" As alegrias do casamento" A minha amiga A tem um casamento perfeito. Casada há vários anos com o meu amigo B, têm casas perfeitas, carros perfeitos, relógios perfeitos, vidas profissionais perfeitas, vão sempre a restaurantes perfeitos, cheios de gente perfeita, como eles. A "A" e o "B" formam o casal perfeito. Igualmente perfeita, é a relação que a A tem já há vários anos com C, por quem está loucamente apaixonada e que lhe envia sempre que pode fotos dele (perfeitas) num extremo estado de perfeição, tal e qual como veio ao mundo. A e o C têm sem, dúvida algum, a perfeita relação extraconjugal, que só se completa com o facto de C ser, também ele, casado. De forma, proporcionalmente perfeita, são as fúrias que o marido de A tem e que geralmente acabam sempre com algum móvel partido ou um ou mais ossos fracturados. Isto tudo, claro está, sem que ninguém desconfie de tamanha imperfeição conjugal dentro da aparente perfeição. Depois, temos o meu amigo X, casado e com uma prole significativa, com casas e uma vida profissional perfeitas que qualquer ser não tão perfeito pudesse alguma vez desejar. Perfeitos, também, são os "flirts" que X tem desde 1997, numa tentativa de suportar melhor a “perfeição” do seu matrimónio. Perfeita será, também, a forma como a mulher de X o irá " esmifrar até ao tutano", deixando-o sem um "tusto" quando ele pedir o divórcio, para ir viver com uma perfeita colega de trabalho- também ela casada- com quem mantém uma perfeita relação já há mais de dois anos. O meu amigo F, diz que é o homem mais feliz do mundo. Pois, é mesmo: casado, com dois filhos sai alegremente de casa todos os dias às sete da manhã, para só voltar depois da meia noite. Não há casamento que aguente tanta alegria, felicidade e perfeição desta forma, pois não! Finalmente, vem o meu amigo C. Casado apenas há dois anos, goza da perfeição total no que respeita à conjugação de horários com a perfeita esposa, encontrando-se... quase nunca com ela. Perfeita, é ,também a forma que encontrou para suportar tanta perfeição e o facto de já não conseguir sequer dar conta das lides conjugais, refugiando-se em sites porno e voyeurs, onde aparecem raparigas perfeitas daquelas que ele gostaria de ter ao lado na cama em vez da perfeita esposa. Podia continuar horas sem fim com exemplos iguais a estes, mas limitada pelos caracteres pergunto apenas: Alguém me diz se esta instituição foi sempre assim? Se sempre foi tudo tão fácil? Fácil casar, fácil enganar, fácil alimentar enganos e desamores, fácil descasar, fácil fazer as malas num dia e voltar noutro? É que o casamento tornou-se em algo tão fácil que chega a ser perfeito. Como todos nós, aliás.