Lá vem o bonde no vai e vem de sua caminhada tcc

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FACULDADE MAURICIO DE NASSAU COMUNICAÇÃO SOCIAL

ADALBERTO ALMEIDA DO NASCIMENTO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO LÁ VEM O BONDE NO VAI E VEM DA SUA CAMINHADA

Recife 2016


ADALBERTO ALMEIDA DO NASCIMENTO

LÁ VEM O BONDE NO VAI E VEM DA SUA CAMINHADA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de COMUNICAÇÃO SOCIAL da FACULDADE MAURICIO DE NASSAU

Recife 2016


Ficha catalográfica gerada pelo Sistema de Bibliotecas do REPOSITORIVM do Grupo SER EDUCACIONAL

N244l

Nascimento, Adalberto Almeida do. Lá Vem o Bonde no Vai e Vem da Sua Caminhada / Adalberto Almeida do Nascimento. - UNINASSAU: Recife 2016 28 f. : il TCC (Curso de Comunicação Social) - Faculdade Mauricio de Nassau - Orientador(es): Esp. Valeria Gomes de Barros e Silva 1. Blocos Líricos. 2. Carnaval. 3. Ensaio. 4. Fotografia. 5. Fotografia Documental. 6. Carnival. 7. Documentary Photography. 8. Lyric Blocks. 9. Photography. 10. test. I.Título II.Esp. Valeria Gomes de Barros e Silva

UNINASSAU - REC

CDU - 070


O Deus Pai Criador Aos meus pais e irmĂŁo A Tatiane, minha esposa


“...Viemos defender a nossa tradição...” Lourenço da Fonseca Barbosa (Capiba)

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AGRADECIMENTOS

Algumas vezes achei que esse momento não chegaria, entre, alegrias, tristezas, certezas e incertezas, mas o grande momento chegou e para que esse momento fosse completo, várias pessoas ajudaram para que tudo se concretizasse. Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida, depois meus pais (José Roberto e Márcia Saúde) por terem dedicado parte de sua história a cuidar de minha educação e ensinamentos. A meu irmão (Allan Emmanuel) por ser uma pessoa, parceira e sempre incentivador. A minha amada esposa (Tatiane Sávia) por estar comigo nos momentos de alegrias e tristezas, nos momentos em que o projeto era a diversão do final de semana, por está comigo nos momentos em que por um fio quase desisti de tudo, por ser a companheira perfeita nos momentos imperfeitos. A minha sogra (Jaci Andrade), por todo o incentivo e paciência. A minha orientadora prof.ª Valéria Gomes de Barros e Silva, pela confiança em meu trabalho. A todos os professores e funcionários que me ajudaram de forma direta ou indireta, sem vocês esse projeto não seria o mesmo. Não poderia deixar de agradecer a todos os brincantes que fazem parte de “O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico” pela recepção, alegria e companheirismo, também a Cid Cavalcante, que acompanhou de perto toda a execução do projeto.

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RESUMO A presente produção tem o intuito de apresentar uma partícula de como é a preparação para o carnaval recifense do Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde no ano de 2016, promovendo assim a divulgação dos trabalhos executados pelos artesãos e a construção de toda a base do carnaval lírico em 2016. O nome deste projeto articula a ida de um bloco para as ruas e demonstra que não é simples, é uma produção árdua, construída através de organização sempre visando o ano seguinte. Esta obra que tem como produto final um fotolivro, composto por, 39 fotos, dispostos em 44 páginas, subdivididos em capítulos, os quais apresentam a realidade do pré-carnaval do dia a dia de um bloco lírico, designado a deixar viva a cultura lirísta (dos blocos líricos). O projeto mostra algumas peculiaridades de um bloco que tem apenas 25 anos de existência (em 2016), foi neste contexto pré-carnaval que escolhemos para fazer os registros fotográficos que compõem esse produto – fotolivro e por ser, o registro fotográfico, o método que melhor captura informações e situações, concretizam descrições os detalhes de cenas, já que os detalhes de rotinas se perdem no caminho da captura e perpetuação articulada pelo fotojornalismo.

Palavras-chave: Carnaval, Blocos Líricos, Fotografia Documental.

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ABSTRACT The present production intends to present a particle of how is the preparation for the carnival recifense of the Block Carnavalesco LĂ­rico O Bonde in the year of 2016, promoting in this way the dissemination of the works executed by the craftsmen and the construction of the whole base of the lyrical carnival in 2016. The name of this project articulates the going of a block to the streets and demonstrates that it is not simple, it is an arduous production, built through organization always aiming the following year. This work has as final product a booklet, composed of 39 photos, arranged in 44 pages, subdivided in chapters, which present the reality of the pre-carnival of the day to day of a lyrical block, designed to leave alive the lirĂ­sta culture (Two lyrical blocks). The project shows some peculiarities of a block that is only 25 years old (in 2016), it was in this pre-carnival context that we chose to make the photographic records that compose this product - photobook and for being, the photographic record, the method that Better capture information and situations, describe the details of scenes, since the details of routines are lost in the path of capture and perpetuation articulated by. Keywords: Carnival, Lyric Blocks, Documentary Photography.

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SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1 – INTRODUÇÃO 2 - DESENVOLVIMENTO 2.1 - OBJETIVOS 2.1.2 – Objetivo Geral 2.1.3 – Objetivos Específicos 3 - METODOLOGIA 3.1 – Delineamento da Pesquisa 3.2 – Universo da Pesquisa 3.3 – Procedimentos de coleta e análise de dados 3.4 – Estrutura e composição do produto 4 – REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 - Jornalismo 4.2 - Fotografia 4.3 – Fotografia Documental 4.3.1 – Ensaio Fotográfico 4.4 – Carnaval 4.5 – Blocos Líricos 4.6 – O bonde bloco carnavalesco lírico 5 – EXECUÇÃO DO PRODUTO JORNALÍSTICO 6 – RELATÓRIO DE PRODUÇÃO 7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1- INTRODUÇÃO A palavra “CARNAVAL” vem do latim “carnemlevare”, o primeiro elemento Carnem, vem da palavra carnis (= Carne) a segunda levare (= afastar, tirar) que juntando fica, “abster-se da carne”. É uma celebração sempre comemorada antes da quarta-feira de cinzas, tempo em que a igreja católica inicia a quaresma. No Brasil, o carnaval é muito diversificado, pois foram importados vários personagens. Um deles é o Rei Momo, que, de acordo com a mitologia grega, é o filho do sol e da noite, conhecido também como deus do culto ao prazer e ao entretenimento. A figura do Rei é gorda para representar a extravagância e a fartura. A primeira representação do Rei Momo no Brasil foi em 1910, no Rio de Janeiro, inicialmente era um boneco de papelão, esse boneco desfilou durante o carnaval e após a festividade foi colocado em um trono e reverenciado como o Rei da Folia. O primeiro rei homem foi do jornal “A Noite”, o colunista esportivo Moraes Cardoso saudado com confetes, serpentinas e lança-perfume. A tradição começou e continua até os tempos atuais. O carnaval é uma das festas que não faz diferenciação entre raça, etnia e classe social durante a folia. É uma celebração animada que é aguardada por muitos, desde o catador de latinhas, até as grandes bandas famosas, é nesse período que alguns trabalhadores conseguem fazer uma renda extra. Uma folia que é culturalmente rica em sua diversidade, Maracatu, caboclinho, Escolas de Samba, Frevo e Blocos Líricos, além de outros costumes peculiares de cada região, faz com que toda uma economia e cultura seja movimentada antes e durante a festividade. Dentro do carnaval de Pernambuco existem os blocos líricos, que surgiram através dos grupos de pastoris e rancho de reis. Para os blocos líricos um dos personagens é o Arlequim de Bérgamo, ele era antes de tudo um pobre diabo que fazia sua roupa de pedaços remendados de outras roupas; e mesmo mais tarde, quando esses pedaços tomaram formas regulares sobre a túnica e sobre as calças, mesmo quando sua cintura, muito baixa passou com o tempo para o lugar normal, ainda conservava aquela máscara sombria de barbas longas. É umas das mais antigas máscaras da comédia Dell’Arte e sempre foi a mais popular, devido ao seu caráter 7


essencialmente cômico. Arlequim é um criado ignorante, mas inteligente, hábil, endiabrado, capaz de embrulhar seu dono e o mundo inteiro. Como objeto de pesquisa foi escolhido o “Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde”, fundado em 27 de setembro de 1991, sob o comando do carnavalesco Alcides Cavalcanti (Cid Cavalcanti). Com suas cores vermelho branco e dourado eles chamam a atenção nas ruas da capital pernambucana. O bloco além da cultura ajuda também na divulgação de algumas campanhas de cunho social entre elas está a doação de sangue no HEMOPE e também o EXPRESSO da folia. O bloco já foi condecorado pela prefeitura do Recife com a medalha José Mariano, pela fundação HEMOPE recebeu o “Troféu Empresas Solidárias do HEMOPE”, e já foi homenageado pelos correios com um selo em comemoração aos vinte anos de fundação do Bloco. Diante dos avanços tecnológicos, da propagação, cada vez maior, de recursos de informática e tecnologia para promoção de festas populares, o registro fotográfico se torna importante no sentido de garantir a memória e as tradições do carnaval pernambucano; tendo sido escolhido para tanto o bloco lírico “O Bonde”. O bloco lírico “O Bonde” tem participado a 25 anos do carnaval de rua da cidade do Recife, tendo sempre como preocupação a lembrança e as tradições do carnaval de rua, dessa forma, ao ser feito o registro fotográfico da preparação de um dos seus vinte e cinco carnavais, permanece registrado não só a memória da preparação de um bloco de carnaval, mas também do próprio carnaval como manifestação cultural/tradicional da sociedade. Foi escolhido o registro fotográfico por ser o método que melhor captura todas as informações a serem perpetuadas, já que a descrição de cenas tende a perder detalhes que o fotojornalismo retrata e perpetua.

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2 – DESENVOLVIMENTO

O Projeto de pesquisa foi desenvolvido na cidade do Recife, no período que antecedeu o carnaval de 2016 e durante os dias desta festividade, tratou-se de buscar informações textuais e de imagens que servissem de base para desenvolver as atividades. Foi escolhido o bloco carnavalesco lírico O Bonde por tratar-se de uma agremiação com tradição e respeito no meio, visto que tem mais de 25 anos de fundado e sempre buscou resgatar as tradições dos carnavais de rua da cidade do Recife.

2.1 - OBJETIVOS 2.1.2 – Objetivo Geral

Realizar impressão de um fotolivro retratando a preparação para o carnaval recifense do Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde no ano de 2016, promovendo assim a divulgação dos trabalhos executados pelos artesãos. Mostrar a cultura para os mais jovens, fazendo assim com que eles mantenham a cultura e tradição dos blocos líricos.

2.1.3 - Objetivos Específicos •

Registrar as etapas do ofício dos artesões do bloco lírico O Bonde.

Contribuir com o resgate da história dos blocos líricos de Pernambuco.

Divulgar a cultura pernambucana especificamente dos blocos líricos, através dos registros fotográficos.

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3 - METODOLOGIA

3.1 - DELINEAMENTO DA PESQUISA

A presente pesquisa teve o cunho exploratório/experimental, tratando-se de um projeto de natureza qualitativa, o que não exclui o caráter quantitativo, visto que foi preciso fazer tratamento de exclusão de fotos que não se enquadravam na proposta do projeto. Segundo Banks (2007) a coleta ou estudo de imagens dentro da pesquisa visual é criada pelos sujeitos da pesquisa, e ainda que fotografias – e também filmes, vídeos, desenhos e diagramas – possam “documentar ou subsequentemente analisar aspectos da vida social e interações sociais, sendo

utilizadas imagens disponíveis, anteriores ao

processo de investigação, em que os sujeitos de pesquisa têm “uma conexão social e pessoal com as imagens” (BANKS, 2007, p.21)

Foi acompanhado durante todo o processo de preparação do bloco desde reuniões até a criação artesanal do produto. Foi feita uma pesquisa na biblioteca pública da cidade, na fundação Joaquim Nabuco, em textos e artigos que falam sobre o tema.

3.2 - UNIVERSO DA PESQUISA

Para o desenvolvimento da presente pesquisa foi escolhido o Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde, tendo como objeto de registro dos artesãos e integrantes que estruturam todo o bloco para seus desfiles durante o carnaval.

3.3 - PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS

No período de 6 de janeiro a 9 de fevereiro de 2016 diariamente foram registradas as imagens do trabalho, foram feitos registros fotográficos do passo a passo dos ensaios, preparação das fantasias, alegorias e organização do Bloco Carnavalesco Lírico O Bonde.

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Em seguida foi feita a primeira triagem das imagens para verificar se todas as etapas foram registradas durante o processo fotográfico inicial. Novas fotos foram feitas, bem como colhidas também informações através de entrevistas dialogadas. Na etapa seguinte, elas foram e processadas nos programas Adobe Photoshop Lightroom e Adobe Photoshop, diagramadas no Adobe InDesign e posteriormente enviadas para confecção do fotolivro.

3.4 - ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DO PRODUTO

O produto final é composto por um fotolivro, esse instrumento tem 44 páginas e 39 fotos incluindo capa e contracapa. Diagramado no software Adobe InDesigner. No livro além de fotos contém textos que auxiliam a compreender a contextualização das fotos. O livro tem o tamanho de 30cm X 20cm.

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4 – REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 - JORNALISMO

O ser humano representa o meio e, para que seja representado em sua totalidade, é necessário que haja comunicação, consiste em palavras ou simples gestos que conotam significações plenas do que é pretendido disseminar (REIS et al, 2011). Para Bordenave (2006), a comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social. Pode ser dito então, que é importante conhecer e identificar signos e símbolos de cada cultura para que a emissão e a recepção dos dados sejam integrais e perceptíveis ao meio social (REIS, et al, 2011). Assim, se uma imagem pode conter informação que não cabe em mil palavras, uma palavra pode resumir o conhecimento de mil imagens (LAGE, 2010).

4.2 - FOTOGRAFIA

A fotografia não é uma criação exclusiva de uma única pessoa, em sua essência existe uma técnica chamada de câmara escura, que foi usada por estudiosos e filósofos para estudos, principalmente dos eclipses solares, segundo, Hedgecoe (2005), a projeção de imagem foi usada por artistas e desenhistas durante séculos para traçar imagens daquilo que eles viam diante de si. Oliveira (2006), também diz que sua evolução deve-se a astrônomos e físicos que observavam os eclipses solares por meio de câmeras obscuras. A imagem refletida na camara não era fixada, com a exposição à luz e o tempo às imagens iam desaparecendo, de acordo com Oliveira (2006). Foram vários os pesquisadores que conseguiram gravar essas imagens, mas todos encontravam dificuldades em sua fixação. Em 1816, o francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) dava os primeiros passos no caminho do registro de imagens por meio de câmera obscura. Pesquisando um material recoberto com betume da Judéia e em uma segunda etapa com sais de prata, ele conseguiria gravar imagens em 1827. Niépce batizou a descoberta de heliografia.

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Em meio a tantos pesquisadores, de acordo com Oliveira (2006) No Brasil, Antoine Hercule Romuald Florence (1804-1879), um francês radicado na Vila de São Carlos, pesquisou, entre 1832 e 1839, uma forma econômica de impressão, sensibilizada pela luz do sol e sais de prata, método parecido com os que Niépce, Daguerre e Talbot utilizaram na Europa. Ele chegou próximo a uma descoberta batizada de photographie, seis anos antes que seu compatriota Daguerre em Paris.

Vários pesquisadores em todo o mundo desenvolveram métodos para a fixação das imagens, porém todos estavam colaborando no desenvolvimento da fotografia. Com o passar do tempo à fotografia ganhou seu espaço, com isso surgiu à profissão de fotógrafo. De acordo com Oliveira (2006): A profissão de fotógrafo passou a ser cobiçada em todo o mundo, revelando profissionais altamente qualificados e, até, adorados em vários países, como Brett Weston, Cartier Bresson, Edward Weston, Robert Capa, Robert Frank, Alexander Ródchenko, Pierre Verger e Jean Manzon, entre outros. Esses profissionais formaram uma geração de ouro do fotojornalismo mundial, mostrando muita criatividade e ousadia em suas fotografias, fazendo delas verdadeiras obras de artes, admiradas por milhões de pessoas (OLIVEIRA, 2006).

De fato, é incontestável afirmar que a fotografia pode ser considerada um dos grandes relicários, documento/monumento, objeto portador de memória viva e própria. Com elas re-assumimos nossa condição de existência e descobrimos que podemos preservar a lembrança dos grandes momentos e das pessoas que nos são importantes; tornam-se assim referência da nossa história (FELIZARDO e SAMAIM, 2007).

4.3 - FOTOGRAFIA DOCUMENTAL

Pode-se dizer que a fotografia é composta por várias ramificações entre elas, retrato de família, o fotojornalismo e foto documental, entre outros, em que cada um possui características próprias em seu surgimento. Segundo Horn (2010) a fotografia documental, além de difusora de informações, é também provedora de prazer estético e formadora de opinião, ela parte de um referente real, e possui alguma relação com esse referente. Pode ser dito que a fotografia documental é composta de estilos e técnicas convincentes, e compostas pelo realismo, com a intenção de ter semelhança com o natural 13


e registrar a percepção do mundo e de acontecimentos diversos pelo fotógrafo em diferentes momentos (HORN, 2010). As considerações acerca do termo fotografia documental referem-se a estilos e práticas muito específicas que se consolidaram em determinado momento da história, acompanhado de um longo debate envolvendo as funcionalidades e os valores artísticos deste meio (MAIA, 2013). Castanheira (2013) define a fotografia documental como aquela desenvolvida a partir de um projeto de longa duração previamente elaborado por um autor que possui conhecimento e envolvimento com o tema abordado tendo a possibilidade de serem organizadas e apresentadas por meio de uma narrativa que descreve num determinado tempo e espaço, as ações e seus personagens. De acordo com Baeza (2001), o documentarismo atualmente é definido como fotografias que tratam de temas fundamentais da realidade e são produzidos com longos períodos de tempo e observação, que correntemente são ligados aos trabalhos exibidos em galerias, museus ou em forma de livro. Entende-se, então, que a foto documental não cria algo fictício, dessa forma tem a condição desempenhar o papel de documento, possibilitando ser preservado e valorizado como fonte de história, memória e cultura de um povo de forma que a cobertura fotográfica do carnaval é bem explorada em todos os casos.

4.3.1 - ENSAIO FOTOGRÁFICO

Tem sido usado para diversos campos da fotografia ficando inclusive conhecido entre os leigos da fotografia, de acordo com Fabis (2008), é difícil dizer quando seu uso é mesmo adequado, entretanto o mesmo precisa dispor de uma regra fixa de apresentação; para Lombardi, (2007), uma alternativa de apresentação ao público é um website, em que o número de fotografias de cada ensaio não é fixo, por exemplo, uma sequência pode conter apenas oito imagens, enquanto que outra é composta de 31 fotos. No ensaio fotográfico, o fotógrafo é livre para colocar seu ponto de vista, mostrando através das imagens a forma como ele ver determinado assunto não sendo censurado pelo que ele está fotografando. De acordo com Fiuza (2008), o fotógrafo pode expressar com 14


mais intensidade sua visão sobre determinado tema. Utilizando-se disso alguns fotógrafos usam essa modalidade para registrar eventos como casamentos, São João e o carnaval. A primeira é a suposição de uma realidade de refência comum:; não "realismo", mas "realidade", não ficção, masaté "cientificidade" são as conotações genéricas que ligam o ensaio à fotografia. A segunda é o companheirismo íntimo entre o ensaio informal ou pessoal, com sua ênfase em um "ponto de vista" privado, na memória da fotografia como uma espécie de rastro da memória materializado, imerso no contexto de associações pessoais e "perspectivas" privadas (MITCHELL, 2002, P. 105).

4.4 - CARNAVAL

É uma celebração que antecede a quarta-feira de cinzas, tempo em que a igreja católica inicia a quaresma. Durante o período quaresmal é feito a retirada à carne do cardápio dos fiéis e religiosos e à abstinência dos prazeres carnais. A palavra carnaval é originária do latim, carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. O significado está relacionado ao jejum que deveria ser realizado durante a quaresma e também com o controle dos prazeres mundanos. Isso demonstra uma tentativa da Igreja Católica de enquadrar uma festa pagã (PINTO, 2016).

No Brasil a festividade inicialmente ficou conhecida como entrudo por causa da influência portuguesa que trouxeram algumas brincadeiras como mela-mela de farinha e de água: O entrudo, que vem do latim introitus e quer dizer “introdução”, em sua reminiscência, traz as antigas práticas pagãs romanas. Alvo de proibições desde os tempos coloniais, devido ao seu espírito perturbador da ordem, cede, progressivamente, o lugar ao carnaval. (LIMA, 2016).

Segundo Borges e Pereira (2013), o carnaval é considerado um verdadeiro rito de passagem, caracterizado por ser anárquico, explosivo, mas ao mesmo tempo, alegre, criativo e festivo. Durante os festejos de momo se instala uma nova ordem no cotidiano da cidade, assim é possível quebrar a rotina da vida social; a sociedade tradicional organizada passa a viver em uma aparente desordem (BORGES e PEREIRA, 2013).

4.5 - BLOCOS LÍRICOS 15


O carnaval recifense é multicultural contendo nele, apresentações, desfiles, cantores, bandas, blocos de rua, maracatu de baque solto e de baque virado, escolas de samba, bailes e blocos líricos. O centro recifense é conhecido como um verdadeiro nascedouro de cultura carnavalesca, um celeiro de grandes acontecimentos culturais. A cidade é recinto do faraônico Galo da Madrugada, o maior bloco carnavalesco do mundo segundo o livro os recordes (Guiness Book), e da Escola de Samba Estudantes de São José, uma das mais famosas da cidade. (SANTOS et al, 2010)

Os blocos carnavalescos mistos surgiram no século XX, diferente dos blocos de rua daquela época, os blocos mistos eram promovidos pelas famílias residentes no bairro do Recife, uma de suas características marcantes era a presença feminina nas agremiações, pois em sua maioria os blocos eram compostos por homens. por moças e senhoras da chamada pequena burguesia que, não podendo participar dos bailes do Club Internacional ou do Jóquei Club, então privilégio das elites, saíam às ruas protegidas por um cordão de isolamento, envolvendo todo o grupo e separando-o da multidão, sob a severa vigilância de pais, maridos, irmãos, noivos, genros e amigos. (SILVA, 2000:136) APUD Vila Nova (2006)

Com a chegada do século XXI muitas coisas começaram a mudar, entre elas, os blocos carnavalescos mistos, começaram a ser chamados de blocos carnavalescos líricos, dando ênfase ao lirismo peculiar das suas canções e evoluções, como afirma Palmeira e Pacheco (2014). A partir do século XXI, essas agremiações foram nomeadas por Blocos Carnavalescos Líricos, pois, segundo Vila Nova (2006), o termo “Misto” deixou de ser necessário uma vez que as barreiras que impediam uma livre participação das mulheres na festa se desmancharam. Vila Nova (2006) ainda comenta que o termo “Lírico” se encaixava de forma mais atraente às temáticas poéticas, saudosistas e românticas, que eram propostas por esses blocos, tanto na década de vinte como das gerações mais recentes.

4.6 – O BONDE BLOCO CARNAVALESCO LÍRICO

Entre

os

blocos

carnavalescos

líricos,

destaca-se

O

BONDE

BLOCO

CARNAVALESCO LÍRICO, objeto de estudo do presente trabalho. Fundado em 27 de setembro de 1991 sob a coordenação do presidente Alcides Cavalcanti, chamado carinhosamente pelos componentes do bloco de “Cid”, o nome da agremiação teve 16


inspiração na música do compositor pernambucano Capiba: Quem vai Pra Farol É o Bonde de Olinda. As cores que predominam as vestimentas dos brincantes são: vermelho, branco e dourado. O grupo se afirma como um dos mais expressivos do gênero no Estado de Pernambuco. Vermelho, Branco e Dourado são suas cores, que dão ainda mais expressividade aos primorosos e criativos figurinos e adereços, que são confeccionados com sofisticação e profissionalismo. Outra característica que 1 destaca O Bonde dos demais grupos é o uso da teatralidade como mote. (SITE O Bonde 2016)

A cultura carnavalesca dos blocos líricos sofreu forte abalo na década de noventa do século XX, momento em que surge O Bonde com toda sua teatralidade, tendo nas suas apresentações: declamação, encenação e o canto, não perdendo as características de sua origem lírica.

1: http://blocoliricoobonde.wixsite.com/obonde

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5 – EXECUÇÃO DO PRODUTO JORNALÍSTICO

O produto final do projeto foi um fotolivro, composto por, 39 fotos, dispostos em 44 páginas, subdivididos em capítulos. O produto encontra-se em anexo.

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6 – RELATÓRIO DE PRODUÇÃO

Para que o projeto fosse iniciado entrou-se em contato com alguns blocos que não ficaram a vontade para receber essa pesquisa. Entretanto foi apresentado ao Alcides Cavalcanti, mais conhecido como Cid, o presidente de “O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico”, o mesmo ficou receoso em receber o estudo na agremiação, porém abriu as portas para que se iniciar a apuração. No dia 14 de janeiro de 2016 foi o primeiro contato com a atividade do bloco, o presidente recebeu na sede provisória do bloco alguns fornecedores para obter alguns orçamentos e dar continuidade ao trabalho que já estava sendo efetuado. O fornecedor de bolo, segurança e primeiro socorros, inicialmente só conversaram com Cid, e nada foi definido. Enquanto as reuniões aconteciam à costureira Janeide Almeida, recebia alguns componentes novatos para tirar as medidas para iniciar a costura das roupas. Após os componentes saírem o Janeide iniciou o corte do tecido que já estava separado; nesse momento as primeiras fotos foram feitas buscando registrar as primeiras etapas de cada processo. No dia 16 de janeiro de 2016, Lucivan, o sapateiro, mediu os pés dos componentes novatos e de alguns componentes que precisavam trocar de sapato, o processo é simples o sapateiro mede a circunferência frontal e traseira do pé da pessoa em seguida faz o contorno do pé em uma folha de papel ofício e por fim verifica se o componente tem alguma necessidade especial no pé. Para que o sapato fique confortável e o brincante desfrute dos dias de momo. Entre um sapato, uma costura e reuniões alguns artesãos compõe novas peças ou recuperar alguns acessórios, para serem utilizadas nos desfiles, certas peças nascem do zero e outras são frutos de reciclagem, fragmentos diversos que se tornam um belo artigo artesanal. No dia 20 de janeiro acompanhou-se a produção dos sapatos, que é um processo lento e delicado devido à complexidade da montagem. Inicialmente corta-se o couro, faz uma primeira costura, colocam-se várias camadas de forros, se monta a palmilha, segunda 19


costura no sapato que já está tomando forma, monta uma primeira parte com a palmilha depois com a fivela, fecha o sapato com o solado e por fim coloca o sapato em uma maquina para vácuo e só assim o sapato está pronto. Nas prévias do carnaval são feitas algumas campanhas de conscientização da população, as quais em algumas, O Bonde, é convidado para auxiliar na divulgação dessas ações. Entre as campanhas estão a de doação de sangue em que a Fundação HEMOPE, convida as pessoas a fazer esse ato de solidariedade. Outra ação que o bloco participa é o expresso da folia, essa ação estimula os foliões a utilizarem o transporte público e não seus transportes particulares, contribuindo para a redução de acidentes de trânsito durantes o carnaval. A orquestra, o coro e os brincantes se reúnem em alguns momentos para ensaiar e no decorrer dos ensaios, os brincantes dançam, mostrando a alegria de um carnaval que está para chegar e os músicos fazem os últimos ajustes das músicas e ensaiam momentos novos, a serem executados nas apresentações da festa de momo. Durante a semana pré-carnaval o bloco inicia a separação das roupas, que estão no roupeiro e faz os últimos ajustes nas vestimentas para as apresentações, durante os dias de limpeza das roupas é verificado cada detalhe de maneira minuciosa, verificando as pedrarias se estão completas, analisando as costuras se por hipótese precisa de algum ajuste e averiguando se todas as lâmpadas de LED estão acendendo. Para capturar das fotos, feitas em ambiente fechado e abertos foram usados os seguintes equipamentos, as câmeras, Canon 7D Mark II, e a Canon 5D Mark II, com as lentes, Canon 18mm - 135mm, Canon 24mm - 105mm Canon 75mm - 300mm e Canon 50mm e um Flash 600exRT O total de fotos captadas para esse projeto foram 1875 e apenas escolhidas 1002 selecionadas para compor o repertório fotográfico. Foram selecionadas aleatoriamente em temas 206 imagens que tinham ângulos gerais e perspectivas detalhadas dos momentos fotografados e por fim escolhido 39 fotos para montar o produto final. Na diagramação foi utilizado o programa Adobe InDesign para diagramar todo a estrutura do documento, tentando evitar um cansaço visual, dando prazer a quem visualiza o material apresentado. O Fotolivro foi dividido em temas os quais foram escolhidos de acordo com o que o bloco passa em sua rotina diária. 20


Esses são os capítulos do fotolivro: - Segredos - Mão na massa - Roupa - Sapato - Orquestra e Coro - Ações sociais - Casamento - O dia 'B'

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho pode contribuir com a divulgação e permanência da memória da tradição dos blocos líricos na capital pernambucana, especificamente. O objetivo de divulgar os trabalhos artesanais desenvolvidos dentro dos blocos líricos, em especial em O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico, foi cumprido na sua totalidade ao ser registrado o trabalho com as costureiras, o sapateiro, de peças produzidas para serem utilizadas nos desfiles, as quais, algumas peças nascem do zero e outras são frutos de reciclagem. O resgate da história dos blocos líricos de Pernambuco é uma etapa feita ininterruptamente, devido a continuidade da história, os blocos são a própria memória vivia de sua existência. O fotolivro é uma forma de deixar para os futuros pesquisadores uma pequena parcela do que as agremiações fazem no seu dia a dia. Divulgar a cultura pernambucana através dos registros fotográficos foi uma meta proposta, deixando de legado a memória carnavalesca neste fotolivro, através de um ensaio fotográficos de parte da vida cotidiana de um bloco e com o registro textual que facilitam o entendimento das fotos que exposta a contemplação. O Bonde Bloco Carnavalesco Lírico, foi escolhido como objeto de estudo, por conta de seu diferencial nas ruas no período de Momo. As lâmpada de LED, a forma de dançar com os pés um pouco mais arrastados, as declamações em algumas músicas, e sua teatralidade em seus desfiles, o torna diferencial perante os outros blocos líricos. Em sua história encontramos um trabalho de cunho social desenvolvido, que faz com que O Bonde não fique restrito exclusivamente às festividades carnavalescas, pois os artesãos são da própria comunidade da agremiação pesquisada. Portanto, o método escolhido para registrar as atividades da agremiação, foi a fotografia, devido a minha identificação com as técnicas no fotolivro empregadas e pelo encanto que proporciona o olhar através das lentes da câmera. O fotolivro - Lá vem o bonde, no vai e vem da sua caminhada, tem o intuito de levar esse projeto adiante e pretende-se lançá-lo a um custo menor, tornando acessível à todos que contemplam a fotografia, bem como a cultura carnavalesca recifense, podendo ser

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disponibilizado, em bibliotecas pĂşblicas para que este estudo nĂŁo fique restrito apenas ao ambiente academico.

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