O urso e o piquenique

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O urso e o piquenique

Certo dia, os manos João e Pedro pediram aos pais para irem fazer um piquenique. Pensaram em convidar as suas melhores amigas, a Andreia e a Francisca, para os acompanhar naquela que esperavam ser mais uma grande aventura. Naquele dia, acordaram muito cedo e foram ajudar a mãe a preparar tudo o que era preciso. Não se esqueceram da sua mala de exploradores, pois pensaram que o bosque seria um local perfeito para fazer muitas descobertas. A mãe tinha feito o bolo preferido das suas amigas. Era feito com mel e deixava no ar um aroma irresistível! O cesto estava pronto e os dois esperavam impacientes pela chegada das duas irmãs, que tardavam em chegar, como sempre. Finalmente, avistaram a Andreia em passo apressado carregando a sua mochila, onde trazia o que os quatro amigos tinham combinado. Atrás, com ar cansado, vinha a Francisca a barafustar… Também ela carregava uma mochila que mais parecia um balão que alguém tinha enchido, enchido, enchido, tanto, tanto, tanto, que… estava prestes a rebentar ao mínimo sopro. Levava umas quantas coisas: uns binóculos, a sua máquina


fotográfica, um frasco para guardar insetos, um repelente de mosquitos, uma manta para poder descansar e ainda uma rede para apanhar borboletas. Assim que se juntaram, os quatro amigos partiram para a aventura: a descoberta do bosque e dos seus “habitantes”. Estava sol e os passarinhos foram alegrando o passeio com os seus lindos cantos. Andaram um bom bocado e já estavam um pouco cansados, mas sobretudo com muito calor… Até que finalmente encontraram uma enorme árvore com uma sombra tão fresquinha que resolveram parar por ali para lancharem. No fim do lanche, os quatro amigos resolveram descansar na manta que a Francisca tinha levado. No fim do descanso, a Francisca resolveu tirar algumas fotografias aos seus amigos. E de repente ela viu um lindo esquilo e começou a tirar-lhe muitas fotografias. Ela tirou tantas, mas tantas fotografias, que até o pequeno esquilo se pôs vaidoso e resolveu chamar todos os seus amigos para tirar fotografias com ele. Já estava a ficar tarde e ela ainda estava toda entusiasmada com os animais que iam aparecendo cada vez mais. Os manos João e Pedro estavam tristes porque também eles queriam tirar fotografias para mostrar aos seus amiguitos. Francisca andava numa luta atrás de um coelho e começou a correr para o apanhar. Quando se viu numa estrada sem saída, começou a chorar e a gritar pelos amigos. O esquilo “vaidoso” ouviu os gritos e foi atrás da voz que era cada vez mais forte e assustadora. O pequeno animal foi-se aproximando cada vez mais da voz, apesar de estar bastante assustado. Apercebeu-se que Francisca se tinha metido num grande sarilho e não sabia onde estavam os seus amigos. Pedro e João estavam entretidos a tirar fotografias a um pequeno gafanhoto e não se deram conta da ausência da amiga. O esquilo resolveu ir buscar o seu amigo urso que era bastante sábio e, como tal, deveria saber resolver o problema da menina. Apesar do urso ser enorme e ter garras muito afiadas, não punha medo a ninguém. Tinha tanta ternura no seu rosto que dificilmente assustava alguém. Quando os dois animais chegaram junto da Francisca ela continuava a gritar: - Pedroooooooo! Joãooooooooo! Andreiaaaaaaaaaa! Quando a Francisca viu o esquilo e o urso, começou a gritar ainda mais, com medo do enorme urso e desatou a correr pelo bosque dentro. Os dois animais foram atrás dela e o esquilo disse: - Não tenhas medo, nós não fazemos mal, só te queremos ajudar! Quando ouviu isto, a Francisca parou de correr e ficou muito espantada, por os dois animais falarem.


- Mas… mas vocês falam? - Sim e queremos ajudar-te! Mas primeiro vou apresentar-me. Eu sou o Esquilo e este é o meu amigo Urso. E tu, como te chamas? - Francisca. E vim com os meus amigos fazer um piquenique ao bosque, mas perdime e agora não sei voltar… - Não te preocupes, nós vamos ajudar-te. Mas como estamos muito longe e o caminho de regresso ainda é longo, é melhor comeres alguma coisa. Aqui no bosque há muitas coisas deliciosas. Prova estas amoras e estas framboesas. São deliciosas! A Francisca comeu os frutos, que eram uma verdadeira delícia! - Adoro fruta do bosque! - disse a Francisca. A Francisca estava preocupada com os seus amigos, pois eles deveriam estar ansiosos à sua procura. Os três amigos, enquanto procuravam a sua amiga desaparecida, pararam para descansar um pouco e comeram fatias do bolo de mel que traziam no cesto. O urso foi atraído pelo cheiro do bolo e disse: - Cheira-me aqui a mel! A Francisca foi atrás do urso, muito curiosa, e de repente avistaram a árvore onde os seus amigos estavam a descansar. Os três amigos, quando viram o urso, assustaram-se, mas logo ficaram felizes quando atrás deste vinha a sua amiga Francisca. - Franciscaaaaaaa, voltaste! - gritaram em coro. O urso reparou logo no bolo, e enquanto os amigos se abraçavam ele deliciou-se com o sabor a mel. A Francisca foi para junto do seu amigo urso para poder, também, saborear o maravilhoso bolo de mel que a mãe do João e do Pedro tinha feito. Os seus amigos olharam para ela muito assustados e com medo do urso, pois pensavam que ele iria fazer-lhes mal. - Não tenham medo! – disse a Francisca, para acalmar os amigos. - Mas… mas… - hesitou o João. - Ele não faz mal. É um urso meiguinho, simpático e ainda por cima fala. – disse a Francisca. Os amigos, muito admirados com o que acabavam de ouvir, aproximaram-se do urso com um pouco de receio e este perguntou-lhes: - Também querem bolo? Está realmente bom! E assim estiveram os quatro amigos, o urso e o esquilo a comer o bolo. Depois de todos estarem de barriga cheia, o João, que já estava farto de estar sentado e parado, propôs aos seus amigos: -E se fossemos dar uma volta pelo bosque?


Os amigos, que eram muito aventureiros e que estavam preparados para tal, adoraram a ideia. O urso, ao ver o entusiasmo deles, ofereceu-se para ser o seu guia, pois não era muito fácil andar pelo bosque, para quem não o conhecesse. O esquilo que estava por perto também quis ir. Pelo caminho, encontraram outros animais amigos do urso que perguntaram: - O que andas a fazer por estes lados da floresta? O urso respondeu que estava a ser guia destes jovens, pois a floresta, para quem não conhece, é perigosa. No percurso da caminhada, os quatro amigos perguntaram ao urso se era muito perigoso escalarem a montanha que se encontrava à sua frente. O urso respondeu: - Sim, podemos escalar. Mas temos de ter cuidado, porque há muitos anos houve um vulcão que entrou em erupção perto desta montanha. Desde aí que os adultos dizem que esta montanha esconde um segredo dos deuses que há muito anos habitaram nesta floresta. - Malta, vamos partir para esta grande descoberta! Não pensem mais. Vão ver que vai ser engraçado! A Francisca, o Pedro e a Andreia responderam: - Se tu o dizes! Malta, o nosso amigo esquilo e o urso podem ajudar-nos pois conhecem bem a floresta e os perigos que esta nos pode proporcionar. Prepararam tudo e começaram a escalar. Quando chegaram ao cimo da montanha, avistaram toda a floresta em seu redor. Toda a natureza iluminava aquela floresta, desde as flores aos espaços verdes e aos animais que nela habitavam. Reparam que se encontrava um monte de lava que parecia tapar uma entrada de algo que desconheciam. Os quatro amigos começaram a escavar e encontraram uma fechadura que parecia ser de uma porta. Logo aí, deduziram que fosse uma entrada para algo. Escavaram tanto, que conseguiram entrar dentro dessa passagem que muitas aventuras lhes iria proporcionar. Tudo era escuro. Ligaram as lanternas e avistaram árvores muito bonitas dentro dum riacho. Construíram uma jangada com alguns cristais que se encontravam nos rochedos cobriram-na com alguma lava e começaram a descer. De repente, ficaram muito aflitos, pois verificaram que não tinha saída. De repente, ouviu-se uma voz que vinha lá do fundo daquelas águas cristalinas. - Olha! - disse a Francisca para os seus amigos - É um peixe vermelho. Este respondeu que, para saírem de dentro da montanha, teriam que tocar na pedra de cristal em forma de coração que abria a passagem. Os quatro amigos perguntaram ao peixe como é que ele sabia. O peixe respondeu que sempre viveu naquelas águas até ao momento em que o vulcão entrou em erupção.


Todos estes anos, ele viveu sem os seus amigos. Ele era o guardião do que estava escondido no cristal em forma de coração. O urso disse: - Quem carrega no cristal em forma de coração sou eu. Não quero que vos aconteça alguma coisa, pois ofereci-me para vos proteger. De repente, o urso carregou sobre o cristal e sentiu-se a terra a tremer. Parecia um tremor de terra, mas eram as portas desse cristal a abrirem, portas essas que eram muito grossas. O espanto foi tanto que todos ficaram radiantes com o tesouro que tinham à sua frente. O peixe disse que era melhor fazerem de conta que não tinham encontrado nada, pois se este segredo fosse revelado, os humanos passavam mais tempo pela floresta, o que não era bom para os animais que lá habitavam, pois os humanos só pensam em riquezas e caça. Os quatro amigos, o urso e o esquilo concordaram em guardar segredo. Ficaria “no segredo dos deuses“. E assim fecharam a passagem do coração de cristal. O esquilo disse: - Se abríssemos uma passagem nestas águas, o peixe poderia voltar a ver os seus amigos e conhecer outros. O peixe disse que seria possível e os restantes disseram: - Podes contar connosco, nós vamos resolver o problema. Mãos à obra, amigos! Vamos escavar mais um pouco! De repente, após escavarem um pouco, avistaram logo a claridade do dia. Num instante, abriu-se uma saída. Todos estavam felizes, principalmente o peixe! Todos se despediram do peixe e este disse que seria sempre o guardião do segredo, até que a morte o levasse, e que se o quisessem visitar, bastava chamarem por “Shelly”. Assim partiram, cada um para seu lado, nunca esquecendo o segredo que os unia a todos. Um dia mais tarde, os quatro amigos resolveram voltar ao seu local secreto para verem se continuava tudo igual. Foram direitos ao bosque e chamaram o seu amigo esquilo: - Esquilo, podes chamar o urso para ir connosco ao nosso local secreto? - Posso sim. Venham comigo! E assim foram todos à procura do urso, pois com ele sentiam-se mais seguros. - Urso, ainda bem que te encontramos. Temos muitas saudades do nosso local secreto! - disse a Francisca. Entraram então no vulcão e serviram-se da jangada que tinham construído e depois chamaram em coro: - Shelly!


- Sim, estou aqui! - Então, como tens passado? - Perguntou o Pedro. - Bem, pois neste local mágico passa-se sempre bem. Mas porque voltaram? - Tínhamos muitas saudades e aqui esquecemo-nos de tudo. - Respondeu a Andreia. - Continuem a guardar o nosso segredo e voltem quando quiserem. E assim foram embora todos contentes e com vontade de lá voltar em breve! Passadas algumas semanas, o João, o Pedro, a Andreia e a Francisca voltaram ao bosque onde tinham deixado os seus amigos: o urso, o esquilo e o peixe. Procuraram durante toda a manhã, mas não os encontraram. Por isso, resolveram voltar para a aldeia. Durante o caminho, encontraram uma sardanisca que gritava: - Socorroooooooooooooo! A minha pata está presa. Quem me acode? - Calma, amiguinha. Nós estamos aqui e vamos ajudar-te. - Pronto, estás livre. Podes ir embora! - Não posso ir embora sem primeiro retribuir o vosso gesto, pois vocês acabaram de me salvar a vida! - Nós andamos à procura dos nossos amigos, mas não os encontramos. Talvez os tenhas visto por aí? - O urso, o esquilo e o peixe? - Sim, esses! - Estive com eles hoje de manhã na lagoa grande. - Onde fica a lagoa grande? - A lagoa grande fica no meio do bosque. Dirijam-se depressa à lagoa ou os vossos amigos estarão em perigo… - disse a sardanisca. - Vamos depressa! - disse o João. - Ah, ah, ah, eles acreditaram! - riu-se a sardanisca. Quando eles chegaram, viram os seus amigos, mas logo de seguida ficaram rodeados por peixes voadores e a Francisca disse: - Oh não, estamos rodeados de peixes voadores! Depois a sardanisca apareceu e disse: - Digam-me onde fica a toca que tem cristais? - Não dizemos nada, nem que nos obrigues. - disseram todos em coro. - Se não me disserem onde fica a toca imediatamente, vou afundar-vos a todos na lagoa grande. Como ficaram assustados com a ameaça da sardanisca, disseram: - Está bem, nós dizemos. A toca fica debaixo da lagoa grande.


Mas claro que tudo o que disseram à sardanisca era mentira… A sardanisca foi à procura da toca dos cristais. Quando lá chegou, reparou que não estava lá nada. Tinha sido enganada pelos quatro amigos. Na procura dos seus amigos, os meninos encontraram um cão e perguntaram: - Olá! Por acaso não viste por aqui um urso, um esquilo e um peixe? - Sim, vi. São vossos amigos? - São. Onde os viste? - Perguntaram os amigos já muito ansiosos. - Lá no fundo da floresta, bem perto de uma gruta. – disse o cão. - Obrigada pela ajuda! – disse a Francisca. - Também posso ir? – Perguntou. - Claro que podes, amigos nunca são demais! Depois de uma longa caminhada, chegaram ao sítio. Qual não foi seu espanto, quando repararam que os seus amigos estavam numa grande festa dada pelos outros animais da floresta. - Mas, mas, mas… o que se passa aqui?! – Perguntou o João. - Venham para a festa! – disseram o peixe, o urso e o esquilo. - Há tanto tempo que não me divertia assim! – disse o peixe. E assim, durante toda a tarde, os amigos divertiram-se. Já estava a anoitecer e os quatro amigos despediram-se, marcando encontro no dia seguinte no local habitual. Tinha sido um dia inesquecível!. Mas no dia seguinte… Os quatro amigos foram logo de manhãzinha ter ao local secreto. Quando lá chegaram, viram que leão tinha ferido o urso. A Francisca perguntou ao esquilo e ao peixe o que tinha acontecido. O esquilo disse: - Estavam numa guerra pelo mel que encontraram. A Francisca queria levar o urso ao hospital, mas ele não queria ir porque era teimoso. O urso disse que estava bem, mas notou-se logo que não estava em condições. A Andreia, como era inteligente, decidiu trazer mel para curar o urso. Correu pelo bosque dentro até encontrar o mel. Encheu dois potes e deu-os ao urso, que melhorou logo. O urso começou a correr e disse: - Eu já estou melhor graças à Andreia! O urso deu um grande beijo à Andreia e disse: - Tu és a minha heroína! A Andreia ficou muito contente e deu um abraço ao urso. Ao início da tarde, a Francisca e a Andreia, com a rede que tinham trazido, foram apanhar borboletas e o João e o Pedro foram apanhar mosquitos. Foi muito difícil, mas ao fim de muito tempo ambos encontraram coisas raras. Uma das borboletas era violeta e cor-


-de-rosa e a outra era amarela com pintinhas verdes. Os mosquitos eram vermelhos e cor de laranja. Os amigos quiseram levar os mosquitos e as borboletas para um museu. Despediram-se do esquilo, do peixe e do urso, combinando um encontro para a semana seguinte. O urso, o esquilo e o peixe ficaram a dormir na manta que a Andreia tinha trazido e os quatro amigos foram ao museu. Na manhã seguinte, encontraram-se à porta do museu. Eles não sabiam a quem deviam entregar os novos animais que traziam. Por isso, dirigiram-se ao pequeno balcão que estava no hall de entrada do museu. Ao chegarem lá, repararam num senhor muito velho com um ar muito sábio. - Bom dia. – Disse o Pedro, com alguma vergonha. - Bom dia! – Respondeu o velho sábio. – Que fazem aqui quatro meninos a esta hora da manhã? - Viemos entregar borboletas e insetos que apanhámos. São tão bonitos e raros que pensamos que ficavam bem cá no museu, para que toda a gente os possa ver. – disse a Francisca. - Mas não sabemos a quem entregar os animais. – acrescentou a Andreia. O velho senhor saiu de trás do balcão, com um ar curioso. - Eu sou o Dr. Vicente. Sou biólogo e o responsável pelo museu. Fico muito surpreendido por quatro jovens como vocês se tenham lembrado de uma coisa tão interessante, como entregar os vossos insetos e as vossas borboletas ao nosso museu. Os meninos riram-se, um pouco envergonhados. O João respondeu, timidamente: - Nós somos muito aventureiros e gostamos muito de passear pela floresta. A floresta é um lugar muito interessante. Já fizemos muitos amigos e já nos divertimos muito! - Fico contente por ainda haver quem se preocupe com a natureza e também pelos museus. Então vamos lá ver esses animaizinhos que até aqui vos trouxeram. – disse o Dr. Vicente. O Dr. Vicente apontou para uma porta e começou a andar para ela. Os quatro amigos seguiram-no sem hesitar. Ao chegarem à porta, repararam que esta dava para uma enorme sala que tinha as paredes cobertas por dezenas de borboletas e insetos de todas as cores e formas. No centro da sala, estava uma enorme mesa com muitas cadeiras. O Dr. Vicente sentou-se no topo da enorme mesa e reparou que os quatro amigos estavam muito curiosos a olhar e a apreciar as paredes da sala. Passados uns momentos, os meninos juntaram-se ao Dr., junto à enorme mesa.


A Francisca era quem trazia os animais e, depois de se sentarem, colocou-os em cima da mesa. - Muito interessante! Realmente nunca tinha visto esta espécie de animais. Até parecem criaturas mágicas! – Diz o Dr. Vicente, com um ar muito surpreendido. Os meninos entreolharam-se e sorriram, pois lembraram-se de todas as aventuras inacreditáveis que tinham passado na floresta. O Dr. continuou: – Tiveram uma ótima ideia em terem vindo ter comigo. Tenho todo o gosto de juntar os vossos animais à nossa coleção. Estas paredes vão ter um toque mágico. Ditas estas palavras, os meninos sentiram que o velho senhor sabia mais do que dizia. O João, curioso como era, quis saber ao certo o que ele queria dizer com aquilo e perguntou-lhe: - Dr. Vicente, acredita na magia? Acredita que pode haver criaturas mágicas? Este riu-se, respondendo para todos: - Na vossa idade, eu era tal e qual vocês. Adorava andar pela floresta e também tive muitas aventuras. Entre as quais conheci um urso e um esquilo. Eles mudaram a minha vida! Levaram-me a conhecer um lugar que eu só conhecia nos meus sonhos. Sítios encantados, com animais especiais! Por isso me tornei biólogo e abri este museu. A medo, a Andreia interrompeu-o: - Também conheceu o peixe? Os amigos olharam com um ar ameaçador para ela. Ela estava a falar num assunto que tinham prometido não contar a ninguém. O velho continuou: - Não se preocupem, meninos, eu sei o vosso segredo. Eu também conheci o urso, o esquilo e o peixe. Também passei muitas aventuras, mas a idade já não me permite andar pela floresta sozinho. Sinto muitas saudades deles, já não os vejo há alguns anos. O Pedro, ao ouvir o Dr., ficou comovido e disse-lhe: - Dr. Vicente, combinámos encontrarmo-nos para a semana que vem. Gostaria de vir connosco? Os olhos do velho sábio brilharam. – Sim! – Respondeu, com uma voz que parecia de uma criança. – Não se importam que vá convosco? Em coro, os quatro amigos responderam: – Não!! E assim ficou combinado irem os cinco na semana seguinte visitar o urso, o esquilo e o peixe à floresta. Quando chegou o dia todos se levantaram cedo. A Andreia e a Francisca encontraram o João, o Pedro e o Dr. Vicente e assim começou a grande aventura.


Quando iam a caminhar pela floresta, ouviram um barulho muito estranho. Parecia ser alguém em apuros… Os amigos foram a correr para ver o que se passava. Era uma raposa que tinha caído numa armadilha que os caçadores tinham feito para apanhar animais. O Dr. Vicente perguntou à raposa: - Como é que tu te chamas? E o que te aconteceu? A raposa respondeu: - Eu chamo-me Lili. Andava à caça pela floresta, quando de repente cai neste buraco do qual não consigo sair. Os cinco amigos ajudaram a raposa Lili a sair do buraco, mas ela era muito matreira e empurrou os cinco amigos para o buraco e fugiu. Mas estava ali escondido o esquilo, que ouviu a conversa toda e esperou que a raposa se fosse embora para ir ter com os amigos. - Não se preocupem!- respondeu o esquilo. - Eu vou chamar o urso que vos vai ajudar de certeza. Assim foi. Passado algum tempo, apareceu o esquilo acompanhado do urso que os ajudou a safarem-se daquela cilada que a raposa lhes tinha feito.

Os amigos ficaram muito felizes e gratos, pois reencontraram o urso, mesmo não tendo sido da melhor forma. Este encontro era o maior dos objetivos deste grande grupo de amigos. E assim continuou a grande aventura. Continuaram pela floresta dentro. Ao fim de algum tempo, avistaram a raposa Lili a lanchar. Então resolveram pregar-lhe um susto para ela não se ficar a rir. Combinaram cercá-la. Aproximaram-se e ela assustou-se quando ouviu o barulho dum pau a partir, olhou e tentou fugir mas não conseguiu. O esquilo perguntou: - Porque fizeste aquilo? Eles ajudaram-te e tu atraiçoaste-os. A raposa disse: - Andam aí uns caçadores a colocar armadilhas para caçarem um animal especial que os vai deixar muitos ricos. Foi o que ouvi numa conversa. Penso que sou eu para venderem a minha linda pele… Então faço isso a todos os animais. - Ah, ah, ah! – riu o esquilo - Eu ando em cima das árvores e sei que não és tu quem eles querem. - Ah, que alívio!


- Vamo-nos juntar para combinarmos como iremos fazer para dar uma grande lição a esses caçadores, de maneira a que eles não voltem mais e nos deixam em paz. - Combinado! - concordaram todos. Em seguida, todos se sentaram de maneira a formar uma roda. - Vamos todos pensar num plano. - disse o João. - Está bem! - responderam os outros. Pensaram, pensaram e eis que surgiu uma ideia brilhante vinda do Pedro: - E que tal criarmos um monstro gigante para os assustar e assim eles nunca mais virem para a floresta? - Boa ideia! Eu ouvi ontem os caçadores a dizer que voltariam hoje à noite, antes do pôr-do-sol.- respondeu o esquilo. - Então vamos já preparar tudo! - disse a Francisca. E lá foram eles procurar algo para que o disfarce ficasse fantástico e muito assustador. Cada uma apareceu com uma coisa diferente. A Andreia trouxe caules de flores, a Francisca trouxe umas folhas gigantes que tinha encontrado perto do riacho, o Pedro trouxe penas que encontrara no chão, o João trouxe mel e um gravador que tinha na mala e o esquilo, o urso e a raposa trouxeram palha e paus. Só faltava o Dr. Vicente, que estava a demorar. Até que ele apareceu com um grande monte de roupa velha que ele tinha em casa e que já não usava. - Já estão cá todos. - disse a Andreia. - Sim. Agora vamos ter de montar este monstro. - disse o Pedro. - Podemos coser toda esta roupa que temos, para formar uma gigante. Depois, fazemos uma coroa de penas, enrolamos as folhas numa bola enorme para a cabeça, as pernas e os braços podem ser feitos de palha amarrada com os caules das flores…- disse o esquilo, que sabia sempre tudo. - Então e o gravador? – perguntou o Pedro. - E a madeira? - perguntou o Urso. - E o mel? - perguntou a raposa. O João, com um ar muito feliz, disse: - O meu gravador vai ser usado para gravarmos uma voz terrivelmente assustadora, a madeira para marcarmos grandes patas do monstro no chão e o mel misturado com frutos vermelhos para ser o grande, terrível e viscoso sangue venenoso do monstro. - Boa ideia! Estou a adorar! Vamos então por mãos-à-obra! - disse a raposa. Já tinham passado cinco horas, quando acabaram de fazer o monstro. - Está fantástico! - disseram todos em coro.


- Sim, está mesmo fantástico! Mas agora vamos a minha casa comer uns frutos deliciosos e fresquinhos com mel das minhas amigas abelhinhas. - disse o esquilo. E lá foram eles para casa do esquilo, todos felizes por causa daquela que iria ser uma enorme responsabilidade e aventura na floresta. Após o lanche delicioso em casa do esquilo, estavam todos muito cansados com a sua grande tarefa que foi a preparação do monstro gigante. Acabaram por adormecer, cada um para seu lado. A Francisca de repente acordou e disse: - Acordem, acordem! Já está quase de noite. Devem estar a chegar os caçadores! Temos de voltar para ver se já chegaram. Eles disseram que voltariam antes do pôr-do-sol. Então, voltaram para perto do gigante, verificaram se estava tudo pronto e de seguida esconderam-se atrás de um arvoredo. Passado algum tempo, começaram a ouvir barulho e ficaram todos muito atentos. Mas, de repente, surgiu por de trás dos arbustos um passarinho a esvoaçar que pousou numa árvore. Assustadíssimos, exclamaram, todos em coro: - Que susto nos pregaste!… - Porquê!? – perguntou o passarinho, também assustado. - Estamos à espera que os caçadores cheguem. - disse o Pedro - Os caçadores?… Mas que caçadores?… – perguntou o passarinho. Então, explicaram ao passarinho que os caçadores andavam a colocar armadilhas para caçarem um animal muito especial que os iria deixar muito ricos. - Mas que animal é esse? – disse o passarinho. - Nós também não sabemos! Mas para que os caçadores não façam mal a nenhum dos animais da floresta com as suas armadilhas, preparámos um monstro gigante para os assustar. – disse a Francisca. - Vou ajudar-vos, ficando de sentinela aqui em cima da árvore, pois tenho muito melhor visão. – disse o passarinho. Todos concordaram. E assim ficaram todos à espera dos caçadores. Os amigos puseram uma corda em cima de uma árvore, lançaram-na e amarraram os dois caçadores e prenderam-nos numa cerca de paus de árvore. Deixaram-nos lá durante quinze dias. Durante esses dias,, os amigos construíram uma grande prisão, que tinha lá dentro folhas para os caçadores comerem e dois copos de água para eles beberem. Passado um mês, os amigos encontraram dois polícias, que lhes perguntaram: - Por que é que estes dois caçadores estão na prisão? Um dos amigos respondeu: - Estes dois caçadores estão presos dentro desta prisão porque andavam a matar animais muito raros e muito lindos.


- Pois. Por isso nós prendemo-los, senão eles continuavam a matar animais. – disse a Andreia. Se vocês quisessem, nós levávamo-los para uma prisão verdadeira. – disseram os polícias. - O que acham, malta? - Por mim pode ser. – disse o João. - Isso quer dizer que os podemos levar. – disseram os polícias. Mas o que os amigos não sabiam é que os polícias não eram verdadeiros. Eram amigos dos caçadores, que os levaram e deixaram-nos em liberdade e eles continuaram a caçar animais. Mas os caçadores prometeram vingança aos meninos por eles os terem feito ir parar à cadeia. Os meninos estavam a falar com os polícias, quando ouviram um tiro. - Foram vocês, cobardes? – perguntou o Pedro. Os polícias, atrapalhados, fingindo não ser nada com eles, ripostaram: - Não, claro que não. - Diziam eles com a voz mais grossa e autoritária que conseguiam. Mas um fumo saindo detrás das costas de um polícia denunciava o autor do disparo. O polícia marreco dava saltos para dissipar o fumo para esconder a origem do tiro. Tantos saltos deu, que revelou o segredo que escondia a sua marreca. A sua marreca era um macaquinho que ele tinha roubado do seu meio ambiente. - Alto aí, que vocês também são ladrões! Com essa barulheira, chegaram o urso e o esquilo e ambos disseram: - Nós também achamos! Todos os caçadores começaram a correr o mais rápido possível e os meninos também. Na correria louca dentro da floresta, surgiu uma ideia à Andreia: fazer um acordo com os caçadores. Resolveu parar e dizer aos seus amigos a ideia que tinha tido. Todos concordaram.

Iriam todos juntos falar com a dona Cármen, que era a defensora dos

animais da floresta. Para isso, teriam de se organizar e criar uma lista de tarefas, que seriam as seguintes: Francisca: fazer um álbum de todos os animais da floresta; Andreia: dar nome a todos os animais; João e Pedro: responsáveis pela segurança da floresta; Doutor Vicente: seria o porteiro durante o dia e a raposa Lili durante a noite. Enquanto a Francisca estava a fazer o álbum teve muitas ideias. A Andreia estava ao lado da Francisca para a ajudar com os nomes dos animais.


O João e o Pedro, com a ajuda do Urso e do Esquilo, percorreram a floresta inteira e também encontraram caçadores, mas não houve problemas, porque tinham o monstro que fizeram à mão. Ao fim de mais um dia, os amigos reuniram-se e foram falar com o Doutor Vicente. - O que acham de irmos amanhã visitar o peixe? – perguntou o Pedro. Todos concordaram. Na manhã seguinte, finalmente, o Doutor Vicente voltou a encontrar o seu amigo peixe. Depois de se cumprimentarem, todos (cada um na sua vez) contaram as suas aventuras e atuais tarefas ao peixe. Decidiram então dar um nome ao grupo. Todas as ideias que surgiram eram boas, mas no final concordaram que “Os protetores da floresta mágica” seria o nome que melhor os definia. O peixe ficou tão feliz que decidiu contar aos amigos: - Este grupo tem mais um elemento: apresento-vos a minha namorada! - Olá! Chamo-me Sardinha. E vocês? - Eu sou o Pedro e este é o meu mano João. - Eu sou a Andreia e esta é a minha mana Francisca. - Como é que se conheceram? – perguntou a equipa inteira. - Não conseguimos explicar, está bem? - Está bem. A Andreia e a Francisca simpatizaram com ela e o Pedro e o João também. Passaram dias e dias e veio o verão. Um dia, foram todos até uma montanha e lá encontraram a fêmea do urso, que os acompanhou. Ela disse: - Olá! Sejam bem-vindos de novo. Ofereço-vos uma noite cá em casa. Querem? - Claro que queremos! No dia seguinte, partiram para o outro lado da montanha. Pelo caminho encontram uma mosca muito simpática. - Olá! Eu sou a mosca Teté. O que fazem por aqui? - Nós vamos para o outro lado da montanha. - Posso ir com vocês? - Claro que sim. A mosca não se calou o caminho inteiro. Quando chegaram ao outro lado da montanha, viram um jardim cheio de flores muito bonitas. A Andreia adorava flores e por isso começou a apanhá -las. A mosca, que era muito mexida, começou a cheirar todas as flores, até que foi cheirar uma flor carnívora. A flor lançou a sua baba e engoliu a mosca.


Todos ficaram tristes, mesmo conhecendo-a há pouco tempo. - Ela era muito fixe! - disse o Pedro. - Pois era! - disse a Francisca, que estava ao pé do Pedro. O João estava muito furioso e então foi buscar um pau e partiu a planta. - Porque é que fizeste isso, João? - perguntou a Francisca. - Esta flor comeu a Teté! - Esquece isso! Vamos apanhar flores! - disse a Francisca, com um beijo apaixonado. Passada uma semana, eles encontraram a mosca que tinha sido comida pela planta. Ficaram muito contentes. Encontraram a sardanisca, que disse: - Se vocês não me disserem onde fica o lugar secreto, eu como a mosca! Mas eles não disseram. A seguir, o urso apareceu e mandou a sardanisca embora e ela foi. Depois, foram para o lugar secreto e ficaram lá muito tempo. Quando saíram de lá, já era de manhã. Foram para casa tomar o pequeno-almoço, mudaram de roupa, tomaram banho e foram para a floresta. Lá, tiveram uma grande surpresa. O urso estava com a sua mulher e, qual foi o seu espanto: a ursa tinha tido cinco ursinhos bebés! Ficaram todos amigos! Os cinco ursinhos eram muito fofinhos! Chamavam-se Leila, Lola, Lulu, Lili e Léo. Para comemorar o seu nascimento, as quatro crianças organizaram uma festa para a qual convidaram todos os amigos que conheceram durante as suas aventuras na floresta e na montanha e que faziam parte do grupo dos “Protetores da Floresta Mágica”. Foi uma tarde bem passada e que para sempre ficou guardada no coração do João, do Pedro, da Andreia e da Francisca! Vitória, vitória, acabou-se a história…


“História circular” escrita pelos alunos dos 1.º, 2.º, 3.º e 4.º anos de escolaridade da Escola Básica de Coucinheira e seus pais, no ano letivo de 2011/2012:

Bernardo Luís Lopes Jesus Diana Micaela Ribeiro Cordeiro Gonçalo Dinis Andrade da Cruz Matilde Dias Rodrigues Alexandra Gaspar Legoinha Carolina Nobre Marques Catarina da Cruz Moita Diogo Emanuel Jerónimo Órfão Diogo Lopes Esperança Maria Inês Pedro e Rodrigues Tomás Patrício Ferreira Gaspar Catarina Fernandes Ruivaco Diogo Carreira Domingues Diogo João Pereira Martins Eduarda Carreira Mira Eva Gaspar Silva Fábio André Figueiredo Gaspar Filipe Silva Duarte Jacinta Isabel Pedro e Silva João Roberto Gaspar Martins Maísa Bento Grácio Margarida Feliciano Jorge Micael Rodrigo Andrade Silva Micaela Pereira Pedrosa Nuno Neto Lopes Pedro Ribeiro Duarte Tiago André Vieira Gil Alexandre Miguel Dias Rodrigues André Neves Ribeiro Martim Gouveia Grácio Tiago Miguel Duarte Rosa Tomás Rosa Carreira


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