMUNITÁRIO COM - USO COMERCIAL MT - GARAGEM COMUNITÁRIA 52
TERRENO
O terreno é delimitado por áreas de preservação permanente devido ao Rio Passa Vaca e áreas de charco presentes no bairro, que em conjunto totalizam 20ha. Bastante acidentado variando sua altura em 35m, o terreno varia entre a cota de nível 5 até a 40. Praticamente toda sua área não acidentada faz parte da área de preservação admitindo a ocupação apenas dos topos dos morros. Pelo terreno ser cercado em grande parte por áreas residenciais ou áreas de App, foram identificados apenas 3 possíveis locais de conexão com a malha viária para a região, a saída para a Av. Pinto de Aguiar, o acesso a Av. Ibirapitanga e uma possível conexão com a Rua Mendonça Filho.
DIAGRAMAS DE ESTUDOS APP E ACESSOS VIÁRIOS
VIAS
REDE VIÁRIA Partindo desses acessos, é possível traçar 2 eixos principais para o bairro que ao adequar a topografia, determina as 2 principais vias locais. Vias estas que permitem o tráfego e estacionamento de veículos uma vez que estes ainda são uma das principais maneiras de locomoção de Salvador. Entretanto a partir dessas ruas é criado uma via compartilhada para dar acesso a uma área mais distante do bairro. Há três pontos de ônibus em diferentes níveis possibilitanto um fácil acesso ao bairro por transporte público. Devido a limitação provocada pela área de preservação permanente o bairro fica impossibilitado de criar muitas conexões por meio de automóveis, mas essas conexões podem ser feitas através de vias exclusivas para pedestres e ciclovias. A ciclovia é disposta entorno do bairro, delimitando a área de proteção permanente, e se conectando com a ciclovia exstente na Av. Pinto de Aguiar. A ciclovia funciona como barreira física para impedir a construção nas áreas de preservação, ao mesmo tempo que conecta o bairro com a reserva de mata atlântica ela impede sua degradação. É proposto também a criação de uma ciclovia na Av. Ibirapitanga para que haja um segundo eixo de continuidade da ciclovia do bairro.
0
100
200
LEGENDA APP RIO EIXOS
POLIGONAL
PÓSSIVEIS ACESSOS VIA P/ CARROS V. COMPARTILHADA CICLOVIAS 53
VIAS PARA PEDESTRES
As vias para pedestres são divididas em duas: as vias de conexão interna e as vias de conexão externa. As vias de conexão interna econtramse entre as vias onde o automóvel é permitido e a ciclovia, conectando as mesmas e as edificações mais afastadas. As vias de conexão externa permeiam o bairro com seu entorno, adentrando as Apps e possibilitando uma aproximação do morador ou transeunte com a reserva da mata atlântica ali encontrada. Essa via se dá na forma de uma trilha e conecta o bairro com seu entorno imediato e o Parque Pituaçu, se extendendo até a trilha deste.
N
Com a criação dessas vias as fronteiras do bairro são expandidas e aderem áreas de proteção do que seria o Parque do Vale encantado, com essa mistura surge o nome do novo bairro: Bairro do Vale Encantado.
50 0
200 100
CONEXÃO COM O ENTORNO N PARALELA
Essa mistura de tipologias de via vem com o intuito de facilitar o acesso ao bairro e provocar a circulação de pessoas por este, trazendo mais vida e segurança. Ao excluirmos o carro provoca-se maior contato entre os habitantes e usuários, maior proximidade ao comércio; um bairro mais seguro para os transeuntes; ruas e espaços públicos mais seguros contra a violência, e além de diminuição da emissão de poluentes.
LEGENDA APP RIO VIA P/ CARROS V. COMPARTILHADA VIA P/ PEDESTRES CICLOVIAS TRILHA POLIGONAL
CONEXÃO POR: 200
0 100
54
OCTÁVIO MANGABEIRA
AUTOMÓVEIS, BICICLETAS E PEDESTRES BICICLETAS PEDESTRES
TIPOLOGIA DE VIAS Via Para Carros Como mencionado anteriormente a via destinada para carros é a principal conexão do bairro com a malha urbana existente, conectando-se com todos os tipos de vias presentes no projeto. As vias são de mão dupla, com área de estacionamento público com o total de 150 vagas, para eventuais necessidades, entretanto ainda dando preferência ao pedestre. Portanto a rua é composta por duas largas faixas de passeio, uma faixa de rolamento e uma área menor para o estacionamento. Toda a pavimentação dela é feita com pisos drenantes, para a captação de água de chuva,: o passeio é composto por um ecobloco drenante reciclado ( feito com no mínimo 80% de matéria prima reciclada) , a área de estacionamento por piso grama e a faixa de rolamento de paralelepípedo. O paralelepído auxilia tanto na drenagem como na redução da velocidade da pista, evitando acidentes. Como medida de redução complementar e acessibilidade universal, são dispostas faixas de pedestres elevadas a um distância máxima de 200m entre elas, uma vez que os passeios são elevados.
PERSPECTIVA
Com a finalidade de trazer maior conforto térmico para os traseuntes e edificações próximas , e de criar corredores verdes que se conectem com as apps, as vias são arborizadas com árvores em canteiros a cada 8m. As espécies devem ser nativas dali e sempre que possível já existentes no local, como pitangueiras, araça amarelo, canela guaica, urucum, saboeiro, pata de vaca, laranja de macaco, pau jacaré, pau ferro, grumixama, e afins.
PASSEIO
FAIXA ROLAM.
EST.
PASSEIO
SEÇÃO
PLANTA BAIXA
5 0
15
EXEMPLO DE VIA
10 55
TIPOLOGIA DE VIAS Via Compar lhada Nesta via, o espaço que normalmente seria destinado aos carros, se torna compartilhado enaltecendo ainda mais a preferência aos pedestres. Ele encontra-se no mesmo nível dos passeios e com um piso diferente daquele utilizado nas vias convencionais, destacando que o motorista está em um novo espaço. Aqui o estacionamento não é permitido deixando claro que não se trata de um espaço para carros, que apenas sua passagem é permitida.
PERSPECTIVA
Diferente da via convencional, o desenho da rua é composto por largos passeios de ecoblock em suas extremidades, a faixa compartilhada de intertravado e uma faixa verde arborizada do lado esquerdo da via. Ao retirar os canteiros do espaço do passeio, expande-se a área de pedestres permitindo a passagem confortável do transeunte e a apropriação do espaço por outras atividades, como área de descanso ou área de mesas.
PASSEIO
FAIXA VERDE
FAIXA COMP.
PASSEIO
SEÇÃO
PLANTA BAIXA
0
10 5
56
15
EXEMPLO DE VIA
TIPOLOGIA DE VIAS Via de Pedestres As vias de pedestres são vias exclusivas para traseuntes, e as mais abundantes no projeto, incentivando o menor uso possível de automóveis. As vias de pedestres são compostas por apenas uma faixa de pedestres em piso intertravado, de 4m, para a possível chegada por automóvel em caso de emergência.
PERSPECTIVA
A arborização das vias é feita através das áreas verdes em suas extremidades, oriundas do recúo das edificações limitrófes. Para garantir que essas áreas verdes sejam mantidas, é proibido murar ou gradear essas áreas, permitindo apenas a criação de pequenos acessoas aos edifícios. A área então, apesar de ser propriedade privada é destinada ao uso público.
PASSEIO
SEÇÃO
PLANTA BAIXA EXEMPLO DE VIA
0
10 5
15 57
TIPOLOGIA DE VIAS Ciclovia A ciclovia que delimita a área construída do bairro, por estar inserida, em partes, dentro da área de preservação permanente busca gerar o mínimo de impacto ambiental possível. Portanto é proposto que está seja elevada, tocando o solo apenas quando necessário. Isto também possibilita que ela seja “maleável”, se adaptando a topografia e as diversas alturas do terreno. Ela conecta as vias de pedestres, espaços públicos, as vias convêncionais e as trilhas, criando um circuito que além do transporte também pode ser usado para o lazer ou a prática de exercícios físicos. Para incentivar, seu uso toma-se partido desta “maleabilidade” vertical para criar paisagens cênicas, explorando diversas alturas.
PERSPECTIVA
A ciclovia é mão dupla, com a largura de 3m para uma confortável passagem do ciclista. Propõe-se a utilização de pisos feito com materiais locais reaproveitados ou reciclados, como o ecoblock.
CICLOVIA
SEÇÃO
PLANTA BAIXA 58
0
EXEMPLO DE VIA
10 5
15
TIPOLOGIA DE VIAS Trilha As trilhas são de madeira reflorestada e seguem o mesmo partido da ciclovia, buscando impactar o menos possível o meio ambiente, entretanto por questões de manutenção e por elas abrangerem uma maior área e diversidade de terreno é proposto duas tipologias de vias: elevadas e as de solo. O tipo de via deve ser deteminado de acordo com o nível que ela se encontra e o estado do solo / vegetação local. Sempre que possível a trilha de solo deve ser adotada devido a sua maior durabilidade.
PERSPECTIVA
TRILHA
TRILHA DE SOLO - SEÇÃO
EXEMPLO DE VIA
TRILHA
TRILHA ELEVADA - SEÇÃO
PLANTA BAIXA 0
10 5
15 59
TIPOLOGIA DE VIAS Interseção das vias Seguindo o princípio da acessibilidade universal é proposto que a área onde ocorra o encontro de vias automobilísticas seja uma interseção elevada conectando os passeios para maior acessibilidade e enaltecedo a preferência ao pedestre. Como forma de provocar maior atenção dos pedestres é sugerido uma mudança de pavimento, saindo o paralelepípedo e adotando o intertravado.
Interseção e faixa de pedestres elevados ao nível do passeio.
Belvedere Um outro espaço adjacente às vias são os Belvederes, espaços de descanso e respiro no encontro da trilhas e da ciclovia com as vias de pedestres. Esses espaços são equipados com pequenos mobiliários urbanos de apoio aos traseuntes e ciclistas como bebedouros e bancos. Eles são compostos do mesmo material das trilhas e seguem a idéia de estrutura elevada.
+0.15
Via Elevada Para permitir a conexão entre as áreas de preservação permanente é proposto que dois trechos das ruas de carros sejam elevados. Esses trechos são localizados em áreas com topografia mais rebaixada, com presença de terrenos alagadiços. Esta elevação permite a continuidade da vegetação, a ligação dessas áreas molhadas com o Rio Passa Vaca, e a passagem da trilha e ciclovia por debaixo da via.
BELVEDERE - PLANTA BAIXA 60
INTERSEÇÃO - PLANTA BAIXA
PLANO DE MASSA Com a definição das vias, o desenho urbano já começa a tomar forma e já pode ser definido a volumetria do novo bairro. O pensamento do desenho urbano e das quadras segue parecido com a idéia de quadras abertas publicadas por Portzamparc, onde onde ele propõe a abertura de espaços públicos dentro das quadras, trazendo permeabilidade, pontos de conexões, encontros, e a presença maior de luz solar, diversificando a malha urbana. Aqui propõese uma ideia similar, com a abertura das quadras para espaços verdes como demonstrado no gráfico anterior, entretanto esses espaços são públicos e não uma parceira público privada como indicada por Portzamparc, além de sempre buscar que esses espaços tenham dimensões próximas aos de um lote. O pensamento inicial foi dividir o bairro em lotes, determinando a área máxima privativa que cada edificação poderia ter. Para o dimensionar os loteamentos, foi adotado o pensamento de Carlos Nelson, em “A cidade como um jogo de Cartas” em que ele estuda uma modulação de 12x12m para loteamentos. No livro ele traz alguns estudos de dimensões de terreno, e adota como lote padrão o terreno de 12x36m². Entretanto como a proposta aqui são terrenos multifamiliares adota-se o valor de 60x24m² como dimensão padrão, mas que varia conforme o formato do terreno e disposição de vias, criando áreas diversificadas. Após o loteamento, é determinado o uso de cada lote, adequando a teoria da disposição dos usos aos lotes desenvolvidos. Os espaços públicos sempre em locais mais densos, geralmente entre vias de pedestres para proporcionar maior afastamento entre os lotes áreas de respiro e atender a população imediata. Os lotes institucionais e habitações estudantis são dispostas mais afastadas das vias de carro, os lotes comunitários sempre próximos a um espaço público, e os lotes residenciais, comerciais e de uso misto alocados de forma variada com edifícios garagens sempre nas vias de carro. A proporção de lotes, residenciais x não residenciais, é feito com base nos estudos de caso apresentados , que varia entre 45 a 65% residenciais, então com a intenção de projetar um bairro compacto, mas com infra estrutura que atenda a comunidade e que também sirva de atrativo para região, adota-se entorno de 50% de usos residenciais e 50% não residenciais.
DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE MASSAS Estudo de Loteamentos N
0
Estudo de Usos
100 200
50
0
Estudo de Gabaritos
100 50
200
N
A partir deste desenho então se determina os gabaritos máximos, baseado nos usos e na topografia. A tipologia térreo + 1, é associada com áreas comunitárias, comerciais ou garagens. Térreo + 3, térreo+5, podem ser destinadas a todos os usos e a térreo+7 as áreas residenciais, institucionais, comerciais e uso misto. Essas tipologias ainda foram distribuidas conforme o terreno e suas necessidades de conforto térmico, buscando sempre manter a ESC 1/10000
61
ventilação iluminação e acompanhar a declividade do terreno.
ESQUEMA DE MASSAS
Nesta etapa também se foi pensado em recúos para gerar circulação de ar entre os prédios e manter área verde entre eles. Esses recúos teriam entre 3.5 a 4.5m de cada lado do terreno. Entretanto após estudo percebe-se que, em lotes que possuam o mesmo limite esses recúos não eram suficientes para ter um afastamento confortável entre as áreas construídas, estando elas ainda muito próximas, e esses recúos nem sempre impactariam na ventilação e conforto térmico. Os loteamentos e recúos deixavam o desenho urbano quebrado, dividido e engessavam um pouco sua volumetria. Por esses motivos, esses recúos são deixados de lado e um plano de massa é desenvolvido, mantendo aqueles que realmente façam impacto, como os recuos voltados para as vias de pedestres. A topografia então, é utilizada como partido volumétrico, buscando acompanhar suas curvas e trazer continuidade ao desenho urbano. Similar a experimentos pelo mundo e aqui mesmo em Salvador, como a volumetria desenvolvida na Rua Martagão Gesteira na Barra, e o Boulevard América em Nazaré. Tendo como referência também o projeto do Plano de Massa do centro da cidade de Bourdeaux, na França, desenvolvido pela MVRDV, buscase remodelar as massas quebrando aos poucos o volume de caixa, sempre pensando nas questões de ventilação e iluminação. Essa quebra tem o intuito de provocar e incentivar volumetriais mais diversas no bairro e trazer maior dinamismo para o desenho. Para criar marcos e pontos de referências no novo bairro, algumas massas ainda são mais trabalhadas e elevadas um pouco acima de 8 pavimentos para se destacarem na paisagem em relação aos demais.
ESTIMATIVA DE DENSIDADES
QUADRO DE ÁREAS Área do Bairro Total - 45hs Área de App - 20hs Área Passível de Intervenção - 25ha Da área de Intervenção: Área Preservada - 3,5ha Área Verde - 6,2ha Área Ocupada - 15,3ha
(hab/ha)
Da área Ocupada: Área de Vias - 5,3ha Área de Massas - 10,1ha
Geral - 134 à 180 Bruta - 240 à 320 Líquida - 600 à 800
USO MISTO
Massas com até 2 pavimentos
Sendo as massas de uso misto divididas em uso residencial e comercial, com o uso comercial disposto até no máximo os dois primeiros pavimentos, identificou-se 3 tipos de ordenação de usos:
Sempre que a massa possuir apenas 2 pavimentos, eles deverão ser igualmente divididos: o pavimento próximo da via (pavimento de entrada) deverá sempre ser comercial e o outro residencial.
Residencial
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Comercial
Uso Híbrido
VOLUMES TRABALHADOS N
Legenda Comercial Residencial Uso Misto Comunitário Garagem Institucional Hab. Estudantil Esp. Público Horta Comunitária
MASSAS
QT
Residenciais 24 Uso Misto 18 Comerciais 14 Ins tucionais 11 Espaços Públicos 12 Garagens 6 Uso Comunitário 3 Habitações Estudan s 2 Total:
Área Ocupada
Área Const.
%
21.692,02 20.850,90 0.193,06 14.532,11 24.240,55 5.523,80 2.931,32 1.204,96 100.798,86
173.536,16 125.105,4 40.772,00 94.458,72 24.240,55 22.095,20 14.656,60 4.819,84 ≈500.000,00
34% 25% 8% 19% 5% 4% 3% 2% 100
Do Uso Misto, 80% do uso é residencial e 20% comercial, somando um total de: Área Construída de Uso Residencial - 273.620,48 55% Área Construída de Uso Comercial 65.793,08 13%
Pav. Comercial Superior
Massas com mais de 2 pavimentos
Quando o nível da via se encontra mais próximo ao nível superior da massa, não ao mais baixo como é mais comum, o nível superior será considerado o nível de entrada, deslocando os pavimentos comerciais para o topo do edifício.
Quando as massas possuem mais que 02 pavimentos, é proposto que o primeiro pavimento (aquele em contato com a via) seja comercial, e o segundo seja de uso “hibrido”. Ou seja, este pavimento pode ser usado tanto como residencial, como comercial ou pode possuir os dois usos.
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EXEMPLOS DE VOLUMETRIAS Tendo uma das diretrizes projetuais a diversidade, uma das principais propostas do bairro é que as edificações não sejam projetadas por apenas um arquiteto, mas sim por diferentes pessoas e escritórios trazendo dinamismo para o desenho urbano. Então, como experiência foram selecionados 3 volumes de diferentes usos para serem estudados por arquitetos e estudantes. A proposta foi trazer exemplos de possíveis volumetrias e projetos relizados dentro dos limites das massas projetadas.
Ed cio Comercial
Por Pedro Henrique Andrade Chamado de Edifíco Árvore, por conta da forma que lembra uma árvore, foi desenvolvido um volume de cheios e vazios pra permitir uma integridade visual de todos os escritórios com o entorno. Ao brincar com esses volumes, cria-se pequenas varandas verdes pra tornar o ambiente mais aprazível. A volumetria proposta é composta por módulos de como 6.60x6. x6.60m (43.5m²), que compões os escritórios, liberando o eixo central para a circulação.
Ed cio Garagem Por Beatriz Kauark
Localizado em uma das entradas do bairro, o edifício garagem está em uma localização que da acesso a dois níveis, conectando uma das vias automobilisticas com vias de pedestres. Com isso é proposto uma volumetria que abrigue os carros em seus andares inferiores, e que utilize seu andar superior (cobertura) como espaço público, para área verde de lazer e esportes.
Habitação Estudan l Por Henrique Benevides
Para a volumetria da habitação estudantil é mantida sua forma triangular, e criado um pátio interno para a ventilação. Também é proposto o recorte de uma das pontas para a entrada.
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SISTEMA DE ÁGUA E SANEAMENTO
SISTEMA DE COLETA
O sistema de água proposto é composto por um sistema de captação de água da chuva, um sistema de filtragem e reciclagem da água e outro de tratamento. O sistema de captação de águas pluviais deverá ocorrer em todas as áreas de vias, com a coleta da água abaixo do piso drenante, e nos espaços públicos. As edificações do novo bairro deverão ter captação própria da água da chuva através de calhas e/ou tetos verdes. Essa água poderá ser reutilizada no próprio edifício ou lançada na rede do bairro para a reutilização coletiva, juntamente com águas cinzas provenientes dos mesmos e as águas captadas nos espaços comuns.
Para o sistema de coleta é proposto uma cooperativa de reciclagem nas imediações do bairro, a coleta seletiva e compostagem local situada próxima a horta comunitária. Todo dejeto que não puder ser reciclado pela cooperativa ou compostado, deve ser entregue ao centro de coleta municipal adequado mais próximo antes de ser descartado na rede coletora municipal. Dentre as poucas medidas sustentáveis implementadas na cidade de Salvador, a captação de materiais recicláveis foi uma delas. A cidade dispõe de centros de coletas de medicamentos, eletrônicos, óleo de cozinha, papéis e pilhas e baterias. Nas duas principais avenidas de acesso ao bairro encontra-se dois PEVs, ponto de entrega voluntária, facilitando o descarte desses materiais.
Toda água captada e lançada na rede coletora, inclusive as águas negras, deverão ser filtradas através de um sistema de filtragem biológica mista de plantas macrófitas (como a bananeira, o lírio, o bambu, entre outros), armazenadas e reutilizadas. Essas águas podem ser reutilizadas para a manutenção da vegetação e infraestrutura urbana ou reutilizada pelos edifícios, nas áreas de lavagem. Entretanto ainda não são próprias para o consumo, por isso parte da água pluvial deverá ainda ser submetida a um processo de evaporação em uma estufa, para torná-la potável e ser distribuída em bebedouros públicos. Incentiva-se ainda a utilização de métodos e equipamentos de economia e racionamento de água, como torneiras reguláveis, bacias com caixas acopladas e descargas econômicas, torneiras públicas com temporizador, e afins. Por último, mas não menos importante, propõese o manejo das águas do rio Passa Vaca e a implementação de plantas macrófitas em suas águas para buscar auxiliar em sua purificação, uma vez que ele sofre com o despejo de dejetos ao longo do seu curso na área urbana. Propõe-se também o incentivo a atividades de conscientização, voltadas para a comunidade, sobre a importância das águas e sua preservação.
PISO DRENANTE CENTRAL DE TRATAMENTO
ESQUEMA DE CAPTAÇÃO NAS VIAS
Localização dos PEVs
N
PARALELA
BAIRRO DO VALE ENCANTADO
CONFORTO TÉRMICO
OCTÁVIO MANGABEIRA
Para complementar a implantação e arborização das vias e desenho urbano, é incentivado a implementação de sistemas construtivos que produzam maior conforto térmico para a região evitando ao máximo a utilização de condicionamento térmico artificial. Para os espaços públicos propõe-se a utilização de pavimentação drenante e clara, para que reflita os raios solares e não provoque o aquecimento; sombreamento das áreas de lazer e a utilização de árvores e áreas verdes. Nas edificações é adotado coberturas com painéis fotovoltaicos, e/ou coberturas verdes, fachadas ventiladas, paredes verdes, paredes com isolante térmico e ventilação cruzada, além de soluções arquitetônicas que priorizem a ventilação e iluminação natural.
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MATERIAIS Seguindo os princípios de sustentabilidade de buscar emitir a menor quantidade de carbono possível, utilizar materiais locais a um raio preferencial de até 50km, renováveis e recicláveis, indica-se para a utilização no bairro materiais como madeira reflorestada, blocos de cerâmicas, adobe, materiais reaproveitados ou reciclados, como ecobloco, concreto sustentável (concretos feito à base de resíduos plásticos reciclados, antigas estruturas reaproveitadas ou com reduzida quantidade de cimento e maior durabilidade), tintas ecológicas, entre outros.
ENERGIA Como solução energética, é trazido aqui uma proposta de cogeração de energia, com geração de energia individual através da captação de energia solar pelas edificações (sejam com placas instaladas nas coberturas ou fachadas) e com a geração de energia coletiva através da captação eólica.
PARQUE EÓLICO
Eixo: Horizontal Torre: 50m Rotor: Ø 20m Potência: 500kw/m²
66
A energia eólica ainda não é tão comum quanto a solar, principalmente em meios urbanos, mas devido ao grande potencial que a Bahia e todo o Nordeste apresenta, propõe-se sua adoção como experimentação e incentivo. Há prós e contras para esse tipo de energia, assim como para todas os outros tipos, e ao analisá-la, suas desvantagens se mostraram mínimas quando comparadas com seus benefícios. Uma das maiores críticas a energia eólica é a possível poluição sonora que esta pode causar, entretanto com os avanços tecnológicos já existem turbinas de pequeno e médio porte que produzem no máximo 45db a uma distância de 100m, o equivalente a um ruído de geladeira ou um burburinho de cinema, abaixo do considerado por lei como ruído de incômodo. Outra desvantagem também é a questão da turbina atrapalhar e interferir no voo de aves, mas isto ocorre mais corriqueiramente em locais de alta velocidade do ar, que faz com que o rotor se movimente mais rapidamente, o que não é o caso de Salvador, que possui uma velocidade média de ventos entre 5,5 a 6m/s.
A cidade não apresenta a maior potência eólica do estado, mas ainda assim acredita-se que a implementação desse tipo de energia seja viável (o retorno financeiro não será rápido, mas a usina consegue se manter), e que em conjunto com a energia solar ela consiga abastecer energeticamente o bairro. A cogeração da energia eólica com a solar também permite uma maior estabilidade na geração de energia, uma vez que a velocidade dos ventos não é contínua. Com base em estudos de cálculo e referências projetuais é proposto para o Bairro do Vale Encantado, a implementação de 5 turbinas de eixo horizontal, constituindo um parque eólico urbano. As turbinas de eixo horizontal se mostram as mais eficientes e usadas em larga escala, elas devem ser de porte médio (com torre de 50m e rotor de 20m de diâmetro), potência de 500kw/m² e por questões de durabilidade, custo e altura da torre adota-se turbinas de 3 pás, apesar das de 2 pás serem mais eficientes. As turbinas são dispostas ao longo do bairro, em áreas mais remotas afastadas no mínimo 100m das edificações. Além da geração de energia, incentiva-se a adoção de medidas de
economia, como temporizadores, luz de espaços públicos fotovoltaicas, iluminação natural abundante, eletroeletrônicos de alta eficiência, automação de elevadores, e afins.
COMUNIDADE Incentivando a diversidade e oportunidades iguais pelo menos 10% das habitações devem ser destinadas a habitação social e podem ser implementadas em qualquer das massas destinadas a uso residencial ou misto sem distinções. A presença de cooperativas, centro, horta comunitária e espaços públicos contribuem para maior interação dos habitantes e frequentadores do bairro, além dos benefícios sociais gerados por eles. Propões-se aqui também a utilização de oficinas participaivas durante a criação dos espaços públicos e comunitários. O desenho do bairro busca ser inclusivo, com acessibilidade universal, incentivando a diversidade e inclusão. O bairro em si busca proporcionar um estilo de vida mais focado nas pessoas e no bem-estar, menos dependente de relações financeiras, ele visa num estilo de vida justo para todos.
Dispostas a uma distância mínima de 100m das habitações.
Parques Urbanos eólicos são experimentos recentes que vem ocorrendo ao redor do mundo mas que até então vem se mostrado eficiente, como é o caso do parque eólico de Toronto. Contudo, antes da implementação do parque eólico, conforme previsto por lei deve ser realizado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental.
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ÁREAS DE RESPIRO Espaços públicos dispostos em áreas densas criando aberturas no desenho urbano.
VIA SUSPENSA Trecho de via elevado para que não haja a interrupção da área verde e permita sua permeabilidade.
PARQUE METROPOLITANO DE PITUACU
'
6BAIRRO DO VALE ENCANTADO 68
C
LEGENDA HORTA COMUNITÁRIA Espaço destinado ao cultivo comunitário e área de compostagem.
Poligonal de Estudo Ciclovia Proposta Ciclovia Existente Via Automobilistica Via Compartilhada PLANTAS MICRÓFILAS Implantação de plantas micrófilas ao longo do rio e incentivo a outras medidas biológicas.
Faixa de Pedestres Área para pedestres Área Verde Espaço Público Massas Trilha App
TURBINAS EÓLICAS Implantação de turbinas eólicas voltadas para os ventos que vem do sudeste.
C ÁREA DE PRESERVAÇÃO Área de mata atlântica a ser preservada trazendo maior conexão entre as apps.
00
50 25
100
69
CORTES VIA DE AUTOMÓVEIS
VIA DE PEDESTRES
CORTE BB
PONTO DE ÔNIBUS
0
50 25
70
100
VIA DE AUTOMÓVEIS
ESPAÇO PÚBLICO
0
50 25
100
CORTE AA
VIA DE PEDESTRES
VIA DE COMPARTILHADA
0
50 25
100
CICLOVIA + TRILHA
VIA DE AUTOMÃ&#x201C;VEIS
CORTE CC 71
PERSPECTIVA - VIA DE AUTOMÃ&#x201C;VEIS
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resumo TIPOLOGIA
Multi familiar com até 8 pavimentos
USOS
Comercial, Residencial, Institucional, Comunitário, Garagem Pública, e Espaços Públicos.
# DE 1.375 habitações, com HABITACOES 5.500 moradores e 500 alojamentos estudantis.
DEMOGRAFIA Faixa Etária e Classe Social Diversas.
PROGRAMA
Edf. Residenciais, comerciais, institucionais, de uso misto, horta comunitária, cooperativa alimentícia, cooperativa de reciclagem, central de abastecimento de energia, central de tratamento de água, área para compostagem, centro comunitário e alojamento estudantil.
HAB SOCIAL 10% MEIOS DE Transporte coletivo, TRASNPORTE bicicletas, e automóveis.
VAGAS PARA 0.4 vagas/habitante. CARROS TIPOS DE VIAS
Vias automobilísticas, compartilhada e de pedestres.
ENERGIA RENOVAVEL
utiliza energia solar em conjunto com eólica.
REAPROVEIT. Captação de água da chuva e tratamento DE AGUA de águas cinzas e escuras.
RECICLAGEM Cooperativa de reciDE DEJETOS clagem no local, área
de compostagem e conexão com sistema de reciclagem municipal.
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7CONSIDERaçOES FINAIS Após a elaboração deste trabalho, chego à conclusão de que, a sustentabilidade ainda é um conceito em discussão que abrange desde questões de viabilidade econômica, como de preservação ambiental e justiça social. Essa sua lacuna faz com que o termo seja tão irrestrito que abre espaço para apropriações errôneas do termo, resultando em utilizações equivocadas, o que prejudica a imagem da sustentabilidade e sua credibilidade. O Greenville não é o primeiro nem o último caso de Greenwashing, infelizmente existem exemplos como este ao redor do mundo, mas também há diversos exemplos bemsucedidos de como implantar a sustentabilidade no meio urbano. Como os demonstrados aqui. O que mostra que, apesar, das inúmeras discussões e questionamentos que a sustentabilidade gera, é possível identificar um caminho a ser seguido e um conjunto de ações a serem tomadas. Um desenho e planejamento urbano sustentável, hoje, não é mais uma utopia, é apenas, como diz Alejandro Aravena, “o uso rigoroso do senso comum”. Sua adoção, ou não, pelo meio imobiliário é uma escolha. Ao propor um bairro que segue princípios sustentáveis, em muitos lugares é propor um novo estilo de vida mais voltado para o bem-estar coletivo, não só dessa geração, mas das estão por vir. A falsa propaganda gerada pelo mercado não só prejudica a sustentabilidade como a nós mesmo, uma vez que o desenvolvimento sustentável se mostra cada vez mais necessário.
X GREENVILLE Ao comparar as duas propostas de bairro, percebe-se algumas diferenças nos índices do desenho urbano, sendo a principal delas a densidade líquida. Devido a forma como o Greenville foi implantado, em altas torres pontuais, ele chega a 1.000hab/ ha, enquanto o Bairro do Vale encantado
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possui um adensamento em torno de 600 a 800hab/ ha. Entretanto é importante ressaltar que no Bairro do Vale Encantado é proposto que cerca de 40% do bairro seja destinado a usos não residenciais, fazendo com que este alcance uma densidade quase similar durante o horário de funcionamento desses estabelecimentos. O desenho do novo bairro, apesar de menos compacto que as altas torres , ainda conseque
preservar 10% a mais de área verde, sem contabilizar as áreas verdes das vias e espaços públicos. O Greenville dispõe de áreas de lazer privativas e específicas para cada condomínio e grande número de vagas de estacionamento, chegando quase a 01 vaga/habitante, o que utiliza uma área considerável.
utiliza pequenos bolsões entre o sistema viário para a produção dos mesmos, enquanto que no Vale Encatado sobe para 5% da área construída, demosntrando uma importância maior para estes espaços.
Uma outra considerável mudança entre as duas propostas são as áreas de espaços públicos, que no Greenville está menor que 2% , pois o projeto
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Bedzed
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Imagem 10 - Vauban, Freiburg. Disponível em: https://www.vauban.de/en/topics/history/276-an-introduction-to-vauban-district
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Imagem 11 - Vauban, Freiburg. Disponível em: https://www.vauban.de/en/topics/history/276-an-introduction-to-vauban-district.
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Imagem 12 - Vauban, Freiburg. Disponível em: https://www.vauban.de/en/topics/history/276-an-introduction-to-vauban-district
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vauban Imagem 00 - Bairro de Vauban, Foto: Daniel Schoenen. Imagem 01 - Foto de satélite, Greenville Salvador. Google earth, 2016. Imagem 03 - Foto aérea. Vauban, Freiburg 1992. Disponível em: http://www.badische-zeitung.de/ freiburg-sued/die-historie-xsyy4csyx--59903329. html Imagem 04 - Vauban, Freiburg. Disponível em: http://www.sustainablecitiescollective.com/david-thorpe/229316/words-most-successful-model-sustainable-urban-development
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GARE DE RUNGIS Imgem 00 - Foto de Satélite, Gare de Rungis, Paris. Google Earth, 2017. Imgem 01 - Foto de Satélite, Gare de Rungis, Paris. Google Earth, 2017. Imgem 02 - Gare de Rungis, Paris. Disponível em: http://www.parisgarederungis.fr/Projets-et-realisations Imgem 03 - Gare de Rungis, Paris. Disponível em: http://www.parisgarederungis.fr/Projets-et-realisations
GREENVILLE Imgem 00 - Fachadas, Greenville, Salvador. Disponível em: http://www.arrobacasa.com.br/greenville-lumno-salvador Imgem 01 - Foto de Satélite, Greenville, Salvador. Google Earth, 2017. Imgem 02 - Foto de Satélite, Greenville, Salvador. Google Earth, 2008. Imgem 03 - Foto de Satélite, Greenville, Salvador. Google Earth, 2017. Imgem 04 - Foto aérea do Greenville. Banner de lançamento do Greenville. Salvador Bahia Imagem 05 - Foto das vias do Greenville. Autoria própia. Imagem 06 - Esquema de Implantção dos condomínios. Greenville, Salvador. Disponível em: http:// www.greenvillesalvador.com/ Imagem 07 - Foto da vegetação do Greenville. Autoria própia. Imagem 08 - Foto do Greenville. Autoria própia. Imagem 09 - Foto do Greenville. Autoria própia. Imagem 10 - Revista Metro Quadrado, Dísponivel em: https://issuu.com/revistam2/docs/mq16_final_9 Imagens 11 a 17 - Propaganda do Greenville. Material disponibilizado pelo stnd de Vendas do Greenville. Imagen 18 - Edifício do Greenville, Salvador. Autoria Própria.
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