CATAPTRORAMA BETÂNIA SILVEIRA
MAIO 2007
A fragmentação sempre fascinou como processo dinâmico. Desde que a Terra é Terra, a fragmentação está presente em todos os planos. No nascimento do planeta havia apenas um continente, Pangea, e um oceano Pantalassa. Hoje os continentes seguem subdividindo-se e há oceanos em gestação: lagos centrais, mares interiores crescerão na medida em que as placas continentais continuam sua deriva, flutuando e se partindo em novos fragmentos/continentes sobre o magma interior. Na escala da paisagem, o processo não é diferente. Marcha a fragmentação, induzida ou não pelo homem, os pedaços cada vez menores, fragmentos de natureza, antes territorial, agora cultivada em vasos, dentro de apartamentos. Se não percebemos o processo, é porque a mente humana tende a recompor o que seria uma idealização, a (pré)conceituação de que “coisas inteiras” são saudáveis, as que perderam sua integridade, não tanto! Refletindo agora sobre espelhos, eles duplicam as fragmentações que a mente humana não parece ou não quer perceber. E se os próprios espelhos constituem–se de fragmentos, refletem fragmentos de fragmentos, uma geometria fractal das paisagens que os vêem ou que eles mesmos refletem ao infinito. Tais reflexões sobre reflexos, longe de apontar algo de negativo ou positivo, revelam um processo que, sempre em marcha, a cada interação faz com que, à luz daquela idéia geométrica, possamos decidir de onde e em que escala vamos olhar a paisagem embora, na realidade, ela seja a mesma de qualquer ponto e em qualquer escala. José Tabacow Florianópolis, maio de 2007.