contos de Natal

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Contos de Natal por alunos do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas


1º Ciclo Rafael Aguiar de Brito (EB1 Santa Cruz) Texto Colectivo 2º Ano (EB1 Montes Claros)

2ºCiclo Inês Tavares 5ºC Ângela Marques 5ºB Joana Bárbara Domingos 6ºI

3º Ciclo Ana Cláudia Almeida 8ºD Raquel Ferreira 8ºE João Monteiro 7ºE

A VIAGEM DO CARTÃO DE NATAL


Era uma vez uma árvore alta e robusta que depois de ter dado muita sombra e frutos, foi cortada com a ajuda de lenhadores que levaram logo pela manhã aos ombros, os seus machados pesados e brilhantes. Ela, juntamente com muitas outras árvores altíssimas, foi de camião para uma cinzenta e grande fábrica chamada Celulose, onde os altos e grossos troncos se transformam nunca escura e mole pasta de papel. Passou por muitas e complicadas máquinas e algum tempo depois a pasta de papel escura e sem vida, estava preparada para se transformar em papel branco como a neve ou colorido como o arco-íris. Como há pessoas, que gostam muito de papel colorido, o operário da fábrica achou que lhe podia dar cores maravilhosas… Castanho para fazer terra e para os troncos das árvores, amarelo par o sol, cartolina azul para o Céu e para os vidros das janelas. Vermelho par os telhados das casa e da casota do cão preto e branco, chamado “Flopi”; preto para as estradas de alcatrão, cor-de-rosa para os vestidos das bonecas, verde para a relva e para a colcha de lã, roxo para colocar na parede do quarto das visitas, cor-de-laranja para forrar os armários do 3º andar e branco como o portão central… Mandaram-no assim colorido e distribuído por caixas, para a papelaria mais famosa de Coimbra porque, aquele papel era muito bonito e ia ter muitas utilidades. Logo no primeiro dia, a empregada da papelaria, vendeu o papel verde por um euro a uma menina alta, de cabelos longos, com muita sardas e um pouco gordinha. Ela tinha um braço partido e apesar de ter grandes dificuldades enfeitou-o, decorou-o e pintou-o e no final escreveu frases bonitas, com palavras cheias de amor, num cartão de Natal para dar aos seus queridos avós de Lisboa. Quando o entregou, na noite de Natal, toda a família adorou, admirou e leu o cartão e aquelas palavras puseram toda a gente feliz. Ao outro dia a avó, com os olhos brilhantes, guardou o belo cartão numa gaveta de um armário de madeira que tinha o puxador dourado… No Natal seguinte a família reuniu-se novamente e enquanto todos conviviam, o neto Tiago, que era mais novo e curioso, foi àquela gaveta das recordações, leu o cartão verde e não ligou nenhuma àquela mensagem de Natal, por isso, deitou-o no caixote do lixo, na parte azul. Ao outro dia, quando o caixote foi levado, colocaram-no no papelão e foi transformado noutro papel novo e lindo para dar a oportunidade a outra criança de fazer um bonito e emocionante cartão de Boas-Festas ou um conto de Natal como este… Rafael Aguiar de Brito EB1 Santa Cruz

O ESPÍRITO DO NATAL


O espírito do Natal é um carinhoso feixe de luz de onde irradiam as mais belas cores que existem. Tem a forma de um coração com duas asas brancas, muito leves, que o levam a todos os lugares da Terra. Todos os dias do ano, de manhãzinha até ao cair da noite, ele voa pertinho das pessoas. Quando encontra alguém com o coração doente com tristeza, raiva, ódio, dor, mágoa, falta de paz e mor… ele pára. Pára e observa com muita atenção o coração doente. Depois de saber qual é o mal que o incomoda, o espírito ilumina e aquece o coração da pessoa. Quando é preciso, ele chama os espíritos seus amigos para ajudar na cura. Por vezes vem a calma, outras vezes o Perdão, muitas vezes a Paciência. Também chama muito a Paz, a Alegria, a Partilha e a Amizade. Quando o caso é grave, o Espírito do Natal tem que chamar muitos destes amigos de uma vez só. Curado um coração, ele fica feliz por ver a pessoa a sorrir de novo. Era Dezembro. A noite estava muito fria e a neve cobria os telhados da cidade. As ruas estavam de desertas e, nos prédios, as janelas iluminavam a escuridão. O Espírito do Natal voava por entre os flocos de neve que caíam suavemente. Ao voar em frente a uma janela, sentiu um choro de tristeza de uma criança. Parou no parapeito da grande janela rectangular e observou o que se passava do lado de dentro. Deitada na cama, uma menina chorava pensando nos seus pais. Há muitos dias que estavam zangados, discutiam, andavam de cara fechada e nem reparavam que ela estava junto deles. Bem tentava animá-los com todo o seu amor mas, nada conseguia. O carinho feixe de luz atravessou a vidraça, acalmou o coração da menina e levou-a a procurar os pais. Na sala, os dois estavam calados, cada um no seu canto, de costas viradas. A menina chamou-os: - Papá! Mamã! Sabem do que me lembrei?! É altura de fazer o presépio. Gosto tanto de ver o pai José e a mãe Maria a cuidar do Menino Jesus! Entretanto, o Espírito do Natal tinha iluminado carinhosamente o coração dos pais da pequena Sara. Ao ouvir a voz meiga e amorosa da criança, os dois olharam-se comovidos. Levantaram-se e abraçaram juntos a sua filha que quase tinham esquecido por causa da zanga. Os três abraçados, iluminados pelo maravilhoso Espírito de Natal, sorriram com o amor que agora palpitava nos seus corações. Texto colectivo Sim! O Espírito do Natal é o Amor! 2º Ano – Turma A

SOLIDÃO NATALÍCIA Eu nunca me senti tão só. Todos os meus amigos foram passar o Natal fora, a outros países. Eu, Adriana, com dez anos, sinto-me sozinha. Normalmente os meus amigos passam cá o Natal, mas este ano decidiram variar. Os meus pais não querem ir para fora porque dizem que têm uma bela mansão aqui e que não é preciso viajar. Decidi fugir de casa, pois ninguém me dá atenção.


Peguei no Orelhas, o meu peluche favorito (sim, confesso, ainda gosto de peluches), escalei o muro à volta da mansão e fui-me embora. Eu não sei o que querem dizer com “mais vale só do que mal acompanhada”. Não compreendo. Também não queria ficar sozinha! E lá fui eu, com o meu Orelhas, à procura de alguém. Tenho poucos amigos porque as raparigas do colégio em que estudo são demasiado ameninadas e eu sou uma maria-rapaz - odeio ter que usar saia durante todo o tempo em que estou na escola. Além disso, os meus pais não gostam que eu brinque com os meninos pobres, porque dizem que são uma má influência. Mas agora os meus pais não estão aqui para me proibirem. Uns passos mais à frente, encontrei uma rapariga, a tremer de frio e que aparentava fome, muita fome. Quis ajudá-la. Tinha levado a minha carteira, cheia de dinheiro para gastar. Perguntei-lhe: - Como te chamas? Eu chamo-me Adriana. E a rapariga respondeu-me: - Chamo-me Clara. - O que te aconteceu? - Os meus pais não tinham dinheiro para me criar e agora estou abandonada nestas ruas, cheias de neve. Então, disse-lhe com um sorriso: -Vamos até à loja comprar-te roupa e comida. Parámos primeiro no “pronto-a-vestir” da esquina e comprei-lhe roupas novas e um casaco. Depois, parámos no mini-mercado e comprámos comida, suficiente para uma semana. A seguir fomos para o bosque e começava a escurecer. Clara perguntou-me: - Está a ficar tarde, Adriana. Não devias voltar para casa? - Não. Não quero voltar a ver os meus pais. Eles são egoístas e não gostam que eu seja amiga de ninguém, a não ser das miúdas do colégio. Eu já não gosto deles. Clara olhou para mim com um ar de espanto e depois começou a chorar de emoção. - Não chores. Só precisamos de arranjar um sítio onde dormir… Clara olhou para trás e disse: - Ali atrás há um sítio excelente. Limpou as lágrimas e levou-me a uma espécie de presépio em ponto grande, mas sem as figuras de Natal. - Anda, vem deitar-te nestas palhas, Adriana. Deitei-me e observei o mundo à minha volta. Parecia diferente, sem todos os mordomos e criados que há lá em minha casa. Um bom momento depois, ouvi um carro da polícia. Andavam à minha procura. Peguei na mão de Clara e corri até á cabina de telefone que estava mesmo à entrada do bosque. Meti as moedas e liguei para casa: - Só volto para casa se puder levar a Clara, a minha melhor amiga. Como tinham muitas saudades minhas, faziam tudo para me ter de volta, por isso aceitaram. Assim passei o meu Natal, feliz, com a minha nova amiga.

Inês Tavares, 5ºC


O melhor filme! Na véspera de Natal, estava eu a pensar, porque é que o Pai Natal, quando eu era criança, não me tinha vindo visitar. De repente apareceu o meu filho dirigindo-se à árvore de Natal da família, contando todos os presentes. - Um, dois, três, este é para o pai, este para a mãe e este é para mim. - Filho, o que é que a professora disse sobre o Natal? - Disse que só os meninos que se portavam bem receberiam presentes. E os meninos disseram que tinham ouvido o Pai Natal, mas que não o tinham visto. Depois foi a correr para a linda sala decorada por si, fazer um desenho. E eu fui para o meu quarto, virei-me para o espelho e perguntei a mim próprio, porque é que quando era criança, não recebia presentes. Seria porque era um Ogre, ou por outro motivo qualquer que eu desconhecia? Não sei, mas o meu filho não iria ter uma infância tão triste como a minha. No dia seguinte, dia de Natal, desci das altas montanhas para a cidade. Cheguei lá baixo e vi algo que me pareceu estranhíssimo e nada belo. As pessoas não estavam na rua. Teriam medo de alguma coisa? Teriam medo de mim? Era mesmo! Eles tinham medo de mim. Perguntei-me porquê. Bati numa porta e ouvi um som e um pó preto muito negro sair da chaminé. Era o Pai Natal. Trepei à chaminé, tirei-o dali e levei-o para minha casa. Perguntei-lhe o porquê de não me dar prendas quando era criança e agora ao meu filho. Ele respondeu-me a tremer: - Vê-te ao espelho. És um Ogre e, no mundo real, os humanos dizem que os Ogres comem pessoas. Eu nunca ia à tua chaminé com medo que me comesses. - Pai Natal, posso pedir-te um favor? - Claro, já não tenho medo de ti. - Podes pôr um palco no meio da cidade? - Com certeza – respondeu o Pai Natal. Então, fui chamar a minha família: - Filho, vai chamar a tua mãe e venham cá os dois. - Chegámos, mas porquê tanta agitação? - Vêem lá em baixo aquele enorme palco? É para lá que vamos. - Claro, mas porquê? – perguntou o pequenito com os olhos muito brilhantes. - Logo verás, agora venham. Quando chegámos ao palco, disse à minha mulher e ao meu filho que iríamos esclarecer algumas dúvidas. Avancei. - Sou eu, o Ogre da gruta lá de cima e quero perguntar às pessoas por que razão têm medo de nós. - Pela mesma razão do Pai Natal. Pensávamos que vocês nos queriam comer responderam as pessoas. - Mas não comemos. Isso são histórias que os humanos do mundo real inventaram! Isso não é verdade! Queremos conviver em paz! - Vamos festejar o Natal juntos - disse o meu filho. Foi assim que passámos o melhor Natal das nossas vidas. - Corta! – disse o produtor do filme. É o melhor filme de sempre. Vai estar nos cinemas na véspera de Natal! Ângela Marques, 5ºB


O NATAL diferente do MIGUEL Era uma vez um menino chamado Miguel que tinha oito anos e vivia com a sua irmã e com o seu pai. Ele estava muito triste, pois tinha frio e fome. O pai estava desempregado e não havia dinheiro em casa para comprar roupas quentinhas e comida. Faltavam dois dias para o Natal e o Miguel passeava pelas ruas enfeitadas e via meninos e meninas carregados de prendas e as montras cheias de doces. Como ele gostaria de pode4 comprar uma prenda para a sua irmãzinha que estava doente em casa. Disse então baixinho: - Ah! Eu sou o rapaz mais infeliz deste mundo! No dia seguinte, quando o Miguel descia a rua, uma senhora foi ter com ele e perguntou-lhe: - Tu és o Miguel Santos? - Sim, senhora – disse o Miguel. - Pois bem, quero convidar-te para uma festa especial que vou fazer a minha loja. Toma este bilhete com o endereço e não te esqueças de ir – informou a senhora. - Muito obrigado. E a Leonor? É a minha irmã! – referiu o Miguel. - Desculpa, Miguel, mas só vai uma criança da cada família, pode ser que para o ano ela também possa ir – informou a senhora. Despediram-se, mas o Miguel continuava triste, pois gostava que a irmã também pudesse ir. Chegou a hora de o Miguel se dirigir para a festa. Quando lá chegou viu que tudo era diferente, tudo era tão maravilhoso! A seguir ao jantar, o Miguel brincou com os outros meninos. Entretanto, chegou a altura de se distribuírem os presentes. O Miguel não conseguia estar quieto. Olhava para os patins que estavam na árvore de Natal e só esperava que ninguém os levasse antes dele. Chegou a vez do Miguel escolher o brinquedo. -Miguel Santos? – chamou a senhora junto à árvore de Natal. Miguel dirigiu-se para perto da senhora. - O que vais escolher? – perguntou ela. -Eu gostava muito de levar aqueles patins, mas vou antes levar aquela boneca. – disse o Miguel. Ao dizer isto os olhos do Miguel encheram-se de lágrimas. A senhora percebeu o que se estava a passar e sem dizer nada entregou a boneca ao Miguel. As outras crianças, ao verem o que se passava, começaram a gozar com ele. O Miguel começou a sentir-se mal e decidiu ir-se embora. No caminho para casa, o Miguel pensou outra vez que era o rapaz mais infeliz desta mundo. E assim, desanimado, ele entrou em casa. Dirigiu-se ao quarto escuro da sua irmã. A menina, feliz por vê-lo, saudou-o: - Olá Miguel! Ainda bem que chegaste! Estava a sentir-me tão só! O papá já dorme. O que é isso que trazes aí debaixo do braço? É para mim? Oh, Miguel sou muito tua amiga. O Miguel ao ouvir isto esqueceu todas as suas tristezas e ficou contente por ter trazido a boneca em vez dos patins. Bateram à porta, era aquela senhora bondosa e ela disse-lhe: - Olá Miguel! Fiquei muito triste, porque os meninos gozaram contigo, eles estão arrependidos e pediram-me para te trazer isto. Tenho de me ir embora. Bom Natal! - Bom Natal! – disse o Miguel. O Miguel abriu o embrulho e eram os patins. Então rindo-se e saltando à volta da cama da Leonor disse: - Eu sou o rapaz mais feliz do mundo! Joana Bárbara Gaspar Domingos, 6º I

Um Natal à volta da Europa

O meu Natal era como uma rotina. Todos os anos, na mesma casa, no mesmo dia e com a mesma companhia. O Natal era passado com a minha mãe, na sala de estar; só os presentes mudavam. Em tempos recebi


carrinhos e aviões em miniatura; agora, com 60 anos, recebia casacos e livros. Mas este ano ia ser diferente. A minha mãe falecera no Verão passado e eu não tinha com quem passar o Natal. Há mais de 30 anos que trabalho nos correios. Faço a ligação entre diferentes locais, mas infelizmente nem todas as cartas chegam ao destino. Se o endereço é ilegível ou se a carta está danificada, é arrumada numa sala com muitos caixotes organizados pelo ano e pelo mês. Esta profissão permite-me estabelecer contacto com pessoas de diversos países da Europa. Ouvi a história do meu amigo Luke, da Suécia, que contava que o mais importante das celebrações natalícias não era o Natal em si, mas sim o regresso do Sol. Além disso, também comemorava as festas de St.ª Luzia em que havia um cortejo pela cidade no qual desfilava uma rapariga loira e nova que espalhava alegria pelas famílias. Do contacto que estabeleci com irlandeses ouvi que se festejava o Santo Estêvão, após o dia de Natal, a 26 de Dezembro. Os jovens rapazes saíam à rua com roupas estranhas e máscaras bizarras para afastar os maus espíritos. Além das assustadoras fatiotas, ainda cantavam e dançavam. Do nosso país vizinho ouvi contar a história dos Reis Magos, em que se recebem as prendas, no dia 6 de Janeiro. Da Eslováquia recebi cartas a descrever como eram belas as pinturas daquele ano. Naquele país, todos os anos, durante as comemorações de Natal, há um desfile em que artistas divulgam a imagem do nascimento de Cristo com as suas pinturas.

Já da Alemanha, soube que comem salsichas e salada de batata à ceia de Natal. Depois de estabelecer contacto com os habitantes de Malta, ouvi histórias dos cortejos em que se levava a imagem de Jesus às ruas. Mas eu, com tantas ideias para festejar este dia tão especial, não tinha uma com a qual me identificasse. Este ano estava sozinho… Decidi, então, fingir que estava acompanhado e escrevi cartas a todos os meus amigos que tinha pelos países da Europa. Contei-lhes os meus Natais anteriores e até mesmo o daquele ano, aquele em que tive o coração cheio de amigos. Na mesa da ceia, só lá estava eu, mas dentro do meu coração, estava muito mais gente. Ao longo dessas férias de Natal, fui recebendo as respostas em que os meus amigos distantes contavam, de novo, o seu Natal passado com a família e, então, senti-me o homem mais rico do mundo, mesmo tendo apenas recebido cartas. É que as cartas não são só folhas de papel, são uma transmissão de sentimentos, e com eles recebi a atenção merecida dos meus amigos, o mais importante! Todos eles tiveram um Natal diferente do meu, mas o mais importante é que houve partilha, não de presentes, mas de alegria!

Ana Cláudia Cavadas Pereira de Almeida 8ºD


Londres, 1996 Dezembro estava quase no fim. Faltava um dia para a véspera de Natal. Rosie estava sentada em cima de um baú de madeira velho, junto à janela do quarto do orfanato, e observava com atenção a rua branca, coberta de neve. Rosie era órfã e nunca se lembrara de si de outra forma. Era a mais bonita do orfanato de Miss Agnes, pois ninguém ultrapassava o seu cabelo cor de cenoura e os olhos cor do céu. Era, porém, uma menina travessa. Era de manhã e o vento fazia com que a velha janela do quarto das meninas órfãs batesse de três em três minutos. Rosie acordou primeiro que toda a gente e, sem fazer barulho, vestiu roupa quente, pôs umas luvas, um cachecol e saiu. Foi difícil não acordar Miss Agnes quando desceu as escadas visto que o terceiro e o quinto degraus a contar de cima chiavam sempre que alguém os pisava. Chegou à rua. “Como está frio!..” pensou. Andou e andou. Começou a andar e, de repente, não avançou mais. Rosie, sem saber porquê, olhou para um beco escuro e uma mancha dourada saltou-lhe à vista. Era um cão, uma ampliação de um caniche. Era um simpático rafeiro. Aproximou-se dele fazendo-lhe, sem medo, uma festa na cabeça farfalhuda. - Vou ficar contigo, cãozinho _ disse a pequena Rosie ao seu novo amigo _ Mas não quero nem imaginar o que me pode acontecer se Miss Agnes te descobre… Rosie queria apenas ser feliz. Queria ter um Natal perfeito, com alguém de quem gostasse e que gostasse de si. Frankie, como chamara ao enorme cão, era o amigo ideal. Caminhou pelas ruas enfeitadas, viu as montras repletas de luzes coloridas e imaginava-se com um presente. Rosie só queria UM presente… Foi para casa e mais um dia passou. Era véspera de Natal e Miss Agnes resolveu arrumar ela mesma o quarto às meninas. Fez as camas e tirou-lhes os sapatos debaixo das mesmas. No andar de baixo Rosie e as amigas conversavam junto da pequena árvore de Natal. Partilhavam desejos, vontades, histórias de vida… Só ouviram Miss Agnes gritar. Oh não! A velha e resmungona mulher havia encontrado Frankie e trazia-o agora agarrado pelo cachaço. Agnes foi dura, muito dura. Eram já oito da noite, mas ela pegou em Rosie e no cão e pô-los na rua. Rosie era a autora de muitas asneiras e aquela fora a gota de água. Rosie só tinha Frankie, e o enorme caniche (ou rafeiro, não se sabe bem) só tinha a menina. Iam passar um Natal ao frio, mas feliz, porque se tinham um ao outro. Sentaram-se na neve e adormeceram, abraçados, sobre aquele colchão branco e frio. Agora estava quente e Rosie acordou ao som de um piano. Era, sem dúvida, uma música de Natal. Que ambiente aquele!.. Na sala estava uma árvore de Natal gigante apinhada de bolas, laços vermelhos e fitas douradas. Tinham sido resgatados por um casal, os Smith. Como pareciam felizes… Na mesa de jantar estava o que a pequena órfã considerava um banquete e os Smith, ao verem os seus olhos brilhantes, iniciaram o jantar. - … O que achas, Rosie? E o que achas que acha o teu amiguinho? Rosie nem podia acreditar. Tinha recebido a melhor prenda de sempre! Ia finalmente ser adoptada!


- Eu acho bem! Aliás, eu acho muito bem! Eu quero! _ declarou sem pensar duas vezes. E o resto da noite de Natal aconteceu entre sorrisos, abraços, alegria, felicidade… Mas acabou, e acabou em bem. Será que algum presente esperaria Rosie no dia seguinte? Certamente isso não teria qualquer importância, pois o verdadeiro presente foi uma família e isso é o verdadeiro espírito de Natal… Mª Raquel Ferreira, 8ºE

Um pedido diferente - Mãe, quero isto! - Mãe, dá-me aquilo! - Mãe… Um Natal muito agitado, sem dúvida. Estava-mos no dia 15 de Dezembro, e todas as mães andavam às compras, à procura do presente ideal para esta e para aquele. Simão, um rapaz de 25 anos, vestia o fato de Pai Natal, para ir ouvir os pedidos das crianças, no centro comercial da sua terra. Todos os dias, na sua bela poltrona encarnada, ele ouve crianças, que de uma maneira qualquer conseguem convencer os pais a leva-los lá. -Pai Natal, este ano eu quero um cãozinho! -Podes dar-me uma Nintendo no Natal? - O que eu queria mesmo eram uns carrinhos para poder brincar com os meus amigos! Pedidos típicos de crianças. Ele já estava habituado a este tipo de pedidos, mas neste dia iria ouvir um muito especial… Depois de lhe pedirem muitos jogos e brinquedos, vê um rapazinho de cerca de 6 anos, sozinho sem o acompanhamento dos pais. Simão, ao ver o petiz, manda-o subir para o seu colo, e o pequeno diz-lhe o seu pedido: -Eu queria que a minha mãe ficasse boa… Simão, ao ouvir aquilo, fica um bocado surpreendido, e pede-lhe para explicar melhor o que disse. -O meu pai já morreu, e a minha mãe está muito doente, mas nós não temos dinheiro para a tratar. Eu não quero ficar sozinho…-balbuciou o pequeno, já a soluçar. Simão ficou muito comovido e, a partir desse dia, começou a fazer uma campanha de solidariedade , para arranjar o dinheiro necessário para o tratamento da mãe do pequeno. Dia após dia, com cartazes a apelar a um donativo colados em tudo quanto era sítio, com espectáculos de dança e de magia, e a trabalhar 10 horas por dia em vários sítios diferentes, foi conseguindo arranjar o dinheiro. E no dia 24 de Dezembro, tinha na sua mão a quantia necessária.


Nessa mesma noite (a noite de Natal), Simão veste o seu fato de Pai Natal, sai de casa e… na manhã do dia seguinte (a manhã de Natal), quando o rapazinho acorda, vê aos pés da sua cama um saco cheio de notas e moedas, com um urso de peluche ao lado. O pequeno levanta-se, maravilhado, aproxima-se para ver melhor e repara num cartão dourado na mão do urso onde estava escrito: “Do Pai Natal”… João Monteiro, 7ºE

Estes contos foram realizados por alunos do Agrupamento de Escolas Martim de Freitas e no âmbito do concurso “Conto de Natal”, actividade da Biblioteca Escolar em colaboração com os professores de Língua Portuguesa. Ano Lectivo 2009/2010


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