Passear com os Escritores

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Encontroo

Escola Martim de Freitas

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Da bela cidade de Coimbra a saída é às 7h 45m. O Norte espera-nos…

Porto Separado pelo rio Douro das grandes caves do vinho afamado ao qual deu o seu nome, o Porto é a segunda maior cidade de Portugal. Embora

as

suas

antigas

raízes

tenham

sido

preservadas com orgulho, um comércio próspero e eficaz transforma-o numa cidade moderna e a sua tradicional importância como centro industrial não diminui o encanto e carácter dos seus bairros antigos ou mesmo do bulício das novas avenidas, ladeadas de centros comerciais ou tranquilos blocos residenciais. Algumas Curiosidades Em 1111, D. Teresa, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, concedeu ao bispo D. Hugo o couto do Porto. Das armas da cidade faz parte a imagem de Nossa Senhora. Daí o facto de o Porto ser também conhecido por "cidade da Virgem", epítetos a que se devem juntar os de "Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta", que lhe foram sendo atribuídos ao longo dos séculos e na sequência de feitos valorosos dos seus habitantes, e que foram ratificados por decreto de D. Maria II de Portugal. Foi dentro dos seus muros que se efectuou o casamento do rei D. João I com a princesa inglesa D. Filipa de Lencastre. A cidade orgulha-se de ter sido o berço do infante D. Henrique, o navegador.

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Devido aos sacrifícios que fizeram para apoiar a preparação da armada que partiu, em 1415, para a conquista de Ceuta, tendo a população do Porto oferecido aos expedicionários toda a carne disponível, ficando apenas com as tripas para a alimentação, tendo com elas confeccionado um prato saboroso que hoje é menu obrigatório em qualquer restaurante. Os naturais do Porto ganharam a alcunha de "tripeiros", uma expressão mais carinhosa que pejorativa. É também esta a razão pela qual o prato tradicional da cidade ainda é, hoje em dia, as "Tripas à moda do Porto". Existe uma confraria especialmente dedicada a este prato típico . Desempenhou um papel fundamental na defesa dos ideais do liberalismo nas batalhas do século XIX. Aliás, a coragem com que suportou o cerco das tropas miguelistas durante a guerra civil de 1832-34 e os feitos valerosos cometidos pelos seus habitantes — o famoso Cerco do Porto — valeram-lhe mesmo a atribuição, pela rainha D. Maria II, do título — único entre as demais cidades de Portugal — de Invicta Cidade do Porto (ainda hoje presente

no

listel

das

suas

armas),

donde

o

epíteto

com

que

é

frequentemente mencionada por antonomásia - a «Invicta». Alberga numa das suas muitas igrejas - a da Lapa - o coração de D. Pedro IV de Portugal, que o ofereceu à população da cidade em homenagem ao contributo dado pelos seus habitantes à causa liberal.

Amarante Quem viaja em busca de valores culturais ou de actividades de ar livre e de comunhão com a natureza, mais tarde ou mais cedo acaba por fazer de Amarante um destino óbvio. E por construir a sua leitura pessoal da cidade: o religioso, o aristocrático, o peso da serra e do rio...

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Se é a natureza que chama, o destino é o rio Tâmega ou são as serras da Abobobeira e do Marão, oferecendo ambas paisagens de sonho. Se o apelo é do espírito, então o percurso é feito na cidade, rica de património histórico e cultural.

Obrigatórias

são

as

visitas

ao

mosteiro e igrejas de S. Gonçalo, S. Pedro e S. Domingos, aos museus Amadeo de Souza-Cardoso e de Arte Sacra. E a descoberta dos nomes grandes do concelho, como Amadeo de Souza-Cardoso, um dos maiores expoentes da pintura moderna, ou Teixeira de Pascoaes, que emprestou o seu génio à literatura. Depois, é também imperativo ver o Românico espalhado pelo município e admirar pórticos, arcos, tímpanos e capitéis com toda a sua ornamentação.

Festas e Romarias As festas e as romarias mantêm, em Amarante, o melhor da tradição popular e encerram muitas das referências identitárias das gentes do concelho, sendo a mais famosa a que se realiza em honra de S. Gonçalo, o santo casamenteiro (pode ser uma oportunidade…) Em matéria de gastronomia, em Amarante há que estar atento às carnes, sobretudo à vitela e ao cabrito, mas também ao bacalhau que aqui ganhou nome feito à Zé da Calçada ou à Custódia. E ao vinho verde, que, no concelho, encontra condições únicas de maturação. A doçaria, sobretudo a conventual, com origem no Convento de Santa Clara, é também uma das referências de Amarante. A oferta é variada: papos d'anjo, foguetes, brisas do Tâmega, lérias... Por tudo isto, Amarante é, cada vez mais, um destino óbvio.

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Os ovos desempenham um papel importante na confecção da doçaria que vai bem com o vinho fino do Douro, produzido logo ali a sul. As gemas para os doces, as claras para a clarificação do próprio vinho...

Museu Amadeo de Souza-Cardoso O

Museu

instalado

Amadeo no

de

Convento

Souza-Cardoso, Dominicano

de

S.Gonçalo, foi fundado em 1947, por Albano Sardoeira,

visando

reunir

materiais

respeitantes à história local e lembrar artistas

e

escritores

nascidos em Amarante: António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso,

Acácio

Lino,

Manuel

Monterroso,

Paulino António Cabral, Teixeira de Pascoaes, Augusto Casimiro, Alfredo Brochado, Ilídio Sardoeira, Agustina Bessa Luís, Alexandre Pinheiro Torres… Para além da exposição permanente e visando até suprir algumas das lacunas, o Museu organiza – com o objectivo de divulgar a Arte dos séculos XIX e XX – exposições temporárias, temáticas, ou monográficas, que se servem do seu acervo e das colecções oficiais ou mostram obras de artistas em actividade. Para tanto, o Museu dispõe dos espaços da sala polivalente/mini-galeria para

pequenas

exposições

(de

desenho,

fotografia, vídeo, design…) e da sala de exposições temporárias para mostras de maior dimensão.

Baião Encontro Pegada de Papel – Passear com os Escritores…

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Baião é uma vila portuguesa no distrito do Porto, com cerca de 2 800 habitantes. O Concelho oferece ao visitante o panorama deslumbrante das grandes serras e vales tranquilos por onde serpenteiam rios e ribeiras. No âmbito literário, há que referir que Soeiro Pereira Gomes é natural de Baião (Gestaçô) e que o escritor Eça de Queirós se inspirou nas suas gentes, nas suas paisagens, nos usos e costumes locais, numa das suas obras mais conhecidas: A Cidade e as Serras. A Quinta de Vila Nova, em Sta. Cruz do Douro, Baião, é hoje conhecida por «Casa de Tormes» e a estação de comboio de Aregos foi rebaptizada de estação de «Tormes». António Mota, escritor cimeiro a nível nacional no âmbito da Literatura para Crianças e Jovens, reconhecido e diversas vezes premiado, nasceu (16 de Julho de 1957) em Vilarelho, na Freguesia de Ovil. O seu livro "Outros Tempos", escrito para adultos, com ilustrações da também Baionense Arquitecta Marta Lemos, é uma obra incontornável para quem queira conhecer como vivia o povo das zonas interiores nos meados dos século XX. Na gastronomia, O concelho de Baião é famoso pela qualidade das suas carnes, nomeadamente, o fumeiro e o anho assado e pelos seus vinhos. Com vista a preservar os métodos de produção tradicionais destas carnes, e a valorizar a qualidade dos vinhos de Baião, a Câmara Municipal promove duas iniciativas gastronómicas, anualmente. Visitadas por milhares de pessoas, provenientes de vários pontos do País, a primeira, designada «Feira do Fumeiro e do Cozido à Portuguesa», realiza-se durante o mês de Encontro Pegada de Papel – Passear com os Escritores…

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Março, e a segunda, conhecida por «Festival do Anho Assado e do Arroz do Forno», em finais de Julho. Simultaneamente a estas iniciativas, ocorre uma mostra de vinhos e artesanato, com especial ênfase para a cestaria e para as famosas bengalas de Gestaçô, da doçaria tradicional, com destaque para o Biscoito da Teixeira, e da música tradicional da região.

Tormes «Um ar fino e puro entrava na alma, e na alma

espalhava

alegria

e

força.

Um

esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas» A Cidade e as Serras, cap.VIII

Resulta o fascínio de Tormes, Meca do roteiro sentimental do queirozianismo, de ser simultaneamente palco de grande parte de uma obra prima literária – A Cidade e as Serras e casa-museu Eça de Queiroz. Pode aí confrontar-se o

visitante com expressivos objectos que lhe pertenceram: a mesa alta onde escrevia de pé; a cabaia que o seu amigo Bernardo Pindela lhe trouxe do Oriente; as pinturas e gravuras que decoravam a sua casa de Neuilly, em Paris; o seu mobiliário; objectos de uso pessoal e também o que resta da sua biblioteca, de que fizemos o registo completo no Suplemento do Dicionário de Eça de Queiroz (pp.58-69). São cerca de 400 livros, alguns encadernados com as iniciais do escritor, registo este que tem servido de preciosa fonte de informação a alguns especialistas. Chegado ao portal solarengo de Tormes e entrando ao terreiro lajeado de granito, mal compreenderá o visitante que Eça tenha atribuído àquela casa, quando a visitou pela primeira vez, em 1892, a designação de «feia, muito feia» e até de «hedionda». Não admira, porque se lhe deparou, mais Encontro Pegada de Papel – Passear com os Escritores…

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do que propriamente uma casa, um vasto celeiro onde os caseiros guardavam o milho e as alfaias agrícolas. «Nos tectos remotos, de carvalho apainelado, luziam através dos rasgões manchas de céu», informa-nos Zé Fernandes. Janelas com vidraças só as havia no quarto em que Eça dormia, onde se encontra hoje a sua biblioteca. «Uma eira, velha e mal alisada, dominava o vale, donde já subia tenuamente a névoa de algum fundo ribeiro». Parta pois o visitante, terminada a visita à casa, a caminho da eira, de onde à noite poderá contemplar um «sumptuoso» céu estrelado, e terá diante de si o panorama grandioso das serras para além do rio Douro, de que apenas descortinará uma nesga, se as barragens, lhe derem altura. Cá em baixo, no vale, verá um pequeno cemitério onde repousam os restos mortais de Eça. Rente à eira, um pouco abaixo, passa um caminho que vai descendo, sinuoso, em direcção a um grupo de casas, o lugar de Cedofeita. Há que ir até lá, porque no regresso terá o visitante a visão que Eça experimentou, decerto alvoroçado, quando viu aquela casa pela primeira vez, com uma sensação nova e, como Jacinto, com o «espírito aguçado» de proprietário. E se tiver o trepar «fácil e condescendente» desça à estação de caminho de ferro, junto ao Douro, onde Jacinto e Zé Fernandes desembarcaram e de onde partiram para a ascensão da serra, por entre «espertos regatinhos», «grossos ribeiros açodados», carvalhos, macieiras, azinheiras, laranjais rescendentes e melros cantantes. A quinta, hoje especialmente preparada para a produção de um «esperto, fresco e seivoso» vinho branco, Tormes, de seu nome, apresenta, aqui e além, construções rurais primitivas, as antigas casas de caseiro de Jacinto, duas delas já recuperadas, estando a chamada «Casa do Silvério», com quatro quartos, cozinha e lareira preparada para receber turistas. Do seu terreiro

exterior

poderá

experimentar

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jacínticas

«iniciações»,

ao

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contemplar «o enegracimento dos montes que se embuçam em sombra; os arvoredos emudecendo, cansados de sussurrar; o rebrilho dos casais mansamente apagado; o cobertor de névoa, sob que se acama e agasalha a frialdade dos vales; um toque sonolento de sino que rola pelas quebradas e o segredado cochichar das águas e das relvas escuras…» Vasta matéria de meditação e de confronto com a realidade que suporta a ficção romanesca pode proporcionar Tormes e não só com A Cidade e as Serras, porque nessa região se passa também A Ilustre Casa de Ramires.

Régua

A Régua é uma cidade moderna, que apenas conheceu a sua condição de concelho após a época pombalina, no ano de 1836. Toda a importância reconhecida se inicia por culpa e graça da criação, na Régoa, da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, pelo Marquês de Pombal em 1756. Tendo mandado delimitar as vinhas do Vale do Douro com marcos de granito – Marcos de Feitoria – determinando assim as áreas de produção dos melhores vinhos, Portugal

criava

no

Douro

a

primeira

região

demarcada

e

regulamentada do mundo. A partir daí, e por via do comércio e sua centralização local, a Régoa passou a ser o centro da Região, o local onde todos chegavam e de onde tudo partia. Em 1988 foi reconhecida pelo Office Internacional de la Vigne et du Vin como Cidade Internacional da Vinha e do Vinho.

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Curiosidades: O Vinho do Porto nos anais da história O Vinho do Porto foi bebido durante a batalha de Trafalgar e saboreado por Nelson; levado pelo General Soult, foi bebido por Napoleão e Josefina, no palácio de Malmaison; foi bebido por Wellington antes de começar a batalha de Waterloo e no fim para festejar tão importante vitória; era muito apreciado por Catarina da Rússia na sua corte; Gago Coutinho e Sacadura Cabral, na sua viagem heróica de avião para o Brasil, levavam na sua bagagem uma preciosa garrafa deste néctar; na Conferência dos Quatro em Munique, onde se encontraram Chamberlain, Daladier, Hitler e Mussolini, também se bebeu; Winston Churchill bebia-o regularmente; o famosíssimo vinho do Porto é o único servido pessoalmente pelos membros da família real inglesa e sempre pelo lado esquerdo... pelo lado do coração.

Lamego A cidade de Lamego, situada na zona vinhateira do Douro, conheceu um período de prosperidade (século XVIII a meados do XIX) ligado ao apogeu do vinho do Porto. Depois da filoxera circuitos

e

com

a

alteração

comerciais,

a

dos

cidade

perdeu parte da função de entreposto, vivendo bastante da população flutuante que frequenta os estabelecimentos de ensino secundário e pela que presta serviço na importante unidade militar.

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Possui destilarias de aguardente e importantes caves vinícolas, que, inclusivamente, produzem um vinho espumante muito apreciado. Do ponto de vista monumental, a cidade é muito rica. A sé é um edifício muito antigo que foi sujeito a imensas e profundas alterações ao longo dos tempos. Da época medieval subsistem o castelo - o conjunto de muralhas, a torre de menagem quadrangular e a cisterna - e a igreja de Almacave , templo românico já fora dos muros. Dos finais do século XVI, princípios do XVII, embora com adornos interiores de talha barroca posteriores, são as igrejas de Santa Cruz e do Desterro . O período do Barroco é, de facto, o mais bem representado tanto na arquitectura civil - diversos palácios - como na religiosa. Merecem, no entanto, destaque o Paço Episcopal, hoje museu , e o Santuário da Senhora dos Remédios , situado na colina fronteira ao morro do castelo, com uma escadaria monumental e a igreja já rocaille, porque a construção, iniciada nos meados do século XVIII, se prolongou até ao XX.

Viseu Viseu é o único distrito português que não faz fronteira nem com o mar nem com Espanha. A cidade está associada à figura de Viriato, já que se pensa que este herói lusitano tenha talvez nascido nesta região. Depois da ocupação romana na península, seguiu-se a elevação da cidade a sede de diocese, já em domínio visigótico, no século VI. No século VIII, foi ocupada pelos muçulmanos, como a maioria das povoações ibéricas e, durante a Encontro Pegada de Papel – Passear com os Escritores…

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Reconquista da península, foi alvo de ataques e contra-ataques alternados entre cristãos e muçulmanos. De destacar a morte de D. Afonso V de Galiza e Leão rei de Leão e Galiza no cerco a Viseu em 1027 morto por uma flecha oriunda da muralha árabe (cujos vestígios seguem a R. João Mendes, Largo de Santa Cristina e sobem pela R. Formosa). Viseu foi berço de um dos maiores artistas portugueses do século XVI: Grão Vasco (1475-1540), que dá hoje nome a um museu, um hotel e até uma marca de vinho. O museu, instalado no antigo paço episcopal, exibe algumas das suas obras-primas e quadros de outros pintores da época da escola de Viseu. No campo das letras a figura de maior destaque terá sido Aquilino Ribeiro que se inspirou na sua passagem por esta cidade e pelas terras do demo para nos deixar algumas das melhores páginas da nossa literatura. A gastronomia tradicional, rica e variada, desta região é um dos seus principais atractivos. Caldo verde, sopa da Beira, rancho à moda de Viseu, arroz de carqueja, lampreia ou pato, vitela assada à moda de Lafões, cabrito da Gralheira assado, trutas do Paiva são alguns dos pratos regionais, não esquecendo os enchidos, o presunto, o pão de mistura ou de centeio e a broa de milho, e as sobremesas: doces de ovos, leite creme, papas doces de milho, arroz doce…

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