Artigo: Flávio de Carvalho, a Experiência n3 e a saia masculina

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Centro Universitário Senac – Santo Amaro Design de Moda – Estilismo 2016 Flávio de Carvalho, a Experiência nº 3 e a saia masculina

Autores: Beatriz de Oliveira, Maria Gabriela Fernal Pereira e Monique Ribeiro Alves.

Epígrafe “A mulher não se vestirá de homem, nem o homem se vestirá de mulher: aquele que o fizer será abominável diante do Senhor, seu Deus” (Deuteronômio 22:5, p. 237).

Resumo A finalidade do artigo é abordar a vida e obra do artista Flavio de Carvalho (1901 – 1977), e seu pioneirismo performático no Brasil, focando na Experiência nº 3, realizada no ano de 1956, correlacionando-a à indumentária da época e as influências europeias. Por fim, destaca a saia usada pelo artista na performance com o uso da peça por homens na atualidade.

Palavras Chave: Flávio de Carvalho, Performance, Experiência nº 3, saia masculina, indumentária.

Abstract The purpose of the article is to approach the life and work of the artist Flavio de Carvalho (1901 - 1977), and performative pioneering in Brazil, focusing on Experience nº. 3, fulfilled in 1956, correlating it to the costume of the time and the influences of Europe. Finally, contrast the skirt used by the artist in his performance with the use of that piece by men today.

Key Words: Flávio de Carvalho, Performance, Experiência nº 3, male skirt, clothing.


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Introdução O presente trabalho, baseado em pesquisa historiografia, tem como desígnio entender o pensamento e intenção do artista, Flávio de Carvalho ao propor, através de sua segunda performance, Experiência nº3, um novo look, “New Look de Flávio de Carvalho” para a indumentária da época, dominada pelas influencias europeias. E, assim, fazer um paralelo com a atualidade e o uso de saia pelos homens. O estudo firmou-se em três pontos, quais sejam: a vida do artista e contextualização de sua linha de pensamento e intenções, a Experiência nº 3 e a correlação com o uso da saia masculina. A metodologia a ser utilizada foi dada através de levantamento bibliográfico e referencial teórico, as quais foram dirigidas ao artigo científico.

1. Flávio: pensamentos, performances e intenções

Arquiteto, calculista, engenheiro, urbanista, pintor, desenhista, escultor, teatrólogo, cenógrafo, músico, radialista, jornalista, etnólogo, antropólogo amador, visionário utópico, um homem que adorava a polêmica e os holofotes, protótipo do seu moderno homem nu¹. (CARVALHO, Flávio de – “Uma these curiosa” – Diário da Noite de 1/7/1930 apud CENTRO CULTURAL DO BANCO DO BRASIL, 2012), explica:

“[...] fundou-se, há alguns anos, a ideologia antropofágica, uma exaltação do homem biológico de Nietsche, isto é, a ressurreição do homem primitivo, livre dos tabus ocidentais, (...) sem a cultura feroz da nefasta filosofia escolástica. O homem, como ele aparece na natureza, selvagem, com todos os seus desejos, toda sua curiosidade intacta e não reprimida. O homem que totemiza o seu tabu, tirando dele o rendimento máximo.

¹ Na “A cidade do homem nu”, tese apresentada em 1930 no IV Congresso Panamericano de Arquitetos, realizado no Rio de Janeiro, onde Flávio apresentou-se como “delegado antropófago”, a missão dos povos nascidos fora do peso das tradições seculares seria o de criar o habitat do homem novo, despido dos preconceitos da civilização burguesa, livre dos condicionantes da Igreja, sem Deus, sem propriedade e sem matrimônio. (CCBB, p. 49)


3 [...]O homem antropofágico, quando despido de seus tabus assemelha-se ao homem nu. A cidade do homem nu será sem dúvida uma habitação própria para a o homem antropofágico. ”

Como arquiteto e urbanista, propunha a “arte da libertação”, do filosofo Jiddu Krishnamurti² e dava à arquitetura um valor psíquico, livre de preconceitos, medos, conflitos e tabus. Fez audaciosos projetos para sua época, quase todos incompreendidos e não finalizados, como a proposta para o Palácio do Governo do Estado de São Paulo, em 1927. Daqueles finalizados, estão a Casa Modernista, na Fazenda Capuava, em Valinhos - SP e um grupo de dezessete casas em uma vila (America) na esquina da Alameda Lorena com a Rua Ministro Rocha Azevedo, no bairro dos Jardins também em São Paulo. Este projeto está ligado ao pensamento central da tese “A cidade do homem nu”: criar uma casa moderna, inserida em uma cidade planejada e cujos moradores tivessem um convívio comum, dentro de uma nova estrutura familiar e social e com novas relações coletivas e privadas.

Como alega Valeska de Freitas³, Flávio foi influenciado por ideias surrealistas, principalmente pelo método criado por Salvador Dali, chamado de “paranoia crítica” ⁴ partir de detalhes de uma imagem. Segundo Valeska, para Flávio sua “paranoia crítica” intitula-se “teoria fetichista da vida”5, o delírio que se transforma em produção.

² Krishnamurti é tido mundialmente como um dos maiores pensadores e instrutores religiosos de todos os tempos. Ele não apresentava nenhuma filosofia ou religião, mas falava sobre coisas que preocupam a todos nós em nossa vida diária, dos problemas do viver numa sociedade moderna com sua violência e corrupção, da busca individual por segurança e felicidade e da necessidade da humanidade de se livrar do peso interior do medo, da dor e da tristeza. ³ Valeska FREITAS. Dialética da Moda: A Máquina Experimental de Flávio de Carvalho. ps. 42/47 ⁴ É definido pelo artista como “um meio espontâneo de conhecimento irracional baseado na associação crítico-interpretativa de fenômenos delirantes” (REBOUÇAS, 1986. p.80). “De um modo geral, tratavase da mais rigorosa sistematização dos fenômenos e dos materiais mais delirantes, com a intenção de tornar tangivelmente criativas minhas ideias mais obsessivamente perigosa” (DALI, 1963). Carvalho, Flávio de. Os ossos do Mundo, os 17 e 211, apud Valeska Freitas, 1997. Expos sua “teoria fetichista da vida” e relacionou-a com a Experiência nº 2. 5


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Como artista plástico, Flávio exteriorizou como a psicologia se aplicava em todos os âmbitos de sua vida e isso refletiva nos resultados de seus atos. A arte, intervalada entre surrealismo, expressionismo e com pitadas dadaístas, era perturbadora e inquietante, figurativista e com retratos, onde procurar desvendar a psicologia através das imagens, claramente vista em seu traço. As atitudes escandalosas e as experiências bravatas derivam-se da infância de Flávio, que com doze anos viveu em internatos na França, e explica, Carvalho (2014, p. 49), como isso o afetou: “O isolamento leva a uma superestimação de si mesmo e cria uma fobia de contato com outros mundos, considerados ‘selvagens’. Bemcomportado dentro de sua ilha, o inglês, lá fora, dá asas ao seu recalque secular: é violento, conquistador, dominador; o mundo ‘selvagem’ é o seu ponto de apoio, o fetiche próprio à sublimação de todo sonho de liberdade acalentado e reprimido na ilha-reformatório. ”6

1.1. Experiência nº2 – Procissão de Corpus Christi “Se a sociedade de amanhã ainda considerar que a experiência estética é a única capaz de garantir uma experiência individual livre e reativa com o mundo, e realizar essa experiência com os meios de seu sistema, a arte já não se fará com o pincel ou a argila, mas, enquanto memória e pensamento da arte, influirá positivamente sobre os novos modos de experiência estética. Lembremos que a arte, em todo o seu passado, foi um modo de experiência individual, um trabalho manual transposto numa comunicação conceitual. Numa sociedade de cultura de massa, o pensamento e a memória da arte também poderão ser, se estiver salvaguardada a liberdade dos indivíduos, os impulsos criativos que, provindo das profundezas da história, haverão de gerar uma experiência individual recapituladora, porém não destruidora, da experiência coletiva. ” (ARGAN, 1992)7

Em 1931, Flávio realizou o que, precocemente, não foi rotulada como performance, por conta de o termo ainda não ser vinculado a este tipo de ato. Porém, na década de 60, recebeu o título de pioneiro na arte performática brasileira. Esta experiência foi precursora mais tarde da arte libertária de Hélio Oiticica, conhecido por seus Parangolés, e de Lígia Pape8. (CARVALHO, Flávio de. “Os ossos do mundo”, 2014. p. 49, apud CCBB) (grifo meu) ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna, p. 593. (grifo meu) 8 Hélio Oiticica, artista performático, pintor e escultor, famoso por realizar em 1964, em frente ao MAM/Rj, uma manifestação, chamada Manifestações Ambientais, em protesto contra repreensão de amigos, integrantes da escola de samba Mangueira. Em 1968, realiza no Aterro do Flamengo a manifestação Apocalipopótese, da qual fazem parte seus Parangolés e os Ovos, de Lygia Pape, que pauta sua obra na liberdade que experimenta e manipula as diversas linguagens e formatos e por incorporar o espectador como agente. Dessa forma, suas experimentações seguem paralelas às de Hélio. 6 7


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Não tiveram seu proposito apenas no campo artístico, foram tratadas também como legítimas formas, tanto de inserção do corpo na arte, para veicular uma mensagem política, como também da inserção deste corpo no espaço da cidade. A Performance aconteceu no dia de Corpus Christi9, em São Paulo, Carvalho (2001, p.15) relatou que: "Era dia de Corpus Christi; um sol agradável banhava a cidade, havia um ar festivo por toda parte; mulheres, homens e crianças moviam cores berrantes de tecido ordinário; negras velhas de óculos e batina ou qualquer coisa de parecido; grupos de homens de cor segurando estandartes, velas; anjinhos sujos enfeitados com estrelas de papel dourado mal pregadas; mulheres gordas vestidas de cor-de-rosa, cabelo bem emplastado olhavam o mundo em redor com infinita piedade. Uma sucessão de gaze amarela, de tecidos pretos, veludos, padres rendados, crianças engomadas, pintadas e sujas de pó de arroz, olhavam com espanto; freiras gordas e pálidas se mexiam como besouros enormes, e o tráfego parado. Olhei para a catedral e vi no topo da escadaria homens beatos que arranjavam com cuidado sexual ramos de folhas, flores, panos dourados e coisas em torno de um altar. A luz viva do sol destacava o pó de arroz roxo das negras e os enfeites sujos das fachadas."10

A ideia para realizar a performance foi imediatista, decidida no momento, nada fora planejado ou premeditado. Foi próximo à catedral da Sé que Flávio munido de seu chapéu de veludo verde interrompe a procissão e anda contra a corrente de pessoas que nela estavam. Segundo Thiago Gil o artista relatou em nota publicada no jornal O Estado, que a intenção não fora ofender os fiéis e já esperava uma reação violenta, o objetivo era testar a "capacidade agressiva de uma massa religiosa à resistência das forças das leis civis, ou determinar se a força da crença é maior do que a força da lei e do respeito à vida humana.”11 A população de fiéis gritava incessantemente para que o artista de descobrisse, e após o descaso do mesmo, os inúmeros populares tentaram lincha-lo, sem obter sucesso, e com a ajuda da Polícia Central, Flávio saiu ileso de sua performance.

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A procissão de Corpus Christi é a mais importante da Igreja Católica, representa o Senhor saindo as ruas da cidade junto aos seus fiéis para abençoa-los, para que isso aconteça é primordial que os fiéis exprimam respeito, como não utilizar nenhum tipo de chapéu ou acessório que cubra a cabeça, para receber as benções, e primordialmente não interromper a procissão. 10 (CARVALHO, Flávio de. Experiência n. 2: realizada sobre uma procissão de Corpus-Christi. Uma possível teoria e uma experiência. 2001, p. 15) 11 O Estado de São Paulo, 9 de junho de 1931, apud, GIL, Thiago, Flavio de Carvalho, Arquivo 30º Bienal, 2013)


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O relato da performance foi feito mais tarde pelo primeiro livro lançado por Flávio, “Experiência nº 2: realizada sobre uma procissão de Corpus Christi”, que fora dedicada

para "a S. Santidade o Papa Pio XI, a S. Eminência D. Duarte Leopoldo", que analisou, baseado em conceitos da psicanalise freudiana e à antropologia de James Frazer12, as reações naturais dos indivíduos presentes, tanto da população como dele mesmo, bem como aponta Thiago, que sem proteção o homem canaliza sua segurança à uma entidade superior e paternal, porque a bondade e segurança não encontram-se no mundo terreno.

Flávio proporcionou uma intranquilidade generalizada; insistiu realizar atos que tinham um propósito claro, causar dúvida e ironizar uma sociedade calcada e construída na “fé-cega” das suas crenças religiosas como alavanca criativa. E, diferente de tal sociedade, o que moveu Flávio foi justamente o atrevimento cético, que busca “provocar a revolta para ver alguma coisa do inconsciente” (Carvalho, 2001, p. 16)13. Assim, ele prova a existência de um fanatismo insólito na sociedade da época.

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A obra do antropólogo James Frazer constitui-se na análise da evolução histórica do pensamento humano, pelo estudo comparativo do folclore, da mitologia e das religiões. 13

CARVALHO, Flávio de. Experiência n. 2: realizada sobre uma procissão de Corpus Christi: uma possível teoria e uma experiência, 2001 p. 16.


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2. Experiência nº 3 Flávio assinava uma coluna no jornal “Diário de São Paulo”, intitulada “A Moda e o Novo Homem”, onde abordava a História da Moda, e tecia teorias que explicariam as transformações sofridas pelas vestimentas femininas e masculinas, desde os tempos dos homens primitivos até os anos 50, tendo como escopo a própria História, a Sociologia, a Psicologia, a Biologia e outras ciências pesquisadas pelo artista, apoiando-se nas obras de Charles Darwin, Sigmund Freud, James Frazer e Nietzsche. O objetivo do autor não era apenas relatar uma linha histórica de silhuetas, cores e tecidos, mas explicar como a relação de distinção, sociedade e cidade contribuíam integralmente para estas mudanças. De acordo com Flávio Roberto Lotufo 14, no artigo, Moda Verão Para a Cidade, publicado no Diário de São Paulo em 24 de junho de 1956, o artista propõe uma nova vestimenta masculina, alegando que a maneira como os homens se vestiam era “a sobrevivência da calça, colete (...) originários do século XVII, mantendo as cores escuras impostas à burguesia pela nobreza como condição depreciativa” como apontou Lotufo. Para Flávio, a vestimenta usada pelos homens na época era incoadunável com a razão do homem contemporâneo e seu desenvolvimento cerebral. A vestimenta, criada por ele, possibilitava a ventilação do corpo, onde o suor pudesse ser evaporado com maior rapidez, como explica: “A velocidade do fluxo de ar entre o tecido e o corpo é graduável por meio de dois círculos de arame: um na cintura e outro sobre a clavícula. Estes dois círculos preenchem também a função de conservar o tecido de malha aberta afastado do corpo. O tecido leve de cor viva que se encontra por baixo é conservado afastado do corpo por meio de presilhas volantes que são colocadas sobre o tecido de malha aberta do blusão. Estas presilhas são colocadas por último na toilete do cidadão prestes a sair”15

A moda, desde a época de Luis XIV, o “Rei Sol”16 foi usada como forma de distinção social, afim de refletir sua importância e lugar das pessoas na sociedade. Os nobres, viram a indumentária como uma ferramenta para mostrar quem eles eram e quem eram aqueles que não se vestiam como eles. A indumentária é de fato a forma mais rápida de identificação, pois pode ser carregada em qualquer ambiente, diferente das cortes, dos castelos e palácios.

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LOTUFO, Flávio Roberto, PROCESSO CRIATIVO DE FLÁVIO DE CARVALHO PARA SUA EXPERIÊNCIA Nº3, p. 341, 2006. 15 CARVALHO, Flávio de. A Moda e o Novo Homem, p. 66, apud, Flávio Roberto Lotufo, p. 341, 2006. 16 Rei da França no século XVII, e ficou conhecido por criar todo um comportamento e modo de vestir, que serviram de referência para as outras cortes.


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Anos depois da colonização, nosso país não havia se livrado dos ditames fashion da sociedade europeia, a alta sociedade brasileira sacrificava-se para seguir os padrões franceses de moda, as revistas publicavam nas capas de verão modelos com luvas, toucas e casacos de pelo, as lojas tinham refrigeradores para manter intactos os casacos da clientela brasileira. Este martírio vem da busca incessante da civilidade pela nossa sociedade, que traduziu-se em ser como um europeu, para nós, era o topo da pirâmide da civilização a ser atingida. Eram incorporados costumes, vestimentas, etiqueta, colocando em jogo a questão do “ser e parecer”17. A função da vestimenta ultrapassa o de sua natureza, pudor e proteção, carregando com ela a representatividade social, a individualidade, o pertencimento à algo maior, o desejo de ser ou, pelo menos, parecer. “Devia estar claro, a partir dessa interpretação, que o espírito do consumismo moderno é tudo, menos materialista. A ideia de que os consumidores contemporâneos têm um desejo insaciável de adquirir objetos representa um sério mal entendido sobre o mecanismo que impele as pessoas a querer os bens. Sua motivação básica é o desejo de experimentar na realidade os dramas agradáveis de que já desfrutaram na imaginação, e cada ‘novo’ produto é visto como se oferecesse uma possibilidade de concretizar essa ambição” (CAMPBELL, p. 131 2001)18 “A esfera do parecer é aquela em que a moda se exerceu com mais rumor e radicalidade, aquele que, durante séculos, representou a manifestação mais pura do efêmero”. (LIPOVETSKY, p. 24, 2009)19

O vestuário criado por Flávio usaria do conceito primordial da moda, a distinção, para propor não a diferenciação de classes, mas para demarcar o homem novo do homem velho, o vestuário velho (europeu), e o vestuário novo (unicamente brasileiro).

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Com a ascensão e enriquecimento da burguesia e a formação da classe média, os luxos da nobreza tornaram-se menos impossíveis para as classes mais baixas, que agora poderiam replicar as vestes usadas e assim, parecer pertencente de tal classe, mesmo não sendo. 18 CAMPBELL, C. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. 2001. (grifo meu) 19 LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero, 2009 (grifo meu)


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Diferente da Experiência nº 2, esta performance fora pensada e planejada, e resultara de suas reflexões em torno do que definiu como “Dialética da Moda” 20. Flávio avisou à imprensa quando e onde iria acontecer, já esperando que algumas pessoas lhe acompanhassem. A performance começou em seu escritório, na rua Barão de Itapetininga, seguiu pelas ruas Marconi e Sete de Abril, pela praça Ramos de Azevedo e, depois, de volta para seu escritório. No dia 18 de outubro de 1956, fora apresentada a pequena multidão presente na performance as duas propostas da nova vestimenta masculina, criadas por Flávio de Carvalho, o “New Look”21 para o "o novo homem dos trópicos", consistia de: saia curta, dois tipos de blusa blusa, chapéu, meia arrastão e sandália de couro cru. A primeira blusa era vermelha sobreposta ao que havia de mais moderno para a época, o nylon™ com cobertura de filó branco, a outra, amarela, e tinham o mesmo formato, a gola era branca e franzida, podia ser retirada. As mangas eram largas, franzidas no ombro, e possuíam uma base de abertura ampla, que facilitaria os movimentos e a entrada de ar, segundo o artista As saias eram de algodão, quatro dedos acima dos joelhos, também pregueadas, porém mais largas que as das blusas. A saia que combinava com a blusa vermelha era branca; e a saia amarela compunha o look com uma blusa verde-garrafa. O chapéu era de nylon, transparente e mole. A cabeça precisava ser protegida, pois para Flávio era “a parte mais importante do corpo”, o local “de entrada e saída e de habitação da alma do homem”. Nos pés, usava sandália de couro cru, abertas para ventilação e muito mais refrescantes que os sapatos fechados usualmente usados. Nas pernas, para esconder as varizes, meias arrastão, usadas pelas atrizes de teatro. “Alguns indivíduos complexados”, desabafou o artista ao jornal Folha da Manhã, “quiseram fazer piadinhas de mau gosto, mas não há nada demais em usar-se estas meias. As malhas largas provocam uma notável sensação de ventilação. [...] E quem não as quiser usar, que compre meias soquetes”22

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Em 1956, o artista escreveu uma série de artigos para o Diário de São Paulo, intitulados “A moda e o novo homem”. Neles, apresentava sua teoria sobre as transformações da moda através do tempo, naquilo que depois ele chamaria de “dialética da moda”. Em consequência dessas reflexões, Flávio criou o “new look de verão”, uma vestimenta que considerava adequada ao clima tropical e que causou escândalo ao ser apresentada em público nas ruas de São Paulo. (SINÓPSE DO LIVRO, A Moda e o Novo Homem: Dialética da Moda, CARVALHO, Flávio

de. 2010) 21

O nome foi dado para fazer referência ao New Look da Dior, que fora lançado nos anos 50, trazendo de volta a cintura marcada e a saia rodada. 22 Flávio de Carvalho apresentou ontem a sua versão para o “smoking” do futuro”. In: Folha da Manhã, São Paulo, 20 out. 1956, p. 2, apud, STIGGER, Veronia, FLÁVIO DE CARVALHO: ARQUEOLOGIA E CONTEMPORANEIDADE, nota [22].


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O grande truque da nova vestimenta, era, sem dúvidas, as pregas, que se espalhavam por todo o look, corpo e mangas. Flávio alegava que o pregueado conservavam a forma da roupa no corpo, também serviam para facilitar a ventilação nos momentos de movimentação. Flávio usou, o que mais tarde chamaria minissaia, antes mesmo que Mary Quant 23 lançasse-a para a mulher.

Flávio desenhou um croqui ilustrativo, com notas explicativas sobre cada função das peças e como elas seriam quando confeccionadas, segue abaixo croqui (esquerda) e a peça confeccionada (direita):

“New Look”, blusa: 60 cm, saia: 60 x 50 cm, traje do “novo homem dos trópicos”, Flávio de Carvalho, 1956. [Exposição “Sob um céu tropical”. James Lisboa Escritório de Arte, 25 ago./26 set. 2009 23

Mary Quant, é uma estilista britânica que, nos anos 60, criou a minissaia para as mulheres e popularizou o hotpants.


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“O uso de uma grande variedade de cores, tornar(á) os homens menos irascíveis e menos obtusos, mais plásticos e mais capazes de evoluir com maior velocidade.”, explicou Flávio, no artigo publicado no Diário de São Paulo, citado anteriormente, a razão por compor o look colorido, com cores vivas, diferente da vestimenta usada pelos homens. A razão maior por usar determinadas cores é renunciar todo o vestuário do homem da época, afim de criar um novo homem, para um novo mundo, uma nova sociedade e por fim, uma nova indumentária, que desprendesse das influencias europeias, tão presentes no Brasil naquela época. Segundo o artista, ele promoveu “maior alegria pelas cores e pelos movimentos livres”, o novo New Look acaba “afetando a psique do homem e possivelmente afetaria também o fluxo das guerras”. Afinal de contas, “ninguém pode ser alegre enfiado numa roupa cinza, marrom ou azul marinho”, arrematou Flávio no artigo em questão. “Mas a indumentária também foi referida na época como “traje do futuro”, “roupa do futuro”, “fatiota futurista”, “smoking do futuro”. O que era “novo”, segundo o termo utilizado por Flávio, passou a ser qualificado, pelos outros, “do futuro”; ou seja, algo não para ser adotado no momento presente, mas somente em tempos vindouros. De fato, havia aspectos prenunciadores no traje proposto por Flávio de Carvalho.” 24 Flávio desarma a autoridade da moda que estabelecia, para um país de clima predominantemente tropical, uma transposição do traje pesado, fechado e calorento do continente europeu, o qual era sofridamente incorporado no Brasil. Segundo Tales Frey25, Flávio desmantelou os “imutáveis acéfalos” que não conseguiam “abstrair o juízo de calça como um artefato masculino e saia como um item feminino”. Acrescentou ainda, que esse conceito é de ordem cultural, mas que pode ser alterado. Tales, finalizou dizendo: “Obviamente, Flávio de Carvalho, com a composição do seu “traje tropical”, expôs apenas um deboche da cópia que estabelecemos dos europeus e norteamericanos e dos padrões que consideramos corretos no que diz respeito ao gênero de um indivíduo...

24

STIGGER, Veronia, Flávio de Carvalho: Arqueologia e contemporaneidade, Celuma.

25

FREY, Tales, Diretrizes profanas nos trajes e acessórios de Flávio de Carvalho e de Márcia X, p. 3, 2013.

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Idem, p. 4.


12 ...Mas não estaria ele também colocando em cheque, mais uma vez, a presença do elemento sagrado fortemente incorporado na nossa sociedade? Tida por feminina na grande maioria das culturas modernas, a saia, usada como cerne de uma performance em um corpo masculino.”26

Flávio alegou, na conferência “Trajo e trópico”, em 1967 na Universidade Federal de Pernambuco, que sua intenção foi: “A minha intenção de projetar um trajo adequado ao trópico era somente uma necessidade de modificação da indumentária, mas também era um prognóstico, foi um prognóstico feito onze anos atrás, de acontecimentos que estão se iniciando hoje”.27 As formas de vestir de ambos os gêneros, feminino e masculino tendiam a estar cada vez mais igualitários e terminariam por ser unissex. Veronia, faz um paralelo com a calça jeans, que nivela as diferenças entre homens e mulheres. Contudo, o “traje do futuro” trouxe à memória dos antigos povos, gregos, por exemplo, que desconheciam o uso de calças e usavam saias e túnicas, e aos cidadãos das cidades da Grécia Antiga, havia o privilégio de andar nu, pois viam as estruturas da cidade como sua indumentária e proteção. Flávio expos sua opinião sobre, também na conferência citada anteriormente: “O uso da calça não está preso ao homem, e a própria história da indumentária mostra que o homem não usava calças e a grande parte da história que já passou, que já se encontra no passado, o homem não usou calças. Usava o saiote, ou saia, ou então usava outra indumentária. A calça é tão recente na história da humanidade que praticamente ela não conta. Portanto, ela não está arraigada e presa ao homem teluricamente, como quis o jurista-sociólogo Cláudio Souto” (CARVALHO, Flávio de. 2010) Tales Frey articulou que a humanidade tende a ficar “mais sexualizada através dos códigos que valorizam os sexos opostos” segue dizendo que “a igreja eleva o prazer carnal quando reprime os corpos a usarem padrões correspondente aos sexos”. Exprime a ideia de que quando o homem cobre o corpo, é porque já perde sua pureza e inocência, e a roupa se torna um acessório para impedir o olhar “desaprovador para as marcas da sexualidade presentes no corpo dos seres humanos”.28 26

27 28

FREY, Tales, Diretrizes profanas nos trajes e acessórios de Flávio de Carvalho e de Márcia X, p. 4, 2013 CARVALHO, Flávio de. A Moda e o Novo Homem: Dialética da Moda, 2010)

Idem, p. 5


13 Ainda na conferência, o fisiólogo, Nelson Chaves, questionou se o novo traje afetaria a masculinidade do homem. Flávio retrucou dizendo: “Os homens que usavam saiotes, na história, não eram efeminados. O saiote era usado pelo guerreiro grego, pelo romano [...] e por outros povos, inclusive pelos trabalhadores do engenho de Pernambuco no século dezenove e que não tinham nada de efeminados” (CARVALHO, Flávio de. 2010)29

Tales declarou que o grande estranhamento da população era “expor o conforto do indumento feminino sobre a recalcada macheza social, afinal é o calor que o leva a isso”. Flávio, como sempre, questiona não só as vestes do homem mas também os comportamentos sociais, implicando um valor psicológico na performance.

Como esperado a moda unissex de Flavio de Carvalho não foi aderida pelos brasileiros, que continuaram usando os modelos masculinos tradicionais da época, inconfundivelmente europeus, sendo eles ternos de casimira inglesa sempre escuros, casacos pesados, chapéus de feltro, gravatas largas amarradas no pescoço. Mas, no entanto, mais do que o ato em si, foi a consequência do movimento, que fez com que a sociedade começasse a questionar a ergonomia da peça em si, sugerindo uma vestimenta mais leve, confortável e adequada a nossa temperatura. Ele também acertou quando propôs uma moda unissex porque logo em seguida nas décadas de 60 veio a tendência do jeans, a camisetas, o tênis e etc.

3. A saia masculina O uso de saias pelos homens nos dias de hoje pode ser estranho e exótico para uma pessoa mais tradicionalista, porém, historicamente a saia era um traje comum masculino. Analisando o uso do indumento pelos homens ao invés de calças, e assim sendo de calças por mulheres, concluímos que a saia foi parte da indumentária masculina por praticamente todos os séculos em vários lugares do mundo. Já a calça é usada pelas mulheres há apenas 100 anos. Os homens com o tempo, deixaram de se preocupar com a moda, pois estavam ocupados trabalhando e lidando com o sustento da família, fazendo assim a moda exclusiva da mulher, como podemos ver na Alta Costura.

29

CARVALHO, Flávio de. A Moda e o Novo Homem: Dialética da Moda, 2010)


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A indumentária do homem foi apenas simplificando-se, sem muitas alterações drásticas, diferente do que acontecia na antiguidade, onde a vestimenta do homem sofria diversas alterações, e a feminina seguia uma mesma linha. No século XX, a saia da mulher encurta, considerado uma mudança radical para a época, sendo um espelho do que aconteceu no século XIV, onde o traje das mulheres cobriam quase o corpo todo, e a saia usada pelos homens exibia completamente. A partir do século XX, a mulher passou a pegar elementos do guarda roupa masculino, tanto pela facilidade que as peças proporcionavam na movimentação e locomoção, como para se afirmarem na sociedade e no mercado de trabalho, extremamente machista.

“Ao vestir roupas masculinas, fazendo com que elas se ajustassem bem ao seu corpo feminino, ela demonstrava ter não preocupações femininas, como a maternidade e domesticidade, nem com usos femininos comuns da falsa de submissão, mas com uma vida feminina erótica que depende de uma imaginação ativa e de uma fantasia multiforme e ousada, o tipo de sexualidade moderna normalmente reservada aos homens, pois, quando a moda chegou para transformar o vestuário em algo moderno, foram as roupas masculinas e não femininas que deram margem à expressão da fantasia sexual” ousada” (Hollander, 1996, abud, BESSA, Ricardo) 30

Segundo Ricardo, a influência feminina, onde mulheres sem medo de serem consideradas masculinizadas, adotam elementos do guarda roupa masculino, isso dá liberdade ao homem para que, sem medo, adote elementos do guarda roupa feminino. Pontua Ricardo, o designer Marc Jacobs trajando saia em um evento social, ele “nos lembra o papel masculino da moda e que nos últimos cem anos perdeu espaço para os códigos restritos da moda” e ainda ressalta “mesmo usando uma peça usada por todos as mulheres no contexto atual. Esse desejo também surge da busca de uma individualidade”.

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BESSA, Ricardo. Homens de saia, p. 4 e 5.


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No dia 04 de fevereiro 2014, uma notícia tomou conta dos jornais brasileiros, um funcionário público, André Amaral, no Rio de Janeiro, proibido de usar bermuda no trabalho, e o local não possuía ar-condicionado nem ventilador, decidiu ir de saia dar expediente no Centro Administrativo do Estado do Rio. A foto de André vestindo a saia de sua mulher viralizou nas redes sociais. O site de notícias de entretenimento R7, publicou: “Para quem está achando a atitude arrojada e moderna - e não deixa de ser, neste País tropical em que homens são obrigados a trabalhar de calça comprida e terno -, pense então no que foi a Experiência Nº 3 de Flávio de Carvalho, o multiartista que, em 1956, cruzou o Viaduto do Chá, no Centro de São Paulo, trajando um saiote e blusa de mangas curtas e folgadas, o verdadeiro New Look para Homens, atraindo uma passeata de inconformados com sua ousadia. Homem de saia é um tema indigesto para os machos nacionais. O estilista João Pimenta já tentou emplacar o item em suas passarelas, mais de uma vez. Mas no dia a dia, como comprova a repercussão dada ao caso do servidor do CAERJ, André Amaral, ainda é um tabu gigantesco.” (BRESSER, Deborah, R7).

Atualmente, a discussão do uso de saia por homens ainda é um grande tabu, deixando a questão se o estranhamento vem do uso de uma elemento culturalmente feminino ou se é por mostrar as pernas masculinas. Ricardo manifesta-se dizendo: Enquanto a mulher adotou o prático e funcional guarda-roupa masculino como referências para fazer mudanças consideráveis no século XX e não deixou de ser feminina, o homem é hoje ainda visto como exótico ao usar bermudas ou saias, mostrando as pernas. Historicamente, as mulheres custaram a mostrar as pernas, só o fazendo após a primeira-guerra mundial. Em pleno século XX ouvimos casos em que o homem é proibido de usar bermuda, mas saias é permitido, porque as regras que regulamentam certos ambientes proíbem o homem de mostrar as pernas, no caso com o uso de bermudas, mas não proíbem o uso de saias. (BESSA, p.4)


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Conclusão Ao analisar a trajetória do multiartista Flávio de Carvalho, percebemos que todos os seus trabalhos se entrelaçavam, e poderiam acontecer juntos em um futuro, criado por ele próprio. A ideia do artista era criar, um mundo novo, com uma sociedade nova, vestindo trajes novos vivendo em uma arquitetura nova. Para exemplificar a genialidade do artista, cabe a fala do arquiteto Le Corbusier, que o chamou de “revolucionário romântico”.

Por explorar a ironia e buscar uma estética de destruição através da zombaria, pode-se dizer que o artista sofreu de influencias dadaístas, (movimento extremamente radical que impôs suas ideias por meio da ironia). Pode-se também, fazer um paralelo entre a Experiencia nº2 e a ideia de Ready Made, (criada dentro do movimento dadaísta, onde apropria-se do que já está pronto e dá a isto outro sentido). Flávio apropriou-se da procissão que já estava em seu percurso natural para fazer sua performance, que partiu de uma ideia imediatista do artista. A repercussão de linchamento da população, pode ser interpretada como o produto final do Ready Made, que é a alteração do sentido original, onde fiéis esqueceram seu propósito e contrariam os preceitos religiosos. Na Experiência nº 3, Flávio de Carvalho, não obteve sucesso, nos anos 50, em mudar como o homem da época vestia-se, porém, fez, sem dúvida, a sociedade perceber que os brasileiros não moram na Europa, e que o “homem dos trópicos” possui diferentes necessidades do homem europeu, diria que até necessidades menores, tratando-se de vestuário, pois no calor usa-se muito menos peças que no inverno. Manuel Bandeira na época arrematou e apoiou Flávio dizendo que, “se tivéssemos juízo e coragem, adotaríamos o traje inventado por Flávio de Carvalho, como não temos, chamamo-lo de louco e vaiamo-lo”.31 Após as barreiras que fizeram com que as mulheres estivessem em um plano social ilhado por séculos, atualmente a mulher exibe maior liberdade que os homens no vestuário e eles passaram por mudanças. O uso de calças passou a ser uma prática, enquanto os homens aspiram a serem aceitos trajando saias. Mudar a forma de o homem assimilar a moda não é uma função fácil tendo em vista que as mulheres exercem um trabalho severo das transições masculinas na moda. Propor a prática de saias é um tanto quanto inestimável e vai além do bom senso, visto que tem motivado a profundas mudanças na moda. 31

BANDEIRA, Manuel. O colete, Folha da Manhã, p.7. 1956, apud, STIGGER, Veronica, Flávio de Carvalho: Arqueologia e contemporaneidade. Celeuma.


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Porém, para além da proposta do novo traje, Flávio já enxergava uma moda unissex, democrática para homens e mulheres. Hoje, a maior discussão da moda é a “moda sem gênero”, as mudanças diárias no vestuário e na mentalidade das pessoas do mundo todo, tem colocado em cheque a tradicionalidade feminino e masculino. Diversas lojas de departamento já o fazem, e usaram do espaço amostral da loja, optando por não dividir as roupas em feminino e masculino, e sim e coleções. Ruth Setório e Helayny Farias, discursam: “O gênero é uma estrutura central da vida de cada pessoa, das relações sociais e da cultura, talvez a forma mais comum de compreender a presença do gênero na vida pessoal seja através do conceito de “identidade de gênero”, pois o ser humano pode ter diversas identidades que refletem outras representações como transexuais e transgêneros, que não se encaixam nas categorias tradicionais. Ainda que a desconstrução do conceito de gênero seja uma questão nova, pensar sobre uma roupa sem gênero é também pensar sobre a moda como agente de inclusão na representação de liberdade, diversidade e cidadania.” (SETÓRIO & FARIAS, p.7)32


18 Sertório, Ruth Goret Ávila Amorim, Farias, Helayny Andreia Barbosa de, “Roupas “sem gênero”: tendência de vida longa ou apenas uma breve passagem?”, p.7. 32

Referências ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna, 1992 BESSA, Ricardo. Homens de saia. Colóquio de Moda BRESSER, Deborah, R7 Entretenimento, Flávio de Carvalho, a saia para homens e o funcionário público carioca, 2014, http://entretenimento.r7.com/blogs/blog-da-db/flavio-decarvalho-a-saia-para-homens-e-o-funcionario-publico-carioca-20140204/ CAMPBELL, C. A ética romântica e o espírito do consumismo moderno. 2001. CARVALHO, Flávio de. A Moda e o Novo Homem: Dialética da Moda, 2010 CARVALHO, Flávio de. Experiência nº 2: realizada sobre uma procissão de Corpus-Christi. Uma possível teoria e uma experiência. 2001 Centro Cultural do Banco do Brasil, “Flávio de Carvalho, A revolução modernista no Brasil”, 2012. FREY, Tales, Diretrizes profanas nos trajes e acessórios de Flávio de Carvalho e de Márcia X, 2013. FREITAS, Valeska, “Dialética da Moda”: A máquina experimental de Flávio de Carvalho”, 1997 GIL, Thiago, Flavio de Carvalho, Arquivo 30º Bienal, 2013

LIPOVETSKY, Gilles. O Império do Efêmero, 2009 LOTUFO, Flávio Roberto, Processo criativo de Flávio de Carvalho para sua Experiência nº3, 2006. Sertório, Ruth Goret Ávila Amorim &Farias, Helayny Andreia Barbosa de, “Roupas “sem gênero”: tendência de vida longa ou apenas uma breve passagem?” Colóquio de Moda STIGGER, Veronia, Flávio de Carvalho: Arqueologia e contemporaneidade, Celuma. USP


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