Aniversário Nadir Afonso | 4 de dezembro de 2011

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Nadir Afonso


Nadir Afonso Rodrigues nasceu em 4 de Dezembro de 1920, no lugar dos Codeçais. Filho do poeta Artur Maria Afonso e de Palmira Rodrigues Afonso, testemunho do sentimento romântico de seus pais. Criança apaixonada, impulsiva, banhada pela irrealidade do sonho o «Riri», como era conhecido na infância, ansiava ardentemente ter asas, sonhava ser «Rei» (...)


Depois, pouco a pouco, surgiu o mundo das artes. Aos quatro anos pintava o seu primeiro «quadro»: um círculo vermelho na parede do seu quarto (...) «A obra de arte é um espectáculo de exactidão», escreveria mais tarde, «a lei das formas geométricas é o mais belo encontro da minha vida». Aos sete anos, entra para a Escola Régia e aos onze ingressa no Liceu Fernão de Magalhães. ( ... ) Nadir Afonso pinta aos catorze anos os seus primeiros trabalhos a óleo, percorrendo a cidade com o seu cavalete: «vejo o perfil destes horizontes através de olhares antepassados, como uma dádiva hereditária e sobrenatural». ( ... ) Toda a sua actividade se concentra então na prática da pintura (2 prémio no concurso "Qual o mais belo trecho da paisagem portuguesa"), 1937.


Toda a sua actividade se concentra então na prática da pintura. Ganha o 2 prémio no concurso "Qual o mais belo trecho da paisagem portuguesa?“, em 1937.

Forte de S. Francisco (aguarela), 1937


Dirige-se à Escola de Belas-Artes do Porto munido de meia folha de papel selado em que pede a inscrição no curso de pintura. Porém, matricula-se em arquitectura também. O Porto, com a sua arquitectura barroca, debruçado sobre o Douro, impressiona-o. Percorre a cidade, pintando.

«Eu encontrei o expressionismo na pintura ao longo de um que percorri absolutamente só»

caminho

Estreitando as relações com os seus colegas das Belas-Artes, faz parte do grupo dos Independentes do Porto, expondo em todas as suas exposições até 1946. Por volta de 1943, Nadir Afonso redige os seus primeiros estudos. O fenómeno da geometria e da óptica que sempre o apaixonou, revela-se mais claramente. A sua obra «A Ribeira» do Porto, dá entrada no Museu de Arte Contemporânea de Lisboa. Nadir Afonso tem apenas 24 anos. No Verão do mesmo ano, é convidado como arquitecto, a tomar parte numa missão estética na cidade de Évora. ( ... )


Em Abril de 1946, então com 25 anos de idade, Nadir Afonso vai para Paris. Em Paris, obtém, por intermédio de Portinari, uma bolsa de estudo do governo francês. Matricula-se no curso de pintura da École des Beaux-Arts. Toma contacto com o grande mundo da Arte. Trabalhar na arquitectura para publicar um livro com as suas pinturas, era o seu objectivo imediato. Colabora com o arquitecto francês Le Corbusier. Le Corbusier concedeu-lhe as manhãs livres para pintar. Em 1948 é admitido em Paris no Salão "Moins de trinte ans" .. Em 1948 defende tese na cidade do Porto com um projecto executado em Paris sob a orientação de Le Corbusier. Nos princípios de 1949, retira-se de Paris.


No dia 4 de Dezembro de 1951, Nadir escreve à sua família:

«faço hoje 31 anos de idade e encontro¬-me em Veneza, no meio de uma ponte, debruçado sobre o Grande Canal. Dum lado está Paris e a Europa, e do outro a América do Sul, no dia 14 embarco em Génova para o Rio de Janeiro». Em 1953 regressa a Paris e retoma o contacto com artistas, desenvolvendo os seus estudos de estética e da obra que denOmina «Espacillimité

Em Paris alterna o seu trabalho entre períodos de pintura e períodos de arquitectura. A história da vida de Nadir Afonso é a de um homem que traz consigo uma mensagem: uma visão original da estética e uma obra de características invulgares.


Nadir Afonso acentua o rumo da sua vida exclusivamente dedicada à criação duma obra. Desenvolve os seus escritos sobre a Geometria que considera a essência da arte. Uma primeira publicação - La Sensibilité Plastique - aparece em 1958 em Paris. É um pequeno trabalho de análise das leis naturais susceptíveis de revolucionar toda a estética tradicional. Nadir não é apenas um arquitecto: reúne numa síntese audaciosa as suas qualidades de pintor, de esteta e de geometra. Em 1960 vem com a família para Portugal e trabalha na arquitectura em Chaves e em Coimbra.


Poemas do poeta Artur Maria Afonso -pai do pintor ilustrados por Nadir Afonso


Artur Maria Afonso


Cidade de Chaves


Rio Tâmega

Rio gentil de margens verdejantes Em que retinam cantos de sereia! Águas rolando por lençóis d'areia, De pérolas translúcidas, brilhantes! Junto de ti, os rouxinóis vibrantes Entoam sonorosa melopeia. E quando sobre tudo o Sol vagueia, Tens notas de beleza fascinantes! Dás alegria a quem te vê passar Beijando relvas e movendo azenhas Subindo em baldes para ir regar. Mas tens o teu reverso! Se embraveces Uivando de revolta, arrastas penhas, Submerges as campinas! Entonteces!


Chaves - Canto do Rio 1936 - Nadir Afonso


O Banho Tempo de banho. Distinta e cativante, Aos primeiros raios dos clarões nascentes, Corres banhar-te nas Iímpidas correntes, Inda o sol não aparece e vem distante.

Treme o Tâmega de gozo palpitante, Só de lhe tocarem nos areais dormentes Muito ao de leve, teus pés alvinitentes, E o teu corpo contornado e provocante. Mordem-se de inveja, as rosas pela margem, Vendo o terno enleio com que beija a aragem Tua negra trança tão comprida e farta,

Espreitam-te as aves vendo-te tão bela ... Eu, finalmente chamando-te uma estrela Não sei mais meu amor que pôr na carta.


Banhistas


Poema do filho Artur Afonso dedicado ao pai


Oh meu bom velho pai

Oh meu bom velho pai Que olhar cabisbaixo é esse que te acompanha? Homem de perseverança errante, Homem grande. Carregas contigo um percurso pando E agora? Tantas histórias, tantos acontecimentos passados, tanta desaventurança!

Penaste nessa errância com pobres de espírito te invejando com gente te silenciando ... (E só porque lhes fazias sombra ... ) Apodera-se de mim uma enorme fúria Não pai, não vou esquecer ... Não pai, como poderei esquecer? Não me peçam que deixe de sentir essa dor, esse desassossego! Vale-te a pintura, a escrita, e o conforto de saber que a tua obra, essa, fica! Porque estás cabisbaixo meu velho pai? Sossega meu pai ... Poema do filho Artur Afonso


G么ndolas


Bibliografia: Artur Maria Afonso Poesia / Pintura [de] Nadir Afonso, Poesia [de] Artur Afonso ;Coordenação: Laura Afonso - Chaves : Fundação Nadir Afonso, 2009 . Textos retirados da brochura Notas biográficas de Janeiro de 93 - Escola Preparatória Nadir Afonso


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