Contos de Menina Maria, Maria Menina: Menina Maria e o Mar

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Contos de Menina Maria, Maria Menina

Menina Maria e o Mar Gabi Saegesser Santos Ilustração

Beatriz Saegesser Santos

Editora Navegante



Contos de Menina Maria, Maria Menina

Menina Maria e o Mar Gabi Saegesser Ilustração

Beatriz Saegesser

Editora Navegante


1° Edição Conto por Gabi S. Santos Ilustração e Diagramação por Beatriz S. Santos Editora Navegante Recife, PE - Brasil Janeiro de 2015.


Menina Maria acordou animada, era dia de conhecer a praia.


Saiu correndo da cama, comeรงou a colocar coisas importantes na bolsa: uma pena, uma semente, um lenรงo e uma banana.


Deu bom dia pro cÊu, deu bom dia pro sol, abraçou seu bonsai amigo, o Sr. Espinheira e saiu do quarto a galopes.


Quando caiu em si já estava olhando para o infinito. Percebeu que o infinito tinha uma linha no meio. Tudo era bem diferente, o vento era forte e caloroso, a pele ficava logo úmida. Era gostoso. Pisar na areia, como se colocasse a colher no sorvete, parecia afundar lentamente.


A mãe de Maria Menina ficou olhando, admirada. “Vai menina, vai ver o mar.” Disse sua mãe dando-lhe um leve empurrão, daqueles encorajadores. “Mas dá pra ir só?” - Perguntou Maria “Eu vou com você.”


Maria e sua mãe foram de mãos dadas, um passo atrás do outro, com um pouco de frio na barriga. A mãe ensinou, colocou um pé na água, depois o outro. Era tão quentinha!


Quis pular dentro mas a mãe segurou sua mão. “Calma menininha, não dá pra pular de uma só vez num lugar desconhecido. Continua assim, com um pé atrás do outro que já já entraremos.” - alertou a mãe. “Está bem.”


Logo que entraram, Maria e a mãe colocaram os cabelos na água. Um pingo bateu na boca de Maria que fez cara feia. “Isso é gosto que água tem que ter?” - Resmungou Mariazinha. “É salgado, não é? “Sim. Mas é ruim.”


A mãe de Maria já não escutou a última frase, estava distraída olhando as ondas. Acontece que sua frase não foi em vão. Alguém havia escutado e não achou nada legal. “Ruim pra quem?” Bradou uma voz rouca. “AHN! Quem foi que falou??”


Nesse momento Maria não conseguia mais ver sua mãe, na verdade não conseguia ver mais nada. Parecia que estava justamente no meio do infinito. “Mãe?” Falou a menina chorosa. “Mãe nada. Sou o Mar.”


“Mar?” - Maria esqueceu que estava nele e já fez pose de incompreendida. “Mas mar não fala.” “Com quem você pensa que está falando?” Maria olhou para um lado, olhou para o outro, e não viu ninguém. Começou a ficar preocupada.


Ao longe avistou uma onda, que aos poucos ďŹ cava maior que ela, duas, trĂŞs vezes maior que ela, Maria queria chorar.


Mas menininha não chora, menininha olha no olho. Mas Maria não conseguia ver olho de ninguém. A onda já estava bem pertinho e uma voz falou: “Mergulha Mariazinha!”


Maria n達o pensou duas vezes. Respirou fundo. Prendeu o nariz com a ponta dos dedos. Fechou os olhos. Entrou no mar.


Lá dentro escutou uma voz que parecia estar dentro da sua cabeça. “Pode subir!” - Alertou a voz. Maria abriu os olhos, viu um mundo azul e sorriu. Subiu. Esfregou os olhos para tirar o excesso d'água e voltou a procurar a onda, mas não viu mais nada.


E continuava sem ver nada e ninguém. Maria que era corajosa cerrou os punhos, colocou na cintura, e disse: “Ora essa. Vai ficar se escondendo de mim?”


A voz tornou. “Como posso me esconder se estou em toda parte. Eu sou o mar, não vês?” “Tudo bem.” - Desdenhou Maria menina. “Digamos que seja verdade. Em que posso lhe ser útil?”


Antes que o mar respondesse, Maria sentiu que já não estava com os pés no chão. Começou a se desesperar. Isso não era coisa de Mariazinha, devia ter ficado no seu quarto.


Mais uma vez a voz falou: “Abre os braços e prende a respiração Maria!”


Maria nem duvidou, na mesma hora o fez. Sentiu algo estranho, como se utuasse. Aproveitou e fechou os olhos.


Se jĂĄ nĂŁo estava em lugar nenhum, nĂŁo tinha por que querer ter pressa para chegar em algum lugar.


Sentiu a brisa gostosa passando pela sua barriga, pela ponta dos dedos dos pĂŠs. E bem tranquila esperou o novo comando do mar.


“Já pode ficar em pé, menina!” Maria abriu os olhos, e com a vista pro céu, resolveu sair dali devagar. Gostou da sensação. Parecia ter dormido na cama mais relaxante do mundo.


Logo que ficou em pé, Maria viu uma nova onda. Mas essa onda já não a tomaria mais de surpresa. Como quem já nasce sabendo, ela respirou fundo e mergulhou. Ali, no fundo do mar, Maria viu os olhos do oceano, e um belo sorriso.


Quando Maria voltou, escutou: “Parabéns pequenina, já estás treinada.” “Obrigada Sr. Mar, é a primeira vez que venho, mas aprendo rápido. Tenho uma dúvida que não consigo solucionar.”


“Então diga.” - Respondeu o Mar. “Senti a água invadindo o meu céu e por isso mergulhei, logo em seguida pareceu ter mais água nos meus pés, e por isso flutuei. Achei que ia terminar, quando uma nova onda veio. O próximo passo é flutuar?”


“ Ha ha ha, a senhorita é muito sabida. Em breve o mar parecerá mais fundo. É como a lua, que vem a noite, e o sol pela manhã, trocando de lugar. É como quando respiramos, que o ar vem enchendo nossos pulmões, para em seguida esvaziar.”


“Como algo que vai e volta?” “Isso, é como algo que vai e volta” “É como um círculo?” “É como a vida. Tem dias que é preciso mergulhar, e tem dias que é preciso relaxar, e sentir a brisa.”


Antes que Maria Menina, Menina Maria pudesse ir atrás de outras tantas dúvidas que sempre tinha, sentiu o mar invadindo e teve necessidade de flutuar. Fechou os olhos. Sentiu o vento e a voz de sua mãe. “Maria! Já a prendeu a boiar!”



Maria levantou num susto, mas feliz por estar de volta no seu lugar..






‘‘Ali, no fundo do mar, Maria viu os olhos do oceano, e um belo sorriso.’’


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