Diรกlogos Bizarros Oficina de Escrita criativa Agrupamento de Escolas de Canas de Senhorim Biblioteca Escolar Alunos do 7ยบ A 12-03-2014
Diálogo bizarro entre uma couve e um caracol Era uma vez uma couve que nasceu, por acaso, numa horta entre os mais variados legumes e frutos. A couve teve uma evolução muito lenta. Quando ela era pequenina teve algumas doenças, como a «Potra» e o «Míldio». Esteve tão mal que quase morreu. Mas, como era forte resistiu às doenças todas que teve. Entretanto, o tempo foi passando. Chegou a época natalícia e com ela a altura dos caracóis. Certo dia, apareceu um caracol muito lento ao pé dela. A couve, assustada, perguntou: − O que é que vens aqui fazer? − Vim ver a paisagem! – respondeu o caracol com ar de quem estava a mentir. − Pensas que enganas quem, ah? Eu não sou burra! O que tu queres sei eu! – resmungou a couve. − Então, diz lá o que eu quero! −Tu queres é vir atacar-me, a mim e às outras minhas amigas couves, não é?
− Como sabes? Eu sou um pobre caracol, não tenho família e não tenho nada para comer! – lamentou-se o caracol. − Nós, couves, também somos seres como tu, a diferença é que não conseguimos sair do mesmo sítio! Também temos sentimentos e sentimos a dor, não nos conseguimos é defender! Agora com a época natalícia vai haver aqui uma revolta total. Não gostamos de ser comidas, porque assim estão a matar-nos. Vocês não gostam de ser mortos, pois não? – perguntou a couve. − Não, desculpem, eu pensava que vocês gostavam de ser comidas! – disse o caracol. O caracol, comovido, voltou para trás, à procura de algo para se alimentar noutro sítio. Ana Carolina, n.º 2
Uma grande amizade
Há muito, muito tempo, numa tarde fria de inverno, duas amigas, uma linha e uma agulha, chatearam-se por sentirem inveja uma da outra. Por isso, as duas resolveram separar-se. − Adeus, agulha, vou seguir o meu caminho e espero que tu sigas o teu − despediu-se a linha. − Tudo bem − concordou a linha − seguirei o meu caminho e espero não te voltar a ver. As duas seguiram as suas vidas. A agulha decidiu fazer bordados, mas sem a linha não conseguia bordar. − Não consigo fazer nada! Sem a linha não faço nenhum trabalho. Tanta falta me faz a linha! − pensou a agulha. A linha também não conseguia fazer nenhum trabalho sem a agulha. − Tanta falta me faz a agulha. Amanhã vou falar com ela – disse a linha a si própria. Ao outro dia, logo de manhã, a linha foi falar com a agulha. − Desculpa! Preciso de ti. Fazes-me muita falta. Sem ti, não consigo fazer nenhum trabalho – confessou a linha.
− Eu desculpo-te porque tu és e sempre serás a minha melhor amiga! − respondeu a agulha. Assim, as duas fizeram as pazes e juntas fizeram muitos trabalhos. Com este episódio passaram a dar valor à amizade e nunca mais separaram.
Bárbara Martins, n.º 4
Diálogo entre um bolo de chocolate e uma bola de Berlim Bolo de chocolate – Eu sou delicioso e toda a gente me quer comprar. Bola de Berlim − Oh, não me chame assim! Bolo de chocolate – Miss Gordurenta! Miss Gordurenta! Bola de Berlim − Olhe ‘pra si! Você engorda toda a gente. As pessoas estão cada vez mais gordas por sua causa, ó transportador de calorias! Bolo de chocolate – Se eu sou transportador de calorias, imagine você que tem esse creme todo feito de montes de quilos de açúcar. Você é que engorda as pessoas! Bola de Berlim − Cale-se! Estou a perder a paciência! Estou a avisar! Bolo de chocolate – Quero ver isso! De tão gorda que é nem vai aguentar com esse peso todo! Bola de Berlim − Não se meta comigo! As bolas Berlim são perigosas! Bolo de chocolate – Bola Gordurenta! Bola de Berlim − Chega! Estou cansada! Já vai ver quem é gordurento! Bolo de chocolate – Ai, ai, largue-me! Você é doida! Largue-me! Está a esburacar a minha massa deliciosa!
Bola de Berlim − Eu avisei! Não se meta com as bolas de Berlim, elas são perigosas! Eu avisei, malandro! Bolo de chocolate – O que é que afinal me queria? Bola de Berlim − Apenas queria tagarelar um bocado consigo! Bolo de chocolate – Bola de Berlim e tagarela?! Bola de Berlim − Quer levar outra vez? Bolo de chocolate – Outra vez, não! Aaaaaaaaai!
Beatriz Pais, n.º 5
Diálogo Bizarro entre um pires e uma chávena Era uma vez uma chávena muito coscuvilheira e um pires que não parava de se queixar. Viviam ambos na casa da D. Maria, uma senhora que tinha muitas amigas. Numa tarde de inverno, enquanto na rua chovia torrencialmente, em casa da D. Maria, as suas
amigas
preparavam-se
para
tomar,
como
habitualmente, o chá das quatro horas. A D. Maria serviu o chá nas suas chávenas e pires favoritos. Entre eles estava a chávena cusca porque era muito coscuvilheira e o pires tomate porque tinha um tomate desenhado. Parece esquisito mas eles falavam entre si sem ninguém desconfiar. Depois
de
servido
o chá e enquanto
as amigas da D. Maria
conversavam, os dois conversavam também. − Tu já viste isto? Toda a gente gosta do açúcar, devem achar que ele é muito importante - disse a cusca. − Ele… eu nunca gostei muito dele, é muito convencido e nós estamos sempre a ser desvalorizados − lamentou o tomate, indignado – devíamos fazer uma “manistação” contra o açúcar.
− Não! É manifestação que se diz, seu inteligente! Mas se calhar tens razão. Tens alguma sugestão? – perguntou a cusca. − Bom, bom… seria se o açúcar não adoçasse – pensou alto o tomate. De repente, a D. Maria pegou numa colher de açúcar, deitou-o dentro da cusca e este entrou na conversa: − Oi, pessoal! Tudo “cool”?! − Tudo quê?! – perguntou a cusca. − Tudo bem, tudo fixe, aprendam a ser modernos – disse o açúcar, com ar inteligente. Entretanto, a D. Maria levou a chávena à boca e cuspiu o chá para o pires. − O que foi? − perguntou o tomate, surpreendido − o que aconteceu? − Consegui! O açúcar não adoçou o chá, afinal ele não é tão bom como dizem!! – exclamou a cusca. − Como conseguiste? – perguntou o tomate, espantado. − Fiz muita força e assim consegui que o açúcar ficasse como entrou – disse a cusca, rindo toda contente. − Conseguimos! − exclamaram os dois em coro. Daniela Carlos, n. 8
Diálogo bizarro entre um dicionário de português e uma máquina de calcular − Então, Dicionário, está tudo bem? − perguntou a calculadora. − Está, obrigado por perguntares − respondeu o dicionário. − Olha lá, calculadora, sê sincera comigo, quantas vezes já fizeste contas? − Não sei, muitas talvez! Mas porque é que perguntas? − Eu acho que só fui usado no primeiro dia de aulas do José! − Então pode-se dizer que és um inútil! − disse a calculadora, já com um ar de gozo − Inútil és tu, se eu te tirar as pilhas, ficas já aí a dormir! A discussão tinha finalmente acabado o próximo dia começado. − Eu fui à escola e tu não foste! – disse o dicionário a cantarolar. − Caluda, imbecil, não vês que eu estou a recarregar as minhas pilhas, a discussão de ontem deixou-me cansado! − Oh, vejo que sim e deitado ao sol e tudo, não é? − disse o dicionário, escangalhando-se a rir com a desculpa que a calculadora lhe tinha dado.
− Ó seu incompetente, será que numa das tuas páginas não estará o significado da palavra solar? − Sim, aparece isto: “Que é relativo ao Sol. Que usa a energia do Sol» − Olha lá, dicionário, porque é que não paramos com isto das chatices? Vamos fazer as pazes! Amigos? − propôs calculadora. − Amigos – aceitou o dicionário.
Francisco Ferreira, n.º 10
Diálogo bizarro entre o comando e a televisão No dia 3 de janeiro de 2014, surpreendi um comando e uma televisão a comunicar: − Olá, televisão! - disse o comando, quando o mandei ligar a televisão. − Bom dia, comando! Dormiste bem? − perguntou a televisão acabando de acordar. -Sim, dormi bem, mas sinto que tenho as pilhas gastas. Dá um aviso aí no teu ecrã para me mudarem as pilhas! A televisão pôs um aviso no ecrã a dizer: “ Comando sem pilhas! É favor trocar as pilhas. Obrigada”. − Pronto, comando, Já emiti o aviso. Acho que o Gonçalo já foi buscar as pilhas − disse a televisão. − Obrigada, televisão! És uma grande amiga! − agradeceu o comando. − Não tens de quê, comando. Olha, sabias que estão a inventar uma televisão curva que lhe dá um efeito 3D. − Não sabia! É de que marca?− perguntou o comando. − É da LG e deve ser muito cara!− respondeu a televisão. − Olha, desliga-te porque o Gonçalo está a mandar. − OK! Xau. Gonçalo Lopes, n.º 11
Diálogo bizarro entre um cão e um gato Certo dia, quando regressava a minha casa, deparei-me com um cão e um gato, aparentemente um pouco exaltados. Aproximei-me deles e fiquei à escuta atrás de uma árvore. Foi então que assisti a um diálogo surreal. Gato – Mas que raio! Tu de novo, até parece que não tens nada para fazer! Cão – Por acaso, não. Mas tu também não deves ter para estares aqui a esta hora. Gato – Ai que medo! Não me mordas, estás para aí especado a olhar para mim com esses dentes afiados, mas tem cuidado com as minhas unhas. Cão – Ai, que graça! Olha que do que eu gosto mesmo é de correr atrás de gatos. Gato – E daí… eu paro e tu afastas-te, porque será? Estás com medo. Cão – Eu não, simplesmente adoro ver-te a fugir. Gato – Deves ser é maluco! Mas que brincadeira sem graça. Cão – Não me digas que nunca jogaste à apanhada. Ai se eu te pego! Gato – Quero lá saber, eu posso morrer sete vezes, se perder uma, ainda fico com seis vidas.
Cão – Diz lá a verdade, estás cheio de medo de mim, até estás pálido. Gato – Lá por seres maior do que eu, não te esqueças de que já te cravei as minhas unhas no teu focinho, estás a pedi-las outra vez. Cão – Seu burro, nem desconfias da raiva que tenho de ti, é por isso que te estou a perseguir. Gato - Então avança, morde, mas acerta bem a dentada, pois caso contrário vou rasgar-te o focinho com as minhas unhas afiadas. E, de repente, o cão começou a correr atrás do gato e desapareceram!
Maria Santos, n.º 13
Diálogo bizarro entre eletrodomésticos Na quarta-feira de manhã, levantei-me para ir para a escola. Descia do meu quarto para ir tomar o pequeno-almoço, quando de repente ouvi uma grande
algazarra
na
cozinha.
Aproximei-me
e
percebi
que
eram
os
eletrodomésticos a falarem entre si, parecendo que tinham vida própria. Escondi-me atrás da porta e fiquei a ouvir a conversa. Passado algum tempo, percebi que falavam sobre a sua utilidade. De repente, o micro-ondas disse: − Está quase na hora de eles virem aquecer os “chocapics” para o pequeno-almoço. − Mas antes de irem ter contigo vêm aqui buscar o leite fresquinho, até pareço uma vaquinha – disse o frigorífico, rindo. − Vocês têm sorte por serem utilizados todos os dias, já eu só sou utilizada quando a Teresa se lembra de comer uma torrada – interveio logo a torradeira. − Olha quem fala?! Eu e a máquina de lavar louça só somos usados uma vez por semana, à terça-feira. É nesse dia que a família se reúne para almoçar – disse de imediato o fogão.
Continuei a ouvir a conversa. Eles estavam muito entusiasmados até que o forno entrou na conversa: − Quem me dera que chegue terça-feira para eu poder trabalhar. Adoro vê-los ali sentados à mesa, muito contentes, a saborearem o delicioso almoço ou o saboroso jantar da Teresa. − Eles estão a chegar, calem-se que eles podem ouvir-nos − advertiu o micro-ondas. Nesse momento, entrei na cozinha e havia um silêncio como se não se tivesse passado nada.
Ricardo Santos, n.º 14
Diálogo entre duas garrafas de plástico Duas garrafas minis de plástico, o Zé e o Tó, encontraram-se no café, como todos os dias de manhã, para tomar o pequeno-almoço: uma torradinha e um galão. − Olá, Zé, bom dia! Queres comer a bucha de todos os dias comigo? − Bom dia, Tó! Sim, vamos então comer, eu já estava à tua espera! Sabes, às vezes, dá-me uma vontade de saltar tão alto para poder voar como um passarinho… é que eu já estou farto de ser uma garrafa. Já chega! − Oh, Zé, não me digas isso! Até é giro ser uma garrafa! Tu já imaginaste para onde é que nós podemos ser levados? − Pois, pois… − Eu vou dar-te uns exemplos, Zé. Olha… podemos andar de avião, dentro das malas, podemos estar a ver as pessoas a jogar, pois nós levamos água para se refrescarem depois de um jogo cansativo, também podemos ouvir o que os humanos dizem e muitas outras coisas. − Claro, claro, só coisas bonitas. Mas aquilo que é realmente mau tu não dizes, por exemplo, mandarem-te para um canto ou seres esmagado. − Oh, não podemos ser pessimistas. Bom, agora tenho de ir embora. Até amanhã, Zé.
− Até amanhã, Tó. Bem, é assim que o Tó e o Zé passam os dias. Normalmente, enquanto comem, falam de tudo que lhes apetece. Por vezes estão de acordo e outras em desacordo. Sofia Silva, n.º 15
Diálogo bizarro entre o número 1 e a letra A Ao chegar à escola pela primeira vez, enquanto tirava os livros da mochila, o Gustavo começou a ouvir umas vozes vindas dos livros. Falavam baixinho e esse som vinha de entre os cadernos e livros: − Sou o número 1, o primeiro em tudo! Na minha família sou o que mais elogiado − gabou-se o número. Eu é que sou o melhor − interrompeu o A − vê lá tu que eu pertenço às classes dos determinantes, pronomes e preposições. Mais, é a mim que as pessoas pronunciam quando estão entusiasmadas ou relaxadas − acrescentou o A, todo orgulhoso. − Oh! Eu sou um elemento do conjunto dos números naturais, inteiros e racionais. Para veres como sou importante, toda a gente quer ser como eu, o primeiro em tudo! − exclamou o 1. − Já alguma vez viste uma frase sem a letra A? − perguntou o A − são muito poucas as hipóteses porque sou uma vogal importantíssima. − Ai és? Então faz a seguinte conta − propôs o 1 − cinco mais seis, quanto dá? Não sabes? Pois – continuou o 1 − se eu não existisse, não poderias formar números como o onze e o dezasseis. Como seria?
De repente, fez-se um silêncio. Nenhum dos dois tinha mais nada para dizer até que se ouviu novamente a voz da letra A: − Sabes, 1, és muito mais importante do que eu… sem ti como faríamos os trocos de dinheiro. Sem dinheiro quem compraria a caneta e as folhas para me escrever? − Tu também és muito importante. Se não fosses tu como é que as pessoas falavam? Seria uma grande confusão sem a tua presença. Os dois pensaram e repensaram, cuidadosamente, no assunto e no conflito que se gerou por causa da vaidade de ambos e chegaram à conclusão de que um sem o outro não existiriam. O Gustavo ao ouvir esta conversa ficou muito curioso e com vontade de aprender tudo o que havia para saber sobre as letra e os números.
Sofia Marques, n.º 16